OS DESAFIOS DO ENFERMEIRO NO DESENVOLVIMENTO DA POLÍTICA
NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM1
THE NURSE'S CHALLENGES IN THE DEVELOPMENT OF NATIONAL
POLICY FOR INTEGRAL ATTENTION TO HUMAN HEALTH
RETOS DE LA ENFERMERA EN EL DESARROLLO DE LA POLÍTICA
NACIONAL DE ATENCIÓN INTEGRAL A LA SALUD HUMANA
Josmar França Ortiz2
Maria Luiza Carvalho de Oliveira3
1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso deGraduação em Enfermagem da Faculdade Metropolitana deManaus - FAMETRO.2 Acadêmico do Curso de Graduação em Enfermagem daFaculdade Metropolitana de Manaus - FAMETRO. contato e-mail: [email protected] 3 Professora Msc Enf Docente do Curso de Graduação emEnfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus - FAMETRO.contato e-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Homem, foi um plano desenvolvido pelo Ministério da Saúde
em 2009, com o objetivo de promover ações de saúde, que
contribuam significativamente para a compreensão da
realidade singular masculina nos seus diversos contextos
socioculturais e econômicos. O reconhecimento de que os
homens adentram o sistema de saúde por meio da atenção
especializada tem como conseqüência o agravo da morbidade e
freqüência da mortalidade neste gênero, pelo retardamento
na atenção e maior custo para o SUS. É necessário
fortalecer e qualificar a atenção primária, garantindo
assim, a promoção da saúde e a prevenção aos agravos e
complicações evitáveis. Muitos agravos poderiam ser
evitados caso os homens realizassem, com regularidade as
medidas de prevenção primária. A resistência masculina à
atenção primária, aumenta não somente a sobrecarga
financeira da sociedade, mais sobretudo o sofrimento físico
e emocional do paciente e de sua família, na luta pela
conservação da saúde e da qualidade de vida das pessoas.
Enfatizando a condição do homem, o Ministério da
Saúde considera que esta população apresenta altos índices
de morbimortalidade que representam verdadeiros problemas
de saúde pública, em que os indicadores e os dados básicos
para a saúde demonstram que os coeficientes de mortalidade
masculina são consideravelmente maiores em relação aos
coeficientes de mortalidade feminina ao longo das idades do
ciclo de vida. Desta forma, faz-se necessário organizar uma
rede de atenção a saúde que garanta na linha de cuidados
integrais voltada para a população masculina apoiando ações
e atividades de promoção de saúde para facilitar e ampliar
o acesso aos serviços de saúde por parte dessa população
mediante apoio e qualificação de profissionais de saúde
para o atendimento especifico da população masculina.
O Ministério da Saúde, vê no enfermeiro um
profissional com capacidades diferenciadas para estar a
frente das mobilizações em prol da saúde. O enfermeiro, que
de acordo com o MS, tem sido amplamente requisitado a
ocupar espaços estratégicos para implementação de políticas
sociais, em especial de saúde, sendo um profissional
historicamente marcado pelo compromisso com a saúde
pública, estando presente na maioria das ações
desenvolvidas na atenção básica (BRASIL, 2002).
Por se tratar de uma temática circunscrita na Saúde
Pública, e constatado a relevância do conteúdo, surgiu o
interesse em realizar esta pesquisa, uma vez ainda que
incipiente, poucos estudos haviam sido realizados desde a
criação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Homem em 2009.
Espera-se que este trabalho possa ocasionar
propostas de estímulo aos profissionais de saúde para
promover o conhecimento do PNAISH aos usuários do Sistema
Único de Saúde por meio, principalmente, da educação em
saúde. Este projeto justifica-se não só pela a atualidade e
complexidade de sua criação, como pela necessidade de
conhecimento e importância para então assim a população
masculina aderir e participar da atenção básica de saúde, e
listar as dificuldades e desafios do profissional
enfermeiro na atuação da Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Homem.
Qual os desafios do profissional Enfermeiro no
Desenvolvimento e na promoção à Saúde, diante da Política
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem?
Objetivo Geral: Promover o conhecimento sobre o tema
diante das particularidades da Política e falar sobre os
desafios que o enfermeiro deve vencer, no desenvolvimento
da PNASIH, ajudando a promover ações de saúde especificas.
REFERENCIAL TEÓRICO
A abordagem à saúde do homem é um tema atualmente em
pauta e que se encontra respaldado pela Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), publicada
pelo Ministério da Saúde em agosto de 2009. Por ser um tema
tão recente, discorrer sobre ele sob a ótica da enfermagem,
torna-se um desafio, pois há um pensamento arraigado na
cultura brasileira de que os homens são invulneráveis e,
portanto, não requerem tantos cuidados com a saúde. Isso
por suas vez se reflete nos serviços de saúde e o meio
acadêmico, observando-se poucas propostas de ações de saúde
voltadas ao homens e escassez de publicações referentes ao
tema.
Alguns estudos apontam que a baixa procura dos homens
por serviços de saúde relaciona-se ao modelo hegemônico de
masculinidade. Esse modelo compromete a adesão dos homens
às ações de saúde, porque tais ações requerem a prática do
autocuidado, que é tido como uma ação essencialmente
feminina. Outros fatores que comprometem a adesão e
configuram-se como desafios para a inclusão dos homens nos
serviços e nas ações de saúde são: a idéia de
vulnerabilidade; o reconhecimento de que as Unidades de
Saúde são destinadas às mulheres, às crianças e aos idosos;
ao fato de que a maioria dos profissionais de saúde serem
mulheres, com pouca habilidade e sensibilidade de perceber
os problemas específicos desse gênero. Além disso, outros
desafios são o horário de funcionamento dos serviços, que
dificulta a ida dos trabalhadores, e a oferta de ações em
saúde exclusivamente direcionadas a agravos específicos,
sem contemplar a especificidade da saúde do homem em um
sentido mais amplo. (Pinheiro et al.,2002; Figueiredo,
2005; Scraiber, 2005; Nascimento,2005; Gomes et al.,2007).
A PNAISH, enfatiza que um aspecto ainda determinante
no baixo acesso dos homens aos serviços de Saúde deve-se ao
fato de que, os serviços e as estratégias de comunicação
ainda privilegiam as ações voltadas para a criança, o
adolescente, a mulher e o idoso, estando o homem à margem
deste sistema. Nesta perspectiva, deve-se ampliar a
acessibilidade dos homens aos serviços de saúde,
assegurando ao menos, uma vez por ano, o seu atendimento e,
para isto, deve-se incluir ações intersetoriais que visem
trabalhar os entraves sócio-culturais e organizacionais,
que estejam dificultando sua entrada, evitando assim que
este acesso ocorra predominantemente pelos serviços de
média e alta complexidade (BRASIL, 2008).
Além disso, os homens costumam procurar o serviço de
saúde quando já acometidos por patologias de base,
normalmente descobertas nos serviços de urgência, como
diabetes e hipertensão arterial, em uma demanda curativa,
para solicitar a renovação ou troca de receitas de
medicamentos, ou mesmo quando são acometidos por alguma
doença ou sintoma, como dor em um quadro agudo (Gomes et
al.,2007). Em outros momentos, os homens apresentam
problemas relacionados, em sua maioria, a doenças
ocupacionais e, em outros as demandas são trazidas por
parceiras, que relatam o aparecimento de algo estranho no
comportamento do seu companheiro relacionado com questões
de violência, de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis),
ou sofrimento mental. Outras vezes, as demandas são
trazidas pelas mulheres em função de necessidades
relacionadas com o gênero feminino, como a saúde
reprodutiva e a ocorrência de DST. Isso porque a percepção
dos homens sobre cuidados de saúde relaciona-se
exclusivamente a aspectos orgânicos, ligadas ao corpo, não
considerando, aspectos psicológicos e sociais como
determinantes nessa questão (Paschoalick et al, 2006).
Diante dessa realidade vivenciada por profissionais de
saúde como o enfermeiro por exemplo, e pelos homens, é
preciso enfocar os princípios que regem a Constituição de
1988, na qual a saúde extrapola o campo da doença e
compreende aspectos biopsicossociais. Assim, deve-se
garantir maior acesso aos serviços de saúde a todos os
indivíduos da sociedade, incluindo a população masculina,
não restringindo o cuidado a ações pontuais e curativas,
mais considerando o homem como sujeito com necessidades de
cuidado integral e com acesso aos diferentes níveis de
atenção à sua saúde.
O enfermeiro, como profissional comprometido com o
bem estar da sociedade, precisa posicionar-se em prol da
promoção da saúde e prevenção de agravos à população
masculina, assumindo e se comprometendo com tamanhos
desafios que lhe são impostos diante desta política de
saúde pública. Desta forma, os enfermeiros devem estar
atentos ao compromisso de prestar uma assistência integral
à população masculina. No entanto, observa-se que a
formação acadêmica do enfermeiro pouco focaliza a saúde do
homem, o que se reflete em sua prática profissional como
inobservância das reais necessidades de saúde dos homens e
nas incipientes ações voltadas a esta população.
No entanto, observa-se que a formação acadêmica do
enfermeiro pouco focaliza a saúde do homem, e que se
reflete em sua prática profissional como inobservância das
reais necessidades de saúde dos homens e nas incipientes
ações voltadas a esta população. É necessário inserir nos
currículos das escolas de enfermagem conteúdos
disciplinares que contemplam a saúde do homem com vistas a
atender às necessidades de saúde deste gênero e pautadas na
política voltada a saúde do homem.
Não podemos ainda, deixar de apontar a importância e
influência da questão de Gênero. Isso porque o conceito de
gênero diz respeito a atitudes e expectativas de homens e
mulheres, permeando comportamentos individuais e coletivos,
sendo relacionado com um contexto histórico. (Connel,
1995;Jhonson, 1997).
No Brasil, estudos a respeito do tema "gênero
masculino e saúde" surgiram no final da década de 1980 como
abordagem às questões demográficas e epidemiológicas quanto
às diferenças existentes entre os gêneros masculinos e
feminino, colocando em evidência os riscos diferenciados de
adoecer e de morrer entre homens e mulheres. Estes estudos
tem abordado aspectos de comportamento masculino e sua
influência sobre a saúde dos homens e das pessoas com as
quais ele se relaciona. Alguns dos eixos temáticos
identificados sobre "gênero masculino e saúde" relacionam-
se a saúde sexual e reprodutiva, violência doméstica e
dados de morbimortalidade. Alguns esses agravos estão
intimamente ligados ao comportamento masculino no ambiente
social, bem como a hábitos nocivos, como tabagismo,
alcoolismo e má alimentação (Paschoalick et al.,2006).
O modelo hegemônico de masculinidade, mais
valorizado, tem maior legitimidade, apropria-se de outros
modelos, concentra maior poder e tem como um dos principais
eixos a dominação e a heterossexualidade. Este é o modelo
idealizado, que se impõe, difícil a ser seguido, tornando-
se um desafio aos homens, e que impede em muitas vezes, o
cuidado com a própria saúde (Figueiredo, 2005). Destacam-se
como marcas identitárias o fato de ser provedor,
relacionado com o trabalho/sustentabilidade e com a
família/reprodução social e biológica, ser dominador
(relacionado com o poder, mando/privilégios materiais e
cuidador (protetor, família e filhos).
Diante de todas as questões que envolvem a saúde do
homem - contexto social, gênero, políticas, pensar em
estratégias para abordar a saúde da população masculina é
algo ainda complexo. As experiências são escassas, os
profissionais não adotam estratégias que contemplem as
necessidades de saúde desta população. Isso decorre, em
parte, do imaginário social de invulnerabilidade social
sobre o gênero masculino no que tange aos riscos de adoecer
ou morrer e das dificuldades dos profissionais de saúde em
reconhecer e abordar as necessidades específicas dos
homens. Assim, o que observa-se são ações de saúde voltadas
a patologias já instaladas, como hipertensão e diabetes,
que buscam o sistema de saúde por meio da atenção
especializada como conseqüência do agravo da morbidade.
(Brasil, 2009;Braz, 2005).
A PNAISH, com o propósito de minimizar as causas de
morbimortalidade dos homens, representa um avanço ao
pensarmos que até o presente momento as ações destinadas ao
público masculino ocorrem pontualmente. Ressalta-se que
esta política objetiva incentivar ações de prevenções e
agravos a promoção da saúde dos homens e que sua construção
e desenvolvimento se efetivará e se concretizará
contribuindo para a diminuição das morbimortalidade
específicas da população masculina.
METODOLOGIA
Tipo de Pesquisa
O projeto constituiu-se num estudo exploratório,
descritivo, e que se vale da Revisão Integrativa da
Literatura dirigida especificamente aos trabalhos que
apresentaram o tema Saúde do Homem, Gênero, Atenção
Primária, papel do enfermeiro no contexto da PNAISH.
A pesquisa descritiva tem como objetivo caracterizar e
descrever determinadas populações ou fenômenos
relacionados, onde o pesquisador os observa, descreve-os e
classifica-os, utilizando-se de técnicas padronizadas de
coleta de dados como questionários (GIL, 2008; POLIT et. al.,
2004).
A pesquisa exploratória é indicada quando o pesquisador
deseja aprofundar o entendimento sobre o fenômeno além
daquele que o estudo descritivo pode oferecer, investigando
a sua natureza complexa e os outros fatores com os quais o
tema está relacionado (POLIT et. al., 2004). Tem o objetivo
de proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato.
Esse tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o
tema escolhido é pouco explorado (GIL, 2008).
Base de dados da pesquisa
As extrações das fontes bibliográficas foi realizada por
meio do sistema informatizado de busca Scientific Electronic Library
Online (Scielo), e LILACS..
Foram utilizados como indexadores de assunto, títulos,
palavras e resumos, os termos ações de enfermagem, saúdedo Homem, Política Nacional de Atenção a Saúde do Homem,
surgiram na base de dados SCIELO, 09 artigos dos quais
foram selecionados 4 artigos de acordo com a aproximação ao
tema.
Critérios de inclusão
Serão incluídos estudos realizados no Brasil e publicados
nos anos de 2000 à 2014. Artigos que contenham os
descritores: Saúde do Homem, enfermagem na política
Nacional de Atenção a Saúde do Homem, Na seleção dos
artigos serão obedecidas as seguintes etapas: avaliação dos
títulos, avaliação dos resumos e leitura do texto completo,
artigos de autores especialistas, mestre e doutores. Após
seguir as etapas, serão selecionados os artigos que
respondem a pergunta norteadora desta pesquisa.
Critérios de exclusão
Serão excluídos artigos científicos em língua estrangeira,
que não estejam disponíveis online e em texto completo e
que tenham sido publicados anteriormente ao ano de 2000,
artigos publicados por formandos em enfermagem.
Procedimentos e instrumentos de coleta de dados
Os artigos selecionados serão submetidos a uma leitura
rigorosa do texto completo para identificar a resposta da
pergunta norteadora. Após a leitura, será preenchido um
formulário de coleta de dados (Apêndice A) para organizar
os dados coletados. Esse formulário permitirá analisar os
artigos científicos de acordo com os seguintes aspectos:
título, autor, ano, procedência/periódico, principais
resultados e conclusões.
Procedimentos e instrumentos de análise dos dados
Com a organização dos dados através do formulário citado
anteriormente será possível analisar os dados e identificar
os principais resultados dos artigos selecionados e com
isso descrever os principais desafios do enfermeiro no
desenvolvimento da PNAISH. A análise se dará através da
triangulação dos dados coletados, com a análise crítica do
autor da pesquisa confrontados com a literatura.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Diante das pesquisas realizadas, no Scielo
(Scientífic Eletronic Library Online), obedecendo os
critérios de inclusão e exclusão, foram listados 10 artigos
que nas referências bibliográficas que responderam a
pergunta de pesquisa e que compões o texto corpo desta
pesquisa.
Dos artigos analisados, 2 foram publicados em 2005, 1
de 2007, 1 do ano de de 2008, e 1 de 2009 e outros 5
artigos no ano de 2011. Todos de revisão integrativa de
Literatura, com cruzamento dos descritores: Saúde do Homem,
Atenção Primária a Saúde, PNAISH, Gênero e Masculinidades.
Evidenciou-se a pouca procura dos homens às
unidades de saúde, na busca de atendimentos voltados a
DST'S, Saúde reprodutiva, Hipertensão, Diabetes entre
outras assim como também as estratégias utilizadas na
prevenção destes agravos, através de práticas educativas
pelos profissionais de saúde, confirmando a ideologia do
modelo curativo ambulatorial, e não preventivo configurando
um sólido desafio para ser vencido.
Para PINHEIRO et al., (2002) e FIGUEIREDO (2005), de
modo geral, as mulheres utilizam mais os serviços de saúde
do que os homens. Os autores associam a ausência dos homens
ou sua invisibilidade nos serviços a uma característica da
identidade masculina relacionada a seu processo de
socialização.
Nesse caso, a identidade masculina estaria associada
à desvalorização do auto-cuidado e à preocupação incipiente
com a saúde.
Para SCHRAIBER, GOMES, COUTO (2005), um fator de
grande importância no padrão dos riscos de saúde nos homens
e na forma como estes percebem e usam seus corpos é a
questão de gênero. Segundo GOMES, NASCIMENTO, ARAÚJO(2007),
o ser homem estaria associado à invulnerabilidade, força e
virilidade. Essas características seriam incompatíveis com
a demonstração de sinais de fraqueza, medo, ansiedade e
insegurança, representada pela procura aos serviços de
saúde, o que colocaria em risco a masculinidade e
aproximaria o homem das representações de feminilidade.
Neste sentido, a demanda da população masculina
existente, se torna imperceptível para os serviços de
saúde. Isto mostra que, para contar com essa população nos
serviços de saúde, é preciso que haja uma valorização do
auto-cuidado, e para isso é preciso haver uma
sensibilização da mesma. Os Serviços de Saúde devem
planejar ações organizadas e que possam ser aperfeiçoadas a
partir das dificuldades encontradas por essa população. Com
isso facilitaria a ida do homem à unidade, estimulando o
mesmo a praticar ações que visem seu bem-estar.
COUTO MT, PINHEIRO TF (2011), são quase unânime na
conclusão de que reconhecem as UBS como sendo as
responsáveis pela dificuldade do acesso masculino ao
serviço de saúde. Para estes autores, o problema está
relacionado ao tempo perdido nas filas pela espera da
assistência ou ainda pelo fato de que as UBS representam
para o homem um espaço feminilizado, freqüentados
principalmente por mulheres e composto por uma equipe de
profissionais formada, em sua maioria, também por mulheres.
Gomes R, Nascimento E (2007), dizem que essa
condição gera nos homens a impressão de que não pertencem
ao espaço das UBS já que as mesmas não disponibilizam
programas ou atividades direcionadas especificamente para a
população masculina e tudo parece provocar uma dificuldade
da formação do elo que una as necessidades de saúde da
população masculina e a organização das práticas de saúde
das unidades de atenção primária, embora
autores(12) concluam que são escassos estudos sobre essas
questões na literatura.
Figueiredo (2005), elucida que a inexistência de
programas e atendimentos direcionados aos homens é
responsável pela invisibilidade do gênero masculino nos
ambientes de saúde. Os autores concluem que a dificuldade
dos homens em acessar os serviços de saúde ou para serem
acolhidos com suas demandas nestes espaços surge da atitude
e expectativa dos profissionais de saúde de que o homem não
cuida de si e nem de outras pessoas e assim não são
estimulados às práticas de prevenção e promoção de saúde(5).
Figueiredo WS, Schraiber LB (2011), Essa conclusão
também faz parte do estudo de outros autores, ao afirmarem
que os homens reprimem suas necessidades de saúde e têm
dificuldades para expressá-las, procurando menos que as
mulheres os serviços de saúde, muitas vezes motivados pelo
fato que os serviços disponíveis na atenção primária são
destinados principalmente às mulheres, às crianças e aos
idosos. Entretanto, os homens procuram menos os serviços
devido à incompatibilidade de horário com a jornada laboral
e ainda, segundo a percepção dos sujeitos, sentem-se
constrangidos em procurar atendimento, pois essa postura
choca-se com a cultura machista .As políticas públicas ao
não ofertar aos homens, de forma eficiente, serviços de
atendimento compatíveis com suas necessidades, reforça o
preconceito social.
Na tentativa de diminuir a deficiência desse
atendimento, surgiu a PNAISH que visa atingir quase 40
milhões de homens (25 a 59 anos) com o objetivo de
modificar a cultura em relação às ações preventivas e de
promoção de saúde do homem, entretanto, segundo SILVA ET
AL(29), isso só será possível se existir uma capacitação dos
enfermeiros e infra estrutura física dos serviços e de
pessoal capacitado para garantir assistência qualificada
aos homens.
Siqueira FA, Silva SO (2011).Valorizar as inúmeras
informações e práticas na esperança de realizar uma
abordagem completa e que resolva a questão possibilita a
criação de elos que atrelam confiança e ética, obrigação e
respeito, padrões que concorrem e integram os Princípios e
Diretrizes que constam na Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Homem(25).
Figueiredo WS, Schraiber LB (2011) Alguns temas como
trabalho e sexualidade, devem ser observados nas discussões
de prevenção e promoção da saúde, visando à obtenção de
respostas que permitam ampliar o campo de percepção das
relações entre gênero e saúde. Algumas sugestões têm como
ponto de partida a reorganização das instituições básicas
de saúde, no intuito de tornar mais ágil o encaminhamento
dos usuários para uma atenção de maior complexidade, com,
por exemplo, ampliar o seu horário de atendimento para o
período noturno(30).
Pinheiro TF, Couto MT (2011). Nesse sentido, a
importância do reconhecimento da dimensão relacional do
trabalho em saúde e a mudança dos modos do atual saber-
fazer e cuidar, em especial dos indivíduos como sujeitos ou
coletivamente .Ainda há necessidades da produção de
cuidados quanto à requalificação de sua resposta
assistencial quando se a quer integral, pois a complexidade
da atenção primária não é superposta à das patologias,
devendo reconstruir-se como produção de cuidados.
Alves RF, Silva RP (2011) explicam que os cuidados
que devem fazer parte do trabalho desempenhado por uma
equipe multiprofissional, a qual por meio do conhecimento
inter e multidisciplinar deve buscar compreender e intervir
no processo saúde-doença de modo geral, em especial no que
diz respeito à saúde do homem(28).Para obtenção desses
conhecimentos será necessário mais estudos sobre a
necessidade de saúde insatisfeita e pela não procura de
atendimento nas unidades de saúde por parte dos homens,
para que se possa obter uma melhor compreensão de suas
causas(26).
A maior parte dos estudos analisados refere-se a não
existência de infraestrutura organizacional e
sistematização dos serviços básicos para atender às
necessidades do gênero masculino, o que foi caracterizado
um sério impeditivo para um cuidado de excelência à saúde
dos homens.
Nascimento FE, Gomes R (2008), corroboram que as
Unidades Básicas de Saúde (UBS) não disponibilizam
programas ou atividades direcionadas especificamente para a
população masculina, sendo esse um importante fator que
indica existir uma dificuldade de interação entre as
necessidades de saúde da população masculina e a
organização das práticas de saúde das unidades de atenção
primária7,13.
Nascimento FE, Gomes R (2008), contribuem afirmando
que a pouca estruturação dos serviços de saúde, em termos
de recursos humanos e materiais, em uma perspectiva
qualitativa e quantitativa, bem como de espaço físico
adequado para acolher e atender à clientela masculina,
reforça a baixa procura dos homens pelos serviços de
atenção primária. Não há também uma sistematização no
atendimento, uma metodologia assistencial, nos poucos
serviços existentes que contemplam a população em questão.
Logo, a falta de diversificados recursos provoca uma queda
na qualidade do atendimento, o que acaba por afastar cada
vez mais o usuário..
Nesta perspectiva, aponta-se o déficit no processo de
abordagem e de cuidar/cuidado da população masculina por
parte dos profissionais. Igualmente, enfatiza-se que a
ausência de acolhimento ou o acolhimento pouco atrativo
está relacionado à frágil qualificação profissional para
lidar com o segmento masculino.
Villela W, Monteiro S, Vargas E (2009) O pouco número
de serviços na atenção básica voltado especificamente para
as demandas relacionadas às questões do gênero masculino
reflete em uma organização defasada dessa infraestrutura de
atendimento à saúde, e, associado à deficiência na
capacitação dos profissionais que atuam nestes serviços,
constitui a principal barreira para a construção de uma
rede que atenda às necessidades da população masculina7
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