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OS DESAFIOS DO ENFERMEIRO NO DESENVOLVIMENTO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM 1 THE NURSE'S CHALLENGES IN THE DEVELOPMENT OF NATIONAL POLICY FOR INTEGRAL ATTENTION TO HUMAN HEALTH RETOS DE LA ENFERMERA EN EL DESARROLLO DE LA POLÍTICA NACIONAL DE ATENCIÓN INTEGRAL A LA SALUD HUMANA Josmar França Ortiz 2 Maria Luiza Carvalho de Oliveira 3 1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus - FAMETRO. 2 Acadêmico do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus - FAMETRO. contato e- mail: [email protected] 3 Professora Msc Enf Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus - FAMETRO. contato e-mail: [email protected]

Os desafios do Enfermeiro no desenvolvimento da Política Nacional de Atenção Integral à saúde do Homem. Uma revisão literária

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OS DESAFIOS DO ENFERMEIRO NO DESENVOLVIMENTO DA POLÍTICA

NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM1

THE NURSE'S CHALLENGES IN THE DEVELOPMENT OF NATIONAL

POLICY FOR INTEGRAL ATTENTION TO HUMAN HEALTH

RETOS DE LA ENFERMERA EN EL DESARROLLO DE LA POLÍTICA

NACIONAL DE ATENCIÓN INTEGRAL A LA SALUD HUMANA

Josmar França Ortiz2

Maria Luiza Carvalho de Oliveira3

1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso deGraduação em Enfermagem da Faculdade Metropolitana deManaus - FAMETRO.2 Acadêmico do Curso de Graduação em Enfermagem daFaculdade Metropolitana de Manaus - FAMETRO. contato e-mail: [email protected] 3 Professora Msc Enf Docente do Curso de Graduação emEnfermagem da Faculdade Metropolitana de Manaus - FAMETRO.contato e-mail: [email protected]

Resumo:

Abstract:

Resumen:

INTRODUÇÃO

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do

Homem, foi um plano desenvolvido pelo Ministério da Saúde

em 2009, com o objetivo de promover ações de saúde, que

contribuam significativamente para a compreensão da

realidade singular masculina nos seus diversos contextos

socioculturais e econômicos. O reconhecimento de que os

homens adentram o sistema de saúde por meio da atenção

especializada tem como conseqüência o agravo da morbidade e

freqüência da mortalidade neste gênero, pelo retardamento

na atenção e maior custo para o SUS. É necessário

fortalecer e qualificar a atenção primária, garantindo

assim, a promoção da saúde e a prevenção aos agravos e

complicações evitáveis. Muitos agravos poderiam ser

evitados caso os homens realizassem, com regularidade as

medidas de prevenção primária. A resistência masculina à

atenção primária, aumenta não somente a sobrecarga

financeira da sociedade, mais sobretudo o sofrimento físico

e emocional do paciente e de sua família, na luta pela

conservação da saúde e da qualidade de vida das pessoas.

Enfatizando a condição do homem, o Ministério da

Saúde considera que esta população apresenta altos índices

de morbimortalidade que representam verdadeiros problemas

de saúde pública, em que os indicadores e os dados básicos

para a saúde demonstram que os coeficientes de mortalidade

masculina são consideravelmente maiores em relação aos

coeficientes de mortalidade feminina ao longo das idades do

ciclo de vida. Desta forma, faz-se necessário organizar uma

rede de atenção a saúde que garanta na linha de cuidados

integrais voltada para a população masculina apoiando ações

e atividades de promoção de saúde para facilitar e ampliar

o acesso aos serviços de saúde por parte dessa população

mediante apoio e qualificação de profissionais de saúde

para o atendimento especifico da população masculina.

O Ministério da Saúde, vê no enfermeiro um

profissional com capacidades diferenciadas para estar a

frente das mobilizações em prol da saúde. O enfermeiro, que

de acordo com o MS, tem sido amplamente requisitado a

ocupar espaços estratégicos para implementação de políticas

sociais, em especial de saúde, sendo um profissional

historicamente marcado pelo compromisso com a saúde

pública, estando presente na maioria das ações

desenvolvidas na atenção básica (BRASIL, 2002).

Por se tratar de uma temática circunscrita na Saúde

Pública, e constatado a relevância do conteúdo, surgiu o

interesse em realizar esta pesquisa, uma vez ainda que

incipiente, poucos estudos haviam sido realizados desde a

criação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do

Homem em 2009.

Espera-se que este trabalho possa ocasionar

propostas de estímulo aos profissionais de saúde para

promover o conhecimento do PNAISH aos usuários do Sistema

Único de Saúde por meio, principalmente, da educação em

saúde. Este projeto justifica-se não só pela a atualidade e

complexidade de sua criação, como pela necessidade de

conhecimento e importância para então assim a população

masculina aderir e participar da atenção básica de saúde, e

listar as dificuldades e desafios do profissional

enfermeiro na atuação da Política Nacional de Atenção

Integral à Saúde do Homem.

Qual os desafios do profissional Enfermeiro no

Desenvolvimento e na promoção à Saúde, diante da Política

Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem?

Objetivo Geral: Promover o conhecimento sobre o tema

diante das particularidades da Política e falar sobre os

desafios que o enfermeiro deve vencer, no desenvolvimento

da PNASIH, ajudando a promover ações de saúde especificas.

REFERENCIAL TEÓRICO

A abordagem à saúde do homem é um tema atualmente em

pauta e que se encontra respaldado pela Política Nacional

de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), publicada

pelo Ministério da Saúde em agosto de 2009. Por ser um tema

tão recente, discorrer sobre ele sob a ótica da enfermagem,

torna-se um desafio, pois há um pensamento arraigado na

cultura brasileira de que os homens são invulneráveis e,

portanto, não requerem tantos cuidados com a saúde. Isso

por suas vez se reflete nos serviços de saúde e o meio

acadêmico, observando-se poucas propostas de ações de saúde

voltadas ao homens e escassez de publicações referentes ao

tema.

Alguns estudos apontam que a baixa procura dos homens

por serviços de saúde relaciona-se ao modelo hegemônico de

masculinidade. Esse modelo compromete a adesão dos homens

às ações de saúde, porque tais ações requerem a prática do

autocuidado, que é tido como uma ação essencialmente

feminina. Outros fatores que comprometem a adesão e

configuram-se como desafios para a inclusão dos homens nos

serviços e nas ações de saúde são: a idéia de

vulnerabilidade; o reconhecimento de que as Unidades de

Saúde são destinadas às mulheres, às crianças e aos idosos;

ao fato de que a maioria dos profissionais de saúde serem

mulheres, com pouca habilidade e sensibilidade de perceber

os problemas específicos desse gênero. Além disso, outros

desafios são o horário de funcionamento dos serviços, que

dificulta a ida dos trabalhadores, e a oferta de ações em

saúde exclusivamente direcionadas a agravos específicos,

sem contemplar a especificidade da saúde do homem em um

sentido mais amplo. (Pinheiro et al.,2002; Figueiredo,

2005; Scraiber, 2005; Nascimento,2005; Gomes et al.,2007).

A PNAISH, enfatiza que um aspecto ainda determinante

no baixo acesso dos homens aos serviços de Saúde deve-se ao

fato de que, os serviços e as estratégias de comunicação

ainda privilegiam as ações voltadas para a criança, o

adolescente, a mulher e o idoso, estando o homem à margem

deste sistema. Nesta perspectiva, deve-se ampliar a

acessibilidade dos homens aos serviços de saúde,

assegurando ao menos, uma vez por ano, o seu atendimento e,

para isto, deve-se incluir ações intersetoriais que visem

trabalhar os entraves sócio-culturais e organizacionais,

que estejam dificultando sua entrada, evitando assim que

este acesso ocorra predominantemente pelos serviços de

média e alta complexidade (BRASIL, 2008).

Além disso, os homens costumam procurar o serviço de

saúde quando já acometidos por patologias de base,

normalmente descobertas nos serviços de urgência, como

diabetes e hipertensão arterial, em uma demanda curativa,

para solicitar a renovação ou troca de receitas de

medicamentos, ou mesmo quando são acometidos por alguma

doença ou sintoma, como dor em um quadro agudo (Gomes et

al.,2007). Em outros momentos, os homens apresentam

problemas relacionados, em sua maioria, a doenças

ocupacionais e, em outros as demandas são trazidas por

parceiras, que relatam o aparecimento de algo estranho no

comportamento do seu companheiro relacionado com questões

de violência, de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis),

ou sofrimento mental. Outras vezes, as demandas são

trazidas pelas mulheres em função de necessidades

relacionadas com o gênero feminino, como a saúde

reprodutiva e a ocorrência de DST. Isso porque a percepção

dos homens sobre cuidados de saúde relaciona-se

exclusivamente a aspectos orgânicos, ligadas ao corpo, não

considerando, aspectos psicológicos e sociais como

determinantes nessa questão (Paschoalick et al, 2006).

Diante dessa realidade vivenciada por profissionais de

saúde como o enfermeiro por exemplo, e pelos homens, é

preciso enfocar os princípios que regem a Constituição de

1988, na qual a saúde extrapola o campo da doença e

compreende aspectos biopsicossociais. Assim, deve-se

garantir maior acesso aos serviços de saúde a todos os

indivíduos da sociedade, incluindo a população masculina,

não restringindo o cuidado a ações pontuais e curativas,

mais considerando o homem como sujeito com necessidades de

cuidado integral e com acesso aos diferentes níveis de

atenção à sua saúde.

O enfermeiro, como profissional comprometido com o

bem estar da sociedade, precisa posicionar-se em prol da

promoção da saúde e prevenção de agravos à população

masculina, assumindo e se comprometendo com tamanhos

desafios que lhe são impostos diante desta política de

saúde pública. Desta forma, os enfermeiros devem estar

atentos ao compromisso de prestar uma assistência integral

à população masculina. No entanto, observa-se que a

formação acadêmica do enfermeiro pouco focaliza a saúde do

homem, o que se reflete em sua prática profissional como

inobservância das reais necessidades de saúde dos homens e

nas incipientes ações voltadas a esta população.

No entanto, observa-se que a formação acadêmica do

enfermeiro pouco focaliza a saúde do homem, e que se

reflete em sua prática profissional como inobservância das

reais necessidades de saúde dos homens e nas incipientes

ações voltadas a esta população. É necessário inserir nos

currículos das escolas de enfermagem conteúdos

disciplinares que contemplam a saúde do homem com vistas a

atender às necessidades de saúde deste gênero e pautadas na

política voltada a saúde do homem.

Não podemos ainda, deixar de apontar a importância e

influência da questão de Gênero. Isso porque o conceito de

gênero diz respeito a atitudes e expectativas de homens e

mulheres, permeando comportamentos individuais e coletivos,

sendo relacionado com um contexto histórico. (Connel,

1995;Jhonson, 1997).

No Brasil, estudos a respeito do tema "gênero

masculino e saúde" surgiram no final da década de 1980 como

abordagem às questões demográficas e epidemiológicas quanto

às diferenças existentes entre os gêneros masculinos e

feminino, colocando em evidência os riscos diferenciados de

adoecer e de morrer entre homens e mulheres. Estes estudos

tem abordado aspectos de comportamento masculino e sua

influência sobre a saúde dos homens e das pessoas com as

quais ele se relaciona. Alguns dos eixos temáticos

identificados sobre "gênero masculino e saúde" relacionam-

se a saúde sexual e reprodutiva, violência doméstica e

dados de morbimortalidade. Alguns esses agravos estão

intimamente ligados ao comportamento masculino no ambiente

social, bem como a hábitos nocivos, como tabagismo,

alcoolismo e má alimentação (Paschoalick et al.,2006).

O modelo hegemônico de masculinidade, mais

valorizado, tem maior legitimidade, apropria-se de outros

modelos, concentra maior poder e tem como um dos principais

eixos a dominação e a heterossexualidade. Este é o modelo

idealizado, que se impõe, difícil a ser seguido, tornando-

se um desafio aos homens, e que impede em muitas vezes, o

cuidado com a própria saúde (Figueiredo, 2005). Destacam-se

como marcas identitárias o fato de ser provedor,

relacionado com o trabalho/sustentabilidade e com a

família/reprodução social e biológica, ser dominador

(relacionado com o poder, mando/privilégios materiais e

cuidador (protetor, família e filhos).

Diante de todas as questões que envolvem a saúde do

homem - contexto social, gênero, políticas, pensar em

estratégias para abordar a saúde da população masculina é

algo ainda complexo. As experiências são escassas, os

profissionais não adotam estratégias que contemplem as

necessidades de saúde desta população. Isso decorre, em

parte, do imaginário social de invulnerabilidade social

sobre o gênero masculino no que tange aos riscos de adoecer

ou morrer e das dificuldades dos profissionais de saúde em

reconhecer e abordar as necessidades específicas dos

homens. Assim, o que observa-se são ações de saúde voltadas

a patologias já instaladas, como hipertensão e diabetes,

que buscam o sistema de saúde por meio da atenção

especializada como conseqüência do agravo da morbidade.

(Brasil, 2009;Braz, 2005).

A PNAISH, com o propósito de minimizar as causas de

morbimortalidade dos homens, representa um avanço ao

pensarmos que até o presente momento as ações destinadas ao

público masculino ocorrem pontualmente. Ressalta-se que

esta política objetiva incentivar ações de prevenções e

agravos a promoção da saúde dos homens e que sua construção

e desenvolvimento se efetivará e se concretizará

contribuindo para a diminuição das morbimortalidade

específicas da população masculina.

METODOLOGIA

Tipo de Pesquisa

O projeto constituiu-se num estudo exploratório,

descritivo, e que se vale da Revisão Integrativa da

Literatura dirigida especificamente aos trabalhos que

apresentaram o tema Saúde do Homem, Gênero, Atenção

Primária, papel do enfermeiro no contexto da PNAISH.

A pesquisa descritiva tem como objetivo caracterizar e

descrever determinadas populações ou fenômenos

relacionados, onde o pesquisador os observa, descreve-os e

classifica-os, utilizando-se de técnicas padronizadas de

coleta de dados como questionários (GIL, 2008; POLIT et. al.,

2004).

A pesquisa exploratória é indicada quando o pesquisador

deseja aprofundar o entendimento sobre o fenômeno além

daquele que o estudo descritivo pode oferecer, investigando

a sua natureza complexa e os outros fatores com os quais o

tema está relacionado (POLIT et. al., 2004). Tem o objetivo

de proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato.

Esse tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o

tema escolhido é pouco explorado (GIL, 2008).

Base de dados da pesquisa

As extrações das fontes bibliográficas foi realizada por

meio do sistema informatizado de busca Scientific Electronic Library

Online (Scielo), e LILACS..

Foram utilizados como indexadores de assunto, títulos,

palavras e resumos, os termos ações de enfermagem, saúdedo Homem, Política Nacional de Atenção a Saúde do Homem,

surgiram na base de dados SCIELO, 09 artigos dos quais

foram selecionados 4 artigos de acordo com a aproximação ao

tema.

Critérios de inclusão

Serão incluídos estudos realizados no Brasil e publicados

nos anos de 2000 à 2014. Artigos que contenham os

descritores: Saúde do Homem, enfermagem na política

Nacional de Atenção a Saúde do Homem, Na seleção dos

artigos serão obedecidas as seguintes etapas: avaliação dos

títulos, avaliação dos resumos e leitura do texto completo,

artigos de autores especialistas, mestre e doutores. Após

seguir as etapas, serão selecionados os artigos que

respondem a pergunta norteadora desta pesquisa.

Critérios de exclusão

Serão excluídos artigos científicos em língua estrangeira,

que não estejam disponíveis online e em texto completo e

que tenham sido publicados anteriormente ao ano de 2000,

artigos publicados por formandos em enfermagem.

Procedimentos e instrumentos de coleta de dados

Os artigos selecionados serão submetidos a uma leitura

rigorosa do texto completo para identificar a resposta da

pergunta norteadora. Após a leitura, será preenchido um

formulário de coleta de dados (Apêndice A) para organizar

os dados coletados. Esse formulário permitirá analisar os

artigos científicos de acordo com os seguintes aspectos:

título, autor, ano, procedência/periódico, principais

resultados e conclusões.

Procedimentos e instrumentos de análise dos dados

Com a organização dos dados através do formulário citado

anteriormente será possível analisar os dados e identificar

os principais resultados dos artigos selecionados e com

isso descrever os principais desafios do enfermeiro no

desenvolvimento da PNAISH. A análise se dará através da

triangulação dos dados coletados, com a análise crítica do

autor da pesquisa confrontados com a literatura.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Diante das pesquisas realizadas, no Scielo

(Scientífic Eletronic Library Online), obedecendo os

critérios de inclusão e exclusão, foram listados 10 artigos

que nas referências bibliográficas que responderam a

pergunta de pesquisa e que compões o texto corpo desta

pesquisa.

Dos artigos analisados, 2 foram publicados em 2005, 1

de 2007, 1 do ano de de 2008, e 1 de 2009 e outros 5

artigos no ano de 2011. Todos de revisão integrativa de

Literatura, com cruzamento dos descritores: Saúde do Homem,

Atenção Primária a Saúde, PNAISH, Gênero e Masculinidades.

Evidenciou-se a pouca procura dos homens às

unidades de saúde, na busca de atendimentos voltados a

DST'S, Saúde reprodutiva, Hipertensão, Diabetes entre

outras assim como também as estratégias utilizadas na

prevenção destes agravos, através de práticas educativas

pelos profissionais de saúde, confirmando a ideologia do

modelo curativo ambulatorial, e não preventivo configurando

um sólido desafio para ser vencido.

Para PINHEIRO et al., (2002) e FIGUEIREDO (2005), de

modo geral, as mulheres utilizam mais os serviços de saúde

do que os homens. Os autores associam a ausência dos homens

ou sua invisibilidade nos serviços a uma característica da

identidade masculina relacionada a seu processo de

socialização.

Nesse caso, a identidade masculina estaria associada

à desvalorização do auto-cuidado e à preocupação incipiente

com a saúde.

Para SCHRAIBER, GOMES, COUTO (2005), um fator de

grande importância no padrão dos riscos de saúde nos homens

e na forma como estes percebem e usam seus corpos é a

questão de gênero. Segundo GOMES, NASCIMENTO, ARAÚJO(2007),

o ser homem estaria associado à invulnerabilidade, força e

virilidade. Essas características seriam incompatíveis com

a demonstração de sinais de fraqueza, medo, ansiedade e

insegurança, representada pela procura aos serviços de

saúde, o que colocaria em risco a masculinidade e

aproximaria o homem das representações de feminilidade.

Neste sentido, a demanda da população masculina

existente, se torna imperceptível para os serviços de

saúde. Isto mostra que, para contar com essa população nos

serviços de saúde, é preciso que haja uma valorização do

auto-cuidado, e para isso é preciso haver uma

sensibilização da mesma. Os Serviços de Saúde devem

planejar ações organizadas e que possam ser aperfeiçoadas a

partir das dificuldades encontradas por essa população. Com

isso facilitaria a ida do homem à unidade, estimulando o

mesmo a praticar ações que visem seu bem-estar.

COUTO MT, PINHEIRO TF (2011), são quase unânime na

conclusão de que reconhecem as UBS como sendo as

responsáveis pela dificuldade do acesso masculino ao

serviço de saúde. Para estes autores, o problema está

relacionado ao tempo perdido nas filas pela espera da

assistência ou ainda pelo fato de que as UBS representam

para o homem um espaço feminilizado, freqüentados

principalmente por mulheres e composto por uma equipe de

profissionais formada, em sua maioria, também por mulheres.

Gomes R, Nascimento E (2007), dizem que essa

condição gera nos homens a impressão de que não pertencem

ao espaço das UBS já que as mesmas não disponibilizam

programas ou atividades direcionadas especificamente para a

população masculina e tudo parece provocar uma dificuldade

da formação do elo que una as necessidades de saúde da

população masculina e a organização das práticas de saúde

das unidades de atenção primária, embora

autores(12) concluam que são escassos estudos sobre essas

questões na literatura.

Figueiredo (2005), elucida que a inexistência de

programas e atendimentos direcionados aos homens é

responsável pela invisibilidade do gênero masculino nos

ambientes de saúde. Os autores concluem que a dificuldade

dos homens em acessar os serviços de saúde ou para serem

acolhidos com suas demandas nestes espaços surge da atitude

e expectativa dos profissionais de saúde de que o homem não

cuida de si e nem de outras pessoas e assim não são

estimulados às práticas de prevenção e promoção de saúde(5).

Figueiredo WS, Schraiber LB (2011), Essa conclusão

também faz parte do estudo de outros autores, ao afirmarem

que os homens reprimem suas necessidades de saúde e têm

dificuldades para expressá-las, procurando menos que as

mulheres os serviços de saúde, muitas vezes motivados pelo

fato que os serviços disponíveis na atenção primária são

destinados principalmente às mulheres, às crianças e aos

idosos. Entretanto, os homens procuram menos os serviços

devido à incompatibilidade de horário com a jornada laboral

e ainda, segundo a percepção dos sujeitos, sentem-se

constrangidos em procurar atendimento, pois essa postura

choca-se com a cultura machista .As políticas públicas ao

não ofertar aos homens, de forma eficiente, serviços de

atendimento compatíveis com suas necessidades, reforça o

preconceito social.

Na tentativa de diminuir a deficiência desse

atendimento, surgiu a PNAISH que visa atingir quase 40

milhões de homens (25 a 59 anos) com o objetivo de

modificar a cultura em relação às ações preventivas e de

promoção de saúde do homem, entretanto, segundo SILVA ET

AL(29), isso só será possível se existir uma capacitação dos

enfermeiros e infra estrutura física dos serviços e de

pessoal capacitado para garantir assistência qualificada

aos homens.

Siqueira FA, Silva SO (2011).Valorizar as inúmeras

informações e práticas na esperança de realizar uma

abordagem completa e que resolva a questão possibilita a

criação de elos que atrelam confiança e ética, obrigação e

respeito, padrões que concorrem e integram os Princípios e

Diretrizes que constam na Política Nacional de Atenção

Integral à Saúde do Homem(25).

Figueiredo WS, Schraiber LB (2011) Alguns temas como

trabalho e sexualidade, devem ser observados nas discussões

de prevenção e promoção da saúde, visando à obtenção de

respostas que permitam ampliar o campo de percepção das

relações entre gênero e saúde. Algumas sugestões têm como

ponto de partida a reorganização das instituições básicas

de saúde, no intuito de tornar mais ágil o encaminhamento

dos usuários para uma atenção de maior complexidade, com,

por exemplo, ampliar o seu horário de atendimento para o

período noturno(30).

Pinheiro TF, Couto MT (2011). Nesse sentido, a

importância do reconhecimento da dimensão relacional do

trabalho em saúde e a mudança dos modos do atual saber-

fazer e cuidar, em especial dos indivíduos como sujeitos ou

coletivamente .Ainda há necessidades da produção de

cuidados quanto à requalificação de sua resposta

assistencial quando se a quer integral, pois a complexidade

da atenção primária não é superposta à das patologias,

devendo reconstruir-se como produção de cuidados.

Alves RF, Silva RP (2011) explicam que os cuidados

que devem fazer parte do trabalho desempenhado por uma

equipe multiprofissional, a qual por meio do conhecimento

inter e multidisciplinar deve buscar compreender e intervir

no processo saúde-doença de modo geral, em especial no que

diz respeito à saúde do homem(28).Para obtenção desses

conhecimentos será necessário mais estudos sobre a

necessidade de saúde insatisfeita e pela não procura de

atendimento nas unidades de saúde por parte dos homens,

para que se possa obter uma melhor compreensão de suas

causas(26).

A maior parte dos estudos analisados refere-se a não

existência de infraestrutura organizacional e

sistematização dos serviços básicos para atender às

necessidades do gênero masculino, o que foi caracterizado

um sério impeditivo para um cuidado de excelência à saúde

dos homens.

Nascimento FE, Gomes R (2008), corroboram que as

Unidades Básicas de Saúde (UBS) não disponibilizam

programas ou atividades direcionadas especificamente para a

população masculina, sendo esse um importante fator que

indica existir uma dificuldade de interação entre as

necessidades de saúde da população masculina e a

organização das práticas de saúde das unidades de atenção

primária7,13.

Nascimento FE, Gomes R (2008), contribuem afirmando

que a pouca estruturação dos serviços de saúde, em termos

de recursos humanos e materiais, em uma perspectiva

qualitativa e quantitativa, bem como de espaço físico

adequado para acolher e atender à clientela masculina,

reforça a baixa procura dos homens pelos serviços de

atenção primária. Não há também uma sistematização no

atendimento, uma metodologia assistencial, nos poucos

serviços existentes que contemplam a população em questão.

Logo, a falta de diversificados recursos provoca uma queda

na qualidade do atendimento, o que acaba por afastar cada

vez mais o usuário..

Nesta perspectiva, aponta-se o déficit no processo de

abordagem e de cuidar/cuidado da população masculina por

parte dos profissionais. Igualmente, enfatiza-se que a

ausência de acolhimento ou o acolhimento pouco atrativo

está relacionado à frágil qualificação profissional para

lidar com o segmento masculino.

Villela W, Monteiro S, Vargas E (2009) O pouco número

de serviços na atenção básica voltado especificamente para

as demandas relacionadas às questões do gênero masculino

reflete em uma organização defasada dessa infraestrutura de

atendimento à saúde, e, associado à deficiência na

capacitação dos profissionais que atuam nestes serviços,

constitui a principal barreira para a construção de uma

rede que atenda às necessidades da população masculina7

CONCLUSÕES

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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