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Nossa Terra Nosso Mundo (IV)

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(/) Provas de que a Terra deve ser posta ao alcance dos direitos previstos em nossas leis.

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Nas últimas décadas ou, especialmente após a nossa segunda grandeNas últimas décadas ou, especialmente após a nossa segunda grande

guerra mundial, algumas importantes mudanças culturais têm ocorrido.guerra mundial, algumas importantes mudanças culturais têm ocorrido.

Hoje todo homem de qualquer raça ou cor nasce livre.Hoje todo homem de qualquer raça ou cor nasce livre.

As mulheres saíram do anonimato e se tornaram ativas cidadãs.As mulheres saíram do anonimato e se tornaram ativas cidadãs.

Finalmente até à criança já se dá o status de “sujeito” (um pequeno sujeito,Finalmente até à criança já se dá o status de “sujeito” (um pequeno sujeito,

de fato, mas de toda forma personagem central do próprio ser, que,de fato, mas de toda forma personagem central do próprio ser, que,

como tal, deve ser respeitado.).como tal, deve ser respeitado.).

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E também entre nós, felizmente, já existem elementos conceituaisE também entre nós, felizmente, já existem elementos conceituais

e consensuais que procuram dar à Terra, ou ao nosso Mundo,e consensuais que procuram dar à Terra, ou ao nosso Mundo,

a condição de existência como novo tipo de “sujeito”.a condição de existência como novo tipo de “sujeito”.

Uma condição necessária para que a TerraUma condição necessária para que a Terra

se ponha ou que seja posta ao alcancese ponha ou que seja posta ao alcance

dos direitos previstos em nossas leis.dos direitos previstos em nossas leis.

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Mas esta visão básica, da importância da Terra,Mas esta visão básica, da importância da Terra,

ainda não é clara em nossos meios jurídicos.ainda não é clara em nossos meios jurídicos.

Recentemente ouvi um velho advogado afirmar:Recentemente ouvi um velho advogado afirmar:

““O mundo é material e insensível;O mundo é material e insensível;

corresponde às forças cegas da naturezacorresponde às forças cegas da natureza

e, por isso, não corresponde ao mundo dos juristas.e, por isso, não corresponde ao mundo dos juristas.

Para nós estes dois mundos são inconciliáveis.”Para nós estes dois mundos são inconciliáveis.”

Page 7: Nossa Terra Nosso Mundo (IV)

Aos poucos tais noções têm mudado,Aos poucos tais noções têm mudado,

com o surgimento entre nós de alguns novos tiposcom o surgimento entre nós de alguns novos tipos

de excelentes pensadores, como o ecohistoriador Arthur Soffiati.de excelentes pensadores, como o ecohistoriador Arthur Soffiati.

Através de considerações de ordem científica procurou nos mostrarAtravés de considerações de ordem científica procurou nos mostrar

como fomos criados ou gerados pela Terra, literalmente, e que, por isso,como fomos criados ou gerados pela Terra, literalmente, e que, por isso,

não temos como nos separar dela, de forma nenhuma,não temos como nos separar dela, de forma nenhuma,

nem então juridicamente.nem então juridicamente.

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Para Soffiati, a Terra funciona como um todoPara Soffiati, a Terra funciona como um todo

onde não se dissocia a atmosfera da biosfera (esfera da Vida),onde não se dissocia a atmosfera da biosfera (esfera da Vida),

bem como a biosfera da hidrosfera (esfera das águas)bem como a biosfera da hidrosfera (esfera das águas)

e ainda a biosfera da litosfera (esfera das rochas).e ainda a biosfera da litosfera (esfera das rochas).

E assim como a biosfera (a esfera da Vida) está integrada à Terra,E assim como a biosfera (a esfera da Vida) está integrada à Terra,

o próprio homem precisa finalmente se entender para se integrar a ela,o próprio homem precisa finalmente se entender para se integrar a ela,

tratando-a com o respeito devido à prudência... ou à jurisprudência.tratando-a com o respeito devido à prudência... ou à jurisprudência.

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Mas as piores influências que ainda atuam sobre issoMas as piores influências que ainda atuam sobre isso

vêm de primitivos fatores culturais..., promovidos por homens que se julgamvêm de primitivos fatores culturais..., promovidos por homens que se julgam

destemidos porque se acham fortes e inatingíveis destemidos porque se acham fortes e inatingíveis —— numa impressão numa impressão

de invulnerabilidade tirada da própria insensibilidade.de invulnerabilidade tirada da própria insensibilidade.

Infelizmente ainda existem homens como estes que, quandoInfelizmente ainda existem homens como estes que, quando

não estão dando tiros, socos ou pontapés, desprendem grandes esforçosnão estão dando tiros, socos ou pontapés, desprendem grandes esforços

para elaborar e propagar pelo mundo convicções como estas:para elaborar e propagar pelo mundo convicções como estas:

Page 10: Nossa Terra Nosso Mundo (IV)

““Quem faz parte das minorias deprimidas (não oprimidas)Quem faz parte das minorias deprimidas (não oprimidas)ou dos marginalizados fracassados é quem defende o pobre,ou dos marginalizados fracassados é quem defende o pobre,

a igualdade racial e a natureza.a igualdade racial e a natureza. —— Esta, então, quem a defendeEsta, então, quem a defendesão os tidos como ‘sensíveis e coloridos’, gays, homens afeminados esão os tidos como ‘sensíveis e coloridos’, gays, homens afeminados e

desajustados socialmente... E, além desses tipos exóticos de defensoresdesajustados socialmente... E, além desses tipos exóticos de defensoresda natureza, só sobram os ridículos filósofos esfarrapados liderandoda natureza, só sobram os ridículos filósofos esfarrapados liderando

os místicos, os bizarros e os... palhaços.” os místicos, os bizarros e os... palhaços.”

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Assim, para continuar, levando em conta a forçaAssim, para continuar, levando em conta a força

com que às vezes a própria cultura dificulta as nossas análisescom que às vezes a própria cultura dificulta as nossas análises

— — e o despertar do senso crítico e o despertar do senso crítico ——, vou registrar partes da crônica escrita, vou registrar partes da crônica escrita

por um humanista renomado, escritor, teólogo e filósofo: Leonardo Boff.por um humanista renomado, escritor, teólogo e filósofo: Leonardo Boff.

Page 12: Nossa Terra Nosso Mundo (IV)

Leonardo escreveu: “Depois dos alarmantes relatórios do IPCCLeonardo escreveu: “Depois dos alarmantes relatórios do IPCC

sobre as atuais mudanças climáticas, o pior que nos pode acontecersobre as atuais mudanças climáticas, o pior que nos pode acontecer

é deixar as coisas correrem como estão, e irmos alegremente em direçãoé deixar as coisas correrem como estão, e irmos alegremente em direção

ao próprio fim... Tal situação me faz lembrar o conhecido aforismo deao próprio fim... Tal situação me faz lembrar o conhecido aforismo de

Sören Kierkegaard, famoso filósofo dinamarquês, sobre o ‘clown’,Sören Kierkegaard, famoso filósofo dinamarquês, sobre o ‘clown’,

o palhaço o palhaço —— um palhaço de circo...” um palhaço de circo...”

““O PALHAÇO DE KIERKEGAARD”O PALHAÇO DE KIERKEGAARD”

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““O fato, conta Sören, é que estava ocorrendo um incêndioO fato, conta Sören, é que estava ocorrendo um incêndio

nas cortinas de fundo do circo. O diretor enviou então o palhaço,nas cortinas de fundo do circo. O diretor enviou então o palhaço,

que já estava pronto para entrar em cena, para avisar a platéia.que já estava pronto para entrar em cena, para avisar a platéia.

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““E este homem de aparência exótica entrou angustiado no palco,E este homem de aparência exótica entrou angustiado no palco,

de onde suplicou a todos que corressem para apagar as chamas.de onde suplicou a todos que corressem para apagar as chamas.

Mas como se tratava do palhaço, a platéia imaginou que eraMas como se tratava do palhaço, a platéia imaginou que era

apenas um truque para fazer rir as pessoas.apenas um truque para fazer rir as pessoas.

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““Portanto, quanto mais o palhaço conclamava a todos, mais estes riam.Portanto, quanto mais o palhaço conclamava a todos, mais estes riam.

Não havia dúvida que o ator estava cumprindo esplendidamente seu papel.Não havia dúvida que o ator estava cumprindo esplendidamente seu papel.

E, enfim, o desfecho é que o fogo consumiu o palco e todo o circoE, enfim, o desfecho é que o fogo consumiu o palco e todo o circo

com as pessoas dentro.”com as pessoas dentro.”

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E assim terminou Kierkeggard:E assim terminou Kierkeggard:

““Esta, suponho eu, é a forma pela qual o mundo vai acabarEsta, suponho eu, é a forma pela qual o mundo vai acabar

no meio da hilaridade geral dos gozadores e galhofeiros que pensamno meio da hilaridade geral dos gozadores e galhofeiros que pensam

que tudo, enfim, não passa de mera gozação.”que tudo, enfim, não passa de mera gozação.”

Page 17: Nossa Terra Nosso Mundo (IV)

E Leonardo Boff, pelo seu lado, assim terminou sua crônica:E Leonardo Boff, pelo seu lado, assim terminou sua crônica:

““Como somos o principal agente desestabilizador do mundo,Como somos o principal agente desestabilizador do mundo,

pode acontecer que a Terra não nos considere maispode acontecer que a Terra não nos considere mais

benevolentemente e queira continuar sem nós...”.benevolentemente e queira continuar sem nós...”.

Page 18: Nossa Terra Nosso Mundo (IV)

**Por fim, semelhante ao amor, quando a razão já não tiver voz,Por fim, semelhante ao amor, quando a razão já não tiver voz,

só a tragédia falará... Esta, aliás, sempre teve mais a versó a tragédia falará... Esta, aliás, sempre teve mais a ver

com a história humana do que a razão, não teve?...com a história humana do que a razão, não teve?...

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Também para Arthur Soffiati “a natureza da Terra não é tão generosaTambém para Arthur Soffiati “a natureza da Terra não é tão generosa

quanto pensam os bem-intencionados que romanticamente a chamam dequanto pensam os bem-intencionados que romanticamente a chamam de

mãe. E, de fato, esta natureza está mais para a deusa Kali, dos hinduístas,mãe. E, de fato, esta natureza está mais para a deusa Kali, dos hinduístas,

do que parado que para

a deusa Gaia,a deusa Gaia,

dos gregos.dos gregos.Kali alimentaKali alimenta

seus filhos,seus filhos,

mas pode tambémmas pode também

devorá-los.”devorá-los.”

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““Mas até isso, para nós, se apresenta de modo dúbio, poisMas até isso, para nós, se apresenta de modo dúbio, pois

as catástrofes naturais talvez fossem consideradas crueldadesas catástrofes naturais talvez fossem consideradas crueldades

se praticadas por seres humanos...se praticadas por seres humanos...

Page 21: Nossa Terra Nosso Mundo (IV)

““Esse reconhecimento, entretanto, não apresenta qualquer justificativaEsse reconhecimento, entretanto, não apresenta qualquer justificativa

para a agressão do homem à natureza da Terra, exatamente porque estepara a agressão do homem à natureza da Terra, exatamente porque este

ser se chama de ‘superior’ e se diz dotado de consciência moral.”ser se chama de ‘superior’ e se diz dotado de consciência moral.”

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O fato é que não há mais tempo para condescendências,O fato é que não há mais tempo para condescendências,

porque não há mais tempo para perder. Esta Terra Viva já não consegueporque não há mais tempo para perder. Esta Terra Viva já não consegue

criar elementos novos compensatórios para restabelecer o equilíbrio;criar elementos novos compensatórios para restabelecer o equilíbrio;

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e ela passa então a reagire ela passa então a reagir

na exata medida das nossas ações...,na exata medida das nossas ações...,

porque, afinal, de acordo com o que já foi sobejamente divulgado,porque, afinal, de acordo com o que já foi sobejamente divulgado,

““o homem é a medida de todas as coisas!” ...o homem é a medida de todas as coisas!” ...

“Homem Vitruviano”Leonardo da Vince

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Não. Infelizmente o homem não serviu como medidaNão. Infelizmente o homem não serviu como medida

para os religiosos e seus supostos “criadores”, deuses eternos.para os religiosos e seus supostos “criadores”, deuses eternos.

Deuses que provisoriamente nos puseram para viver neste mundoDeuses que provisoriamente nos puseram para viver neste mundo

descartável, inexoravelmente destinado a um fim apocalípticodescartável, inexoravelmente destinado a um fim apocalíptico

— — n’o juízo final’. ... (Oh se pelo menos este tipo de crençan’o juízo final’. ... (Oh se pelo menos este tipo de crença

nos levassenos levasse —— afinal afinal —— ao juízo!...) ao juízo!...)

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Mas para aqueles mesmos deuses não precisamosMas para aqueles mesmos deuses não precisamos

de qualquer razão para viver nem de nos preocupar com o futuro,de qualquer razão para viver nem de nos preocupar com o futuro,

pois nos prometem levar para viver em “outro mundo”, paradisíacopois nos prometem levar para viver em “outro mundo”, paradisíaco

e eterno, completamente separado de toda realidadee eterno, completamente separado de toda realidade

material conhecida, terrestre ou celestematerial conhecida, terrestre ou celeste

......

Page 26: Nossa Terra Nosso Mundo (IV)

(!) Leonardo Boff tinha razão,(!) Leonardo Boff tinha razão,

mesmo que ele não seja solidário com estas minhas idéias inteiras.mesmo que ele não seja solidário com estas minhas idéias inteiras.

Nunca nos faltaram grandes e variados motivos para irmosNunca nos faltaram grandes e variados motivos para irmos

(alegremente) em direção ao próprio fim(alegremente) em direção ao próprio fim

......

Page 27: Nossa Terra Nosso Mundo (IV)

Tudo isso para mimTudo isso para mimé um contra-senso e, seriamente,é um contra-senso e, seriamente,

não sei de onde tiraram a idéia de quenão sei de onde tiraram a idéia de quese destruirmos este mundo ganharemos outro,se destruirmos este mundo ganharemos outro,

como um tipo de recompensa divinacomo um tipo de recompensa divina......

Por quê?, pelas nossas boas ações?Por quê?, pelas nossas boas ações?

Page 28: Nossa Terra Nosso Mundo (IV)

Já sabemos que não tem nenhum deusJá sabemos que não tem nenhum deusnos fazendo o favor de sustentar nosso mundo.nos fazendo o favor de sustentar nosso mundo.

Ele está à mercê das nossas ações,Ele está à mercê das nossas ações,sejam más... ou que sejam boas.sejam más... ou que sejam boas.

Page 29: Nossa Terra Nosso Mundo (IV)

* ** *Na crônica anterior afirmei que só nos preocupamos com o que amamos,Na crônica anterior afirmei que só nos preocupamos com o que amamos,

pois de fato não nos importamos com a perda do que não amamos.pois de fato não nos importamos com a perda do que não amamos.

Mas a questão não é só amar a Terra. É perceber que ela está sob ameaçaMas a questão não é só amar a Terra. É perceber que ela está sob ameaça

e, pior, reconhecer que nós somos a ameaça!... Infelizmente sóe, pior, reconhecer que nós somos a ameaça!... Infelizmente só

levamos em conta o que nos ameaça, e não o contrário. levamos em conta o que nos ameaça, e não o contrário.

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* * ** * *Ainda não percebemos que ameaçar a TerraAinda não percebemos que ameaçar a Terra

já é uma ameaça a nós.já é uma ameaça a nós.

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