Ventilação de mina subterrânea
(UFRGS/DEMIN - material de divulgação interna)
Tópicos
1.Poluentes de minas subterrâneas2.Normas para cálculo de necessidades de ar3.Divisores do fluxo do ar4.Configurações de sistemas de ventilação5.Leis da ventilação6.Ventiladores7.Controle de ventilação
Referências principais:
Hartman, H.L., Mutmansky, J.M., Wang, Y.J., eds.,1997, Mine Ventilation and Air Conditioning, 3nd. Ed., John Wiley & Sons, ISBN 0-471-05690-1.McPherson, M. J., 1993, Subsurface Ventilation and Environmental Engineering, Ed. Chapman & Hall, London. Kennedy, W.R., 1999, Practical Mine Ventilation, 2nd. Ed., Intertec Publishing Corp., ISBN 0-929531-50-7.Mutmansky, J.M., Ramani, R.V., 1992, “Environmental Health and Safety”, SME Mining Engineering Handbook, 2nd edition, Vol.1, AIME, N.Y., section 11.Normas NR-22 e NR-15, Ministério do Trabalho e Emprego, Brasil, 2010.
1.Poluentes de minas subterrâneas
Tarefas principais da ventilação de mina:
- suprir de oxigênio homens e máquinas; - diluir gases tóxicos/explosivos e poeiras
originadas nas operações de produção;- auxiliar no controle de temperatura e umidade do
ambiente.
O sistema de ventilação de mina procura, dentro do possível, reproduzir a composição do ar na superfície.
Composição do ar normal (puro, sêco):Composição do ar normal (puro, sêco):
% em volume% em volume
OxigênioOxigênio 20.9320.93
COCO22 0.03 0.03
Nitrogênio Nitrogênio 78.1078.10
ArgônioArgônio 0.940.94
Total Total 100.00100.00
Estas percentagens serão reduzidas com a Estas percentagens serão reduzidas com a presença de vapor d’água no ar, o qual pode chegar presença de vapor d’água no ar, o qual pode chegar a um valor máximo de 4% .a um valor máximo de 4% .
Quanto aos efeitos no organismo humano, os gases e
vapores presentes no ar podem ser classificados
como:
- Asfixiantes simples
- Tóxicos
Asfixiantes simples
São gases fisiologicamente inertes, cujo perigo está
ligado à sua alta concentração, pela redução da
proporção de oxigênio presente no ambiente. São
substâncias químicas que têm a propriedade comum
de deslocar o oxigênio do ar e provocar asfixia pela
diminuição da concentração do oxigênio no ar
inspirado, sem apresentarem outra característica
em nível de toxicidade.
Exemplos de substâncias químicas com
efeitos asfixiantes simples: etano, metano, gás
carbônico (CO2), acetileno, nitrogênio, hidrogênio,
etc.
Gases Tóxicos
São gases que mesmo quando presentes em pequenas
concentrações, produzem diversos efeitos prejudiciais
à saúde.
Um exemplo de gás tóxico é o CO - monóxido de
carbono. O CO é um asfixiante químico, produzindo
anóxia tissular (baixa oxigenação dos tecidos),
interferindo no aproveitamento de oxigênio pelas
células.
Na prática da ventilação de minas, não existe a
perspectiva de se alcançar uma pureza total do ar,
mas sim de atingir-se um grau de pureza, com base
na concentração dos contaminantes no ar, que não
ofereça riscos à saúde do trabalhador.
- Quais gases devemos medir ?
Isso depende do tipo de mina, minério de
interesse e equipamentos utilizados na lavra.
Contaminantes que ocorrem freqüentemente:
CO e CO2 – combustão incompleta de matéria
carbonosa, gases de escape de motores diesel e
detonação de explosivos;
NO e NO2 – formados na detonação incompleta de
explosivos e em gases de escape de veículos diesel;
SO2 – formado na detonação de minérios de enxofre,
durante incêndios envolvendo sulfetos (p.ex. pirita),
e em gases de veículos diesel.
(Continuação...)
Metano (CH4) – jazidas minerais de origem
orgânica (carvão) ou apodrecimento de
madeira utilizada em escoramento;
H2S – presente em jazidas minerais de origem
orgânica (p.ex. estratos de carvão);
NH3 – liberado na detonação de explosivos à
base de ANFO.
Normas para controle de poluentes em mina ...
Cada país estabelece suas próprias normas quanto às
concentrações permitidas para contaminantes no
ambiente de trabalho.
No Brasil, a norma Norma Regulamentadora do Ministério do
Trabalho, NR-15 (NR-15, 115.015-4/I4), estabelece as
concentrações permitidas.
LIMITES DE TOLERÂNCIA DO CO Gás tóxico. O limite de tolerância para até
48 horas semanais de exposição segundo
a NR-15 é 39 ppm (43 mg/m3), ou 0,0039%
em volume. A Tabela abaixo apresenta os
níveis de contaminação em ppm, com os
respectivos sintomas.
ppm Sintoma
50 Riscos para a saúde em trabalhos que exijam muito esforço
50 - 100 Dores leves de cabeça, dificuldades de respirar após duas horas de exposição
100 a 200 Dores de cabeça, dificuldades de respiração, vertigem, diminuição da capacidade visual e vômitos
500 a 1000 Risco de vida após uma hora de exposição
1000 a 10000 Risco de vida após 3 a 5 minutos
A principal fonte de CO2 nas minas é o uso de explosivos; o
limite tolerável no Brasil segundo a NR-15 é 0,39% em
volume ou 3900 ppm. A Tabela abaixo mostra as faixas de
contaminação em volume com os respectivos sintomas.
LIMITES DE TOLERÂNCIA DO CO2
% Sintoma
1% Respiração mais rápida sem prejuízo para a saúde, exposição rápida
2% Respiração duplicada, cansaço rápido
5% Respiração triplicada e dificultada
6% Sensação de falta de ar (apnéia), enfraquecimento
10% Risco de desmaio
20% Risco de vida após poucos minutos
Gás tóxico. No Brasil o limite de tolerância é de 4 ppm
ou 0,0004% em volume. A tabela abaixo resume os
níveis de contaminação com os respectivos sintomas.
LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA NO2
Teor (ppm)
Sintomas
2.8 a 5 Sem irritações nas vias respiratórias, alterações no sangue
5 a 10 possíveis doenças pulmonares
10 a 20 Irritação nas vias respiratórias, desaparecimento dos sintomas após adaptação
20 a 30 Aumento do teor de hemoglobina
30 a 35 Longo período de adaptação mas com todos os riscos descritos anteriormente
35 a 54 Irritação forte nas vias respiratórias com tosse, início da intoxicação
55 a 120 Após 3 a 5 minutos, angústia no peito
120 a 200 Risco de vida após uma hora de exposição
200 a 300 Morte
LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA SO2
NR-15 estabelece como limite de exposição para 48 horas semanais o valor de 4 ppm. É um gás tóxico, incolor, não inflamável, que irrita olhos e garganta mesmo em baixas concentrações.
ppm Sintoma
3 - 5 Detectável pelo odor (enxofre)
20 Irritação de olhos, nariz e garganta
50 Pronunciada irritação de olhos, garganta e pulmões
> 700 Risco de morte em minutos
LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA NH3
Gás tóxico. A norma NR-15 estabelece como limite de exposição para 48 horas semanais o valor de 20 ppm ou 14 mg/m3.
A exposição aguda à amônia produz lesão tissular. É muito solúvel em água e, portanto, atua na mucosa
umedecida das vias aéreas superiores e nos olhos.
LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA H2S
Gás tóxico. NR-15 estabelece como limite de exposição para 48 horas semanais o valor de 8 ppm.
A exposição provoca irritação de mucosas, olhos e vias respiratórias. Ataca o sistema nervoso. O sulfeto de hidrogênio é um gás com odor de ovos podres, o que pode denunciar sua presença.
OXIGÊNIO
É um gás que não tem cor, sabor ou cheiro, com densidade
de 1,10 em relação ao ar. A NR-22 considera o teor mínimo,
que deve estar presente em volume no ambiente de
trabalho, como sendo 19%. É considerado risco grave e
iminente os valores abaixo deste patamar. Pode-se
trabalhar em concentrações abaixo dos 19%, porém
correndo riscos à saúde, pois o sangue não absorve
plenamente o oxigênio, afetando o sistema nervoso
central. Abaixo de 10% existe risco de vida.
METANO (CH4)
É um gás combustível (também denominado grisú) que
ocorre em jazidas de origem orgânica como as de carvão.
Há casos de ocorrência de grisú em minas metalíferas,
decorrentes da presença de estratos ricos em matéria
orgânica, situados nos contatos ou nas vizinhanças do
depósito mineral, sendo também produzido no processo de
apodrecimento de madeira utilizada na mina.
(Continuação...)
O metano, no seu estado natural, ocorre confinado nas
camadas de carvão, seja na forma de moléculas livres de
gás, ocupando poros, vazios ou fissuras, por efeito de
adsorção nas superfícies destas cavidades, sendo liberado
lentamente nas frentes de lavra ou mais rapidamente
quando o carvão é britado. Em minas com alta liberação
de metano, há risco de explosão do gás.
Pela NR-22, a concentração de metano no ambiente de
trabalho deve ser < 1%.
(Continuação...)
EXPLOSÃO DE METANO
As condições de atmosfera da mina nas quais pode
ocorrer a explosão do metano estão indicadas no gráfico
conhecido como “triângulo de Coward”, delimitado pelos
pontos da tabela abaixo .
Pontos Oxigênio (%) Metano (%)
B 20 5
C 18 14
E 12 6
Condições de Condições de explosividade do explosividade do metano...metano...
Tabela resumo de gases poluentes de mina (Tabela resumo de gases poluentes de mina (Hartman et al.,1997, Mine Ventilation and
Air Conditioning))
Casos de explosão de metano ocorridos na Casos de explosão de metano ocorridos na mineração de carvão do sul do Brasil ...mineração de carvão do sul do Brasil ...
O caso mais grave: acidente ocorrida na O caso mais grave: acidente ocorrida na Carbonífera Urussanga - SC, 1984.Carbonífera Urussanga - SC, 1984.
Cálculos de diluição de gases contaminantes:
A vazão de ar requerida para diluir um determinado contaminante, considerando a situação em que a vazão do contaminante é constante ao longo do tempo, é dada por:
Q = Qg (1 – VL) / (VL – Bg)
onde...
VL = valor limite máximo permitido para a concentração do contaminante (fração);
Qg = vazão do contaminante na atmosfera de mina (m3/s);
Bg = concentração do contaminante presente na vazão Q (fração);
Q = vazão de ar requerida para a diluição (m3/s).
Exemplo:
1) Uma frente de lavra de carvão libera metano à uma taxa de 0.5 m3/s. Supondo que a concentração máxima permitida de gás metano na área de trabalho seja de 1%, calcule a mínima vazão de ar fresco necessária para a diluição.
Q = 0.5 (1 – 0.01) / (0.01 – 0) = 49.5 m3/s
2) Supondo que o ar de entrada, na situação anterior, já esteja contaminado com metano, apresentando uma concentração inicial de 0.2 %. Qual a vazão de diluição para a frente de lavra?
Q = 0.5 (1 – 0.01) / (0.01 – 0.002) = 61.9 m3/s
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Poeiras em minas subterrâneas
Poeiras:
-consistem de partículas sólidas suspensas em um gás e sua presença em mina subterrânea representa um problema comum;
- são formadas em processos de fragmentação de rocha;
- o diâmetro das partículas de poeira pode variar de 1 a 100 μm, mas o intervalo normalmente é de 1 a 20 μm;
Poeiras ... (cont.)
- poeiras podem causar dano à saúde dos trabalhadores e apresentar explosividade;
- um exemplo de doença causada pela exposição contínua a poeiras é a silicose, que é originada pelo acúmulo, nos pulmões, de partículas contendo sílica;
- poeiras em suspensão cujas partículas apresentam diâmetros menores que 5 μm são denominadas “poeira respirável”;
Poeiras ... (cont.)
- Tipos de poeiras:
1. fibrogênicas – sílica, minérios de berílio, minério de ferro, carvão, etc.
2. carcinogênicas – asbestos, produtos de desintegração do Radônio, sílica, DPM’s, etc.
3. tóxicas – minérios de chumbo, berílio, arsênico, mercúrio, minérios radioativos, etc.
4. radioativas – minérios de urânio, radio, tório, etc.
5. explosivas – carvão, minérios de sulfetos, etc.
Poeiras ... (cont.)
- Explosividade de poeiras:
Consiste em uma combustão muito rápida da poeira. A iniciação pode ocorrer por uma chama ou detonação (explosões de gás metano são iniciadores comuns de poeiras).
- Condições de explosividade do carvão:
1. diâmetro de partícula abaixo de 850 μm;2. concentrações acima de 60 g/m3;3. a explosividade diminui pelo aumento do
% de cinzas.
Poeiras ... (cont.)
As normas regulamentares do Ministério do
Trabalho do Brasil (NR-15) fixam as concentrações
máximas toleradas no ambiente de trabalho.
- Limites máximos de concentração de sólidos no ar, conforme a NR-15, para o caso da presença de sílica cristalizada (p.ex. em minas de carvão):
LT (Limite de Tolerância, em mg/m3) para poeira total (respirável + não-respirável) ...
LT = 24 / (%Qz + 3) .
LT para poeira respirável ...LT = 8 / (%Qz +2) .
Poeiras ... (cont.)
Alternativas para controle de poeiras no ambiente ...
- Usar água no processo de fragmentação de rocha, umedecendo paredes das frentes de serviço (antes e após a detonação), além do material fragmentado;
- Fazer a captação de poeiras (p.ex. na perfuração à seco);
- Usar sprays d'água em locais onde existe formação de poeiras;
- Usar máscaras de proteção individual.
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DPM – Diesel Particulate Matter
-material particulado de diesel é parte da
complexa mistura formada na exaustão do
combustível consumido por veículos, máquinas e
equipamentos movidos a óleo diesel.
-na exaustão do diesel encontram-se gases e
partículas resultantes da combustão incompleta do
diesel. O particulado em geral apresenta diâmetro
menor que 1µm, com o carbono como componente
primário, além de outros compostos adsorvidos
(benzeno, hidrocarbonetos aromáticos, sulfatos,
nitratos, ...).
DPM – Diesel Particulate Matter
Problemas ocupacionais gerados pelo DPM
estão relacionados à exposição curta e longa, além
da concentração e a individualidade de cada
trabalhador:
As emissões podem causar irritações nos
olhos, nariz, garganta, pulmões.
Há consideráveis evidências de que estas
emissões de diesel sejam cancerígenas.
DPM – Diesel Particulate Matter
Medidas para minimizar o DPM:
utilizar equipamentos elétricos (se possível);
evitar manter o motor ligado quando o veículo
estiver parado;
manter o equipamento revisado e ajustado;
usar filtro DPF (filtro para partículas do diesel)
com dimensionamento e validade correta do elemento
filtrante para cada equipamento;
manter a ventilação de mina nos padrões
adequados definidos nas normas.
DPM – Diesel Particulate Matter
Limites de exposição:
A legislação ficou mais rígida nos últimos anos quanto à exposição diária do trabalhadores de minas subterrâneas,
principalmente em países com tradição mineira como Alemanha, Canadá e Estados Unidos.
Na Alemanha , os limites de tolerância para trabalhos subterrâneos são de 0.10 mg/m3 de carbono elementar.
Na Suíça esse limite corresponde a 0.20 mg/m3, de carbono total contido no DPM.
DPM – Diesel Particulate Matter
O instituto americano Mine Safety and Health Administration (MSHA) é um pouco mais tolerante e as faixas de exposição diária variam de 0.16 a 0.40 mg/m3 de carbono total.
No Canadá, conforme o Canadian ad hoc Diesel Committee , o limite foi estipulado em 1.50 mg/m3, que parece ser um tanto alto em relação aos outros países, mas o método utilizado pelos canadenses leva em conta todo o material particulado e não somento o carbono.
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2.Normas para cálculo de necessidades de ar em minas subterrâneas
O principal parâmetro do sistema de O principal parâmetro do sistema de
ventilação de mina é a vazão de ar fresco, a ser ventilação de mina é a vazão de ar fresco, a ser
insuflada nos locais de trabalho.insuflada nos locais de trabalho.
Do ponto de vista do suprimento das Do ponto de vista do suprimento das
necessidades de oxigênio para consumo humano e necessidades de oxigênio para consumo humano e
de motores de combustão interna (diesel), existem de motores de combustão interna (diesel), existem
normas específicas a serem observadas que são normas específicas a serem observadas que são
adotadas em cada país. adotadas em cada país.
O raciocínio comum para o cálculo de vazões O raciocínio comum para o cálculo de vazões
de ar fresco (necessidades de ar) envolve as de ar fresco (necessidades de ar) envolve as
seguintes variáveis:seguintes variáveis:
- o número de trabalhadores presentes em subsolo;- o número de trabalhadores presentes em subsolo;
- a potência de equipamentos diesel na mina;- a potência de equipamentos diesel na mina;
- a taxa de produção (minério+estéril) da mina;- a taxa de produção (minério+estéril) da mina;
- outros elementos específicos (concentração de - outros elementos específicos (concentração de
gases contaminantes, mina de carvão ou ñ-carvão, gases contaminantes, mina de carvão ou ñ-carvão,
massa de explosivos, presença de equipamentos massa de explosivos, presença de equipamentos
elétricos, etc.) elétricos, etc.)
Um exemplo bastante simples será usado a seguir Um exemplo bastante simples será usado a seguir
para mostrar o cálculo das necessidades de ar para mostrar o cálculo das necessidades de ar
usando-se a norma NR-22 (Brasil), considerando mina usando-se a norma NR-22 (Brasil), considerando mina
subterrânea ñ-carvão. subterrânea ñ-carvão.
Mina ñ-Mina ñ-
carvão:carvão:
Elementos para Elementos para
cálculo de cálculo de
necessidades de ar.necessidades de ar.
Conforme a NR-22, Conforme a NR-22,
deve-se escolher o deve-se escolher o
maior valor dentre os maior valor dentre os
itens (a), (b) e (c) do itens (a), (b) e (c) do
quadro II.quadro II.
Exemplo de aplicação da NR-22 para minas ñ-Exemplo de aplicação da NR-22 para minas ñ-
carvão ...carvão ...
Suponha que em um stope de mina de ouro Suponha que em um stope de mina de ouro
trabalhem simultaneamente, na situação mais crítica, 1 trabalhem simultaneamente, na situação mais crítica, 1
caminhão diesel (300cv), 1 LHD diesel (150cv) e 4 caminhão diesel (300cv), 1 LHD diesel (150cv) e 4
operários. Considere ainda que este stope usa 120kg de operários. Considere ainda que este stope usa 120kg de
explosivos em seu desmonte, e produz mensalmente 5000 t explosivos em seu desmonte, e produz mensalmente 5000 t
de minério e estéril. Estimar a vazão requerida pela NR-22.de minério e estéril. Estimar a vazão requerida pela NR-22.
Exemplo de aplicação da NR-22 para um painel Exemplo de aplicação da NR-22 para um painel
de lavra de mina ñ-carvão ...de lavra de mina ñ-carvão ...
Resp.:Resp.:
Item (a) do quadro II ... Vazão p/homens e máquinas Item (a) do quadro II ... Vazão p/homens e máquinas
será igual a 2m3/min x 4 + 3.5m3/min/cv(300cv + será igual a 2m3/min x 4 + 3.5m3/min/cv(300cv +
150cv)=1583 m3/min.150cv)=1583 m3/min.
Item (b) do quadro II ... A vazão de ar de acordo com Item (b) do quadro II ... A vazão de ar de acordo com
a massa de explosivos empregada no desmonte será a massa de explosivos empregada no desmonte será
calculada para um tempo de aeração de 30 minutos: Q = calculada para um tempo de aeração de 30 minutos: Q =
0.5 x 120kg/30 minutos = 2 m3/min.0.5 x 120kg/30 minutos = 2 m3/min.
Exemplo de aplicação da NR-22 para um painel Exemplo de aplicação da NR-22 para um painel
de lavra de mina ñ-carvão ...de lavra de mina ñ-carvão ...
Item (c) do quadro II ... Vazão de ar de acordo com a Item (c) do quadro II ... Vazão de ar de acordo com a
produção do painel, supondo 180mprodução do painel, supondo 180m33/min/1000t mensais: /min/1000t mensais:
Qt = 180mQt = 180m33/min/1000t x 5 000 t/mês = 900 m/min/1000t x 5 000 t/mês = 900 m33/min ./min .
Neste caso, a necessidade de ar para o realce será Neste caso, a necessidade de ar para o realce será
de 1583 mde 1583 m33/min, conforme calculado no item (a)./min, conforme calculado no item (a).
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Limites para a velocidade do ar em subsolo:Limites para a velocidade do ar em subsolo:
Procuram garantir que a velocidade do ar seja Procuram garantir que a velocidade do ar seja
suficiente para remover contaminantes do local de trabalho, suficiente para remover contaminantes do local de trabalho,
mas sem aumentar demais o transporte de poeiras ou mas sem aumentar demais o transporte de poeiras ou
prejudicar o conforto térmico dos trabalhadores.prejudicar o conforto térmico dos trabalhadores.
Lembrar que : Q = v A Lembrar que : Q = v A
Q = vazão de ar na galeria (mQ = vazão de ar na galeria (m33/s); v = velocidade do ar (m/s); A = área de /s); v = velocidade do ar (m/s); A = área de
seção de galeria (mseção de galeria (m22).).
Exemplos de limites velocidade do ar determinados Exemplos de limites velocidade do ar determinados
pela NR-22 (Brasil):pela NR-22 (Brasil):
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3.Divisores do fluxo de ar em mina subsolo
Em circuitos de ventilação de minas subterrâneas, o ar fresco precisa ser direcionado até as frentes de serviço.
Isto é feito usando-se determinados elementos, conhecidos genericamente como divisores do fluxo de ar. Cada seção de trabalho de uma mina possui seus próprios divisores, que obedecem a uma organização geral.
Divisores do fluxo de ar em mina subsolo
Tipos de divisores de fluxo:
Barragens
As barragens são paredes usualmente de alvenaria ou de madeira, construídas em galerias ou entre pilares de minério para evitar a mistura do ar fresco (entrada) com o ar contaminado (retorno). As barragens temporárias são usadas próximas das frentes de serviço e, com o avanço da lavra, serão posteriormente substituídas por barragens permanentes.
Divisores do fluxo de ar em mina subsolo
Barragens permanentes confeccionadas em alvenaria (mina de carvão):
Barragem provisória confeccionada em madeira (mina de carvão) :
Divisores do fluxo de ar em mina subsolo
Linhas de tapume
Linhas de tapume são usadas para movimentar o ar do último cruzamento até a face.
São estruturas feitas de material flexível, muito empregadas na ventilação de frente de serviço que usa mineradores contínuos, na lavra de carvão.
Ventilação auxiliar
Linha de tapume:
A colocação de uma linha de tapume longitudinalmente em uma galeria divide esta abertura em duas para fins de ventilação. Normalmente é presa no teto e sempre está sujeita a vazamentos (fugas).
Divisores do fluxo de ar em mina subsolo Cortinas
As Cortinas são estruturas temporárias para controlar o fluxo de ar. Trata-se simplesmente de uma cortina, a qual pode ser prontamente suspensa na direção do fluxo de ar para onde for necessário. As cortinas são usadas temporariamente também como barragem. Em algumas situações pode ser necessária a passagem de homens e/ou equipamentos através da cortina. Isto é efetuado pelo corte da cortina.
Divisores do fluxo de ar em mina subsolo
Portas
Quando o acesso entre galerias de entrada e retorno de ar deve permanecer disponível, são usadas as portas de ventilação, que podem ser feitas de metal ou madeira, dependendo da finalidade.
Portas localizadas entre entradas e saídas principais de ar são usualmente construídas aos pares, para garantir segurança e impedir a passagem do ar mesmo quando uma das portas encontra-se aberta (ver disposição específica na NR-22).
Divisores do fluxo de ar em mina subsolo
Portas de ventilação ...
Portão confeccionado em metal Portão confeccionado emmadeira
Divisores do fluxo de ar em mina subsolo
Crossings (cruzamentos de ar)
Usam-se estas estruturas sempre que necessário, apesar de serem complexas, em cruzamentos onde não se deseja misturar o fluxo de ar da entrada com o do retorno. Podem ser do tipo overcast ou undercast. A estrutura undercast geralmente não é utilizada por causa da presença água que pode ocorrer no desnível, tendendo a obstruir o fluxo de ar.
É uma estrutura característica em minas de carvão.
Cruzamento de ar (tipo overcast)
Diagrama agrupando diversos tipos de divisores do ar, em circuitos de ventilação de mina de carvão.
Exemplos de símbolos para elementos presentes em circuitos de ventilação de mina
Diagrama apresentando os divisores de fluxo em circuitos de ventilação.
Divisores do fluxo de ar em mina subsolo
REGULADORES
A quantidade de fluxo de ar pode ser controlada por elementos chamados reguladores.
Um regulador consiste numa estrutura com uma abertura à passagem do ar, que pode ser grande ou pequena. A abertura pequena reduzirá a passagem de ar.
Cálculo aproximado da área de abertura de um regulador:
a = 1,21 / R1/2 ; sendo R em Ns2m-8, a em m2.
Porta deslizante
Reguladores
Típico modelo de fluxo de ar em um sistema de exaustão (divisão dupla)
____________
Ventilação auxiliar
Na ventilação de frentes de trabalho ocorrem situações em que a corrente de ar da ventilação principal é inadequada ou mesmo não disponível. Nestes casos, um reforço deve ser providenciado como meio de garantir o correto suprimento de ar. Este sistema de reforço localizado denomina-se ventilação auxiliar.
As principais aplicações da ventilação auxiliar são: 1- Ventilar galerias em desenvolvimento (fundos-de-
saco).2- Prover um fluxo suplementar para assistir a uma parte
do circuito primário, através de um reforçador (denominado genericamente de booster).
Ventilação auxiliarVentilação de galerias em fundo-de-saco:
É a aplicação mais freqüente e importante da ventilação auxiliar. Quase sempre ela é necessária onde a lavra está ocorrendo, podendo constituir-se no único meio de suprir as necessidades de qualidade e quantidade de ar. Toda a abertura de galerias, poços, planos inclinados, raises e winzes sempre necessitam de ventilação auxiliar. Em minas de carvão, todas as frentes necessitam de ventilação auxiliar tão logo ultrapassem o último travessão (de modo geral, a norma NR-22 estabelece a obrigatoriedade da ventilação em fundo-de-saco).
Ventilação auxiliar
Exemplo de ventilação de fundo-de-saco em painel de mina de carvão (Câmaras e Pilares), com ventiladores auxiliares de pequeno porte funcionando por exaustão, conectados a tubulações não-colapsáveis.
tubulações
ventiladores
cortinas
barragens
Ventilação auxiliar
Exemplo de ventilação de fundo-de-saco
com linhas de tapume e cortinas (carvão; método de câmaras e pilares) .
Ventilação auxiliar
Exemplo de organização da ventilação auxiliar em painel de mina de carvão (Criciúma-SC-BRA), com ventiladores fixados no teto e atuando por insuflação.
Ventilação auxiliarPosição dos equipamentos no painel de mina de carvão
(Criciúma-SC-BRA) do slide anterior.
1 2
3
4 5
9
68
7AR LIMPO AR SUJ O
1 - LO ADER
2 - SHUTTLE-C AR
3 -PERFURATRIZ DE TETO
4 - C O RTADEIRA
5- PERFURATRIZ DE FRENTE
6 -ALIM ENTADO R
7 -C O RREIA TRANSPO RTAD O RA
8 -C ENTRO DE FO RÇ A
9 -VENTILADO R
Ventilação auxiliar
Ventiladores auxiliares com tubulações ou linhas de tapumes são os principais meios de ventilar as frentes de trabalho em fundo-de-saco, mas existem outros dispositivos que podem ser utilizados ou adicionados para fins de controle especial de poeiras ou movimentação especial do ar.
Um fator muito importante a ser considerado no projeto e seleção de ventiladores auxiliares é a necessidade de garantir que a recirculação de ar não ocorra.
Ventilação auxiliar
Ventiladores Auxiliares e Tubulações: tanto ventiladores axiais como centrífugos podem ser utilizados nos sistemas de ventilação auxiliar. Ventiladores axiais são preferidos devido ao seu tamanho compacto e facilidade de estagiamento.
Os materiais mais usados para tubulações rígidas são: ligas de aço, malhas de aço entrelaçado, fibra de vidro e resinas.
Ventilação auxiliarTubulações não rígidas (flexíveis e colapsáveis) são
geralmente de nylon. As tubulações são disponíveis em ampla faixa de diâmetros, com seções circulares ou elípticas.
O posicionamento mais comum das tubulações normalmente é no alto, sendo próximo ao central para galerias de seção arredondada e nos cantos para seções retangulares.
Ventilação auxiliar
Exemplos de posicionamento de tubulações colapsáveis(Mina Cuiabá – MG/Brasil - AngloGold Ashanti)
Ventiladores auxiliares acoplados a tubulações:
Ventiladores auxiliares para instalação no teto de galerias
Ventiladores auxiliares associados em série e conectados a tubos flexíveis.
Ventiladores auxiliares acoplados a tubulações:Exemplo de tubulação flexível e não-colapsável, que pode ser
usada em sistemas por exaustão ...
Ventilação auxiliar
O uso de cortinas e linhas de tapume é mais comum em minas de carvão, onde é comum a frente de lavra operar com equipamentos de fragmentação mecânica (mineradores contínuos).
Em minas metalíferas são pouco utilizadas porque estão mais sujeitas aos danos relacionados com o uso de explosivos. As barragens próximas de detonações também podem sofrer danos com a vibração produzida pelos explosivos.
Ventilação auxiliar Scrubbers:
São coletores de poeiras que podem resolver problemas de supressão de poeiras, tanto montados sobre máquinas como associados a ventiladores adequados para este fim.
Exemplo de scrubbers equipando minerador contínuo
As principais fontes geradoras de poeira em minas de carvão são os mineradores contínuos (fragmentação de carvão) e roof bolters (parafusadoras de teto).
Minerador contínuo Roof Bolter
Scrubbers...
Os novos modelos de mineradores contínuos são quase todos equipados com scrubbers. A eficiência total varia de 60 a 75%.Quando a poeira é excessiva, o scrubber necessita de manutenção freqüente. Limpeza do filtro e do duto são necessárias.
Scrubbers...
SCRUBBERS E VENTILAÇÃO POR INSUFLAÇÃO:
Na ventilação por insuflação, o ar fresco é dirigido pela cortina em direção à face. Este ar fresco dilui e desloca poeira para a face da mineração. Após a remoção da poeira, o ar é descarregado pela parte traseira do scrubber.
Operador remoto controlando o minerador cont.
SCRUBBERS E VENTILAÇÃO POR INSUFLAÇÃO:
A posição do operador tem grande influência no quanto ele será afetado pelo ar contaminado.
Estudos comprovam que mudando o operador para a posição 2, existe uma diminuição de 94% do nível de exposição deste.
2
SCRUBBERS E VENTILAÇÃO POR INSUFLAÇÃO:
Fatores que causam elevados níveis de poeiras:
• posição do operador;• manutenção do scrubber;• ventilação e sprays;• vazão de ar fresco.
SCRUBBERS E VENTILAÇÃO POR EXAUSTÃO:
Tanto a posição A quanto a posição B estão localizadas paralelas ao final da linha de cortina.
No caso do operador na posição A se movimentar, o nível de exposição não muda muito. Porém, no caso do operador na posição B, o nível de exposição aumenta bastante, pois ele sairá da zona de entrada de ar fresco.
Na ventilação auxiliar por exaustão utilizando scrubbers, a posição do operador também influencia no nível de exposição que este sofre. As opções são melhores, pois existem mais lugares para o trabalhador se posicionar.
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Ventilação auxiliar
SpraysSão geradores de spray d’água. Em minas
modernas de carvão, a maioria das máquinas de corte, carregamento e mineradores contínuos possuem atomizadores para supressão de poeiras.
Ventilação auxiliar Sprays...
A utilização de água após o desmonte é muito importante, pois partículas finas de poeira são geradas. Assim, pequenas partículas ficam presas nas superfícies das galerias e não dissipadas no ar, e a água consegue removê-las.
Naturalmente, o uso excessivo de água pode gerar um nível alto de umidade, o que pode significar problemas como dificuldades no manejo de materiais e problemas na operação.
Ventilação auxiliar
Arranjo do sistema de ventilação auxiliar:
Cortinas, ventiladores e dispositivos especiais de ventilação podem ser arranjados em uma ampla variedade de configurações dependendo dos contaminantes envolvidos, limitações de espaço, equipamentos de mineração que estão sendo empregados, limitações de ruídos, além de considerações de custo e viabilidade.
Ventilação auxiliar por insuflação ou exaustão
A ventilação auxiliar em fundo-de-saco pode ser:
- por insuflação- por exaustão.
A seleção de um sistema por insuflação ou exaustão deve ser considerada com cuidado.
A insuflação se aplica a sistemas em que velocidades mais altas de fluxo são dirigidas para a face, tanto pelo lado estreito de uma cortina quanto por uma tubulação com pressão positiva.
Quando o ar é sugado da face, tanto por tubulação com pressão negativa quanto pelo lado estreito de uma cortina, o sistema é de exaustão.
Ventilação auxiliar
Ventilação auxiliar insufladora
Ventilação auxiliar exaustora
Usos da ventilação auxiliar: fundo-de-saco em fase de desenvolvimento de rampa de acesso !
Usos da ventilação auxiliar: fundo-de-saco em fase de abertura de shaft !
Ventilação auxiliar Os seguintes fatores devem ser considerados na seleção
de um sistema de insuflação ou exaustão: 1- A maior velocidade do ar resultante da insuflação é
mais efetiva para maiores distâncias da saída do que na exaustão. Essa desvantagem do sistema de exaustão só pode ser superada pela colocação da entrada de ar mais próxima da face, o que nem sempre é possível;
2- A insuflação por tubulação pode buscar o ar em um lugar qualquer de origem e levá-lo até o ponto de utilização sem sofrer contaminações no caminho, ao passo que, na exaustão, o ar pode passar por galerias de transporte e mesmo áreas mineradas ou outras frentes de trabalho, chegando pré-contaminado ao ponto de utilização;
Ventilação auxiliar
3- A insuflação convencional provoca a contaminação com poeiras e/ou gases, levando-os além da face, podendo até mesmo aumentar a taxa de poeira em suspensão. A exaustão retira os contaminantes à medida em que são gerados na face, podendo até melhorar a visibilidade;
4- A insuflação permite o uso de tubulação colapsável, que é mais fácil de manusear e mais barata do que a tubulação rígida;
Ventilação auxiliar
5- A insuflação produz concentração mais baixas de contaminantes inflamáveis/explosivos passando pelo ventilador;
6- A sensação térmica pode ser de temperatura mais baixa quando usa-se insuflação.
Ventilação auxiliar
insufladora
Ventilação auxiliarCombinações
(superposições) na ventilação auxiliar:
É possível usar uma combinação de insuflação e exaustão para obter maior eficácia nas situações em que um único ventilador não possui capacidade suficiente para fornecer a vazão requerida em tubulações muito longas .
Ventilação auxiliar
Combinações na ventilação auxiliar:
Quando a disposição e vazão dos arranjos combinados não forem corretas, problemas de recirculação de poeira e gases vão ocorrer.
Ventilação auxiliar
Combinações na ventilação auxiliar:
Ao lado, duas situações onde a superposição não está adequadamente configurada.
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Estimativas de perdas de carga em dutos de ventilação auxiliar:
É possível calcular as perdas de carga em dutos de ventilação auxiliar a partir das equações de perdas por atrito e turbulência vistas anteriormente.
Entretanto, os fabricantes de dutos flexíveis costumam fornecer bons valores para as perdas verificadas em seus materiais.
Uma forma de apresentação das perdas encontra-se no ábaco do próximo slide.
Ábaco para cálculo da perda de pressão por metro de duto flexível (fabricante Vinivento-Sansuy):
Exemplo:
Duto de diâmetro 1000mm;Vazão de ar através do duto: 30 m3/s (108000 m3/hora);Perda de carga no duto: 2.7 mmCA/metro.
Obs.:A perda de carga indicada no ábaco refere-se a segmentos retos. Dobras no duto aumentam a perda de carga consideravelmente.
Exercícios:
a) Suponha que um ventilador axial é capaz de fornecer 30m3/s a uma pressão estática de 120mmCA (livre de “stall”). Qual o máximo comprimento de dutos de ventilação auxiliar de diâmetro 1000mm ao qual este ventilador poderá ser conectado, de forma que ainda mantenha uma vazão mínima de 30m3/s ?
R.: 44 metros.b) Para as mesmas condições (30m3/s e 120mmCA), qual o máximo comprimento de dutos de ventilação auxiliar de 1200mm de diâmetro que podem ser conectados, mantendo a vazão mínima de 30m3/s?
R.: 133 metros.c) Suponha que na situação (a) seja feita uma tentativa de uso de dois dutos flexíveis de 600mm de diâmetro instalados em paralelo, substituindo o duto de 1000mm. Qual o máximo comprimento possível para os dutos de 600mm, para fornecer a mesma vazão (30m3/s) ?
R.: 15 metros.
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4.Layouts de ventilação
Sistemas de ventilação em minas
Componentes do sistema de ventilação:
- ventilação mecânica + vent. natural
- galerias e outras aberturas conectadas
- elementos de controle do fluxo de ar (barragens,tapumes, portas, reguladores, etc.)
A distribuição do ar na mina deve ser efetiva: direção e quantidade de ar devem ser controlados.
Layouts de ventilação
Direção do fluxo de ar em subsolo:
Pelo menos duas aberturas devem estar presentes na mina: entrada e saída de ar (exceção – trabalhos de desenvolvimento).
Rotas de acesso e retorno às frentes de serviço percorridas pelos trabalhadores devem ser feitas em galerias de ar fresco.
Layouts de ventilação
Mapeamento da ventilação na mina
É necessário verificar periodicamente a vazão de ventilação para:
Melhorar a eficiência da distribuição do ar nas áreas de trabalho (fazer o balanço de fluxo);
Localizar e determinar a causa de galerias com alta resistência;
Localizar e determinar a causa de fugas, perdas de ar e recirculação;
Planejar a provável direção do fluxo para novas galerias e a locação dos ventiladores.
Layouts de ventilação
Fugas:São perdas de vazão do circuito de
entrada de ar para o retorno, que ocorrem de modo não intencional. As fugas são a causa mais comum de ineficiência na distribuição do ar em minas subterrâneas.
Pontos de ocorrência de fugas ...
Layouts de ventilação
Locais onde ocorrem as fugas:Ocorrem em frestas e/ou trincas
localizadas em portas de ventilação, barragens, crossings e tapumes. Às Às vezes, fraturas no próprio maciço (p.ex. em pilares) podem ocasionar fugas de ar.
A intensidade das fugas depende do estado de conservação e acabamento dos divisores de ar e também do diferencial de pressão ao qual estão sujeitos (maior diferencial de pressão maiores fugas).
Fugas em minas de carvão: representam em média 50% da vazão total da mina.
Fugas em minas metalíferas: 25% em média.
Layouts de ventilação
Estudos relacionando as fugas (leakage) em conjuntos de barragens (stoppings) adjacentes em minas de carvão mostraram os seguintes resultados:
Vazão da fuga
Número de barragens adjacentes
L = comprimento de galeria monitorado
H = diferença de pressão através das barragens
____________
Layouts de ventilação
Ventiladores principais de minas subterrâneas:
Grande parte das minas atualmente organiza o circuito de ventilação de modo a operar por exaustão, com os ventiladores principais posicionados na superfície.
Para reduzir resistências, deve-se usar os poços de exaustão exclusivamente para a ventilação, sem funções de movimentação de produção, pessoal e materiais.
Layouts de ventilaçãoVantagens em posicionar o ventilador principal na
superfície ...
Facilidade de instalação – em superfície existe mais espaço para instalar o equipamento;
Facilidade de acesso – o ventilador apresenta acesso mais imediato em caso de manutenção ou desastres (fogo e inundações);
Segurança – o ventilador fica menos vulnerável a desastres e problemas de instabilidade do maciço rochoso.
Layouts de ventilação
Porém, em superfície...
- haverá maior geração de ruído e possíveis problemas com vizinhos. Existem abafadores de ruído que podem ser instalados nos ventiladores, mas esses dispositivos diminuem a vazão do equipamento.
- a construção de superfície que envolve o ventilador pode apresentar fugas, chegando eventualmente a 20% (neste caso, em relação à vazão total movimentada pelo ventilador, apenas 80% seria ar
proveniente da mina).
Velocidades do ar recomendadas para poços:
- poços verticais usados exclusivamente para ventilação (não equipados) = 18 a 22m/s;- poços verticais equipados = 10 a 12m/s.(Ref.: The mine ventilation practitioner's data book; ed. Dr. A.M. Patterson;Mine Ventilation Society of South Africa, 1992)
Para ventiladores principais, é preferível instalar 2 unidades em paralelo do que apenas uma unidade. A razão é que, na associação em paralelo, um ventilador produzirá 66% da vazão quando o outro estiver bloqueado para reparos.(The Hard Rock Miner’s Handbook, Ed. 3, 2003 McIntosh Engineering Limited)
____________
Layouts de ventilação
Diferenças entre ventilação de minas metalíferas e de carvão:
-diferem pelas características do método de mineração e pelos tipos de gases contaminantes.
Carvão jazidas tabulares horizontalizadas;
métodos de lavra...Câmaras e pilares;Longwall.
Layouts de ventilação
Minas metalíferas jazimentos verticalizados são comuns.
Métodos de lavra...
C&P, Stope&pillar, SLS, Shrinkage, Sublevel caving, Block caving, Cut and Fill, etc.
Layouts de ventilação
Diferenças nos contaminantes do ar:
Em muitas minas de carvão, o poluente primário é o metano (explosivo).
Em minas metalíferas, gases originados por detonações e uso de diesel são os poluentes primários.
Ventilação é prioridade maior em minas de carvão do que em metalíferas, com custos maiores no carvão.
Layouts de ventilação
Características da ventilação de minas de carvão:
-uso de exaustores locados na superfície, ocasionando depressão no ambiente de subsolo;
-grandes fugas de ar;-grande número de barragens (e
problemas de conservação);-grande necessidade de ar
(presença de metano e poeira);-sistema de bleeders;-boosters em subsolo são
permitidos no Brasil.
Minas de carvão
Posicionamento dos acessos principais (planos inclinados e poços) em minas de carvão:
- o posicionamento ideal procura manter a resistência equivalente do circuito aproximadamente constante ao longo da vida da mina;
- isto pode ser obtido colocando os acessos principais no centro da área a ser minerada;
Minas de carvão
Posicionamento dos acessos ...
- se o posicionamento central não for possível, a resistência equivalente do circuito irá aumentar e também as perdas de ar (fugas) devido ao alongamento do circuito de ventilação, dificultando a manutenção das vazões necessárias nas frentes de serviço;
- quando o circuito se alonga, pode-se perfurar poços adicionais na periferia das áreas mineráveis, servindo como entradas ou saídas de ar, reduzindo-se as fugas e a resistência do circuito de ventilação.
Minas de carvão
Posicionamento dos acessos principais longe do centro da área minerada...
Exemplo de mina de carvão com acessos principais longe do centro da área minerada (mina em SC)
Exemplos de sistemas de ventilação em eixos e painéis de lavra ...
“tubo em U” (fig. esq.)
ventilação direta através do painel (fig. dir.)
Minas de carvão
Exemplos de circuito de ventilação com painéis usando o sistemas de ventilação “tubo em U”.
Minas de carvão
Mineração de carvão
Detalhe da organização de um painel de lavra e sua conexão com eixo de desenvolvimento (mina de carvão em S.Catarina, método de câmaras e pilares). Ventilação “tubo em U” no painel.
Carvão
Detalhe da ventilação na frente de produção em mina de carvão em S.Catarina:
Layouts-carvão
Boosters em circuitos de ventilação:
- alternativa em geral mais econômica para alterar a distribuição de vazões em áreas específicas da mina (é mais interessante do que aumentar a ventilação principal ou usar reguladores para deslocar parte da vazão de um setor para outro da mina);
- os boosters podem ser ventiladores de baixa potência (p.ex. no carvão, quando usados para fornecer vazão em painel de lavra específico) ou potências maiores (em outras minas, onde vários boosters podem estar associados em paralelo, auxiliando a ventilação principal);
-sempre que possível, os boosters são posicionados em galerias de retorno de ar, deixando o circuito de entrada de ar fresco livre para acesso;
Layouts-carvão
Exemplo de instalação de boosters (associação em paralelo) em galeria de subsolo ...
Layouts-carvão
Exemplo de uso de boosters em mina de carvão (figura abaixo):- circuito consistindo de uma entrada principal via plano inclinado + eixos de mina + painéis de lavra + exaustão geral por poço;-circuito de ar limpo (azul) e ar contaminado (vermelho);
Layouts-carvãoVazão de ar desejada/obtida (m3/s):
Ou seja, painéis 1 e 3 estão com vazões insuficientes; painel 4 está com vazão excessiva.
Para resolver o problema …usar boosters nos painéis 1 e 3, redistribuindo as vazões !!!
Vazãodesejada
Vazãoobtida
Painel 1 25 19.1
Painel 3 25 20.8
Painel 4 15 31.6
Layouts-carvão
-Bleeders:
técnica de ventilação usada para diluir o metano durante a lavra em retrocesso no método Longwall ou recuperação de pilares (no Câmaras e pilares). Consiste em ventilar a área já minerada (gob) do painel ainda em atividade para impedir a concentração de metano. Isto é feito usando-se reguladores no painel e a permeabilidade existente na zona minerada. Bleeders podem ser auxiliados por desgaseificação por boreholes.
LayoutsMinas de carvão: bleeders
no Longwall em recuo.
Layouts-carvão
Variações de sistemas para minas de carvão empregando Longwall ...
Layouts-carvão
Duas variações comuns para Longwall em recuo, em jazidas com significativa presença de metano, são as apresentadas nos diagramas (c) e (e). Os acessos laterais do painel podem ser compostos por duas ou mais galerias.
As vazões de ar comuns passando pela face de Longwall são da ordem de 25 – 35m3/s, em frentes de alta produção (as vazões dependem da taxa de liberação de metano).
Layouts de ventilação
Ventilação de minas metalíferas:
Em modernas minas metalíferas, a prática é usar múltiplos ventiladores: ventiladores principais na superfície e boosters em subsolo para direcionar o fluxo para áreas de trabalho.
Desvantagens do uso de múltiplos ventiladores: é mais difícil controlar e analisar o circuito de ventilação. Entretanto, se houver falha de um ventilador, o impacto no circuito é menor e mais fácil de remediar.
Layouts de ventilação
Ventilação de minas metalíferas:
-uso de equipamentos diesel;
-menores fugas;
-as galerias são projetadas com a menor área de seção possível, devido aos altos custos de desenvolvimento (grande parte feito em material estéril). Isto acarreta circuitos com maiores resistências aerodinâmicas.
Layouts de ventilação
Exemplo de mina metalífera: ventiladores principais (shaft 3 e 4) na superfície e atuando por exaustão.
Layouts de ventilação
Minas metalíferas:
Características gerais dos layouts em minas metalíferas...
Entrada da ventilação e saída em lados opostos dos stopes, o que permite eliminar a ventilação de fundo-de-saco na produção.
Ventilação ascendente (do nível mais baixo para o mais alto) em corpos verticalizados, com o ar sendo conduzido por raises (chaminés) para os níveis superiores.
Layouts de ventilação
Minas metalíferas: configuração simplificada.
Layouts de ventilação
Minas metalíferas:
configuração onde o ar limpo entra pela rampa principal e é distribuído pelos níveis, saindo pelo poço de exaustão.
Layouts de ventilação
Minas metalíferas: detalhes dos stopes no método de lavra Shrinkage
Layouts de ventilação
Minas metalíferas: detalhes dos stopes no método de lavra Sublevel Stoping
Layouts de ventilação
Sublevel stoping: Orosur – San Gregorio – Uruguai (2013)
Layouts de ventilaçãoMinas metalíferas: detalhes dos stopes no método de lavra Cut-and-Fill
Rampa de entrada principal de ar fresco
Poço de ventilação
(upcast shaft)
Layouts de ventilação
Esquema genérico de ventilação no método de lavra Cut-and-Fill: ar limpo vindo da superfície é fornecido pela rampa, passa pelo realce (parte interna do stope), a seguir é direcionado para a exaustão por raises.
Layouts de ventilaçãoEsquemas de ventilação no Cut-and-Fill – Mina Cuibá (AngloGold Ashanti, Minas Gerais):
Layouts de ventilação
Esquemas de ventilação no Cut-and-Fill – Mina Cuibá (AngloGold Ashanti, Minas Gerais):
Layouts de ventilação
Esquemas de ventilação no Cut-and-Fill – Mina Cuibá (AngloGold Ashanti, Minas Gerais):
Layouts de ventilaçãoMinas metalíferas: detalhes do método de lavra Sublevel Caving
Layouts de ventilação
Minas metalíferas: detalhe dos stopes no método de lavra VCR
Layouts de ventilaçãoMinas metalíferas:
5.Leis da VentilaçãoDurante o escoamento do ar em galerias de mina subterrânea, ele perde pressão (sofre “perdas de carga”), de dois modos:
- por atrito do fluido contra a superfície das galerias (perdas Hf);
- por turbulência (mudanças de direção em curvas, alargamentos e estreitamentos das galeiras; perdas Hx).
A perda total é dada por:Ht = Hf + Hx
A perda de carga é um parâmetro usado na seleção de ventiladores !
Perdas Hf por atrito (equação de Atkinson):
Hf = _k P L_ Q2
A3
No Sistema Internacional de unidades (S.I.), tem-se:
Hf em Pa (N/m2);k , fator de atrito, dado em Ns2m-4;P, perímetro da galeria, dado em m;L, comprimento da galeria, dado em m;A, área de seção da galeria, dada em m2;Q, vazão de ar, dada em m3/s.
O fator de atrito k é um parâmetro importante e pode ser obtido em
tabelas ou por meio de medidas conduzidas nos locais de
interesse. Em geral, o valor de k apresenta-se entre 0.01 e
0.02 Ns2m-4. A tabela a seguir, retirada de Hartman et al.
(1997, cap.5), serve para estimar k em galerias de minas de
carvão.
Tipo de Tipo de galeriagaleria
RetilíneaRetilínea SinuosaSinuosa
LimpaLimpa
PoucoPouco
obstruídaobstruída
Moderadam.Moderadam.
obstruídaobstruída LimpaLimpa
PoucoPouco
obstruídaobstruída
Moderadam.Moderadam.
obstruídaobstruída
Acabamento Acabamento suave *suave *
0.00460.0046 0.00520.0052 0.00610.0061 0.00550.0055 0.00690.0069 0.00760.0076
Desmonte Desmonte convencionalconvencional
0.0080.008 0.00910.0091 0.01100.0110 0.01100.0110 0.01210.0121 0.01400.0140
Com Com escoramento escoramento de madeirade madeira
0.0120.012 0.01340.0134 0.0150.015 0.01600.0160 0.01640.0164 0.01700.0170
Todos os valores de k estão em NsTodos os valores de k estão em Ns22mm-4-4..* Acabamento suave refere-se às galerias executadas com minerador contínuo, roadheader, raise * Acabamento suave refere-se às galerias executadas com minerador contínuo, roadheader, raise
drill ou TBM.drill ou TBM.
Valores de k para galerias de minas ñ-carvão encontram-
se na tabela abaixo.
Tipo de Tipo de galeriagaleria RetilíneaRetilínea
SinuosaSinuosa
Pouco Pouco
sinuosasinuosa
ModeradamenteModeradamente
sinuosasinuosa
MuitoMuito
sinuosasinuosa
AcabamentoAcabamento
SuaveSuave
0.00370.0037 0.00560.0056 0.00650.0065 0.00830.0083
RochasRochas
SedimentaresSedimentares
0.01110.0111 0.01300.0130 0.01390.0139 0.01580.0158
EscoramentoEscoramento
em madeiraem madeira
0.01850.0185 0.02040.0204 0.02130.0213 0.02320.0232
RochasRochas
ígneasígneas
0.02780.0278 0.02970.0297 0.03060.0306 0.03250.0325
Valores de k para dutos usados na ventilação auxiliar de
galerias desenvolvidas em fundo-de-saco:
Os valores de k descritos nas tabelas anteriores são relativos a uma condição-padrão de massa específica do ar, correspondente a 1.201 kg/m3 (ou 0.075 lb/ft3), registrada quando o ar encontra-se ao nível do mar e a uma temperatura de 21.1oC.
Caso a massa específica do ar (ρ) na condição de interesse seja diferente da condição-padrão, deve-se corrigir o valor de k, da seguinte forma:
kcorrigido = ktabelado (ρ/1.201) .
As variáveis _k P L_ podem ser condensadas em A3
um único parâmetro Rf, denominado “resistência de galeria”.
Rf é dado (no SI) em Ns2m-8.
Assim, Hf pode ser escrito como:
Hf = Rf Q2 = _k P L_ Q2
A3
Exemplo:
Calcule as perdas de pressão por atrito originadas pela passagem de 200 m3/s de ar através de uma galeria de seção 4 x 5m e 100m de comprimento. Supor k = 0.01 Ns2m-4.
P = 5x2 + 4x2 = 18mL = 100mA = 4x5 = 20 m2
Rf = 0.01 x 18 x 100 = 0.00225 Ns2m-8
203
Hf = 0.00225 (200)2 = 90 Pa .
Continuação:
Mantendo-se os dados do exemplo anterior, quais as perdas de pressão por atrito alterando-se apenas a área de seção da galeria para 1.7 x 2m ?
P = 1.7x2 + 2x2 = 7.4mA = 1.7x2 = 3.4 m2
Rf = 0.01 x 7.4 x 100 = 0.188 Ns2m-8
3.43
Hf = 0.188 (200)2 = 7520 Pa .
Perdas de pressão Hx por turbulência do ar:
A obtenção de estimativas para Hx não é através de uma equação simples como Hf. Em geral, usam-se tabelas ou ábacos com valores originados experimentalmente.
Perdas por turbulência (“shock losses”) podem ser transformadas em resistências (no caso, Rx) considerando que as perdas de pressão são expressas da seguinte forma:
Hx = Xρv2 / 2 ,
onde ρ = massa específica do ar (kg/m3), v = velocidade média de escoamento do ar (m/s), X = fator de perdas por turbulência (adimensional).
Reescrevendo a Eq. de Atkinson apenas para as perdas
de pressão por “shock”, tem-se:
Hx = Rx Q2 = Rxv2 A2 = Xρv2 / 2.
Então, Rx = Xρ / (2 A2), de modo que Rx é a resistência
devida à turbulência do ar.
O fator X é estimado a partir de tabelas obtidas na literatura. Alguns exemplos de configurações comuns em mina subterrânea são apresentados a seguir, com seu respectivo valor X.
Uma observação importante é a de que pequenas variações na geometria das galerias podem provocar significativa mudança em X em relação às aproximações obtidas em tabelas.
Fator X para perdas por turbulência em algumas situações:
(Ref.: McPherson, M. J., 1993, Subsurface Ventilation and Environmental Engineering, Ed. Chapman & Hall, London, Cap.5.3)
Entrada de ar com arestas bem definidas
X = 0.5
Entrada de ar por um duto
X = 1.0
Entrada de ar com arestas arredondadasX = 0.03 para r/D ≥ 0.2
Saída de ar
X = 1.0
Alargamento abrupto de galeria
A = área de seção
v = velocidade do ar
X2 = [A2/A1 -1]2; para a seção 2.
Se A2 >> A1, X1 = [1- A1/A2]2; para a seção 1.
Estreitamento abrupto de galeria
X = 0.5 [1- A2/A1]2
Rx = Xρ/(2A22)
Curva de 90o em galeria de seção retangular
Fluxo divergente de galeria para poço
X = 0.5 [1 + 2.5 v2/v1]
Rx = Xρ/(2A12)
Cálculo de Hx pelo método do comprimento equivalente:
Neste caso, as perdas por turbulência são expressas em termos de um comprimento equivalente de uma galeria retilínea e de geometria constante. Ou seja, determina-se um comprimento adicional Lx (proporcionando uma perda de carga Hx) que se somará ao comprimento L da galeria. Assim, as perdas de carga totais para uma determinada galeria que apresenta perda por atrito e por “shock”, assumem a forma:
Ht = Hf + Hx = _k P (L+Lx) Q2 .
A3
A tabela do próximo slide contém algumas sugestões para Lx, de acordo com as diversas fontes de perdas Hx.
Valores de Lx para algumas fontes de perdas Hx:
Origem da perda Lx(m)Lx(m) Origem da perdaOrigem da perda Lx(m)Lx(m)
Entrada de ar 6 Expansão gradual 1
Saída (descarga) 20 Expansão abrupta 6
Curva de 90o, com
cantos arredondados 1
Bifurcação com
galeria divergente (90o) 60
Curva de 90o, com
cantos bem definidos 20
Crossing com
acabamento pobre 290
Contração gradual 1 Crossing com
bom acabamento 65
Contração abrupta 3
curva característica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 10 20 30 40
vazão
per
da
de
pre
ssão
Curva característica de uma galeria:
A resistência total de uma galeria (atrito + turbulência) é dada por Rt = Rf + Rx. A perda de carga total assume a forma ...Ht = Rt Q2.
Costuma-se representar graficamente o comportamento de uma galeria (ou conjunto de dutos conectados entre si) para diferentes valores de vazão, da forma a seguir.
Da observação da curva do slide anterior, denominada curva característica da galeria (ou curva da mina, quando esta representa a resistência de um circuito completo), conclui-se que em altas vazões são geradas perdas de carga muito altas.
Exemplo:
Compare a perda de carga verificada em uma galeria de resistência Rt = 0.1 Ns2m-8 quando escoam, numa primeira situação, 50 m3/s de ar, com outra situação na qual escoam 100 m3/s .
Ht para 50m3/s ... Ht = 0.1 (50)2 = 250 Pa;
Ht para 100m3/s ... Ht = 0.1 (100)2 = 1000 Pa.
Ou seja, para uma vazão de 100m3/s, as perdas foram 4 vezes maiores.
O valor Rt para uma determinada galeria ou conjunto de galerias é aproximadamente constante e não depende da vazão de ar que escoa no trecho.
Em decorrência disto, pode-se determinar a perda de carga de uma galeria para qualquer vazão, usando a equação Ht = Rt Q2 .
Em galerias onde o valor de Rt é maior, há maior dificuldade à passagem do ar. O custo de fazer passar uma determinada vazão Q em uma galeria também depende diretamente de Rt : resistências maiores implicam em maiores custos de ventilação.
Exemplo:
Calcular a resistência equivalente do circuito de ventilação da figura a seguir.
Considerar:
A1=20m2; perím.=18m
A2=15m2; perím.=16m
k=0.01 Ns2m-4
ρ=1.2kg/m3
Solução:
Resistências por atrito ... R1= kS/A3 = 0.01 x 18 x 500 / 203 = 0.011 Ns2m-8
R2= 0.01 x 16 x 500 / 153 = 0.024 Ns2m-8
Resistências por shock ... Entrada: X=0.5; Rx1=0.5 x 1.2 / (2 x 202) = 7.5x10-4 Ns2m-8
Saída: X=1.0; Rx2=1.0 x 1.2 / (2 x 152) = 0.0027 Ns2m-8
Contração A1/A2: X=0.5 [1 - 20/15]2 = 0.055 Ns2m-8
Rx3=0.055 x 1.2 / (2 x 152) = 1.5x10-4 Ns2m-8
Req = R1 + R2 + Rx1 + Rx2 + Rx3 = 0.038 Ns2m-8
Relação entre pressões e perdas de carga
para um fluido em escoamento
Para a situação em que um fluido como o ar escoa em uma galeria, são definidas as seguintes pressões:
Pressão estática (PS) – é a pressão que atua igualmente em todas as direções e resulta do estado termodinâmico de agitação das moléculas do ar.
Pressão de velocidade (PV) – é a pressão resultante da energia cinética das moléculas do ar, que move-se com uma determinada velocidade v. PV = ρv2/2 , sendo ρ a massa específica do ar e v a velocidade de escoamento.
Pressão total (PT) – representa a soma de PS e PV,PT = PS + PV .
Supondo que o ar escoa com velocidade v em uma galeria, cuja forma e rugosidade provoquem perdas Hf e Hx (Ht = Hf + Hx), vale a seguinte relação:
PT1 = PT2 + Ht ,
onde PT1 e PT2 são as pressões totais observadas nos pontos 1 e 2.
As componentes da pressão total PT podem ser medidas de acordo com a ilustração a seguir, onde foram usados manômetros de coluna d’água do tipo tubo em U.
Resistências equivalentes de associações de dutos (galerias) de ventilação:
Em uma mina, galerias com R diferente encontram-se conectadas umas às outras. Dependendo da configuração da mina e do modo são feitas as conexões, pode ser possível encontrar um valor de R único representando todo o circuito de ar (é a chamada “resistência equivalente” do circuito).
Para determinar a resistência equivalente do circuito, é preciso identificar as associações de dutos (galerias) de ventilação.
Tipos de associações simples de galerias:
Em série – a mesma vazão passa por R1 e R2; a perda decarga total é a soma das perdas em R1 e R2.
Em paralelo – a vazão que passa em cada galeria é uma fração da vazão total; a perda de carga em R1 é igual à perda em R2.
Cálculo das resistências equivalentes:
Em série ...
Em paralelo ...
Obs.: em uma associação de duas galerias em paralelo, a vazão na galeria 1 é dada por ...
(QT = Q1 + Q2)
...111
21
RRReq
...21 RRReq
TQ
RR
RR
Q
1
2
1
2
1
1
Sempre que possível, deve-se conduzir o ar por galerias em paralelo. A associação em paralelo reduz drasticamente o valor da resistência equivalente do trecho, de forma que a condução do ar provoca menores perdas de carga.
Exemplo:
Calcule a perda de carga originada pela passagem de 50 m3/s de ar em uma galeria com resistência total R = 0.1 Ns2m-8.
Ht = R Q2 ; Ht = 0.1 (50)2 = 250 Pa
Exemplo:
Suponha que é possível colocar em paralelo duas galerias, cada uma com R = 0.1 Ns2m-8. Qual a perda de carga pela passagem de 50 m3/s ?
21
111
RRReq
821 025.04
1.0
4 mNs
RReq
PaxQRH eqt 5.6250025.0 22
Potência estática de ventilação: É o produto da perda de carga Ht pela vazão
que passa em determinado trecho de galeria. A potência estática de ventilação representa a energia mecânica, por unidade de tempo, associada ao escoamento do ar. (Unidade do SI: watt)
Pot = Ht Q
Exemplo:
Qual a potência estática de ventilação empregada quando há escoamento de 50 m3/s de ar por uma galeria em que ocorre uma perda de carga de 62.5 Pa?
Pot = Ht Q = 62.5 x 50 = 3125 W.
Observação: A potência estática de ventilação (Pot) não é igual
à potência elétrica real que será necessária para mover uma determinada vazão. Para obter-se a potência elétrica real, é preciso considerar ainda a pressão de velocidade PV e os rendimentos característicos dos ventiladores e motores empregados no sistema.
Exercícios gerais sobre leis da ventilação:
1 – Qual a pressão requerida para uma vazão de 5 m3/s de ar escoar através de uma galeria circular de 3 m de diâmetro e 1200 m de comprimento (k = 0.02 Ns2m-4) ? Resp.: 16 Pa.
2 – Uma galeria de 1000 m de comprimento apresenta uma diferença de pressão de 125 Pa. Qual a pressão de ventilação requerida para obter-se esta mesma vazão quando a extensão da galeria for de 1800 m ? Resp.: 225 Pa.
3 – Quando o diâmetro de um poço passar de 4 m para 6 m, qual a relação requerida (p2/p1) na pressão de ventilação, para manter-se a mesma vazão?Resp.: p2/p1 ≈ 0.13.
4 – Um exaustor que proporciona 100 m3/s e uma depressão de 8000 Pa é trocado por um novo que oferece 18 000 Pa. Calcule a nova quantidade de ar que circulará na mina.Resp.: 150 m3/s.
5 – Se 1000 Pa são necessários para fazer circular 20 m3/s, qual a pressão requerida para circular 40 m3/s ?Resp.: 4000 Pa.
6 – Qual a potência estática de ventilação quando 55 m3/s circulam sob uma pressão de 900 Pa ?
Resp.: 49.5 kW.
7 – Em uma mina circulam 120 m3/s de ar a uma pressão de 3000 Pa. Calcule a resistência equivalente do circuito e a potência de ventilação.
Resp.: 360 kW.
8 – Calcule a resistência combinada de duas galerias paralelas com R1 = 3.47 Ns2m-8 e R2 = 12 Ns2m-8.
Resp.: 1.46 Ns2m-8.
9 – Duas galerias paralelas de mesma seção transversal possuem 1000m e 500m de comprimento. A vazão total de ar é de 51 m3/s. Calcule a vazão em cada galeria.
Resp.: Q1=21.13m3/s; Q2=29.87m3/s.
10 – Calcule o orifício equivalente de uma mina no qual circulam 120 m3/s, a uma pressão de ventilação de 2400 Pa.
Resp.: a=3.02 m2.
11 – Para o circuito de ventilação da figura abaixo, determinar a resistência equivalente e a pressão (estática) necessária para movimentar uma vazão de 47.2 m3/s. Finalmente, calcular a vazão de ar em cada trecho do circuito.
Resistências (em NsResistências (em Ns22mm-8-8):):
R1=0.0559;R1=0.0559; R6=0.1453;R6=0.1453;R2=0.1342;R2=0.1342; R7=0.1062;R7=0.1062;R3=0.1118;R3=0.1118; R8=0.1677;R8=0.1677;R4=0.0838;R4=0.0838; R9=0.1509;R9=0.1509;R5=0.1399;R5=0.1399; R10=0.0447.R10=0.0447.
Solução:
Ra = R4 + R5 + R6 = 0.3689 Ns2m-8
Rb = R7 + R8 + R9 = 0.4248 Ns2m-8
Rc = Ra // R3 (associação em paralelo entre Ra e R3)
Rc = 0.047 Ns2m-8
Rd = R2 + Rc = 0.1811 Ns2m-8
Re = Rb // Rd ( assoc. em paralelo entre Rb e Rd)
Re = 0.066 Ns2m-8
Resistência equivalente do circuito ...
Rf = R1 + Re + R10 = 0.1666 Ns2m-8
Pressão estática para circular uma vazão de 47.2 m3/s ...
H = Rf Q2 = 0.1666 (47.2)2 = 371 Pa.
Vazões em cada trecho:
Q1 = Q10 = 47,2 m3/s
Q2 = 28,6 m3/s
Q3 = 18,4 m3/s
Q4 = Q5 = Q6 = 10,2 m3/s
Q7 = Q8 = Q9 = 18,6 m3/s
-----------------
6.Ventiladores
Ventiladores são os equipamentos que fornecem a energia necessária ao ar para que ele se mova no interior das galerias. Os ventiladores provocam uma diferença de pressão no ambiente da mina; o ar move-se devido a esta diferença de pressão.
VentiladoresSão equipamentos destinados a mover
grandes quantidades de ar, a pressões moderadas (em geral, abaixo de 3 kPa).
Tipos de ventiladores ... axiais e centrífugos
Axiais:Nestes ventiladores, a direção do
escoamento do ar é aproximadamente paralela ao eixo do rotor. É um equipamento que permite o ajuste do ângulo de ataque das pás (passo) do rotor, proporcionando um significativo aumento de vazões (versatilidade), dependendo do passo escolhido para a operação. São os ventiladores mais comumente usados em mina subterrânea.
Dispositivos de ajuste do ângulo de ataque das
pás (passo) do rotor de um ventilador
axial
Ventiladores axiais de vários tamanhos e Ventiladores axiais de vários tamanhos e
configuraçõesconfigurações
Ventilador axial instalado em mina subterrâneaVentilador axial instalado em mina subterrânea
Curvas características de ventiladores:
Cada modelo de ventilador possui um conjunto de curvas que caracterizam seu desempenho. Existem curvas de pressão, potência e eficiência em função das vazões produzidas pelo equipamento.
Exemplo de curvas características(ver próximo slide) ...
Uma desvantagem dos ventiladores axiais, em relação aos centrífugos,
quando operam em altas pressões: há uma zona de instabilidade de funcionamento em
sua curva característica pressão x vazão, representada pelo trecho E-D na figura abaixo.
Nestas condições (denominada stall condition), além da redução de eficiência, há uma
tendência de aumento da vibração no rotor, causando desgaste prematuro de peças. O
fabricante recomenda não operar nesta faixa de vazões.
Exemplo de curvas características de um ventilador axial, para vários ângulos de ataque das pás do rotor. (Obs.: o aumento do ângulo de ataque exige maior potência do motor elétrico, que deve ser adequadamente dimensionado).
Curvas paraCurvas para
vários ângulosvários ângulos
de ataque de ataque
Curvas de um ventilador axial de 75 cv, vendido comercialmente.
Algumas questões a respeito do ventilador de 75cv
cujas curvas aparecem no slide anterior:
- Qual a pressão desenvolvida pelo ventilador quando a vazão movida por ele é 20 m3/s ? (1 mmWG = 9.81 Pa)
Resp.: 200 mmWG (pressão total).
- Qual a potência consumida pelo motor elétrico do ventilador quando a vazão é 20 m3/s ?
Resp.: 50 kW.
- Qual o custo de energia elétrica por dia de funcionamento deste ventilador, supondo que ele movimenta 20 m3/s durante todo o período (24 horas), considerando que o valor da energia é R$ 0.20/kW-h ? (supor que a potência consumida é igual a potência obtida da rede elétrica)
Resp.: 0.20 x 24 x 50kW = R$ 240,00 .
Redução de ruído em ventiladores axiais:
Algumas situações exigem redução de ruído por parte do
ventilador axial (ex.: ventilador instalado dentro de mina;
vent. próximo de zonas urbanas, ...).
Neste caso, os fabricantes fornecem dispositivos que diminuem
a emissão sonora dos ventiladores. Estes dispositivos
provocam uma certa perda de vazão, que deve ser
verificada com o fabricante.
Redutores de ruído ...
VentiladorVentilador
Pressões em um ventilador:
A Pressão total (PT) de um ventilador, para uma dada vazão, refere-se à soma da Pressão estática (PS) e da Pressão de velocidade (PV) desenvolvidas pelo equipamento.
PT = PS + PV
Obs.: no cálculo da PV, usa-se a velocidade do ar na saída do rotor do equipamento. Em unidades inglesas, PV = (CFM/4005 x Área)2.
Ventiladores
Ventiladores Centrífugos:São equipamentos nos quais o ar
penetra na direção do rotor e é despejado radialmente. Atualmente, sua aplicação em mina subterrânea está ligada à necessidade de se obter altas pressões. São ventiladores mais robustos (menos manutenção), porém são de maior custo de aquisição e não permitem ajuste do passo.
Ponto de operação de um ventilador:
É o ponto de equilíbrio entre a pressão estática (PS) fornecida pelo ventilador e as perdas totais de pressão (Ht) provocadas durante o escoamento do ar (então, PS=Ht). O ponto de operação define o regime de funcionamento do equipamento em termos de pressão e vazão, quando conectado a um circuito de ventilação.
Para obter-se o ponto de operação, superpõe-se a curva da mina e a curva característica do ventilador em um gráfico Q x P .
Ponto de operação de um ventilador
Ponto de operação
O ponto de operação de um ventilador pode mudar durante seu funcionamento. É comum ocorrerem mudanças no circuito de ventilação e estas mudanças induzirem alterações no ponto de operação do equipamento.
Alongamentos dos circuitos de ventilação provocam aumento de resistência equivalente, de modo que o ventilador responderá com redução de vazão a estas mudanças (...e aumento da pressão de operação).
Em outras situações, a abertura de portões ou barragens fará com que o circuito de ventilação tenha sua resistência reduzida, provocando aumento de vazão nos ventiladores.
Exercício:
Calcular a resistência equivalente (REQ) do circuito de ventilação da figura ao lado, considerando que as perdas de carga e as vazões de cada trecho estão discriminadas diretamente no diagrama. Encontrar o ponto de operação para o ventilador cuja curva característica encontra-se na Tabela A, quando conectado ao circuito.
PressãoPressão
estática (Pa)estática (Pa)
Vazão Vazão
(m3/s)(m3/s)
500500 3030
10001000 2020
15001500 22
Tabela A:Tabela A:curva característica do curva característica do ventiladorventilador
Solução:
REQ = RAB + RCD + RDE
RAB = 61/(18.8)2 = 0.17 Ns2m-8
RCD = 124/(18.8)2 = 0.35 Ns2m-8
RDE = 88/(18.8)2 = 0.25 Ns2m-8
REQ = 0.17 + 0.35 + 0.25 = 0.77 Ns2m-8
Ponto de operação (conf. solução gráfica ao lado):
H = 610 Pa (pressão do ventilador)Q = 27 m3/s
Associações de ventiladores:
Associações de ventiladores tornam possível atender-se a uma variada gama de combinações de perdas de carga e vazões, a partir de um conjunto limitado de ventiladores.
A forma comum de associar ventiladores é colocando-os em série ou paralelo.
Ventiladores são, em geral, conectados em série quando deseja-se obter uma determinada vazão, mesmo com resistências de mina crescentes (p.ex. quando o circuito de mina está se alongando).
Ventiladores em paralelo são usados quando se quer um aumento significativo de vazões, com resistências de mina aproximadamente constantes.
Existem métodos gráficos para conhecer-se a curva característica resultante e o ponto de operação de uma associação de ventiladores, os quais serão vistos a seguir.
Associação de ventiladores em série:
A figura abaixo mostra dois ventiladores, a e b, posicionados em
série em uma galeria única. A curva característica desta
combinação é obtida adicionando as pressões individuais dos
ventiladores, para cada valor específico de vazão. O ponto de
operação efetivo é C, sendo que em cada ventilador passa a
mesma vazão, Q.
Nas associações de ventiladores em série:
- podem ser usados ventiladores diferentes, porém o
mais comum é usar-se ventiladores iguais;
- se um ventilador é muito mais potente que outro, ou a
resistência do sistema é muito baixa, o ventilador mais
fraco não produzirá efeito, podendo até mesmo servir
como uma resistência adicional ao sistema.
Exemplo de ventiladores instalados em série: ventilação
auxiliar em fundo-de-saco
Exercício:
Supondo que dois ventiladores estão associados em série (a curva característica de
cada um deles é dada na tabela abaixo) e conectados a uma mina cuja resistência
equivalente é 1.1 Ns2m-8, calcule o ponto de operação do conjunto.
pressão(Pa) vazão(m3/s)
1800 10
1500 18
1000 25
500 30
200 32
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
0 10 20 30 40 50 60
vazão (m3/s)
pre
ssão
(P
a)
Curva da mina
Curva da associação em série Ponto de operação: 30m3/s; 1000Pa
Associação de ventiladores em paralelo:
Se os ventiladores a e b (fig. abaixo) estão associados em paralelo, então
através de cada ventilador passa uma dada vazão (Qa e Qb), a uma mesma
pressão p. A curva característica desta combinação é obtida adicionando
vazões individuais dos ventiladores, para cada valor específico de pressão.
O ponto de operação efetivo do sistema está representado em C.
As associações de ventiladores em paralelo:
- são mais indicadas quando a resistência do circuito é
baixa; neste caso, os ganhos em vazão são maiores;
- podem ser feitas com ventiladores diferentes, mas isto
pode provocar “stalling” no ventilador mais fraco.
Exemplo de associação de ventiladores em paralelo: três
ventiladores fazendo exaustão em poço de ventilação
Exercício:
Supondo que os dois ventiladores do exemplo anterior estão associados em
paralelo e conectados à mina cuja resistência equivalente é 1.1 Ns2m-8,
calcule o ponto de operação do conjunto.
Curva da mina
Curva da associação em paralelo Ponto de operação: 37m3/s; 1450Pa
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
0 10 20 30 40 50 60
vazão (m3/s)
pre
ssão
(P
a)
Algumas definições relacionadas com eficiência e potência de
ventiladores (extraído de McPherson, M. J., 1993, Subsurface
Ventilation and Environmental Engineering, Ed. Chapman & Hall,
London., cap.10):
Potência estática de ventilação (Airpower) ... Pot = Ht Q
Potência disponível no eixo do motor elétrico ... Shaft power ou brake
horsepower (BHP)
Relação entre shaft power e potência elétrica consumida da rede (input
power) pelo motor do ventilador ... Shaft power/input power ≈ 0.85
Eficiência total (Total efficiency) ... Fan total pressure/shaft power
Eficiência estática (Static efficiency) ... Fan static pressure/shaft power
Seleção de ventiladoresDiferentes fabricantes de ventiladores
possuem procedimentos similares para fazer a
escolha do equipamento adequado a uma
determinada situação. A seguir, será visto o
procedimento empregado na seleção rápida
de ventiladores axiais da marca Chicago
Blower. Para aplicá-lo, usa-se a Tabela II ao
lado, e a carta de opções de ventiladores
(próximo slide), classificados de acordo com
as faixas de pressão total e vazões que podem
ser geradas para cada modelo de ventilador
axial.
Carta de opções de ventiladores
Passos para a seleção:
1-Entre na carta com a Vazão (Q) e a Pressão estática (PS) requeridas. Determine o ventilador mais eficiente. (PS é igual às perdas Ht do circuito de mina, para a vazão Q).
2-A carta é baseada na Pressão total (PT), igual a PS + PV. A Pressão de velocidade (PV) deve ser determinada usando a equação PV=(Q/(A x 4005))2, sendo Q a vazão em CFM, A a área encontrada na Tabela II (em ft2).
3-Voltar à carta e conferir se sua seleção está correta, baseada na Pressão total. Se não estiver, recalcular PV para um novo ventilador determinado.
4-Calcular o BHP aproximado por: BHP = (Q x PT)/(6361 x eficiência). Observe que as unidades usadas são do sistema inglês. As condições padronizadas de funcionamento do ventilador referem-se a massa específica do ar = 1.2 kg/m3 e t=70oF.
Esta é uma pré-seleção de equipamento. Uma verificação definitiva deve ser feita com as curvas próprias do equipamento selecionado. Um ponto importante é que, no passo 1, a vazão e pressão estática requeridas devem ser estimadas por quem está adquirindo o ventilador.
Exemplo:
1-Considere a necessidade de um ventilador para 66760 m3/h, com PS = 101.6 mmCA. Convertendo para as unidades da carta: Q = 40 000 CFM; PS= 4” WG. Entrando na carta com estes valores, obtém-se o modelo 4450-B6-1760 rpm e 80% de eficiência.
2-Calcula-se para este modelo PV=(40000/(4005 x 10.80))2 = 0.86”WG, onde PT=4,86”WG.
3-Volte à carta com PT=4.86”WG; obtém-se o mesmo modelo. Está confirmada a seleção.
4-Calcule o BHP aproximado: BHP=(40 000 x 4.86)/(6362 x 0.8) = 38 HP.
5-O ventilador axial para atender às necessidades opera em 1760 rpm, absorvendo 38HP.
-----------------
________________________________________________
Algumas conversões de unidades úteis ________________________________________________
1 mmCA = 1 mmWG = 10 Pa
1 in.WG = 254 Pa
1 atm = 101 325 Pa
1 CV = 735.5 W
1 HP = 745.7 W
1 CV = 0.9863 HP
1 cfm = 0.0283 m3/min = 4.72x10-4 m3/s
-----------------
6.CONTROLE DA VENTILAÇÃO
Objetivos: Manter as condições de higiene e
segurança dos trabalhadores
O que devemos medir?
- Vazão - Velocidade do ar
- Pressão - Temperatura - Umidade - Contaminantes (gases e poeiras)
VAZÃO
- é o parâmetro principal de ventilação.
- O controle de vazão serve para:
Verificar se as necessidades de ar e limites de
velocidade estão sendo atendidos;
Localizar fugas no circuito de ventilação;
Verificar o ponto de operação dos ventiladores da
mina (principal e auxiliares).
Q = V · A (m3/s ou m3/min)
V= velocidade do fluxo de ar;
A= área da seção transversal da galeria.
Dependendo da velocidade do fluxo de ar, diferentes
tipos de equipamentos de medida podem ser utilizados.
O equipamento mais utilizado em mineração é o
anemômetro de pás.
VAZÃO (Q)
Anemômetro de pás
Outros equipamentos para Outros equipamentos para
medidas de vazão:medidas de vazão:
Termoanemômetros;Termoanemômetros;
Tubo de fumaça;Tubo de fumaça;
Velômetros;Velômetros;
Tubo de Pitot.Tubo de Pitot.
Procedimentos de medida
Dependem principalmente do tipo de equipamento disponível.
Anemômetros de medição instantânea: possuem tempo de integração muito curto, medindo a velocidade instantânea de escoamento do ar que passa pelo equipamento.
Posicionamento do anemômetro na galeria
Continuação...
Anemômetros integradores: medem a velocidade média de escoamento do ar após um certo tempo de integração (1 minuto, p.ex.).
Exemplo de levantamento de vazão ...
Exemplo de registros de levantamento de vazão ...
PRESSÃO
Medidas de diferenças de pressão do ar entre pontos
distintos no interior da mina dão informações sobre as
perdas de carga no circuito de ventilação.
Objetivos:
- Estimar a resistência equivalente total e de trechos do
circuito de ventilação;
- Localizar fugas no circuito de ventilação;
- Verificar os pontos de operação dos ventiladores
principais da mina em sua curva característica P x Q.
Continuação...
As medidas de diferença de pressão entre dois pontos
são feitas utilizando-se manômetros diferenciais.
A medida de pressão absoluta em um ponto é feita
com a utilização de barômetros.
Modos de medir a diferença de pressão entre dois
pontos do circuito de ventilação: métodos diretos e
métodos indiretos.
Métodos diretos de medida de pressão
Métodos diretos utilizam manômetros diferenciais para realização das medidas. O objetivo das medidas de pressão diferencial é avaliar a perda de carga em determinados trechos do circuito de ventilação ou no circuito como um todo.
Continuação...
Para propósitos práticos, os equipamentos devem possuir sensibilidade em torno de 1 mmCA (+/- 10 Pa). Sensibilidade menor pode ser admitida nos manômetros que fazem o acompanhamento dos ventiladores principais.
Continuação...
Métodos indiretos de medida de pressão
Métodos indiretos de medida de pressão utilizam
barômetros aneróides ou altímetros. Estes
equipamentos medem a pressão estática absoluta em
um ponto. Perdas de carga entre dois pontos são
calculadas por diferença e precisam de correções.
Tubo de Pitot
É um dispositivo que serve para medir pressão total (PT), pressão estática (PS) e pressão de velocidade (PV) em dutos de ventilação ou em ventiladores. Precisa ser conectado a um manômetro para executar as medidas de pressão.
Pode ser usado no cálculo da velocidade do escoamento do ar, pois PV = PT – PS = ρv2/2, então v = (2 PV/ρ)1/2 . O uso limita-se às situações onde a velocidade do ar é suficientemente elevada.
Tubo de Tubo de Pitot Pitot
Diagrama simplificado de uso do tubo de Pitot para executar medidas de pressão total e estática em um exaustor de mina, posicionado na superfície.
___________
TEMPERATURA E UMIDADE
Parâmetros do clima em subsolo:
Temperatura de bulbo seco (ts);
Umidade do ar, que pode ser caracterizada pela
temperatura úmida (tu) e pressão barométrica (p);
Velocidade do ar (v) nas proximidades do corpo
humano;
TEMPERATURA E UMIDADE
Índices de conforto térmico:
Existem vários índices idealizados para
representar o conforto térmico dos trabalhadores,
entre os mais comuns estão a Temperatura Efetiva
e o IBUTG. O índice a ser usado depende do país
ou região.
Temperatura Efetiva
Definição:
A Temperatura Efetiva (te) foi idealizada pela
American Society of Heating and Ventilating Engineers
para caracterizar o conforto térmico dos trabalhadores.
O valor de te é determinado a partir dos valores tu , ts e
velocidade do ar, usando-se o ábaco presente no
próximo slide.
Temperatura Efetiva
Continuação...
A temperatura efetiva é um índice utilizado
em vários países para determinação do conforto
térmico.
Equipamentos usados – psicrômetro e
anemômetro.
Psicrômetro: equipamento que combina um
termômetro de bulbo seco e outro de bulbo úmido.
Carta Psicrométrica: relaciona ts e tu com a umidade relativa do ar (as cartas psicrométricas são vendidas junto com o equipamento e podem ser encontradas na literatura de ventilação de mina).
Índice IBUTG
No Brasil, este índice é utilizado na indústria para a No Brasil, este índice é utilizado na indústria para a
especificação de níveis de exposição a ambientes quentes para o especificação de níveis de exposição a ambientes quentes para o
trabalhador. Foi regulamentado pela norma do Ministério do trabalhador. Foi regulamentado pela norma do Ministério do
Trabalho NR-15, Anexo 3 .Trabalho NR-15, Anexo 3 .
É um índice obtido a partir da medida da temperatura de É um índice obtido a partir da medida da temperatura de
bulbo úmido natural e temperatura de globo, e representa a média bulbo úmido natural e temperatura de globo, e representa a média
ponderada destas medidas (Clezar, 1999 pág. 253).ponderada destas medidas (Clezar, 1999 pág. 253).
Termômetro de bulbo úmido natural Termômetro de bulbo úmido natural é um termômetro de bulbo úmido é um termômetro de bulbo úmido
que difere dos utilizados nos psicrômetros pelo fato de não se impor uma que difere dos utilizados nos psicrômetros pelo fato de não se impor uma
velocidade forçada ao ar e o bulbo não ser protegido contra radiação velocidade forçada ao ar e o bulbo não ser protegido contra radiação
térmica. térmica.
Termômetro de globo consiste de um termômetro cujo o bulbo fica
posicionado no centro de uma esfera metálica oca com quinze centímetros
de diâmetro, tendo sua superfície externa pintada de preto fosco.
Ambientes internos ou externos sem carga solar:Ambientes internos ou externos sem carga solar:
IBUTG = 0,7 tun + 0,3 tg IBUTG = 0,7 tun + 0,3 tg
tun = temperatura de bulbo úmido naturaltun = temperatura de bulbo úmido natural
tg = temperatura de globotg = temperatura de globo
Continuação...
Continuação...
Equipamentos utilizados:
Termômetro de globo
Termômetro de bulbo úmido
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Equipamentos de medida da concentração de gases presentes no ar – princípios de detecção:
Oxidação catalítica – usada para gases combustíveis como metano e
CO. Nesta técnica, mede-se o calor gerado durante a oxidação do gás ou a troca de resistências de um componente de um circuito elétrico quando o gás é queimado.
Sensores eletroquímicos – aplicados na determinação da concentração de oxigênio, CO, H2S (sulfeto de hidrogênio) e NOx. O gás medido reage com um eletrodo especial em um eletrólito. Esta reação gera corrente elétrica que é proporcional à concentração do gás.
Detectores óticos – usados para metano, p.exemplo. Dois princípios usados: 1)gases diferentes absorvem luz em comprimentos de onda distintos; passando luz através de uma mistura com gás e medindo sua absorção, determina-se a concentração do gás. 2)Gases têm diferentes índices de refração. Um feixe de luz é dividido, parte passa em uma câmara contendo ar e outra parte em uma câmara contendo gás. A diferença na velocidade dos feixes de luz é proporcional à concentração do gás de interesse.
Equipamentos de medida...(cont.):
Métodos de detecção usando semi-condutores – usam elementos
(semi-condutores) que trocam de condutividade na presença de certos gases. Mede-se a mudança na condutividade, que é proporcional à concentração do gás.
Tubos colorimétricos – usam uma propriedade química de reação de um gás com compostos químicos específicos, cuja reação provoca mudança de cor em tais compostos. A troca de cor é proporcional à concentração do gás, que é medida diretamente em um tubo contendo o composto químico determinado.
Equipamentos de medida:
Bomba de aspiração e tubos
colorimétricos;
Detectores de gases;
Metanômetros;
Oxímetros;
Equipamentos de medida:
Coletor de poeira p/indivíduo:
mede a quantidade de poeira ao
qual o indivíduo ficou exposto
durante a jornada de trabalho.
filtros coletores
bomba de sucção
Slide Final
Obrigado a todos !!!
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