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As pessoas interessadas emconhecer detalhes sobre aestrutura de atendimentodisponível na Apabex podementrar em contato pelotelefone (19) 3876-3349,pelo endereço eletrô[email protected] ou pelosite www.apabex.org.br. Oscontatos com o diretorpresidente, o campineiroAriovaldo Cavarzan, podem serfeitos pelo [email protected].

Na metade da década de 80,um grupo de funcionáriosdo antigo Banco do Estadode São Paulo (Banespa) inau-gurou na Capital uma asso-ciação que pudesse prestaratendimento digno aos seuspróprios filhos portadores dedeficiência. Os bancários di-vidiam os gastos com a con-tratação de médicos, psicólo-gos e fisioterapeutas, quepassaram a atender na VilaMariana. Pois hoje, passados25 anos (e ainda mantida ba-sicamente com a colabora-ção dos ex-funcionários), a

Associaçao dos Pais Banes-pianos de Excepcionais, aApabex, além do prédio pau-listano, possui uma sede ru-ral na região de Campinas eampara quase uma centenade adultos especiais. Umquarto dos assistidos, por si-nal, mora no sítio de cinco al-queires em Vinhedo, rodea-do das colinas verdes do Bair-ro da Capela. São 25 deficien-tes que já perderam os paisou que não podem mais mo-rar com outros parentes. Al-guns têm deficiência mentalaguda e mal se comunicam.

O presidente (e um dosfundadores do grupo) é o

campineiro Ariovaldo Cavar-zan, de 65 anos, pai de Mau-ro, portador de síndrome deDown nascido há 37 anos.“Maurão”, como o própriorapaz se apresenta, passa osdias no espaço de convivên-cia. Ele é um dos 16 campi-neiros com deficiência quese juntam diariamente aos“moradores” da gleba. Pin-tam quadros e cartões, mon-tam cadernos de papel reci-clável e caixas personaliza-das, fazem lembrancinhasde casamento. É um modelo

de tratamento inspirado noconstrutivismo piagetiano,que procura desenvolver apotencialidade de cada assis-tido, apesar das limitações in-dividuais.

Com o tempo, as ativida-des passaram a ser orienta-das por variadas linhas dapsicologia. “A gente busca,em cada uma, metodologiasúteis para cada assistido. Ca-da um tem uma história devida, uma deficiência e reagede maneira diferente a cadamétodo”, diz a coordenado-

ra técnica do grupo, IveteWashington Sbragia. A pro-posta é elevar a autoestimade cada assistido e os aproxi-mar da convivência social.

As chamadas “oficinas detrabalho protegido” estimu-lam a capacidade de expres-são e o prazer com o traba-lho. O artesanato (vendidobasicamente em papelariasda cidade) se reverte em “sa-lários simbólicos”, pagos aosassistidos a cada mês. Forada oficina, há portador de de-ficiência trabalhando no re-feitório ou colhendo verdurana horta.

A Apabex custa cerca deR$ 200 mil mensais. Hoje, háapenas 560 sócios colabora-dores e doações individuaissimbólicas chegam dos apo-sentados do Banespa. Mas aarrecadação mensal não pas-sa de R$ 170 mil. Para man-ter as contas em dia, pagarsalários e garantir atendi-mento de qualidade aos as-sistidos, a entidade contacom os dividendos de anti-gas aplicações e eventuaispatrocínios privados. O presi-dente Cavarzan admite queo caixa tende a ser cada vezmenor, com a natural redu-ção do número de banespia-nos vivos.

Hoje, pagam pelo atendi-mento as famílias economi-camente mais estruturadas.Mas há gente de poucos re-cursos, atendida praticamen-te de graça. “Como a Apa-bex se tornou um patrimô-nio da coletividade, abertoinclusive a portadores de de-ficiência sem relação com obanco, a gente faz campa-nha para conseguir parcei-ros”, afirma.

E a importância da Apa-bex vai além das duas sedes.O grupo usa parte das mes-mas contribuições mensaisdisponíveis para financiar, adistância, o tratamento dedeficientes que moram emestados distantes. Há peloBrasil todo cerca de 200 be-neficiados, parentes espe-ciais dos banespianos.

MISSAS E FUNERAIS

Os 20 anos do Estatuto daCriança e do Adolescente(ECA) neste mês de julho lan-çam luzes sobre o pioneiris-mo de Campinas em váriasações relacionadas à prote-ção integral da infância e ju-ventude. Motivo de orgulho,portanto, mas também de re-novação da responsabilidadepara que os desafios aindaexistentes, em termos de efeti-va garantia dos direitos dascrianças e dos adolescentes,sejam superados pela comuni-dade organizada.

Apenas na história recen-te, é possível ressaltar o mode-lo inovador de união de esfor-ços concretizado pela Funda-ção Feac (Federação das Enti-dades Assistenciais de Campi-nas), criada em 1964. Modeloque potencializa a ação dasorganizações sociais direcio-nadas para a proteção dos di-reitos de meninos e meninas.

Em 1985, outra inovação,com a instituição do Crami –Centro Regional de Atençãoaos Maus-tratos na Infância.Casa da Criança Paralítica,Centro Boldrini, Centro Corsi-ni, Sobrapar — são várias ou-tras organizações na vanguar-da dos cuidados, em suas res-pectivas áreas, com a qualida-de de vida de crianças e ado-lescentes.

Duas ações em curso con-solidam essa vocação solidá-ria histórica de Campinas.Uma é o Programa pela Edu-cação em Tempo Integral, ini-ciativa do Fundo Juntos pelaEducação, constituído porInstituto Arcor Brasil, Institu-to C&A e Vitae. O programa vi-sa apoiar a estruturação de re-des locais de aprendizagem,formadas por escolas públi-cas, Cras, bibliotecas, ONGs eoutras instituições, de modoque os jovens em situação devulnerabilidade tenham edu-cação o tempo todo. Campi-nas foi um dos locais escolhi-dos em todo Brasil, ao ladode cidades paraibanas (JoãoPessoa, Lucena e Santa Rita),para sediar o programa, queestá em sua terceira ediçãoem 2010.

A outra ação que ratifica ovanguardismo de Campinas é

o Projeto Naves-Mãe, a pro-posta da atual Administraçãomunicipal, do Dr. Hélio deOliveira Santos, para erradi-car o déficit na educação in-fantil. Localizadas em bairrosde acentuada vulnerabilidadesocial, as naves-mãe estãocontribuindo para mudar opanorama nas comunidadesonde estão instaladas. E estãofazendo isso com uma pro-posta pedagógica nova, a pe-dagogia dos sentidos, maisuma contribuição transforma-dora de Campinas, visando àdignidade e desenvolvimentointegral das crianças e adoles-centes.

Os direitos estipulados noECA, sem dúvida, somente se-rão assegurados em plenitu-de com um esforço e empe-nho ainda maiores da socieda-de brasileira pela ampliação emelhoria das oportunidadeseducacionais. É justamentepara onde apontam o Progra-ma pela Educação em TempoIntegral e as naves-mãe, comsua pedagogia dos sentidos.

Há 25 anos, ex-banespianos mantêm atendimento a deficientes

O sítio de cinco alqueires no Bairro da Capela, em Vinhedo, onde vivem 25 pessoas com deficiência que já perderam a família

� � Em 2003, morria Walter Hugo Khouri.O cineasta realizou 25 longas-metragens econquistou vários prêmios nacionais einternacionais. Seus filmes, influenciados

por Bergman, Antonioni, Camus eEspinoza, mostram personagens quebuscam sentido para a existência. Seuprincipal filme é Noite Vazia, de 1964.

ROGÉRIOVERZIGNASSE

� � Maria Irene de Pádua eCastro Cardoso — Faleceu aos69 anos. Viúva de Walter Car-doso. Deixa os seguintes fi-lhos: Alexandre e Renata. Seusepultamento deu-se no dia26/06/2010 no Cemitério Par-que Flamboyant em Campi-nas/SP. (Associada do GrupoSerra Campinas)

� � Anna Andre — Faleceu

aos 75 anos. Solteira. Filhade Cesário Andre e Joaquinade Jesus. Seu sepultamentodeu-se no dia 26/06/2010 noCemitério Parque Nsa Sra daConceição em campinas/SP.(Associada do Grupo SerraCampinas)

� � Domingos Foregatto — Fa-leceu aos 86 anos. Viúvo deNair Pauleli Foregatto. Deixaos seguintes filhos: Maria,Lourdes, Antonio e Apareci-da. Seu sepultamento deu-se

no dia 26/06/2010 no Cemi-tério Parque das Acácias emValinhos/SP. (Associado doGrupo Serra Campinas)

� � Renato de Barros Nochimo-wski — Faleceu aos 50 anos.Solteiro. Filho de Rene Nochi-mowski e Maria Helena Rodri-gues de Barros Nochimowski.Seu sepultamento deu-se nodia 26/06/2010 no CemitérioParque das Acácias em Vali-nhos/SP. (Associado do GrupoSerra Campinas) � � José Pedro Martins é jornalista e escritor

20 anos do ECA (final)

SAIBA MAIS

�� Moacyr Castro, jornalista, escreve nestapágina aos sábados, domingos eterças-feiras

Só tem Tin TinCom a ajuda de três “carrófi-los de nascença”, os campi-neiros Gustavo Murgel e Ro-berto Godoy, e o cosmopolita-no Luís Carlos Rossi, vamosassistir a quem rodava Campi-nas a bordo de carrinhos ecarrões iguais aos do detetiveTin Tin. Cuidado com o Mi-lou — não pise nele.

Lincoln 1925, o primeirodaquela frota. O dr. Múcio,Roberto e Oscar Rossi, paisdos nossos heróis, tiveram es-sa máquina. O médico radio-logista Manuel Dias, com con-sultório na Barão de Jaguara,também. Diz o Godoy queum certo Sr. Lello importoude uma vez um lote do Rover,do Tin Tin, “parecido com oAnglia”, mais alguns Prefect,iguais aos do Ademir Torqua-to, do monsenhor Bágio e doprofessor Amaury Fratini. (Pa-ra viajar no do Ademir, os pas-sageiros tinham de pedalar.)

Aquele trio e o ReinaldoLeone também rodaram deBuick, enorme. O Sr. Marti-nho, marido da nossa CelinaDuarte Martinho, era reven-dedor Austin. Numa casa va-zia, perto do Brinco de Ouro,em rua paralela à Avenidados Esportes, descobriram,depois de muito tempo, umChevrolet 32, como o do TinTin, em cima de um cavalete.Enquanto ficou na “gara-gem”, deu tempo de cresceruma palmeira imperial nafrente do portão. “De quemseria?”, pergunta o dr. Mur-gel. “Foi parar no museu doautomóvel de Caçapava”, dizo Godoy.

O Cadilac 1939 passavacom o prefeito Miguel Curyao volante. E a turma gritava:“Obrigado, Migué!”. Grande

figura! Álvaro Volpe, represen-tante dos Brinquedos Bandei-rante, teve o primeiro Fordcom motor V-8, modelo 1936.E os Vauxhall? Eram do seoMachado, diretor do JockeyClub, do dr. Múcio e do Ben-to Moraes. Um Opel Olímpia,avô do Opala, era do Schmut-zler, representante da Brah-ma. Aquele Citroën, semprepreto, largo, centro de gravi-dade zero e que nunca capo-tava, teve vários fãs: OscarRossi, o agrônomo Jorge Bier-renbach de Castro, GustavoMurgel e a madre-superioradas irmãs de Jesus Crucifica-do. Os Ford Zephir eram cati-vos dos taxistas da Estação daPaulista. O Ângelo Lepreri, do-no do restaurante Armorial,teve um Lancia — ele corriaem rali na Europa. O pai doGodoy teve um Morris Six.

A mãe do Gustavo Murgel,d. Maria Egydio de Sousa Ara-nha, foi a primeira campinei-ra a dirigir um Jeep Willys pe-la cidade. E muita gente tiroucarta apreendendo na frotade “jipes” do Adolfo, da auto-escola Campinas. O CleberTosi, pai da Meyre Raquel,que nasceu no Citroën dele,também teve um carro incrí-vel, o Panhard 1957.

Agora, um Jaguar daque-les, K-120, roncava nas mãosdo Luís Carlos Prado e doLuís Rafael Henriques, o Lói,amigo-irmão muito querido,que há duas semanas diverteo Céu.

Pregado no poste: “Passa, Mi-lou!”

josé pedro martins

Inclusão mobiliza ex-bancários

baú de histórias

E-mail: [email protected]

moacyr castro

Chácara servede lar para quemperdeu os pais

NESTA DATA

O campineiro Ariovaldo Cavarzan, um dos fundadores do grupo

Morador faz artesanato na oficina de “trabalho protegido”

A10 CORREIO POPULAR CIDADESCampinas, domingo, 27 de junho de 2010

E-mail: [email protected]

falecimentos

� � PARTICIPE DO BAÚA seção Baú de Histórias resgata, sempre aosdomingos, episódios que foram motivos dereportagem no passado. Leitores que quiseremsugerir temas para a coluna podem escrever para aredação do Correio Popular ou enviar e-mail [email protected].

Fotos: Dominique Torquato/AAN

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