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NOVINHO EM FOLHAVEJA COMOLIDAR COMAPELIDOSQUE IRRITAMPág. 10
SUJEIRAACHAR LATADE LIXO NACIDADE PODESER UM RALLY
MORADIABOLSA CESSA E CRIA NOVOSNÔMADESCom acesso limitado aprogramas de habitação, elesperambulam de casa em casae chegam a trocar 10 vezes deendereço Págs. 8 e 9
A Folha correuas principaisruas comerciaisda cidade emostra que mádistribuição delixeiras é um dosprincipaisproblemasPág. 7
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Voto para Legislativo é tucano
Caderno tem versão expandida e conteúdo exclusivo >> www.folha.com.br/063402
Falcão de coleira, adestradopara falcoaria, na mão de seucriador na zona sul de São Paulo
Os “ex-kamikazes”Tokio Wakita, combandeira em queseus colegas escreverampalavras heróicas, eKiyoshi Tokudome,com faixa em queestão gravados osideogramas kami ekaze, que eleguarda há mais de60 anos
Produto final do 420 programa de treinamento em jornalismo diário
ESPECIAL 1 ¤ SEXTA-FEIRA, 8 DE DEZEMBRO DE 2006 ¤
ab
Coligação do PSDB obteve mais votos para deputado estadual em 75% das 645 cidades do Estado Págs. 2 e 3
Aves de rapina viram animais deestimação na maior cidade docontinente e são treinadas para simularrituais de caça como os da AntiguidadePág. 6
FALCÕES URBANOSREVIVEM IDADE ANTIGA EM SP
Voluntários para morrer naSegunda Guerra, eles tiveramsua missão frustrada pelo fimdo conflito e se reagruparamna capital paulista, onderefizeram as vidas Págs. 4 e 5
NOSSOS ÚLTIMOSKAMIKAZES
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especial 2 novoemfolha SEXTA-FEIRA, 8 DE DEZEMBRO DE 2006 ef
EXPEDIENTE PSDBconcentrouvotosparaoLegislativoemSP
O Novo em Folha é pro-duto da 42ª turma do Pro-grama de Treinamento emJornalismo Diário da Folha.
Os participantes discutempautas, fazem reportagens,sugerem fotos, mapas e grá-ficos e cuidam do acabamen-to. A circulação é interna ehá uma versão expandida nai n t e r n e t ( w w w . f o -lha.com.br/ 063402).
A 42ª turma de treina-mento foi patrocinada pelaPhilip Morris Brasil.
)EDITORADETREINAMENTOAna Estela de Sousa Pinto)EDITORADO SITEDETREINAMENTOJuliana Laurino)EDITORADONOVO EMFOLHAAna Estela de Sousa Pinto)APOIO TÉCNICOHeide Vieira e Paulo Haddad)PROJETOGRÁFICO,DIAGRAMAÇÃOE INFOGRAFIAKleber Bonjoan, Viviane Jorge,Rodrigo Cunha, Thea Severino,Rubens Paiva, Rafaela Nygaard
Coligação tucana foi mais votada para deputado em 75% das cidades; PT venceu em 5%
Para analistas, distribuiçãodovoto no Estado pode estarrelacionadacom a votaçãode Serra e com os 12anos degoverno estadual tucano................................................................................................CAROLINA RANGELKRISHNA MONTEIRODA EQUIPE DE TREINAMENTO
Embora a coligação PSDB-PFL tenha eleito 37% dos de-putados estaduais paulistascontra 21% de seus principaisadversários —o PT-PC do B—,em número de votos para o Le-gislativo a supremacia dos tu-canos e pefelistas foi muito su-perior: os dois partidos obtive-ram o maior número de votospara deputado estadual em75% das cidades do Estado,dentre elas a capital.
Em contrapartida, a coliga-ção PT-C do B venceu em ape-nas 5% dos municípios, masconquistou o primeiro lugarem grandes cidades, como Gua-rulhos, Campinas, São Bernar-do do Campo e Santo André.Por isso, terá em 2007 a segun-da maior bancada da Assem-bléia, com 20 cadeiras.
Esses dados fazem parte delevantamento feito pela Folhacom base na votação de todosos candidatos a deputado esta-dual nos 645 municípios de SãoPaulo, a partir de informaçõesobtidas no TRE (Tribunal Re-gional Eleitoral) de SP.
O desempenho eleitoral dacoligação PSDB-PFL no inte-rior do Estado não surpreen-deu analistas políticos consul-tados pela Folha.
Segundo Rachel Meneguello,cientista política da Unicamp(Universidade Estadual deCampinas), a partir de meadosdos anos 90, quando começou afortalecer suas bases no inte-rior, o PSDB assumiu o papelde herdeiro natural de redutoshistóricos do PMDB —que tevemais votos para o Legislativoem apenas seis municípios.
Meneguello diz também queo PT possui uma trajetória es-tadual distinta. As suas bases seconcentrariam nos maiorescentros urbanos, nos quais osetor industrial e de serviçossão mais desenvolvidos.
A votação expressiva de tuca-nos e pefelistas no interior deSão Paulo também é naturalpara Celso Roma, cientista po-lítico da USP com trabalhos so-bre a história do PSDB. “Se vo-cê pegar o número de cadeirasque o PSDB tinha em 2002, jávai comprovar que aqui é o ber-ço tucano. Ao longo do tempo,o partido aumentou o seu do-mínio no Estado, até em cida-
des em que eram redutos petis-tas, e o PT encolheu.”
Segundo Roma, uma das ra-zões para o fortalecimento tu-cano estaria ligada aos 12 anosem que o partido teve o gover-no estadual em suas mãos. Osquatro anos em que José Serrapermanecerá à frente do Esta-do deverão acentuar essa ten-dência, aponta o analista.
Correlação com SerraCláudio Couto, cientista polí-
tico da PUC-SP, formula trêshipóteses para o bom desempe-nho da coligação PSDB-PFL: 1)a votação expressiva de JoséSerra para o governo; 2) o forta-lecimento dos candidatos lo-cais ao longo dos 12 anos de go-verno tucano e 3) o declínio doPT no Sudeste e no Sul do país.
Couto afirma que uma possí-vel correlação com o voto emSerra para governador e Alck-min para presidente pode terfeito com que parte do eleitora-do votasse em deputados domesmo partido dos dois.
Um exemplo dessa tendênciaseria Araraquara: em 2006,Alckmin foi o mais votado parapresidente, e a coligação PSDB-PFL obteve 62% dos votos váli-dos para deputado estadual,apesar de o atual prefeito, elei-to em 2004, ser o petista EdsonAntônio Edinho da Silva.
Couto, entretanto, ponderaque um possível crescimentodo PSDB e do PFL em São Pau-lo só poderia ser constatadoapós comparações com dadosdas eleições de 2002.
Já o pesquisador do Iuperj
(Instituto Universitário de Pes-quisas do Rio de Janeiro) JairoNicolau diz que não há dadosconsistentes para definir comoo eleitor se comporta em umaeleição. “Minha intuição, deacordo com os estudos que járealizei, leva a crer que o eleitoro faça de modo independente.”
PV e PMDBO levantamento da votação
para o Legislativo paulista ain-da apresenta uma novidade —oaumento da votação do PV, queteve mais votos em 23 municí-pios e viu sua bancada crescerde 5 para 8 deputados.
Também comprova uma ten-dência da última eleição —o en-fraquecimento do PMDB, cujaliderança em municípios é ape-nas um quarto da dos verdes.
Para Cláudio Couto, a vota-ção expressiva do PV no Estadoe no país poderia estar relacio-nada à figura nacional de Fer-nando Gabeira e ao desconten-tamento de eleitores que tradi-cionalmente votavam no PT,mas não migraram para oPSDB ou para o PSol.
Na avaliação de Jairo Nico-lau, outro fator é a adesão de li-deranças locais e regionais aoPV —segundo ele, um “proces-so natural de todo partido queestá na moda, em ascensão”.
Sobre o enfraquecimento doPMDB, Celso Roma afirma quepoderia estar relacionado à ine-xistência de um candidato ma-joritário forte. O desempenhotambém teria sido prejudicadopelo fato de o PMDB concorrerpela mesma fatia de eleitoresda coligação PSDB-PFL.
Marcelo Barbieri, presidentedo partido em São Paulo, temanálise semelhante: atribui ofraco desempenho ao fato de oPMDB não lançar há três elei-ções candidato a Presidência.Outro problema seria a falta deum projeto nacional.
O presidente do PSDB de SP,Sidney Beraldo, acredita que acoligação venceu em mais mu-nicípios porque investiram emmais candidatos e naqueles quedefendem temas específicos,como educação e segurança.
Para o prefeito de São Paulo,Gilberto Kassab (PFL), o resul-tado mostra que a coligaçãodeu certo. O partido, no entan-to, é força minoritária na parce-ria: considerando somente avotação dos 94 deputados elei-tos, o PSDB venceu em 366 ci-dades, e o PFL, em 73.
O PT não quis se pronunciarsobre os dados.
ColaborouPAULO HADDAD
)REPORTAGEMEquipe da 42ª turma do Programa de Treinamento em Jorna-lismo Diário
Rogerio Cassimiro/Folha Imagem
Paulo Haddad (esq.) auxilia Krishna Monteiro e CarolinaRangel a montar banco de dados sobre última eleição em SP
Dos 44 novos deputados, 10 são do PSDB, oito do PFL,sete do PV e cinco do PT*
O QUE MUDA EM 2007
22 PT
Bancada atual
22 PSDB
9 PFL
7 PTB
6 PDT
5 PV
5 PPS
4 PSB
4 PMDB2 PSC2 PC do B2 PP21
PLPRB
Bancada eleita em 2006
23
12
4
20
* Os outros 14 estão distribuídos entre o PPS, PSOL, PMDB, PL, PP, Prona, PDT, PSC e PSB
PT
PSDB
PFL
PTB
5 PDT
8 PV
5 PPS
4 PSB
4 PMDB2 PSC2 PP2 PL
Marcelo Ximenez/Folha Imagem
Daniela Arrais e Felipe Bächtold percorrem rua de São Paulopara contar e avaliar número de lixeiras da metrópole
Andre Porto/ Folha Imagem
Bárbara Castro e Estêvão Bertoni entrevistam, paramatéria sobre sem-teto, mulher que terá auxílio cortado
Bruno Miranda/Folha Imagem
Angela Pinho acompanha ex-kamikaze Kiyoshi Tokudomedurante sessão de fotos no topo do prédio da Folha
Bruno Miranda/Folha Imagem
Partidos que tiveram maior votação nos municípios do Estado de São Paulo em 2006
VOTAÇÃO PARA DEPUTADO ESTADUAL
Fonte: TRE-São Paulo
tiveram maior votação o PV e o PDT,cada um
3,5% dos municípios
Coligação PT - PC do B
Coligação PSDB - PFL
Outros partidos
outros partidos tiveram maior votação
Em 13% dos municípios
tiveram maior votação para a coligação PSDB - PFL
75% dos municípios
tiveram maior votação para a coligaçãoPT-PC do B
5% dos municípios
Tokio Wakita mostra a Renata Summa bandeira japonesada Segunda Guerra Mundial, que guarda há 62 anos
Fotos Juliana Laurino/Folha Imagem
Viviane Jorge e Salvatore Carrozzo analisam matéria sobreapelidos; Paulo de Araujo (dir.) segura ave de rapina
ef SEXTA-FEIRA, 8 DE DEZEMBRO DE 2006 novoemfolha especial 3
Perfil de seis novos deputados estaduais
ASSEMBLÉIA 2007
Roberto Massafera (PSDB)*>> O deputado possui o maiorpatrimônio, R$ 6.470.735,69,declarado ao TSE.Engenheiro e empresário,Massafera, 62, já foi prefeito deAraraquara entre 1992 e 1996.Tentou novamente a prefeitura dacidade em 2000 e perdeu
João Barbosa (PFL)>> Pastor evangélico, odeputado estadual declaroupossuir apenas uma contacorrente no valor de R$ 2.361,48.Barbosa tem base eleitoral emFernandópolis e foi eleito com77.650 votos. Em 2007, terá seuprimeiro mandato na Assembléia
Vitor Sapienza (PPS)>> Ex-presidente da Assem-bléia (1993-1995), o deputado,72, teve o mandato cassado emmaio do ano passado, acusadode compra de votos nas eleiçõesde 2002. Sapienza foi eleitodeputado estadual pela primeiravez em 1986
Maior patrimônio Menor patrimônio Mais velho
* não enviaram fotos Fontes: TSE, TRE-SP e campanha dos candidatos
Darcy Vera (PFL)>> Vereadora de Ribeirão Preto,Darcy Vera foi a mais votada entreos novos deputados, com 140.702votos. Tem uma ONG que ajudamulheres vítimas de agressão, fazcasamentos comunitários epossui envolvimento emcausas feministas
Mais votada
Lélis Trajano (PSC)*>> Diretor de uma rádio epastor evangélico da IgrejaComunhão Plena, o deputadode 27 anos irá exercer o seuprimeiro mandato político. Foieleito com 29.515 votos, cercade 21% da deputada maisvotada entre os novos
Menos votado
Bruno Covas (PSDB)>> Neto do governador MárioCovas, o mais novo deputado,com 26 anos, já disputou comovice a Prefeitura de Santos em2004. Porém recebeu apenas13% dos votos válidos.Em 2007, exercerá seuprimeiro cargo eletivo
Mais jovem
Confira os 94 deputadosestaduais eleitos
NOVA ASSEMBLÉIA
* Os outros 14 estão distribuídos entre o PPS,PSOL, PMDB, PL, PP, Prona, PDT, PSC e PSB
(N): novo
Adriano Diogo; Ana Do Carmo;Donisete Braga; Roberto Felício;Maria Lúcia Prandi; VanderleiSiraque; Fausto Figueira; SimãoPedro; Mário Reali; CarlinhosAlmeida; Sebastião Almeida;Hamilton Pereira; VicenteCândido; Antônio Mentor; RuiFalcão (N); Zico; Marcos Martins(N); Ana Perugini (N); Cido Sério(N); José Cândido (N)
PT
Aldo Demarchi; Gilson De Souza;Rodrigo Garcia ; João Mellão Neto(N); Edmir Chedid; Gil Arantes(N); Darcy Vera (N); André Soares(N); Estevam Galvão (N); JoãoBarbosa (N); Bispo Zé Bruno (N);Milton Leite (N)
PFL
Padre Afonso Lobato; RitaPassos (N); Vanessa Damo (N);Major Olímpio (N); EdsonGiriboni (N); Reinaldo Alguz (N);Chico Sardelli (N); Feliciano (N)
PV
Roberto Morais; Dr. Gondim;Vitor Sapienza (N); AlexManente (N); David Zaia (N)
PPS
Rogério Nogueira; JoséBittencourt; Geraldo Vinholi;Rafael Silva; Haifa Madi (N)
PDT
Coronel Edson Ferrarini; WaldirAgnello; Conte Lopes; CamposMachado
PTB
Baleia; Caruso; Uebe Rezeck (N);Ed Thomas (N)
PMDB
Valdomiro Lopes; ViníciusCamarinha; Jonas Donizette;Luciano Batista (N)
PSB
Carlos Giannazi (N); RaulMarcelo (N)
PSOL
Pedro Tobias; Vaz De Lima;Analice Fernandes; Célia Leão;Orlando Morando; Maria LúciaAmary; Mauro Bragato; CelinoCardoso; Roque Barbiere;Rodolfo Costa E Silva; JoãoCaramez; Roberto Engler; JoséAugusto (N); Paulo AlexandreBarbosa (N); Beraldo; BrunoCovas (N); Barros Munhoz (N);Celso Giglio (N); Samuel Moreira(N); Antônio Carlos (N); MarcosZerbini (N); Ricardo Montoro(N); Roberto Massafera (N)
PSDB
Gilmaci Santos (N); OtonielLima (N)
PL
Said Mourad; Lélis Trajano (N)
PSC
Russomanno (N); Curiati (N)
PP
Patrícia (N)
PRONA
PT tenta armar coalizaçãooposicionista contra Serra
saibamais
29 deputadosperdem areeleição
.................................................................................DA EQUIPE DE TREINAMENTO
Dos 43 deputados quedeixam a Assembléia emmarço de 2007, 29 tenta-ram a reeleição e perde-ram. Segundo Celso Ro-ma, esse número seriamais um indicativo de re-novação dentro dos parti-dos e uma mudança doperfil dos candidatos elei-tos para o Legislativo.
Entre os que perderam,estão personagens antigosda política como AfanásioJazadji (PFL). O deputadose elegeu pela primeira vezpara a Assembléia em 1986e, em 2002, foi o mais vo-tado da coligação PSDB-PFL, com 157.602 votos.
Afanásio apresentoupropostas polêmicas du-rante os seus 20 anos dedeputado estadual, como arevogação da lei contradiscriminação de orienta-ção sexual em 2003.
O político também de-fende a pena de morte noBrasil e já foi acusado pelaIgreja Universal do Reinode Deus de calúnia, injúriae difamação.
Outro deputado esta-dual que não conseguiu sereeleger foi Alberto “Tur-co Loco” Hiar (PSDB), co-nhecido empresário no ra-mo de roupas para jovens.O atual vice-líder do parti-do na Assembléia estáexercendo o segundomandato.
Do PT, o líder na Assem-bléia, Ênio Tatto, tambémnão conseguiu se reeleger.Romeu Tuma Jr. (PMDB),filho do senador RomeuTuma, também perdeu em2006. Durante os quatroanos de mandato, o depu-tado aprovou 19% dos pro-jetos propostos.
Entre os que deixam aAssembléia, 13 concorre-ram a deputado federal,ocorrendo uma migraçãode cargos dentro partido.Apenas a Doutora MariaAlmeida não se candida-tou a nenhum cargo.
Do interiorDos 44 novos deputados
eleitos, 59% vêm do inte-rior, dado comum segun-do analistas políticos con-sultados pela Folha.
Seis mulheres forameleitas, entre elas a maisvotada dos novos, DarcyVera do PFL (leia quadronesta página).
Os jovens também ocu-param maior espaço naAssembléia para 2007—sete dos novos deputa-dos eleitos têm menos de30 anos.(CRE KM)
PV, partido com a quarta maior bancada eleita, sinaliza aliança com PSDB e PFLOposição tentará formarcoalizão pluripartidária;líder do PT diz que o desafioé não deixar o Legislativo serum braço do Executivo................................................................................................CAROLINA RANGELKRISHNA MONTEIRODA EQUIPE DE TREINAMENTO
Para evitar que o governadoreleito de São Paulo, José Serra,consiga construir uma maioriafolgada na Assembléia Legisla-tiva, o PT paulista irá adotar noEstado a mesma estratégia se-guida pelo governo Lula noCongresso: a formação de umaaliança pluripartidária.
A estratégia tenta dificultar avida de Serra, que, segundoanalistas políticos ouvidos pelaFolha, terá facilidade paraaprovar projetos na Assem-bléia: tem 35 deputados e podeconquistar o apoio dos 8 inte-grantes do Partido Verde (PV),chegando a 45,7% da Casa.
Domingos Fernandes, presi-dente do PV, disse ter conver-sado com o governador eleito,José Serra, e afirmou que o par-tido deverá apoiar o governo naAssembléia.
No entanto, o partido aindanão anunciou formalmente oapoio. “Em tese, o PV participa-rá do governo Serra.”
Mas para Ênio Tatto, líder doPT na Assembléia, o apoio dequase metade dos deputados aSerra ainda não é definitivo.
Tatto afirmou que o PT pau-lista irá conversar com os ou-tros partidos para formar umacoalizão pluripartidária queatuaria da seguinte forma: emvez de garantir a governabilida-de do Executivo, viabilizaria aoposição.
Dessa forma, o PT estadualpretende impedir que a Assem-bléia seja apenas um braço dogoverno de José Serra, comoaconteceu nos seis anos do go-
verno de Geraldo Alckmin. “OPSDB tinha a maioria, o gover-nador enviava projetos com ur-gência, que eram aprovados”,afirmou Tatto, que não conse-guiu se reeleger.
Para o líder do PT, a situaçãosomente se reverteu nos últi-mos dois anos da atual legisla-tura, com a eleição de RodrigoGarcia (PFL) para a Presidên-cia da Assembléia.
Segundo Tatto, a estratégiade coalizão partidária deveráser repetida em todos os Esta-dos em que os petistas não fo-ram eleitos para governador.
Rachel Meneguello, cientistapolítica da Unicamp (Universi-dade Estadual de Campinas),afirma que Serra, assim comoAlckmin, por já possuir 35 ca-deiras entre PSDB e PFL, deve-rá ter uma situação confortávelem relação ao Legislativo.
“Com o apoio de pequenospartidos da direita e do centro,[Serra] contará com a maioriapara aprovações de projetos eno impedimento de instalaçõesde CPIs (comissões parlamen-tares de inquérito) pela oposi-ção”, afirmou Meneguello.
Nova composiçãoA renovação da Assembléia é
derivada das mudanças ocorri-das dentro dos partidos, dizemos analistas. Políticos jovens,com fortes bases no interior edesvinculados da imagem tra-dicional do partido se destaca-ram nestas eleições.
Celso Roma, cientista políti-co da USP (Universidade de SãoPaulo), é um dos que sustentamessa idéia. Para Roma, o índicede renovação de deputados naseleições deste ano (47%) semanteve na média das votaçõesanteriores (44% em 2002 e50% em 1998).
Ele afirma que há dois tiposde renovação na AssembléiaLegislativa: uma eleitoral, queestá relacionada com a prefe-rência dos eleitores nos candi-datos, e a partidária, na qual,dentro do próprio partido, cha-pas não são aceitas e começa-sea investir em novos nomes.
O PSDB e o PFL foram ospartidos que mais renovaramos seus quadros, respectiva-mente dez e oito deputados.“Seus candidatos mais jovens eoriginários do interior de SãoPaulo se destacaram e vence-ram nas urnas seus correligio-nários com maior experiênciaparlamentar”, afirma Roma.
Outro partido com expressi-va renovação foi o PV. Dos 8 de-putados eleitos, 7 são novos.
Cláudio Couto, professor deciência política da PUC-SP,concorda com a idéia. “Pareceque houve uma mudança noperfil de quem se elegeu.”
“A disputa dentro dos parti-dos é maior do que entre eles”,afirma Jairo Nicolau, pesquisa-dor do Iuperj (Instituto Uni-versitário de Pesquisas do Riode Janeiro).
Os paulistas elegeram 44 no-
vos deputados estaduais, quetomarão posse no dia 15 demarço do ano que vem. Dos 43deputados que deixarão a As-sembléia, 29 tentaram reele-ger-se e perderam (leia texto aolado). Ao todo, 94 deputados fo-ram eleitos.
InteriorizaçãoO presidente do PSDB de São
Paulo, Sidney Beraldo, afirmouque uma das razões para o su-cesso eleitoral do partido foi apriorização do voto proporcio-nal e o investimento em candi-datos do interior.
Beraldo destacou o foco emlideranças regionais e a escolhade nomes competitivos paraconcorrer à Assembléia.
Domingos Fernandes, do PV,apontou a mesma estratégia deenraizamento fora dos grandescentros urbanos como motivopara a expansão de sua banca-da. Dos oito deputados eleitospela sigla, apenas um, MajorOlímpio, vem da capital.
Já o PT adotou a estratégiade apostar em nomes fortes econhecidos, segundo Ênio Tat-to. Os cinco novos deputadoseleitos pelo partido já foram ve-readores e são militantes histó-ricos. Um exemplo seria RuiFalcão, candidato a deputadocom maior votação em SãoPaulo, que já se sentou nos ban-cos da Assembléia em legislatu-ras anteriores.
O partido que permaneceucom o mesmo número de ca-deiras, quatro, foi o PMDB.Dentre os eleitos, dois foramreeleitos.
Para Celso Roma, o partidoestá minguando, mas é impor-tante a sua sobrevivência noEstado e no país por ser de cen-tro. “Eles são os fiéis da balan-ça, pois são de centro. O PMDBé fundamental num sistemamultipartidário como o brasi-leiro para construir coalizões”,afirma o analista.
PV TERÁ A QUARTA MAIORBANCADA DA ASSEMBLÉIAOpartido dodeputadofederalFernandoGabeirafoiasurpresaparaosanalistaspolíticos.OPVconseguiutrês cadeirasamaisemrelaçãoa2002.E, dos8deputadoseleitos,7são estreantesnaAssembléia.
Petistas não lideram nas cidades que governam................................................................................................DA EQUIPE DE TREINAMENTO
A coligação PT-PC do B nãoconseguiu obter o maior núme-ro de votos para deputado esta-dual em 75% das cidades emque elegeu prefeito em 2004.
O dado é resultado do cruza-mento da votação das últimaseleições para prefeito e da vota-ção para a Assembléia Legisla-tiva deste ano.
Para Celso Roma, cientistapolítico da USP, parece que háuma tendência do eleitor coor-denar seu voto de acordo com ocandidato majoritário. Nessecaso, o voto de deputado esta-dual com o de governador.
Em 2004, PSDB e PFL elege-ram os prefeitos de 197 cidades.Em 2006, os partidos obtive-ram o maior número de votospara deputado estadual em 170desses municípios. Em termospercentuais, portanto, os tuca-
nos e pefelistas tiveram o me-lhor desempenho para deputa-do estadual em 86,3% das cida-des em que conquistaram o car-go de prefeito.
Já a coligação PT-PC do Bapresentou uma tendência dis-tinta. Em 2004, por exemplo,os petistas conquistaram 36prefeituras paulistas. Nesteano, a coligação foi a mais bemvotada para deputado estadualem nove cidades. Ou seja, teve25% de aproveitamento.
Entretanto, se considerar-mos a característica do partidode concentrar votos em gran-des centos urbanos, segundoRachel Meneguello, os dadosmudam para o PT. Das 12 cida-des em que obteve mais de 10mil votos para prefeito em2004, o partido alcançou maiorvotação para deputado esta-dual em seis delas. Ou seja, 50%—um resultado melhor do que
o anterior, mas ainda assimbem longe da marca obtida peloPSDB e PFL.
Em seus redutos tradicio-nais, o PT teve desempenhosdistintos. Foi o mais bem vota-do para deputado estadual emSanto André, Diadema e Gua-rulhos, mas perdeu para a coli-gação PSDB-PFL em Arara-quara e Osasco.
O PFL, por sua vez, confir-mou a sua vocação de partidoenraizado no interior. Todas as56 prefeituras que o partido co-manda desde 2004 represen-tam pequenos centros urbanos.A exceção à regra é a cidade deSão Paulo, onde Gilberto Kas-sab assumiu o comando doExecutivo após a saída de JoséSerra, atual governador eleito.
Alinhamento na votaçãoCelso Roma afirma que “há
uma congruência do desempe-
nho dos partidos na eleição ma-joritária e na eleição proporcio-nal. De certa maneira, os eleito-res coordenaram os dois votosque eles tinham na eleição esta-dual, um voto para governadore outro para deputado. Quandoos eleitores coordenam seusvotos, eles escolhem candida-tos do mesmo partido”.
O mesmo alinhamento seriaobservado nos resultados daeleição estadual de 2006 e damunicipal de 2004. “Em cida-des onde o prefeito é do PSDB edo PFL, o eleitorado votou emcandidatos desses partidos pa-ra governador e para deputadoestadual”, afirma Roma.
Para ele, o PT também seriaexemplo de alinhamento elei-toral, pois obteve a maior vota-ção para deputado estadual emseus redutos tradicionais. Ara-raquara e Osasco seriam exce-ções à regra. (CR e KM)
)NA INTERNETVeja relação das cidadesem que cada partido ga-nhou e a votação dos 94deputados eleitos
www.folha.com.br/063408
)NA INTERNETVeja íntegra de entrevistacom dois ex-kamikazes,trechos de crônicas de umdeles e vídeos de ataques
www.folha.com.br/063405
especial 4 novoemfolha SEXTA-FEIRA, 8 DE DEZEMBRO DE 2006 ef
Aos 15, o alistamento eraaceito; pilotar, só aos 18 anos
COMO OS KAMIKAZES SE PREPARAVAM
O alistamentoO alistamento eravoluntário. 20 mil jovensse apresentaram àsdivisões kamikazes
A partidaOs kamikazestomavam saquê frio aose despedir da família
A preparaçãoNo treinamento, havia aulas de natação, remo, aviaçãoe matérias ensinadas no colegial. Uma rígida disciplinamilitar era exigida dos kamikazes
O uniformeHavia dois tipos de
uniformes: um deinverno (azul) e outro
de verão (branco)
PuniçõesEra comum superiores aplicarem castigos físicosem alunos, utilizando até tacos de beisebol
Ilust
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o Cun
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Elesnãoconseguirammorrer;hojevivememSPEx-kamikazes que vieram ao Brasil formaram grupo para relembrar a guerra
Bruno Miranda/Folha Imagem
Eles foram retratados emuma reportagem da revista“Realidade” em 1968; 38anos depois, a Folha apurouo que aconteceu com eles................................................................................................ANGELA PINHORENATA SUMMADA EQUIPE DE TREINAMENTO
Quando soube que não iacompletar sua missão, Kanro-ku Yoshida voltou a ter fome.Yasofumi Inoue foi para casa eteve saudades do mar. TokioWakita chorou de tristeza e rai-va. Kiyoshi Tokudome passouquatro dias recolhendo as víti-mas da bomba de Nagasaki.
Eles eram kamikazes. Cadaum, à sua maneira, acabava dedescobrir que não poderia maisse jogar contra um navio norte-americano para livrar o Japãoda derrota iminente na Segun-da Guerra Mundial. Depois deduas bombas atômicas, o impe-rador Hirohito havia anuncia-do a rendição do Japão.
Apesar do passado em co-mum, os quatro só se conhece-ram nos anos 60, no Brasil. Fa-zem parte de um grupo de 16kamikazes que costumava seencontrar em São Paulo paracomer, beber, cantar hinos mi-litares, hastear a bandeira na-cional e lembrar a guerra. Como tempo, os encontros termina-ram. Não se sabe quando foi oúltimo. Cada um se lembra deuma data diferente.
Da guerra, hoje, nem todosgostam de lembrar. Para Inoue,o mais sério, “esse assunto jáchega”. Yoshida, que trabalhano seu sítio em Jacareí, tam-bém não quer mexer no passa-do. Tokudome só fala se tiverum companheiro daquele tem-po ao lado. E Wakita, de inícioresistente, certo dia ligou para aFolha: “Quero colaborar”.
Sonhos de um jovemWakita é risonho. Solta uma
gargalhada até quando lembrados duros treinamentos paraser kamikaze: “Eu tinha 15anos. À noite, chorava [risos].Saudades de mãe. ‘Mamãe!’, eugritava [gargalhadas]”.
Suas mãos ganhavam bolhase sangravam. Apanhava com ta-cos de beisebol —“doía tantoque parecia sair fogo dosolhos”. Ainda assim, ele se lem-bra do período com nostalgia.Dos treinamentos ou da juven-tude? “Dos dois.”
“Naquela época, entrar naMarinha ou no Exército signifi-cava, eventualmente, morrer.Por isso, mamãe me pediu paraesperar até os 20 anos [quandoo alistamento era obrigatório].Mas eu falei: ‘Não! Se esperar,guerra termina’. E eu fui.”
Wakita tomou o saquê frio dedespedida e partiu. Levava umaespada e, amarrada ao corpo, abandeira japonesa com pala-vras heróicas escritas por cole-gas e professores do ginásio. Notrajeto até a estação, os mora-dores da cidade o acompanha-ram cantando hinos nacionais.
Quando veio ao Brasil, Waki-ta trouxe a bandeira. Repetindoo gesto de 62 anos atrás, ele aamarra ao corpo, orgulhoso.
O que ocorreu após o alista-mento ele narra em crônicas dejornais da colônia japonesa. Foipor meio de uma delas que, em1965, o grupo de 16 kamikazesse formou em São Paulo.
Após ler “Sonhos de um Jo-vem”, Minoru Makita, OsamuHarada e Ryuji Yoshioka o pro-curaram e colocaram um anún-cio no jornal para tentar reuniroutros kamikazes. Deu certo.Por anos, eles se reuniram,principalmente, no bar de Ha-rada, o Yosakoi, na rua dos Es-tudantes, na Liberdade.
Wakita diz que o bar fechouna década de 70. Mas eles con-tinuaram se encontrando “on-de tinha saquê”. “Como eu nãotomo álcool, fico só olhando.Tomo coca-cola.” E Tokudo-me? Wakita ri: “Pinga!” O ami-go concorda. “Saquê já é outracoisa, né? Para mim, é ou pingaou uísque. Só bebida forte.”
Salvar a pátriaTokudome mostra orgulhoso
a faixa usada pelos pilotos sui-cidas em que se lê, em ideogra-mas japoneses, a palavra ‘kami-kaze’. Não chegou a usá-la.
Ele se alistou aos 15 anos.“Tinha que salvar a pátria, né?”Treinava em Nagasaki. Quandoa bomba atômica foi jogada so-bre a cidade, estava a 20 km doepicentro da explosão. Foi re-colher corpos e destroços. “Sal-vação é outra coisa. Nós só fa-zíamos limpeza. Machucado,morto, íamos juntando tudo.”
Tokudome não teve seqüelasda bomba. Tem direito a exa-mes médicos anuais no Japão,mas só foi lá uma vez. “Não ti-nha nada, aí larguei, né? Até ho-je estou desse jeito.”
Combate internoQuando Minoru Makita saiu
de casa para se tornar um kami-kaze, sua mãe não quis se des-pedir dele. “Ela estava na cozi-nha, ele falou: ‘Vou embora,mãe’. E ele não olhou para trás,ela também não.”
Quem conta é Carmen Ribei-ro Makita, que o conheceu noAmazonas em 1953, recém-chegado do Japão. No ano se-guinte, ao partir para o interiorde São Paulo, ele lhe deixou umleque com a frase: “Eu voltareipara você um dia”.
Apesar do apelido de “papa-gaio falador”, ele ficou cincoanos sem dar um sinal de vida.Ela já havia perdido a esperan-ça de que a promessa se cum-prisse. “Eu estava deslumbra-da. Nunca tinha visto um japo-nês.” Mas, um dia, ele voltou e alevou para São Paulo.
Na capital paulista, Makitaganhou influências ocidentais:virou cristão e fã de Frank Sina-tra. Carmen se adaptou à cultu-ra do marido. Mesmo assim, as-sustava-se quando ele batia namesa e dizia que, se “a demo-cracia ou o cristianismo” esti-vessem em risco, diria a Geor-ge, o primogênito: “Morra!”
O filho, hoje arquiteto, diz tercrescido pensando naquela fra-se. “Meu pai me ensinou a nun-ca descartar os ideais, assim co-
mo o ensinaram.” Ele contaque, quando o pai voltou daguerra, os avós acharam que eletinha desertado. Makita disse:“Eu cumpri minha missão”. Sóentão os avós o receberam:“Então pode entrar”.
Nos anos 80, Makita abriuuma academia de caratê. “Aidéia era combater a violênciadentro de si”, diz George.
Em 2001, Makita morreu.Deixou saudades em Carmen.“Ele era a minha voz, eu me co-municava através dele.”
DispersãoA morte de companheiros e a
idade provocaram a dispersãodo grupo. Sabe-se que, nos anos70, Osamu Harada fechou seubar e, alguns anos depois, vol-tou para o Japão.
Shohei Matsuzake, segundoseu filho, participou das reu-niões até morrer, em 1997.
Ryuji Yoshioka tambémmorreu. Sua filha não quer falardo passado. “Não acho que elegostaria que mexessem nisso.”
Dos outros, nada se soube.
Acima, Wakita eTokudome combandeira e faixa daépoca. Ao lado, foto dogrupo em 1968. Em pé:Inoue; Yoshioka;Harada; Matsuzake;não identificado;Yoshida. Sentados: nãoidentificado;Matsukuma Takeo;João Sussumu Hirata,deputado amigo dogrupo; Makita. F
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[DragãoImperial emjaponês]
[TSUI OKU, MEMÓRIA EM JAPONÊS]
Não há pior desgraça que um filhomorrer antes dos pais. Isso foge à ordemnatural das coisas. No entanto, vou morrerpela pátria. Agradeço a vocês por estes 18anos felizesKANROKUYOSHIDAemcartadedespedida paraa família
Se a guerra se prolongasse por mais umano, aí eu já tinha idoTOKIOWAKITAcontando que escapou damortepor pouco
Eu tinha 15 anos. À noite, chorava [risos].Saudades de mãe. ‘Mamãe!’, eu gritava[gargalhadas]WAKITAsobreos treinamentos dos kamikazes
Japão estava perdendo, né? Todo mundo,jovem, tinha espírito naquele tempo.Agora mudou. Jovem de hoje não tem essetipo de espírito, nãoWAKITAexplicando por que se alistou paraserkamikaze
Nós hasteávamos esta bandeira,cantávamos o hino nacional (do Japão),fazíamos bagunça, né?WAKITAsobre asreuniões com ex-kamikazes
Eu voltarei para você um diaMINORUMAKITAem bilhete deixadopara suafutura mulher,Carmen Ribeiro
Gente ruim não morreMAKITAàsgargalhadas, para a revista “Realidade”em 1968
Se um dia for preciso lutar pelo Brasil, poruma causa que eu e ele achemos justa,quero que meu filho George seja umkamikaze na defesa da democracia e docristianismo. Eu serei o primeiro a lhedizer: morra!MAKITApara a revista “Realidade”em 1968
Makita já faz tempo que faleceuKIYOSHITOKUDOMEquestionadosobreo que achavadessepensamentodeMakita
Tem uma fotografia de um monumentocom 3.000 nomes de kamikazes quemorreram. Se a bomba atômica nãotivesse caído, o nome do meu pai estaria láYUSSUKEASHIHARAfilho de um kamikaze que nãomorreu
ef SEXTA-FEIRA, 8 DE DEZEMBRO DE 2006 novoemfolha especial 5
Entre 2.000 e4.000 kamikazesmorreram emataques suicidas
ENTENDA OS ATAQUES KAMIKAZES
No ar ou no marOs ataques podiam ser feitos por meiode aviões ou barcos, que carregavam250 kg de explosivos e partiam apenascom combustível de ida
ArmamentoO modelo de avião mais utilizadopelos kamikazes era o caça Zero
AlvosOs ataques
afundaram 34navios norte-americanos e
atingiramcentenas de
outros
O primeiro ataqueA idéia de um ataque suicida comoestratégia militar é atribuída aoalmirante Takijiro Onishi. O plano foianunciado em 1944, seis dias antes doprimeiro ataque kamikaze
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Danilo Verpa/Folha Imagem
CRONOLOGIA DOS KAMIKAZES
1274 >> Navios mongóis, comandados por Genghis Khan (foto),tentam invadir o Japão, mas são repelidos por fortes ventos, que osjaponeses chamam de kamikazes (kami=deus, kaze=vento). O mesmoocorre em 1281
1939 >> Início da Segunda Guerra Mundial. O Japão já estavaem guerra contra a China desde 1937
7.dez.1941 >> O Japão ataca a base militar norte-americanaem Pearl Harbor, no oceano Pacífico. Os EUA entram na guerra
21.out.1944 >> Entre esta data e 15 de agosto de1945, 647 divisões militares “kamikazes” são formadas
25.out.1944 >> Perdendo a guerra, o Japão realiza o primeiroataque kamikaze. Os alvos eram, em geral, porta-aviões (na foto,bombeiros apagam incêndio em navio dos EUA após ataque kamikazeem out.1944)
6.ago.1945 >> Os EUA lançam uma bomba atômicaem Hiroshima e, três dias depois, em Nagasaki
15.ago.1945 >> Os japoneses ouvem pelo rádio a rendiçãodo imperador Hirohito (na foto, prisioneiros japoneses na ilha de Guam,no momento da rendição)
Reprodução
Associated Press
Família Makita/Arquivo pessoal
Reprodução
France Presse
Yussuke e Saeko, filho e mulher do ex-kamikaze ManabuAshihara; no detalhe, foto de Ashihara em seu sítio em 2006
Bomba atômica salvou avida de Manabu Ashihara‘Ex-kamikaze’deNagasakiescapou damorte5vezes................................................................................................DA EQUIPE DE TREINAMENTO
A bomba atômica lançada so-bre Nagasaki, em 9 de agosto de1945, provocou a morte de mi-lhares de pessoas, mas salvouManabu Ashihara, hoje com 77anos. O acontecimento, queprecipitou o fim da SegundaGuerra Mundial, obrigou o jo-vem de 16 anos a cancelar umcompromisso marcado para odia 21 daquele mês: morrer.
Naquele dia, ele usaria umbarco carregado de explosivospara se chocar com um navionorte-americano.
Foi a segunda das cinco vezesem que ele escapou da morte.Um ano após se alistar, aos 15,ele caiu no mar com o avião emque treinava. O instrutor mor-reu, mas Ashihara se salvou. ACorte Marcial o proibiu de pilo-tar aviões, mas permitiu que elecumprisse, de barco, sua mis-são de kamikaze.
Quando a bomba atômicacaiu, ele estava na casa dosavós, na própria cidade de Na-gasaki. Sua tia, única da famíliaa saber da missão, já havia colo-cado seu retrato no “butsudan”,altar em que os japoneses ho-menageiam os mortos.
Por ser militar, Ashihara foidestacado para socorrer as víti-mas. “De 11 de agosto, ao meio-dia, quando ele foi chamado,até o anoitecer do dia 12, ele fi-cou sem comer, sem beber, sórecolhendo corpos dentro dorio Urakami, que estava verme-lho de sangue”, diz Yussuke, ooitavo e último filho de Ashiha-ra com sua mulher, Saeko.
“Ele conta que, quando pega-va as vítimas, só vinha a pele namão, os ossos ficavam. Quandominhas irmãs faziam churras-co, ele não comia.”
SortePor ter sobrevivido à bomba,
Ashihara está em Nagasaki háum mês fazendo os exames mé-dicos anuais pagos pelo gover-no japonês. Como não teve se-qüela da radiação, é tambémobjeto de estudos científicos.
Ele não pôde falar à Folhaporque sua família não tem seutelefone no Japão: “Ele só ligaquando vai voltar: ‘vôo tal nú-mero tal”, diz Yussuke. “Minhamãe gosta que ele fique bastan-te tempo lá”, brinca. Saekoconfirma com uma gargalhada:“Sossego, né?”
Enquanto os cientistas nãotiram conclusões, Yussuke temuma hipótese para o fato de opai ter se salvado tantas vezes:“Acho que ele tem saúde de fer-ro”, diz, com expressão séria.
Não é só ele que pensa assim.Em 1967, em Atibaia, um mêsapós chegar ao Brasil, Ashiharacaiu de trator de uma ponte decinco metros de altura. “Aspessoas passavam a mão nelepara pegar um pouco de sorte.”
Foi a mesma sorte que o sal-vou de uma cirurgia para reti-rar um coágulo no cérebro apósum acidente de carro em 2001.
BrasilAshihara vive hoje com a fa-
mília em um sítio em Embu(Grande São Paulo), onde culti-va bonsais. Gosta de pescar, to-car violão e contar suas histó-rias. “55 anos de casado, tudofala, né?”, comenta Saeko.
Os dois se casaram em 1950e, em 1967, vieram para o Bra-sil. “A Rússia ameaçava provo-car uma terceira guerra”, dizYussuke. “Meu pai queria segu-rança para a família.”
No Brasil, encontraram pes-soas que acreditavam na vitóriado Japão na guerra. “Morreramacreditando”, diz Saeko. Se oscontrariavam, o casal era cha-mado de “malcriado”.
Mas Ashihara não vê comodesonra a derrota. Pelo contrá-rio, segundo Yussuke, acha queo país deveria ter se rendido an-tes, quando caiu a primeirabomba atômica, em Hiroshima.
Questionado se compreendepor que seu pai ofereceu a vida,Yussuke responde entre sério ebrincando: “Nessa época, os jo-vens do Japão eram meio doi-dos. Para lutar pelo país, nãomediam conseqüências”.
saibamais
Estratégiakamikaze nãoera eficaz..............................................................................DA EQUIPE DE TREINAMENTO
“Kamikaze” é o nomedado aos ataques suicidascometidos pelos japone-ses no final da SegundaGuerra (1939-1945). Aprimeira ofensiva ocor-reu em 25 de outubro de1944 contra um navionorte-americano na cos-ta de Leyte, nas Filipinas.
Na ocasião, as forçasmilitares japonesas já es-tavam bastante enfra-quecidas e, segundo opesquisador japonês Koi-chi Mori, veio à tona acrença de que só uma for-ça divina poderia salvar oJapão, como acreditavamter ocorrido nas invasõesdos mongóis no século 13.
Para Emiko Ohnuki-Tierney, da Universidadede Wisconsin (EUA), eleseram adolescentes ouuniversitários altamenteeducados. Segundo ela,eram “voluntários força-dos”, movidos pelo fortesentimento de obrigaçãocom a pátria existente noJapão. Ainda assim, osataques eram “militar-mente muito ineficazes”.
De acordo com o histo-riador Eduardo Basto, daUnesp (Universidade Es-tadual Paulista), o suicí-dio já estava presente noscódigos cavalheirescos doJapão e seu uso para finsmilitares foi populariza-do a partir do século 13.
especial 6 novoemfolha SEXTA-FEIRA, 8 DE DEZEMBRO DE 2006 ef
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Suindara adestrada porfalcoeiro na GranjaViana, em São Paulo
PaulistanosreencenamcaçacomfalcõesAves de rapina viram animais de estimação e seus donos simulam em São Paulo rituais de caça disseminados na Idade Média
................................................................................................PAULO DE ARAUJOSALVATORE CARROZZODA EQUIPE DE TREINAMENTO
Ainda de madrugada, falcõesencapuzados e um cachorrobraco alemão são transporta-
dos para um descampado planopovoado de aves para persegui-ção. Os donos carregam umaparafernalha de falcoaria —ca-çada com aves de rapina— econdicionam os falcões a so-brevoar a área enquanto o ca-chorro reconhece o terreno.
A cena parece tirada do ima-ginário da Idade Média, masacontece pelo menos duas ve-zes por mês em cidades comoAraçoaiaba da Serra e America-na, no interior de São Paulo. Oque se pratica é uma simulação,já que a caça esportiva é proibi-da no Brasil. Os falcões sãoadestrados para praticar vôoslivres e voltar para o punho dodono, ao som do apito ou do gri-
to, enquanto o ca-chorro corre pe-
lo terreno efareja presas
potenciais.O progra-m a d u r atoda a ma-nhã, antesque o sol fi-que forte ec a n s e o sanimais.
Y u r iGrecco, An-dré Bizutti e
A l e x a n d r eOlio são alguns
dos poucos adeptos
da falcoaria no país. Conhecidahá pelo menos 3.000 anos ebem disseminada na Europamedieval, a falcoaria soa maisremota no Brasil, onde não hátradição no assunto e a referên-cia científica é pouca.
Aqui, a história começoucom os filmes que romancea-vam a Europa medieval. As ce-nas de águias usadas como ar-mas de caça chamaram a aten-ção de Guilherme Queiroz, 35,um dos precursores da falcoa-ria no Brasil e hoje presidenteda Associação Brasileira de Fal-coeiros e Preservação de Avesde Rapina (ABFPAR).
Isso era por volta de 1982.Queiroz via os filmes e pedia in-formações sobre falcoaria jun-to a embaixadas de países comoa Inglaterra e os Emirados Ára-bes. Mandava cartas e, às vezes,demorava três meses até teruma resposta.
Hoje, além da ABFPAR, exis-tem duas outras associações defalcoeiros no Brasil: a Associa-ção Paulista de Falcoaria (APF)e a Associação Mineira de Fal-coaria (AMF). No orkut, a co-munidade Falcoaria Brasil tem747 membros e dezenas de tó-picos de discussão, mas osadeptos “sérios” da prática se“contam nos dedos”, diz o en-genheiro André Bizutti, 31, pre-sidente da APF.
A falcoaria demanda tempo,especialmente no trato dasaves, mas também envolve ta-refas à parte. Grecco, por exem-plo, mantém uma cultura para-lela de camundongos para ali-mentar seus dois animais e gas-ta cerca de uma hora e 30 mi-nutos por dia na lida da falcoa-ria. Alguns equipamentos, co-mo as correias e o capuz para asaves, são confeccionados pelopróprio falcoeiro.
O treino das aves de rapinaaté que possam voar livremen-
te leva entre 25 e 30 dias. O pri-meiro passo é o amansamento,em que a ave passa a se acostu-mar com a presença do falcoei-ro. Em seguida, vem uma sériede exercícios de vôo para o pu-nho ou partindo de árvores.
A última etapa é no campoaberto, com uma isca artificial(lure) que mimetiza as presasdo rapinante e é girada no arpelo falcoeiro. Em dois meses, oanimal está pronto para prati-car falcoaria. Durante o ades-tramento, a ave de rapina é sub-metida a uma dieta para que al-cance o peso certo para voar.
Falcoaria modernaAs técnicas da falcoaria mo-
derna podem ser empregadasno controle de pragas e na rea-bilitação das aves de rapina.
De acordo com Thomas Ro-mig, gerente de segurança daConselho Internacional de Ae-roportos (ACI), em alguns ca-sos a falcoaria é empregada co-mo uma solução de segurançanos aeroportos. Por serem pre-dadores de outras aves, falcõese gaviões podem ser treinadospara afugentar pássaros queoferecem risco de colisão comaeronaves.
Conforme manual do ACI so-bre prevenção de acidentes en-volvendo aves em regiões aero-portuárias, porém, o método “écomplicado e custoso”, além detrazer um possível efeito con-trário e aumentar o risco de co-lisões com os pássaros.
Apesar da advertência, o bel-ga Patrick Morel, que acaba dedeixar a presidência da Asso-ciação Internacional de Falcoa-ria (IAF), diz que há falcoeirostrabalhando em aeroportos depelo menos dez países euro-peus. “Temos experiênciasbem-sucedidas, na Espanha es-pecialmente, em que houve re-dução drástica de incidentesentre aves e aeronaves.”
No Brasil, em 2005, o Cenipa(Centro de Investigação e Pre-venção de Acidentes Aeronáu-ticos) registrou 480 colisõescontra 441 no ano anterior.
Ainda sem regulamentaçãono Brasil, a falcoaria á praticadaapenas como hobby e não háprojetos para que seja empre-gada em aeroportos.
Ibama discuteregulamentaçãoda falcoaria
Proprietários querem quegoverno regulamente aatividade; criação emcativeiro é permitida, mas acaça é proibida por lei
.................................................................................DA EQUIPE DE TREINAMENTO
Falcoeiros e órgãos depreservação ambientaltravam uma batalha de ar-gumentos sobre a legalida-de ou não da falcoaria. Es-tá em debate no Ibamauma instrução normativaque regulamenta a práticapara controle de fauna ereabilitação de aves de ra-pina, mas há divergênciasdentro do próprio órgão.
Segundo Marcelo Al-meida, analista ambientaldo Ibama em Brasília, a in-tenção é que os falcoeirossejam divididos em cate-gorias —aprendiz, júnior,sênior e mestre—, e o Iba-ma componha uma mesapara discutir acordos decooperação. “Podemostrabalhar no combate à in-festação de pombos emgalpões de grãos ou praçaspúblicas e usar as aves derapina nas regiões aero-portuárias”, diz Almeida.
A seção do Ibama emSão Paulo, porém, colocadúvidas sobre a eficiênciada falcoaria como controlede pragas e considera uma“falácia” o emprego daprática em aeroportos.
O órgão diz que, em2005, 436 aves de rapinaforam apreendidas ou en-contradas machucadas.
O falcoeiro Yuri Greccopede uma chance para co-locar a experiência emprática no Brasil. “Estáprovado que a falcoaria dácerto como controle defauna. Queremos uma ten-tativa”, afirma.
A caça, a captura, o co-mércio ou a manutençãoem cativeiro de aves de ra-pina sem autorização sãocrime —a pena pode ser deseis meses a um ano de de-tenção. (PA e SC)
Alguns materiais, como o capuz, sãoconfeccionados pelo falcoeiro
Iscas (lure) Objeto que seassemelha à presada ave de rapina.Serve paracondicionar aave durantetreinamento de vôo.Pode ser de doistipos: aérea, quemimetiza aves, ede chão, quemimetiza presasrasteiras, comoroedores
CapuzColocado sobre a cabeça, cobreos olhos da ave de rapina,tornando-a mais dócil
Poleiro em arcoServe para acomodar a ave de rapina.Acompanha um feltro para servir deapoio em caso de queda
LuvaProtege o falcoeiro das garras afiadasdas aves de rapina e mantém oanimal atrelado ao punho por umacorreia presa à pata
TelemetriaCom um transmissor implantado na ave de rapinae um receptor em mãos, o falcoeiro pode localizarsuas aves a uma distância de até 10km
Bird Launcher
Espécie de catapulta,arremessa ao arpássaros que servirãocomo presas para asaves de rapina. Pode ser
acionada àdistância porcontroleremoto
ApitoProporciona a comunicaçãoentre o falcoeiro e a ave
Fonte: Associação Paulista de Falcoaria
EQUIPAMENTOS DE FALCOARIA
Falcão treinadoem simulação decaça emAmericana
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)NA INTERNETVeja maisinformaçõessobre falcoaria, vídeos decaças simuladas e a histó-ria da prática no mundo
www.folha.com.br/063406
ef SEXTA-FEIRA, 8 DE DEZEMBRO DE 2006 novoemfolha especial 7
Fotos Juliana Laurino, Ricardo Nogueira e Marcelo Ximenes/Folha Imagem
NYtemcestonaesquina;Londresretirouaslatas Má distribuição de
lixeiras afeta asprincipais vias de SP
R E T R A T O S
................................................................................................DA EQUIPE DE TREINAMENTODE NOVA YORKDE LONDRES
O método de distribuição daslixeiras por Manhattan, em No-va York (EUA), segue um pa-drão simples: todas as encruzi-lhadas das regiões de mais cir-culação de pedestres possuemcestos de lixo —não há equipa-mento no meio das quadras.
O lado negativo é que o pe-destre precisa caminhar até100 m para encontrar um localpara depositar o resíduo.
A prefeitura nova-iorquinapossui um grupo de fiscais quefaz inspeções permanentes nasruas e emite relatórios mensaissobre limpeza. O trabalho daequipe define as estratégiasadotadas para a conservaçãodos espaços públicos.
Situação bem diferente ocor-re em Londres, onde as lixeirasforam removidas das ruas pormedida de segurança contraataques terroristas.
Os equipamentos passaram aser colocados apenas em um li-mitado número de jardins e es-paços abertos, segundo o Cityof London, órgão do governolocal. Ainda assim, os cestos sãoà prova de explosivos.
Mesmo sem contar com li-xeiras, a capital recebeu, pelasegunda vez consecutiva, o tí-tulo de cidade mais limpa doReino Unido, no ano passado.Para manter a limpeza, as ruasde Londres são varridas deduas a seis vezes, em dias de se-mana. À noite, caminhões fa-zem a limpeza mecanicamente.
Limpeza estimula limpezaColocar lixeiras na rua não é
garantia de que os pedestresvão jogar seus resíduos nelas. Aafirmação é da urbanista Cláu-dia Ruberg, doutora em gestãode resíduos sólidos. Além dotrabalho de conscientização docidadão, é preciso manter o am-biente limpo para evitar que adegradação se agrave.
Ruberg cita o metrô de SãoPaulo como exemplo de um lo-cal que é mantido de maneiraeficiente e que estimula o usuá-rio a conservá-lo. “Limpeza es-timula a limpeza. Se o pedestrevê um ambiente que já está su-jo, não é estimulado a procuraruma lixeira; joga ali mesmo.”
Essa colaboração do pedes-tre, para a arquiteta, reduzirianão só o impacto ambiental co-mo também os gastos governa-mentais com varrição.
“Se você joga uma coisa fora,alguém vai ter que tirar aquilodali. E isso vai demandar umesforço, alguém vai ter que var-rer.” Com menos lixo espalha-do, as equipes que trabalhamcom a varrição poderiam ser re-manejadas para outras áreas daconservação urbana.
A recém-aprovada lei decombate à poluição visual emSão Paulo pode favorecer o au-mento da distribuição de lixei-ras pela cidade.
Com a nova norma, a publici-dade deve ficar restrita apenasao mobiliário urbano, o que in-clui papeleiras, pontos de ôni-bus e bancos de praça.
A prefeitura estuda empre-gar a receita gerada pela propa-ganda em projetos para elimi-nar outros aspectos da poluiçãovisual, como, por exemplo, emações como o enterramento defios e cabos.(VINÍCIUS QUEIROZGALVÃO, MARCO AU-
RÉLIO CANÔNICO, DAe FB)
Modelos oficial eparticular (centro) Faltam pelo menos 100 mil lixeiras nos locais mais movimentados;
há ruas cheias de cestos ao lado de outras sem nenhuma lata de lixoLixeira de concreto emesquina da rua Bahia
Reportagem da Folhapercorreu 36 km paraquantificar as papeleiras;problema afeta de regiõesnobres a populares................................................................................................DANIELA ARRAISFELIPE BÄCHTOLDDA EQUIPE DE TREINAMENTO
Faltam pelo menos 100 millixeiras nas áreas de maior cir-culação de pedestres de SãoPaulo. As 40 mil existentes es-tão mal distribuídas, e estima-se que um quinto delas sejamdepredadas no próximo ano.
Em algumas ruas da cidade,como a Joaquim Floriano (zo-na sul), pedestres têm que an-dar até 733 m para se desfazerdo lixo. Na São Caetano (cen-tro), eles nem têm a opção—nos cerca de 1.100 m de ex-tensão de via não há lixeiras.
Das 17 vias e avenidas comer-ciais apontadas pela Fecomér-cio-SP como as principais, pelomenos 10 sofrem com falta delixeiras. O problema afeta des-de os quarteirões de lojas de lu-xo dos Jardins até centros decomércio popular, como o largo13 de Maio (zona sul), por ondecircula 1 milhão de pessoas/dia.
A reportagem da Folha per-correu 36 km em ruas de gran-de circulação de pedestres nocentro e nas zonas norte, sul eoeste, para quantificar as lixei-ras da cidade, no período entre16 e 30 de novembro.
Nesse percurso, foram en-contradas 493. Seguindo osconselhos de especialistas, se-riam necessárias 1.200. O re-sultado é uma amostra do queacontece nas áreas mais fre-qüentadas por pedestres na ci-dade.
Em 2002, a prefeitura esti-mou que seria necessário com-prar 140 mil papeleiras —nometécnico do equipamento. Foiaberta licitação, mas a empresaresponsável “não teve fôlego”para cumprir as metas, segun-do Giuseppe Pagano, diretor doLimpurb (Departamento deLimpeza Urbana).
Para fazer a instalação, a pre-feitura se baseia na observaçãodos técnicos. Quanto maior ofluxo de pessoas em determi-nado local, maior deve ser aquantidade de lixeiras, emboranão haja uma regra para a dis-tância máxima entre elas.
A regulamentação fala ape-nas na distância mínima: emruas comerciais, pontos de ôni-bus, escolas e praças, elas nãopodem estar a menos de 25 muma da outra. Para os demaislugares, o estipulado é 50 m.
Já estudiosos do assunto re-comendam que, em locais mo-vimentados, haja uma lixeira acada 50 m de calçada.
Mas nem a regra oficial nemo padrão recomendado são se-guidos nas áreas visitadas pelareportagem da Folha.
Nos Jardins, ruas com equi-pamento em todas as quadras,como a Santos e a Augusta, sãorodeadas de vizinhas sem lixei-ras (veja mapa abaixo).
A rua 25 de Março, pólo co-mercial da cidade, tem uma li-xeira a cada 81 m, quantidadeque não dá conta do lixo produ-zido pelos 400 mil pedestresdiários. Em uma tentativa decompensar a falta de lixeiras, aequipe de varrição limpa a ruaaté dez vezes por dia.
Na Santa Ifigênia (centro),que concentra lojas de produ-tos elétricos e informática, nãohá lixeiras em 115 m de seus750 m. Papéis, plásticos, restosde comida e panfletos se espa-lham pela rua.
Com problemas freqüentesde alagamento, a rua Direita,também no centro, tem umaúnica unidade em 300 m. “Agente demora quarteirões paraachar lixeira. Se a gente não vê,joga o lixo no chão”, diz a ven-dedora Mônica Barros, 25.
Aproveitando a lacuna, em-presas instalam por conta pró-pria o equipamento, sem per-missão da prefeitura, para ex-plorar publicidade. Por seremirregulares, alguns acabam ar-rancados pela prefeitura.
Outras procuram resolver oproblema em parceria com opoder público. Na rua João Ca-choeira, no Itaim-Bibi, a asso-ciação de lojas local comprou64 lixeiras, fixadas em 500 me-tros dos 1.700 metros da via.
“Uma rua não pode ter lixo,senão não atrai o consumidor”,diz o presidente do Conselhode Ruas Comerciais da Feco-mércio, Felippe Nauffel.
Pela manutenção, que incluio trabalho de três garis, cada lo-
jista desembolsa R$ 80 pormês. Nos outros 1.200 metrosda rua, não é possível encon-trar uma única lixeira.
DepredaçãoAlém de suprir a carência, a
prefeitura precisa repor as li-xeiras destruídas, cerca de 20%por ano, segundo estimativasoficiais. Na praça Silvio Rome-ro, no Brás, a Subprefeitura daMooca teve que reinstalar trêsvezes as 17 unidades do local,desde o ano passado.
Há casos tão críticos e recor-rentes que a opção é aumentara varrição, diz o coordenadorde projetos e obras da subpre-feitura, Francisco Ricardo.
Para Gilson Lameira, arqui-teto e ex-diretor do Limpurb, osistema de instalação, manu-tenção e higienização de lixei-ras é difícil de operar. “A vidaútil [da papeleira] é muito cur-ta, o índice de depredação émuito alto. Não adianta encher[a rua] de lixeira, depois terapenas um terço delas e, então,levar mais três anos para fazeruma nova compra.”
Outra fonte de problema sãoos contratos com as empresasde limpeza. No caso da comprafrustrada na gestão Marta Su-plicy (PT), em 2002, que levouao atual déficit de 100 mil latasde lixo, houve vários entraves.
Em primeiro lugar, o númerode 140 mil foi estabelecido semque se soubesse quantas unida-des havia nem qual seria a de-manda, segundo o então res-ponsável pela compra.
Oito meses depois, o editalfoi suspenso pelo Tribunal deContas do Município. Segundoa prefeitura, a empresa vence-dora, Ecopav Construção e Pa-vimentação, não tinha capitalnem mão-de-obra suficientes.
Já a empresa diz que a pre-sença de camelôs impedia ainstalação dos equipamentos eque não recebeu da prefeitura omapa das tubulações, o que di-ficultava o serviço, entre outrosentraves burocráticos.
Foi a última tentativa de im-plantar um sistema de manu-tenção permanente de papelei-ras. Atualmente não há uma ro-tina na prefeitura de compraanual ou um serviço de substi-tuição das danificadas.
Em 2006, depois de três anossem novas lixeiras, a cidade fezuma compra emergencial de 35mil para as 31 subprefeituras.Na Sé, das 5.000 encaminha-das, 2.600 foram instaladas atéo início de dezembro.
Irregular usada parapublicidade (centro)
Fila de lixeiras naavenida Pacaembu
LIXOBALDE1.7814.0
Balde improvisado em prédio de Higienópolis
No ConjuntoNacional
(acima); lixo nocentro (à dir.)
CIDADE SEM LIXEIRAS
140 mil instaladas pelacidade era a meta da Prefeiturade São Paulo em licitação feitaem 2002. Apenas 8.000 foramfixadas
35 mil foram compradasemergencialmente peloLimpurb em 2006 e distribuídasàs 31 subprefeituras
80 mil é a quantidadede lixeiras que o Rio de Janeirotem a mais que São Paulo,segundo dados das duasprefeituras
20% das lixeiras instaladasem São Paulo são depredadasa cada ano, segundo prefeitura
De metal, em ponto deônibus da República
Depredação emsuporte irregular
)NA INTERNETVeja galeria de fotos,entrevistas e curiosidadessobre asituação daslixeiras nas cidades
www.folha.com.br/063407Na Oscar Freire, nova lixeira, que custa R$ 480
JARDIMPAULISTA
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BELA VISTAZona Sul
O quadrilátero de luxo de São Paulo, nos Jardins, concentra lojas de grife e condomíniosde alto padrão. Mas apenas duas ruas possuem lixeiras em todas as quadras
LUXO X LIXO
Fonte: Reportagem realizada de 16 a 30 de novembro
89% das lixeirasestão fixadas na ruaAugusta e naalameda Santos
0 é o número delixeiras na OscarFreire, que está emreforma. A partir de10/12 a rua terá 20lixeiras —cada umaao custo de R$ 480
R$ 50 é o custode uma lixeira, deacordo com oLimpurb
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Lixeiras
Número de lixeiras é desigual nas 17 principais ruas de comércio de São Paulo
DISTRIBUIÇÃO DE LIXEIRAS
Sul Centro Oeste Norte
Númerode oficiais
Metros entrelixeiras*Rua/avenida
Extensãoem metros
Domingos de MoraesJoão CachoeiraJoaquim FlorianoTabapuãDuque de Caxias25 de MarçoSanta IfigêniaJosé PaulinoSão CaetanoDireitaOriente12 de OutubroTeodoro SampaioOscar FreireAugustaMilton da RochaBenedito Andrade
366430
2932301301
3832
1220
481530
90000
136500
19100012
17253
7330
658150
1300
3004243470
466640
3.1001.7001.1001.700
9501.300
750850
1.100300800700
2.9001.0301.115
500600
Fonte das ruas: Fecomércio-SP* Média contabiliza apenas lixeiras da prefeitura
Melhordistribuição
Piordistribuição
Maisirregular
Númerode irregulares
especial 8 novoemfolha SEXTA-FEIRA, 8 DE DEZEMBRO DE 2006 ef
Renato Stockler - 2.dez.2006/Folha Imagem
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Fimdeprogramahabitacionalforçavai-e-vemporSPPrefeitura diz que não vai renovar Bolsa Aluguel por mais30 meses; famílias temem peregrinação à procura de casa
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? Moradora chega a se mudaruma vez a cada um ano emeio; proprietário reclamade atrasos e de não receberbolsas de dezembro de 2004................................................................................................BÁRBARA CASTROESTÊVÃO BERTONIDA EQUIPE DE TREINAMENTO
Os 30 meses do Bolsa Aluguelestão no fim. Com a decisão daPrefeitura de São Paulo deabandonar o programa assimque a última bolsa vencer, noprimeiro semestre de 2007, as1.387 famílias beneficiadas hojetemem retomar uma antiga ro-tina: perambular pela cidadeatrás de um novo teto.
Das 12 pessoas atendidas pe-lo programa ouvidas pela Fo-lha, todas disseram não tercondições de pagar aluguel.Sem local onde morar, vão en-grossar os índices do déficit ha-bitacional da cidade, hoje de509 mil casas, segundo a Cohab(Companhia Metropolitana deHabitação de São Paulo).
Em outubro deste ano, com ofim dos 30 meses de bolsa, Iva-nete de Araújo pensou que vol-taria a morar na rua. Desem-pregada, divorciada e mãe detrês filhos, ela só permaneceusob o mesmo teto graças à deci-são da prefeitura de estender oprograma por mais 120 dias.
Esses quase três anos foramos primeiros em que a ex-bóia-fria conseguiu morar em SãoPaulo sem dividir o mesmo es-paço com outras pessoas, desdeque chegou à cidade, em 1989.
Já viveu como agregada nosubsolo de uma oficina mecâni-ca, passou por quatro cortiços(um na Vila Guarani e três naAclimação) e decidiu se juntarao movimento dos sem-tetoquando se viu com os filhos de-baixo do viaduto Glicério. “Eunão agüentava mais morar narua. Ali, se você não for esperto,não sobrevive”, diz.
Habitou também dois pré-dios que foram reapropriadose, depois de ser despejada comoutros sem-teto de um edifíciona rua Ana Cintra, chegou apassar um tempo em uma gara-gem emprestada. Foi de lá queela saiu para morar no Brás, emum apartamento pago com osrecursos do Bolsa Aluguel.
Em fevereiro, quando venceo prazo do programa, Ivanetedeverá se mudar pela 11ª vezem 18 anos. Sua esperança é ga-nhar na Justiça o direito de mo-rar novamente no prédio daAna Cintra, reformado pelaCDHU (Companhia de Desen-volvimento Habitacional e Ur-bano do Estado de São Paulo).
“Nem que eu tenha que catarlatinha para chegar à renda queeles pedem”, diz.
Mas ganhar na Justiça podenão significar a conquista deum teto. Desde janeiro desteano, a diarista Merabi Pereira
de Santana carrega na bolsa agarantia judicial que obriga aprefeitura a lhe pagar, mensal-mente, o benefício.
Em outubro de 2004, ela as-sinou o contrato para receber aajuda. Em janeiro de 2005, alu-gou um apartamento, masquando tentou usar a bolsa, aCohab se recusou a cumprir oacordo. Resultado: endividou-se com o proprietário.
Depois de entrar com umaação na Justiça, Merabi teve odireito à bolsa garantido, masnão conseguiu alugar um apar-tamento, pois a prefeitura pa-rou de oferecer garantias de fia-dor às imobiliárias, como trêsmeses de aluguel adiantado.
Passados mais de dois anos,Merabi, já em sua 5ª casa, vivehoje em uma moradia provisó-ria no Canindé. “Eles [prefeitu-ra] dizem que vão te dar umacama no albergue, comida dealbergue, e de preferência lá naperiferia; e você vai ficar escon-dida, porque, para eles, você
não tem condições de ser umcidadão, de ter autonomia”, diz.
Para o secretário municipalde Habitação, Orlando de Al-meida Filho, as moradias pro-visórias seriam uma opção viá-vel para quem vai deixar de re-ceber a bolsa e não tem condi-ções de pagar um aluguel (leiaentrevista na página ao lado),como no caso da aposentadaJandira Ferreira da Silva, 73.
Sustentada por dois saláriosmínimos, ela mora em umaquitinete na av. Ipiranga, nobairro da República. Como ovalor da bolsa é menor do que odo aluguel, Jandira tira do pró-prio bolso o que falta e paga R$50 de condomínio, que consi-dera caro.
Sem filhos ou parentes quepossam ajudá-la, não faz idéiapara onde possa ir. “Com mi-nha aposentadoria, ou eu comoou eu pago aluguel. Estou pro-curando lugar para trabalhar,mas, com 73 anos, ninguém meaceita”, diz.
Com o fim próximo da bolsa(vence em março de 2007), aauxiliar de serviços Darci deOliveira considera o trabalhoextra a única saída para conse-guir saldar os aluguéis. Para pa-gar as contas e sustentar o filhoestudante, de 18 anos, e o pai,aposentado e deficiente visual,de 92 anos, Darci vende cosmé-ticos fora do expediente.
“Estou até procurando umtrabalho noturno, no períodoentre 18h e 1h, não me importode trabalhar, o importante paramim é poder garantir as despe-sas básicas”, diz.
Bolsas atrasadasAs reclamações sobre o Bolsa
Aluguel não partem apenas dequem está prestes a perder obenefício. Proprietário de umedifício na alameda Barão dePiracicaba, no centro de SãoPaulo, José Mário Guilhermediz que a Cohab não pagou osaluguéis de dezembro de 2004.
“A prefeitura não pagou de-zembro e descontou o valor dabolsa-calção, que é a fiança”,diz. Outra reclamação diz res-peito às últimas parcelas quevenceram. Com 35 inquilinosrecebendo a bolsa, José Máriodiz que a Cohab só pagou, no úl-timo mês, 31 aluguéis, e comatraso. “O aluguel vence no diadois de novembro e o pagamen-to só caiu no dia 29”, conta.
Procurada pela Folha entreos dias 5 e 7 de dezembro, a Co-hab não respondeu sobre asqueixas dos beneficiários.
))) VIZINHANÇA HISTÓRICAVIZINHANÇA HISTÓRICAVIZINHANÇA HISTÓRICAIvanete de Araújo no corredor do prédio em que mora no Brás; o local abriga outras pessoas querecebem o benefício e fica próximo ao edifício São Vito, que pressionou votação do programa
Julia Moraes - 25.nov.2006/Folha Imagem
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São Vito foi o 1ºa ter ajuda doBolsa Aluguel
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4º 1º2º
3ºSão Paulo
5º
?.................................................................................DA EQUIPE DE TREINAMENTO
Implantado em 2004,no último ano da gestão daprefeita Marta Suplicy(PT), o Bolsa Aluguel con-cedia até R$ 300 por mês afamílias que moravam emáreas com risco de desaba-mento e tinham renda deaté dez salários mínimos.
A intenção era regulari-zar a situação de quase2.600 famílias (apenas1.500 assinaram o contra-to) nos 30 meses do pro-grama —que poderiam serrenovados. A prefeitura secomprometia a ser fiadorade um imóvel e o valor se-ria depositado diretamen-te para o proprietário.
As primeiras 460 bolsasatenderam aos moradoresdo edifício São Vito, nocentro de São Paulo, apóspromessa de reforma pelaprefeitura. Chamado de“treme-treme”, o prédiotem 624 apartamentos e27 andares.
A reforma nunca acon-teceu. A Cohab disse terinformado aos ex-mora-dores —no início do ano—que eles não voltariam aoedifício e que 80% dessasfamílias foram encami-nhadas para a Carta deCrédito da CDHU.
Os recursos utilizadosno programa de Bolsa Alu-guel partem do FundoMunicipal de Habitação.(BCe EB)
))) SEM CASA COM A CAUSA GANHASEM CASA COM A CAUSA GANHASEM CASA COM A CAUSA GANHAA diarista Merabi Pereira de Santana na rua do abrigo provisório onde mora, no Canindé; mesmocom a garantia judicial, ela não consegue alugar um apartamento utilizando o Bolsa Aluguel
Bruno Miranda - 27.nov.2006
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1º
2º3º
? )NA INTERNETVeja íntegra das entrevis-tase galeria defotos do fil-me “À Margem do Concre-to”, de Evaldo Mocarzel
www.folha.com.br/063404
))) VILA DOS IDOSOSVILA DOS IDOSOSVILA DOS IDOSOSA aposentada Jandira Ferreira da Silva na sala de sua quitinete, na av. Ipiranga, centro de SãoPaulo; com o fim da bolsa, ela tem esperança de ser encaminhada para uma vila de idosos
PROGRAMAS HABITACIONAIS EM ANDAMENTO
Programa de Urbanização de Favelas Urbanização de favelas e construção de moradias 27 obras em andamento; promete atender a 37 mil famílias R$ 345 milhões; previsão de R$ 547 milhões para 2007Construção de moradias por mutirões Construção de moradias pelos futuros moradores A prefeitura não informou R$ 7 milhões liberados; previsão de R$ 20 milhões para 2007Moradia na área central Recuperação de cortiços na região central A prefeitura não informou A prefeitura não informouPró-Lar Mutirão Associativo Construção de moradias pelos futuros moradores 1.792 apartamentos entregues e 6.312 unidades em
produçãoInvestimento de R$ 61 milhões; orçamento de R$ 216 milhõespara obras em andamento
Pró-Lar Atuação em Cortiços Reforma de cortiços, construção de moradia ou concessãode cartas de crédito para moradores da região central
133 unidades entregues e 935 unidades em produção Investimento de R$ 5 milhões; recurso de R$ 35 milhõespara obras em andamento
Pró-Lar Atuação em Favelas e Áreas de Risco Atendimento a famílias em áreas sem infra-estrutura, derisco ou desabrigadas em conseqüência de calamidades
774 unidades entregues e 7.263 unidades emconstrução
Investimento de R$ 28 milhões; orçamento de R$ 433 milhõespara obras em andamento
Carta de Crédito (CDHU) Linhas de crédito; valor depende da faixa de renda da família 37 foram emitidas; pretende atender a 1.827 famílias Investimento previsto de R$ 54 milhõesPrograma de ArrendamentoResidencial (PAR)
Após 15 anos de prestações, o morador torna-se dono doimóvel
6.218 famílias atendidas R$ 225 milhões
Habitação de Interesse Social Construção de moradias 977 famílias atendidas R$ 11 milhõesPrograma de Subsídio à Habitação Subsídio para famílias com renda de até três salários mínimos 7.829 famílias atendidas R$ 88 milhõesUrbanização, Regularização e Integraçãode Assentamentos Precários
Urbanização de favelas ou de assentamentos precários 41.911 famílias atendidas R$ 170 milhões
Carta de Crédito (Caixa Econômica Federal) Linhas de crédito; valor depende da faixa de renda da família 1.272 famílias atendidas R$ 57 milhões
ABRANGÊNCIAO QUE É?PROGRAMA QUANTO FOI GASTO
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ef SEXTA-FEIRA, 8 DE DEZEMBRO DE 2006 novoemfolha especial 9
Bruno Miranda - 29.nov.2006/Folha Imagem
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Sem-tetodefilmeobtémmoradiaforadastelas
gestãoatual
Almeida Filhodiz que tempofoi suficiente
Orlando de Almeida Filho,secretário de Habitação daPrefeitura de São Paulo, dizque Bolsa Aluguel está forado foco da nova gestão.
★
FOLHA -Vai existir renovação doBolsaAluguel?
ORLANDO ALMEIDA FILHO -Nãovamos renovar. Foi temposuficiente. Mas temos agorao Aluguel Social: R$ 300mensais durante seis mesespara pessoas que morem emáreas de risco que vão ser re-formadas pela prefeitura. Aadministração atual tem ou-tro foco, que é urbanizar fa-velas e usar os recursos daparceria com governo do Es-tado e Caixa Econômica Fe-deral para a construção denovos empreendimentos, in-clusive em favelas.
FOLHA -Elas foram encaminha-
das paraoutros programas?ALMEIDA FILHO -Sim, quando
elas vêm receber o benefícioa gente diz: ‘Olha, vai procu-rando um imóvel porqueuma hora acaba o programa’.
FOLHA -E se a pessoa trabalharno centro e não puder pagar alu-gueloucondução?
ALMEIDA FILHO -Tem que terum subsídio muito grandepara manter moradias nocentro: as pessoas de baixarenda não vão conseguir pa-gar as prestações.
FOLHA -Entrevistei uma senho-ra que recebe dois salários míni-mos, não tem filhos, parentes oucomopagaraluguel.
ALMEIDA FILHO -Se ela provarque não tem como pagar alu-guel, vamos encaminhá-lapara a assistência social, queirá encaminhá-la para umamoradia adequada.
FOLHA -Um albergue,nocaso?ALMEIDA FILHO -Ele tem sido
desqualificado, é comunitá-rio, mas as pessoas moram lá.Só não é possível darmosuma casa para cada pessoa.
Suely, retratada em documentário,comprou casa com carta de crédito
Programa não funcionoupara outra beneficiária, quenão conseguiu encontrarimóvel de até R$ 40 mildentro do prazo de 6 meses................................................................................................DA EQUIPE DE TREINAMENTO
Uma das sem-teto retratadasno documentário de EvaldoMocarzel, “À Margem do Con-creto”, que estréia este mês nacidade, Suely Lima é hoje ex-sem-teto —embora ainda mili-te no Fórum de Cortiços.
Na história que chega às telas(escolhida como melhor filmepelo júri popular no festival deBrasília e melhor documentá-rio no festival do Rio, em 2005),Suely conta como foi despejadade um cortiço no Bom Retiro.Na época das filmagens, no fi-nal de 2004, ela morava irregu-larmente na rua Abolição, nocentro de São Paulo.
Meio ano depois, Suely con-seguiu uma carta de crédito daCaixa Econômica Federal.Com a renda familiar de R$
1.200, pegou o valor máximo:R$ 43 mil, mas não usou todo ocrédito —encontrou um imóvelpor R$ 30 mil. Comprou umaquitinete de 46 m2 —que dividecom os dois filhos— na rua 24de Maio, ao lado das famosasgalerias de música. “É muito le-gal ali: tem lanchonete, pizza-ria e samba na sexta-feira”,diz.
Hoje, paga uma prestação deR$ 107 mensais (R$ 15 mil sãosubsidiados pelo Estado) porum prazo que pode chegar a 25anos de financiamento.
O programa do governo fede-ral, que deu um teto a Suely,não teve o mesmo resultadopara Alessandra Souza de Li-ma. Beneficiária do Bolsa Alu-guel, a auxiliar de limpeza pe-gou a carta de crédito em feve-reiro deste ano, mas perdeu odireito de utilizá-la.
Alessandra não conseguiuencontrar um imóvel regulari-zado no valor de R$ 40 mil noperíodo de seis meses, que ven-ceu em agosto. “Se a casa pu-desse ser sem escritura, eu te-ria conseguido comprar”, diz.
gestãoPT
Ex-secretáriodefende arenovação
Para o vereador Paulo Tei-xeira (PT), ex-secretário deHabitação do governo Marta,o fim da bolsa pode aumen-tar a população de rua.
★
FOLHA -O Bolsa Aluguel se resu-mia adarR$300por30meses?
TEIXEIRA -Não, era prevista aconstrução de moradia noBresser e no Belém e a refor-ma do São Vito nesse tempo.
FOLHA -Mas a bolsa não dimi-nuíaadependênciadaspessoas.
TEIXEIRA -É a prefeitura queestá inadimplente com essaspessoas. Ela deixou de criarcondições para a autonomia.
FOLHA - Se a bolsa não cumpriuseuobjetivo,elafoiumfracasso?
TEIXEIRA -Não, o fracasso es-tá na atual administração.Ela está abrindo mão de umbom instrumento. Essa polí-tica tem um nome: é a rua.
FOLHA -A quem as pessoas queperderão abolsadevemrecorrer?
PAULO TEIXEIRA -Ao Ministé-rio Público ou à DefensoriaPública. Ao não renovar abolsa, a prefeitura está indopara a ilegalidade e isso podeser uma tragédia.
FOLHA -A atual administraçãodiz quecumpriu osacordos.
TEIXEIRA -O problema doatual secretário é que ele nãoleu os acordos assinados. Abolsa tinha como objetivo re-solver os problemas.
FOLHA -O sr. considera o alber-gueumasoluçãoviável?
TEIXEIRA -As soluções indivi-duais são melhores. Em casa,a pessoa tem individualida-de. Tem muita gente que pre-fere a rua ao albergue.
FOLHA -O sr. acha que é difícilpara a população de baixa rendase manternocentro?
TEIXEIRA -O pobre que viveno centro tem condições deestudar mais, tem expectati-va de vida maior. Essa idéiade que é mais caro é uma vi-são liberal, é uma visão demercado.
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))) O TETO DE SUELYO TETO DE SUELYO TETO DE SUELYSem-teto nas telas, Suely Lima vive hoje com os dois filhos emuma quitinete no centro, ao lado das tradicionais galerias demúsica; às sextas ela se diverte com o samba tocado na rua
Renato Stockler - 2.dez.2006/Folha Imagem
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especialista
Arquiteto dizque programanão se realizou
Para João Marcos de Al-meida Lopes, professor dearquitetura na escola de en-genharia da USP São Carlos,alternância de governos nãogarante compromisso comas pessoas.
★
FOLHA -O foco da prefeitura é aurbanização de favelas e refor-mas de cortiços. O Estado estáconcedendo cartas de crédito. Oque o sr. acha dessas políticas pa-rao públicodebaixarenda?
JOÃO MARCOS DE ALMEIDA LOPES -O investimento me parececorreto, mas é preciso levarem conta a indisponibilidadede terra urbanizável paraconstruir novas unidades:não adianta ter dinheiro paraa produção habitacional se agente não tem terra.
FOLHA -O diálogo para a realiza-
ção das políticas foi facilitadocom a prefeitura e o Estado divi-dindoomesmopartido?
LOPES -Sim, mas política ha-bitacional não pode se vincu-lar a funcionalidades políti-cas: o que está em pauta éuma questão emergencial.
FOLHA -O sr. acha que tem algodepositivo noBolsaAluguel?
LOPES -Não vou dizer que épositivo, porque ele não serealizou. O programa estáamarrado a perspectivas:desvinculado disso, ele viraassistencialismo.
FOLHA -O queosr. achadeenca-minharpessoaspara albergues?
LOPES -Encaminhar para as-sistência social é atitude “dePilatos”; os abrigos são umequívoco. Sou contrário, in-clusive, à remoção para abri-go provisório. Temos quedescobrir técnicas que levemem conta a permanência dosujeito, a sucessão entre go-vernos não garante compro-misso com as pessoas. Quemgarante que o povo do São Vi-to vai voltar para lá?
))) JANELA PARA O MERCADÃOJANELA PARA O MERCADÃOJANELA PARA O MERCADÃOAs vizinhas Ivanete de Araújo, Liliane Cardoso Menezes e Elaine Aparecida Alves Pereira noterraço do prédio em que moram, no Brás, com Bolsa Aluguel; ao fundo, o Mercado Municipal
André Porto - 3.dez.2006/Folha Imagem Ricardo Nogueira/Folha Imagem
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))) MÃE DE MOVIMENTOMÃE DE MOVIMENTOMÃE DE MOVIMENTOA coordenadora dos sem-tetoMaria Nazaré de Souza Britocom seu filho Marcelo, nasala de casa, na Bela Vista
Ricardo Nogueira/Folha Imagem Andre Porto - 2.dez.2006/Folha Imagem
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6º))) PRIVACIDADE IMPROVISADAPRIVACIDADE IMPROVISADAPRIVACIDADE IMPROVISADAJoseane Maria da Silva no quartode seu apartamento com divisóriasimprovisadas para rachar aluguel
))) “SÃO TANTAS COISAS”“SÃO TANTAS COISAS”“SÃO TANTAS COISAS”Rita Antônia José, em casaalugada na Santa Cecília;enquanto espera fim de bolsa,ouve Roberta Miranda
))) PELA JANELAPELA JANELAPELA JANELAA auxiliar de limpeza Alessandra Souza de Lima olha pelajanela o pátio do prédio em que mora no Brás (centro de SP)
“Quando tinha sete anos,
passei a usar óculos. E na
escolinha me apelidaram de
‘qu
atr
o-ol
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’”, conta a
cantora do grupo “Palavra
Cantada”.p
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O apresentador do
programa Zapping
Zone, do Disney
Channel era gordinho
na infância, e os
amigos de futebol
chamavam ele
de “t
art
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ga
nin
ja”
Rob
son
Nu
nes
“No colégio, me
chamavam de
‘Pau
lo T
atu
’,uma brincadeira
com meu
sobrenome, que se
pronuncia ‘Tati’”, diz
o cantor do grupo
“Palavra Cantada”
Pa
ulo
Ta
tit
“Sempre fui muito de botar
apelido nos outros. Um belo
dia ganhei um por conta do
tamanho da minha boca.
Fiquei danada. O apelido
era
‘tu
barã
o’”
Ivet
e S
an
galo
O ex-nadador era chamado
de ‘p
iru
lito
’, porque
era grande e meio
desengonçado. Alguns
amigos de infância ainda
o chamam desta forma
Gu
sta
vo
Bor
ges
“Uma professora me apelidou
de ‘b
isco
ito’, porque adorava
biscoito de chocolate. Também me
chamavam de pulguinha, porque
não sou alta”, diz a ginasta
Da
ian
e d
os S
an
tos
“Eu tinha uma verruga
enorme no joelho.
Minhas irmãs me
chamavam
de ‘G
iovan
e da
verr
ug
uin
ha’. Eu
odiava”, conta o ex-
jogador de volei
Gio
va
ne
Gá
vio
A cantora, quando era pequena,
era magrinha e usava óculos.
“Por isso, meus apelidos eram
os tradicionais ‘q
uatr
o-ol
hos
’e ‘s
ara
cura
’”, conta
Pit
ty
“Quando era pequeno, era
muito branquinho e tinha
muitas olheiras. Minha
família colocou o apelido de
‘Tio
Ch
ico’, da Família
Addams. Acho engraçado”
Ped
ro M
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esse
Sa
nd
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especial 10 novinhoemfolha SEXTA-FEIRA, 8 DE DEZEMBRO DE 2006 ef
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