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EFEITOS DO TREINAMENTO SENSÓRIO MOTOR E DO SISTEMA VESTIBULAR SOBRE A FUNCIONALIDADE E EQUILÍBRIO DE IDOSOS
Leandro Luiz Barbosa
Graduando de Educação Física
Unisalesiano de Lins
Matheus Rodrigues de Paula
Graduando de Educação Física
Unisalesiano de Lins
[email protected] Rafael Gallinari Tolentino
Graduando de Educação Física
Unisalesiano de Lins
Profº Jonathan Daniel Telles
Unisalesiano de Lins
RESUMO
O envelhecimento é um processo vivenciado por todos os seres humanos por ser progressivo, é algo que passa no decorrer dos anos. Biologicamente falando, o envelhecimento pode ser associado a danos moleculares e celulares. Nosso corpo possui diversos sistemas responsáveis por auxiliar no pleno funcionamento e evitar possíveis problemas futuros para que o organismo não chegue a entrar em um possível colapso. Ressaltando os déficits do equilíbrio, a realização de atividades físicas é uma ação profilática e terapêutica para amenizar as consequências negativas do envelhecimento no equilíbrio corporal. Essa pesquisa teve como objetivo demonstrar que o treinamento do sistema vestibular e o treinamento funcional apresentam resultados positivos para a melhora da estabilidade corporal e a redução da incidência de quedas e a elevação da qualidade de vida dos idosos.
Palavras chave: Envelhecimento. Sistema Vestibular. Treinamento Funcional. Equilíbrio. Quedas
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
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INTRODUÇÃO
No âmbito biológico, o envelhecimento é compreendido como o conjunto de
danos moleculares e celulares que com o passar dos anos resultam em declínio nas
reservas fisiológicas, vulnerabilidade elevada a doenças, redução significativa das
capacidades internas, déficits de audição, déficits de visão, problemas de
mobilidade, doenças cardíacas, complicações do sistema respiratório, câncer,
demência, acidente vascular cerebral e morte do ser humano. (OMS, 2015)
O envelhecimento reflete em modificações nas relações sociais do indivíduo,
pois os idosos tendem a selecionar uma quantidade reduzida de atividades de vida
diárias. As mentalidades das pessoas com idade mais avançada passam por
alterações que resultam no desenvolvimento de novos papéis sociais, ponto de vista
e relações pessoais. (OMS, 2015).
Nas faixas etárias de pessoas, sejam homens ou mulheres, acima de 60
anos, as capacidades físicas funcionais presentes, diminuem ao longo de suas
vidas, a destreza manual, atividades sensório-motoras. E principalmente, os fatores
extrínsecos, auxiliam na questão de uma das capacidades físicas mais afetadas o
equilíbrio que por consequência, gera um risco maior do fator queda.
As alterações do equilíbrio na população idosa são problemas relativamente comuns e levam a importantes limitações na realização das atividades da vida diária e é a principal causa de queda nestes indivíduos. Por terem origem multifatorial é fundamental conhecer os idosos que são mais vulneráveis e quais os fatores que estão associados àquelas alterações. (MACIEL;GUERRA 2005, P.37)
Treinamento Funcional é um tipo de treinamento que visa melhorar a
capacidade funcional através de exercícios que estimulam os receptores
proprioceptivos presentes no corpo os quais proporcionam melhora no
desenvolvimento da consciência sinestésica e do controle corporal, o equilíbrio
muscular estático e dinâmico, além de melhorar muito capacidades como força
potência, flexibilidade e equilíbrio que no caso é o que será estudado.(LEAL,et al.
2010)
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
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Esta revisão bibliográfica tem por objetivos: Verificar o efeito de dois
protocolos de treinamento sensório motor sobre a funcionalidade e equilíbrio de
idosos.
De início, será abordado um assunto voltado para um dos sistemas mais
importantes e que determinam o equilíbrio de todos os indivíduos no planeta: O
Sistema Vestibular.
Abordar este sistema é de caráter extremamente complexo, pois é um
sistema que, se não obtiver cuidado extremo nós enquanto cidadãos iríamos
constantemente sofrer problemas relacionados às quedas. Para isso é necessário
entender um pouco mais esse sistema e sua relação com a capacidade de
equilíbrio.
1 ENVELHECIMENTO
No âmbito biológico, o envelhecimento é compreendido como o conjunto de
danos moleculares e celulares que com o passar dos anos resultam em declínio nas
reservas fisiológicas, vulnerabilidade elevada a doenças, redução significativa das
capacidades internas, déficits de audição, déficits de visão, problemas de
mobilidade, doenças cardíacas, complicações do sistema respiratório, câncer,
demência, acidente vascular cerebral e morte do ser humano. (OMS, 2015)
O envelhecimento reflete em modificações nas relações sociais do indivíduo,
pois os idosos tendem a selecionar uma quantidade reduzida de atividades de vida
diárias. As mentalidades das pessoas com idade mais avançada passam por
alterações que resultam no desenvolvimento de novos papéis sociais, ponto de vista
e relações pessoais. (OMS, 2015).
Já se sabe que o equilíbrio necessita do centro de gravidade em condições
estáticas e dinâmicas para ter boa performance. A ação dos sistemas visual,
vestibular e somatossesorial de forma voluntária ou involuntária são os motores
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primários para a permanência da homeostase do equilíbrio. O envelhecimento reduz
consideravelmente a ação compensatória dos sistemas citados antecipadamente e
aumenta a instabilidade corporal (MACIEL e GUERRA, 2005).
SISTEMA VESTIBULAR E QUEDAS
O corpo possui diversos sistemas responsáveis por auxiliar no pleno
funcionamento e evitar possíveis problemas futuros para que o organismo não
chegue a entrar em um possível colapso.
No caso do equilíbrio corporal do indivíduo o Sistema Vestibular (SV) é o
principal sistema do corpo humano que atua de forma significativa no equilíbrio, por
ser responsável pela informação sensorial referente à posição e movimentação da
cabeça em relação à gravidade, estabilização da visão, ajustes da postura corporal,
efeitos sobre o sistema autonômico e pela consciência este sistema é capaz de
conduzir e fazer com que a capacidade de equilíbrio se mantenha estável. (EKMAN,
1998)
Anatomicamente falando, o SV, é composto por ouvindo interno e externo, no
caso deste artigo iremos trabalhar com o ouvido interno que é composto pelo
labirinto. O labirinto ósseo é formado pela cóclea, pelo vestíbulo e pelos canais
semicirculares. (DANGELO e FATTINI, 2002 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
Suas paredes são constituídas de osso, consideravelmente mais espesso que as
outras regiões da parte petrosa do osso temporal e contém um líquido claro
denominado perlinfa que lubrifica essa região que é envolvida pela cápsula ótica. Já
o labirinto membranáceo se encontra suspenso no labirinto ósseo e possui um
líquido denominado endolinfa, tais líquidos possuem a importantíssima função de
transportar ondas sonoras para órgãos viabilizadores da audição e do equilíbrio.
(MOORE; DALLEY, 1999 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
Outro órgão importante é o vestíbulo que é uma câmara oval representando a
estrutura de volume mais abundante do labirinto ósseo (COSTA, CRUZ, OLIVEIRA
1994 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007). Este órgão encontra-se entre a cóclea
e os canais semicirculares e possuem duas vesículas membranosas o sáculo e o
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utrículo, componentes do labirinto membranáceo (DANGELO & FATTINI, 2002 apud
BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
A cóclea possui um formato similar a uma concha de caracol (COSTA, 1994
apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007), com uma gama de aberturas para fibras da
porção coclear do nervo vestibular coclear (GRAY, 1988 apud BANKOFF;
BEKEDORFF, 2007).
Os três canais semicirculares ósseos possuem três ductos semicirculares
membranáceos. Os canais orientam-se em ângulos retos, originando um canal
semicircular anterior e um posterior (Verticais/ e um lateral (horizontal)), os ductos
semicirculares membranáceos contém uma ampola repleta de células receptoras
capazes de captar os
movimentos realizados pela cabeça originando informações norteadoras para
equilíbrio (SPECE, 1991 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007). Outros órgãos
importantes para o Sistema Vestibular (SV) são os órgãos otolíticos cujos receptores
são denominados máculas e apresentam feixes de células pilosas banhadas por
uma substância de textura gelatinosa no qual partículas de carbonato de sódio
(otólitos) tornaram tal substância mais densa que o endolinfa, permitindo a
mobilidade dos pelos e consequentemente a eficácia para captar informações
referentes ao real posicionamento da cabeça (SPENCE, 1991 apud
BANKOFF;BEKEDORFF, 2007). Dentre os órgãos otolíticos, o utrículo é o receptor
principal. O sáculo auxilia no equilíbrio onde não há força da gravidade (DOUGLAS,
2002 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
2.1Fisiologia Vestibular
O SV é a região não acústica componente do ouvido interno, auxiliando nos
reflexos referentes à orientação corporal no espaço (FRIEDMAN, 1986 apud
BANKOFF; BEKEDORFF, 2007)
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Células receptoras no sáculo, no utrículo e nas ampolas dos ductos
semicirculares são fundamentais para captar o posicionamento da cabeça que
refletem na performance do equilíbrio estático e as oscilações nas mudanças do
equilíbrio dinâmico (SPENCE, 1991 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
2.2Influência da visão
Outro fator de influência no equilíbrio é a visão por haver um equilíbrio eficiente.
Quando não há interferência na informação visual, o equilíbrio corporal é eficaz,
porém, oscilações do campo visual resultam em instabilidade corporal (BARELA,
2000 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
Há indivíduos que mesmo após uma deterioração total dos sistemas Vestibulares
apresentam um equilíbrio praticamente normal, quando estavam com os olhos
abertos e também durante a realização de movimentos lentos. Tal fato foi orientado
por intermédio da detecção visual do ambiente. Porém, com os olhos fechados ou
na realização de movimentos rápidos, houve ausência do equilíbrio corporal
(GUYTON, 1986 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
2.3Cerebelo
O cerebelo divide-se em cerebelo vestibular, cerebelo espinhal e o cerebelo
cerebral. (ESBERARD, 1991 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
A região vestibular auxilia na manutenção do equilíbrio e na postura através do
arquicerebelo e da zona medial (Vérmis), realizando a contração dos músculos
axiais e proximais dos membros, fundamentais para o equilíbrio e a postura
adequada (MACHADO, 2003 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
Lesões e deficiências cerebelares desencadeiam em déficits de equilíbrio e
desordem nos movimentos de marcha (VANDER; SHERMAN; LUCIANO 1981 apud
BANKOFF; BEKEDORFF, 2007)..
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Os reflexos do equilíbrio iniciam nos nervos vestibulares, posteriormente passam
por vias de impulso dos núcleos vestibulares e do cerebelo, chegando aos núcleos
reticulares do tronco cerebral e medula espinhal onde são controladas a excitação e
inibição dos músculos do equilíbrio pela ação da medula. (GUYTON, 1986 apud
BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
2.4Quedas
As quedas são um fator que ocorre frequentemente na vida de idosos e suas
causas não devem ser relacionadas somente a fatores físicos e sim a uma demanda
multifatorial, como por exemplo, aspectos psicológicos como o medo de cair.
(LOPES et al., 2009)
A constituição do medo de cair ocorre principalmente devido a um sentimento
de inquietação perante a uma situação que ofereça instabilidade corporal aparente
ou fidedigna. Indivíduos com autoconfiança são vulneráveis a situações
ameaçadoras, tendo uma elevada dificuldade em realizar tais tarefas e
posteriormente conseguirem superar o medo de cair. (LOPES et al., 2009)
Pode-se enfatizar alguns fatores relacionados ao receio de cair dos idosos
tais como: redução na qualidade de vida, déficits de mobilidade, aumento da
fragilidade e alterações funcionais que resultam em mudanças no equilíbrio e
controle postural e por fim o histórico de quedas. (LOPES et al., 2009)
O reflexo do medo de cair no cotidiano dos idosos é significativamente
negativo, pois eleva a sua dependência de ajuda para realizar atividades de vida
diária, redução na realização de atividades físicas e consequentemente aumento no
índice de sedentarismo de idosos. (LOPES et al., 2009)
Deve-se ressaltar que as quedas sofridas por idosos resultam em lesões
leves, graves e em alguns casos são a causa de mortes. As lesões em idosos são
muito mais preocupantes do que as ocorridas em jovens. Tal situação justifica-se
pelo fato dos indivíduos da terceira idade necessitarem de um tempo maior de
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internação, períodos longos de reabilitação e elevado risco de ficarem dependentes
do auxílio de outras pessoas para realizarem atividades do dia a dia (LOPES et al.,
2009)
A atividade física é uma via profilática para a ocorrência de quedas, pois
aumentam a força muscular, flexibilidade e controle motor, proporcionando maior
estabilidade corporal e elevação da autoconfiança dos idosos. (MAZO et al., 2007)
2 TREINAMENTO FUNCIONALTreinamento Funcional é um tipo de treinamento que visa melhorar a capacidade
funcionais através de exercícios que estimulam os receptores proprioceptivos
presentes no corpo os quais proporcionam melhora no desenvolvimento da
consciência sinestésica e do controle corporal, o equilíbrio muscular estático e
dinâmico, além de melhorar muito capacidades como força potência, flexibilidade e
equilíbrio que no caso é o que será estudado. (LEAL et al., 2010)
Desta forma, serão visadas as condições do dia a dia do indivíduo e de que
forma o treinamento funcional possa auxiliar de forma significativa para que as
questões proprioceptivas melhorem. (LEAL et al., 2010)
Segundo Ricci et al., (2015 apud THOMPSOM 2012), o TF, pode ganhar a
definição de um treinamento que visa utilizar da força para melhorar o equilíbrio,
coordenação, potência e resistência, sendo muito utilizado para programas clínicos
que durante sua execução imitam atividades do dia a dia. Assim subentende-se que
o conceito de TF associa-se com o que foi dito anteriormente.
Ainda segundo Ricci et al., (2015 apud THOMPSOM 2012(apud CLARK
2001), os movimentos funcionais relacionam-se a movimentos que envolvem vários
segmentos ao mesmo tempo podendo ser realizados nos diferentes planos.
Basicamente o TF, possui exercícios considerados motivadores e desafiadores, nos
quais podem ser realizados utilizando o peso do próprio corpo sem a necessidade
de aparelhos de musculação. (RICCI; BEZERRA; STANCIA, 2015).
No caso das questões envolvendo idosos e equilíbrio subentende-se de que a
depreciação física na realização das atividades de vida diária (AVD) refletem de
certa forma, numa incapacidade que o próprio possui para atividades tanto básicas
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como complexas, desta forma limita-se a autonomia funcional devido a diminuição
das funções dos sistemas nervoso e somatossensorial.( CINEL, ALVES, 2015)
As alterações deste sistema do visual e do sistema vestibular durante o
processo de envelhecimento dificultam o feedback nas vias ascendentes e
descendentes com redução nas informações passadas aos cetros de controle
postural, ocasionando assim o desequilíbrio.(LEAL et al., 2010)
3 O EXPERIMENTO
O presente trabalho trata de um estudo de caso o qual foi submetido
fidedignamente no comitê de ética através da Plataforma Brasil sob o parecer nº
2.134.114 sendo aprovado em várias instâncias, permitindo, assim, a realização da
intervenção em campo – Protocolo no. CAEE: 68672317.5.0000.5379. Além disso, o
projeto, no formato de artigo, também foi submetido e aprovado para o VI Encontro
Científico e Simpósio do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium do
município de Lins.
3.1 Causística e Métodos
Foram aplicados três testes voltados para a questão de equilíbrio corporal
para fins avaliativos sendo eles o TUG (TimedUpand GO), Teste de Flamingo, e, por
fim ,a Escala de Equilíbrio de Berg todos aplicados em idosas acima de 60 anos de
idade do projeto “Alongue-se” do município de Penápolis/SP.
Este projeto consiste em aulas de alongamento voltados para o público da
terceira idade que é realizado três vezes na semana durante o período da manhã. O
projeto é idealizado pela secretaria de esportes do município de Penápolis/ SP e
conta com a colaboração de uma professora que aplica as sessões e estagiários de
Educação Física que por ali passam.
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Foi lido para cada participante da pesquisa a carta de informação (ANEXO B), o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO C) para ser dado
andamento da coleta de dados durante a primeira avaliação.
3.2 Teste de TUG (Timed Up and GO)
Esse teste consiste basicamente em solicitar do idoso que ele fique sentado
em uma cadeira e, ao comando do avaliador, levante-se e caminhe numa distância
de três metros, dê a volta e retorne ao ponto inicial, sentando na cadeira novamente.
Deve-se ressaltar que para fidedignidade do teste, o avaliado deve realizar o
percurso sem o auxílio de outra pessoa. Além disso, o indivíduo que faz o teste
deve realizá-lo uma primeira vez para familiarizar-se com ele. A avaliação dos
resultados é embasada em segundos, sendo que em menos de 10 segundos
observa-se um baixo risco de quedas, de 10 a 20 segundos possui um médio risco
de quedas e acima de 20 segundos, alto risco de quedas. (LOPES et al., 2009)
3.2.1Teste de Flamingo
Teste de Flamingo é mensurador do equilíbrio do indivíduo. O avaliado inicia o
teste apoiando-se no avaliador, com uma perna fletida a 90º e o peso do corpo todo
sobre a outra perna apoiada no solo.
No comando do avaliador o cronômetro é acionado, o avaliado fica sem o apoio
de nenhum objeto externo e deve manter a posição sem desequilibrar-se.
Sempre que houver desequilíbrio, o cronômetro deve ser zerado e o teste reiniciado.
O tempo máximo de duração do teste é de 60 segundos em cada membro inferior.
Se o indivíduo tiver 15 erros nos 30 segundos iniciais de avaliação, o avaliado
recebe a pontuação 0 (zero). O número de quedas totais deve ser contabilizado.
(ALMEIDA, 2009).
3.2.2 Escala de Equilíbrio de Berg (EEB)
É um teste voltado para avaliação do equilíbrio, sua execução é simples e
requer somente a utilização de uma régua e um cronômetro. A pontuação máxima
do teste gira em torno de 56 pontos, possuindo 5 alternativas em cada questão das
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14 atividades a serem realizadas. Cada alternativa equivale de 0 a 4 pontos, de
acordo com a eficiência e andamento da pesquisa.
Se a pontuação obtida for 56 a 54, há de 3 a 4% de risco de quedas; de 54 a 46
há um aumento de 6 a 8% do risco de quedas, e abaixo de 36 pontos, o risco de
quedas é de quase 100% (SILVA, 2008).
3.3 Condições Ambientais
Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por parte das
participantes, os testes de caráter avaliativo foram aplicados no Centro Esportivo
Dirceu Gastão dos Santos Peters ( Parque Aquático) do município de Penápolis/SP
no período matutino das 07h 30min as 08h 30min no qual se realiza o projeto
Alongue-se da Prefeitura Municipal.
3.3.1 Sujeitos
Participaram da pesquisa 06 indivíduos todos do gênero Feminino, voluntários
residentes no município de Penápolis, acima de 60 anos de idade, todos
participantes do projeto Alongue-se.
Critérios de Inclusão: ter acima de 60 anos de idade e participar do projeto.
Critérios de exclusão: não ter acima de 60 anos e não participar do projeto,
além de possuir problemas osteosmusculares que impedissem a intervenção.
3.4 Procedimentos
Todos foram subdivididos em três grupos para a realização da intervenção,
sendo um o grupo controle, no qual os indivíduos participantes continuariam com as
sessões de alongamento; o grupo do treinamento funcional e o grupo do treinamento
vestibular.
O grupo controle realizou as sessões de alongamento aplicadas pela
professora responsável do projeto, sendo assim, não houve intervenção por parte
dos pesquisadores. No grupo de treinamento do sistema vestibular, os integrantes
randomizados neste grupo realizaram atividades propostas pelo protocolo de
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CAWTHORNE e COOKSEY (1940) durante o período proposto no estudo. No grupo
do treinamento funcional foram aplicados exercícios baseados no protocolo
apresentado por Costa (2010), no qual consistia em exercícios em forma de circuito.
O período experimental teve a duração de 6 semanas, com freqüência de três
vezes por semana, das 07h 30min às 08h 30min período no qual a aula ocorre.
2.6 Análise estatística
Depois da realização das medidas e anotados seus respectivos valores nas
fichas de coleta foram realizados através do software Microsoft Excel 2016 à
porcentagem de alteração e a diferença do valor pós em relação ao valor pré.
2.7 Resultados
Na tabela 5, são apresentados os valores da média e desvio-padrão (DP) dos
resultados do teste de TUG pré e pós intervenção dos participantes do grupo
controle (GC), grupo exercício funcional (GEF) e grupo exercício para o sistema
vestibular (GESV), bem como a diferença do valor pós em relação ao valor pré e a
porcentagem de alteração. Não foi observada diferença estatisticamente
significante , o que representa -51% de alteração no teste de TUG, baixando o
tempo em relação ao início do protocolo proposto observando melhora em relação
aos outros grupos.
Tabela 5 – Resultados da média e desvio padrão pré e pós em segundos (s) do
teste de TUG, diferença pós em relação ao pré em segundos (s) e porcentagem de
alteração (%) dos grupos GC, GEF, GESV.
Grupos TUGpré
(s)
TUG pós
(s)
Diferenç
a pós/pré
(s)
Porcentagem
de alteração
(%)
GC
GEF
GESV
17,5 ± 0,8
15,3 ± 1,6
12,1 ± 1,9
13,9 ± 5,1
7,5 ± 0,7
8,5 ± 0,7
-3,6
-7,8
-3,6
-21
-51
-30
Fonte: elaborado pelos autores, 2017
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Na tabela 6, são apresentados os valores da média e desvio-padrão (DP) dos
resultados da EEB pré e pós intervenção dos participantes do GC, GEF e GESV,
bem como a diferença do valor pós em relação ao valor pré e a porcentagem de
alteração. Não foi observada diferença estatisticamente significante, porém, nota-se
que tanto o GEF quanto o GESV apresentaram melhora clinicamente observado
pelos valores de porcentagem de alteração, 19% e 16% respectivamente quando
comparado ao GC que apresentou -2% de alteração.
TABELA 6 – Resultados da média e desvio padrão pré e pós descrito em pontuação da analise dos resultados da Escala de Equilíbrio de Berg, diferença pós em relação e porcentagem de alteração (%) dos grupos GC, GEF, GESV.
Grupos EEBpré
(p)
EEB pós
(p)
Diferença
pós/pré
(p)
Porcentagem
de alteração
(%)
GC
GES
GESV
49 ± 1,4
48 ± 4,2
47 ± 5,7
48 ± 4,2
53,5 ± 0,7
54,5 ± 0,7
-1
5,5
7,5
-2
19
16
Fonte: elaborado pelos autores, 2017
Na tabela 7, são apresentados os valores da média dos resultados do teste
de Flamingo realizado na perna direita pré e pós intervenção dos participantes do
GC, GEF e GESV, bem como a diferença do valor pós em relação ao valor pré e a
porcentagem de alteração. Não foi observada diferença estatisticamente significante.
No GEF observou-se diferença estatisticamente significante representando melhora
de 290% na perna direita.
TABELA 7 – Resultados da média pré e pós em segundos (s) do teste de Flamingo realizado do lado direito, diferença pós em relação ao pré em segundos (s) e porcentagem de alteração (%) dos grupos GC, GEE, GED.
Grupos Flamingo à
direita pré
(s)
Flamingo à
direita pós
(s)
Diferença
pós/pré
(s)
Porcentagem
de alteração
(%)
GC
GEF
GESV
9,5
13,9
40,8
9,75
54,1
55
0,25
40,2
14,2
3
290
35
Fonte: elaborado pelos autores, 2017
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Na tabela 8, são apresentados os valores da média dos resultados do teste
de Flamingo realizado na perna esquerda pré e pós intervenção dos participantes do
GC, GEF e GESV, bem como a diferença do valor pós em relação ao valor pré e a
porcentagem de alteração. Não foi observada diferença estatisticamente significante.
Porém observa-se diferença clinica de 48% de melhora nos voluntários do GEF.
TABELA 8 – Resultados da média pré e pós em segundos (s) do teste de Flamingo realizado da perna esquerdo, diferença pós em relação ao pré em segundos (s) e porcentagem de alteração (%) dos grupos GC, GEE, GED.
Grupos Flamingo à
esquerda pré
(s)
Flamingo à
esquerda pós
(s)
Diferença
pós/pré
(s)
Porcentagem
de alteração
(%)
GC
GEF
GESV
10,5
37,5
57,5
10,9
55
55
0,4
17,95
-2,5
4
48
-4
Fonte: elaborado pelos autores, 2017
2.8 Discussão
Um estudo de Peres e Silveira (2008) realizado com 30 idosas, sendo 21
pertencentes ao grupo experimental e 9 do grupo controle, utilizou o protocolo de
Cawthorne e Cooksey (1940) para a reabilitação vestibular. Analisando os
resultados da intervenção, o grupo experimental apresentou uma melhora
significativa no percentual de quedas pelo score da Escala de Equilíbrio de Berg
(EEB), que reduziu de 84% para 61,58%, uma diferença de 22,99%. Já na avaliação
de qualidade de vida, houve um decréscimo de 56 para 23,68 pontos, uma evolução
significativa na qualidade de vida dos idosos, mensurada através do teste Dizziness
Handicaps Inventory (DHI).
O estudo de Ribeiro e Pereira (2005) realizado com 30 idosas, sendo 15 no
grupo controle e 15 no grupo experimental, adotou o protocolo de exercícios de
Cawthorne e Cooksey durante 9 semanas e notaram melhoras consideráveis nos
resultados pré e pós intervenção da (EEB) no grupo experimental.
Santos et.al. (2008) demonstraram em um estudo com 40 idosas (20 no grupo
experimental e 20 no grupo controle) que após a intervenção que abrangeu os
exercícios de Cawthorne e Cooksey durante 9 semanas, houve melhoras nos
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resultados do teste da (EEB) no grupo experimental com relação ao grupo controle,
reduzindo o risco de queda nas idosas. A diferença nos valores pré e pós
intervenção do grupo controle foi de 1,84, já no grupo experimental foi de 4,99.
Em uma revisão de literatura Soares (2008) ressaltou que o treinamento
proposto por Cawthorne e Cooksey auxilia na redução do desequilíbrio postural e
diminuição do risco de quedas em idosos.
Segundo estudos de Resende et. al (2016) o TF, aparentemente torna-se
uma boa alternativa de treinamento a ser realizada de forma mais confiável
considerada de baixo custo e interessante e importante para a população idosa
trazendo impacto positivo sobre a massa muscular, força, potência muscular,
resistência cardiorrespiratória, flexibilidade, cognição e principalmente equilíbrio.
No estudo de Miranda et al. (2016), o programa de TF proposto no estudo
obteve significativas melhoras em várias capacidades como resistência muscular
localizada e na aptidão muscular, não tendo relação direta com o equilíbrio de forma
exclusiva.
Entretanto, segundo Lustosa et al., (2010), apesar do TF não priorizar de
forma exclusiva o equilíbrio e, sim, em sua maior parte as outras capacidades,
auxilia de forma importante no ganho do mesmo em caráter estático e dinâmico
cuidando para que o idoso possua uma maior independência.
Em Costa (2010), os resultados acerca do programa de treinamento realizado
pelo grupo participante do estudo foram positivos havendo melhoras em testes
principalmente na pontuação da EEB apresentando assim uma redução de 50% no
número de quedas só que há ainda muito o que estudar sobre o assunto.
Relacionando com o estudo de Costa e Hespanha (2009) em revisão
bibliográfica, mostra que o TF é importante principalmente para o reequilíbrio
postural para evitar inclusive possíveis quedas.
É importante ressaltar que ao observar os resultados desta pesquisa,
notaram-se dados significantes em relação à aplicabilidade dos testes e dos
treinamentos, tanto os exercícios funcionais quanto os treinamentos do sistema
vestibular apresentaram melhoras em relação aos testes pré e pós.
O interessante ocorrido nesta pesquisa, foi o fato de se ter notado a
predominância de lateralidade de membros dos indivíduos pesquisados em relação
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ao lado dominante. Como exemplo pode-se notar o teste de flamingo que enquanto
o lado direito obteve só no treinamento funcional, melhora de 290%, no lado
esquerdo obteve-se melhora de apenas 48% ainda que o tipo de treinamento
aplicado tenha garantido de forma positiva, um resultado memorável em relação ao
protocolo aplicado.
Importante ressaltar que o trabalho do profissional de Educação Física
voltado para esta população em especial, deve ser realizado de forma minuciosa
pois, trata-se de uma população em declínio de suas capacidades funcionais, como
exemplo apresentado no estudo o fato de se equilibrar, dentre outras limitações para
suas atividades de vida diária. Desta forma, é um grupo que merece total atenção, o
que não ocorre muito na atualidade, devido fato da população se preocupar mais
com fatores estéticos e hipertróficos em relação à musculatura corporal e deixar de
certa forma excluída essa população.
2.9 Conclusão
Através dos resultados pode-se concluir que os voluntários que fizeram parte
do grupo que realizou exercícios funcionais e os voluntários que fizeram parte do
grupo que realizou exercícios para o sistema vestibular apresentaram melhoras
clínicas em alguns desfechos, porém, notou-se que o grupo funcional foi superior à
ambos grupos. O estudo teve como limitações o número de participantes. Os
autores propõem novos estudos com o número maior de participantes para que se
possa investigar os efeitos de exercícios para o sistema vestibular e exercícios
funcionais para promover melhora dos desfechos estudados.
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