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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Mestrado em Educação Física Daniel Teixeira Maldonado IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: ANÁLISE A PARTIR DO COTIDIANO ESCOLAR São Paulo 2012

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU - usjt.br · estadual e municipal lançam as propostas pedagógicas para suas redes de ensino. No ... curricular de EF do município de São Paulo -----56

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Mestrado em Educação Física

Daniel Teixeira Maldonado

IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE

EDUCAÇÃO FÍSICA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO:

ANÁLISE A PARTIR DO COTIDIANO ESCOLAR

São Paulo

2012

ii

Daniel Teixeira Maldonado

IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE

EDUCAÇÃO FÍSICA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO:

ANÁLISE A PARTIR DO COTIDIANO ESCOLAR

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da

Universidade São Judas Tadeu, como exigência

parcial para obtenção do título de Mestre em

Educação Física, linha de pesquisa: Educação Física,

Escola e Sociedade, sob orientação da Prof.

Dra.Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva.

São Paulo

2012

iii

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca

da Universidade São Judas Tadeu Bibliotecário: Ricardo de Lima - CRB 8/7464

Maldonado, Daniel Teixeira

M244i Implementação da proposta curricular de Educação Física

do município de São Paulo : análise a partir do cotidiano

escolar / Daniel Teixeira Maldonado. - São Paulo, 2012.

344 f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu,

São Paulo, 2012.

1. São Paulo (Município). 2. Cotidiano escolar. 3. Educação

física – Currículo escolar. I. Silva, Sheila Aparecida Pereira

dos Santos. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

iv

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, primeiramente a minha mãe, eterna companheira, que

esteve ao meu lado em todos os momentos difíceis e que me ensinou a encarar os

desafios da vida. Mãe, muito obrigada!

Há uma pessoa muito especial, que entrou na minha vida há exatamente um ano,

e que eu espero poder estar ao seu lado pelo resto da minha existência, a minha noiva

Andréia Lourdes de Souza. Gostaria de agradecer pela ajuda, pelos conselhos sinceros e

por estar ao meu lado sempre. Te amo!

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a professora Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, no qual tive a

oportunidade de conviver durante esses dois anos e ser orientado com grande maestria.

Há professora Ana Martha de Almeida Limongelli, que me orientou durante

meus primeiros trabalhos de Iniciação Científica e que, com toda certeza, sem seus

ensinamentos não teria conseguido concluir o Mestrado em Educação Física.

Ao professor Reinaldo Tadeu Boscolo Pacheco, pela sua participação na

Qualificação e na Defesa dessa Dissertação de Mestrado.

Aos professores de Educação Física, Coordenadores Pedagógicos e Diretora que

foram colaboradores dessa pesquisa.

Aos meus pais, que me deram a possibilidade de escolher ser professor de

Educação Física.

vi

RESUMO

Passados os primeiros anos em que se visualizaram o confronto e o debate entre as

diferentes propostas curriculares da Educação Física, os governos em âmbito federal,

estadual e municipal lançam as propostas pedagógicas para suas redes de ensino. No

entanto, mesmo sendo observadas as sucessivas alterações na maneira de se entender

como devem ser realizadas as aulas de Educação Física Escolar, há indícios que as

mudanças que ocorrem na prática pedagógica dos professores, via de regra, não

alcançam a profundidade e a magnitude desejada pelos proponentes das diretrizes

pedagógicas oficiais. Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa foi identificar e

compreender, na perspectiva do professor de Educação Física, diretor e coordenador

pedagógico os fatores que dificultam e facilitam a implementação da proposta curricular

de Educação Física do município de São Paulo. O presente estudo caracterizou-se por

uma pesquisa descritiva de cunho qualitativo. Foi realizado na zona leste da cidade de

São Paulo, especificamente em uma escola da rede municipal abrangida pela Diretoria

Regional de Educação – Penha. A pesquisa foi realizada em três etapas: pré-

configuração do universo da pesquisa, inserção no campo de pesquisa e re-configuração

do universo da pesquisa. Os principais fatores dificultadores encontrados foram:

descontentamento profissional, jornada de trabalho extensa, baixa remuneração,

formação profissional insuficiente e falta de organização da rede municipal. Todos os

fatores dificultadores encontrados, na maioria das vezes, se relacionam às dimensões

Institucional/Organizacional e Sociopolítica/Cultural. Os principais fatores facilitadores

encontrados foram: empenho dos professores, alterações na LDB, organização da rede

municipal, permanência na escola e hora de estudo. Todos os fatores facilitadores

encontrados se relacionam com as dimensões Institucional/Organizacional,

Instrucional/Pedagógica e Sociopolítica/Cultural. A efetiva implementação dessa

proposta curricular depende de todos os atores que fazem parte do cotidiano escolar que,

por sua vez, deve ser compreendido considerando-se sua complexidade, pois são

diversos os fatores se interrelacionam exercendo influência sobre a prática pedagógica

do professor de Educação Física e, por consequência, na implementação da proposta

curricular de Educação Física do município de São Paulo.

Palavras chave: Proposta Curricular; Fatores dificultadores; Fatores facilitadores;

Educação Física

vii

ABSTRACT

After the first few years in which debate and confrontation among the different curricular

proposals on Physical Education were exposed, the governments at federal, state and local

scope launch pedagogical proposals to their education systems. However, in spite of the

continuing amendments observed in the way of understanding how the classes on School

Physical Education should be conducted, there are signs that changes which happen in the

pedagogical practices of teachers , as a rule, do not reach the thoroughness and magnitude

desired by the proponents of the official pedagogical guidelines. The aim of this research in

this context, was to identify and understand the factors that either hinder or facilitate the

Physical Education curriculum implementation of São Paulo City. This study was

characterized by a qualitative descriptive research. It was held in the eastern side of the

City of Sao Paulo, more specifically in a municipal school covered by the Regional Board

of Education – Penha. The research was carried out in three stages: pre-configuration of the

research, insertion in the research area and rearrangement of the research. The main

awkward aspects found were: professional dissatisfaction, intense workload, low pay,

inadequate training and lack of municipal organization. All awkward factors found, in most

cases are related to the Institutional/Organizational and Sociopolitical/Cultural dimensions.

The main facilitating factors were: commitment of the teachers, changes in LDB, local

education system organization, time spent in school, and hour of study. All the facilitating

factors found are related to Institutional/ /Organizational, Instructional/Pedagogical, and

Sociopolitical/Cultural scales. The effective implementation of this curriculum depends on

all actors that are part of school daily life, which in turn, should be understood given its

complexity, since there are several aspects linked to each other influencing on the

pedagogical practice of the Physical Education teacher and consequently on implementing

Physical Education curriculum of Sao Paulo City.

Key words: Curricular proposals; Awkward aspects; Facilitating factors; Physical

Education.

viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

CATEGORIA 1 Principais fatores dificultadores da implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo --------------------------------------------------56

CATEGORIA 2 Principais fatores facilitadores da implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo ------------------------------------------------102

CATEGORIA 3 Sugestões de mudança para uma efetiva implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo ------------------------------------------------134

ix

LISTA DE ESQUEMAS

ESQUEMA 1 Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo da dimensão Institucional/Organizacional--

-----------------------------------------------------------------------------------------------------147

ESQUEMA 2 Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo da dimensão Instrucional/Pedagógica---151

ESQUEMA 3 Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo da dimensão Sociopolítica/Cultural------161

ESQUEMA 4 Teia de relações dos fatores que dificultam a implementação da

proposta curricular de EF do município de São Paulo--------------------------------------163

ESQUEMA 5 Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo da dimensão Institucional/Organizacional--

-----------------------------------------------------------------------------------------------------168

ESQUEMA 6 Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo da dimensão Instrucional/Pedagógica---172

ESQUEMA 7 Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo da dimensão Sociopolítica/Cultural------175

ESQUEMA 8 Teia de relações dos fatores que facilitam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo-------------------------------------------------177

ESQUEMA 9 Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo da dimensão

Institucional/Organizacional-------------------------------------------------------------------183

x

ESQUEMA 10 Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo da dimensão

Instrucional/Pedagógica------------------------------------------------------------------------185

ESQUEMA 11 Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo da dimensão

Sociopolítico/Cultural--------------------------------------------------------------------------189

ESQUEMA 12 Teia de relações das sugestões de mudança para uma efetiva

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo--------------191

ESQUEMA 13 Compreensão da influência dos atores escolares para a implementação

da proposta curricular de EF do município de São Paulo----------------------------------194

xi

LISTA DE SIGLAS

EF – Educação Física

EFE – Educação Física Escolar

EMEF – Escola Municipal de Ensino Fundamental

IDEB – Índice de Desenvolvimento Básico da Educação

JEIF – Jornada Especial Integral de Formação

LDB – Lei de Diretrizes e Bases

PEA – Plano Estratégico de Ação

PIC – Projeto de Inclusão no Ciclo I

xii

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE ESQUEMAS

LISTA DE SIGLAS

APRESENTAÇÃO

1. INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------1

2. OBJETIVO DA PESQUISA-----------------------------------------------------------------4

2.1. Etapas Intermediárias da Pesquisa --------------------------------------------------4

3. REVISÃO DE LITERATURA -------------------------------------------------------------5

3.1. Compreendendo a complexidade do cotidiano na escola pública---------------5

3.2. Compreendendo a complexidade da Educação Física no cotidiano da escola

pública----------------------------------------------------------------------------------------------15

3.2.1. Tendências pedagógicas e propostas curriculares nas aulas de Educação

Física Escolar--------------------------------------------------------------------------------------16

3.2.2. Cotidiano escolar nas aulas de Educação Física--------------------------------25

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS---------------------------------------------31

4.1. Natureza da Pesquisa------------------------------------------------------------------31

4.2. Região de Inquérito--------------------------- ----------------------------------------31

4.3. População e Amostra------------------------------------------------------------------31

4.3.1. Critérios de Inclusão de quem responde pela Direção da Escola, que também

será-Sujeito da pesquisa.-------------------------------------------------------------------------32

4.3.2. Critérios de Exclusão de quem responde pela Direção da Escola, que

também será-Sujeito da pesquisa.---------------------------------------------------------------32

4.3.3. Critérios de Inclusão dos Coordenadores Pedagógicos-Sujeitos da pesquisa--

-------------------------------------------------------------------------------------------------------33

4.3.4. Critérios de Exclusão dos Coordenadores Pedagógicos-Sujeitos da pesquisa-

-------------------------------------------------------------------------------------------------------33

4.3.5. Critérios de Inclusão dos Professores-Sujeitos da pesquisa-------------------33

xiii

4.3.6. Critérios de Exclusão dos Professores - Sujeitos da pesquisa-----------------34

4.3.7. Técnicas, instrumentos e procedimentos para coleta e análise das

informações----------------------------------------------------------------------------------------34

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS------------------------------------36

5.1. Pré- Configuração do Universo da Pesquisa---------------------------------------36

5.1.1. Configuração da escola pesquisada-----------------------------------------------36

5.2. Inserção no Campo da Pesquisa-----------------------------------------------------40

5.2.1. Síntese das entrevistas--------------------------------------------------------------41

5.2.2. Matrizes Nomotéticas dos fatores que dificultam a implementação da

proposta curricular de EF de acordo com a o Diretora, Coordenadores Pedagógicos e

Professores de EF---------------------------------------------------------------------------------56

5.2.3. Observações do Cotidiano Escolar (Fatores Dificultadores)----------------- 60

5.2.4. Levantamento dos principais fatores dificultadores da proposta curricular de

EF do município de São Paulo-----------------------------------------------------------------100

5.2.5. Matrizes Nomotéticas dos fatores que facilitam a implementação da proposta

curricular de EF de acordo com a o Diretora, Coordenadores Pedagógicos e Professores

de EF----------------------------------------------------------------------------------------------102

5.2.6. Observações do cotidiano escolar (Fatores Facilitadores)-------------------105

5.2.7. Levantamento dos principais fatores facilitadores da proposta curricular de

EF do município de São Paulo----------------------------------------------------------------120

5.3. Re-configuração do universo da pesquisa----------------------------------------122

5.3.1. Fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo------------------------------------------------------------------------123

5.3.2. Fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo------------------------------------------------------------------------129

5.3.3. Considerações do processo de Re-configuração do universo da pesquisa------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------132

5.3.4. Matrizes Nomotéticas das sugestões de mudança para uma efetiva

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo de acordo com

a Diretora, Coordenadores Pedagógicos e Professores de EF-----------------------------134

6. COMPREENSÃO DO COTIDIANO ESCOLAR – FATORES QUE

DIFICULTAM E FACILITAM A IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA

CURRICULAR DE EF DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO------------------------138

xiv

6.1. Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo------------------------------------------------140

6.1.1. Teia de relações dos fatores que dificultam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo------------------------------------------------163

6.2. Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo------------------------------------------------165

6.2.1. Teia de relações dos fatores que facilitam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo-------------------------------------------------177

6.3. Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da

proposta curricular de EF do município de São Paulo--------------------------------------179

6.3.1. Teia de relações das sugestões de mudança para uma efetiva implementação

da proposta curricular de EF do município de São Paulo----------------------------------191

7. CONSTRUÇÃO COLETIVA DA PROPOSTA CURRICULAR DE EF DO

MUNICÍPIO DE SÃO PAULO-------------------------------------------------------------194

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS-------------------------------------------------------------196

9. REFERÊNCIAS-----------------------------------------------------------------------------199

APÊNDICE A – Termo de Autorização e Responsabilidade da Instituição para a

realização da pesquisa---------------------------------------------------------------------------208

APÊNDICE B – Termo de Consentimento para o Professor de Educação Física,

Coordenadores Pedagógicos e Diretora------------------------------------------------------214

APÊNDICE C – Roteiro de Entrevista com Professores de Educação Física,

Coordenadores Pedagógicos, Diretora e Idealizador da proposta curricular de Educação

Física do município de São Paulo-------------------------------------------------------------218

APÊNDICE D – Transcrição das Entrevistas com o Idealizador da proposta curricular

de EF do município de São Paulo, Diretora, Coordenadores Pedagógicos e Professores

de EF----------------------------------------------------------------------------------------------223

APÊNDICE E – Unidades de Significado retiradas das entrevistas---------------------285

APÊNDICE F – Transcrição das Observações realizadas no Cotidiano Escolar------301

APÊNDICE G – Reivindicações da greve e discussão dos professores-----------------337

xv

APRESENTAÇÃO

Minha história com a Educação Física Escolar começa aos quatorze anos,

quando ouvi o paraninfo da minha turma de formatura da 8º série fazendo o seu

discurso sobre a importância do processo educacional na vida das pessoas. Aos quinze

anos comecei a freqüentar uma academia de musculação e lá conheci um profissional

que me levou a escolher a Educação Física como área de formação.

Aos dezoito anos ingressei no Ensino Superior e desde a primeira leitura do livro

da professora Suraya Cristina Darido intitulado Educação Física Escolar: Questões e

Reflexões, me apaixonei pelos debates e possibilidades didáticas de atuação no

ambiente escolar. Participei de dois processos de iniciação científica na Universidade

São Judas Tadeu durante a graduação estudando a prática pedagógica da Educação

Física Escolar. No CELAFISCS – Centro de Estudos e Laboratório de Aptidão Física de

São Caetano do Sul, realizei o curso de formação básica de Pesquisador em Ciências do

Esporte também estudando aspectos relacionados à prática pedagógica escolar.

Durante todo o curso de graduação tive a oportunidade de trabalhar em um

projeto de extensão na Universidade São Judas Tadeu onde ensinávamos esportes para

alunos em situação de risco social. Nesse projeto aprendi a ser professor por conta dos

ensinamentos de dois docentes da Universidade que nos ensinaram todos os seus

conhecimentos pedagógicos para atuarmos em contextos educacionais.

Após o término do bacharelado e da licenciatura em Educação Física, realizei

dois cursos de Especialização pela Universidade Gama Filho, um em Educação Física

Escolar e outro em Pedagogia dos Esportes Coletivos. Nesses cursos tive a possibilidade

de ouvir professores com visões diferentes sobre a prática pedagógica da Educação

Física na escola, o que me permitiu aprofundar a reflexão sobre as minhas concepções

sobre essa disciplina concebidas a partir da minha formação inicial.

Em 2010, tive a primeira oportunidade de atuar na escola pública como

professor de Educação Física no Estado de São Paulo. Fui contratado após realizar uma

prova e concorrer com diversos professores pelo processo de atribuição de aulas. Nessa

escola enfrentei uma realidade que jamais sonhei que enfrentaria. Deparei-me com

alunos com os quais tinha dificuldade de me relacionar e condições de trabalho distantes

daquilo que se considerado ideal. Pensei em desistir, mas essa experiência desafiadora

xvi

me fez entender o quanto a teoria e a prática muitas vezes estão distantes. Foi nessa

época que surgiu uma pergunta que me persegue desde então. Porque a prática

pedagógica na Educação Física Escolar pouco se altera depois de tantos debates

acadêmicos e construções de teorias para subsidiar o professor durante a sua prática

pedagógica?

Nesse mesmo ano passei no concurso da Prefeitura de São Paulo para atuar

como professor nas escolas municipais. Atuo, desde então, na mesma escola municipal,

a EMEF 19 de Novembro, onde tive a oportunidade de aprender sobre a realidade da

escola com diversos profissionais, além de desenvolver projetos em conjunto com

professores que alteraram a minha postura como educador. Realizei muitas experiências

nessa escola, tive muitas dificuldades com diversos fatores, mas também consegui

desenvolver unidades didáticas que me mostraram que aquela teoria que eu percebia tão

distante da realidade durante minha primeira experiência como educador já não estava

mais tão distante assim da realidade vivida nesse momento.

No ano de 2011 fui aprovado no concurso do Estado de São Paulo e atuo como

professor na escola em que ingressei até hoje. Novamente enfrentei uma realidade bem

complicada, onde muitas vezes não consigo colocar em prática muitas das concepções

de ensino da Educação Física Escolar que possuo. Nesse mesmo ano também tive a

oportunidade de realizar minha segunda especialização que ampliou diversos dos meus

pensamentos sobre o esporte no contexto escolar.

Nesses três anos como professor de Educação Física, atuando na escola pública,

sou orientado a me embasar em propostas curriculares com diferentes bases ontológicas,

epistemológicas e estratégias metodológicas para ensinar os conteúdos para os alunos.

Ao mesmo tempo em que sou direcionado a seguir essas propostas, enfrento uma

realidade com muitos fatores que dificultam a minha prática pedagógica. Nesse

contexto, troquei experiências com muitos profissionais que vivem as mesmas

dificuldades e anseios que passo em todos os dias em que atuo como professor. Todas

essas experiências fizeram que buscasse o curso de Mestrado para estudar a prática

pedagógica do professor de Educação Física da escola pública. Depois de muitas

discussões com a minha orientadora surgiu a questão – Quais são os fatores que

dificultam e quais são os fatores que facilitam a implementação das propostas

curriculares de Educação Física dentro das escolas públicas?

Tentei estudar essas questões dentro das escolas estaduais, mas não tive uma

resposta positiva. Foi negado o meu pedido para realizar a dissertação dentro das

xvii

escolas do Estado de São Paulo por algum motivo que não foi muito bem explicado. A

prefeitura de São Paulo aceitou a proposta da pesquisa e então surgiu o objetivo do

trabalho – Identificar e compreender, na perspectiva do professor de Educação Física,

diretor e coordenador e pedagógico os fatores que dificultam e os fatores que facilitam a

implementação da proposta curricular de Educação Física do município de São Paulo.

1

1 - INTRODUÇÃO

Desde sua inserção nos currículos escolares brasileiros, a Educação Física (EF)

visou a atingir objetivos diferenciados, foi ensinada de diversas maneiras, trabalhou este

ou aquele conteúdo com mais ênfase e enfrentou momentos de crise.

Talvez na história de outros países não haja registro de tantas concepções e

abordagens de ensino tão diferenciadas como o que encontramos na Educação Física

escolar (EFE) brasileira. No Brasil, a década de 80 do séc. XX foi fértil no sentido de

confrontar algumas abordagens pedagógicas (BETTI, 1991; BRASIL, 1998; BROTO,

1995; COLETIVO DE AUTORES, 1993; FREIRE, 1989; GUEDES, 1999; GUEDES,

2006; KUNZ, 2001; LE BOULCH, 1983; TANI et al, 1988) e a crítica epistemológica e

metodológica a respeito da área foi muito além do contexto da EF desenvolvida nas

escolas.

Passados os primeiros anos em que se visualizaram o confronto e o debate entre

as diferentes abordagens pedagógicas, os governos em âmbito federal, estadual e

municipal lançam as propostas pedagógicas para suas redes de ensino. Já na entrada do

Século XXI, em São Paulo, as orientações pedagógicas recebidas tinham como pano de

fundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, publicados pelo governo federal em 1997

e foram elaboradas e divulgadas a proposta para a EFE da Secretaria Estadual da

Educação e a da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

As propostas pedagógicas, voltadas para qualquer componente curricular,

sempre se encontram imbuídas da intencionalidade de divulgar um entendimento

específico sobre ser humano, sociedade, ensino e aprendizagem e, em decorrência disso,

direcionar a implantação de determinadas formas de ensinar que estejam de acordo com

tais ideários social e pedagógico do grupo que, na ocasião, se encontra no poder e,

consequentemente, levar os professores trabalharem para formar o tipo de homem e de

sociedade que esteja de acordo com tais ideários.

No entanto, mesmo sendo observadas as sucessivas alterações na maneira de se

entender como devem ser realizadas as aulas de EFE, há indícios que as mudanças que

ocorrem na prática pedagógica dos professores, via de regra, não alcançam a

profundidade e a magnitude desejada pelos proponentes das diretrizes pedagógicas

oficiais, o que nos leva a indagar a respeito de quais seriam os fatores que facilitam e

quais são os que dificultam a mudança de crenças educacionais e da didática dos

professores.

2

Infelizmente, ainda podemos constatar exemplos de professores que, a despeito

de tomarem conhecimento de propostas pedagógicas, continuam a não dar importância

aos seus objetivos educativos e apenas entregam os materiais para os alunos durante o

tempo destinado às aulas, permanecendo como mero observador, sem exercer qualquer

tipo de intervenção pedagógica.

Poucos estudos mostram uma pequena alteração na prática pedagógica dos

professores, principalmente aqueles que realizam formação contínua, têm formação

mais recente e conseguem ter uma infra-estrutura boa de trabalho. Além de alguns

estudos de caso que vêm demonstrando uma prática renovadora de alguns docentes

(BARROS e DARIDO, 2009; COSTA e NACIMENTO, 2006; ERVATTI, 2000;

FIORANTE e SIMÕES, 2005; FONSECA e FREIRE, 2006; FREIRE et al, 2010;

MENEZEZ e VERENGUER, 2006; MENEZEZ e VERENGUER, 2010; GALVÃO,

2002; MALDONADO et al, 2010; MOTA et al, 2010; NEIRA e NUNES, 2009;

OLIVEIRA e RAMOS, 2008; RODRIGUES e DARIDO, 2008; ULASOWIZ e

PEIXOTO, 2004).

Parece-nos incoerente, para não dizer estarrecedor, constatar que a prática

pedagógica de muitos professores de EFE permanece tão distante do avanço encontrado

em termos de fundamentação teórica que a área registrou nas três últimas décadas. Essa

constatação reforça a necessidade de responder ao questionamento sobre quais seriam

os fatores que facilitam e quais os que dificultam a implementação de novas propostas

pedagógicas, do ponto de vista do professor de EF, diretor e coordenador pedagógico no

contexto da escola pública.

Essa discussão específica sobre a escola pública se torna extremamente relevante

no século XXI. Com a tentativa de universalização do ensino para todas as camadas

populares, muitos setores da sociedade começaram a reconhecer a importância da

instituição escolar pública, que acabou perdendo seu caráter meramente educativo ao

longo dos anos. Essas alterações tornaram o ambiente escolar muito complexo, pois os

alunos que passaram a frequentar essa escola não pertencem mais ao mesmo grupo

social, os jovens são muito diferentes com toda a evolução tecnológica, os pais desses

adolescentes muitas vezes também ocasionam diversos confrontos com o corpo docente

e administrativo dessas escolas, além de todos os interesses políticos envolvidos nesse

processo.

Nossa trajetória profissional em escolas públicas nos fez enxergar que há

dificuldades enfrentadas pelos professores quando se trata de efetivar sua prática

3

pedagógica. Diversos colegas de profissão relatam problemas em suas escolas muito

parecidos com aqueles que vivenciamos, porém, cada docente resolve as situações de

forma diferente, encontrando soluções a partir da sua própria história de vida, utilizando

os recursos dos quais dispõe, lidando com as mais diferentes situações e crenças

presentes no complexo do cotidiano escolar, e, quando possível, fazendo aquilo que

realmente apresenta significado para eles. Dessa forma, acreditamos que seja importante

diagnosticar os fatores que facilitam e que dificultam a prática pedagógica de

professores de EFE que atuam em escolas públicas para ouvir as vivências desses

docentes que atuam cotidianamente com os alunos, gerando um conhecimento

importante tanto para os professores que estão nas escolas e necessitam refletir sobre

seu contexto de trabalho, como para aqueles que ainda estão passando pelos cursos de

formação e poderão ingressar, brevemente, como docentes nas escolas. Além disso, a

nossa intenção é mostrar quais são as principais dificuldades vivenciadas por esses

professores para compreender a prática pedagógica nas aulas de EFE.

Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa foi, identificar e compreender, na

perspectiva do professor de EF, diretor e coordenador pedagógico, os fatores que

dificultam e os que facilitam a implementação de propostas pedagógicas emanadas dos

órgãos oficiais em nível municipal.

4

2 - OBJETIVO DA PESQUISA

Identificar e compreender, na perspectiva do professor de EF, diretor e

coordenador pedagógico os fatores que dificultam e os que facilitam a implementação

de propostas pedagógicas emanadas dos órgãos oficiais em nível municipal.

2. 1 - ETAPAS INTERMEDIÁRIAS DA PESQUISA

a) Identificar, na literatura, os fatores condicionantes da atuação do

professor no contexto escolar, com especial destaque para o professor

de EF;

b) Identificar no cotidiano escolar e no depoimento de professores, diretor e

coordenador pedagógico fatores relacionados à implementação de

diretrizes curriculares oficiais;

5

3 - REVISÃO DE LITERATURA

3.1 – COMPRENDENDO A COMPLEXIDADE DO COTIDIANO NA ESCOLA

PÚBLICA

Entendemos o cotidiano escolar como um ambiente extremamente complexo,

onde fatores econômicos, políticos, estruturais, motivacionais, entre tantos outros, se

relacionam como uma teia, tornando esse um espaço extremamente difícil de ser

compreendido, na perspectiva dos diferentes atores que dele fazem parte. Iniciaremos

esse capítulo relembrando um pouco dos detalhes históricos da educação no Brasil,

enfatizando principalmente para quem e para que a escola foi concebida e como as

mudanças ocorridas com a população que frequenta esse ambiente tornou ainda mais

complexo a convivência de toda a comunidade escolar. Tentaremos compreender

também como os professores estão lidando com a complexidade desse cotidiano e com

os alunos que passaram a frequentar os bancos escolares após a tentativa de

democratização do ensino.

Ensinar é uma arte tão antiga quanto a humanidade, porém é possível identificar

o início da profissão docente há mais de 300 anos em um contexto sócio-político bem

específico: desenvolvimento da urbanização, fortalecimento das cidades, o

questionamento da aristocracia, o aparecimento da burguesia revolucionária e suas lutas

por democratização com a intenção de que houvesse ensino sistematizado para toda a

população (PENIN, 2009).

As primeiras iniciativas de educação em nosso país, implementadas pelos

colonizadores portugueses, ocorreram no período caracterizado como Brasil Colonial e

tiveram inicio com os primeiros padres jesuítas que chegaram a Salvador, na Bahia, em

1549. A função dos jesuítas era de cristianizar os indígenas e difundir entre eles os

valores da civilização ocidental cristã (LEITE e DI GIORGI, 2011).

Em 1759, Marques de Pombal expulsa os jesuítas do Brasil, provocando ruptura

em toda a organização de ensino instaurada na época colonial, iniciando outro momento

na história da educação brasileira, quando entra em cena o poder público estatal como

agente responsável pelos novos rumos educacionais, porém, isso não se traduziu em

fatos. Não existem evidências de que as iniciativas de instrução pública tenham ocorrido

no Brasil nesse período (LEITE e DI GIORGI, 2011).

6

Com a chegada da família real portuguesa no Brasil, em 1808, modificou-se o

cenário educacional para atender a demanda de alunos da aristocracia portuguesa e

preparar quadros para as novas condições técnico-burocráticas. Importante ressaltar que

nesse processo não houve progresso e a relação com a educação elementar, uma vez que

as elites recebiam instruções em suas próprias casas, como ensino privado. Nesse

momento histórico já se percebe um ensino elementar precário e acesso a escola como

privilégio de poucos (LEITE e DI GIORGI, 2011).

Para Leite e Di Giorgi (2011) é a partir do império que o país começa a

reconhecer a importância do sistema escolar. Após a independência, iniciou-se a

discussão da situação precária da educação no país. Algumas escolas foram fundadas

nas províncias promovendo um pequeno processo de ensino elementar, quando se

comparava aos anos anteriores. Mesmo assim, durante todo o império, a educação

popular ainda se desenvolveu de forma precária. A educação do povo não tinha muita

importância para a estrutura social e econômica da época, mantendo o processo

educacional privilégio das elites.

Quando o Regime Republicano se insere no país começam a ser considerados

ideais liberais, favorecendo o crescimento da industrialização. Os vinte e cinco

primeiros anos do período republicano não se diferenciaram dos últimos do império. Os

grandes centros urbanos passaram a receber as elites e parte da classe média emergente,

ampliando as oportunidades educacionais para o nível médio e superior. O ensino

elementar começa a se desenvolver na região Centro-Sul do país devido ao

deslocamento do eixo econômico, porém, no plano geral, a educação ainda permanece

como benefício exclusivo das elites (LEITE e DI GIORGI, 2011).

Peregrino (2010) menciona que na sociedade escravocrata até as primeiras

décadas da república o processo educacional se dividiu em duas vertentes. Uma esteve

relacionada com o Ensino Superior para as elites, após as pessoas terminarem o ensino

secundário e o ensino profissional realizado em escolas agrícolas ou em escolas de

aprendizes de artífices destinado a formação de força de trabalho para as camadas mais

populares.

Dessa forma, há décadas que a escola é um ambiente onde poucos usufruíam de

seus benefícios, ou seja, apenas a classe social de poder econômico alto é que

frequentava os bancos escolares e, consequentemente, tinha acesso ao conhecimento

científico e humanístico. No Brasil, desde o tempo da Colônia até os anos 20/30 do

século XX, a educação foi mantida como privilégio de poucos (PENIN, 2009).

7

Após a 1º Guerra Mundial, as discussões sobre os problemas educacionais

voltam a ser debatidas, iniciando uma campanha contra o analfabetismo da população e

intensificando o movimento a favor da educação popular. As alterações das relações

sociais provocadas no Brasil com a extinção da escravatura e o fato do proletariado

iniciar a sua história no contexto brasileiro provocam a expansão do ensino elementar,

pois, na ótica da classe dominante, o ensino seria uma forma de controlar a população

em favor dos interesses do capital (LEITE e DI GIORGI, 2011).

No período de 1930 a 1945, a esfera educacional sofre reflexos nas mudanças do

regime político. Em seu programa de reconstrução social, o Presidente Getúlio Vargas

incluía em seu programa de reconstrução nacional a difusão do ensino público,

principalmente o profissionalizante, sendo observada a ampliação do ensino elementar

no final do Estado Novo (LEITE e DI GIORGI, 2011).

A Constituição de 1934 estabeleceu a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino,

porém somente na década de 1940 foram instituídos os sistemas estaduais de ensino que

iniciaram a organização e o atendimento à população começando um processo de

escolarização para pessoas que não faziam parte da elite (PENIN, 2009).

Essa mesma Constituição fixou bases para a política nacional de educação.

Nesse momento, a educação passa a ser reconhecida como direito de todos, devendo ser

o Ensino Fundamental (1º ciclo) gratuito e obrigatório, além de ser extensivo aos

adultos. Instituiu-se em 1992 o fundo educacional do ensino primário tornando

assegurada a universalização desse nível escolar. A Constituição Federal de 1946,

aprovada e liberada nos princípios liberais e democráticos, estabelece que a educação

seja direito de todos. Começa a se vivenciar uma política de Ensino Fundamental,

decorrente da pressão e da expansão da escolaridade desde 1930 (LEITE e DI GIORGI,

2011).

A migração de um número grande de pessoas para a cidade de São Paulo,

acentuada a partir da década de 50, ocasionou a falta de prédios escolares para abrigar

todos os alunos, entre outras carências. Em 1956 foi criado o ensino municipal

paulistano, ocasião em que a Prefeitura iniciava atividade independente do Estado na

oferta do ensino público para a população. Nesse momento houve uma grande

divergência entre esses dois níveis governamentais ocasionando certa falta de

planejamento e desorganização das construções escolares (PENIN, 2011).

Penin (2011) ainda aponta que, nas décadas de 70 e 80, foi presenciado um

aumento significativo na oferta de vagas nas escolas. Neste momento, os filhos das

8

pessoas com menor poder aquisitivo passaram a ter atendido o seu direito de frequentar

a escola pública. Essa democratização quantitativa ocorreu devido ao interesse do

governo em escolarizar a mão de obra necessária à produção industrial e devido às

reivindicações organizadas nos bairros periféricos.

Com a Constituição Federal de 1988 a presença do povo e a valorização da

cidadania e da sabedoria popular foram muito discutidas. Essa constituição estabelece

no ensino público o principio da gestão democrática, o dever do Estado em oferecer

creches e escolas para todas as crianças e o Ensino Fundamental gratuito para todos

(LEITE e DI GIORGI, 2011).

Penin (2011) ressalta que a democratização da escola pública aconteceu à custa

da diminuição do salário dos professores, da deteriorização das condições de trabalho,

da diminuição do rendimento escolar dos alunos e da diminuição das verbas para a

educação. A autora menciona que os alunos da escola pública (estadual e municipal)

apresentavam baixo rendimento escolar enquanto que as crianças e adolescentes que

frequentavam o ensino privado mantinham o mesmo rendimento dos anos anteriores. A

porcentagem de gastos que a União despendia a Educação também despencou após a

democratização do ensino, diminuindo pela metade os gastos do orçamento público

entre as décadas de 1960 e 1980.

Nesse contexto de abertura da escola pública para todas as classes sociais, é

iniciado um processo de revolução digital e da comunicação, forçando a escola a rever o

seu papel e os professores a pensarem em novas perspectivas para o currículo,

metodologia de ensino e respectiva avaliação. Nesse mesmo momento, principalmente

nos centros urbanos de classe média e mais populosos, é iniciado um movimento de

transferência dos alunos com melhor poder aquisitivo para as escolas particulares,

principalmente porque a escola pública apresenta dificuldades em lidar com as

mudanças na sociedade e por algum tipo de discriminação pela chegada de novos

alunos, filhos de pessoas pertencentes às classes menos favorecidas (PENIN, 2009).

Leite e Di Giorgi (2011) afirmam que do ponto de vista do desenvolvimento

econômico e do capital, foi necessário a ampliação das oportunidades educacionais,

mesmo que esse aumento de alunos na escola tenha ocorrido sem a melhoria da

qualidade do ensino. Mas, é de extrema importância ressaltar que pela primeira vez na

história do Brasil que a população trabalhadora passa a ser acolhida pela escola.

Cortesão (2002) aponta que essa nova população que passa a frequentar os

bancos escolares apresenta características muito diferentes das que anteriormente

9

estavam presentes no grupo sociocultural para o qual a escola tinha sido concebida,

composto por uma mistura de culturas e de situações socioeconômicas que até então não

eram observados nas escolas. Leite e Di Giorgi (2011) também ressaltam que a

população que passou a frequentar a escola mudou radicalmente, tornando-se um

ambiente onde todos os setores da sociedade se encontram, além de ser um campo de

repercussão de todas as tensões que conturbam a vida coletiva contemporânea.

Peregrino (2010) aponta em sua análise que a escola pública após a ampliação

do número de vagas para alunos com menor poder aquisitivo inicia um procedimento de

gestão da pobreza, com políticas públicas para esse fim, ocasionando uma reflexão

sobre a sua função social, que antes era enfaticamente educar. Para a autora inicia-se um

processo de “desescolarização da escola” no momento em que jovens e crianças que

sempre foram excluídos dessa instituição passam a freqüentar os bancos escolares por

um tempo prolongado.

Confirmando essa tendência de modificação das funções sociais da escola

pública, diversas políticas públicas foram colocadas em prática. Alves (2006) aponta a

importância da distribuição efetiva de merenda escolar, o recebimento de bolsas para as

famílias que tivessem seus filhos matriculados em escolas públicas e cumprissem alguns

critérios pré-estabelecidos, recebimento de tratamentos médico-odontológico e a

distribuição de materiais didáticos para o aumento do número de matrículas e a

manutenção dessas crianças e adolescentes nessa instituição escolar.

O autor também menciona que a escola se tornou um importante local de lazer e

convivência social, pois o espaço escolar muitas vezes é a única possibilidade de

realizar atividades prazerosas nos momentos de descontração. Dessa forma, a instituição

escolar pública assume mais essa função social para os filhos das camadas mais carentes

da população (ALVES, 2006).

Esse aumento do número de matrículas e a inclusão de alunos que antes eram

excluídos da escola pública de Ensino Fundamental, perspectivando a sua

universalização, trazem consigo diversos prejuízos, pois o que se expande é uma

mistura de escola com conteúdos degradados e o espaço de gestão da pobreza. A

instituição escolar pública começa a tentar cumprir diversas tarefas que antes não eram

de sua responsabilidade, tornando-se um ambiente degradado e uma instituição

assistencial. Importante ressaltar que todo esse processo traz consigo a manutenção de

alunos dentro do ambiente escolar que nunca antes tiveram chance de frequentá-lo

(PEREGRINO, 2010).

10

Alves (2006) também demonstra preocupação em relação à violência que

adentra o ambiente escolar. Para o autor a violência de gangues e a criminalidade de

menores vêm aumentando demasiadamente no espaço escolar. Essa situação já faz com

que muitas pessoas na sociedade pressionem os políticos para colocar policiamento

dentro das escolas, tentando diminuir todo esse quadro, podendo dessa forma diminuir o

orçamento para a educação e aumentar as verbas de segurança pública para que se possa

colocar policiais para realizar a segurança no ambiente escolar público.

Diante de todos esses fatores, o professor passa a ter novos desafios com esta

nova população escolar, pois começa a conviver com alunos que tem valores diferentes,

vontades diferentes, além de ter que lidar com os valores veiculados por uma sociedade

elitista e capitalista, que tem no seu bojo novas perspectivas de vida e objetivos muito

diferentes daqueles com os quais os professores estavam acostumados a lidar no dia a

dia escolar, o que veio a alterar completamente o cotidiano escolar e torná-lo ainda mais

complexo.

Ribas et al (2003) menciona em suas reflexões que a escola pública encontra-se

afundada em uma tremenda crise ocasionada pelos sistemas econômico e político, que

interferem de fora para dentro do sistema escolar, embora sejam diversos os fatores

internos da própria escola que potencializam essa situação complicada

Diante dessa realidade, os professores necessitam elaborar e aplicar suas aulas

todos os dias. O seu cotidiano escolar é marcado por questões altamente complexas,

dificultando seu trabalho e o tornando resistente a qualquer tipo de mudança, por culpa

do próprio sistema escolar que impede muitas vezes práticas diferenciadas.

Para enxergamos o cotidiano escolar devemos prestar atenção em tudo o que

está acontecendo nele, fazendo uma reflexão sobre todas as questões que envolvem a

realidade escolar, principalmente no que ocorre no interior das salas de aula, que se

denomina de cotidiano de sala de aula. Mesmo não definindo o que seja cotidiano de

sala de aula, Macedo (2005) esclarece que a expressão está relacionada com observar,

orientar, regular, por parte do professor, o que acontece nesse ambiente, objetivando

uma melhor qualidade de ensino e aprendizagem. Sendo assim, para compreender o

cotidiano escolar, é necessário refletir sobre os acontecimentos da sala de aula, o que é

extremamente importante, pois nem sempre o que se vive na escola está escrito nos

livros (MACEDO, 2005)

Caldeira (1995) relata que o cotidiano escolar está relacionado com os saberes

produzidos na realidade pelos docentes, como, por exemplo, o conhecimento dos

11

alunos, a relação com cada uma das suas salas de aula, com cada uma das escolas que

atua e com a natureza do próprio processo educacional.

Nos estudos do cotidiano escolar busca-se entender como os professores agem

cotidianamente na busca de levar os seus alunos a aprendizagem, que elementos criam a

partir de suas redes de saberes, de práticas e subjetividades, como criam os seus fazeres

e desenvolvem as suas práticas em função do que são. Essa é, talvez, a questão central

nos estudos curriculares voltados para o cotidiano. Esses estudos dedicam-se a

compreender as práticas curriculares reais, entendo-as como complexas e relacionadas a

saberes e fazeres que, nem sempre ou mesmo raramente, constituem um todo diferente.

Isso significa que os professores tecem as suas práticas cotidianas a partir de redes,

muitas vezes contraditórias de convicções e crenças, de possibilidades e limites, de

regulação e emancipação. Do mesmo modo, as propostas curriculares formais que

chegam as escolas são formadas no seio das mesmas convicções, assumindo um caráter

mais ou menos regulatório ou emancipatório em suas diferentes proposições (ALVES e

OLIVEIRA, 2005).

Isso significa dizer que, em nossas atividades cotidianas, os currículos que

criamos misturam elementos das propostas formais e planejadas com as possibilidades

que temos de implantá-las e o acordo ou desacordo que temos sobre elas. Por sua vez,

essas possibilidades se relacionam com aquilo que sabemos e em que acreditamos, ao

mesmo tempo em que são definidas na dinâmica de cada turma, dos saberes dos alunos,

das circunstâncias de cada dia de trabalho. Ou seja, cada conteúdo de ensino,

repetidamente ensinado, ano após ano, turma após turma, vai ser trabalhado

diferentemente, em situações diferentes (ALVES e OLIVEIRA, 2005).

Ribas et al (2003) apontam que existem duas práticas cotidianas dos professores

com direções distintas:

- A primeira forma de atuar caminha na direção da mudança, possibilitando uma nova

organização da escola, oferecendo condições favoráveis para o ensino e para a

permanência dos alunos na escola. Os professores aplicam metodologias alternativas,

levando em conta experiências dos saberes populares e sistematizados.

- A segunda forma tem levado em consideração o macro sobre o microssocial, chegando

à conclusão que pouco ou quase nada pode ser feito ou mudado. Os professores

assumem práticas legalistas que cumprem prazos, planejamentos e produzem avaliações

rigorosas e seletivas.

12

A própria realidade da escola dificulta o desenvolvimento de propostas

inovadoras devido ao caráter extremamente burocrático e centralizador do sistema

escolar brasileiro, contribuindo para o imobilismo de todos os profissionais que atuam

na escola (RIBAS et al, 2003).

Rocha (2003) enfatiza que as dificuldades instaladas na realidade escolar para

que os professores consigam desenvolver práticas diferenciadas decorre das políticas

vigentes e sua normatização por parte dos órgãos responsáveis pela administração do

ensino. As orientações desses órgãos aos professores estimulam uma prática de rotinas e

comportamentos burocratizados controlados pelos órgãos centrais, impedindo qualquer

tentativa de criatividade e inovação, não esquecendo as condições precárias das escolas,

nos baixos salários dos professores, do desinteresse geral apresentados pelos alunos,

professores e demais participantes da comunidade escolar. O autor também relata ter

encontrado em diversas escolas instalações precárias, insuficiente qualidade de

formação profissional, dificuldades na relação professor-aluno e um caráter

extremamente autoritário do sistema escolar, ocasionando descrédito da escola.

André (2008) enfatiza que, para se compreender as vivências do cotidiano

escolar, é preciso estudá-lo com base em três dimensões: a institucional ou

organizacional, a instrucional ou pedagógica e a sociopolítica ou cultural. Elas devem

ser analisadas como uma unidade de múltiplas relações, tentando compreender a

dinâmica do cotidiano escolar.

A dimensão institucional ou organizacional considera os aspectos da prática

escolar. A partir dessa dimensão podemos compreender a organização do trabalho

pedagógico, as estruturas de poder e de decisão, os níveis de participação dos seus

agentes, a disponibilidade de recursos humanos e de materiais, resumindo, toda a rede

de relações que ocorrem no cotidiano escolar. Essa dimensão é normalmente afetada por

influências indiretas, como as políticas educacionais, as pressões e expectativas dos pais

e da população em relação a educação escolar, e mais diretas, como a posição de classe,

a bagagem cultural e os valores de cada pessoa que atua no contexto escolar (ANDRÉ,

2008).

A dimensão instrucional ou pedagógica se situa nas vivências escolares de

ensino nas quais se dá o encontro de professor-aluno-conhecimento. Nesse contexto se

inserem os objetivos e conteúdos de ensino, as atividades e o material didático, a

linguagem e outros meios de comunicação entre educador e educando, e as maneiras de

avaliação do ensino e da aprendizagem. Para estudar essa dimensão, leva-se em conta a

13

história de cada indivíduo que dela participa e as condições em que acontece a

apropriação do conhecimento, ou seja, deve se analisar a situação concreta de cada

aluno, de cada professor e a inter-relação do ambiente em que ocorre o ensino, além de

analisar os conteúdos e o trabalho em sala de aula (ANDRÉ, 2008).

A dimensão sociopolítica/cultural se situa em um contexto sociopolítico e

cultural mais amplo, portanto, aos determinantes macroestruturais da prática educativa.

Na análise dessa dimensão, são realizadas reflexões sobre o contexto histórico, sobre as

forças políticas e sociais e sobre as concepções e os valores presentes na sociedade,

buscando um nível mais profundo de investigação da prática escolar, considerando sua

totalidade e suas múltiplas determinações. Isso envolve caminhar da prática para a

teoria e da teoria para transformação da prática (ANDRÉ, 2008).

Por envolver questões complexas, analisar o cotidiano da sala de aula se torna

muito difícil, pois se trata de um tema que, ainda que muito presente, é distante das

nossas reflexões e comumente tratado de forma genérica pela literatura (MACEDO,

2005).

Esse tema é muito importante, pois, questões como indisciplina, violência e

depredação da escola, dificuldades de atenção às aulas, desinteresse, pouco tempo para

abordar os conteúdos que devem ser ensinados, são tratados como produto da

incompetência do professor. Além disso, questões salariais, poucas ou precárias

condições de trabalho e falta de recursos quase sempre estão presentes na realidade dos

docentes.

Apesar de, frequentemente, serem constatados tais problemas, a solução para

eles ainda parece distante. Em relação a isso, Zagury (2009) afirma que, no Brasil, as

mudanças na Educação têm ficado apenas no papel e dentro da lei, porém, no contexto

real da sala de aula, o professor não recebe o treinamento que necessita para alterar a

sua prática pedagógica com segurança. Além disso, os aportes necessários de infra-

estrutura física, material ou os equipamentos que poderiam possibilitar alguma chance

de sucesso ficam longe de chegar ao contexto real dos professores.

Tais afirmações de Zagury (2009) são embasadas por um estudo que realizou

com o objetivo de colher dados concretos sobre o pensamento do professor brasileiro

que atua em sala de aula e, dessa maneira, compreender melhor os problemas que o

professor encontra no contexto real da prática pedagógica. A pesquisa abrangeu 42

cidades, em 22 estados brasileiros, totalizando 1.172 entrevistas com professores de

Ensino Fundamental e Médio de diversas disciplinas, sendo a maioria do sexo feminino,

14

com grande experiência docente e com atuação na rede pública de ensino. Os resultados

mostraram que a maior dificuldade dos professores foi manter a disciplina em sala. Isso

ocorreu, principalmente, porque os alunos não têm limites, são rebeldes, agressivos e

faltam com respeito ao professor, comumente atribuídos a problemas oriundos da

própria família do estudante como excesso de liberdade concedida ao estudante, falta de

compromisso, interesse e apoio da família a ele, falta dos quesitos básicos de educação

que deveriam ser providos pela família.

A segunda maior dificuldade se refere à falta de interesse e motivação dos

alunos, alunos dispersos, presença de outras motivações mais fortes, no entanto alheias

à sala de aula, falta de reconhecimento e valorização da importância da escola ou do

estudo por parte dos alunos e, novamente, se menciona a falta de compromisso,

interesse e apoio da família ao estudante como uma das causas que interfere no seu

comportamento. Não fosse suficiente esse quadro complexo para configurar o problema,

os professores ainda referiram sua dificuldade em encontrar formas e recursos para

motivar esses alunos. Outras dificuldades mencionadas se referiram a realizar a

avaliação dos alunos, manterem-se constantemente atualizados, escolher a metodologia

adequada a cada unidade ou aula, usar recursos audiovisuais, dificuldade em trabalhar

com classes numerosas, e, novamente, a falta de participação e interesse dos pais em

relação ao que acontece na escola (ZAGURY, 2009).

Nesse contexto, Zagury (2009) ainda menciona que o professor se torna refém

de um sistema muito complexo, não conseguindo realizar a sua prática pedagógica da

forma como gostaria, devido a inúmeros fatores como: falta de empenho e vontade

política; uso inadequado de verbas públicas; precariedade de instalações e infra-

estrutura, remuneração docente inqualificável; má compreensão e distorção das novas

linhas pedagógicas devido à escassez ou inexistência de treinamento docente adequado,

no processo de implantação dessas linhas; falta de experimentação prévia das novas

propostas por meio de projetos-piloto e o raro acompanhamento dos resultados de cada

nova proposta implantada.

O professor também se torna refém do tempo, ou seja, ele necessita de certa

quantidade de tempo para superar deficiências de sua formação inicial, para atender às

pressões internas que sofre do sistema que o impulsionam a implantar técnicas e

métodos que lhe exigem dedicação quase individual ao aluno; para realizar uma

avaliação qualitativa conforme se preconiza atualmente, para desenvolver maneiras de

lidar com aqueles alunos que, em muitos casos, o enfrentam e desafiam abertamente,

15

para aprender a lidar com a família dos alunos, que não apresenta autoridade perante os

filhos e pressiona a escola para fazê-lo em seu lugar, enfim, para responder aos desafios

e obstáculos apresentados pela sociedade, que volta e meia, surpreende professores e

gestores com medidas cautelares, mandatos de segurança e processos. São, portanto,

muitos problemas e pressões que exigem tempo para seu bom atendimento, um tempo

do qual, infelizmente, o professor não dispõe (ZAGURY, 2009).

Diante do exposto, acreditamos que o cotidiano escolar deve ser compreendido

levando em conta a sua complexidade. Como vimos, diversos fatores interferem na

prática pedagógica dos professores. As mudanças que ocorreram na educação do Brasil

nos ajuda a enxergar como o cotidiano de sala de aula foi se tornando complexo.

Também observamos que esse cotidiano deve ser entendido pelas dimensões:

institucional ou organizacional, instrucional ou pedagógica e sociopolítica ou cultural,

impossibilitando qualquer tentativa simples de compreender esse contexto.

Identificamos também a importância de ouvir os professores e todos que participam da

instituição escolar para tentar entender todos os fatores que interferem no complexo

desse cotidiano.

3.2 - COMPREENDENDO A COMPLEXIDADE DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO

COTIDIANO DA ESCOLA PÚBLICA

A disciplina de EF faz parte do currículo escolar desde o século XIX. Desde a

sua inserção na escola até os dias atuais, a forma de se pensar esse componente

curricular se alterou muitas vezes, desde propostas no plano teórico que ganharam força

dentro da escola e se efetivaram em práticas pedagógicas, até teorias que nunca saíram

do papel. Nossa intenção, neste capítulo, é mostrar quais foram as principais tendências

que surgiram e como se efetivaram dentro das aulas de EFE, as alterações na legislação

escolar vigente que alterou a forma de se entender e realizar a EF no ambiente escolar,

além de identificar aspectos do cotidiano escolar vivenciados pelos professores que

estão ministrando aulas na escola básica no contexto atual em que a escola está inserida

como elementos que auxiliam nossa reflexão sobre a construção e possíveis implicações

para a implementação da proposta curricular municipal que é objeto dessa pesquisa.

Pretendemos também compreender como todas essas tendências que surgiram e fazem

parte da formação profissional, as alterações na legislação e a realidade vivenciada

16

pelos professores na escola pública, com todas as alterações que ocorrem na sociedade

ao longo dos anos, tornou o cotidiano da escola complexo, durante as aulas de EF.

3.2.1 – TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E PROPOSTAS CURRICULARES NAS

AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Em 1851, a EF foi incluída como matéria no currículo escolar, em 1854, a

ginástica passou a ser disciplina obrigatória no Ensino Fundamental e a dança no Ensino

Médio, mas foi a partir de 1920 que os Estados começaram a incluir a EF nas suas

reformas educacionais, frequentemente denominando esse componente curricular de

ginástica (BETTI, 1991).

Castellani Filho (1988) aponta que foram muitos os esforços para que a EF

passasse a fazer parte da grade curricular na escola. Para que isso ocorresse, o Parecer

de Rui Barbosa no projeto de número 224, denominado “Reforma do Ensino Primário e

várias instituições complementares da Instrução Pública” deu espaço à EF na escola,

instituindo desde uma sessão especial de ginástica realizada em horário distinto ao do

recreio e depois das aulas, estendendo aos professores de ginástica os mesmos direitos

dos professores das demais disciplinas escolares.

Bracht (1999) menciona que a entrada da EF no ambiente escolar foi

intimamente influenciada pela instituição militar e pela medicina. O propósito principal

dessa disciplina na escola era educar o corpo para a saúde, sendo ressignificada em uma

perspectiva nacionalista/patriótica.

A partir de 1930, a EF é marcada pela fase higienista. Essa fase apresentou como

preocupação central o desenvolvimento de hábitos de higiene e saúde e o objetivo de

promover o desenvolvimento físico e moral por meio do exercício físico. Neste

momento histórico, todas as aulas de EF eram ministradas por militares e passou a ter

como objetivo primordial formar pessoas disciplinadas e obedientes à realidade social

da época (COLETIVO DE AUTORES, 1993).

Os higienistas definiram criar o corpo saudável, robusto e harmonioso

organicamente, em oposição ao corpo relapso, flácido e doentio, na pretensão, que essa

forma de corpo, representa-se uma classe e uma raça, e destinaram à EF esta missão. Na

interpretação de Castellani Filho (1988), pode-se dizer que a busca desse tipo de corpo

pode ter colaborado para incentivar o racismo e os preconceitos, explorando, em nome

da superioridade racial e social da burguesia branca, todas as pessoas que não tinham

17

essa estrutura corporal higienista. Portanto, os médicos higienistas, através da

disciplinarização do físico, do intelecto, da moral e da sexualidade visavam multiplicar

os indivíduos brancos politicamente adeptos da ideologia nacionalista (CASTELLANI

FILHO, 1988).

Neira e Nunes (2008) relatam que na fase higienista a sistematização das

práticas corporais ocorre com o surgimento dos métodos ginásticos propostos pelo

sueco P. H. Ling, pelo francês Amoros e pelo alemão Spiess. Para os autores, esse

momento na escola pode ser nomeado como currículo ginástico.

Para Darido (2004), tanto a concepção higienista, como a militarista,

consideravam a EF uma disciplina essencialmente prática, não necessitando de

fundamentação teórica para lhe dar suporte. Sendo assim, naquele momento, não era

preciso dominar conhecimentos teóricos para ensinar os conceitos da disciplina,

bastando ter sido um praticante das atividades propostas.

Bracht (1999) discorda desse ponto de vista, acreditando que nesse momento

existia um predomínio das ciências naturais como conhecimento fundamentador da EF.

A reflexão pedagógica da EFE estava voltada para a intervenção educativa sobre o

corpo, apoiado nos conhecimentos da biologia, contribuindo para o desenvolvimento da

aptidão física e, posteriormente, da aptidão esportiva.

Logo após as Grandes Guerras, começa a surgir o modelo esportivista na EFE,

sendo o rendimento esportivo, os recordes, a competição ao extremo e a vitória no

esporte como sinônimo de sucesso pessoal os principais aspectos abordados pelos

professores. Nesse momento, a pedagogia tecnicista era a que mais permeava as aulas

dos professores de EF (COLETIVO DE AUTORES, 1993).

Caparroz (2007a) relata que as aulas eram pautadas pela biologização do

movimento humano, sendo realizadas por práticas desportivizadas, visando à formação

de atletas e o desenvolvimento da aptidão física. Portanto, a EF voltava-se para a

construção de um corpo ordeiro, disciplinado, forte, garantindo saúde e aptidão física ao

trabalhador, preparando-os para as exigências técnicas do trabalho, formando um ser

humano alienado da discussão das questões sociais. Além disso, as aulas eram

carregadas de autoritarismo, característica herdada da influência militar.

Segundo Betti (1991), entre 1969 e 1974, o Brasil observa a associação do

esporte com a EF por meio de uma estratégia do Estado. Nessa época, a ditadura militar

está implantada no país e os militares passam a investir fortemente no esporte. O Brasil

começa a participar de competições de alto nível da maneira concreta. Essa estratégia do

18

Estado de conciliar EF e esporte serviu para alienar as pessoas, pois a ditadura militar

era muito forte no país e os governantes conseguiam fazer o que queriam sem

manifestação da população, muitas vezes mais preocupada com a Copa do Mundo do

que com os problemas que ocorriam naquele momento.

Castellani Filho (1988) amplia a discussão apontando que o Estado tenta

reprimir os movimentos estudantis, promovendo o esporte para desviar as atenções dos

estudantes das questões de ordem sociopolítica, apelando para repressões violentas de

ordem física e ideológica.

Taborda de Oliveira (2004) menciona que, durante a ditadura militar, a EF no

Brasil foi pensada em uma perspectiva de controle social e a disciplina na escola

confundia-se com a formação moral. O esporte era o principal conteúdo, pois constituía

a coroação de um mundo em competição, concorrência, liberdade, vitória e

consagração, sendo sugerido de forma exclusiva pelos órgãos oficiais para a EFE,

carregando a simbologia de um mundo de lutadores e vencedores.

A EF na escola se reduzia ao ensinamento de poucos esportes e de algumas

poucas técnicas esportivas. Os programas escolares tinham como objetivo o rendimento,

o alcance dos objetivos instrucionais por meio do desenvolvimento das habilidades

esportivas e a forma adotada para ministrar as aulas não permitia quase nenhuma

autonomia para o professor (TABORDA DE OLIVEIRA, 2004).

Beltrami (2001) relata que a EF virou sinônimo de desporto, tanto dentro da

escola, como fora dela. O esporte tinha fins educacionais porque poderia inspirar o

espírito de disciplina e a lealdade. Além disso, nos anos 70, existia um intuito de

melhorar a prática esportiva no Brasil.

Com essa finalidade, foi promulgada a Lei nº 6.251, de 8 de outubro de 1975,

que, em seu artigo 5º reza que o Poder Executivo definiria a Política Nacional de EF e

Desportos, com os seguintes objetivos básicos: 1- Aprimoramento da aptidão física da

população; 2- Elevação do nível de desportos em todas as áreas; 3- Implantação e

intensificação da prática dos desportos de massa; 4- Elevação do nível técnico-

desportivo das representações nacionais; 5- Difusão dos desportos como forma do

tempo de lazer. Pensavam que, para que esses objetivos fossem atingidos, o melhor

espaço para expandir essas práticas era dentro da escola (BELTRAMI, 2001)

Segundo Bracht (2000/1), o esporte foi escolarizado devido a diversos

interesses: o interesse do sistema esportivo de conquistar consumidores e ajudar na

produção de futuros atletas, o interesse do poder público de que o país fosse bem

19

representado em competições internacionais. É importante ressaltar que, para esses

interesses serem atendidos, o esporte escolar deveria ser ensinado com a maior

proximidade possível do esporte realizado com o objetivo de alto rendimento.

Para Bracht (1999), a pedagogia da EF incorporou o esporte sem ter necessidade

de alterar seus princípios fundamentais, além dessa “nova” técnica corporal estar

diretamente envolvida com diversas questões políticas. Portanto, um dos objetivos

claros da EF naquele momento, era preparar o os brasileiros para representar o país no

campo esportivo internacional. O autor ainda menciona que tanto a ginástica como o

esporte tem como objetivo melhorar o funcionamento orgânico (para melhorar o

rendimento no esporte ou o desempenho produtivo), tendo como conhecimento

incorporado pela EF para a realização da sua tarefa no ambiente escolar aquele que

provém das ciências naturais (biologia e suas mais diversas especialidades, auxiliadas

pela medicina).

A EF tinha um papel fundamental no projeto defendido pelos militares no Brasil.

Essa importância estava relacionada com o desenvolvimento da aptidão física

(considerada importante para a capacidade produtiva da classe trabalhadora da nação) e

o desenvolvimento do desporto (contribuição para colocar o Brasil no ranking das

nações desenvolvidas e melhorar o nível de aptidão física da população) (BRACHT,

1999).

No final da década de 70 e início dos anos 80 o modelo esportivista começa a ser

muito criticado pelo meio acadêmico. As críticas que estavam sendo feitas na época

realizavam apenas uma denúncia da maneira que as aulas de EF estavam sendo

ministradas na escola, sem que houvesse uma análise mais concreta das práticas

pedagógicas. Logo após, surgem uma diversidade de propostas que sugerem que a

prática pedagógica seja elaborada a partir de uma práxis para a construção de um “corpo

democrático”, do “movimento livre”, do “corpo como instrumento de libertação do

homem”, da “consciência corporal”, da “expressão corporal, da “percepção dos signos

sociais do corpo”, da “percepção dos condicionantes sócio-históricos que determinam

os diferentes tipos de concepção do corpo na sociedade” (CAPARROZ, 2007 a)

O surgimento das ciências do esporte também possibilitou críticas às aulas

voltadas apenas para a prática esportiva, pela falta de conhecimento científico dos

professores para fundamentar a sua prática. A partir disso, a EF passa por um período de

valorização dos conhecimentos produzidos pela ciência. Nesse momento rompe-se, ao

menos em nível de discurso, a valorização excessiva do desempenho como objetivo

20

único da escola e começam a surgir propostas concretas para uma prática pedagógica

diferenciada durante as aulas de EFE nomeadas de Abordagens da EF (DARIDO, 2003;

NEIRA, 2007).

No “chão das escolas”, essa crítica maciça do modelo esportivista ocasionou

outro extremo. Darido e Sanchez Neto (2008) apontam que nesse momento as aulas de

EF passaram a ser pautadas nas decisões dos alunos sobre os conteúdos, escolhendo o

jogo e a forma como queriam praticá-lo, e o professor passou a entregar os materiais e a

anotar o tempo das aulas, sem demais intervenções. Essa forma de ministrar as aulas no

contexto escolar foi chamada de recreacionista por Elenor Kunz em seu livro

Transformação Didático-Pedagógica do Esporte publicado em 2001, porém, não foi

defendida por professores, estudiosos ou acadêmicos por soar, muito mais, como um

desvio pedagógico devido à omissão do professor em mediar a aprendizagem do aluno,

apesar de, infelizmente, ainda ser presente no contexto escolar.

Darido e Sanchez Neto (2008) ainda mencionam que em meio há todas as

críticas voltadas para o modelo esportivista e o surgimento desse modelo

“recreacionista” de ministrar as aulas, outros fatores influenciaram para que surgissem

diferentes Abordagens/Concepções Pedagógicas. Para os autores, passaram a existir

movimentos instituídos de organização civil, que solicitavam participação direta nas

eleições do Poder Executivo, principalmente da presidência da República. Esses

movimentos contavam com uma parte de professores e acadêmicos da área de EF;

começou a existir liberdade efetiva na comunidade acadêmica para pesquisar todas as

áreas de conhecimento científico e filosófico, mesmo aquelas relacionadas às tendências

que eram opostas ao regime do governo; e iniciaram-se encontros e debates entre

profissionais e acadêmicos promovidos pelas instituições criadas para representar os

interesses da EF, baseadas, cada uma, em concepções diferentes da área.

Bracht (1999) aponta que a partir da década de 1980 as ciências sociais e

humanas começam a entrar na construção das teorias pedagógicas da EF, surgindo uma

análise crítica do paradigma da aptidão física. Para o autor, nesse momento nasce o

movimento renovador da EF brasileira, onde muitos docentes procuram programas de

pós-graduação. Com a influência desses professores a EF passa a incorporar discussões

pedagógicas influenciadas pelas ciências humanas, principalmente a filosofia e a

sociologia da educação de orientação marxista.

Em um primeiro momento as análises realizadas pelos professores que faziam

parte desse movimento renovador da EF brasileira apenas realizavam denúncias sobre a

21

maneira de ministrar as aulas de EF na escola, após quase quinze anos de discussões, já

é possível identificar um conjunto de propostas com diferenças importantes (BRACHT,

1999).

Azevedo e Shigunov (2000) relatam que as Abordagens Pedagógicas da EF são

definidas como movimentos que tentam uma renovação teórico-prática com o objetivo

de estruturar o campo de conhecimentos específicos da EFE. Grespan (2002) diz que

todas as Abordagens de EFE foram criadas em oposição às concepções higienista,

militarista, tecnicista, esportivista e biologicista da EF. Todas as abordagens mostram

estratégias diversificadas tentando propor uma EFE com enfoque na formação integral

do aluno, focando conhecimentos historicamente construídos e não discriminatórios.

Darido (2003) descreve que as principais Abordagens Pedagógicas da EFE são:

Abordagem Desenvolvimentista; Abordagem Construtivista-Interacionista; Abordagem

da Psicomotricidade; Abordagem Crítico-Superadora; Abordagem Sistêmica;

Abordagem Crítico-Emancipatória; Abordagem Cultural; Abordagem dos Jogos

Cooperativos; Abordagem da Saúde Renovada; Abordagem dos Parâmetros

Curriculares Nacionais. Todas essas propostas foram desenvolvidas na tentativa de

romper com o modelo esportivista que permeava as aulas até o inicio da década de 80.

Cada uma dessas Abordagens foi pautada em diferentes concepções, trazendo

diversas formas de construir uma prática pedagógica diferenciada nas aulas de EF na

escola. Os principais autores dessas propostas foram (BETTI, 1991; BRASIL, 1998;

BROTO, 1995; COLETIVO DE AUTORES, 1993; FREIRE, 1989; GUEDES, 1999;

GUEDES, 2006; KUNZ, 2001; LE BOULCH, 1983; TANI et al, 1988).

Darido (2008) amplia essa discussão refletindo sobre essas diferentes tendências

pedagógicas que surgiram na EFE fazendo relações com os conteúdos procedimentais,

conceituais e atitudinais. Para a autora, cada uma dessas tendências traz conceitos que

resultam em diferentes conteúdos para que o professor que atua na escola possa elaborar

e aplicar as suas aulas. Abaixo segue o quadro elaborado mostrando em cada uma

dessas tendências as suas finalidades e seus conteúdos.

22

Quadro 1 – Tendências pedagógicas em EFE

Tendências

Finalidades

Conteúdos

Procedimentais

Conteúdos

Valores, Atitudes e

Normas

Conteúdos

Fatos e Conceitos

Higienista/

Eugênica

Melhoria das funções

orgânicas

Ginástica

Método Francês

Obediência

Respeito à autoridade

Submissão

Método desportivo

generalizado

Melhoria fisiológica,

psíquica, social e

moral

Jogo esportivo

Esportivista Busca do rendimento

Seleção

Iniciação Esportiva

Esporte

Eficiência

Produtividade

Perseverança

Psicomotricidade Educação

psicomotora

Lateralidade

Consciência Corporal

Coordenação Motora

Construtivista Construção do

Conhecimento

Resgate da cultura

popular

Brincadeiras e jogos

populares

Prazer e Divertimento

Desenvolvimentista Desenvolvimento

Motor

Habilidades

locomotoras,

manipulativas e de

estabilidade

Críticas Leitura da realidade

social

Jogos, Esportes,

Danças, Ginástica e

Capoeira

Questionador

Origem e contexto

da cultura corporal

Saúde Renovada Aptidão física Exercício e Ginástica Indivíduo ativo Informações sobre

nutrição,

capacidades físicas,

etc.

PCNs

(3º e 4º ciclos)

Cidadania

Integração à cultura

corporal

Brincadeiras e jogos,

Esportes, Ginásticas,

Lutas, At. Rítmicas e

Expressivas e

Conhecimento sobre

o corpo

Participação,

Cooperação, Diálogo,

Respeito mútuo,

Valorização da

Cultura Corporal

Capacidades

Físicas, Postura,

Aspectos histórico-

sociais e Regras

Darido (2008)

23

Ampliando a discussão sobre as diferentes tendências pedagógicas que surgiram

desde o momento em que a EF passa a fazer parte das disciplinas escolares, Campos

(2011) realiza uma análise dos diferentes autores que discutiram esse tema. O autor

analisa as reflexões realizadas por Ghiraldelli Junior (1992), Darido (1999), Castellani

Filho (1999), Azevedo & Shigunov (2000) e Darido (2003). Após discutir o que cada

um desses autores propõe sobre essas tendências, Campos (2011) cria um novo quadro

sobre essas diferentes tendências que surgiram ao longo da história da EF no ambiente

escolar.

Quadro 2 – Quadro geral das Abordagens Pedagógicas em ensino da EF

Campos (2011)

CATEGORIZAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DAS

ABORDAGENS PEDAGÓGICA

EM EDUCAÇÃO FÍSICA

O QUE APRESENTAM EM TERMOS DE

MÉTODOS DE ENSINO

DESENVOLVIMENTISTAS

- Desenvolvimentista

- Psicomotricista

Não discutem métodos de ensino, discutem

apenas questões teóricas da evolução do

desenvolvimento motor.

CRÍTICO-SOCIAL

- Crítico-Superadora

- Crítico-Emancipatória

A Crítico-Superadora apresenta apenas uma

organização de conteúdos e garante os

direitos do aluno ao aprender.

A Crítico-Emancipatória foi criada a partir

de um método de ensino, no atletismo, no

qual o aluno e o professor interagem na busca da solução do problema.

CONSTRUTIVISTAS

- Construtivista

- Aulas Abertas

Ambas adotam o método de ensino

interacionista, pelo qual se propõe tarefas

aos alunos e, juntamente com eles, buscam-

se as soluções. Professor mediador.

TRADICIONAIS

- Aptidão Física

- Saúde Renovada

- Tecnicismo

A aptidão física e a saúde renovada são

parecidas e somente esclarecem que a

prática da atividade física garante uma vida

melhor.

A tecnicista surgiu do método de ensino

baseado em ensinar as técnicas do jogo

repetidamente antes do jogo.

HUMANISTAS

- Fenomenológica

- Jogos Cooperativos

- Humanista

São discussões teóricas filosóficas de como

deverão se fundamentar o processo de ensino e aprendizagem em Educação Física

Escolar

SOCIOCULTURAL

- Sistêmica ou Sociológica

- Cultural ou Plural e ainda

Educação Física Plural

- PCNs

A sistêmica ou sociológica e a cultural ou

plural apresentam propostas filosóficas

baseadas no social e no cultural, não

definem um método.

Já os PCNs sugerem uma metodologia de

ensino fundamentada nas várias abordagens,

enfocados sobre a luz das questões

socioculturais e o professor deverá interagir

sempre com o aluno na construção do

processo.

24

Após a discussão sobre as diferentes Abordagens de ensino começaram a surgir

às propostas curriculares do Estado e da Prefeitura de São Paulo. Em 2007, o estado de

São Paulo elaborou uma proposta chamada Movimento é Vida: Ensinar e Aprender.

Nessa forma de estruturar as aulas de EF na escola, os professores teriam a tarefa de

construir práticas pedagógicas que proporcionem a aprendizagem de conhecimentos

relacionados a fatos, princípios, valores e normas sobre o movimento humano, tendo

como objetivo principal levar o aluno a ser autônomo para se movimentar de forma

intencional e harmoniosa (MOVIMENTO É VIDA, 2007).

Em 2008 o estado de São Paulo elaborou a proposta curricular que vigora em

suas escolas. Nessa proposta as aulas de EFE devem apresentar um enfoque cultural em

sua prática, por levar em conta as diferenças manifestadas pelos alunos em variados

contextos. Portanto, as aulas de EF na escola devem tratar de maneira pedagógica os

conteúdos relacionados ao se – movimentar humano (o se-movimentar pode ser

caracterizado como a relação que o sujeito estabelece com a cultura a partir de seu

repertório, informações/conhecimentos, movimentos, condutas, entre outras, de sua

história de vida, de suas vinculações socioculturais e de seus desejos), que se resume

nos jogos, na ginástica, nas danças, nas atividades rítmicas, nas lutas e nos esportes,

sempre considerando os processos de significado que dá sentido a realização desses

movimentos corporais (PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO,

2008).

Na proposta curricular elaborada pela Prefeitura de São Paulo as aulas de EFE

devem estar pautadas na metáfora do corpo cidadão, ou seja, os movimentos nas aulas

devem ser realizados enquanto expressão de intencionalidade e a maneira de

compreender o mundo. Nesse contexto a motricidade humana esta pautada como forma

de produção e comunicação cultural, impedindo qualquer forma de sistematizar a

realização de movimentos certos ou errados. As aulas de EF devem garantir aos alunos

acesso ao patrimônio da cultura corporal historicamente acumulado por meio da

experimentação das variadas formas que esses movimentos estão inseridos na

sociedade, analisar os motivos que levaram determinados conhecimentos serem mais

requisitados pela sociedade, refletir sobre os conhecimentos mencionados pelos meios

de comunicação de massa e os saberes da motricidade humana reproduzidos pelos

grupos culturais desprivilegiados na escola (SECRETARIA MUNICIPAL DE

EDUCAÇÃO, 2007).

25

Neira e Nunes (2009) dizem que no processo histórico da EF na escola, houve

diferentes entendimentos do corpo de acordo com cada uma das concepções de ensino

que surgiram. Para os autores tivemos o Corpo de Retidão, Corpo-Máquina, Corpo

Saudável, Corpo-Eficiente e Corpo-Cidadão. A constituição da EF como disciplina

escolar apresenta uma longa história de muitas discussões, contradições e

ressignificações, pois a cada mudança que a sociedade apresenta, as propostas dessa

disciplina na escola também mudavam, realizando novas análises dos seus objetivos,

conteúdos, métodos de ensino e instrumentos de avaliação.

Essa variedade de tendências pedagógicas que surgiram em diferentes momentos

da sociedade tornou o cotidiano escolar um local complexo. Durante a sua formação

inicial, o professor de EF acaba tendo contato com as diversas Concepções/Abordagens

pedagógicas e, mais recentemente, com as propostas curriculares elaboradas nos

diferentes estados e municípios brasileiros. Essa diversidade de tendências tornou a área

de EF sem uma identidade única e o professor quando termina a licenciatura e começa a

atuar nas escolas necessita escolher o caminho que irá trilhar na sua prática profissional.

Essa ampla possibilidade de escolhas e essas mudanças que ocorrem nas

Abordagens/Concepções pedagógicas de acordo com os interesses dos grupos que estão

no poder e escrevem suas propostas, pode deixar o professor mais confuso na

elaboração e aplicação das suas aulas na escola.

Se pensarmos naquele professor que se formou há algum tempo e acredita que a

aula deve ser elaborada de acordo com as teorias que aprendeu durante a sua formação,

essa quantidade de tendências e alterações de teorias pedagógicas deixa esse professor

com muitas dificuldades para atuar, já que muitas vezes existe uma dificuldade enorme

de realizar a sua formação continuada e de modificar a sua prática pedagógica que está

embasada em conhecimentos que fazem parte da sua história de vida como docente.

3.2.2. COTIDIANO ESCOLAR NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Mesmo após diversas discussões e propostas educacionais, muitos professores

de EF continuam exercendo uma prática pedagógica pautada no ensino das quatro

modalidades esportivas convencionais (futebol, basquete, vôlei e handebol) durante

todos os anos de Ensino Fundamental, utilizando métodos tradicionais para o ensino

dessas modalidades. Também temos aulas que alguns professores apenas levam os

materiais para a quadra e os alunos praticam as atividades que mais gostam e muitos

26

apresentam resistência há qualquer tentativa de mudança da sua prática na escola

(ALBERTO, 2005; ANGELI, 2003; BRACHT et al, 2005; DORNELES, 2000; FOLLE

et al, 2005; GABILAN e STEFANE, 2009; MACHADO et al, 2006; MALDONADO e

LIMONGELLI, 2007; MALDONADO et al, 2008; MALDONADO e LIMONGELLI,

2009; MEURER e PEREIRA, 2005; NASCIMENTO e LAOCHITE, 2007; ROCHA

JUNIOR et al, 2003; RODRIGUES e GRAZZIOTIN, 2006; SHIGUNOV, 1997;

SILVA et al, 2009; VELOSO e DAOLIO, 2009).

No Ensino Médio as aulas de EF na escola acabam tendo as mesmas

características das aulas ministradas no Ensino Fundamental, sendo o esporte o

principal conteúdo ministrado e ensinado de forma tradicional, com um problema ainda

maior, nesse momento, os alunos começam a se desmotivar para as aulas, pois o

conteúdo esportivo é o mesmo desde o Ensino Fundamental, as aulas costumam ser

livres e muitos adolescentes não gostam mais de praticar atividade física nessa idade,

além disso, alguns alunos não gostam quando colegas querem demonstrar que são

melhores que os outros e quando não há tempo para praticar as atividades que eles mais

gostam (ALVEZ e MASSETTO, 2010; CHICATI, 2000; GUEDES e GUEDES, 1997;

MALDONADO e HIPOLITTO, 2009; MARTINELLI et al, 2006; MATTOS e NEIRA,

2000; MELO e FERRAZ, 2007; MOREIRA et al, 2009; PEREIRA e MOREIRA, 2005;

PEREIRA e SILVA, 2004; SANTOS, 2007; SZUBRIS e COFFANI, 2009; VERBENA

et al, 2000).

Embora tenhamos ainda essa realidade quando falamos da prática nas escolas,

conseguimos encontrar alguns estudos que apontam para uma mudança no andamento

das aulas. Esses estudos demonstram principalmente que os professores que continuam

realizando cursos de formação continuada, entram em escolas com uma infra-estrutura

com condições melhores e apresentam uma relação professor-aluno menos autoritária

começam a ministrar aulas diferenciadas. Além disso, alguns estudos de caso trazem

práticas pedagógicas renovadoras de alguns professores em contextos específicos e

começam a surgir livros com relatos de experiências de professores que atuam em

escolas públicas da Prefeitura de São Paulo com aulas pautadas a partir da perspectiva

da cultura corporal (BARROS e DARIDO, 2009; COSTA e NACIMENTO, 2006;

ERVATTI, 2000; FIORANTE e SIMÕES, 2005; FONSECA e FREIRE, 2006; FREIRE

et al, 2010; MENEZEZ e VERENGUER, 2006; MENEZEZ e VERENGUER, 2010;

GALVÃO, 2002; MALDONADO et al, 2010; MOTA et al, 2010; NEIRA e NUNES,

27

2009; OLIVEIRA e RAMOS, 2008; RODRIGUES e DARIDO, 2008; ULASOWIZ e

PEIXOTO, 2004).

Explicar esse quadro da prática pedagógica realizada pelos professores se torna

muito complexo, haja vista a realidade vivenciada por cada professor em seus contextos

escolares específicos. Dessa maneira, acreditamos que os estudos pautados no cotidiano

escolar dos docentes podem clarear nosso entendimento em relação ao andamento das

aulas de EF na escola.

Santini e Molina Neto (2005) analisaram a Síndrome do Esgotamento

Profissional em professores de EF da rede municipal de ensino de Porto Alegre. A

amostra foi composta por quinze professores de EF da rede municipal de Porto Alegre

que entre janeiro de 2000 a julho de 2002, que entraram em licença médica por motivos

de estresse, ansiedade e depressão. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas,

registros em um diário de campo e análises de documentos. Os resultados mostraram

que existe uma sobrecarga de trabalho na prática cotidiana dos professores de Porto

Alegre, pois, todos continuam suas tarefas fora do horário de aula para dar conta de

realizar todos os procedimentos necessários para a aula, além disso, informaram que

muitas vezes são obrigados a exercer diferentes papéis na escola, como, substituto de

professores de outras disciplinas, médico, orientador psicológico, e até de policial,

devido aos problemas de violência encontrados na realidade em que vivem. Portanto a

sobrecarga ocasionada pela multiplicidade de funções, a quantidade de turmas, o

número de alunos a atender, o número de horas dedicadas à prática docente e a falta de

tempo para se qualificar são fatores que causam diversos problemas aos professores,

levando-os ao esgotamento profissional (SANTINI e MOLINA NETO, 2005).

Outro fator que possibilitou o esgotamento profissional foi a falta de infra-

estrutura adequada para a prática de EF, pois faltam materiais, os espaços são na

maioria das vezes descobertos, deixando o professor dependente do clima que está

fazendo naquele dia, além do espaço insuficiente para o número de alunos e as atitudes

agressivas e incontroladas por parte dos alunos, levando esses educadores a ficarem

com medo, ansiedade e insegurança no ambiente de trabalho, refletindo diretamente na

sua prática pedagógica (SANTINI e MOLINA NETO, 2005).

Gaspari et al (2006) realizaram um estudo com o objetivo de reunir informações

com os professores de EFE sobre seu cotidiano e suas dificuldades na prática

pedagógica, alem de buscar identificar junto a esses mesmos docentes sugestões para

que possa ser alterada a realidade das aulas. Foi realizada uma pesquisa qualitativa

28

baseada em entrevistas semi-estruturadas com vinte e um professores que atuam no

Ensino Fundamental e Médio em escolas da rede pública e/ou privada em São Paulo e

Minas Gerais. Os resultados mostraram que mais da metade dos professores afirmaram

que na sua graduação não foram tratadas as dificuldades existentes na prática do

cotidiano escolar. As principais dificuldades enfrentadas pelos professores foram a

incerteza no tratamento com os alunos, a falta de condições física e de materiais, falta

de status da disciplina de EF, dificuldades ligadas ao funcionamento interno da escola,

se sentir intimidada pelos alunos, indisciplina e falta de atenção dos alunos, problemas

de relacionamento com a família, uso de drogas, vestimenta inadequada, coordenação

ausente, problemas de ordem social, alunos faltosos, a extrema exposição que o

professor é submetido na quadra, dificuldade em trabalhar com turmas mistas, número

reduzido de aulas, falta de exames médicos, barulho causado pelas aulas, reclamação de

outros professores, número excessivo de alunos, ministrar aulas em dias muito quentes,

necessidade de dividir a quadra com outros professores, baixos salários e alta carga de

trabalho.

Nesse mesmo estudo, os professores apontaram como fizeram para tentar

superar os obstáculos presentes na sua realidade. As respostas dos docentes estavam

relacionadas com a participação de cursos e ampliação da leitura, buscar informações

com professores mais experientes, procurar a direção e a supervisão da própria escola,

além de conhecer melhor os alunos, identificando suas necessidades e sugestões

(GASPARI et al, 2006).

As sugestões que os professores enfatizaram para que melhorassem a sua prática

pedagógica estavam relacionadas à melhoria das condições de trabalho (espaço e

materiais adequados para realizar as aulas), troca de experiência com outros professores

de EF, maior investimento do governo, aumento do número de aulas, cursos de

formação continuada, diminuição do número de alunos por turma, reconhecimento da

disciplina no contexto escolar, melhorias no salário, maior disciplina dos alunos, maior

integração entre os pais e a escola e apoio da sociedade (GASPARI et al, 2006).

Tokuyochi et al (2008) realizaram um estudo buscando construir um perfil do

professor de EFE e obter um retrato das condições disponíveis para a prática

profissional. Participaram do estudo dois mil e setecentos professores da rede estadual

de ensino de São Paulo. Foi utilizado um questionário para coleta de dados. Os

resultados desse estudo mostraram que 32,77% dos professores ministram de 30 a 35

aulas por semana e 28,55% deles ministram mais de 35 aulas, mais da metade dos

29

professores trabalham em mais de uma escola, as salas de aula normalmente são

compostas por mais de 35 alunos e as principais dificuldades relatadas pelos professores

foram: falta de material, falta de espaço físico adequado, número elevado de alunos,

falta de intervenção da diretora, indisciplina dos alunos, falta de motivação e de

interesse dos alunos, quadra descoberta, baixo número de aulas, descaso dos

profissionais de outras áreas, falta de infra-estrutura e falta de cursos de

capacitação/especialização.

Claro Junior e Figueiras (2009) analisaram as dificuldades na gestão de aula de

professores de EF iniciantes. A pesquisa foi realizada com vinte e quatro professores de

EF de uma rede de Educação da Grande São Paulo. O instrumento utilizado foi um

questionário contendo questões abertas. A análise dos dados foi realizada pela análise

de conteúdo. Os resultados mostraram que as principais dificuldades na gestão das aulas

apresentadas pelos professores eram as turmas com muitos alunos, poucas aulas e pouco

tempo de aula, falta de atenção dos alunos, desinteresse por novos conteúdos além do

futebol, indisciplina e briga entre os alunos.

Portanto, para que os professores que realmente estão na prática sejam ouvidos,

e acabar com os debates acadêmicos, que ficam distantes do cotidiano escolar dos

professores de EF, Kunz (2003) propõe um diálogo entre os professores universitários e

os professores escolares que atuam cotidianamente no ensino dos jogos, esportes e

movimentos de forma aberta e respeitosa, entendendo que ambos têm a contribuir para a

modificação do quadro atual da EF. Para tanto, é importante discutir propostas de

pequenas alterações nas construções das aulas a fim de se perceber as intenções

pedagógicas do ensino de EFE, para que tais ações educativas se estruturem pela

participação ativa e cooperativa dos alunos e não fiquem no debate abstrato de discursos

sobre os problemas do mundo moderno.

Caparroz (2007b) diz que os estudos acadêmicos científicos sobre a EFE, as

propostas político-pedagógicas governamentais, a legislação-normalização sobre o

ensino e as propostas-tendências pedagógicas para o ensino são criados quase

exclusivamente pelos professores-pesquisadores que atuam na Universidade, fazendo

com que os professores que estão nas escolas recebam passivamente as propostas e as

apliquem de forma descontextualizada. Isso ocorre, pois os professores não conhecem a

totalidade dessas ideias, algumas vezes conhecem, mas acabam não entendendo, não

conseguem aplicar na prática todas essas ideias, algumas vezes não acreditam em

30

concepções criadas, pois acham que só a sua experiência já é suficiente e podem

também conhecer, entender, mas discordar por diferentes motivos.

Caparroz (2007b) ainda salienta que os fatores presentes na prática pedagógica

tornam os aspectos do cotidiano escolar extremamente complexo, formando uma teia

que se relaciona com os seguintes aspectos: condições financeiras e salariais dos

professores, auto-culpabilidade pelo fracasso escolar, relações sociais no cotidiano

escolar, burocratização/intensificação do trabalho pedagógico, diversidade das

expectativas que o professor deve atender em relação ao trabalho docente, controle

externo sobre o trabalho docente, formação e desenvolvimento cultural dos professores,

imaginário social sobre a EF na escola, elaborações/proposições acadêmicas sobre a

EFE, espaço escolar como espaço de formação docente, ambiente organizacional/físico

e social da escola, imaginário do professor em relação à sua prática pedagógica,

contradições geradas e enfrentadas pela tensão entre um ideal crítico-transformador e

uma realidade conservadora, papel do professor, ética, responsabilidade, compromisso e

condições sociais.

Dessa forma, identificamos que a prática pedagógica nas aulas de EF mudou ao

longo de sua história de forma muito lenta, devido a diversos fatores. Mesmo assim,

alguns estudos mostram uma pequena alteração na prática de alguns professores, apesar

dos desafios encontrados.

Essa realidade nos faz refletir sobre a prática da EF na escola. Leva-nos a pensar

quais são os reais motivos que nos diferentes contextos educacionais fazem alguns

professores manterem uma forma de ensino tradicional, ou apenas entregar os materiais

para os alunos, mesmo após o surgimento de diferentes propostas de ensino. A partir

dessa reflexão surgem algumas perguntas. Qual é a realidade enfrentada pelo professor

na escola? A sua formação acadêmica privilegiou essa realidade? Quais são as

dificuldades que os professores encontram? O que esses docentes conseguem ensinar

nas suas aulas na escola a partir da realidade encontrada? A implementação da proposta

curricular da Prefeitura de São Paulo levou em consideração todos os quesitos

discutidos acima? Quais são os fatores que facilitam e quais são os fatores que

dificultam a implementação da proposta curricular do município de São Paulo?

31

4 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 - Natureza da pesquisa

O presente estudo se caracterizou por uma pesquisa descritiva de cunho

qualitativo abordando uma amostra não probabilística atípica, escolhida pelos autores a

partir do problema de pesquisa. Levando-se em consideração condições temporais,

técnicas e de acesso às instituições educacionais (THOMAS e NELSON, 2002;

DIONNE e LAVILLE 1999). Parte dos dados são existentes e constam em documentos

oficiais e institucionais, a outra parte será gerada por meio de observações de campo e

entrevistas com os sujeitos da amostra.

4.2 - Região de inquérito

O estudo foi realizado na zona leste da cidade de São Paulo, especificamente em

uma escola da rede municipal abrangida pela Diretoria Regional de Educação -

PENHA, mediante Termo de Autorização do Diretor Regional de Ensino (Apêndice A).

4.3 - População e Amostra

A população de escolas da região compreende, na sua área, 3 Subprefeituras

(Mooca, Penha e Ermelino Matarazzo) e 12 distritos (Água Rasa, Mooca, Belém,

Tatuapé, Brás, Pari, Penha, Cangaíba, Artur Alvim, Vila Matilde, Ponte Rasa e

Ermelino Matarazzo) contendo 111 escolas de Educação Infantil e 38 escolas de Ensino

Fundamental com 58.898 alunos, sendo que a amostra foi composta pelos professores

de EF, diretor e coordenador pedagógico de uma escola da região que, após receberem

uma mensagem dos pesquisadores informando os objetivos e procedimentos da

pesquisa, concordaram em participar, além do diretor assinar Termo de Autorização

para Realização da Pesquisa (Apêndice A).

Essa escola foi escolhida porque o pesquisador atua em uma escola que faz parte

da Diretoria Regional de Educação – Penha. Durante conversa com os professores das

diversas disciplinas que compõe o currículo escolar, coordenadores pedagógicos e

diretores que atuam nessa diretoria, havia um discurso das dificuldades que essa

instituição de ensino estava passando (reforma do prédio escolar, dificuldades com os

alunos, infraestrutura inadequada, dentre outras coisas). Diante de todos esses fatores,

decidimos realizar a pesquisa nesse contexto por acharmos ser mais adequado para

alcançar os objetivos do estudo.

32

Antes de iniciarmos a primeira etapa da pesquisa, o estudo foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu com o número de

protocolo de 099/2011.

Uma vez autorizada a participação da escola, os vários atores escolares

envolvidos (diretora, coordenadores pedagógicos e professores de EF) assinaram seus

respectivos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (Apêndice B) e

iniciou a primeira etapa da pesquisa.

A banca examinadora que participou da qualificação, sugeriu que fosse realizada

uma entrevista com o idealizador da proposta curricular de EF do município de São

Paulo para melhor compreensão do processo de implementação dessa proposta. Essa

entrevista foi realizada e será apresentada durante a apresentação dos resultados.

4.3.1 - Critérios de Inclusão de quem responde pela Direção da Escola, que

também será Sujeito da pesquisa.

Possuir mais de um ano de experiência na escola, independentemente de ocupar

o cargo de direção nesse período;

Possuir, pelo menos, seis meses de experiência como diretor da escola na qual se

encontra;

Autorizar o pesquisador a ter acesso ao Plano Pedagógico da escola para

consulta;

Ter disponibilidade para responder a entrevista no tempo necessário.

4.3.2 - Critérios de Exclusão de quem responde pela Direção da Escola, que

também será Sujeito da pesquisa.

Ter mudado de ideia quanto à validade da participação da escola na pesquisa

depois que ela tiver sido iniciada;

Alegar desconhecimento do conteúdo das propostas pedagógicas oficiais

cobertas pelo período analisado pela pesquisa;

Não ter disponibilidade de tempo para a entrevista;

Não concordar em participar de alguma etapa da pesquisa expressadas no TCLE;

Não dominar a língua portuguesa.

33

4.3.3 - Critérios de Inclusão dos Coordenadores Pedagógicos-Sujeitos da pesquisa.

Possuir mais de um ano de experiência na escola, independentemente de ocupar

o cargo de coordenação nesse período;

Possuir, pelo menos, seis meses de experiência como coordenador pedagógico

da escola na qual se encontra;

Ter disponibilidade para responder a entrevista.

4.3.4 - Critérios de Exclusão dos Coordenadores Pedagógicos-Sujeitos da

pesquisa.

Ser identificado, pelos componentes do corpo docente, como pessoa que não

estabelece um bom acompanhamento das práticas pedagógicas realizadas na

escola, bem como das dificuldades encontradas e dos meios de trabalho

disponíveis aos professores;

Alegar desconhecimento do conteúdo das propostas pedagógicas oficiais

cobertas pelo período analisado pela pesquisa;

Não ter disponibilidade de tempo para a entrevista oficial da pesquisa;

Não concordar em participar de alguma etapa da pesquisa expressadas no TCLE;

Não dominar a língua portuguesa.

4.3.5 - Critérios de Inclusão dos Professores-Sujeitos da pesquisa.

Ter concluído o Curso de Licenciatura em EF em instituição de Ensino Superior

reconhecida;

Ser professor(a) cadastrado(a) no quadro de funcionários da instituição de ensino

participante da pesquisa;

Ministrar as aulas de EF para alunos do Ensino Fundamental ou do Ensino

Médio;

Ter disponibilidade para responder a entrevista no tempo necessário;

Autorizar o pesquisador a ter acesso ao Plano Pedagógico da escola para

consulta;

Autorizar o pesquisador a ter acesso ao seu Plano de Ensino para consulta;

Concordar em que suas aulas sejam observadas e feitas anotações sobre elas em

diários de campo do pesquisador.

34

4.3.6 - Critérios de Exclusão dos Professores - Sujeitos da pesquisa.

Alegar desconhecimento do conteúdo das propostas pedagógicas oficiais

cobertas pelo período analisado pela pesquisa;

Não ter disponibilidade de tempo para a entrevista oficial da pesquisa;

Evidenciar desinteresse com o desenvolvimento da pesquisa, uma vez que ela

tenha sido iniciada;

Evitar o diálogo com o pesquisador durante o desenvolvimento da pesquisa;

Estar afastado de suas atribuições de professor de EF, mesmo que cumprindo

outras funções na instituição de ensino participante da pesquisa;

Ter sido removido para outra escola durante a execução da pesquisa;

Não concordar em participar de alguma etapa da pesquisa expressadas no TCLE;

Não dominar a língua portuguesa.

4.3.7 - Técnicas, instrumentos e procedimentos para coleta e análise das

informações:

A pesquisa foi realizada em três etapas de acordo com o sugerido por Jaramillo

(2000), sendo elas:

a) Pré-configuração do universo da pesquisa, quando ocorreram os primeiros

contatos com a escola na qual atuam os/as professores/as de EF, coordenadores

pedagógicos e diretora que demonstraram interesse e que constituíram a amostra da

pesquisa; a coleta das assinaturas dos Termos de Autorização para realização da

pesquisa e dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido; observação da dinâmica

da escola e de pelo menos duas aulas de EF dos professores que constituíram a amostra

e avaliação do Projeto Pedagógico da Escola.

Ao final dessa etapa, o pesquisador ajustou seu plano inicial de pesquisa e

também ajustou os instrumentos de pesquisa inicialmente propostos, considerando a

realidade dos contextos escolares observados.

b) Configuração do Universo da Pesquisa, quando foram colhidas as assinaturas

dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE – (Apêndice B) tomando

conhecimento do objetivo da pesquisa, dos procedimentos, do sigilo quanto ao material

produzido, dos prováveis riscos e benefícios provenientes de sua participação na

pesquisa, da possibilidade de não participar ou deixar de participar da pesquisa, uma vez

que tenha iniciado sua participação.

35

Foram entrevistados o idealizador da proposta curricular de EF do município de

São Paulo, a diretora, os coordenadores pedagógicos e os professores/as de EF por meio

de roteiro de perguntas semi-estruturado, contendo questões abertas e fechadas

(Apêndice C), a observação e o registro das aulas em diários de campo (Apêndice F),

como também as consultas ao Plano Pedagógico da Escola aos Planos anuais de ensino

dos professores de EF. As entrevistas foram realizadas em local e horário

antecipadamente agendado entre pesquisador e pesquisado, gravadas em áudio, e

posteriormente transcritas para possibilitar as análises por meio da identificação de

unidades de significado (Apêndice E), elaboração de matrizes ideográficas e matrizes

nomotéticas, de acordo com o descrito por Martins & Bicudo (2005). A partir das

matrizes nomotéticas, que incluíram as unidades de significado identificadas durante a

elaboração das matrizes ideográficas, uma vez agrupadas por categorias temáticas,

serviram como geradoras da identificação e discussão dos resultados da pesquisa. Os

registros em diários de campo e a análise dos Planos da Escola e do Professor foram

utilizados como recursos auxiliares para a compreensão do conteúdo das entrevistas e

para a discussão dos resultados.

c) Re-configuração do campo da pesquisa, quando foi realizada a devolutiva dos

conhecimentos produzidos pela pesquisa aos sujeitos pesquisados, ocasião em que o

pesquisador retornou a conversar com a diretora da escola, com os coordenadores

pedagógicos e com os/as professores/as de EF que foram colaboradores e sujeitos da

pesquisa, respectivamente, descrevendo os resultados coletados e realizando junto com

eles reflexões a respeito da realidade pesquisada e que serviu como estímulo à reflexão

desses profissionais da Educação no sentido de aprimorarem suas práticas educativas.

Nesse momento também, os profissionais da Educação ampliaram as suas sugestões de

mudança para uma efetiva implementação da proposta curricular do município de São

Paulo.

36

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

5.1 – Pré-Configuração do Universo da Pesquisa

Nesse momento, realizamos os primeiros contatos com os colaboradores-sujeitos

da pesquisa (diretora, coordenadores pedagógicos e professores de EF), observamos

duas aulas desses professores e foi realizada uma análise do projeto político pedagógico

da escola pesquisada, para melhor compreensão do universo da pesquisa.

5.1.1 – Configuração da escola pesquisada

Em 1958 a escola iniciou as suas atividades, onde havia muitas escolas

particulares tradicionais no mercado. Inicialmente atendia crianças a partir dos sete

anos, oferecendo escolaridade até a 4º série primária. Em 1973 começou atender alunos

que cursavam até a 8º série. Atualmente a instituição atende alunos do 1º ao 9º ano do

Ensino Fundamental nos períodos matutino e vespertino e também no período noturno

na Educação de Jovens e Adultos

Essa escola apresenta como compromisso social a resolução de problemas e

demandas da comunidade na qual está inserida, alinhada há um modelo que privilegia,

além do crescimento e desenvolvimento do país, a promoção da qualidade de vida e

especialmente a inclusão. Busca-se proporcionar uma educação inclusiva que prepare o

individuo para o pleno exercício da cidadania através do comprometimento da

responsabilidade social em toda atividade que se intitula educativa, cuidando para que a

mesma seja praticada, exercitada em situação real, no presente, proporcionando um

futuro mais humano e sustentável.

Sua missão é produzir, sistematizar e difundir conhecimentos que contribuam

para a formação de crianças, adolescentes, jovens e adultos éticos, dotados de senso

crítico, sensibilidade cultural e inteligência criativa, conscientes da sua responsabilidade

social e do seu compromisso com a cidadania.

As finalidades, objetivos e metas dessa unidade escolar é a formação básica do

cidadão mediante: - desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios

básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; - compreender o ambiente

natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se

fundamentam a sociedade; - desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo

37

em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

- fortalecimento dos vínculos da família, dos laços de solidariedade humana e de

tolerância recíproca em que se assenta a vida social; - incentivar o trabalho de

investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e a

criação e difusão da cultura e, desse modo, desenvolver o entendimento de homem e do

meio ambiente; - suscitar, na comunidade escolar, o desejo permanente de

aperfeiçoamento cultural e possibilitar a correspondente concretização; - estimular os

conhecimentos dos problemas do mundo atual, em particular os nacionais, estreitar os

vínculos com a comunidade e estabelecer com essa uma relação de reciprocidade.

As metas de avaliação do desempenho selecionadas pela unidade escolar para o

ano de 2012 são: - aumentar o índice de aprovação do 4º ano do ciclo 1 de 91% para

95% e aumentar o índice de aprovação do 4º ano do ciclo 2 de 96% para 98%; -

desenvolver a capacidade leitora e escritora em 100% dos alunos, respeitando os

avanços dos anos anteriores, conforme estabelece o projeto ler e escrever; - subsidiar a

equipe docente no trabalho de sala de aula no desenvolvimento da competência leitora e

escritora dos alunos, propiciando uma boa convivência e melhorando as relações

interpessoais, ampliando assim o índice de alunos alfabetizados.

A instituição conta com doze professores de Ensino Fundamental I, vinte e nove

professores de Ensino Fundamental II e seis professores da Educação de Jovens e

Adultos. Desse total, 27% trabalham em jornada especial integral de formação. Os

demais participam das formações pontuais, tais como: período de organização da

unidade escolar, revisitação do projeto pedagógico e planejamento escolar, das quatro

reuniões pedagógicas e jornadas pedagógicas previstas em calendário escolar, além da

formação nas horas atividades e nos demais espaços coletivos.

Os alunos do Ensino Fundamental regular são crianças e adolescentes com idade

entre seis a quinze anos, proveniente de famílias de diferentes classes sociais, sendo

70% residentes na própria comunidade e seu entorno e 30% oriundos dos bairros

periféricos. Ao concluir o Ensino Fundamental, geralmente, em sua maioria, esses

alunos dão continuidade aos estudos nas escolas estaduais de Ensino Médio.

Uma parcela dos alunos tem expectativa de cursar escolas técnicas. Existe uma

grande cobrança por parte da comunidade, no sentido de que a escola trabalhe os

conteúdos historicamente acumulados, tendo em vista o processo seletivo das escolas

particulares existentes na região, assim como alguns alunos são originários dessas

escolas e trazem consigo expectativas de ingressar em escolas de “primeira linha” no

38

Ensino Médio. A escola busca a universalidade dos saberes, voltada para uma educação

transformadora e racional, levando o educando ao entendimento dos saberes, que ele

seja capaz de atuar, transformar e criar de forma positiva.

A comunidade é bastante presente na escola, procurando-a com muita frequência

para questões estruturais, mas nem sempre preocupada com o processo de ensino e

aprendizagem. A escola é inclusiva com grande número de alunos com necessidades

educacionais especiais.

Essa unidade escolar possui nove salas de aula em cada período (matutino,

vespertino e noturno), além da sala de informática. No Ensino Fundamental I o número

de alunos por sala é de quinze a trina e sete, sendo que as salas com menos alunos são

do PIC. No Ensino Fundamental II as salas são compostas de trinta e um a trinta e oito

alunos.

A concepção da forma de avaliar os alunos pela escola está pautada em

dimensões quantitativas e qualitativas, redirecionando seu foco para um contexto

diagnóstico, somático e formativo que tem por objetivo estabelecer um processo

contínuo e dinâmico, não se restringindo há momentos estanques como provas e

exercícios, sendo seu alvo maior a aprendizagem e a formação contínua e social do

aluno. Os instrumentos de avaliação utilizados pela escola são diversificados e

utilizados pela necessidade de transformar formas convencionais e criar instrumentos

eficazes para atender a concepção pedagógica vigente assumida pela equipe.

Os pontos fortes dessa unidade escolar são: foco na formação do leitor e escritor

autônomo, a luz do programa ler e escrever; alfabetização da média de 95% do total de

alunos do Ensino Fundamental regular; resultados da Prova Cidade e da Prova São

Paulo; resultados do IDEB; formação e comprometimento dos professores; trabalho

coletivo; apropriação dos conteúdos do PEA. Os pontos considerados fracos são:

somente 27% dos docentes realizaram jornada especial integral de formação (JEIF);

problemas internos de comunicação; relação com a comunidade; excesso de faltas dos

alunos do ensino de jovens e adultos.

A unidade escolar possui diversos projetos: PEA (Aprender e conviver no século

XXI); Recuperação paralela (língua portuguesa e matemática); Aprender e conviver de

forma prazerosa; Aprendendo com as diferenças; PIC (projeto de inclusão no ciclo I);

Minha escola é notícia (formação de aluno monitor); Xadrez; Oficina de arte-educação;

Atividades extra-classe.

39

A escola assume uma visão de currículo envolvendo o debate sobre aquilo que

se espera que os alunos aprendam, em consonância com o que se considera relevante e

necessário em nossa sociedade, nessa segunda década do século XXI. No contexto de

uma educação pública de qualidade e referenciado em núcleos essências de

aprendizagem indispensáveis a inclusão social e cultural dos indivíduos. Acredita-se na

possibilidade de construir uma escola que seja espaço de vivências sociais, de

convivência democrática e ao mesmo tempo, de apropriação, construção e divulgação

de conhecimentos e de transformações das condições de vida dos sujeitos que a

frequentam.

Foram traçadas para o ciclo I do Ensino Fundamental as seguintes expectativas

de aprendizagem: - conhecimentos da língua portuguesa e da matemática,

compreendidos como dimensões capacitadoras da construção de conhecimentos, com

especial atenção ao processo de alfabetização na língua materna e na construção de

conceitos e procedimentos numéricos; conhecimentos sobre sociedade e natureza,

consideradas importantes para a construção de conceitos de espaço, tempo, fenômenos

naturais, fenômenos sociais e para a constituição de um repertório que amplie e

aprofunde sempre que o estudante constrói cotidianamente a sua vivência; -

conhecimentos sobre diferentes formas de expressão construídos com base no

conhecimento do próprio corpo, dos movimentos, dos sentimentos e apoiadas em

práticas culturais como a brincadeira, a dança, o jogo, a luta, o teatro, a música e as artes

visuais.

No ciclo II do Ensino Fundamental as expectativas de aprendizagem escolhidas

para a disciplina de EF são: - a concepção de EF deve entender o movimento humano

como forma de linguagem que veicula significados culturais, assim visa oferecer

oportunidades pedagógicas de leitura e interpretação da gestualidade específicas das

manifestações corporais, bem como, posicionar os alunos enquanto produtores de

cultura; - em prol da construção de escolas para todos, as expectativas de aprendizagem

necessitam valorizar a expressão da cultura corporal da comunidade escolar e submeter

o patrimônio de conhecimentos disponíveis na sociedade acerca das práticas corporais e

uma análise crítica, desenvolvendo os conteúdos dos “textos” que circulam na escola e

fora dela.

Observamos duas aulas de EF ainda nessa etapa de pré-configuração do universo

de pesquisa. Observamos uma aula do professor que atua no Ensino Fundamental II e

uma aula da professora que atua no Ensino Fundamental I. Nessa observação inicial

40

percebemos as dificuldades que esses professores possuem nessa escola por conta da

limitação de espaço e já foi possível notar que existem muitas dificuldades com os

alunos.

Tivemos também uma conversa inicial com a diretora, os coordenadores

pedagógicos e os professores de EF para explicar os objetivos da pesquisa, entregar o

termo de autorização da pesquisa para a direção e os termos de consentimento livre e

esclarecido para todos, além de realizar uma conversa inicial dos aspectos do cotidiano

escolar com esses profissionais para saber se seria possível realizar a pesquisa nessa

escola por conta dos critérios de inclusão e exclusão.

Após essa conversa, recolhemos os termos e autorizações e reorganizamos as

entrevistas e os critérios de observação que utilizamos. Quando voltamos para a escola

já entramos na segunda etapa do trabalho que será descrita no próximo tópico.

5.2 – Configuração do Universo da Pesquisa

Nesse momento do trabalho serão apresentadas as síntese dos principais pontos

abordados pelo idealizador da proposta curricular, pela diretora, pelos coordenadores

pedagógicos e pelos professores nas entrevistas, trazendo a sua forma de compreender a

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo no seu

cotidiano escolar. Após essas sínteses, apresentaremos as matrizes nomotéticas advindas

dessas entrevistas. Identificamos na transcrição das entrevistas (Apêndice D) as

unidades de significado (Apêndice E) que constituíram as categorias para compor as

matrizes nomotéticas. Essas unidades de significado foram identificadas no intuito de

compreender, na visão desses profissionais de educação, os fatores que dificultam e os

fatores que facilitam a implementação de propostas curriculares de EF em nível

municipal de ensino. Após as matrizes nomotéticas, mostraremos o que conseguimos

identificar durante as observações realizadas no cotidiano escolar em relação aos fatores

que dificultam e que facilitam a implementação dessa mesma proposta.

41

5.2.1 – Síntese das Entrevistas

PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE EF

NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO – PERSPECTIVA DO IDEALIZADOR

A entrevista com o idealizador da proposta curricular de EF do município de São

Paulo ocorreu no período matutino na Faculdade de Educação da USP. Ficamos na sala

do idealizador da proposta em um clima bem tranquilo e agradável. Conversamos

durante cinquenta minutos e todas as respostas foram concedidas com muita atenção.

A elaboração da proposta curricular de EF do município de São Paulo levou em

consideração à multiplicidade de grupos sociais que habitam as escolas do município e a

trajetória histórica e política da rede municipal de tentar fazer um trabalho mais voltado

as comunidades. O principio geral dessa proposta foi de pensar em uma pedagogia que

reconhecesse a diversidade cultural, e que fosse comprometida com a formação de

identidade democráticas. Além disso, não basta proporcionar condições de acesso, é

necessário existir condições de permanência na escola. Há um esforço grande para que a

gestão seja democratizada, com a formação de conselhos de escolas fortes, na ampliação

da jornada do professor com um terço da carga horária que não sejam com atividades

em sala de aula e uma forte política de inclusão.

A implementação dessa proposta curricular começou a ser pensada a partir de

2006, quando se iniciou um movimento grande na rede relacionado com o ler e escrever

em todas as áreas, e ai houve a necessidade de elaborar documentos que

fundamentassem essa ideia. Porque a rede entende que o trabalho do letramento não se

reduz aos anos iniciais, precisa ser estendido aos nove anos do Ensino Fundamental. Foi

criado um instituto, um grupo chamado grupo referência que eram professores da rede

municipal indicados pelas diversas diretorias de ensino (Diretorias Regionais de Ensino)

que se encontravam uma vez por mês na Secretária Municipal de Educação para iniciar

a escrita de um documento de cada área.

Nesse contexto, o pessoal da Secretária Municipal de Educação decidiu contratar

alguém com mais experiência para auxiliar esses professores na escrita do documento.

A pessoa contratada para exercer essa função tinha passado pela experiência de ajudar

na escrita dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, mas o

trabalho não ocorreu da forma esperada. Nesse momento os idealizadores da proposta

curricular de EF que vigora no município de São Paulo tinham acabado de lançar o livro

42

Pedagogia da Cultura Corporal que defendia uma ideia de EF na área da linguagem.

Alguns professores que participavam do grupo referência conheciam esse material e

levaram-no para a Diretora de Orientação Técnica da Secretária Municipal de Educação

que concordou em chamar os autores do livro (Marcos Garcia Neira e Mario Luiz

Ferrari Nunes) para auxiliar na escrita do documento.

Esses professores começaram a propor situações para reflexão com o grupo

referência, pensando na área de EF enquanto linguagem. A partir dessas reflexões

surgiu o primeiro documento da proposta curricular de EF do município de São Paulo

(Referencial para a Expectativa da Competência Leitora e Escritora – Educação Física).

Em 2007 todos os professores que elaboraram esse primeiro documento

pensaram em começar um processo de formação dos professores da rede e na

elaboração de uma proposta curricular completa para o município de São Paulo.

Durante todo esse ano os idealizadores da proposta visitaram diversas escolas

municipais realizando ações formativas que foram distribuídas da seguinte maneira: um

coordenador pedagógico e um professor de EF por escola. Alguns professores

escolhidos pelas Diretorias Regionais de Ensino também realizaram uma leitura crítica

dos documentos e deram retorno para os idealizadores para ajudar na construção dessa

proposta curricular. Os supervisores de ensino também realizaram leituras críticas sobre

o documento elaborado. Apenas no final de 2007, com a participação de alguns

professores da rede e dos supervisores de ensino a proposta curricular de EF ficou

pronta.

Importante ressaltar que esse processo não foi tranquilo. Muitos professores que

participavam do grupo referência ou que fizeram os apontamentos do documento

discordavam de alguns pontos da proposta curricular. Alguns professores defendiam

que tinha que estar no documento à relação com o lazer e outros defendiam a relação

com a saúde. Houve a necessidade de explicar a concepção de EF na área de linguagem

para esses docentes e surgiram muitas discussões nesse processo. Como as próprias

Diretorias Regionais de Ensino escolheram os professores que fizeram parte desse

processo, muitos que estavam ali presentes resistiram bastante até a elaboração do

documento final.

O entendimento metodológico da aula de EF para essa proposta curricular ocorre

da seguinte forma: deve existir o reconhecimento do patrimônio cultural corporal dos

alunos, respeitando os conhecimentos que eles trazem para a escola. Esse processo é

chamado de mapeamento e deve estar articulado às intenções do projeto político

43

pedagógico da instituição. Esse mapeamento é que vai fazer com que o professor

selecione a temática que vai ser problematizada. A partir daí há um momento em que

essa temática é vivenciada com base nas representações que os alunos têm. Então os

alunos realizam os movimentos da manifestação escolhida da forma que eles acham que

devem realizar. Esse momento é chamado de ressignificação, onde os alunos vão ver

como o outro dança, vão analisar como eles dançam, vão chocar a representação que

eles têm com a representação do outro. Então tem que haver muita vivência em função

dessas representações que eles têm. Outro momento do trabalho tem que ser o

aprofundamento, onde as crianças e adolescentes irão conhecer melhor aquela

manifestação, do que se trata, com o que ela parece, de onde ela veio, como que

diferentes pessoas pensam aquela manifestação, e ai um outro momento tem que ser a

ampliação, porque eu preciso acessar discursos diferentes sobre aquela manifestação, se

não eu corro risco de pensar e de ter uma visão dominante. Então, em síntese, é

importante reconhecer como os alunos pensam essa modalidade, trazer mais elementos

daquela manifestação para que eles conheçam melhor aquilo que eles vêm e consigam

entender, fazer uma etnografia, trazer visões de outras pessoas sobre aquilo. Para essa

proposta curricular, a escola não pode ser aquele lugar de fixação de certas práticas

corporais como a melhor, a escola precisa ser um lugar onde eu conheça as práticas

corporais e conheça também as pessoas que fazem as práticas corporais. É muito

importante que os alunos tenham essa visão ampliada e profunda das práticas corporais.

Em 2008 começaram as ações para garantir a formação dos demais professores

de EF da rede municipal de ensino pensando nesse referencial curricular. Foram

produzidos vídeos explicativos e junto com os vídeos pautas para que as Diretorias

Regionais de Ensino formassem os docentes. Os professores que faziam parte do grupo

referência também realizavam esse trabalho de formação dos outros professores de EF

da rede. Importante ressaltar que o processo de formação nesse primeiro ano não

aconteceu da forma esperada. Algumas Diretorias Regionais de Ensino não

conseguiram colocar em prática o que foi pensado, alguns professores que faziam parte

do grupo referência passaram há não compactuar mais com a essência da proposta

curricular e foram contratadas pessoas para realizar a formação dos docentes municipais

que não tinham relação nenhuma com a concepção da proposta curricular de EF.

Em 2009 houve uma grande mudança nesse processo de formação continuada

dos professores. Foi organizado um processo seletivo para chamar o pessoal do grupo

referência e as Diretorias Regionais de Ensino passaram a ter menos autonomia para

44

contratar os professores formadores. Desde então, os cursos de formação foram

ministrados pelos professores desse novo grupo referência e pelos idealizadores da

proposta curricular (Marcos Garcia Neira e Mario Luiz Ferrari Nunes). A EF dentro de

todas as áreas do currículo foi aquela que persistiu mais em uma formação

compromissada com a proposta. Porque as outras áreas continuam com formações, mas

os autores às vezes não estão tão presentes, até porque são outras pessoas que estão

fazendo a formação e o grupo referência das outras áreas se desmanchou. A área de EF

também conseguiu atrelar a bibliografia do concurso às orientações curriculares e cada

concurso feito nesse período foi realizada uma reunião com os ingressantes. Em 2011,

também foi possível realizar ações formativas com os coordenadores pedagógicos com

uma adesão pequena, porque os coordenadores acham que tem outras prioridades e que

não precisam se preocupar com a EF.

No inicio do processo de implementação da proposta curricular de EF muitos

professores da rede eram bastante resistentes em seguir as orientações. Com o passar do

tempo, esses docentes estão ficando mais simpáticos em relação à proposta e os

professores que estão ingressando na rede estão chegando com muita qualificação e

estão querendo realizar uma EF diferente. Em síntese, ainda existem professores de EF

que desconhecem a proposta, outros que conhecem e não concordam e outros que

seguem as orientações curriculares.

PERSPECTIVA DO DIRETOR

A entrevista com a diretora ocorreu no período noturno na própria escola

pesquisada. Ficamos na sala da coordenação em um clima bem tranquilo e agradável.

Conversamos durante trinta minutos e todas as respostas foram concedidas com muita

atenção. Embora tenha ocorrido duas interrupções por conta dos problemas da escola

durante a entrevista não houve pressa para o seu término. Sentimos que em algumas

perguntas houve certo constrangimento para responder tudo aquilo que realmente ocorre

no cotidiano escolar por conta de não saber o que poderia acontecer com essas

informações após a pesquisa, mesmo sendo explicadas todas as questões éticas do

estudo antes da entrevista.

A diretora resolveu seguir essa profissão porque queria consertar algumas coisas

que achava que estavam erradas na sua atuação como professora. Acredita na educação

pública. Atua como diretora de escola há dois anos e nessa escola especificamente há

45

um ano e dois meses. Acumula cargo como professora no Estado de São Paulo. Antes

de ser diretora já trabalhava como professora há quatorze anos.

Ela quer construir um projeto que contemple as diferentes visões de educação de

todos que compõe o cotidiano escolar. Seu desejo é construir a democracia na escola

dentro dos valores da educação para a inclusão voltada para o desenvolvimento das

pessoas. Construir um projeto que todos consigam olhar para o coletivo.

As principais dificuldades para a implementação da proposta curricular de EF no

município de São Paulo que ela escutou dos professores e vivenciou na escola que

dirige foram: muita reclamação da indisciplina dos alunos, falta de concentração e de

atenção dos alunos, pouco envolvimento na aula, além da questão da violência entre os

alunos estar muito presente no cotidiano escolar (discussão, bate boca, ameaças entre os

alunos), a família não é presente no acompanhamento da vida escolar dos alunos,

dificuldade de estimular a vontade de conhecer dos alunos devido a idade, a própria

estrutura da escola e a função social da escola (cobrança para que os alunos entrem no

mercado de trabalho, passem no vestibular ou no vestibulinho). Ela acredita que a

escola deveria ter como função social estimular o conhecimento, o raciocínio, a leitura,

o encantamento pelo conhecimento. Também um ponto importante que ela vivencia

cotidianamente é a dificuldade de trabalhar coletivamente. Existem também as

dificuldades de ter que trabalhar em uma jornada muita extensa, ter acúmulos de cargo,

tornando o cotidiano cansativo, dificultando a elaboração de boas aulas, a correção dos

trabalhos, além de diminuir consideravelmente a paciência do professor. Nessa

realidade, o professor tem que ministrar aulas para muitas salas de aula durante o dia,

pois a cada 50 minutos ele necessita conviver com realidades diferentes com cada turma

que vai atuar, dificultando muito a sua prática pedagógica. Outra dificuldade que

enxerga no seu cotidiano é que dificilmente existe alguma discussão sobre o que é

educação e qual é o seu papel na escola de hoje. Existem também fatores externos à

escola que dificultam a prática pedagógica dos professores, pois existe uma estrutura

que deve ser seguida e cumprida, portanto a escola não tem autonomia em todas as

questões que envolvem o cotidiano escolar.

Especificamente na disciplina de EF, os principais fatores que dificultam a

implementação dessa proposta curricular nessa escola foram: dificuldade do espaço

físico (escola está passando por uma reforma), necessidade de utilizar o espaço onde

ocorre a aula de EF nos dois intervalos de cada período, impossibilitando o acesso do

professor de EF nesses momentos, dificuldade de colocar as aulas duplas para os

46

professores de EF devido ao acúmulo de cargos dos outros professores, a exposição ao

sol cotidianamente do professor de EF, podendo provocar certas doenças, a disciplina de

EF ser vista muitas vezes como algo secundário do ponto de vista curricular, ainda

sendo considerada como algo legal, bacana, utilizado para queimar energia, dificuldade

dos professores se enxergarem enquanto grupo e entenderem os objetivos de cada área

dentro da escola (inclusive da área de EF).

Os principais fatores que facilitam a implementação dessa proposta curricular

que ela escutou dos professores e vivenciou foram: ter professores efetivos na escola,

conquistar a permanência desses professores com pouca remoção para que as pessoas

possam se conhecer melhor e aprofundar o seu trabalho, a formação permanente do

professor e existir discussões sobre política educacional e política de sociedade

avançando nas construções democráticas dentro da escola.

Especificamente na disciplina de EF, os principais fatores que facilitam a

implementação dessa proposta curricular nessa escola foram: o empenho dos

professores para realizar a adaptação do espaço existente, a utilização do clube próximo

à escola para realizar as aulas, o desejo dos alunos pela aula de EF, a cobrança que esses

alunos fazem pela aula e a possibilidade de não necessitar ficar em um espaço fechado

durante a aula.

A diretora recebeu algumas orientações sobre a proposta curricular das

disciplinas que compõe o currículo da escola, mas não participou de nenhum curso que

aprofunde esses conhecimentos das diferentes disciplinas. Ela acredita que esse

aprofundamento está mais voltado para os coordenadores da escola que tem formações

permanentes sobre a questão curricular. Ela também acredita que se a direção tivesse

mais tempo para estar mais envolvida nas questões pedagógicas facilitaria a

implementação da proposta curricular.

Para que exista uma melhor prática pedagógica dos professores de EF nessa

escola, e, por consequência, a implementação dessa proposta curricular aconteça de

forma positiva, a diretora acredita que os professores necessitam ficar em apenas uma

escola em toda a sua jornada de trabalho, para que tenham tempo de pensar nesse

espaço e de refletir o processo vivido cotidianamente, também deve existir a valorização

salarial, possibilitando que o professor não necessite de dois cargos para a sua

sobrevivência, formações continuadas constantes, tempo para refletir mais sobre os

alunos, diminuindo a quantidade de crianças em cada sala de aula, facilitando o olhar

para cada uma delas.

47

PERSPECTIVA DO COORDENADOR PEDAGÓGICO 1

A entrevista com essa coordenadora pedagógica ocorreu no período da manhã na

própria escola pesquisada. Ficamos na sala da coordenação em um clima bem tranquilo

e agradável. Conversamos durante trinta minutos e todas as respostas foram concedidas

com muita atenção. Não houve interrupções durante a entrevista e foi realizada sem

nenhuma pressa para seu término, pois nesse dia não houve expediente letivo. A

coordenadora respondeu todas as questões sem nenhum constrangimento expondo a sua

visão sobre as ocorrências do cotidiano escolar.

Essa profissional decidiu ser coordenadora porque queria realizar um trabalho

mais integrado entre os professores. Ela trabalha nessa escola há oito anos, mas possui

quinze anos de experiência como coordenadora e mais quinze anos como professora,

acumulando trinta anos de experiência profissional.

Para ela é muito difícil coordenar pedagogicamente a equipe dessa escola porque

cada profissional carrega a sua concepção de educação e ela precisa mostrar para esses

profissionais a concepção da rede, causando alguns conflitos.

O seu relacionamento com os professores de EF sempre foi bom, mais existem

alguns problemas, pois alguns professores dessa disciplina trazem algumas concepções

antigas e acham que a aula é composta por treinos ou por futebol. Com os professores

de EF dessa escola existe uma boa relação porque eles entendem que EF não é só

competição e vitória, existe também a parte da colaboração e da participação.

A implementação da proposta curricular da EF está ocorrendo com algumas

dificuldades na escola pesquisada, mas durante as formações existem estímulos por

parte da coordenação para que esses professores possam refletir sobre a sua prática

pedagógica.

Os fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF são:

falta de espaço físico porque a escola está em reforma, impossibilidade de adquirir todos

os materiais solicitados pelos professores, falta de interesse e participação dos alunos,

alunos com diferentes situações econômicas convivendo no mesmo ambiente, falta de

atenção e concentração dos alunos, indisciplina dos alunos, problemas familiares dos

alunos, cultura do aluno e da comunidade frente à EF, dificuldade para trabalhar com

alunos que possuem necessidades especiais, número de paradas pedagógicas

insuficientes durante o ano, a jornada extensa de trabalho (acúmulo de cargo e outros

empregos na área de formação, gerando falta de tempo para realizar as capacitações

48

oferecidas pela prefeitura), baixa remuneração dos professores, dificuldade financeira

dos professores para realizarem a sua formação continuada, trânsito para chegar à

unidade escolar, principalmente para aqueles professores que possuem acúmulos,

número de capacitações insuficientes dos coordenadores, formação inicial dos

professores muito distante da realidade escolar, principalmente nas questões de didática

e metodologia de ensino, formação insuficiente do professor para trabalhar com a

concepção de ensino da prefeitura, falta de empenho de alguns professores e desanimo

de alguns professores.

Os fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF são:

realizar a JEIF (para que os professores entendam a concepção de ensino da rede

municipal), olhar interdisciplinar do professor, trabalhar em apenas uma unidade

escolar, compromisso do professor com a educação, maior proximidade do aluno com o

professor de EF, tentar atender aos pedidos de materiais dos professores e respeitar a

diversidade do ambiente escolar.

Para que melhore a prática pedagógica do professor de EF é necessário: existir

uma formação acadêmica com maior proximidade da realidade escolar e realizar estágio

remunerado (durante a formação acadêmica conhecer a realidade da escola e não

precisar estar atuando em outra área para manter-se financeiramente).

PERSPECTIVA DO COORDENADOR PEDAGÓGICO 2

A entrevista com esse coordenador pedagógico ocorreu no período da noite na

própria escola pesquisada. Ficamos na sala da coordenação em um clima bem tranquilo

e agradável. Conversamos durante trinta minutos e todas as respostas foram concedidas

com muita atenção. Não houve interrupções durante a entrevista e foi realizada sem

nenhuma pressa para seu término, pois a direção da escola sabia da realização do

trabalho e permitiu que o coordenador conversasse com o pesquisador durante o tempo

necessário. Percebemos que em algumas respostas esse profissional pensava bastante

antes de emitir sua opinião, mostrando certo desconforto. Na nossa visão, ele foi claro

em suas exposições, mas em algumas falas se sentiu constrangido para emitir a sua real

opinião.

Esse profissional decidiu ser coordenador pedagógico porque tinha formação em

Geografia e Pedagogia e gosta de trabalhar na formação dos professores para agregar

valores da sua própria formação na formação dos professores, além disso, acredita que

49

pode contribuir mais como coordenador do que como professor. Esta há vinte e oito

anos na prefeitura, tem onze de experiência como coordenador pedagógico e está nessa

escola há quatro anos. Também é professor Universitário.

Para ele, coordenar a equipe dessa escola é um paradoxo, pois sente muito prazer

no seu trabalho, mas sente diversas dificuldades no seu dia a dia. Até por conta de todas

essas dificuldades, os professores estão tendo muitos problemas para realizar a

implementação da proposta curricular de EF.

O seu relacionamento com os professores de EF é bom. Tem dificuldade com

todos os professores da escola quando estes pedem que ele compre, separe ou organize

os materiais que esses profissionais necessitam usar durante as suas aulas, pois essa não

é uma função do coordenador pedagógico nas escolas municipais de São Paulo, visto

que ele foi concursado para refletir sobre a prática pedagógica dos professores.

Os fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF são: ter

acúmulo de cargo, professores que não participam da JEIF, falta de tempo para a

formação continuada, formação continuada da prefeitura insuficiente, resistência dos

professores mais experientes frente à proposta curricular, mudança anual da unidade

escolar dos professores, poucas jornadas pedagógicas, indisciplina dos alunos, falta de

acompanhamento dos pais, falta de hábitos de estudos dos alunos, aumento do número

de dias letivos com os alunos, cultura da comunidade escolar frente à EF, resistência do

aluno com certos conteúdos, falta de preparo e infraestrutura para incluir os alunos com

necessidades especiais, falta de um projeto da rede de inclusão, falta de espaço físico

adequado e indisponibilidade de utilizar os materiais de EF.

Os fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF são:

visita técnica ao clube da cidade próximo da escola, a disciplina de EF ter alterado seu

enfoque com a LDB atual, a estrutura administrativa oferecida pela prefeitura (diretor e

coordenadores pedagógicos efetivos, dois assistentes de direção, sala de informática

com computadores de última geração, diferentes projetos e verbas mensais para

complementar as necessidades pedagógicas do professor), mais empenho do professor e

desenvolver projetos que foquem especificamente na questão da indisciplina dos alunos.

Para que melhore a prática pedagógica do professor de EF é necessário: rever os

acúmulos de cargos, valorizando financeiramente o professor para que ele possa atuar

em apenas uma escola, existir um coordenador para cada disciplina na escola, formação

continuada obrigatória oferecida dentro do horário de trabalho de todos os professores e

mais empenho de alguns docentes.

50

PERSPECTIVA DO PROFESSOR 1

A entrevista com esse professor foi realizada na outra escola da prefeitura que

ele atua como docente. Ficamos na recepção da escola onde havia uma grande passagem

de professores, portanto o clima não estava tão tranquilo. Conversamos durante vinte

minutos durante o intervalo do professor, porém todas as respostas foram concedidas

com muita atenção. Não houve interrupções durante a entrevista, mas havia um tempo

estipulado para ser finalizada, pois o professor tinha que voltar a ministrar as suas aulas

após o intervalo. O professor respondeu todas as questões sem nenhum constrangimento

expondo a sua visão sobre as ocorrências do cotidiano escolar.

Esse docente resolveu ser professor de EF porque desde criança se identificou

com os professores dessa disciplina na escola. Além disso, a sua relação com a atividade

física e o esporte durante a infância e a adolescência também foram fatores que

influenciaram na sua escolha.

Terminou a sua graduação em uma instituição privada da cidade de São Paulo

em 1999. Fez especialização em Pedagogia do Movimento Humano em uma instituição

pública do estado de São Paulo. Ministra aula desde 2002, portanto acumula dez anos

de experiência profissional. É docente na escola pesquisada há três anos. Possui dois

cargos como professor na prefeitura de São Paulo, sendo titular das aulas no período da

manhã nessa escola e módulo (não possui aulas atribuídas) no período da tarde na outra.

Os principais fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de

EF no cotidiano escolar vivenciado por ele foram: trabalhar em espaço aberto, espaço

físico inadequado, a influência do tempo, a influência do clima, as outras pessoas que

compõe o cotidiano escolar e reclamam da dinâmica da aula de EF, as características

dos alunos, a resistência que esses alunos têm quando o professor quer desenvolver

certos conteúdos, costume dos alunos quando tiveram aula com outros professores,

dificuldade dos alunos em realizar atividades que necessitam de reflexão, que

necessitam de diálogo, fator cultural do aluno em relação à aula de EF, indisciplina dos

alunos em alguns momentos da aula, falta de materiais para trabalhar com todas as

práticas corporais, dinâmica da escola que não está preparada para certas atividades

(sair com os alunos para ter aula no clube próximo à escola), nem sempre a escola

proporciona aulas dobradinha para poder realizar as atividades no clube, não ter tido

nenhum tipo de capacitação sobre a proposta curricular e acumular dois cargos como

professor, não possibilitando voltar todas as suas energias apenas para uma escola.

51

Os principais fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF

no cotidiano escolar vivenciado por ele foram: a postura do professor com o aluno,

sensibilidade para entender o aluno tornando o próprio ambiente da aula como um fator

facilitador, ter televisão com DVD em todas as salas de aula, ministrar aulas para a

mesma turma durante alguns anos seguidos, ter um clube próximo da escola para

desenvolver atividades diferenciadas e ter duas aulas seguidas com a mesma turma no

dia em que os alunos irão sair para o clube.

A sua opinião sobre a proposta curricular da prefeitura de São Paulo é que a EF

é uma área muito ampla, que tem muitas referências e bebe um pouco de cada área. Ele

acredita que a abordagem cultural apresenta vários pontos positivos, mas cada

professor, de acordo com a sua formação aplica o que aprendeu de bom de cada uma

das abordagens que aprendeu durante a sua formação profissional. Ele procura seguir a

proposta curricular, mas acredita que nem tudo é possível de realizar de acordo com a

realidade que vivencia cotidianamente na escola.

Para esse professor melhorar a sua prática pedagógica na escola seria necessário

existir cursos de capacitação, possibilidade de participar de grupos de estudos na

Universidade, acompanhar as novas pesquisas, participar de grupos de estudos com os

professores que elaboraram a proposta curricular da prefeitura de São Paulo, mas o

essencial seria ter tempo para realizar essas formações, pois tendo dois cargos tudo isso

se torna muito complicado de acontecer. Esse profissional necessita dos dois cargos

para poder dar uma condição razoável de sobrevivência para sua família e mesmo assim

não consegue pagar com o próprio dinheiro essas formações que seriam necessárias para

sua evolução profissional. O professor também acredita que trocar ideias com outros

professores que ministram aulas na escola pública e observar exposições de práticas

pedagógicas que estão dando certo na escola ajudariam a melhorar a sua prática

pedagógica.

PERSPECTIVA DO PROFESSOR 2

A entrevista com esse professor foi realizada na própria escola pesquisada.

Ficamos em uma sala de aula em um clima muito tranquilo, já que nesse dia não havia

expediente letivo com alunos. Conversamos durante vinte e cinco minutos e as respostas

foram concedidas com muita atenção. Não houve interrupções durante a entrevista e não

havia um tempo estipulado para o seu término. O professor respondeu todas as questões

52

sem nenhum constrangimento expondo a sua visão sobre as ocorrências do cotidiano

escolar.

Esse docente resolveu ser professor de EF porque se identificava com as práticas

corporais na infância e na escola. Praticava lutas e fazia academia na adolescência e

quando entrou no curso de EF na Universidade se identificou com á área.

Terminou a sua graduação em uma instituição privada da cidade de São Paulo

em 2008. Após a graduação participou de cursos de extensão voltados para a área de

musculação. Também realizou uma capacitação de xadrez que ajuda na sua prática

pedagógica na escola. Ministra aulas na escola desde outubro de 2008. Atua como

docente nessa escola desde fevereiro de 2012 como módulo (não tem aulas atribuídas,

então acompanha o professor titular de EF, entra nas aulas quando esse docente falta ou

quando a escola está necessitando que ele entre nas salas de aula para substituir

qualquer professor que tenha faltado naquele dia). Atua apenas nessa escola, no ensino

fundamental II, mas nos outros períodos é professor de musculação em uma academia.

Os principais fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF

no cotidiano escolar vivenciado por ele foram: a infraestrutura inadequada (a escola não

possui quadra e a aula de EF é realizada em um espaço que pode ser utilizado por

qualquer professor, além dos intervalos também ocorrerem nesse espaço), em algumas

situações tem pouco respaldo por parte da gestão na sua atuação como professor, tem

problemas de indisciplina com alguns alunos, embora acredite que nessa escola essa

questão não é tão forte como em outras instituições municipais de ensino que já atuou

anteriormente, sente resistência dos alunos quando necessita realizar algum trabalho na

sala de aula, não tem todos os materiais que gostaria para realizar as suas aulas, tem

dificuldades por ter que atuar em áreas diferentes da EF durante o dia, pois sempre

necessita elaborar aulas para a escola e a academia nos horários que está em casa,

prejudicando a qualidade das tarefas em ambos trabalhos, como não tem todas as aulas

atribuídas não pode realizar a JEIF, não podendo ter acesso há todas as discussões e

formações que ocorrem na escola, o clima também influência negativamente o seu

cotidiano, pois quando chove não pode realizar atividades práticas se o espaço da escola

for aberto, sente dificuldade quando necessita sair da escola para realizar as atividades no

clube com alguns alunos que precisam se trocar para sair da escola, além do trajeto para

esse local que tem muitos faróis e o cuidado tem que ser muito grande. Com essa

53

realidade o professor perde muito tempo da aula e isso dificulta a sua prática pedagógica,

e, por consequência, a implementação da proposta curricular.

Os principais fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF

no cotidiano escolar vivenciado por ele foram: ter um professor de módulo na escola

para ajudar o professor titular nas suas aulas e substituir esse profissional quando ele

precisa faltar, o aluno reconhecer o professor de módulo como reconhece qualquer outro

professor da escola, ele se sente respaldado pela gestão da escola em relação aos

projetos que elabora para trabalhar com os alunos e ter um clube perto da escola

minimiza os problemas de espaço e ajuda muito na sua prática pedagógica.

Em sua opinião a proposta curricular da prefeitura de São Paulo é muito boa. O

livro de orientações é muito rico porque existem diversas possibilidades que podem ser

trabalhadas na aula de EF. Mesmo tendo uma opinião positiva sobre a proposta, acredita

quem nem todos os conteúdos que nela estão presentes são possíveis de serem

realizados por falta de materiais. Ele relata que mesmo tendo experiência com lutas não

se sente a vontade de trabalhar com esse conteúdo nas suas aulas pela infraestrutura

precária que a escola oferece.

Para esse professor melhorar a sua prática pedagógica na escola ela precisaria

fazer JEIF, independente de ter aulas atribuídas, para estar mais presente na escola, ter

uma infraestrutura melhor (quadra ou um espaço amplo que fosse fechado para ficar

imune as variações do clima), ter mais materiais disponíveis para conseguir colocar em

prática todos os conteúdos selecionados da proposta curricular, capacitações no horário

de trabalho com dispensa de ponto e ser valorizado financeiramente para poder ficar

todo tempo em apenas um emprego, discutindo por mais tempo o projeto pedagógico e

as dificuldades da escola.

PERSPECTIVA DO PROFESSOR 3

A entrevista com essa professora foi realizada por telefone, pois não foi possível

agendar em nenhum dia para ser realizada na escola pesquisada. Conversamos durante a

noite em um clima muito tranquilo e sem pressa para terminar. A entrevista durou 25

minutos e todas as questões foram respondidas com muita atenção. Não houve

interrupões durante a entrevista. A professora respondeu todas as questões, mas

54

demonstrou algum desconforto para falar questões relacionadas com os colegas de

trabalho, embora tenha realizado comentários mesmo assim.

Essa docente resolveu ser professora de EF porque desde criança tinha um sonho

de ser professora de EF. Ela gostava muito das atividades corporais na escola e era

sempre a primeira da turma para fazer a aula de EF.

Terminou a sua graduação em uma instituição privada da cidade de São Paulo

em 1992. Após a graduação realizou uma especialização em Basquete e também

capacitações especificas de EFE na própria prefeitura. Atua como docente desde 1991 e

nessa escola ministrou aulas em 2007, saiu na remoção nesse mesmo ano e depois

voltou em 2010, permanecendo até o momento. Possui dois cargos como professora,

sendo um no estado e um na prefeitura de São Paulo. Tem a carga mínima de aulas no

estado (10 aulas) e 28 aulas na prefeitura. Atua na escola pesquisada na maioria das suas

aulas no Ensino fundamental I e tem duas aulas atribuídas no Ensino Fundamental II

Os principais fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de

EF no cotidiano escolar vivenciado por ela foram: falta de espaço, falta de material

apropriado, dificuldade para trabalhar com os alunos que possuem algum tipo de

necessidades especiais, principalmente quando os cuidadores dos alunos com

necessidades mais severas faltam. Acredita também que faltem materiais específicos

para esses alunos, possui problemas com a indisciplina dos alunos do Ensino

Fundamental II, principalmente quando necessita dividir o mesmo espaço com o outro

professor da escola devido à quantidade de alunos que permanecem nesse local, possui

dificuldades com algumas professoras polivalentes de Ensino Fundamental I, pois com

uma relação pouco amistosa entre elas, existe dificuldade para trocar experiências, além

das reclamações que essas professoras fazem quando o especialista atrasa para entrar na

sua aula. Tem dificuldades com algumas crianças do ciclo I que já possuem a

sexualidade muito aflorada e atrapalham a aula, percebe que os alunos têm muitas

dificuldades em aprender a ler e escrever, e não poder realizar a JEIF por não ter todas

as aulas atribuídas, dificulta muito a implementação da proposta curricular, porque ela

perde todas as discussões que são realizadas na escola, além de existir uma diferença

grande no salário. Em anos anteriores, ela relata ter tido muitas dificuldades com a

indisciplina dos alunos e por ter ficado de módulo.

Os principais fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF

no cotidiano escolar vivenciado por ela foram: o perfil que ela possui para trabalhar com

55

as crianças de Ensino Fundamental I, ter poucos casos de indisciplina com essas turmas,

os alunos são menos resistentes em realizar qualquer tipo de atividade proposta,

aceitando com mais facilidade qualquer tipo de conteúdo e a boa relação que ela

mantém com algumas professoras de sala, facilitando as trocas de experiências e as

conversas sobre as dificuldades dos alunos.

Em sua opinião a proposta curricular da prefeitura de São Paulo é um bom

norteador por ser um livro bem completo. Acredita que tem autonomia para elaborar as

suas aulas quando está seguindo essa proposta. Além disso, tudo que está na proposta é

possível de se realizar na prática quando a escola é bem estruturada.

Para essa professora melhorar a sua prática pedagógica na escola ela acredita

que deve ser repensada a ideia do ciclo, pois os educadores ainda não estão preparados

para atuar dessa forma. Também seria necessário terminar a reforma que está ocorrendo

na escola para que se tenha melhor estrutura para ministrar as aulas, poder fazer a JEIF,

ter maior respaldo da coordenação, ter mais materiais disponíveis, ter a família dos

alunos mais presente na escola e melhores condições e capacitações para trabalhar com

os alunos que possuem alguma necessidade especial.

56

5.2.2 – Matrizes Nomotéticas dos fatores que dificultam a implementação da

proposta curricular de EF do município de São Paulo de acordo com a Diretora,

Coordenadores Pedagógicos e Professores de EF

Para leitura das matrizes nomotéticas foi criada a seguinte legenda: D – Diretor;

C – Coordenador Pedagógico; P – Professor de EF.

A leitura da matriz nomotética na horizontal, permite visualizar a quantidade de

pessoas que mencionaram a unidade significativa e, na vertical, permite visualizar todas

as unidades significativas extraídas do discurso de cada pessoa entrevistada.

Categoria 1 - Principais fatores dificultadores da implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo

Unidades de Significado

Comunidade escolar

Total

D C1 C2 P1 P2 P3

Espaço físico inadequado x x x x x x 6

Indisciplina dos alunos x x x x x 5

Jornada de trabalho extensa x x x x x 5

Falta de materiais x x x x x 5

Cultura do aluno com os estudos x x x x x 5

Formação profissional insuficiente x x x x 4

Falta de organização da rede municipal x x x x 4

Falta de organização da escola x x x x 4

Dificuldade dos alunos x x x x 4

Influência do clima x x x 3

Relação escola-comunidade inadequada x x 2

Relação interpessoal profissional x x 2

Falta de condições para a educação

inclusiva

x

x

2

Implicações da aula de EF x 1

Função social da escola x 1

Falta de trabalho coletivo x 1

Visão da disciplina de EF x 1

Baixa remuneração x 1

Descontentamento profissional x 1

Trânsito x 1

Resistência dos professores x 1

Relação aluno-aluno x 1

57

Os principais fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de

EF do município de São Paulo segundo os profissionais entrevistados nessa unidade

escolar foram:

- Espaço físico inadequado (a escola está sendo reformada e a aula de EF é realizada

em uma tenda com muitas limitações de espaço, impossibilitando muitas atividades e

dificultando a inclusão dos alunos com necessidades especiais).

- Indisciplina dos alunos (muita reclamação da indisciplina dos alunos, a violência

entre os alunos estar muito presente no cotidiano escolar e indisciplina dos alunos,

principalmente no Ensino Fundamental II).

- Jornada de trabalho extensa (ter acúmulo de cargos, o professor ministrar aulas para

muitas turmas durante o dia torna o cotidiano cansativo, dificultando a elaboração de

boas aulas, a correção dos trabalhos, além de diminuir consideravelmente a paciência do

professor, ter outros empregos na área de formação gerando falta de tempo para realizar

as capacitações oferecidas pela prefeitura, dificultando a formação continuada e não

poder dedicar toda a sua energia em apenas uma escola).

- Falta de materiais (impossibilidade de adquirir todos os materiais solicitados pelos

professores, indisponibilidade de utilizar os materiais de EF, não ter todos os materiais

para colocar em prática todos os conteúdos da EF e falta de materiais para os alunos

com necessidades especiais).

- Cultura do aluno com os estudos (problemas familiares dos alunos, cultura do aluno

e da comunidade frente à EF, falta de hábitos de estudos dos alunos, resistência do

aluno com certos conteúdos, as características dos alunos, costume dos alunos quando

tiveram aula com outros professores, sente resistência dos alunos quando necessita

realizar algum trabalho na sala de aula e tem dificuldades com algumas crianças do

ciclo I que já possuem a sexualidade muito aflorada e atrapalham a aula).

- Formação profissional insuficiente (dificilmente existe alguma discussão sobre o

que é educação e qual é o seu papel na escola de hoje, dificuldade financeira dos

professores para realizarem a sua formação continuada, formação inicial dos professores

58

muito distante da realidade escolar, principalmente nas questões de didática e

metodologia de ensino, formação insuficiente do professor para trabalhar com a

concepção de ensino da prefeitura, professores que não participam da JEIF, falta de

preparo para incluir os alunos com necessidades especiais, não ter capacitação sobre a

proposta curricular, número de capacitações insuficientes dos coordenadores, número de

paradas pedagógicas insuficientes durante o ano e formação continuada da prefeitura

insuficiente).

- Falta de organização da rede municipal (existe uma estrutura que deve ser seguida e

cumprida, a escola não tem autonomia em todas as questões que envolvem o cotidiano

escolar, mudança anual da unidade escolar dos professores, aumento do número de dias

letivos com os alunos, falta de um projeto da rede municipal de inclusão, não poder

realizar a JEIF porque não tem um número de aulas atribuídas, dificultando o acesso há

todas as discussões e formações que ocorrem na escola e a diferença salarial).

- Falta de organização da escola (dificuldade de colocar as aulas duplas para os

professores de EF devido ao acúmulo de cargos dos outros professores, a dinâmica da

escola que não está preparada para certas atividades (sair com os alunos para ter aula no

clube próximo à escola e necessita dividir o mesmo espaço com o outro professor da

escola aumentando a quantidade de alunos que permanecem no mesmo espaço).

- Dificuldades dos alunos (falta de concentração, falta de atenção, pouco envolvimento

na aula, dificuldade de estimular a vontade de conhecer dos alunos devido a idade, falta

de interesse e participação dos alunos, dificuldade dos alunos em realizar atividades que

necessitam de reflexão, que necessitam de dialogo e os alunos têm muitas dificuldades

em aprender a ler e escrever).

- Influência do clima (exposição ao sol cotidianamente do professor de EF, podendo

provocar certas doenças e o clima também influência negativamente o seu cotidiano,

pois quando chove não pode realizar atividades práticas se o espaço da escola for

aberto).

59

- Relação escola-comunidade inadequada (a família não é presente no

acompanhamento da vida escolar dos alunos, cultura da comunidade escolar frente à EF

e falta de acompanhamento dos pais).

- Relação interpessoal profissional (em algumas situações tem pouco respaldo por parte

da gestão na sua atuação como professor e possui dificuldades com algumas professoras

das salas de Ensino Fundamental I, pois com uma relação pouco amistosa entre elas

existe dificuldade para trocar experiências, além das reclamações que essas professoras

fazem quando o especialista atrasa para entrar na sua aula).

- Falta de condições para a educação inclusiva (falta de preparo para trabalhar com

alunos que possuem necessidades especiais e dificuldade para trabalhar com os alunos

que possuem algum tipo de necessidades especiais).

- Implicações da aula de EF (as outras pessoas que compõe o cotidiano escolar

reclamam da dinâmica da aula de EF).

- Função social da escola (cobrança para que os alunos entrem no mercado de trabalho,

passem no vestibular ou no vestibulinho. A escola deveria ter como função social

estimular o conhecimento, o raciocínio, a leitura, o encantamento pelo conhecimento).

- Falta de trabalho coletivo (dificuldade de trabalhar coletivamente e dificuldade dos

professores se enxergarem enquanto grupo e entenderem os objetivos de cada área

dentro da escola, inclusive da área de EF).

- Visão da disciplina de EF (a disciplina de EF ser vista muitas vezes como algo

secundário do ponto de vista curricular, ainda sendo considerada como algo legal,

bacana, utilizado para queimar energia).

- Baixa remuneração (baixa remuneração)

60

- Descontentamento profissional (falta de empenho de alguns professores e desanimo

de alguns professores).

- Trânsito (trânsito para chegar à unidade escolar, principalmente para aqueles

professores que possuem acúmulos).

- Resistência dos professores (resistência dos professores mais experientes frente à

proposta curricular).

- Relação aluno – aluno (alunos com diferentes situações econômicas convivendo no

mesmo ambiente).

Os fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo segundo o relato dos profissionais de educação da escola

pesquisada foram: espaço físico inadequado, indisciplina dos alunos, jornada de

trabalho extensa, falta de materiais, cultura dos alunos com os estudos, formação

profissional insuficiente, falta de organização da rede municipal, falta de organização da

escola, dificuldades dos alunos, influência do clima, relação escola-comunidade

inadequada, relação interpessoal profissional, falta de condições para a educação

inclusiva, implicações da aula de EF, função social da escola, falta de trabalho coletivo,

visão da disciplina de EF, baixa remuneração, descontentamento profissional, trânsito,

resistência dos professores e relação aluno-aluno.

5.2.3– Observações do Cotidiano Escolar (Fatores Dificultadores)

Ensino Fundamental (Ciclo I)

Nesse momento do trabalho descreveremos as observações realizadas durante as

aulas de EF no Ensino Fundamental I. Realizamos uma observação aleatória anotando

no diário de campo todos os fatores que dificultam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo. Durante as anotações, também

conversamos com os professores para poder ter mais clareza de todas as situações que

ocorriam em aula.

61

Abaixo descreveremos os fatores que dificultam a implementação da proposta

curricular e mostraremos os momentos da aula em que esses fatores ocorreram. Todas

as anotações realizadas no diário de campo podem ser observadas ao final do trabalho

(Apêndice F).

Fatores dificultadores da implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo

- Indisciplina dos alunos

Momento 1 - A professora mudou a atividade e nesse momento teve um pouco de

dificuldade na explicação porque as crianças falavam muito.

Momento 2 - Na 2º aula fomos para um 1º ano. Houve certa dificuldade porque as

crianças falavam muito alto e às vezes se empurravam.

Momento 3 - Nessa aula um dos alunos não parava de provocar os outros. Esse aluno

brigou com uma criança durante a aula sem nenhum motivo.

Momento 4 - Alguns alunos se machucaram no trajeto de volta para a sala. A

professora da sala de aula conversou com a professora de EF sobre o comportamento da

sala que não estava bom. Elas começaram traçar estratégias para tentar melhorar o

comportamento da sala.

Momento 5 - A 4º aula foi ministrada em um 4º ano. Durante o trajeto até o espaço da

aula de EF alguns alunos brigaram e poderiam ter se machucado.

Momento 6 - Nessa turma houve dificuldade porque alguns alunos não respeitaram

algumas regras sugeridas pela professora. Houve a necessidade de conversar com a

turma com firmeza.

Momento 7 - A professora teve que chamar a atenção dos alunos que estavam se

empurrando e falando durante a discussão da atividade realizada.

62

Momento 8 - Durante a explicação da atividade a professora novamente teve que

chamar a atenção dos alunos que não paravam de falar.

Momento 9 - A professora comentou que não conseguiu desenvolver todas as

atividades planejadas por conta do comportamento inadequado da turma.

Momento 10 - A 5º aula ocorreu em um 2º ano. A professora teve dificuldade para

conseguir o silêncio dos alunos para levá-los até o espaço da aula. A professora teve que

conversar com a sala mais de uma vez para pedir silêncio.

Momento 11 - Na 6º aula fomos para um 3º ano. A professora reuniu os alunos e

explicou a dinâmica da aula (mesmas atividades das turmas anteriores). Ela perdeu um

tempo da aula para conseguir silêncio da turma e teve que chamar a atenção de alguns

alunos.

Momento 12 - A 2º aula ocorreu em um 1º ano. A professora teve dificuldade no trajeto

até o espaço de aula porque os alunos falavam muito alto no corredor da escola.

Momento 13 - Durante a primeira brincadeira um dos meninos não realizou o que foi

proposto para atrapalhar a brincadeira e a professora teve que alterar as regras da

atividade.

Momento 14 - Durante a aula a professora teve que chamar a atenção de dois alunos

que brigaram entre eles.

Momento 15 - Na 3º aula fomos para um 4º ano. A professora teve que chamar atenção

dos alunos no trajeto por conta do barulho.

Momento 16 - Quando um dos meninos conseguiu realizar um ponto na brincadeira os

outros foram agressivos na comemoração e machucaram-no. A professora teve que

chamar a atenção dos meninos.

63

Momento 17 - Houve uma discussão entre os alunos de quem iria bater a corda e eles

acabaram brigando por conta disso. Um dos alunos ficou chateado e não quis mais

participar da aula. A professora teve que chamar atenção de todos os alunos.

Momento 18 - Nessa turma muitos alunos não respeitaram as regras colocadas pela

professora causando diversos conflitos e desentendimentos entre eles.

Momento 19 - A professora teve que mandar dois meninos de volta para a sala antes de

acabar a aula porque elas estavam desrespeitando demais as regras.

Momento 20 - Antes de voltar para a sala a professora teve que chamar a atenção da

turma toda pelo mau comportamento da maioria dos alunos durante a aula.

Momento 21 - A professora teve que chamar a atenção dos alunos mais duas vezes

durante a explicação porque eles não prestavam atenção e não ficavam quietos.

Momento 22 - Houve dificuldade de explicar a atividade pela agitação dos alunos e

pela quantidade de conversa que ocorria na aula.

Momento 23 - A professora teve que chamar a atenção de alguns alunos durante as

atividades que estavam desrespeitando as regras.

Momento 24 - Na 1º aula fomos para um 2º ano. Durante o percurso duas crianças

discutiram porque uma tinha empurrado a outra e acabaram se machucando.

Momento 25 - Na 1º aula fomos para um 2º ano. Durante o percurso duas crianças

discutiram porque uma tinha empurrado a outra e acabaram se machucando.

Momento 26 - A primeira brincadeira realizada na aula foi pega-pega. Na segunda

atividade as crianças tinham que realizar arremessos na cesta. Durante a organização da

fila para iniciar a atividade dois meninos brigaram e a professora teve que intervir.

Momento 27 - Durante o jogo um dos meninos chutou a bola em uma das meninas sem

nenhum motivo. A professora teve que intervir.

64

Momento 28 - Quase no final da atividade alguns meninos começaram a desrespeitar as

regras do jogo que estava sendo realizado e a professora teve que chamar a atenção dos

alunos.

Momento 29 - Na brincadeira de pega-pega a maioria dos alunos participou com

bastante motivação. Durante a brincadeira duas crianças brigaram e uma machucou a

outra. A briga começou porque uma encostou-se à outra no pega-pega. A menina que

bateu na outra criança discutiu com a professora dizendo que o pai dela manda bater em

qualquer criança que mexer com ela.

Momento 30 - Na 4º aula fomos para um 3º ano. A professora teve dificuldade para os

alunos prestarem atenção na sua explicação e teve que chamar a atenção de alguns

alunos.

Momento 31 - Os alunos ficaram em fila para realizar a atividade de arremessar a bola

na cesta e novamente a professora teve dificuldade para explicar a atividade.

Momento 32 - Na 5º aula fomos para um 1º ano. Houve muita dificuldade com os

alunos dessa sala durante o trajeto até o espaço de aula. Os alunos brigaram entre eles e

falavam alto no corredor.

Momento 33 - Onde ocorre a aula de EF estava montado o tênis de mesa. Um dos

alunos subiu na mesa e começou a deslizar nela sem a autorização da professora. Na

hora de levantar a mesa dois alunos se machucaram.

Momento 34 - No pega-pega a professora teve que tirar um aluno da brincadeira porque

ele não parou nenhum minuto de desrespeitar as regras e atrapalhar os colegas.

Momento 35 - Durante o jogo alguns meninos se empurraram algumas vezes e em

alguns momentos chutavam a bola um no outro sem necessidade.

65

Momento 36 - As atividades dessa aula foram as mesmas das anteriores. A professora

teve dificuldade de explicar como seria a aula porque alguns alunos não deixavam ela

falar.

Momento 37 - Em um momento esse grupo de alunos que não estavam assistindo ao

filme ficou trocando de lugar de propósito e falando muito alto entre eles, atrapalhando

os outros colegas.

Momento 38 - Embora a maioria dos alunos estivesse prestando muita atenção, um

grupo de cinco crianças não queriam assistir ao filme e ficaram brincando entre elas.

Momento 39 - Ao chegarmos à sala de vídeo os alunos estavam bem agitados e a

professora teve dificuldades para que eles ficassem em silêncio.

Momento 40 - Os alunos novamente ficaram agitados e algumas crianças começaram a

conversar sem parar. A professora teve que chamar a atenção de alguns alunos.

Momento 41 - Na explicação da próxima atividade a professora teve dificuldade para

conseguir o silêncio das crianças que estavam muito agitadas e teve que chamar a

atenção de alguns alunos.

Momento 42 - Um aluno estava com uma lanterna e ficou acendendo e apagando esse

equipamento durante o filme. Essa atitude tirou a atenção de alguns alunos em alguns

momentos.

Momento 43 - A professora teve que trocar alguns alunos de lugar porque eles estavam

conversando demais e atrapalhando os demais colegas.

Momento 44 - Bem próximo do final da aula a professora teve que trocar outros alunos

de lugar também pelo mau comportamento.

Momento 45 - Um grupo de três alunos começou a falar alto durante a aula e acabou

atrapalhando os colegas de turma.

66

Momento 46 - No jogo de vôlei das meninas duas alunas discutiram e brigaram durante

o jogo. Elas se desentenderam devido ao desrespeito de uma delas com as regras do

vôlei.

Momento 47 – No trajeto de volta para a sala de aula dois alunos discutiram porque um

falou mal do outro durante o jogo. A professora teve que intervir.

Momento 48 - Durante o jogo de vôlei um dos meninos jogou a bola forte no colega

para machucá-lo. A professora teve que intervir.

Momento 49 - Durante o jogo de queimada dois meninos do mesmo time tentaram

pegar a bola e acabaram brigando por conta disso. A professora teve que intervir.

Momento 50 - No trajeto de volta para a sala alguns alunos mexeram com os colegas

que estavam tendo aula atrapalhando as professoras de sala de aula.

Momento 51 - A professora teve que intervir com alguns alunos que estavam gritando e

jogando água um no outro no banheiro.

Momento 52 - Na 5º aula fomos para um 2º ano. A professora teve dificuldade no

trajeto da sala até o espaço onde ocorre a aula de EF porque os alunos estavam gritando

e atrapalhando as outras turmas.

Momento 53 - As crianças falaram muito alto durante o trajeto de volta para a sala de

aula e a professora teve que intervir.

Momento 54 - A aula iniciou com a divisão dos times para realizar o jogo de queimada.

Os alunos estavam muito agitados e alguns faziam brincadeiras não deixando a

professora falar. Ela teve que intervir.

Momento 55 - Durante a queimada dois alunos brigaram e um foi reclamar com a

professora que o colega tinha batido nele.

67

Momento 56 - Durante a explicação da professora três alunos começaram a brigar e não

deram a mínima atenção para ela.

Momento 57 - Na 1º aula fomos para o 2º ano. Um dos alunos ainda na sala pegou o

apito da professora e assoprou sem autorização. A professora já tinha explicado que não

queria que isso acontecesse e o aluno desrespeitou mesmo assim o combinado.

Momento 58 - Em um momento da aula um aluno subiu em cima da mesa de tênis de

mesa que estava no espaço onde ocorre a aula de EF. A professora teve que interferir e

pedir para o aluno sair de cima da mesa.

Momento 59 - Durante a atividade de ameba um aluno subiu na trave sem pedir a

autorização da professora. Ela teve que intervir.

Momento 60 - No trajeto de volta para a sala de aula um aluno derrubou o outro de

propósito e acabou machucando sério o colega. A professora teve que intervir.

Momento 61 - Durante o jogo de queimada um dos alunos jogou a bola no colega e

acabou o machucando. A professora teve que intervir e o aluno ainda respondeu para

ela.

- Espaço físico inadequado

Momento 1 - O barulho de duas reformas próximas da escola atrapalhou a dinâmica da

aula.

Momento 2 - O barulho da obra ao lado estava muito alto e atrapalhou muito a

professora.

Momento 3 - Em muitos momentos durante essa aula os cachorros da casa da frente

latiam sem parar e isso atrapalhava a concentração dos alunos e a professora teve que

forçar mais a voz.

Momento 4 - Novamente o barulho da reforma ficou muito alto.

68

Momento 5 - A professora colocou para a turma a dificuldade de ministrar aula com a

quantidade de pombas que estavam no espaço. Durante a aula as pombas também

tiravam a atenção dos alunos.

Momento 6 - Na tentativa de realizar uma reflexão sobre a aula a professora teve

dificuldade de falar porque os cachorros da casa da frente começaram a latir demais.

Momento 7 - Por conta da reforma que está ocorrendo ao lado do espaço de aula houve

a necessidade de diminuir ainda mais esse espaço que já é limitado porque havia risco

de ocorrer algum acidente durante a aula.

Momento 8 - Como essa aula ocorreu após o intervalo, mesmo com a limpeza do local

o espaço foi invadido por pombas a procura de alimento.

Momento 9 - Essa era a última aula do dia e o ambiente ficou bem escuro, pois não há

nenhum poste de iluminação no espaço, dificultando a dinâmica da aula.

Momento 10 - Bem no final da aula, como o espaço utilizado é próximo da rua, duas

pessoas que estavam passando mexeram com as crianças e o clima ficou um pouco

diferente do normal.

Momento 11 - O espaço da aula estava mais escuro e não existe iluminação. Essa falta

de claridade atrapalhou a prática pedagógica da professora.

Momento 12 - Na 4º aula fomos para um 4º ano. Quando chegamos ao espaço onde

ocorre a aula de EF tinha terminado o intervalo e a professora teve que esperar as

auxiliares de limpeza terminar de limpar o espaço para iniciar a aula.

Momento 13 - Próximo do final da aula o espaço onde ocorre a aula de EF ficou escuro

dificultando a prática pedagógica da professora.

69

Momento 14 - Na 4º aula fomos para um 3º ano. Como essa aula ocorre após o

intervalo e o espaço da aula de EF também é utilizado nesse momento, a professora teve

que esperar as auxiliares de limpeza terminarem de limpar o local para iniciar a aula.

Momento 15 - Durante a aula também ficou evidente que o número de alunos da turma

é grande e o espaço reduzido. A dinâmica do jogo de queimada ficou prejudicada e os

alunos tropeçavam um no outro de vez em quando.

Momento 16 - O espaço onde ocorre a aula de EF ficou escuro e prejudicou o jogo de

queimada e, por consequência, a prática pedagógica da professora.

- Dificuldade dos alunos

Momento 1 - A professora relatou dificuldade em realizar rodas de conversa devido à

idade das crianças porque elas não conseguem prestar muita atenção.

Momento 2 - Na 1º aula fomos para um 3º ano. Os alunos estavam um pouco ansiosos

com a aula e a professora teve um pouco de dificuldade para falar.

Momento 3 - Novamente durante a explicação da alteração da atividade as crianças não

prestaram atenção, pois se dispersam muito fácil com qualquer coisa e quando começou

a atividade eles erraram a tarefa.

Momento 4 - Os alunos tiveram dificuldade de entender uma das atividades propostas

por falta de atenção na explicação da professora.

Momento 5 - Esses alunos se dispersavam muito facilmente e houve muita dificuldade

de explicar as atividades em alguns momentos.

Momento 6 - Uma das alunas não quis realizar uma das atividades proposta pela

professora. Depois da professora, uma colega pediu para que ela participasse da aula e

ela concordou. Parecia que estava com medo de alguma coisa.

70

Momento 7 - Os alunos dessa turma apresentam dificuldade para prestar atenção nas

orientações da professora por estarem muito dispersos.

Momento 8 - Após acabar uma brincadeira a professora tinha dificuldade para começar

outra depois de comentar se os meninos ou as meninas haviam ganhado porque os

alunos estavam muito agitados.

Momento 9 - A professora teve dificuldade para explicar a dinâmica da aula por conta

da agitação dos alunos.

Momento 10 - Durante as atividades de corda os meninos que estavam esperando a sua

vez dispersaram várias vezes e a professora teve que chamar a atenção.

Momento 11 - A professora teve dificuldade de explicar a atividade de jogar a bola na

cesta porque os alunos estavam muito agitados e não deixavam ela falar.

Momento 12 - Na 6º aula fomos para o outro 1º ano. Nesse momento os alunos estavam

muito agitados. A professora demorou quase dez minutos no trajeto entre a sala de aula

e o espaço onde ocorre a aula de EF.

Momento 13 - Quando o filme já estava quase acabando alguns alunos novamente se

dispersaram e a professora teve que intervir.

Momento 14 - Dois alunos dessa turma tinham dificuldade de atenção e constantemente

erravam as regras do jogo.

- Cultura do aluno com os estudos

Momento 1 - A professora fez uma corrida com as operações matemáticas. Durante

uma das corridas uma aluna empurrou a outra sem querer e houve certo problema, pois

a menina que foi empurrada não parava de chorar. A professora teve que conversar com

a sala.

71

Momento 2 - A professora teve dificuldade para reunir os alunos no meio da quadra

para explicar a atividade, pois os alunos estavam inquietos e alguns não prestavam

atenção no que ela dizia.

Momento 3 - As atividades propostas foram as mesmas das aulas anteriores. Na

atividade de pega-pega duas meninas se empurraram e uma delas ficou chorando, e, por

conta disso, não queria mais participar da aula. Todos os alunos dessa turma

reclamaram dessa menina dizendo que ela empurra as outras crianças durante as

brincadeiras. A professora chamou a atenção dessa aluna.

Momento 4 - Muitos alunos estavam de calça jeans e a professora colocou para a turma

que deve existir uma vestimenta adequada para aula de EF.

Momento 5 - Alguns alunos não se interessaram muito pela atividade e não quiseram

pular corda. Eles ficaram sentados observando a aula.

Momento 6 - Uma das alunas se machucou durante a aula e uma colega deu risada dela.

Isso ocasionou uma pequena briga entre as meninas. A professora teve que parar a aula

para intervir.

Momento 7 - Ao chegar no espaço de aula os alunos demoraram em prestar atenção na

professora e ela teve dificuldade de explicar a aula.

Momento 8 - Na 2º aula fomos para um 4º ano. Foram realizadas as mesmas atividades

da aula anterior. Duas meninas não queriam participar da aula e mesmo com a

professora chamando, elas se negaram a participar. A professora conseguiu que elas

participassem da aula depois de muita discussão.

Momento 9 - Três alunos se recusaram a assistir ao filme e preferiram ficar realizando

cópia de um texto.

Momento 10 - Logo no inicio da aula a professora teve que chamar a atenção de um

aluno que estava estragando as folhas do seu caderno.

72

Momento 11 - Na 6º aula fomos para outro 2º ano. A professora comentou com a turma

que havia muitos alunos sem a vestimenta adequada para realizar a aula e pediu para

que na próxima aula eles viessem com a roupa adequada.

Momento 12 - A professora juntou os alunos e mencionou que havia muitas crianças

com a vestimenta inadequada para a aula de EF. Ela pediu para os alunos não usarem

calça jeans na próxima aula.

Momento 13 - No final da aula a professora mudou a atividade. Ela propôs que os

alunos realizassem ameba. Alguns alunos simplesmente não quiseram participar da aula

e ficaram sentados.

- Influência do clima

Momento 1 - Na 1º aula fomos para um 4º ano. Nesse dia estava chovendo e a

professora ficou impossibilitada de utilizar o espaço onde ocorre a aula de EF.

Momento 2 - A professora já tinha começado a passar o filme por conta da quantidade

de dias com chuva que ocorreram nesse mês. A professora explicou para os alunos que

iria terminar de passar o filme hoje e fazer reflexões sobre o que foi entendido.

Momento 3 - Na 2º aula fomos para um 1º ano. A professora comentou com os alunos

que eles iriam assistir a um filme por conta da chuva, pois o espaço onde ocorre a aula

estava molhado. Primeiramente as crianças não gostaram muito.

Momento 4 - Na 4º aula fomos para um 5º ano. Ainda estava chovendo e a professora

levou a turma para a sala de vídeo.

Momento 5 - Novamente fomos para a sala de vídeo porque o espaço da aula de EF

estava molhado.

Momento 6 - Na 6º aula fomos para um 4º ano. Mesmo parando de chover o espaço

onde ocorre a aula de EF ainda estava molhado e fomos novamente para a sala de vídeo.

73

Momento 7 - Durante a aula começou a ficar muito frio. Como o espaço onde ocorre a

aula de EF é aberto algumas crianças participaram menos da atividade porque estavam

com frio.

Momento 8 - Como estava muito frio nesse horário e o espaço onde ocorre a aula de EF

é aberto, a professora teve que pedir agasalho para todas as crianças que não trouxeram

roupa de frio para conseguir ministrar a sua aula.

- Falta de condições para a educação inclusiva

Momento 1 - Nessa turma tem uma aluna com necessidade especial (cadeirante e

deficiente intelectual). Não havia nenhum cuidador para ajudar a professora com a aluna

que ficou apenas observando a aula.

Momento 2 - Nessa aula, como a professora tinha que prestar atenção nos alunos e na

aluna com necessidade especial, dificultou a sua prática pedagógica. As crianças que

ajudavam essa aluna algumas vezes não tomavam o cuidado necessário e a professora

tinha que ter atenção redobrada.

Momento 3 - Nessa sala têm uma aluna cadeirante e com deficiência intelectual. Não

havia ninguém para ajudar a professora durante a sua aula com essa menina.

Momento 4 - Nessa turma têm uma aluna com necessidades especiais. Ela estava com

uma cuidadora. Durante o filme todo ela ficou fazendo barulho e isso tirou a atenção

dos seus colegas de classe por muitas vezes.

Momento 5 - Quando todos os alunos estavam em silêncio e prestando atenção no

filme, a aluna com necessidades especiais caiu no chão e começou a gritar muito alto,

tirando a atenção de todos os outros alunos. A cuidadora teve que tirar ela da sala.

Momento 6 - Nessa turma tem um aluno cadeirante e não havia nenhum cuidador para

ajudar a professora. Ela teve que levá-lo até o local onde ocorre a aula de EF e ficou

com ele durante todo tempo de aula sem a ajuda de ninguém.

74

- Mau odor

Momento 1 - Nesse momento sentimos um odor muito forte no espaço onde ocorre a

aula vindo da casa da frente.

Momento 2 - Um dos alunos procurou a professora e comentou do cheiro que estava na

quadra.

Momento 3 - O cheiro forte dos cachorros da casa da frente era sentido no ambiente

durante o período da aula.

Momento 4 - Durante a aula o cheiro ruim que vem da casa que fica em frente do

espaço onde ocorre a aula de EF ficou muito forte.

Momento 5 - Em um determinado momento da aula o cheiro ruim da casa que fica de

frente para o espaço onde ocorre a aula de EF ficou muito forte.

Momento 6 - Logo no inicio da aula o cheiro ruim da casa da frente ficou forte

novamente no espaço.

- Falta de organização da escola

Momento 1 - Na 5º aula fomos para um 3º ano. Quando a professora chegou à sala de

aula foi avisada que essa turma estava com crianças de outro 3º ano e de um 1º ano

também. Algumas professoras faltaram e não havia com quem deixar esses alunos. Na

sala de vídeo tivemos um problema porque as turmas já tinham começado a assistir o

filme e estavam em momentos diferentes. A professora teve que conversar com as

crianças e começar o filme quase do inicio.

Momento 2 - Com a junção das turmas os alunos ficaram bastante agitados e a

professora teve que pedir silêncio três vezes antes de iniciar o filme.

75

Momento 3 - A professora comentou que tinha preparado outra dinâmica de aula, mas

quando chegou à escola não conseguiu ter acesso aos materiais porque apenas o

professor de EF estava com a chave dos materiais e teve que adaptar as atividades.

- Visão da disciplina de EF

Momento 1 - Um aluno chegou um tempo após a aula ter iniciado porque não havia

terminado as tarefas com a professora da sala de aula.

- Os materiais caem fora da escola

Momento 1 - No jogo a bola caiu fora do espaço onde ocorre a aula de EF. A

professora conseguiu recuperar a bola depois de algum tempo e o jogo foi interrompido.

- Restrição médica

Momento 1 - Durante essa aula um aluno que foi impedido de participar da aula de EF

pelo médico porque está com pressão alta. Ele pediu para a professora deixá-lo

participar da aula, mas ela não permitiu devido ao afastamento médico.

Depoimentos espontâneos dos professores durantes as observações dos fatores que

dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São

Paulo

Alunos transferidos

- A professora comentou que têm dois alunos novos na sala que vieram transferidos de

outra escola que ainda não se adaptaram as regras da escola e estão comportando-se

mal.

76

Restrição médica

- Durante essa aula a coordenadora veio alertar a professora que tem um aluno na

escola com diagnóstico de hipertensão arterial e obesidade. O médico proibiu esse aluno

de realizar as aulas de EF. A professora comentou que existem outros alunos na escola

na mesma situação.

Número elevado de alunos por turma

- Durante a aula a professora comentou que essa sala tem muitos alunos e isso dificulta

a sua prática pedagógica, até por conta do espaço reduzido para realizar a aula.

Síntese das observações

Durante as observações realizadas nessa escola, nas aulas do Ensino

Fundamental (ciclo I), um dos principais fatores que dificultou a implementação da

proposta curriculare foi a indisciplina dos alunos. Em muitos momentos os alunos não

permitiam que a professora explicasse as atividades durante a aula, brigavam

constantemente com os colegas, faziam brincadeiras para magoar as outras crianças,

falavam alto durante o trajeto da sala de aula até o espaço onde ocorre a aula de EF,

atrapalhando as outras turmas, erravam as tarefas para atrapalhar o andamento da aula,

jogavam o material que estava sendo utilizado nos colegas e acabavam os machucando,

além de constantemente não respeitar as regras colocadas pela professora.

Outro fator que também dificultou a implementação da proposta curricular foi a

dificuldade dos alunos. Em muitos momentos, as crianças tinham dificuldade de

concentração e não prestavam atenção no que a professora estava ensinando, se

dispersavam facilmente com qualquer coisa que acontecia durante a aula, se agitavam

demais para iniciar a aula e em alguns momentos tinham dificuldade para entender as

tarefas propostas pela professora.

O espaço físico inadequado foi outro fator que dificultou a prática pedagógica,

pois a escola estava em reforma e o barulho da obra constantemente atrapalhava a

dinâmica da aula, fazendo a professora aumentar o tom de voz em muitos momentos.

Esse espaço se tornou limitado por conta da reforma, porque em alguns locais as

77

crianças não podiam ficar por conta de segurança, já que a obra é do lado da “quadra” e

em alguns momentos caiam coisas dentro desse espaço. Em uma das residências

localizadas na frente da escola, uma pessoa cuida de muitos animais que latem sem

parar durante o dia e o barulho atrapalha demais a professora. Em alguns momentos as

pessoas que passavam na rua mexiam com as crianças que estavam tendo aula e na

última aula do dia ficava impossível realizar qualquer dinâmica de aula porque o espaço

ficava muito escuro e não existia nenhum tipo de iluminação. Outro fator observado que

tem relação extrema com o espaço onde ocorre a aula de EF é que nessa casa onde

cuidam de cachorros, várias vezes durante o dia as crianças sentem um odor muito forte

por conta da falta de assepsia com os animais. Por muitas vezes observamos as crianças

reclamando desse mau odor.

Também identificamos que a cultura do aluno com os estudos dificultou a

implementação da proposta curricular de EF, pois algumas crianças não estavam muito

preocupadas em prestar atenção na aula, não iam para a escola com a vestimenta

adequada para as aulas de EF e nem com o uniforme fornecido pela rede de ensino, se

recusam muitas vezes a participar da aula e em alguns momentos estragavam o material

que foi fornecido pela própria rede de ensino.

A influência do clima foi outro fator que dificultou a prática pedagógica da

professora. Quando chovia, a professora ficava impossibilitada de ministrar a sua aula

no espaço onde ocorre a aula de EF porque esse local é aberto e o chão ficava todo

molhado.

Ter alunos com necessidades especiais dentro da escola sem as condições

adequadas para atender essas crianças também dificultou a implementação da proposta

curricular de EF. Em muitos momentos não havia ninguém para ajudar a professora

com esses alunos. Ela tinha que ministrar aula para uma classe com muitas crianças e

cuidar desses alunos que tinham necessidades especiais severas em muitos casos.

Mesmo nos momentos que essas crianças estavam sendo olhadas por alguém, ocorriam

problemas que eram difíceis de serem solucionados pela própria estrutura da escola que

não está preparada para receber esses alunos em muitos casos.

A maneira que a escola se organiza dificultou a implementação da proposta

curricular de EF em alguns momentos, pois em um dia letivo onde faltaram muitas

professoras, as crianças foram colocadas em uma mesma sala formando uma turma com

alunos de diferentes idades. Como alguns já tinham tido a aula que a professora estava

ministrando houve certa confusão com essa turma, além disso, por conta de estarem

78

misturados os alunos ficaram muito agitados para a aula prejudicando a prática

pedagógica da professora.

A visão que os outros profissionais da educação têm sobre a disciplina da EF

ainda prejudica a prática pedagógica desses professores, pois em um dos momentos das

observações, um dos alunos chegou atrasado para a aula de EF porque não tinha

terminado a tarefa com a professora de sala de aula. Nessa situação ficou evidente que

essa professora considera a sua disciplina mais importante do que a EF no ambiente

escolar.

A quantidade de transferências de alunos que ocorrem durante o ano letivo

também prejudicou a prática pedagógica da professora, porque os alunos não estão

acostumados com a dinâmica daquela escola e muitas vezes não respeitam as regras que

são colocadas naquela instituição de ensino e demoraram em se acostumar com o novo

ambiente educativo.

Também observamos que em alguns momentos os materiais caem fora do

espaço onde ocorre a aula de EF e isso prejudica a prática pedagógica da professora.

Quando algum material caia para fora da escola a professora tinha que recuperar esse

material e o jogo que estava sendo realizado tinha que ser interrompido.

O número elevado de alunos também prejudicou a implementação da proposta

curricular de EF. Nas nossas observações, identificamos que nas salas com mais alunos

os casos de indisciplina costumavam ocorrer com mais frequência e a dinâmica dos

jogos propostos pela professora não ocorria normalmente pela quantidade de crianças

no mesmo espaço.

O último fator observado que dificultou a implementação da proposta curricular

de EF foi a restrição médica. Um dos alunos da escola foi diagnosticado com

hipertensão arterial e obesidade. O médico proibiu esse aluno de realizar as aulas de EF.

Essa proibição do aluno de participar da aula mostra que ainda muitas pessoas entendem

a EF como atividade curricular e não como componente curricular obrigatório.

Os fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo de acordo com as observações realizadas no ciclo I do Ensino

Fundamental foram: indisciplina dos alunos, dificuldade dos alunos, espaço físico

inadequado, cultura do aluno com os estudos, influência do clima, falta de condições

para atender os alunos com necessidades especiais, mau odor, falta de organização da

escola, visão da disciplina de EF, os materiais caírem fora da escola, número elevado de

alunos, alunos transferidos e restrição médica.

79

Ensino Fundamental (Ciclo II)

Nesse momento do trabalho descreveremos as observações realizadas durante as

aulas de EF no Ensino Fundamental II. Abaixo descreveremos os fatores que dificultam

a implementação da proposta curricular e mostraremos os momentos da aula em que

esses fatores ocorreram. Todas as anotações realizadas no diário de campo podem ser

observadas ao final do trabalho (Apêndice F).

Fatores dificultadores da implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo

- Indisciplina dos alunos

Momento 1 - Nessa turma alguns alunos mostraram indisciplina chutando a bola ou

atrapalhando o jogo dos colegas. O professor relatou que muitos alunos possuem

comportamento inadequado na escola e possuem histórias de vida bem complicadas.

Em muitos momentos os alunos de outras salas vinham até o espaço onde ocorria a aula

e o professor tinha que pedir para que eles saíssem.

Momento 2 - Durante essa aula muitos alunos não realizaram nenhuma atividade e, por

consequência, ocorreram diversos casos de indisciplina. Muitas crianças se

machucaram, pois o espaço era limitado, havia muitos alunos e esse espaço foi coberto

há algum tempo atrás, sendo que com essa cobertura o espaço se tornou ainda mais

limitado, pois as vigas que compõe a cobertura estão espalhadas por todo o espaço,

facilitando ainda mais que os alunos se machucassem.

Momento 3 - Também houve casos de indisciplina nessa aula (chutar a bola no colega

durante o jogo de vôlei, desrespeitar algumas regras impostas pelo professor);

Momento 4 - A última aula foi ministrada em um 7º ano. O professor chegou à sala e

teve que ter uma conversa séria com os alunos porque está muito difícil ministrar aula

para aquela turma pelo comportamento inadequado que eles estão tendo. Todos os

professores estavam reclamando do comportamento da sala.

80

Momento 5 - Os professores também dividiram os alunos em grupos para jogar

basquete, tênis de mesa e vôlei, mas por conta de ter muitos alunos no mesmo espaço

ficou difícil a dinâmica da aula, havendo muitos casos de indisciplina (discussão entre

os alunos, brigas, muitos alunos saindo sem a permissão dos professores. Em vários

momentos, os professores tiveram que ser firmes com muitos alunos pedindo um

comportamento adequado.

Momento 6 - Durante a aula houve alguns casos de indisciplina (chutar a bola forte

para devolvê-la para outro grupo que estivesse realizando outra atividade, falta de

respeito com o espaço que cada grupo tinha para realizar o seu jogo).

Momento 7 - Na minha observação não houve o mesmo respeito com o professor de

módulo comparado com o professor que tem as aulas.

Momento 8 - O professor colocou para a turma que o comportamento da sala está

difícil e isso está atrapalhando toda a escola, inclusive isso dificulta que os outros

professores pensem em ceder de alguma forma para que a turma possa ter aula no

parque.

Momento 9 - Fomos para o espaço onde ocorre a aula de EF e um dos alunos não

respeitou a regra imposta para sair da sala e ir até o local onde se realiza a aula (correu e

quase machucou os outros alunos). O professor teve que ser firme com esse aluno e

chamar a sua atenção.

Momento 10 - Alguns alunos pulavam corda, outros jogavam vôlei, outros tênis de

mesa e outros futebol. Houve alguns problemas de indisciplina durante a aula (briga

entre os alunos e um invadir o espaço do outro).

Momento 11 - Quando bateu o sinal do final do intervalo os alunos se levantaram para

ir ao espaço onde ocorrem as aulas sem a autorização do professor, que teve dificuldade

para retornar a leitura. Quando o texto todo já tinha sido lido, o professor permitiu que

todos fossem para o espaço.

81

Momento 12 - Após o intervalo o professor foi ministrar aula em um 8º ano. A turma

voltou do intervalo e ficou na porta da sala atrapalhando os outros alunos. Eles estavam

na porta da sala porque iriam sair para ter aula no clube durante a aula de EF. A diretora

teve que interferir e ter uma conversa rígida com a sala. Essa ida ao parque causou

alguns problemas na escola por conta do comportamento dos alunos antes da saída.

Momento 13 - Durante o trajeto para o parque dois alunos já tiveram que voltar para

escola devido ao comportamento que estavam tendo. Além desses, outros alunos não

respeitaram as regras impostas pelo professor.

Momento 14 - Um aluno de outra sala veio até o espaço e desconcentrou os alunos que

estavam fazendo a aula. Mesmo após o professor ter pedido para ele voltar para a sua

sala, ele apareceu mais uma vez no espaço onde ocorre a aula desconcentrando

novamente os alunos.

Momento 15 - Um dos alunos que não estava no jogo subiu no muro e o professor teve

que chamar a sua atenção.

Momento 16 - Fomos ter uma dobradinha em um 8º ano. Os alunos foram para o

espaço onde ocorrem as aulas e quando o professor chegou nesse espaço tinha alguns

alunos dessa turma chutando os materiais que tinham ficado no espaço da aula anterior.

Ele teve que chamar a atenção desses alunos.

Momento 17 - No final do jogo de vôlei um dos alunos chutou a bola forte de propósito

para tentar acertar em alguém.

Momento 18 - Alguns alunos jogaram de propósito a bola que estava sendo guardada

para fora do espaço.

Momento 19 - Tocou o sinal do final do intervalo e os alunos se agitaram para voltar ao

espaço onde ocorre a aula de EF e isso prejudicou muito a explicação do professor e a

leitura compartilhada.

82

Momento 20 - O professor teve que chamar atenção novamente de um aluno que estava

chutando a bola.

Momento 21 - Após o intervalo fomos para um 8º ano. Quando chegamos à sala havia

um aluno cuspindo nos outros e o professor teve que intervir com rigidez.

Momento 22 - Na aula o professor formou dois círculos com os alunos para trabalhar

com os fundamentos do vôlei. Nesse momento alguns alunos passaram a jogar a bola

um no outro.

Momento 23 - Durante esse jogo um aluno falou mal de uma aluna que errou um passe

e o professor teve que intervir.

Momento 24 - Um dos alunos chegou depois de ter iniciado a aula porque estava na

diretoria. Havia outro aluno na diretoria também. Ocorreu uma briga entre os dois e

tiveram que voltar para a diretoria para resolver esse problema.

Momento 25 - No trajeto para o espaço os alunos tiveram muitos atos de indisciplina,

ocorreram diversas brigas e xingamentos entre eles. A Auxiliar da Diretora teve que

intervir e chamar a atenção dos alunos.

Momento 26 - Em um dos círculos os meninos começaram a arremessar a bola um no

outro, além de chutarem a bola. O professor teve que chamar a atenção dos alunos.

Momento 27 - Durante a atividade alguns meninos brigaram e discutiram. Alguns

alunos realizavam a atividade de qualquer jeito, além de continuarem chutando a bola.

O professor teve que chamar a atenção desses alunos várias vezes durante a aula.

Momento 28 - Um dos alunos que não queria mais participar das atividades ficou

grande parte do tempo atrapalhando os outros alunos.

Momento 29 - Na 2º aula fomos para um 7º ano. O professor explicou qual seria a

dinâmica da aula na sala. Logo no inicio da aula já teve que chamar a atenção de um

aluno que no trajeto para o espaço saiu correndo atropelando os outros alunos.

83

Momento 30 - No jogo que estava ocorrendo só de meninas, uma aluna constantemente

provocava as outras jogando a bola nelas e xingando as colegas.

Momento 31 - O professor teve que chamar a atenção de um dos alunos que em vez de

estar realizando os fundamentos do vôlei estava chutando a bola nos outros colegas.

Momento 32 - No jogo de tênis de mesa um dos alunos atrapalhava o jogo

constantemente quebrando os materiais e desconcentrando os colegas que em muitos

momentos achavam engraçadas as atitudes inadequadas dele.

Momento 33 - Houve um problema com um dos alunos no tênis de mesa que rebateu a

bolinha forte para tentar acertar um de seus colegas e quebrou o material. O professor

precisou chamar a atenção dos alunos explicando que a escola possui poucos materiais.

Momento 34 - Na última aula fomos para um 6º ano. O professor que iria trocar a aula

com o professor de EF pediu um tempo da aula dele para terminar a sua atividade

porque não conseguiu ministrar a sua aula normalmente devido à indisciplina da

maioria dos alunos.

Momento 35 - Durante o jogo de futebol dois alunos brigaram entre eles e o professor

teve que intervir na briga. Mesmo pedindo para que esses alunos que brigaram não

participassem mais da aula, em um momento que o professor estava acompanhando o

jogo de vôlei os dois voltaram a participar do jogo de futebol sem autorização. O

professor teve que chamar a atenção desses alunos novamente.

Momento 36 - Quando o professor pediu para os alunos pegarem o seu material na sala

e voltarem para o espaço de aula, a assistente de direção veio reclamar que esses alunos

estavam bagunçando com a escola inteira no trajeto.

84

- Cultura do aluno com os estudos

Momento 1 - Um dos alunos chegou quase cinco minutos depois da diretora já ter

iniciado a sua fala, dizendo que não estava na sala de aula por estar no banheiro. Isso

atrapalhou a discussão que o professor, diretora e alunos estavam tendo.

Momento 2 - O professor propôs uma leitura compartilhada na sala. Houve uma séria

dificuldade de iniciar a leitura devido o comportamento de alguns alunos. Os alunos

demoraram em colar os textos nos cadernos e isso dificultou a prática pedagógica do

professor. Durante a leitura alguns alunos não acompanharam o texto e falaram junto

com os alunos que estavam realizando a leitura proposta.

Momento 3 - Alguns alunos falaram durante a leitura, alguns não acompanharam o

texto e durante a explicação também não deram a mínima para que o professor estava

falando.

Momento 4 - Após montar o ambiente, o professor foi dividir os times para jogar vôlei.

Houve algumas meninas que tiveram resistência para jogar, reclamando de terem que

realizar a aula, mas acabaram jogando.

Momento 5 - Na última aula fomos para um 7º ano. Alguns alunos chegaram na sala

depois do professor já ter iniciado a explicação sem ter nenhuma explicação para tal

atitude. Nesse momento o professor teve que interromper a aula.

Momento 6 - Iniciou-se na sala uma leitura compartilhada. Alguns alunos falavam e

ficavam com brincadeiras durante a leitura e as explicações do professor, que foi

obrigado a parar a aula algumas vezes para chamar atenção desses alunos.

Momento 7 - Novamente durante a explicação esses mesmos alunos ficaram dando

risada por algum motivo e novamente o professor teve que parar a aula para chamar

atenção.

Momento 8 - Pela terceira vez na aula o professor teve que chamar atenção dos mesmos

alunos. Esses quatro alunos atrapalharam a aula inteira.

85

Momento 9 - Quando o professor chegou ao espaço organizou dois círculos para

realizar os fundamentos do vôlei. Dois alunos simplesmente se recusaram a fazer a aula.

Momento 10 - Para voltar do clube foi um pouco mais complicado, pois os alunos

demoraram bastante para se organizar, mesmo atrasados para voltar para escola não

tiveram a disposição necessária durante o percurso do clube até a escola para chegar no

tempo correto, além de alguns alunos desrespeitarem as regras impostas pelo professor.

Momento 11 - No espaço onde ocorreu a aula um dos alunos se recusou a realizar as

atividades propostas e o professor chamou a sua atenção. Mesmo assim ele continuou se

recusando a realizar as atividades e o professor o mandou para a sala de aula fazer uma

atividade teórica.

Momento 12 - Uma aluna da sala também se recusou a fazer a aula e o professor teve

que chamar a sua atenção. Ela continuou se recusando e eles foram conversar com a

diretora.

Momento 13 - Até acabar a aula o professor teve que chamar atenção de mais alguns

alunos que simplesmente paravam de realizar as atividades propostas.

Momento 14 - O professor teve dificuldade com algumas meninas que não estavam se

esforçando em nada para jogar, tendo que chamar a atenção delas em vários momentos.

Momento 15 - O professor permitiu que os grupos conversassem sobre o trabalho

durante um tempo. Houve a necessidade de retirar o celular de um dos alunos que não

se importou com a realização do trabalho e ficou ouvindo música.

Momento 16 - Nas atividades práticas quatro alunas se recusaram a realizar a aula

mesmo com o professor insistindo para que elas participassem.

Momento 17 - Alguns alunos demoraram durante o trajeto para chegar ao espaço de

aula sem dar nenhuma explicação para esse atraso.

86

Momento 18 - Alguns alunos se recusaram a pegar o caderno em um primeiro

momento. Durante a leitura, o professor teve que chamar a atenção da turma algumas

vezes para pedir silêncio.

Momento 19 - Depois da leitura, o professor pediu para que os alunos se reunissem nos

grupos de um trabalho que ele havia solicitado na sua aula anterior para conversarem,

porém a maioria dos alunos não se preocupou muito com o trabalho e ficaram

conversando sobre outras coisas.

Momento 20 - Os alunos estavam mais preocupados com os celulares do que com o

jogo de vôlei, atrapalhando a dinâmica do jogo.

Momento 21 - Fomos para o outro 7º ano na 3º aula. Uma aluna chegou depois do

professor entrar na sala e ainda deu risada depois de ter sido chamada atenção.

Momento 22 - O professor teve que sair do espaço da aula para retirar uma aluna de

outra sala que estava escondida na aula de EF. Houve a necessidade de encaminhar a

aluna para a direção.

Momento 23 - Ao organizar a saída da escola, o professor se deparou com vários

problemas. Alguns alunos que tinham autorização para sair se recusaram de ir e já

vieram de calça jeans de propósito.

Momento 24 - Houve um problema sério com celulares e o professor teve que entregar

para a diretora alguns celulares.

Momento 25 - Também houve dificuldades com alguns alunos que esqueceram a

documentação necessária para participar das competições e atrasou muito a saída do

ônibus porque o professor teve que esperar os pais desses alunos trazerem os

documentos antes de sair da escola.

Momento 26 - Antes de chegar ao espaço o professor percebeu que estava faltando uma

bola e descobriu que um aluno pegou a bola escondido para utilizar no intervalo e

estava levando a bola embora para casa.

87

Momento 27 - Uma aluna nova discutiu com o professor e o desrespeitou mesmo ele

tratando ela com respeito.

Momento 28 - Por conta de tudo isso o professor decidiu ficar na escola. Os alunos que

estavam preparados para ir ao clube ficaram revoltados e muitos se recusaram a fazer

qualquer outro tipo de atividade no espaço dentro da escola.

- Espaço físico inadequado

Momento 1 - O professor me recebeu bem e fomos para a 1º turma que ele vai ministrar

as aulas. É um 9º ano. Fomos para um espaço adaptado, pois a escola está em reforma.

Esse espaço parecia ser uma antiga quadra descoberta. Foi colocada uma tenda para

cobrir o espaço. As vigas que seguram essa tenda foram colocadas no meio dessa antiga

quadra, dificultando a realização de algumas atividades.

Momento 2 - Nesse espaço adaptado onde ocorrem as aulas as bolas caem em outras

casas e na rua. Isso faz com que a aula seja interrompida em alguns momentos.

Momento 3 - Na segunda aula fomos para um 8º ano. A dinâmica da aula foi idêntica a

anterior. No meio da aula o professor necessitou voltar para a sala de aula, pois ia

começar o intervalo (que é realizado no mesmo espaço utilizado para as aulas de EF).

Momento 4 - Na quarta aula fomos para outro 8º ano. O espaço onde ocorre a aula

estava completamente sujo devido ao intervalo. A escola conta apenas com um agente

de limpeza, então o próprio professor ajudou a limpar o espaço para poder utilizá-lo

durante a sua aula.

Momento 5 - Fomos para o espaço adaptado dentro da escola. Novamente o espaço

estava sujo porque tinha acabado de terminar o intervalo e a escola só dispõe de um

agente de limpeza para organizar esse espaço. O professor novamente dividiu pequenos

grupos, sendo que alguns jogaram vôlei, outros basquete e outros tênis de mesa. Os

alunos fizeram a aula enquanto o espaço estava sendo limpo.

88

Momento 6 - Nesse momento os alunos jogaram vôlei, futebol e tênis de mesa, mas

tiveram que ter aula ainda com a limpeza sendo realizada.

Momento 7 - Na 3º aula do dia fomos para um 8º ano e estava ocorrendo o intervalo,

ficando impossibilitado de utilizar o espaço onde ocorre normalmente a aula de EF.

Momento 8 - A escola está em reforma e nessa aula o barulho estava muito forte nesse

espaço, dificultando a prática pedagógica.

Momento 9 - Fomos para a sala de aula porque ia começar o intervalo nesse espaço.

Momento 10 - Fomos para o espaço onde ocorre a aula e dessa vez estava bem sujo

devido ao segundo intervalo. A equipe que realiza a limpeza estava novamente presente

e limpou o espaço durante a aula.

Momento 11 - Nessa aula uma das bolas caiu em cima das tendas que cobrem o espaço.

Aconteceu novamente da bola cair fora da escola.

Momento 12 - Na 5º aula fomos para um 8º ano. Chegando ao espaço as auxiliares de

limpeza ainda estavam limpando o local porque tinha acabado o intervalo. Esse fato

atrasou um pouco o inicio da aula.

Momento 13 - Outra dificuldade que ocorreu na aula devido à quantidade de alunos e a

limitação de espaço foi que constantemente um jogo atrapalhava o outro porque as bolas

passavam de um lado para o outro devido a dinâmica do próprio esporte.

Momento 14 - Na 2º aula fomos para um 8º ano. Estava ocorrendo o intervalo no

espaço da aula e o professor teve que ficar na sala de aula.

- Os materiais caem fora da escola

Momento 1 - Nesse espaço adaptado onde ocorrem as aulas as bolas caem em outras

casas e na rua. Isso faz com que a aula seja interrompida em alguns momentos.

89

Momento 2 - Também ocorreu dos materiais caírem fora da quadra.

Momento 3 - Algumas vezes as bolas caíram fora do espaço onde ocorre a aula e isso

dificultou a dinâmica pela dificuldade de recuperar essas bolas.

Momento 4 - Os materiais caíram fora do espaço quando um grupo que não estava

jogando decidiu realizar uma roda de vôlei um pouco distante de onde acontecia o jogo

formal.

Momento 5 - Nesse momento uma das bolas caiu para fora do espaço e demorou alguns

minutos para ser recuperada.

Momento 6 - Os alunos que estavam jogando bola em roda tiveram que interromper o

jogo mais uma vez porque a bola caiu novamente para fora do espaço.

Momento 7 - Enquanto os alunos estavam em círculo realizando os fundamentos do

vôlei a bola caiu fora da escola e o jogo teve que ser interrompido por alguns

momentos.

Momento 8 - No jogo de vôlei a bola caiu para fora do espaço da aula duas vezes e

houve a necessidade de esperar uma pessoa na rua passar para devolver o material.

Momento 9 - No jogo de vôlei a bola caiu fora da escola e o professor demorou algum

tempo para recuperá-la atrasando ainda mais a aula.

- Falta de organização da escola

Momento 1 - Após a chegada do clube o professor foi ministrar aula em um 8º ano. No

inicio da aula a diretora veio explicar porque essa turma não tinha aula dobradinha de

EF (isso impossibilita a ida para o clube). Ela comentou a dificuldade de arrumar o

horário dos outros professores, pois muitos trabalham em mais de uma escola e

precisam ter horários alternativos, dificultando a possibilidade de ter aula dobradinha na

EF.

90

Momento 2 - No inicio da aula o professor ficou na sala de aula conversando com os

alunos sobre as aulas dobadrinhas. Essa turma está impossibilitada de ir para o parque

porque não tem nenhuma aula dupla.

Momento 3 - Antes de sair para o local das competições o professor teve dificuldades

na escola porque as máquinas fotográficas estavam descarregadas e não havia a

possibilidade de utilizar nenhuma das três máquinas que estavam disponíveis na escola.

Momento 4 - Durante o campeonato o professor comentou que o fator que mais

dificulta a participação dos alunos é a burocracia e a falta de tempo para realizar as

inscrições, pois a escola não ajuda nessa organização e fica tudo na responsabilidade do

professor.

Momento 5 - Ainda com todos esses problemas não havia ninguém para acompanhar o

professor até o clube devido à quantidade de professores que faltaram no dia.

- Influência do clima

Momento 1 - O espaço estava um pouco molhado por ter chovido no dia anterior e o

professor teve que chamar as auxiliares de limpeza para que pudessem passar o rodo na

quadra para tirar algumas poças.

Momento 2 - O professor comentou com a turma que eles não poderiam ir para o clube

por conta de que tinha chovido no dia anterior e os espaços que poderiam ser utilizados

no clube estavam todos molhados.

Momento 3 - Na 1º aula fomos para um 9º ano. O dia estava chuvoso e frio. Antes de ir

para o espaço onde ocorre a aula o professor teve que olhar as condições para poder

levar os alunos para esse espaço (se o espaço estava seco ou molhado). Como a maioria

do espaço estava seco os alunos foram para lá ter aula. Muitos reclamaram do frio e

ficaram resistentes para realizar as atividades.

91

Momento 4 - Começou a chover forte durante a aula e o espaço onde ocorre a aula de

EF começou a ficar bem molhado, tendo que ser reduzido os locais de utilização desse

espaço que já são limitados em dias que não chove.

Momento 5 - Muitos alunos que normalmente participam da aula não realizaram as

atividades por conta do frio e do espaço reduzido que podia ser utilizado por causa da

chuva.

- Falta de condições para a educação inclusiva

Momento 1 - Nessa turma existe uma aluna com necessidade especial que apresenta

dificuldade em participar das atividades junto com os outros alunos. O professor relatou

tentar aproximação dessa aluna para melhorar a participação dela na aula. Disse também

que no ano passado ela nem gostava de frequentar as aulas de EF.

Momento 2 - Nessa turma havia um aluno com necessidades especiais. Ele era

cadeirante e tinha deficiência intelectual leve. Não tinha nenhum cuidador dentro da

sala de aula para acompanhar esse aluno. Os próprios alunos da sala tiveram que ajudar

na locomoção dele até o espaço onde ocorre a aula.

Momento 3 - Nessa turma têm uma aluna com necessidades especiais que não consegue

realizar as atividades com os outros alunos. Então durante a aula ela permaneceu

jogando bola sozinha ou sentada, mesmo com o professor tentando pedir que ela

participasse das atividades.

Momento 4 - Nessa turma havia um aluno cadeirante com paralisia cerebral e não havia

nenhum cuidador que estivesse ali com ele naquele momento. O professor teve que

organizar o trajeto até o espaço da aula de todos os alunos e ajudar com mais cuidado na

locomoção desse menino. Ele ficou durante toda a aula apenas observando as

atividades.

92

- Dividir o espaço de aula

Momento 1 - Houve a necessidade de dividir o espaço onde ocorre a aula com outro

professor. Nesse espaço os alunos podiam jogar vôlei, basquete e tênis de mesa.

Momento 2 - Quando fomos para o espaço novamente houve a necessidade de dividi-lo

com o outro professor.

Momento 3 - Fomos para a quadra e tivemos que dividir o espaço com o outro

professor.

Momento 4 - O professor levou os alunos para o espaço onde ocorre a aula e teve que

dividi-lo com a outra professora que também ministra aula na escola dificultando a

dinâmica da aula.

- Mau odor

Momento 1 - Durante a aula um cheiro muito forte começou a ser sentido no espaço. O

professor relatou que existe uma casa ao lado onde uma senhora toma conta de animais

e, durante algumas aulas, esse cheiro chega ao espaço dificultando a aula.

Momento 2 - Novamente um cheiro muito forte da casa da frente tomou conta do

espaço. Ficou quase impossível permanecer na aula.

Momento 3 - Nessa aula o cheiro ruim da casa que tem em frente à escola estava muito

forte no espaço e alguns alunos reclamaram disso.

Momento 4 - Após o intervalo fomos para um 8º ano. Chegamos ao espaço e mais uma

vez veio um cheiro forte da casa da frente.

- Dificuldades no clube

Momento 1 - Durante a atividade estava tendo aula na quadra ao lado e, ao mesmo

tempo, estava sendo cortada a grama do parque, causando um grande barulho na quadra,

93

além do forte cheiro do aparelho de cortar grama que logo tomou conta do ginásio,

dificultando o andamento da aula.

Momento 2 - No clube, o professor dividiu os alunos em dois grupos. Os meninos

foram jogar futebol em uma quadra fora do ginásio onde estávamos e foram

acompanhados por uma professora de História e as meninas ficaram no ginásio jogando

futebol. Essa separação dos grupos ocorreu porque havia outra quadra vazia nesse dia

no ginásio, porém estavam lavando a parte de fora do clube e a torneira fica dentro do

ginásio. A quadra fica próxima da torneira, portanto ela estava toda molhada, ficando

inutilizável.

Momento 3 - O ginásio estava muito quente, muito barulho por conta da limpeza que

estava ocorrendo no clube, além de haver muitos pernilongos naquele local. Na quadra

onde os meninos foram jogar futebol estava sem uma das traves e houve a necessidade

de adaptar o jogo.

- Implicações da aula de EF

Momento 1 - Na troca de aula a professora de outra disciplina comentou que os alunos

chegaram mais de dez minutos atrasados depois da aula de EF, atrapalhando a dinâmica

de sua aula.

- Liberação dos responsáveis

Momento 1 - Além disso, quatro alunos não tinham autorização para sair da escola e

tiveram que ficar com outro professor realizando uma atividade deixada pelo professor

de Educação Física.

- Número elevado de alunos por turma

Momento 1 - A 1º aula ocorreu em um 6º ano. O professor dividiu dois espaços (vôlei e

futebol). O professor comentou a dificuldade que possui de trabalhar com essa turma

pela grande quantidade de alunos que ela possui.

94

Depoimentos espontâneos dos professores durantes as observações dos fatores que

dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São

Paulo

Implicações da aula de EF

- Os professores das outras disciplinas não gostam quando os professores de EF saem da

escola para ir ao clube por conta do barulho;

Cultura do aluno com os estudos

- Alguns alunos não querem fazer a aula, então não entregam a autorização para os pais

e voltam para a escola dizendo que não estão liberados para ir ao clube fazer a aula;

Falta de materiais

- Falta de materiais;

Dificuldade dos alunos

- Muitos alunos apresentam diversas dificuldades para ler e interpretar textos;

- Em algumas salas de aula muitos alunos apresentam dificuldades para entender as

atividades que são passadas;

Dificuldades no clube

- O professor necessita organizar as atividades no clube sozinho. Quando precisa

colocar os alunos em diferentes espaços fica complicado, pois não consegue olhar todos

os alunos ao mesmo tempo;

Alunos transferidos

- Alunos chegam transferidos de outras escolas com frequência e não querem participar

da aula muitas vezes;

95

Síntese das observações

Durante as observações realizadas nessa escola, um dos principais fatores que

dificultou a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo foi

a indisciplina dos alunos. No cotidiano escolar durante as aulas de EF, os alunos

chutavam a bola para acertar nos colegas, brigavam entre eles, discutiam durante as

aulas, saiam do espaço de aula sem a permissão dos professores, atrapalhavam as

atividades que os grupos estavam realizando, não respeitavam o professor de módulo

em alguns momentos de aula, não respeitavam as regras impostas pelo professor durante

o trajeto até o espaço onde ocorrem as aulas e no trajeto para ir e voltar do clube, alunos

de outras turmas iam até a quadra e isso desconcentrava os alunos que estavam tendo

aula de EF e alguns alunos estragavam os materiais.

A cultura dos alunos com os estudos dificultou a prática pedagógica do

professor. Em muitos momentos, alguns alunos chegavam atrasados para as aulas

porque estavam passeando pela escola, muitos alunos não realizavam as atividades

propostas pelo professor, falavam durante as leituras realizadas em sala de aula, não

prestavam atenção nas explicações dos conteúdos que o professor estava ensinando,

ficavam ouvindo música no celular em vez de realizar os trabalhos em aula, não

queriam realizar as aulas práticas ou participavam da aula de qualquer jeito, usavam

roupas inadequadas para realizar atividade física de propósito, com a intenção de não

participar da aula e alguns alunos que iriam participar das competições esqueceram a

documentação necessária para competir.

Outro fator que também dificultou a prática pedagógica dos professores foi o

espaço físico inadequado para realizar a aula. Essa escola está em reforma e não existe

um espaço específico para realizar a aula de EF. Os professores ministravam suas aulas

em uma antiga quadra que foi coberta por uma tenda. As vigas que seguram essa tenda

foram colocadas no meio dessa antiga quadra, dificultando a realização de algumas

atividades. Nesse local também estavam sendo realizados os intervalos, portanto, os

professores necessitam sair do local nos dois intervalos que ocorrem durante o período e

podem voltar a ministrar suas aulas depois. Após os intervalos ainda era necessário

esperar a limpeza do local para iniciar as aulas. Como a escola dispõe de apenas uma

pessoa para realizar essa limpeza, os professores decidiram ajudar na limpeza para

poder utilizar mais tempo esse espaço.

96

Também observamos que os materiais utilizados nas aulas constantemente caiam

em cima das tendas que cobrem o espaço ou na rua. Todas as vezes que isso ocorreu foi

necessário parar aquela atividade por alguns momentos até que aquele material fosse

recuperado. Algumas vezes os professores conseguiam recuperar as bolas que iam para

a rua apenas no final da aula, impossibilitando os alunos de continuar a realizar as

atividades que estavam desenvolvendo naquele momento.

Nesse local onde ocorrem as aulas, em alguns momentos do dia, ficava com um

cheiro muito forte, pois existe uma senhora que cuida de animais na sua casa que fica

localizada na frente da escola. Em certos momentos o cheiro é muito forte e fica difícil a

permanência naquele local. Além disso, os professores necessitaram algumas vezes

dividir o mesmo espaço, já que tinham aulas no mesmo horário. Com um número

grande de alunos realizando a aula aumentava os casos de indisciplina e isso atrapalhava

muito a prática pedagógica dos professores.

Outro fator que dificultou a prática pedagógica dos professores foi a falta de

organização da escola. Havia grande dificuldade de colocar duas aulas juntas na mesma

turma. Isso era importante porque existe um clube próximo à escola e os professores

queriam levar os alunos nesse espaço para ministrar as suas aulas. Com apenas uma aula

na sala, essa dinâmica ficava impossibilitada, pois os professores necessitavam de

tempo para arrumar os materiais, organizar os alunos, ir e voltar do clube, entre outras

questões. A escola tem dificuldade de colocar aulas duplas com a mesma turma porque

muitos professores dessa instituição acumulam cargos e precisam de horários

específicos para se acomodar nas duas escolas que ministram suas aulas. Também

aconteceu de estar combinado do professor levar os alunos ao clube e na hora de ir a

escola não conseguiu colocar nenhum funcionário para acompanhar o professor de EF

até o clube. Nesses dias os alunos ficavam muito chateados e não queriam mais realizar

nenhuma atividade. O professor também comentou que quando necessita levar os

alunos para as competições externas precisa realizar tudo sozinho e a escola não se

organiza para ajudá-lo.

Quando a escola conseguia colocar aulas duplas na mesma sala e não existia

nenhum impedimento para a saída, alguns alunos não tinham a autorização dos pais para

sair da escola e o professor necessitava deixar esses alunos realizando outras atividades

com outros professores. Os professores também relataram que alguns alunos que não

querem participar das aulas nem entregam a autorização para os responsáveis para não

precisarem realizar as atividades propostas pelos professores.

97

Foi identificado no cotidiano escolar que o professor de EF está sujeito ao clima

para elaborar as suas aulas, pois em dias de chuva ele não pode utilizar os espaços da

escola e do clube próximo porque estão todos molhados ou precisa secar esses espaços

durante a aula para poder utilizá-los.

Embora todas as crianças e adolescentes tenham direito de frequentar a escola,

um dos fatores que dificultou a implementação da proposta curricular de EF foi não

haver condições adequadas para atender os alunos com necessidades especiais. Durante

os dias que estávamos observando as aulas, identificamos que alguns alunos dessa

escola possuem deficiência física e intelectual e o correto seria que houvesse um

cuidador para ajudar o professor com cada um desses alunos. Como só existe uma

pessoa na escola para olhar todas as crianças e adolescentes com necessidades especiais,

o professor tinha dificuldade para organizar a turma toda incluindo realmente esse

aluno. Em alguns momentos os próprios colegas de classe ajudavam essas crianças no

trajeto da sala de aula até o espaço onde ocorre a aula de EF, mas não havia condições

reais desses alunos participarem da aula.

Durante as observações também foi relatado que os professores das outras

disciplinas não gostam quando os professores de EF saem da escola para ir ao clube por

conta do barulho e muitas vezes o professor necessita organizar as atividades no clube

sozinho. Quando precisa colocar os alunos em diferentes espaços fica complicado, pois

não consegue olhar todos os alunos ao mesmo tempo, muitos alunos apresentam

diversas dificuldades para ler e interpretar textos, esses alunos também têm dificuldades

para entender as tarefas solicitadas, alunos que vêm transferidos de outras escolas

acabam tendo resistência com a dinâmica da aula e muitas vezes não querem participar

das atividades, existe falta de materiais para realizar todas as atividades desejadas pelos

professores e em algumas turmas o número de alunos é extremamente elevado.

Os fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo de acordo com as observações realizadas no ciclo II do Ensino

Fundamental foram: indisciplina dos alunos, cultura do aluno com os estudos, espaço

físico inadequado, os materiais caem fora da escola, falta de organização da escola,

influência do clima, falta de condições para a educação inclusiva, dividir o espaço de

aula, mau odor, dificuldades no clube, implicações da aula de EF, liberação dos

responsáveis, número elevado de alunos por turma, falta de materiais, dificuldades dos

alunos, dificuldade no clube e alunos transferidos.

98

GREVE

Durante a nossa observação os professores de EF decidiram aderir há uma greve

nacional que estava sendo realizada. Embora não consideramos essa paralisação como

um fator que dificulta a implementação da proposta curricular de EF do município de

São Paulo, achamos de extrema relevância comentar as reivindicações dos profissionais

da Educação. As principais reivindicações dessa grave foram: valorização dos padrões

de vencimentos, com a antecipação da aplicação dos reajustes previstos para 2013 e

2014; elevação dos pisos profissionais, através de reajustes lineares sobre os padrões de

vencimentos; alteração da lei salarial, que vincula 40% das receitas correntes da

Prefeitura com despesas de pessoal; reajuste nunca inferior à inflação, aumento real e

isonomia; fim dos contratos de terceirização de serviços e rede indireta; ampliação das

tabelas de vencimentos, com acréscimo de pelo menos duas referências para os ativos e

aposentados; isonomia entre ativos e aposentados, readaptados, comissionados e

estáveis; integração do agente de apoio ao Quadro dos Profissionais de Educação

(QPE); transformação do agente escolar em auxiliar técnico de educação; valorização

dos mecanismos de desenvolvimento na carreira, como evolução, promoção, progressão

e acesso; reconhecimento dos títulos a qualquer tempo para fins de enquadramento por

evolução funcional; exercício da jornada docente de opção, independentemente de

regência de classe/aula; redução da jornada de trabalho do quadro de apoio para 30

horas/semanais, sem redução de salários; inclusão na Jornada Especial Integral de

Formação (Jeif) de todos que por ela optarem; garantia de política pública de formação

para todos os profissionais de educação; melhoria da estrutura das escolas e das

condições de trabalho; atendimento à demanda de educação infantil nos CEIs e Emeis

da rede física escolar direta; redução do número de alunos por sala de

aula/turma; recessos para os CEIs; assistente de diretor para CEIs; direitos para o

quadro de apoio, mantendo suas funções atuais de apoio ao aluno e realização

de concurso para prover os cargos da carreira; pagamento dos ganhos judiciais para

todos e pagamento dos precatórios; manutenção das salas de apoio pedagógico; não

vinculação dos projetos pedagógicos às avaliações externas; adequação dos módulos de

servidores em exercício nas unidades; autonomia para as escolas desenvolverem seu

projeto pedagógico, aprovado pelo Conselho de Escola; remoção imediata para o quadro

de apoio; fim dos descontos de licenças médicas e licenças médicas por acidente de

trabalho; licenças gestante, paternidade e adoção, para qualquer finalidade; realização

99

de censo oficial e atendimento integral à demanda da Educação de Jovens e Adultos

(EJA); regulamentação da Gratificação por Local de Trabalho, fixando seu valor em

30% do QPE-14A; pagamento de diferença por exercício de função para o ATE.

Essa paralisação sinaliza que existem diversos fatores que dificultam a

implementação da proposta curricular de todos os componentes curriculares nas escolas

municipais. Todas as reivindicações dessa paralisação podem ser lidas no (Apêndice G).

100

5.2.4 Levantamento dos principais fatores dificultadores da implementação da

proposta curricular de EF do município de São Paulo

Entrevistas

Observações

Ensino Fundamental (Ciclo I)

Observações

Ensino Fundamental (Ciclo II)

Espaço físico inadequado Espaço físico inadequado Espaço físico inadequado

Indisciplina dos alunos Indisciplina dos alunos Indisciplina dos alunos

Cultura do aluno com os

estudos

Cultura do aluno com os

estudos

Cultura do aluno com os

estudos

Falta de organização da

escola

Falta de organização da escola Falta de organização da escola

Dificuldade dos alunos Dificuldade dos alunos Dificuldade dos alunos

Influência do clima Influência do clima Influência do clima

Falta de condições para a

educação inclusiva

Falta de condições para a

educação inclusiva

Falta de condições para a

educação inclusiva

Implicações da aula de EF Implicações da aula de EF

Falta de materiais Falta de materiais

Visão da disciplina de EF Visão da disciplina de EF

Mau odor Mau odor

Alunos transferidos Alunos Transferidos

Número elevado de alunos por

turma

Número elevado de alunos por

turma

Os materiais caem fora da

escola

Os materiais caem fora da

escola

Restrição médica

Dificuldade no clube

Liberação dos responsáveis

Dividir o espaço de aula

Jornada de trabalho extensa

Formação profissional

Insuficiente

Falta de organização da rede

municipal

Relação escola-comunidade

inadequada

Relação interpessoal

profissional

Função social da escola

Falta de trabalho coletivo

Baixa remuneração

Descontentamento

profissional

Trânsito

Resistência dos professores

Relação aluno-aluno

101

No quadro acima estão destacados todos os fatores identificados nas entrevistas

e nas observações que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo. As palavras que aparecem em vermelho são os fatores

dificultadores que apareceram tanto nas observações quanto nas entrevistas.

Essa quantidade de fatores que dificultam a implementação dessa proposta

curricular mostra a complexidade do cotidiano escolar. Caparroz (2007b) também

aponta que são muitos os fatores presentes durante o cotidiano escolar do professor de

EF que dificulta a sua prática pedagógica. Todos esses fatores se relacionam formando

uma teia de aspectos presentes no dia a dia do professor, tornando esse cotidiano

extremamente complexo. André (2008) mostra a complexidade do cotidiano quando

menciona que ao compreender as vivências do cotidiano da escola, é preciso estudá-lo

com base em três dimensões: a institucional ou organizacional, a instrucional ou

pedagógica e a sociopolítica/cultural. Elas devem ser analisadas como uma unidade de

múltiplas relações, tentando compreender a dinâmica do cotidiano escolar.

102

5.2.5 – Matrizes Nomotéticas dos fatores que facilitam a implementação da

proposta curricular de EF do município de São Paulo de acordo com o Diretor,

Coordenadores Pedagógicos e Professores de EF

Para leitura das matrizes nomotéticas foi criada a seguinte legenda: D – Diretor;

C – Coordenador Pedagógico; P – Professor de EF.

A leitura da matriz nomotética na horizontal, permite visualizar a quantidade de

pessoas que mencionaram a unidade significativa e, na vertical, permite visualizar todas

as unidades significativas extraídas do discurso de cada pessoa entrevistada.

Categoria 2 – Principais fatores facilitadores da implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo

Unidades de Significado

Comunidade escolar

Total

D C1 C2 P1 P2 P3

Clube próximo da escola x x x x 4

Relação professor-aluno x x x x 4

Empenho dos professores x x x 3

Ambiente da aula x x 2

Recursos disponíveis x x 2

Permanência na escola x x 2

Organização da rede municipal x x 2

Desenvolver projetos diferenciados x x 2

Interesse dos alunos pela aula x 1

Respeitar a diversidade x 1

Olhar interdisciplinar x 1

Alterações na LDB x 1

Relação Interpessoal profissional x 1

Perfil do professor x 1

Os principais fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF

do município de São Paulo segundo os profissionais entrevistados nessa unidade escolar

foram:

- Clube próximo da escola (utilização do clube próximo à escola para realizar as aulas,

visita técnica ao clube da cidade próximo da escola, ter um clube próximo da escola

103

para desenvolver atividades diferenciadas, ter duas aulas seguidas com a mesma turma

no dia em que os alunos irão sair para o clube e ter um clube perto da escola minimiza

os problemas de espaço).

- Relação professor-aluno (maior proximidade do aluno com o professor de EF, a

postura do professor com o aluno, o aluno reconhecer o professor de módulo como

reconhece qualquer outro professor da escola, ter poucos casos de indisciplina com

essas turmas e os alunos do ciclo I são menos resistentes em realizar qualquer tipo de

atividade proposta, aceitando com mais facilidade qualquer tipo de conteúdo).

- Empenho dos professores (o empenho dos professores para realizar a adaptação do

espaço existente, compromisso do professor com a educação e mais empenho do

professor).

- Ambiente da aula (a possibilidade de não necessitar ficar em um espaço fechado

durante a aula e sensibilidade para entender o aluno tornando o próprio ambiente da aula

como um fator facilitador)

- Recursos disponíveis (tentar atender aos pedidos de materiais dos professores e ter

televisão com DVD em todas as salas de aula).

- Permanência na escola (ter professores efetivos na escola, conquistar a permanência

desses professores com pouca remoção para que as pessoas possam se conhecer melhor

e aprofundar o seu trabalho, os professores necessitam ficar em apenas uma escola em

toda a sua jornada de trabalho, para que tenha tempo de pensar nesse espaço e de refletir

o processo vivido cotidianamente e ministrar aulas para a mesma turma durante alguns

anos seguidos).

- Organização da rede municipal (estrutura administrativa oferecida pela prefeitura

(diretor e coordenadores pedagógicos efetivos, dois assistentes de direção, sala de

informática com computadores de última geração, diferentes projetos e verbas mensais

para complementar as necessidades pedagógicas do professor e ter um professor de

módulo na escola para ajudar o professor titular nas suas aulas e substituir esse

profissional quando ele precisa faltar).

104

- Desenvolver projetos diferenciados (desenvolver projetos que foquem

especificamente na questão da indisciplina dos alunos e se sentir respaldado pela gestão

da escola em relação aos projetos que elabora para trabalhar com os alunos).

- Interesse dos alunos pela aula de EF (o desejo dos alunos pela aula de EF e a

cobrança que esses alunos fazem pela aula).

- Olhar interdisciplinar (ter um olhar interdisciplinar)

- Respeitar a diversidade (respeitar a diversidade do ambiente escolar).

- Alterações na LDB (a disciplina de EF ter alterado seu enfoque com a LDB).

- Relação interpessoal profissional (a boa relação que ela mantém com algumas

professoras de sala, facilitando as trocas de experiências e as conversas sobre as

dificuldades dos alunos)

- Perfil do professor (o perfil que ela possui para trabalhar com as crianças de ensino

fundamental I).

Os fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo segundo o relato dos profissionais de educação da escola

pesquisada foram: clube próximo da escola, relação professor-aluno, empenho dos

professores, ambiente da aula, recursos disponíveis, permanência na escola, organização

da rede municipal, desenvolver projetos diferenciados, interesse dos alunos pela aula,

respeitar a diversidade, olhar interdisciplinar, alterações na LDB, relação interpessoal

profissional e perfil do professor.

105

5.2.6 – Observações do Cotidiano Escolar (Fatores Facilitadores)

Ensino Fundamental I

Nesse momento do trabalho descreveremos as observações realizadas durante as

aulas de EF no Ensino Fundamental I. Abaixo descreveremos os fatores que facilitam a

implementação da proposta curricular de EF e mostraremos os momentos da aula em

que esses fatores ocorreram. Todas as anotações realizadas no diário de campo podem

ser observadas ao final do trabalho (Apêndice F).

Fatores facilitadores da implementação da proposta curricular de EF do município

de São Paulo

- Interesse dos alunos pelas aulas

Momento 1 - No espaço onde ocorre a aula a professora formou um círculo e propôs a

primeira atividade. Todos prestaram atenção. A atividade era correr e formar grupos ao

sinal da professora. Todas as crianças fizeram essa atividade com muita motivação.

Momento 2 - Houve após essa primeira atividade uma roda de conversa para discutir o

que ocorreu durante a atividade. Os alunos prestaram muita atenção nas palavras da

professora durante a roda de conversa.

Momento 3 - As crianças faziam a atividade com muita empolgação e por conta disso

até se machucaram. Ela teve que mudar a atividade por questão de segurança. Na

corrida os alunos tiveram que passar por baixo da mesa e depois da adaptação eles

tiveram que dar uma volta na mesa.

Momento 4 - A professora explicou no espaço como seria aula. Foram as mesmas

atividades da aula anterior. A maioria dos alunos participou com muito entusiasmo da

aula.

106

Momento 5 - A professora explicou a dinâmica da aula. São as mesmas atividades das

aulas anteriores. A maioria dos alunos mostrava entusiasmo para realizar qualquer

proposta feita pela professora.

Momento 6 - Foram realizadas as mesmas atividades das aulas anteriores. A maioria

dos alunos realizava todas as atividades propostas com muito entusiasmo.

Momento 7 - A 1º aula ocorreu em um 3º ano. A professora propôs uma aula com

atividades de corda. Ela dividiu as meninas e os meninos e houve uma disputa para ver

quem conseguia cumprir melhor as brincadeiras com esse material. A maioria dos

alunos participou das atividades com bastante motivação.

Momento 8 - A maioria dos alunos participou com muita motivação da aula.

Momento 9 - Na 4º aula fomos para um 2º ano. A professora chegou ao espaço e

explicou como seria a dinâmica da aula. Eram as mesmas brincadeiras de corda das

aulas anteriores disputando meninos e meninas. Nessa aula todos os alunos tiveram um

ótimo comportamento e participaram das atividades com muita motivação.

Momento 10 - A 5º aula foi ministrada em um 3º ano. Os alunos dessa turma

respeitaram a explicação da professora e participaram das atividades de corda (as

mesmas das aulas anteriores) com muita motivação.

Momento 11 - A maioria dos alunos participou das atividades com muita motivação,

mesmo que a maioria não conseguia acertar a cesta.

Momento 12 - Durante a aula foram realizadas as mesmas atividades das aulas

anteriores. A maioria dos alunos participou das atividades com muita motivação,

mesmo com todos os problemas ocorridos.

Momento 13 - A maioria dos alunos assistiu ao filme com muita atenção. Eles se

envolveram e gostaram dessa dinâmica de aula.

107

Momento 14 - Com o passar do tempo, mesmo as crianças que estavam desinteressadas

começaram a assistir o filme. Nesse momento todos estavam bem concentrados no filme

e esse recurso audiovisual facilitou a prática pedagógica da professora.

Momento 15 - Quando acabou a aula as crianças queriam continuar assistindo o filme e

reclamaram que tinham que voltar para a sala de aula.

Momento 16 - A maioria dos alunos se interessou muito pelo filme. Nessa turma não

houve nenhum problema de indisciplina.

Momento 17 - Durante o filme a turma foi se acalmando e se interessando mais pela

aula.

Momento 18 - Durante a aula a maioria das crianças começou a se interessar pelo filme

e começaram a prestar mais atenção.

Momento 19 - A maioria dos alunos prestou muita atenção no filme e se interessaram

bastante pela aula.

Momento 20 - Até acabar a aula a maioria dos alunos interessaram-se pelo filme e

assistiram com bastante atenção sem nenhum caso de indisciplina.

Momento 21 - Após vinte minutos a professora trocou os grupos Os meninos foram

jogar futebol e as meninas vôlei. A maioria dos alunos realizava as atividades com

muita motivação e interesse.

Momento 21 – A professora reuniu os alunos e explicou a dinâmica de aula. A

professora dividiu os times e explicou as regras para jogar queimada. Todas as crianças

participaram da atividade com muita motivação e interesse.

Momento 22 – Após um tempo a professora trocou os grupos. Os meninos jogaram

futebol e as meninas vôlei com muita motivação e interesse.

108

Momento 23 – Os meninos rapidamente se organizaram e começaram a jogar vôlei,

além de participar da aula com motivação e várias vezes perguntarem das regras do jogo

para a professora. A maioria das meninas também jogou futebol com muita motivação e

interesse.

Momento 24 – A atividade desenvolvida em aula foi queimada. A maioria das crianças

participou do jogo com muita motivação e interesse.

Momento 25 – Durante o jogo, a maioria das crianças participou da atividade com

muito interesse e motivação.

Momento 26 – A professora levou os alunos para o espaço onde ocorre a aula de EF, os

organizou e explicou a dinâmica da aula. A primeira atividade foi polícia e ladrão.

Todos os alunos participaram da atividade com muito interesse e motivação.

Momento 27 - A segunda atividade da aula foi ameba. Todos os alunos realizaram a

atividade com bastante motivação e interesse.

Momento 28 - Na 2º aula fomos para um 3º ano. A primeira atividade da aula foi

polícia e ladrão. Todos os alunos realizaram a brincadeira com muita motivação e

interesse.

Momento 29 - A segunda atividade realizada foi ameba. Todas as crianças realizaram a

brincadeira com muita motivação e interesse.

Momento 30 - Ao iniciar a aula a professora dividiu os times para jogar queimada.

Todos os alunos realizaram a atividade com muita motivação e interesse.

Momento 31 - Na 5º aula fomos para um 5º ano. A professora explicou que nessa aula a

turma iria jogar queimada. Ela ajudou a dividir os times e já iniciou o jogo. Os alunos

realizaram a atividade com muita motivação e interesse.

109

Momento 32 - Na 6º aula fomos para o outro 5º ano no local onde ocorre a aula de EF.

A professora explicou que os alunos iriam jogar queimada e dividiu os times. A maioria

dos alunos realizou a aula com interesse e motivação.

Momento 33 - As meninas dessa turma organizaram um jogo de chute a gol e os

meninos fizeram dois times e começaram a jogar vôlei. Após um tempo, com a

intervenção da professora, as meninas organizaram dois times e começaram a jogar

futebol. Tanto os meninos quanto as meninas participaram da aula com muita motivação

e interesse.

- Hidratação na aula

Momento 1 - A maioria dos alunos trouxe garrafinha com água e a professora não

precisou parar a sua aula para os alunos beberem água e isso facilitou a sua prática

pedagógica.

Momento 2 - Nessa turma muitos alunos também trouxeram a garrafinha de água.

Dessa forma a professora não precisou perder tempo autorizando os alunos beberem

água durante a aula.

Momento 3 - Novamente a maioria dos alunos trouxe garrafas com água e a professora

não precisou parar a aula para os alunos beberem água.

Momento 4 - Muitas crianças trouxeram a sua garrafa de água e se hidrataram sem

precisar parar a aula.

Momento 5 - Nessa turma alguns alunos trouxeram garrafa com água e a professora não

precisou parar a aula para os alunos se hidratarem.

Momento 6 - Muitas crianças trouxeram garrafas com água e se hidrataram durante a

aula. A professora não precisou parar a aula para os alunos beberem água e isso facilitou

a prática pedagógica.

110

Momento 7 - Muitas crianças trouxeram as suas garrafas com água e a professora não

precisou parar a aula para as crianças se hidratarem.

- Cooperação na aula

Momento 1 - Nessa turma existe um aluno com limitações físicas, mas as crianças

participavam da aula com ele e quando existia uma dificuldade muito grande os outros

alunos o ajudavam.

Momento 2 - Os outros alunos da sala queriam ajudar a aluna com necessidades

especiais. Todas as crianças da turma gostam muito dessa aluna e ajudam ela nas

atividades quando existe possibilidade.

Momento 3 - Havia na turma uma menina com uma limitação física no pé. Ela

participou normalmente das atividades sem sofrer nenhum tipo de desrespeito dos

demais alunos.

Momento 4 - No jogo de vôlei dos meninos uma criança não conseguia realizar o

saque. Todas as crianças do time que conseguiam fazer o movimento tentaram ensiná-lo

e o estimularam a continuar jogando.

Momento 5 - As outras crianças da turma ajudaram esse aluno cadeirante a participar

da aula. Mesmo com todas as dificuldades ele participou da atividade e parecia estar

gostando. Isso ocorreu principalmente por conta da ajuda das outras crianças.

- Organização da escola

Momento 1 - A escola organiza a Hora Atividade da professora nos horários que

ocorrem o intervalo para que a aula de EF não seja prejudicada, pois no intervalo das

crianças o espaço em que se realiza a aula não pode ser utilizado.

Momento 2 - Na 3º aula a professora estava de hora atividade. A professora realiza essa

hora de estudos nessa aula porque o intervalo é realizado nesse momento e a aula de EF

ocorre no mesmo local do intervalo.

111

Momento 3 - Na 3º aula a professora realizou sua hora de estudo. A escola organizou

esse horário da professora nessa aula para que possa acontecer normalmente o intervalo

sem atrapalhar a dinâmica da aula da professora, já que o intervalo é realizado no

mesmo local onde ocorre a aula de EF.

Momento 4 - Na 3º aula a professora realizou a sua hora de estudo. A escola organizou

esse horário da professora nessa aula para que possa acontecer normalmente o intervalo

sem atrapalhar a dinâmica da aula da professora, já que o intervalo é realizado no

mesmo local onde ocorre a aula de EF.

- Hora de Estudo

Momento 1 - Durante a hora de estudo da professora de EF a professora de sala de aula

conversou com ela novamente sobre o comportamento da sala. A professora relatou

estar com dor na garganta por ter tido que falar muito alto no espaço onde ocorre a aula

de EF.

Momento 2 - Na 3º aula a professora realizou hora de estudo e ficou discutindo

questões educacionais com as outras professoras.

- Adaptação da atividade

Momento 1 - A professora teve que adaptar a atividade por conta do espaço que é

bastante limitado e cheio de vigas no meio.

Momento 2 - Em algumas atividades a professora tentou realizar adaptações para a

aluna com necessidade especial participar da aula.

Educação Inclusiva

Momento 1 - Nessa turma tem um aluno com necessidades especiais. Nessa aula a

cuidadora que fica na escola ajudou a professora no trajeto com esse aluno cadeirante.

Durante o polícia e ladrão ele participou normalmente com as outras crianças e a

112

cuidadora permaneceu por um tempo no espaço. Durante todo esse tempo que a

cuidadora esteve presente ela ajudou a professora e isso facilitou a prática pedagógica.

Momento 2 - Quando iniciou a brincadeira de ameba a professora perguntou para a

cuidadora se o aluno com necessidades especiais poderia participar da aula porque

existia o risco de ele tomar bolada. Ela respondeu que não havia problema e o menino

participou da brincadeira normalmente. A participação da cuidadora facilitou a prática

pedagógica da professora.

- Recursos Disponíveis

Momento 1 - Ela solicitou uma sala para poder passar um filme para os alunos e

prontamente conseguiu uma sala com televisão e DVD.

- Participação da família na vida escolar do aluno

Momento 1 - Antes de iniciar a 1º aula a mãe de um aluno que estava com atestado

médico para não realizar a aula de EF veio conversar com a professora. Relatou que o

aluno tem hipertensão e já perdeu 1,5 kg depois que começou o tratamento. Ela veio

pedir se ele poderia realizar a aula de EF. Essa mãe pareceu ser bem presente e essa

relação da família com a escola ajudou na prática pedagógica da professora.

Síntese das Observações

Durante as observações das aulas de EF identificamos que o interesse dos alunos

pelas aulas facilitou a implementação da proposta curricular dessa disciplina do

município de São Paulo. A maioria das crianças do Ensino Fundamental (ciclo 1) se

interessavam muito pelas atividades propostas pela professora. Ficou nítido que os

alunos esperavam com ansiedade a aula de EF e faziam as atividades, na maioria das

vezes, com muita motivação.

Outro fator que facilitou a prática pedagógica da professora foi a hidratação na

aula. A professora combinou com os alunos que eles iriam trazer uma garrafa com água

para se hidratarem durante as aulas de EF. Além da professora ensinar um conceito

importante para essas crianças, não era necessário parar a aula para beber água. Com

113

essa dinâmica, não havia a necessidade de perder tempo da aula para que os alunos se

hidratassem. Muitas crianças traziam as suas garrafinhas de água durante as aulas.

A cooperação dos alunos na aula também facilitou a implementação da proposta

curricular de EF. Alguns alunos ajudaram os colegas com necessidades especiais

durante as aulas. As crianças queriam que todos participassem da aula e aqueles que não

conseguiam realizar uma atividade eram respeitados e muitas vezes ajudados pelos

colegas de turma.

Todos os professores da prefeitura de São Paulo têm direito de realizar hora de

estudo. Cada profissional tem o tempo de 3 horas/aula por semana para realizar as suas

tarefas sem estar ministrando aula. Como o intervalo da escola é realizado no espaço

onde ocorrem as aulas de EF, a escola organizou as horas de estudos da professora no

mesmo horário dos intervalos dos alunos. Essa organização facilitou a prática

pedagógica da professora porque ela nunca ficava impossibilitada de utilizar o espaço

de aula por esse motivo.

Ter esse momento de hora de estudo facilita a implementação da proposta

curricular de EF, pois nesses horários a professora conversava com os outros

professores sobre o andamento das diferentes turmas da escola e também observamos

uma discussão sobre questões educacionais sendo realizada nesse horário entre a

professora de EF e os demais funcionários da escola.

Ter a capacidade de adaptar as atividades de acordo com as circunstâncias da

aula também facilitou a implementação da proposta curricular. Observamos que em uma

aula a professora adaptou uma atividade para que uma aluna com necessidades especiais

participasse da aula e em outro momento ela realizou outra adaptação na aula por conta

da limitação de espaço existente nessa escola. Com essas adaptações a aula se tornou

mais inclusiva e mais segura para os alunos.

A educação inclusiva também é um fator que facilita a implementação da

proposta curricular de EF do município de São Paulo. O que observamos na escola que

ajudou na educação inclusiva foi ter um cuidador junto com a professora de EF para

auxiliá-la na aula. Além de ajudar no trajeto da criança até o espaço, durante a aula a

professora tirava dúvidas com a cuidadora e se sentiu mais segura para ministrar a aula.

Outro fator identificado que facilita a implementação da proposta curricular de

EF do município de São Paulo foram os recursos disponíveis. Em um dia de chuva que

a professora não podia utilizar o espaço onde ocorre a aula de EF, foi solicitado uma

114

sala com televisão e DVD. A professora foi prontamente atendida e passou um filme

para os alunos nesse dia.

O último fator identificado nas nossas observações que facilita a implementação

da proposta curricular de EF no município de São Paulo foi a participação da família na

vida escolar do aluno. A importância dessa participação familiar ficou evidente quando

uma mãe foi conversar com a professora sobre a situação que se encontrava a saúde do

seu filho e como ficaria a participação dele na aula de EF. A professora conversou com

essa mãe e elas entraram em um acordo sobre a participação do menino na aula.

Os fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo de acordo com as observações realizadas no ciclo I do Ensino

Fundamental foram: interesse dos alunos pelas aulas, hidratação na aula, cooperação do

aluno, organização da escola, hora de estudo, adaptação da atividade, educação

inclusiva, recursos disponíveis e participação da família na vida escolar do aluno.

Ensino Fundamental II

Nesse momento do trabalho descreveremos as observações realizadas durante as

aulas de EF no Ensino Fundamental II. Abaixo descreveremos os fatores que facilitam a

implementação da proposta curricular e mostraremos os momentos da aula em que esses

fatores ocorreram. Todas as anotações realizadas no diário de campo podem ser

observadas ao final do trabalho (Apêndice F).

Fatores facilitadores da implementação da proposta curricular de EF do município

de São Paulo

- Interesse dos alunos pelas aulas

Momento 1 - Durante a explicação alguns alunos que estavam mais interessados

participaram da aula realizando perguntas. Isso enriqueceu a aula e ajudou na prática

pedagógica do professor.

Momento 2 - Não houve nenhum problema de indisciplina enquanto os alunos estavam

no espaço onde ocorre a aula. O bom comportamento e a motivação dos alunos em

realizar as atividades facilitou a prática pedagógica.

115

Momento 3 - Na 4º aula fomos para um 8º ano. Estava em horário de intervalo e o

professor teve que ficar na sala de aula. Foi proposto para os alunos uma leitura

compartilhada. A maioria dos alunos estavam interessados na aula e fizeram a leitura,

além de prestar atenção nas explicações e realizar perguntas que enriqueceram a aula. O

texto falava sobre atletismo.

Momento 4 - Chegando ao local da aula os alunos ajudaram o professor a montar a rede

de vôlei e a mesa de tênis de mesa (adaptada) e já começaram a realizar as atividades.

Ter a ajuda de alguns alunos para montar o ambiente da aula facilitou a prática

pedagógica.

Momento 5 - A maioria dos alunos ficou muito atento às fotos e filmagens da

competição de atletismo. Utilizar esse recurso tecnológico aumentou de forma

significativa o interesse dos alunos pela aula.

Momento 6 - Como havia chovido e tinha locais molhados no espaço os próprios

alunos ajudaram a retirar o excesso de água com um rodo porque queriam aproveitar o

tempo para realizar as atividades práticas.

Momento 7 - Os alunos se organizaram para jogar vôlei e tênis de mesa. Na maioria do

tempo grande parte dos alunos participaram da aula bem motivados para realizar as

atividades.

Momento 8 - Após a intervenção do professor, a maioria dos alunos acompanhou a

leitura, se interessaram pelo texto e realizaram uma pequena discussão sobre o conteúdo

mostrando bastante interesse.

- Permanência na escola

Momento 1 - Na sala de aula o professor pediu que os alunos copiassem um texto e

passou algumas questões para serem respondidas. Disse que já tinha explicado o texto e

ficou durante toda a aula tirando dúvidas dos alunos que não conseguiram responder as

questões. Esse texto falava das alterações fisiológicas que acontecem no nosso corpo

116

quando realizamos exercícios (freqüência, cardíaca, respiração, suor etc). Os alunos

copiaram o texto e responderam as questões de forma tranqüila. Conforme eles

acabavam a tarefa solicitada podiam voltar para a quadra e continuar jogando. Ficamos

duas aulas com essa turma. O professor já ministrava aulas para essa turma há três anos.

Momento 2 - Após essa primeira atividade o professor organizou um jogo de handebol

só de meninos. O bom comportamento dos alunos dessa turma facilitou a prática

pedagógica, já que o professor ministra aulas para eles há algum tempo.

Momento 3 - Os alunos dessa sala já estão acostumados com a dinâmica da aula. Já

sabem as regras do esporte, têm aula com esse professor há algum tempo e a maioria

respeita a dinâmica da aula.

Momento 4 - Não houve casos de indisciplina durante a aula. A turma já esta

acostumada com a dinâmica do professor e isso facilitou a prática pedagógica.

- Clube próximo da escola

Momento 1 - Logo após o professor tinha aula dobradinha em um 8º ano. Nessa semana

os alunos já tinham a liberação para ir até o clube próximo da escola para utilizar os

espaços desse local durante as aulas de EF.

Momento 2 - Após o intervalo o professor foi ministrar aula em um 9º ano. Essa turma

ia ter aula no clube próximo à escola.

- Organização da rede municipal

Momento 1 - A 1º aula do dia foi no 8º B. O professor que tem as aulas faltou nessa

aula. O professor de EF que estava de módulo assumiu a turma.

Momento 2 - O professor de módulo veio trazer um fax sobre as olimpíadas escolares.

Enquanto o professor titular ministrava as aulas o professor de módulo estava

realizando a inscrição dos alunos que iam participar do evento. Isso facilitou a prática

pedagógica porque não existia outro funcionário da escola para realizar essas inscrições

117

e caso não houvesse o professor de módulo o professor titular teria que fazer as duas

coisas ao mesmo tempo.

Momento 3 - Nesse dia o professor levou os alunos para o campeonato de atletismo

realizado pela prefeitura de São Paulo. Enquanto ele realizava a parte burocrática para

que ocorresse a saída da escola (conferir as identidades de cada um dos alunos e as

autorizações assinadas pelos responsáveis) o professor de módulo ficou no espaço onde

ocorrem as aulas com os alunos que iriam participar das competições jogando vôlei,

futebol e tênis de mesa.

Momento 4 - Ele também comentou que existir um professor de EF de módulo facilitou

um pouco porque esse profissional ajudou a realizar as inscrições e durante as aulas eles

dividiram os alunos que iriam participar das competições para treinarem e os alunos que

não participaram tiveram aula normal com o professor de módulo.

- Facilidade de tirar cópias de materiais

Momento 1 - O professor decidiu ficar na sala e discutir um texto com os alunos. Ele

precisou tirar xérox de um material e teve facilidade de tirar essa xérox.

- Competições Externas

Momento 1 - O professor também comentou que as competições externas facilitam a

implementação das propostas curriculares porque ele tira fotos e realiza filmagens

durante o campeonato para depois mostrar para os outros alunos da aula e ensinar esse

conteúdo (atletismo).

- Recursos Disponíveis

Momento 1 - A escola possui televisão com dvd em todas as salas e uma filmadora que

o professor utilizou na competição.

118

- Adaptação da atividade

Momento 1 - O professor adaptou o jogo de vôlei colocando mais alunos participando

ao mesmo tempo do que normalmente para que poucas pessoas ficassem sem participar

da aula. O jogo também terminava em doze pontos para que os times pudessem revezar

e todos participassem da aula.

Depoimentos espontâneos dos professores durantes as observações dos fatores que

dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São

Paulo

Relação professor-aluno

- O professor tem um bom relacionamento com os alunos e com os outros professores,

facilitando a dinâmica da sua aula;

Síntese das Observações

Foram identificados nas observações realizadas no cotidiano escolar durante as

aulas de EF alguns fatores que facilitam a implementação das propostas curriculares.

Um dos fatores identificado no cotidiano escolar que facilitou a prática pedagógica do

professor foi o interesse dos alunos pelos conteúdos ensinados. Quando esses estudantes

estavam interessados na aula faziam perguntas inteligentes, respeitavam o momento de

explicação do professor e realizavam todas as tarefas solicitas.

Nas turmas em que o professor já ministra aula há mais tempo o comportamento

dos alunos, na maioria dos momentos, permitiu que o professor realizasse a dinâmica da

sua aula de forma tranquila, pois os alunos já estavam acostumados com a forma de

conduzir as atividades do professor.

Outro fator importante identificado nas observações foi ter um clube próximo à

escola que o professor utilizava durante as suas aulas. Como a escola apresentava muita

dificuldade de espaço para realizar as aulas de EF, o professor utilizava esse clube em

todas as ocasiões em que podia, sanando esse problema do espaço que a escola

apresentava.

119

Ter um professor especialista da disciplina de módulo, devido a organização da

rede municipal, também facilitou a implementação da proposta curricular de EF, pois

quando o titular das aulas faltou por algum motivo, esse professor pôde dar

continuidade na aula sem prejuízo aos alunos, pois ele como conhecedor dos conteúdos

da disciplina de EF manteve a aula com o mesmo padrão do professor titular.

Observamos durante as aulas que o professor conseguiu tirar cópias de materiais

com certa facilidade. Esse aspecto é muito importante e facilita a implementação da

proposta curricular, pois o professor não precisou escrever os textos que estava

utilizando na lousa, sobrando mais tempo para apresentar aqueles conteúdos para os

alunos e sanar as dúvidas que surgiram durante a aula.

Uma estratégia utilizada pelo professor que facilitou a implementação da

proposta curricular de EF foi levar os alunos interessados para as competições externas

que ocorrem na prefeitura de São Paulo, filmar as atividades realizadas e depois mostrar

essas filmagens para os demais alunos, ensinando o conteúdo que tem relação com

aquela competição. Presenciamos o docente utilizando essa estratégia para ensinar as

provas do atletismo.

Também observamos que nessa escola todas as salas de aula possuem televisão

com DVD. Isso facilita a prática pedagógica do professor, pois caso ele queira trabalhar

com vídeos pode ministrar a sua aula na própria sala de aula em qualquer momento.

Saber o momento certo de realizar a adaptação de uma atividade também

facilitou a implementação da proposta curricular de EF. Durante as observações, o

professor adaptou um jogo de vôlei para que todos os alunos pudessem participar da

aula mais ativamente e, por consequência, poucos adolescentes ficaram sem realizar

nenhuma atividade naquela aula. O bom relacionamento que o professor possui com

seus alunos e com seus colegas docentes também facilitou o andamento das suas aulas e

a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo.

Os fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo de acordo com as observações realizadas no ciclo II do Ensino

Fundamental foram: interesse dos alunos pelas aulas, permanência na escola, clube

próximo da escola, organização da rede municipal, facilidade de tirar cópias de

materiais, competições externas, recursos disponíveis, adaptação da atividade e relação

professor-aluno.

120

5.2.7 - Levantamento dos principais fatores facilitadores da implementação da

proposta curricular de EF do município de São Paulo

Entrevistas

Observações

Ensino Fundamental (Ciclo1)

Observações

Ensino Fundamental (Ciclo 2)

Interesse dos alunos pelas

aulas

Interesse dos alunos pelas

aulas

Interesse dos alunos pelas

aulas

Recursos disponíveis Recursos disponíveis Recursos disponíveis

Clube próximo da escola Clube próximo da escola

Relação professor-aluno Relação professor-aluno

Permanência na escola Permanência na escola

Organização da rede

municipal

Organização da rede

municipal

Adaptação da atividade Adaptação da atividade

Organização da escola

Hidratação na aula

Cooperação na aula

Hora de estudo

Educação inclusiva

Participação da família na

vida escolar do aluno

Facilidade de tirar cópias de

materiais

Competições Externas

Empenho dos professores

Ambiente de aula

Desenvolver projetos

diferenciados

Respeitar a diversidade

Olhar interdisciplinar

Alterações na LDB

Relação Interpessoal

profissional

Perfil do professor

No quadro acima estão destacados todos os fatores identificados nas entrevistas

e nas observações que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo. As palavras que aparecem em vermelho são os fatores

facilitadores que apareceram tanto nas observações quanto nas entrevistas.

Não foram encontrados estudos que apontem para os fatores que facilitam a

prática pedagógica do professor, e, por consequência, a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo, mas acreditamos que novamente devemos

121

entender essa questão com um olhar pautado na complexidade devido há diversidade de

fatores facilitadores identificados.

122

5.3– Re-configuração do universo da pesquisa

Após realizar as entrevistas com a diretora, os coordenadores pedagógicos e

os/as professores/as e observar as aulas dos docentes de EF identificamos os fatores que

dificultam e facilitam a implementação da proposta curricular de EF no município de

São Paulo na escola pesquisada. A partir desse momento, voltamos na escola e

realizamos a devolutiva dos conhecimentos produzidos para os profissionais da

Educação que participaram da pesquisa. Conversamos com a diretora e o coordenador

pedagógico em conjunto em uma sala por mais ou menos duas horas. Em outro dia,

conversamos individualmente com os professores de EF por quase uma hora quando

estavam realizando a sua hora de estudo. Infelizmente, uma coordenadora estava de

licença saúde e não pode participar desse momento da pesquisa. Mencionamos cada um

dos fatores dificultadores e facilitadores e fizemos algumas reflexões. Após esse

momento, foram apontadas sugestões de mudança para que haja uma efetiva

implementação dessa proposta curricular no cotidiano escolar. Abaixo serão destacados

os principais pontos das reflexões realizadas com cada um dos profissionais e as suas

sugestões de mudança.

5.3.1 - Fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo

Diretora

A diretora da escola concordou com a maioria dos fatores dificultadores

identificados na pesquisa. Iniciamos as reflexões apontando a dificuldade que a escola

tem de colocar aulas duplas para os professores de EF porque a organização dessas

aulas precisa contemplar o grupo todo e com tantos professores trabalhando no mesmo

local fica muito difícil facilitar para todos. Ainda mencionando sobre a questão da

organização da escola, ela acredita que existem momentos pontuais que essa

organização dificulta a prática pedagógica do professor, pois existe um grande esforço

para que essa organização consiga beneficiar todos os profissionais que trabalham na

escola. Também chegamos à conclusão que os professores de EF dividirem o mesmo

espaço em alguns momentos é um fato dificultador, porém é quase “impossível” isso

não acontecer. Para ela, o grande problema da escola é que só existe um espaço para

esses docentes ministrarem as suas aulas.

123

Outro fator comentado por ela foi a falta de materiais, pois concorda que não é

possível ter todos os materiais que ela gostaria na escola, porém existe um esforço para

adquirir tudo que os professores de EF pedem. Uma questão que atrapalha muito a

aquisição de materiais é a falta de espaço para guardá-los, já que a escola está passando

por reforma e o espaço físico está bem apertado. Também realizamos reflexões sobre o

mau odor que fica constantemente no espaço onde ocorre aula de EF. Foi mencionado

que já houve tentativas de resolver o problema, mas não houve possibilidade de

resolução, tornando a escola impotente nesse assunto.

A questão dos alunos transferidos também gerou algumas reflexões, pois a

diretora acredita que conseguir inserir o adolescente que vem de outra escola no meio

do processo é mais um desafio do que um fator dificultador. Ela não acha certo as

escolas transferirem os alunos por questões de mau comportamento e não ficou sabendo

que nenhuma das transferências feitas para a escola tenha sido realizada por essa

questão.

Outro ponto que surgiram reflexões foi na dificuldade dos alunos. Ela concorda

que estamos vivendo um momento que existem muitos alunos com dificuldades na

leitura, na escrita e no entendimento das tarefas, mas os professores também não são

formados para ensinar esses alunos, além disso, com as turmas com trinta e cinco alunos

fica mais difícil conseguir uma atenção individualizada dificultando ainda mais a

dinâmica da aula do professor.

Em relação à visão da disciplina de EF, a diretora acrescentou que em outros

momentos esse componente curricular já foi muito desvalorizado, mas hoje em dia,

poucos profissionais que trabalham na escola pesquisada pensam dessa forma. Também

realizamos reflexões sobre a dinâmica da aula de EF, onde foi comentado que existem

momentos específicos que essa dinâmica deixa os outros professores descontentes,

como, por exemplo, quando o professor quis levar os alunos para uma competição

externa e alguns docentes das outras disciplinas não concordaram em tirar esses alunos

das suas aulas para realizar tal atividade.

Um fator dificultador que gerou muitas reflexões foi a resistência dos

professores em relação à proposta curricular. Ela concorda que esse fator dificulta a

implementação dessa proposta, porém é necessário refletir porque isso ocorre. Na nossa

conversa foi mencionado que em muitos momentos a implantação dessas propostas

ocorre sem a participação efetiva dos profissionais que estão na escola, tornando-os

124

meros reprodutores do que os outros pensam, por isso que é normal existir essa

resistência por parte dos docentes.

Em relação a pouca participação da família na vida escolar dos alunos chegamos

ao consenso que esse é um fator dificultador central, porém ela acrescentou que a escola

necessita aprender a trazer os responsáveis dos alunos para participar das decisões da

escola e os profissionais da Educação também precisam aceitar as críticas dessas

pessoas, porque nem sempre se aceita com humildade os problemas que são apontados

do nosso trabalho.

Coordenador Pedagógico 1

No momento da devolutiva dos conhecimentos a coordenadora estava afastada

por problemas de saúde e não pode participar desse momento da pesquisa.

Coordenador Pedagógico 2

O coordenador pedagógico concordou com muitos fatores dificultadores

identificados, mas dentre todos os pesquisados, foi aquele que mais discordou e que

mostrou resistência com os resultados da pesquisa. O primeiro fator dificultador que

gerou reflexões foi da dificuldade da escola colocar aulas duplas para os professores de

EF. O coordenador acredita que quando a escola consegue realizar esse procedimento,

os professores podem faltar naquele dia e os alunos ficarem sem aula daquele

componente curricular e, além disso, os docentes acabam ensinando menos conteúdos

quando as aulas são duplas. Colocamos da necessidade dessa organização para a aula de

EF por conta da saída do professor para o clube, mas o coordenador continuou com a

sua opinião, mencionando ainda que o docente deveria sair menos da escola e ministrar

a sua aula de acordo com as condições que a escola fornece.

Também houve discordância em relação à influência do clima como um fator

dificultador. Para o coordenador, o professor de EF tem que estar preparado para ficar

em sala de aula caso esteja chovendo ou muito sol. Colocamos para esse profissional

que é importante durante as aulas desse componente curricular a realização de algumas

práticas corporais para o entendimento dos conteúdos e que se o professor tiver que

ficar na sala quando estiver chovendo ou muito sol ele não vai realizar nenhuma

atividade prática. Mesmo realizando essas reflexões o coordenador pedagógico

continuou com a sua opinião inicial.

125

Em relação ao mau odor que fica no espaço onde ocorre a aula de EF, esse

profissional mencionou que esse é um fator dificultador externo à escola e que nada

pode ser feito, embora concorde que essa questão dificulta a dinâmica da aula do

docente, que necessita ficar naquele espaço durante toda a sua carga de trabalho.

A transferência dos alunos entre as unidades escolares também foi um fator

dificultador mencionado pela pesquisa que o coordenador não concordou. Para ele, o

docente necessita saber lidar com o aluno transferido, independente do motivo que

tenha sido ocasionado essa transferência e o momento que essa criança chegue à escola.

Ele concorda que dois professores estarem no mesmo espaço dificulta a

dinâmica da aula de EF, porém falta comunicação entre esses docentes. Para o

coordenador, se existe apenas um espaço, os professores devem se comunicar e

enquanto um realiza atividades práticas o outro fica em sala de aula.

Mesmo apontando que existem trinta e cinco alunos em cada sala de aula na

escola pesquisada e que muitos deles apresentam diversas dificuldades de

aprendizagem, o coordenador pedagógico acredita que esse número de crianças e

adolescentes por sala de aula não é muito grande e que poderia ser mantido assim.

O trânsito também foi um fator dificultador identificado durante a pesquisa que

esse profissional não concordou. Para ele, esse problema é externo à escola e se o

professor decidiu ter dois empregos é um problema dele conseguir chegar ao seu local

de trabalho no momento adequado.

Percebemos que durante a devolutiva dos conhecimentos para esse coordenador

pedagógico havia certo desentendimento entre ele e os professores, pois em muitas

reflexões realizadas, esse profissional culpabilizou os docentes e jogou toda a carga dos

problemas da escola como responsabilidade dos mesmos. Após compreender essa

dinâmica, percebemos que a relação interpessoal entre esses profissionais (coordenador

pedagógico e professores de EF) não é muito amistosa, dificultando ainda mais a

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo.

Professor 1

Esse professor concordou com todos os fatores dificultadores identificados na

pesquisa e foi realizado algumas reflexões importantes durante essa devolutiva. Ele

acredita que a escola não consegue se organizar bem em alguns momentos devido a

falta de planejamento dos gestores para ajudarem os professores na realização das suas

aulas e outras atividades pedagógicas.

126

Em relação à falta de materiais para os professores de EF ministrarem as suas

aulas, ele comentou que muitos materiais que os docentes pedem, o corpo gestor da

escola faz um grande esforço para adquirir, mas algumas vezes demora-se demais para

comprar esses materiais devido há algum tipo de burocracia existente. Ele também

comentou que está sem bola de vôlei há algum tempo e não consegue desenvolver

algumas atividades por conta disso.

Outro comentário realizado dentro da devolutiva dos fatores dificultadores

esteve relacionado com a falta de organização da rede municipal. O docente comentou

que existe uma cobrança para haver trabalho em conjunto, porém nem todos os

professores podem fazer JEIF por não ter todas as aulas atribuídas. Dessa forma, muitos

professores que gostariam de participar das discussões coletivas ficam impossibilitados

por conta dessa proibição e, por consequência, a prática pedagógica fica prejudicada.

A falta de trabalho coletivo foi outro fator dificultador comentado pelo docente.

Durante a nossa conversa ele ressaltou que tentou realizar um trabalho com o grupo de

professores da escola que envolvia a temática das Olimpíadas, mas ninguém quis se

envolver com o projeto.

A quantidade de alunos que chegam transferidos de outra escola foi um fator

dificultador ressaltado pelo docente, pois esses adolescentes chegam no meio do

processo e muitas vezes não entendem a proposta da aula. Além disso, também foi

ressaltado que a maioria desses alunos está com problemas sérios de indisciplina em

outras unidades escolares e não mudam de postura quando começam a estudar na nova

escola, apenas transferindo o problema.

A formação profissional insuficiente mereceu destaque nos comentários

realizados pelo docente. Ele acredita que a própria rede municipal implantou uma

proposta curricular, mas falta formação para melhor compreender esse documento, pois

os docentes não conseguem dispensa de ponto para realizar os cursos que a rede

municipal oferece ou não tem possibilidade de arcar financeiramente com os cursos

oferecidos pelas instituições particulares.

Também foi ressaltado na nossa conversa que os alunos da rede municipal

possuem muitas dificuldades para aprender os conteúdos e pela quantidade de alunos

que existe em cada uma das turmas fica muito difícil o professor conseguir

individualizar o ensino e, por consequência, esses jovens não conseguem sanar as suas

dificuldades durante as aulas.

127

O docente também comentou que a maioria dos alunos da escola pública

realmente não possui a cultura de estudos. Muitas vezes os professores pedem alguma

lição de casa ou a realização de uma pesquisa e poucos são os adolescentes que realizam

essas tarefas escolares em casa. Essa cultura dificulta a implementação da proposta

curricular de EF porque em muitos temas o professor não consegue evoluir nas

discussões sem essa participação efetiva dos alunos.

Para o docente, a visão que os outros profissionais da Educação criaram da

disciplina de EF é um fator dificultador que atrapalha o trabalho coletivo dentro da

escola. Ele sente que muitos professores menosprezam esse componente curricular e

isso dificulta a participação do professor de EF nas discussões coletivas.

Durante a devolutiva dos conhecimentos, o docente se sentiu muito incomodado

com a baixa remuneração recebida pelos profissionais da Educação. Ele colocou que

gostaria muito de continuar realizando cursos para melhorar a sua formação, porém o

salário atual não possibilita ele arcar com os valores cobrados por esses cursos,

impossibilitando a sua formação continuada.

A jornada de trabalho extensa também foi um fator dificultador que mereceu

comentários. O docente mencionou que ministrar muitas aulas no mesmo dia diminui

consideravelmente a paciência do professor. Essa questão torna as suas aulas menos

produtivas, dificultando a implementação da proposta curricular de EF.

Houve um consenso nas nossas reflexões que os professores são resistentes em

alguns momentos em relação a proposta curricular porque não existiu um trabalho

coletivo de construção desse documento. O professor não tem liberdade para expor sua

opinião e tem que seguir algo que outras pessoas pensaram, tornando-o muitas vezes

resistente em relação à proposta curricular de EF da rede municipal de São Paulo.

Foram realizadas reflexões em relação há pouca participação da comunidade no

acompanhamento escolar dos alunos. O professor comentou que nas reuniões de pais

existe uma baixa adesão dos responsáveis dos alunos e em muitos momentos, os pais

não acatam o que os professores falam em relação aos filhos, pouco modificando

algumas atitudes dos adolescentes que atrapalham a prática pedagógica dos docentes.

O último comentário realizado esteve relacionado com a restrição médica. O

docente demonstrou insatisfação com alguns médicos que simplesmente proíbem os

alunos de participarem da aula de EF. Segundo ele, o ideal seria que esses profissionais

explicassem para os docentes quais restrições físicas que aquele adolescente possui,

para que exista a possibilidade dele participar da aula sem prejudicar a sua saúde.

128

Professor 2

Esse docente concordou com a grande maioria dos fatores dificultadores

identificados pela pesquisa e durante a nossa conversa realizou comentários

importantes. O primeiro fator dificultador ressaltado por ele foi a falta de materiais

dentro da unidade escolar, pois algumas práticas corporais necessitam de recursos

específicos que essa escola não dispõem.

A questão da formação profissional insuficiente também foi comentada. Para o

docente, todos os profissionais que passaram pelo concurso público estão habilitados a

trabalhar dentro das escolas, porém, com uma boa formação continuada essas pessoas

podem realizar com mais qualidade o seu trabalho e infelizmente, existem diversas

falhas no processo de formação profissional dentro do setor educacional público.

O professor ressaltou durante a devolutiva a falta de organização da rede

municipal. O principal fator que dificulta a prática pedagógica do professor devido a

essa organização na visão do docente é a impossibilidade de todos os professores

realizarem a JEIF. Existe uma grande perda de qualidade no ensino quando a maioria

dos professores da escola não realiza essa formação. No caso dele, por não ter aulas

atribuídas, a rede municipal não permite a realização desse horário de estudo.

O docente também comentou sobre a falta de cultura dos alunos com os estudos.

Para ele, os jovens que estudam na escola pública não têm postura para realizar uma

avaliação, muitas vezes não entregam os trabalhos e não se comprometem com as

provas.

Também foi realizado um comentário em relação à jornada de trabalho extensa.

Para o docente, o profissional que necessita trabalhar em mais de uma escola ou em

locais diferentes no mesmo dia fica mais estressado e compromete a qualidade do seu

trabalho em todos os locais que atua diariamente.

O descontentamento profissional foi o fator dificultador mais ressaltado pelo

docente, pois ele acredita que todos os fatores dificultadores identificados na pesquisa

levam os professores a ficarem descontentes com o seu trabalho e, consequentemente,

aumenta a dificuldade de ocorrer a implementação da proposta curricular de todos os

componentes curriculares na escola pública.

O último fator dificultador comentado pelo professor foi a relação escola-

comunidade inadequada. O docente mencionou que muitos familiares não estão

preocupados com a situação dos filhos na escola e sem a ajuda dos responsáveis dos

alunos a implementação da proposta curricular se torna muito prejudicada.

129

Professor 3

Essa docente concordou com quase todos os fatores dificultadores identificados

pela pesquisa, realizando comentários importantes sobre alguns desses fatores. O

primeiro comentário realizado foi sobre a influência do clima. Durante as nossas

observações nas aulas ministradas por ela, houve dificuldade de utilizar o espaço

reservado para a aula de EF devido ao frio e a chuva. Ela mencionou que ficar propensa

ao clima que está fazendo dificulta muito a prática pedagógica, porque nunca se sabe se

vai poder realizar as atividades planejadas para aquele dia.

A relação interpessoal profissional também foi um fator dificultador que

mereceu comentários. A professora mencionou que a falta de comunicação é um

problema muito grande dentro da escola, mas ela percebe que no Ensino Fundamental I

este problema foi melhorando ao longo do ano, embora ainda exista a necessidade de

melhorias para se chegar ao nível ideal.

Ela também comentou que a falta de trabalho coletivo é um fator que dificulta a

implementação da proposta curricular de EF. Durante a nossa conversa, a docente

relembrou que em uma das aulas que estávamos observando, ela tinha planejado utilizar

alguns materiais, mas ninguém sabia onde estavam guardados. A falta de trabalho

coletivo se complementa com a falta de organização da escola em algumas situações e

todas essas ocorrências dificulta a implementação da proposta curricular de EF.

O último fator comentado foi a falta de condições para a educação inclusiva,

sendo um fator dificultador muito ressaltado pela professora. Ela acredita que os

profissionais da Educação não têm condições de trabalho para que realmente exista a

inclusão das crianças e adolescentes com necessidades especiais.

5.3.2 - Fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo

Diretora

A diretora da escola pesquisada concordou com todos os fatores que facilitam a

implementação da proposta curricular de EF identificados na pesquisa. Os comentários

realizados por ela nesse momento tiveram relação com o professor de módulo, que na

sua visão, esse profissional consegue ajudar no desenvolvimento da aula da sua

disciplina quando pode, porque em muitos momentos ele precisa entrar nas aulas dos

professores que faltaram. Ela ainda comentou que existe certa resistência por parte de

130

alguns docentes de trabalharem em conjunto com o professor de módulo, fato que não

ocorre nas aulas de EF, porque existe um trabalho em conjunto muito interessante entre

os docentes.

Outro fator facilitador que mereceu comentários foi a facilidade de tirar cópias

de materiais. A diretora comentou que infelizmente não consegue liberar a quantidade

de cópias necessárias para todos os professores e terá que utilizar um critério de cotas

para que todos possam utilizar esse benefício. Ela sabe da importância dos docentes

terem acesso às cópias, porém a escola não possui recursos para beneficiar há todos

durante o ano todo.

O ultimo fator facilitador comentado foi a participação da família na vida escolar

do aluno. Nas nossas reflexões foi enfatizado que poucos pais vêm para a escola

preocupados com a aprendizagem dos filhos, mas os profissionais da Educação ainda

não aprenderam a chamar esses familiares para dentro da escola. Na sua visão, é

necessário estimular esses familiares a participarem com mais ênfase das decisões

tomadas pela escola.

Coordenador Pedagógico 1

No momento da devolutiva dos conhecimentos a coordenadora estava afastada

por problemas de saúde e não pode participar desse momento da pesquisa.

Coordenador Pedagógico 2

O coordenador pedagógico concordou com a maioria dos fatores facilitadores

identificados pela pesquisa e fez algumas reflexões em conjunto com o pesquisador. Ele

acredita que ter um clube próximo da escola não facilita a implementação da proposta

curricular de EF, porque gera muitas complicações para a unidade escolar. Na sua visão,

o professor deve utilizar apenas os espaços oferecidos pela escola, ou sair desse espaço

em momentos específicos e diferenciados.

Para esse profissional, quando o professor realiza adaptação de uma atividade

ele está improvisando e, portanto não foi competente no planejamento da sua aula. O

pesquisador tentou enfatizar que as adaptações realizadas melhoraram a aula e que nem

tudo pode ser previsto, mas o coordenador insistiu que essa adaptação é um improviso e

não concorda que esse seja um fator facilitador.

131

O último fator facilitado comentado foi a participação da família na vida escolar

do aluno. Ele acredita que essa participação é importante, mas o professor tem que saber

lidar com os jovens que a família não está presente.

Professor 1

Esse docente concordou com todos os fatores facilitadores identificados pela

pesquisa. Nas suas reflexões, ele comentou a importância das competições externas

como metodologia para ensinar seu conteúdo. Segundo o docente, os alunos enxergam

de forma diferente aquele conhecimento quando participam das competições e aqueles

que não participam se interessam mais em aprender porque os colegas de sala estavam

competindo em um local diferente, deixando-os mais estimulados a aprenderem.

Ele também comentou que a escola já dispõe de alguns recursos que outras

unidades escolares ainda não possuem. Ele acredita que isso possa ocorrer pela

localização mais central dessa escola.

Outro fator facilitador que mereceu comentário foi ter um professor de módulo

especialista da disciplina para auxiliar durante as aulas. Na sua visão, esse professor

teria que ficar o tempo todo junto com o professor que possui as aulas atribuídas, para

que esse trabalho em conjunto ocorresse de forma planejada em todos os momentos.

Em relação a facilidade de tirar cópias de materiais, foi realizado um comentário

que existe uma cota para tirar copiais, depois de ultrapassar esse número não pode mais

ser utilizado esse recurso. O docente ressaltou que facilita a sua prática pedagógica

quando pode realizar leituras de textos com os alunos sem precisar perder tempo de

escrever o conteúdo na lousa.

O ambiente de aula também foi um fator facilitador que recebeu comentários do

professor. Para ele, criar um ambiente no espaço onde ocorre a aula de EF que facilite a

aprendizagem do seu conteúdo é essencial para facilitar a sua prática pedagógica.

O ultimo fator facilitador que recebeu comentários do docente foi a adaptação da

atividade. Durante as nossas reflexões, foi comentado que o professor deve planejar a

sua aula, mas sempre precisa estar preparado para realizar alterações durante o percurso,

pois às vezes uma atividade ocorre de forma muito favorável com uma turma e acaba

acontecendo de forma completamente errada com a outra.

132

Professor 2

Esse docente concordou com todos os fatores facilitadores identificados na

pesquisa. Nesse momento ele realizou comentários apenas de um fator facilitador. Na

sua visão, as competições externas ajudam muito na aprendizagem dos conteúdos, pois

os alunos participam desses eventos fora da escola e mantém uma postura muito

diferente daquela apresentada dentro da unidade escolar. Eles se sentem mais

estimulados e acabam desenvolvendo melhor as suas habilidades.

Professor 3

Essa professora concordou com todos os fatores facilitadores identificados pela

pesquisa. Durante as reflexões realizadas ela comentou que ter uma pessoa que ajude o

professor a olhar os alunos com necessidades especiais facilita muito o processo de

inclusão dessas crianças. Infelizmente, em poucos momentos ela pode contar com um

profissional que a ajude nesse sentido, mas quando isso acontece facilita muito a sua

prática pedagógica.

Ela também comentou que ter um olhar interdisciplinar é muito importante para

que exista a implementação das propostas curriculares. Na sua visão, a escola

desenvolve projetos que várias disciplinas participam e também existe um grêmio

estudantil na escola que ajuda a ampliar o olhar interdisciplinar dos docentes.

O último fator facilitador comentado pela professora foi o perfil para atuar com

determinado ciclo de escolaridade. Ela acredita que tem perfil para trabalhar com as

crianças de Ensino Fundamental I e mencionou que as professoras polivalentes

comentam isso com ela.

5.3.3 - Considerações do processo de Re-configuração do universo da pesquisa

Gostaríamos de realizar comentários sobre o processo de Re-configuração do

universo da pesquisa. Após a entrevista com o idealizador da proposta curricular de EF,

nos foi exposto que durante a elaboração dessa proposta curricular houve uma efetiva

participação dos profissionais da Educação que atuavam na rede municipal.

Perguntamos para os profissionais da escola pesquisada que já atuavam nas escolas

municipais nesse momento de elaboração da proposta como que ocorreu esse processo e

tivemos as seguintes respostas:

133

- Diretora: Comentou que participou apenas de uma reunião para discutir a elaboração

das propostas curriculares. Naquele momento não foi realizada nenhuma discussão

sobre o documento e parecia que estavam mais informando sobre uma nova proposta do

que dando a possibilidade de alguma construção em conjunto das diretrizes.

- Professor 1: Participou como leitor crítico da proposta curricular de EF, mas

mencionou que nenhuma das considerações realizadas por ele foram acatadas na

elaboração do documento e não sente que participou do processo de elaboração do

documento.

Professor 3 – Não participou em nenhum momento da elaboração da proposta

curricular de EF.

Esses comentários demonstram que o processo de elaboração e implementação

da proposta curricular de EF possibilitou a participação de alguns profissionais da

Educação que estavam na rede, mas não contemplou há todos. Apenas gostaríamos de

deixar claro essa situação para compreender a complexidade do processo de elaboração

e implementação de uma proposta curricular.

Também gostaríamos de comentar que identificamos que as relações

interpessoais entre os gestores e os professores de EF da escola pesquisada nem sempre

acontecem harmoniosamente, principalmente entre o Coordenador Pedagógico 2 e os

docentes de EF. Os conflitos que são gerados durante a relação profissional também

dificultam a implementação da proposta curricular do município de São Paulo e tornam

esse processo ainda mais complexo de ser compreendido.

Após o processo de Re-configuração do universo da pesquisa, identificamos que

todos os profissionais da Educação que foram colaboradores do estudo refletiram sobre

a sua atuação profissional no seu cotidiano de trabalho. A nossa intenção com esse

processo, era causar reflexões iniciais nesses profissionais, os ajudando a compreender

melhor os fatores que dificultam e os fatores que facilitam a implementação da proposta

curricular de EF, além de melhorar a compreensão do pesquisador em relação aos

mesmos fatores, tópico este que será discutido posteriormente.

134

5.3.4 – Matrizes Nomotéticas das Sugestões de mudanças para uma efetiva

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo de acordo

com a Diretora, Coordenadores Pedagógicos e Professores de EF

Para leitura das matrizes nomotéticas foi criada a seguinte legenda: D – Diretor;

C – Coordenador Pedagógico; P – Professor de EF.

A leitura da matriz nomotética na horizontal, permite visualizar a quantidade de

pessoas que mencionaram a unidade significativa e, na vertical, permite visualizar todas

as unidades significativas extraídas do discurso de cada pessoa entrevistada.

Categoria 3 – Sugestões de mudança para uma efetiva implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo

Unidades de Significado

Comunidade escolar

Total

D C1 C2 P1 P2 P3

Formação continuada x x x x x x 6

Valorização salarial x x x x 4

Melhorar a estrutura física x x 2

Aumentar os recursos disponíveis x x 2

Dois professores por turma x x 2

Permanecer em uma unidade

escolar

x

1

Menor número de alunos por

turma

x

1

Estágio remunerado x 1

Coordenador de área x 1

Melhor relação interpessoal x 1

Mais empenho dos professores x 1

Repensar o ciclo de escolaridade x 1

Repensar os acúmulos de cargo x 1

Relação escola-comunidade

adequada

x 1

Horários de discussões x 1

JEIF x 1

Passeios pedagógicos x 1

Melhor organização da escola x 1

Autonomia do professor x 1

Construção coletiva da proposta

curricular

x

1

135

Durante a fase de configuração do universo da pesquisa, os profissionais da

Educação entrevistados mencionaram as sugestões de mudança para que houvesse uma

efetiva implementação da proposta curricular de EF. As sugestões mencionadas nesse

momento estão em preto. Na fase de Re-configuração do universo da pesquisa, após

conhecerem todos os fatores dificultadores e facilitadores da implementação dessa

mesma proposta identificados, esses profissionais tiveram a chance de ampliar esse

quadro. As sugestões que foram mencionadas nesse momento estão em vermelho.

Os principais fatores que precisam ser alterados para que exista a implementação

da proposta curricular de EF do município de São Paulo segundo os profissionais

entrevistados nessa escola foram:

- Formação continuada (formações continuadas constantes, existir uma formação

acadêmica com maior proximidade da realidade escolar, formação continuada

obrigatória oferecida dentro do horário de trabalho de todos os professores, participar de

grupos de estudos na Universidade, acompanhar as novas pesquisas, participar de

grupos de estudos com os professores que elaboraram a proposta curricular da prefeitura

de São Paulo, trocar ideias com outros professores que ministram aulas na escola

pública, observar exposições de práticas pedagógicas que estão dando certo na escola,

ter tempo para realizar essas formações, pois tendo dois cargos tudo isso se torna muito

complicado de acontecer, capacitações no horário de trabalho com dispensa de ponto,

fazer JEIF independente de ter aulas atribuídas para estar mais presente na escola e

capacitações para trabalhar com os alunos que possuem alguma necessidade especial).

- Valorização salarial (deve existir a valorização salarial, possibilitando que o

professor não necessite de dois cargos para a sua sobrevivência, valorizar

financeiramente o professor para que ele possa atuar em apenas uma escola e ser

valorizado financeiramente para poder ficar todo tempo em apenas um emprego).

- Melhorar a estrutura física (ter uma infraestrutura melhor (quadra ou um espaço

amplo que fosse fechado para ficar imune as variações do clima), terminar a reforma

que está ocorrendo na escola para que se tenha melhor estrutura para ministrar as aulas e

melhores condições para trabalhar com alunos que possuem necessidades especiais).

136

- Recursos disponíveis (ter mais materiais disponíveis para conseguir colocar em

prática todos os conteúdos selecionados da proposta curricular).

- Dois professores por turma (se houvesse dois professores por turma existiria mais

qualidade no ensino)

- Permanecer em uma unidade escolar (ficar em apenas uma escola em toda a sua

jornada de trabalho, para que tenha tempo de pensar nesse espaço e de refletir o

processo vivido cotidianamente).

- Menor número de alunos por turma (tempo para refletir mais sobre os alunos,

diminuindo a quantidade de crianças em cada sala de aula, facilitando o olhar para cada

uma delas).

- Estágio remunerado (realizar estágio remunerado durante a formação acadêmica para

conhecer a realidade da escola e não precisar estar atuando em outra área para manter-se

financeiramente).

- Coordenador de área (existir um coordenador para cada disciplina na escola).

- Melhor relação interpessoal (ter maior respaldo da coordenação).

- Mais empenho dos professores (mais empenho dos professores)

- Repensar o ciclo de escolaridade (ser repensada a ideia do ciclo, pois os educadores

ainda não estão preparados para atuar dessa forma)

- Repensar os acúmulos de cargo (é necessário repensar os acúmulos de cargo)

- Relação escola-comunidade adequada (ter a família dos alunos mais presente na

escola).

- Horários de discussões (seria necessário ampliar os horários de discussões para que

os professores conseguissem conversar mais sobre os problemas da escola).

137

- JEIF (todos os professores deveriam ter o direito de realizar a JEIF para participar das

formações e das discussões dentro da própria escola).

- Passeios pedagógicos (a prefeitura deveria se organizar melhor para propiciar mais

passeios pedagógicos para as escolas)

- Melhor organização da escola (em algumas situações a escola poderia se organizar

melhor para que a aula de EF ocorresse com mais qualidade)

- Autonomia do professor (o professor teria que ter mais autonomia para tomar

determinadas decisões sem ser barrado por problemas burocráticos e pela hierarquia

dentro da própria escola)

- Construção coletiva da proposta curricular (a proposta curricular deveria ser

construída de forma coletiva, baseando-se em alguns princípios educativos).

Os fatores que precisam ser alterados para que exista a implementação da

proposta curricular de EF do município de São Paulo segundo os profissionais

entrevistados nessa escola foram: formação continuada, valorização salarial, melhorar a

estrutura física, recursos disponíveis, dois professores por turma, permanecer em uma

unidade escolar, menor número de alunos por turma, estágio remunerado, coordenador

de área, melhor relação interpessoal, mais empenho dos professores, repensar o ciclo de

escolaridade, repensar os acúmulos de cargo, relação escola-comunidade adequada,

horários de discussões, JEIF, passeios pedagógicos, melhor organização da escola,

autonomia do professor e construção coletiva da proposta curricular.

138

6. COMPREENSÃO DO COTIDIANO ESCOLAR - FATORES QUE

DIFICULTAM E FACILITAM A IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA

CURRICULAR DE EF DO MUNÍCIPIO DE SÃO PAULO

Para compreender quais são os fatores que dificultam e facilitam a

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo decidimos

dividir os fatores dificultadores e facilitadores identificados na escola pesquisada nas

três dimensões propostas por André (2008) no seu livro Etnografia da Prática Escolar. A

autora menciona que a compreensão das vivências do cotidiano escolar devem ser

alocadas nas dimensões: institucional ou organizacional, instrucional ou pedagógica e

sociopolítica ou cultural, tendo sempre em mente que essas dimensões se relacionam o

tempo todo.

Abaixo serão apresentadas as matrizes nomotéticas que representam a divisão

dos fatores dificultadores de acordo com as dimensões propostas acima. Também

explicaremos o motivo de colocar os diversos fatores dificultadores encontrados no

cotidiano escolar em cada uma das dimensões. Além disso, iremos discutir esses

resultados com as pesquisas que encontramos durante a revisão de literatura.

Gostaríamos de ressaltar que de todas as pesquisas identificadas, três eram qualitativas

de cunho etnográfico e foram realizadas pelos autores Paro (1996), Penin (2011) e Paro

(2011). Esses autores ficaram no cotidiano escolar realizando entrevistas e observações

com os profissionais da Educação e realizamos nossa pesquisa com certa proximidade

com a deles, permitindo discussões com estudos que se aproximam em sua

metodologia. Importante ressaltar que esses pesquisadores obtiveram resultados com

professores de diversas disciplinas e polivalentes em seus estudos e nós realizamos a

nossa pesquisa apenas com os professores de EF, além dos coordenadores pedagógicos

e diretora.

Para melhor compreensão de como foram realizados os estudos que serão

utilizados na discussão, descreveremos algumas considerações sobre os mesmos. Paro

(1996) apresenta a sua tese de livre docência em seu livro Por Dentro da Escola Pública.

O autor teve como objetivo examinar os problemas e as perspectivas que se apresentam

à participação da comunidade na gestão da escola pública de Ensino Fundamental (ciclo

I). Foi realizado um estudo de caso de cunho etnográfico, escolhendo uma escola

pública de Ensino Fundamental (ciclo I), instalada em um bairro da periferia urbana,

com população de baixa renda, localizada na zona oeste do município de São Paulo.

139

Foram realizadas entrevistas com os professores, diretora, assistente da diretora,

secretaria, inspetores de alunos, serventes, alunos e pais de alunos, além de observações

e analises de documentos.

Paro (2011) descreve os resultados de uma pesquisa realizada recentemente em

seu livro Crítica da Estrutura da Escola. O autor teve como objetivo estudar as

dimensões e a viabilidade de uma estrutura de escola fundamental compatível como

uma educação entendida como prática democrática. Também foram utilizadas pesquisas

anteriores realizadas pelo autor durante as reflexões apresentadas no livro. A pesquisa

foi realizada no período de março de 2007 a fevereiro de 2010, a partir de trabalho de

campo realizado em uma escola de Ensino Fundamental localizada no município de São

Paulo. A pesquisa privilegiou técnicas qualitativas de análises. A coleta de dados

ocorreu por meio de observações e entrevistas semi-abertas envolvendo professores,

funcionários, coordenação pedagógica e direção da escola.

Penin (2011) apresenta em seu livro Cotidiano e escola: a obra em construção a

pesquisa realizada por ela para obtenção do título de doutor na Faculdade de Educação

da Universidade de São Paulo em 1988. O estudo descreve as condições concretas da

vida cotidiana em quatro escolas públicas de Ensino Fundamental (ciclo I), articulando

essa descrição com as representações que professoras, equipe técnicas e pais de alunos

apresentavam sobre tais condições.

Os outros estudos que fizeram parte da discussão foram realizados a partir de

entrevistas, principalmente com professores de EF e de outras disciplinas pelos autores

Claro Junior e Filgueiras (2009), Gaspari et al (2006), Santini e Molina Neto (2005),

Tokuyochi et al (2008) e Zagury (2009).

140

6.1. Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo

Fatores Dificultadores

Entrevista

Observação

Fund 1

Observação

Fund 2

Institucional/Organizacional

Espaço físico inadequado x x x

Falta de organização da escola x x x

Influência do clima x x x

Falta de materiais x x

Formação profissional insuficiente x

Falta de organização da rede municipal x

Falta de trabalho coletivo x

Materiais caem fora da escola x x

Mau odor x x

Alunos transferidos x x

Dividir o espaço de aula x

Dificuldades no clube x

Instrucional/Pedagógica

Formação profissional insuficiente x x x

Dificuldade dos alunos x x x

Falta de condições para a educação inclusiva x x x

Número elevado de alunos por turma x x

Sociopolítica/Cultural

Cultura do aluno com os estudos x x x

Indisciplina dos alunos x x x

Falta de condições para a educação inclusiva x x x

Visão da disciplina de EF x x

Implicações da aula de EF x x

Baixa remuneração x

Jornada de trabalho extensa x

Função social da escola x

Descontentamento profissional x

Resistência dos professores x

Relação aluno-aluno x

Relação escola-comunidade inadequada x

Trânsito x

Falta de organização da rede municipal x

Relação interpessoal profissional x

Número elevado de alunos por turma x x

Liberação dos responsáveis x

Restrição médica x

141

Dimensão Institucional/Organizacional

- Espaço físico inadequado

Em muitos momentos o espaço físico inadequado mostrou ser um fator que

dificulta a implementação da proposta curricular de EF no município de São Paulo. Isso

ficou bem evidente tanto na fala dos profissionais da Educação entrevistados quanto nas

observações das aulas. A escola estava passando por uma reforma, o espaço não é

coberto, os intervalos dos alunos ocorrem nesse mesmo espaço que os professores de

EF ministram as suas aulas e não existe iluminação. Acreditamos que não ter espaço

físico adequado para os professores ministrarem as suas aulas se encaixa na dimensão

Institucional/Organizacional, pois a própria gestão municipal manteve esse espaço

descoberto e sem iluminação por muitos anos. Além disso, a própria escola necessita

utilizar o mesmo espaço para outras questões enquanto a nova escola que está sendo

construída não fica pronta.

Gaspari et al (2006), Santini e Molina Neto (2005), Tokuyochi et al (2008) e

Zagury (2009) também apontaram em suas pesquisas a dificuldade que os professores

de EF encontram para realizar suas aulas nos espaços que as escolas possuem.

Paro (1996) também encontrou em seu estudo problemas em relação ao espaço

físico nas escolas públicas. A escola pesquisada continha paredes pichadas, portas sem

trinco, vidros e janelas quebrados. Além disso, o autor ressalta que o espaço físico

inadequado influenciava no processo de ensino e aprendizagem e que o professor pode

contar com pouca coisa para desenvolver seu papel de educador escolar.

Penin (2011) mostrou que em uma das escolas em que foi realizada a sua

pesquisa, o prédio escolar não estava preservado, não havia biblioteca e nem salas de

aula suficientes para atender a demanda. Em outra escola que também foi realizada a

pesquisa a quadra utilizada para as aulas de EF era apenas cimentada e não era

suficiente para atender a necessidade de todos os alunos.

- Influência do clima

A influência do clima tem extrema relação com o espaço físico inadequado para

realizar a aula de EF. Todas as vezes que o professor tiver que ministrar as suas aulas

em um espaço aberto ficará dependente do clima daquele dia para decidir quais

atividades sue que serão realizadas. Esse problema de organização dos órgãos públicos

que controlam as escolas municipais pode ser resolvido com um processo de cobertura

142

das quadras. Importante ressaltar que na nova escola que está sendo construída, o

espaço onde será realizada a aula de EF será coberto e, por consequência, esse problema

será resolvido

Gaspari et al (2006) e Santini e Molina Neto (2005) também mostram nas suas

pesquisas que o clima influência na prática pedagógica do professor de EF, pois este

não consegue ensinar alguns conteúdos que necessitam de movimentação quando o

espaço disponível é aberto e se torna impossibilitado de usar de acordo com o clima

daquele momento.

- Falta de organização da escola

Em alguns momentos, a forma como a escola se organiza foi um fator que

dificultou a implementação da proposta curricular de EF. Existia dificuldade de colocar

aulas duplas para que o professor pudesse levar seus alunos para o clube que fica

próximo da escola, quando existia a possibilidade de levar algumas turmas, em alguns

momentos houve dificuldade de realizar essa atividade por falta de organização para

conseguir outros profissionais da Educação que ajudassem o professor de EF para

ministrar essa aula. Também aconteceu dos dois professores de EF da escola dividir o

mesmo espaço porque as suas aulas foram colocadas no mesmo horário. Nas

observações identificamos no Ensino Fundamental I, alunos de diferentes turmas juntos,

porque as professoras polivalentes tinham faltado naquele dia e isso prejudicou a

dinâmica da aula de EF. Outro problema de organização da escola observado ocorreu

quando a professora queria utilizar um material para a sua aula e não conseguiu porque

ninguém sabia onde estava guardado. No Ensino Fundamental II, observamos falta de

organização da escola quando o professor teve que organizar toda a parte burocrática

para sair com os alunos para uma competição externa sem a ajuda de ninguém e

também quando ele pediu para deixar guardada uma filmadora para filmar os alunos

durante as competições e na hora de sair da instituição escolar ninguém havia guardado

o material solicitado. Essa dificuldade de organização da escola se encaixa na dimensão

Institucional/Organizacional.

Gaspari et al (2006) também relataram em sua pesquisa a dificuldade da

organização da escola para que os professores de EF possam ter condições mais

adequadas durante a sua prática pedagógica.

143

- Falta de materiais

O problema de falta de materiais ficou bem evidente nas entrevistas realizadas

com os profissionais da Educação. O grupo gestor relatou que não existe possibilidade

de adquirir todos os materiais que os professores pedem e que existem muitos materiais

disponíveis para serem usados durante as aulas de EF, mas, por conta da reforma que

está acontecendo na escola, não há lugar disponível para guardar esses materiais e eles

estão estocados em um galpão longe da escola. Os professores mencionam que não

conseguem ensinar todas as manifestações da cultura corporal de movimento por faltar

materiais e que aumenta a dificuldade de incluir os alunos com necessidades especiais

pela falta desses materiais pedagógicos. Esse fator se encaixa na dimensão

Institucional/Organizacional porque existe uma verba para a escola adquirir materiais

que pode ser insuficiente para atender as necessidades pedagógicas daquela instituição

escolar.

Para Gaspari et al (2006), Santini e Molina Neto (2005) e Tokuyochi et al

(2008) a falta de materiais é um dificuldade constante do professor de EF,

principalmente quando ele necessita trabalhar com algumas práticas corporais

especificas.

Penin (2011) também apontou que em duas escolas em que foi realizada a sua

pesquisa os recursos materiais eram escassos, não havendo livros didáticos em número

suficiente para os professores conseguirem desenvolver a sua aula com qualidade.

- Formação profissional insuficiente

A formação profissional insuficiente é um fator que dificulta muito a

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo. Esse fator se

encaixa na dimensão Institucional/Organizacional principalmente porque a prefeitura de

São Paulo permite que os professores realizem uma formação continuada chamada

JEIF, onde os docentes têm direito a ficar um terço das horas trabalhadas em horário de

estudo. O problema é que os professores que não possuem todas as aulas atribuídas não

podem realizar essa formação e não conseguem estar presentes em todas as discussões e

estudos realizados na escola. Os coordenadores também relataram que o número de

capacitações que a rede municipal oferece não é suficiente, o número de paradas

pedagógicas no ano é pequeno, dificultando discussões e estudo com todos os

profissionais de educação e que a própria prefeitura não consegue formar com qualidade

os seus profissionais, porque oferece muitos cursos em horários que a maioria dos seus

144

docentes está em aula e não existe dispensa de ponto para realizar essa formação,

dificultando o acesso desses profissionais aos cursos.

- Falta de organização da rede municipal

A forma como a rede municipal se organiza também foi um fator dificutador

para a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo

identificado em nosso trabalho. Essa questão se torna evidente de acordo com as

respostas que tivemos nas entrevistas realizadas. Foi-nos relatado que a mudança anual

dos professores de unidade escolar, o aumento do número de dias letivos com os alunos,

a falta de um projeto sólido da rede municipal de inclusão e a impossibilidade de

realizar a JEIF por não ter todas as aulas atribuídas, levando o professor há não

participar dos estudos e discussões realizadas na unidade escolar, são questões que

dificultam a prática pedagógica do professor e se encaixam na dimensão

Institucional/Organizacional.

- Falta de trabalho coletivo

A dificuldade de se conseguir que os profissionais que trabalham nas escolas

trabalhem coletivamente é um dos fatores que dificulta a prática pedagógica dos

docentes e se encaixa na dimensão Institucional/Organizacional. Na escola pesquisada,

identificamos nas entrevistas que existe certa dificuldade de se trabalhar coletivamente.

Dessa forma, os professores não se enxergarem enquanto grupo, e, por consequência,

não compreendem os objetivos de cada área dentro da escola, inclusive da área de EF.

- Materiais caem fora da escola

Durante as observações das aulas de EF, identificamos que os materiais

utilizados pelos docentes caiam fora do espaço onde ocorre a aula. Todas as vezes que

os materiais caiam fora da escola, o professor tinha que parar a aula e tentar recuperá-

los, atrapalhando a dinâmica da sua aula. Isso ocorreu principalmente porque esse local

não é adequado para os professores ministrarem as suas aulas. Acreditamos que esse

fator dificultador se encaixa na dimensão Institucional/Organizacional porque a

organização da rede de ensino e a organização interna da escola não conseguiram

disponibilizar um local adequado para que as aulas de EF ocorram.

145

- Mau odor

O forte cheiro que era sentido no espaço onde ocorrem as aulas de EF na escola

pesquisada atrapalhava muito a prática pedagógica dos professores. Em muitos

momentos os professores e os alunos reclamavam do mau odor. O pesquisador também

sentiu o cheiro e realmente ficava muito difícil permanecer nesse espaço. Na rua onde

se localiza a escola existe uma casa que os moradores cuidam de animais e não fazem

uso da assepsia adequada, ocasionando um forte cheiro que chega em todas as

residências ao redor. Esse fator dificultador se encaixa na dimensão

Institucional/Organizacional por conta desse problema acontecer na escola há muitos

anos e nenhuma providência ter sido tomada pelos órgãos competentes.

- Alunos transferidos

A chegada de alunos de outras unidades escolares dificulta a prática pedagógica

dos professores de EF. Ficou evidente durante as observações que a maioria dos alunos

que vieram transferidos não aceitou realizar as atividades propostas em aula, além de

não respeitar os professores. A possibilidade de transferência de alunos se encaixa na

dimensão Institucional/Organizacional porque os órgãos competentes e os gestores da

escola que organizam os critérios para que os alunos troquem de escolas. A forma de

organizar o processo de adaptação desses alunos também pode estar sendo um motivo

das dificuldades que essas crianças e adolescentes estão tendo nas novas unidades

escolares. Além disso, muitos alunos que chegam transferidos estavam com problemas

de falta de aproveitamento nas suas antigas escolas e o problema também é transferido

para os profissionais da Educação que trabalham nessa nova unidade escolar.

- Dividir o espaço de aula

Organizar as aulas dos professores da unidade escolar não é uma tarefa simples.

Muitos docentes possuem acúmulos de cargo e não podem trabalhar determinados dias

e horários. Os gestores da escola recolhem as escolhas de horário de todos os

professores e tentam organizá-lo para atender há todos, porém, nem sempre isso é

possível. Na escola pesquisada, os docentes de EF pediram para que as suas aulas

fossem colocadas em dobradinhas (duas aulas seguidas) para levarem os alunos há um

clube próximo da escola e desenvolverem lá as suas aulas. Nem todas as turmas tiveram

possibilidade de ter duas aulas seguidas de EF e esses alunos não podiam ir ao clube

para ter a aula. Esse fator dificultador se encaixa na dimensão

146

Institucional/Organizacional por conta da dificuldade da escola de colocar os horários

necessários para atender aos objetivos pedagógicos dos professores.

Gaspari et al (2006) apresentaram em sua pesquisa a dificuldade que o professor

de EF encontra no seu cotidiano escolar quando necessita dividir o espaço onde ocorre a

sua aula com outras turmas, pois esse profissional nunca pode ter total autonomia para

desenvolver o seu conteúdo, principalmente se não houver uma boa comunicação entre

os professores que necessitam dividir o mesmo espaço de aula.

- Dificuldades no clube

Quando os professores tinham seu pedido atendido de ter aulas duplas nas suas

turmas, o processo de saída da escola e de permanência no clube era complicado. Em

muitos momentos a escola não conseguiu se organizar para que algum profissional de

educação acompanhasse o professor de EF até o clube e o ajudasse a ministrar a sua

aula. Em um dos momentos observados, a escola possibilitou a saída de um funcionário

para acompanhar o professor e na hora de ir ao clube esse profissional foi

impossibilitado de sair da unidade escolar e, por consequência, o docente não conseguiu

levar os alunos ao clube sozinho. Esse fator se encaixa na dimensão

Institucional/Organizacional pela dificuldade que a escola possuiu de colocar

profissionais para acompanhar o professor, mesmo sabendo que existia essa

necessidade.

Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender os fatores

dificultadores que se encaixam na dimensão Intitucional/Organizacional.

147

INSTITUCIONAL /ORGANIZACIONAL

Falta de organização

da rede municipal

Formação profissional insuficiente

Alunos transferidos Espaço físico inadequado

Falta de materiais

Influência do clima

Mau odor

Materiais caem fora da escola

Falta de organização

da escolaFalta de trabalho coletivoDividir o espaço de aula

Dificuldades no clube

Falta de materiais

Esquema 1 – Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São

Paulo da dimensão Institucional/Organizacional

Dentre os fatores identificados, a falta de organização da rede municipal está

muito relacionada com a formação profissional insuficiente, com os alunos transferidos,

com a falta de materiais e com o espaço físico inadequado. Todos esses fatores se

relacionam também entre eles. Também é importante ressaltar que o espaço físico

inadequado tem relações com a influência do clima, os materiais caírem fora da escola e

o mau odor que é sentido pelas pessoas que ficam no espaço onde ocorre a aula de EF.

A falta de organização da escola também é um fator dificultador que se relaciona

com diversos outros fatores identificados, dentre eles estão: a falta de materiais, a falta

de trabalho coletivo, as dificuldades encontradas no clube e dividir o espaço de aula

com outros professores. Também é importante ressaltar que todos esses fatores se

relacionam entre eles há todo momento.

Para finalizar a nossa compreensão, não podemos esquecer que os fatores que se

relacionam com a falta de organização da rede municipal também estão diretamente

relacionados com os fatores da falta de organização da escola, ou seja, todos esses

fatores dificultadores estão há todo momento entrelaçados pela complexidade que esta

instaurada no cotidiano escolar.

148

Dimensão Instrucional/Pedagógica

- Formação profissional insuficiente

A falta de formação profissional é um fator dificultador que se encaixa na

dimensão Instrucional/Pedagógica. Em nossas observações na escola pesquisada

identificamos essa questão. Segundo os profissionais da Educação entrevistados, a

formação inicial está muito distante da realidade vivenciada no cotidiano escolar e

depois de formados os docentes não conseguem continuar sua formação por falta de

tempo ou de recursos financeiros. Os professores sentem dificuldade de ministrar aulas

para os alunos com necessidades especiais, de realizar adaptações de materiais, de lidar

com a indisciplina e a falta de compromisso dos alunos. Um programa de formação

continuada focando as dificuldades pedagógicas poderia ajudar a professor a solucionar

os problemas que ele enfrenta cotidianamente durante as suas aulas de EF na escola.

Santini e Molina Neto (2005) e Tokuyochi et al (2008) trazem em suas pesquisas

a questão da formação insuficiente do professor como uma das dificuldades do

cotidiano escolar para que exista uma boa prática pedagógica. Os autores apontam

principalmente para as dificuldades de existir uma formação continuada adequada e

consistente para melhorar a qualidade do ensino.

Paro (1996) reflete em sua pesquisa sobre a formação dos profissionais da

Educação que está muito distante da realidade enfrentada pelos docentes em seu

cotidiano. O autor menciona que os professores estão descontentes com a realidade do

seu trabalho na escola pública, principalmente com seus alunos, porque estão muito

distantes de trabalhar da forma que aprenderam na Universidade. Isso ocorreu após a

“democratização do ensino público” que se acentuou durante a década de 50, pois os

alunos que passaram a frequentar a escola não correspondem mais aos estímulos dos

professores e a formação continuada continua sendo realizada de uma forma que o

docente aprende apenas a ensinar um aluno que deixou de existir na escola pública

brasileira. Resumindo, a realidade enfrentada pelos professores está muito distante da

formação inicial e continuada que os acadêmicos estão proporcionando.

Paro (2011) também identificou na sua pesquisa que os professores consideram a

formação profissional inicial feita pela Universidade muito distante da realidade

vivenciada no cotidiano escolar público. Além disso, os profissionais da Educação

entrevistados por ele cobram mais cursos de capacitação para conseguir enfrentar com

mais qualidade os problemas desse cotidiano.

149

Penin (2011) comenta que os professores não receberam formação profissional

adequada para ensinar os alunos pobres, que possuem algumas características que

dificulta o processo de ensino e aprendizagem. Esses alunos normalmente não contam

com ninguém para ajudar nas tarefas de casa e possuem uma cultura muito diferente

daquela esperada pela escola.

- Dificuldade dos alunos

Durante as entrevistas e as observações na escola pesquisada identificamos que

os alunos apresentam dificuldade de concentração e de atenção, se envolvem pouco na

aula, não possuem interesse, apresentam dificuldade na leitura e na escrita e, muitas

vezes, não conseguem realizar atividades que necessitam de mais reflexão. Todas essas

dificuldades dos alunos se encaixam na questão Instrucional/Pedagógica, pois os

professores também sentem dificuldade de ensinar alunos com tantas limitações, se

sentindo muitas vezes impossibilitado de ajudar esses alunos no processo de

aprendizagem dos conteúdos.

Claro Junior e Figueiras (2009) apontaram em sua pesquisa que a falta de

atenção dos alunos é um fator que dificulta a prática pedagógica do professor de EF.

Isso ocorreu principalmente porque os docentes não conseguem individualizar o ensino

de acordo com as dificuldades, pela quantidade de alunos na turma e deficiência na sua

formação profissional.

- Falta de condições para a educação inclusiva

Os profissionais da educação entrevistados relataram falta de preparo para

ministrar aulas para alunos com necessidades especiais. Esse fator dificultador se

encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica porque falta conhecimento para esses

profissionais conseguirem preparar e aplicar as suas aulas incluindo realmente esses

alunos. Durante as observações realizadas na escola pesquisada, ficou claro que os

docentes queriam e tentavam incluir os alunos nas suas aulas em determinadas

dinâmicas, porém em muitos momentos não foi possível a participação desses alunos

integralmente na aula.

- Número elevado de alunos por turma

O número elevado de alunos por turma também é um fator dificultador que se

encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica. Isso ocorre principalmente porque os

150

professores necessitam modificar completamente a dinâmica da sua aula para conseguir

que todos os alunos participem e, mesmo que tentem, muitas vezes essa participação se

torna impossibilitada. Essa questão ficou evidente quando a professora de EF tentou

realizar um jogo de queimada e a dinâmica da aula não deu muito certo porque havia

alunos demais na turma.

Em suas pesquisas, Claro Junior e Figueiras (2009), Gaspari et al (2006), Santini

e Molina Neto (2005), Tokuyochi et al (2008) e Zagury (2009) mostraram que o número

elevado de alunos por turma é uma das principais dificuldades vivenciadas diariamente

no cotidiano escolar dos professores. Nas aulas de EF observadas, os professores tinham

dificuldades em organizar a aula com a participação de todas as crianças e adolescentes

devido à grande quantidade de alunos na mesma turma.

Paro (2011) menciona que em muitas escolas públicas o número de alunos pode

chegar até 45 crianças e adolescentes na mesma turma. Até os estudiosos mais

conservadores consideram que o número máximo de alunos para se ensinar

razoavelmente, não pode ultrapassar 25, principalmente no Ensino Fundamental.

Penin (2011) já trazia relato de professores na época da realização da sua

pesquisa do número elevado de alunos por turma. Juntando com as dificuldades que

esses alunos possuem, se torna muito difícil sanar todas as dúvidas e possibilitar um

ensino de qualidade nas escolas públicas.

Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender os fatores

dificultadores que se encaixam na dimensão Instrucional/Pedagógica.

151

INSTRUCIONAL / PEDAGÓGICA

Formação profissional insuficiente

Falta de condições para a educação inclusiva

Dificuldade dos alunos

Número elevado de alunos por turma

Esquema 2 – Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São

Paulo da dimensão Instrucional/Pedagógica

A formação profissional insuficiente é um fator dificultador que se relaciona

com a falta de preparo pedagógico dos professores para lidar com as dificuldades dos

alunos, com o número elevado de alunos por turma e com a falta de condições para a

educação inclusiva. Esses fatores também se relacionam entre si dificultando ainda mais

a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo.

Dimensão Sociopolítica/Cultural

- Cultura dos alunos com os estudos

A cultura dos alunos com os estudos é um fator dificultador que se encaixa na

dimensão sociopolítica/Cultural. Isso ocorre porque as famílias dos alunos já trazem

muitos problemas de ordem social, o aluno e a comunidade apresentam uma cultura em

relação à aula de EF, imaginando que nesse momento o aluno vai apenas praticar

esportes, os próprios alunos já trazem resistências culturais em relação há determinados

conteúdos, os alunos que se acostumaram com a didática de um professor não aceitam

facilmente outra dinâmica de aula, por questões culturais os alunos não aceitam

facilmente realizar alguma atividade dentro da sala de aula, as crianças e adolescentes já

152

apresentam a sexualidade muito aflorada e não se preocupam com os estudos, mesmo

que o professor comente para usar um tipo de vestimenta, os alunos utilizam outra,

muitas vezes de propósito, para não participar da aula de EF, e muitos alunos não

participam da aula e não estão preocupados com essa atitude.

Claro Junior e Figueiras (2009), Gaspari et al (2006), Tokuyochi et al (2008)

Zagury (2009) também mostram em seus estudos que foi criada uma cultura entre os

alunos de total desinteresse pela escola e, consequentemente, pela aula de EF.

Na pesquisa realizada por Paro (1996) foi relatado o desinteresse dos alunos

pelos estudos. Os adolescentes preferem conversar durante as aulas e não estão

preocupados com os conteúdos a serem aprendidos. Muitos jovens acreditam que a

escola é um local onde eles se encontram para conversar e “brincar um pouco”.

As professoras entrevistas na pesquisa realizada por Penin (2011) também

mencionaram que o desinteresse dos alunos pelos estudos é um dos fatores que ocasiona

o fracasso escolar. Em muitos momentos os alunos estão desmotivados para aprender e

preferem realizar outras atividades em comparação com estudar.

- Indisciplina dos alunos

A indisciplina dos alunos dentro da escola pública foi um dos fatores que mais

dificultaram a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo.

A questão da indisciplina esteve presente nas entrevistas realizadas com os profissionais

da Educação e em muitos momentos durante as observações na escola pesquisada. A

questão da indisciplina se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque se tornou

um fator cultural não respeitar nenhum dos profissionais que trabalham dentro da escola

e ser violento em muitos momentos com essas pessoas. Nas aulas observadas no Ensino

Fundamental (ciclo I e II) os alunos entravam em confronto com os professores,

estragavam o material, não respeitavam as regras da aula e não estavam preocupados em

alterar a sua postura.

Claro Junior e Figueiras (2009), Gaspari et al (2006), Santini e Molina Neto

(2005), Tokuyochi et al (2008) e Zagury (2009) encontraram em seus estudos que a

indisciplina dos alunos é um dos fatores que dificultam a prática pedagógica de todos os

professores das disciplinas que compõe o currículo escolar.

Paro (1996) também mostrou em sua pesquisa que os profissionais da Educação

consideram a indisciplina dos alunos com um dos principais fatores que dificultam a

prática pedagógica dos docentes. As crianças e adolescentes são agressivas com os

153

professores em alguns momentos, brigam entre eles, soltam bombas dentro da sala de

aula, usam drogas na escola e faltam com respeito com todos os funcionários da unidade

escolar.

Penin (2011) descreve nos relatos dos profissionais da Educação entrevistados

por ela que a indisciplina dos alunos se mostrou como um fator dificultador para a

efetivação de uma prática pedagógica adequada.

- Falta de condições para a educação inclusiva

A falta de condições para incluir os alunos com necessidades especiais também

se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural. Isso ocorreu porque muitas vezes a

própria estrutura escolar não possibilita que esses alunos sejam incluídos realmente na

aula. Na escola pesquisada, havia muitos alunos com necessidades especiais nos dois

ciclos do Ensino Fundamental, porém havia apenas uma pessoa para ajudar todos os

professores com esses alunos, dificultando a implementação da proposta curricular.

Além disso, não existem materiais específicos para trabalhar com esses alunos e o

próprio espaço onde ocorre a aula de EF não era adequado. Mesmo com a

obrigatoriedade da escola de oferecer vagas para esses alunos, questões políticas de

implementação da inclusão ainda não estão presentes no cotidiano escolar público.

- Visão da disciplina de EF

A visão que os outros profissionais da educação criaram da disciplina de EF é

um dos fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo. Acreditamos que esse fator dificultador se encaixa na

dimensão Sociopolítica/Cultural porque foi criada uma cultura dos objetivos dessa

componente curricular pelos outros profissionais. Na escola pesquisada, nos foi relatado

durante as entrevistas que a EF ainda é vista como algo secundário e utilizada para

queimar a energia dos alunos. Durante as observações, uma professora polivalente não

permitiu que um dos alunos fosse para a aula de EF até terminar todas as tarefas

propostas na sua aula.

Gaspari et al (2006) e Tokuyochi et al (2008) relataram em seus estudos que a

visão que os outros profissionais da educação criaram da disciplina de EF dificulta a

prática pedagógica desse professor, pois em muitos momentos os docentes das outras

disciplinas não enxergam a importância da EF e não permitem a participação efetiva

desse professor nas decisões da escola.

154

- Implicações da aula de EF

Existe uma cultura dentro das escolas que a aula deve ser realizada com todos os

alunos sentados nas carteiras e prestando atenção nos docentes que estão ministrando

aquela aula. A aula de EF normalmente não é realizada dessa forma e, por conta disso,

outros profissionais que trabalham na escola reclamam da sua dinâmica. Nessa aula

normalmente, os alunos precisam sair da sala para ir até a “quadra” para realizar as

tarefas propostas e no caso da escola pesquisada, necessitaram algumas vezes caminhar

até o clube próximo da unidade escolar ou participar de competições. Esse fator

dificultador se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural devido a essa cultura criada

pela própria escola de como deve ser realizada uma aula.

Em sua pesquisa Gaspari et al (2006) também apontaram que os outros

profissionais que estão no cotidiano escolar não entendem a dinâmica da aula de EF e

reclamam quando a aula desse professor está causando muito barulho ou do

deslocamento dos alunos até o espaço que a aula será realizada.

- Baixa remuneração

A baixa remuneração que os profissionais da Educação recebem mensalmente é

um dos fatores dificultadores que se encaixam na dimensão Sociopolítica/Cultural,

porque a própria gestão pública decide qual será o salário desses profissionais e,

ultimamente, essas pessoas não estão recebendo um salário compatível com a

responsabilidade das suas atribuições. Durante a greve realizada esse ano, um dos

principais pontos que estavam na pauta para discussão era a questão salarial e nada foi

alterado em relação ao salário desses profissionais.

Gaspari et al (2006) e Zagury (2009) também trouxeram nas suas pesquisas que

a baixa remuneração dos profissionais de educação dificultam a sua prática pedagógica

na escola. Diversos outros fatores que dificultam a implementação da proposta

curricular do município de São Paulo trazem consigo essa questão da baixa

remuneração, principalmente a jornada de trabalho extensa que esses profissionais se

submetem diariamente para aumentar as suas rendas.

Paro (1996) aponta em sua pesquisa que os docentes recebem muito pouco pelo

seu trabalho e acabam tendo que trabalhar em mais de uma escola para poder receber

um salário digno. Sem contar que as professoras ainda acumulam o trabalho doméstico

dentro dos seus afazeres diários.

155

Paro (2011) compara a disparidade entre os salários dos professores da Educação

Básica com os professores universitários. Na visão do autor, isso ocorre por conta da

maior valorização do trabalho universitário, porque esse ensino sempre foi dedicado

para as camadas mais ricas da população. Os docentes da Educação Básica trabalham

com alunos que estão em processo de formação da personalidade e eles precisam de

diversos conhecimentos para atuar com essas crianças e adolescentes. Dessa forma, o

plano salarial do professor que atua no Ensino Fundamental e Médio deveria ser tão

valorizado quanto daqueles que ensinam no Ensino Superior, por conta de todos os

objetivos educacionais que são cobrados e necessitam ser atingidos por eles.

Penin (2011) também demonstra nas entrevistas realizadas com os profissionais

da Educação da escola pesquisada por ela que os baixos salários é um fator que dificulta

a prática pedagógica do professor e o torna desmotivado para encarar os problemas que

ocorrem no cotidiano escolar diariamente.

- Jornada de trabalho extensa

A jornada de trabalho extensa é um fator dificultador que se encaixa na

dimensão Sociopolítica/Cultural. Isso ocorreu principalmente porque os profissionais da

Educação necessitam trabalhar em mais de uma escola para poder ter um salário digno.

Essa quantidade grande de aulas ministradas durante o dia faz com que o docente tenha

que assumir muitas turmas no ano, dificultando a elaboração de boas aulas, a correção

dos trabalhos, diminuindo consideravelmente a paciência e prejudicando a sua formação

continuada.

De acordo com Gaspari et al (2006), Santini e Molina Neto (2005) e Zagury

(2009) a jornada de trabalho extensa dos profissionais que atuam na escola é um fator

que dificulta muito a prática pedagógica, principalmente porque esses profissionais não

conseguem focar toda a sua atenção apenas para uma escola, prejudicando a qualidade

do ensino, diminuindo a paciência e a ocasionando falta de tempo para continuar a sua

formação continuada.

Como já mencionado, a jornada de trabalho extensa é um reflexo da baixa

remuneração recebida pelos profissionais da Educação. Em muitas situações existe a

necessidade de acumular dois ou três empregos para poder receber um salário digno e

isso influência negativamente no seu trabalho (PARO, 1996).

156

- Função social da escola

Durante muitos anos a escola teve a função social de ensinar os conteúdos das

diferentes disciplinas que compõe o currículo. Com o passar dos anos, a escola foi

alterando a sua função social porque começou a receber alunos de diferentes camadas

sociais que antes não permaneciam nas unidades escolares. Nas entrevistas realizadas,

nos foi relatado que existe cobrança da comunidade para que os alunos entrem no

mercado de trabalho, passem no vestibular ou no vestibulinho, mesmo que a função

social da escola pública tenha se expandido. Essa incoerência entre o que a escola pode

oferecer e a cobrança realizada pela sociedade se encaixa na dimensão

Sociopolítica/Cultural.

- Descontentamento profissional

Nas entrevistas realizadas, os profissionais da educação relataram que alguns

professores estão desanimados e se empenhando cada vez menos nas suas atribuições.

Esse fator dificultador se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural, porque o

desanimo e a falta de empenho é o resultado dos diversos problemas enfrentados por

esses profissionais em todos os dias de trabalho. Quase todos os fatores dificultadores

que se encaixam nessa dimensão fazem com que os docentes fiquem descontentes com

o seu trabalho e, por consequência, se sintam desanimados para continuar realizando as

suas funções com qualidade.

O descontentamento com a profissão dos profissionais da Educação também foi

identificado no estudo desenvolvido por Paro (1996). Segundo o autor, os professores

sentem o desprestígio da profissão docente e em alguns momentos sentem até vergonha

quando necessitam mencionar a sua ocupação profissional, pois se sentem

inferiorizados socialmente.

- Resistência dos professores

Identificamos na escola pesquisada que os professores mais experientes criaram

uma resistência frente à proposta curricular do município de São Paulo. Esse fator

dificultador se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque esses docentes

tiveram outra formação e se acostumaram a ministrar as suas aulas de outra forma.

Durante os anos, as propostas curriculares vão se alterando de acordo com os interesses

de quem está no poder e os profissionais da Educação precisam se acostumar e

157

modificar a sua forma de atuação de acordo com essas mudanças, que ocorrem devido a

diversos interesses políticos daquele momento da sociedade.

- Relação aluno-aluno

Esse fator dificultador se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque os

alunos da escola pesquisada pertencem a diferentes classes econômicas e necessitam

conviver no mesmo ambiente diariamente. Essas diferenças econômicas ocasionam

problemas no cotidiano escolar, pois os alunos ficam comparando quem está utilizando

o melhor tênis ou usando a melhor marca. Nessa situação, os profissionais da Educação

necessitam mediar esses conflitos ocasionados por essas diferenças.

Paro (1996) também ressalta em sua pesquisa a dificuldade existente devido aos

conflitos gerados nas relações entre os alunos. Nos depoimentos coletados pelo autor foi

mencionado que os alunos brigam entre eles, causando em alguns momentos ferimentos

sérios entre os envolvidos.

- Relação escola-comunidade inadequada

Os profissionais da educação entrevistados relataram que a família não é

presente no acompanhamento da vida escolar de muitos alunos. No projeto pedagógico

dessa unidade escolar também é citado que a família está presente na escola para

realizar cobranças, mas não ajuda no acompanhamento da vida escolar dos alunos. Esse

fator dificultador se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque criou-se uma

cultura na escola pública que a família não necessita acompanhar a vida escolar dos

alunos, colocando toda a sobrecarga da aprendizagem das crianças e adolescentes nos

profissionais que atuam na escola.

Gaspari et al (2006) e Zagury (2009) mostraram em seus estudos que a relação

conturbada entre a escola e a comunidade dificulta a prática pedagógica dos professores

diariamente. Na nossa pesquisa os profissionais entrevistados relataram a dificuldade

que eles têm com alunos que a família não acompanha a vida escolar, deixando esses

adolescentes tomarem decisões sem respaldo nenhum dos adultos que convivem com

eles. Outra questão importante que apareceu nessa pesquisa foi a cultura da comunidade

com a disciplina de EF. Os profissionais entrevistados relataram que muitos familiares

reclamam do professor que não permite seus filhos jogar futebol porque quer ensinar

outros conteúdos ou utilizar outras estratégias além das atividades práticas.

158

Na visão dos profissionais da Educação entrevistados por Paro (1996) a família

não mantém uma relação adequada com a escola pública que os filhos estudam. Em

muitos momentos, os familiares delegam a escola todo o processo educacional das

crianças e adolescentes, sem querer participar efetivamente desse acompanhamento

escolar. Na pesquisa também é relatado que os pais necessitam deixar os filhos na

escola por um tempo cada vez mais prolongado devido a vida atribulada da sociedade

moderna, porém diminuem de forma considerável o tempo que estão disponíveis para

acompanhar o processo educacional dos filhos.

O autor ainda traz o depoimento de toda a comunidade escolar relacionado a

importância da participação dos pais no processo de ensino-aprendizagem dos filhos,

porém na escola pública, essa ajuda nem sempre ocorre devido a falta de tempo, de

interesse ou de condições para ajudar os jovens nas tarefas diárias (PARO, 1996).

Penin (2011) também apontou em seu estudo que na representação das

professoras entrevistadas, as famílias de muitos alunos que estudam na escola pública

são desorganizadas, não dão a atenção necessária, não possuem tempo para acompanhar

a vida escolar dos filhos, devido à carga de trabalho e a falta de condições culturais e

educativas.

Trânsito

Durante as entrevistas nos foi relatado que um dos fatores que dificultam a

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo é o trânsito

enfrentado pelos profissionais da Educação que acumulam cargos e precisam se

locomover entre as escolas que trabalham durante o dia. O trânsito se encaixa na

dimensão Sociopolítica/Cultural porque esse é um problema relacionado com as

políticas publicas organizadas pelo poder público em relação ao transporte na cidade de

São Paulo, que se torna cada dia mais caótico e interfere no trabalho de todos os

profissionais que necessitam se locomover durante o dia na cidade.

- Falta de organização da rede municipal

A organização da rede municipal é um fator dificultador que também se encaixa

na dimensão Sociopolítica/Cultural. Isso acontece porque existe uma estrutura que deve

ser seguida e cumprida pelas escolas, não permitindo total autonomia nas ações que

precisam ser realizadas no cotidiano escolar público. Além disso, o poder público vem

159

instituindo aumento do número de dias letivos com alunos há algum tempo, diminuindo

a possibilidade de formações realizadas dentro da própria escola.

- Relação interpessoal profissional

Outro fator que se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural é a relação

interpessoal profissional dentro da unidade escolar. Os profissionais da educação

relataram que em algumas situações existe pouco respaldo por parte da gestão nas

situações que ocorrem no cotidiano escolar e no Ensino Fundamental I a professora de

EF relata a dificuldade de relacionamento com algumas professoras polivalentes, pois

elas reclamam quando existe algum atraso para buscar as suas turmas, dificultando a

possibilidade de trocar experiências em vista de melhorar a qualidade do ensino.

O relacionamento complicado de todos os profissionais que trabalham dentro do

ambiente escolar é um dos fatores que dificulta a implementação da proposta curricular

de EF do município de São Paulo. Gaspari et al (2006) e Tokuyochi et al (2008)

também apontaram em seus estudos que o relacionamento do professor de EF com os

diretores e coordenadores pedagógicos nem sempre é satisfatório, além dos problemas

que surgem com os professores das outras disciplinas que compõe o currículo escolar.

Paro (1996) escreve um capítulo em seu livro que descreve apenas as relações

interpessoais dentro da escola. Em seu estudo ele também identificou os conflitos

existentes entre o corpo gestor e os professores e entre os próprios docentes. Essas

relações conflituosas dificulta a implementação da proposta curricular de EF ou de

qualquer outro componente curricular, porque muitas vezes a falta de entendimento

entre os profissionais da Educação que trabalham juntos emperra muitas ações que

necessitam ser desenvolvidas.

- Número elevado de alunos por turma

Turmas com muitos alunos prejudica a implementação da proposta curricular de

EF. Identificamos na escola pesquisada, como aumenta a dificuldade dos professores

nas turmas com mais alunos. Juntando isso com o espaço físico inadequado e com a

falta de materiais, se torna muito difícil ministrar uma boa aula para os alunos. Esse

fator se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque os órgãos competentes

estipulam o número mínimo e máximo de alunos que cada sala de aula pode ter,

forçando as unidades escolares há deixarem as salas com muitos alunos, caso exista

procura da comunidade para matricular as crianças e adolescentes na escola.

160

- Liberação dos responsáveis

Durante a nossa estadia na escola observando as aulas do Ensino Fundamental

II, identificamos que alguns responsáveis dos alunos não permitiram que houvesse a

saída desses adolescentes para um clube próximo. Era importante que todos os alunos

pudessem ir ao clube para o professor de EF conseguir ministrar as suas aulas para

todos da turma. Aqueles alunos que não tinham a liberação ficavam na escola realizando

atividades teóricas elaboradas pelo docente. Esse fator dificultador se encaixa na

dimensão Sociopolítica/Cultural porque os próprios responsáveis em alguns momentos

não permitem que seus filhos realizem atividades diferenciadas desse componente

curricular por não acreditarem que os aprendizados advindos dessa aula sejam

importantes.

- Restrição médica

A restrição médica é um fator dificultador que se encaixa na dimensão

Sociopolítica/Cultural, pois um dos alunos do Ensino Fundamental I foi proibido pelo

médico de participar das aulas de EF por estar com excesso de peso e pressão alta,

devido ao entendimento cultural que esse profissional da saúde possui em relação à aula

de EF na escola. A proibição da participação na aula não possibilitou o aluno a aprender

os conteúdos desse componente curricular e não permitiu que a professora realizasse

qualquer tipo de adaptação na sua aula para que essa criança pudesse realizar as

atividades propostas sem risco para a sua saúde.

GREVE

Durante as observações realizadas no cotidiano escolar foi realizada uma greve

entre os profissionais da Educação que pediam diversas reivindicações para melhorar as

suas condições de trabalho. Não consideramos a greve como um fator dificultador,

porém ela faz parte da dimensão Sociopolítica/Cultural e necessita ser citada no

trabalho, pois os próprios órgãos competentes que estipulam as condições que todas as

pessoas que trabalham com educação vão ter durante o seu cotidiano. Dessa forma,

existiam diversos pedidos de mudanças enviados para o governo, mas poucos foram

atendidos. Isso demonstra que os profissionais da Educação passam por diversas

dificuldades profissionais que poderiam ser resolvidas se houvesse interesse político

para solucionar esses problemas.

161

Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender os fatores

dificultadores que se encaixam na dimensão Sociopolítica/Cultural.

Descontentamento profissional

Jornada de trabalho extensaBaixa remuneração

Greve

Visão da disciplina de EF

Função social da escola

Trânsito

Resistência dos professores

Falta de condições para a educação inclusivaNúmero elevado de alunos por turma

Indisciplina dos alunos Relação escola-comunidade

inadequada

Relação aluno-aluno Liberação dos responsáveis

Falta de organização da rede municipal

Cultura do aluno com os estudos

Implicações da aula de EF

SOCIOPOLÍTICO/CULTURAL

Relação interpessoal profissional

Esquema 3 – Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São

Paulo da dimensão Sociopolítica/Cultural

O descontentamento profissional é o fator dificultador que acaba sendo a grande

consequência de todos os outros fatores dificultadores identificados pela pesquisa. A

baixa remuneração faz com que o profissional da Educação aumente a sua jornada de

trabalho para complementar a sua renda e quando precisa se locomover de um local para

o outro é acometido pelo trânsito caótico da cidade de São Paulo. A organização da rede

municipal por muitas vezes dificulta o trabalho do professor, possibilitando que as salas

de aula fiquem com muitos alunos e não dando condições para que realmente exista a

inclusão das crianças com necessidades especiais na escola básica. Os alunos que

estudam na rede municipal também não possuem a cultura de estudos, levando a

diversos casos de indisciplina dentro da escola, uma relação conflituosa e violenta entre

eles e a pouca participação da família na vida escolar desse aluno aumenta ainda mais

esses conflitos, impossibilitando muitas vezes a liberação desses alunos para realizarem

atividades diferenciadas dentro da escola. Também ocorre dos professores não

compreenderem muito bem a função social da escola pública, pois são cobrados que os

162

alunos aprendem os conteúdos de forma que consigam ser aprovados nos vestibulinhos

e vestibulares, mas ao mesmo tempo tem uma pressão da própria rede municipal

apontando que a função da escola está se alterando. Dessa forma, os professores muitas

vezes se tornam resistentes a trabalhar com os princípios norteadores da proposta

curricular porque não participam efetivamente do seu processo de construção. Além de

tudo isso, os professores de EF sentem em alguns momentos que os outros profissionais

da Educação desvalorizam a sua disciplina, a relação interpessoal desses docentes com

os outros professores é conflituosa em alguns momentos e a sua aula causa alguns

problemas para escola, porque os alunos não ficam sentados nas fileiras normalmente.

Todos esses fatores tornam os profissionais da educação extremamente descontentes e

dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo.

163

6.1.1 - Teia de relações dos fatores que dificultam a implementação da proposta

curricular da EF do município de São Paulo

Para leitura da teia de relações foi criada a seguinte legenda:

Verde – Fatores dificultadores Sociopolíticos/Culturais;

Azul – Fatores dificultadores Institucionais/Organizacionais;

Preto – Fatores dificultadores Instrucionais/Pedagógicos.

Cores mescladas – Fatores dificultadores que se encaixam em diferentes

dimensões

Descontentamento profissionalGreve

IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE EF – FATORES DIFICULTADORES

Esquema 4 – Teia de relações dos fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São

Paulo

A teia de relações dos fatores que dificultam a implementação da proposta

curricular de EF foi criada com o seguinte critério: no centro da teia estão os fatores que

mais prejudicam a implementação da proposta curricular de EF do município de São

Paulo e quanto mais para a periferia da teia, esses fatores vão se tornando menos

prejudiciais.

164

Conseguimos compreender, quando olhamos para a teia, que todos os fatores

identificados na pesquisa se relacionam, independente se estão encaixados nas

dimensões: Institucional/Organizacional, Instrucional/Pedagógica ou

Sociopolítica/Cultural. Além disso, os mesmos fatores dificultadores podem estar

encaixados em dimensões diferentes, mostrando que essas classificações foram criadas

apenas para melhor compreensão dos acontecimentos do cotidiano escolar, mas elas se

relacionam há todo o momento.

Também é possível identificar que a maioria dos fatores que dificultam a

implementação da proposta curricular de EF estão concentrados nas dimensões

Sociopolítica/Cultural e Institucional/Organizacional. Isso demonstra que as maiores

dificuldades enfrentadas pelos professores não são causadas por deficiências

pedagógicas, mas sim por falta de interesse político de resolver questões educacionais e

por questões organizacionais da própria rede de ensino ou internas da própria escola.

Deixamos a greve de fora da teia porque todos os fatores identificados são

problemas que os profissionais da Educação enfrentam diariamente e há muitos anos

tentam resolvê-los realizando manifestações. Esse ano durante a realização da pesquisa,

mais uma tentativa foi realizada, porém não houveram muitas alterações nas condições

de trabalho desses profissionais na realidade escolar.

165

6.2 Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo

Fatores Facilitadores

Entrevista

Observação

Fund 1

Observação

Fund 2

Institucional/Organizacional

Recursos disponíveis x x x

Permanência na escola x x

Organização da rede municipal x

Facilidade de tirar cópias x

Hora de estudo x

Organização da escola x

Educação inclusiva x

Instrucional/Pedagógica

Interesse dos alunos pelas aulas x x x

Clube próximo da escola x x

Ambiente da aula x

Desenvolver projetos diferenciados x

Olhar interdisciplinar x

Perfil do professor x

Adaptação da atividade x x

Competições externas x

Hidratação na aula x

Cooperação na aula x

Educação inclusiva x

Sociopolítica/Cultural

Permanência na escola x x

Relação professor-aluno x x

Empenho dos professores x

Respeitar a diversidade x

Alterações na LDB x

Relação interpessoal profissional x

Organização da rede municipal x

Cooperação na aula x

Participação da família na vida escolar do aluno x

166

Dimensão Institucional/Organizacional

Recursos Disponíveis

Durante as nossas observações na escola pesquisada, identificamos que existem

alguns recursos disponíveis que facilitam a prática pedagógica do professor de EF. Um

momento marcante foi quando a professora precisava de uma sala para mostrar um

filme para os alunos e logo foi atendida no seu pedido. Esse fator facilitador se encaixa

na dimensão Institucional/Organizacional porque a escola consegue se organizar em

algumas situações para adquirir esses recursos.

Permanência na escola

Permanecer na mesma escola é um fator facilitador que foi mencionado nas

entrevistas e identificado nas nossas observações. O professor de EF que está na escola

há algum tempo consegue manter uma relação mais amistosa com as turmas que já

ministra aula há mais tempo e os alunos se acostumam com a sua forma de trabalho,

facilitando a implementação da proposta curricular de EF. Esse fato facilitador se

encaixa na dimensão Institucional/Organizacional porque a própria rede municipal

possibilita que o professor permaneça na mesma unidade escolar pelo tempo que achar

adequado.

Organização da rede municipal

Durante as entrevistas foi mencionado que a rede municipal de ensino possui

uma ótima estrutura administrativa, pois o diretor e os coordenadores pedagógicos são

efetivos, cada unidade escolar possui dois assistentes de direção, sala de informática

com computadores de última geração, diferentes projetos e verbas mensais para

complementar as necessidades pedagógicas do professor. Além disso, atualmente

existem alguns professores de módulo nas escolas. Esses professores não possuem aulas

atribuídas e ficam a disposição da escola para auxiliar o docente da sua disciplina ou

substituir quem faltou naquele dia. Esse fator facilitador se encaixa na Dimensão

Institucional/Organizacional porque a rede de ensino do município se organiza bem

nessas situações para facilitar a implementação de todas as propostas curriculares.

167

Facilidade de tirar cópias

Durante a nossa estádia na escola, identificamos que o professor de EF teve

facilidade de tirar cópias de materiais para as suas aulas, ganhando tempo para realizar

reflexões com os alunos sobre o conteúdo que estava sendo ensinado. Essa possibilidade

de tirar cópias de materiais se encaixa na dimensão Institucional/Organizacional porque

a própria unidade escolar oferece esse recurso para o professor.

Hora de estudo

A hora de estudo é um momento onde o professor é remunerado sem precisar

estar com os alunos em sala de aula para poder refletir sobre a sua prática pedagógica ou

realizar suas obrigações burocráticas. Esse é um fator facilitador que se encaixa na

dimensão Institucional/Organizacional porque a própria rede de ensino possibilita esse

momento para o professor. Identificamos em nossas observações que a docente de EF,

em muitos momentos realizou discussões com as professoras polivalentes sobre as

turmas nesse momento, na tentativa de melhorar a qualidade do ensino para os alunos.

Organização da escola

A organização da escola é um fator facilitador que se encaixa na dimensão

Institucional/Organizacional. Identificamos durante a observação, que a escola se

organiza para que a hora de estudo da professora seja realizada quando as turmas estão

realizando intervalo. Essa organização é positiva, porque a aula de EF ocorre no mesmo

espaço desse intervalo e, com essa organização, a professora pode utilizar o espaço em

todas as suas aulas caso tenha necessidade.

Educação Inclusiva

Possibilitar uma educação que seja inclusiva é um fator que facilita a

implementação da proposta curricular de EF. Na escola pesquisada, conseguimos

identificar apenas em um momento uma ação que possibilitava a inclusão dos alunos

com necessidades especiais. Existe apenas uma cuidadora na escola que ajuda diversas

crianças com necessidades especiais. Em uma das aulas observadas, essa profissional

ajudou um menino cadeirante a participar da aula de EF. Acreditamos que esse fator se

encaixa na dimensão Institucional/Organizacional, porque mesmo com todas as

dificuldades, a organização interna desses profissionais possibilitou a inclusão dessa

criança na aula.

168

Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender os fatores

facilitadores que se encaixam na dimensão Institucional/Organizacional.

Organização da rede municipal

Organização da escola

Recursos disponíveisPermanência na escola

Facilidade de tirar cópias Hora de estudoEducação inclusiva

INSTITUCIONAL /ORGANIZACIONAL

Esquema 5 – Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do município de São

Paulo da dimensão Institucional/Organizacional

Dentro os fatores facilitadores identificados nessa dimensão, percebemos que a

organização da rede municipal está relacionada com a permanência do professor na

escola por um longo período e com os recursos que estão disponíveis naquela unidade

escolar, pois é a própria rede de ensino que se organiza para que esses fatores

facilitadores ocorram de forma efetiva. Também notamos que a organização da escola

está relacionada com a facilidade de tirar cópias de materiais, com as condições

adequadas para ocorrer a educação inclusiva e com a organização da realização da hora

de estudo pelo professor. Além disso, é importante salientar que a organização da rede

municipal influencia diretamente a organização da escola que por sua vez, também

acaba influenciando a organização da rede municipal.

169

Dimensão Instrucional/Pedagógica

Interesse dos alunos pelas aulas

Um dos fatores facilitadores que apareceu tanto nas entrevistas quanto nas

observações foi o interesse dos alunos pela aula de EF. Esse fator se encaixa na

dimensão Instrucional/Pedagógica porque a própria dinâmica da aula dessa disciplina

estimula muitos alunos a participarem efetivamente da aula, principalmente as crianças

do Ensino Fundamental I. Importante ressaltar que esse interesse não é contemplado por

todos os alunos e não minimiza alguns fatores dificultadores destacados acima.

Clube próximo da escola

Ter um clube próximo da escola facilitou a prática pedagógica dos professores

de EF. Encaixamos esse fator na Dimensão Instrucional/Pedagógica porque o docente

aproveitou que poderia utilizar esse espaço e organizou as suas aulas para utilizá-lo e

atingir seus objetivos educacionais.

Ambiente de aula

Criar um ambiente de aula adequado é um fator facilitador que se encaixa na

dimensão Instrucional/Pedagógica. Isso ocorre porque o professor organiza a sua aula e

já deixa o espaço todo preparado para que os alunos cheguem e comecem a realizar as

atividades propostas. Essa organização diminui os problemas que podem ocorrer

durante a aula e facilita a implementação da proposta curricular de EF.

Desenvolver projetos diferenciados

Ter a possibilidade de criar e desenvolver projetos diferenciados com fins

pedagógicos é um fator que facilita a prática pedagógica do professor. Acreditamos que

esse fator facilitador se encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica porque o

professor necessita de conhecimentos pedagógicos específicos para desenvolver esses

projetos de acordo com os interesses educacionais da escola. Durante a entrevista

realizada na unidade escolar pesquisada, foi mencionado que a escola possui projetos

para tentar melhorar a convivência dos alunos e os professores tentam colocar em

prática durante as suas aulas.

170

Olhar Interdisciplinar

Nas entrevistas realizadas com os profissionais da Educação, nos foi relatado

que os professores que chegam à escola com um olhar interdisciplinar conseguem

desenvolver melhor a sua prática pedagógica e, consequentemente, implementar a

proposta curricular da sua área. Esse fator facilitador se encaixa na dimensão

Instrucional/Pedagógica porque o professor necessita conhecer um pouco dos conteúdos

das diversas disciplinas que compõe o currículo escolar para criar esse olhar, além de ter

humildade de reconhecer que todas as disciplinas são importantes para o crescimento e

aprendizagem dos alunos.

Perfil do professor

Ter um perfil para trabalhar com um determinado nível de escolaridade se

encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica, pois os professores são formados para

ensinar os conteúdos para alunos de todas as idades, porém aquele que consegue

identificar que sua prática pedagógica é mais adequada para determinadas pessoas, vai

conseguir ministrar melhores aulas, caso consiga ensinar para aquela faixa etária.

Adaptação da atividade

Conseguir identificar que alterar uma atividade no momento correto, porque a

aula não está correndo da forma como foi planejada é um fator facilitador que se

encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica. Isso ocorre, pois construir esse olhar e ter

recursos para alterar uma atividade demonstra uma maturidade pedagógica que é

construída com muita experiência prática e grande repertório teórico.

Competições Externas

As competições externas são vistas muitas vezes como uma forma dos

professores treinarem os alunos mais habilidosos e excluírem os jovens com menos

habilidade das aulas de EF, mas na escola pesquisada, o professor utilizou essas

competições como um recurso pedagógico para ensinar o conteúdo de atletismo para

todos os alunos. Ele filmou as competições e depois mostrou os vídeos para todas as

turmas, ensinando as provas que constituem o atletismo. Esse fator facilitador se

encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica porque o professor utilizou as

competições como um recurso pedagógico para que todos os alunos entendessem sobre

o conteúdo que estava sendo desenvolvido.

171

Hidratação na aula

A professora de EF do Ensino Fundamental I combinou com as crianças que elas

poderiam trazer garrafas com água para se hidratarem durante a aula. Esse acordo

realizado melhorou a prática pedagógica da professora que não precisou parar a aula

para que os alunos bebessem água e ganhou mais tempo efetivo de participação das

atividades pelas crianças. Esse é um fator facilitador que se encaixa na dimensão

Instrucional/Pedagógica porque a docente pensou nesse acordo com o intuito de

melhorar a sua prática pedagógica e a qualidade do ensino para as crianças.

Cooperação na aula

Durante as aulas observadas no Ensino Fundamental I, as crianças cooperaram

em alguns momentos da aula para que os alunos com necessidades especiais

participassem da atividade. Esse fator facilitador se encaixa na dimensão

Instrucional/Pedagógica porque essa cooperação influenciou positivamente no

andamento da aula da professora, possibilitando que ela pudesse propor atividades em

que todos participassem independente das suas limitações.

Educação Inclusiva

A educação inclusiva é um fator facilitador que também se encaixa na dimensão

Instrucional/Pedagógica. Isso ocorre porque a professora se sentiu mais segura em

relação a participação do garoto com necessidades especiais quando a cuidadora estava

presente na aula. A docente tirou dúvidas com essa profissional e esse trabalho em

conjunto possibilitou a inclusão desse aluno na aula, influenciando positivamente na sua

prática pedagógica.

Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender os fatores

facilitadores que se encaixam na dimensão Instrucional/Pedagógica.

172

INSTRUCIONAL / PEDAGÓGICA

Interesse dos alunos pelas aulas

Cooperação na aula

Hidratação na aula

Competições externas

Ambiente da aula

Clube próximo

da escola

Desenvolver projetos diferenciados

Olhar interdisciplinar

Perfil do professor

Esquema 6 – Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do município de São

Paulo da dimensão Instrucional/Pedagógica

Dentre os fatores facilitadores identificados nessa dimensão, percebemos que o

interesse dos alunos pelas aulas de EF ocorre porque o professor utiliza as competições

externas para ensinar toda a turma sobre o conteúdo que está sendo ensinado, cria um

ambiente de aula adequado para atingir seus objetivos, utiliza um clube que está

localizado próximo da escola para desenvolver algumas atividades diferenciadas e

desenvolve projetos diferentes na escola com todo o grupo de docentes devido ao seu

olhar interdisciplinar. Dessa forma, os alunos acabam cooperando na aula,

principalmente ajudando as crianças e adolescentes que possuem algum tipo de

necessidade especial e trazem garrafas de água nas aulas do Ensino Fundamental I para

que a professora não precise parar a sua aula durante a hidratação. Importante ressaltar

que todos esses fatores também se relacionam entre si.

O perfil do professor é muito importante para que existam boas decisões

pedagógicas durante as aulas e que todos os fatores facilitadores que foram identificados

ocorram de forma positiva e ajudem na implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo.

173

Dimensão Sociopolítica/Cultural

Permanência na escola

Identificamos durante as observações na escola pesquisada, que o professor de

EF permanece nessa unidade escolar há alguns anos. Fica claro que a sua boa relação

com algumas turmas foi construída com esse processo de permanência e isso facilitou a

sua prática pedagógica. Acreditamos que esse fator facilitador se encaixa na dimensão

Sociopolítica/Cultural porque a rede municipal possibilita que o docente fique na escola

pelo tempo que achar necessário e acumule pontos para a atribuição de aula nessa

unidade escolar todos os anos.

Relação professor-aluno

A boa relação entre professores e alunos é um fator que facilita a implementação

da proposta curricular de EF do município de São Paulo. Segundo os profissionais da

Educação entrevistados, os professores dessa disciplina normalmente mantêm uma

melhor relação com os alunos. Esse fator facilitou se encaixa na dimensão

Sociopolítica/Cultural, pois essa forma de se relacionar do professor de EF é construída

culturalmente pelo próprio perfil desse professor.

Empenho dos professores

Nas entrevistas realizadas na escola pesquisada, foi mencionado que os

professores de EF da escola são empenhados para atingir os seus objetivos

educacionais. Esse empenho se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque o

docente necessita lidar com todos os fatores que dificultam o seu trabalho e, mesmo

assim, ainda se empenhar ao máximo para conseguir realizar um bom trabalho. Essa

vontade de ministrar boas aulas tem um componente social muito forte inserido.

Respeitar a diversidade

Temos na escola pública profissionais da Educação e alunos de diferentes etnias,

gêneros, opções sexuais e poder aquisitivo. Respeitar essa diversidade cultural é um

fator facilitador que se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural, pois conviver com

essa diversidade é uma escolha de respeitar as diferentes culturas e formas de se

expressar das pessoas que convivem na nossa sociedade, e na escola todas essas

expressões culturais se afloram de forma demasiada.

174

Alterações na LDB

Um dos entrevistados mencionou que as alterações realizadas na LDB tornando

a disciplina de EF um componente curricular obrigatório facilitou a implementação da

proposta curricular dessa disciplina. Ainda na visão do entrevistado, a EF era vista pelos

alunos como um momento de lazer antes dessa alteração. Acreditamos que esse fator se

encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque todas as leis são criadas por

interesses políticos que norteiam a sociedade em um determinado momento.

Relação interpessoal profissional

Foi identificado durante as entrevistas que os professores que mantêm uma boa

relação no trabalho conseguem planejar melhor as ações pedagógicas na tentativa de

melhorar a qualidade do ensino. Esse fator facilitador se encaixa na dimensão

Sociopolítica/Cultural, pois o relacionamento entre os profissionais da Educação

normalmente é conflituoso por questões diversas, mas aqueles educadores que

conseguem ampliar o seu olhar, respeitando a opinião de todos e tendo uma relação

profissional amistosa, melhora de forma significativa o seu trabalho dentro do ambiente

escolar.

Organização da rede municipal

A organização da rede municipal também se encaixa na dimensão

Sociopolítica/Cultural, pois uma rede de ensino só consegue ter fatores positivos na sua

organização quando existem interesses políticos visando a melhoria da qualidade

educacional. Importante ressaltar que essa organização da rede municipal facilita a

implementação da proposta curricular de EF em alguns sentidos, mas como já foi

discutido anteriormente, dificulta em outros, aumentando ainda mais a complexidade do

cotidiano escolar.

Cooperação na aula

A cooperação na aula é um fator facilitador que também se encaixa na dimensão

Sociopolítica/Cultural. Identificamos nas observações realizadas durante as aulas de EF

que as crianças querem muito ajudar os alunos com necessidades especiais e fazer com

que eles participem da aula. Essa vontade de ajudar é construída culturalmente pelos

alunos e possibilita que ocorra a inclusão de todas as crianças dentro do ambiente de

aula.

175

Participação da família na vida escolar do aluno

Durante todo o tempo que permanecemos na escola, identificamos apenas em

um momento a participação da família na vida escolar do aluno. Uma mãe foi conversar

com a professora de EF para comentar que o médico tinha proibido o seu filho de

realizar aula de EF porque ele estava com obesidade e hipertensão. A professora

conversou por um tempo com a mãe e conseguiu compreender melhor a situação desse

aluno. Essa participação familiar na escola se encaixa na dimensão

Sociopolítica/Cultural porque essa vontade da família de participar da vida escolar do

filho também é construída socialmente, de acordo com os valores que as pessoas têm da

escola.

Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender os fatores

facilitadores que se encaixam na dimensão Sociopolítica/Cultural.

SOCIOPOLÍTICO/CULTURAL

Organização da rede municipal Permanência na escola

Participação da família na

vida escolar do aluno

Alterações na LDB

Empenho dos professores

Respeitar a

diversidadeRelação interpessoal

profissional

Relação

professor-aluno

Cooperação na aula

Esquema 7 – Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do município de São

Paulo da dimensão Sociopolítica/Cultural

Dentre os fatores facilitadores identificados nessa dimensão, as alterações que

foram realizadas na LDB tornando a EF um componente curricular obrigatório se

relaciona com a organização da rede municipal e com a permanência do professor na

escola, sendo esses fatores políticas públicas que ajudam na implementação da proposta

176

curricular de EF. Ainda dentro dessa dimensão, o empenho dos professores está

relacionado com o respeito pela diversidade, a relação positiva entre professores e aluno

e entre os professores e seus colegas de trabalho. A participação da família na vida

escolar do aluno se relaciona com a cooperação dessas crianças e adolescentes durante a

aula porque os alunos que possuem os familiares próximos da escola costumam ajudar

mais os seus colegas e participar das atividades durante as aulas. Importante ressaltar

que todos os fatores identificados também se relacionam entre si.

177

6.2.1 - Teia de relações dos fatores que facilitam a implementação da proposta

curricular da EF do município de São Paulo

Para leitura da teia de relações foi criada a seguinte legenda:

Verde – Fatores dificultadores Sociopolíticos/Culturais;

Azul – Fatores dificultadores Institucionais/Organizacionais;

Preto – Fatores dificultadores Instrucionais/Pedagógicos.

Cores mescladas – Fatores dificultadores que se encaixam em diferentes

dimensões

Empenho dos professores

IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE EF – FATORES FACILITADORES

Esquema 8 – Teia de relações dos fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do município de São

Paulo

A teia de relações dos fatores que facilitam a implementação da proposta

curricular de EF foi criada com o seguinte critério: no centro da teia estão os fatores que

mais facilitam a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo

e quanto mais para a periferia da teia, esses fatores vão se tornando menos facilitadores.

178

Muito semelhante com a teia dos fatores que dificultam a implementação da

proposta curricular de EF do município de São Paulo, ao analisar a teia dos fatores

facilitadores conseguimos compreender que todos os fatores identificados na pesquisa

também se relacionam, independente se estão encaixados nas dimensões:

Institucional/Organizacional, Instrucional/Pedagógica ou Sociopolítica/Cultural. Além

disso, os mesmos fatores facilitadores podem estar encaixados em dimensões diferentes,

mostrando que essas classificações foram criadas apenas para melhor compreensão dos

acontecimentos do cotidiano escolar, mas elas se relacionam há todo o momento.

Também conseguimos compreender que os fatores facilitadores não estão

concentrados em nenhuma das dimensões que estão sendo analisadas, porém no centro

da teia estão concentrados os fatores facilitadores Institucionais/Organizacionais e

Sociopolíticos/Culturais e mais para a periferia da teia se concentram os fatores

Instrucionais/Pedagógicos.

Esses resultados demonstram que os fatores facilitadores

Institucionais/Organizacionais e Sociopolíticos/Culturais são muito importantes para

que a proposta curricular de EF seja implementada com qualidade, reforçando a

necessidade de existir interesses políticos e da própria organização da rede de ensino

para existir qualidade no processo educacional.

Embora os fatores facilitadores Instrucionais/Pedagógicos estejam concentrados

na periferia da teia, estes também demonstraram ser de extrema importância para o

processo de implementação da proposta curricular de EF, pois o conhecimento

pedagógico dos profissionais da Educação que foi adquirido na formação acadêmica e

na experiência prática é relevante para que exista melhoria na qualidade do ensino

público no município de São Paulo.

179

6.3 - Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da

proposta curricular de EF do município de São Paulo

Dimensão Institucional/Organizacional

Formação continuada

Os profissionais da Educação mencionaram nas entrevistas a importância da

formação continuada para que exista uma real implementação da proposta curricular de

EF do município de São Paulo. Essa sugestão de mudança se encaixa na dimensão

Institucional/Organizacional porque esses profissionais necessitam de mudanças do

Sugestões de mudança

Institucional/Organizacional

Formação continuada

Melhorar a estrutura física

Aumentar os recursos disponíveis

Dois professores por turma

Permanecer em uma unidade escolar

Coordenador de área

Horários de discussões

JEIF

Passeios pedagógicos

Melhor organização da escola

Construção coletiva da proposta curricular

Instrucional/Pedagógica

Formação continuada

Menor número de alunos por turma

Passeios pedagógicos

Sociopolítica/Cultural

Menor número de alunos por turma

Estágio remunerado

Melhor relação interpessoal

Mais empenho dos professores

Relação escola-comunidade adequada

Repensar os acúmulos de cargo

Construção coletiva da proposta curricular

Autonomia do professor

Repensar o ciclo de escolaridade

180

próprio processo de formação da rede municipal para conseguir realizar os cursos e

capacitações oferecidas. Eles pedem que as formações aconteçam dentro do horário de

trabalho e que exista dispensa de ponto.

Melhorar a estrutura física

Como citado anteriormente, a escola momentaneamente passa por uma reforma

para melhorar a estrutura física e o atendimento aos alunos, mas no momento em que foi

feito a pesquisa, as aulas estavam ocorrendo durante a reforma e isso atrapalhou

demasiadamente a prática pedagógica dos professores de EF. Todos os profissionais da

Educação entrevistados mencionaram que esse docente não está tendo o espaço

adequado para ministrar suas aulas. Colocamos essa sugestão de mudança na dimensão

Institucional/Organizacional porque a própria rede municipal não conseguiu se

organizar para atender bem os alunos enquanto ocorre a reforma no prédio escolar.

Importante ressaltar que grande parte desse problema será resolvido quando a obra

estiver pronta.

Aumentar os recursos disponíveis

Os docentes de EF apontaram como sugestão de mudança que a escola tenha

condições de obter materiais diversos para que seja possível ensinar várias

manifestações da cultura corporal de movimento. Acreditamos que essa sugestão se

encaixa na dimensão Institucional/Organizacional, pois adquirir os materiais necessários

para os docentes ministrarem as suas aulas é uma obrigação da rede de ensino,

disponibilizando verbas adequadas, e da escola, utilizando essas verbas de forma

satisfatória.

Dois professores por turma

Ter dois professores por turma é uma sugestão de mudança que se encaixa na

dimensão Institucional/Organizacional. Devido ao grande número de alunos que

existem nas turmas atualmente, dois docentes poderiam trabalhar em conjunto para

sanar todas as dúvidas que poderiam surgir durante as aulas. A rede municipal poderia

se organizar para que existisse mais professores em cada disciplina com disponibilidade

para trabalhar em conjunto e a escola se organizaria para que esse trabalho realmente se

efetivasse, buscando melhoria na qualidade do ensino público.

181

Permanecer em uma unidade escolar

Se os professores conseguissem permanecer em apenas uma unidade escolar e

não precisassem acumular cargos para obter um salário digno, existiria a possibilidade

de focar toda a atenção apenas para essa escola. Segundo os profissionais da Educação

entrevistados, os docentes que trabalham em apenas um local durante o dia tem mais

tempo para preparar as atividades, fazer as correções e refletir sobre os problemas da

escola. Essa sugestão se encaixa na dimensão Institucional/Organizacional porque é

necessário existir o interesse da rede de ensino se organizar para que esses profissionais

tenham a possibilidade de permanecer apenas em uma unidade escolar e ganhar um

salário digno para a sua sobrevivência.

Coordenador de área

Segundo os profissionais da Educação entrevistados, os coordenadores

pedagógicos não conseguem cumprir todas as suas tarefas burocráticas e ainda auxiliar

na prática pedagógica de todas as disciplinas que compõe o currículo da escola

municipal. Sendo assim, caso houvesse a possibilidade de existir um coordenador de

cada disciplina, facilitaria o trabalho pedagógico e poderia melhorar o processo de

implementação da proposta curricular de todas as disciplinas. Essa sugestão de mudança

se encaixa na dimensão Institucional/Organizacional porque existe a necessidade de

organização da própria rede de ensino para que isso se efetive dentro das unidades

escolares.

Horários de discussões

Os profissionais da Educação normalmente não possuem tempo para trocar

experiências e realizar discussões sobre os problemas que ocorrem na escola. Por conta

disso, uma das sugestões de mudança foi existir mais tempo para que ocorram essas

conversas dentro das unidades escolares. Essa sugestão se encaixa na dimensão

Institucional/Organizacional porque a própria rede de ensino que poderia possibilitar

mais dias para que esses profissionais pudessem realizar essas discussões sem estar

dentro da sala de aula.

JEIF

Uma das sugestões de mudança mencionada pelos profissionais da Educação

entrevistados é que todos os docentes possam realizar a JEIF, independente do número

182

de aulas atribuídas. Acreditamos que essa sugestão se encaixa na dimensão

Institucional/Organizacional porque seria necessária uma organização da própria rede

de ensino para que todos os docentes tivessem o direito de realizar essa formação. A

diretora, os coordenadores pedagógicos e os professores afirmaram que melhora o

trabalho pedagógico dos docentes quando estes podem participar dos estudos e das

discussões realizadas em JEIF.

Passeios pedagógicos

Segundo os profissionais da Educação entrevistados, muitas vezes existe

vontade de realizar passeios pedagógicos com o intuito de diversificar as estratégias

para ensinar os conteúdos, porém nem sempre a rede de ensino possibilita o transporte

para levar os alunos. Como sugestão de mudança, esses profissionais entrevistados

pedem uma melhor organização por parte dos gestores para facilitar esse processo de

conseguir o transporte para realizar os passeios. Essa melhor organização se encaixa na

dimensão Institucional/Organizacional.

Melhor organização da escola

Para que exista uma real implementação da proposta curricular de EF é

necessário que a escola se organize melhor. Os docentes dessa disciplina mencionaram

que nem sempre conseguem realizar aulas diferenciadas por conta da dificuldade de

organização das pessoas que trabalham na própria escola. Essa sugestão de mudança se

encaixa na dimensão Institucional/Organizacional porque existe falta de comunicação

entre os profissionais da Educação que trabalham nessa unidade escolar, gerando esse

problema de organização em alguns momentos.

Construção coletiva da proposta curricular

A maioria dos profissionais entrevistados se posicionou a favor que houvesse

uma construção coletiva da proposta curricular. Eles não sentiram que fizeram parte da

construção das orientações curriculares que vigora nas escolas municipais e sugerem

que cada escola tenha mais autonomia para construir a sua própria proposta, se pautando

em alguns princípios norteadores de toda a rede de ensino. Essa sugestão se encaixa na

dimensão Institucional/Organizacional porque teria que haver uma organização por

parte dessa instituição para que cada escola construísse a sua proposta pautada em

princípios norteadores.

183

Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender as sugestões de

mudança que se encaixam na dimensão Institucional/Organizacional.

Formação

continuada

Melhorar a

estrutura físicaAumentar os

recursos disponíveis

Dois professores

por turma

Permanecer em uma

unidade escolar

Coordenador

de área

Horários de

discussõesJEIF

Passeios

pedagógicos

Construção coletiva

da proposta curricular

Melhor organização

da escola

INSTITUCIONAL /ORGANIZACIONAL

Esquema 9 – Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo da dimensão Institucional/Organizacional

Dentre as sugestões de mudança mencionadas pelos profissionais da Educação, a

construção coletiva da proposta curricular está relacionada com todas as outras

sugestões identificadas. Isso ocorre porque essa construção em conjunto levaria em

conta a situação real em que a escola se encontraria naquele momento e poderia ser

modificada caso melhorasse a estrutura física, aumentassem os recursos disponíveis,

melhorasse a formação continuada, todos os professores pudessem realizar a JEIF, todos

os docentes permanecem em apenas uma unidade escolar durante o dia, houvesse dois

professores por turma e um coordenador pedagógico para cada disciplina, fosse

ampliado os horários de discussões, melhorasse a organização para realizar passeios

pedagógicos e a organização da própria escola. Imprescindível ressaltar que todos esses

fatores se relacionam há todo momento.

184

Dimensão Instrucional/Pedagógica

Formação continuada

A formação continuada é uma sugestão de mudança que também se encaixa na

dimensão Instrucional/Pedagógica. Isso ocorreu porque os professores sugerem que a

formação acadêmica necessita estar mais próxima da realidade vivenciada na escola e

que exista maior troca de experiência entre os docentes da rede que atuam em diferentes

escolas. Além disso, qualquer tipo de melhoria realizada no processo de formação dos

profissionais da Educação, automaticamente proporcionará mudanças na prática

pedagógica dentro das unidades escolares.

Menor número de alunos por turma

Se houvesse menos alunos em cada uma das turmas na rede municipal de ensino,

os docentes poderiam ter um olhar mais individualizado para cada criança e adolescente

durante as suas aulas. Essa sugestão se encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica

porque esse possível tratamento individualizado poderia levar o professor a sanar as

dúvidas dos alunos e criar estratégias para melhorar a qualidade da sua aula.

Passeios pedagógicos

Poder realizar passeios que complementem as discussões realizadas em sala do

conteúdo que está sendo ministrado pelos professores é uma sugestão de mudança que

também se encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica. Isso ocorre porque se os

profissionais da Educação pudessem organizar alguns passeios com o apoio

organizacional da rede de ensino, melhoraria muito a sua prática pedagógica e facilitaria

a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo.

Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender as sugestões de

mudança que se encaixam na dimensão Instrucional/Pedagógica.

185

Formação continuada

Menor número de

alunos por turmaPasseios pedagógicos

INSTRUCIONAL / PEDAGÓGICA

Esquema 10 – Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo da dimensão Instrucional/Pedagógica

Dentre as sugestões de mudança mencionadas pelos profissionais da Educação, a

formação continuada está relacionada com os passeios pedagógicos e com o menor

número de alunos por turma, pois os docentes que possuem boa formação profissional

conseguem organizar passeios que o ajudem na sua prática pedagógica e a sanar com

mais qualidade as dúvidas de turmas que contém menos alunos.

Dimensão Sociopolítica/Cultural

Menor número de alunos por turma

Ter menos alunos em cada uma das turmas da escola é uma sugestão de

mudança que também se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural. Isso ocorreu

porque compor as salas com um número máximo de alunos menor é uma política

pública que só pode ser colocada em prática de acordo com os interesses políticos dos

gestores educacionais e seria de extrema importância para a efetivação da

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo, devido às

diversas dificuldades que os alunos que frequentam a rede municipal possuem no seu

aprendizado.

186

Estágio remunerado

Se os futuros professores pudessem realizar seu estágio de forma remunerada

nas escolas públicas municipais haveria maior possibilidade de uma efetiva

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo. Segundo os

profissionais da Educação entrevistados, os futuros docentes necessitam trabalhar

durante a formação inicial e não conseguem realizar o seu estágio de forma adequada.

Além disso, nos foi relatado que a formação acadêmica está muito distante da realidade

vivenciada nas escolas e a realização do estágio de forma adequada ajudaria o futuro

docente a compreender melhor a dinâmica e as dificuldades existentes na escola

pública. Essa sugestão de mudança se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural

porque essa remuneração poderia acontecer se houvesse uma política pública para esse

fim.

Melhor relação interpessoal

Melhorar as relações interpessoais na escola entre os professores, coordenadores

pedagógicos e diretores é uma sugestão de mudança que melhoraria o processo de

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo. Existir uma

relação adequada e profissional entre essas pessoas é de extrema importância para que a

prática pedagógica do professor ocorra de forma positiva. Todos esses profissionais

necessitam estar em sintonia e com objetivos focados na qualidade da educação todos os

dias para os alunos conseguirem ter boas aulas. Essa sugestão de mudança se encaixa na

dimensão Sociopolítica/Cultural porque culturalmente nas escolas a relação interpessoal

entre esses profissionais costuma ocorrer com muitos conflitos e com pouca

comunicação.

Mais empenho dos professores

Professores mais empenhados é uma sugestão de mudança que se encaixa na

dimensão Sociopolítica/Cultural. Isso ocorre porque o empenho dos docentes está

relacionado com as condições de trabalho que estão disponíveis e com questões

intrínsecas exclusivas de cada profissional. Sabemos de todas as dificuldades que

ocorrem na escola pública e, como já mostrado anteriormente, esses problemas deixam

os docentes descontentes e desanimados com o seu trabalho. Aqueles que ainda

conseguem se empenhar, mesmo com todas as condições adversas, estão tendo

motivação por ainda acreditarem que podem fazer diferença na vida dos alunos. Esses

187

princípios ocorrem de acordo com as suas convicções que foram construídas

culturalmente durante todo o processo da sua história de vida.

Relação escola-comunidade adequada

Os profissionais da Educação entrevistados acreditam que a família necessita

participar com mais ênfase na vida escolar dos alunos para que exista uma efetiva

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo. A participação

dos familiares nas decisões tomadas pela escola em relação aos alunos é extremamente

importante para que exista uma prática pedagógica satisfatória. Essa sugestão de

mudança se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque culturalmente os

familiares dos alunos da escola pública participam pouco da vida escolar das crianças e

adolescentes.

Repensar os acúmulos de cargo

Repensar os acúmulos de cargo é uma sugestão de mudança que se encaixa na

dimensão Sociopolítica/Cultural. Os profissionais da Educação entrevistados acreditam

que todos deveriam ter um salário digno para não precisar ter dois cargos durante o dia.

Importante ressaltar que nenhum desses profissionais se mostrou ser contra os acúmulos

com as condições salariais atuais. Para que esses profissionais não precisassem ter dois

empregos existiria a necessidade de existir uma política pública que mudasse

radicalmente os salários de todos que estão envolvidos com o processo educacional das

crianças e jovens brasileiros.

Construção coletiva da proposta curricular

A construção coletiva da proposta curricular é uma sugestão de mudança que se

encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural, pois culturalmente as propostas

curriculares são construídas pelos professores que atuam nas Universidades. As

orientações curriculares da rede municipal de ensino foram construídas de forma

coletiva segundo o idealizador da proposta, mas os profissionais da educação que atuam

na escola pesquisada discordam disso e não consideram que participaram efetivamente

dessa construção. Para esses profissionais, as propostas curriculares deveriam estar

embasadas por alguns princípios e cada escola deveria ter autonomia para construir a

sua, de acordo com o seu projeto político-pedagógico.

188

Autonomia do professor

De acordo com os profissionais da Educação entrevistados, os professores não

possuem autonomia para tomar algumas decisões durante as suas aulas. Sendo assim,

esses profissionais sugerem que exista mais autonomia para os docentes tomar as

decisões que acreditam ser mais adequadas para melhorar a sua prática pedagógica.

Essa sugestão de mudança se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque

culturalmente os docentes não têm autonomia para tomar algumas decisões e se tornam

dependentes das ordens dos profissionais que estão acima do seu cargo na hierarquia da

escola.

Repensar o ciclo de escolaridade

Os profissionais da Educação entrevistados acreditam que seja necessário

repensar o ciclo de escolaridade para que exista uma efetiva implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo. Foi-nos relatado que não existem

condições adequadas para a implementação do ciclo e os alunos acabam saindo da

escola sem aprender os conteúdos necessários. Essa sugestão de mudança se encaixa na

dimensão Sociopolítica/Cultural porque o ciclo de escolaridade foi uma política pública

que foi imposta sem alterar as condições de trabalho dos docentes e, por conta disso,

seria necessário repensar no processo de implementação dessa política pública.

Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender as sugestões de

mudança que se encaixam na dimensão Sociopolítica/Cultural.

189

Construção coletiva

da proposta curricular

Relação escola-comunidade

adequada

Melhor relação

interpessoal

Autonomia

do professor

Repensar os acúmulos de cargo

Estágio

remunerado

Mais empenho

dos professores

Menor número de

alunos por turma

Repensar o ciclo

de escolaridade

SOCIOPOLÍTICA/CULTURAL

Esquema 11 – Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo da dimensão Sociopolítico/Cultural

Dentre as sugestões de mudança identificadas, repensar os acúmulos de cargo

alteraria de forma positiva todas as outras sugestões, pois profissionais da Educação que

necessitam ter dois cargos possuem muita dificuldade na realização do seu trabalho por

conta do desgaste que ocorre durante o seu dia a dia. A construção coletiva da proposta

curricular é uma sugestão de mudança que para ser efetivada de forma positiva

necessitaria de uma melhor relação interpessoal entre os profissionais da Educação,

mais empenho dos professores, maior autonomia dos professores para tomar decisões,

relação escola-comunidade adequada, menor número de alunos por turma, repensar o

ciclo de escolaridade e estágio remunerado (dando possibilidade do futuro docente

participar da construção das propostas). Importante ressaltar que repensar os acúmulos

de cargo e a construção coletiva da proposta curricular em conjunto com todas as

sugestões de mudança que estão ao seu redor também se relacionam.

Gaspari et al (2006) apontou em seu estudo que as sugestões que os

professores enfatizaram para que melhorassem a sua prática pedagógica estavam

relacionadas à melhoria das condições de trabalho (espaço e materiais adequados para

realizar as aulas), troca de experiência com outros professores de EF, maior

investimento do governo, aumento do número de aulas, cursos de formação continuada,

190

diminuição do número de alunos por turma, reconhecimento da disciplina no contexto

escolar, melhorias no salário, maior disciplina dos alunos, maior integração entre os pais

e a escola e apoio da sociedade.

Levar em consideração as sugestões realizadas pelos profissionais que compõe o

cotidiano escolar no intuito de melhorarem a sua prática pedagógica é extremamente

importante, pois eles que estão cotidianamente vivendo os problemas reais que a escola

possui. Portanto, esse conhecimento é de estrema relevância para que exista mudanças

reais na prática pedagógica dos professores de EF e, por consequência, a proposta

curricular dessa disciplina nas escolas do município de São Paulo seja implementada

com qualidade.

191

6.3.1 - Teia de relações das sugestões de mudança para uma efetiva implementação

da proposta curricular da EF do município de São Paulo

Para leitura da teia de relações foi criada a seguinte legenda:

Verde – Fatores dificultadores Sociopolíticos/Culturais;

Azul – Fatores dificultadores Institucionais/Organizacionais;

Preto – Fatores dificultadores Instrucionais/Pedagógicos.

Cores mescladas – Fatores dificultadores que se encaixam em diferentes

dimensões

Construção coletiva da

proposta curricular

IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE EF – SUGESTÕES DE MUDANÇA

Esquema 12 – Teia de relações das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo

A teia de relações das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da

proposta curricular de EF foi criada com o seguinte critério: no centro da teia estão os

fatores que mais ajudariam na implementação da proposta curricular de EF do

192

município de São Paulo e quanto mais para a periferia da teia, essas sugestões de

mudança diminuem a intensidade de importância.

Muito semelhante com a teia dos fatores que dificultam e facilitam a

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo, ao analisar a

teia das sugestões de mudança, conseguimos compreender que todos os fatores

sugeridos na pesquisa também se relacionam, independente se estão encaixados nas

dimensões: Institucional/Organizacional, Instrucional/Pedagógica ou

Sociopolítica/Cultural. Além disso, as mesmas sugestões de mudança podem estar

encaixadas em dimensões diferentes, mostrando que essas classificações foram criadas

apenas para melhor compreensão dos acontecimentos do cotidiano escolar, mas elas se

relacionam há todo o momento.

Mantendo a coerência, a teia das sugestões de mudança vai ao encontro da teia

dos fatores dificuldades da implementação da proposta curricular de EF, pois a maioria

das sugestões mencionadas pelos profissionais da Educação entrevistados estão

relacionadas com as dimensões Institucional/Organizacional e Sociopolítica/Cultural.

Esses resultados demonstram que as principais dificuldades que necessitam ser sanadas

não são ocasionadas por problemas de ordem pedagógica, mas sim de ordem

organizacional e por interesses políticos que estão presentes há todo momento no

cotidiano escolar.

Gostaríamos de mencionar ainda a importância de ouvir as sugestões dos

profissionais que atuam todos os dias no cotidiano escolar para que realmente exista

melhorias na qualidade do ensino público e efetiva implementação das propostas

curriculares de todas as disciplinas que compõe o currículo escolar. Normalmente, esses

profissionais são muito criticados por pessoas que estão muito distante da realidade

vivenciada por eles e essa pesquisa mostrou que são muitos os fatores que precisam ser

alterados para melhorar as condições de trabalho dos diretores, coordenadores

pedagógicos e professores das escolas públicas.

Apontamos também a importância da sugestão de que a construção da proposta

curricular de EF aconteça dentro da própria escola, seguindo alguns parâmetros

educacionais para toda a rede. Caso essa sugestão virasse realidade, os profissionais da

Educação poderiam construir a sua proposta curricular pautados pelo projeto político-

pedagógico da escola e se sentirem autores da sua própria prática. Infelizmente nos dias

atuais, esses profissionais sentem que não fazem parte dessa construção e muitas vezes

se tornam resistentes há determinadas propostas porque são impostas de cima para

193

baixo, sem existir nenhuma participação de quem realmente realiza a implementação

desses documentos.

194

7 – Construção coletiva da proposta curricular de EF do município de São Paulo

Após analisar os fatores dificultadores e facilitadores da implementação da

proposta curricular da EF do município de São Paulo e as sugestões de mudança para

que exista uma efetiva implementação dessa mesma proposta, acreditamos que cada

escola construir a suas orientações curriculares pautadas nos princípios educativos da

rede municipal de ensino pode ser o caminho para iniciar a melhora na qualidade do

ensino público.

A implementação de qualquer proposta curricular está muito distante de ser

responsabilidade apenas dos professores. Os diretores, os coordenadores pedagógicos,

os professores e a comunidade que frequenta a escola também possuem

responsabilidade nessa implementação. Mesmo que não entrevistamos o/a supervisor/a

de ensino dessa escola, ele/ela também possui responsabilidade nesse processo. Todos

esses atores que compõe o cotidiano escolar se influenciam há todo momento e estão

sendo influenciados pelos fatores dificultadores e facilitadores identificados nas

dimensões Institucional/Organizacional, Sociopolítico/Cultural e

Instrucional/Pedagógica. Abaixo explicaremos essas relações por um esquema.

INSTITUCIONAL/ORGANIZACIONAL

DIRETORCOORDENADOR

PEDAGÓGICO

PROFESSOR

DE EFCOMUNIDADE

PROPOSTA

CURRICULAR

PROPOSTA CURRICULAR PROPOSTA CURRICULAR

EDUCAÇÃO

FÍSICA

SUPERVISOR

DE

ENSINO

Esquema 13 – Compreensão da influência dos atores escolares para a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo

195

Gostaríamos de deixar claro que abrir a possibilidade de se construir a proposta

curricular na própria escola, privilegiando os profissionais da Educação que ali estão

presentes, e os problemas reais de cada comunidade não possibilitará uma melhor

qualidade do ensino público se não houver interesse dos órgãos competentes de se

resolver os problemas de ordem Institucional/Organizacional e Sociopolítica/Cultural

identificados pela pesquisa. Além disso, supervisores de ensino, diretores, auxiliar de

diretores, coordenadores pedagógicos, professores, agentes escolares e comunidade

também precisam ter claro a responsabilidade que todos possuem no processo de

implementação das propostas curriculares de todas as disciplinas, inclusive da EF.

Acreditamos que quando os profissionais da Educação que atuam

verdadeiramente nas escolas tiverem autonomia e condições de ser autor da sua prática

pedagógica, haverá melhoria significativa no ensino público e todos que fazem parte do

cotidiano escolar serão beneficiados por essa nova forma de pensar a construção de uma

proposta curricular.

Também ressaltamos que por conta da complexidade que está presente no

cotidiano escolar público, todas as vezes que fatores que dificultam a implementação da

proposta curricular de EF forem resolvidos, surgirão outros problemas que precisarão

ser novamente solucionados. Também haverá outros fatores facilitadores e novas

sugestões de mudança. Além disso, se realizarmos essa mesma pesquisa em outra

escola, outros fatores poderão surgir, tornando ainda mais complexo o cotidiano escolar

público vivenciado pelos profissionais da Educação.

196

8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo segundo os profissionais de Educação entrevistados e as

observações realizadas no cotidiano escolar foram: espaço físico inadequado,

indisciplina dos alunos, cultura dos alunos com os estudos, falta de organização da

escola, dificuldade dos alunos, influência do clima, falta de condições para a educação

inclusiva, implicações da aula de EF, falta de materiais, visão da disciplina de EF, mau

odor, alunos transferidos, número elevado de alunos por turma, os materiais caem fora

da escola, restrição médica, dificuldade no clube, liberação dos responsáveis, dividir o

espaço de aula, jornada de trabalho extensa, formação profissional insuficiente, falta de

organização da rede municipal, relação escola-comunidade inadequada, relação

interpessoal profissional, função social da escola, falta de trabalho coletivo, baixa

remuneração, descontentamento profissional, trânsito, resistência dos professores e

relação aluno-aluno.

Realizando a análise de todos esses fatores dificultadores identificados,

compreendemos que as dificuldades que os profissionais da Educação vivem

cotidianamente na escola se encaixam na sua maioria nas dimensões

Sociopolítica/Cultural e Institucional/Organizacional. Poucas foram as deficiências

Instrucionais/Pedagógicas identificadas na pesquisa. Isso mostrou que a implementação

da proposta curricular de EF do município de São Paulo não depende somente das

pessoas que trabalham dentro da escola, mas, principalmente, dos gestores da própria

rede e das decisões políticas que são tomadas por pessoas que não fazem parte do

cotidiano escolar dos professores.

Os fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo segundo os profissionais de educação entrevistados e as

observações realizadas no cotidiano escolar foram: interesse dos alunos pelas aulas,

recursos disponíveis, clube próximo da escola, relação professor-aluno, permanência na

escola, organização da rede municipal, adaptação da atividade, organização da escola,

hidratação na aula, cooperação na aula, hora de estudo, educação inclusiva, participação

da família na vida escolar do aluno, facilidade de tirar cópias, competições externas,

empenho dos professores, ambiente de aula, desenvolver projetos diferenciados,

respeitar a diversidade, olhar interdisciplinar, alterações na LDB, relação interpessoal

profissional e perfil do professor.

197

Realizando a análise de todos esses fatores facilitadores identificados,

compreendemos que as dificuldades que os profissionais da Educação vivem

cotidianamente na escola se encaixam de forma equilibrada nas dimensões

Sociopolítica/Cultural, Institucional/Organizacional e Instrucional/Pedagógica. Isso

demonstra que uma boa formação pedagógica, aliada com boas ações organizacionais e

interesses políticos tornam-se possível a implementação da proposta curricular de EF do

município de São Paulo.

Os fatores que precisam ser alterados para que exista a implementação da

proposta curricular de EF do município de São Paulo segundo os profissionais da

Educação entrevistados foram: formação continuada, valorização salarial, melhorar a

estrutura física, aumentar os recursos disponíveis, dois professores por turma, menor

número de alunos por turma, estágio remunerado, coordenação de área, melhor relação

interpessoal, mais empenho dos professores, repensar o ciclo de escolaridade, relação

escola-comunidade adequada, ampliar os horários de discussões, todos os professores

terem a oportunidade de realizar a JEIF, melhorar a organização para realizar mais

passeios pedagógicos, melhor organização da escola, autonomia do professor,

construção coletiva da proposta curricular e repensar os acúmulos de cargo.

Analisando as sugestões de mudança que os profissionais da Educação

mencionaram, compreendemos que os fatores Institucionais/Organizacionais e

Sociopolíticos/Culturais são aqueles que mais precisam de alterações para que exista

uma real implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo. Esses

resultados mostram a coerência desses profissionais, pois eles apontaram que os fatores

que dificultam a implementação da proposta curricular se encaixam nas mesmas

dimensões em sua maioria.

Durante a fase de Re-configuração do Universo da pesquisa, identificou-se uma

postura reflexiva dos profissionais da Educação que foram colaboradores do estudo.

Mostramos os resultados identificados pela pesquisa dos fatores que dificultam e

facilitam a implementação da proposta curricular de EF. Em seguida, esses profissionais

mencionavam comentários relacionados com alguns desses fatores. Logo após, eles

ampliaram as discussões relacionadas com as sugestões de mudança para existir uma

real implementação dessa mesma proposta curricular.

Esses resultados mostraram a complexidade do cotidiano escolar vivenciado por

todos os profissionais que dele fazem parte. Foram diversos os fatores identificados que

dificultam e facilitam a implementação da proposta curricular de EF do município de

198

São Paulo, portanto as pesquisas que estão sendo realizadas nesse sentido não podem

trazer um conhecimento para a comunidade científica com analises simplificadas desse

cotidiano, sem levar em consideração toda a rede de relações Sociopolítica/Cultural,

Institucional/Organização e Instrucional/Pedagógica que fazem parte desse cotidiano.

Também gostaríamos de mencionar que após analisar todos os resultados da

pesquisa, acreditamos que a construção coletiva da proposta curricular realizada em

cada uma das escolas municipais, sendo pautada por princípios educacionais que

permeiam toda a rede de ensino, é uma nova forma de se pensar, tornando os

profissionais da Educação elaboradores e autores da sua própria prática.

Sugerimos que em estudos futuros, para melhor compreensão dos fatores

dificultadores e facilitadores da implementação da proposta curricular de EF, o

pesquisador entreviste mais pessoas que fazem parte do cotidiano escolar, como os/as

supervisores/as de ensino, auxiliares de direção, inspetores, pais e alunos. Essa

ampliação dos colaboradores pode trazer uma visão mais ampla desses fatores que estão

diretamente ligados com o processo de implementação de qualquer proposta curricular

na escola.

199

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208

APÊNDICE A

Termo de Autorização e

Responsabilidade da Instituição para

a Realização da Pesquisa

209

TERMO DE AUTORIZACÃO E RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO

PARA EXECUÇÃO DA PESQUISA

(DIRETORES DE ESCOLA)

Implementação da proposta curricular de Educação Física do município de São

Paulo: análise a partir do cotidiano escolar

Eu, _______________________________, nascido/a em_____________________,

portador/a do RG nº. _______________________, responsável pela direção da escola

________________________________, situada à ____________________________,

São Paulo – SP, e e-mail ____________________________, abaixo assinado, autorizo

a realização da pesquisa supracitada nas dependências da escola supramencionada,

como também me responsabilizo pela oferta de condições de acesso às informações e

pessoas necessárias de modo a garantir a execução da referida pesquisa, sob

responsabilidade do pesquisador Prof. Daniel Teixeira Maldonado, aluno do Curso de

Mestrado em Educação Física, da Universidade São Judas Tadeu, orientado pela Profa.

Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, membro do Curso de Mestrado em

Educação Física da Universidade São Judas Tadeu.

Assinado este Termo de Consentimento, estou ciente que:

1. O objetivo desta pesquisa é identificar e compreender, na perspectiva do

professor de EF, diretor e coordenador pedagógico, os fatores que facilitam e os

que dificultam a implantação de propostas pedagógicas emanadas dos órgãos

oficiais em nível municipal.

2. Durante a pesquisa serão utilizados como instrumentos para coleta de dados:

a) Entrevista com os professores/as de Educação Física, coordenadores/as e

diretores/as;

b) Observação do cotidiano escolar vivenciado por esses professores;

c) Observação de aulas de Educação Física.

3. Todos os participantes da pesquisa preencherão o Termo de Consentimento e Livre

Esclarecimento;

4. Os riscos a que os sujeitos da pesquisa estão submetidos é o de se sentirem

constrangidos em relatar sua percepção ao pesquisador a respeito de seu cotidiano

profissional, visto que os mesmos podem perceber tal pesquisa como uma forma de

avaliar o seu trabalho;

210

5. A instituição terá como benefícios o retorno dos resultados produzido pela pesquisa

podendo, a seu critério, empreender ações para minimizar as dificuldades enfrentadas

por seus profissionais;

6. Os profissionais, por sua vez, serão beneficiados com a possibilidade de terem um

momento de reflexão sobre sua prática que pode não ocorrer sem o estímulo gerado pela

pesquisa, podendo gerar tomada de decisões no sentido de buscar meios para solucionar

problemas;

7. Os participantes estarão livres para interromper a qualquer momento sua participação

na pesquisa, sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou dano;

8. A concretização e bom andamento das coletas de dados dependem da disponibilidade

dos pesquisados em colaborar com o desenvolvimento do estudo;

9. Todos os dados pessoais dos participantes serão mantidos em sigilo, sendo todo

material registrado destruído após sua análise;

10. Todos os dados institucionais serão mantidos em sigilo, sendo todo material

registrado destruído após sua análise;

11. Os resultados gerais obtidos por meio da pesquisa serão utilizados apenas para

alcançar os objetivos da pesquisa expostos acima, incluindo sua publicação na literatura

científica especializada;

12. Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da USTJ para apresentar recursos

ou reclamações em relação à pesquisa através do telefone (11) 2799-1665;

13. Poderei entrar em contato com o prof. Daniel Teixeira Maldonado, responsável pelo

estudo, sempre que julgar necessário pelo telefone (11) 97134.4516 e e-mail

[email protected];

14. Este Termo de Autorização possui três vias, permanecendo uma via em meu poder,

outra com o pesquisador responsável e a terceira com o COEP/Universidade São Judas

Tadeu;

15. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre

minha autorização à realização desta pesquisa.

São Paulo, ___ de _________ de 2012.

___________________________________

Carimbo e Assinatura do responsável pela Instituição

211

TERMO DE AUTORIZACÃO E RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO

PARA EXECUÇÃO DA PESQUISA

(DIRETOR/A REGIONAL)

Implementação da proposta curricular de Educação Física do município de São

Paulo: análise a partir do cotidiano escolar

Eu, _______________________________, nascido/a em_____________________,

portador/a do RG nº. _______________________, responsável pela Diretoria Regional

de Educação-PENHA, situada à ____________________________, São Paulo – SP, e

e-mail ____________________________, abaixo assinado, autorizo a realização da

pesquisa supracitada nas dependências da diretoria de ensino supramencionada, como

também me responsabilizo pela oferta de condições de acesso às informações e pessoas

necessárias de modo a garantir a execução da referida pesquisa, sob responsabilidade do

pesquisador Prof. Daniel Teixeira Maldonado, aluno do Curso de Mestrado em

Educação Física, da Universidade São Judas Tadeu, orientado pela Profa. Dra. Sheila

Aparecida Pereira dos Santos Silva, membro do Curso de Mestrado em Educação Física

da Universidade São Judas Tadeu.

Assinado este Termo de Consentimento, estou ciente que:

1. O objetivo desta pesquisa é identificar e compreender, na perspectiva do

professor de EF, diretor e coordenador pedagógico, os fatores que facilitam e os

que dificultam a implantação de propostas pedagógicas emanadas dos órgãos

oficiais em nível municipal.

2. Durante a pesquisa serão utilizados como instrumentos para coleta de dados:

d) Entrevista com os professores/as de Educação Física, coordenadores/as e

diretores/as;

e) Observação do cotidiano escolar vivenciado por esses professores;

f) Observação de aulas de Educação Física.

3. Todos os participantes da pesquisa preencherão o Termo de Consentimento e Livre

Esclarecimento;

4. Os riscos a que os sujeitos da pesquisa estão submetidos é o de se sentirem

constrangidos em relatar sua percepção ao pesquisador a respeito de seu cotidiano

profissional, visto que os mesmos podem perceber tal pesquisa como uma forma de

avaliar o seu trabalho;

212

5. A instituição terá como benefícios o retorno dos resultados produzido pela pesquisa

podendo, a seu critério, empreender ações para minimizar as dificuldades enfrentadas

por seus profissionais;

6. Os profissionais, por sua vez, serão beneficiados com a possibilidade de terem um

momento de reflexão sobre sua prática que pode não ocorrer sem o estímulo gerado pela

pesquisa, podendo gerar tomada de decisões no sentido de buscar meios para solucionar

problemas;

7. Os participantes estarão livres para interromper a qualquer momento sua participação

na pesquisa, sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou dano;

8. A concretização e bom andamento das coletas de dados dependem da disponibilidade

dos pesquisados em colaborar com o desenvolvimento do estudo;

9. Todos os dados pessoais dos participantes serão mantidos em sigilo, sendo todo

material registrado destruído após sua análise;

10. Todos os dados institucionais serão mantidos em sigilo, sendo todo material

registrado destruído após sua análise;

11. Os resultados gerais obtidos por meio da pesquisa serão utilizados apenas para

alcançar os objetivos da pesquisa expostos acima, incluindo sua publicação na literatura

científica especializada;

12. Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da USTJ para apresentar recursos

ou reclamações em relação à pesquisa através do telefone (11) 2799-1665;

13. Poderei entrar em contato com o prof. Daniel Teixeira Maldonado, responsável pelo

estudo, sempre que julgar necessário pelo telefone (11) 97134.4516 e e-mail

[email protected];

14. Este Termo de Autorização possui três vias, permanecendo uma via em meu poder,

outra com o pesquisador responsável e a terceira com o COEP/Universidade São Judas

Tadeu;

15. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre

minha autorização à realização desta pesquisa.

São Paulo, ___ de _________ de 2012.

___________________________________

Carimbo e Assinatura do responsável pela Instituição

213

APÊNDICE B

Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido para Professores de EF,

Coordenadores Pedagógicos e Diretora

214

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (PROFESSOR)

Implementação da proposta curricular de Educação Física do município de São

Paulo: análise a partir do cotidiano escolar

Eu____________________________________________________________________

___________ R.G__________________________ dou meu consentimento livre e

esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob

responsabilidade do pesquisador Daniel Teixeira Maldonado, aluno do curso de Pós-

Graduação Stricto-Sensu em EF da Universidade São Judas Tadeu, e da orientadora

Prof. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, docente do curso de Pós-

Graduação Stricto-Sensu em EF da Universidade São Judas Tadeu

Assinando esse Termo de Consentimento, estou ciente que:

1- O objetivo da pesquisa é identificar e compreender, na perspectiva do professor

de EF, diretor e coordenador pedagógico, os fatores que facilitam e os que

dificultam a implantação de propostas pedagógicas emanadas dos órgãos oficiais

em nível municipal;

2- Responderei a uma entrevista individual, contando com questões abertas e que deve

levar em torno 30 (trinta minutos) a respeito da minha experiência com aulas de EF;

3- Permitirei que o pesquisador observe e faça anotações a respeito de,

aproximadamente, 30 (trinta) de minhas aulas;

4- Poderei obter como benefício a possibilidade de refletir, conjuntamente com o

pesquisador, a respeito da minha prática pedagógica, e fatores que a afetam, de modo

que eu possa compreende-los e pensar em maneiras de lidar com eles;

5- Participando dessa pesquisa, corro o risco, ainda que mínimo, de que o processo de

entrevista e diálogo com o pesquisador cause alterações momentâneas em meu estado

psicológico, gerando alguma sensação de ansiedade e podendo interferir no meu bem-

estar nos primeiros momentos da entrevista;

6- Estou livre para interromper a qualquer momento a minha participação na pesquisa

sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou prejuízo ao meu trabalho ou à minha

imagem diante de meus colegas, diretores ou alunos;

215

7- Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos serão

utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua

publicação na literatura científica especializada;

8- Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas para

apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone (11) 2799-1665;

9- Poderei entrar em contato com os pesquisadores do estudo Daniel Teixeira

Maldonado, pelo telefone (11) 97134.4516 e com o/a professor/a orientador/a Sheila

Aparecida Pereira dos Santos Silva pelo e-mail [email protected];

10- Esse Termo de Consentimento é feito em três vias, sendo que uma permanecerá em

meu poder, outra com os pesquisadores responsáveis e outra com o COEP/Universidade

São Judas Tadeu;

7- Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a

minha participação na referida pesquisa.

São Paulo,___________ de _________________________ de 2012.

______________________________________________________

Nome e assinatura do professor voluntário

216

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(DIRETOR E COORDENADOR PEDAGÓGICO)

Implementação da proposta curricular de Educação Física do município de São

Paulo: análise a partir do cotidiano escolar

Eu____________________________________________________________________

___________ R.G__________________________ dou meu consentimento livre e

esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob

responsabilidade do pesquisador Daniel Teixeira Maldonado, aluno do curso de Pós-

Graduação Stricto-Sensu em EF da Universidade São Judas Tadeu, e da orientadora

Prof. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, docente do curso de Pós-

Graduação Stricto-Sensu em EF da Universidade São Judas Tadeu

Assinando esse Termo de Consentimento, estou ciente que:

1- O objetivo da pesquisa é identificar e compreender na perspectiva do professor

de EF, diretor e coordenador pedagógico, os fatores que facilitam e os que

dificultam a implantação de propostas pedagógicas emanadas dos órgãos oficiais

em nível municipal;

2- Responderei a uma entrevista individual, contando com questões abertas e que deve

levar em torno 30 (trinta minutos) a respeito da minha experiência com aulas de EF na

escola que dirijo/coordeno para auxiliar o pesquisador a compreender o contexto escolar

no qual ocorre a pesquisa;

3- Poderei obter como benefício a possibilidade ter mais um estímulo para refletir sobre

o cotidiano escolar da escola que dirijo/coordeno;

4- Participando dessa pesquisa, corro o risco, ainda que mínimo, de que o processo de

entrevista e diálogo com o pesquisador cause alterações momentâneas em meu estado

psicológico, gerando alguma sensação de ansiedade e podendo interferir no meu bem-

estar nos primeiros momentos da entrevista;

5- Estou livre para interromper a qualquer momento a minha participação na pesquisa

sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou prejuízo ao meu trabalho ou à minha

imagem diante de meus colegas, diretor regional ou alunos;

217

6- Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos serão

utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua

publicação na literatura científica especializada;

7- Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas para

apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone (11) 2799-1665;

8- Poderei entrar em contato com os pesquisadores do estudo Daniel Teixeira

Maldonado, pelo telefone (11) 97134.4516 e com o/a professor/a orientador/a Sheila

Aparecida Pereira dos Santos Silva pelo e-mail [email protected];

9- Esse Termo de Consentimento é feito em três vias, sendo que uma permanecerá em

meu poder, outra com os pesquisadores responsáveis e outra com o COEP/Universidade

São Judas Tadeu;

10- Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a

minha participação na referida pesquisa.

São Paulo,___________ de _________________________ de 2012.

______________________________________________________

Nome e assinatura do voluntário

218

APÊNDICE C

Roteiros de Entrevista com Professores

de EF, Coordenadores Pedagógicos,

Diretora e Idealizador da Proposta

Curricular de Educação Física do

município de São Paulo

219

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS PROFESSORES DE EF

A. Aquecimento:

1. Comente por que você escolheu a profissão de professor(a) de EF.

B. Perfil acadêmico-profissional:

2. Você se licenciou em EF por qual instituição de Ensino Superior? Em que ano?

3. Você já realizou algum curso de capacitação profissional, especialização ou pós-

graduação? Quais?

4. Há quanto tempo você é professor(a) de EFE?

5. Há quanto tempo trabalha nesta escola?

C. Aspectos do cotidiano escolar:

6. Você é docente em quantas escolas? Ministra quantas aulas por semana? Possui mais

alguma atividade profissional?

7. Quais são as dificuldades no seu cotidiano escolar para colocar em prática todos os

conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da proposta curricular?

8. Quais são os aspectos que te ajudam no seu cotidiano escolar para colocar em prática

todos os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da proposta

curricular?

9. Você recebeu qualquer tipo de capacitação sobre as orientações curriculares da

Prefeitura de São Paulo?

10. O que seria necessário para você melhorar a sua prática pedagógica tendo a proposta

curricular como teoria principal?

11. Qual a sua opinião sobre a proposta curricular da Prefeitura de São Paulo para a

disciplina de EF?

Muito obrigado pela sua valiosa contribuição!

Após conclusão deste estudo, o resumo do mesmo poderá lhe ser enviado. Se tiver

interesse de recebê-lo, favor anotar abaixo o seu endereço eletrônico.

220

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O COORDENADOR PEDAGÓGICO

1. Quais foram as razões que te levaram a escolher ser coordenador de uma escola? Há

quanto tempo é coordenadora? Há quanto tempo é coordenadora nessa escola?

2. Como é coordenar pedagogicamente a equipe dessa escola?

3. Comente como tem ocorrido a implementação da Proposta Curricular da EF nessa

Escola?

4. As aulas de EF nessa escola estão ocorrendo de acordo com as orientações dessa

proposta?

5. Os professores relatam alguma dificuldade para por em prática os conteúdos

presentes na proposta?

6. Existem discussões entre professores e coordenadores sobre a prática pedagógica da

EFE e as orientações da proposta curricular?

7. A postura dos demais professores frente a Educação Física influencia na prática

pedagógica dos professores dessa disciplina?

8. Você já recebeu algum curso de capacitação sobre a proposta curricular da EFE?

9. O que você acha necessário realizar para que melhore a prática pedagógica dos

professores de EFE na sua escola?

Muito obrigado pela sua valiosa contribuição!

Após conclusão deste estudo, o resumo do mesmo poderá lhe ser enviado. Se tiver

interesse de recebê-lo, favor anotar abaixo o seu endereço eletrônico.

221

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O DIRETOR

1. Quais foram as razões que te levaram a escolher ser diretor de uma escola? Há quanto

tempo é diretora? Há quanto tempo é diretora nessa escola?

2. Qual é o seu projeto como diretor dessa escola (o que já fez, o que poderia fazer,

etc)?

3. Como é dirigir a equipe dessa escola?

4. Quais são as principais dificuldades que atrapalham o desenvolvimento das aulas dos

professores nessa escola ?

5. Os professores relatam alguma dificuldade para por em prática todos os conteúdos

presentes na proposta curricular da EF?

6. A Educação Física é uma disciplina valorizada pelos diferentes gestores políticos que

passaram pelo governo (disponibilidade de verbas para compra de materiais e

manutenção da infra-estrutura)?

7. Você recebeu algum curso de formação sobre as orientações curriculares da EFE?

8. O que você acha necessário realizar para que melhore a prática pedagógica dos

professores de EFE na sua escola?

Muito obrigado pela sua valiosa contribuição!

Após conclusão deste estudo, o resumo do mesmo poderá lhe ser enviado. Se tiver

interesse de recebê-lo, favor anotar abaixo o seu endereço eletrônico.

222

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O IDEALIZADOR DA PROPOSTA

CURRICULAR

1. Quais são os princípios fundamentais da proposta de EF do município de São Paulo?

2 - Se nós pensarmos nos diferentes currículos que foram propostos para a EF, qual é o

foco central da proposta curricular da EF da prefeitura de São Paulo?

3 – Como você percebe a recepção dos professores que fazem a formação sobre a

proposta curricular?

4 – Nas escolas que você tem contato, quais são os fatores que dificultam a

implementação da proposta curricular do município de São Paulo?

5 - Você também identifica que existem fatores facilitadores na implementação dessa

proposta curricular?

6 – Você percebe que os professores mais antigos resistem mais a seguir a proposta

curricular?

7 - Você acredita que a formação dos professores de EF está sendo realizada com uma

variedade muito grande de currículos e quando o professor vai ministrar as suas aulas

ele sente dificuldade?

8 – Você poderia falar em relação à questão metodológica da proposta curricular de EF

do município de São Paulo?

9 - Então esse grupo referência eram de professores que faziam parte da rede e depois o

documento foi analisado por outros professores da rede também?

10 - Então durante a implementação da proposta houve muitos jogos de interesses e de

contradições que aparecem na própria área? Não foi algo tranquilo de se realizar?

Muito obrigado pela sua valiosa contribuição!

Após conclusão deste estudo, o resumo do mesmo poderá lhe ser enviado. Se tiver

interesse de recebê-lo, favor anotar abaixo o seu endereço eletrônico.

223

APÊNDICE D

Transcrição das Entrevistas com o

idealizador da proposta curricular de EF

do município de São Paulo, Diretora,

Coordenadores Pedagógicos e

Professores de EF

224

Entrevista com o Idealizador da proposta curricular de EF do município de São

Paulo

1 – Quais são os princípios fundamentais da proposta de EF do município de São

Paulo?

R – Então vamos lá. Levando em consideração a multiplicidade de grupos sociais que

habitam o município e levando em consideração a trajetória histórica e política da rede

municipal de tentar fazer um trabalho mais voltado as comunidades, e isso não é de

hoje, isso começou com a gestão Erundina lá em 1989 e veio nas suas várias vertentes,

sempre com grupos e setores do município, que não é todos né, que não é hegemônico,

mas setores da rede municipal que tentavam fazer alguma coisa voltada para a

comunidade, a cara geral dessa proposta era pensar em uma pedagogia que

reconhecesse a diversidade cultural né, e que fosse comprometida com a formação de

identidades democráticas. Então, esse foi o tom que marcou a elaboração de todos os

documentos, desde uma preocupação inicial com o ler e escrever e infelizmente, há uma

tendência há pensar que o ler e escrever é decifrar o código alfabético e não é isso, em

todos os documentos da prefeitura vão falar isso. Então se a gente pega, então há duas

versões atrás se a gente pega os documentos que foram escritos na gestão da Marta

Suplicy a gente vai perceber uma preocupação com o letramento, então uma

preocupação, por exemplo, na gestão da Marta que a rede começou a ser influenciada

com a ideia da dialogicidade, com a ideia do reconhecimento dos grupos étnicos com

um trabalho voltados para as diferenças. Então, há esse tom no município

independentemente do partido que estiver no governo e o principio fundamental é esse,

reconhecer as diferenças culturais e promover uma formação voltada para a construção

de identidades democráticas. Agora, outros princípios também fundamentam, então

vamos lá. Não basta proporcionar condições de acesso, a gente tem que procurar

também condições de permanência na escola. Há um esforço grande para que a gestão

seja democratizada. Então, o município vem dando passos largos, desde o governo

Erundina, com a formação de conselhos de escolas fortes, na ampliação da jornada do

professor, com uma grande parcela da carga horária (que agora virou lei), com um terço

da carga horária que não sejam com atividades em sala de aula. Então, eu penso que a

pedagogia da rede municipal tem sido influenciada por essas ideias. Em alguns

momentos ela retrocede um pouco, com as salas de apoio pedagógico, em outros

225

momentos ela avança, com uma forte política de inclusão, mas eu acho que o principio

geral do currículo é esse.

2 - Se nós pensarmos nos diferentes currículos que foram propostos para a EF,

qual é o foco central da proposta curricular da EF da prefeitura de São Paulo?

R – Então, eu acho importante achar falar um pouquinho como ocorreu esse processo de

implementação da proposta para entender esse ponto. Então, em 2006 quando o prefeito

ainda era o José Serra, em 2006 havia um movimento grande na rede que tinha

começado no ano anterior que era o ler e escrever em todas as áreas, e ai houve a

necessidade de elaborar documentos que fundamentassem a ideia do ler e escrever em

todas as áreas (o entrevistado pega o documento). Esse aqui foi um documento

elaborado nessa época, em 2006, certo? E ai, uma coisa era pessoas do campo da

investigação e da produção da competência leitora e escritora pensando conceber isso

em todas as áreas e depois as pessoas das áreas especificas pensando nisso. Porque a

rede entende que o trabalho do letramento não se reduz aos anos iniciais, precisa ser

estendido aos nove anos do Ensino Fundamental. Então esse pessoal precisava elaborar

documentos por áreas, e o que eles fizeram? Eles criaram um instituto, um grupo

chamado grupo referência que eram pessoas indicadas pelas diversas diretorias de

ensino (Diretorias Regionais de Ensino), e ai esse grupo de professores que tinham a

função de uma vez por mês se encontrar na Secretária Municipal de Educação e

começar a escrita de um documento de cada área, tinha um grupo de professores de

matemática, um grupo de professores de história, um grupo de professores de geografia,

e assim por diante.

Eram professores da rede?

R – Eram professores da rede do Ensino Fundamental II. Esses professores estavam na

sala de aula e tinham sido indicados pelas DREs, e esse pessoal começou a escrever.

Mas olha o que aconteceu, o pessoal da SME da Diretoria de Orientações Técnicas

percebeu que se eles não tivessem o apoio de alguém com mais experiência para realizar

essa escrita as coisas não iam andar, ai eles começaram a buscar várias pessoas. Uma

das pessoas que foi chamada para fazer esse trabalho era um professor de EF que tinha

alguma relação com os Parâmetros Curriculares Nacionais, porque a Diretora de

226

Orientação Técnica da época tinha feito parte da equipe que tinha elaborado o

Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil lá no governo Fernando Henrique.

Então ela tinha esses contatos e ela chamou para a EF uma pessoa que estava nessa

questão. Só sei que esse trabalho não andou do jeito que a DOT achou que deveria

andar. Naquele mesmo ano de 2006 eu e o Mario havíamos publicado o livro Pedagogia

da Cultura Corporal que defendia uma ideia de EF na área da linguagem e alguns

professores que participavam desse grupo referência conheciam esse material e levaram

o material para a Diretora de Orientação Técnica e a diretora na época pediu uma

reunião comigo. Eu cheguei lá e ela simplesmente me jogou essa bomba na mão. Ela

disse que tinha esse trabalho que não andou e a gente queria alguma coisa no sentido

que estava escrito no livro, só que você não pode ser contratado porque a vaga que a

gente tinha para esse contrato já está ocupada por aquela pessoa que não está dando

conta. Então eu disse que não havia problema, que eu achava esse trabalho importante e

extremamente relevante e decidi conversar com o Mário para a gente realizar esse

trabalho em parceria e ai essa pessoa pode continuar participando também, ela não

precisa ir embora do grupo. E ai a gente começou esse trabalho com o grupo referência

e que foi mais ou menos assim, a gente promovia situações para reflexão e para a

formação desse grupo referência na área de EF enquanto linguagem, porque o

documento que eles entregaram para a gente era um rol de atividades e ai a gente

pensou que isso pudesse ser diferente. Esse trabalho que incluía os professores do grupo

referência elaborou aquele documento cinza (Referencial para a Expectativa da

Competência Leitora e Escritora – Educação Física) e isso foi em 2006. Só que desde

aquele dia, o grupo de assessores de EF, o Mário e eu e das outras áreas outras pessoas,

a gente bateu muito forte, porque o seguinte, as pesquisas da área indicam que não

adianta você elaborar uma proposta se você não pensar em dinâmicas de formação,

então a gente começou a pensar muito forte nessa ideia. Então acabou 2006, mudou o

governo e ai, logo no começo de 2007 recebemos uma nova convocação e foi colocado

que a ideia agora pensar a formação, mas pensar também na escrita de um currículo. E

ai começou esse trabalho que foi paralelo. Então havia esse grupo referência que

continuava escrevendo o currículo, e ai já não era mais uma referência fina, mas já era

um currículo com mais elementos para o professor pensar na prática, pensar a sua

prática pedagógica e paralelamente nós começamos a rodar a cidade inteira fazendo

ações formativas que foram distribuídas em 2007 da seguinte maneira: um coordenador

pedagógico e um professor de EF por escola, foi desse jeito em 2007. Bom, ai foi o ano

227

inteiro e esse documento foi sendo escrito e ao mesmo tempo ele era mandado para as

diretorias, para as DREs e eles iam dando retorno, e, além disso, nós tivemos um grande

momento onde professores de Ensino Fundamental I fizeram a leitura e fizeram a

devolutiva e depois professores de Ensino Fundamental II fizeram a leitura e fizeram a

devolutiva e depois em uma reunião lá no centro da cidade, onde os supervisores

também fizeram uma leitura e fizeram devolutiva. Então esse documento ao longo de

2007, além das formações, um professor e um coordenador por escola, além do grupo

referência, teve essas idas e vindas com os supervisores. Então, por exemplo, o

documento do Fundamental I teve muitas mudanças em função da leitura que esses

professores fizeram e por ai foi. Isso foi em 2007 e no final desse ano o documento

ficou pronto, tanto o de Fundamental I como o de Fundamental II. Em 2008 fizemos

uma ação, e sempre isso todas as áreas fazendo a mesma coisa, nós produzimos vídeos

explicativos e junto com o vídeo nós produzimos pautas e a ideia era que nas DREs, os

formadores desenvolvessem pautas, desenvolvessem aquela sugestão de pauta voltada

para os vídeos. Então eles iam passar o vídeo e iam seguir uma pauta que a gente tinha

elaborado para isso. Junto com isso continuava o grupo referência. O grupo referência

nunca parou, porque em 2008, além desse trabalho com pauta as DREs criaram uma

instância chamada a Sala do Professor, onde esses professores do grupo referência la na

sala do professor faziam as formações dos seus colegas. Bom, algumas DREs não

conseguiram fazer desse jeito, porque o pessoal do grupo referência, aqueles primeiros

que tinham sido indicados, já não compactuavam mais com a proposta ou achavam que

tinha outra coisa, e ai esse grupo referência começou há mudar até que em 2008 uma

coisa que aconteceu foi bastante chata, a SME abriu um edital em que as DREs

poderiam contratar formadores para fazer essas ações formativas e os currículos desses

formadores foram lá para a SME e a gente olhou as propostas desses formadores e tinha

gente de tudo quanto é tipo, tinha gente que queria dar escolhinha de tênis, gente que

queria dar ginástica, essas ONGs se candidataram, e ai a gente foi avaliando as

propostas e vetando aquelas que não combinavam com a proposta curricular. Então,

mesmo assim a DRE não estava nem ai e muitas vezes acabaram contratando as pessoas

que a gente tinha vetado e isso foi uma coisa terrível. Por isso que em 2009 teve uma

grande mudança, nós fizemos um processo seletivo para chamar o pessoal do grupo

referência com questões para eles, nós fizemos uma grande reunião e todo mundo que

se candidatou foi lá e fizemos esse processo seletivo e também trabalhamos com as

pessoas das DREs que seriam indicadas por nós. A gente tirou a autonomia das DREs

228

para fazer essas contratações. Então, a partir de 2009 até 2012 eu acho que foi um bom

momento, porque esse pessoal do grupo referência foi se fortificando no referencial

teórico e na proposta e eles foram desenvolvendo cursos nas DREs, o Mário e eu

também. Então no 1º semestre desse ano cada um de nós ministrou dois cursos e o

pessoal que está conosco do grupo referência também, cada um ministrou pelo menos

um curso. Então, o que eu tenho pensado, até porque eu comparo a EF com as outras

áreas. A EF, e eu acho que essa é uma avaliação que a própria SME faz. A EF dentro de

todas as áreas do currículo foi aquela que persistiu mais em uma formação

compromissada com a proposta. Porque as outras áreas continuam com formações, mas

os autores às vezes não estão tão presentes, até porque são outras pessoas que estão

fazendo a formação, o grupo referência das outras áreas se desmanchou, ai a política foi

um pouco diferente para cada uma das áreas. Acredito que a EF foi mais interessante

nessa direção. Outras coisas que a gente conseguiu fazer que eu penso que foi muito

interessante. A gente conseguiu atrelar a bibliografia do concurso às orientações

curriculares e cada concurso feito nesse período nós conseguimos fazer uma reunião

com os ingressantes, então hoje na rede municipal tem uma parcela de professores

muito novos, das quais você se inclui e que de alguma maneira eles tem conhecimento

dessa proposta, só não sei se com a profundidade. Tem outra coisa interessante também

que no primeiro semestre de 2011 a gente conseguiu fazer ações formativas com os

coordenadores pedagógicos com uma adesão pequena, porque os coordenadores acham

que tem outras prioridades e acham que não precisam se preocupar com a EF, mas a

gente também fez essa tentativa.

3 – Como você percebe a recepção dos professores que fazem a formação sobre a

proposta curricular?

R – Eu estou muito impressionado com os grupos que eu tive esse semestre. Nesse

semestre eu tive uns grupos muito bons. E ai como a gente faz as avaliações direto das

formações com as pessoas do grupo referência, nós sentimos que no começo, no

começo que eu digo, no começo da proposta havia pessoas bastante resistentes, pessoas

que diziam que isso daqui a pouco cairia, que daqui a pouco mudaria e com a

continuidade das formações, acho que essa resistência enfraqueceu e também nós temos

percebido pessoas nas formações que são pessoas de outro tipo, porque coincidiu que os

últimos concursos foram muito concorridos, entrou gente muito qualificada e gente que

229

esta querendo fazer uma EF diferente, claro que essas pessoas às vezes ocuparam CJ,

ocuparam módulo, viraram professores precários, soma-se à isso dois fenômenos, nós

começamos a assumir as aulas com os pequenininhos do 1º e do 2º ano e isso deu um

gás novo e a prefeitura esse ano não está pontuando aqueles cursos feitos naquelas

gambiarras, que o cara não vai e depois pega o diplominha para melhorar a evolução

funcional, isso também fez que os cursos inchassem. Então, a grande procura que os

professores tem é em função disso, então como existe um monte de coisa misturada, eu

não consigo dizer, eu não consigo afirmar que a representação que os professores tem é

essa ou essa ou essa. Eu vejo que esses professores estão simpáticos, não é mais um

público que fica o tempo inteiro menosprezando o trabalho, é um grupo que está

querendo entender, mas realmente é um grupo que está chegando na escola e ta sensível

ao que está acontecendo. Eu fui banca de um garoto lá da PUC que ele investigou

professores do município em inicio de carreira e uma coisa que me surpreendeu na

resposta que ele trouxe dos professores foi que todos eles querem continuar no

município, gostam do município e querem continuar no município. Então você vê, são

professores que estão afim, que estão ali naquelas escolas e querem ficar naquelas

escolas e querem fazer o melhor para aquelas escolas, mas eu acho que há uma parcela

dos professores que pode até negligenciar a proposta por desconhecimento e há uma

parcela dos professores que até nega a proposta por não gostar dela. Eles falam olha, eu

entendi isso aqui, eu sei o que está escrito aqui, mas eu não quero porque eu penso que

EF tem que ser outra coisa.

4 – Nas escolas que você tem contato, quais são os fatores que dificultam a

implementação da proposta curricular do município de São Paulo?

R – Eu acho que o maior fator que dificulta a implementação dessa proposta nas duas

escolas que eu acompanho firme é que muitas vezes o coletivo da escola não entende o

trabalho, muitas vezes eu penso que esse tem sido um empecilho e os estudos que tem

sido feito sobre o assunto tem mostrado isso. O trabalho do Saulo Françoso que

investigou também isso ai indicou que o professor está lá e quer desenvolver um

trabalho com o funk, por exemplo, e ele enfrenta obstáculos da própria instituição. Na

escola que eu acompanho com o Pedro, no ano retrasado, para desenvolver um trabalho

com parkour, ele teve que fazer reunião com os pais, porque os pais não entendiam.

Agora nesse semestre, essa semana, ele está começando um trabalho com salsa e os

230

alunos estão afim, mas os professores das outras matérias estão tirando sarro. Então há

uma visão hegemônica da EF na cabeça da comunidade, e a comunidade que eu estou

falando é professores, alunos, pais e bairro. Então ainda há uma visão hegemônica

daquela EF hegemônica e que esses professores às vezes precisam enfrentar obstáculos.

Não sei se em materiais eles têm dificuldade, a gente houve relatos que os professores

querem usar a sala de vídeo e ai os colegas falam, mais por que EF na sala de vídeo.

Agora, esses professores que não estão à frente da sala de aula, que não são regentes e

que estão no módulo, por exemplo, esses não tem condição de desenvolver a proposta,

porque eles ficam saltando e não conseguem se engajar. Acho que vai levar um tempo

até que esses professores consigam uma pontuação, se removam, assumam aulas.

5 - Você também identifica que existem fatores facilitadores na implementação

dessa proposta curricular?

R – Eu acho que o fator mais facilitador são os alunos que nós temos agora. Pelo

trabalho que eu tenho feito no campo eu observo que os alunos estão bem simpáticos e

eles sabem diferenciar muito bem, até porque muitas das escolas estão com atividades

ampliadas, àquelas atividades de contra turno, então aquela galera que quer bater bola

mesmo acabam assumindo essas atividades que ficam de fora da grade horária e durante

as aulas eles levam na boa. Então eu penso que esses alunos são os elementos que mais

favorecem, aliado há essa nova geração de professores que nós temos que também esta

mais sensível. Agora também tem uma coisa viu, a formação dos professores, talvez ao

contrário do que meus colegas diretores e coordenadores pedagógicos tenham dito, a

formação do professor de EF hoje é muito melhor do que era no passado. Então, com

todas as mazelas que ela possa ter, hoje esse professor de EF acessou mais elementos do

que os professores da minha geração, por exemplo. Então, esses professores também

estão percebendo que é importante fazer outras coisas e na medida em que a rede tratar

bem seus professores, ela vai conseguir reunir mais adeptos. Eu acho que nós tivemos

um problema esse ano porque os professores não tiveram o que mereciam na sua pauta

de reivindicações na tentativa de greve e o sindicato se comportou de uma maneira

inadequada, mas fora isso a rede municipal tem tratado bem, tem proporcionado

melhores condições para os professores e isso reflete na prática.

231

6 – O que nós percebemos na escola em que acompanhamos é que os professores

estão com algumas dificuldades, por exemplo, todos eles acumulam cargo, muitos

reclamam também de não ter todas as aulas atribuídas e não poder fazer JEIF ou

porque está de módulo e muitos desses profissionais já têm mais de dez anos de

experiência profissional. Você percebe que os professores mais antigos resistem

mais a seguir a proposta curricular?

R – Eu percebo isso sim. Às vezes eles estão à defesa de uma EF. Eles vivem certo

anacronismo. Eles estão hoje, em 2012 dando aula, mas às vezes eles estão com uma

representação de um papel da EF que é de outro tempo. Um exemplo que acontece aqui

nesse bairro que eu tenho acompanhado. O Julio Mesquita que é uma EMEF aqui do

lado tem professores que vão nessa direção, vão à direção da proposta e o Amorim Lima

que graças a essa fama que ele acumulou nos últimos tempos, ele tem só professores

mais antigos que levam seus alunos para as competições do município que são

organizadas pela SEME e não pela SME, o pessoal do Julio Mesquita não participa das

competições, o pessoal de outras escolas mais periféricas não vai e o pessoal aqui que é

um pessoal mais antigo acaba indo e ai, eles se queixam, por exemplo, que os alunos

dão WO, que eles não vão, que eles só querem zoar. Como sou eu que dou formação

nessa DRE eu sempre encontro com eles. Como esse grupo são os saudosos de uma EF

esportiva, eles ficam o tempo inteiro e às vezes são os únicos em uma reunião de

professores a defender que tem que ter o esporte, que tem que formar. Por exemplo,

aconteceu uma coisa que é bisonha no ano passado, uma professora confessou diante de

quarenta alunos que uma aluna dela tinha se classificado no atletismo ela ficou uma

semana sem dar aula na escola porque essa uma aluna tinha que participar de várias

baterias lá na Água Branca. Então você percebe assim, para acompanhar uma criança,

uma, uma, uma atleta do atletismo eu deixo de dar aula para um monte de pessoas e

essas pessoas acham ainda que esse é o papel dela. Então olha lá, enquanto todo mundo

está pensando outra coisa essas pessoas estão pensando isso. Mas olha, eu penso que é

positivo essas pessoas frequentem as reuniões formativas. E ai um dos detalhes legais

que a gente conversou com o pessoal dessa escola foi de quantas reuniões formativas,

não reunião técnica né, quantas reuniões formativas você teve nos últimos dez anos que

falaram que era para trabalhar desse jeito. Eu também acho que essas pessoas estão

inquietas. No último encontro que eu tive com essa professora esse ano, no 1º semestre

ela perguntou se não dava para trabalhar o esporte nessa proposta e eu disse que o

232

esporte está sendo trabalhado ali, só que não será trabalhado para aprimorar a habilidade

motora dos alunos, vai ser trabalhado como um tema da EF. Então tem sido muito

difícil marcar isso por faixa etária, dizer que são só os professores mais velhos que estão

pensando assim, não sei se são só os professores mais velhos, mais sei que ainda há um

grupo de professores de EF que pensa desse jeito. Eu tenho acompanhado colegas que

frequentam as reuniões formativas da rede estadual e que alguns deles querem fazer

uma proposta com o olhar mais voltado para a comunidade e há pessoas que querem e

insistem, mesmo sendo novos que a EF tem que ser esportiva.

7 - Você acredita que a formação dos professores de EF está sendo realizada com

uma variedade muito grande de currículos e quando o professor vai ministrar as

suas aulas ele sente dificuldade?

R – Eu penso que os currículos nas faculdades eles estão bastante distorcidos, eu já

discuti isso bastante e tenho até algumas coisas escritas sobre isso. Isso que eu chamo

de Frankstain, esse currículo que tem um pouquinho de cada coisa, o aluno entra lá e

não consegue entender isso, porque cada professor chega e fala o que quer e do jeito que

quer e há muitos professores universitários que não tem noção de EFE, porque são

professores de outra área e são sérios nas outras áreas, mas quando esses professores

precisam dar aula de EFE eles distorcem. Então eles não estão ajudando esses jovens há

entender qual é o papel da EF. Então ontem eu tive a primeira aula com meus alunos de

Metodologia de Ensino 2 e ai eu fiz uma reflexão com eles da fala da Dilma, porque a

Dilma falou que agora para 2016 vai pensar na EF na escola, vai pensar na escola na

questão de formar atletas e ai a gente realizou várias reflexões dessa fala, inclusive

quanto isso impacta mesmo na prática, entre outras coisas. A conclusão que nós

chegamos ontem é que existe um setor dos meus alunos que defendem que a EF seja um

espaço que a gente identifique possíveis atletas, ou seja, nós ainda temos jovens

professores que pensam que a EF é um espaço para isso e são pessoas interessantes e

legais, mas essas pessoas estão sob a influência de um discurso hegemônico que nesse

momento a gente está vivendo, mesmo que a gente fale para eles que nós já

apresentamos essa proposta de formar atleta na EF e não deu certo. O Brasil recebe

medalhas de modalidades que não tem na escola e que nunca terão na escola. A

modalidade que o Brasil mais investe que é o futebol de campo ainda não tem medalha

233

de ouro, então apesar de todos esses argumentos, parece que dentro dos professores de

EF, que está no DNA do professor de EF a perseguição desse ideal esportivo.

Talvez isso ocorra pela formação que esse profissional teve quando era aluno da

escola?

R – Exatamente. Talvez as melhores experiências que a gente tenha tido enquanto aluno

de escola tenha sido no campo esportivo, então a gente pensa em continuar com isso.

8 – Você poderia falar em relação à questão metodológica da proposta curricular

de EF do município de São Paulo?

R – Segundo as orientações didáticas das orientações curriculares, há uma preocupação

grande com o reconhecimento do patrimônio cultural corporal dos alunos, e isso é bem

amplo, não é nem o que o aluno sabe e nem o que o aluno gosta. É o que o aluno sabe,

onde tem, onde passa na TV. Então esse mapeamento articulado às intenções do projeto

político pedagógico da instituição, esse mapeamento é que vai fazer com que a gente

selecione a temática que vai ser problematizada. A partir daí, há um momento em que

essa temática é vivenciada com base nas representações que os alunos têm, então vamos

dançar do jeito que eles acham que é para dançar, vamos jogar do jeito que eles acham,

vamos lutar do jeito que eles acham e esse momento é de ressignificação, onde eles vão

ver como o outro dança, eles vão ver como eles dançam, vão chocar a representação que

eles têm com a representação do outro. Então tem que haver muita vivência em função

dessas representações que eles têm. Outro momento do trabalho tem que ser o

aprofundamento, onde eles irão conhecer melhor aquela manifestação, do que se trata,

com o que ela parece, de onde ela veio, como que diferentes pessoas pensam aquela

manifestação e ai um outro momento tem que ser a ampliação, porque eu preciso

acessar discursos diferentes sobre aquela manifestação, se não eu corro risco de pensar e

de ter uma visão dominante, ou seja, só existe um jeito de pensar essa manifestação e é

como o meu professor faz ou como meu professor ensinou. Não. O fulano da esquina

que joga isso ou a menina que dança não sei aonde ou o cara que eu vi no documentário

na TV falam outras coisas e pensam outras coisas. Então, em síntese, é importante

reconhecer como eles pensam essa modalidade, trazer mais elementos daquela

manifestação para que eles conheçam melhor aquilo que eles vêm e consigam entender,

234

fazer uma etnografia. Ah, agora eu consigo entender isso no mundo e, principalmente,

trazer visões de outras pessoas sobre aquilo, porque eu só consigo reconhecer o outro a

partir do momento que eu sei o que ele sabe sobre aquele assunto. Se ele nunca ouvir o

que você tem a dizer sobre certo assunto, você pra mim ou vai ser uma pessoa que é

diferente de mim ou uma pessoa que eu simplesmente desconsidero, ou seja, eu não

tomo conhecimento da sua existência. Então, se eu souber o jeito que você brinca de

pega-pega e eu brincar do jeito que você brinca eu to reconhecendo o conhecimento que

você tem, mesmo que eu não goste dele. A gente não quer que todos os professores do

município sigam a proposta, a gente não quer isso, o que a gente quer e é obrigação do

município fazer isso é que os professores saibam que ela existe e o que ela diz. Ai você

pode tomar uma decisão. Pode ser que tenha uma escola que queira alfabetizar em outro

caminho e eles podem seguir outro caminho, porque meus professores avaliaram os

alunos, discutiram e pensaram outra coisa. É a mesma coisa nas práticas corporais. A

escola não pode ser aquele lugar de fixação de certas práticas corporais como a melhor,

a escola precisar ser um lugar onde eu conheça as práticas corporais e conheça também

as pessoas que fazem as práticas corporais e eu acho que ai é o problema da nossa

formação, porque naqueles cursos que formam professores que vão trabalhar as

ginásticas ou as danças, ou os esportes, ou as lutas, às vezes o professor fica lá o ano

inteiro ensinado tudo de basquete, mas dificilmente ele ensina sobre quem joga

basquete, então a gente não sabe nada, a gente não sabe quem é o cara que luta, quem é

o cara que joga basquete, por isso que quando vem a olimpíada e a menina do Piauí

ganha no Judô a gente se surpreende né, a gente pensa, nossa lá no Piauí tem Judô,

porque senão a gente acaba pensando que Judô é uma coisa só de japonês, só da

comunidade nipônica e aqui em São Paulo que faz e isso não é verdade. É muito

importante que a gente tenha essa visão ampliada e profunda das práticas corporais.

Professor, deixa eu ver se consegui entender bem. Essa proposta teve uma

participação forte do grupo referência quando ela foi elaborada e esses professores

às próprias DREs indicavam porque se destacavam mais ou estavam mais

disponíveis para realizar uma proposta curricular?

R – Eu não posso te dizer quais foram os critérios que as DREs utilizaram para sugerir

esses professores, porque quando eu cheguei lá, eles já estavam. O que eu sei é que

essas pessoas foram indicadas pelas DREs. Acho que vou dar um exemplo que é muito

235

interessante. Em Campo Limpo indicaram duas professoras com muita experiência na

rede, já QPE 19, e que chegaram lá com toda uma história de fazer EF de outro jeito,

são pessoas da minha geração e lá elas se deixaram seduzir por essa proposta, mas isso

aconteceu com essas duas pessoas. Há pessoas que faziam parte do grupo referência que

até o último dia e até o último texto apresentavam resistência. Uma coisa muito

importante que eu faço questão de dizer é que não houve ingerência do poder executivo

na elaboração dos documentos, ou seja, se você olhar os documentos, se você olhar o

documento de EF você vai dizer, nossa, esse documento tem uma ideia pedagógica que

não é aquela ideia que o antigo DEM, que é o partido do Kassab teria, entendeu. Isso é

importante dizer, porque eu estou cansando de ouvir as pessoas dizendo que fulano e

beltrano participaram da proposta, mas eles não fizeram aquilo que eles queriam, é

como se o cara colocasse o nome dele lá e depois fala que não é bem assim que ele

pensa. Não. O que está lá é o que a gente pensa, o que está lá é o que o grupo referência

trabalhou, o que está lá é o texto que a gente concorda com ele.

9 - Então esse grupo referência eram de professores que faziam parte da rede e

depois o documento foi analisado por outros professores da rede também?

R – Exatamente. Professores de Fundamental I e II e Supervisores de Ensino. Os

supervisores também leram os documentos e as devolutivas foram por escrito e depois

houve uma reunião presencial. Então nós fizemos a escrita, depois que o grupo

referência finalizou mais ou menos o que estávamos pensando, a gente mandou para a

rede, ai houve uma leitura dos professores do Ensino Fundamental I e o documento do

Ensino Fundamental II foi lido por professores de EF que também encaminharam por

DRE um monte de apontamentos e ai depois os supervisores, só que foram feitas

reuniões também com essas pessoas, primeiro a gente recebeu a devolutiva deles e

depois fizemos reuniões que a gente conversou sobre o que estava lá.

Então os professores da Educação Básica participaram da elaboração da

proposta?

R – Sim. Participaram como leitores críticos. Eu vou contar um caso. Em uma reunião

com os professores de EF tinha um grupo de professores que defendia que tinha que

estar no documento a relação com o lazer, e ai a gente falou que não, que não

236

combinava, mas eles defendiam e ai a gente foi no argumento, mas apareceu essa

discussão nessa reunião. Os supervisores não disseram isso, o grupo referência nem

tinha levantado essa ideia. Para nós, a EF não é lazer e a gente não quer fazer essa

discussão com o lazer. Em outro momento havia também uma discussão com a ideia de

saúde e ai a gente colocou que EF enquanto linguagem não tem nada a ver, então a

gente tinha que usar um tempo dessa reunião para explicar qual era a concepção de área,

porque o que acontecia, o professor, qual é o vicio do professor, ele ia procurar uma

relação de conteúdos a serem trabalhos e o documento não tem uma relação de

conteúdos a serem trabalhados, ai eles liam as expectativas e relatavam que nenhuma

daquelas expectativas conversavam com saúde, acontece que EF na área de linguagem

não é saúde, então tinha esse debate em relação a concepção da área que era mais rico

com os professores do Ensino Fundamental II. A preocupação dos professores do

Ensino Fundamental I é que eles teriam que trabalhar lutas e por isso que saiu o esporte

e as lutas e ficou apenas a dança e a brincadeira no Ensino Fundamental I. A discussão

com os supervisores era muito mais a concepção que enriqueceu a reunião com eles,

mas nós não sabemos quais foram os critérios utilizados pelas DREs para escolher essas

pessoas, mas eu tenho uma suspeita, até porque houve reuniões que havia professores

ali sentados que são professores conhecidos por defender certas concepções da EF.

Como a rede municipal tem também professores universitários, nas reuniões com o

Ensino Fundamental a gente via que esses professores se juntavam pelas concepções

que defendiam. Aconteceu uma coisa interessante, que havia uma pessoa do grupo

referência, do primeiro grupo referência havia um professor que era ligado há um desses

setores da EF que quando a gente entrou na segunda reunião ela já não foi mais e

abandonou o grupo referência, ou seja, se ela estava afim de resistir tinha que

permanecer e ai depois ela apareceu na reunião, ai todo mundo falou, mas quando você

teve a chance de participar você não foi, agora você vem falar isso ai eu não quero.

10 - Então durante a implementação da proposta houve muitos jogos de interesses

e de contradições que aparecem na própria área? Não foi algo tranquilo de se

realizar?

R – Não. Além das questões conceituais da própria área e que é legitimo que os

professores pensem essas coisas, há questões políticas que querem puxar para um lado e

para o outro, porque nem todas as DREs ao longo do percurso eram simpáticas há esse

237

movimento de reorientação curricular, nós tínhamos DREs que ainda achavam que na

gestão anterior tinha uma proposta mais interessante, mas não de EF, de educação, nós

tínhamos DREs que eram mais simpáticas há essa reorientação, então a relação da SME

com as DREs não era tão suave assim e as DREs tem autonomia, porque elas podem

contratar formadores. Às vezes existe uma série de pessoas nas DREs que são

vinculadas há certas ideias de educação e eu acho que isso só mostra a grande

diversidade que existe na nossa área.

11 – Talvez essa grande variedade de identidades e de formas de atuar faz com que

o professor que chega à escola se sinta mais perdido?

R – O que nós temos orientado os professores quando eles enfrentam problemas é que

nessa hora a gente tem que ser um pouco legalista né, o que dizem as orientações

curriculares. Agora, é nesse professor onde explode os problemas, porque nele não estão

apenas as representações da SME. Eu fico pensando no dia que saiu o edital do

concurso. Eu fico pensando nesse professor que está na escola quando bate o olho no

edital o que ele pensa, da onde que isso aqui ta vindo, ai ele fica pensando naquilo, se

ele for um pouco consciente né, ele fica pensando naquilo, ele fica pensando no que ele

esta fazendo, no que o diretor quer que ele faça. Então ele vai falar, isso aqui é o oficial,

mais às vezes o oficial tem menos força do que acontece lá, porque lá tem os problemas

e a gente reconhece isso. O currículo escrito é muito importante, os coordenadores

ficam cada vez mais sensíveis e os diretores também, mas é séculos, é séculos. Agora, a

gente não tem receio de ser contra hegemônico, não faz mal perder, o que não pode

parar é de lutar, então a gente tem que continuar lutando. Esse ano tem eleição, muda

partido, eu acho que todo esse trabalho feito ao longo desses anos contribuiu de alguma

maneira para alcançar os professores e eu acho isso importante.

12 - Você acha que pode acontecer de mudar o governo, mudar o partido e mudar

toda a concepção?

R – Eu acho que isso não acontece tão rápido e nem tão simples assim, o maior

exemplo é que os educadores do Partido dos Trabalhadores passaram oito anos

criticando os Parâmetros Curriculares Nacionais e quando eles assumiram o governo e

já estão há dez anos no governo, eles não mudaram os PCNs. Então não é assim que a

238

gente vai lá e muda um trabalho, mesmo porque é investimento, é curso, eles vão ter

que responder no ministério público se quiser jogar tudo fora agora, então eu acho que

as políticas educacionais tendem a se fincar, tendem a fincar no terreno. Eu acompanho

a construção do currículo em Várzea Paulista, já acompanhei em Itatiba, já acompanhei

em Cubatão, aqui no município e na rede estadual, eu desconheço uma outra

experiência onde houve um tempo tão prolongado de insistência, com tentativa de

manter o mesmo discurso, embora eu saiba, porque eu vejo no diário oficial também,

existem palestras sobre esporte, existe não sei que e isso da uma balançada às vezes na

cabeça do professor, porque os professores falam para mim na formação, você esta

falando isso aqui, mais eu fui na formação lá do esporte, do olimpismo e eu respondo

que isso é ótimo para você pensar na EF mas não na proposta curricular. O pessoal às

vezes deixa de ir a uma jornada pedagógica para ir à formação do campeonato porque

existem pessoas na DRE que fazem força para isso. Temos que reconhecer essas forças

e saber enfrentá-las.

Entrevista Diretora

1 - Quais foram as razões que te levaram a escolher ser diretora de uma escola? Há

quanto tempo é diretora? Há quanto tempo é diretora nessa escola?

R – Eu virei diretora de escola porque eu tinha vontade de mudar algumas coisas que eu

não achava corretas. Eu acredito muito na educação, na verdade é isso. Foi uma opção

vir para a educação. Eu trabalhava em outra área antes da educação e acredito muito na

educação pública. Eu sou diretora há dois anos e dessa escola há um ano e dois meses.

Antes de ser diretora já era professora da rede pública há quatorze anos.

2 - Qual é o seu projeto como diretora dessa escola (o que já fez, o que poderia

fazer, etc)?

R – A avaliação que eu tenho na verdade é que é um grande desafio entre aquilo que a

gente pensa e que a gente consegue realizar na prática. Eu acho que tem uma série de

fatores que interferem que extrapolam o desejo individual. Eu acho que a escola é um

coletivo e construir um coletivo na escola não é fácil. Tem a questão da estrutura que

você tem que respeitar essa estrutura. O desafio é você construir um coletivo na escola.

239

Ainda assim, em uma escola, o grupo, a equipe inteira não tem que ser igual no projeto

de educação. Então você tem que construir um projeto que contemple as diferentes

visões de educação e eu acho que cada um vai defender aquilo que acredita. Eu penso

que o maior desafio, agora como direção, daquilo que eu fiz para mim é construir a

democracia na escola dentro dos valores que tem que permear a educação de inclusão,

voltado para o conhecimento e para o desenvolvimento das pessoas e eu particularmente

penso que os problemas de conflito, porque eu também sou professora. Mas eu tenho

que me colocar como direção né? Enquanto direção é construir um projeto que se pense

na questão de uma construção democrática, participativa, mas que a gente consiga

atingir questões importantes na educação. O aluno tem que ser estimulado pelo

conhecimento para que ele possa ser instrumento para definir a sua vida no futuro

dentro do que foi possível. Entendeu? Então eu acho que essa construção coletiva ela é

difícil. Eu acho que é o grande desafio. Porque às vezes as coisas precisam acontecer e

se a gente não repensar muito, a gente acaba encaminhando as coisas de uma maneira

que não seja construção coletiva e ela é dura. Porque às vezes parece que as coisas

ficam soltas, mas enfim. Eu acho que o maior desafio na escola é você conseguir

construir esse espaço coletivo vendo, conseguindo perceber que a escola faz parte da

sociedade, que ela não é uma coisa a parte da sociedade e você tem um conjunto de

alunos que é reflexo da sociedade que a gente vive. Então lidar com essas situações, na

minha opinião, é uma coisa muito complicada.

3 - Pensando já na construção coletiva e entrando nessa questão da escola

democrática que tem muitos alunos com realidades muito diferentes e como você

disse a escola faz parte, está dentro dessa realidade complexa, quais são as

principais dificuldades que atrapalham o desenvolvimento das aulas dos

professores nessa escola?

R – Em relação ao que eu ouço de queixa do professor ou você quer saber no que eu

acredito que sejam as dificuldades?

Se você puder falar tanto no que você ouve de queixa dos professores e no que você

acredita que sejam as dificuldades seria muito importante.

240

R – Existe muita reclamação sobre a questão da disciplina, ou da indisciplina. Então a

questão do aluno estar na sala de aula e não conseguir concentração, atenção,

envolvimento na aula, a questão da violência é muito presente. Na nossa escola não tem

um nível de violência que a gente assiste em outras escolas, mas tem discussão, tem

bate boca, tem até que as vezes um menino ameaça o outro e tal, mas eu acho que no

nível do conjunto administrável frente a realidade. Então o nível de queixa é muito

grande em relação à indisciplina, da concentração, alguma situação que a família não é

tão presente em acompanhar a vida escolar do menino e isso dificulta. Fica muito nesse

nível.

Eu penso em relação a isso que é muito difícil estimular que os alunos tenham

vontade de conhecer. Essa coisa que deveria ser assim tão natural e que a gente percebe

uma fase influente nas séries iniciais, da vontade do conhecer, do fazer e chega há uma

certa altura e eu não sei exatamente o porque acontece um desestimulo. Eu acho que

tem a questão da idade, tem a questão da estrutura da escola. Eu acho cruel o aluno ficar

sentado das sete da manhã até meio dia e essa é uma dificuldade que a gente tem. Na

nossa escola particularmente, na verdade, a gente está sem um espaço de escola, a gente

está em um espaço provisório há um ano e pouco porque o novo prédio da escola está

sendo construído ao lado, então a gente tem uma limitação de espaço infinita. Quando

entrar propriamente na área que está sendo seu objeto de estudo, de EF, a gente não tem

espaço, a gente não tem quadra, a gente tem um improviso. Esses fatores influenciam

bastante, mas eu penso como a gente falou anteriormente, como a escola é reflexo da

sociedade, ela não está desligada, nós vivemos em uma sociedade que em nível da

escola é uma contradição, porque exige um conhecimento para passar no vestibular,

para fazer uma entrevista, para fazer um concurso e ao mesmo tempo ela não estimula o

conhecimento como um ponto, ahm, simplesmente não valoriza o conhecimento. Eu

acho que a escola teria esse papel. Ela não teria que estar voltada nem para o mercado

de trabalho, nem para o vestibular, nem para o vestibulinho (que os alunos do Ensino

Fundamental fazem para passar nas escolas técnicas). Ela teria que estar pautada encima

do conhecimento, estimular o conhecimento, o raciocínio, a leitura, o encantamento

pelo conhecimento. Eu vejo esse o nó central. O nó dos educadores com os alunos. A

gente não consegue estimular, às vezes eu acho que no coletivo a gente nem percebe. É

um ponto difícil também de tocar no coletivo, porque eu acredito que os professores,

eles fazem aquilo que eles acham de melhor. Eu não acho, eu não percebo que a gente

tem um coletivo de professores que não queiram trabalhar, que enrolam, que se

241

amarrem, eu não acho isso. Eu acho que é um grupo, mas que tem alguns pontos que

são difíceis de a gente tocar. Por outro lado, eu acho que a gente tem uma jornada

bastante extensa. Muitos dos professores, e é o meu caso também, a gente tem acúmulo

de cargo. Então quando você precisa trabalhar em um lugar e no outro para a sua

sobrevivência é cansativo, é cansativo na hora de preparar aula, na hora de corrigir as

atividades e na hora de preparar as aulas. A paciência diminui, tem uma série de fatores.

Acho que não é um único fator. Acho que aquela escola que tem um professor

acomodado, acho que não é isso. Acho que o professor (essa é uma leitura que eu faço

dos professores dessa escola enquanto diretora) é um grupo que é interessado, mas ai

tem. Primeiro que não se discute o que é educação, o papel da educação, a gente discute,

mais discute pouco, muito menos do que deveria. Para você ampliar um pouco o

universo, a troca, entender o que o outro realmente pensa de fato, então acontecem

algumas situações, que elas são pontuais, podem ser resolvidas, mas são resolvidas da

maneira que dá. Eu acho que. Acho que se a gente tiver... Por isso que eu sempre falo

em processo de construção e às vezes eu me pego em algumas contradições também né,

porque quando você fala em processo de construção, a construção leva tempo e às vezes

você precisa de respostas imediatas entendeu, e isso até complica, porque às vezes a

gente enquanto direção tem que ter algumas respostas e que não da tempo de fazer essa

construção então fica uma contradição.

Pelo que eu entendi você acha que a questão da própria estrutura da escola

dificulta o trabalho dos professores, a questão dos professores que tem que

trabalhar demais por uma questão de sobrevivência dificulta e você acha que essa

questão da escola é complexa, não pode ser entendido como algo simples, tem

muitos fatores que influenciam?

R – Tem muitos fatores, tem os fatores que a gente chama de externos, mas também é

uma contradição chamar de externo já que a gente está falando que a escola faz parte do

sistema, então aquilo que acontece lá fora, na sociedade, lá fora entre aspas, nos muros

de fora da escola, eles também são fatores internos, porque essas crianças vêm da

estrutura de família que tem, vem da estrutura da sociedade que tem e vai convivendo

dentro disso. É isso que elas trazem dentro do espaço escola, entendeu? E o que elas

levam da escola, também não acho que a escola seja um espaço limitado, às vezes eu

acho que a gente limita mais do que a potencialidade que esse espaço tem. Eu acho

242

assim, que a escola pública é um espaço privilegiado, principalmente com concurso

público que os professores são efetivos, você pode conquistar a permanência de um

grupo, eu acho que é esse um projeto que eu tenho, quando você conseguir estruturar a

permanência de um grupo sem tanta remoção e esse grupo possa se conhecer e

aprofundar um trabalho. Então eu acho que a escola é um espaço privilegiado que a

gente poderia desenvolver muitas coisas interessantes, muitas mesmo e algumas coisas

não acontecem.

Então você acha que se você estivesse em uma escola com um grupo de professores

que construíssem um conhecimento, ficassem na escola, tivessem uma formação,

isso poderia facilitar a implementação de uma proposta curricular e até mesmo na

dinâmica da aula do professor?

R – Acho, acho sim. Acho que você tocou em um ponto que eu ainda não tinha

verbalizado porque a formação permanente do professor é um ponto muito importante.

Acho que assim, o acesso ao mestrado e não só estudos internos, o professor tinha que

acessar outras possibilidades, outros estudos ampliados sabe? É fundamental isso.

4 – Na sua experiência como diretora e conversando com os gestores e com outras

pessoas que não estão dentro da escola, mas que realizam a gestão da escola. Essa

estrutura de fora da escola, a gestão, existe algo realizado de fora da escola que

atrapalha aqui dentro?

R – Então, olha. Tem sim. Nem sei seu poderia falar isso nominalmente porque às vezes

dentro da estrutura a gente não pode se colocar. Mas tem sim, tem uma estrutura que

você tem que seguir e tem que cumprir. Então tem algumas coisas que a escola tem

autonomia, para outras a escola não tem autonomia. Ela está dentro de uma estrutura,

dentro de um plano, dentro de uma programação e que você tem que cumprir.

Então, sem entrar em uma questão mais profunda, existem algumas questões

externas que se a escola tivesse mais autonomia poderia ter um andamento mais

positivo?

243

R – Acredito que sim. Certa autonomia nós temos. Acho que nós temos algumas

autonomias sim. Dá para construir. O que eu sempre penso é que existe uma

contradição. A estrutura ela existe e você esta subordinado a ela. A gente está

subordinado e tem que seguir alguns parâmetros que estão estabelecidos e que você não

pode fugir, mas também tem espaço de construção, acho que tem as duas coisas.

Existem questões limitadoras, mas tem sim espaço para construir.

Mesmo com essas limitações você acredita que com esse espaço de construção e

com a permanência dos professores, ou seja, uma escola que está bem estruturada

consegue realizar um bom trabalho?

R – Eu acho. Apesar dessas limitações, eu acho de verdade que tem que se discutir

política educacional e política de sociedade. Eu acho que você discutir uma política, o

modo de organização da sociedade não está desligado da escola que você vai ter, agora

mesmo assim, ainda estando no modelo que a gente vive e nessa estrutura ainda acredito

que na escola é possível uma construção e avançar nas construções que a gente já tem.

5 - Os professores relatam algumas dificuldades ou facilidades para por em prática

todos os conteúdos presentes na proposta curricular da EF?

R – A nossa escola, assim, e eu cheguei aqui e ela já estava assim. Eu cheguei estava

acabando de derrubar o lado de lá para construir. A gente está em um momento difícil,

porque na verdade a EF pressupõem um ambiente. Um ambiente de EF tem que existir,

acho que deveria existir sala ambiente de todas as outras áreas, mas ela tem que existir,

tem que existir um espaço físico e a gente não tem esse espaço e olha que os professores

tentam fazer uma adaptação. Nós temos professores muito empenhados, porque eles

usam esse espaço aqui que a gente tem que não é uma quadra, que ele é interrompido

nas horas dos intervalos, então a gente tem um espaço pequeno, uma estrutura pequena

para desenvolver as atividades. A adaptação possível é que a gente tem um clube aqui

perto então o ano passado os professores levaram os alunos do período da manhã o ano

inteiro e a gente vai usar denovo esse ano e eu até já fiz uma cartinha para levar para a

diretora do parque e eles cedem os espaços para a gente usar, mas de uma forma

adaptada porque mesmo sendo perto dentro do período de aula você tem que se

deslocar. É um pedido dos professores de EF fazer aula de dobradinha para eles terem o

244

espaço mais tranquilo, mas você também têm que adequar essas dobradinhas na

possibilidade de horário dos outros professores por causa dos acúmulos. Então foi uma

reivindicação dos professores que as aulas fossem de dobradinha que já tinham pedido o

ano passado, mas a gente ainda está tentando fazer essa adequação, mas você precisa

fazer essa adequação com acúmulos, com a possibilidade dos demais professores de

horário entendeu? Então você tem que fazer um casamento. É difícil de te falar na

proposta de EF, principalmente o ano passado e esse ano nessa escola porque a gente

não está nem em um “espaço normal”, que você tenha a quadra, entendeu? Que você

tenha um espaço interno na escola de circulação nós não temos, isso então dificulta

muito.

Então já vai fazer mais de um ano que esta tendo essa reforma na escola?

R – Isso. Começou o ano passado. Cheguei nessa escola em janeiro e já e estava

começando junto essa reforma.

Então como não existe um espaço adequado esse é um fator que dificulta a aula?

R – Sim. Influência bastante

Tirando essa questão do espaço você acha existe algum outro fator que influência

na aula de EF? Pensando no seu olhar como diretora.

R – A EF eu vejo é que tem um facilitador dos meninos terem um desejo muito grande.

A EF desperta e eu vejo também que assim, de possibilidades que a EF pode propiciar,

além da atividade física em si, as relações humanas de uma maneira muito especial. Os

jogos integrativos, o respeito, a aceitação de regras e a convivência no grupo. Então,

acho que tem o dificultador do professor de EF cruel, de uma forma muito objetiva

assim, por exemplo, o professor de EF tem uma exposição ao sol. Eu particularmente

penso que o Estado deveria dar protetor solar porque isso deveria ser equipamento ali de

trabalho, de prevenção de risco de doenças, então isso eu acho que é um ponto. Por

outro lado, eu não sei, eu tenho um olhar tão encantador pela EF por essa vontade dos

meninos de irem, por essa cobrança pela aula de EF entendeu? Então, eu penso que esse

espaço privilegiado é um facilitador para o professor trabalhar, porque quando você esta

trabalhando em sala de aula em uma situação que os meninos não possuem

245

encantamento por aquilo que você tem que trabalhar dentro da sala em um espaço

fechado, eu acho que esse é um dificultador que a EF não tem. Agora os dificultadores,

nesse momento eu enxergo o espaço

6 - A EF é uma disciplina valorizada pelos diferentes gestores políticos que

passaram pelo governo (disponibilidade de verbas para compra de materiais e

manutenção da infraestrutura) e pelos outros professores?

R – Eu acho que por muito tempo e ainda por parte do grupo, algumas disciplinas como

a EF, Artes, Geografia e História pelo próprio cunho de sociedade que a gente vive, elas

tiveram sim e até muito recentemente ainda tem um pouco um olhar como algo

secundário do ponto de vista curricular. A disciplina é legal, é bacana, que os meninos

queimam energia, mas eu acho que esse olhar está sendo mudado. Eu acho que cada vez

mais um grupo maior esta conseguindo enxergar a importância mesmo curricular da EF,

de Artes, dessas disciplinas que eram consideradas, que alguns brincavam “perfumaria”,

entre Português, Matemática, Química, Física, Biologia. Eu acho que esse olhar está

mudando. Ainda têm alguns problemas, por exemplo, o ano passado o professor

escreveu a meninada no campeonato, então no horário do treinamento teve um

pouquinho de conflito, porque os alunos tinham que perder aula para fazer. Então tem

algumas coisinhas difíceis, mas eu acho que o olhar está mudando, está mudando um

pouco. Eu acho que isso vale para a EF e vale para todas as áreas. Eu acho que o dia que

o coletivo enxergar a importância em pé de igualdade de todas as disciplinas, a gente vai

dar um grande salto e fazer um trabalho interdisciplinar também melhor. Eu acho que

falta a gente se enxergar enquanto grupo de educadores, conseguir enxergar o papel de

cada área, eu acho que também falta isso, talvez até eu nessa conversa com você esteja

pensando em planejamentos novos e tal, as áreas poderiam se colocar um pouco. O que

significa a sua área o trabalho da sua área porque talvez em conjunto eu consigo olhar

para aquilo que eu não conheço.

Você recebeu algum curso de formação sobre as orientações curriculares da EFE?

R – Sim. Recebemos as orientações. Existem as reuniões de orientação de inicio de ano

que tocam na questão curricular. Eu particularmente não participei de um curso que vá

discutir as propostas curriculares especificas de cada disciplina. Também, isso eu

246

acredito que esteja mais voltado na escola municipal para a coordenação que tem ações

permanentes, normalmente nas sextas-feiras em que essa questão que envolve o

pedagógico fica mais voltada para a coordenação. Eu até gostaria, de verdade, que a

direção estivesse mais envolvida na questão do pedagógico, então quanto mais situada

tiver melhor, mas essa questão é muito mais direcionada para a coordenação.

7 - O que você acha necessário realizar para que melhore a prática pedagógica dos

professores e dos professores EFE na sua escola?

R – Acho que são tantos fatores conjugados. Eu acho que o professor precisava estar

com o pé inteiro na escola, porque é preciso de tempo para pensar junto esse espaço. Ele

não poderia estar sobrecarregado de tantas atividades porque a escola ela é desgastante,

as relações humanas são, e você está trabalhando com adolescentes e pré-adolescentes,

então eu acho que o professor precisava ter um tempo, falta mais tempo para a gente

refletir o processo que a gente vive. Eu sinto isso. Às vezes existe conflitos em situações

pequenas que se a gente tivesse mais tempo de todos juntos na escola superaria esses

conflitos com certeza. Eu acho que a questão da valorização salarial para fixar o

professor na escola, acho que a questão do acesso a formação, a questão de você

conseguir enxergar quem é o seu aluno, como trabalhar com esse aluno. Tem algumas

coisas que a gente precisa respeitar e pronto, você não consegue, cada um tem seu jeito

de trabalhar etc, mas tem algumas questões que elas poderiam permear e melhorar a

questão da formação continuada do professor, a questão do número de alunos por sala

de aula. Eu acho que se você consegue trabalhar com um número menor, os professores

conseguem ter um olhar mais próximo a esse aluno.

O cotidiano escolar é desgastante?

R – Muito desgastante. Uma coisa é você analisar uma escola de fora dela e outra coisa

é você analisar uma escola no cotidiano dela, porque tem muitas coisas que acontecem

que você não imagina. Às vezes a gente faz a nossa agenda do dia, ai você senta no final

do dia com a impressão que você não cumpriu. Se você for pontuar foram tantas as

ocorrências, é claro que a gente tem um trabalho em equipe, a direção não faz nada

sozinha. A direção eu acho que sozinha ela não é ninguém, mas ela é necessária. Eu

acho que eu tenho um papel, eu acho que eu assumo um papel enquanto direção, mas a

247

escola né, tem um grupo, os professores, os outros funcionários, mas eu acho que o

cotidiano é sim, muito desgastante e na sala de aula mais ainda, porque você tem que

fazer a leitura da sala, se relacionar com a sala e depois de 50 minutos você está em

outra sala.

Se o professor tiver mais de uma escola ele terá mais dificuldades pensando nessa

questão?

R – Com certeza. O professor tem que pensar em muitos alunos todos os dias e ninguém

consegue fazer isso. Eu acho que humanamente é muito difícil você conseguir dar conta

de uma turma tão extensa. A educação ela é complexa. Se você tiver uma sala de aula,

vamos pensar no Fund I que é uma sala de aula. Eu acho que eles têm uma condição

melhor de enxergar quem são seus alunos com a mesma dedicação que tem o Fund II,

não acho que os professores do Fund I são menos dedicados, mas eles estão

cotidianamente mais presentes, eles tem um grupo de alunos numericamente menor,

claro que tem toda a complexidade, eu não estou negando, mas eles podem acompanhar

cotidianamente, acho que essa é a diferença.

Então deixa eu ver se consegui entender. O cotidiano é complexo, são muitos

fatores dessa complexidade que dificultam o professor implementar uma proposta

curricular, existe uma estrutura fechada que necessita ser seguida, embora mesmo

com essa estrutura ainda existe autonomia da escola para muitas questões e mesmo

assim existem professores que com todas essas dificuldades se empenham e tentam

fazer um trabalho melhor possível pensando na proposta curricular. Também

existem fatores que facilitam e você acha que na EF, pela vontade dos alunos

participarem da aula esse é um fator que facilita e principalmente o que mais

facilitaria a implementação de uma proposta curricular seria que houvesse

professores dentro da escola por bastante tempo e que essa construção coletiva e

democrática se permeasse na escola, pensando que o professor pudesse ficar na

escola por mais tempo, tivesse um salário mais digno que não precisasse ter

acúmulo de cargo e nessa escola quanto mais tempo permanecesse aquele grupo,

talvez melhor essa implementação da proposta ocorreria?

248

R – Acho. Acho que a questão econômica ela não justifica por si. Eu não acho que é

assim. Eu dei uma aula ruim porque meu salário é pequeno. Eu não acho que é assim.

Eu acho que o educador ele está na escola, na direção ou em qualquer instância na

estrutura da escola, ele tem que se empenhar ao máximo. Eu acredito na luta para

melhorar essas condições. Particularmente, acho que só coletivamente que a gente vai

construir esse tipo de mudança.

Entrevista Coordenador 1

1. Quais foram as razões que te levaram a escolher ser coordenadora de uma

escola? Há quanto tempo é coordenadora? Há quanto tempo é coordenadora nessa

escola?

R – Que me levaram a ser coordenadora, porque eu achava que dava para fazer um

trabalho mais integrado entre os professores. Eu queria ser uma pessoa que fizesse essa

articulação. Nessa escola eu estou há oito anos e de coordenadora mesmo quinze anos.

Atuei mais quinze anos como professora, portanto tenho trinta anos de experiência em

escolas públicas e privadas.

2. Como é coordenar pedagogicamente a equipe dessa escola?

R – É difícil, não é fácil. Porque cada um traz as suas experiências, traz suas histórias e

o pior de tudo é que você trabalha com concepção de educação. Então algumas

concepções batem com a... Porque além de cada um trazer a sua, nós temos a concepção

da rede. Então às vezes a pessoa quer fugir e ela tem que entender que trabalhando em

uma rede tem que respeitar alguns limites.

Especificamente com o professor de EF, como é a sua relação?

R – Eu sempre tive bom relacionamento com qualquer professor, mas com o de EF a

gente sempre tem uns impasses assim, porque até agora a gente está trabalhando com as

orientações curriculares de EF, onde mostra que a EF não é só treino, treino, treino...

entendeu? Até nos planejamentos aparecem outras formas de expressão e alguns

professores têm algumas concepções antigas, tradicionais, antigas mesmo, porque não

são tradicionais. Ele acha que ainda é jogar bola. Que o professor de EF é para jogar

bola.

249

Então você possui algumas dificuldades no seu relacionamento com esses

professores em alguns momentos?

R – Já esteve pior. Agora está bem melhor. Esse pessoal novo que está chegando, recém

formado, está muito melhor.

Com os professores que estão aqui nessa escola hoje o seu relacionamento é

melhor?

R – Esses de hoje sim. Os que estão aqui na nossa escola foi um grupo diferenciado.

Porque é assim né. Não é que nós não participamos de campeonato, nós participamos de

tudo, nossa escola é uma das escolas que mais participam de tudo na rede, mas não é

aquele único sentido da competição, da vitória. Tem a parte da participação mesmo,

colaboração.

3. Comente como tem ocorrido a implementação da Proposta Curricular da EF

nessa Escola?

R – Não está sendo tão fácil assim. De um dia para o outro não muda. Porque muitas

vezes o professor quer fazer para ver no que vai dar. Então assim, toda hora dou uma

“cutucadinha”, que a gente chama de intervenção pedagógica, chama atenção para uma

coisa. Eles fazem a formação que a gente chama de JEIF (Jornada Especial de

Integração). Eles participam desses estudos, então, tem a parte teórica e depois a gente

pede para colocar em prática. Isso vai mostrando e desmistificado alguns pensamentos

antigos.

Realizar a JEIF facilita a implementação da proposta curricular?

R – Eu acredito. Por ter trinta anos de escola pública, nós trabalhamos, nós garantimos

esse espaço de estudo. Eu acredito que melhorou muito com esse espaço. Não é 100%,

mas melhorou muito.

4. As aulas de EF nessa escola estão ocorrendo de acordo com as orientações dessa

proposta?

R – As aulas de EF ocorrem com muitas dificuldades devido aos problemas da escola e

algumas dificuldades que nós temos dentro da escola pública.

250

5. Os professores relatam alguma dificuldade para por em prática os conteúdos

presentes na proposta?

R – Nós temos vários tópicos. A nossa escola hoje, por estarmos em reforma, nós não

temos quadra. Então, isso a criança reflete essa falta de espaço, tanto nas aulas de EF

como nas outras aulas. Elas precisam de espaço, precisam ter esse movimento. Outro

ponto é o próprio material da EF. Então, às vezes ele quer dar uma atividade e nós

temos duas verbas que chegam na escola, então bimestralmente eu peço para eles

fazerem a relação e eles me dão tudo o que precisam, que eu compre bola de todos os

tipos, colchões de todos os tipos, tudo o que eles precisam eu compro. Nada assim,

caríssimo, mas tudo que está na verba da prefeitura a gente compra. Agora, fora isso, a

gente tem muito assim. O que me dói mais hoje é a falta de participação de alguns

alunos. Então assim, as meninas a gente solicita que venha de uniforme e não o

uniforme da prefeitura, qualquer roupa que possa ter movimento. Eles querem vir de

calça agarrada, salto alto, que já é uma forma de não querer fazer EF. Outros preferem

ficar encostados, querendo mexer em celular. Então assim, a proposta de EF não é só

um problema dentro da escola é um problema de toda a comunidade. Então essas

atividades como o Dia do Desafio e outras, a virada esportiva, acho que tem que chamar

essa meninada pra isso, porque é uma meninada muito mais obesa, muito mais parada e

a brincadeira, o esporte deles é ficar no vídeo game. Então eles mesmos estão se

negando a fazer EF.

Os professores relatam para você que a principal dificuldade é a resistência do

aluno?

R – Isso. A resistência do aluno.

Existe alguma questão burocrática que o professor necessita realizar que

influência na prática pedagógica?

R – A única questão burocrática que pode dificultar é o diário de classe, a chamada que

existe. Mas no horário de estudo eles tem um horário que para fazer isso, registrar todo

esse conteúdo. A chamada tem que ser feita, não tem como fugir, agora outro motivo

burocrático não vejo não.

Você tem autonomia para colocar em prática todas as ideias que você acredita ou

existem questões externas à escola que impossibilitam?

251

R – Não, não tem não. A gente tem autonomia, mas é a longo prazo. É o que eu te falo.

Tudo que você for tentar tem que tentar sabendo que você trabalha com pessoas com

concepções de educação. Então quando tem um professor que acha que ele tem que dar

futebol o ano inteiro, para você mexer com esse professor não é de uma hora para outra

que você muda. Então você tem autonomia. Eu chamo, a gente conversa, a gente estuda,

vê outras práticas, mas têm que vir dele essa mudança, porque é que nem aluno, se eu

for só assim ferro e fogo não adianta. Se eu falar oh você vai dar aula assim, assim,

assim. Eu não tenho a especialização na EF, eu tenho a metodologia e a didática dentro

da pedagogia. Então eles querem discutir comigo muitas vezes algumas especificidades

da disciplina ou da área e o meu negócio não é esse. O meu negócio é a metodologia e a

didática para chamar esses alunos para a aula. É fazer com que essa aula seja

interessante e participativa.

6. Existem discussões entre professores e coordenadores sobre a prática

pedagógica da EFE e as orientações da proposta curricular?

R – Sim. Em todas as reuniões tem isso. E assim oh, como o projeto da prefeitura é o

projeto ler e escrever nós trabalhamos tudo com gêneros. Então também o professor de

EF ele trabalha com algum gênero. Então, por exemplo, a própria regra, trabalhar uma

regra com um aluno, uma regra de um jogo, uma regra de um esporte. Isso já esta dentro

do ler e escrever também, a gente tenta fazer tudo articulado, então se a gente vai usar

um, por exemplo, hoje ainda tava dando lá alguma coisa sobre os cem anos no

Mazaroppi, então tem que ser juntado um assunto que a gente vai tratar

interdisciplinarmente. Dentro da área nessas reuniões a gente discute desde as

orientações e o que aquilo meche com EF, porque EF como as outras disciplinas, elas

não são soltas no ar, elas são interligadas e às vezes o professor acha que a sua matéria,

a sua disciplina é distante do mundo e ela não é distante do mundo. Quando ele começar

a perceber que a EF, a Matemática, Ciências, História, Geografia estão todas ligadas, ele

já se torna um professor diferenciado.

A prefeitura de São Paulo realiza um número de paradas pedagógicas suficientes

para realizar essas discussões?

R – O número de paradas não é suficiente. Então assim, hoje a gente trabalha também

com muitas necessidades econômicas do professor. Então, você vê, qualquer curso que

o professor vai fazer um mestrado, uma pós-graduação ou qualquer curso de extensão

252

tudo requer custo e infelizmente e agente como professor, porque eu também sou,

muitas vezes não consegue ficar em um serviço só. Então o professor cava, a internet é

um amigão da gente poder usar para estudos, mas outros recursos financeiros muitas

vezes você não tem e o número de paradas da escola elas são poucas porque os assuntos

não são só os pedagógicos, muitas vezes entram os problemas disciplinares ou os

problemas administrativos que também requer um tempo dessas reuniões.

Acumular cargo por não ser valorizado financeiramente dificulta a prática

pedagógica?

R – Acumular cargo dificulta em todos os sentidos. Em todos os sentidos mesmo porque

enquanto coordenação, você tem as suas responsabilidades de casa, as responsabilidades

de filho e você precisa sustentá-los, então se em um lugar não dá, você tem que procurar

outro e infelizmente é assim e o professor de EF é um dos que você vê que trabalha de

manhã, tarde, noite em academia ou personal, ele está sempre com várias atividades.

Então a gente tem que pegar esse professor a laço.

Então se o professor tivesse apenas um trabalho e ficasse em apenas uma escola,

isso facilitaria muito a implementação da proposta curricular?

R – Isso, facilitaria muito, mas não é só o tempo naquela escola, é o tempo bem

trabalhado naquela escola, porque também se você der o tempo e ele também não

estiver afim de fazer nada ele vai continuar na mesma coisa, porque é assim, mesmo ele

tendo todos esses acúmulos, tudo isso você vê professores que se destacam, vê

professores que estão afim de abraçar várias causas pela educação e às vezes um

professor que nem acumula e ele fica no canto dele e se torna aquela ilha que eu te falei.

O empenho do professor é muito importante então?

R – Olha, eu sou antiga. Eu acho que é compromisso do professor com a educação,

porque quando ele tem um compromisso, mesmo que a hora é curta você corre, você se

mata, fica lendo jornal no metrô, se informando de tudo que é jeito, mas é o

compromisso do professor o que mais importa

7. A postura dos demais professores frente à Educação Física influencia na prática

pedagógica dos professores dessa disciplina?

253

R – Isso ai é complicado, porque assim, eu mesma, porque cada professor puxa para sua

área, por mais que a gente fale assim, não todas são importantes, muitas vezes um

discrimina o outro. Mas também a EF acho que ela está cada vez mais entrando no

currículo geral da escola, porque por muito tempo era como se fosse uma aula de lazer

ou então só uma prática para campeonato. Quem ia treinar fica treinando, os outros

ficavam sentados olhando e um bobo apitando, era sempre assim que ficavam as coisas.

Agora a própria prática da EF é muito importante se você vê até nos casos de

preconceito hoje em dia o quanto o professor de EF é importante nisso, às vezes um

professor de Português, de Matemática não tem acesso há uma criança ou adolescente

como o professor de EF. Parece que essa área traz essa abertura do entrosamento maior

na relação professor e aluno.

Essa boa relação dos professores de EF com os alunos facilita a prática

pedagógica?

R – Em todos os sentidos. Na EF isso acontece mais. É impressionante que assim,

acontece muito mais do que em uma aula dentro da sala de aula.

8. Você já recebeu algum curso de capacitação sobre a proposta curricular da

EFE?

R – A gente não tem uma capacitação assim, especifica da área, hoje a gente vai discutir

sobre Matemática, amanhã sobre Português. O nosso projeto é ler e escrever e o

conviver no século XXI, então nós trabalhamos nessas duas frentes. Então o conviver

que a prática de interação entre os seres, o crescimento do cidadão na escola e a outra

que é o ler e escrever em tudo. Então que nem eu te falei, quando ele está ensinando o

aluno a ler uma tabela de jogo, aquela coisa, quantos pontos fez um, quantos pontos fez

o outro, quem vai para a segunda fase, então isso faz parte do ler e escrever. Então não

existe isso, hoje nós vamos estudar Matemática, Português, História, é o ler e escrever e

o conviver em todas as áreas.

E essas discussões ocorrem quando você é capacitada pela prefeitura de São

Paulo?

R – A gente também é capacitada, a nossa capacitação também é curta porque ao

mesmo tempo é insuficiente porque assim, porque ao mesmo tempo eu também não

posso sair da escola. Então a gente sai da escola no 1º semestre umas seis vezes e no 2º

254

semestre mais umas seis vezes, geralmente de sexta-feira, mas também tem todo esse

prejuízo de você não poder deixar a escola vazia. Então seria até importante, vamos

fazer uma capacitação de três a quatro dias por semana ou aumentar pelo menos um ou

dois dias, só que tem o problema de você estar na escola com todos os seus afazeres,

então é complicado, no caso de coordenador também não tem substituição, ou você faz

ou você faz. Não tem outro.

Então quando ocorrem as capacitações você necessita voltar e ainda dar conta de

todo o trabalho que teria que ser feito naquele momento?

R – Isso mesmo

Você percebe se a prefeitura oferece cursos de capacitação para os professores de

EF?

R – Olha, é o que eu te falei, a prefeitura oferece curso de capacitação para todo mundo,

dentro do horário e fora do horário. Quando é dentro do horário o problema maior são

os acúmulos, então muitos professores, citando aqui o nosso professor, ele trabalha aqui

com a gente, ele sai, vai para uma outra escola e depois de noite ele volta para fazer esse

horário de estudo, então são três idas em vindas das duas escolas todos os dias. Quando

eles colocam os cursos, muitas vezes assim, se ele vai fazer o curso pela minha escola

ele não consegue chegar na outra e não tem dispensa de ponto, tendo que perder o dia.

Fica pior se o acúmulo ocorre entre estado e prefeitura, porque se é tudo na prefeitura a

gente ainda consegue fazer alguns acordos, mandar um memorando que a pessoa está

fazendo curso, mas agora quando acumula com o estado ou outro tipo de escola privada

ai não tem acordo.

9. O que você acha necessário realizar para que melhore a prática pedagógica dos

professores de EFE na sua escola?

R – Olha, eu já te falei, eu sou antiga. Na minha concepção o que falta hoje não é

capacidade dos professores de conhecerem as suas disciplinas. O que falta hoje é

didática e metodologia para isso. Os professores têm que saber, estudar, descobrir que

na prática o aluno não é aquele aluno acadêmico que aparece na Universidade. Muitas

vezes o que a gente vê na Universidade, na Faculdade, na prática é muito diferente.

Então eu acho assim, cada vez mais têm que ter o estágio remunerado e nós temos

alguns casos de muito sucesso como as meninas da 1º série de alfabetização que são

255

estagiarias de Pedagogia que chegam aqui com um olhar e já saem professoras

maravilhosas porque tem essa bagagem, agora a gente sabe que o aluno também, muitas

vezes para pagar a Universidade ele tem que trabalhar, então muitas vezes não faz um

estágio bem feito e por isso chega na escola achando que a coisa é diferente.

Então você fica com a ideia que a realidade é aquela que você viu na Universidade

e não é?

R – Não é porque assim. Não existe a teoria sem a prática e não existe a prática sem a

teoria, porque também se você falar que eu sou bom na prática, é uma prática vazia e se

você também falar eu sou bom só na teoria, você não consegue aplicar. Então eu acho

que o que mais falta hoje nos professores é a didática de ensino.

Você acha que também precisaria melhorar a questão salarial, diminuição do

acúmulo de cargos, a relação do professor com o aluno, essa questão da

indisciplina ser muito forte. Precisaria existir alguma mudança nesses aspectos

para ocorrer a implementação da proposta curricular?

R – Olha, essa parte toda de dinheiro eu chamo de condições. Eu acho que a escola, para

o professor ter um bom trabalho, a escola tem que dar o mínimo de condições. Então

assim oh, é lógico que também existem profissionais e profissionais, tem professor que

só falta querer que você vá dar aula para ele também, mas assim, a escola tem que dar

condições para esse professor e a prefeitura, no caso por sermos funcionários públicos, a

prefeitura tem que dar essas condições para nós e ao mesmo tempo quando ela não dá

essas condições é que você procura trabalhar em tudo que é canto. A gente conhece, não

na nossa escola graças a deus, mas a gente conhece professores de EF em escola que

não tem bola, que não tem um arco, que não tem um colchonete, que não tem nem um

apito e se o professor quiser ele que compre do bolso dele. Isso muitas vezes são rendas,

são aplicações, são dinheiro público que não está sendo bem gasto. Então a gente tenta

gastar esse dinheiro público para dar o mínimo de condições para que esse professor

consiga aqui dentro fazer o seu trabalho, só que fora essas condições aqui dentro, eles

precisam também de outras condições. Você vê, além dos acúmulos, o trânsito. Ah o

professor tem carro á mais fácil para acumular. Às vezes o trânsito que a gente pega é

muito mais fácil ir de metro do que ir de carro. Então, esse problema financeiro, esse

problema político mesmo invade todas as áreas, não é o caso da EF, é toda a Educação.

256

Essas relações são muito complexas?

R – É completamente complexo e assim, às vezes a gente está motivado, não pelas

coisas externas, porque na verdade o que vai te motivar a ser professor e que nem eu, há

ter 30 anos só na prefeitura são os alunos. Você não pode esperar nada de ninguém de

fora, porque não vem, nós estamos em um momento de greve, de paralisação, de

movimento, agora o que te faz acordar de manhã e vir trabalhar são os alunos, eles que

te atraem.

E mesmo com essa questão da indisciplina e dos problemas com o aluno para o

professor conseguir implementar essa proposta vai necessitar de muito empenho e

não esperar nada das condições de trabalho ?

R- Isso mesmo, porque se você for esperar todas as condições. É igual a ter um filho, se

você for esperar todas as condições você não tem porque sempre esta faltando alguma

coisa. No caso da indisciplina, o professor muitas vezes deve se despir de muitos

preconceitos, de muita coisa porque hoje as crianças chegam de uma sociedade

diferenciada. Nós trabalhamos nessa escola aqui no Tatuapé, nossa escola é bem

localizada, mas nós temos aqui três favelas que a gente chama de comunidade. Nós

atendemos essas três comunidades. Nós temos crianças que vem com motorista

particular porque estudava em escola particular, foi reprovado e a mãe colocou aqui de

castigo, pos na escola pública e nós temos poucas crianças que são do bairro. Então essa

relação entre todos eles é complicada, se o professor não fizer esse elo, ele não

consegue. Ai o consumismo começa a falar mais alto do que a amizade e a autoridade

do professor. Então em vez de estarem querendo participar da atividade eles estão

competindo para ver quem tem o tênis importado.

A diversidade cultural é um fator complicador?

R – É um fator complicado, mas para você ver quando o professor é bom ele aproveita

até disso para mostrar que isso é a parte. Que não é o tênis caro ou a roupa de marca ou

não sei o que, que vai segurar esse aluno. Que muitas vezes, até isso para vocês

estudarem é importante, os alunos que mais se destacam em competições são os alunos

que possuem mais problemas de indisciplina. Então alunos inquietos, que não

conseguem se concentrar naquelas quatro paredes, olhando para a nuca do amigo que

está na frente.

257

Os professores de EF sentem dificuldade de trabalhar com os alunos que são

indisciplinados, que tem falta de atenção e concentração?

R – Sim. Por isso que o projeto da prefeitura é o ler e escrever. Nós não estamos felizes,

as nossas notas na prefeitura, a educação no Brasil não está bem. Às vezes eu fico

chateada, porque eu queria ir para o interior, você pega as notas do interior e as notas da

capital, a diferença é muito grande. Estamos muito abaixo do interior de São Paulo. Mas

assim, essa diversidade que a gente trabalha, chegam crianças aqui, de outras escolas

que vem para o nossa no 6º ano, que mal sabem escrever o nome. Isso já faz, muitas

vezes que o aluno por já não saber disso ele fica indisciplinado. Os fatores da

indisciplina são vários. Então a melhor coisa para o professor é o que o professor de EF

faz muito bem feito, é conversar com esse aluno e ver onde está pegando isso ai, onde

está sendo a pedra no sapato do aluno. É como os professores de EF se abrem com eles

e com elas. Temos também aqui na escola a professora de EF. Às vezes o professor

percebe que a dificuldade física dele, ele consegue superar, mas a dificuldade de ler e

escrever é muito maior porque a defasagem foi muito grande. Ele se sobressaindo em

um jogo, em um campeonato, alguma coisa, ele começa a ter uma auto-estima

diferenciada, porque na quadra ele consegue e dentro da sala de aula ele não consegue.

Os professores de EF possuem dificuldades de trabalhar com alunos que possuem

necessidades especiais?

R – Olha. Tem. Mas até nisso eu já tive professores que se sobressaem perante aos

outros. No ano passado nós tivemos um professor que ele já tinha essa experiência,

então ele trouxe para gente uma experiência muito bonita. Porque nós temos hoje,

muitas crianças, muitos cadeirantes, então mesmo sendo cadeirantes eles tem

diferenciações nas necessidades, mas os nossos aqui são aqueles que nós chamamos de

PC (crianças que tiveram paralisia cerebral) e mesmo assim ele conseguiu trazer um

jogo que eu mesma enquanto pessoa, enquanto profissional eu nunca tinha visto que são

adaptações para a cadeira de rodas para que as crianças pudessem participar da

paraolímpiada. Nós não chegamos a participar, nós ainda não conseguimos, mas nós

temos vontade. Então, assim, você vê, foi uma coisa que um professor plantou uma

sementinha e que a gente acredita que vai brotar aqui na escola.

Isso de novo foi o empenho do professor?

258

R – Empenho do professor e assim, não tem nenhum mérito para a coordenação, para

direção, é o professor enquanto ser humano, enquanto pessoa. O melhor professor é

aquele professor inquieto, é aquele professor que quando vê as coisas ele não se

acomoda, ele vai atrás, aquilo mexe com ele enquanto ser humano.

Então nós estamos em uma escola que possui alunos com alto padrão financeiro,

com baixo padrão financeiro, com dificuldades de aprendizagem e com

necessidades especiais. O professor precisa saber lidar com todas essas situações

para conseguir implementar uma proposta curricular?

R – É uma tarefa árdua, mas não é impossível, porque mexer com uma criança, formar

um cidadão não é impossível, agora não pode desanimar. Infelizmente a gente vê

pessoas chegando há uma certa altura da carreira que já desanimaram. Então é assim, é

ser que nem eu, trinta anos de magistério, mas continuar como se estivesse saindo da

faculdade porque se não você não consegue. E é bonito também, uma coisa que é bonita

e também é pessoal é que meus filhos cresceram também enquanto eu fui professora e

isso é muito bonito, você querer para os seus alunos o que você quer para os seus filhos.

Então você tem que saber que você pode ter quantos filhos for, mas que cada filho teu é

de um jeito e cada um aprende de um jeito, na escola é assim, então não é impossível

para uma mãe, então também não é impossível para o professor. O amor tem que ser em

primeiro lugar, porque você tem um filho que não come cebola e outro que adora

cebola, um que só toma tody e outro que toma café com leite e a escola é assim, cada

um é de um jeito. E o que é bom a gente saber é que cada professor é de um jeito,

porque se valoriza e se pensa muito nas diferenças dos alunos, mas as diferenças dos

profissionais da educação as pessoas não respeitam. Acham também que o professor e

que o coordenador deve ser moldado e sair todos iguaizinhos, falando igualzinho, todos

com o mesmo pensamento e não é assim, cada um tem a sua história de vida, cada um já

vêm com as suas marcas no corpo, as suas marcas na alma e o aluno também. E o aluno

hoje em dia a infância dele é muito curta, os problemas familiares são muito grandes,

então, muitas vezes o professor perde o seu emocional na escola e o aluno também.

Então ai que a gente tem que falar, da um tempo, vamos dar uma parada, porque senão o

bicho pega.

259

Entrevista Coordenador 2

1. Quais foram as razões que te levaram a escolher ser coordenador de uma

escola? Há quanto tempo é coordenador? Há quanto tempo é coordenador nessa

escola?

R – Eu escolhi ser coordenado pedagógico porque eu tinha formação em Geografia e

Pedagogia. Há vinte e cinco anos eu trabalho em coordenação de equipes de

professores. Trabalhei muitos anos no SESI-SP, estou na prefeitura há vinte e oito anos,

mas como coordenador desde 2001. Nessa escola estou há quatro anos. Sou

coordenador pedagógico porque gosto de trabalhar na formação de professores e eu

gostaria de colocar em prática e poder agregar valores da minha própria formação na

formação dos professores. Enquanto coordenador, muitas vezes eu posso contribuir um

pouco mais do que simplesmente em uma sala de aula.

Você teve experiência como professor por quanto tempo?

R – Sou professor de sala de aula há trinta anos e ainda atuo em sala de aula e hoje no

ensino universitário. Trabalho em duas Universidades há dezessete anos e não mais com

Ensino Fundamental e Médio.

2. Como é coordenar pedagogicamente a equipe dessa escola?

R – Olhe, coordenar a equipe dessa escola é até um paradoxo. Porque ao mesmo tempo

que é muito prazeroso é extremamente difícil. Por várias razões. Primeiro porque na

prefeitura a própria legislação permite pelo menos duas jornadas, então nós não temos

todos os professores em JEIF, temos os professores na Jornada Básica e para você

coordenar precisa do estudo do professor, você precisa construir um coletivo com o

professor. Simplesmente dando aula com apenas alguns encontros pontuais, quatro ou

cinco durante o ano, fica difícil. Mas nós aceitamos esse desafio e fazemos dentro dos

nossos limites e possibilidades, aquilo que é possível para coordenar. Então ao mesmo

tempo que é prazeroso é muito difícil. E a outra questão que é difícil, por se tratar de

uma escola central, os professores que aqui chegam tem muita experiência e muita

formação. Muitas vezes conseguem colocar no projeto, fazer grandes avanços, mas na

prática nem sempre tem ocorrido e nós temos que estar fazendo a intervenção no sentido

de mediar para que as coisas possam ser da melhor forma possível. Tem professor, que,

por exemplo, não exatamente o de EF, mas também o nosso professor acumula com

260

outra escola, então não pode fazer cursos além da JEIF, mas ele ainda faz JEIF. A outra

professora não faz JEIF porque não tem o número de aulas suficientes para fazê-la. O

outro professor nessa escola fica em módulo, não tem aula e também não pode fazer

JEIF. Então na verdade, nós temos apenas um professor. Mas quando se trata de

formação fora da JEIF, o professor que acumula é o primeiro há não poder ir.

3. Os professores relatam alguma dificuldade para por em prática os conteúdos

presentes na proposta?

R – O professor, especificamente o de EF, existe algumas dificuldades por problemas

sociais que muitas vezes são externos, mas inevitavelmente chegam à escola. Questão

da indisciplina, da falta de acompanhamento dos pais e falta de hábitos de estudos. Em

EF os alunos que mais dão trabalho em sala de aula e das demais áreas do

conhecimento, na maioria dos casos são os que mais se sobressaem em EF, porque não

gostam, por exemplo, da linguagem lógico-matematica ou verbal-linguistica. Quando

você faz uma atividade de esportes, uns alunos se sobressaem. Então fica um pouco

mais fácil para os professores de EF. Por conta que as questões de indisciplina e

comportamentais que eles trazem da família, esses alunos mais indisciplinados são

muitos vezes os que mais se sobressaem na EF.

O acúmulo de cargo dificulta a implementação da proposta curricular de EF?

R – Muito, muito. Porque o professor sai daqui e vai correndo para outro lugar. O

professor não consegue entender o projeto pedagógico da escola, não consegue entender

a escola e nem realizar as capacitações externas.

4. Comente como tem ocorrido a implementação da Proposta Curricular da EF

nessa Escola?

R – A proposta curricular de EF dentro do possível tem sido implementada com

algumas dificuldades até por conta da troca de professores. Então eu estou aqui há três

anos, cheguei aqui era um professor de EF, ele aposentou, chegaram dois professores

que dividiram aula, no outro ano já esse professor foi removido. Então, nesse sentido eu

penso que uma das dificuldades foi a mobilidade desses profissionais.

Você acha que os professores tem condições adequadas para implementar a

proposta curricular de EF na Prefeitura de São Paulo?

261

R – Na prefeitura em geral com certeza, eu penso que a prefeitura oferece.

Especificamente nessa escola não. Por ser uma situação excepcional nós estamos sem

condições nenhuma de implementar a proposta curricular porque estamos em

construção. Os professores trabalham praticamente em sala de aula, exceto quando

levam os alunos para uma visita técnica em atividades externas à escola, em

campeonatos. Mesmo assim os professores têm organizado grupos de alunos e tem

levado para o clube da cidade aqui próximo, há trezentos metros, para poder fazer

alguma atividade lá e o aluno poder sair da sala de aula porque hoje o espaço utilizado é

uma tenda, não é uma quadra, é um espaço multicultural utilizado também para o

intervalo.

Os professores relatam alguma dificuldade com falta de material para ministrar as

aulas?

R – Não. Porque material nós temos bastante, infelizmente alguns não estão sendo

utilizados por falta de espaço. Mas temos em torno de vinte colchonetes que estão

guardados em um container a vinte kilometros daqui.

Mas então os professores não podem usá-los?

R – Não tem onde por. O professor tem dificuldade de trabalhar até com bambolê hoje.

Então o material existe, porém esta sendo pouco utilizado, reafirmo, excepcionalmente

por conta da construção.

Você acredita que a prefeitura faz um número de paradas pedagógicas suficientes

para a formação dos professores?

R – Pelas dificuldades de agrupar as jornadas de trabalho dos professores, no caso da

JEIF e da Jornada Básica, eu penso que os encontros da prefeitura são poucos. Embora

eu reconheça a dificuldade pela legislação que exista isso porque fica impossível

cumprir duzentos dias letivos com mais paradas pedagógicas, além do que já existe.

Por ter duzentos dias letivos fica impossibilitada mais paradas pedagógicas?

R – Isso dificulta. Com certeza. Porque quando eram cento e oitenta dias letivos e ainda

tinha cento e oitenta dias letivos você poderia ter 85% das aulas dadas. Então os cento e

oitentas dias eram cento e sessenta e hoje não tem jeito, são duzentos dias letivos,

duzentos dias de trabalho com aluno, não tem onde tirar.

262

5. Existem discussões entre professores e coordenadores sobre a prática

pedagógica da EFE e as orientações da proposta curricular?

R – Sim. Nós trabalhamos em cima da proposta curricular, caderno de apoio, dos

materiais do programa ler e escrever. Nosso projeto de trabalho e nosso plano de ensino

é completamente em cima das expectativas de aprendizagem da proposta da prefeitura.

A disciplina de EF também tem que fazer parte do projeto ler e escrever. Você vê

dificuldades dos professores de EF trabalharem com leitura e escrita durante a

aula?

R – Não é uma prática constante. Eventualmente eles trabalham com leitura e escrita em

EF, mas os próprios alunos já têm uma cultura de que a EF é quadra, que EF é bola, que

EF é campeonato, menos ler e escrever. Existe um desejo por parte do professor, mas

ainda esta na utopia, então a prática da leitura e escrita é bem pouca.

A cultura do aluno dificulta a prática do professor de EF?

R – Absolutamente. Não só do aluno, mas dos pais, da comunidade, eles acham que EF

é correr, é jogar bola, é participar de campeonatos. Eles só querem bola, bola, bola. Eles

não querem outro tipo de atividade. A aula teórica é uma dificuldade.

Então essa cultura dificulta a implementação da proposta curricular?

R – Vai encontrar muito resistência. Eles querem ir para a quadra.

7. A postura dos demais professores frente à Educação Física influencia na prática

pedagógica dos professores dessa disciplina?

R – Atualmente eu acho que não. Essa cultura já existiu em outros tempos, mas de

acordo com a LDB atual, a EF e Artes são as duas disciplinas que trazem maiores

possibilidades de trabalhar com criatividade, com o aprender, com o movimento

corporal e com a acessibilidade. Elas deixaram de ser atividades meramente práticas, de

quadra, para ser atividades que até subsidiam o aluno para desenvolver outros

conteúdos. Então assim, mudou o enfoque da EF pela legislação, fez existir um esforço

para poder mudar na prática, e isso revela também uma nova visão dos demais com a

EF. Porque até os anos 90 nem sequer a EF reprovava por falta, nada. Então não tinha

263

nota, era só aproveitamento, participação. Hoje a EF tem conceito, tem frequência,

mudou o foco da EF.

Então quando a EF passou a ser uma disciplina do currículo foi vista de outra

forma pelos demais professores?

R – Isso

Os professores relatam alguma dificuldade para trabalhar com alunos que

possuem necessidades especiais?

R – Na verdade sim. Quando nós temos o aluno cadeirante nem vai para a quadra. Fica

em sala de aula com o professor de módulo com alguma parte teórica, mas eles não são

submetidos a aquilo que eles não dão conta. Infelizmente não há um projeto de inclusão

que faça ser garantida na aula de EF a participação desse menino, que ele tenha acesso

ao conteúdo. Essa é uma dificuldade da rede. Isso é muito difícil porque como o

professor vai para a quadra e tem que cuidar de um cadeirante, um altista, uma síndrome

de down e ainda dar conta de todos os outros, então a gente acaba, com aqueles com

necessidades especiais que não vão dar conta de uma atividade externa eles ficam com

outro tipo de atividade com outro professor.

Quando você realiza capacitações para capacitar os professores existem discussões

especificas sobre a proposta curricular de EF?

R – Olha. Especifico sobre EF não. O que tem é assim. Eu particularmente participei da

proposta porque na época eu era diretor na DOT da Diretoria de Educação de Itaquera.

Então eu fiz toda a leitura de todas as expectativas de aprendizagem do ciclo II junto

com os outros diretores de orientação técnica da cidade de São Paulo. Nós fizemos

revisão, chamamos alguns professores para participar. Os materiais foram construídos

pela Universidade com o auxilio dos nossos professores. Teve dois representantes por

cada DRE. Então nós assinamos esses cadernos. Em todos eles eu estou lá como

assinante do caderno. Então assim, houve essa participação legal no momento da

implementação. Então houve essa participação, não foi nada assim de cima para baixo.

Agora diante da implantação não há especificamente para a EF pela nova formação, o

que há é uma formação externa para os professores, mas tem sido essa administração. A

formação ficou bastante prejudicada porque grande parte dela é fora do horário de

trabalho e o professor não dispõe de tempo para isso. Então se fosse formação com

264

dispensa de ponto, dentro do horário de trabalho, talvez fosse um pouco mais eficiente.

Mas uma formação, meio que entre aspas em telefone sem fio. Uma formação que um

passa para o outro, que passa para o outro, para só depois chegar ao aluno. Eu entendo

que ela ficou bastante prejudicada nesse sentido.

Então as capacitações que você realiza para capacitar os professores muitas vezes

não tem discussões especificas?

R – Não

Então na rede existe uma concepção de educação e você passa essa concepção para

os professores?

R – Existe. O especifico é quando ele pode fazer a formação dele. Então o que a gente

trabalha é assim, por exemplo, é pegar o planejamento do professor e confrontar com as

expectativas de aprendizagem. Quando não bate a gente chama o professor, mas é uma

coisa individual, não é um trabalho coletivo, a formação não é para isso. Alias, o

coordenador pedagógico nem tem formação para formar especificamente dentro da

especificidade do professor de Geografia, de EF, Artes, Português, Matemática, Inglês,

Ciências. Quer dizer, é humanamente impossível. A nossa formação é pedagógica, é só

geral.

Você acreditaria que facilitaria a implementação da proposta curricular se

houvesse um coordenador de cada área?

R – Acredito que sim. A implementação da proposta curricular seria mais adequada

porque o coordenador entenderia da questão pedagógica em geral e a especifica de sua

área.

8. O que você acha necessário realizar para que melhore a prática pedagógica dos

professores de EFE na sua escola?

R – Do ponto de vista macro, primeiro tem que ser revista a questão dos acúmulos de

cargo. Então o professor deveria ser melhor valorizado para que ele pudesse trabalhar só

em uma unidade. Segundo ponto que a formação especifica dele fosse obrigatória,

fornecida pela SME, obrigatória para os professores dentro do seu horário de trabalho,

pois assim o professor não poderia se recusar a fazer. Enquanto for a formação por

opção, por representatividade, nem sempre acontece por mais que queira, o colega que

265

vai fazer a formação, por exemplo, determinada disciplina possui quatro professores,

mesmo que um desses professores da disciplina vá na formação dificilmente quando

retorna ele repassa para os demais o que aconteceu ontem. Isso não existe, é discurso.

Na prática é discurso, o professor que vai para a formação vai para a formação dele. Ele

não se compromete a chegar na escola e falar para o outro. A formação deve ser para

todos. Se existem quatro professores de EF os quatro terão que ser convocados para

fazer, porque vai um e ele não repassa para os demais, os demais não ficam sequer

sabendo o que aconteceu.

Você acha que deveria ser valorizada a questão financeira, eliminar os acúmulos

de cargos e melhorar as características da formação do professor?

R- Sim. A formação deveria ser obrigatória, dentro da área.

Fora a questão salarial, dos acúmulos e da formação teria mais alguma coisa que

teria que ocorrer para melhorar a prática pedagógica?

R – De verdade? Eu penso que não. Tem que haver um esforço também e esse esforço

partir do professor, que muitas vezes presta concurso e acabou, acha que chegou no

final. Então também tem que haver um esforço pessoal, porque não dá para culpar o

tempo todo a administração se nós enquanto professores também não fazemos a nossa

parte. Então, por exemplo, é impossível qualquer administração propiciar a formação na

totalidade para o professor. Ela vai ficar só dando formação. O professor vai ficar sem

dar aula. Então tem que haver ai uma contrapartida. A administração tem que propiciar

uma formação adequada dentro do horário de trabalho só que o professor também tem

que buscar a sua parte individual de formação. Procurar estudar, pesquisar, fazer o

mestrado e o doutorado porque só com a formação básica não vai avançar.

Então existe uma comodidade do professor?

R – Com certeza, com certeza.

Você acha que o empenho do professor é essencial para a implementação de uma

proposta curricular mesmo com as condições de trabalho adversas?

R – Acho. A escola da prefeitura, eu desafio. Tem poucas escolas no país que tenham a

estrutura da prefeitura de São Paulo, inclusive as escolas particulares. Porque eu não

conheço nenhuma escola particular que tenha um diretor efetivo, dois coordenadores

266

pedagógicos trabalhando por quarenta horas semanais, com dois assistentes de direção,

uma sala de informática com trinta computadores em rede, de última geração, com

diferentes projetos não existem. Fora a verba que vem mensalmente para as escolas para

complementar as questões pedagógicas, por exemplo, excursão cultural, algum material

de emergência que não consta no almoxarifado, tudo isso existe. Mas que na verdade o

que a gente encontra é uma fragilidade muito grande na qualidade da educação. Então

precisa de um esforço pessoal do professor.

Deixa eu ver se eu entendi, o professor tem uma estrutura boa, mas existem

algumas coisas, principalmente na formação e na questão salarial que precisam ser

revistas, mas também o empenho do professor é essencial para que as coisas

ocorram da melhor forma possível?

R – Isso. Por exemplo, eu não posso aqui defender não realizar o concurso de forma

alguma, porque eu sou concursado, porém chegam aqui professores que vem

contratados que são excelentes e o mesmo professor que volta efetivo já volta com outra

postura. Temos professores aqui efetivos que tem grande facilidade e a gente sabe que

trabalha em escola particular e lá eles são outros profissionais.

Nós não estamos culpando o professor, mas você está dizendo que um professor

que é concursado automaticamente pode se acomodar?

R – Não generalizando, mas em alguma parte sim.

A sua relação com o professor de EF é diferente dos demais professores da escola?

R – Não. A minha dificuldade não é com o professor de EF, mas é assim. Eu entendo

que não cabe ao coordenador pedagógico cuidar de materiais, então eu de verdade,

quase que me recuso, muito pontualmente, eu posso fazer isso, mas eu me nego, não

está na descrição do meu cargo, não estudei para distribuir bola, bambolê, ou papel, ou

caneta, então essa dificuldade eu tenho não com o professor de EF, eu não me lembro de

nada acentuado diferente dos demais. É uma dificuldade minha com estas questões. Eu

não olho materiais. Se o professor de EF pede material, vou falar com a direção, com a

APM, com o conselho de escola, menos comigo, estou aqui para ajudar a prática

pedagógica.

267

Voltando para a questão da indisciplina do aluno. Você enxerga alguma estratégia

para diminuir essa dificuldade que os professores tem para lidar com essa

questão?

R – Eu não acredito que a punição resolva. A prefeitura teria que desenvolver alguns

projetos que fossem mais focados nessa questão da indisciplina para que pudesse

implantar em todas as escolas municipais. É uma questão que a secretária de educação

se recusa a discutir isso. Eu acho que essa questão da indisciplina dentro da sala de aula

cabe ao professor e a escola dar conta. O professor não é completamente culpado, tem

todo um sistema coorporativo em todos os sentidos. Tem corporativismo dos

professores, tem corporativismo da própria prefeitura. Quando a gente vai em qualquer

formação que começa a se discutir indisciplina acaba na hora, dizem, gente a formação

não é para isso. Disciplina você resolve na sala de aula com o professor, aqui é para se

discutir porque o aluno não aprende e o que tem que fazer para ele aprender. Não se

quer discutir indisciplina. Então é um nó, não se tem resposta e não querem discutir.

Entrevista Professor 1

1 - Comente por que você escolheu a profissão de professor(a) de EF

R – Sempre tive vontade de trabalhar com a área de EF, desde pequeno, as vivencias que

eu tive, a identificação que eu tive na escola com a EF, alguns bons professores que

fizeram parte da minha formação influenciou. Quando eu decidi qual profissão seguir,

que eu tive a condição de fazer a faculdade optei pela EF por conta disso entendeu? Essa

identificação mesmo que eu tive, a importância que os professores de EF tiveram na

minha vida e a minha relação com a atividade física e o esporte em si que é o mais

comum né? Mas foi mais o contato que eu tive com os professores de EF que a gente

acaba se espelhando.

2 - Você se licenciou em EF por qual instituição de Ensino Superior? Em que ano?

R – Me formei e uma instituição privada na cidade de São Paulo em 1999. Fiz um curso

de espacialização em 2002 na UNICAMP, fiz um ano e meio de especialização que foi

um curso bastante importante.

268

Você poderia falar um pouco do curso?

R – Foi um curso voltado para a formação dos professores mesmo. O nome do curso era

Pedagogia do Movimento. Era um curso novo que eles estavam fazendo. A maioria dos

professores que ministravam as aulas tinham publicações na EFE. Então foi um curso

voltado para a Pedagogia da EF na escola.

3 - Há quanto tempo você é professor(a) de EFE?

R – Ministro aula em escola desde 2002. Tenho dez anos de experiência profissional.

4 - Há quanto tempo trabalha nesta escola?

R – Nessa escola esse é o meu terceiro ano. Trabalhei sete anos em uma escola no Itaim

Paulista e estou nessa escola há três anos.

5 - Você é docente em quantas escolas? Ministra quantas aulas por semana? Possui

mais alguma atividade profissional?

R – Eu tenho duas escolas. Na realidade eu tenho dois cargos. Trabalho nessa escola pela

manhã e tenho vinte e oito aulas e faço a formação da JEIF. De tarde eu trabalho em

outra escola localizada na zona leste da cidade de São Paulo e não tenho aula definida,

por isso é difícil de falar quantas aulas eu tenho na semana. Eu fico mais vinte e cinco

aulas disponíveis na escola. Tem semana que eu ministro às vinte e cinco aulas, tem

semana que eu ministro menos aulas, mais eu fico o tempo todo disponível na escola.

Na parte da tarde você é módulo?

R – Isso. Na parte da tarde eu sou módulo. O professor que faltar eu ministro a aula. Não

sou um professor eventual, sou concursado como qualquer outro professor, mas não sou o

titular das aulas.

269

6 - Quais são as dificuldades no seu cotidiano escolar para colocar em prática todos

os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da proposta

curricular?

R – Então. A gente da área de EF eu vejo uma forma diferente. Os professores de EF são

os que menos levam em conta as dificuldades. A gente tenta passar por cima de tudo,

porque em termos de EF é muito complicado, são muitos fatores que acabam

dificultando, por conta do espaço, trabalhar no espaço aberto, tem a influência do tempo,

do clima, das outras pessoas que compõe o cotidiano escolar, que reclamam do barulho e

de tudo, mas, eu acredito que o maior problema mesmo, o que mais influencia na forma

que eu vou desenvolver a minha aula são os alunos. As características dos alunos, a

resistência que eles têm com determinados tipos de conteúdos, a forma que você tem que

contornar todas essas dificuldades de receptividade deles para você conseguir aplicar um

conteúdo que você acha adequado. Também ocorrem situações de indisciplina que

atrapalham a minha prática pedagógica. Algumas vezes as práticas corporais geram

conflitos e isto é normal, mas alguns alunos têm atitudes inadequadas e isso atrapalha a

minha prática pedagógica. Também tenho dificuldades de trabalhar com alguns

conteúdos porque não tenho material para desenvolver todas as práticas corporais que

estão na proposta curricular. Então eu acho que a maior resistência que a gente encontra é

do aluno, porque o restante, nós da EF, os professores que a gente conversa sentem as

mesmas dificuldades nas outras escolas, a gente passa por cima.

Se você não precisasse acumular cargos para sua sobrevivência e ficasse em uma

escola só, isso ajudaria na sua prática pedagógica?

R – Com certeza. A questão da motivação, o pique, o seu gás é outro. Não economizando

energia, porque, por exemplo, você sai da escola de manhã e você sabe que vai ter que

fazer tudo àquilo novamente à tarde, se você tivesse aquele mesmo gás ou não tivesse que

economizar energia para a tarde, com certeza você se dedicaria muito mais. Acho que

involuntário até. Você não consegue. Você quer dar o máximo mais ao mesmo tempo

você da uma economizada na sua paciência e em todos os sentidos, não tem como, é

inevitável.

270

De todas as dificuldades que você tem, a principal é a dificuldade com os alunos.

Muitos alunos por dia, cada um com uma realidade diferente com características

diferentes, fora a resistência que eles têm com alguns conteúdos da EF?

R – Os alunos vêm para a escola com a ânsia de colocar tudo que ele não faz fora da

escola na quadra, porque ele tem pouco espaço para a prática do lazer, ele já não

consegue mais brincar na rua, então ele vem para aquela expectativa para a EF achando

que ali é onde ele vai extravasar né, fazer tudo que ele quer e bate de frente com um

professor que nem sempre permite isso, embora a EF tenha essa questão lúdica, mas

quando você condiciona ele, tenta conscientizar que a EF tem algo mais para passar, para

ser ensinado na escola, ele tem aquele choque né.

Especificamente nessa escola, você passa algumas dificuldades pelas características

da escola?

R – Com certeza. A escola apresenta muitas dificuldades. A dificuldade do espaço, do

costume dos alunos. Eu estou lá apenas há três anos então você não pega o mesmo aluno,

você pega alunos vindo de outros professores, com hábitos diferentes. Mas a questão do

espaço é o fator mais importante, porque a criança precisa de espaço para se movimentar,

para se localizar, para se socializar e a escola está com o mínimo de espaço. Então essa

dificuldade é latente.

Quando você trabalha com os alunos em sala de aula, com textos, com vídeos, você

sente alguma dificuldade nesses momentos?

R – Os alunos não estão preparados na EF para ter que refletir, para ter que dialogar com

o outro, para de certa forma ter uma participação no discurso, para assistir. Tudo isso ele

acha que não faz parte da EF. Então essa resistência dificulta para gente. Então você tem

além de tudo esse fator cultural do aluno em relação à aula de EF.

7 - Quais são os aspectos que te ajudam no seu cotidiano escolar para colocar em

prática todos os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da

proposta curricular?

271

R – Talvez o que facilite é a postura que você se coloca na frente do aluno. É você saber

que quando não faz aquilo que ele quer, não é que você está castigando ele, não é um

castigo. Ele vai fazer aquilo que ele tanto almeja no caso de fazer um jogo, de jogar, de

fazer a modalidade que ele mais gosta. Eu acho que a gente tem que ter essa sensibilidade

para entender o aluno e você tornar esse ambiente facilitador e não dificultador.

A sua postura como professor facilita no andamento da aula?

R – Sim. Você pontuar para o aluno que existe um momento para tudo e ao mesmo tempo

você não colocar isso como um castigo para ele. Se você vai ficar na sala, você apontar

que é um processo natural, que tem dia que tem que ficar na sala, pois a gente vai fazer

uma atividade diferenciada e haverá dias em que nós iremos para quadra que eles terão

oportunidade de escolher o que eles irão fazer, mas que a EF tem um objetivo que precisa

ser cumprido, precisa ser seguido naquela série.

Durante a observação eu percebi que existe televisão com DVD em todas as salas, as

turmas que já eram suas o ano passado têm um respeito maior por você. Esse

fatores facilitam a implementação da proposta curricular ?

R – Facilitam. Você no começo, com aquele conhecimento inicial com o aluno você vai

limitando o que pode e o que não pode, como você quer que ele se dirija a você, e quando

você já passou por essa etapa existe uma maior afinidade com a sala e as coisas se tornam

facilitadoras. Uma sala que você esta conhecendo, você tenta impor o seu ritmo, você

sabe que vai ter um desgaste, que eles terão uma resistência que você vai precisar de mais

desprendimento para conseguir colocar as coisas em prática, moldá-los, então demora um

pouco mais. Já a sala que está no seu ritmo, você consegue, você sabe que aquele

momento que está cedendo ali eles vão lembrar na hora que você tentar recuperar, eles

vão recompensar. Então isso é importante.

Nessa escola existe um clube próximo que você utiliza. Quais são os fatores que

facilitam e que dificultam sua ida ao clube?

R – O que dificulta é a própria dinâmica da escola. A escola não está preparada para esse

tipo de atividade, para dar essa liberdade a mais para os alunos, então existe essa

272

preocupação, aquela coisa da contenção, de não poder, mas ao mesmo tempo têm a

questão legal né. Você não vai simplesmente pegar um aluno da escola e simplesmente

sair, colocá-lo em risco porque eles são crianças. Embora com alguns já existe um grau

de confiança, mas não é com a maioria. Então você também tem que se resguardar, sair

acompanhado, fazer aquele sermão toda vez, então você perde um pouco de tempo. Então

esses fatores dificultam a saída. Outra questão primordial é que para sair precisa ter duas

aulas juntas, porque a gente perde muito tempo para organizar a saída e o retorno, então

se for uma aula só não compensa você colocar, você ter tanto desgaste para chegar lá e

não poder fazer nada, por isso existe a necessidade das duas aulas e nem sempre é

possível a escola proporcionar isso.

8 - Você recebeu qualquer tipo de capacitação sobre as orientações curriculares da

Prefeitura de São Paulo nesse tempo em que você está concursado?

R – Não. Capacitação não. Logo que entrou em vigor a proposta eles fizeram uma

reunião uma vez com todos os professores que eram recém admitidos, mas não foi um

treinamento, não foi uma capacitação. Foi uma exposição do que era e só. Não houve

uma capacitação, um curso, um aperfeiçoamento. Isso nunca houve.

Qual é a sua opinião sobre essa proposta curricular?

R – Eu acho que EF é uma área muito ampla, tem muitas referências e ela bebe um

pouquinho da área de todo mundo. Na realidade a proposta dessa abordagem cultural é

valida, mas nós não podemos desconsiderar as outras. Então embora a gente faça o

planejamento e a escola exija que você siga os referenciais o professor tem a formação

dele, ele tem o conceito da área dele que ele acaba vetando algumas coisas. Ele não aplica

somente a abordagem da prefeitura. Ele não põe em prática somente a abordagem da

prefeitura. Ele tem a referência dele e na medida do possível a gente tenta utilizar a

proposta. Nós pegamos o que tem de bom de cada uma das abordagens.

Você segue a proposta curricular da prefeitura, mas você acredita que a formação é

ampla e não da para ficar apenas em uma abordagem?

273

R – Claro. Se você pegar os autores que falam da motricidade humana você vai enxergar

que a propostas está dentro da motricidade humana, se você pegar outras propostas de EF

elas também se encaixam ali. O professor tem que saber selecionar, fazer uma filtragem e

saber o que daquilo dá para você utilizar na escola e o que não dá. Nessa proposta tem

muita coisa boa, mas tem coisa ali que a realidade não permite utilizar. A realidade é

outra. O pessoal pode ter tido uma boa intenção, mas na prática você não vai conseguir

desenvolver, não vai possibilitar que seus alunos aprendam isso. Então essa é a chave do

negócio.

9 - O que seria necessário para você melhorar a sua prática pedagógica tendo a

proposta curricular como teoria principal?

R – Eu acho que uma capacitação todo mundo precisa. Uma parada ao ano. A gente que

acumula cargo não tem tempo para estudar. Eu queria estar participando de um grupo na

Universidade, estar acompanhando as novas pesquisas, acompanhando um grupo de

estudos com os professores que fizeram a proposta, algo parecido, mas a nossa falta de

tempo não permite. Uma capacitação, um curso mais prático, algo inovador que você

pudesse estar fazendo uma reciclagem. Isso faz falta. Você buscar sozinho, você

pesquisar, você ter esse elo. Você precisa fazer, mas você ainda encontra muita

dificuldade, às vezes você não vai ao ponto. Se você pudesse participar de uma dinâmica,

trocar ideia com outro professor, você ver uma exposição do que está dando certo. Você

tem novas ideias, você se recicla, você revê os seus métodos. Isso é importante.

Então você acredita que para melhorar a sua prática pedagógica precisaria pensar

mais tempo na formação, possibilitar trocas de experiências com outros professores

e diminuir o número de aulas com alunos?

R – Eu acho que seria o ideal. Acho que iria me ajudar muito. Me daria uma noção do

que eu estou fazendo de certo e o que estou fazendo de errado. Isso falta às vezes. Você

ter um parâmetro. Você está fazendo uma coisa que derrepente você pode fazer melhor e

às vezes falta alguém que para falar, olha, você poderia fazer isso dessa forma, essa troca

né, ter novas ideias. Você faz aquilo que você acha que é certo, mas nem sempre está

certo

274

Você acaba se sentindo sozinho durante a sua prática pedagógica?

R – Exato. Me sinto muito sozinho

Para finalizar, deixa ver se eu entendi. O cotidiano escolar acaba tendo muitas

dificuldades para a EF já que os alunos não entendem muitas vezes o conteúdo que

você quer passar, o espaço físico da escola é uma questão muito complicada, tem

algumas questões específicas nessa escola por ela estar em reforma, por você ter que

sair para o clube acaba dificultando muito a sua prática pedagógica, a formação

continuada não está sendo realizada da forma adequada, pois o professor necessita

trabalhar muito e não tem tempo para continuar com a formação e ter o acúmulo de

cargo dificulta ainda mais essa formação?

R – Exato. Se você for pagar também pela formação, o que a gente ganha não permite

que a gente faça tudo isso. Não permite que você dê uma condição razoável para sua

família, que você pague saúde, porque se você depender da pública você não tem e você

ainda tem que manter os cursos de atualização com o seu dinheiro, o dinheiro que nós

ganhamos não dá para tanto.

Entrevista professor 2

1 - Comente por que você escolheu a profissão de professor(a) de EF

R – Eu sempre gostei das práticas corporais e me identifiquei com a EF, no caso quando

eu comecei a cursar eu vi que era realmente aquilo que eu queria. Foi esse o principal

fator para eu escolher a EF. Eu me interessava pelas praticas corporais na infância, na

escola, nas atividades extras (academia, luta), eu sempre gostei.

2 - Você se licenciou em EF por qual instituição de Ensino Superior? Em que ano?

R – Me formei em uma instituição privada da cidade de São Paulo no ano de 2008.

3. Você já realizou algum curso de capacitação profissional, especialização ou pós-

graduação? Quais?

275

R – Após a licenciatura eu realizei o bacharel. Fiz cursos de extensão de musculação,

além de cursos na parte de academia. Cursos de capacitação voltados há escola fiz um

curso de xadrez que eu trabalho na prefeitura, além de um curso e uma palestra da

prefeitura mesmo.

4. Há quanto tempo você é professor(a) de EFE?

R – Vai fazer três anos em outubro desse ano. Estou na prefeitura há quase três anos.

5. Há quanto tempo trabalha nesta escola?

R – Cheguei nessa escola nesse ano. Desde fevereiro.

6. Você é docente em quantas escolas? Ministra quantas aulas por semana? Possui

mais alguma atividade profissional?

R – Eu trabalho em apenas uma escola, nessa escola. Embora eu seja módulo eu ministro

muitas aulas na semana, a gente sempre tem aula. Eu ministro durante a semana sempre

de vinte aulas para cima. Eu também faço outro trabalho em academia. Sou instrutor,

professor de treino.

Você trabalha no período da tarde e da noite em academia?

R – Isso. Durante a tarde e noite.

7. Quais são as dificuldades no seu cotidiano escolar para colocar em prática todos

os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da proposta

curricular?

R – Primeiramente, no caso aqui a infraestrutura, é uma coisa que dificulta muito, pouco

respaldo por parte do suporte para o professor que é complicado, a indisciplina de alguns

alunos também, mas isso faz parte do nosso cotidiano e nós temos que lidar com isso. Já

trabalhei em outras escolas que a questão da indisciplina era realmente muito forte, aqui

existe indisciplina, mas não é tão forte assim.

276

Quando você fala de infraestrutura o que seria especificamente que falta?

R – No caso da infraestrutura aqui no colégio não tem quadra, onde ocorre a aula é

utilizado como um espaço em comum e não quadra, então a aula de EF fica picada por

conta dos intervalos, as vezes acontece algum evento e não tem aula de EF, por conta

disso temos atividades dentro da sala de aula, mas, por exemplo, se tiver um dia um

evento e não for nos avisado, a gente tem que correr para elaborar um outro trabalho.

Quando você está na sala de aula tentando ensinar algum conteúdo da EF você sente

dificuldade com os alunos?

R – Sinto sim, mas no caso dessa escola não é uma coisa tão grande assim, não é uma

proporção tão grande. Sempre tem um ou outro que recusa e você acaba conversando

mais perto do aluno. Então existe certa resistência mais não é generalizado.

Têm aqui na escola todos os materiais que você gostaria para a aula de EF?

R – Não. De jeito nenhum. Falta muito material

Se você não precisasse ter outro trabalho e pudesse se dedicar somente a escola

ajudaria a sua prática pedagógica? Ter mais que um trabalho dificulta a

implementação das propostas curriculares?

R – Com certeza. O ideal seria se dedicar há uma coisa só, porque no caso a gente sempre

leva trabalho para casa. Elaborar um projeto, corrigir um trabalho, uma atividade. Então

você separa o seu tempo em casa para elaborar as atividades para o trabalho escolar e

também tenho que ter tempo para elaborar uma aula de ginástica. Ai você tem que se

dividir e às vezes acaba fazendo as duas pela metade e para então entendeu? Você faz um

pouquinho de cada um. Agora se fosse ou só educação ou só a área de academia eu teria

um tempo maior para realizar com qualidade qualquer um dos trabalhos.

Você acha que se você pudesse realizar a formação da prefeitura como módulo

(JEIF) isso melhoraria sua prática pedagógica?

277

R – Com certeza. Porque eu sou professor, trabalho com todas as salas de aula e trabalho

com todos os alunos. No módulo a gente entra, conhece o aluno e no trabalho, no estudo

coletivo seria interessante, não só para o enriquecimento do professor, mas também para

colaborar no desenvolvimento do aluno.

Não realizar a JEIF dificulta a sua prática pedagógica?

R – Complicado né. Se eu me mantenho mais informado, no caso oito horas, sobre os

assuntos da escola, sobre o projeto pedagógico que a gente já conhece, mas sempre dando

aquela frisada, aquela refrescada, para todo o coletivo trabalhar de uma mesma maneira,

no mesmo idioma, porque para o JBD deu a hora, o JBD vai embora, acontece alguma

coisa tem o horário coletivo e ai conversa um assunto e a gente só fica sabendo às vezes

na hora do intervalo em uma conversa. Ai deu o intervalo e o professor comenta, a gente

mal fica sabendo.

Você acha que ter um especialista de EF de módulo nas escolas municipais facilita a

implementação das propostas curriculares?

R – Facilitaria, facilitaria sim. No caso, eu e o professor titular, a gente divide a sala,

quando vamos para o clube, cada um cuida de uma parte. Se um falta, o outro sabe o que

trabalhar. No caso aqui nessa escola a gente está bem atrelado nesse ponto. As coisas

estão dando certo.

8. Quais são os aspectos que te ajudam no seu cotidiano escolar para colocar em

prática todos os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da

proposta curricular?

R – Sim. O que facilita foi a nossa conversa com os alunos. Os alunos reconhecerem o

professor de módulo com um professor também. O suporte também que nos é dado, às

vezes a gente é respaldado positivamente pela gestão e pelo administrativo em relação

aos projetos.

278

Então o que facilita a sua prática pedagógica é que os alunos entendem que você

também é professor e isso minimiza um pouco os problemas existentes. A direção

também deixa claro que o professor de módulo tem as mesmas responsabilidades e

os alunos os mesmos deveres que tem com o professor titular?

R – Exato, exato. Isso nos respalda também. Deixa a gente trabalhar. Eles não perdem o

foco, porque na hora do módulo o pessoal dispersa, perde o foco, mas aqui esse problema

esta bem minimizado.

Você acha que ter um clube próximo da escola facilita a implementação da proposta

curricular?

R – Então, o difícil é a locomoção, mas lá, o espaço é muito amplo, nós podemos realizar

diversas atividades diferentes ao mesmo tempo. No dia que nós vamos ao clube a prática

se desenvolve muito bem.

A dinâmica da escola dificulta essa saída para o clube?

R – Sim. Às vezes o próprio aluno também, porque eles não vêm de uniforme e até eles

se trocarem, se prepararem para sair leva um tempo. O caminho, o trecho tem faróis, tem

que tomar muito cuidado, a gente tem que ir devagar, perde-se um tempo. Mas, é esse

problema mesmo, de perder tempo. E isso implica na prática pedagógica.

Você acredita que pelo professor de EF estar mais exposto ao clima, ao tempo,

trabalhar muitas vezes em um espaço aberto são fatores que dificultam a

implementação das propostas curriculares?

R – Eu encaro como um problema sim. Por exemplo, se estou em uma quadra aberta e

choveu? Ficaria inviável de realizar uma atividade prática na sala.

9. Você recebeu qualquer tipo de capacitação sobre as orientações curriculares da

Prefeitura de São Paulo?

279

R – Sim. Fui convocado o ano passado para ser apresentado o caderno de orientações.

Nos foi apresentado e discutimos sobre. Eu já conhecia o caderno, mas nesse dia nos foi

apresentado.

Mas foi uma apresentação ou uma capacitação?

R – Isso. Foi apenas uma apresentação mesmo.

Você acredita que se houvessem capacitações sobre a proposta curricular, facilitaria

a implementação dessa proposta?

R – Seria interessante. Sempre que houver enriquecimento de conhecimento profissional.

Uma capacitação, o professor, ele sim, consegue ver o caderno, consegue trabalhar, mas

às vezes, com uma ajuda, uma força dessa capacitação, o professor consegue desenvolver

melhor.

10. Qual a sua opinião sobre a proposta curricular da Prefeitura de São Paulo para

a disciplina de EF?

R – Na minha opinião a proposta é muito boa. O livro em si é muito rico. Nele existem

diversas características que podem ser trabalhadas na aula de EF. Enfim, acho que é um

livro bacana.

Você acredita que toda essa teorização que consta nas orientações curriculares é

possível de se transformar em prática na sua realidade?

R – Então, ai já muda. Tem algumas coisas que não são tão possíveis assim. No caso da

luta, eu tenho fundamentos de judô, mas se eu fosse trabalhar aqui na escola, não tem

tatame, não tem colchonete. Não teria espaço, denovo, mais uma vez entra a

infraestrutura ai. Nem o material a gente tem, no caso dos colchonetes. No caso ele

contempla no livro a luta e a luta eu não conseguiria trabalhar. As brincadeiras, as danças

eu conseguiria, mas a luta eu não conseguiria.

280

11. O que seria necessário para você melhorar a sua prática pedagógica tendo a

proposta curricular como teoria principal?

R – Eu acredito que o professor, no meu caso de módulo, estando a par, estando junto

com o coletivo. A gente parece que não é agregado, fica de lado. A gente ser incluso

junto com os demais para criarmos juntos os projetos. A questão da infraestrutura

também. Uma infraestrutura melhor. Porque às vezes existem projetos que vem do

exterior, métodos de ensino do exterior, mas às vezes, por exemplo, na EF lá eles tem um

ginásio, então aqui a gente não tem um ginásio e temos que fazer as coisas pelo mesmo

documento que eles trabalham no exterior. Então se querem que a gente trabalhe por esse

caminho, por essas linhas, a gente teria que ter pelo menos a mesma infraestrutura que o

profissional lá fora tem a disposição. No caso uma quadra, não precisaria nem ser

ginásio. Um espaço amplo, fechado, que estaria imune as chuvas, as variações do tempo.

A gente poderia ter mais materiais também, materiais de ginástica, porque ginástica não

tem como a gente trabalhar porque não tem os colchonetes para a gente poder contemplar

todos os fatores que estão disponíveis nas orientações curriculares e tudo aquilo que o

professor almeja. As capacitações também sempre seriam interessantes. É oferecido sim

cursos, a gente lê lá no diário oficial, mas para o professor de EF ou é um ou é outro, é

bem raro, às vezes é no horário de trabalho e a gente não tem dispensa de ponto, a gente

perde o dia. Ai fica complicado, o profissional vai fazer assim... Não, eu vou chegar, vou

faltar e vou perder, vou deixar de pagar uma conta para ter capacitação. Ai ele pende e

realiza o que convém a ele naquele momento que é trabalhar, então ele vai trabalhar. A

capacitação seria fantástica para que o profissional fosse cada vez mais excelente no seu

trabalho. Imagina, um professor com a infraestrutura, com suporte, que pudesse ficar todo

o tempo apenas em uma escola e não necessitasse ter outro emprego. Pudesse ficar

pensando no projeto pedagógico da escola atrelado interdisciplinarmente com os outros

professores, ter um tempo, digamos assim, eu trabalho doze horas por dia. Estou tendo

um tempo mais curto de trabalho, então você volta para casa, pega aquele projeto, aquela

coisa toda fresca na cabeça, você vai lá e elabora um documento, elabora uma atividade.

Quem tem tempo para isso? Se você pudesse ser estar sendo capacitado, sempre estar

trazendo coisas novas dos conhecimentos que ele adquiriu nos cursos. Eu creio que todos

esses fatores melhorariam muito, cerca de 70% a 80%.

281

Entrevista professor 3

1 - Comente por que você escolheu a profissão de professor(a) de EF

R – Desde criança meu sonho era ser professora de EF. Desde os sete anos eu lembro da

minha mãe fazendo as roupas para eu usar na aula e eu já falava que queria ser professora

de EF. Eu gostava muito das atividades corporais na escola, sempre era a primeira da

turma e por esses motivos decidi ser professora dessa disciplina.

2 - Você se licenciou em EF por qual instituição de Ensino Superior? Em que ano?

R – Me formei em uma instituição privada da cidade de São Paulo no ano de 1992.

3. Você já realizou algum curso de capacitação profissional, especialização ou pós-

graduação? Quais?

R – Sim. Já realizai uma especialização em basquete e já fiz algumas capacitações da

prefeitura em EFE.

4. Há quanto tempo você é professor(a) de EFE?

R – Sou professora de EFE desde 1991, já tenho vinte anos de magistério.

5. Há quanto tempo trabalha nesta escola?

R – Cheguei nessa escola em 2007. Em 2008 acabei saindo e estou aqui de volta desde

2010. Esse é o meu terceiro ano consecutivo, mas já tinha trabalhado aqui como

professora em 2007.

6. Você é docente em quantas escolas? Ministra quantas aulas por semana? Possui

mais alguma atividade profissional?

R – Então tenho a carga mínima no estado de dez aulas apenas para não perder o vínculo.

Na prefeitura sou JBD, tenho 28 aulas, sendo 22 aulas atribuídas e no restante do tempo

fico de módulo.

282

7. Quais são as dificuldades no seu cotidiano escolar para colocar em prática todos

os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da proposta

curricular?

R – Nessa escola a principal dificuldade é a falta de espaço e falta de material apropriado.

Nós temos que improvisar tudo. Também vivo uma dificuldade muito grande que é a

questão da inclusão. Eu adoro trabalhar com os alunos que possuem algum tipo de

necessidades especiais, mas não é fácil. Talvez eles tivessem que oferecer cursos na área

para que a inclusão realmente ocorresse. Não tenho preparação profissional para trabalhar

com todos esses alunos com diferentes tipos de necessidades especiais. Falta material

também para trabalhar com esses alunos. Às vezes me sinto muito sozinha e não consigo

incluir todos esses alunos na aula. Quando os cuidadores estão na escola ajuda, mas se

eles faltam isso se torna muito difícil. Houve uma aula que a cuidadora de uma aluna

faltou, eu tinha que olhar todos os alunos de um 1º ano e ainda olhar essa criança que

necessita de muitos cuidados, sozinha. Outra dificuldade que eu também tenho é a

questão da indisciplina no Ensino Fundamental II, principalmente quando preciso dividir

o espaço com o outro professor de EF da escola, porque as nossas aulas caem no mesmo

horário. Com uma quantidade grande de alunos aumenta muito a questão da indisciplina.

Tenho dificuldades também com algumas professoras das salas. Com uma relação pouco

amistosa entre nós não consigo trocar muitas experiências e isso dificulta a

implementação da proposta curricular. Você não pode atrasar um minuto que elas

reclamam. Acho que esse ano os alunos já tem aula de Informática, Artes, Inglês, Sala de

Leitura e EF. Elas ficam tão pouco com os alunos, mesmo assim qualquer coisa sempre

reclamam. Embora não tenha problema com indisciplina no ciclo I, percebo que muitas

crianças nessa idade já estão com a sexualidade aflorada e isso dificulta a minha prática

pedagógica. As meninas querem ir ao banheiro para paquerar os alunos das outras salas.

Isso já acontece desde o 3º ano, mas é muito forte no 5º ano. Está muito precoce a

sexualidade das crianças. Também percebo dificuldade na leitura e na escrita dos alunos,

mas permaneço mais tempo realizando atividades práticas e não da para ter uma noção

muito grande. Eles já ficam demais na sala de aula. Nesse ano como professora de Ensino

Fundamental I essas são as dificuldades que eu tenho, mas em outros anos eu já tive

outras dificuldades porque fiquei em módulo no período da manhã. Eu acho muito difícil

283

o módulo. Tinha que bolar muitas atividades diferenciadas e tive que me adaptar. Nesse

momento eu tive muitos problemas com indisciplina dos alunos.

Ter que acumular cargo dificulta a sua prática pedagógica?

R – Não. Porque eu tenho poucas aulas. No estado tenho apenas 10 aulas. Eu consigo

ministrar todas as aulas ficando apenas em uma escola por dia. Não quero abrir mão das

duas escolas. No meu caso não atrapalha.

Mas e a questão de não poder fazer JEIF dificulta?

R – Sim. Dificulta muito. Existe uma diferença considerável de salário para quem faz a

JEIF, além de poder saber de todas as discussões que ocorrem na escola. Eu não posso

fazer JEIF porque não tenho todas as aulas atribuídas.

8 - Quais são os aspectos que te ajudam no seu cotidiano escolar para colocar em

prática todos os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da

proposta curricular?

R – Sim. O meu perfil para trabalhar com o Ensino Fundamental I. Como são poucos os

casos da indisciplina facilita colocar em prática todos os conteúdos selecionados. Os

alunos do Fund I são menos resistentes de realizar as atividades, aceitam com mais

facilidade qualquer tipo de conteúdo. As professoras de sala de aula que mantém uma

boa relação comigo também facilitam a minha prática pedagógica, porque podemos

trocar muitas experiências e falar mais dos alunos.

9. Você recebeu qualquer tipo de capacitação sobre as orientações curriculares da

Prefeitura de São Paulo?

R – Sim. Fiz algumas capacitações sobre jogos cooperativos. Teve uma com o Marcos

Neira que foi sobre isso. Desde que essa proposta foi implantada eu não realizei mais

nenhuma capacitação.

284

Realizar capacitações sobre a proposta curricular facilitaria a implementação

dessa proposta?

R – Ter capacitações melhoraria a prática porque eu teria a possibilidade de refletir

sobre as minhas ações na escola. A gente sempre aprende coisas novas nas capacitações.

Ficamos mais motivados.

10. Qual a sua opinião sobre a proposta curricular da Prefeitura de São Paulo para

a disciplina de EF?

R – É um bom norteador. É um livro bem completo. Eu prefiro a liberdade da prefeitura

do que ter que trabalhar com as apostilas do estado. Até entendo porque tem professor

que não faz nada. Eu acredito que tudo que está na proposta é possível de se aplicar na

prática. Acho a prefeitura mais estruturada.

11. O que seria necessário para você melhorar a sua prática pedagógica tendo a

proposta curricular como teoria principal?

R – Tem que repensar a proposta do ciclo. Ninguém entende muito e todos empurram

com a barriga. Nós não somos preparados para trabalhar com o ciclo. Eu acho também

que quando acabar a reforma na nossa escola vai melhorar. As coisas estão muito

precárias na escola. Acredito que na hora que sair a escola nova vai melhorar. Poder

fazer a JEIF, ter maior respaldo da coordenação, ter mais materiais disponíveis, ter a

família dos alunos mais presente na escola, melhores condições e capacitações para

trabalhar com os alunos que possuem alguma necessidade especial. Temos muitos

alunos com necessidades especiais.

285

APÊNDICE E

Unidades de Significado retiradas das

Entrevistas

286

Categoria 1 - Os principais fatores que dificultam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo

A categoria denominada Espaço Físico Inadequado inclui as seguintes unidades de

significado:

D - Dificuldade do espaço físico (escola está passando por uma reforma)

D - Necessidade de utilizar esse espaço nos dois intervalos de cada período,

impossibilitando o acesso do professor de EF nesses momentos

C1 - Falta de espaço físico porque a escola está em reforma

C2 - Falta de espaço físico adequado

C2 - Falta de infra-estrutura para incluir os alunos com necessidades especiais

P1 - Trabalhar em espaço aberto

P1 - Espaço físico inadequado

P2 - A infraestrutura (a escola não possui quadra e a aula de EF é realizada em um espaço

que pode ser utilizado por qualquer professor, além dos intervalos também ocorrerem

nesse espaço)

P3 - Falta de espaço

A categoria denominada Indisciplina dos alunos inclui as seguintes unidades de

significado:

D - Muita reclamação da indisciplina dos alunos

D – A violência entre os alunos estar muito presente no cotidiano escolar (discussão e

bate boca, ameaças entre os alunos)

C1 - Indisciplina dos alunos

C2 - Indisciplina dos alunos

P2 - Tem problemas de indisciplina com alguns alunos

P3 - Possui problemas com a indisciplina com os alunos do ensino fundamental II

A categoria denominada Jornada de trabalho extensa inclui as seguintes unidades de

significado:

287

D - Existem também as dificuldades de ter que trabalhar em uma jornada muita extensa

D - Ter acúmulos de cargo

D - O cotidiano se torna cansativo, dificultando a elaboração de boas aulas, a correção

dos trabalhos, além de diminuir consideravelmente a paciência do professor

D - O professor tem que ministrar aulas para muitas salas de aula durante o dia

D - A cada 50 minutos ele necessita conviver com realidades diferentes com cada turma

que vai atuar

C1 - Jornada extensa de trabalho (acumulo de cargo e outros empregos na área de

formação gerando falta de tempo para realizar as capacitações oferecidas pela

prefeitura)

C2 - Ter acúmulo de cargo

C2 - Falta de tempo para a formação continuada

P1 - Acumular dois cargos como professor, não possibilitando voltar todas as suas

energias apenas para uma escola

P2 - Tem dificuldades por ter que atuar em áreas diferentes da EF durante o dia

A categoria denominada Falta de materiais inclui as seguintes unidades de significado:

C1 - Impossibilidade de adquirir todos os materiais solicitados pelos professores

C2 - Indisponibilidade de utilizar os materiais de EF

P1 – Não tem todos os materiais para colocar em prática todos os conteúdos da EF

P2 - Não tem todos os materiais que gostaria para realizar as suas aulas

P3 - Falta de material apropriado

P3 – Falta de materiais para os alunos com necessidades especiais

A categoria denominada Cultura do Aluno com os estudos inclui as seguintes

unidades de significado:

C1 - Problemas familiares dos alunos

C1 - Cultura do aluno e da comunidade frente à EF

C2 - Falta de hábitos de estudos dos alunos

C2 - Resistência do aluno com certos conteúdos

P1 - As características dos alunos

288

P1 - A resistência que esses alunos têm quando o professor quer desenvolver certos

conteúdos

P1 - Costume dos alunos quando tiveram aula com outros professores

P1 - Fator cultural do aluno em relação à aula de Educação Física.

P2 - Sente resistência dos alunos quando necessita realizar algum trabalho na sala de

aula

P3 - Tem dificuldades com algumas crianças do ciclo I que já possuem a sexualidade

muito aflorada e atrapalham a aula

A categoria denominada Formação profissional insuficiente inclui as seguintes

unidades de significado:

D - Dificilmente existe alguma discussão sobre o que é educação e qual é o seu papel na

escola de hoje.

C1 - Dificuldade financeira dos professores para realizarem a sua formação continuada

C1 - Número de capacitações insuficientes dos coordenadores,

C1 - Formação inicial dos professores muito distante da realidade escolar,

principalmente nas questões de didática e metodologia de ensino

C1 - Formação insuficiente do professor para trabalhar com a concepção de ensino da

prefeitura

C1 - Número de paradas pedagógicas insuficientes durante o ano

C2 - Professores que não participam da JEIF

C2 - Formação continuada da prefeitura insuficiente

C2 - Poucas jornadas pedagógicas

C2 - Falta de preparo para incluir os alunos com necessidades especiais

P1 - Não ter tido nenhum tipo de capacitação sobre a proposta curricular

A categoria denominada Falta de organização da rede municipal inclui as seguintes

unidades de significado:

D - Existe uma estrutura que deve ser seguida e cumprida

D - A escola não tem autonomia em todas as questões que envolvem o cotidiano escolar

C2 - Mudança anual da unidade escolar dos professores

C2 - Aumento do número de dias letivos com os alunos

289

C2 - Falta de um projeto da rede municipal de inclusão

P2 - Não poder realizar a JEIF porque não tem um número de aulas atribuídas,

dificultando o acesso há todas as discussões e formações que ocorrem na escola

P3 - Não poder realizar a JEIF por não ter todas as aulas atribuídas dificulta porque ela

perde todas as discussões que são realizadas na escola tendo uma diferença grande no

salário

A categoria denominada Falta de organização da escola inclui as seguintes unidades

de significado:

D - Dificuldade de colocar as aulas duplas para os professores de EF devido ao acúmulo

de cargos dos outros professores

P1 - A dinâmica da escola que não está preparada para certas atividades (sair com os

alunos para ter aula no clube próximo à escola).

P1 - Nem sempre a escola proporciona aulas dobradinha para poder realizar as

atividades no clube

P2 - Sente dificuldade quando necessita sair da escola para realizar as atividades no clube

com alguns alunos que precisam se trocar para sair da escola e perde-se muito tempo

P2 - O trajeto para o clube próximo da escola possui muitos faróis e o cuidado tem que

ser muito grande.

P3 - Necessita dividir o mesmo espaço com o outro professor da escola aumentando a

quantidade de alunos que permanecem no mesmo espaço

A categoria denominada Dificuldade dos alunos inclui as seguintes unidades de

significado:

D - Falta de concentração

D - Falta de atenção

D - Pouco envolvimento na aula

D - Dificuldade de estimular a vontade de conhecer dos alunos devido a idade

C1 - Falta de interesse e participação dos alunos

C1 - Falta de atenção e concentração dos alunos

290

P1 - Dificuldade dos alunos em realizar atividades que necessitam de reflexão, que

necessitam de dialogo

P3 - Os alunos têm muitas dificuldades em aprender a ler e escrever

A categoria denominada Influência do clima inclui as seguintes unidades de

significado:

D - A exposição ao sol cotidianamente do professor de EF, podendo provocar certas

doenças

P1 - A influência do tempo

P1 - A influência do clima

P2 – O clima também influência negativamente o seu cotidiano, pois quando chove não

pode realizar atividades práticas se o espaço da escola for aberto

A categoria denominada Relação escola-comunidade inadequada inclui as seguintes

unidades de significado:

D - A família não é presente no acompanhamento da vida escolar dos alunos

C2 - Cultura da comunidade escolar frente à EF

C2 - Falta de acompanhamento dos pais

A categoria denominada Relação interpessoal profissional inclui as seguintes unidades

de significado:

P2 - Em algumas situações tem pouco respaldo por parte da gestão na sua atuação como

professor

P3 - Possui dificuldades com algumas professoras das salas de Ensino Fundamental I,

pois com uma relação pouco amistosa entre elas existe dificuldade para trocar

experiências, além das reclamações que essas professoras fazem quando o especialista

atrasa para entrar na sua aula

291

A categoria denominada Falta de condições para a educação inclusiva inclui as

seguintes unidades de significado:

C1 - Falta de preparo para trabalhar com alunos que possuem necessidades especiais

P3 - Dificuldade para trabalhar com os alunos que possuem algum tipo de necessidades

especiais

A categoria denominada Implicações da aula de EF inclui as seguintes unidades de

significado:

P1 - As outras pessoas que compõe o cotidiano escolar e reclamam da dinâmica da aula

de EF

A categoria denominada Função social da escola inclui as seguintes unidades de

significado:

D - Função social da escola (cobrança para que os alunos entrem no mercado de

trabalho, passem no vestibular ou no vestibulinho). Ela acredita que a escola deveria ter

como função social estimular o conhecimento, o raciocínio, a leitura, o encantamento

pelo conhecimento.

A categoria denominada Falta de trabalho coletivo inclui as seguintes unidades de

significado:

D - Dificuldade de trabalhar coletivamente.

D - Dificuldade dos professores se enxergarem enquanto grupo e entenderem os

objetivos de cada área dentro da escola (inclusive da área de Educação Física).

A categoria denominada Visão da disciplina de EF inclui as seguintes unidades de

significado:

D - A disciplina de EF ser vista muitas vezes como algo secundário do ponto de vista

curricular, ainda sendo considerada como algo legal, bacana, utilizado para queimar

energia

292

A categoria denominada Baixa remuneração inclui as seguintes unidades de

significado:

C1 - Baixa remuneração dos professores

A categoria denominada Descontentamento profissional inclui as seguintes unidades

de significado:

C1 - Falta de empenho de alguns professores

C1 - Desanimo de alguns professores

A categoria denominada Trânsito inclui as seguintes unidades de significado:

C1 - Trânsito para chegar na unidade escolar, principalmente para aqueles professores

que possuem acúmulos

A categoria denominada Resistência dos professores inclui as seguintes unidades de

significado:

C2 - Resistência dos professores mais experientes frente á proposta curricular

A categoria denominada Relação aluno-aluno inclui as seguintes unidades de

significado:

C1 - Alunos com diferentes situações econômicas convivendo no mesmo ambiente

Categoria 2 - Os principais fatores que facilitam a implementação da proposta

curricular de EF do município de São Paulo

A categoria denominada Clube próximo da escola inclui as seguintes unidades de

significado:

D - Utilização do clube próximo à escola para realizar as aulas

293

C2 - Visita técnica ao clube da cidade próximo da escola

P1 - Ter um clube próximo da escola para desenvolver atividades diferenciadas

P1 - Ter duas aulas seguidas com a mesma turma no dia em que os alunos irão sair para

o clube

P2 - Ter um clube perto da escola minimiza os problemas de espaço

A categoria denominada Relação professor-aluno inclui as seguintes unidades de

significado:

C1 - Maior proximidade do aluno com o professor de EF

P1 – A postura do professor com o aluno

P2 - O aluno reconhecer o professor de módulo como reconhece qualquer outro

professor da escola

P3 - Ter poucos casos de indisciplina com essas turmas

P3 - Os alunos são menos resistentes em realizar qualquer tipo de atividade proposta,

aceitando com mais facilidade qualquer tipo de conteúdo

A categoria denominada Empenho dos professores inclui as seguintes unidades de

significado:

D – O empenho dos professores para realizar a adaptação do espaço existente

C1 - Compromisso do professor com a educação

C2 - Mas empenho do professor

A categoria denominada Ambiente da aula inclui as seguintes unidades de significado:

D – A possibilidade de não necessitar ficar em um espaço fechado durante a aula.

P1 - Sensibilidade para entender o aluno tornando o próprio ambiente da aula como um

fator facilitador

A categoria denominada Recursos disponíveis inclui as seguintes unidades de

significado:

C1 - Tentar atender aos pedidos de materiais dos professores

P1 - Ter televisão com DVD em todas as salas de aula

294

A categoria denominada Permanência na escola inclui as seguintes unidades de

significado:

D - Ter professores efetivos na escola,

D - Conquistar a permanência desses professores com pouca remoção para que as

pessoas possam se conhecer melhor e aprofundar o seu trabalho

D - Os professores necessitam ficar em apenas uma escola em toda a sua jornada de

trabalho, para que tenha tempo de pensar nesse espaço e de refletir o processo vivido

cotidianamente

C1 - Trabalhar em apenas uma unidade escolar

P1 - Ministrar aulas para a mesma turma durante alguns anos seguidos

A categoria denominada Organização da rede municipal inclui as seguintes unidades

de significado:

C2 - Estrutura administrativa oferecida pela prefeitura (diretor e coordenadores

pedagógicos efetivos, dois assistentes de direção, sala de informática com computadores

de última geração, diferentes projetos e verbas mensais para complementar as

necessidades pedagógicas do professor)

P2 - Ter um professor de módulo na escola para ajudar o professor titular nas suas aulas

e substituir esse profissional quando ele precisa faltar

A categoria denominada Desenvolver projetos diferenciados inclui as seguintes

unidades de significado:

C2 - Desenvolver projetos que foquem especificamente na questão da indisciplina dos

alunos

P2 - Ele se sente respaldado pela gestão da escola em relação aos projetos que elabora

para trabalhar com os alunos

A categoria denominada Menor número de alunos por turma inclui as seguintes

unidades de significado:

295

D - Tempo para refletir mais sobre os alunos, diminuindo a quantidade de crianças em

cada sala de aula, facilitando o olhar para cada uma delas.

A categoria denominada Interesse dos alunos pela aula inclui as seguintes unidades de

significado:

D – O desejo dos alunos pela aula de EF,

D - A cobrança que esses alunos fazem pela aula

A categoria denominada Olhar interdisciplinar inclui as seguintes unidades de

significado:

C1 - Olhar interdisciplinar do professor

A categoria denominada Respeitar a diversidade inclui as seguintes unidades de

significado:

C1 - Respeitar a diversidade do ambiente escolar.

A categoria denominada Alterações na LDB inclui as seguintes unidades de

significado:

C2 - A disciplina de EF ter alterado seu enfoque com a LDB

A categoria denominada Relação interpessoal profissional inclui as seguintes unidades

de significado:

P3 - A boa relação que ela mantém com algumas professoras de sala, facilitando as

trocas de experiências e as conversas sobre as dificuldades dos alunos.

A categoria denominada Perfil do professor inclui as seguintes unidades de

significado:

P3 - O perfil que ela possui para trabalhar com as crianças de ensino fundamental I

296

Categoria 3 - Principais fatores que precisariam ser alterados para que exista a

implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo

A categoria denominada Formação continuada inclui as seguintes unidades de

significado:

D - Formações continuadas constantes

D - Formação permanente do professor e existir discussões sobre política educacional e

política de sociedade avançando nas construções democráticas dentro da escola

C1 - Existir uma formação acadêmica com maior proximidade da realidade escolar

C2 - Formação continuada obrigatória oferecida dentro do horário de trabalho de todos

os professores

P1 - Cursos de capacitação

P1 - Participar de grupos de estudos na Universidade

P1 - Acompanhar as novas pesquisas

P1 - Participar de grupos de estudos com os professores que elaboraram a proposta

curricular da prefeitura de São Paulo

P1 - Trocar ideias com outros professores que ministram aulas na escola pública

P1 - Observar exposições de práticas pedagógicas que estão dando certo na escola

P1 - O essencial seria ter tempo para realizar essas formações, pois tendo dois cargos

tudo isso se torna muito complicado de acontecer

P2 - Capacitações no horário de trabalho com dispensa de ponto

P2 - Fazer JEIF independente de ter aulas atribuídas para estar mais presente na escola

P3 - Poder fazer a JEIF

P3 - Capacitações para trabalhar com os alunos que possuem alguma necessidade

especial

A categoria denominada Valorização salarial inclui as seguintes unidades de

significado:

D - Deve existir a valorização salarial, possibilitando que o professor não necessite de

dois cargos para a sua sobrevivência

C2 - Valorizar financeiramente o professor para que ele possa atuar em apenas uma

escola

297

P1 - Esse profissional necessita dos dois cargos para poder dar uma condição razoável

de sobrevivência para sua família e mesmo assim não consegue pagar com o próprio

dinheiro dessas formações que seriam necessárias para sua evolução profissional

P2 - Ser valorizado financeiramente para poder ficar todo tempo em apenas um

emprego

A categoria denominada Melhorar a estrutura física inclui as seguintes unidades de

significado:

P2 - Ter uma infraestrutura melhor (quadra ou um espaço amplo que fosse fechado para

ficar imune as variações do clima)

P3 - Terminar a reforma que está ocorrendo na escola para que se tenha melhor

estrutura para ministrar as aulas

P3 – Melhores condições para trabalhar com alunos que possuem necessidades especiais

A categoria denominada Recursos disponíveis inclui as seguintes unidades de

significado:

P2 - Ter mais materiais disponíveis para conseguir colocar em prática todos os

conteúdos selecionados da proposta curricular

P3 - Ter mais materiais disponíveis

A categoria denominada Dois professores por turma inclui as seguintes unidades de

significado:

D - Se houvesse dois professores por turma existiria mais qualidade no ensino.

P1 – Seria interessante se o professor de módulo pudesse ficar o tempo todo com o

docente da sua disciplina. Dois professores na mesma turma iria ajudar.

A categoria denominada Permanecer em uma unidade escolar inclui as seguintes

unidades de significado:

D - Ficar em apenas uma escola em toda a sua jornada de trabalho, para que tenha

tempo de pensar nesse espaço e de refletir o processo vivido cotidianamente

298

A categoria denominada Menor número de alunos por turma inclui as seguintes

unidades de significado:

D - Tempo para refletir mais sobre os alunos, diminuindo a quantidade de crianças em

cada sala de aula, facilitando o olhar para cada uma delas.

A categoria denominada Estágio remunerado inclui as seguintes unidades de

significado:

C1 - Realizar estágio remunerado (durante a formação acadêmica conhecer a realidade

da escola e não precisar estar atuando em outra área para manter-se financeiramente.

A categoria denominada Coordenador de área inclui as seguintes unidades de

significado:

C2 - Existir um coordenador para cada disciplina na escola

A categoria denominada Mais empenho dos professores inclui as seguintes unidades

de significado:

C2 - Mais empenho de alguns professores

A categoria denominada Repensar os acúmulos de cargo inclui as seguintes unidades

de significado:

C2 - Rever os acúmulos de cargos

A categoria denominada Melhor relação interpessoal inclui as seguintes unidades de

significado:

P3 - Ter maior respaldo da coordenação

299

A categoria denominada Repensar o ciclo de escolaridade inclui as seguintes unidades

de significado:

P3 - Ser repensada a ideia do ciclo, pois os educadores ainda não estão preparados para

atuar dessa forma

A categoria denominada Relação escola-comunidade adequada inclui as seguintes

unidades de significado:

P3 - Ter a família dos alunos mais presente na escola

A categoria denominada Horários de discussões inclui as seguintes unidades de

significado:

P2 - Seria necessário ampliar os horários de discussões para que os professores

conseguissem conversar mais sobre os problemas da escola.

A categoria denominada JEIF inclui as seguintes unidades de significado:

P2 - Todos os professores deveriam ter o direito de realizar a JEIF para participar das

formações e das discussões dentro da própria escola.

- A categoria denominada Passeios Pedagógicos inclui as seguintes unidades de

significado:

P3 - A prefeitura deveria se organizar melhor para propiciar mais passeios pedagógicos

para as escolas.

A categoria denominada Melhor organização da escola inclui as seguintes unidades de

significado:

P1 - Em algumas situações a escola poderia se organizar melhor para que a aula de EF

ocorresse com mais qualidade.

300

A categoria denominada Autonomia do professor inclui as seguintes unidades de

significado:

P2 - O professor teria que ter mais autonomia para tomar determinadas decisões sem ser

barrado por problemas burocráticos e pela hierarquia dentro da própria escola.

A categoria denominada Construção coletiva da proposta curricular inclui as

seguintes unidades de significado:

D - A proposta curricular deveria ser construída de forma coletiva, baseando-se em

alguns princípios educativos.

301

APÊNDICE F

Transcrição das observações realizadas

no cotidiano escolar

302

ENSINO FUNDAMENTAL II

Observação das aulas

07/03

O professor me recebeu bem e fomos para a 1º turma que ele vai ministrar as

aulas. É um 9º ano. Fomos para um espaço adaptado, pois a escola está em reforma.

Esse espaço parecia ser uma antiga quadra descoberta. Foi colocada uma tenda para

cobrir o espaço. Os ferros que seguram essa tenda foram colocados no meio dessa

antiga quadra, dificultando a realização de algumas atividades

O professor dividiu os alunos em grupos: um grupo jogava vôlei, outro grupo

futebol e ainda existia a possibilidade de jogar tênis de mesa. A mesa estava adaptada

com carteiras de sala de aula e uma madeira com a rede de tênis de mesa. Três alunos

não participaram de nenhuma atividade. O professor jogou vôlei junto com os alunos.

Nesse espaço adaptado onde ocorrem as aulas as bolas caem em outras casas e

na rua. Isso faz com que a aula seja interrompida em alguns momentos.

Na segunda aula fomos para um 8º ano. A dinâmica da aula foi idêntica a

anterior. No meio da aula o professor necessitou voltar para a sala de aula, pois ia

começar o intervalo (que é realizado no mesmo espaço utilizado para as aulas de EF).

Na sala de aula o professor pediu que os alunos copiassem um texto e passou

algumas questões para serem respondidas. Disse que já tinha explicado o texto e ficou

durante toda a aula tirando dúvidas dos alunos que não conseguiram responder as

questões. Esse texto falava das alterações fisiológicas que acontecem no nosso corpo

quando realizamos exercícios (frequência, cardíaca, respiração, suor etc). Os alunos

copiaram o texto e responderam as questões de forma tranquila. Conforme eles

acabavam a tarefa solicitada podiam voltar para a quadra e continuar jogando. Ficamos

duas aulas com essa turma. O professor já ministrava aulas para essa turma há três anos.

Na quarta aula fomos para outro 8º ano. O espaço onde ocorre a aula estava

completamente sujo devido ao intervalo. A escola conta apenas com um agente de

limpeza, então o próprio professor ajudou a limpar o espaço para poder utilizá-lo

durante a sua aula.

303

Nessa turma alguns alunos mostraram indisciplina chutando a bola ou

atrapalhando de o jogo dos colegas. O professor relatou que muitos alunos possuem

comportamento inadequado na escola e possuem histórias de vida bem complicadas.

Em muitos momentos os alunos de outras salas vinham até o espaço onde ocorria a aula

e o professor tinha que pedir para que eles saíssem.

Na última aula fomos para um 7º ano. Alguns alunos chegaram na sala depois do

professor já ter iniciado a explicação sem ter nenhuma explicação para tal atitude. Nesse

momento o professor teve que interromper a aula.

Houve a necessidade de dividir o espaço onde ocorre a aula com outro professor.

Nesse espaço os alunos podiam jogar vôlei, basquete e tênis de mesa. Durante essa aula

muitos alunos não realizaram nenhuma atividade e, por consequência, ocorreram

diversos casos de indisciplina. Muitas crianças se machucaram, pois o espaço era

limitado, havia muitos alunos e esse espaço foi coberto há algum tempo atrás, sendo que

com essa cobertura o espaço se tornou ainda mais limitado, pois as vigas que compõe a

cobertura estão espalhadas por todo o espaço, facilitando ainda mais que os alunos se

machucassem. Durante a aula um cheiro muito forte começou a ser sentido no espaço. O

professor relatou que existe uma casa ao lado onde uma senhora toma conta de animais

e, durante algumas aulas, esse cheiro chega ao espaço dificultando a aula.

14/03

Cheguei à escola para realizar as observações e os três professores aderiram à

uma greve nacional de professores que estava sendo realizada nesse dia. Os professores

comentaram que aderiram à paralisação pela reivindicação por melhores salários, por

melhores condições de trabalho na sala de aula, todos os professores terem o direito de

fazer JEIF independente do número de aulas atribuídas, entre outros fatores.

21/03

O professor iniciou a sua aula no 9º ano com a mesma proposta da aula

anteriormente vista. Os alunos foram divididos em grupos: um grupo jogava vôlei, outro

grupo futebol e ainda existia a possibilidade de jogar tênis de mesa. A mesa estava

adaptada com carteiras de sala de aula e uma madeira com a rede de tênis de mesa.

Nesse dia, diferentemente das semanas anteriores, muitos alunos não participaram de

304

nenhuma atividade. Também houve casos de indisciplina nessa aula (chutar a bola de

propósito durante o jogo de vôlei, desrespeitar algumas regras impostas pelo professor);

Logo após o professor tinha aula dobradinha em um 8º ano. Nessa semana os

alunos já tinham a liberação para ir até o clube próximo da escola para utilizar os

espaços desse local durante as aulas de EF. Os vinte primeiros minutos de aula foram

utilizados para organizar os alunos para sair da escola, enfatizando que caso ocorresse

qualquer problema aquela turma não sairia mais da escola durante as aulas.

Durante a ida ao clube não houve problemas. Ao chegar ao clube o professor

realizou alongamento com os alunos, aferiu a frequência cardíaca em repouso, pediu

para que todos dessem uma volta correndo ou trotando no clube e depois pediu que os

alunos aferissem novamente a frequência cardíaca, mas agora depois da corrida. Houve

uma breve discussão sobre a diferença dos batimentos cardíacos antes e após a

realização de exercícios. Nesse momento houve um problema com um dos alunos que

quis ligar o celular para escutar música. O professor pediu que desligasse e prontamente

foi atendido.

No ginásio do clube com todos os alunos o professor ministrou uma atividade

onde duas equipes arremessavam bolas para tentar retirar uma bola de basquete que

estava no centro da quadra. A equipe que conseguisse deslocar essa bola até o espaço do

adversário ganhava o jogo.

Durante a atividade estava tendo aula na quadra ao lado e, ao mesmo tempo,

estava sendo cortada a grama do parque, causando um grande barulho na quadra, além

do forte cheiro do aparelho de cortar grama que logo tomou conta do ginásio,

dificultando o andamento da aula.

Após essa primeira atividade o professor organizou um jogo de handebol só de

meninos. O bom comportamento dos alunos dessa turma facilitou a prática pedagógica,

já que o professor ministra aulas para essa turma há algum tempo. Enquanto os meninos

jogavam as meninas ficaram sentadas. Após o término do jogo dos meninos, o professor

organizou o jogo de handebol das meninas e em outro espaço colocou os meninos para

jogar futsal. O professor teve dificuldades para organizar dois jogos em espaços

diferentes sozinho, além de não poder acompanhar ao mesmo tempo os dois grupos.

Nesse momento o professor também relatou a dificuldade de sozinho sair de uma sala,

ter que organizar o material e os alunos, pois acaba perdendo muito tempo. Isso dificulta

a prática pedagógica.

305

Para voltar do clube foi um pouco mais complicado, pois os alunos demoraram

bastante para se organizar, mesmo atrasados para voltar para escola não tiveram a

disposição necessária durante o percurso do clube até a escola para chegar no tempo

correto, além de alguns alunos desrespeitarem as regras impostas pelo professor.

Após a chegada do clube o professor foi ministrar aula em um 8º ano. No inicio

da aula a diretora veio explicar porque essa turma não tinha aula dobradinha de EF (isso

impossibilita a ida para o clube). Ela comentou a dificuldade de arrumar o horário dos

outros professores, pois muitos trabalham em mais de uma escola e precisam ter

horários alternativos, dificultando a possibilidade de ter aula dobradinha na EF. Um dos

alunos chegou quase cinco minutos depois da diretora já ter iniciado a sua fala, dizendo

que não estava na sala de aula por estar no banheiro. Isso atrapalhou a discussão que o

professor, diretora e alunos estavam tendo.

Fomos para o espaço adaptado dentro da escola. Novamente o espaço estava

sujo porque tinha acabado de terminar o intervalo e a escola só dispõe de um agente de

limpeza para organizar esse espaço. O professor novamente dividiu pequenos grupos,

sendo que alguns jogaram vôlei, outros basquete e outros tênis de mesa. Os alunos

fizeram a aula enquanto o espaço estava sendo limpo. Nessa aula muitos alunos não

participaram de nenhuma atividade. Novamente um cheiro muito forte da casa da frente

tomou conta do espaço. Ficou quase impossível permanecer na aula.

A última aula foi ministrada em um 7º ano. O professor chegou na sala e teve

que ter uma conversa séria com os alunos porque está muito difícil ministrar aula para

aquela turma pelo comportamento inadequado que eles estavam tendo. Todos os

professores estavam reclamando do comportamento da sala. Quando fomos para o

espaço novamente houve a necessidade de dividi-lo com o outro professor.

Os professores também dividiram os alunos em grupos para jogar basquete, tênis

de mesa e vôlei, mas por conta de ter muitos alunos no mesmo espaço ficou difícil a

dinâmica da aula, havendo muitos casos de indisciplina (discussão entre os alunos,

brigas, muitos alunos saindo sem a permissão dos professores). Em vários momentos os

professores tiveram que ser firmes com muitos alunos pedindo um comportamento

adequado.

306

26/03

A 1º aula do dia foi no 8º ano B. O professor que tem as aulas faltou nessa aula.

O professor de EF que estava de módulo assumiu a turma. Ter um professor da

disciplina na escola para assumir as aulas quando o professor que tem as aulas falta é

um fator que facilita a implementação das propostas curriculares. .

A aula ocorreu na mesma dinâmica do outro professor. Cada grupo realizando

uma atividade diferente, porém o professor de módulo não tinha acesso há todos os

materiais da EF e isso dificultou a proposta da aula.

Durante a aula houve alguns casos de indisciplina (chutar a bola forte para

devolvê-la para outro grupo que estivesse realizando outra atividade, falta de respeito

com o espaço que cada grupo tinha para realizar o seu jogo). Também ocorreu dos

materiais caírem fora da quadra. Alguns alunos decidiram não realizar atividade

nenhuma. Na minha observação não houve o mesmo respeito com o professor de

módulo comparado com o professor que tem as aulas. A falta de respeito dos alunos

com o professor que entra para assumir as aulas é um fator que dificulta a prática

pedagógica.

Na 2º aula o professor titular chegou e assumiu as aulas. Essa aula foi ministrada

no 6º ano A. No inicio da aula, o professor ficou na sala de aula conversando com os

alunos sobre as aulas dobadrinhas. Essa turma está impossibilitada de ir para o parque

porque não tem nenhuma aula dupla. O professor colocou para a turma que o

comportamento da sala está difícil e isso está atrapalhando toda a escola, inclusive isso

dificulta que os outros professores pensem em ceder de alguma forma para que a turma

possa ter aula no parque.

Fomos para o espaço onde ocorre a aula de EF e um dos alunos não respeitou a

regra imposta durante o percurso (correu e quase machucou os outros alunos). O

professor teve que ser firme com esse aluno e chamar a sua atenção. É o primeiro ano

do professor com essa turma e isso dificulta a sua prática pedagógica. Alguns alunos

pulavam corda, outros jogavam vôlei, outros tênis de mesa e outros futebol. Houve

alguns problemas de indisciplina durante a aula (briga entre os alunos e um invadir o

espaço do outro).

Nessa turma existe uma aluna com necessidade especial que apresenta

dificuldade em participar das atividades junto com os outros alunos. O professor relatou

307

tentar aproximação dessa aluna para melhorar a participação dela na aula. Disse também

que no ano passado ela nem gostava de frequentar as aulas de EF.

Algumas vezes as bolas caíram fora do espaço onde ocorre a aula e isso

dificultou a dinâmica pela dificuldade de recuperar essas bolas.

Na 3º aula do dia fomos para um 8º ano e estava ocorrendo o intervalo ficando

impossibilitado de utilizar o espaço onde ocorre normalmente a aula de EF. O professor

decidiu ficar na sala e discutir um texto com os alunos. Ele precisou tirar xérox de um

material e teve facilidade de tirar essa xérox. O texto falava sobre atletismo e os alunos

tinham que colar no caderno. O professor propôs uma leitura compartilhada na sala.

Houve uma séria dificuldade de iniciar a leitura devido o comportamento de alguns

alunos. Os alunos demoraram em colar os textos nos cadernos e isso dificultou a prática

pedagógica do professor. Durante a leitura alguns alunos não acompanharam o texto e

falaram junto com os alunos que estavam realizando a leitura proposta.

Quando bateu o sinal do final do intervalo os alunos se levantaram para ir ao

espaço onde ocorrem as aulas sem a autorização do professor, que teve dificuldade para

retornar a leitura. Quando o texto todo já tinha sido lido, o professor permitiu que todos

fossem para o espaço. Nesse momento os alunos jogaram vôlei, futebol e tênis de mesa,

mas tiveram que ter aula ainda com a limpeza sendo realizada.

Alguns alunos falaram durante a leitura, alguns não acompanharam o texto e

durante a explicação também não deram a mínima para que o professor estava falando.

Após a aula que a leitura foi proposta o professor declarou que muitos alunos dessa sala

apresentam diversas dificuldades para ler e interpretar textos.

No intervalo, os professores estavam discutindo sobre a greve que acontecerá.

Todos estavam discutindo sobre as condições de trabalho impostas, além das condições

salariais. Estava sendo decidido quem iria aderir à greve e quem não iria.

Após o intervalo o professor foi ministrar aula em um 9º ano. Essa turma ia ter

aula no clube próximo à escola. A turma voltou do intervalo e ficou na porta da sala

atrapalhando os outros alunos. Eles estavam na porta da sala porque iriam sair para ter

aula no clube durante a aula de EF. A diretora teve que interferir e ter uma conversa

rígida com a sala. Essa ida ao parque causou alguns problemas na escola por conta do

comportamento dos alunos antes da saída. Além disso, quatro alunos não tinham

autorização para sair da escola e tiveram que ficar com outro professor realizando uma

atividade deixada pelo professor de EF.

308

Durante o trajeto para o parque dois alunos já tiveram que voltar para escola

devido ao comportamento que estavam tendo. Além desses, outros alunos não

respeitaram as regras impostas pelo professor. Quando chegamos ao parque o professor

de EF que estava de módulo acompanhando o professor titular das aulas teve que voltar

para a escola porque naquele dia ia sair uma aula mais cedo. Ele acabou voltando com

os dois alunos indisciplinados.

No clube, o professor dividiu os alunos em dois grupos. Os meninos foram jogar

futebol em uma quadra fora do ginásio onde estávamos e foram acompanhados por uma

professora de História que estava nos acompanhando e as meninas ficaram no ginásio

jogando futebol. Essa separação dos grupos ocorreu porque havia outra quadra vazia

nesse dia no ginásio, porém estavam lavando a parte de fora do clube e a torneira fica

dentro do ginásio. A quadra fica próxima da torneira, portanto ela estava toda molhada,

ficando inutilizável.

O ginásio estava muito quente, muito barulho por conta da limpeza que estava

ocorrendo no clube, além de haver muitos pernilongos naquele local. Na quadra onde os

meninos foram jogar futebol estava sem uma das traves e houve a necessidade de

adaptar o jogo.

O trajeto da volta para a escola foi tranquilo, pois os alunos já iriam direto

embora após chegarem à escola.

28/03

Todos os professores de EF da escola estavam em greve.

02/04; 03/04; 04/04; 05/04; 09/04; 10/04

Todos os professores de EF da escola estavam em greve.

11/04

Na 1º aula fomos para um 9º ano. Enquanto o professor preparava o ambiente

para a aula (colocava a rede de vôlei) alguns alunos pegaram as bolas e começaram a

organizar rodinhas de vôlei.

309

Após montar o ambiente o professor foi dividir os times para jogar vôlei. Houve

algumas meninas que tiveram resistência para jogar, reclamando de terem que realizar a

aula, mas acabaram jogando.

O professor dividiu os times. Enquanto duas equipes jogavam os outros ficavam

esperando a sua vez. Quando acabava o tempo do jogo as equipes trocavam.

Um aluno de outra sala veio até o espaço e desconcentrou os alunos que estavam

fazendo a aula. Mesmo após o professor ter pedido para ele voltar para a sua sala, ele

apareceu mais uma vez no espaço onde ocorre a aula desconcentrando novamente os

alunos.

A escola está em reforma e nessa aula o barulho estava muito forte nesse espaço,

dificultando a prática pedagógica.

Os materiais caíram fora do espaço quando um grupo que não estava jogando

decidiu realizar uma roda de vôlei um pouco distante de onde acontecia o jogo formal.

Os alunos dessa sala já estão acostumados com a dinâmica da aula. Já sabem as

regras do esporte, têm aula com esse professor há algum tempo e a maioria respeita a

dinâmica da aula.

Um dos alunos que não estava no jogo subiu no muro e o professor teve que

chamar a sua atenção.

Fomos ter uma dobradinha em um 8º ano. Os alunos foram para o espaço onde

ocorre as aulas e quando o professor chegou nesse espaço tinha alguns alunos dessa

turma chutando os materiais que tinham ficado no espaço da aula anterior. Ele teve que

chamar a atenção desses alunos.

Alguns alunos demoraram durante o trajeto para chegar ao espaço de aula sem

dar nenhuma explicação para esse atraso.

O professor organizou dois círculos na quadra e os alunos ficaram realizando os

fundamentos do vôlei. Nesse momento uma das bolas caiu para fora do espaço e

demorou alguns minutos para ser recuperada.

Os alunos escolheram o time após uns 10 minutos do jogo em roda para começar

a jogar o vôlei formal. Enquanto os dois times jogavam os outros alunos continuaram

jogando o vôlei em roda. O professor fazia orientações sobre as regras do esporte e em

alguns momentos corrigia os fundamentos. O time que perdia saia doa jogo e entrava o

time que estava aguardando.

No final do jogo de vôlei um dos alunos chutou a bola forte para tentar acertar

em alguém. Fomos para a sala de aula porque ia começar o intervalo nesse espaço.

310

Alguns alunos jogaram de propósito a bola que estava sendo guardada para fora do

espaço.

Iniciou-se na sala uma leitura compartilhada. Alguns alunos falavam e ficavam

com brincadeiras durante a leitura e as explicações do professor, que foi obrigado a

parar a aula algumas vezes para chamar atenção desses alunos. Novamente durante a

explicação esses mesmos alunos ficaram dando risada por algum motivo e novamente o

professor teve que parar a aula para chamar atenção.

Durante a explicação alguns alunos que estavam mais interessados participaram

da aula realizando perguntas. Isso enriqueceu a aula e ajudou na prática pedagógica do

professor.

Pela terceira vez na aula o professor teve que chamar atenção dos mesmos

alunos. Esses quatro alunos atrapalharam a aula inteira.

Tocou o sinal do final do intervalo e os alunos se agitaram para voltar ao espaço

onde ocorre a aula de EF e isso prejudicou muito a explicação do professor e a leitura

compartilhada.

Voltamos para o espaço e tinha uma equipe de limpeza limpando as sujeiras do

intervalo. Antes existia apenas uma pessoa para realizar essa limpeza e agora com uma

equipe de funcionários esse procedimento acontece mais rapidamente.

O professor teve que chamar atenção novamente de um aluno que estava

chutando a bola.

O professor de módulo veio trazer um fax sobre as olimpíadas escolares.

Enquanto o professor titular ministrava as aulas o professor de módulo estava

realizando a inscrição dos alunos que iam participar do evento. Isso facilitou a prática

pedagógica porque não existia outro funcionário da escola para realizar essas inscrições

e caso não houvesse o professor de módulo o professor titular teria que fazer as duas

coisas ao mesmo tempo.

Os alunos que estavam jogando bola em roda tiveram que interromper o jogo

mais uma vez porque a bola caiu novamente para fora do espaço.

Na sala dos professores durante o intervalo foi revelado pelas pessoas que

estavam na greve que o presidente do sindicato não quis ficar contra o governo, pois é

vereador da cidade de São Paulo e o partido dele está na chapa do governo. Ainda foi

dito que a maioria dos profissionais de educação que estavam na Praça do Patriarca

durante a Assembleia decidiram pela continuidade da greve e, mesmo assim, o

presidente do sindicato optou por encerrá-la. Revoltados, esses professores partiram

311

para cima do carro onde falava o presidente do sindicato. O presidente do sindicato, por

sua vez, chamou o batalhão de choque para conter esses professores que estavam

indignados com o que havia ocorrido.

Após o intervalo fomos para um 8º ano. Quando chegamos à sala havia um

aluno cuspindo nos outros e o professor teve que intervir com rigidez.

Fomos para o espaço onde ocorre a aula e dessa vez estava bem sujo devido ao

segundo intervalo. A equipe que realiza a limpeza estava novamente presente e limpou

o espaço durante a aula.

Na aula o professor formou dois círculos com os alunos para trabalhar com os

fundamentos do vôlei. Nesse momento alguns alunos passaram a jogar a bola um no

outro.

Nessa aula uma das bolas caiu em cima das tendas que cobrem o espaço.

Aconteceu novamente da bola cair fora da escola.

O professor dividiu quatro times para jogar vôlei. Enquanto esses times jogavam

os outros jogavam vôlei em roda ou esperavam sentados a sua vez de jogar. Durante

esse jogo um aluno xingou uma aluna que errou um passe e o professor teve que

intervir.

Na ultima aula fomos para um 7º ano. O professor passou a explicar que abriram

as inscrições para participar dos esportes que compõe as olimpíadas da prefeitura. Foi

explicado os procedimentos para participar dessas olímpiadas. Um dos alunos chegou

depois de ter iniciado a aula porque estava na diretoria. Havia outro aluno na diretoria

também. Ocorreu uma briga entre os dois e tiveram que voltar para a diretoria para

resolver esse problema.

Fomos para a quadra e tivemos que dividir o espaço com o outro professor.

Foram organizados grupos com os alunos para jogar vôlei. Nessa turma havia um aluno

com necessidades especiais. Ele era cadeirante e tinha deficiência intelectual leve. Não

tinha nenhum cuidador dentro da sala de aula para acompanhar esse aluno. Os próprios

alunos da sala tiveram que ajudar na locomoção dele até o espaço onde ocorre a aula.

Ele não participou de nenhuma atividade. Na escola existe apenas uma pessoa que tem a

função de ser auxiliar de vida escolar (pode auxiliar esses alunos na locomoção, na

higiene pessoal, entre outras necessidades). O professor conversou com essa

profissional sobre o aluno. Ela relatou que o menino teve paralisia cerebral e a parte

motora é bem comprometida. Ela disse também que o ideal seria ter um cuidador em

cada uma das salas de aula que têm algum aluno com necessidade especial, porém nessa

312

escola a prefeitura não mandou. O professor sentiu muita dificuldade, pois o menino

apresenta mobilidade muito reduzida e ele ainda tinha que organizar o restante dos

alunos da sala.

13/04

A 1º aula do dia foi em um 6º ano. O professor pediu para os alunos irem para o

espaço onde ocorrem as aulas. Ele precisava recolher as inscrições dos alunos que iam

participar das olimpíadas escolares. O professor de módulo de EF teve que substituir um

professor de outra disciplina que tinha faltado. No trajeto para o espaço os alunos

tiveram muitos atos de indisciplina, ocorreram diversas brigas e xingamentos entre eles.

A Auxiliar da Diretora teve que intervir e chamar a atenção dos alunos.

Quando o professor chegou ao espaço organizou dois círculos para realizar os

fundamentos do vôlei. Dois alunos simplesmente se recusaram a fazer a aula. Em um

dos círculos os meninos começaram a arremessar a bola um no outro, além de chutarem

a bola. O professor teve que chamar a atenção dos alunos.

Após essa atividade os meninos fizeram uma tarefa de toque na rede de vôlei e

as meninas continuaram a realizar os fundamentos em círculo. Durante a atividade

alguns meninos brigaram e discutiram. Alguns alunos realizavam a atividade de

qualquer jeito, além de continuarem chutando a bola. O professor teve que chamar a

atenção desses alunos várias vezes durante a aula.

Já estava um barulho muito forte no espaço por conta da reforma.

O espaço estava um pouco molhado por ter chovido no dia anterior e o professor

teve que chamar as auxiliares de limpeza para que pudessem passar o rodo na quadra

para tirar algumas poças.

Nessa turma têm uma aluna com necessidades especiais que não consegue

realizar as atividades com os outros alunos. Então durante a aula ela permaneceu

jogando bola sozinha ou sentada, mesmo com o professor tentando pedir que ela

participasse das atividades.

Um dos alunos que não queria mais participar das atividades e ficou grande parte

do tempo atrapalhando os outros alunos.

Na 2º aula fomos para um 7º ano. O professor explicou qual seria a dinâmica da

aula na sala. Logo no inicio da aula já teve que chamar a atenção de um aluno que no

trajeto para o espaço saiu correndo atropelando os outros alunos.

313

Nessa turma havia um aluno cadeirante com paralisia cerebral e não havia

nenhum cuidador que estivesse ali com ele naquele momento. O professor teve que

organizar o trajeto até o espaço da aula de todos os alunos e ajudar com mais cuidado na

locomoção desse menino. Ele ficou durante toda a aula apenas observando as

atividades.

No espaço onde ocorreu a aula um dos alunos se recusou a realizar as atividades

propostas e o professor chamou a sua atenção. Mesmo assim ele continuou se recusando

a realizar as atividades e o professor o mandou para a sala de aula fazer uma atividade

teórica.

A aula ocorreu na mesma dinâmica da turma anterior. Iniciou com dois círculos

e os alunos realizando os fundamentos do vôlei e depois enquanto alguns alunos

permaneceram nesse círculo os outros realizaram os fundamentos do vôlei na rede.

Nessa aula o cheiro ruim da casa que tem em frente à escola estava muito forte

no espaço e alguns alunos reclamaram disso.

Uma aluna da sala também se recusou a fazer a aula e o professor teve que

chamar a sua atenção. Ela continuou se recusando e eles foram conversar com a

diretora. Quando o professor chegou, ele relatou que essa menina veio transferida ontem

de outra escola e isso dificulta muito a sua prática pedagógica porque esses sempre

quando esses alunos chegam acabam tendo problemas com a dinâmica da aula.

No jogo que estava ocorrendo só de meninas, uma aluna constantemente

provocava as outras jogando a bola nelas e xingando as colegas.

O professor teve que chamar a atenção de um dos alunos que em vez de estar

realizando os fundamentos do vôlei estava chutando a bola nos outros colegas.

O professor comentou que nessa turma os alunos têm muitas dificuldades de

aprendizagem e ela tem muita dificuldade com essa situação.

Até acabar a aula o professor teve que chamar atenção de mais alguns alunos

que simplesmente paravam de realizar as atividades propostas.

O professor teve que chamar a atenção de mais um aluno que em vez de realizar

as atividades propostas ficava chutando a bola.

Fomos para o outro 7º ano na 3º aula. Uma aluna chegou depois do professor

entrar na sala e ainda deu risada depois de ter sido chamada atenção.

O professor comentou com a turma que eles não poderiam ir para o clube por

conta de que tinha chovido no dia anterior e os espaços que poderiam ser utilizados no

clube estavam todos molhados.

314

Ainda na sala o professor explicou como seria a dinâmica da aula. No espaço foi

dividido os times para realizar um jogo formal de vôlei. Enquanto dois times

começaram a jogar os outros ficaram em círculo realizando os fundamentos do vôlei.

Não houve nenhum problema de indisciplina enquanto os alunos estavam no

espaço onde ocorre a aula. O bom comportamento e a motivação dos alunos em realizar

as atividades facilitou a prática pedagógica.

Na 4º aula fomos para um 8º ano. Estava em horário de intervalo e o professor

teve que ficar na sala de aula. Foi proposto para os alunos uma leitura compartilhada. A

maioria dos alunos estavam interessados na aula e fizeram a leitura, além de prestar

atenção nas explicações e realizar perguntas que enriqueceram a aula. O texto falava

sobre atletismo.

Após a leitura, os alunos começaram a montar os times para jogar vôlei no

espaço. Quando chegamos ao espaço as auxiliares de limpeza estavam terminando de

limpar o local por conta do intervalo. Dois times começaram a jogar enquanto os outros

alunos ficaram esperando sentados ou em um círculo realizando os fundamentos do

vôlei.

O professor teve dificuldade com algumas meninas que não estavam se

esforçando em nada para jogar, tendo que chamar a atenção delas em vários momentos.

Após o intervalo fomos para um 8º ano. Chegamos ao espaço e mais uma vez

veio um cheiro forte da casa da frente.

O professor dividiu os alunos para jogar vôlei. Enquanto dois times jogavam os

outros ficavam em roda realizando os fundamentos do esporte e alguns sentados

esperando a sua vez.

Enquanto os alunos estavam em círculo realizando os fundamentos do vôlei a

bola caiu fora da escola e o jogo teve que ser interrompido por alguns momentos.

Não houve casos de indisciplina durante a aula. A turma já esta acostumada com

a dinâmica do professor e isso facilitou a prática pedagógica.

25/04

Nesse dia o professor levou os alunos para o campeonato de atletismo realizado

pela prefeitura de São Paulo. Enquanto ele realizava a parte burocrática para que

ocorresse a saída da escola (conferir as identidades de cada um dos alunos e as

autorizações assinadas pelos responsáveis) o professor de módulo ficou no espaço onde

315

ocorrem as aulas com os alunos que iriam participar das competições jogando vôlei,

futebol e tênis de mesa. Houve quarenta e cinco inscrições dos alunos do Ensino

Fundamental II para participar de diversas modalidades do atletismo.

Antes de sair para o local das competições o professor teve dificuldades na

escola porque as máquinas fotográficas estavam descarregadas e não havia a

possibilidade de utilizar nenhuma das três máquinas que estavam disponíveis na escola.

Também houve dificuldades com alguns alunos que esqueceram a documentação

necessária para participar das competições e atrasou muito a saída do ônibus porque o

professor teve que esperar os pais desses alunos trazerem os documentos antes de sair

da escola.

Durante o trajeto até o local do campeonato não houve problemas. Os alunos

pareciam bastante motivados para participar das provas de atletismo em que estavam

inscritos (corridas de 50 metros, 75 metros e de revezamento, arremesso de pelota, salto

em distância e salto em altura).

Durante o campeonato o professor comentou que o fator que mais dificulta a

participação dos alunos é a burocracia e a falta de tempo para realizar as inscrições, pois

a escola não ajuda nessa organização e fica tudo na responsabilidade do professor.

Ele também comentou que existir um professor de EF de módulo facilitou um

pouco porque esse profissional ajudou a realizar as inscrições e durante as aulas eles

dividiram os alunos que iriam participar das competições para treinarem e os alunos que

não participaram tiveram aula normal com o professor de módulo.

O professor também comentou que as competições externas facilitam a

implementação das propostas curriculares porque ele tira fotos e realiza filmagens

durante o campeonato para depois mostrar para os outros alunos da aula e ensinar esse

conteúdo (atletismo).

02/05

Na 1º aula fomos para um 9º ano. O dia estava chuvoso e frio. Antes de ir para o

espaço onde ocorre a aula o professor teve que olhar as condições para poder levar os

alunos para esse espaço (se o espaço estava seco ou molhado). Como a maioria do

espaço estava seco, os alunos foram para lá ter aula. Muitos reclamaram do frio e

ficaram resistentes para realizar as atividades.

316

Chegando ao local da aula os alunos ajudaram o professor a montar a rede de

vôlei e a mesa de tênis de mesa (adaptada) e já começaram a realizar as atividades. Ter a

ajuda de alguns alunos para montar o ambiente da aula facilitou a prática pedagógica.

Na aula ocorreu um jogo de vôlei formal, uma roda com os fundamentos do

vôlei do outro lado e um jogo de tênis de mesa do outro.

O professor teve que sair do espaço da aula para retirar uma aluna de outra sala

que estava escondida na aula de EF. Houve a necessidade de encaminhar a aluna para a

direção.

No jogo de tênis de mesa um dos alunos atrapalhava o jogo constantemente

quebrando os materiais e desconcentrando os colegas que em muitos momentos

achavam engraçadas as atitudes inadequadas do colega.

Começou a chover forte durante a aula e o espaço onde ocorre a aula de EF

começou a ficar bem molhado, tendo que ser reduzido os locais de utilização desse

espaço que já são limitados em dias que não chove.

Muitos alunos que normalmente participam da aula não realizaram as atividades

por conta do frio e do espaço reduzido que podia ser utilizado por causa da chuva.

Na 2º e 3º aula fomos para um 8º ano. O professor passou os filmes da

competição de atletismo que alguns alunos da escola foram na semana passada. A

escola possui televisão com dvd em todas as salas e uma filmadora que o professor

utilizou na competição.

A maioria dos alunos prestaram muita atenção nas fotos e filmagens da

competição de atletismo. Utilizar esse recurso tecnológico aumentou de forma

significativa o interesse dos alunos pela aula.

Após passar os filmes o professor pediu que os alunos realizassem grupos de

quatro pessoas para realizarem um trabalho sobre atletismo. Enquanto o professor

escrevia na lousa os alunos formavam os grupos. O professor sorteou alguns temas e

explicou como queria o trabalho. Os alunos prestaram atenção nas explicações e no

sorteio dos temas. Cada grupo terá que realizar um trabalho sobre uma das provas do

atletismo.

O professor permitiu que os grupos conversassem sobre o trabalho durante um

tempo. Houve a necessidade de retirar o celular de um dos alunos que não se importou

com a realização do trabalho e ficou ouvindo música.

317

Depois dos alunos discutirem sobre o trabalho parou de chover e o espaço onde

ocorre a aula de EF secou. O professor levou os alunos para realizar o restante da aula

nesse espaço. Os alunos jogaram vôlei, futebol e tênis de mesa.

Como havia chovido e alguns locais estavam molhados no espaço, os próprios

alunos ajudaram a retirar o excesso de água com um rodo porque queriam aproveitar o

tempo para realizar as atividades práticas.

Nas atividades práticas quatro alunas se recusaram a realizar a aula mesmo com

o professor insistindo para que elas participassem.

Na 5º aula fomos para um 8º ano. Chegando ao espaço as auxiliares de limpeza

ainda estavam limpando o local porque tinha acabado o intervalo. Esse fato atrasou um

pouco o inicio da aula.

Os alunos se organizaram para jogar vôlei e tênis de mesa. Na maioria do tempo,

grande parte dos alunos participou da aula com muita motivação para realizar as

atividades.

Houve um problema com um dos alunos no tênis de mesa que rebateu a bolinha

forte para tentar acertar um de seus colegas e quebrou o material. O professor precisou

chamar a atenção dos alunos explicando que a escola possui poucos materiais.

No jogo de vôlei a bola caiu para fora do espaço da aula duas vezes e houve a

necessidade de esperar uma pessoa na rua passar para devolver o material.

Na última aula fomos para um 6º ano. O professor que iria trocar a aula com o

professor de EF pediu um tempo as aula dele para terminar a sua atividade porque não

conseguiu ministrar a sua aula normalmente devido à indisciplina da maioria dos

alunos.

Quando o professor da outra disciplina terminou a sua atividade faltavam vinte

minutos para terminar a aula de EF. O professor levou os alunos para o espaço onde

ocorre a aula e teve que dividi-lo com a outra professora que também ministra aula na

escola dificultando a dinâmica da aula. Os alunos das duas turmas jogaram vôlei e tênis

de mesa.

07/05

A 1º aula ocorreu em um 6º ano. O professor dividiu dois espaços (vôlei e

futebol). O professor comentou a dificuldade que possui de trabalhar com essa turma

pela grande quantidade de alunos que ela possui.

318

Durante o jogo de futebol dois alunos brigaram entre eles e o professor teve que

intervir na briga. Mesmo pedindo para que esses alunos que brigaram não participassem

mais da aula em um momento que o professor estava acompanhando o jogo de vôlei os

dois voltaram a participar do jogo de futebol sem autorização. O professor teve que

chamar a atenção desses alunos novamente.

O professor adaptou o jogo de vôlei colocando mais alunos participando ao

mesmo tempo do que normalmente para que poucas pessoas ficassem sem participar da

aula. O jogo também terminava em doze pontos para que os times pudessem revezar e

todos participassem da aula.

Outra dificuldade que ocorreu na aula devido à quantidade de alunos e a

limitação de espaço foi que constantemente um jogo atrapalhava o outro porque as bolas

passavam de um lado para o outro devido à dinâmica do próprio esporte.

Na troca de aula a professora de outra disciplina comentou que os alunos

chegaram mais de dez minutos atrasados depois da aula de EF, atrapalhando a dinâmica

de sua aula.

Na 2º aula fomos para um 8º ano. Estava ocorrendo o intervalo no espaço da

aula e o professor teve que ficar na sala de aula.

O professor entregou uma cópia de um texto que falava sobre a maratona para os

alunos colarem no caderno. Alguns alunos se recusaram a pegar o caderno em um

primeiro momento. Durante a leitura o professor teve que chamar a atenção da turma

algumas vezes para pedir silêncio.

Após a intervenção do professor a maioria dos alunos acompanhou a leitura, se

interessaram pelo texto e realizaram uma pequena discussão sobre o conteúdo

mostrando bastante interesse.

Depois da leitura, o professor pediu para que os alunos se reunissem nos grupos

de um trabalho que ele havia solicitado na sua aula anterior para conversarem, porém a

maioria dos alunos não se preocupou muito com o trabalho e ficaram conversando sobre

outras coisas.

Ao termino do intervalo fomos para o espaço que ocorre a aula de EF. Por conta

da reclamação das auxiliares de limpeza houve a necessidade de esperar que limpassem

o espaço para só depois utilizar na aula de EF, portanto existiu pouco tempo de aula

para usar o espaço.

319

Antes de chegar ao espaço o professor percebeu que estava faltando uma bola e

descobriu que um aluno pegou a bola escondido para utilizar no intervalo e estava

levando a bola embora para casa.

Na aula ele dividiu um grupo jogando vôlei e outro futebol. No jogo de vôlei a

bola caiu fora da escola e o professor demorou algum tempo para recuperá-la atrasando

ainda mais a aula.

Os alunos estavam mais preocupados com os celulares do que com o jogo de

vôlei, atrapalhando a dinâmica do jogo.

Nas próximas duas aulas fomos para um 9º ano. Íamos para o clube próximo da

escola. Ao organizar a saída da escola o professor se deparou com vários problemas.

Alguns alunos que tinham autorização para sair se recusaram de ir e já vieram de calça

jeans de propósito. Uma aluna nova discutiu com o professor e o desrespeitou mesmo

ele tratando ela com respeito, houve um problema sério com celulares e o professor teve

que entregar para a diretora alguns celulares.

Ainda com todos esses problemas não havia ninguém para acompanhar o

professor até o clube devido à quantidade de professores que faltaram no dia.

Por conta de tudo isso o professor decidiu ficar na escola. Os alunos que estavam

preparados para ir ao clube ficaram revoltados e muitos se recusaram a fazer qualquer

outro tipo de atividade no espaço dentro da escola. Os alunos que não iam ao clube por

não ter autorização ou por ter se recusado ficaram na sala de aula fazendo atividade

teórica e os outros que estavam mais disponíveis jogaram vôlei e futebol.

Quando o professor pediu para os alunos pegarem o seu material na sala e

voltarem para o espaço de aula, a assistente de direção veio reclamar que esses alunos

estavam bagunçando com a escola inteira no trajeto.

ENSINO FUNDAMENTAL I

Observação das aulas

23/04

Na 1º aula fomos para um 3º ano. Os alunos estavam um pouco ansiosos com a

aula e a professora teve um pouco de dificuldade para falar.

320

No espaço onde ocorre a aula a professora formou um círculo e propôs a

primeira atividade. Todos prestaram atenção. A atividade era correr e formar grupos ao

sinal da professora. Todas as crianças fizeram essa atividade com muita motivação.

Houve após essa primeira atividade uma roda de conversa para discutir o que

ocorreu durante a atividade. Os alunos prestaram muita atenção nas palavras da

professora durante a roda de conversa.

Na segunda atividade a professora pediu para fazer duplas. Houve uma pequena

confusão para formar essas duplas. A professora conduziu os alunos em duas fileiras

para iniciar a atividade. A professora falava um número e as crianças estavam

numeradas. Os números chamados tinham que disputar uma corrida.

Nesse momento, sentimos um odor muito forte no espaço onde ocorre a aula

vindo da casa da frente.

A professora teve que adaptar a atividade por conta do espaço que é bastante

limitado e cheio de vigas no meio.

As crianças faziam a atividade com muita empolgação e por conta disso até se

machucaram. Ela teve que mudar a atividade por questão de segurança. Na corrida os

alunos tiveram que passar por baixo da mesa e depois da adaptação eles tiveram que dar

uma volta na mesa.

O barulho de duas reformas próximas da escola atrapalhou a dinâmica da aula.

A professora mudou a atividade e nesse momento teve um pouco de dificuldade

na explicação porque as crianças falavam muito.

A maioria dos alunos trouxe garrafinha com água e a professora não precisou

parar a sua aula para os alunos se hidratarem e isso facilitou a sua prática pedagógica.

A professora fez uma corrida com as operações matemáticas. Durante uma das

corridas uma aluna empurrou a outra sem querer e houve certo problema, pois a menina

que foi empurrada não parava de chorar. A professora teve que conversar com a sala.

Na 2º aula fomos para um 1º ano. Houve certa dificuldade porque as crianças

falavam muito alto e às vezes se empurravam. O barulho da obra ao lado estava muito

alto e atrapalhou muito a prática pedagógica.

A professora explicou no espaço como seria aula. Foram as mesmas atividades

da aula anterior.

Nessa aula um, dos alunos não parava de provocar os outros. Esse aluno brigou

com uma criança durante a aula sem nenhum motivo.

321

A professora relatou dificuldade em realizar rodas de conversa devido à idade

das crianças porque elas não conseguem prestar muita atenção.

Esses alunos se dispersavam muito facilmente e houve muita dificuldade de

explicar as atividades em alguns momentos.

A maioria dos alunos participou com muito entusiasmo da aula.

Novamente durante a explicação da alteração da atividade as crianças não

prestaram atenção, pois se dispersavam muito fácil com qualquer coisa e quando

começou a atividade eles errararam a tarefa.

Em muitos momentos durante essa aula os cachorros da casa da frente latiam

sem parar e isso atrapalhava a concentração dos alunos e a professora teve que forçar

mais a voz.

Nessa turma existe um aluno com limitações físicas, mas as crianças

participavam da aula com ele e quando existia uma dificuldade muito grande os outros

alunos o ajudavam.

Nessa turma muitos alunos também trouxeram a garrafinha de água. Dessa

forma a professora não precisou perder tempo autorizando os alunos beberem água

durante a aula.

Alguns alunos se machucaram no trajeto de volta para a sala. A professora

polivalente conversou com a professora de EF sobre o comportamento da sala que não

estava bom. Elas começaram traçar estratégias para tentar melhorar o comportamento da

sala.

Durante a hora de estudo da professora de EF, a professora polivalente

conversou com ela novamente sobre o comportamento da sala. A professora relatou

estar com dor na garganta por ter tido que falar muito alto no espaço onde ocorre a aula

de EF.

A escola organiza a hora de estudo da professora nos horários que ocorrem o

intervalo para que a aula de EF não seja prejudicada, pois no intervalo das crianças o

espaço em que se realiza a aula não pode ser utilizado.

A 4º aula foi ministrada em um 4º ano. Durante o trajeto até o espaço da aula de

EF alguns alunos brigaram e poderiam ter se machucado.

A professora explicou a dinâmica da aula. São as mesmas atividades das aulas

anteriores.

Novamente o barulho da reforma ficou muito alto.

322

A professora teve dificuldade para reunir os alunos no meio da quadra para

explicar a atividade, pois os alunos estavam inquietos e alguns não prestavam atenção

no que ela dizia.

A maioria dos alunos mostrava entusiasmo para realizar qualquer proposta de

atividade realizada pela professora.

Nessa turma houve dificuldade porque alguns alunos não respeitaram algumas

regras sugeridas pela professora. Houve a necessidade de conversar com a turma com

firmeza.

Como essa aula ocorreu após o intervalo, mesmo com a limpeza do local o

espaço foi invadido por pombas a procura de alimento.

Os alunos tiveram dificuldade de entender uma das atividades propostas por falta

de atenção na explicação da professora.

A 5º aula ocorreu em um 2º ano. A professora teve dificuldade para conseguir o

silêncio dos alunos para levá-los até o espaço da aula. Ela teve que conversar com a sala

mais de uma vez para pedir silêncio.

Muitos alunos estavam de calça jeans e a professora colocou para a turma que

deve existir uma vestimenta adequada para aula de EF.

Foram realizadas as mesmas atividades das aulas anteriores.

A professora colocou para a turma a dificuldade de ministrar aula com a

quantidade de pombas que estavam no espaço. Durante a aula as pombas também

tiravam a atenção dos alunos.

Um dos alunos procurou a professora e comentou do cheiro que estava na

quadra.

A professora teve que chamar a atenção dos alunos que estavam se empurrando

e falando durante a discussão da atividade realizada.

Uma das alunas não quis realizar uma das atividades proposta pela professora.

Depois da professora, uma colega pediu para que ela participasse da aula e ela

concordou. Parecia que estava com medo de alguma coisa.

Os alunos dessa turma apresentam dificuldade para prestar atenção nas

orientações da professora por estarem muito dispersos.

Durante a explicação da atividade a professora novamente teve que chamar a

atenção dos alunos que não paravam de falar.

A professora comentou que não conseguiu desenvolver todas as atividades

planejadas por conta do comportamento inadequado da turma.

323

N 6º aula fomos para um 3º ano. A professora reuniu os alunos e explicou a

dinâmica da aula (mesmas atividades das turmas anteriores). Ela perdeu um tempo da

aula para conseguir silêncio da turma e teve que chamar a atenção de alguns alunos.

A maioria dos alunos realizava todas as atividades propostas com muito

entusiasmo.

Na tentativa de realizar uma reflexão sobre a aula a professora teve dificuldade

de falar porque os cachorros da casa da frente começaram a latir demais.

Na explicação da próxima atividade, a professora teve dificuldade para

conseguir o silêncio das crianças que estavam muito agitadas e teve que chamar a

atenção de alguns alunos.

07/05

A 1º aula ocorreu em um 3º ano. A professora propôs uma aula com atividades

de corda. Ela dividiu as meninas e os meninos e houve uma disputa para ver quem

conseguia cumprir melhor as brincadeiras com esse material. A maioria dos alunos

participou das atividades com bastante motivação.

Alguns alunos não se interessaram muito pela atividade e não quiseram pular

corda. Eles ficaram sentados observando a aula.

Novamente, a maioria dos alunos trouxe garrafas com água e a professora não

precisou parar a aula para os alunos beberem água.

Por conta da reforma que está ocorrendo ao lado do espaço de aula houve a

necessidade de diminuir ainda mais esse espaço que já é limitado porque havia risco de

ocorrer algum acidente durante a aula.

Uma das alunas se machucou durante a aula e uma colega deu risada dela. Isso

ocasionou uma pequena briga entre as meninas. A professora teve que parar a aula para

intervir.

A 2º aula ocorreu em um 1º ano. A professora teve dificuldade no trajeto até o

espaço de aula porque os alunos falavam muito alto no corredor da escola.

Nessa turma têm uma aluna com necessidade especial (cadeirante e deficiente

intelectual). Não havia nenhum cuidador para ajudar a professora com a aluna que ficou

apenas observando a aula.

A professora teve dificuldade para explicar a dinâmica da aula por conta da

agitação dos alunos.

324

A professora iniciou a aula realizando várias brincadeiras de corda, nessa

brincadeira sempre havia uma disputa entre meninos e meninas.

Durante a primeira brincadeira um dos meninos errou para atrapalhar a

brincadeira e a professora teve que alterar as regras da atividade.

Em algumas atividades a professora tentou realizar adaptações para a aluna com

necessidade especial participar da aula. Os outros alunos da sala a ajudaram e todas as

crianças queriam ajudar. Todas as crianças da turma gostam muito dessa aluna e

ajudavam ela nas atividades quando existia possibilidade.

Após acabar uma brincadeira a professora tinha dificuldade para começar outra

depois de comentar se os meninos ou as meninas haviam ganhado porque os alunos

estavam muito agitados.

Durante a aula, a professora teve que chamar a atenção de dois alunos que

brigaram entre eles.

Nessa aula, como a professora tinha que prestar atenção nos alunos e na aluna

com necessidade especial e existiu mais dificuldade para desenvolver a dinâmica da

aula. As crianças que ajudavam essa aluna algumas vezes não tomavam o cuidado

necessário e a professora tinha que ter atenção redobrada.

A maioria dos alunos participou com muita motivação da aula.

Na 3º aula fomos para um 4º ano. A professora teve que chamar atenção dos

alunos no trajeto por conta do barulho.

Ao chegar ao espaço de aula os alunos demoraram em prestar atenção na

professora e ela teve dificuldade de explicar a aula.

A professora teve que chamar a atenção dos alunos mais duas vezes durante a

explicação porque eles não prestavam atenção e não ficavam quietos.

A aula teve a mesma dinâmica da anterior. Várias brincadeiras de corda havendo

uma competição entre meninos e meninas.

Durante as atividades de corda os meninos que estavam esperando a sua vez

dispersaram várias vezes e a professora teve que chamar a atenção.

Quando um dos meninos conseguiu realizar um ponto na brincadeira os outros

foram agressivos na comemoração e machucaram-no. A professora teve que chamar a

atenção dos meninos.

Houve uma discussão entre os alunos de quem iria bater a corda e eles acabaram

brigando por conta disso. Um dos alunos ficou chateado e não quis mais participar da

aula. A professora teve que chamar atenção de todos os alunos.

325

Nessa turma muitos alunos não respeitaram as regras colocadas pela professora

causando diversos conflitos e desentendimentos entre eles.

A professora teve que mandar dois meninos de volta para a sala antes de acabar

a aula porque elas estavam desrespeitando demais as regras.

Antes de voltar para a sala, a professora teve que chamar a atenção da turma

toda pelo mau comportamento da maioria dos alunos durante a aula.

Na 4º aula fomos para um 2º ano. A professora chegou ao espaço e explicou

como seria a dinâmica da aula. Eram as mesmas brincadeiras de corda das aulas

anteriores disputando meninos e meninas.

Houve dificuldade de explicar a atividade pela agitação dos alunos e pela

quantidade de conversa que ocorria na aula.

O cheiro forte dos cachorros da casa da frente era sentido no ambiente durante o

período da aula.

Nessa aula todos os alunos tiveram um ótimo comportamento e participaram das

atividades com muita motivação.

A 5º aula foi ministrada em um 3º ano. Os alunos dessa turma respeitaram a

explicação da professora e participaram das atividades de corda (as mesmas das aulas

anteriores) com muita motivação.

Havia na turma uma menina com uma limitação física no pé. Ela participou

normalmente das atividades sem sofrer nenhum tipo de desrespeito dos demais alunos.

A professora teve que chamar a atenção de alguns alunos durante as atividades

que estavam desrespeitando as regras.

Essa era a última aula do dia e o ambiente ficou bem escuro, pois não há nenhum

poste de iluminação no espaço, dificultando a dinâmica da aula.

23/05

Na 1º aula fomos para um 2º ano. Durante o percurso duas crianças discutiram

porque uma tinha empurrado a outra e acabaram se machucando. A primeira brincadeira

realizada na aula foi pega-pega. Na segunda atividade as crianças tinham que realizar

arremessos na cesta. Durante a organização da fila para iniciar a atividade dois meninos

brigaram e a professora teve que intervir.

Durante o jogo um dos meninos chutou a bola e acertou em uma das meninas. A

professora teve que intervir.

326

A maioria dos alunos participou das atividades com muita motivação, mesmo

que a maioria não conseguia acertar a cesta.

Quase no final da atividade alguns meninos começaram a desrespeitar as regras

do jogo que estava sendo realizado e a professora teve que chamar a atenção dos alunos.

Um dos meninos a imitou, mas ela não percebeu.

Na 2º aula fomos para um 4º ano. Foram realizadas as mesmas atividades da aula

anterior. Na brincadeira de pega-pega a maioria dos alunos participou com bastante

motivação. Durante a brincadeira duas crianças brigaram e uma machucou a outra. A

briga começou porque uma encostou-se à outra no pega-pega. A menina que bateu na

outra criança discutiu com a professora dizendo que o pai dela manda bater em qualquer

criança que mexer com ela.

Duas meninas não queriam participar da aula e mesmo com a professora

chamando, elas se negaram a participar. A professora conseguiu que elas participassem

da aula depois de muita discussão.

A maioria dos alunos participou da atividade de arremessar a bola na cesta com

muita motivação.

Um aluno chegou um tempo após a aula ter iniciado porque não havia terminado

as tarefas com a professora polivalente.

Bem no final da aula, como o espaço utilizado é próximo da rua, duas pessoas

que estavam passando mexeram com as crianças e o clima ficou um pouco diferente do

normal.

Na 3º aula a professora estava de hora de estudo. A professora realiza essa hora

de estudos nessa aula porque o intervalo é realizado nesse momento e a aula de EF

ocorre no mesmo local do intervalo.

Na 4º aula fomos para um 3º ano. A professora teve dificuldade para os alunos

prestarem atenção na sua explicação e teve que chamar a atenção de alguns alunos.

As atividades propostas foram as mesmas das aulas anteriores. Na atividade de

pega-pega duas meninas se empurraram e uma delas ficou chorando, e, por conta disso,

não queria mais participar da aula. Todos os alunos dessa turma reclamaram dessa

menina dizendo que ela empurra as outras crianças durante as brincadeiras. A

professora chamou a atenção dessa aluna.

Os alunos ficaram em fila para realizar a atividade de arremessar a bola na cesta

e novamente a professora teve dificuldade para explicar a atividade.

327

Na 5º aula fomos para um 1º ano. Houve muita dificuldade com os alunos dessa

sala durante o trajeto até o espaço de aula. Os alunos brigaram entre eles e falavam alto

no corredor.

Onde ocorre a aula de EF estava montado o tênis de mesa. Um dos alunos subiu

na mesa e começou a deslizar nela sem a autorização da professora. Na hora de levantar

a mesa dois alunos se machucaram.

Nessa sala têm uma aluna cadeirante e com deficiência intelectual. Não havia

ninguém para ajudar a professora durante a sua aula com essa menina.

Durante a aula foram realizadas as mesmas atividades das aulas anteriores.

No pega-pega, a professora teve que tirar um aluno da brincadeira porque ele

não parou nenhum minuto de desrespeitar as regras e atrapalhar os colegas.

A professora teve dificuldade de explicar a atividade de jogar a bola na cesta

porque os alunos estavam muito agitados e não deixavam ela falar.

Durante o jogo alguns meninos se empurraram algumas vezes e em alguns

momentos chutavam a bola um no outro sem necessidade.

A maioria dos alunos participou das atividades com muita motivação, mesmo

com todos os problemas ocorridos.

Na 6º aula fomos para o outro 1º ano. Nesse momento os alunos estavam muito

agitados. A professora demorou quase dez minutos no trajeto entre a sala de aula e o

espaço onde ocorre a aula de EF.

A professora comentou que têm dois alunos novos na sala que vieram

transferidos de outra escola que ainda não se adaptaram as regras da escola e estão

comportando-se mal.

As atividades dessa aula foram as mesmas das anteriores. A professora teve

dificuldade de explicar como seria a aula porque alguns alunos não deixavam ela falar.

O espaço da aula estava mais escuro e não existe iluminação. Essa falta de

claridade atrapalhou a prática pedagógica da professora.

A maioria dos alunos participou das atividades da aula com muita motivação.

11/06

Na 1º aula fomos para um 4º ano. Nesse dia estava chovendo e a professora

ficou impossibilitada de utilizar o espaço onde ocorre a aula de EF.

328

Ela solicitou uma sala para poder passar um filme para os alunos e prontamente

conseguiu uma sala com televisão e DVD.

A professora já tinha começado a passar o filme por conta da quantidade de dias

com chuva que ocorreram nesse mês. A professora explicou para os alunos que iria

terminar de passar o filme hoje e fazer reflexões sobre o que foi entendido.

A maioria dos alunos assistiu ao filme com muita atenção. Eles se envolveram e

gostaram dessa dinâmica de aula.

Embora a maioria dos alunos estivesse prestando muita atenção, um grupo de

cinco crianças não queriam assistir ao filme e ficaram brincando entre elas.

Em um momento esse grupo de alunos que não estavam assistindo ao filme ficou

trocando de lugar de propósito e falando muito alto entre eles, atrapalhando os outros

colegas.

Com o passar do tempo, mesmo as crianças que estavam desinteressadas

começaram a assistir o filme. Nesse momento todos estavam bem concentrados no filme

e esse recurso audiovisual facilitou a prática pedagógica da professora.

Quando acabou a aula as crianças queriam continuar assistindo o filme e

reclamaram que tinham que voltar para a sala de aula.

Na 2º aula fomos para um 1º ano. A professora comentou com os alunos que eles

iriam assistir a um filme por conta da chuva, pois o espaço onde ocorre a aula estava

molhado. Primeiramente as crianças não gostaram muito.

Nessa turma têm uma menina com necessidades especiais que ficou junto com o

restante das crianças assistindo ao filme.

A maioria dos alunos se interessou muito pelo filme. Nessa turma não houve

nenhum problema de indisciplina.

Durante essa aula a coordenadora veio alertar a professora que tem um aluno na

escola com diagnóstico de hipertensão arterial e obesidade. O médico proibiu esse aluno

de realizar as aulas de EF. A professora comentou que existem outros alunos na escola

na mesma situação.

Na 3º aula a professora realizou sua hora de estudo e ficou discutindo questões

educacionais com as outras professoras.

Na 4º aula fomos para um 5º ano. Ainda estava chovendo e a professora levou a

turma para a sala de vídeo. Ao chegarmos à sala os alunos estavam bem agitados e a

professora teve dificuldades para que eles ficassem em silêncio. Muitos alunos estavam

tendo atitudes desrespeitosas um com o outro.

329

Três alunos se recusaram a assistir ao filme e preferiram ficar realizando cópia

de um texto.

Nessa turma têm uma aluna com necessidades especiais. Ela estava com uma

cuidadora. Durante o filme todo ela ficou fazendo barulho e isso tirou a atenção dos

seus colegas de classe por muitas vezes.

Um aluno estava com uma lanterna e ficou acendendo e apagando esse

equipamento durante o filme. Essa atitude tirou a atenção de alguns alunos em alguns

momentos.

Durante o filme a turma foi se acalmando e se interessando mais pela aula.

Quando todos os alunos estavam em silêncio e prestando atenção no filme a

aluna com necessidades especiais caiu no chão e começou a gritar muito alto tirando a

atenção de todos os outros alunos. A cuidadora teve que tirar ela da sala.

Os alunos novamente ficaram agitados e algumas crianças começaram a

conversar sem parar. A professora teve que chamar a atenção de alguns alunos.

Quando o filme já estava quase acabando alguns alunos novamente se

dispersaram e a professora teve que intervir.

Na 5º aula fomos para um 3º ano. Quando a professora chegou à sala de aula foi

avisada que essa turma estava com crianças de outro 3º ano e de um 1º ano também.

Algumas professoras faltaram e não havia com quem deixar esses alunos.

Novamente fomos para a sala de vídeo porque o espaço da aula de EF estava

molhado. Na sala de vídeo tivemos um problema porque as turmas já tinham começado

a assistir o filme e estavam em momentos diferentes. A professora teve que conversar

com as crianças e começar o filme quase do inicio.

Com a junção das turmas os alunos ficaram bastante agitados e a professora teve

que pedir silêncio três vezes antes de iniciar o filme.

Durante a aula a maioria das crianças começou a se interessar pelo filme e

começaram a prestar mais atenção.

Em um momento do filme as crianças que já tinham assistido contavam para as

outras que não tinham assistido aquela parte do filme e os alunos começaram a

conversar demais. A professora teve que chamar a atenção desses alunos pedindo

silêncio.

A professora teve que trocar alguns alunos de lugar porque eles estavam

conversando demais e atrapalhando os demais colegas.

330

Bem próximo do final da aula a professora teve que trocar outros alunos de lugar

também pelo mau comportamento.

Na 6º aula fomos para um 4º ano. Mesmo parando de chover o espaço onde

ocorre a aula de EF ainda estava molhado e fomos novamente para a sala de vídeo.

Logo no inicio da aula a professora teve que chamar a atenção de um aluno que

estava estragando as folhas do seu caderno.

A maioria dos alunos prestou muita atenção no filme e se interessaram bastante

pela aula.

Um grupo de três alunos começou a falar alto durante a aula e acabou

atrapalhando os colegas de turma.

Até acabar a aula a maioria dos alunos interessaram-se pelo filme e assistiram

com bastante atenção sem nenhum caso de indisciplina.

04/07

Na 1º aula fomos para um 3º ano. A professora reuniu os alunos no meio da

quadra e explicou a dinâmica da aula. As meninas ficaram em uma metade da quadra

jogando futebol e os meninos na outra metade jogando vôlei. Após um tempo as tarefas

seriam trocadas.

A professora comentou que tinha preparado outra dinâmica de aula, mas quando

chegou à escola não conseguiu ter acesso aos materiais porque apenas o professor de EF

estava com a chave dos materiais e teve que adaptar as atividades.

Os meninos se organizaram e começaram a jogar vôlei. As meninas demoraram

um pouco mais de tempo para se organizar, mas logo começaram a jogar futebol.

As meninas dessa turma organizaram um jogo de chute a gol e os meninos

fizeram dois times e começaram a jogar vôlei. Após um tempo, com a intervenção da

professora, as meninas organizaram dois times e começaram a jogar futebol. Tanto os

meninos quanto as meninas participaram da aula com muita motivação e interesse.

Muitas crianças trouxeram a sua garrafa de água e se hidrataram sem precisar

parar a aula.

331

No jogo de vôlei dos meninos uma criança não conseguia realizar o saque.

Todas as crianças do time que conseguiam fazer o movimento tentaram ensiná-lo e o

estimularam a continuar jogando.

Após um tempo a professora trocou os grupos. Os meninos jogaram futebol e as

meninas vôlei com muita motivação e interesse.

No jogo de vôlei das meninas duas alunas discutiram e brigaram durante o jogo.

Elas se desentenderam devido ao desrespeito de uma delas com as regras do vôlei.

No trajeto de volta para a sala de aula dois alunos discutiram porque um falou

mal do outro durante o jogo. A professora teve que intervir.

Na 2º aula fomos para um 5º ano. A dinâmica da aula foi a mesma da anterior.

Os meninos jogaram vôlei e as meninas futebol e depois de um tempo de aula os grupos

foram invertidos.

Os meninos rapidamente se organizaram e começaram a jogar vôlei, além de

participar da aula com motivação e várias vezes perguntarem das regras do jogo para a

professora. A maioria das meninas também jogou futebol com muita motivação e

interesse.

Durante essa aula um aluno foi afastado da aula de EF pelo médico porque está

com pressão alta. Ele pediu para a professora deixá-lo participar da aula, mas ela não

permitiu devido ao afastamento médico.

Durante o jogo de vôlei um dos meninos jogou a bola forte no colega para

machucá-lo. A professora teve que intervir.

Após vinte minutos a professora trocou os grupos Os meninos foram jogar

futebol e as meninas vôlei. A maioria dos alunos realizava as atividades com muita

motivação e interesse.

Durante a aula o cheiro ruim que vem da casa que fica em frente do espaço onde

ocorre a aula de EF ficou muito forte.

Na 3º aula a professora realizou sua hora de estudo. A escola organizou esse

horário da professora nessa aula para que possa acontecer normalmente o intervalo sem

332

atrapalhar a dinâmica da aula, já que o intervalo é realizado no mesmo local onde ocorre

a aula de EF.

Na 4º aula fomos para um 4º ano. Quando chegamos ao espaço onde ocorre a

aula de EF tinha terminado o intervalo e a professora teve que esperar as auxiliares de

limpeza terminar de limpar o espaço para iniciar a aula.

Logo no inicio da aula o cheiro ruim da casa da frente ficou forte novamente no

espaço.

A professora reuniu os alunos e explicou a dinâmica de aula. Ela dividiu os

times e explicou as regras para jogar queimada. Todas as crianças participaram da

atividade com muita motivação e interesse.

Durante a aula começou a ficar muito frio. Como o espaço onde ocorre a aula de

EF é aberto algumas crianças participaram menos da atividade porque estavam com

frio.

Nessa turma alguns alunos trouxeram garrafa com água e a professora não

precisou parar a aula para os alunos se hidratarem.

Durante o jogo de queimada dois meninos do mesmo time tentaram pegar a bola

e acabaram brigando por conta disso. A professora teve que intervir.

No trajeto de volta para a sala, alguns alunos mexeram com os colegas que

estavam tendo aula, atrapalhando as professoras polivalentes.

A professora teve que intervir com alguns alunos que estavam gritando e

jogando água um no outro dentro do banheiro.

Na 5º aula fomos para um 2º ano. A professora teve dificuldade no trajeto da

sala até o espaço onde ocorre a aula de EF porque os alunos estavam gritando e

atrapalhando as outras turmas.

Como estava muito frio nesse horário e o espaço onde ocorre a aula de EF é

aberto, a professora teve que pedir agasalho para todas as crianças que não trouxeram

roupa de frio para conseguir ministrar a sua aula.

333

A atividade desenvolvida em aula foi a queimada. A maioria das crianças

participou do jogo com muita motivação e interesse.

Dois alunos dessa turma tinham dificuldade de atenção e constantemente

erravam as regras do jogo.

As crianças falaram muito alto durante o trajeto de volta para a sala de aula e a

professora teve que intervir.

Na 6º aula fomos para outro 2º ano. A professora comentou com a turma que

havia muitos alunos sem a vestimenta adequada para realizar a aula e pediu para que na

próxima aula eles viessem com a roupa adequada.

A aula iniciou com a divisão dos times para realizar o jogo de queimada. Os

alunos estavam muito agitados e alguns faziam brincadeiras não deixando a professora

falar. Ela teve que intervir.

Nessa turma tem um aluno cadeirante e não havia nenhum cuidador para ajudar

a professora. Ela teve que leva-lo até o local onde ocorre a aula de EF e ficou com ele

durante todo tempo de aula sem a ajuda de ninguém.

Durante a queimada dois alunos brigaram e um foi reclamar com a professora

que o colega tinha batido nele.

Durante a explicação da professora, três alunos começaram a brigar e não deram

a mínima atenção para a professora.

Durante o jogo, a maioria das crianças participou da atividade com muito

interesse e motivação.

Próximo do final da aula, o espaço onde ocorre a aula de EF ficou escuro

dificultando a prática pedagógica da professora.

05/07

Antes de iniciar a 1º aula a mãe de um aluno que estava com atestado médico

para não realizar a aula de EF veio conversar com a professora. Relatou que o aluno tem

hipertensão e já perdeu 1kg e meio depois que começou o tratamento. Ela veio pedir se

334

ele poderia realizar a aula de EF. Essa mãe pareceu ser bem presente e essa relação da

família com a escola ajudou na prática pedagógica da professora.

Na 1º aula fomos para o 2º ano. Um dos alunos ainda na sala pegou o apito da

professora e assoprou sem autorização. A professora já tinha explicado que não queria

que isso acontecesse e o aluno desrespeitou mesmo assim o combinado.

A professora levou os alunos para o espaço onde ocorre a aula de EF, os

organizou e explicou a dinâmica da aula. A primeira atividade foi polícia e ladrão.

Todos os alunos participaram da atividade com muito interesse e motivação.

Nessa turma tem um aluno com necessidades especiais. Nessa aula a cuidadora

que fica na escola ajudou a professora no trajeto com esse aluno cadeirante. Durante o

polícia e ladrão ele participou normalmente com as outras crianças e a cuidadora

permaneceu por um tempo no espaço. Durante todo esse tempo que a cuidadora esteve

presente ela ajudou a professora e isso facilitou a prática pedagógica.

As outras crianças da turma ajudaram esse aluno cadeirante a participar da aula.

Mesmo com todas as dificuldades ele participou da atividade e parecia estar gostando.

Isso ocorreu principalmente por conta da ajuda das outras crianças.

Muitas crianças trouxeram garrafas com água e se hidrataram durante a aula. A

professora não precisou parar a aula para os alunos beberem água e isso facilitou a

prática pedagógica.

Em um momento da aula um aluno subiu em cima da mesa de tênis de mesa que

estava no espaço onde ocorre a aula de EF. A professora teve que interferir e pedir para

o aluno sair de cima da mesa.

A professora juntou os alunos e mencionou que havia muitas crianças com a

vestimenta inadequada para a aula de EF. Ela pediu para os alunos não usarem calça

jeans na próxima aula.

A segunda atividade da aula foi ameba. Todos os alunos realizaram a atividade

com bastante motivação e interesse.

Quando iniciou a brincadeira de ameba a professora perguntou para a cuidadora

se o aluno com necessidades especiais poderia participar da aula porque existia o risco

335

de ele tomar bolada. Ela respondeu que não havia problema e o menino participou da

brincadeira normalmente. A participação da cuidadora facilitou a prática pedagógica da

professora.

Durante a atividade de ameba um aluno se subiu na trave sem pedir a

autorização da professora. Ela teve que intervir.

Na 2º aula fomos para um 3º ano. A primeira atividade da aula foi polícia e

ladrão. Todos os alunos realizaram a brincadeira com muita motivação e interesse.

Muitas crianças trouxeram as suas garrafas com água e a professora não precisou

parar a aula para as crianças se hidratarem.

A segunda atividade realizada foi ameba. Todas as crianças realizaram a

brincadeira com muita motivação e interesse.

Na 3º aula a professora realizou a sua hora de estudo. A escola organizou esse

horário da professora nessa aula para que possa acontecer normalmente o intervalo sem

atrapalhar a dinâmica da aula da professora, já que o intervalo é realizado no mesmo

local onde ocorre a aula de EF.

Na 4º aula fomos para um 3º ano. Como essa aula ocorre após o intervalo e o

espaço da aula de EF também é utilizado nesse momento, a professora teve que esperar

as auxiliares de limpeza terminarem de limpar o local para iniciar a aula.

Ao iniciar a aula a professora dividiu os times para jogar queimada. Todos os

alunos realizaram a atividade com muita motivação e interesse.

Em um determinado momento da aula o cheiro ruim da casa que fica de frente

para o espaço onde ocorre a aula de EF ficou muito forte.

No trajeto de volta para a sala de aula um aluno derrubou o outro e acabou

machucando sério o colega. A professora teve que intervir.

Na 5º aula fomos para um 5º ano. A professora explicou que nessa aula a turma

iria jogar queimada. Ela ajudou a dividir os times e já iniciou o jogo. Os alunos

realizaram a atividade com muita motivação e interesse.

336

Durante a aula a professora comentou que essa sala tem muitos alunos e isso

dificulta a sua prática pedagógica, até por conta do espaço reduzido para realizar a aula.

Durante a aula também ficou evidente que o número de alunos da turma é

grande e o espaço reduzido. A dinâmica do jogo de queimada ficou prejudicada e os

alunos tropeçavam um no outro de vez em quando.

No jogo a bola caiu fora do espaço onde ocorre a aula de EF. A professora

conseguiu recuperar a bola depois de algum tempo e o jogo foi interrompido.

No final da aula a professora mudou a atividade. A professora propôs que os

alunos realizassem ameba. Alguns alunos simplesmente não quiseram participar da aula

e ficaram sentados.

Na 6º aula fomos para o outro 5º ano. Fomos até o local onde ocorre a aula de

EF. A professora explicou que os alunos iriam jogar queimada e dividiu os times. A

maioria dos alunos realizou a aula com interesse e motivação.

Durante o jogo de queimada um dos alunos jogou de propósito a bola no colega

para machucá-lo. A professora teve que intervir e o aluno ainda respondeu para ela.

O espaço onde ocorre a aula de EF ficou escuro e prejudicou o jogo de queimada

e, por consequência, a prática pedagógica da professora.

337

APÊNDICE G

Reivindicações da greve

338

Reivindicações da greve

Reivindicação Salarial

1 – Alteração da atual lei salarial, para ampliar o percentual mínimo das receitas

correntes destinados as despesas com pessoal;

2 – Aplicação de elo menos 54% das receitas correntes com despesas de pessoal;

3- Incorporação dos abonos complementares de pisos, com aplicação em maio de 2012

dos índices previstos em lei para maio de 2013 e 2014;

4- Elevação dos pisos profissionais através de reajustes lineares sobre os padrões de

vencimentos dos servidores ativos, aposentados e pensionistas;

5 – Não inclusão das despesas com pessoal terceirizado para efeitos de cálculo de gastos

com pessoal da administração direta da prefeitura;

6- Instituição de mecanismo que determine reajuste periódico com percentual nunca

inferior a inflação do período e aumento real de salários;

7- Reajuste na mesma época e igual percentual para os aposentados por invalidez ou por

idade, com proventos sem direito a paridade;

8 – Direito de incorporação por exercício na JEIF, cargos ou funções com 5 anos de

exercício continuado ou não, para fins de aposentadoria;

9- Elevação das receitas destinadas ao pagamento dos precatórios;

10 – Uso dos precatórios para pagamento de divida dos servidores com o tesouro

municipal;

11 – Piso salarial para os servidores não inferior ao valor fixado pelo departamento

intersindical de estatística e estudo socioeconômicos (DIEESE);

12 – Aplicação de 40% sobre o atual valor do vale alimentação e sua extensão para os

aposentados e pensionistas;

13 – Recadastramento e pagamento retroativo dos ganhos judiciais para os agentes

escolares, agentes de apoio e integrantes do quadro do magistério que mudaram de CL;

14- Regulamentação e pagamento retroativo da gratificação por local de trabalho aos

profissionais da educação;

15 – Revisão dos critérios para concessão e valores dos adicionais de difícil acesso,

insalubridade e noturno;

339

16- Fins de descontos no PDE decorrentes de faltas de faltas abonadas e licenças

médicas, extensão dos direitos aos aposentados e incorporação desse prêmio aos

padrões de vencimento;

17- Gratificação de 50% pelo serviço noturno prestado a partir das 19:00 horas;

18 – Hora/aula excedente e de qualquer hora/trabalho além das jornadas a que estão

submetidos os profissionais da educação com valor100% superior;

19 – Pagamento do abono complementar de piso para os comissionados do quadro de

apoio e auxiliares de direção.

Reivindicação Funcional

1 – Aposentadoria especial do magistério para os readaptados;

2 – Ampliação da quantidade de referências da tabela da jornada especial de 40 horas do

magistério (gestores);

3 – Ampliação da quantidade de referências das tabelas dos docentes gestores ativos e

aposentados;

4 – Alteração, com diminuição dos tempos para enquadramento por evolução funcional

dos agentes escolares e ATEs;

5 – Progressão salarial da carreira por incentivos que contemplem titulação, experiência,

participação em projetos e programas, atualização e aperfeiçoamento profissional;

6- Computar na composição da JEIF aulas/classes atribuídas para regência (25

horas/aula) assim como turmas de reforço e recuperação, de treinamento esportivo e de

iniciação teatral, musical, dança, entre outros;

7 – Redução da jornada de trabalho do quadro de apoio (agentes escolares e auxiliares

técnicos de educação), agentes de apoio, vigias, auxiliares de secretária, secretários de

escola e gestores educacionais para 30 horas semanais sem redução de salários;

8 – Integração dos agentes do quadro de apoio ao QPE, com todos os direitos funcionais

e reajustes dos profissionais de educação;

9 – Transformação do atual cargo de agente escolar em auxiliar técnico em educação e

provimento dos cargos existentes e dos resultantes da transformação, por concurso de

ingresso de provas e títulos;

10 – Isonomia entre ativos, aposentados e readaptados;

340

11 – Alteração da denominação dos atuais agentes escolares e agentes de apoio para

auxiliares técnicos de educação, com enquadramento nas referências próprias deste

cargo, sem qualquer redução de vencimento padrão;

12 – Organização do cargo de ATE em 3 classes distintas, com reconhecimento e

manutenção das atribuições das classes 1 e 2, previstas nos editais dos concursos;

13 – Nenhum desconto referente as ausências por licença saúde;

14 – Quadro operacional e de auxílio técnico administrativo escolar composto de cargos

de provimento efetivo e funções de livre provimento exclusivamente nas unidades

escolares;

15 – Direito de desenvolvimento com enquadramento em referências de maior valor

pecuniário para os comissionados estáveis e não estáveis;

16 – Garantia de inclusão da JEIF a todos os professores que por ela optarem;

17 – Direito de recesso em julho para os CEIs;

18 – Manutenção das férias coletivas em janeiro para todos os profissionais de

educação;

19 - Direito de intervalo para os professores de CEIs;

20 – Contagem de tempo de ADI para todos os efeitos no cargo de professor de

educação infantil e professor de educação infantil e ensino fundamental I;

21 – Realização urgente de concursos para o quadro de apoio e fins das terceirizações;

22 – Assistente de direção para os CEIs;

23 – Garantia de cursos de formação dentro e fora do horário de trabalho para todos os

profissionais em educação;

24 – Pagamento de diferença por exercício de função ao ATE com direito a

incorporação.

Organização das Unidades e Condições de Trabalho

1 – Fim dos contratos de terceirização de serviços de transferência de equipamentos

educacionais para rede indireta;

2 – Alteração dos módulos, com ampliação da quantidade de docentes e do pessoal do

quadro de apoio, considerando as especificidades de cada unidade quanto à quantidade

de turnos, salas, aulas, número de alunos e alunos com necessidades especiais;

3 – Retorno dos CEIs indiretos para rede direta;

341

4 – Não realização de reformas, ampliação e manutenção predial em períodos de

funcionamento das unidades;

5 – Ampliação da rede física escolar para atendimento integral a demanda existente na

educação infantil, no ensino fundamental regular e na educação de jovens e adultos;

6 – Adequação de todos os prédios ao uso de sua finalidade e cumprimento da lei que

dispõe sobre acessibilidade;

7 – Ampliação da rede, considerando a infraestrutura necessária ao trabalho pedagógico

de qualidade, com acompanhamento especializado junto a equipe escolar, contemplando

desde a construção física, com adaptações adequadas aos portadores de necessidades

especiais, até os espaços especializados em atividades artístico-culturais, esportivos,

recreativos e a adequação de equipamentos e espaços específicos para trabalho de apoio

aos alunos com dificuldade de aprendizagem;

8 – Ampliação dos projetos de atendimento as crianças com necessidades especiais,

realizados nas próprias unidades, com professores capacitados para prestação desse

serviço e garantir na unidade educacional a permanência do profissional de educação eu

se dispuser a atender esses projetos e a esses alunos;

9 – Alteração das atuais formas de desenvolvimento das jornadas de trabalho, para que,

individualmente e coletivamente, seja possível o trabalho docente. Estudo,

desenvolvimento e execução de projetos;

10 – Criação de espaços de incentivo à leitura e ao estudo individual, como condições

especiais na direção do aprimoramento do trabalho educativo da superação pessoal dos

profissionais de educação;

11 – Reorganização do currículo, do espaço físico e dos equipamentos escolares na

perspectiva de rever criticamente os processos de conhecimento em desenvolvimento

nas escolas de educação infantil, de educação especial e de ensino médio, avaliando o

desenvolvimento da concepção de infância nos agrupamentos da educação infantil, sua

articulação com o ensino fundamental com duração de 9 anos;

12 – Inclusão dos alunos portadores de necessidades especiais e não apenas sua

inserção, sem nenhum apoio técnico, pedagógico e material para os profissionais do

ensino, com redução de alunos mediante estudo especifico de acordo com os tipos e

necessidades;

13 – Construção de unidades de educação infantil com infraestrutura abrangendo os

espaços pedagógicos, de recreação e lúdico;

342

14 – Autonomia da unidade escolar para cadastro, efetivação de matrículas e

transferência de alunos;

15 – Professores orientadores de sala de leitura e de informática nas EMEIs;

16 – Professores de Educação Física e Arte nas unidades de educação infantil;

17 – Manutenção nos CEIs do módulo de saúde (auxiliares de enfermagem), também

extensivo às EMEIs, em respeito a concepção de que as instituições de educação infantil

devem educar e cuidar;

18 – Cumprimento proporção criança/espaço físico, para garantir o atendimento à

criança pequena, considerando o espaço física necessário com a existência de materiais

pedagógicos e mobiliarios projetados para um projeto pedagógico pensado para cada

faixa etária;

19 – Programas de segurança para as escolas e implementação de políticas de inclusão

social (esporte, cultura, lazer, etc) que visem ao combate à violência, prioritariamente,

nos bairros com maior índice de violência e trafico de drogas;

20 – Gestão coletiva com efetivo funcionamento do conselho de escola;

21 – Efetiva participação do conselho tutelar nas escolas, com visitas periódicas de

maior intensidade, criando um canal maior de contato e comunicação com as unidades

escolares, como também melhor formação dos conselheiros para atender aos princípios

de uma escola democrática, laica, inclusiva e de qualidade social;

22 – Autonomia da escola na elaboração, execução e avaliação de planos e projetos

respeitados os princípios e diretrizes do plano municipal de educação;

23 – Sala para o quadro de apoio para todas as unidades de trabalho, com infraestrutura

adequada;

24 – Direito de participação no PEA de todos os docentes, incluindo os readaptados,

independentemente da jornada de trabalho;

25 – Revisão do módulo e concurso de remoção para o agente escolar;

Reivindicação voltada à Saúde do Trabalhador

1 – Melhoria das condições e atendimento no hospital do servidor público municipal

(HSPM);

2 – Descentralização do atendimento ambulatorial, com especialidades médicas, exames

por imagens e laboratoriais;

343

3 – Atendimento médico domiciliar para servidores que apresentam incapacidade de

locomoção;

4 – Implementação de medidas voltadas à prevenção e assistência à saúde do servidor;

5 – Reconhecimento das doenças profissionais;

6 – Distribuição gratuita de medicamentos para os servidores;

7 – Atendimento odontológico para os servidores municipais;

8 – Apoio técnico e financeiro, por parte da prefeitura, destinado a melhorar as

condições de trabalho e a erradicar e prevenir a incidência de doenças profissionais;

9 – Investimento na proteção, prevenção e saúde do trabalhador;

10 – Descentralização do atendimento médico ambulatorial com especializações,

facilitando o agendamento de consultas e exames;

11 – Modernização e ampliação da aparelhagem de exames por imagem e exames

laboratoriais;

12 – Estender o atendimento do HSPM aos filhos dos servidores, independentemente da

idade, com necessidades especiais (deficiências físicas, mentais, auditivas e

oftalmológicas);

13 – Contratação por concurso de profissionais das diversas áreas da saúde para melhor

atender aos servidores e seus dependentes;

14 – Criação de equipes multidisciplinares para atendimento domiciliar daqueles que

estiverem impossibilitados de locomoção;

15 – Criação do programa de assistência e prevenção à saúde do profissional de

educação;

16 – Reconhecimento das doenças do trabalho;

17 – Adoção de medidas preventivas, assistência e proteção a saúde e reabilitação

profissional, com política permanente do governo de proteção à saúde dos profissionais

de educação.

Reivindicação de Educação e Formação

1 – Condições para efetivação do trabalho pedagógico e administrativo sistemático que

favoreça a real implantação do ciclo;

2 – Realização da reorganização curricular, considerando a organização do ensino em

ciclos e as diferentes etapas de desenvolvimento da capacidade de aprendizagem dos

alunos;

344

3 – Laboratórios de informática com número de computadores e POIEs em proporção

ao número de alunos, salas e turnos das unidades escolares;

4 – Realização de reuniões/seminários considerando-os como dia letivo, para realizar a

avaliação do projeto pedagógico da unidade, os resultados alcançados e as alterações

necessárias;

5 – Garantia de meios, espaço, material e profissionais de educação para o

acompanhamento individualizado dos alunos, principalmente daqueles com dificuldade

de aprendizagem;

6 – Implementar a avaliação contínua e diagnóstica acompanhada das condições

necessárias para executar atividades que permitam aos alunos superar dificuldades, sem

promoção automática e com direito a recuperação paralela;

7 – Garantir todas as condições para assegurar a realização de recuperação paralela dos

educandos com defasagem de aprendizagem, desenvolvida por professores remunerados

para tal fim e integrada ao projeto pedagógico da escola;

8 – Implantação da avaliação coletiva e global no final de cada ciclo;

9 – Redução do número de alunos por sala/turma no ensino regular e nas escolas de

educação especial;

10 – Redução do número de alunos por sala/turma do EJA;

11 – Alteração da lei, para que seja restabelecida a aplicação de 30% exclusivamente na

manutenção e desenvolvimento do ensino, nos termos que determina a LDB;

12 – Instalação de centros de formação em cada DRE conforme acordo firmado na data

base 2010, adequadamente equiparado com materiais educativos, biblioteca, videoteca,

entre outros recursos, como espaços de produção coletiva de novos conhecimentos

sobre a escola, a sala de aula, os processos educativos, novas metodologias, novas

formas de organizar as salas de aula e o trabalho pedagógico, de modo a transformas as

condições da escola pública e da educação;

13 – Adoção de política de formação continuada articulada com a construção coletiva

do projeto político-pedagógico da escola, com a participação dos professores, gestores,

pessoal de apoio, estudantes, pais e movimentos sociais;

14 – Valorização da formação dos servidores, com concursos realizados pela SME e

sindicato, reconhecidas para fins de evolução funcional;

15 – Cursos de formação para o quadro de apoio, com reconhecimento para

enquadramento da evolução funcional;

345

16 – Não vinculação do alcance as metas a compensações por gratificação, bônus e/ou

prêmios;

17 – Realização de estudos periódicos da demanda por região;

18 – Programa de formação continuada aos profissionais em educação de CEIs, EMEIs,

EMEFs, EMEFMs e EMEEs, com garantia de igualdade de oportunidades, através de

cursos de graduação e/ou pós graduação oferecidos, por universidades públicas em

convênio com a SME;

19 – Cursos de formação para os Cipeiros;

20 – Instalação dos conselhos regionais de gestão participativa na educação;

21 – Utilização das horas adicionais e atividades das jornadas bem como parte das

jornadas dos gestores dos demais profissionais de educação para a formação

profissional e programas de incentivo a cultura geral;

22 – Criação de um programa especial de formação e capacitação para os profissionais

de educação, voltado para o trabalho com alunos portadores de necessidades especiais e

com dificuldade de aprendizagem;

23 – Criação de centros públicos estatais de apoio interdisciplinar para alunos da rede

pública municipal com necessidades educacionais especiais, bem como as suas famílias

e as escolas para os casos não compatíveis com a inclusão;

24 – Garantia de transporte escolar com adaptações necessárias aos alunos que

apresentem dificuldades de locomoção;

25 – Participação das secretárias municipais de saúde, educação, esporte, meio ambiente

e assistência social no desenvolvimento de programas de apoio às crianças e aos

adolescentes com necessidades especiais;

26 – Formação de equipes multidisciplinares que atendam poucas unidades escolares

em cada região, prestando o atendimento necessário as crianças e aos adolescentes com

necessidades especiais e/ou em condições de risco e de suas famílias.

Reivindicações Administrativas Gerais

1 – Realização da reforma administrativa na SME, que lhe garanta a autonomia na

execução do orçamento da educação;

2 – Criação e funcionamento do conselho de estudo da demanda, com membros dos

conselhos de escola e regionais de gestão participativa;

346

3 – Criação da carreira de pessoal técnico administrativo para ocupação de cargos e

funções nos órgãos de SME;

4 – Redefinição das atribuições das DREs: sua tarefa essencial será de coordenar o

trabalho educacional na região a partir da realidade das necessidades das unidades

escolares com relação a recursos humanos, materiais e orientação técnica, conciliando a

autonomia das unidades escolares com a defesa do sistema público de ensino.

Reivindicações relativas ao combate á violência

1 – Afastamento e proteção imediata aos profissionais de educação sob risco de vida ou

agressão nas escolas, sem perdas de direitos;

2 – Criação de um núcleo, pela SME, para discutir a violência e ações para enfrentá-la

no ambiente escolar.