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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU - USJT PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR ESPORTE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO NA CIDADE DE APARECIDA - SP José Martins Freire Júnior Orientadora: Professora Doutora Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva. São Paulo 2016

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU - USJT

PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR ESPORTE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA: UM ESTUDO NA CIDADE DE APARECIDA - SP

José Martins Freire Júnior

Orientadora: Professora Doutora Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva.

São Paulo

2016

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José Martins Freire Júnior

ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR ESPORTE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA: UM ESTUDO NA CIDADE DE APARECIDA - SP

Dissertação apresentada à banca

examinadora da Universidade São Judas

Tadeu – USJT, como exigência parcial para

obtenção do título de Mestre em Educação

Física, linha de pesquisa: Educação física,

escola e sociedade, sob a orientação da

Professora Doutora Sheila Aparecida

Pereira dos Santos Silva.

São Paulo

2016

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Freire Júnior, José Martins

F866e O ensino do esporte nas aulas de educação física do 6º ano de

escolas municipais da cidade de Aparecida - SP / José Martins

Freire Júnior. - São Paulo, 2016.

213 f. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São

Paulo, 2016.

1. Educação física - Ensino. 2. Esportes escolares. 3. São Paulo. I. Silva,

Sheila Aparecida Pereira dos Santos. II. Universidade São Judas Tadeu,

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

CDD 22 – 796.407

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da

Universidade São Judas Tadeu

Bibliotecária: Daiane Silva de Oliveira - CRB 8/8702

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BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Prof. Dr. Luciano Basso

____________________________________________________

Prof. Dr. Luiz Sanches Neto

_____________________________________________________

Profª Drª Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva

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“A atividade física e esportiva não é um fim em si; deve ser praticada e servir como

um meio de plena realização do aluno, um instrumento de educação para aprender a

ganhar e perder, como um meio de emancipação, e também um método de

socialização sistemática para muitos jovens de ambos os sexos”.

Sílvia Cristina Madrid Finck

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha esposa, Adriana M. Ozaki Freire, às minhas filhas

Ana Lívia A. O. Freire e Maria Eduarda A. O. Freire e à minha mãe Maria Vilany A.

Freire que sempre estiveram ao meu lado para me amparar e ajudar nos momentos difíceis

e alegres desta jornada.

Ao meu pai, José Martins Freire, que sempre fez de tudo para me ajudar.

Às minhas irmãs, Ana Paula A. Freire, Elaine A. Freire e Juliana A. Freire.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por sempre me dar força para continuar a buscar esse sonho.

Especialmente, à Professora Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva por me

acolher, me ensinar, me orientar e também por toda atenção, dedicação e paciência que

teve comigo nesses dois anos e meio.

Ao professor e amigo Daniel T. Maldonado pelos inúmeros ensinamentos e

orientações.

À minha mãe, Maria Vilany, e à minha esposa Adriana que sempre me apoiaram e

me ajudaram muito para que eu pudesse continuar.

Aos professores da Universidade São Judas Tadeu pela excelência nas aulas e todos

os ensinamentos proporcionados durante esses dois anos de curso.

À Secretaria de Educação de Aparecida (SP) que colaborou para a realização deste

trabalho.

À secretaria de educação e coordenação de educação física de Guaratinguetá (SP).

Aos professores de Guaratinguetá (SP) que fizeram parte do Estudo Piloto e aos

professores de Aparecida (SP) que fizeram parte da pesquisa.

Aos professores e amigos Maurício Galdino, Enrique Cimaschi Neto, Estela Máris,

Igor Moreira, Marcela Avellar e Luís Carlos Pires que sempre me apoiaram e me ajudaram

na minha jornada.

Aos meus amigos do programa de mestrado em educação física na USJT.

Aos professores que participaram da banca de qualificação, Luciano Basso e Luiz

Sanches Neto.

A todos aqueles que me ajudaram diretamente ou indiretamente nesta jornada.

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RESUMO

O esporte é um dos conteúdos trabalhados pela Educação Física escolar que possui várias

possibilidades didático-pedagógicas. Pensando nisso, o objetivo deste trabalho foi

descrever e analisar como os professores de Educação física ensinam os conteúdos

esportivos nas aulas ministradas do 6º ao 9º ano nas escolas municipais da cidade de

Aparecida-SP. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de orientação fenomenológica, na

modalidade fenômeno situado, utilizando a técnica da entrevista semiestruturada. As

entrevistas foram transcritas e lidas pelo pesquisador para que o mesmo se familiarizasse

com o material e identificasse as unidades de significado presentes nos discursos dos

pesquisados. A análise ocorreu em nível individual (análise ideográfica) e, posteriormente,

abrangeu o grupo como um todo (análise nomotética). Os resultados mostraram que os

professores ensinam, principalmente os esportes coletivos de quadra, como objetivo de

desenvolver os alunos integralmente, mas possuem uma forte ligação com os objetivos

relacionados ao aspecto físico motor, ou seja, melhorar a base motora. Em relação às

estratégias de ensino, a maioria utiliza os jogos pré-desportivos, o jogo formal com regras

oficiais, exercícios de repetição dos fundamentos e atividades lúdicas. Os estilos de ensino

Comando (A) e Tarefa (B) são os mais comumente utilizados. A maior parte dos discursos

evidencia contradições entre objetivos educativos, declarados por meio do esporte, e as

estratégias de ensino utilizadas.

PALAVRAS – CHAVE: Educação física; Estratégias de ensino; Esporte escolar.

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ABSTRACT

Sport is one of the contents worked for Physical Education which has several didactic and

pedagogical possibilities. Thinking about it, the aim of this study was to describe and

analyze the way ten physical education teachers in the city of Aparecida-SP, of both

genders, working in eight public schools, teach sports content for the 6th up to 9t grades.

This is a qualitative research of phenomenological orientation, situated phenomenon mode,

which used the technique of semi-structured interview. The interviews were transcribed

and read by the researcher to acquaint with the material and identify the units of meaning

present in the speeches of those surveyed. The analysis took place on an individual level

(ideographic) and subsequently covered the group as a whole (nomothetics). The results

showed that teachers mainly teach team sports court, aims to develop the full students, but

have a strong connection with the objectives related to the motor physical aspect, training

athletes, attend competitions, improve motor base. In relation to teaching strategies, most

uses pre-sports games, the formal game with official rules, repetition exercises of the

fundamentals and recreational activities. Command teaching styles (A) and task (B) are the

most commonly used. Most of the speeches showed contradictions between educational

objectives stated through sport and the teaching strategies used.

KEYWORDS: Physical Education; Teaching strategies; School sport.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: identificação dos sujeitos

Quadro 2: formação dos sujeitos

Quadro 3: Análise ideográfica do Professor 1

Quadro 4: Análise ideográfica do Professor 2

Quadro 5: Análise ideográfica do Professor 3

Quadro 6: Análise ideográfica do Professor 4

Quadro 7: Análise ideográfica do Professor 5

Quadro 8: Análise ideográfica do Professor 6

Quadro 9: Análise ideográfica do Professor 7

Quadro 10: Análise ideográfica do Professor 8

Quadro 11: Análise ideográfica do Professor 9

Quadro 12: Análise ideográfica do Professor 10

Quadro 13: Matriz 1 – Objetivos dos docentes

Quadro 14: Matriz 2 – Esportes ensinados

Quadro 15: Matriz 3 – Conteúdos relacionados aos esportes

Quadro 16: Matriz 4 – Dinâmica das atividades utilizadas para ensinar esportes

Quadro 17: Matriz 5 – Técnicas expositivas utilizadas para ensinar esportes

Quadro 18: Matriz 6 – Avaliação de ensino

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13

2 – OBJETIVOS ............................................................................................................................. 16

2.1 GERAL: ................................................................................................................................... 16

2.2 ESPECÍFICOS: .......................................................................................................................... 16

3 - REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................ 17

3.1 O ESPORTE .............................................................................................................................. 17

3.2 ESPORTE HERÓI OU VILÃO ..................................................................................................... 20

3.3 PAPEL DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO DOS ALUNOS ................................................................... 23

3.4 CRÍTICAS AO ESPORTE COMPETIÇÃO NO ÂMBITO ESCOLAR ................................................... 29

4 – ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR O ESPORTE ................................................................. 33

4.1 O JOGO COMO MEIO PARA O ENSINO DOS ESPORTES ............................................................... 36

4.2 ESTILOS DE ENSINO ................................................................................................................ 39

4.2.1 Estlios de ensino voltados para a reprodução ................................................................ 40

4.2.2 Estlios de ensino voltados para a produção do conhecimento ....................................... 42

4.3 PROPOSTA DE APARECIDA- SP ............................................................................................... 43

5 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 45

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................................ 45

5.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .................................................................................. 46

5.3 SUJEITOS DA PESQUISA E CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ........................................... 46

5.3.1 Amostra ........................................................................................................................... 46

5.3.2 Identificação dos sujeitos ............................................................................................... 47

5.3.3 Critérios de inclusão ....................................................................................................... 49

5.3.4 Critérios de exclusão ....................................................................................................... 49

5.3.5 Riscos aos sujeitos da pesquisa ....................................................................................... 49

5.4 ESTUDO PILOTO ...................................................................................................................... 49

6 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS ............................................................... 51

6.1 TRANSCRIÇÃO DO DISCURSO DOS SUJEITOS E REPECTIVAS ANÁLISES

IDEOGRÁFICAS ........................................................................................................................ 51

6.1.1 Transcrição do discurso do Professor 1. ........................................................................ 51

6.1.2 Transcrição do discurso do Professor 2 ......................................................................... 64

6.1.3 Transcrição do discurso do Professor 3 ......................................................................... 74

6.1.4 Transcrição do discurso do Professor 4 ......................................................................... 84

6.1.5 Transcrição do discurso do Professor 5 ......................................................................... 90

6.1.6 Transcrição do discurso do Professor 6 ....................................................................... 100

6.1.7 Transcrição do discurso do Professor 7 ....................................................................... 115

6.1.8 Transcrição do discurso do Professor 8 ....................................................................... 124

6.1.9 Transcrição do discurso do Professor 9 ....................................................................... 131

6.1.10 Transcrição do discurso do Professor 10 ................................................................... 141

7- CONSTRUÇÃO DOS AGRUPAMENTOS........................................................................... 157

7.1 – OBJETIVOS DOS DOCENTES ................................................................................................ 157

7.2 – ESPORTES ENSINADOS ....................................................................................................... 163

7.2.1 – Conteúdos relacionados aos esportes ........................................................................ 171

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7.3 - ESTRATÉGIAS DE ENSINO RELACIONADAS AOS ESPORTES ................................................. 176

7.3.1 – Estratégias de ensino relacionadas as técnicas expositivas utilizadas para ensinar

esportes .................................................................................................................................. 188

7.4 – AVALIAÇÃO DE ENSINO ..................................................................................................... 191

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 196

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 198

APÊNDICES ................................................................................................................................. 208

APÊNDICE I ................................................................................................................................ 209

APÊNDICE II ............................................................................................................................... 211

APÊNDICE III ............................................................................................................................. 213

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1 – INTRODUÇÃO

No Brasil, o primeiro contato das crianças e adolescentes com o esporte,

geralmente, ocorre na escola durante as aulas de Educação física. No meu caso, não foi

diferente. Iniciei minha vida esportiva aos 12 anos de idade, em 1999, na modalidade

handebol e, após alguns meses, já estava inserido na “seleção” da escola para disputar

competições e torneios escolares.

Essa atração pelo esporte perdurou até o último ano do Ensino Médio em 2004 e, ao

concluí-lo, passei a competir em Jogos Regionais representando a cidade de Aparecida-

SP. Dois anos mais tarde, em 2006, ingressei no curso de graduação em Educação física e,

nos anos de 2009 e 2010, obtive, no referido curso, os títulos de licenciatura e bacharel,

respectivamente. No entanto, pude constatar nesta trajetória do Ensino Superior que a

maioria das disciplinas esportivas refletia a minha prática da Educação física escolar,

ficando apenas em torno da reprodução de técnicas e fundamentos esportivos.

A partir desta experiência pautada na “mera reprodução de movimentos”, foi

possível perceber que o esporte não estava sendo utilizado como um meio educacional,

pois não estava sendo construído acerca de sua história e conceito, nem dos valores que

este rico conteúdo costuma envolver. No entanto, destaco a atuação de dois professores

que, em certo momento da graduação, especificamente no ano de 2007, durante as aulas

das disciplinas esportivas de futebol de campo e de voleibol, mostraram o outro lado do

esporte, trazendo a preocupação em utilizar estratégias lúdicas que fomentassem o

aprendizado da criança e que, além de desenvolver capacidades físicas, técnicas e táticas,

também educasse.

Fatores estes que foram preponderantes para a ampliação do meu modo de pensar o

esporte, contribuindo para a expansão das possibilidades na minha prática docente. Ao me

graduar no Ensino Superior, em 2010, passei a ser treinador de handebol da categoria sub-

21 das equipes feminina e masculina de uma pequena cidade do Vale do Paraíba. Além

disso, também iniciei a minha fase como professor de educação física escolar e, graças

àquelas disciplinas citadas na graduação, passei a desenvolver o esporte como um meio

educacional com os alunos de 1º ao 5º do Ensino Fundamental I.

O interesse pelo esporte continuou presente em meus estudos: participei de vários

cursos de iniciação esportiva e pedagogia do esporte e, em 2012, me tornei professor da

disciplina Pedagogia do Handebol de uma Instituição de Ensino Superior na qual me

formei e pude perceber que algumas das disciplinas esportivas ainda eram pautadas na

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reprodução de movimentos e das técnicas esportivas. Porém, este fato parece não ser um

fato isolado, sendo comum em outras instituições.

As constantes mudanças nas inúmeras áreas do conhecimento e, inclusive, a

evolução das ciências do esporte fizeram com que fosse necessário buscar um novo modo

de entender o esporte e suas diferentes manifestações. E, assim, o fenômeno esportivo pode

ser apresentado em 5 principais e significativas manifestações: Esporte Profissional,

Iniciação Esportiva, Esporte como Conteúdo do Lazer, Esporte de Representação e Esporte

Escolar (PAES; MONTAGNER; FERREIRA, 2009).

No entanto, mesmo com tantas manifestações esportivas, percebemos que o modelo

de esporte profissional ou de alto rendimento, no qual prioriza a reprodução das técnicas

esportivas, são reforçados nos cursos de graduação de uma forma tradicional e, com isso,

os futuros profissionais podem preconizar o ensino destes modelos na escola.

Como relata Finck (2012), os alunos possuem um conhecimento limitado sobre o

esporte, pois alguns professores ainda encaram a escola como um espaço de formação de

atletas, cobrando a execução correta das técnicas esportivas, deixando de lado o caráter

lúdico e prazeroso do esporte. Desconsiderando, assim, os movimentos espontâneos e a

expressividade dos alunos.

A educação física escolar deve pautar-se na formação integral dos alunos, visando

desenvolver os aspectos: sociais, cognitivos, motores e afetivos. Fazendo com que as aulas

se tornem espaços para observação, manifestação e transformação dos aprendizados para

que os alunos possam transferí-los para a vida. O esporte é um caminho para isso, desde

que não seja desenvolvido apenas por meio do modelo do esporte profissional, mas pela

valorização do processo de ensino-aprendizagem e das relações pessoais, dando

importância à totalidade do ser humano (GALATTI; PAES, 2006).

Para que o aprendizado ocorra de maneira satisfatória, é importante que o professor

possua uma conduta pedagógica centrada no aluno e, dependendo do estilo que adotar,

pode favorecer um melhor desenvolvimento de sua turma. Assim, cada atividade, cada

esporte, cada conteúdo possuem aspectos a serem ensinados por determinados estilos que

permitam a produção de novos conhecimentos e aspectos que devem ser ensinados por

estilos que solicitem sua reprodução. Por este motivo, há estilos mais apropriados para

alcançar determinados objetivos de um episódio. Com isso, destaca-se a importância dos

professores conhecerem os estilos e saberem qual ou quais usarem nos inúmeros momentos

da educação física escolar (KRUG, 2009).

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Diante disso, este estudo buscará responder as seguintes questões: como os

professores de Educação Física ensinam o esporte na escola? Quais as modalidades

esportivas ensinadas? Quais são os conteúdos esportivos ensinados na educação física

escolar? A prática esportiva contribui para a formação dos alunos dentro do ambiente

escolar? De que forma contribui? Qual é a contribuição? Dentre os estilos de ensino

enunciados por Muska Mosston (1986), quais os professores utilizam para ensinar o

esporte na escola?

Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi descrever e analisar como os professores

de Educação física ensinam os conteúdos esportivos nas aulas ministradas do 6º ao 9º ano

nas escolas municipais da cidade de Aparecida-SP. O presente trabalho foi elaborado da

seguinte forma: no primeiro capítulo há a apresentação do autor. Detalharemos, no

segundo capítulo, o objetivo geral e os específicos. No capítulo seguinte, será comentado

sobre o esporte, a contribuição deste patrimônio sociocultural para os alunos no ambiente

escolar, como também pontos positivos e negativos. O quarto capítulo aborda as diferentes

formas de ensinar o esporte no ambiente escolar e também os estilos de ensino propostos

por Muska Mosston (1986).

Os procedimentos metodológicos, amostra, estudo piloto dentre outros pontos serão

explicados no quinto capítulo. No sexto capítulo, está descrito, passo a passo, a análise

ideográfica e os perfis dos sujeitos. Já no sétimo capítulo, serão apresentadas e discutidas

as matrizes nomotéticas feitas a partir da análise dos discursos. As considerações finais

serão desenvolvidas no oitavo capítulo e as referências bibliográficas no nono capítulo.

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2 – OBJETIVOS

2.1 Geral

Descrever e analisar como os professores de Educação física ensinam os conteúdos

esportivos nas aulas ministradas do 6º ao 9º ano nas escolas municipais da cidade de

Aparecida-SP.

2.2 Específicos

Apontar e discutir as estratégias de ensino utilizadas pelos professores de Educação

Física no ensino do esporte na escola.

Identificar quais estilos de ensino propostos por Muska Mosston (1986) os

professores de Educação física utilizam para o ensino do esporte em suas aulas.

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3 - REVISÃO DE LITERATURA

O esporte está presente na sociedade há séculos, manifestando-se de diferentes

formas e com inúmeros significados, sendo praticado nos mais diversos locais do planeta.

Como aponta Finck (2012), “o esporte como fenômeno social se manifesta em diferentes

contextos e tem objetivos distintos” (p. 93).

Nas escolas, é uma manifestação da cultura corporal, como afirma os Parâmetros

Curriculares Nacionais (1997), que pode ser ensinada de várias formas e com métodos

diversificados. Sendo assim, o professor de Educação Física tem grande responsabilidade

ao ensinar aos alunos os diferentes conteúdos relacionados ao esporte, pois, dependendo da

maneira que o faz, poderá ou não contribuir de forma significativa para um aprendizado

voltado para autonomia, emancipação, participação efetiva dos alunos, aspectos

preponderantes para uma educação democrática.

Pois "uma prática excludente e seletiva, que impede crianças, adolescentes e jovens

de serem livres e de desenvolverem sua autonomia e criticidade, contradiz os atributos

educativos [...]" (BRASIL, 2004, p. 11).

Na sequência, refletiremos sobre o esporte.

3.1 O esporte

O esporte faz parte da nossa cultura e contribui de várias formas para a vida das

pessoas e está presente em diferentes contextos públicos: escolas, parques e praças, ou

privados: clubes, escolinhas de esportes e ginásios.

Bracht (2005) relata que o conceito de esporte precisa abarcar inúmeras

possibilidades, pois há um grau de diferenciação muito grande no contexto esportivo no

qual se destacam as seguintes classificações: esporte de alto rendimento ou de rendimento,

esporte de lazer e esporte educativo. Buscando conceitos que expliquem as diferenças entre

tais classificações, no Brasil, em 1985, José Sarney instituiu uma comissão de

reformulação do esporte brasileiro. Isso foi incorporado pela Constituição Federal de 1988

que diferenciou o conceito do esporte em 3 classificações, sendo elas: desporto-

performance, desporto-participação e desporto-educação.

Apesar da diferenciação em sua classificação, elas se aproximam, principalmente o

esporte-educação com esporte-participação em que um adentra o “espaço” do outro, pois é

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possível enxergar o esporte-participação dentro de um ambiente educacional, pois essa

prática de caráter educativo pode estar presente a todo momento, tendo, como

determinante, sua forma de sua aplicação, não importando o local de sua execução.

De acordo com Marques, Almeida e Gutierrez (2007), o esporte possui diferentes

manifestações que estão relacionadas a duas categorias. A primeira se refere ao sentido da

prática ligada às intenções e ao contexto na qual ocorre. A segunda corresponde à

modalidade em que se desenvolve por meio de atividades que possuem caráter esportivo,

ou seja, possuem regras, normas e órgãos reguladores. Enfim, toda atividade esportiva

possui um sentido e se manifesta por meio de uma modalidade que irá expressar os valores

e atitudes pelos quais se orienta.

Pode-se perceber que esporte é um componente de destaque mundial,

consequentemente é apontado como um dos fenômenos sociais mais expressivos na

atualidade e que teve a sua expansão atrelada às transformações sociais que ocorreram nos

últimos anos, conquistando uma posição diferenciada em vários campos, sendo eles:

político, econômico, educacional, cultural e social (KORSAKAS; ROSE JÚNIOR, 2002).

Abro um parêntese, nesse momento, para relembramos que nos anos 90, o Brasil se

abria de vez para o neoliberalismo, fazendo com que o ideal capitalista tomasse toda a

sociedade, inclusive a Educação e a Educação Física escolar. Com isso, a competição

tornou-se o a priori das aulas, aceitando, quase que passivamente, o rito da sociedade.

Nessa perspectiva, Assis (2001) entende que, ao invés do esporte da escola, o que

está ocorrendo é o esporte na escola. Soares et al (1992) dão sua contribuição em relação

ao processo do esporte neste contexto. Para eles,

essa influência do esporte no sistema escolar é de tal magnitude que temos,

então, não o esporte da escola, mas sim o esporte na escola. Isso indica a

subordinação da educação física aos códigos/sentido da instituição esportiva,

caracterizando-se o esporte na escola como um prolongamento da instituição

esportiva: esporte olímpico, sistema desportivo nacional e internacional. Esses

códigos podem ser resumidos em: princípios de rendimento atlético/desportivo,

competição, comparação de rendimento e recordes, regulamentação rígida,

sucesso no esporte como sinônimo de vitória, racionalização de meios e técnicas

etc. (p. 54).

Retomando, Vago (1996) aponta que o esporte é considerado uma prática cultural

que incorpora valores sociais, culturais, econômicos, estéticos e utiliza diversos espaços da

sociedade para acontecer. Entre esses espaços, podemos citar: ruas, parques, clubes,

escolinhas de esportes, entre outros espaços de lazer e, claro, a escola, foco deste estudo.

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Dialogamos com Taffarel (2000) quando a autora descreve que o esporte não pode

ser analisado de forma isolada e fora do contexto das inúmeras relações e interações que

possui com a sociedade, pois, desta maneira, é dar-lhe uma autonomia inexistente. Esse

tipo de análise considera uma visão totalmente idealista de que o “desporto é algo bom em

si mesmo” e que está acima de tudo e de todos.

“Nota-se a emergência da vinculação entre as políticas esportivas e o discurso da

promoção da cidadania ou de inclusão social” (MELO (2005) apud NOGUEIRA (2011), p.

111). Ou seja, quem praticar esporte será um sujeito de sucesso, de caráter integro,

reduzindo apenas a um fator complexidade da sua construção. Apropriando-se do

estereótipo para chegar a “glória esportiva”, o atleta é constituído de inúmeros valores e

valências que quase o torna um “super-homem”.

Bassani, Torri e Vaz (2003) relatam que o século XX foi dominado pelo fenômeno

esportivo e, atualmente, continua sendo apontado como uma das referências centrais da

sociedade que mantem as regras, os valores, as normas e seu status. Simbolizando, para a

sociedade, a ideologia do sucesso, de auto superação, da quebra de barreiras e limites, do

progresso contido nos corpos dos atletas que são exemplos de beleza, determinação,

renúncia, audácia dentre outras qualidades.

Sendo relevante ressaltar que a sociedade atual é considerada como potente

consumidora do esporte. Isso pode ser notado pelo aumento das academias de ginástica e

escolinhas esportivas particulares que visam atender as camadas sociais (média e alta) da

população. Em contrapartida, existem os centros esportivos e de lazer gerenciados pelo

sistema público que oferecem inúmeras práticas corporais para a população em geral, mas

que, infelizmente, não conseguem atender a todos de maneira satisfatória (BETTI;

ZULIANI, 2002).

Não podemos deixar de mencionar a importância que fenômeno esportivo tem para

o mundo. Para tal elucidação, remetemo-nos à abordagem de Helal (1990) quando o autor

inicia seu livro com o imaginário de um turista no metrô nos Estado Unidos. Em uma

segunda-feira de manhã, o mesmo começa a observar os cidadãos e acaba percebendo que

a seção esportiva dos jornais prevalecia na leitura das pessoas que lá estavam.

Isso nos faz refletir sobre “[...] a possibilidade de o esporte ser um fenômeno social

que impregna profundamente a vida cotidiana do homem moderno, de modo geral”. Ele

conclui dizendo que “o esporte é uma das instituições sociais mais sólidas do mundo

moderno” (HELAL, INSERIR DATA, p. 10-11).

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Entretanto, se faz necessário remetermos ao passado para lembrarmos que a relação

entre homem e esporte passa por várias transformações. Diante disso, a prática esportiva

pode ser transformada e adaptada a qualquer momento para que possa assumir significados

de acordo com o contexto social e histórico na qual está inserida e, em consequência,

atender de forma eficiente os anseios de seus praticantes (KORSAKAS; ROSE JÚNIOR,

2002).

Por isso, não se pode analisar o deporto de forma isolada e fora do contexto de suas

inúmeras relações e interações que possui com a sociedade, pois, desta maneira, é dar-lhe

uma autonomia inexistente. Esse tipo de análise considera uma visão totalmente idealista

de que o “desporto é algo bom em si mesmo” e que está acima de tudo e de todos

(TAFFAREL, 2000).

O ser humano é um sujeito histórico, socialmente construído e que vive através de

relações interpessoais, fazendo que sua existência seja constituída de significados,

tornando-se, muitas vezes, visível à ressignificação da prática esportiva para poder se

adequar às reais necessidades de determinada população. O professor tem que ter a

dimensão de quão complexo é o indivíduo e entender que o que nos faz sermos iguais são

as nossas singulares. Para uma real eficácia do esporte no auxílio da construção do sujeito,

é necessário que sua prática seja voltada para a emancipação do indivíduo e não tenha

como determinante, o econômico, reproduzindo a lógica capitalista da submissão do

homem.

Para tanto, levanta-se a questão: o esporte é herói ou vilão?

3.2 Esporte: herói ou vilão

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (1998), as diretrizes

políticas para a educação física nos anos 70 eram baseadas em um modelo piramidal que

tinha como base a educação física escolar e o desporto juvenil. No segundo nível da

pirâmide, encontrava-se a busca pela melhora da aptidão física da população urbana que

ficava sob a responsabilidade da iniciativa privada, sendo visto como o desporto de massas

e, no topo da pirâmide, o desporto de elite.

Nos anos 80, este modelo passa a ser contestado, já que não colabora para que o

Brasil se torne uma potência olímpica ou mesmo aumente o número de praticantes de

esportes da elite. Com isso, ocorre uma crise de identidade da área, gerando uma mudança

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expressiva nas políticas educacionais. As aulas de Educação Física escolar passaram a ser

trabalhadas nas primeiras séries do Ensino Fundamental, com o objetivo de desenvolver o

aspecto psicomotor do aluno e, assim, retirar da escola a função de promover o esporte de

alto rendimento (BRASIL, 1998).

A tradição cultural nas aulas de Educação Física tem sido, ao longo dos anos, muito

perversa com alunos que são desprezados durante a passagem pela educação básica, pois

não atendem aos padrões motores desejados e, por muitas vezes, tornam-se adultos que

possuem certa mágoa em relação às aulas de Educação Física escolar. Estes ficaram à

margem das atividades propostas nestas aulas e, infelizmente, não possuem, ou mesmo não

desenvolveram a autonomia para usufruir da cultura corporal de movimento. Com isso, até

hoje, não conseguem se envolver em práticas esportivas por não acreditarem na capacidade

própria de participarem e também por não reconhecerem a importância deste envolvimento

(DAOLIO, 1996).

Pode-se perceber que o esporte praticado por crianças e adolescentes nesta fase de

desenvolvimento pouco difere do modelo esportivo de alto rendimento praticado pelo

adulto. As diferenças são percebidas apenas na diminuição do tamanho da bola, da quadra,

do tempo de jogo, entre outros aspectos. Contudo, atitudes condenáveis como insultos da

torcida e de técnicos passam a fazer parte desse meio, mesmo na presença de crianças.

Outro agravante são os treinamentos que consistem na realização e repetição de tarefas

exaustivas similares ao modelo adulto, tendo como foco os resultados positivos nas

competições. Parece que tais condições também são encontradas no ambiente escolar.

Exemplo disso são as equipes de competição formadas e selecionadas durante as aulas de

Educação Física. Quando isso acontece, a intenção de ensinar o esporte a todos e que todos

o pratiquem deixa de existir para dar oportunidade para a busca dos melhores

(KORSAKAS; ROSE JÚNIOR, 2002).

Com relação à situação descrita, podemos indagar algumas possibilidades para

entender os motivos pelos quais ainda levam as aulas de Educação Física terem, como fim,

o rendimento esportivo, concordando que o esporte, mesmo dentro da escola, é o retrato

fiel da sociedade em que vivemos.

Por tanto, ele se desenvolve de forma excludente, competitiva; a Educação Física

escolar, como o esporte, é relegada ao segundo plano diante as autoridades que gerem a

nossa sociedade. No caso da escola, pela a equipe de direção que somente consegue um

reconhecimento quando se chega com troféus conquistados em disputas entre escolas.

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Disputas que, em muitas vezes, são pautadas por violências, humilhações, desrespeitos

entre outras situações calamitosas. Costumeiramente, é só nesse cenário, na vitória em

torneios, que o profissional de Educação Física é “enxergado” pela unidade escolar.

De acordo com o estudo de Darido (2004), foi possível perceber que nas aulas de

Educação Física escolar apenas uma parcela da turma participa efetivamente nas atividades

propostas pelo professor e, na maioria das vezes, estes alunos são os mais habilidosos. Há

um aspecto intrigante, pois muitos professores ainda estão fortemente ligados à perspectiva

esportivista e, por este motivo, acabam valorizando os alunos com melhor desempenho nas

aulas e colaboram para o afastamento daqueles que necessitam ainda mais de estímulos

para a participação nas atividades. Isso gera um número maior de alunos dispensados ou

que simplesmente não participam das aulas.

Percebe-se explicitamente, no entendimento do autor citado, a dicotomia que vive a

Educação Física escolar na qual, na maioria das vezes, os sujeitos que se apropriam dessa

disciplina são os que “supostamente” menos precisam daquela vivência na escola.

Podemos afirmar isso não com o intuito de enfatizar que existe um bom acervo motor e

que esses alunos não devam participar das aulas, mas na direção que esses, devido a suas

habilidades adquiridas, terão sempre a oportunidade de estarem inseridos em um programa

esportivo. Por outro lado, os menos “habilidosos”, por vezes, tem a única oportunidade de

estarem praticando esportes na aula, mas se negam por vários motivos.

Entre eles, podemos citar a exclusão durante as aulas, pois estar presente no jogo

não quer dizer que está participando efetivamente da partida, ou ainda, medo de sofrer

bullying de seus colegas por sua pouca experiência em determinada atividade. Outro

motivo é a vontade de não fazer aula de Educação Física que está atrelado ao seu direito de

não gostar de esportes. Porém, essa possibilidade não se justifica legalmente, mas, como

essas aulas se desvinculam por inúmeras vezes de seus objetivos, reações nessa direção

acabam sendo aceitas.

O objetivo não é remover o esporte do conteúdo curricular das aulas de Educação

Física escolar, mas, sim, desenvolvê-lo de uma maneira diferente, dando um novo enfoque

e, assim, assegurar que os alunos compreendam o esporte a partir de suas origens,

evoluções e possibilidades de atuação. Também é importante desenvolver a reflexão sobre

as inúmeras dimensões culturais relacionadas ao esporte e que são fontes de aprendizado,

assim como os padrões de beleza impostos pela mídia, os conceitos de saúde, as políticas

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esportivas e as formas de discriminação presentes neste meio e na sociedade (BARROSO;

DARIDO, 2006).

O profissional de Educação Física, em seu campo de atuação profissional, tem

como obrigação possibilitar a seus alunos as mais vastas experiências motoras possíveis.

Essas experiências vêm através das inúmeras possibilidades que a disciplina em questão

oferta, entre elas o esporte. Entretanto, é importante que, em sua prática, o profissional

construa conhecimentos teóricos com os discentes das atividades que serão desenvolvidas

e não somente “jogar por jogar”. Esses conhecimentos, no caso específico do esporte,

podem estar no campo da história, na evolução da modalidade, nos benefícios biológicos,

nas contribuições sociais, entre outras infinitas possibilidades que constroem o campo do

saber.

Acreditamos que, se o esporte foi desenvolvido na escola como possibilidade de

formação de sujeito crítico-emancipado e autônomo, construtor da cidadania, crianças e

adolescentes possam ser “indiferentes às diferenças” e que a escola e os professores

possibilitem uma Educação Física de qualidade com quantidade, pois qualidade sem

quantidade é privilegio através do puro prazer que a prática esportiva nos traz. Assim,

podemos afirmar que o esporte é herói.

Em contrapartida, se o esporte na escola for pautado pela segregação, exclusão,

tendo como o maior objetivo a competição, privilegiando os mais habilidosos em

detrimento dos menos, uma prática na direção da submissão, sob o olhar que a escola é o

local de formação de possíveis atletas, nesse cenário, pode-se dizer que o esporte vai para o

lado vilão da história.

Na sequência desse instigante caminho, discutiremos o esporte como possibilidade

educacional.

3.3 Papel do esporte na educação dos alunos

Ao longo do século XX, as práticas culturais de esporte foram sendo escolarizadas

e se tornaram conteúdo da Educação Física, passando a fazer parte do cotidiano escolar. De

acordo com Vago (1996), a escola é vista como uma instituição social que pode possibilitar

o envolvimento dos alunos com uma cultura escolar de esporte. Portanto, é importante que,

ao invés de reproduzir apenas técnicas e táticas dentro deste conteúdo, o professor o

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promova como um movimento propositivo de intervenção e transformação na história

cultural da sociedade.

Diante disso, a escola tem a possibilidade de problematizar o esporte como um

fenômeno sociocultural que possui inúmeras vertentes e, assim, construir o ensino de

forma que possa confrontar com os valores e códigos que tornaram o fenômeno esportivo

excludente e seletivo, favorecendo pontos importantes como: a participação, o respeito, o

lúdico, apropriando-se do esporte como uma prática cultural, tentando diminuir ou até

eliminar os códigos dominantes da sociedade que estão agregados ao esporte (VAGO,

1996).

Acredita-se também que, para se formar um cidadão que possa contribuir para uma

sociedade mais justa e democrática, o esporte pode ser uma grande ferramenta desde que

transcenda o ato competitivo em si. Sendo assim, a educação formal ou não formal, como a

Educação Física escolar ou projetos socioesportivos, podem constituir-se em um caminho

que possibilite a cidadania de crianças e adolescentes. Para tanto, o professor tem que

elaborar suas aulas de maneira crítica reflexiva, fazendo com que os alunos sejam os

protagonistas do seu processo de ensino-aprendizagem e não meros coadjuvantes nesse

longo processo.

Desta forma, o processo de ensino-aprendizagem pode ser entendido como um

sistema orientado por três componentes: professor, aluno e matéria que têm como objetivo

proporcionar mudanças efetivas nos comportamentos, capacidades e competências dos

alunos, ou seja, na conquista de novos conhecimentos, habilidades, atitudes e valores.

O professor estabelece a medição entre o aluno e a matéria de ensino, buscando

desenvolver um conteúdo adequado às características, necessidades, expectativas e

interesse dos alunos para que não seja muito além do seu potencial e também seja

desafiador. Para isso, é necessário que o professor possua um conhecimento prévio da

matéria e do aluno, sendo um porto de partida para o processo de ensino-aprendizagem

(TANI; BASSO; CORRÊA, 2012).

A vivência esportiva não deve ser pautada apenas no aspecto físico da prática e em

seus movimentos específicos, ela terá sentido quando envolver o aluno na pluralidade do

esporte, ou seja, nos aspectos históricos, culturais, físicos e sociais que permitam uma

prática educacional (BOLONHINI; PAES, 2009).

É de claro consenso que todos os esportes têm uma história, uma origem, o motivos

que os levaram a serem criados, onde foram inventados. Todos os esportes passaram por

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processo de evolução, se adequando cada vez mais ao mundo em que vivemos e trazer luz

sobre essas informações é de grande valia na construção de conhecimento dos discentes.

Para que o fenômeno esportivo seja caracterizado de natureza educacional, é

essencial que os docentes proporcionem um tratamento pedagógico adequado que possa

contribuir de forma significativa para uma formação cidadã e também para o

desenvolvimento da autonomia nos alunos. Diante disso, o esporte deve ser desenvolvido

por meio de três referenciais, sendo eles: o técnico e tático, o socioeducativo e histórico

cultural que colabora com os dois primeiros citados e direciona os processos de ensino, a

vivencia e aprendizagem das modalidades esportiva, respeitando, assim, a integralidade do

esporte (MACHADO; GALATTI; PAES, 2014).

Ao longo dos anos, o esporte foi legitimado na sociedade e, com isso, pôde garantir

seu lugar na escola e nas aulas de Educação física escolar. Passou a desenvolver-se

mundialmente e se tornou elemento hegemônico da cultura de movimento, influenciando,

em grande escala, a Educação Física escolar e foi se transformando no seu principal, ou até

mesmo, o único conteúdo de ensino a ser desenvolvido nas aulas (VAGO, 1996).

Guimarães et al (2001) ressaltam que, com a Lei de Diretrizes e Bases para

Educação (LDB) de 1996, ocorreu a inclusão da Educação Física como componente

curricular obrigatório da Educação Básica. As propostas curriculares, a partir de então,

deveriam buscar desenvolver não apenas o esporte, mas a dança, os jogos, a ginástica em

geral, as lutas. O esporte deveria ter o intuito de contribuir na formação integral da criança

e do adolescente. Para isto, o professor é determinante, pois caberá a ele selecionar a

dinâmica coletiva que será adotada, se haverá competição, cooperação, recreação, regras

mais ou menos flexíveis, exercendo sua missão de incluir todos.

A partir desta visão, não deve haver espaço para a exclusão dos menos habilidosos,

mas práticas que envolvam e atendam a necessidade de todos. O professor utilizará de seu

espaço para despertar o respeito mútuo, a dignidade, a solidariedade, a afetividade e a

coletividade entre os alunos, buscando construir relações equilibradas e produtivas entre o

grupo, além de fazê-los reconhecer e respeitar as capacidades físicas e de desempenho de

si e de seus colegas (GUIMARÃES et al., 2001).

Percebe-se, assim, a complexidade da formação do sujeito, não deixando de atentar

que a escola é uma grande possibilidade no auxílio dessa construção. No entanto, não é a

única, pois o ser humano é um ser socialmente construído através das relações

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interpessoais e essas relações perpassam por inúmeros locais de convívio, sendo a família a

primeira.

Retomando o passado, no século XX, o processo de escolarização em constante

expansão fez com que mais crianças tivessem acesso à educação, no entanto, o número de

dificuldades de aprendizagem também aumentou de forma significativa, chamando a

atenção de especialistas da área que buscavam facilitar e sistematizar o ensino. Após certo

período, a sociedade percebe que, para a melhora do desenvolvimento da criança, não era

suficiente, apenas, frequentar a escola, mas era primordial que a criança fosse submetida

aos estímulos diversos para que pudesse responder à sua formação. Com isso, foram

criadas atividades complementares que auxiliassem no processo formativo infantil, como

as aulas de línguas, informática, artes, música e inclusive a prática de esportes

(KORSAKAS; ROSE JÚNIOR, 2002).

No ambiente escolar, o processo de formação e de transmissão de valores e atitudes

desejáveis é elevado, pois a instituição possui como um dos principais objetivos

desenvolver nas crianças e adolescentes a moral cidadã e o professor é peça fundamental

para a conquista destes objetivos. O principal responsável pelo desenvolvimento da

cidadania na escola é o professor, já que, dentro da instituição de ensino, é a pessoa quem

mais tem contato com os alunos e, por isso, estabelece vínculos afetivos e sociais, além de

ser uma referência para seus alunos, é também a autoridade adulta presente a todo o

momento que pode solicitar a ordem, a disciplina e colabora para a descoberta do

conhecimento (GUIMARÃES, et al, 2001).

Nesse mesmo caminho, Florentino e Saldanha (2007), chamando a atenção para o

papel do professor, dizem: “o professor de Educação Física tem a responsabilidade de

preparar seus alunos para a cidadania” (p. 1).

Nota-se que a escola possui inúmeras responsabilidades perante a sociedade, sendo

considerada como um local de produção cultural. Ela pode utilizar o esporte para

proporcionar e produzir novos aprendizados, os quais possibilitem diferentes perspectivas

sobre o fenômeno esportivo e não apenas entender e aprender sobre o esporte de

rendimento - principal modelo divulgado pela mídia - mas aprender sobre as inúmeras

manifestações esportivas e suas relações com a sociedade. Desta forma, sugere-se que, no

ambiente escolar, seja possível ampliar a visão dos alunos com relação ao esporte e,

consequentemente, levar a sociedade a enxergar e vivenciar o esporte de outras maneiras

(VAGO, 1996). Assim, a prática esportiva tem que trilhar o caminho da cidadania.

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Verifica-se que não é viável que o esporte na escola seja desenvolvido como um

conteúdo cuja ênfase é dada apenas ao saber fazer como nas décadas de 60 a 80, pois, nesta

época, predominava o esporte de rendimento. Hoje, é primordial que haja um tratamento

pedagógico para o esporte que se agregue de forma positiva à vida dos alunos, que busque

valorizar e possibilitar a participação de todos nas atividades, independentemente do alto

desenvolvimento de habilidades motoras e destrezas físicas. Além disso, são necessários

momentos de reflexão e ação durante as atividades que englobem aspectos conceituais,

procedimentais e atitudinais da modalidade esportiva (BARROSO; DARIDO, 2006).

Sendo assim, faz-se necessário conceituar o conteúdo a ser ensinado, esclarecer os

procedimentos que serão realizados e contextualizar as atitudes, os valores que estão

embutidos no esporte que estão sendo ensinados. É evidente que existem inúmeros limites

culturais e políticos que dificultam a criação de uma cultura de esporte escolar, sendo

necessário que a escola possua especificidades e uma organização própria para contrapor-

se ao chamado esporte de rendimento vivenciado e produzido pela sociedade capitalista. O

professor tem a tarefa de entender e superar esses possíveis limites e buscar ser um

produtor de cultura dentro da escola, ou seja, propor novas possibilidades de vivenciar o

esporte dentro do ambiente escolar (VAGO, 1996).

Entretanto, é de conhecimento que a recusa ao esporte, a recusa da elaboração de

políticas esportivas não se restringe ao espaço escolar. Suassuna, Almeida et al (2007)

apontam que as prioridades do poder público são para as políticas voltadas para as áreas da

saúde e do trabalho em detrimento das áreas do esporte e lazer. Para “[...] Bracht (2003),

uma coisa é não considerar o esporte como prioridade, outra é ignorá-lo juntamente com o

lazer” (BRACHT (2003) apud SUASSUNA et al (2007), p. 25).

Bracht (2005) entende que o esporte não é prioridade, pois “no conjunto das ações

governamentais[,] o fenômeno esportivo situa-se antes numa posição marginal frente a

setores como os da economia, da saúde, da educação, da habitação” (p. 81).

Retomando a Educação Física escolar, almeja-se uma nova referência para a sua

metodologia de ensino que busque formar o aluno para que tenha condições de conquistar

a autonomia e entender a importância de participar efetivamente da sociedade em que está

inserido, visando sempre o coletivo, refletindo e agindo em prol de todos. Contudo, para

que todos estes pontos sejam alcançados, é fundamental que o aluno aprenda a não ser

apenas um receptor de conteúdos e se torne um dos construtores do processo educacional

(BARROSO; DARIDO, 2006).

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Atualmente, o esporte possui lugar de destaque no âmbito escolar, pois além de ser,

em muitos momentos, o conteúdo central da EFE, ainda possui um espaço reservado nas

atividades extracurriculares. Ainda neste contexto, nota-se um forte discurso de que o

esporte está ligado diretamente a uma melhor educação de crianças e adolescentes e,

muitas vezes, assume um papel louvável sendo responsável por salvar pessoas das drogas e

da violência (BASSANI; TORRI; VAZ, 2003).

O esporte é um grande viés para a construção de uma vida saudável, longe de

vícios. Entretanto, não é certeza que se a criança ou adolescente praticarem atividades

esportivas estarão longe dos males do mundo que, por muitas vezes, as drogas, a violência,

estão muito perto do meio em que vivem. O que vem ocorrendo ao longo do tempo é a

criação deste “mito” que a inserção em um programa esportivo é a certeza de uma vida

correta e saudável. Se não tornar um atleta, certamente será um cidadão do bem.

Dória e Tubino (2006), em defesa do esporte, relatam que a prática esportiva

[...] vai além de evitar o envolvimento de crianças com o crime e as drogas, que

confere aos participantes melhoria real na qualidade de vida e proporcionar

condições de saúde, tudo isso associado ao livre exercício da criatividade através

do esporte (p. 78).

De acordo com Vago (1996), o esporte foi se consolidando como prática cultural

recorrente na sociedade moderna que avançou para dentro da escola usando seus espaços,

seus componentes educativos e, assim, concretizou-se como conteúdo da Educação física.

No entanto, é necessário que haja uma prática escolar de esporte específica que tenha

objetivos claros e diferenciados do esporte vivenciado fora do ambiente escolar. É preciso

tomar cuidado, pois a instituição esportiva possui uma maior expressão e, assim, pode

acabar determinando as ações que devem ser realizadas dentro das aulas de Educação

fisica.

Segundo Barroso e Darido (2006), o esporte é um fenômeno cultural e está

enraizado em nossa sociedade. Portanto, deve-se fazer presente em vários locais, entre eles

a escola. No entanto, é necessário, também, ter certo cuidado ao ensiná-lo, pois, como é

sabido, o ambiente escolar sofreu e sofre influências de acontecimentos externos e o

esporte, desde o momento em que passou a ser parte deste local, segue o mesmo caminho a

ponto de, em alguns momentos da História, a prática esportiva ser tornar o único conteúdo

a ser ministrado.

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É conspícuo que a escola atue em todos os conteúdos, inclusive no esporte, mais

ainda que as atividades a serem ensinadas não devam ser desenvolvidas com um objetivo

voltado apenas para sua prática. Necessita que seja um meio para a formação dos alunos

tendo, como eixo norteador, uma pedagogia para a autonomia (BARROSO; DARIDO,

2006).

Guimarães et al (2001) argumentam que a Educação Física, como outras

disciplinas, possui significativa responsabilidade em relação ao processo de formação das

crianças e adolescentes, no desenvolvimento dos valores e atitudes positivas para uma vida

em sociedade. Estes aspectos devem fazer parte dos conteúdos de ensino e cabe ao

professor organizar e coordenar esta formação durante as aulas de Educação física. Para

isto, é fundamental um planejamento prévio para tornar todos os momentos educativos,

proporcionando aos alunos reflexão e discussão sobre os fatos ocorridos nas aulas.

A escola deve buscar ser um espaço democrático que tenha a possibilidade de

ofertar uma pedagogia direcionada à cidadania que, assim como a educação, a cultura

corporal de movimento também é um direito de todos.

Sendo assim, é crucial que sejam dadas condições para que os alunos possam

conhecê-la, reconstruí-la e transformá-la, porém, isso é tarefa para o professor que irá

identificar e ofertar as inúmeras possibilidades de conhecimentos relacionados à cultura

corporal de movimento. A partir disso, há motivos para excluir, das aulas de educação

física, o esporte como instrumento de simples repetição de movimentos. Nesta perspectiva,

é importante tê-lo como um importante instrumento pedagógico que auxilie na formação

de cidadãos que reflitam sobre os valores e atitudes (BARROSO; DARIDO, 2006).

Após dar ênfase no esporte como possibilidade educacional, refletiremos, na

sequência, sobre outra vertente: o lado competitivo.

3.4 Críticas ao esporte competição no âmbito escolar

Parece que, entre Educação Física e esporte, há uma dicotomia que relaciona teoria

ligada à visão humanística e a prática relacionada à visão tecnicista. Mesmo com as

reformulações dos objetivos, conceitos, planos de aula no ambiente escolar, ainda persiste

o modelo tecnicista no qual visa o aluno como um atleta, um adulto em miniatura e, para

isso, usa o método de ensino-aprendizado-treinamento que desenvolve as atividades por

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meio da reprodução e repetição, ou seja, sem uma visão pedagógica, metodológica,

educacional e formativa (GRECO; BENDA, 1999).

A competição escolar deve propor diferentes tipos de tarefas, sejam elas

individuais, coletivas, cooperativas e de oposição, fazendo com que o aluno vivencie

diferentes formas de situação-problema. Diante disso, deve ser preconizada a organização

da competição, as intenções educativas e metodológicas para que haja uma participação

democrática de todos. Com isso, há que manter a preocupação relacionada ao processo no

qual o aluno aprenda com a competição. Contudo, o ensino formal ainda utiliza a

reprodução do modelo adulto de competição na escola e, assim, por ser uma cópia das

competições institucionalizadas, acarreta a ausência de um tratamento pedagógico voltado

à educação do sujeito. Há ainda uma falta de compromisso da escola com as competições

que acontecem em ambiente escolar. (REVERDITO; SCAGLIA, 2009).

Para Freire (2009), a competição faz parte da vida da criança do adolescente.

Portanto, esses devem vivenciá-la, o que fica em questão é a forma como a competição é

apresentada a esse público

Não se deve confundir o elemento competitivo contido no espírito humano e

presente em todas as civilizações com as formas nefastas que a competição

adquire em certos momentos da história. Recusar-se a fortalecer, na Educação, a

forma depravada com que a competição se manifesta na sociedade tecnocrática é

desejável, mas sem negar à criança o direito de exercer e ampliar sua cultura (p.

138).

O esporte é um produto cultural altamente valorizado, pelo menos no aspecto

econômico, pois a cada dia são injetadas quantias volumétricas na busca de melhores

resultados. Além disso, a ciência não demonstra grandes interesses no ser humano ou na

dimensão social do esporte, mas, apenas, tem como interesse os aspectos tecnológicos e a

melhora de performance dos atletas, fazendo com que estes se tornem objetos de

manipulação que devem aprimorar o físico e a técnica esportiva, deixando o esporte

exclusivo para os atletas de elite (KUNZ, 2006).

Não podemos perder a dimensão que vivemos em um mundo capitalista cuja busca

pelo o lucro sobrepõe a qualquer interesse social, coletivo, ou, até mesmo, individual. Em

certas situações, a exploração do homem pelo homem, no mundo esportivo, fica

evidenciada em vários momentos. Entre eles, podemos citar atletas que se dopam para

conseguirem melhores resultados para garantirem bons patrocínios, ou não perdê-los;

quando o atleta é levado à exaustão na busca de performance e, com isso, lesiona-se

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gravemente; casos de atletas que são esquecidos por terem diminuído o rendimento. Para

esse mundo, esses profissionais são descartáveis, pois são desprovidos de valores, ou seja,

não produzem mais lucros. Esses são alguns exemplos, de vários outros, que acontecem

quando o maior objetivo é o acumulo de capital.

É visível que o esporte, para ser desenvolvido nos moldes e nos padrões de alto

rendimento, necessita de inúmeras exigências que, cada vez menos, pessoas conseguem

atender o exigido, porém ainda é o modelo que muitos seguem. Existindo uma falsa

consciência de que o esporte de alto rendimento é o modelo mais apropriado para prática

esportiva de todos. Além disso, muitas vezes, os profissionais de Educação Física não

percebem o poder dessa falsa consciência e se tornam agentes reforçadores deste modelo

(KUNZ, 2006).

É na escola que encontramos uma grande busca pela prática esportiva. Este fato não

pode ser negado, porém a escola parece não acreditar nas possibilidades e na função

educativa do esporte-competição. Pois, para que esporte de competição tenha uma maior

credibilidade no meio escolar, é necessário que alguns paradigmas sejam quebrados, tais

como: vencer a qualquer custo, individualismo e a intensa busca por resultados. Diante

disso, a competição escolar deve ser embasada em alguns pilares: cooperação, valores

sociais, coeducação, cooperação, participação, autonomia e pluralidade cultural

(REVERDITO; SCAGLIA, 2009).

O esporte escolar, por vários anos, vem sofrendo inúmeras críticas por copiar o

modelo de esporte de alto rendimento. De acordo com Taffarel (2000), esta manifestação

do esporte, da maneira como é desenvolvida na Educação física escolar, não colabora para

a diminuição da desigualdade social, pois os objetivos propostos não estão unificados com

os anseios voltados para uma sociedade mais justa e igualitária, mas segue pelo caminho

inverso, favorece e aumenta a desigualdade entre os indivíduos.

Referenciando Orlick (1978), Paes (2001) descreve a relação entre esporte e

sociedade:

os jogos e os esportes são reflexos da sociedade em que vivemos, mas também

servem para criar o que é refletido. Muitos valores importantes e modos de

comportamento são aprendidos por meios das brincadeiras dos jogos esportivos

(p. 79).

Se por um lado as práticas esportivas, as ginásticas, as artes marciais, as danças e as

práticas para aptidão física estão sendo transformadas em produtos comerciais que

difundem a ideia da cultura corporal de movimento e isso é positivo, por outro, alguns

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aspectos são preocupantes: crianças e adolescentes entram em contato precocemente com

alguns esportes e práticas corporais inspiradas em modelos para adultos, o estilo de vida

veiculado é sustentado pelas novas condições socioeconômicas (capitalismo/ consumismo,

poluição, violência e diminuição dos espaços de lazer) (BETTI; ZULIANI, 2002).

Esse novo modelo de vida tem como ponto de preocupação as inúmeras

possibilidades de condições que colaboram para que as pessoas assumam uma postura

sedentária e que as crianças e adolescentes aumentem o número de horas em frente aos

recursos audiovisuais. Isso favorece, assim, o abandono dos jogos e brincadeiras populares

e ainda colabora com uma possível substituição das experiências práticas esportivas pelo

simples fato de ser um espectador esportivo (BETTI; ZULIANI, 2002).

Essa dialética da vida contemporânea é um dos maiores desafios que os

profissionais da Educação Física têm que enfrentar. Sendo eles: 1- a propagação das

atividades esportivas por meio dos veículos de comunicação, captando, assim, novos

adeptos para essas práticas que vislumbram o sucesso na vida via esporte (imagem

vendida); 2- para o tão esperado sucesso, o que ocorre é uma precocidade na inserção de

crianças no mundo dos homens; 3- a questão também perpassa o mundo tecnológico,

massificador da lógica do capital, cria diversos produtos que prendem a atenção da

população em geral, em especial crianças e adolescentes, fazendo com que essa parcela se

torne “refém” de suas invenções, construindo, assim, uma população mais sedentária,

obesa e com diversas doenças. De protagonistas do esporte, o que se têm são espectadores

do esporte.

Em muitos momentos, a tarefa do professor não foi a de possibilitar oportunidades

a todos os alunos para que pudessem descobrir e vivenciar a cultura corporal de

movimento, mas captar os biologicamente mais bem-dotados e treiná-los com o intuito de

levá-los a conquistar espaços em equipes esportivas e, assim, representarem a escola ou

outras instituições. Parece que tal processo de seleção era algo quase que inconsciente no

docente que, em muitos momentos, habita o imaginário social da Educação física escolar.

A partir disso, pode-se perceber a dificuldade dos professores em desenvolver os trabalhos

em turmas heterogêneas (DAOLIO, 1996).

Seguimos com as estratégias para ensinar o esporte.

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33

4 – ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR O ESPORTE

A Educação Física tem buscado, ao longo dos anos, avançar e superar os modelos

dominantes da área: tecnicismo e esportivismo. Contudo, o cotidiano escolar ainda é

composto por práticas esportivas que produzem fortemente estes modelos (CORREIA,

2006).

Percebe-se a presença de tais modelos nas aulas de Educação Física escolar, pois

em sua grande maioria, os profissionais dão ênfase às técnicas esportivas e, com isso, os

alunos são ensinados através de exercícios que buscam aprimorar a técnica necessária para

tal prática. No entanto, vale lembrar que o indivíduo é um ser sociocultural e as aulas

voltadas apenas para a técnica esportiva colabora para a fragmentação da formação integral

dos mesmos e alguns aspectos importantes não são desenvolvidos, como: respeito mútuo,

cooperação e afetividade que são a base para viver em sociedade (GUIMARÃES; ET AL,

2001).

Em oposição aos modelos dominantes (tecnicismo, esportivista e biologista),

começam a surgir, na década de 70, novas abordagens com o intuito de trazer uma maior

ação e reflexão da Educação Física e, com isso, buscou-se tentar atender as diferentes

dimensões do ser humano. Algumas abordagens foram bem impactantes: a psicomotora, a

construtivista, a desenvolvimentista e as abordagens críticas que puderam colaborar para

ampliação das práticas pedagógicas educacionais e também a visão da área em relação aos

possíveis conteúdos a serem ensinados (BRASIL, 1998).

O Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) nos lembra que, em relação ao âmbito

escolar, a partir do Decreto n. 69.450, de 1971, considera a Educação Física como “a

atividade que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e aprimora forças físicas,

morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando” (p.22).

A história nos conta que, nesse período, a Educação Física escolar continuou com

seu enfoque na aptidão física. Também não pudera ser diferente, pois o país se encontrava

em meio ao período mais sombrio de sua história: a ditadura militar. O esporte nessa época

era usado pelos governantes como produto de massificação e alienação da população

brasileira.

Abrimos um parêntese para relembramos e elucidarmos o que foi dito. Como

exemplo, podemos citar o programa “Esporte para Todos”, conhecido EPT, programa de

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cunho político usado como manobra eficaz de alienação da população através do esporte.

Segundo Castellani Filho (2008),

Foi também no início dos anos 70, que começou a ganhar corpo, o depois

conhecido como Movimento “Esporte para Todos”, o EPT... “Braço direito do

Desporto de massa, apresentado como uma proposta de esporte não formal,

inspirado no quadro teórico da Educação Permanente, encontrou o EPT, campo

fértil para sua propagação em nosso país, a partir da necessidade sentida pela

classe dominante, de convencer os segmentos menos favorecidos da sociedade

brasileira, de que o desenvolvimento econômico propalado na fase do “milagre”

tinha correspondente no campo social. Essa idéia foi apreendida nos sinais tidos

como significativos de melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro

(abstratamente considerado, por considerar a divisão da sociedade em classes

sociais). O EPT, assim, seria a comprovação de que ao desenvolvimento

econômico alcançado no início da década de 70, correspondia o desenvolvimento

social da sociedade brasileira, expresso - dentre outras formas - no acesso às

atividades físicas de lazer pela camada da população, até então, dela alijada [...]

(p. 116).

Retomando o assunto, infelizmente, muitos professores ensinam para seus alunos a

exclusão dos menos habilidosos. A trapaça à falta de respeito são atitudes normais

presentes no ambiente esportivo, pois são aspectos importantes para a conquista das

vitórias. Além disso, reforça que a justiça, a igualdade de oportunidades, dentre outros

valores éticos - que podem ser melhorados com a prática esportiva - não são importantes e

até podem atrapalhar os triunfos nas competições (KORSAKAS; ROSE JÚNIOR, 2002).

Esses valores distorcidos são trabalhados e ensinados durante as aulas, como

também as técnicas das modalidades propriamente ditas e, para o ensinamento dos

fundamentos, existem métodos de ensino tradicionais, como método parcial, global entre

outros.

O método parcial é caracterizado pela utilização de exercícios desvinculados do

contexto do jogo no processo de ensino que consiste em ensinar determinada modalidade

esportiva através da repetição dos movimentos e técnicas específicas dos esportes. Nesse

método, dedica-se a maior parte do tempo ao aprendizado das partes em detrimento da

prática do todo (jogo). É interessante lembrar que, no contexto histórico da Educação

Física, o método parcial foi (e ainda é) muito utilizado. Desse modo, o professor se

mantém em uma posição de único responsável pela montagem, duração e modificação dos

exercícios e, portanto, é apontado como a figura central do processo de ensino (DARIDO;

BONFOGO, 1993).

Há uma contínua evolução dos esportes, sendo que a cada dia surgem novas

possibilidades e novos métodos para melhor atender o interesse dos alunos. Porém, o

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modelo tecnicista ainda é utilizado na maioria das vezes pelos professores, talvez, por

acreditarem na alta eficácia desta proposta. No entanto, existem novos modelos de ensino

dos esportes que não visem somente o gesto técnico (CASTRO; GIGLIO; MONTAGNER,

2008).

O tecnicismo ainda é priorizado por muitos docentes que não enxergam o processo

de educação de forma democrática, pois querer centrar o poder em si, torna-se o ensino

tanto quanto autoritário; como já descrito, o discente tem que estar no papel de

protagonista de seu aprendizado e não na situação de coadjuvante. A dialética deve ser a

priori no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, a troca de conhecimento se faz

necessária ocorrer entre ambas as partes, professor/aluno, para chegarmos naquilo que

Paulo Freire entende como uma educação transformadora e não uma educação bancária na

qual o docente somente deposita o conhecimento ao seu discente.

Outro método importante, apontado por Darido e Bonfogo (1993) para o processo

de ensino aprendizado dos esportes, é o método global, visto como uma maneira de ensinar

por meio do todo (jogo). Deste modo, é possível ter uma maior valorização da construção

do conhecimento, sendo que o professor pode ter contribuições e intervenções importantes

em relação ao respeito ao adversário, às regras e também propiciar a aprendizagem das

estratégias e os aspectos intrínsecos ao jogo. Alertamos que esse método não é

simplesmente “jogar por jogar”. Ele trabalha o aluno por meio de jogos, minijogos, jogos

pré-desportivos, entre outros, com a constante presença do professor, fazendo intervenções,

mediações a todo o momento em que for necessário, pois o deixar jogar não é sinônimo de

método global.

Como ponto positivo do método em questão, podemos afirmar que o mesmo é

muito estimulante para os discentes.

Greco, Benda e Ribas (2001) propõem que o ensino-aprendizagem-treinamento é

modelo com uma maior abrangência que os métodos de ensino, pois, de acordo com os

autores, este modelo pode formar o aluno para a prática esportiva e para a vida, fazendo

com que a criança incorpore a atividade física em seus hábitos.

Este modelo é dividido em nove fases: Fase pré-escolar até os 6 anos; Fase

universal dos 6 aos 12 anos, sendo a mais ampla e rica dentro do processo de formação

esportiva; Fase de orientação, iniciando por volta dos 11 e 12 anos e perdura até os 13 e

14 anos; Fase de direção, iniciada por volta dos 13-14 anos até os 15-16, podendo

começar o aperfeiçoamento e a especialização técnica em uma modalidade esportiva,

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valorizando a participação em outras modalidades esportivas complementares; Fase de

especialização, iniciando aos 15-16 e se prolonga até os 17-18 anos; Fase de

aproximação que abrange o período de 18 aos 21 anos, ocorrendo uma possível transição

para a carreira esportiva. As outras três são: Fase de alto nível, Fase de recuperação e

Fase de recreação e saúde (GRECO; BENDA; RIBAS, 2001).

Ressaltamos a contribuição de Korsakas e Rose Júnior (2002) que trazem à tona a

ideia do princípio educativo. Para ambos, alguns princípios são importantes ao ensinar o

esporte, como a heterogeneidade, por exemplo, colaborando com o enriquecimento do

processo de aprendizagem. Se apoiam na coeducação que significa uma transformação

recíproca, ou seja, uma criança que domina um conteúdo auxilia no aprendizado de outra,

ou seja, meninos e meninas desenvolvendo as atividades juntos. Com isso, o professor

mediador pode enfatizar a união dos esforços dos alunos para as conquistas de metas em

comum, pois os indivíduos aprendem e ensinam quando se envolvem, enquanto se

comunicam e trocam aprendizados.

4.1 O jogo como meio para o ensino dos esportes

De acordo com Costa e Nascimento (2004), o método global é caracterizado pela

situação de jogo, por este motivo gera um alto nível de motivação. Assim, alguns

professores tentam justificar a utilização do jogo propriamente dito a todo o momento.

Sendo assim, utilizar sempre essa possibilidade, ou seja, colocar apenas o modelo de

esporte de alto rendimento nas aulas de Educação Física e permitir que os alunos

exclusivamente só joguem, sem uma intervenção adequada e efetiva por parte do educador,

poderá colaborar para que haja um aprendizado insatisfatório.

A singularidade dos indivíduos faz como que as salas sejam heterogêneas, portanto

o ensino não pode ser homogêneo. Sempre o mesmo, devido à diferença individual, uns

aprendem só jogando e outros não. Sendo o método global amplo que não se restringe ao

jogo de forma acabada, o profissional, dentro desse método, pode criar variáveis que

atendam ao anseio de todos os discentes.

Para Barroso e Darido (2006), o esporte como conteúdo da Educação Física escolar

possui muitas características que podem ser exploradas pelos professores e alunos. Diante

disso, aqueles não devem ficar restritos aos movimentos e técnicas necessárias à prática

esportiva e também não ter um olhar diferenciado apenas para os mais habilidosos. Sendo

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assim, é essencial ofertar condições a todos os alunos, independente das diferenças físicas

e motoras.

Por vezes, os professores pulam as etapas do aprendizado dos jogos esportivos

coletivos e vão direto para o jogo, criando frustrações dos professores/técnicos e ainda a

formação de alunos dependentes, pois tais educadores não estimulam as reflexões dentro

das práticas corporais propostas nas aulas. (VENDITTI JÚNIOR; SOUSA, 2008).

A dependência desse aluno se dá no campo de entender o novo, sendo que cada

ação do jogo e da vida são inéditas, o deparar com o desconhecido é rotineiro. Portanto, se

o aluno/indivíduo não for educado em prol da autonomia, versará no momento de tomada

de decisão em situações que desconhece.

Castro, Giglio e Montagner (2008) apontam o jogo como uma ferramenta muito

interessante para o aprendizado dos esportes coletivos, pois existem várias semelhanças

funcionais, além de ter uma grande transferência do aprendizado para outras modalidades

esportivas e para a própria modalidade objetivada. Os jogos esportivos coletivos fazem

parte da cultura do país e é um excelente meio para a formação dos cidadãos. Nesse

sentido, a prática deve ser realizada de forma criteriosa, sadia e com objetivos claros

(PIMENTEL; GALATTI; PAES, 2010). Portanto, o profissional de Educação Física tem

que chamar atenção dos alunos para as práticas esportivas através de recursos pedagógicos

diferenciados que os motivem a participar das aulas de conteúdo esportivo (VENDITTI

JÚNIOR; SOUZA, 2008).

Ainda de acordo com os autores citados, muitos modelos têm como objetivo a

compreensão da tática, a ocupação dos espaços e o desenvolvimento das habilidades dentro

do contexto do jogo. Sendo assim, tornam-se peças fundamentais para um aprendizado

significativo. Nesse sentido, o jogo gera alegria, tensão, incerteza, imprevisibilidade,

ordem e desordem, sendo seriamente encarado por seus participantes. O jogo possui

características antagônicas caracterizadas por ser um sistema fora de controle e do poder

coercitivo do professor (LEONARDO; SCAGLIA; REVERDITO, 2009).

A incerteza do jogo, a busca pelo inédito são fatores de estímulo à participação.

Porém, dentro do ambiente escolar, essa participação deve estar pautada de conhecimentos,

e não somente jogar pelo puro prazer de jogar.

O jogo é um fenômeno cultural carregado de valores éticos, mas propõe uma

suspensão da realidade. O professor tem a possibilidade de organizar práticas pautadas por

uma teoria fundamentada no jogo, o qual deve ser realmente jogado para atingir os

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objetivos e gerar uma prática significativa. Para Castro, Giglio e Montagner (2008), esta

atividade é considerada uma ferramenta facilitadora da aprendizagem, pois oferece

condições de liberdade de expressão e a busca pela auto superação que os próprios

jogadores se impõem, além de possuir caráter lúdico. Kroger e Roth (2002) relatam que

para aprender o jogo é necessário jogar, sendo assim as crianças devem aprender primeiro

a jogar com liberdade, buscando reconhecer e perceber os problemas presentes.

De acordo com Bolonhini e Paes (2008), Teaching Games for Understanding

(TGFU) é apontada como uma forma de ensino contextualizada que utiliza jogos reduzidos

para ensinar o esporte. Tais jogos podem ser com espaços, número de jogadores e tempo

reduzidos, equipamentos e regras adaptadas. Porém, a estrutura tática é muito semelhante,

e, com isso, o aluno compreende a lógica do jogo para que, assim, seja capaz de dar

respostas para as inúmeras situações-problema presentes em uma partida.

Portanto, o foco é na compreensão da tática, antes mesmo de se preocupar com o

aprendizado do gesto técnico. É importante ressaltar que, nesta forma de ensinar o esporte,

a reflexão coletiva sobre a prática e também a elaboração de estratégias, verbalização e

análise são pontos necessários para a construção do conhecimento, ou seja, ação-reflexão-

diálogo-ação e, com isso, fazer com que os alunos se posicionem criticamente durante este

processo. Diante disso, o professor de Educação Física deve intervir fazendo

questionamentos para favorecer esse crescimento nos alunos.

Bayer (1986) propõe os princípios operacionais dos quais a conservação da posse

de bola, a progressão dos jogadores até a meta e ataque adversários são relatados como

princípios ofensivos. Os defensivos são compostos pelos seguintes pontos: recuperar a

posse de bola, impedir e dificultar a progressão dos jogadores e proteger sua própria meta.

Todos estes princípios, de acordo com o autor, são muito importantes na montagem dos

jogos para os alunos e estão totalmente interligados aos esportes coletivos.

Sendo assim, é necessário que professor esteja consciente sobre a importância do

planejamento das atividades esportivas e da utilização de uma metodologia de ensino,

partindo do conhecimento prévio dos alunos, para que, ao mediar um novo aprendizado -

seja ele motor, cognitivo ou afetivo-social - a bagagem de experiência destes alunos,

acumulada ao longo dos anos e adquirida em diferentes espaços educacionais, possa

auxiliá-los durante as aulas de Educação Física escolar. Desse modo, a criança é vista

como um ser cultural que vai sendo formado e “moldado” a partir das influências de seus

pais, de familiares, do ambiente escolar, do meio no qual está inserido e das atividades

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motoras, como: jogos, brincadeiras, dentre outras atividades (KORSAKAS; ROSE

JÚNIOR, 2002).

Para uma aprendizagem significativa, os estilos de ensino - abordados a seguir -

também são importantes estratégias para os docentes ensinarem o esporte na escola.

4.2 Estilos de Ensino

Os Estilos de Ensino é uma teoria proposta por Muska Mosston (1986) e, de acordo

com Gozzi e Ruete (2006), fazem parte de um Spectrum que compõe uma teoria que

objetiva analisar a estrutura das tomadas de decisões em um comportamento de ensino e

aprendizagem. Tais decisões podem ser tomadas tanto pelo professor quanto pelo aprendiz-

aluno. É importante ressaltar que o conhecimento do Spectrum possibilita ao professor

novos caminhos didáticos pelo conhecimento e utilização de vários estilos de ensino, como

mudar de um para outro. Tal conhecimento poderá auxiliar no planejamento das aulas,

visando que o educador se torne observador, conselheiro e criador que consiga colaborar

para o desenvolvimento da autonomia de seus alunos.

De acordo com Krug (2009), existe uma Anatomia dos Estilos de Ensino que é

composta por três fases:

Pré-impacto: está relacionada a todas as decisões que antecedem o contato entre o

aprendiz e o professor, ou seja, o planejamento;

Impacto: corresponde às decisões ligadas à ação e à implementação do

planejamento;

Pós-impacto: agrega as decisões voltadas à avaliação e à performance do que foi

aplicado na etapa de Impacto, ou seja, é responsável por analisar o desenvolvimento das

etapas anteriores para fazer os ajustes necessários.

O Spectrum foi desenvolvido por Muska Mosston (1986), sendo formado por dez

estilos de ensino que representam duas capacidades básicas humanas: a reprodução e a

produção de novos conhecimentos.

No entanto, outros autores relatam que os estilos são organizados de acordo com

essas capacidades. Sendo assim, os estilos de Comando (A), Tarefa (B), Recíproco (C),

Auto checagem (D) e Inclusão (E) estão vinculados à reprodução. Já os estilos Descoberta

Guiada (F), Descoberta Convergente ou Solução de Problemas Convergente (G) estão

relacionados à descoberta e à produção de novos conhecimentos. Por fim, os estilos

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Descoberta Divergente ou Solução de Problemas Divergente (H), Individual (I), iniciado

pelo aluno (J), e Auto Ensino (K) estão ligados à descoberta e criatividade (GOZZI;

RUETE, (2006); KRUG, 2009).

4.2.1 Estlios de ensino voltados para a reprodução

Em uma situação de ensino e aprendizagem, professor e aluno podem tomar as

decisões durante os diferentes momentos da aula. No entanto, em uma aula na qual o estilo

(A) manda direto ou Comando é aplicado, o professor é o principal condutor das ações, ou

seja, toma todas as decisões nas três fases: pré-impacto, impacto e pós-impacto. Desta

forma, resta ao aluno apenas acatar e executar as tarefas propostas (MOSSTON;

ASHWORTH, 1986).

Nesse sentido, Heine, Carbinatto e Nunomura (2009) relatam que o estilo de

ensino Comando (A) é apontado como uma ferramenta importante para o ensino de

habilidades motoras e possui algumas vantagens como: objetivos claros, aquisição das

habilidades realizada de maneira específica, eficiência na organização do grupo e no tempo

de execução das atividades. Neste estilo, os alunos se sentem seguros por saber o que e

como irão desempenhar as atividades. Sendo assim, o professor determina tudo, ou seja, o

volume, o ritmo, a intensidade e, com isso, não abre espaço para a criatividade individual e

autonomia dos alunos.

De acordo com Mosston e Ashworth (1986), o segundo estilo, denominado Tarefa

(B), uma nova realidade é estabelecida entre professor e aluno, pois novas condições de

aprendizado são ofertadas e o professor passa a confiar mais nos alunos e fornece uma

devolutiva sobre as execuções das tarefas para cada um, em particular.

Desta forma, no estilo Tarefa (B), é esperado que os alunos executem a tarefa

conforme um modelo, mas existe a possibilidade de que tomem decisões relacionadas ao

domínio físico, ordem das tarefas, tempo de início, velocidade e ritmo de execução, dentre

outros (GOZZI; RUETE, 2006). Sendo assim, este estilo está ligado à situação pedagógica

na qual o professor apresenta uma tarefa à turma, mas que pode ser realizada de acordo

com o padrão de desempenho de cada aluno, ou seja, o aluno conhece seus limites, pode

escolher o número de vezes, a duração e intensidade que conseguir superar, ou seja,

respeita-se sua individualidade (HEINE; CARBINATTO; NUNOMURA, 2009).

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O terceiro estilo apontado por Mosston e Ashworth (1986) é o Reciproco (C) no

qual favorece as relações sociais entre os alunos e possibilita condições para oferecer

devolutivas imediatas. Desta forma, o aluno tem a oportunidade de repetir as tarefas tendo

um observador pessoal em que os papeis são trocados. Com isso, o aluno, no momento,

executa e, em outro, observa.

Krug (2009) afirma que a interação social entre os pares e os possíveis feedbacks

proporcionados pelo par, sob a supervisão do docente, estão relacionados ao estilo

Recíproco (C). Neste estilo, é importante ressaltar que o retorno dado pelo par está

embasado em uma ficha construída pelo professor que os auxiliará na execução e na

observação das tarefas.

Na medida em que novos estilos são utilizados, também novas realidades são

propostas e, com isso, transferem-se mais responsabilidades para os alunos. Diante disso,

no estilo Auto checagem (D), o aluno já passou pelos outros estilos, possuindo certa

experiência para analisar suas ações e execuções e, assim, fornecer o seu próprio feedback.

Liberando, desta forma, a total dependência de fontes externas para avaliarem e

manifestarem suas devolutivas (MOSSTON; ASHWORTH, 1986).

Desta forma, no estilo Auto checagem (D), a retroalimentação deixa de ser dada

pelo professor, ou por outro aluno, e passa a ser responsabilidade do próprio, buscando,

assim, mais poder de decisão (GOZZI; RUETE, 2006).

Para Mosston e Ashworth (1986), nos quatro primeiros estilos prevalece a mesma

característica, ou seja, executar um padrão único definido pelo professor. Contudo, no

estilo Inclusão (E), é proposta uma concepção diferente das tarefas, pois múltiplos níveis

de uma mesma tarefa são ofertados para os alunos. Assim, o aluno poderá escolher em qual

nível ele se encaixa, liberdade esta que não era permitida nos estilos anteriores.

Sendo assim, no estilo Inclusão (E), pode-se dizer que são planejados vários níveis

de dificuldade com a intenção de incluir todos os alunos, ou seja, ao explicar a atividade, o

professor comentará sobre as opções possíveis. Isso permite ao aluno fazer uma reflexão e

escolher o desafio adequado à suas características. Dessa maneira, ele aprende a avaliar as

opções e quando estará pronto para partir para outro nível (KRUG, 2009).

Os cinco estilos apresentados neste tópico estão relacionados à execução de tarefas

propostas pelo professor, tendo constantes retroalimentações pelo próprio ou mesmo pelos

alunos. Em cada estilo é aumentada, aos poucos, a autonomia dos alunos. Abaixo

descreveremos os estilos que favorecem a produção de novos conhecimentos.

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4.2.2 Estlios de ensino voltados para a produção do conhecimento

Com relação à descoberta e produção de novos conhecimentos, existem diferentes

estilos. Gozzi e Ruete (2006), assim como Mosston e Ashworth (1986) relatam que o estilo

Descoberta Guiada (F) é caracterizado pela relação particular entre professor e aluno.

Sendo que os inúmeros questionamentos do professor irão gerar uma sequência de

respostas dadas pelo aprendiz, ainda que cada pergunta leve apenas uma resposta. Isso gera

um processo que converge para o descobrimento de um conceito planejado.

Nesse estilo, a paciência é uma qualidade essencial para o processo. Sendo assim,

tanto o aluno como o professor, precisam desenvolver essa qualidade para o melhor

aproveitamento (MOSSTON e ASHWORTH, 1986).

No estilo de Descoberta Convergente ou Solução de Problemas Convergente (G), o

aluno é estimulado a utilizar o seu raciocínio, pensamento crítico, ensaio e erro com o

intuito de descobrir uma única resposta para a questão ou uma solução para o problema

(KRUG, 2009).

O estilo Divergente, de acordo com Mosston e Ashworth (1986), possibilita que o

aluno inicie a descoberta e a produção de opções com relação ao conteúdo. O aluno, neste

contexto, toma as decisões em relação às tarefas específicas, permitindo envolver-se com a

capacidade humana da diversidade, convidando-o a ir além do conhecido.

Sendo assim, o estilo de Descoberta Divergente ou Solução de Problemas

Divergente (H) é caracterizado pela busca de múltiplas e divergentes respostas, fazendo

com que o aluno entenda a estrutura da atividade e, assim, com criatividade e suas

habilidades, consiga verificar e encontrar inúmeras soluções para determinado problema

(GOZZI; RUETE, 2006).

A respeito do estilo Programa Individual, Mosston e Ashworth (1986) relatam que

esse estilo representa um passo além da descoberta, ou seja, o aluno descobre e monta a

pergunta/problema, o professor decide o conteúdo, o tema geral e o aluno tem a missão de

tomar as decisões em relação às perguntas/problemas e as múltiplas soluções, organizando-

os por categorias, temas e objetivos. É importante ressaltar que, para ter êxito neste estilo,

é necessário que o aluno tenha adquiridos inúmeras experiências nos estilos anteriores.

Reforçando este conceito, Krug (2009) define Programa Individual (I) como um

momento de maior independência para descobrir a solução para o problema do aluno.

Neste momento, o papel do professor consiste em participar nas decisões sobre o conteúdo

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geral a ser apresentado, enquanto o papel do aluno é executar um tópico específico deste

conteúdo geral, ou seja, identificar e analisar situações para a solução deste desafio, além

de planejar o desempenho nas ações.

Já o estilo Iniciado pelo aluno (J) está ligado à condição do ensino e da

aprendizagem pelo próprio aluno. Apesar de muito parecido com o estilo Programa

Individual em sua estrutura e procedimentos, este possui uma mudança considerável, pois é

a primeira vez que o aluno inicia a atividade e este decide se está pronto para continuar,

investigar, descobrir, montar o programa e colocá-lo em prática para o seu próprio

desenvolvimento. Sendo assim, o aluno tem sobre ele a máxima responsabilidade para

executar os episódios de ensino e aprendizagem (MOSSTON; ASHWORTH, 1986).

O estilo Auto Ensino (K) dispensa a presença do professor, pois o objetivo é

ensinar a si mesmo (GOZZI; RUETE, 2006). De acordo com Mosston e Ashworth (1986),

o próprio indivíduo toma todas as decisões que, previamente, foram tomadas por professor

e aluno, participando, assim, dos dois papéis. Essa reciprocidade ocorre na própria reflexão

do aluno e de suas próprias experiências. É importante ressaltar que estes dois últimos são

difíceis de serem encontrados nas aulas de Educação Física.

Apresentamos os estilos de ensino e, na sequência, discutiremos a proposta de

ensino da cidade de Aparecida-SP.

4.3 Proposta de Aparecida-SP

A Secretaria Municipal de Educação da cidade de Aparecida-SP elaborou um livro

didático para os professores no qual possui o conteúdo programático divididos em quatro

bimestres. Sendo estes relacionados às disciplinas que são contempladas do 6º ao 9º ano.

No que se refere à disciplina Educação Física, foi proposto conteúdos relacionados ao

conhecimento sobre o corpo, atividades rítmicas e expressivas, lutas, jogos, brincadeiras e

o esporte.

Esportes coletivos de quadra são sugeridos pelo livro didático nos quatro bimestres

de todos os anos Ensino Fundamental II. Iniciado no primeiro bimestre do sexto ano com a

modalidade voleibol, em seguida, no segundo bimestre, o futsal; no terceiro, o handebol e,

por fim, no quarto bimestre, o basquetebol. É indicado que os professores ensinem as

regras, os fundamentos e a história destes esportes, seguindo a mesma ordem em todos os

anos.

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São propostos outros esportes, tais como atletismo, jogos paraolímpicos, capoeira

entre outras artes marciais e também tópicos diferentes como a violência no esporte, a

organização e o planejamento de eventos esportivos, porém são pontuados minimamente e,

no livro didático, não se repetem ao longo do ciclo. Fica clara a importância dada aos

esportes coletivos de quadra.

É importante ressaltar que neste livro didático contém apenas tópicos e subtópicos

sobre os conteúdos, não existem exemplos de aulas, ou de atividades. Sendo assim, a

criatividade e o planejamento das aulas ficam sob a responsabilidade e a criatividade do

professor. No entanto, o livro didático propõe uma direção para os professores, e, além

disso, podem desenvolver o trabalho de uma forma similar nas escolas.

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45

5 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.1 Caracterização da pesquisa

Richardson (1999) destaca que existem dois métodos de pesquisa, o quantitativo e o

qualitativo. O primeiro se refere ao tratamento das informações de forma quantificada,

medindo a frequência com que certas coisas acontecem. Já o método qualitativo perpassa

pela interpretação das palavras e situações. De acordo com o objetivo deste estudo no qual

as percepções dos professores serão analisadas e as suas aulas observadas, optou-se pelo

método qualitativo.

Thomas e Nelson (2002) complementam que a pesquisa qualitativa tem como

objetivo compreender a essência do fenômeno. Busca-se entender o significado de uma

experiência para os participantes em um ambiente específico. Silva (1991) coloca que

realizar uma pesquisa, numa perspectiva fenomenológica, implica em mover-se ao redor de

algum fenômeno na busca pelo conhecimento.

Martins e Bicudo (2003) apresentam a pesquisa qualitativa como a busca pela

compreensão do objeto pesquisado sem a pretensão de produzir generalizações, princípios

e leis. Ela visa ao entendimento, e não a explicação dos fenômenos estudados.

A pesquisa qualitativa de caráter descritivo está ligada ao estudo de status, sendo

utilizada com grande frequência nas áreas da educação e das ciências comportamentais. É

importante ressaltar que a relevância deste tipo de pesquisa está ligada ao fato de que os

problemas podem ser solucionados e as práticas otimizadas através das observações,

análises, descrições objetivas e íntegras (THOMAS; NELSON, 2003).

Para Martins e Bicudo (2003), na abordagem fenomenológica, o pesquisador

procura reavivar, tematizar e compreender os fenômenos da vida cotidiana do modo como

tais fenômenos são vividos, experienciados e conscientemente percebidos. Diante disso, o

pesquisador tem a responsabilidade de desvelar e explicitar a construção dos

acontecimentos relacionados à vida diária dos sujeitos em relação ao fenômeno estudado,

fazendo com que este fenômeno se mostre na linguagem do sujeito pesquisado, ou seja, nas

mais variadas formas pelas quais eles podem aparecer tipicamente.

Este estudo foi aprovado pelo comitê de Ética da Universidade São Judas Tadeu

(USJT) sob o registro CAAE 39164314.9.0000.0089 e se caracteriza como uma pesquisa

qualitativa de caráter descritivo com abordagem fenomenológica. De acordo com o

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objetivo deste estudo, as percepções dos professores serão analisadas. Assim, optou-se pelo

método qualitativo.

5.2 Instrumentos de coleta de dados

Para a realização desta pesquisa foi utilizada a entrevista semiestruturada que

consiste em questões em uma ordem pré-determinada realizada pelo entrevistador. No

entanto, dentro de cada questão, há liberdade para o entrevistado acrescentar comentários.

Além disso, outras questões podem ser levantadas, dependendo das respostas dos

entrevistados, ou seja, podem existir questões suplementares sempre que algo de

interessante apareça e que não esteja previsto na lista original de questões (MOREIRA,

2004).

Costa e Costa (2009) propõem o uso da entrevista como uma prática discursiva a

partir da qual é possível construir faces da realidade. No momento da entrevista, o

pesquisador poderá apreender as respostas verbais e não verbais frente às perguntas que

fará.

A sensibilidade e a percepção do pesquisador são essenciais na captação e no

processamento das observações e das respostas. A visão do mundo varia com a percepção

de cada um sendo largamente subjetiva, diante disso, a observação e a coleta de dados

precisam ser realizadas no ambiente natural no qual ocorre o fenômeno que está sendo

investigado (THOMAS; NELSON, 2003). O roteiro completo de entrevista está descrito

no Apêndice III desta pesquisa. A entrevista foi composta por três questões abertas, sendo

que a primeira tem como função auxiliar na compreensão das duas últimas questões.

5.3 Sujeitos da pesquisa e critérios de inclusão e exclusão

5.3.1 Amostra

Foi composta por doze (n=12) professores de Educação Física de ambos os sexos,

dos quais lecionam em oito (n=8) escolas públicas da cidade de Aparecida-SP. Porém, dois

(n=2) professores não aceitaram participar da pesquisa. Os participantes assinaram o

Termo de Consentimento livre e esclarecido (TCLE) que se se encontra anexo ao trabalho

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(Apêndice II). A Secretaria de Educação do município de Aparecida-SP autorizou o estudo

e assinou o Termo de Autorização e Responsabilidade (Apêndice I).

5.3.2 Identificação dos sujeitos

Os colabores desta pesquisa foram compostos por professores de Educação Física

escolar, sendo sete do sexo masculino e três do sexo feminino. A média de idade deste

grupo foi de 38,3 anos com desvio padrão de 9,02 anos. Com relação ao vínculo

empregatício destes professores, sete eram efetivos no cargo, enquanto três eram

contratados. Esse contrato tem a duração de um ano e, para isso, é realizado um processo

seletivo.

Dois docentes possuíam experiência com a Educação Física escolar de 1 a 5 anos.

Cinco possuíam entre 6 a 10 anos de experiência com as aulas de Educação Física. Dois

deles já possuíam de 11 a 15 anos de experiência na escola e, por fim, apenas um professor

possuía 20 anos de experiência na docência.

Quadro 1: Identificação dos sujeitos

Características /Sujeitos P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total

SEXO

Masculino X X X X X X 6

Feminino X X X X 4

Idade

24 a 29 anos X X 2

30 a 35 anos X X X 3

36 a 40 anos X X 2

41 a 45 anos X 1

Acima de 46 anos X X 2

Regime de contratação

Efetivo X X X X X X X 7

Seletivo X X X 3

Tempo de experiência

1 a 5 anos X X 2

6 a 10 anos X X X X X 5

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Em relação à formação inicial da amostra, sete professores possuem licenciatura

plena e três possuem licenciatura e bacharelado em Educação Física, sendo que todos se

formaram em uma faculdade particular da região do Vale do Paraíba. Quanto ao ano de

conclusão da graduação, há uma variação importante, pois dois professores se formaram

até o ano 1989, um professor no ano de 1998, cinco professores entre 2000 e 2009; os

outros terminaram a graduação após o ano de 2010.

No que se refere à formação continuada, o Professor 1 possui uma especialização

em Educação Física escolar, já o Professor 3 possui especialização em Supervisão e

Orientação educacional. O Professor 7 tem especialização em esporte para pessoas com

necessidades especiais, enquanto que o Professor 8 possui especialização em ensino lúdico.

Por fim, o Professor 10 possui uma pós-graduação stricto sensu (Mestrado) em Ciências

Sociais.

Quadro 2: Formação dos sujeitos

Características /Sujeitos P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total

FORMAÇÃO INICIAL

Licenciatura plena X X X X X X X 7

Licenciatura/Bacharelado X X X 3

ANO DE CONCLUSÃO DA

GRADUAÇÃO

Até 1989 X X 2

1990 a 1999 X 1

2000 a 2009 X X X X X 5

2010 em diante X X 2

FORMAÇÃO CONTINUADA

Pós-Graduação lato sensu X X X X X 5

Pós-Graduação stricto

sensu (Mestrado)

X 1

11 a 15 anos X X 2

16 a 20 anos X 1

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5.3.3 Critérios de inclusão

Participaram da pesquisa aqueles que estavam vinculados a uma escola municipal,

atuando diretamente com as aulas de Educação física.

5.3.4 Critérios de exclusão

Foram excluídos do grupo pesquisado aqueles que deram respostas evasivas

durante a entrevista ou que, por algum motivo, não aceitaram participar da entrevista.

5.3.5 Riscos aos sujeitos da pesquisa

Existia um risco, ainda que mínimo, dos entrevistados se sentirem constrangidos

pelas perguntas, porque poderiam percebê-las como uma avaliação de seu trabalho. Esse

risco foi minimizado com o desenvolvimento de um clima de familiaridade entre

pesquisador e pesquisado devido aos contatos anteriores, visitas à escola e esclarecimento

total das possíveis dúvidas dos entrevistados. No entanto, esclarecemos aos professores que

qualquer desconforto na situação de entrevistado poderia, a qualquer momento,

interromper sua participação na pesquisa e que interrupção da entrevista deveria devolver-

lhe a sensação de equilíbrio sem que, para isso, fosse necessária qualquer intervenção do

pesquisador ou de outra pessoa.

5.4 Estudo piloto

Foi realizado um estudo piloto com três professores de Educação Física escolar, do

sexo masculino, todos efetivos no cargo em uma pequena cidade do Vale do Paraíba. Esse

estudo inicial foi autorizado pela Coordenação de Educação Física deste mesmo município.

Os professores foram graduados na mesma faculdade, porém em épocas distintas. Para

tanto, faremos um breve histórico dos nossos colaboradores, identificando-os como sujeito

1, 2 e 3, resguardando, assim, os professores e fazendo valer a ética na pesquisa.

O sujeito 1 tem 30 anos de idade, possui o título de Licenciado e Bacharel em

Educação Física, tem experiência profissional de 10 anos e atua, pelo mesmo período, nas

aulas dessas disciplinas no Ensino Fundamental I e II, em uma escola municipal e não

possui pós-graduação.

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O sujeito 2 tem 26 anos, possui o título de Licenciado e Bacharel em Educação

Física, tempo de experiência profissional de 6 anos, porém, na Educação Física escolar,

está há 4 anos, atuando no Ensino Infantil, Fundamental I e II em escolas municipais.

Atualmente, faz pós-graduação, de caráter lato-sensu, na área de Musculação e

condicionamento físico. Percebe-se, pautado no curso que faz que seu interesse

profissional não é a docência escolar.

Por fim, o sujeito 3 tem 40 anos, é graduado em Pedagogia e possui licenciatura

plena em Educação Física com experiência profissional de 20 anos na Educação Física

escolar. Atua, no momento, no Ensino Fundamental e Médio em escolas municipais e

estaduais. Possui dois cursos de pós-graduação, sendo um em Psicopedagogia e outro em

Atividade motora adaptada.

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6 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

6.1 TRANSCRIÇÃO DO DISCURSO DOS SUJEITOS E REPECTIVAS ANÁLISES

IDEOGRÁFICAS

6.1.1 Transcrição do discurso do Professor 1.

Pesquisador: 1- O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?

Eu penso que o esporte na escola... para educação física, ele é de

fundamental importância. Se nós formos reparar na condição atlética do esporte

brasileiro, hoje o nível de pessoas que procuram o esporte em caindo, número de atletas no

Brasil vem caindo. Então eu acho que o [esporte começa dentro da escola 1] para que se

tenha um incentivo. Nossa cidade hoje, para nós que trabalhamos nos jogos

regionais assim, nós vemos que muitas cidades contratam atletas porque hoje o [esporte

dentro da escola que não existe, não tem mais como fornecer atletas da própria cidade

1], então eu acho que o [esporte dentro da escola é de suma importância, é essencial para o

desenvolvimento do esportenacional.1]

[Do 6º ao 9º ano eu acho que é uma situação onde começa a base 1]. Toda [base

esportiva ela começa desde os 8 anos 9 anos desde que seja forma lúdica ou pré desportiva

3]. Mas de 6º ao 9º ano eu acho que é.... entra naquela situação da importância no

esporte, da relevância do Esporte, porque é fundamento onde você vai ensinar toda a

base para [formação de um atleta 1]. Então esporte do 6º ao 9º ano ele começa a ser

votado muito grande para a [formação de base, os fundamentos é um trabalho que o atleta

vai desenvolver ao longo do esporte que ele precisa praticar. 1]

Pesquisador: E essa formação de base que você fala seria para que? Para o

aluno praticar o esporte na escola. Fora da escola... para a vida?

Professor 1:

Como eu disse na primeira pergunta, nós temos um grande problema com a

formação de atletas para o Brasil, para nossa cidade aqui de Aparecida ou de outros

locais, e a [formação de atletas na própria cidade 1]. Então eu acho assim, que é [essa

formação do atleta dentro da escola vem a calhar sobre isso, a formação para ele ser um

atleta 1].E também como nós sabemos, tudo nessa vida tem regras. [Eu penso que o

esporte, é o que mais vai conseguir ensinar regras para uma pessoa.2] Se a bola tem que ser

em cima da linha ou o passe não pode ser conduzido, não pode ser dois toques no vôlei,

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o handebol, dependendo, você não pode andar com a bola correndo. São regras. [As regras

são de suma importância. É a mesma coisa se ele vai levar essa relevância para a vida

dele.2] [Ele não pode roubar, ele não pode furtar, ele não pode matar, ele não pode fazer o

tráfico, então são as comparações que nós fazemos entre as regras esporte com a regra da

vida 2]. [Para criança saber que tudo tem regra e essa regra pode usar dentro da escola

como fora da escola. 2]

Pesquisador: Você fala de uma transferência. O que aprende no esporte, ele

leva para a vida.

Professor 1:

Exatamente a intenção é sempre essa, que é transferência. [Da mesma forma que

você vai ensinar no jogo coletivo. É saber que um atleta depende do outro. Não é só uma

pessoa que vai resolver o jogo 2]. Se nós fizemos uma comparação, Neymar no Barcelona

joga muito mais. Porque que no Barcelona ele joga muito mais? Porque o conjunto do

Barcelona é interessante. Todo mundo ajuda, então todo mundo sabe sua função, no que

fazer. Já na seleção O Neymar é uma dependência muito grande dele porque hoje não

temos um conjunto. É a mesma coisa é o coletivo, [você ensinar criança através do esporte

a trabalhar o coletivo A trabalhar até mesmo com outras pessoas numa empresa e saber que

ele vai precisar do outro. 2]

Pesquisador: 2 - Quais são seus objetivos educativos ao assinar o esporte na

escola?

Professor 1:

Para falar a verdade eu [sou um cara muito voltado para o esporte e para formação

de atletas 1]. [Eu trabalho na escola e vejo que a formação do atleta é essencial 1]. Eu

gosto muito dessa parte de [formar uma base dentro da escola para a formação do atleta

1]. Como eu já disse é [ensinar ele, através do esporte, um pouco de cidadania 2]. Você

saberá incluir, por regras, que tem regras no esporte, como disse na outra pergunta que tem

regras fora da escola também. [Você usar o esporte para essa questão social e a formação

do cidadão mesmo 2]. Então é isso que nós levamos. Eu tinha um time e os meninos

começaram a jogar com 13 anos. Aqui em Aparecida. E foram comigo até os 20, 21

anos. Nós ficamos tristes, mas um, [dois eu sei que eu perdi para as drogas. Mas a maioria

está no exército ou trabalha 2]. É isso que acaba motivando. Você conseguir, não só você,

mas, [você tem uma parcela de ajuda para que esse menino fosse um cidadão, uma pessoa

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de bem. 2]. [Eu penso que o esporte pode auxiliar pessoas na questão social. 2] [Lógico

que nós também temos alguns problemas dentro do esporte como foi o caso da

Rússia. Quase toda a equipe russa de atletismo foi pega com problema de doping. Isso

não é uma questão certa. Isso não é ser um cidadão de bem. A partir do momento que você

usa qualquer tipo de droga para se dar bem você está burlando as regras. 2]

Pesquisador: 3 - Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas

aulas de educação física. Como você os desenvolve?

Professor 1:

Como eu já disse anteriormente eu sou.... eu gosto muito de esporte. Eu perco

tempo assistindo. Eu passo, o que eu assisto na televisão é tudo voltado para esporte. E os

ensinamentos que eu passo dentro da escola, o conteúdo esportivo, [eu passo a parte

teórica, explico de onde surgiu e como surgiu, como que foi criado aquele esporte, 4] .

[Então eu explico como funciona o que é aquele esporte como se desenvolveu, a

história do esporte é o que eu acho essencial tem gente que acha que não tem nada a ver

passar mas eu gosto de saber da onde veio, porque que foi criado aquele esporte 4.]

[Passo jogos pré desportivos 3] que eu tento tirar e [principalmente a questão de

fundamentos básicos trabalhar muita habilidade né, basquete quicar a bola com uma das

mãos, com as duas primeiro sempre com as duas depois com uma mão só pra criança

aprender a quicar a bola com a direita com a esquerda, devolver habilidade motora 4] [até

que eu chegue na parte das regras 4], onde entra aquela questão que eu falei pra você nós

[usarmos o esporte como matéria de educação para cidadania através do jogo 2], [aí você

começa a passar o jogo você coloca uma regra depois você explica o que pode e o que não

pode,2] porque não adianta eu dar o jogo e a criançada sair empurrando um ao

outro, batendo fazendo isso não sabe como jogar né, então você tem que primeiro: agora

nós vamos quicar. Agora nós vamos quicar e passar a bola. [Sempre lembrar: é jogo

coletivo. 2] Nós temos que passar, então [vamos jogar o joguinho dos dez passes. Saber

que tem que passar, 3] [fazer o nunca três e quicar a bola.3] Agora nós vamos

arremessar. Vamos quicar e arremessar. [E assim você vai evoluindo até chegar, um faz

cesta aqui e o outro faz cesta do outro lado do jogo. Até chegar o visual do jogo. 3]

[De vez em quando eu peço trabalho, converso, porque do sexto ao nono, não tem

que ficar explicando já peço trabalho. Instigar a curiosidade deles para saber 3]. [A escola

pede, às vezes dá uma avaliação tudo sobre aquilo ali, a história, sobre a parte histórica da

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modalidade] e [depois fundamento, 4] [até chegar à parte do jogo.3] [Apesar do 6º ao 9ّº

gente sempre deixar jogar mais. Daí apita para. Não. Olha o jogo não é para fazer isso.3]

Pesquisador: Mas você deixa jogar o jogo mesmo ou alguns jogos pré-

desportivos, como você falou? Como seria, por exemplo? Do sexto ao nono, eles já

vêm com uma certa bagagem para jogar direto como você. Acha que eles precisam

passar pelos jogos pré-desportivos ou pelas brincadeiras ou pela repetição?

Professor 1:

E às vezes o pessoal fica assim: [ah você trabalha no quadrado mágico? Futebol

basquete vôlei e futsal. Sim eu trabalho bastante.4] Por que é aquilo que a escola me

oferece. [Mas, eu trabalho atletismo 4]. Teve até um fato que eu, numa conversa com a

Vice-Diretora, eu até chorava dentro da escola, porque na minha escola tinha uma menina

que era um fenômeno correndo. [A menina era um fenômeno. Tem de oito para nove

anos e se destacava muito e não em cima das outras meninas, mas em cima dos meninos.

1] Então o destaque era muito grande. [ A quadra nossa era pequena, mas eu simular uma

corrida de 200, para eles aprenderem. O que é uma corrida de 200. Começa ali na curva e

vai terminar na reta lá. Então eu sempre brincava: é um " J". A corrida de 200 é um

“J”. Você sai da curva e termina na reta. 4] E era assim, você punha lá na raia de

dentro, na raia para fora ela chegava certinho. Era do mesmo jeito. Não tinha muita

diferença. Isso foi com os meninos. Com as meninas... então era….[ Eu chorava porque a

cidade não proporciona uma atividade, um apoio para que nós professores possamos passar

essas meninas para a cidade. 1]

Pesquisador: Que é uma escolinha... ou uma turma de Treinamento específico.

Professor 1:

Exatamente. Porque daí você vai ver o que? Você vai ver que tudo que faz na

escola vai perder na esquina. Mas ele vai perder na esquina, porque vai chegar numa certa

idade que na esquina ali tem um dinheirinho mais fácil. [Então nós estamos perdendo

muito, porque nós não temos apoio da área Esportiva para essa formação 1]. Então eu acho

assim: eu, voltando à questão de como eu trabalho, eu trabalho nisso. [Trabalho na questão

histórico 4], [com os fundamentos do jogo 4] e o [contexto do jogo 4] O que é o

jogo, trabalho a questão dos fundamentos até chegar à parte do jogo. Faço isso com o

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primeiro ao quinto e do sexto ao nono. [São duas aulas de 50 minutos, aqui é diferente

porque é no contra turno.5]

Pesquisador: O que me intriga aqui é essa questão de sexo. Porque é separado

meninos de meninas. Mulheres e homens. Você acha que isso é ruim? É bom?

Professor 1:

[Se nós formos olhar pela questão social eu acho que a mistura de sexos tanto faz

5.] Porquê do primeiro ao quinto é junto. Durante a grade. Influencia? [Pode influenciar na

hora do futebol. Na hora que você der o futsal ou o futebol vai influenciar porque os

meninos... 5]E difícil você pôr na cabeça deles que eles estão ali. A questão do 6º ao 9º

ano eu... não sei se é melhor ou se é pior, porque aqui em Aparecida está.... Na minha

época era assim. Sempre foi assim e essa questão.... [Às vezes eu acho melhor, as vezes eu

acho pior.5]

Pesquisador: Você ensina o esporte de maneira diferente dos meninos para as

meninas ou não?

Professor 1:

Sim. Como a questão do último bimestre. Estou com o oitavo ano. [Para pôr na

cabeça das meninas que é para jogar futsal, é um sacrifício. Elas não querem. É uma outra

só que joga. Elas não jogam 5]. [Então para ela seu trabalho uma parte mais fitness. 4] A

parte de academia. Aí quando você trabalha essa questão com elas. Aí elas se

interessam mais.] [Estamos tendo no Brasil uma evasão muito grande da disciplina de

educação física, principalmente quando é contra turno.5] Os meninos já não. [Um ou outro

não gosta 5]de, mas pelo menos o fundamento ali, a gente conversa, [faz uma avaliação 3]

ali, [na hora de jogar futebol mesmo, o futebol em si, eu deixo a critério. Tem gente que

gosta e tem gente que não gosta. As outras modalidades, handebol, vôlei, basquete eu já

cobro.6] [Acho que tem de participar. 6]Ah Professor eu gosto de luta. Tudo bem mas

participa para você ver o que é, se você vai gostar. [Eu tenho uma participação muito

maior nas outras modalidades do que no futebol. Sempre fica uns 6 que não gostam, que

não sabem jogar. Existe aquela questão... a panelinha.... O gordinho vai para o gol... por

mais que você trabalha isso sempre tem essa questão. Às vezes eu mesmo ia jogar bola e

falava com os caras lá: gente, futebol é para quem sabe. Quem não sabe não pode

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jogar. Você que está jogando acaba atrapalhando. O cara pegava bola e não sabe nem

chutar a bola. Então aí você.... E o racho de adulto, vira uma guerra tremenda. 6].

Pesquisador: Gostar de fazer. Como você citou alguns pontos da história,

fundamentos sobre os jogos, como você estrutura uma aula sobre o

esporte, independente se ela for teórica ou prática, como que você organizaria? Por

exemplo: ah, hoje eu vou dar aula de…. Sei lá…. Controle de corpo no handebol ou a

história de handebol. Como que você organizaria?

Professor 1:

[Vamos montar um plano de aula. Nós começamos com a parte de aquecimento e

alongamento, explique a importância de se aquecer bem. Ah, mas nós vamos jogar

handebol, porque que eu tenho que aquecer? Porque eu tenho que alongar as pernas? Você

tem que alongar as pernas porque você vai correr. Mesmo você sendo uma criança você

pode ter uma lesão. Isso é uma primeira parte da questão prática. 7] É o

alongamento. [Depois nós passamos para a questão de fundamento. Trabalho com a

questão do fundamento. De quicar a bola, passe com as duas mãos, por cima da

cabeça, passe de ombro com uma mão só, passe quicado, saber que eu posso passar por

cima ou posso passar por baixo. 7] [Então aí vem a parte fundamental até chegarmos a

parte do jogo. Daí já deixa jogar. E durante o jogo, eu vou parando. Para. Isso aqui não

pode. 7] [ Geralmente eu faço a quadra inteira.3 ] [Quando estava acontecendo com o

oitavo ano. Estavam ali poucos meninos, no máximo.... Não dava nem doze... não dava

nem 10... tinha dia que era assim. 5] E o que eu fazia? Por exemplo colocar a meia

quadra. Então a metade da quadra eu colocava, dirigia 2 times, e estava ali.... Olha você

tem 5 chances para fazer um gol. Um time defende e você ataca. Aí deu a 5 e eu

trocava chances. A questão do fundamento até chegar no jogo. Eu sempre trabalho dessa

forma. Mas é sua aula teórica. Pergunto qual.… o que você fez? Sempre tem um que tenha

curiosidade de ler. O outro só faz o cola e cópia. No caso tem a

questão.... Principalmente eu [tento usar a mídia.4] [Olha vai passar um jogo de handebol

feminino na Globo. Assistam para vocês verem e depois a gente conversa.3]

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Pesquisador: Aqui em Aparecida existe a proposta. Você a utiliza? É pedido

que vocês sigam?

Professor 1: [sim, eu utilizo, não sigo à risca, mas utilizo. A secretaria pede que os

professores sigam a proposta, mas é algo flexível.8]

Quadro 3: Análise ideográfica do Professor 1

Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem

do pesquisador

1. O esporte começa na escola.

O esporte da escola que não existe,

não tem mais como fornecer atletas

para a própria cidade.

O esporte da escola é de suma

importância, essencial para o esporte

nacional.

Do 6º ao 9º ano eu acho que é uma

situação onde começa a base para a

formação de um atleta.

Formação de base, fundamentos, é um

trabalho que o atleta vai desenvolver

ao longo do esporte que ele precisa

praticar.

A menina era um fenômeno. Tem de

oito para nove anos e se destacava

muito e não apenas em cima das

outras meninas, mas em cima dos

meninos.

Eu chorava porque a cidade não

proporciona uma atividade, um apoio

para que nós professores

pudéssemos passar essas meninas para

a cidade.

Então nós estamos perdendo

1. O professor relata que o primeiro

contato do indivíduo com o esporte

é na escola. Descreve ainda que a

Educação Física Escolar é um

espaço para formação de atleta,

mas, ultimamente, não está

conseguindo atender esse aspecto.

Reforça a ideia de que a Educação

Física escolar deve formar a base

para ser um atleta, começando do

6º ao 9º ano.

O professor comenta ainda sobre a

falta de apoio da prefeitura para a

formação de atletas, pois os

talentos esportivos escolares não

têm um local em que pudessem

melhorar suas habilidades e

capacidades esportivas.

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muito, porque nós não temos apoio da

área Esportiva para essa formação.

2. Eu penso que o esporte, é o que mais

vai conseguir ensinar regras para uma

pessoa.

Ele não pode roubar, ele não pode

furtar, ele não pode matar, ele não

pode fazer o tráfico, então são as

comparações que nós fazemos entre

as regras esporte com a regra da vida.

Para criança saber que tudo tem

regra e essa regra pode usar dentro da

escola como fora da escola

Da mesma forma que você vai ensinar

no jogo coletivo. É saber que um

atleta depende do outro. Não é só uma

pessoa que vai resolver o jogo, você

ensinar criança através do esporte a

trabalhar o coletivo

A trabalhar até mesmo com outras

pessoas numa empresa e saber que ele

vai precisar do outro.

Ensinar ele, através do esporte, um

pouco de cidadania

Você usar o esporte para essa questão

social e a formação do cidadão

mesmo.

Dois eu sei que eu perdi para as

drogas. Mas a maioria está no exército

ou trabalha.

Eu penso que o esporte pode auxiliar

pessoas na questão social.

Usarmos o esporte como matéria de

2. O professor faz uma relação entre o

aprendizado do esporte na escola e

a vida dos alunos. A partir do

esporte escolar, o aluno aprende os

valores que são básicos para a

sociedade, tais como: amizade,

solidariedade, respeito, união,

coletividade, cidadania e ética.

Com isso, os alunos buscam

caminhos corretos em suas vidas.

Nesse aspecto, o professor comenta

também que o esporte de alto

rendimento traz algumas questões

negativas, como o doping.

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educação para cidadania através do

jogo.

Sempre lembrar: é jogo coletivo.

Lógico que nós também temos alguns

problemas dentro do esporte como foi

o caso da Rússia. Quase toda a equipe

russa de atletismo foi pega com

problema de doping. Isso não é uma

questão certa. Isso não é ser um

cidadão de bem. A partir do momento

que você usa qualquer tipo de

droga para se dar bem você está

burlando as regras.

3. Base esportiva começa desde de os 8

ou 9 anos de idade, desde que seja de

forma lúdica ou pré desportiva.

Passo jogos pré desportivos.

Você começa a passar o jogo você

coloca uma regra depois você explica

o que pode e o que não pode,

Vamos jogar o joguinho dos dez

passes. Saber que tem que passar,

fazer o nunca três e quicar a bola.

E assim você vai evoluindo até

chegar, um faz cesta aqui e o outro

faz cesta do outro lado do jogo. Até

chegar o visual do jogo.

Apesar do 6º ao 9ّº gente sempre

deixar jogar mais. Daí apita

para. Não. Olha o jogo não é para

fazer isso. Até chegar à parte do jogo.

De vez em quando eu peço

trabalho, converso, porque do sexto

3. Para ensinar o esporte na escola, o

professor utiliza atividades lúdicas

e jogos pré-desportivos.

Através do jogo também vai

pontuando as regras da modalidade.

Depois destas estratégias iniciais, o

professor vai aumentando a

complexidade até tentar aproximar

o esporte escolar do esporte formal.

Para isso, faz pequenas pausas

durante a aula e vai explicando

sobre a modalidade.

Além disso, pesquisas na internet e

trabalhos escritos também são

estratégias para que os alunos

aprendam sobre os esportes.

Do 6º ao 9º ano, o professor realiza

provas teóricas para avaliar o

aprendizado dos alunos sobre o

esporte.

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60

ao nono, não tem que ficar

explicando, já peço trabalho. Instigar

a curiosidade deles para saber.

A escola pede, às vezes dá uma

avaliação tudo sobre aquilo ali, a

história, sobre a parte histórica da

modalidade.

Olha vai passar um jogo de handebol

na Globo. Assistam para ver se vocês

gostam depois a gente conversa.

Além disso, solicita que os alunos

assistam a algum tipo de esporte na

televisão para, depois, realizar uma

discussão sobre o assunto na aula

de Educação Física escolar.

4. Eu passo aula teórica, explico de onde

surgiu e como surgiu, como que foi

criado aquele esporte.

Então eu explico como funciona o que

é aquele esporte como se

desenvolveu, a história do esporte é o

que eu acho essencial tem gente que

acha que não tem nada a ver passar,

mas eu gosto de saber da onde veio,

porque que foi criado aquele

exportem. Principalmente a questão

de fundamentos básicos trabalhar

muita habilidade né.

Basquete quicar a bola com uma das

mãos, com as duas, sempre com as

duas depois com uma mão só para a

criança aprender a quicar a bola com a

direita com a esquerda, devolver

habilidade motoras.

Até que eu chegue na parte das regras.

Tento usar a questão da mídia.

4. Com relação aos conteúdos ligados

ao esporte, o professor relata

explicar sobre o histórico, como

surgiu a modalidade e possíveis

curiosidades.

Destaca ensinar os fundamentos

das modalidades, além das

habilidades motoras e as regras

necessárias para a prática esportiva.

5. São duas aulas de 50 minutos, aqui é

diferente por é no contra turno.

5. As aulas nesta cidade pesquisada

acontecem no contra turno e ainda

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61

Se nós formos olhar pela questão

social eu acho que a mistura de

gêneros tanto faz. Às vezes eu acho

melhor, as vezes eu acho pior.

Pode influenciar na hora do futebol.

Na hora que você der o futsal ou o

futebol vai influenciar porque os

meninos...

Para pôr na cabeça das meninas que é

para jogar futsal, é um sacrifício. Elas

não querem. É uma outra só que

joga. Elas não jogam.

Estamos tendo no Brasil uma evasão

muito grande da disciplina de

educação física, principalmente

quando é contra turno.

Quando estava acontecendo com o

oitavo ano. Estavam ali poucos

meninos, no máximo.... Não dava nem

doze... não dava nem 10... tinha dia

que era assim.

são separadas por sexo. Para o

professor, a relação entre os sexos

não faz muita diferença.

Comenta que se a modalidade a ser

ensinada for o futsal, os meninos

irão reclamar por jogar com as

meninas que também não gostam

de jogar essa modalidade. Diante

disso, a separação faz sentido.

É relatado, ainda, um problema

relacionado à evasão, pois, como é

no contra turno, muitos alunos não

vão.

6. Na hora de jogar futebol mesmo, o

futebol em si, eu deixo a critério. Tem

gente que gosta e tem gente que não

gosta.

As outras modalidades,

handebol, vôlei, basquete eu já

cobro. Acho que tem de participar. Eu

tenho uma participação muito

maior nas outras modalidades do que

no futebol. Sempre fica uns 6 que não

gostam, que não sabem jogar.

Existe aquela questão... a

6. Durante as aulas, o professor

comenta que, ao aplicar a

modalidade futsal, poucos alunos

participam e que cobra a

participação nas outras

modalidades. No caso do futsal, é

permitido fazer quem apenas gosta.

Pois este professor afirma que o

futsal é para quem sabe, quem não

sabe acaba atrapalhando.

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62

panelinha.... O gordinho vai para o

gol... por mais que você trabalha

isso sempre tem essa questão. Às

vezes eu mesmo ia jogar bola e falava

com os caras lá: gente, futebol é para

quem sabe. Quem não sabe não pode

jogar. Você que está jogando

acaba atrapalhando. O cara pegava

bola e não sabe nem chutar a

bola. Então aí você.... E o racho de

adulto, vira uma guerra tremenda.

7. Vamos montar um plano de aula. Nós

começamos com a parte

de aquecimento e

alongamento, explique a importância

de se aquecer bem. Ah, mas nós

vamos jogar handebol, porque que eu

tenho que aquecer? Porque eu tenho

que alongar as pernas? Você tem que

alongar as pernas porque você vai

correr. Mesmo você sendo uma

criança você pode ter uma lesão. Isso

é uma primeira parte da questão

prática

Depois nós passamos para a questão

de fundamento. Trabalho com a

questão do fundamento. De quicar a

bola, passe com as duas mãos, por

cima da cabeça, passe de ombro com

uma mão só, passe quicado, saber que

eu posso passar por cima ou posso

passar por baixo. Então aí vem a parte

fundamental até chegarmos a parte do

7. O professor afirma que a aula é

iniciada com o aquecimento

alongamento. Durante essas

atividades, explica a importância de

cada uma para os alunos. Em

seguida, coloca em prática a

execução dos fundamentos da

modalidade que irá ser ensinada na

aula. Logo após, entra a parte

principal composta pelo jogo. Nela,

o professor deixa que os alunos

joguem, mas faz algumas pausas

para explicações.

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63

jogo. Daí já deixa jogar. E durante o

jogo, eu vou parando. Para. Isso aqui

não pode

8. Sim, eu utilizo, não sigo à risca, mas

utilizo. A secretaria pede que os

professores sigam a proposta, mas é

algo flexível.

8. Há uma proposta com os

conteúdos a serem desenvolvidos

pelas disciplinas. O professor segue

esse plano de referência. É pedido

pela Secretaria de Educação da

cidade que seja seguido pelos

professores.

Perfil individual do Professor 1

(1) O professor coloca que o esporte começa na escola. Sendo assim, é um local

que formará a base atlética dos alunos para que possam participar de competições

representando a cidade a qual pertencem. No entanto, essa relação entre escola e apoio

municipal está diminuindo a cada dia, pois o profissional de Educação Física ensina a base

esportiva para os alunos, mas o poder municipal não fornece subsídios, instalações e

professores para que estes jovens sejam aperfeiçoados e possam se tornar atletas

representantes da cidade.

(2) Ao falar sobre os aspectos educativos do esporte, o professor destaca que,

durante as aulas de conteúdo esportivo, os alunos são estimulados a desenvolverem valores

básicos para viver em sociedade, ou seja, amizade, solidariedade, respeito, ética,

honestidade, união, coletividade e cidadania. Sendo assim, o aluno que vivencia a prática

esportiva acaba seguindo por caminhos corretos na vida. Porém, comenta também que o

esporte possui pontos negativos que os alunos precisam aprender como é o caso do doping,

algo ilegal, mas que muitos atletas fazem uso para que possam atingir resultados melhores.

(3, 4) Com relação às estratégias utilizadas, o docente aponta atividades recreativas

ou lúdicas, jogos pré-desportivos e o esporte propriamente dito. Relata sempre intervir

durante as atividades para que os alunos compreendam a modalidade esportiva ensinada.

Trabalhos escritos e pesquisa na internet também são aplicados para que possam aprender

sobre a modalidade esportiva em questão. Alguns conteúdos ficam evidentes na fala do

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64

professor, tais como: a história, pontos relevantes da modalidade, os fundamentos,

habilidades motoras específicas e as regras de cada esporte.

(5) Existe uma peculiaridade nesta cidade, pois as aulas de Educação Física são no

contra turno e separadas por sexo. Em seu discurso, o professor demonstra este primeiro

aspecto que faz com que a aula não tenha tantos alunos frequentes, ocasionando, assim, um

elevado índice de evasão. No que se refere à relação entre os sexos, parece não ser algo

importante para o professor. É um ponto importante, pois meninas têm interesses diferentes

dos meninos. Com isso, turmas mistas dificultariam a prática de determinadas modalidades

esportivas, como, por exemplo, o futsal.

(6, 7) O professor faz um breve comentário sobre sua atuação e intervenção durante

as aulas, cita a questão do futsal, dando a entender que essa é uma modalidade para quem

sabe, pois quem não domina este esporte não deve jogar e que casos de exclusão sempre

acontecem. Com isso, há uma participação menor por parte dos alunos. Destaca ainda que,

nas outras modalidades esportivas, há uma cobrança maior de sua parte para que os alunos

participem. A organização da aula deste professor é marcada pelo aquecimento e

alongamento e por uma sequência de repetição dos fundamentos. Logo após o jogo em si,

não relata se há um fechamento da aula.

(8) A proposta desenvolvida pela Prefeitura Municipal é composta pelos conteúdos

para todas as disciplinas. Os professores são orientados a seguirem estes conteúdos, porém

o professor relata que modificações podem ser realizadas.

6.1.2 Transcrição do discurso do Professor 2

Pesquisador:

1 - O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?

Professor 2:

[O esporte na escola teve uma fase muito boa na qual você conseguiria trazer o

aluno para o convívio da atividade física através do esporte. Hoje, atualmente, foi deixado

um pouco de lado, mas ainda é praticado na escola nas aulas de Educação física 1] [pelo

menos as noções básicas você passa para o aluno para que ele, no futuro, em outro local,

ele possa ter um conhecimento que prática esportiva está sendo realizada 2], então o

esporte está nesta fase na escola.

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65

[Do 6º ao 9º ano a maioria dos professores tem o seu plano de ensino engessado. 1]

[Cada bimestre ele ainda trabalha uma modalidade esportiva, então no primeiro bimestre

ele foca voleibol, no segundo bimestre foca handebol, no terceiro bimestre, quando tem

condições, estrutura, ele foca o basquete e deixa o futsal para o final do ano, onde vai fazer

um torneio, vai fazer o famoso inter classe. 4]

Pesquisador: Esse é mais o geral.

Professor 2:

Esse é o currículo engessado e a gente sabe o que acontece.

Pesquisador: Mas vocês fizeram um acordo entre vocês ou não? Isso é o que

você imagina e acaba vivenciando?

Professor 2:

[Na Secretaria de Educação de Aparecida teve uma reunião e, nessa reunião, com

os professores de Educação física, foi elaborado um livro de apoio e nesse livro foi

colocado os conteúdos que nós devemos seguir. Não é o definitivo, mas foi apenas um

apoio.8]

Pesquisador: Mas ainda é pedido?

Professor 2:

[Ainda é cobrado alguma coisa em relação ao que a gente planejou.8] Quando o

coordenador da escola tem uma visão, ele tem um pouco de conhecimento sobre Educação

física, que é raro, ele se interessa em ver o que o professor está passando para o aluno.

Porque infelizmente a formação dos nossos coordenadores é a pedagogia e voltada para a

alfabetização. [Então nós também de Educação física, nas nossas atividades, nós ajudamos

a professora de sala na alfabetização, a matemática, no português com jogos recreativos,

com jogos adaptados, 2] mas poucos coordenadores têm visão então a [gente fica muito

amarrado, preso a verificar se o aluno está sabendo ler, escrever e interpretar. 2]

Pesquisador: 2 - Quais são seus objetivos educativos ao ensinar o esporte na

escola?

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66

Professor 2:

[Olha eu sempre trabalhei com turma de treinamento. Eu vim de turma de

treinamento certo? Eu comecei no basquete, passei pelo handebol, finalizei agora com o

técnico de vôlei. Essa turma de treinamento visava a participação dos jogos regionais

então a cidade tem que participar dos jogos regionais porque senão ela não é incluída no

projeto do Estado. É verba e vários benefícios. Na escola então existe turma de

treinamento. 1] Ao professor era atribuída a ele aulas. [Ele fazia no contra turno, aquele

aluno que se destacava e que se você percebesse que habilidade dele estava um pouquinho

acima dos demais e aí você trazia para o treinamento. O importante citar aqui é que o

aluno não era bem de português, matemática, ciência, geografia, biologia, mas ele se

destacava na Educação física, no esporte. Então professor de Educação física, muitas

vezes, ele tinha que brigar.... Não sei se é o termo... para aquele aluno poder frequentar as

aulas de treinamento, porque para os outros professores esse aluno não merecia. 1] [Então

eles não viam que o professor estava tentando resgatar esse aluno do outro lado. Está

tentando mostrar para o aluno que por esse caminho aqui o futuro seu vai ser melhor do

que se você for para o outro caminho. Então essa visão que o professor de Educação física

tem e que muitas vezes não é compreendido.2]

Pesquisador: A questão dos valores do esporte?

Professor 2:

Isso. [E o aluno que frequentou turma de treinamento, participou numa competição,

ele fica diferenciado. Você percebe que ele começa a mudar as atitudes dele porque ele

percebe que dentro da quadra, onde o professor coloca os valores dele de vida, ele percebe

que aquele caminho é o caminho correto então ele começa a deixar de lado o caminho

errado e hoje, na verdade, que está acabando com a nossa educação. 2]

Pesquisador: Mas você acha que, dentro da escola, o esporte consegue resgatar

esses valores sem levar a questão do treinamento? O senhor tem essa visão que o

aluno desenvolve de outras maneiras ou não?

Professor 2:

[Chegar... fazer a prática e adeus. Não tem uma conversação, não tem uma roda de

conversa, não escuta o aluno. Muitas vezes o professor de Educação física é o professor

Page 67: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU - usjt.br · disciplina Pedagogia do Handebol de uma Instituição de Ensino Superior na qual me formei e

67

que vai escutar o aluno nas suas dificuldades 3] e ele vai ter que estudar, vai ter que fazer

diversas leituras para poder orientar os alunos.

Pesquisador:

3 - Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de educação

física:

Professor 2:

[Olha eu adotei Educação física construtivista, ou seja, você parte de um exercício

com menor dificuldade até chegar no exercício complexo. Então todas as aulas você coloca

um desafio. Então você coloca um desafio pequeno hoje, amanhã um médio e depois um

complexo. E o esporte é a mesma coisa. 3] [Você começa o esporte pela iniciação e depois

vai para o aperfeiçoamento. Na iniciação é o básico e depois o aperfeiçoamento.... Aí já é

uma coisa mais complexa. Aí você já começa a pensar a competir com outras equipes 1]

[Nas aulas todos os alunos participam da atividade então na aula de Educação física a

maioria dos desafios são pequenos. Por que você pensa englobar toda a turma. Não é mais

engessado: meninos e meninas, os bons e os ruins...hoje não. Hoje nós temos a inclusão

presente na nossa sala. Tem que saber passar uma atividade para toda turma.6]

Pesquisador: E a iniciação... Você pensa que é do primeiro ao quinto e o

aperfeiçoamento do sexto ao nono?

Professor 2:

[Iniciação é a base. Desde o primeiro ano até o quinto ano eu gosto de frisar que a

única disciplina que ensina o aluno a competir é Educação física, ou seja, ele trabalha

desde o primeiro ano como psicológico da criança, ensinando a criança que ela vai

competir. Ela vai ter que competir nesse mundo capitalismo nosso. Eu sempre friso isso, a

Educação física é a única disciplina que ensina criança a competir. 1]

Pesquisador: E, pensando na estrutura, você dá aula como organiza?

Professor 2:

Eu tenho colegas, que a aula é dividida em três tempos, tenho colegas de aula

dividida em quatro tempos. [Você começa com uma roda de conversa, você pode colocar

alongamento, você faz a parte principal que é o conteúdo da aula, depois você vai faz uma

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volta calma. 7] Isso eu acho que é o básico de uma aula. Existe aquela aula que é

diferenciada. [Aula show que os loucos como nós ainda conseguem fazer que é colocar

uma peruca, uma pintura, montar uma gincana e montar um torneio, um concurso 3] e você

dá a cara a tapa, e você consegue [fazer uma aula diferenciada, mas não é todo dia não] 6

Temos condição de fazer isso, mas não é todo dia. [Todo mundo quer trabalhar com a faixa

etária adulta porque a criança de hoje é diferente criança da nossa época.6]

Pesquisador: Com relação às aulas serem no contra turno, qual a sua opinião?

Professor 2:

[Na minha opinião, dessa forma é muito produtiva, pois os alunos vêm com o

intuito de fazer aula. 5]

Pesquisador: Mas, e a questão do sexo?

Professor 2:

[Bom, turmas mistas é complicado. E eles já fazem junto do primeiro ao quinto

ano, então do sexto ao nono, separado fica melhor. 5]

Pesquisador: Alguma coisa mais a acrescentar?

Professor 2:

Eu gostaria de dizer para vocês que estão chegando aí...estão fazendo

mestrado...existe muita filosofia na Educação física. Então até o nosso nome está

mudando: é professor, educador, é preparador físico, educador físico, mas a base a

consistência da Educação física é a mesma. Ela não muda. Isso quem está fazendo

mestrado percebe isso. É o que a gente gostaria de passar para vocês. [Tenho orgulho de

ser professor Educação física, independentemente da situação financeira, você tem que

gostar de dar aula, você tem que fazer uma atividade com amor, com prazer e a criança

reconhece isso. 6]

Quadro 4: Análise ideográfica do Professor 2

Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem

do pesquisador

1. O esporte na escola teve uma fase

muito boa, na qual você conseguiria

1. O esporte escolar, antigamente,

estava voltado ao resgate do aluno

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69

trazer o aluno para o convívio da

atividade física através do esporte.

Hoje, atualmente, foi deixado um

pouco de lado, mas ainda é praticado

na escola nas aulas de Educação

física.

Olha eu sempre trabalhei com turma

de treinamento. Eu vim de turma de

treinamento certo? Eu comecei no

basquete, passei pelo handebol,

finalizei agora com o técnico de vôlei.

Essa turma de treinamento visava a

participação dos jogos regionais então

a cidade tem que participar dos jogos

regionais porque senão ela não é

incluída no projeto do Estado. É verba

e vários benefícios. Na escola então

existe turma de treinamento.

Ele fazia no contra turno, aquele

aluno que se destacava e que se você

percebesse que habilidade dele estava

um pouquinho acima dos demais e aí

você trazia para o treinamento. O

importante citar aqui é que o aluno

não era bem de português,

matemática, ciência, geografia,

biologia, mas ele se destacava na

Educação física, no esporte. Então

professor de Educação física, muitas

vezes, ele tinha que brigar.... Não sei

se é o termo... para aquele aluno poder

frequentar as aulas de treinamento,

porque para os outros professores esse

para a prática da atividade física,

mas, de acordo com o Professor 2,

o esporte na escola está um pouco

esquecido.

Este professor comenta que, por

muitos anos, esteve envolvido

com turmas de treinamento de

diferentes modalidades esportivas

que tinham como objetivo a

competição.

Relata ainda que o esporte

escolar começa com a iniciação

como pontos básicos da

modalidade, do 1º ao 5º ano.

Logo, do 6º ao 9º ano, acontece o

aperfeiçoamento com a

introdução das competições.

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70

aluno não merecia.

Você começa o esporte pela iniciação

e depois vai para o aperfeiçoamento.

Na iniciação é o básico e depois o

aperfeiçoamento.... Aí já é uma coisa

mais complexa. Aí você já começa a

pensar a competir com outras equipes.

Iniciação é a base.

2. Pelo menos umas noções básicas você

passa para o aluno para que ele, no

futuro, em outro local, ele possa ter

um conhecimento que prática

esportiva está sendo praticada.

Então nós também de Educação física,

nas nossas atividades, nós ajudamos a

professora de sala na alfabetização, a

matemática, no português com jogos

recreativos, com jogos adaptados, a

gente fica muito amarrado, preso a

verificar se o aluno está sabendo ler,

escrever e interpretar.

Então eles não viam que o professor

estava tentando resgatar esse aluno do

outro lado. Está tentando mostrar para

o aluno que por esse caminho aqui o

futuro seu vai ser melhor do que se

você for para o outro caminho. Então

essa visão que o professor de

Educação física tem e que muitas

vezes ele não é compreendido.

E o aluno que frequentou turma de

treinamento, participou numa

competição, ele fica diferenciado.

2. O professor destaca que o esporte

escolar irá colaborar para que o

aluno consiga, futuramente,

prestigiar o esporte e reconhecer

alguns pontos importantes da

modalidade.

Com relação ao ambiente escolar,

deixa claro que o esporte escolar,

hoje, tem a função de colaborar

com o desenvolvimento dos

alunos de maneira

interdisciplinar, sendo um auxílio

para as outras disciplinas.

No entanto, aquele aluno que

participa ativamente das

atividades esportivas é

considerado diferenciado dos

demais, pois ele aprende alguns

valores importantes que carregará

para sua vida.

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71

Você percebe que ele começa a mudar

as atitudes dele porque ele percebe

que dentro da quadra, onde o

professor coloca os valores dele de

vida, ele percebe que aquele caminho

é o caminho correto então ele começa

a deixar de lado o caminho errado e

hoje, na verdade, que está acabando

com a nossa educação.

3. Chegar...fazer uma prática e adeus.

Não tem uma conversação, não tem

uma roda de conversa, não escuta o

aluno. Muitas vezes o professor de

Educação física é o professor que vai

escutar o aluno nas suas dificuldades.

Olha eu adotei Educação física

construtivista, ou seja, você parte de

um exercício com menor dificuldade

até chegar no exercício complexo.

Então todas as aulas você coloca um

desafio. Então você coloca um desafio

pequeno hoje, amanhã um médio e

depois um complexo. E o esporte é a

mesma coisa.

Jogos recreativos e jogos adaptados.

Aula show que os loucos como nós

ainda conseguem fazer que é colocar

uma peruca, uma pintura, montar uma

gincana e montar um torneio, um

concurso.

3. O professor relata utilizar a roda

de conversa, o construtivismo,

tendo, assim, uma progressividade

entre os exercícios, ou seja, do

mais simples para o mais

complexo.

Comenta ainda que, em alguns

dias, faz uso de gincanas, torneios

e concursos para motivar a

participação dos alunos.

4. Cada bimestre ele ainda trabalha uma

modalidade esportiva, então no

primeiro bimestre ele foca voleibol,

4. Os conteúdos são organizados por

bimestres, de acordo com o a

proposta para a disciplina. Assim,

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72

no segundo bimestre foca handebol,

no terceiro bimestre, quando tem

condições, estrutura, ele foca o

basquete e deixa o futsal para o final

do ano, onde vai fazer um torneio, vai

fazer o famoso Inter classe.

em cada um, está presente uma

modalidade esportiva; voleibol,

handebol, basquete e futsal.

5. Na minha opinião, dessa forma é

muito produtiva, pois os alunos vêm

com o intuito de fazer a aula.

Bom, turmas mistas é complicado. E

eles já fazem junto do primeiro ao

quinto ano, então do sexto ao nono,

separado fica melhor.

5. A questão do contra turno é bem

vista pelo professor e, além disso,

a separação por sexo facilita a

realização de seu trabalho.

6. Nas aulas todos os alunos participam

da atividade então na aula de

Educação física a maioria dos

desafios são pequenos. Por que você

pensa englobar toda a turma. Não é

mais engessado: meninos e meninas,

os bons e os ruins...hoje não. Hoje nós

temos a inclusão presente na nossa

sala. Tem que saber passar uma

atividade para toda turma.

Todo mundo quer trabalhar com a

faixa etária adulta porque a criança de

hoje é diferente criança da nossa

época.

Tenho orgulho de ser professor

Educação física, independentemente

da situação financeira, você tem que

gostar de dar aula, você tem que fazer

uma atividade com amor, com prazer

e a criança reconhece isso.

6. As aulas de Educação Física são

compostas por alunos

heterogêneos. Sendo assim, os

desafios são pequenos para que

todos possam atingir os objetivos

almejados, tendo a consciência

que a aula deve ser organizada de

uma forma que englobe a turma

toda.

Diante desses desafios, muitos

profissionais estão se distanciando

da escola, pois preferem trabalhar

com adultos a crianças e

adolescentes. Sendo assim, o

professor relata que, para ser um

professor de Educação Física

escolar, é necessário gostar de

lecionar, pois, dessa forma, o

profissional terá um maior

comprometimento com as aulas e

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73

isso acarreta o reconhecimento

dos alunos.

7. Você começa com uma roda de

conversa, você pode colocar

alongamento, você faz a parte

principal que é o conteúdo da aula,

depois você vai faz uma volta calma.

7. A estrutura de aula é composta

por quatro partes: uma roda de

conversa inicial, alongamento,

parte principal e a volta à calma.

8. Na secretaria de Educação de

Aparecida teve uma reunião e, nessa

reunião com os professores de

educação física, foi elaborado um

livro de apoio e nesse livro foi

colocado os conteúdos que devemos

seguir. Não é o definitivo, mas é

apenas um apoio.

Ainda é cobrado alguma coisa em

relação ao que a gente planejou.

Do 6º ao 9º ano a maioria dos

professores tem o seu plano de ensino

engessado.

8. O livro de apoio foi elaborado

pelos próprios professores, mas

não todos. É uma referência em

relação ao conteúdo das aulas que

devem ser seguidos pelos

professores.

Dessa forma, o plano de ensino se

torna engessado.

Perfil individual do Professor 2

(1) O Professor 2 afirma que sempre esteve envolvido com turmas de treinamento

de diferentes modalidades esportivas e que, antigamente, o esporte conseguia envolver o

aluno para uma continuidade na prática de uma atividade física. Porém, as escolas

municipais não possuem estas turmas de treinamento, apenas a escolas estaduais. Diante

disso, o esporte está um pouco esquecido no ambiente escolar.

(2) Parece que, na visão deste professor, o esporte escolar é visto pelas outras

disciplinas apenas como um suporte para auxiliar nos demais aprendizados escolares, mas

também pode colaborar para que o aluno aprenda a prestigiar uma modalidade esportiva.

Além disso, os alunos que participam ativamente do esporte aprendem valores importantes

para a vida em sociedade.

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74

(3,4) A organização didática é realizada e embasada pela abordagem pedagógica

construtivista, utiliza, durante as aulas, rodas de conversa, exercícios progressivos, jogos

recreativos e adaptados, concursos, torneios e gincanas. O conteúdo está voltado para o

aprendizado dos esportes coletivos de quadra.

(5, 6, 7) O fato das aulas serem no contra turno e separadas por sexo são produtivas

e ocasionam uma melhor participação dos alunos nas atividades, mas isso não impede que

as turmas ainda sejam heterogêneas. Sendo assim, é necessário que o professor planeje

uma aula que possa englobar e atender as necessidades todos os alunos. Dessa forma, a

aula é dividida em quatro partes: uma roda de conversa inicial, alongamento, parte

principal e a volta à calma.

(8) O livro didático é uma referência para os professores elaborarem suas aulas. A

Secretaria de Educação orienta para que os professores sigam os conteúdos. O ponto

positivo é que este livro foi discutido e desenvolvido por alguns professores efetivos da

rede.

6.1.3 Transcrição do discurso do Professor 3

Pesquisador:

1 - O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?

Professor 3:

[ Bom hoje eu acho que é um muito importante o esporte na escola porque o mundo

lá fora está tão difícil e quanto mais agente trazer as crianças para dentro da escola, 1]

desenvolver um trabalho, [vamos supor o treinamento com crianças onde eles possam

escolher as modalidades que eles gostem, e com isso vão se empenhar mais, ter mais

educação e quem sabe surge um atleta na escola.1] Quando a criança se determina com

uma modalidade que ela se identifica melhor com certeza ela vai produzir mais ainda do

que uma criança que não gosta de tal modalidade. [ Não adianta se não gosta de vôlei e

coloca para jogar vôlei.1]

Pesquisador: E o esporte dentro da escola? O que você acha que representa

para a escola na sua visão? Seria importante? É básico? Ou o esporte deixou de ser

importante dentro da escola?

Professor 3:

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75

A própria direção e o próprio Professor mesmo. Eu acho que às vezes não dão valor

no que a gente sente, no que a gente é tão importante nesse esporte, [porque no esporte a

gente desenvolve várias modalidades, pode ajudar várias crianças dentro da sala de aula,

coordenação motora, escrever, concentração, lateralidade, a criança vai identificar de

várias maneiras que a gente pode ajudar na sala de aula. 2] Eu acho que como está hoje,

para mim não aceito, do jeito que está hoje. [No contra turno onde acaba não rendendo

muito. As crianças acabam 80% não indo na Educação física. A maioria não produz,

porque não vão e acaba ficando com nota vermelha porque não vai, não pode avaliar a

criança.5]

Pesquisador: Eles não ligam se ficar com nota vermelha?

Professor 3:

Eles não ligam. [ Eles não se preocupam, por mais que você vá dar um trabalho

alternativo para eles, mas eles não vão. Ele não aparece. Ele não é assíduo então vão

poucas crianças. Uma turma de 30 a 40 alunos vão 6, 7 ou 8. 5]

Pesquisador: Então, do sexto ao nono, é como se não tivesse?

Professor 3:

[Como se não tivesse. Principalmente do sexo masculino dá bastante, agora do

sexo feminino não é muito positivo não porque eu acho que tinha que ser no mesmo turno

do dia. Iria ser mais produtivo...5]

Pesquisador: Isso é uma peculiaridade de Aparecida porque em Guará, por

exemplo, é dentro da grade. A maioria das cidades é dentro da grade.

Professor 3:

[Agora as outras cidades estão ficando também. Potim já é assim, então acho que

não é muito produtivo. 5] [Você pode trabalhar muita coisa com criança não só o esporte

ou modalidade como outras coisas como qualidade de vida, alimentação, várias coisas que

você pode trabalhar com ela, mas o aluno não está presente.4] Outra coisa, a gente não está

em sala de aula quando é contra turno. Então você fica focado ali no esporte, eu dava...

para você entender, eu explico as partes mais rápidas, os principais e dava a provinha, mas

não é produtivo para mim não, tinha que uma sala preparada para passar vídeo, enxugar o

conteúdo, acaba dificultando.

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76

Pesquisador: Também tem a relação de sexo, não é? Como você vê isso?

Professor 3:

[Desse modo eu acho positivo porque acabar trabalhando uma... vamos supor, uma

dessa específica as meninas uma ginástica e com os meninos não. Eles não irão aceitar

isso. Acaba atrapalhando. Nesta específico de separar, eu acho positivo. 5]

Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos para ensinar o esporte na

escola? O que você pensa sobre isso? Eu vou ensinar o esporte por quê? O que é bom

para o aluno?

Professor 3:

[Eu acho que o esporte tem muitas regras e hoje em dia o que está faltando é regra

para as crianças, respeito. Porque no esporte o que a gente pensa: tem que ter respeito com

atleta...ter responsabilidade porque quando você vai numa modalidade ele tem que ter o

respeito com colega, 2] isso eles não têm muito então a gente vai buscando isso para ele.

Quando você vai explicar o[ fundamento, o jogo, 4]onde [você não pode machucar o

colega, que tem seu respeito, 2] quando jogar isso a gente vai ter que estar falando várias

vezes para o aluno. É uma parte muito importante você perde bastante tempo fazendo isso

com eles ao invés de estar dando aula, porque falta muito deles. [Eles não têm regras. Falta

muita regra para ele. Você está explicando a regra de uma modalidade você tem que

explicar que aquilo ali é daquele jeito, tem de fazer daquele jeito, é uma regra que vai

servir para eles também quando a gente tem regra da vida vamos supor: trabalhar. É o

horário para chegar na escola, horário para chegar no trabalho, tempo de terminar aquela

regra para eles sabendo que eles vão ter que cumprir pelo resto da vida dele 2]

Pesquisador:

3- Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de Educação

física: como você faz, que estratégia utiliza, roda de conversa, jogos, brincadeiras?

Professor 3:

[Quando eu começo uma modalidade de acordo com o livro didático da escola.

8] [Daí eu vou passar determinada modalidade, eu vou começar a explicar logo as

regrinhas depois eu vou para os fundamentos 4], a [escola que tem condições eu passo um

vídeo, o que não tem a gente não faz. 3] [Aí vai começar a prática dos

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fundamentos, devagar, 4] [depois vai para o jogo... tem sala que a gente faz adaptação. 3]

Do sexto ao nono é a dificuldade que eu falei para você. [Quando é contra turno e você não

tem a sala passo básico. Eu passo apostila para eles e eu explico o que está na apostila para

eles. 3]

Pesquisador: Você faz um caderninho para seguir?

Professor 3:Sim. [Para os alunos seguirem depois a gente explica, dá uma provinha

e dá trabalho também.3]

Pesquisador: Mas, como tem poucos alunos, a parte prática fica mais difícil de

fazer?

Professor 3:

Fica mais difícil. [Porque tem dia que não dá nenhum time, vamos supor uma

modalidade de voleibol você precisa de 12. 5] Você não vai ter na verdade. [A gente

trabalha mais com adaptação do que com o jogo.3] Porque as crianças mesmo têm muitas

dificuldades. [As crianças que não tiveram uma boa parte pedagógica desde primeiro ano

chegam ao sexto ano que não sabe nem segurar uma bola 1]. Isso atrapalha. [E hoje um dia

de trabalho com muito aluno de inclusão. Daí a gente tem que estar adaptando aula de

acordo, para ele para não se sentir excluído da aula. Eu tenho uma cadeirante. Tem dia que

eu dou uma atividade determinada só para ela, mas tem dia que eu dou uma queimada. Ela

também participa porque eu faço o jogo voltado para ela. 6] Igual de tabela de basquete,

não tem. Tem várias coisas que às vezes não depende do professor, depende do que a gente

tem que trabalhar. Às vezes ele não tem material. Aí você tem que trazer seu material.

[Tem escola que não tem quadra. Aqui tem. Por exemplo Chagas que eu dou aula. Lá não

tem quadra. Então eu trabalho no pátio. Eles vão para o sexto ano sem saber. Sem ter

jogado numa quadra.6]. [Tem um livro didático, também o livro da Educação física. Não

um livro. É um plano uma referência.8]

Pesquisador: Você utiliza o livro? É pedido para que vocês o utilizem?

Professor 3:

[É pedido. A secretaria pede para todos porque eu falei para você que são vários

bimestres. Cada bimestre tem uma modalidade um esporte para trabalhar. 8]

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78

Pesquisador: Como você estrutura uma aula, mesmo que ela seja teórica,

ou seja, prática. Como você estruturaria uma aula sobre esporte? Quais os passos que

você faria, por exemplo, na aula?

Professor 3:

[Na teoria como eu falei eu começo já com as regrinhas, vai passando na lousa e

perguntando para eles, alguém conhece? ... vamos supor: futsal eu vou instigando deles

primeiro para saber o que eles conhecem, depois eu vou passando o que precisa, o que é

futsal para eles? Depende de cada sala. Vou perguntando para ele e vou instigando para

eles primeiro depois eu passo as regras, fundamento... é isso, isso e aquilo. Explico. Às

vezes até demonstro. Levo uma bola para sala e às vezes até demonstro. 3] [Depois eu vou

para pratica passando alguns fundamentos. O passe, vou passando a bola, o chute, o pênalti

mostrar para eles, a lateral, escanteio, algumas regrinhas básicas. 4] Dependendo de cada

sala.

Quadro 7: Análise ideográfica do Professor 3

Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem

do pesquisador

1. Bom hoje eu acho que é um muito

importante o esporte na escola porque

o mundo lá fora está tão difícil e

quanto mais agente trazer as crianças

para dentro da escola.

Vamos supor o treinamento com

crianças onde eles possam escolher as

modalidades que eles gostem, e com

isso vão se empenhar mais, ter mais

educação e quem sabe surge um atleta

na escola.

Não adianta se não gosta de vôlei e

colocar para jogar vôlei.

As crianças que não tiveram uma boa

1. Na visão deste professor, a escola

juntamente com o esporte, tem a

função de dar um suporte para a

formação dos alunos, pois existem

inúmeros problemas e conflitos

que podem afetá-los na vida em

sociedade.

Mas, não adianta passar uma

modalidade que os alunos não

gostam. É preciso ter

desenvolvido algo que os motive

a fazer e, com isso, pode até

descobrir um talento esportivo ou

um atleta.

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parte pedagógica desde primeiro ano

chegam ao sexto ano que não sabe

nem segurar uma bola.

2. Por que no esporte a gente desenvolve

várias modalidades, pode ajudar

várias crianças dentro da sala de aula,

coordenação motora, escrever,

concentração, lateralidade, a criança

vai identificar de várias maneiras que

a gente pode ajudar na sala de aula.

Eu acho que o esporte tem

muitas regras e hoje em dia o que está

faltando é regra para as crianças,

respeito. Porque no esporte o que a

gente pensa: tem que ter respeito com

atleta...ter responsabilidade porque

quando você vai numa modalidade ele

tem que ter o respeito com colega,

você não pode machucar o colega,

que tem seu respeito.

Eles não têm regras. Falta muita regra

para eles. Você está explicando a

regra de uma modalidade você tem

que explicar que aquilo ali é daquele

jeito, tem de fazer daquele jeito, é

uma regra que vai servir para eles

também. Quando a gente tem regra da

vida vamos supor: trabalhar. É o

horário para chegar na escola, horário

para chegar no trabalho, tempo de

terminar aquela regra para

eles sabendo que eles vão ter que

cumprir pelo resto da vida dele.

2. De acordo com o professor, o

esporte escolar pode colaborar

para inúmeros aprendizados

inclusive que deem suporte para

as outras disciplinas, como:

melhora da escrita, da

concentração, da lateralidade,

entre outros aspectos. As regras

dos esportes são pontos fortes no

discurso, pois irão auxiliar os

alunos a aprenderem sobre as

regras em geral e também sobre

os valores que são básicos para

uma vida em sociedade, como

respeito, responsabilidade,

amizade e a cooperação.

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3. Aí vai começar a prática dos

fundamentos devagar, depois vai para

o jogo... tem sala que a gente faz

adaptação.

Quando é contra turno e você não tem

a sala passo básico. Eu passo apostila

para eles e eu explico o que está na

apostila para eles.

Para os alunos seguirem depois a

gente explica, dá uma provinha e dá

trabalho também.

A gente trabalha mais com adaptação

do que com o jogo.

Na teoria como eu falei eu começo já

com as regrinhas, vai passando na

lousa e perguntando para eles, alguém

conhece? ... vamos supor: futsal eu

vou instigando deles primeiro para

saber o que eles conhecem, depois eu

vou passando O que precisa, o que é

futsal para eles? Depende de cada

sala. Vou perguntando para ele e vou

instigando para eles primeiro depois

eu passo as regras, fundamento... é

isso, isso e aquilo. Explico. Às vezes

até demonstro. Levo uma bola para

sala e às vezes até demonstro.

A escola que tem condições eu passo

um vídeo, o que não tem a gente não

faz

3. Inúmeras estratégias são utilizadas

pelo professor: execução e

repetição dos fundamentos, o jogo

em si, utilização de apostilas para

os alunos, explicações na lousa,

trabalhos escritos, jogos

adaptados, questionamentos para

os alunos, demonstrações e

vídeos.

Para verificar aprendizado, um

dos critérios utilizados pelo

professor é a utilização de provas

escritas.

4. Você pode trabalhar muita coisa com

criança não só o esporte ou

modalidade como outras coisas como

4. O professor destaca alguns

conteúdos desenvolvidos: esporte,

alimentação, qualidade de vida, os

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qualidade de vida, alimentação, várias

coisas que você pode trabalhar com

ela, mas o aluno não está presente.

Fundamento, o jogo.

Daí eu vou passar determinada

modalidade, eu vou começar a

explicar logo as regrinhas depois eu

vou para os fundamentos.

Depois eu vou para pratica passando

alguns fundamentos. O passe,

vou passando a bola, o chute, o

pênalti mostrar para eles, a lateral,

escanteio, algumas regrinhas básicas.

fundamentos do jogo, o jogo em

si, as regras e os materiais

esportivos.

5. No contra turno onde acaba não

rendendo muito. As crianças acabam

80% não indo na Educação física. A

maioria não produz porque não vão e

acaba ficando com nota vermelha

porque não vai, não pode avaliar a

criança.

Eles não se preocupam, por mais que

você vá dar um trabalho alternativo

para eles, mas eles não vão. Ele não

aparece. Ele não é assíduo então vão

poucas crianças. Uma turma de 30 a

40 alunos vão 6, 7 ou 8.

Fica mais difícil. Porque tem dia que

não dá nenhum time, vamos supor

uma modalidade de voleibol você

precisa de 12.

Como se não tivesse. Principalmente

do sexo masculino dá bastante, agora

do sexo feminino não é muito positivo

5. As aulas no contra turno se

tornam um ponto falho para este

professor, pois os alunos não são

assíduos. Muitas vezes, ficam

com nota vermelha e nem se

interessam. Os meninos vão em

maior número do que as meninas.

Com relação à separação por

sexo, na visão deste professor, é

uma forma que proporciona um

melhor desenvolvimento das

aulas.

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82

não porque eu acho que tinha que ser

no mesmo turno do dia. Iria ser mais

produtivo...agora as outras cidades

estão ficando também. Potim já é

assim, então acho que não é muito

produtivo.

Desse modo eu acho positivo

porque acabar trabalhando

uma... vamos supor, uma dessa

específica as meninas uma ginástica e

com os meninos não. Eles não

irão aceitar isso. Acaba

atrapalhando. Nesta específico de

separar, eu acho positivo.

6. E hoje um dia de trabalho com muito

aluno de inclusão. Daí a gente tem

que estar adaptando aula de acordo,

para ele para não se sentir excluído da

aula. Eu tenho uma cadeirante. Tem

dia que eu dou uma atividade

determinada só para ela, mas tem dia

que eu dou uma queimada. Ela

também participa porque eu faço o

jogo voltado para ela.

Tem escola que não tem quadra. Aqui

tem. Por exemplo Chagas que eu dou

aula. Lá não tem quadra. Então eu

trabalho no pátio. Eles vão para o

sexto ano sem saber. Sem ter jogado

numa quadra.

6. Nas turmas de Educação Física,

existem alunos diferenciados que

precisam ser incluídos nas aulas.

Diante disso, para o ensino do

esporte, o professor necessita

fazer algumas adaptações para

que todos participem. Há a

questão da quadra, pois, em

algumas escolas, não existe um

espaço adequado e, com isso,

mais adaptações são feitas pelos

professores para que os alunos

possam experimentar a prática

esportiva. Contudo, muitos alunos

vão para o sexto ano sem

conhecer uma quadra

poliesportiva.

7. Daí eu vou passar determinada 7. O professor começa a aula sobre o

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83

modalidade, eu vou começar a

explicar logo as regrinhas depois eu

vou para os fundamentos.

Depois eu vou para pratica passando

alguns fundamentos. O passe,

vou passando a bola, o chute, o

pênalti mostrar para eles, a lateral,

escanteio, algumas regrinhas básicas.

esporte através de uma conversa

inicial sobre os pontos

importantes da modalidade e

algumas regras. Em seguida,

passa para realização dos

fundamentos até entrar na parte

do jogo.

8. Quando eu começo uma

modalidade de acordo com o livro

didático da escola.

Tem um livro didático, também o

livro da Educação física. Não um

livro. É um plano uma referência.

É pedido. A secretaria pede para todos

porque eu falei para você que são

vários bimestres. Cada bimestre tem

uma modalidade um esporte para

trabalhar.

8. A proposta para a Educação Física

escolar, deste município, é

utilizada por este professor, pois é

uma referência e, além disso, uma

orientação da Secretaria de

Educação para que os professores

sigam seus conteúdos.

Perfil individual do Professor 3

(1,2) Quanto ao esporte escolar, é referenciado como um meio para colaborar na

formação das crianças e adolescentes, sendo importante desenvolver esportes que os alunos

gostem de fazer, fazendo com que os envolvidos se dediquem mais. Dentro do esporte

escolar, podem-se encontrar talentos que poderão ser futuros atletas. É importante destacar

que, para este professor, o esporte escolar pode auxiliar os alunos nas outras disciplinas e

na melhora da coordenação motora, aprendizado das regras esportivas e dos valores para

viver em sociedade.

(3,4) Dentre as estratégias utilizadas, o professor declara que considera importante

para parte prática a demonstração e repetição dos fundamentos, jogos adaptados e o jogo

em si. Utiliza também apostilas para os alunos, trabalhos escritos, explicações na lousa,

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provas, vídeos e questões para os alunos responderem. Os conteúdos estão relacionados ao

esporte, à qualidade de vida e à alimentação.

(5,6) O professor relata que o fato das aulas serem no contra turno colaboram para a

participação de um número menor de alunos. A questão das turmas não serem mistas

colabora para que sejam elaboradas atividades específicas para os sexos, facilitando a

participação. Porém, existem os alunos com necessidades especiais e isso faz com que o

profissional modifique as aulas para que todos participem efetivamente.

(7,8) O professor relata que inicia a aula com algumas considerações importantes

sobre os esportes e também com questionamentos para os alunos. Em seguida, começa a

realização dos fundamentos na quadra e, depois, a prática do jogo. As aulas devem ser

montadas com base na proposta desenvolvida pela Secretaria de Educação.

6.1.4 Transcrição do discurso do Professor 4

1 - O que você pensa sobre esporte na escola do 6º ao 9º ano?

Professor 4:

Bom o [esporte tem desempenhado um papel de extrema importância no

desenvolvimento físico, motor, afetivo e psíquico dos alunos na escola.2] Tem como

base uma [ferramenta de auxílio para que sejam trabalhadas todas as competências e

aptidões do aluno na escola juntamente com as outras disciplinas do currículo escolar.2]

Bom do 6º ao 9º ano eu penso que o esporte exerce um papel de auxílio também no

desenvolvimento físico, [noções de qualidade de vida, importância de uma alimentação

saudável, hábitos de higiene, 4] [noções de organização, disciplina 2]e [principalmente um

maior conhecimento sobre o corpo , juntamente também com outras matérias teóricas que

fazem parte de um contexto interdisciplinar. 4]

Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos ao ensinar esporte na

escola? Quando você ensina, o que você quer atingir? Qual objetivo que você quer

alcançar?

Professor 4:

[Desenvolver principalmente aspectos físicos, cognitivos e um reforço dos laços

afetivos com o aluno na relação professor-aluno aluno-professor e o aluno na escola 4.]

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Pesquisador: Você acha que, além dessa questão motora, cognitiva e afetiva,

que são pontos importantíssimos, você acha que tem alguma coisa a mais que o

esporte agrega quando o ensina?

Professor 4:

Eu acho que seria também no [desenvolvimento da escrita, da oralidade e na

interpretação de fatos, busca de soluções para algumas situações-problemas 2] enfim, a

prática esportiva e atividade física tem com base nos estudos realizados até hoje um [papel

importante no auxílio da aprendizagem como por exemplo aprender brincando.3]

Pesquisador: Aprendizado integral, não é?

Professor 4:

Isso.

Pesquisador:

3- Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de Educação

física:

Professor 4:

Os conteúdos esportivos são [divididos por bimestre de acordo com o interesse das

salas.3] [Alguma dificuldade em relação a materiais e recursos. Eu praticamente,

em alguns momentos de improviso, 6] [ eu uso de materiais alternativos, atividades

recreativas, onde conteúdo esportivo está agregado. 3] [Ele não é o principal fator e sim

uma ferramenta de auxílio também no desenvolvimento da aprendizagem.1] [A maior parte

das atividades são jogos e brincadeiras onde estão incluídos fundamentos básicos

de iniciação Esportiva. 3]

Pesquisador: O que você pensa na questão do contra turno? Você acha que

interfere? É melhor ou pior? E tem relação ainda de separar homens e mulheres. O

que você pensa sobre isso?

Professor 4:

[Eu acho que o horário do contra turno é um horário ideal. Sou a favor do horário

de contra turno. Primeiramente pelo fato dos alunos que vem no contra turno são os alunos

que estão interessados em fazer a aula. Grande parte dos alunos que vem no horário de

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86

contra turno são os alunos que querem, que desejam fazer, que querem ter experiência na

aula de Educação física. 5]

Pesquisador: E essa questão de separar homens e meninas. Qual sua visão

sobre isso?

Professor 4:

[Fico dividido. Eu acho válido a separação de masculino e feminino, mas por outro

lado eu acho que ficou um pouco a desejar também, tendo em vista que, quando as duas

turmas, turmas mistas, masculina e feminina estão presentes existe uma série de

dificuldades, principalmente com a parte do desempenho das meninas, crítica por parte dos

meninos, deboche, brincadeiras, coisas, comportamento e atitudes dos meninos que podem

constranger as meninas. Além do fator sexualidade. Já percebo que está muito acentuado

nas duas turmas o que se não houver o devido controle acaba virando uma bagunça. 5]

Pesquisador: Aqui, em Aparecida, tem aquela proposta feita pela

secretaria. Como que é vocês são obrigados a seguir? Você tem que montar um

plano de aula encima disso?

Professor 4:

[Existe um direcionamento por parte da secretaria, do plano de ensino, do conteúdo

programático mas temos a liberdade de mudar, de adaptar, é um plano bastante flexível.8]

Pesquisador: Não é muito cobrado, mas tem como uma referência.

Professor 4:

[Tem como uma referência um norte, uma direção a ser seguida, mas não

necessariamente que você tem que ser 100% do que está escrito. 8]

Pesquisador: Pensando numa estrutura de aula que seja teórico-prática sobre

o esporte, como você estruturaria a aula? Hoje, vou dar aula de basquete. Como você

faria essa estrutura de aula?

Professor 4:

[Bom primeiramente a gente coloca o tema o assunto dá aula para os alunos, nós

explicamos do que vai ser tratado, o que vai ser tratado a aula no dia. Uma breve

explicação teórica. Se nós fomos colocar fundamentos, partimos primeiramente do

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87

alongamento, aquecimento na modalidade a ser trabalhada e depois começamos a trabalhar

fundamentos adaptados à realidade da turma em níveis de iniciação. Em sequência o jogo

adaptado ou recreativo e por último o jogo em si com regras oficiais 7].

Quadro 6: Análise ideográfica do Professor 4

Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem

do pesquisador

1. Ele não é o principal fator e sim uma

ferramenta de auxílio também no

desenvolvimento da aprendizagem.

1. Possui a visão de que o esporte

escolar é uma ferramenta de

ensino.

2. Esporte tem desempenhado um papel

de extrema importância no

desenvolvimento físico, motor,

afetivo e psíquico dos alunos na

escola.

Ferramenta de auxílio para que sejam

trabalhadas todas as competências e

aptidões do aluno na

escola juntamente com as outras

disciplinas do currículo escolar.

Desenvolvimento da escrita, da

oralidade e na interpretação de

fatos, busca de soluções para algumas

situações-problemas.

Noções de organização, disciplina.

2. O esporte escolar é um meio para

desenvolver o aluno integralmente

em todos os seus aspectos: físico,

motor, psíquico e afetivo. Além

disso, colabora com o

desenvolvimento da oralidade; da

escrita, interpretação de fatos,

soluções de problema, ou seja,

deve ser desenvolvido em

conjunto com outras disciplinas

de maneira interdisciplinar.

3. Papel importante no auxílio da

aprendizagem como por exemplo

aprender brincando.

Os conteúdos esportivos são

divididos por bimestre de acordo com

o interesse das salas.

Eu uso de materiais

alternativos, atividades

3. O professor acredita que o esporte

pode ser ensinado de maneira

lúdica com a utilização de

atividades recreativas e jogos

adaptados.

Organiza os conteúdos esportivos

por bimestres, de acordo com o

interesse das turmas.

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88

recreativas, onde conteúdo esportivo

está agregado.

A maior parte das atividades são jogos

e brincadeiras onde estão

incluídos fundamentos básicos

de iniciação Esportiva.

4. Noções de qualidade de

vida, importância de uma alimentação

saudável, hábitos de higiene.

Principalmente um

maior conhecimento sobre o

corpo, juntamente também com outras

matérias teóricas que fazem parte de

um contexto interdisciplinar.

4. No que se refere aos conteúdos, o

professor destaca que noções de

qualidade de vida, alimentação

saudável, hábitos, higiene e

conhecimento sobre o corpo

podem ser desenvolvidos através

do esporte.

5. Eu acho que o horário do contra turno

é um horário ideal. Sou a favor do

horário de contra turno.

Primeiramente pelo fato dos alunos

que vem no contra turno são os alunos

que estão interessados em fazer a

aula. Grande parte dos alunos que

vem no horário de contra turno são os

alunos que querem, que desejam

fazer, que querem ter experiência na

aula de Educação física.

Fico dividido. Eu acho válido a

separação de masculino e feminino,

mas por outro lado eu acho que ficou

um pouco a desejar também, tendo em

vista que, quando as duas

turmas, turmas mistas, masculina e

feminina estão presentes existe uma

série de dificuldades, principalmente

5. Para o professor, as aulas no

contra turno são ideais, pois são

frequentadas pelos alunos que

realmente querem participar. Com

relação à separação por sexo, para

o professor, é importante, pois

com turmas mistas existem muitas

dificuldades em relação à

aceitação do desempenho das

meninas por parte dos meninos,

além da sexualidade que, do 6º ao

9º ano, está muito evidente.

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89

com a parte do desempenho das

meninas, crítica por parte dos

meninos, deboche, brincadeiras, coisa,

comportamento e atitudes dos

meninos que podem constranger as

meninas. Além do fator sexualidade.

Já percebo que está muito acentuado

nas duas turmas o que se não houver o

devido controle acaba virando uma

bagunça.

6. Alguma dificuldade em relação a

materiais e recursos. Eu

praticamente, em alguns momentos de

improviso.

6. As escolas da cidade não possuem

muitos materiais para as aulas de

Educação Física. Com isso, é

necessário que o professor utilize

ainda mais a criatividade e

improvisação.

7. Bom primeiramente a gente coloca o

tema o assunto dá aula para os

alunos, nós explicamos do que vai ser

tratado, o que vai ser tratado a aula no

dia. Uma breve explicação teórica. Se

nós fomos colocar

fundamentos, partimos primeiramente

do alongamento, aquecimento na

modalidade a ser trabalhada e depois

começamos a trabalhar

fundamentos adaptados à realidade da

turma em níveis de iniciação. Em

sequência o jogo adaptado ou

recreativo e por último o jogo em si

com regras oficiais

7. Quanto à aula, o professor começa

com o objetivo e o tema que irá

ser desenvolvido neste dia. Em

seguida, são realizados o

aquecimento e o alongamento.

Logo, inicia-se a execução dos

fundamentos de forma adaptada

para a turma e, na sequência, um

jogo adaptado e, por fim, o jogo

com as regras oficiais.

8. Existe um direcionamento por parte

da secretaria, do plano de ensino, do

8. A proposta da prefeitura é uma

referência para os professores.

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90

conteúdo programático mas temos a

liberdade de mudar, de adaptar, é um

plano bastante flexível.

Tem como uma referência um norte,

uma direção a ser seguida, mas não

necessariamente que você tem que ser

100% do que está escrito.

Porém, alguns têm a liberdade de

fazer alterações e adaptações, pois

não é necessário seguir tudo que

está na proposta.

Perfil individual do Professor 4

(1,2) De acordo com Professor 4, o esporte pode desenvolver o aluno

integralmente, sendo apontado como uma ferramenta educacional para que o aluno possa

aprender inúmeros conhecimentos, dando suporte às outras disciplinas.

(3,4) Para ensinar o esporte na escola, o professor utiliza atividades recreativas,

jogos adaptados e organiza os conteúdos esportivos por bimestres de acordo com o

interesse dos alunos, dando ênfase ao esporte voltado para a qualidade de vida,

alimentação saudável, hábitos, higiene e conhecimento sobre o corpo.

(5,6) A Secretaria Municipal coloca as aulas de Educação Física no contra turno.

Este ponto, na fala do professor, é ideal, pois participam das aulas aqueles que realmente se

interessam. As relações de sexo acarretam muitas dificuldades para o professor, pois as

capacidades motoras entre meninas e meninos são diferentes e isso faz com que a falta de

respeito aconteça, além da sexualidade muito aflorada presente nesta faixa etária. Um

agravante relatado pelo professor foi a falta de material para a Educação Física escolar.

(7,8) O professor relata que faz uma breve introdução da modalidade que irá ser

ensinada no dia, depois passa a realização dos fundamentos, jogo adaptado e, por fim, um

jogo oficial. Os conteúdos estão organizados em uma proposta elaborada pela prefeitura

como uma referência para o professor, podendo ser adaptada, se necessário.

6.1.5 Transcrição do discurso do Professor 5

Pesquisador: O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?

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91

Professor 5:

[É muito importante, mas é uma pena que hoje em dia não está muito.... A gente

não consegue fazer o que a gente fazia por exemplo na minha época quando eu

estudava. Está meio complicado aqui no município de Aparecida-SP por exemplo, a gente

não tem turma de treinamento, o que eu achava muito importante e o Estado tem. Então eu

acho que aqui no município de Aparecida falta isso para as escolas. Tem escolinhas por

aí, mas eu acho que dentro da escola deveria ter. 1]

[Do 6º ao 9º é a idade mesmo que a gente inicia porque até o quinto são jogos

esportivos e a partir do sexto a gente começa com um esporte com fundamentos e regras e

tudo....1] [Então eu acho importante também a gente estar trabalhando no mínimo uns 4

esportes. A gente faz as 4 modalidades inteiras 4], [jogos de torneios que a gente faz e até o

inter classe a gente faz dentro da escola. 3] [Interescolares tem. A gente tem.1] Teve até

agora no final do ano e parece que vai ter... Falaram de 1 a 4, mas eu não tenho

certeza porque não chamaram a gente para uma reunião ainda. Então eu acho que não

sei. Se vai dar tempo, mas [é importante, é legal essa socialização dos alunos entre as

escolas é muito importante eu acho. 2]

Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos para ensinar esporte na

escola? Qual o objetivo de ensinar o esporte?

Professor 5:

[Então aqui, não só aqui, mas eu procuro ensinar além do Esporte. Eu converso

muito com os alunos quando começam a falar em regras. Antes das regras eu converso

muito com ele a questão de comportamento, de postura com o colega etc... por

exemplo: palavrão dentro da quadra eu fico muito brava e tiro do jogo. Então eles

aprenderam que não é para falar. Às vezes quando escapa sai um pouquinho do jogo. 2]

É. Tem tudo isso.[ Então eu trabalho muito conduta e valores e hoje está

complicado. Você sabe que a família é desestruturada e os alunos estão todos meio

perdidos então eu procuro dar essa... Valores de conduta e comportamento. Acho que além

do esporte que a gente ensina, regra, fundamento e começa antes de tudo é

comportamento. A postura são os valores de respeito com o colega. Amizade. De

humilhar os outros: você não joga nada, você é ruim de bola...2]

Pesquisador: Isso acontece?

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92

Professor 5:

[Muito... muito... tem uns especiais. Tem alguns que são especiais. O Warlley por

exemplo: ele fica no gol, e às vezes furava e aí o povo xingava.... Quem xingar vai ficar no

gol e depois separadamente eu dizia: olha para você ver não tem como você xingar o

cara. Você é perfeito. Olha como ele é. Se esforçava e caia no chão.... Às vezes a gente

chama no canto e conversa como no caso desse mesmo. Entendeu... então eu chamo ele no

canto porque eu acho que eles dão mais atenção, mas não chamo atenção assim alto no

meio da turma... Porque às vezes até responde e posso sofrer assim...embate.6]

Pesquisador:

3- Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de Educação

física:

Professor 5:

[Eu começo com muito aquecimento e alongamento. Eles não

gostam. Detestam. Eu explico porque estou fazendo. Por exemplo: estou alongando, está

alongando quadríceps. Explicando: Onde fica o quadríceps? Aqui na coxa. Então eles vão

gravando sabe... e vamos alongar a panturrilha: o que é panturrilha? Eu vou

explicando. Teve uma coisa que eu falei esses dias eu estava dando aula para as

meninas. Contrai o glúteo! O que é glúteo professora? Meu Deus do céu! Do sexto ao nono

já era para estar sabendo. Então eu uso muito assim para estar chamando atenção

deles porque se eu falar: 20 voltas na quadra. Ah professora, correr para quê? Então eu

dou um aquecimento também diversificando. Diferente para não ficar monótono e falando

no esporte, começa os fundamentos e depois eu sento com eles e falo sobre regras

também...7]

Pesquisador: O fundamento, como você ensinaria por exemplo? Como você

organizaria atividades?

Professor 5:

[Voleibol por exemplo: Então começa com toque. Pega bola ensina posição da

mão, posicionamento de cotovelo, testa, tudo...Até que tenho bastante bola. E aí ensino por

exemplo: fundamento toque. Aí mostro na bola, posição. Depois começa o 2 a 2. E aí toca,

segura, o outro, toca. É difícil né. Depois Manchete. A mesma coisa. Ensino

posicionamento de braço, depois começa uma passada da cortada, como

impulso saque. Todo processo do fundamento. 3]

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93

Pesquisador: Até chegar ao jogo?

Professor 5:

[É. aí eles ficam brigando: Vamos jogar professora! Às vezes até faço uma

experiência: Vamos jogar! Não sai nada. Nem o saque chega do outro lado. Então... viu

como é importante o fundamento 6]. [Faço minivoleibol. Começa o sexto ano em

passar a bola. Sem fundamento, só com a mão, como se faz na terceira idade. Só para

colocar uma regra de três toques 3]

Não gostam de fazer. Mas começo devagar porque não tem como. Não vai dar

jogo até eles entenderem que não. [Por exemplo voleibol: é um bem atrativo, mas eu

consegui esse ano, no nono ano, eu dei para o masculino. Imagine eles que só gostam de

futebol... E futebol... E futebol. Eu consegui no primeiro bimestre voleibol e eles

aprenderam a jogar bem. Os caras são tudo do tamanho dessa porta aí. O Iago, João

Vitor... são todos altos. Imagina que desperdício ficar só no futebol.6]

[Basquete esse ano ficou devendo porque faltou o aro. Está ali dentro do

quartinho. Eu pedi para colocarem, mas não colocaram daí com uma cesta só. Sem

chance. Mas o vôlei, o futsal com certeza conseguimos trabalhar bem esse ano. 4]

Pesquisador: Você segue a proposta que é pedida?

Professor 5:

[Eu comecei bem, até segui o primeiro bimestre que foi o voleibol. Passei para

todo mundo só que aí eu operei meu joelho e fiquei segundo e terceiro bimestre fora.

O último é futsal. Então esse ano eu segui.8]

Pesquisador: Mas é pedido para que vocês sigam ou não?

Professor 5:

[É pedido, mas não é cobrado. Aí você faz o que você quiser.8]

Pesquisador: Entendi. As aulas aqui também são no contra turno. Você acha

que isso é importante. É melhor?

Professor 5:

[Eu acho melhor, porque na hora da aula, se for feminino e masculino junto... Não

dá para você dar uma atividade. Esporte então... inviável. Como você vai trabalhar futsal

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94

menino e menina? Não dá. Vira o lúdico. Isso é um ponto que não dá para eu misturar os

dois. Acho muito difícil trabalhar com os dois. Nessa idade um mexe com o outro. Não

dá. Outra coisa é a roupa. A maioria vem com calça jeans. Como você vai preparar? Não

dá. E fica inviável porque você dar aula para os meninos vamos dizer e as meninas sentam

e não querem fazer. No contra turno já é outro papo. Ele vem com outra roupa, já vem

preparado para aquilo. Só as meninas eu dou aulas específicas, só para elas. Se tiver um

menino junto já bagunça. Então eu acho importante separar meninos de meninas. A

roupa. e porque tem um horário específico. Eu acho melhor no contra turno. 5]

Pesquisador: Pensando numa estrutura de aula, você já comentou meio por

cima como seria, mas como definiria a estrutura da sua aula, por exemplo: Como que

você começa? Como que você termina?

Professor 5:

Então... eu uso muito disso. Fiz a chamada, conversar sobre alguma coisa, e[ aí vou

explicar o que vou dar. Sempre começa com aquecimento, alongamento e depois eu dou o

esporte específico do bimestre, e para terminar, sempre estou chamando um ou outro para

conversar com certos assuntos que às vezes não foi legal na aula. Um comportamento... E

aí eu fecho a aula. 7]

Quadro 7: Análise ideográfica do Professor 5

Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem

do pesquisador

1. É muito importante, mas é pena

que hoje em dia não está muito.... A

gente não consegue fazer o que a

gente fazia por exemplo na minha

época quando eu estudava. Está meio

complicado aqui no município de

Aparecida-SP por exemplo, a gente

não tem turma de treinamento, o que

eu achava muito importante e o

Estado tem. Então eu acho que aqui

no município de Aparecida falta isso

1. Na visão deste professor, o

esporte escolar não é algo

produtivo como antigamente, pois

não existem as turmas de

treinamento para aprimorar as

capacidades dos alunos nas

modalidades esportivas.

As competições entre as escolas

ainda são realizadas pela

prefeitura, porém, na opinião do

professor, isso não basta. Sendo

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95

para as escolas. Tem escolinhas por

aí, mas eu acho que dentro da

escola deveria ter.

Interescolares tem, a gente tem.

assim, deveriam colocar, nas

escolas, as turmas de treinamento.

2. É importante, é legal essa

socialização dos alunos entre as

escolas é muito importante eu acho.

Então aqui, não só aqui, mas eu

procuro ensinar além do Esporte. Eu

converso muito com os alunos quando

começam a falar em regras. Antes das

regras eu converso muito com ele a

questão de comportamento, de postura

com o colega etc.... por

exemplo: palavrão dentro da

quadra eu fico muito brava e

tiro do jogo. Então eles aprenderam

que não é para falar. Às vezes quando

escapa sai um pouquinho do jogo.

Então eu trabalho muito conduta e

valores e hoje está complicado. Você

sabe que a família é desestruturada

e os alunos estão todos meio

perdidos então eu procuro

dar essa... Valores de conduta e

comportamento. Acho que além do

esporte que a gente ensina, regra,

fundamento e começa antes de tudo é

comportamento. A postura são os

valores de respeito com o colega.

Amizade. De humilhar os

outros: você não joga nada, você é

ruim de bola.

2. De acordo com o professor, o

esporte escolar pode ir além do

aprendizado dos fundamentos e

das regras, pode ser um meio para

melhorar a postura, o

comportamento e os valores dos

alunos.

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96

3. Jogos de torneios que a gente faz e até

o Inter classe a gente faz dentro da

escola.

Voleibol por exemplo: Então começa

com toque. Pega bola ensina posição

da mão, posicionamento de cotovelo,

testa, tudo...até que tenho bastante

bola. E aí ensino por exemplo:

fundamento toque. Aí mostro na bola,

posição. Depois começa o 2 a 2. E aí

toca, segura, o outro, toca. É difícil

né. Depois Manchete. A mesma

coisa. Ensino posicionamento de

braço, depois começa uma passada da

cortada, como impulso saque. Todo

processo do fundamento.

Faço minivoleibol. Começa o sexto

ano em passar a bola. Sem

fundamento, só com a mão, como se

faz na terceira idade. Só para colocar

uma regra de três toques.

3. Para ensinar o esporte são

destacadas algumas estratégias

como torneios, exercício de

repetição, individual e em dupla,

fazendo cada fundamento da

modalidade que irá ser ensinada,

alguns jogos adaptados para que

os alunos consigam compreender

e, depois, jogar com regras

oficiais.

4. Do 6º ao 9º é a idade mesmo que a

gente inicia porque até o quinto são

jogos esportivos e a partir do sexto a

gente começa com um esporte com

fundamentos e regras e tudo....

Então eu acho importante também a

gente estar trabalhando no mínimo

uns 4 esportes. A gente faz as 4

modalidades inteiras.

Basquete esse ano ficou

devendo porque faltou o aro. Está ali

dentro do quartinho. Eu pedi para

4. Do 6º ao 9º ano, para o professor,

é a época correta para iniciar o

esporte, tendo como conteúdo as

regras, os fundamentos e as

quatro modalidades esportivas

diferentes. Este ano, o

basquetebol não foi contemplado

por falta de estrutura. Entretanto,

o futsal e o voleibol foram

ensinados de forma satisfatória.

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97

colocarem, mas não colocaram daí

com uma cesta só. Sem chance. Mas o

vôlei, o futsal com

certeza conseguimos trabalhar bem

esse ano.

5. Eu acho melhor, porque na hora da

aula, se for feminino e masculino

junto... não dá para você dar uma

atividade. Esporte então...

inviável. Como você vai trabalhar

futsal menino e menina? Não dá. Vira

o lúdico. Isso é um ponto que não dá

para eu misturar os dois. Acho muito

difícil trabalhar com os dois. Nessa

idade um mexe com o outro. Não

dá. Outra coisa é a roupa. A maioria

vem com calça jeans.

E fica inviável porque você dar aula

para os meninos vamos dizer e as

meninas sentam e não querem

fazer. No contra turno já é outro papo.

Ele vem com outra roupa, já vem

preparado para aquilo. Só as meninas

eu dou aulas específicas, só para

elas. Se tiver um menino junto já

bagunça. Então eu acho

importante separar meninos de

meninas. A roupa, e porque tem um

horário específico. Eu acho melhor no

contra turno.

5. O contra turno é uma vantagem

no ponto de vista do professor,

pois os alunos vão com a roupa

apropriada, ou seja, já vêm

preparados para aula.

Quanto à separação por sexo, é

muito eficaz, pois os alunos não

sabem se relacionar e as práticas

mistas ficariam com uma

performance muito baixa.

6. Muito... muito... tem uns especiais.

Tem alguns que são especiais.

O Warley por exemplo: ele fica no

6. O professor relata algumas

situações que é necessário intervir

durante aula, pois existem alunos

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gol, e às vezes furava e aí o povo

xingava.... Quem xingar vai ficar no

gol e depois separadamente eu dizia:

olha para você ver não tem como você

xingar o cara. Você é perfeito. Olha

como ele é. Se esforçava e caia no

chão.... Às vezes a gente chama no

canto e conversa como no caso desse

mesmo. Entendeu... então eu chamo

ele no canto porque eu acho que eles

dão mais atenção, mas não chamo

atenção assim alto no meio da turma...

Porque às vezes até responde e posso

sofrer assim...embate.

É. aí eles ficam brigando: Vamos

jogar professora! Às vezes até faço

uma experiência: Vamos jogar! Não

sai nada. Nem o saque chega do outro

lado. Então... viu como é importante o

fundamento.

Por exemplo voleibol: é um

bem atrativo, mas eu consegui esse

ano, no nono ano, eu dei para o

masculino. Imagine eles que só

gostam de futebol... E futebol... E

futebol. Eu consegui no primeiro

bimestre voleibol e eles aprenderam

a jogar bem. Os caras são tudo do

tamanho dessa porta aí. O Iago, João

Vitor... são todos altos. Imagina que

desperdício ficar só no futebol.

com necessidades especiais que

até tentam fazer determinado

esporte, mas não conseguem

desempenhar muito bem suas

funções. Então, alguns alunos

debocham destes, sendo

necessária uma intervenção para

que alguns compreendam as

dificuldades de outros.

Relata ainda que, ao colocar os

exercícios relacionados aos

fundamentos, ou aplicar algum

jogo adaptado, os alunos

reclamam, pois, preferem jogar

com as regras oficiais. Quando

tentam fazer, desta forma, o jogo

não acontece. Entretanto, este

ano, o professor conseguiu

desviar o foco do futsal e

desenvolveu outras modalidades

que os alunos conseguiram

aprender e jogar.

7. Eu começo com muito aquecimento e

alongamento. Eles não

7. Em relação à aula, o professor

inicia com o aquecimento e o

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gostam. Detestam. Eu explico

porque estou fazendo. Por

exemplo: estou alongando, está

alongando quadríceps.

Explicando: Onde fica o

quadríceps? Aqui na coxa. Então eles

vão gravando sabe... e vamos alongar

a panturrilha: o que é panturrilha? Eu

vou explicando. Teve uma coisa que

eu falei esses dias eu estava dando

aula para as meninas. Contrai o

glúteo! O que é

glúteo professora? Meu Deus do céu!

Do sexto ao nono já era para estar

sabendo. Então eu uso muito assim

para estar chamando atenção

deles porque se eu falar: 20 voltas na

quadra. Ah professora, correr para

quê? Então eu dou um aquecimento

também diversificando. Diferente para

não ficar monótono e falando no

esporte, começa os fundamentos e

depois eu sento com eles e falo sobre

regras também...

Aí vou explicar o que vou

dar. Sempre começa com

aquecimento, alongamento e depois

eu dou o esporte específico do

bimestre, e para terminar, sempre

estou chamando um ou outro para

conversar com certos assuntos que às

vezes não foi legal na aula. Um

comportamento... E aí eu fecho a aula.

alongamento e vai orientado sobre

a importância destas atividades. O

aquecimento é diversificado para

que os alunos não fiquem

desmotivados. Quando a aula tem

o conteúdo esportivo, a segunda

parte é composta pela execução

dos fundamentos. Depois, é feita

uma orientação sobre as regras e,

ao final, uma roda de conversa

para falar sobre assuntos extras

que acontecem na escola.

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100

8. Eu comecei bem, até segui o primeiro

bimestre que foi o voleibol. Passei

para todo mundo só que aí eu operei

meu joelho e fiquei segundo e terceiro

bimestre fora. O último é futsal. Então

esse ano eu segui.

É pedido, mas não é cobrado. Aí você

faz o que você quiser.

8. O professor relata que segue a

proposta, pois é essa a orientação.

Porém, não existe nenhuma

cobrança sobre sua utilização.

Diante disso, o professor segue, se

assim quiser.

Perfil individual do Professor 5

(1,2) O professor destaca que seriam necessárias turmas de treinamento na escola

para que o esporte pudesse ser melhor desenvolvido neste ambiente. O esporte escolar é

um meio para melhorar o comportamento, a postura e ensinar bons valores para os alunos.

(3,4) Como estratégias de aprendizado do esporte, o professor utiliza exercícios de

formas variadas, jogos adaptados, jogo com regras oficiais e torneios entre as salas para

motivar os alunos. Já os conteúdos ficam relacionados às regras, aos fundamentos, ao jogo

com regras oficiais e às modalidades esportivas coletivas de quadra.

(5,6) Quanto às aulas de Educação Física serem realizadas no contra turno, é um

ponto favorável, pois os alunos vão preparados para aula e a separação por sexo é melhor,

pois as atividades devem ser diferenciadas.

(7,8) A organização da aula possui uma roda de conversa inicial, logo após o

aquecimento e o alongamento com algumas orientações a respeito destas atividades e

também sobre o conteúdo da aula. Há uma parte para a execução e repetição dos

fundamentos, para orientação sobre as regras e uma roda de conversa final na qual o

professor conversa com os alunos sobre assuntos relacionados ao ambiente escolar. A

proposta sobre os conteúdos é uma referência para o profissional, mas que, na sua opinião,

os profissionais podem não seguir.

6.1.6 Transcrição do discurso do Professor 6

Pesquisador: O que você pensa sobre esporte na escola do 6º ao 9º?

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Professor 6:

Bem eu penso que existe sim uma importância. Você sabe, [é de certa forma

trazer principalmente as quatro modalidades que a gente tem condições para trabalhar

dentro do espaço escolar, que é o futsal, handebol, basquete e o vôlei.4] E dentro disso

tudo fazer um trabalho de consciência também em relação a tudo, porque sempre

coloco também, [ como eu disse a interdisciplinaridade na parte da geografia, da

história, da própria matemática e colocar tudo isso dentro de um contexto 4] onde o aluno.

E acho que o [esporte é uma coisa muito democrática. Porque dentro do handebol escolar

você pode ter um alto e um baixo, pode ter um mais gordinho pode ter o mais magrinho,

então dentro do handebol eu acho que essa oportunidade e o aluno pode se encaixar 1], eu

acredito que [esporte é um caminho dentro da escola, serve para que o aluno entenda e veja

de um modo geral o esporte e a função da escola em termos de formação 2] e também ele

se encaixa em uma situação onde [eles vão trabalhar as partes motoras e claro também vai

melhorar a sua autoestima.2]

[Então do sexto ao nono... o que a gente enfrenta é um pouquinho de

dificuldade, por isso que a gente... eu tenho um pouquinho de experiência com relação do

primeiro ao quinto e eu vejo que isso tem que ser uma continuidade.1] [Então infelizmente

às vezes eu vejo também que a gente necessita que haja um estímulo maior para o

aluno em relação as competições. Você trabalhar simplesmente o esporte dentro de um

modo geral a gente vivenciou por muito tempo jogos escolares, infelizmente essa

coisa....Ficou de lado então tem que haver isso para ter de uma certa forma um retorno de

tudo aquilo que você fez que treinou dentro de uma escola para poder...1]

[Recentemente nós fizemos um trabalho na escola municipal Coteca que de fato a

escola toda estava envolvida, pois eles aprenderam sobre a modalidade, sobre as regras da

modalidade, e foi um cunho legal uma coisa final que deu bons resultados, onde você

percebe que espaço educação física e esporte de um modo geral dentro da escola, tem sim

uma importância muito grande de resgatar o aluno, do aluno se encontrar de uma forma a

gente não perder esse aluno para caminhos ruins. 1]

[E de fato ver uma situação, pode-se dizer um espetáculo, onde vibração e as

emoções, fatos que chegam a tocar o aluno pela a própria importância daquilo para quem

está assistindo e para quem de fato faz parte ali. 1] E também vejo esse lado pela

experiência que eu tenho na parte interdisciplinar porque [eu entendo de regra fui

arbitro da Federação Paulista de Futebol de Salão e ali, alunos que dão problema na

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escola acabam de certa forma acabam se encaixando, dentro da nossa área a gente sempre

tem uma noção bem próximo na realidade que a disciplina, sem sombra de dúvidas tem um

papel muito importante dentro da continuidade, dessa progressão do aluno enquanto ele

forma a vida pessoal.2]

Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos assinar esporte na escola?

Professor 6:

[Então, a ideia é sempre essa trazer o aluno para uma coisa mais completa e ele se

transformar no ser humano. É lógico que a ideia é sempre formar um bom cidadão, vê-lo

mais tarde bem realizado de uma pessoa que preserva sua integridade, o seu caráter, tem

também o cuidado com o seu corpo, e saiba explorar seu corpo que tenha consciência do

seu corpo que tenha consciência que isso é muito importante para a saúde dele para a

manutenção, inclusive também, sua própria vida social dele. 2] E nessas rachinhas, nesses

joguinhos [o esporte sempre abriu muitas portas para todos inclusive para mim em relação

a esse estudo para a gente fazer amizade a gente está inserido na sociedade. O esporte na

minha opinião proporcionar isso: engrandecimento dessa situação do aluno então sempre o

objetivo é focado nisso na autoestima no desenvolvimento integral do aluno, 2] porque isso

aí dentro da educação física, porque eu já cheguei a trabalhar com um treinamento também

já direcionado por esporte, mas sem fugir disso muito também.[Porque o próprio

treinamento fora da escola pode deixar de lado essa afirmação principalmente nessa fase de

formação psicológica do aluno onde você pode

encaminhar desencaminhar. Para educar e encaminhar o aluno porque nem sempre... já

participei já, já fui em escolinhas em São Paulo e a gente vê o foco é sempre isso aí. É a

formação do cara. Mas não vai ser jogador não vamos estragar a vida do cara. E a escola eu

assumir isso também. O que importa é que a gente educa sim, a gente forma a gente

direciona para uma vida, uma boa convivência na sociedade.2]

Pesquisador:

3 - Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de educação

física:

Professor 6:

O que a gente sempre procura... [eu procuro avaliar, é a situação que o aluno

chegou ali e de uma certa forma ele a princípio, conhecer a história do Esporte, saber um

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103

pouco sobre a geografia do esporte, a matemática do Esporte, sobre as regras do

Esporte..4] e a gente vai dentro daquela parte toda ali passando os[ fundamentos

4], passando uma situação e alguns já vindo... do sexto ao nono já trazem um pouquinho de

experiência em relação a isso, coisa já trabalhadas em todas as modalidades

Então eu gosto muito de basquete. Beleza. Porque às vezes você pega lá 30

alunos numa aula de educação física. Eu não procuro fazer lista. Faço separado. Meninos e

meninas separados. [Então às vezes você pega: ah professor, eu não gosto de futebol. A

professor, eu não gosto de basquete. Então às vezes, na minha opinião, eu acho, é

lógico que deve experimentar tudo. 6] . Mas o que eu digo, que para tudo isso o estado

proporciona os jogos escolares.... Então acho que para tudo isso ter uma....

Pesquisador: Não tem mais isso?

Professor 6:

[Infelizmente deu se uma brecada nisso tudo. É como eu digo: a gente está nesse

espaço aqui, eu vejo que nós temos bons profissionais aqui, só que às vezes a gente

esbarra numa situação onde a gente precisa da melhoria do espaço, através de um

investimento público, de uma pista de atletismo... onde a ideia nossa é

essa: pegar, dentro desse projeto, fazer voltar a ter jogos escolares, mas todas as

modalidades, ou seja, atletismo, futsal, handebol... Aí sim acho que a coisa fundamental na

escola. 1]Porque de repente você vai faz: mas porque eu estou fazendo isso? Para quê que

é isso? [Quando existe time, como existia na nossa época, na minha época também, de

repente você vai para uns jogos regionais. Você se destaca bastante você vai para os jogos

abertos. Dentro dos jogos abertos talvez ele seja uma oportunidade e se transformar um

jogador de futebol, de voleibol, handebol profissional.1] Porque nós temos, até com muita

honra falou isso, em Guaratinguetá o trabalho que o professor Maneco fazia, juntamente

com a secretaria de Guaratinguetá, talvez o professor Alexandre também, de

handebol. Então nós temos atletas que estão...

Pesquisador: Duas que saíram de lá...

Professor 6:

Na Seleção Brasileira. Seleção olímpica. [A educação é carro-chefe quê, a

educação física e o esporte são importantes sim para que a cidade se desenvolver.6] Então

essa situação. Então às vezes a gente esbarra nisso. Agora a vontade nossa sempre estar

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104

trabalhando em relação a isso. Ver o aluno se desenvolver. Porque a gente tem... [Então de

repente como você vai fazer um trabalho adequado, uma situação que de fato vá dá

resultado. Tem um negócio do basquete também. Você vai na escola e cadê a tabela? Não

tem tabela. Não tem bola.6]

Pesquisador: Pensando assim, do sexto ao nono. Pensa numa modalidade

qualquer. Daria ênfase, por exemplo: brincadeira.... Eu prefiro aula teórica... eu

prefiro vídeo.... Eu prefiro jogos.... Comente um pouco sobre isso.

Professor 6:

De uma certa forma, quando se tem condições, acho que tudo isso tem que ser

trabalhado. Acho que para o projeto ser completo tem que.... Porque aí você acaba

atingindo tudo no aluno. [Porque tem aluno que aprendi ali fazendo, outros ouvindo outros

vendo. Acho que tudo isso que diz respeito à execução do projeto é necessário. A sala de

informática é necessária, as aulas teóricas são necessárias, as aulas práticas são

necessárias. Eu acho que tudo isso está dentro de um contexto 3.] É aquilo que eu falo para

você, tem que ter condições para isso. Então infelizmente a estrutura da nossa escola, digo

a nível nacional não é adequado, mas a gente se esforça. [Vai lá mostra…. Olha

isso.... Indica as vezes.... Para fazer um trabalho.... Vai ter os jogos pan-

americanos, assistam. Esse bimestre é handebol assistam.3 ] Certamente você tem que

jogar um pouquinho para o aluno para ele retornar isso aí. E dentro do possível a gente

procura a escola diversificar. Então não existe uma coisa só. [Que a brincadeira é

importante, eu me surpreendi esse ano só para reafirmar isso, uma brincadeira com os

oitavos e nonos anos, de queimada. Você percebendo tudo aquilo ali você ver que tem

tudo os movimentos das modalidades. De uma certa forma consegui dar uma

dinâmica diferente. Agora futsal. Não, vamos continuar com isso aqui. Poxa me

surpreenderam. Uma turminha que ia só para jogar bola 3] e você percebe. [Eu dava um

retorno para ele do porquê disso. No futebol você viu que conseguiu se desvencilhar mais

fácil? Você trabalhou a parte mental disso. Você melhorou sua amplitude de visão, o

campo visual. Está vendo como o negócio é diferente? Você faz um recuo sem

esforço. Uma parte lateral sem esforço. Você consegue abaixar e fazer isso. E outra

coisa, como eram muitos alunos, você consegue ocupar o espaço sem trombar com

ninguém, sem nada. Você simplesmente, numa situação dessas você está treinando até o

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105

drible de corpo. E várias modalidades precisam disso. A gente sempre procura, de uma

certa forma, repito, dentro das condições que a gente tem, de material, de sala...3]

Pesquisador: Aqui, as aulas são no contra turno. Queria que você comentasse

um pouco sobre isso. E também a relação que é separado, homem e mulher.

Professor 6:

[O contra turno tem duas situações uma é a situação que tem outros projetos na

cidade aí, o aluno ter uma certa liberdade e querer sair da escola, às vezes ele prefere o

projeto. A gente tem um probleminha sério em relação a outras opções de o aluno

frequentar a aula. Tem um projeto aqui que é muito bom que é a casa do pequeno. Tem o

pensa.5]

[Uma certa forma pai e mãe dentro de uma vida moderna, nem sempre estão

presentes às vezes você fica lá com seus 12, 13 anos dentro de casa e também vejo uma

outra situação, eu tenho dificuldade de trabalhar com os alunos da parte da manhã, não

dormem cedo. Então vai acordar para a educação física 7:00 horas da manhã?

.... Entendeu? Vai chegar lá como? Vai ter disposição? 5]

[Você quer resgatar o aluno, você quer trazer para um... Porque eu vejo sempre

essa situação, meu modo geral, da educação física escolar, desafio de colocar um

aluno com noção, não digo nem ciência, noção de que ele tem para o resto da vida que ele

precisar fazer uma atividade física que na minha opinião é fundamental.2]

[A gente esbarra nisso. Diversidade. Numa situação em que você pega vários

alunos, várias alunas, mas quando você vai ver que a aula é feminina, hoje é masculina e

amanhã feminina.... Porque você já direciona. Um dia você vai dar aula de ritmo. Vai dar

uma situação próxima em que elas gostam. 5]

Pesquisador: Pensando numa aula, independente se ela seja teórica... Mas,

pensando numa estrutura de aula, como vou dar aula de handebol? Como você

estruturaria a aula de hoje? No sétimo ano, vou dar aula de handebol. Como seria?

Professor 6:

.[Vamos treinar fundamentos de novo? Vamos. Vamos melhorar isso. Vamos fazer

isso tudo são detalhezinhos que vão fazer a diferença essa coisa de brilhar mesmo, do

lapidar, da própria situação até mesmo a situação de um atleta. 3 ]

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106

Pesquisador: Aqui, em Aparecida, tem a proposta. E queria saber como foi

pedido para que sigam ou não. É só uma referência? Aquela propostinha da

Educação Física. Que tem todas as...

Professor 6:

[Deve ser um projeto da própria escola. Diz muito em relação à identidade da

escola. Por que você vem em determinada cidade, que em determinados bairros, o foco e o

talento sempre sai o handebol. Em São José é um exemplo disso. Do outro lado é

futsal, do outro lado é basquete. A gente tem que chegar numa situação dessas e não ter

um mecanismo trancado, engessado. Então infelizmente, é até ideia a continuidade, e a

gente chegar numa situação de conversar novamente, porque foi feito a toque de caixa e de

fato, sinceramente, não tem como você pegar e dizer assim: vai dar resultado. Infelizmente

não tem nem o pontapé inicial em relação a isso. É muito, na minha opinião, muito vago e

foge muito da realidade da comunidade. 8]

Quadro 8: Análise ideográfica do Professor 6

Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem

do pesquisador

1. Esporte é uma coisa muito

democrática. Porque dentro do

handebol escolar você pode ter um

alto e um baixo, pode ter um mais

gordinho pode ter o mais magrinho,

então dentro do handebol eu acho

que essa oportunidade e o aluno pode

se encaixar.

Então do sexto ao nono... o que a

gente enfrenta é um pouquinho de

dificuldade, por isso que a gente... eu

tenho um pouquinho de experiência

com relação do primeiro ao quinto

e eu vejo que isso tem que ser uma

continuidade.

Então infelizmente às vezes eu vejo

1. Na visão deste professor, o

esporte escolar é algo muito

democrático, pois permite a

participação de indivíduos com

diferentes capacidades motoras.

No município, o estímulo para as

competições escolares não existe,

mas é um fator importante para o

desenvolvimento dos alunos. De

acordo com este professor, não

adianta desenvolver um trabalho

com o esporte no meio escolar se

não há uma competição para que

os alunos participem e possam se

destacar, até terem a oportunidade

de se tornarem profissionais.

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107

também que a gente necessita que

haja um estímulo maior para o

aluno em relação as

competições. Você trabalhar

simplesmente o esporte dentro de um

modo geral a gente vivenciou por

muito tempo jogos escolares,

infelizmente essa coisa…Ficou de

lado então tem que haver isso para ter

de uma certa forma um retorno de

tudo aquilo que você fez que treinou

dentro de uma escola para poder.

Recentemente nós fizemos um

trabalho na escola

municipal Coteca que de fato a escola

toda estava envolvida, pois eles

aprenderam sobre a modalidade, sobre

as regras da modalidade, e foi

um cunho legal uma coisa final que

deu bons resultados, onde você

percebe que espaço educação física e

esporte de um modo geral dentro da

escola, tem sim uma importância

muito grande de resgatar o aluno, do

aluno se encontrar de uma forma a

gente não perder esse aluno para

caminhos ruins

E de fato ver uma situação, pode-se

dizer um espetáculo, onde vibração e

as emoções, fatos que chegam a tocar

o aluno pela a própria importância

daquilo para quem está assistindo e

para quem de fato faz parte ali.

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108

Porque de repente você vai faz: mas

porque eu estou fazendo isso? Para

quê que é isso?

Quando existe time, como existia na

nossa época, na minha época

também, de repente você vai para uns

jogos regionais. Você se

destaca bastante você vai para os

jogos abertos. Dentro dos jogos

abertos talvez ele seja uma

oportunidade e se transformar um

jogador de futebol, de

voleibol, handebol profissional.

2. Esporte é um caminho dentro da

escola, serve para que o aluno entenda

e veja de um modo geral o esporte a

função da escola em termos de

formação.

Eles vão trabalhar as partes motoras e

claro também vai melhorar a sua

autoestima.

Eu entendo de regra fui arbitro da

Federação Paulista de Futebol de

Salão e ali, alunos que dão

problema na escola acabam de certa

forma acabam se encaixando, dentro

da nossa área a gente sempre tem uma

noção bem próximo na realidade que

a disciplina, sem sombra de

dúvidas tem um papel muito

importante dentro

da continuidade, dessa progressão do

aluno enquanto ele forma a vida

2. O esporte escolar pode favorecer

para que o aluno tenha uma

formação de suas habilidades

motoras, de sua autoestima e

também visa à formação de um

cidadão que saiba viver em

sociedade. Além disso, colabora

para que o aluno conheça o seu

corpo e também entenda a

importância da prática de

atividade física.

Page 109: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU - usjt.br · disciplina Pedagogia do Handebol de uma Instituição de Ensino Superior na qual me formei e

109

pessoal.

Então, a ideia é sempre essa trazer o

aluno para uma coisa mais completa e

ele se transformar no ser humano. É

lógico que a ideia é sempre formar um

bom cidadão, vê-lo mais tarde bem

realizado de uma pessoa que preserva

sua integridade, o seu caráter, tem

também o cuidado com o seu corpo, e

saiba explorar seu corpo que tenha

consciência do seu corpo que tenha

consciência que isso é muito

importante para a saúde dele para a

manutenção, inclusive também, sua

própria vida social dele.

O esporte sempre abriu muitas portas

para todos inclusive para mim em

relação a esse estudo para a gente

fazer amizade a gente está inserido na

sociedade. O esporte na minha

opinião pode proporcionar

isso: engrandecimento dessa situação

do aluno então sempre o objetivo é

focado nisso na autoestima no

desenvolvimento integral do aluno.

Porque o próprio treinamento fora da

escola pode deixar de lado essa

afirmação principalmente nessa fase

de formação psicológica do

aluno onde você pode

encaminhar desencaminhar. Para educ

ar e encaminhar o aluno porque nem

sempre... já participei já, já fui em

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110

escolinhas em São Paulo e a gente vê

o foco é sempre isso aí. É a formação

do cara. Mas não vai ser jogador não

vamos estragar a vida do cara. E a

escola eu assumir isso também. O que

importa é que a gente educa sim, a

gente forma a gente direciona para

uma vida, uma boa convivência na

sociedade.

Você quer resgatar o aluno, você quer

trazer para um... Porque eu

vejo sempre essa situação, meu modo

geral, da educação física

escolar, desafio de colocar um

aluno com noção, não digo nem

ciência, noção de que ele tem para o

resto da vida que ele

precisar fazer uma atividade física que

na minha opinião é fundamental.

3. Porque tem aluno que aprendi ali

fazendo, outros ouvindo outros

vendo. Acho que tudo isso que diz

respeito à execução do projeto é

necessário. A sala de informática é

necessária, as aulas teóricas são

necessárias, as aulas práticas são

necessárias. Eu acho que tudo isso

está dentro de um contexto.

Vai lá mostra…. Olha isso.... Indica

as vezes.... Para fazer um

trabalho.... Vai ter os jogos pan-

americanos, assistam. Esse bimestre é

handebol assistam.

3. O professor destaca em seu

discurso algumas estratégias para

ensinar o esporte, tais como: a

vivência prática do esporte,

demonstrações do professor e

treinamento dos fundamentos,

aulas teóricas, utilização da sala

de informática, jogos e

brincadeiras e também assistir a

alguns esportes que irão passar na

televisão.

De acordo com o professor, após

as vivências das atividades

relacionadas ao esporte, algumas

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111

Que a brincadeira é importante, eu

me surpreendi esse ano só

para reafirmar isso, uma brincadeira

com os oitavos e nonos anos, de

queimada. Você percebendo tudo

aquilo ali você ver que tem tudo, os

movimentos das modalidades. De

uma certa forma consegui dar uma

dinâmica diferente. Agora

futsal. Não, vamos continuar com isso

aqui. Poxa me surpreenderam. Uma

turminha que ia só para jogar bola.

Eu dava um retorno para ele do

porquê disso. No futebol você viu que

conseguiu se desvencilhar mais

fácil? Você trabalhou a parte mental

disso. Você melhorou sua amplitude

de visão, o campo visual. Está

vendo como o negócio é

diferente? Você faz um recuo sem

esforço. Uma parte lateral sem

esforço. Você consegue abaixar e

fazer isso. E outra coisa, como eram

muitos alunos, você consegue ocupar

o espaço sem trombar com

ninguém, sem nada. Você

simplesmente, numa situação dessas

você está treinando até o drible de

corpo. E várias modalidades precisam

disso. A gente sempre procura, de

uma certa forma, repito, dentro das

condições que a gente tem, de

material, de sala.

explicações são feitas sobre os

movimentos realizados que

podem ser utilizados em inúmeros

esportes.

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112

Vamos treinar fundamentos de

novo? Vamos. Vamos melhorar

isso. Vamos fazer isso tudo são

detalhezinhos que vão fazer a

diferença essa coisa de brilhar

mesmo, do lapidar, da própria

situação até mesmo a situação de um

atleta.

4. De certa forma trazer principalmente

as quatro modalidades que a gente

tem condições para trabalhar dentro

do espaço escolar, que é o futsal,

handebol, basquete e o vôlei.

Como eu disse a

interdisciplinaridade na parte da

geografia, da história, da própria

matemática e colocar tudo isso dentro

de um contexto.

Eu procuro avaliar, é a situação que o

aluno chegou ali e de uma certa

forma ele a princípio, conhecer

a história do Esporte, saber um pouco

sobre a geografia do esporte, a

matemática do Esporte, sobre as

regras do esporte.

Fundamentos.

4. Os conteúdos são focados nas

quatro modalidades esportivas de

quadra, das quais o aluno aprende

sobre as regras, os fundamentos e

também conceitos sobre

Geografia, História e Matemática

relacionados ao esporte.

5. A gente esbarra

nisso. Diversidade. Numa situação em

que você pega vários alunos, várias

alunas, mas quando você vai ver que a

aula é feminina, hoje é masculina e

amanhã feminina.... Porque você já

direciona. Um dia você vai dar aula de

5. O professor relata que a separação

permite que aula seja direcionada

e, assim, aplicar atividades que

despertam um maior interesse

para cada sexo.

Há um problema, pois os alunos

têm certa liberdade para

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113

ritmo. Vai dar uma situação

próxima em que elas gostam.

O contra turno tem duas

situações uma é a situação que tem

outros projetos na cidade aí, o aluno

ter uma certa liberdade e querer sair

da escola, às vezes ele prefere o

projeto. A gente tem um probleminha

sério em relação a outras opções de o

aluno frequentar a aula. Tem um

projeto aqui que é muito bom que é a

casa do pequeno. Tem o pensa.

Uma certa forma pai e mãe dentro de

uma vida moderna, nem sempre estão

presentes às vezes você fica lá com

seus 12, 13 anos dentro de casa e

também vejo uma outra situação, eu

tenho dificuldade de trabalhar com os

alunos da parte da manhã, não

dormem cedo. Então vai acordar para

a educação física 7:00 horas da

manhã? .... Entendeu? Vai chegar lá

como? Vai ter disposição?

frequentar as aulas, já que existem

outros projetos educativos na

cidade. Além disso, não há uma

cobrança da família para que

compareçam às aulas de

Educação Física.

6. Então às vezes você pega: ah

professor, eu não gosto de futebol. A

professor, eu não gosto de

basquete. Então às vezes, na minha

opinião, eu acho, é lógico que deve

experimentar tudo.

A educação é carro-chefe que, a

educação física esporte e são

importantes sim para que a cidade se

desenvolver.

6. É relatado pelo professor que a

educação juntamente com a

Educação Física e o esporte são

importantes suportes para o

desenvolvimento da cidade. No

entanto, nas escolas, não há um

apoio para que isso ocorra de

maneira eficaz.

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114

Então de repente como você vai fazer

um trabalho adequado, uma situação

que de fato vá dá resultado. Tem um

negócio do basquete também. Você

vai na escola e cadê a tabela? Não tem

tabela. Não tem bola.

7. Deve ser um projeto da própria

escola. Diz muito em relação à

identidade da escola. Por que você

vem em determinada cidade, que em

determinados bairros, o foco e o

talento sempre sai o handebol. Em

São José é um exemplo disso. Do

outro lado é futsal, do outro lado

é basquete. A gente tem que chegar

numa situação dessas e não ter

um mecanismo trancado, engessado.

Então infelizmente, é até ideia a

continuidade, e a gente chegar numa

situação de

conversar novamente, porque foi feito

a toque de caixa e de fato,

sinceramente, não tem como você

pegar e dizer assim: vai dar resultado.

Infelizmente não tem nem o pontapé

inicial em relação a isso. É muito, na

minha opinião, muito vago e foge

muito da realidade da comunidade.

8. O professor deixa claro, em seu

discurso, que os conteúdos a

serem ensinados devem ser

organizados por cada escola e de

acordo com a característica da

comunidade, e não como está na

proposta elaborada pela Secretaria

de Educação. Portanto, uma nova

reunião deve ser feita para

reorganizar a proposta, pois essa

foi feita de maneira muito rápida

e não está conseguindo bons

resultados.

Perfil individual do Professor 6

(1,2) O professor relata que o esporte escolar é algo democrático, pois indivíduos

com capacidades motoras e físicas distintas podem jogar. Destaca também que, no

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115

município, não há competições para os alunos participarem e que, de certa forma, faz falta

para uma formação diferenciada dos alunos e, até mesmo, para que possam ter a

oportunidade chegar a ser um atleta profissional. Nesse sentido, o esporte escolar tem

grande influência na formação do cidadão e também na melhora da autoestima.

(3,4) Para ensinar o esporte no ambiente escolar, o professor utiliza aulas teóricas,

aulas em laboratórios de informática, vídeos relacionados e também atividades práticas:

jogos, brincadeiras, treinamento dos fundamentos. Faz ainda uma reflexão sobre todas as

atividades, relacionando-as com as modalidades esportivas. Os conteúdos desenvolvidos

são as quatro modalidades esportivas coletivas: as regras, os fundamentos, a História, a

Geografia e a Matemática.

(5,6,7) As aulas no contra turno possuem algumas dificuldades, pois os alunos têm

certa liberdade para frequentar outros projetos e, com isso, não comparecem às aulas de

Educação Física. A separação por sexo facilita o desenvolvimento das aulas, pois, dessa

forma, o professor pode aplicar atividades direcionadas à cada público.

(8) A proposta foi colocada pela Secretaria Municipal, mas não é seguida pelo

professor, pois, na sua opinião, os conteúdos devem ser algo específico de cada escola e de

cada comunidade e, da maneira como foi descrita e orientada, não terá bons resultados.

6.1.7 Transcrição do discurso do Professor 7

Pesquisador: O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?

Professor 7:

[O esporte hoje em dia.… antigamente tinha caráter de socialização de

caráter educativo. Perdeu muito, essas características estão sendo muito

banalizadas, jogado de qualquer forma sem prescrição certa e correta dos exercícios, sem

avaliação correta do professor. Então, resumindo, eu acho que o esporte hoje em dia, em

caráter exclusivo na escola, está praticamente... as características hoje em dia perderam

quase todas. Então na realidade eu acho que deveríamos voltar às origens quando o

esporte era para caracterizar o ser humano como o próprio ser mesmo, trabalhar de maneira

correta.1 ]

[ Então... o esporte do 6º ao 9º ano é de caráter mais técnico. Eu acho que nessa

parte você já pode usar as nomenclaturas corretas sempre desde o início, 1] [mas é um

esporte mais voltado para o aprendizado, o crescimento do eu, do ser, da criança 2] [e

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116

muitas vezes essas aulas podem ser aulas lúdicas, podem ser aulas técnicas. Eu trabalho

geralmente, quando começa o ano, a gente começa com uma aula voltado mais para sala de

aula. A gente vai para um vídeo educativo depois agente explica as técnicas do esporte e ao

decorrer do ano vai trabalhando. 3]

Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos ao ensinar esporte na escola?

Professor 7:

[O professor, não só eu, mas todos os professores, almejam o esporte na escola com

o crescimento do aluno, tanto físico quanto psíquico. Que o aluno cresça tanto na

parte psíquica como na parte física dele o esporte em si, como caráter educativo, tem

muitas particularidades. São os valores propriamente dito. Tem esportes que você aprende

a ganhar e perder, você aprende... você aprende a forma correta de agir, crescer como ser

humano, crescer como pessoa, se desenvolver, retorno a dizer, tanto física

quanto intelectualmente.2]

Pesquisador:

3- Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de educação

física:

Professor 7:

Os alunos participam bem das aulas, há uma questão aqui pois a turmas são

separadas por sexo...

Pesquisador: Isso facilita?

Professor 7:

[Isso facilita e é um meio de exclusão, pois não tem motivo para separar, pois desde

de antigamente as turmas eram mistas, até na faculdade. E esse convívio é primordial para

o crescimento do indivíduo. E como ele vai crescer? Sabendo a diferença de sexo. A

diferença que eu tenho pelo e a minha amiga não tem? Porque eu sou forte? A capacidade

física minha vai além da dela... E essa diferença, essa intervenção que fizeram, melhorou

em termos e atrapalhou e outros termos.5] [Agora o ensino esportivos nas aulas de

educação física já vieram através de uma proposta da própria Secretaria de Educação e a

gente segue a proposta. 8] [Material para educação física não tem. É dado nenhum

material de apoio. Nós, professores, nós corremos atrás. Muitas vezes o material da

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escola, nas práticas esportivas... se você for dar uma aula de futsal você tem que trazer o

seu material de futsal aula. Independente de qualquer modalidade que for esportiva. Se for

basquetebol você traz material de apoio: livro, jornal, vídeo, internet.... Todo professor tem

que fazer não tem apoio nenhum. Uma grande evolução nessa área seria voltar esse

olhar para a ajuda do professor, porque todas as outras matérias têm.

6]. [Simplesmente nos dão uma cartilha, o livro, e pede para a gente seguir aquele

cronograma, mas o professor adapta o cronograma e vai fazendo adaptações. No caso as

aulas práticas de educação física a gente começa seguindo a cartilha chega no meio você

vê, não tem coesão o que está escrito ali. Porque eu quero te mostrar um livro que tenha

lido que mostra o conteúdo programático eu tenho matéria que é para ser trabalhado no

primeiro bimestre a gente aprende na faculdade que é para trabalhar no quarto

bimestre então a gente aprende invertido os valores era para você trabalhar por

exemplo lateralidade noções de espaço coordenação motora...Fundamentos básicos... O

que é uma matéria de iniciação do primeiro bimestre quando as crianças chegam crus na

escola você vai ensinar ele tem parte relacionada ao básico ao quarto bimestre que já era

desenvolvido tudo. Então tem uma parte muito sem lógica. Não

tenho um equilíbrio. Ensinar os conteúdos esportivos da escola. 8]

Pesquisador: Fale sobre a estratégia que você utiliza. Eu utilizo jogos.... Ou eu

utilizo brincadeiras?

Professor 7:

[Utilizamos jogos 3] [tanto jogos de tabuleiro jogos de mesa como tênis de mesa

4] [jogos lúdicos utilizo todas as aulas material de apoio livros que eu trago porque a

escola não tem filmes relacionados ao esporte vai ser trabalhado na modalidade

esportiva que vai ser trabalhada a gente utiliza fala de vídeo então a princípio quando o

aluno chega na escola a gente trabalha com ele mais a parte teórica em sala de aula.3]

Pesquisador: O primeiro passo seria a teoria?

Professor 7:

[Teoria, mas não só a teoria. Trabalho também com a prática intercalando a Teoria

com a prática e depois num segundo momento a parte de ilustração que seria de livro

3] [que seria mostrar como se faz como é a quadra as medidas por exemplo o

basquetebol na medida... a parte lúdica muitas vezes eu uso outras modalidades, por ser

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professor de capoeira eu inclui o que não está dentro do currículo

escolar como modalidades extras a gente faz uma combinação das aulas com alguns

parceiros. 4]

Pesquisador: Pensando em uma estrutura de aula, por exemplo. Hoje, eu vou

dar aula de basquete. Como seria estrutura a aula que você daria?

Professor 7:

[Na segunda aula eu levo ele para a quadra propriamente dita faz uma

brincadeira lúdica com ele para eles conhecerem as linhas a tabela, fala pra eles fazerem

um desenho, o jogo propriamente dito em uma terceira fase já começar apresentar pra eles

o movimento básicos do basquete segurar a bola na posição correta com a parte calejada

da mão, aquela parte toda que você já sabe, daí eu vou dando sequência na aula até chegar

no jogo propriamente dito 7] então a estrutura da minha aula seria a parte teórica dentro da

sala de aula mostrando pra ele as posições os arremessos os passes os tipos de

passes, depois que eles visualizarem toda essa parte depois que tiverem essa noção aí eu

levo na escola que tem quadra vai pra quadra, a escola que não tem quadra a gente se

adapta, improvisa. Ali atrás tem uma cesta, um espaço, muitas vezes fazemos ali agora. [O

grande problema na cidade é que não são todas as escolas que tem quadra e quando

tem não tem estrutura mas é basicamente isso.6]

Quadro 9: Análise ideográfica do Professor 7

Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem

do pesquisador

1. O esporte hoje em

dia.… antigamente tinha caráter

de socialização de caráter educativo.

Perdeu muito, essas

características estão sendo muito

banalizadas, jogado de qualquer

forma sem prescrição certa e correta

dos exercícios, sem avaliação correta

do professor. Então, resumindo, eu

acho que o esporte hoje em dia, em

1. Na opinião deste professor, o

esporte, no ambiente escolar,

sofreu algumas modificações

negativas. Com isso, deixou de

colaborar com a formação integral

do indivíduo.

Destaca ainda que, do 6º ao 9º

ano, o esporte escolar deve ser

desenvolvido de forma mais

técnica.

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119

caráter exclusivo na escola, está

praticamente... as características hoje

em dia perderam quase todas. Então

na realidade eu acho que deveríamos

voltar às origens quando o esporte era

para caracterizar o ser humano como

o próprio ser mesmo, trabalhar de

maneira correta.

Então... o esporte do 6º ao 9º ano é de

caráter mais técnico. Eu acho que

nessa parte você já pode usar as

nomenclaturas corretas sempre desde

o início.

2. Mas é um esporte mais voltado para o

aprendizado, o crescimento do eu, do

ser, da criança.

O professor, não só eu, mas todos os

professores, almejam o esporte na

escola com o crescimento do

aluno, tanto físico quanto psíquico.

Que o aluno cresça tanto na

parte psíquica como na parte física

dele o esporte em si, como caráter

educativo, tem particularidades. São

os valores propriamente dito. Tem

esportes que você aprende a ganhar e

perder, você aprende... você aprende a

forma correta de agir, crescer como

ser humano, crescer como pessoa, se

desenvolver, retorno a dizer, tanto

física quanto intelectualmente

2. Com relação aos objetivos

educativos que o esporte escolar

pode colaborar na formação dos

alunos, este professor relata, em

seu discurso, que o esporte pode

desenvolver o aluno de forma

integral, ou seja, físico, motor,

afetivo-social e cognitivo. Além

disso, ensina também, para o

aluno, a importância de saber

competir, dos valores que devem

conter no meio esportivo e na

sociedade.

3. Utilizamos jogos.

Jogos lúdicos utilizo todas as aulas

3. O professor utiliza diferentes

estratégias para envolver os

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120

material de apoio livros que eu trago

porque a escola não tem filmes

relacionados ao esporte vai ser

trabalhado na modalidade

esportiva que vai ser trabalhada a

gente utiliza fala de vídeo então a

princípio quando o aluno chega na

escola a gente trabalha com ele mais a

parte teórica em sala de aula.

Teoria, mas não só a teoria. Trabalho

também com a prática intercalando a

teoria com a prática e depois num

segundo momento a parte de

ilustração que seria de livro.

alunos nas aulas, tais como: jogos,

atividades lúdicas, livros de

apoio, vídeo e filmes para que os

alunos possam aprender sobre as

modalidades esportivas.

Juntamente com as estratégias

acima descritas, utiliza aulas

teóricas e práticas.

4. Tantos jogos de tabuleiro jogos de

mesa como tênis de mesa

Que seria mostrar como se faz como é

a quadra as medidas por exemplo o

basquetebol na medida... a parte

lúdica muitas vezes eu uso outras

modalidades, por ser professor de

capoeira eu inclui o que não está

dentro do currículo

escolar como modalidades extras a

gente faz uma combinação das

aulas com alguns parceiros.

4. O professor relata alguns esportes

utilizados como conteúdo para as

aulas de Educação Física: tênis de

mesa, jogos de tabuleiro,

capoeira, basquetebol; as regras

dos esportes em geral.

5. Isso facilita e é um meio de exclusão,

pois não tem motivo para separar,

pois desde de antigamente as turmas

eram mistas, até na faculdade. E esse

convívio é primordial para o

crescimento do indivíduo. E como ele

vai crescer? Sabendo a diferença de

5. Na visão deste professor, as aulas

no contra turno facilitam o

trabalho, mas, para os alunos, é

uma forma de exclusão, pois a

sociedade é mista. Sendo assim,

da forma como é organizado, na

cidade, os alunos não irão apender

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121

sexo. A diferença que eu tenho pelo e

a minha amiga não tem? Porque eu

sou forte? A capacidade física

minha vai além da dela... E essa

diferença, essa intervenção que

fizeram, melhorou em termos e

atrapalhou e outros termos.

sobre as diferenças entre os sexos.

6. Material para educação física não

tem. É dado nenhum material de

apoio. Nós, professores, nós

corremos atrás. Muitas vezes o

material da escola, nas práticas

esportivas... se você for dar uma aula

de futsal você tem que trazer o seu

material de

futsal aula. Independentemente de

qualquer modalidade que for

esportiva. Se for basquetebol você

traz material de apoio: livro,

jornal, vídeo, internet.... Todo

professor tem que fazer não tem apoio

nenhum. Uma grande evolução nessa

área seria voltar esse olhar para

a ajuda do professor, porque todas as

outras matérias têm o grande

problema na cidade é que não são

todas as escolas que tem quadra e

quando tem não tem estrutura, mas é

basicamente isso

6. Na cidade, não há materiais para

as aulas práticas que atendam às

necessidades das escolas, e nem

materiais de apoio para os

professores de Educação Física.

Outra questão é a falta de quadra

nas escolas.

7. Na segunda aula eu levo ele para a

quadra propriamente dita faz uma

brincadeira lúdica com ele para eles

conhecerem as linhas a tabela, fala

7. O professor relata que, em uma

aula voltada para o esporte, os

alunos são levados a uma

brincadeira para que vão

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122

para eles fazerem um desenho, o jogo

propriamente dito em uma terceira

fase já começar a apresentar para eles

os movimentos básicos do

basquete segurar a bola na posição

correta com a parte calejada da mão,

aquela parte toda que você já sabe, daí

eu vou dando sequência na aula até

chegar no jogo propriamente dito

reconhecendo as linhas limítrofes

da quadra. Em seguida, vai para o

ensino dos fundamentos da

modalidade e, em um terceiro

momento, para prática do jogo

propriamente dito.

8. Agora o ensino dos esportes nas aulas

de educação física já veio através de

uma proposta da própria Secretaria de

Educação e a gente segue a proposta.

Simplesmente nos dão uma cartilha, o

livro, e pede para a gente

seguir aquele cronograma, mas o

professor adapta o cronograma e vai

fazendo adaptações. No caso as aulas

práticas de educação física a gente

começa seguindo a cartilha chega no

meio você vê, não tem coesão o que

está escrito ali. Porque eu quero te

mostrar um livro que tenha lido que

mostra o conteúdo programático eu

tenho matéria que é para ser

trabalhado no primeiro bimestre a

gente aprende na faculdade que é para

trabalhar no quarto bimestre então a

gente aprende invertido os valores era

para você trabalhar por

exemplo lateralidade noções de

espaço coordenação

motora...Fundamentos básicos... O

8. O professor comenta que a

proposta é passada para os

professores no início do ano e que

deve ser seguida. Porém, faz

inúmera críticas a esta proposta e

relata que o professor precisa

fazer adaptações para que o

conteúdo seja mais bem

desenvolvido.

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123

que é uma matéria de iniciação do

primeiro bimestre quando as

crianças chegam crus na escola você

vai ensinar ele tem parte

relacionada ao básico ao quarto

bimestre que já era desenvolvido tudo.

Então tem uma parte muito sem

lógica.

Não tenho um equilíbrio. Ensinar os

conteúdos esportivos da escola.

Perfil individual do Professor 7

(1,2) O esporte do 6º ao 9º ano pode ser desenvolvido de maneira mais técnica.

Nesse sentido, o professor pode cobrar mais dos alunos nessa fase do ensino. Entretanto, o

esporte ensinado na escola pode colaborar também para que haja uma formação integral

dos alunos, ou seja, desenvolvê-los nos aspectos físico-motor, cognitivo e afetivo social.

Porém, para este professor, o esporte praticado na escola perdeu um pouco destas

características.

(3,4) O Professor 7 destaca inúmeras estratégias para ensinar o esporte na escola,

utilizando vídeos, filmes, figuras, explicações na lousa, demonstrações, jogos adaptados e

brincadeiras dentro de aulas teóricas e práticas. Cita ainda alguns conteúdos: capoeira,

basquete, tênis de mesa, regras e os fundamentos das modalidades esportivas.

(5,6) No que se refere às aulas serem desenvolvidas no contra turno e separadas por

sexo, para este professor, facilita seu trabalho, porém alega não ser o mais correto, pois os

alunos têm a necessidade aprenderem a lidar com seus limites e entender as diferenças e as

dificuldades do outro sexo. Outra questão que afeta diretamente os alunos e o trabalho do

profissional é falta de apoio e de materiais por parte do município.

(7,8) O professor relata que a primeira aula sobre o esporte é teórica, sendo

abordados os principais pontos da modalidade, a segunda é prática na qual é desenvolvida

uma brincadeira na quadra para que os alunos vão se familiarizando com as linhas

limítrofes. A segunda parte é composta pela execução dos fundamentos e, por fim, é

realizado um jogo que se aproxime da modalidade. Os conteúdos esportivos são

embasados pela proposta da cidade, mas, de acordo com o professor, não é uma referência

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124

que os professores seguem constantemente, pois existem muitas falhas. Sendo assim, os

profissionais vão modificando e adaptando para melhor desenvolverem seus conteúdos.

6.1.8 Transcrição do discurso do Professor 8

Pesquisador: O que você pensa sobre o esporte na escola?

Professor 8:

[Eu acho muito bacana o esporte na escola e não esporte da escola, é que uma tem

diferença aí.1] [Só que eu tento passar o máximo de conteúdo baseado no livrinho da

Educação que a gente tem um livrinho que a gente ganha no começo do ano então cada

bimestre tem uns tópicos para a gente ensinar então por exemplo: primeiro bimestre

voleibol, segundo bimestre futsal... Só que eu acho um pouco batido deveria mudar um

pouco. 8]

[Eu acho que são repetitivos. Se você pegar o livrinho mesmo vai ver que de 6º ao

9º ano é o mesmo esporte tanto o primeiro bimestre quanto o segundo bimestre...8]

Pesquisador: É o quarteto fantástico....

Professor 8:

É o quarteto fantástico exatamente. Só que assim eu procuro trazer umas coisas

diferentes para eles mesmos do que eu tenho encaixado durante as aulas.

Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos ao ensinar esporte na escola

Professor 8:

[Olha Juninho eu acho assim igual eu falo para os alunos: olha gente vocês não vão

sair profissionais do vôlei, sair profissional do handebol... Não. 1] [Eu gosto de passar o

básico para ele que ele conheça o esporte.2] [Porque muitas vezes não só no município de

Aparecida, mas em Potim. Eu levei o handebol porque eles não sabiam o que era handebol

então apenas faça o básico é a história os fundamentos e as regras.4] [Então a primeira

aula a gente faz uma roda de conversa e digo: olha gente vocês conhecem esse Esporte? Já

assistiu? Já viu? Já ouviu falar? Só para eu ter o conhecimento deles e a partir daí eu

monto as aulas.3]

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125

Pesquisador:

3 - Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de

Educação física:

Professor 8:

[Então como falei a gente faz uma roda de conversa aí eu faço uma avaliação dos

alunos. Não é teórica a avaliação, é mais uma conversa entre a gente ali. Então a gente

agora começar com os fundamentos primeiro, aí eu pesquiso sobre todos os fundamentos

que eu posso passar. Pode ser que seja passado em uma aula, mas nunca dá para fazer em

uma aula, então começo com os fundamentos básicos, primeiro mostro material para eles e

vou passando para eles poderem ver de mão em mão...3.]

Pesquisador: Você diz as bolas?

Professor 8:

[Isso mesmo. As bolas, exatamente.... Eu começo com os fundamentos básicos que

seria, vamos dar um exemplo: basquete começo lá: Olha gente fundamento do passe,

existem vários tipos de passes: passe de peito, passe picado, passe de ombro e vou indo....

Vou modificando depois do arremesso ensino certos arremessos, adentrar nas regras

mesmo da modalidade e acho que isso 4. [Às vezes eu faço o jogo sim, aliás na maioria das

vezes eu faço. O jogo que seria próximo do real. 3]

Pesquisador: Tem dificuldades?

Professor 8:

[Muitas dificuldades. Eu que trabalho do primeiro ao nono ano eu acho assim, que

falha muito a parte motora dos alunos, lógico que a gente sabe que tem muito aí que são

espertos, que brincam na rua e que tem mais contato, agora muitos alunos principalmente

as meninas, hoje em dia, sexto, sétimo ano, tem muita dificuldade na parte da coordenação

motora mesmo..6.]

[Eu acho que é geral isso. Dificulta na hora que eles chegam nas séries finais que é

para a gente passar um esporte desses, no caso handebol que é um esporte difícil, mais

complexo e fica meio difícil trabalhar com a parte prática. 6]

Pesquisador: As aulas são no contra turno. O que você pensa sobre isso... sobre

as aulas serem no contra turno?

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126

Professor 8:

[Muito difícil. Muito difícil. Eu acho que não só aqui, mas em várias outras escolas

a maioria das escolas são assim. Potim está assim agora. Potim está mudando esse ano.

Acho muito difícil principalmente aqui. Acessibilidade.... Não temos quadra. 5]

[Esse ano mesmo mudamos várias vezes de lugar. Até surgiu um local fixo, mas os

alunos.... Eles ficam desanimados de ter que vir, ter que se locomover, tem gente que nem

vai por conta que é muito longe. Agora para voltar em outro horário porque tem aluno que

sai onze e meia então... e, agora esse ano a gente está começando a segunda aula a partir dá

um e quarenta, mas antigamente já foi mais cedo então até tem que ir para casa dele

almoçar e voltar fica meio difícil. Sinceramente eu não gosto 5.]

Pesquisador: O que você pensa sobre essa relação de sexo em que as turmas

são separadas. No caso, a maioria das cidades ainda é mista e dentro da grade. O que

você pensa sobre isso?

Professor 8:

[Eu acho que se falando em conteúdo específico que tem para passar, dá para passar

tanto para as meninas na turma delas quanto para os meninos no horário deles. Isso é

tranquilo. Se fosse misto também para mim também daria para ser feito do mesmo jeito.5]

Pesquisador: Você comentou pouco, mas eu vou perguntar. A proposta foi

pedida para que vocês sigam ou não? Você segue, se quiser?

Professor 8:

[A gente tem que seguir, mas aquilo que eu falei para você: eu trago muita coisa

para agregar.8]

Pesquisador: Você comentou sobre a roda de conversa, mas pensa numa

estrutura de aula. Assim, como você organizaria para dar aula hoje?

Professor 8:

[Eu começo lá na parte inicial que seria introdução, aí a gente vai para um

alongamento, fazer um aquecimento e falar de algum jogo, a aula é sempre dobradinha. Aí

depois eu entro na parte específica que a parte dos fundamentos ou das regras. Depois a

gente faz o jogo mesmo e para finalizar a gente termina: Olha gente o que foi passado

hoje? E se sobrar um tempinho ou outro eles ficam um tempinho livres. 7]

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Quadro 10: Análise ideográfica do Professor 8

Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem

do pesquisador

1. Eu acho muito bacana o esporte na

escola e não esporte da escola, é que

uma tem diferença aí.

Olha Juninho eu acho assim igual eu

falo para os alunos: olha gente vocês

não vão sair profissionais do vôlei,

sair profissional do handebol... Não

1. O professor comenta que o

esporte escolar deve ser diferente,

ter sua própria identidade. E que

os alunos estão na Educação

Física para aprender sobre ele,

para conhecê-lo e não para se

tornarem profissionais.

2. Eu gosto de passar o básico para ele

que ele conheça o esporte.

2. Na visão deste professor, a escola

tem como objetivo passar para o

aluno conhecer, no mínimo, o

básico sobre as modalidades

esportivas.

3. Então a primeira aula a gente faz uma

roda de conversa e digo: olha gente

vocês conhecem esse Esporte? Já

assistiu? Já viu? Já ouviu falar? Só

para eu ter o conhecimento deles e a

partir daí eu monto as aulas.

Às vezes eu faço o jogo sim, aliás na

maioria das vezes eu faço. O jogo

que seria próximo do real.

Então como falei a gente faz uma roda

de conversa aí eu faço uma avaliação

dos alunos. Não é teórica a avaliação,

é mais uma conversa entre a gente ali.

Então a gente agora começar com os

fundamentos primeiro, aí eu pesquiso

sobre todos os fundamentos que eu

posso passar. Pode ser que seja

passado em uma aula, mas nunca dá

3. Primeiramente, o professor faz

uma avaliação diagnóstica através

de uma roda de conversa e indaga

os alunos sobre o esporte que irá

ser ensinado. A partir das

respostas e do conhecimento

prévio dos alunos, as aulas serão

planejadas. O jogo é uma

estratégia muito utilizada pelo

profissional para ensinar o esporte

na escola.

Outra estratégia é a apresentação

dos materiais necessários à prática

esportiva para que os alunos

conheçam e entendam ainda mais

sobre a modalidade. O professor

analisa, ainda, quais são os

principais fundamentos que

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128

para fazer em uma aula, então começo

com os fundamentos básicos primeiro

mostro material para eles e vou

passando para eles poderem ver de

mão em mão.

devem ser ensinados.

4. Porque muitas vezes não só no

município de Aparecida, mas em

Potim. Eu levei o handebol porque

eles não sabiam o que era handebol

então apenas faça o básico é a história

os fundamentos e as regras.

Isso mesmo. As bolas, exatamente....

Eu começo com os fundamentos

básicos que seria, vamos dar um

exemplo: basquete começo lá: Olha

gente fundamento do passe, existem

vários tipos de passes: passe peito,

passe picado, passe de ombro e vou

indo.... Vou modificando depois do

arremesso ensino certos arremessos,

adentrar nas regras mesmo da

modalidade e acho que isso.

4. Os conteúdos esportivos

ensinados estão ligados ao

histórico, às regras e aos

fundamentos básicos de cada

modalidade esportiva.

5. Muito difícil. Muito difícil. Eu acho

que não só aqui, mas em várias outras

escolas a maioria das escolas são

assim. Potim está assim agora. Potim

está mudando esse ano. Acho muito

difícil principalmente aqui.

Acessibilidade.... Não temos quadra.

Esse ano mesmo mudamos várias

vezes de lugar. Até surgiu um local

fixo, mas os alunos.... Eles ficam

desanimados de ter que vir, ter que se

5. Para este professor, o fato das

aulas de Educação Física serem

no contra turno atrapalha a

assiduidade dos alunos, pois as

escolas não têm quadra e, com

isso, a aula pode ser feita em

outro local fora do ambiente

escolar, atrapalhando muito.

Com relação à separação entre os

sexos, não há nenhum problema

quanto a isso. Os conteúdos são

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129

locomover, tem gente que nem vai por

conta que é muito longe. Agora para

voltar em outro horário porque tem

aluno que sai onze e meia então... e,

agora esse ano a gente está

começando a segunda aula a partir dá

um e quarenta, mas antigamente já foi

mais cedo então até tem que ir para

casa dele almoçar e voltar fica meio

difícil. Sinceramente eu não gosto.

Eu acho que se falando em conteúdo

específico que tem para passar, dá

para passar tanto para as meninas na

turma delas quanto para os meninos

no horário deles. Isso é tranquilo. Se

fosse misto também para mim

também daria para ser feito do mesmo

jeito.

passados de forma igual e, se

fosse misto, seria da mesma

maneira, sem diferença.

6. Eu acho que é geral isso. Dificulta na

hora que eles chegam nas séries finais

que é para a gente passar um esporte

desses, no caso handebol que é um

esporte difícil, mais complexo e fica

meio difícil trabalhar com a parte

prática

6. Faz um comentário breve que a

Educação Física escolar, do

primeiro ao quinto ano, não está

fornecendo uma base motora bem

desenvolvida para os alunos. Com

isso, quando chegam no Ensino

Fundamental II, não conseguem

desempenhar muito bem as

modalidades esportivas.

7. Eu começo lá na parte inicial que seria

introdução, aí a gente vai para um

alongamento, fazer um aquecimento e

falar de algum jogo, a aula é sempre

dobradinha. Aí depois eu entro na

parte específica que a parte dos

7. A parte inicial é uma introdução

sobre a modalidade esportiva que

irá ser ensinada naquela aula. Em

seguida, são realizados o

alongamento e o aquecimento.

Depois, vem a parte principal ou

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130

fundamentos ou das regras. Depois a

gente faz o jogo mesmo e para

finalizar a gente termina: Olha gente o

que foi passado hoje? E se sobrar um

tempinho ou outro eles ficam um

tempinho livres.

específica na qual o professor

ensina sobre os fundamentos e as

regras. O jogo também é aplicado

e praticado pelos alunos. No final

da aula, é feita uma roda de

conversa para discutir o que foi

praticado e desenvolvido. Caso o

tempo de aula ainda não tenha

acabado, os alunos podem ficar

livres.

8. Só que eu tento passar o máximo de

conteúdo baseado no livrinho da

Educação que a gente tem um livrinho

que a gente ganha no começo do ano

então cada bimestre tem uns tópicos

para a gente ensinar então por

exemplo: primeiro bimestre voleibol,

segundo bimestre futsal... Só que eu

acho um pouco batido deveria mudar

um pouco.

Eu acho que são repetitivos. Se você

pegar o livrinho mesmo vai ver que de

6º ao 9º ano é o mesmo esporte tanto

o primeiro bimestre quanto o segundo

bimestre.

A gente tem que seguir, mas aquilo

que eu falei para você: eu trago muita

coisa para agregar.

8. O professor comenta que, no

início do ano, recebe a proposta

com os conteúdos da disciplina e

que se empenha para seguir e

passar o que está na proposta,

apesar de considerar muito

repetitivos. Sendo assim, sempre

traz conteúdos diferentes para

poder agregar mais

conhecimentos aos alunos.

Perfil individual do Professor 8

(1,2) Na visão do Professor 8, o esporte escolar deve ser um conteúdo diferenciado

e não apenas uma cópia do modelo do alto rendimento, deve agregar conhecimentos

básicos sobre a modalidade, dando uma outra visão aos alunos.

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(3,4) Para ensinar o esporte na escola, o Professor 8 realiza uma avaliação

diagnóstica no primeiro dia sobre aquela modalidade que irá ser ensinada através de uma

roda de conversa através da qual questiona os alunos para que comentem sobre os

possíveis conhecimentos acerca da modalidade. Apresenta, nas aulas, alguns materiais,

fundamentos por meio de exercícios e também utiliza um jogo pré desportivo, os principais

conteúdos esportivos, como as regras, os fundamentos, o jogo e a história da modalidade.

(5,6) Com relação às aulas serem realizadas no contra turno, o Professor 8 relata

que este fato atrapalha muito a assiduidade dos alunos, pois problemas relacionados à

horários, transporte e localização da quadra fazem com que faltem muito. No entanto, a

separação ou a união não afeta o trabalho e não há diferença para este professor, pois os

conteúdos podem ser desenvolvidos da mesma forma, sem diferenças. A aula de conteúdo

esportivo é prejudicada pela falta de base motora que os alunos vão para o Ensino

Fundamental II.

(7,8) A aula começa com uma parte introdutória sobre o conteúdo que irá ser

ensinado, logo após, o aquecimento e o alongamento. No segundo momento, é a parte

principal composta pela execução dos fundamentos e do jogo, além das regras. No final, é

feita uma roda de conversa para que os alunos exponham suas dúvidas e suas experiências

vividas. Os conteúdos esportivos são seguidos na proposta, conforme é indicado no início

do ano pela Secretaria Municipal de Ensino. Porém, como o Professor 8 alega serem muito

repetitivos, sempre agrega novos conteúdos.

6.1.9 Transcrição do discurso do Professor 9

Pesquisador: O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?

Professor 9:

[Eu acho importante, principalmente pela parte social dos alunos. Além de aprender

as disciplinas, é importante o convívio no dia-dia, saber os limites, as regras saber as regras

esportivas, as regras de conduta. Eu acho legal isso aí. 2]

[Do 6º ao 9º ano eu trabalho mais os esportes em si, as regras.... 4 ] [A diferença

que eu vejo é isso. Até as próprias atividades. Você pode dar um treino mais puxado com

eles também. Eu prefiro dar aula sempre do 6º ao 9º. me sinto mais à vontade. 1]

[Entendem mais, absorvem mais, e não suga muito professor. Do primeiro ao

quinto é muito cansativo. Eles exigem de você a todo momento. Eles não são muito

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132

independentes em relação a regras, em relação às brincadeiras e as atividades que você

dá. Mesmo se for dar uma pista de obstáculos para ele sempre tem

dificuldade. "professor é para passar por cima, é para pular?" Já do sexto ao nono você

consegue trabalhar mais outras partes com ele. 6][Principalmente se você quer dar

um vôlei. Ensinar regras ensinar fundamentos eles absorvem melhor isso aí. Consegue

desenvolver melhor.4]

Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos ao ensinar esporte na

escola?

Professor 9:

[Eu gosto muito de puxar para parte esportiva de competição. 1] [Além de você dar

fundamento e ensinar as regras. Toda aula minha eu faço questão que eles joguem o

esporte. Como ele é, pois, eles aprendem a regra e às vezes a criança se identifica com o

esporte. Você tem que mostrar para ele todas as modalidades de quadra para ver com qual

ele se identifica 4.] Tanto que até hoje eu jogo basquete porque eu me identifiquei na

escola com o basquete. Até hoje eu prático. Eu acho legal você puxar do aluno a

experiência que ele vai adquirir para poder no futuro. É um negócio que vai marcar ele

para sempre. [Vai jogar bola para sempre, agora eu tenho dois filhos. Os dois filhos gostam

de vôlei. Eles não gostam de bola. Até hoje eles treinam vôlei. Mesmo que estejam fora da

escola já. É um negócio que a pessoa leva para a vida dela. 2]

Pesquisador:

3- Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de educação

física:

Professor 9:

[Eu começo sempre pelo aquecimento. Toda aula de 6º ao 9º ano

tem aquecimento. Dou uma caminhada, uma corridinha leve, depois eu dou um

alongamento depois esse alongamento eu sempre dou uma atividade recreativa antes de

começar, relacionada.7] [Eu estou mexendo com handebol por exemplo eu gosto de dar

uma queimada. Aí vai pegando um movimento de pegar a bola. Se é handebol vou dar

uma queimada. Depois eu ensino fundamento. Toque, posicionamento de jogadores... 4][E

durante as aulas vou explicando a parte teórica: lateral, pé na linha, a área só do

goleiro... para evitar eu monto só defesa e faço exercícios de defesa. Monto a defesa. Eu

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133

apito e eles correm até o meio da quadra depois apito eles voltem fazem a defesa de

novo. Depois em seguida dou esse mesmo exercício com a bola. Eles vão tocando em

movimento como se fosse para o ataque. Apitei é como se eu tivesse perdido a bola. Eles

soltam a bola e volta correndo para fazer a defesa.3]

Assim eles já vão aprendendo a dinâmica do esporte e absorvendo as regras

também. Sempre evite entrar na área. Todo contato que você tiver com a bola dentro da

área é falta. Daí eu ensino que a linha pontilhada que é a linha de tiro livre. [Daí em

seguida eu sempre faço um joguinho. Sempre no começo é meio caos. Até eles terem essa

ideia de ter que voltar, de formar barreira, tem dificuldade de ficar tentando tomar a bola

do outro lado. Porque até o nono ano é difícil. Eles querem dá tapas uns nos outros, puxar a

bola. Daí você fica sempre forçando a ideia de eles voltarem a formar a barreira. Porque se

não fica esse “tapa pra lá, tapa pra cá”. E acabam não aprendendo nada. É que sempre tem

campeonato e se você não os treinarem você acaba passando vergonha. As crianças ficam

dando tapas uns nos outros não passa uma bola e não fazem nada. E a parte teórica... aqui

tem pouca parte teórica. Eu peço trabalho sobre as regras básicas e passa uma provinha

bem simples. Só pontos importantes, números de jogadores, tempo de jogo tamanho da

quadra, 3]

Pesquisador: E eles vão bem?

Professor 9:

[Vão bem. Tem uns que participam da aula melhor. Sabe quantos jogadores do time

de handebol? " tem sete, professor". Aqueles que praticam, os que vão à aula. Aqueles que

não vão, a gente sempre pede trabalho para tirar as faltas 3.]

Pesquisador: Esses alunos, às vezes, pensam como funciona?

Professor 9:

[Faz compensação. Faz um trabalho e quando tem avaliação teórica eles recebem o

material fazem a avaliação teórica na sala e aulas. A professora que trabalha com a gente

faz a mesma coisa. Não vai na aula mas vai fazer o trabalho para recompensar a falta de

vai fazer a prova teórica. 3]

Pesquisador: E é sempre dobradinha?

Professor 9:

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134

[Isso. Por exemplo: só agora meu quarto bimestre... sempre deixa o futsal para o 4º

bimestre porque daí a hora que eles já estão mais relaxados. Seguindo as regras

certinho. Faz um campeonato de encerramento. Para acabar o ano, mas sempre durante o

ano eu deixo jogar a bolinha deles. Tipo uma troquinha. E eles curtem. Se você chegar e

não der o futebolzinho a criançada fica louca. Daí uns 20 minutinhos, 30 minutinhos finais

eu deixo jogar uma bolinha.3]

Pesquisador: Qual a sua visão sobre as aulas serem no contra turno?

Professor 9:

[Eu gosto. Eu acho importante, eles ficam mais à vontade. Na minha época de

colegial era no mesmo turno. Sair da aula todo suado e voltar. Por exemplo se tem

banheiro, porque lá na minha escola tinha banheiro, que tinha muito aluno que tinha

constrangimento de tomar banho. Preferiria voltar suado do que tomar banho na frente dos

alunos. Porque cada um tem o seu jeito de ser tem aluno que tem vergonha. Na minha

época foi assim. Então foi gostoso. Um monte de aluno nem fazia. A mãe arrumava

atestado para não frequentar a aula porque tinha vergonha. Eu acho melhor fora do turno.

5 ]

Pesquisador: A proposta da cidade? É pedido que vocês sigam?

Professor 9:

[Tenho um caderninho para a gente seguir. Mas eu acho que cada professor faz o

seu. Acho que não acompanha muito aquilo não. 8]

Pesquisador: Não é muito cobrado também.

Professor 9:

[Não é muito cobrado e o coordenador não acompanha. Apesar de ser feito pela

gente. A gente participou da elaboração. Não todos, mas alguns professores

participaram. Foi dado opinião, a gente fez uma listinha na época antes de montar esse

caderninho. A gente que fez. O conteúdo programático foi a gente que fez. As ideias

básicas sim. 8]

Pesquisador: E essa relação de sexo. Porque as turmas são separadas e não

mistas. O que você pensa disso?

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135

Professor 9:

[Na minha opinião eu escolheria sempre separado. Mas eu nunca tive problema

com a turma mista. Todo ano tem uma turma mista e eu nunca tive problema. Mas

separado as crianças ficam mais à vontade. Para participar. As meninas não gostam muito.

Elas ficam envergonhadas porque os meninos ficam olhando. As meninas não ficam à

vontade. Os meninos não estão nem aí. Para ele tudo é festa. Agora tem menina que não

fica à vontade. Não frequenta aula. Mas eu nunca tive problemas de

comportamento. Agora turma que já é dividida no seu horário as crianças ficam mais à

vontade. O único diferencial que eu acho é isso 5.]

[Funciona nos mesmos moldes, alongamento, aquecimento, a brincadeira. Só que

eu faço o seguinte: quando acaba a atividade handebol eu dou 15 minutos para cada

turma. As meninas querem fazer um pic-bandeirinha, fazer uma queimada... daí as

meninas têm uns 15 minutos dela que é tipo um lazer delas e os meninos têm uns 15

minutos deles com o futebol. 7]

Quadro 11: Análise ideográfica do Professor 9

Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem

do pesquisador

1. A diferença que eu vejo é isso. Até as

próprias atividades. Você pode dar um

treino mais puxado com

eles também. Eu prefiro dar aula

sempre do 6º ao 9º me sinto mais à

vontade.

1. O professor relata que sua

preferência do 6º ao 9º ano pode

exigir mais alunos e que o

treinamento pode ser mais

intenso.

2. Eu acho importante, principalmente

pela parte social dos alunos. Além

de aprender as disciplinas,

é importante o convívio no dia-

dia, saber os limites, as regras saber as

regras esportivas, as regras de

conduta. Eu acho legal isso aí.

Vai jogar bola para sempre, agora eu

tenho dois filhos. Os dois filhos gostam

2. Os objetivos educativos, ao

ensinar o esporte na escola, para

este professor, estão ligados à

parte social dos alunos, à relação

interpessoal, a aprender sobre os

limites. Além disso, o esporte

escolar pode colaborar para que

os alunos aprendam a gostar da

prática esportiva e tenham

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136

de vôlei. Eles não gostam de bola. Até

hoje eles treinam vôlei. Mesmo

que estejam fora da escola já. É um

negócio que a pessoa leva para a vida

dela.

consciência sobre o que deve ser

feito durante toda a vida.

3. E durante as aulas vou explicando a

parte teórica: lateral, pé na linha, a

área só do goleiro... para evitar eu

monto só defesa e faço exercícios de

defesa. Monto a defesa. Eu apito e

eles correm até o meio da

quadra depois apito eles voltem fazem

a defesa de novo. Depois em seguida

dou esse mesmo exercício com a

bola. Eles vão tocando em

movimento como se fosse para o

ataque. Apitei é como se eu tivesse

perdido a bola. Eles soltam a bola e

Volta correndo para fazer a defesa.

Daí em seguida eu sempre faço um

joguinho. Sempre no começo é meio

caos. Até eles terem essa ideia de ter

que voltar, de formar

barreira, tem dificuldade de ficar

tentando tomar a bola do outro

lado. Porque até o nono ano é

difícil. Eles querem dá tapas uns nos

outros, puxar a bola. Daí você fica

sempre forçando a ideia de eles

voltarem a formar a barreira. Porque

se não fica esse “tapa para lá, tapa

para cá”. E acabam não aprendendo

nada. É que sempre tem campeonato e

3. As estratégias utilizadas são: aula

teórica sobre as regras e também

demonstrações e intervenções

durante as aulas práticas. Utiliza

também exercícios e jogos para

ensinar o esporte na escola.

Em alguns momentos,

dependendo da escola, provas e

trabalhos escritos são pedidos aos

alunos. Aqueles que não

frequentam as aulas devem

entregar os trabalhos solicitados

pelo professor para compensar as

faltas.

No final do ano, o professor

costuma organizar um

campeonato interclasse na escola.

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137

se você não os treinarem você acaba

passando vergonha. As crianças ficam

dando tapas uns nos outros não passa

uma bola e não fazem nada. E a parte

teórica... aqui tem pouca parte

teórica. Eu peço trabalho sobre as

regras básicas e passa uma provinha

bem simples. Só pontos

importantes, números de jogadores,

tempo de jogo tamanho da quadra.

Vão bem. Tem uns que participam da

aula melhor. Sabe quantos jogadores

do time de handebol? " tem

sete, professor". Aqueles que

praticam, os que vão à aula. Aqueles

que não vão, a gente sempre pede

trabalho para tirar as faltas.

Faz compensação. Faz um trabalho e

quando tem avaliação

teórica eles recebem o material fazem

a avaliação teórica na sala e aulas. A

professora que trabalha com a gente

faz a mesma coisa. Não vai na aula

mas vai fazer o trabalho para

recompensar a falta de vai fazer a

prova teórica.

Isso. Por exemplo: só agora meu

quarto bimestre... sempre deixa o

futsal para o 4º bimestre porque daí a

hora que eles já estão mais

relaxados. Seguindo as regras

certinho. Faz um campeonato de

encerramento. Para acabar o ano, mas

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138

sempre durante o ano eu deixo jogar a

bolinha deles. Tipo uma troquinha. E

eles curtem. Se você chegar e não der

o futebolzinho a criançada fica

louca. Daí uns 20 minutinhos, 30

minutinhos finais eu deixo jogar uma

bolinha.

4. Do 6º ao 9º ano eu trabalho mais os

esportes em si, as regras....

Principalmente se você quer dar

um vôlei. Ensinar regras ensinar

fundamentos eles absorvem melhor

isso aí. Consegue desenvolver melhor.

Eu estou mexendo com handebol por

exemplo eu gosto de dar uma

queimada. Aí vai pegando um

movimento de pegar a

bola. Se é handebol vou dar uma

queimada. Depois eu ensino

fundamento. Toque, posicionamento

de jogadores...

4. No que se refere aos conteúdos

esportivos ensinados nas aulas, o

professor destaca alguns: as

regras, os fundamentos, o

posicionamento tático e o jogo.

5. Eu gosto. Eu acho importante, eles

ficam mais à vontade. Na minha

época de colegial era no mesmo

turno. Sair da aula todo suado e

voltar. Por exemplo se tem

banheiro, porque lá na minha escola

tinha banheiro, que tinha muito aluno

que tinha constrangimento de tomar

banho. Preferiria voltar suado do que

tomar banho na frente dos

alunos. Porque cada um tem o seu

jeito de ser, tem aluno que tem

5. Em relação às aulas serem no

contra turno, para este professor, é

muito melhor, pois, dessa forma,

os alunos não precisam retornar à

sala de aula todos suados. Reforça

ainda que as meninas têm

vergonha dos meninos. Então,

horários distintos para os sexos

são melhores, pois, dessa forma,

os alunos não ficam inibidos e

participam mais. Contudo, relata

não ter problemas em desenvolver

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139

vergonha. Na minha época foi

assim. Então foi gostoso. Um monte

de aluno nem fazia. A mãe arrumava

atestado para não frequentar a aula

porque tinha vergonha. Eu acho

melhor fora do turno.

Na minha opinião eu escolheria sempre

separado. Mas eu nunca tive problema

com a turma mista. Todo ano tem uma

turma mista e eu nunca tive

problema. Mas separado as crianças

ficam mais à vontade. Para participar. As

meninas não gostam muito. Elas ficam

envergonhadas porque os meninos ficam

olhando. As meninas não ficam à

vontade. Os meninos não estão nem

aí. Para ele tudo é festa. Agora tem

menina que não fica à vontade. Não

frequenta aula. Mas eu nunca tive

problemas de comportamento. Agora

turma que já é dividida no seu horário as

crianças ficam mais à vontade. O único

diferencial que eu acho é isso

um trabalho com turmas mistas.

6. Entendem mais, absorvem mais, e não

suga muito professor. Do primeiro ao

quinto é muito cansativo. Eles exigem

de você a todo momento. Eles não são

muito independentes em relação

a regras, em relação às brincadeiras e

as atividades que você dá. Mesmo se

for dar uma pista de obstáculos para

ele sempre tem

dificuldade. "professor é para passar

por cima, é para pular?" Já do sexto

6. O professor, em seu discurso,

declara alguns pontos positivos

em relação às aulas do 6º ao 9º

ano, pois os alunos compreendem

melhor as atividades e os

conteúdos, são mais

independentes e necessitam

menos da intervenção e

explicação do profissional.

Page 140: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU - usjt.br · disciplina Pedagogia do Handebol de uma Instituição de Ensino Superior na qual me formei e

140

ao nono você consegue trabalhar mais

outras partes com ele.

7. Eu começo sempre pelo

aquecimento. Toda aula de 6º ao 9º

ano tem aquecimento. Dou uma

caminhada, uma corridinha

leve, depois eu dou um

alongamento depois esse alongamento

eu sempre dou uma atividade

recreativa antes de começar,

relacionada.

Funciona nos mesmos

moldes, alongamento, aquecimento, a

brincadeira. Só que eu faço o

seguinte: quando acaba a atividade

handebol eu dou 15 minutos para cada

turma. As meninas querem fazer um pic-

bandeirinha, fazer uma queimada... daí as

meninas têm uns 15 minutos dela que é

tipo um lazer delas e os meninos têm uns

15 minutos deles com o futebol.

7. A estrutura de aula seguida por

este professor possui quatro

momentos: aquecimento e

alongamento na primeira parte; na

segunda, uma atividade

recreativa, depois a parte

principal. Ao final no quarto

momento, o professor permite que

os alunos escolham uma atividade

para praticarem.

8. Tenho um caderninho para a gente

seguir. Mas eu acho que cada professor

faz o seu. Acho que não acompanha

muito aquilo não.

Não é muito cobrado e o coordenador não

acompanha. Apesar de ser feito pela

gente. A gente participou da elaboração.

Não todos, mas alguns professores

participaram. Foi dado opinião, a gente

fez uma listinha na época antes de montar

esse caderninho. A gente que fez. O

conteúdo programático foi a gente que

fez. As ideias básicas sim.

8. O professor comenta que existe

uma proposta para a Educação

Física escolar no município, mas

afirma que não existe uma

cobrança por parte da

coordenação para que realmente

seja seguida. Mesmo sendo

montada por alguns professores

que atuam na rede regular de

ensino, não é uma utilização

unânime por este grupo.

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141

Perfil individual do Professor 9

(1,2) O Professor 9 relata que o esporte escolar do 6º ao 9º ano pode ser feito de

forma mais intensa como um treinamento esportivo. A vivência do esporte na escola pode

colaborar com o desenvolvimento das questões específicas da modalidade e também

estimular a questão social dos alunos, desenvolvendo, assim, a relação interpessoal e

também despertar o interesse pela prática esportiva.

(3,4) Algumas estratégias para ensinar o esporte na escola são elencadas pelo

professor: exercícios, jogos pré-desportivos, aulas teóricas, provas, demonstrações de

trabalhos escritos e até um campeonato intercalasse para motivar os alunos. Os principais

conteúdos são os fundamentos, as regras e o jogo em si.

(5,6) O professor demonstra, em seu discurso, ser a favor das aulas no contra turno,

pois os alunos se sentem menos inibidos e incomodados. A separação entre os sexos

também colabora para que aulas sejam mais bem desenvolvidas, já que as meninas, na

opinião deste professor, não gostam de fazer aulas com os meninos, mas, para ele, não há

problemas em trabalhar com turmas mistas. Destaca ainda que, no Ensino Fundamental II,

os alunos aprendem com mais facilidade e têm mais autonomia, necessitando menos do

auxílio profissional.

(7,8) A aula é iniciada com o aquecimento e o alongamento, na segunda parte, uma

atividade lúdica, logo após é a parte principal e, ao final da aula, o professor permite que os

alunos escolham uma atividade, ou um esporte, para praticarem. Com relação à proposta da

disciplina, o Professor 9 relata que participou da confecção deste material, mas acredita

que os professores não a seguem, pois não é cobrado. Diante disso, fica a critério do

profissional utilizá-la como base para as aulas de Educação Física.

6.1.10 Transcrição do discurso do Professor 10

Pesquisador: O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?

Professor 10:

Eu acho que a questão do esporte na escola tem que ficar um pouco [atento para

não cair nessa ideia institucionalizada do esporte na escola, nessa reprodução do esporte

institucionalizado no ambiente escolar. Tive essa preocupação, desse modo de pensar e não

reproduzir, não fazer a exclusão dentro da escola é válido mas acho, ou acredito, tem que

ter a presença da metodologia do trabalho do professor…1]Vai depender muito da

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142

metodologia utilizada pelo professor para que a exclusão não ocorra. Porque você vai

pensar no futsal onde se começa a ter esse espectro de esporte, esportivizado, e acaba

sendo uma reprodução onde só os melhores jogam. Isso é meio perigoso para o ambiente

escolar. [Agora se ele souber trabalhar o esporte de uma forma onde ele vai incluir a todos

e em segundo plano o resultado é válido 1].

[Mas entender isso, não voltar a educação física dos anos 70 por exemplo onde a

esportivização era muito protagonizada por pensar um governo militar, usar o esporte

como essa ferramenta de produção de corpos dóceis por exemplo…pensar nisso que foi

muito usado em 70 o esporte nesse intuito. Alienação do indivíduo via esporte para não

discutir os meios em que está vivendo. Sim de uma produção de uma sociedade saudável.

Isso vem sem poder pensar na prática esportiva de uma sociedade mais saudável.2] Agora

quais os objetivos a serem seguidos? É bem discutível. [O esporte na escola...o esporte da

escola me agrada um pouco mais. Você usar o ambiente escolar para...Daí usando

Esporte... A nomenclatura Esporte, mas envolvendo tudo quanto é a atividade Esportiva.

Falo da sua sociologia do esporte que divide Esporte, jogo e brincadeiras. 1]

Se você souber trabalhar num ambiente escolar torna-se interessante. Usando nome

Esporte, pensando o esporte como uma...nessa perspectiva eu acho muito válido usar o

nome Esporte. [Esporte da escola, a prática das atividades dentro de um ambiente escolar

para fins educacionais. 1]Porque se a gente for pensar na realidade aqui dessa escola a

parte motricidade é fundamental não vamos discutir isso entendeu, entretanto, o

desenvolvimento motor das crianças é muito grande. O aspecto motor às vezes. Muito

bons.

Começo fazendo uma resposta simples, [sou a favor do esporte. Acho que é um

grande meio até de uma forma atrativa e temos dentro da escola como conversado e você

sabe como funciona a educação física escolar do ciclo 2 aqui.1] Está menos digo, não estou

sendo a favor desta forma, longe disso. [Vivemos numa sociedade entre homens e

mulheres que convivem juntos em qualquer ambiente então não consigo entender que só

naquele momento exclusivo, que seria, podemos dizer com esse pico, como a melhor

relação entre os dois. Entre os gêneros. E chega nesse momento separa. Agora nessa

separação se parar para pensar no trabalho de esporte ela torna-se um pouco mais fácil. Até

em níveis físicos, motores que queira ou não é diferente sim. Sem preconceito, mas o

acervo motor dos meninos às vezes é maior do que o das meninas pela vida é

constituída, brincar pela rua.......sociedade a forma que é, apesar de nessa escola aqui tem

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143

muitas meninas boas na parte esportiva, mas ainda tem essa discrepância. Para a gente

fazer um trabalho de esporte, do 6º ao 9º ano aqui isso favorece. 5] [Apesar de pouco

espaço, já dei iniciação de atletismo os alunos como desde saída, corrida saltos, pensando

em saltos, tudo bem adaptado, por exemplo salto em distância, pega a corda e marca...isso

eles gostam. Handebol 4] é bem aceito aqui em termos de iniciação. Essas tabelas aí

quando chegaram a semana passada porque teve a inauguração da escola. [Vôlei nunca

trabalhei. Nunca.6]

Pesquisador: Por quê?

Professor 10:

[Por exclusivamente não tem nenhum tipo de nada de material.6] Por que essa bola

por exemplo que você está vendo aí. Se eu pedir, se eu conseguir essa bola para fazer um

campeonato entre sexto e sétimos anos que eu dou aula para eles. Então não peguei a

escola toda, trouxe o sexto e o sétimo. Só colocar. E por sinal está interessante. [Na

primeira semana veio X aluno, na segunda semana aumentou o número de alunos

participando. Porque a ideia é colocar todos para jogar e ter essa vivência. Então até que

tem essa obrigatoriedade de ter substituição. A substituição que coloca para os alunos não

é o de entrar e sai dos mesmos. Tem que fazer uma rotatividade. Sai quem não saiu ainda.

Para poder envolver todos os participantes.3][ Daí tem sim a ideia da competição, mas de

uma forma pouco mais saudável podemos dizer, já regrando com João Batista Freire no

livro “educação física de corpo inteiro”, que ele não nega a competição em ambiente

escolar, e sim ele nega da forma que é feito. Nisso eu também concordo porque para quem

joga é gostoso jogar e é prazeroso e estimulantes só não pode ser tarjado no jogo

discriminado em uma partida não é teoricamente bom suficiente. Aí caímos na concepção

do esporte da escola.2] Mas sou a favor e muito. Mas temos aqui a parte da coletiva. Parte

em que os alunos gostam. Em agosto tem a corrida dos Estudantes aqui. Eles pedem por já

ter vivenciado essa experiência. É diferente. Então repito: handebol é bem aceito

também. Mas o futsal....

Pesquisador: É o carro chefe.

Professor 10: Sem dúvida.

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144

Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos ao ensinar esportes na

escola?

Professor 10:

[Partindo do pressuposto que temos uma sociedade composta de regras e temos que

saber respeitá-las e discuti-las o esporte, qualquer atividade, é composta regras. Começa

por aí. Se não tem como. Desde a prática esportiva falando do jogo mesmo, ou até mesmo

na brincadeira. A brincadeira que esses meninos estão fazendo, elas são compostas de

regras. Só que umas regras já são feitas e outras construídas. E você dentro desse ambiente

escolar começa a discursar regras para os alunos dá a voz aos mesmos para construir regras

para a sua vida. Isso é fundamental para chegarmos em cidadania.2] [Porque quando a

gente ver Galvão Bueno gritando, o jeitinho brasileiro que o Neymar burlou uma falta. Que

ele fala do jeitinho brasileiro é nada mais que a pilantragem. Isso é trazido para dentro do

ambiente escolar também. Então quando o professor consegue discutir isso e mostrar para

o aluno que isso errado, que a regra tem que ser cumprida, não tem que aceitá-las de

cabeça baixa, concordo plenamente, essa ideia disciplinar, novamente, mas você tem que

saber aceitar, discutir é respeitar. 2]No aspecto de cooperação você saber cooperar, que no

esporte, eu acho fundamental, numa sociedade totalmente individualista que

preconiza de vandalismo com a melhor formação temos por obrigação em correr para o

caminho oposto. Ou então a cooperação é fundamental para isso. [O esporte coletivo, que

você vai querer ganhar do outro, mas você vai ter que jogar com o seu par, esse aspecto de

coletivo é fundamental. O cooperativo, o coletivo, a sociabilidade, os alunos de um para o

outro saber empurrar e chutar não precisa de muito. Você sabe muito bem isso. Quando

você consegue trabalhar sociabilidade, afetividade dentro do esporte, ele é fundamental

para a construção do sujeito. Eu enxergo esporte assim. Uma grande ferramenta de

construção do sujeito. Não é o único, mas é um grande viés. Grande ferramenta 2].

Pesquisador:

3 - Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de educação

física:

Professor 10:

[Ela é totalmente prática, que a prática eu falo que é explicada aqui na quadra,

não…. Até mesmo pela estrutura que tem aqui, você não tem sala de aula à tarde. Aí você

tem descrição de movimento explicando o que que é realizado, mas principalmente dentro

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145

do próprio jogo 3] [Atividade do jogo que eu falei do futsal e do handebol. 4] Apesar de

que eles estão.... Está liberado uma sala de computador ali que tem o slide, que é uma coisa

que estou pensando bem para o ano que vem, pois nunca levei. Você conseguir mas tem

que ser agendado porque os alunos usam muito à tarde. Não é sempre que está disponível

ali. A internet às vezes funciona às vezes não funciona. Mas é uma possibilidade de boa eu

estou pensando sinceramente o ano que vem. Nessa possibilidade de levá-los a esse

visual uma atividade nessa direção. [Mas hoje foi totalmente prático explicando

movimento, e a criançada usar os jogos adaptados. Por exemplo handebol você usar alguns

tipos de queimada você tem a função de passe troca bola, arremesso e o jogo propriamente

dito. Futsal a mesma coisa com jogos adaptados.3] [Jogo às vezes em que está o

golzinho, se tem outras possibilidades de fazer o gol, gol que é de dentro para fora e de

fora para dentro, de mão dadas.........Jogos pré desportivos são jogos adaptados pré

desportivos para isso. Pensando nas meninas elas dão para fazer um trabalho melhor mais

analítico. Pela quantidade questão 3.]

[No basquete e o vôlei nunca se foi feito nada. Nem essas adaptações ao

basquete...Júnior o principal, principal mesmo, nessa escola por exemplo, eu não consegui

enxergar meios de fazer. A bola que quica aqui só tenho essa de borracha. Eu tinha uma de

borracha depois eu tinha essa que chegou recentemente uma outra de salão. Ideia para

poder usar tipo um cesto seria... ou lixo a mão do colega mais seria com um pouco de

receio de a bola pegar o rosto dele.6]

Pesquisador: Ou o arco? Saco de lixo? É. Em vez de cesta móvel com arco usa

a cesta com saco de lixo. Daí dois alunos sai andando com o saco.

Professor 10:

O arco eu não tenho, o bambolê. Não temos bambolê. Mais voltado nessa

direção. Até que se....esses dias eu fui perguntar se tinha porque não tinha mais

nenhum. Havia acabado. Se eu utilizar saco de lixo?

[Eu já fiz isso com o gol móvel no futebol. E no handebol também, mas não

arremessando. Já trabalhei com dois, um segurando na mão do outro, proteger gol e

troca de passe e arremesso.3] [E as meninas, apesar de falarem que as meninas não gostam

muito de educação física e tem uma resistência maior, pelo menos aqui na escola Edgar de

Souza, eu nunca vi isso. Vejo uma muito boa aceitação e elas são muito mais

exigentes para aulas que os meninos. Tem um nível de exigência maior. Por exemplo para

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146

os meninos, se eu for ter que ficar no futsal, todas as aulas, 98% aceita muito bem. E as

meninas cobram atividades diversificadas muito bem. Elas gostam. 5]

Pesquisador: Então, você faz uma teoria e prática na própria quadra?

Professor 10:

Sim. A teoria seria...[ o contexto histórico... 4]eu já consegui o interesse através do

trabalho até mesmo no [futebol de rua 4]. [Para ter um trabalho teórico sobre futebol de

rua que até.... Queimada com as meninas. 3]

Pesquisador: Em relação à proposta. O que é pedido para você? O caderninho.

Professor 10:

[Ele é dividido por 4 bimestres.8]

Pesquisador: Sim, eu sei. Mas pedem que vocês sigam?

Professor 10:

[Não. Nunca teve uma...ordem explicita. 8]

Pesquisador: Quem foi que fez a proposta? Tem uma uma ideia? Foi a

secretaria?

Professor 10:

[Não sei. Não sei se tem um corpo docente envolvido nisso. E se tem, quem foi esse

corpo docente, com essas formações. 8]

Pesquisador: Mas não é pedido para que vocês sigam?

Professor 10:

[Nunca ninguém me deu material específico. Parece que no começo do ano, quando

eu não estava aqui, teve um HTPC que foi voltado para cada disciplina. Teve uma

educação física aí nesse não participei. Parece que teve uma reunião.... Não sei se você

chegou a conversar com outro professor, se falou alguma coisa sobre isso....8]

Pesquisador: Pensando na estrutura. Você citou uma estrutura de João Batista

Freire. Essa que você segue na Educação Física escolar? Essa estrutura de aula?

Professor 10:

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147

[Sigo a linha de João Batista Freire do livro Pedagogia do futebol. Ele divide em

cinco fases a aula. A primeira aula ele....A primeira parte, desculpa. É colocar uma roda de

conversa rapidamente sobre o conteúdo ensinado da aula passada. Por exemplo

trabalhamos na ideia....Revisão da aula, assunto teórico sobre a experiência do aluno que

foi pertinente ou você pode cortar isso e discutir o assunto atual. Por exemplo quando teve

aquele caso do Valentino Rossi. Que ele chutou o cara. Trouxe esse momento de discussão

com aluno no começo de aula. Se viram, o que acharam. A discussão passou por esse aí.

Fazer o aluno refletir na sua própria prática. Segunda parte é composto de uma

atividade, um jogo adaptado, sobre a aula anterior. Exemplo, se trabalhamos arremesso no

handebol, o jogo adaptado com foco no arremesso. Terceira parte seria iniciação dá aula

nova. Mas eles geralmente colocam dois fundamentos. Não sei que fundamentos. Em 50

minutos dois fundamentos dão uma passada, mas dois fundamentos da aula. Adapto para

um fundamento. 7]

Pesquisador: E a quarta?

Professor 10:

[A quarta um jogo adaptado que seja avaliação de aula. Para poder

diagnosticar assimilação do conhecimento do fundamento ensinado. A quinta parte seria

uma roda de conversa, que eles chamam de volta calma, roda de conversa para poder

discutir aula. O que achou, a maior dificuldade, a experiência vivida. Tudo isso com o

intuito do aluno reflexivo sobre sua própria prática. 7]

Quadro 12: Análise ideográfica do Professor 10

Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem

do pesquisador

1. Atento para não cair nessa ideia

institucionalizada do esporte na

escola, nessa reprodução do esporte

institucionalizado no ambiente

escolar. Tive essa preocupação, desse

modo de pensar e não reproduzir, não

fazer a exclusão dentro da escola é

válido mas acho, ou acredito, tem que

1. O professor destaca que, dentro da

escola, o esporte deve ser

desenvolvido de uma maneira

diferente do modelo de alto

rendimento, ou seja, utilizar o esporte

com fins educacionais, buscando a

participação de todos.

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148

ter a presença da metodologia do

trabalho do professor.

Agora se ele souber trabalhar o

esporte de uma forma onde ele vai

incluir a todos e em segundo plano o

resultado é válido.

O esporte na escola...o esporte da

escola me agrada um pouco mais.

Você usar o ambiente escolar

para...Daí usando esporte... A

nomenclatura Esporte, mas

envolvendo tudo quanto é a atividade

esportiva. Falo da sua sociologia do

esporte que divide Esporte, jogo e

brincadeiras.

Esporte da escola, a prática das

atividades dentro de um ambiente

escolar para fins educacionais.

Sou a favor do esporte. Acho que é

um grande meio até de uma forma

atrativa e temos dentro da escola

como conversado e você sabe como

funciona a educação física escolar do

ciclo 2 aqui.

2. Daí tem sim a ideia da competição,

mas de uma forma pouco mais

saudável podemos dizer, já regrando

com João Batista Freire no livro

“educação física de corpo inteiro”,

que ele não nega a competição em

ambiente escolar, e sim ele nega da

forma que é feito. Nisso eu também

concordo porque para quem joga é

2. O Professor 8 relata que, no ambiente

escolar, pode haver uma competição,

porém deve ser algo que auxilie na

formação do indivíduo e não apenas

que os melhores joguem. Diante

disso, este professor, quando

promove uma competição, estabelece

algumas regras que fazem com que

todos participem de maneira

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149

gostoso jogar e é prazeroso e

estimulantes só não pode ser tarjado

no jogo discriminado em uma partida

não é teoricamente bom suficiente. Aí

caímos na concepção do esporte da

escola.

Mas entender isso, não voltar a

educação física dos anos 70 por

exemplo onde a esportivização era

muito protagonizada por pensar um

governo militar, usar o esporte como

essa ferramenta de produção de

corpos dóceis por exemplo…pensar

nisso que foi muito usado em 70 o

esporte nesse intuito. Alienação do

indivíduo via esporte para não discutir

os meios em que está vivendo. Sim de

uma produção de uma sociedade

saudável. Isso vem sem poder pensar

na prática Esportiva de uma sociedade

mais saudável.

Partindo do pressuposto que temos

uma sociedade composta de regras e

temos que saber respeitá-las e discuti-

las o esporte, qualquer atividade, é

composta regras. Começa por aí. Se

não tem como. Desde a prática

esportiva falando do jogo mesmo, ou

até mesmo na brincadeira. A

brincadeira que esses meninos estão

fazendo, elas são compostas de regras.

Só que umas regras já são feitas e

outras construídas. E você dentro

prazerosa e saudável.

Sendo assim, o professor aponta que,

na escola, o esporte não pode ter um

caráter apenas de reprodução como

era feito antigamente, com o intuito de

produzir corpos dóceis.

Nesse sentido, o esporte escolar pode

auxiliar no respeito às regras, formar

cidadãos, pois a corrupção no Brasil

está em todos os setores e, com isso, o

profissional, dentro da escola, precisa

comentar e ensinar os alunos sobre os

diretos e deveres. Além disso, a

cooperação, a amizade, as relações

sociais e afetivas que acontecem no

esporte, na visão deste professor, são

essenciais para a formação do sujeito.

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150

desse ambiente escolar começa a

discursar regras para os alunos dá a

voz aos mesmos para construir regras

para a sua vida. Isso é fundamental

para chegarmos em cidadania.

Porque quando a gente ver Galvão

Bueno gritando, o jeitinho

brasileiro que o Neymar burlou uma

falta. Que ele fala do jeitinho

brasileiro é nada mais que a

pilantragem. Isso é trazido para dentro

do ambiente escolar também. Então

quando o professor consegue discutir

isso e mostrar para o aluno que isso

errado, que a regra tem que ser

cumprida, não tem que aceitá-las de

cabeça baixa, concordo

plenamente, essa ideia

disciplinar, novamente, mas você tem

que saber aceitar, discutir é respeitar.

O esporte coletivo, que você vai

querer ganhar do outro, mas você vai

ter que jogar com o seu par, esse

aspecto de coletivo é fundamental. O

cooperativo, o coletivo, a

sociabilidade, os alunos de um para o

outro saber empurrar e chutar não

precisa de muito. Você sabe muito

bem isso. Quando você consegue

trabalhar

sociabilidade, afetividade dentro do

esporte ele é fundamental para a

construção do sujeito. Eu enxergo

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151

esporte assim. Uma grande

ferramenta de construção do

sujeito. Não é o único, mas é um

grande viés. Grande ferramenta.

3. Ela é totalmente prática, que a prática

eu falo que é explicada aqui na

quadra, não…. Até mesmo pela

estrutura que tem aqui, você não

tem sala de aula à tarde. Aí você tem

descrição de movimento explicando o

que que é realizado, mas

principalmente dentro do próprio jogo

Para ter um trabalho teórico

sobre futebol de rua que

até.... Queimada com as meninas.

Eu já fiz isso com o gol móvel no

futebol. E no handebol também, mas

não arremessando. Já trabalhei com

dois. Um segurando na mão do

outro. Proteger gol e troca de passe e

arremesso. Mas hoje foi totalmente

prático explicando movimento, e a

criançada usar os jogos adaptados. Por

exemplo handebol você usar alguns

tipos de queimada você tem a função

de passe troca bola, arremesso e o

jogo propriamente dito. Futsal a

mesma coisa com jogos adaptados.

Jogo às vezes em que está o

golzinho, se tem outras possibilidades

de fazer o gol, gol que é de dentro

para fora e de fora para dentro, de

mão dadas.........Jogos pré

3. O professor relata que a aula é

totalmente prática. Diante disso, usa

as seguintes estratégias: explicações e

demonstrações dos movimentos,

jogos pré-desportivos, inúmeras

adaptações que faz nos diferentes

jogos para favorecer o aprendizado

dos alunos. Além disso, solicita

alguns trabalhos escritos sobre as

modalidades esportivas.

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152

desportivos são jogos adaptados pré

desportivos para isso. Pensando nas

meninas elas dão para fazer um

trabalho melhor mais analítico. Pela

quantidade questão.

4. Apesar de pouco espaço, já dei

iniciação de atletismo os alunos como

desde saída, corrida saltos, pensando

em saltos, tudo bem adaptado, por

exemplo salto em distância, pega a

corda e marca...isso eles gostam.

Handebol.

Atividade do jogo que eu falei do

futsal e do handebol.

O contexto histórico.

Eu já fiz isso com o gol móvel no

futebol. E no handebol também, mas

não arremessando. Já trabalhei com

dois. Um segurando na mão do

outro. Proteger gol e troca de passe e

arremesso.

4. Em relação aos conteúdos esportivos,

o professor relata que busca

desenvolver durante as aulas: o

atletismo, o handebol, o futsal, o

contexto histórico, o futebol de rua e

os fundamentos técnicos das

modalidades.

5. Vivemos numa sociedade entre

homens e mulheres que convivem

juntos em qualquer ambiente então

não consigo entender que só naquele

momento exclusivo, que seria,

podemos dizer com esse pico, como a

melhor relação entre os dois. Entre os

gêneros. E chega nesse momento

separa. Agora nessa separação se

parar para pensar no trabalho de

esporte ela torna-se um pouco mais

fácil. Até em níveis físicos, motores

5. O professor relata não concordar com

a separação entre os sexos, pois, na

sua opinião, essa convivência é muito

importante para a formação dos

indivíduos.

No caso do esporte escolar, isso é

vantajoso, pois, em questões física e

motora, existem muitas diferenças

entre homens e mulheres. Comenta

ainda que, nesta escola, as meninas

são bem participativas e gostam de

atividades diferenciadas sem ser muito

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153

que queira ou não é diferente sim.

Sem preconceito, mas o acervo motor

dos meninos às vezes é maior do que

o das meninas pela vida é

constituída, brincar pela

rua.......sociedade a forma que é,

apesar de nessa escola aqui tem

muitas meninas boas na parte

esportiva, mas ainda tem essa

discrepância. Para a gente fazer um

trabalho de esporte, do 6º ao 9º ano

aqui isso favorece. E as

meninas, apesar de falarem que as

meninas não gostam muito de

educação física e tem uma resistência

maior, pelo menos aqui na escola

Edgar de Souza, eu nunca vi

isso. Vejo uma muito boa aceitação e

elas são muito mais exigentes para

aulas que os meninos. Tem um nível

de exigência maior. Por exemplo para

os meninos, se eu for ter que ficar no

futsal, todas as aulas, 98% aceita

muito bem. E as meninas cobram

atividades diversificadas muito

bem. Elas gostam.

repetitivas, ao contrário dos meninos,

pois, se for futsal toda aula, é mais

que suficiente.

6. No basquete e o vôlei nunca se foi

feito nada. Nem essas adaptações ao

basquete...Júnior o principal, principal

mesmo, nessa escola por exemplo, eu

não consegui enxergar meios de

fazer. A bola que quica aqui só tenho

essa de borracha. Eu tinha uma de

6. O professor afirma que, na escola,

não há materiais nem equipamentos

necessários à prática do voleibol e do

basquetebol e, por este motivo, não

enxerga formas para ensinar tais

modalidades.

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154

borracha depois eu tinha essa que

chegou recentemente uma outra de

salão. Ideia para poder usar tipo

um cesto seria... ou lixo a mão do

colega mais seria com um pouco de

receio de a bola pegar o rosto dele.

Por exclusivamente não tem nenhum

tipo de nada de material.

7. Sigo a linha de João Batista Freire do

livro Pedagogia do futebol. Ele

divide em cinco fases a aula. A

primeira aula ele…A primeira

parte, desculpa. É colocar uma roda

de conversa rapidamente sobre o

conteúdo ensinado da aula

passada. Por exemplo trabalhamos na

ideia....Revisão da aula, assunto

teórico sobre a experiência do

aluno que foi pertinente ou você pode

cortar isso e discutir o assunto

atual. Por exemplo quando teve

aquele caso do Valentino Rossi. Que

ele chutou o cara. Trouxe esse

momento de discussão com aluno no

começo de aula. Se viram e o que

acharam. A discussão passou por esse

aí. Fazer o aluno refletir na sua

própria prática. Segunda parte é

composto de uma atividade, um jogo

adaptado, sobre a aula

anterior. Exemplo, se trabalhamos

arremesso no handebol, o jogo

adaptado com foco no

7. O professor destaca João Batista

Freire e assume que segue o modelo

de plano de aula deste que possui

cinco partes: Primeira parte:

estabelecer uma roda de conversa e

expor o conteúdo que irá ser

desenvolvido naquela aula, ou uma

revisão sobre a aula anterior. Segunda

parte: composta por um jogo

adaptado sobre a aula anterior. A

terceira parte seria um conteúdo

novo. Na quarta, outro jogo adaptado,

porém com o intuito de avaliar a

assimilação dos alunos em relação ao

conteúdo que foi ensinado. Por fim,

na quinta parte, ocorre uma discussão

sobre as vivências para que os alunos

possam refletir sobre o seu

envolvimento.

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arremesso. Terceira parte seria

iniciação dá aula nova. Mas eles

geralmente colocam dois

fundamentos. Não sei que

fundamentos. Em 50 minutos dois

fundamentos dão uma passada, mas

dois fundamentos da aula. Adapto

para um fundamento.

A quarta um jogo adaptado que seja

avaliação de aula. Para poder

diagnosticar assimilação do

conhecimento do fundamento

ensinado. A quinta parte seria uma

roda de conversa, que eles chamam de

volta calma, roda de conversa para

poder discutir aula. O que achou, a

maior dificuldade, a experiência

vivida. Tudo isso com o intuito do

aluno reflexivo sobre sua própria

prática.

8. Ele é dividido por 4 bimestres.

Não. Nunca teve uma... ordem

explícita.

Não sei. Não sei se tem um corpo

docente envolvido nisso. E se

tem, quem foi esse corpo

docente, com essas formações.

Nunca ninguém me deu material

específico. Parece que no começo do

ano, quando eu não estava aqui, teve

um HTPC que foi voltado para cada

disciplina. Teve um de educação

física aí nesse não participei.

8. O professor 8 relata que a proposta do

município é dividida em quatro

bimestres, mas não há uma ordem

para que os professores sigam esta

proposta. Aponta ainda que não sabe

se há um corpo docente envolvido,

mas alega que, no período em que a

proposta foi lançada, não estava no

município e desconhece os fatos.

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156

Parece que teve uma reunião.... Não

sei se você chegou a conversar com

outro professor, se falou alguma coisa

sobre isso.

Perfil individual do Professor 10

(1,2) O professor demonstra que, na escola, o esporte abordado deve ser diferente

do modelo de alto rendimento e deve buscar incluir todos os integrantes das aulas de

Educação Física, ou seja, utilizar o esporte escolar para fins educacionais, buscando, assim,

ensinar mais que esporte. Outro ponto forte deste professor foi relatar que o esporte não

deve ser utilizado como uma mera reprodução no ambiente escolar, pois deve-se repudiar a

formação de corpos dóceis e acríticos, como já aconteceu em décadas passadas. Diante

disso, formar alunos através do esporte escolar que aprendam sobre os direitos e deveres e

saibam dialogar e questionar durante as aulas e também na vida em sociedade.

(3,4) Os principais esportes ensinados são o atletismo, o handebol, o futsal e futebol

de rua. Os conteúdos esportivos são: o contexto histórico, as regras e os fundamentos

técnicos. As aulas propostas são, na maioria das vezes, práticas, utilizando explicações

verbais, demonstrações dos movimentos e jogos pré-desportivos com inúmeras

modificações, porém trabalhos escritos também fazem parte das estratégias do professor.

(5,6) A separação entre os sexos não é apoiada pelo professor, pois alega que essa

convivência no ambiente escolar é muito importante para a formação dos alunos.

Entretanto, para o ensino do esporte, é muito vantajoso, já que as questões físicas e

técnicas são muito diferentes entre meninas e meninos. A falta de material nas escolas é

um fator limitante para o melhor desenvolvimento de sua prática profissional.

(7,8) Para desenvolver o conteúdo esportivo, o professor estrutura as aulas de

acordo com o modelo de João Batista Freire, composto por cinco partes. Os conteúdos são

embasados por uma proposta ofertada pelo município, mas não há uma cobrança para que

os professores a sigam.

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7- CONSTRUÇÃO DOS AGRUPAMENTOS

A sistematização das respostas obtidas dos entrevistados permitiu identificar as

unidades de significado nos discursos, trabalho que deu suporte à confecção dos

agrupamentos relacionados ao fenômeno estudado com o objetivo de compreender como

os docentes de Educação Física, que atuam na rede municipal de Aparecida, ensinam o

esporte em suas aulas.

Os resultados serão apresentados mostrando as principais modalidades esportivas

ensinadas pelos docentes, seus objetivos, os conteúdos trabalhados, as estratégias de ensino

utilizadas e os principais instrumentos de avaliação utilizados pelos professores de

Educação Física, quando ensinam esportes.

7.1 – Objetivos dos docentes

Nesse tópico do trabalho, serão mostrados e discutidos os objetivos relacionados ao

ensino dos esportes nas aulas de Educação Física mencionados pelos professores

pesquisados.

Quadro 14: Matriz 1 - Objetivos dos docentes

A seguir, apresentaremos os significados atribuídos aos objetivos de ensino

declarados pelos professores.

Os objetivos do ensino de esportes mencionados com mais frequência foram:

Auxiliar na formação dos valores: os professores destacaram que o esporte

escolar pode colaborar para que os alunos aprendam sobre os valores que são

↓ Objetivos / Professores → P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total

Auxiliar na formação de valores X X X X X X X 8

Buscar a formação integral X X X X X X X 7

Participar de competições X X X X 4

Desenvolver a base motora X X X X 4

Formar atletas X X X 3

Melhorar a disciplina e a organização X X X 3

Ensinar hábitos saudáveis X X 2

Melhorar a autoestima X 1

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fundamentais para a vida em sociedade como amizade, honestidade, respeito,

solidariedade, ética, cooperação, dentre outros.

Buscar a formação integral: os aprendizados dos conteúdos esportivos podem

desenvolver o aluno em todos os aspectos: cognitivo, motor e afetivo-social.

Ajudam também na formação e no desenvolvimento do aluno, fazendo com que ele

compreenda seus direitos e deveres.

Em menor número, os docentes de Educação Física tiveram como objetivos:

Participar de competições: de acordo com os professores, as competições são

importantíssimas, pois não basta que o aluno pratique o esporte na escola, é

necessário que haja competições para que participem, embora, no momento, a

prefeitura não esteja organizando este tipo de evento.

Desenvolver a base motora: os professores relatam que a base motora dos alunos

é desenvolvida e melhorada nas aulas de Educação Física e isso é voltado ao

estímulo e ao aproveitamento dos conteúdos esportivos.

Formar atletas: quando se ensinam conteúdos esportivos nas aulas de Educação

Física, o objetivo é melhorar as capacidades físicas e técnicas dos alunos para que

possam se tornar atletas.

Melhorar a disciplina e organização: os alunos envolvidos com as modalidades

esportivas se tornam diferenciados dos demais, são mais disciplinados e

organizados, graças aos aprendizados decorrentes dos esportes.

Ensinar hábitos saudáveis: o ensino do esporte formam hábitos saudáveis.

Melhorar a autoestima: com a participação saudável e prazerosa no esporte

escolar, os alunos podem melhorar a autoestima.

A maioria dos objetivos que os docentes de Educação Física possuem ao ensinar

esportes, em suas aulas, está relacionada ao domínio afetivo-social (auxiliar na formação

de valores, buscar a formação integral, melhorar a disciplina, organização e melhorar a

autoestima). Também apareceram alguns objetivos que enfatizam o ensino voltado para o

domínio motor (participar de competições, formar atletas e desenvolver a base motora).

Interessante mencionar que nenhum professor mencionou ter objetivos relacionados ao

domínio cognitivo.

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Analisaremos, de forma mais aprofundada, se os objetivos mencionados pelos

docentes de Educação Física, que colaboraram com este estudo, estão relacionados aos

objetivos apontados pela literatura do esporte educacional.

Ao pensar na prática esportiva dentro da escola, acreditamos ser conspícuo saber o

que venha ser o esporte-educação. Nesse sentido, Dória e Tubino (2006) assim o definem:

O Esporte Educacional é um direito de todos os jovens, na infância e na

adolescência. Ele compreende as atividades praticadas nos sistemas de ensino, e

em formas assistemáticas de Educação, evitando-se a seletividade e a hiper-

competitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o

desenvolvimento integral do indivíduo e o exercício para a cidadania, a prática

do lazer ativo, tendo alguns princípios para a formação da educação, princípios

estes destacados na Conferência Brasileira de Esporte Educacional (1996):

coeducação; participação; cooperação; emancipação; inclusão e

corresponsabilidade (p. 82).

Convergindo a esse entendimento, auxiliar na formação dos valores dos alunos foi

um objetivo apontado por sete professores (P1, P2, P3, P5, P6, P7, P10), mostrando

preocupação com o desenvolvimento afetivo-social durante as aulas.

O discurso do P10 ilustra essa preocupação:

O esporte coletivo, que você vai querer ganhar do outro, mas você vai ter que

jogar com o seu par, esse aspecto de coletivo é fundamental. O cooperativo, o

coletivo, a sociabilidade, os alunos de um para o outro, saber empurrar e

chutar não precisa de muito. Você sabe muito bem isso. Quando você consegue

trabalhar sociabilidade, afetividade dentro do esporte, ele é fundamental para a

construção do sujeito. Eu enxergo esporte assim. Uma grande ferramenta de

construção do sujeito. Não é o único, mas é um grande viés. Grande ferramenta.

Moreno e Machado (2006) apontam que, no contexto escolar, o esporte pode

utilizar diversificadas abordagens, se organizar de maneira diferenciada e buscar metas e

objetivos pertinentes à escola. Para isso, os professores de Educação Física escolar

necessitam estabelecer objetivos que colaborem na construção e formação dos alunos

através do esporte, preocupação presente no discurso do P7:

Tem esportes que você aprende a ganhar e perder, você aprende... você aprende

a forma correta de agir, crescer como ser humano, crescer como pessoa, se

desenvolver, retorno a dizer, tanto física quanto intelectualmente.

A educação em valores é algo que pode ser bem desenvolvido nas aulas, porém

depende muito da intervenção do profissional.

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160

A Educação Física é reconhecida como uma área de conhecimento que trata da

cultura corporal de movimento. Diante disso, esta disciplina tem a missão de introduzir e

integrar o aluno nesta cultura, buscando formar um cidadão que irá produzi-lo como um

instrumento de comunicação, de expressão de sentimentos, emoções, de lazer e

manutenção da saúde (BRASIL, 1998).

Nesse sentido, a Educação Física escolar pode possibilitar às crianças e

adolescentes diferentes conhecimentos e vivências. Dentre estas figuras, a prática esportiva

pode colaborar para o desenvolvimento da autonomia e dos valores morais (FINCK, 2012).

Essa ideia é reforçada pelo P9:

Eu acho importante, principalmente pela parte social dos alunos. Além

de aprender as disciplinas, é importante o convívio no dia-dia, saber os

limites, saber as regras esportivas, as regras de conduta. Eu acho legal isso aí.

Para que os valores humanos positivos sejam apreendidos pelos alunos, não basta

acreditar que as práticas esportivas, por si só, irão ensiná-los, como alertam Hirama, Santos

Joaquim e Montagner (2011). Segundo os pesquisadores, é necessário que tenham

significado na vida da pessoa, serem sentidos, com vivências que realmente façam com

que haja uma reflexão racional do valor, pois, só dessa forma, tais valores poderão fazer

parte das atitudes destes alunos.

No discurso de alguns professores, fica evidente acreditarem que o simples fato de

aprender as regras dos esportes faz com que os alunos aprendam a respeitar as regras da

sociedade, a respeitar o colega, como percebemos na fala do P3:

Eu acho que o esporte tem muitas regras e hoje em dia o que está faltando é

regra para as crianças, respeito. Porque no esporte o que a gente pensa: tem que

ter respeito com atleta... ter responsabilidade porque quando você vai numa

modalidade ele tem que ter o respeito com colega.

Apenas entender as regras não basta, é necessário que o ambiente das aulas seja

rico em valores, que, nas atividades, existam, a todo o momento, uma relação de amizade,

cumplicidade, honestidade, dentre outros valores importantes para uma vida em grupo.

Os professores entrevistados destacam que aulas de Educação Física de caráter

esportivo podem colaborar para que os alunos se desenvolvam de forma integral, ou seja,

nos aspectos afetivo-sociais, físico-motor e cognitivo, a exemplo do que diz o P4:

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161

o esporte tem desempenhado um papel de extrema importância no

desenvolvimento físico, motor, afetivo e psíquico dos alunos na escola.

A recomendação de ensinar esporte visando o desenvolvimento integral dos alunos

está presente, entre outros autores, em Paes; Montagner e Ferreira (2009). Estes afirmam

que o professor deve buscar uma pedagogia do esporte que seja centrada no indivíduo e na

sua relação com o esporte, ou seja, sistematizar, organizar e propor procedimentos

pedagógicos, entendendo o ser humano em seu desenvolvimento integral. Neste sentido, as

práticas esportivas podem e devem atender muito mais do que apenas a melhoria do jogo,

podem colaborar também para a vida dos praticantes.

Alguns professores pesquisados possuem, em sua formação inicial e em sua

experiência prática de ensino, uma forte ligação com o esporte de alto rendimento. Essa

realidade aparece de forma clara nas falas dos P6 e P8, respectivamente:

Então, infelizmente, às vezes eu vejo também que a gente necessita que haja

um estímulo maior para o aluno em relação às competições. Você trabalhar

simplesmente o esporte dentro de um modo geral a gente vivenciou por muito

tempo jogos escolares, infelizmente essa coisa…Ficou de lado então tem que

haver isso para ter de uma certa forma um retorno de tudo aquilo que você

fez que treinou dentro de uma escola.

Eu gosto muito de puxar para parte esportiva de competição.

Podemos notar que o professor tem, como um dos objetivos de aulas, o treinamento

das modalidades esportivas e a participação em competições, mas o esporte escolar possui

outras características que poderão colaborar para outros fins na vida do aluno e que

parecem não estar sendo priorizados por estes professores.

Sobre a intenção de utilizar as aulas de Educação Física com o objetivo de formar

atletas, Paes (2001) afirma que

com relação à formação de atletas na escola, gostaríamos de marcar nossa

posição discordando de autores que afirmam que a Educação Física escolar está

compromissada com o esporte de alto rendimento. Podemos afirmar que não é

esse objetivo da Educação Física na escola, e assim nos juntamos a uma

infinidade de parceiros da área que fazem, com razão, esta afirmação.

Analisando tecnicamente essa situação, fazendo o seguinte questionamento: Será

que é possível formar um atleta?[...] lembramos que a realidade das escolas no

Brasil, sobretudo a das escolas públicas, não oferece condições de trabalho, no

que diz respeito ao material didático e ao espaço físico para o professor ministrar

suas aulas. Com relação ao esporte de rendimento na escola, entendemos que

nela não existe esporte, mas, sim, atividade esportivizada (p. 37-8).

Parece que essa não é a visão do P1, quando diz:

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162

Então eu acho assim, que é essa formação do atleta dentro da escola vem a

calhar sobre isso, a formação para ele ser um atleta. Para falar a verdade eu sou

um cara muito voltado para o esporte e para formação de atletas. Eu trabalho na

escola e vejo que a formação do atleta é essencial.

Há indícios, todavia, de que a visão de que as aulas de Educação Física devem estar

voltadas para a formação de atletas vem mudando a cada dia, de acordo com Darido e

Souza Junior (2013). Esses autores apontam que os professores devem possuir como

objetivos problematizar, interpretar, relacionar e analisar com seus alunos todos os

aspectos que envolvem as manifestações da cultura corporal de movimento, inclusive o

esporte. Além disso, mencionam que deveria ser objetivo das aulas que os discentes

tivessem condições de manter uma prática esportiva regular, se assim desejarem, sem o

auxílio de especialistas, além de compreenderem o papel das diferentes modalidades

esportivas na sociedade em todos os seus aspectos.

A respeito do ensino do esporte na escola, Neira (2014) sugere que os docentes de

Educação Física tenham como objetivo, ao ensinar o esporte, que as crianças e os

adolescentes tenham condições de compreender a ocorrência do fenômeno esporte,

assumindo a sua condição de sujeito da cultura ao atribuir novos significados ao esporte

escolar. O professor também deve ter como objetivo que o aluno estabeleça uma relação

mais crítica e qualificada com o esporte, ser capaz de entendê-lo e produzi-lo na escola em

conformidade com as características do grupo.

Maldonado, Silva e Neira (2015) analisaram como propostas curriculares de

Educação Física escolar de dez estados brasileiros propõem objetivos para o ensino dos

esportes na escola. Os autores mencionaram que os principais objetivos que aparecem nas

propostas são: desenvolver atitudes positivas em relação ao esporte, incluindo a

consciência crítica; refletir sobre a influência da mídia no esporte; organizar e participar de

eventos esportivos; desenvolver e compreender os elementos táticos dos esportes coletivos;

compreender as regras dos esportes coletivos; conhecer a história dos esportes coletivos;

vivenciar os esportes coletivos; desenvolver conceitos de saúde relacionados aos esportes

coletivos; praticar as habilidades motoras específicas dos esportes coletivos; praticar os

esportes coletivos nos momentos de lazer e compreender conceitos do treinamento

desportivo.

Portanto, podemos perceber que os docentes de Educação Física da rede municipal

de Aparecida possuem, em sua maioria, objetivos educativos muito amplos, gerais, como a

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formação de valores e do cidadão, mas pouco se referem aos objetivos específicos que

possam ser alcançados com as aulas e que, uma vez atingidos, contribuiriam para chegar,

ao final da Educação Básica, com objetivos mais amplos.

Além disso, ao contrário do que a literatura recente sugere, esses professores ainda

utilizam as aulas de Educação Física com caráter de turmas de treinamento, objetivam

formar atletas e participar de competições e possibilitam que apenas os alunos mais

habilidosos participem efetivamente das aulas.

7.2 – Esportes ensinados

Nesse momento do trabalho, apresentaremos e discutiremos os resultados relativos

às principais modalidades esportivas ensinadas durante as aulas de Educação Física na rede

municipal de Aparecida-SP. Na primeira coluna, constam os esportes ensinados e, na

primeira linha, os professores são identificados com a letra P.

Quando o professor ensina certa modalidade esportiva, a Matriz 1 foi assinalada

com um X no cruzamento entre a linha da modalidade e a coluna do professor pesquisado.

Quadro 13: Matriz 2 - Esportes ensinados

A maioria dos professores entrevistados ensina as modalidades esportivas coletivas

de quadra mais tradicionais (futsal, handebol, basquetebol e voleibol). Poucos

mencionaram trabalhar com o atletismo, capoeira, futebol de rua, o tênis de mesa e os

jogos de tabuleiro.

↓ Esportes / Professores → P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total

Futsal X X X X X X X X X X 10

Handebol X X X X X X X X X 9

Voleibol X X X X X X X X X 9

Basquetebol X X X X X X X X 8

Atletismo X X 2

Capoeira X 1

Futebol de rua X 1

Tênis de mesa X 1

Jogos de tabuleiro X 1

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164

Percebe-se que os esportes tradicionais ainda prevalecem nas aulas de Educação

Física no Ensino Fundamental, apesar da formação profissional oferecida nos últimos vinte

anos contemplar vários outros esportes competitivos, como a ginástica, as lutas, esportes

alternativos, esportes radicais e também as diferentes possibilidades motoras que essa

manifestação da cultura corporal de movimento pode proporcionar (BETTI, 1999).

Na pesquisa de Pereira e Silva (2004), os conteúdos da Educação Física do Ensino

Médio nas redes federal, estatual e privada foram analisados. Utilizaram análises

documentais dos diários de classe e entrevistas com 22 professores. Nesse estudo, foi

possível constatar que o esporte era hegemônico aparecendo em 76.1 % dos registros.

Destaque para os seguintes esportes: futsal com 43.6%, o voleibol com 28.4%, o handebol

com 9.2%, o basquete com 8.7%, o atletismo com 6.4%, o futebol de campo e o futebol de

sete com 1.6% cada, e a ginástica artística com 0.5%. Por meio das entrevistas com os

professores, foi possível notar que raramente a ginástica ocupava o tempo todo das aulas,

pois era utilizada apenas como forma de aquecimento ou alongamento.

Pereira e Moreira (2005) realizaram uma pesquisa com o intuito de verificar a

participação dos alunos do Ensino Médio nas aulas de Educação Física. A pesquisa

envolveu duas escolas privadas da Zona Leste da cidade de São Paulo, 446 alunos do

Ensino Médio e quatro professores de Educação Física. A pesquisa de campo foi realizada

utilizando-se como instrumentos para coleta de informações a observação num total de 80

horas/aula, aplicação de questionário para alunos e entrevista com professores. Entre as

constatações da pesquisa destaca-se que não ocorreu a participação de todos os alunos em

46% das aulas observadas, sendo que em 75% delas foi proposta como atividade apenas a

prática esportiva pura e simples, principalmente das quatro modalidades esportivas

tradicionais.

Maldonado e Limongelli (2009) realizaram uma revisão de literatura sobre a prática

pedagógica dos professores de Educação Física escolar que atuam nas séries iniciais do

Ensino Fundamental e obtiveram resultados parecidos. Os autores relataram que as

modalidades esportivas tradicionais também são as mais ensinadas nesse ciclo de

escolarização, com pouca ou quase nenhuma diversificação das modalidades ensinadas.

Santos e Nista-Piccolo (2011) analisaram como dez docentes de Educação Física,

que atuam em oito diferentes escolas de Ourinhos-SP, ensinam esse componente curricular

no Ensino Médio e aplicam o esporte em suas aulas. Os resultados mostraram que o ensino

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165

abrange apenas as modalidades esportivas tradicionais de quadra, praticadas de forma

competitiva e excludente.

Millen Neto et al (2011) verificaram, por meio de entrevistas semiestruturadas,

aplicadas a sete docentes de Educação Física de escolas estaduais e municipais de Barra

Mansa-RJ, que o conteúdo central das aulas desse componente curricular são as

modalidades esportivas tradicionais seguindo o modelo do alto rendimento

Moreira, Silva e Mourão (2012), por sua vez, tiveram como objetivo identificar em

que momentos da aula se manifestavam situações de exclusão e auto exclusão, como

também descrever suas razões, o comportamento dos alunos envolvidos nestes eventos, a

intervenção do professor e suas estratégias de inclusão. Para isso, observaram aulas de

Educação Física e entrevistaram alunos do Ensino Médio e professores de duas escolas,

uma da rede particular e outra da rede pública da cidade de Juiz de Fora-MG. Os resultados

mostraram predominância de auto exclusão, sobretudo porque predomina o ensino dos

esportes coletivos de quadra tradicionais. A pesquisa também mostrou que os docentes da

escola particular possuíam uma maior preocupação em incluir os alunos do que os da

escola pública.

Fortes et al (2012) descreveram os conteúdos e ações dos professores, no contexto

da Educação Física escolar, na cidade de Pelotas-RS. O estudo realizou 240 observações

de aulas em 68 turmas. O System for Observing Fitness Instruction Time (SOFIT) é um

software de observação no qual foi utilizado como instrumento para avaliar as aulas de

Educação Física. Observou-se que o “jogo livre” foi a estratégia metodológica mais

utilizada nas aulas (45,3%) e os esportes coletivos tradicionais de quadra foram os

conteúdos mais frequentes, sendo que, no Ensino Fundamental, o basquete ficou com

(17%), futsal (38,4%), handebol (7%) e voleibol com (21%). Isso mostra que a Educação

Física, muitas vezes, tem o esporte como conteúdo dominante, desta forma, é necessário

repensar como esta disciplina vem sendo desenvolvida.

Silva (2013) avaliou a prática pedagógica de professores de Educação Física, tendo

como amostra seis docentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental que atuam na rede

municipal de ensino de Campina Grande-MS, em seis diferentes escolas. Embora outros

conteúdos sejam ministrados, os esportes coletivos tradicionais, sobretudo o futebol,

predominaram.

Cabe considerar, uma vez que os esportes coletivos tradicionais são os mais

ensinados na escola, se também são conteúdos significativos na vida dos alunos.

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166

Nessa perspectiva, Oliveira (2013) verificou o que as aulas de Educação Física

representam para os alunos do Ensino Fundamental da cidade de Araxá-MG e como é a

participação destes nas aulas. A pesquisa foi desenvolvida em cinco escolas públicas do

município com a participação de 96 discentes, com dados coletados por meio de um

questionário contendo questões abertas e fechadas. Nos resultados obtidos, percebeu-se

que o que mais representa a Educação Física, para os pesquisados, são as modalidades

esportivas tradicionais, sendo o futebol a modalidade mais praticada e apreciada pelos

meninos e, em contrapartida, a menos apreciada pelas meninas.

Kravchychyn e Oliveira (2012), por sua vez, realizaram um estudo descritivo com o

objetivo de verificar, junto aos alunos do Ensino Médio, os conteúdos que estudaram e

vivenciaram nas aulas de Educação Física do Ensino Fundamental e sua aplicação no

cotidiano. Como instrumento de medida, foi aplicado um questionário a 57 alunos de uma

escola particular da cidade de Maringá-PR, sendo 23 do sexo feminino e 34 do sexo

masculino. As questões versaram sobre tempo de estudo na escola, conteúdos estudados na

Educação Física escolar no Ensino Fundamental, importância e aplicação desses conteúdos

no cotidiano. Verificou-se que os conteúdos foram quase totalmente as modalidades

esportivas tradicionais, com predominância da prática pela prática e que, de forma geral,

não são utilizados no dia-a-dia dos alunos.

Em termos das modalidades esportivas ensinadas nas aulas, os resultados do nosso

estudo confirmam a mesma configuração relatada nos estudos aqui mencionados já que,

dos 10 professores pesquisados, apenas P1, P7 e P10 ensinam modalidades esportivas

diferentes dos tradicionais esportes coletivos de quadra. Tomemos como exemplo de

professores que se diferenciam dos demais em termos de conteúdos ensinados P1 e P10

que ensinam atletismo, P7 que ensina capoeira, jogos de tabuleiro e tênis de mesa e,

novamente, o P10 que ensina o futebol de rua.

Todos os demais deixaram claro sua preferência pelo ensino das modalidades

esportivas de quadra, como evidencia esse trecho do P6:

[...] é de certa forma trazer principalmente as quatro modalidades que a gente

tem condições para trabalhar dentro do espaço escolar, que é o futsal, handebol,

basquete e o vôlei.

O professor reforça que, na cidade, os materiais são escassos. Encontramos esta

dificuldade em um grande número de escolas, porém, passar o jogo para os alunos, através

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da cópia do modelo de alto rendimento, é um caminho muito mais fácil para os

professores, desta forma, essa comodidade faz com que eles deem preferência para as

modalidades esportivas coletivas de quadra que, na maioria das vezes, necessitam apenas

de uma bola.

Nesse sentido, a tradição destes esportes parece estar mantida dentro das aulas de

Educação Física desta rede de ensino e parece haver dificuldade ou desinteresse da maior

parte dos professores em ensinar outras modalidades que poderiam ser ajustadas ao

ambiente escolar, talvez pela estrutura das escolas, clientela e, até mesmo, a formação

profissional.

A Secretaria Municipal de Educação de Aparecida reforça essa situação quando

enfatiza o ensino dos esportes ditos tradicionais, popularmente conhecidos na área como

“quarteto fantástico”, já que, no início do ano letivo, entrega aos professores uma proposta

para o ensino da disciplina e solicita que a sigam, como é possível constatar no discurso

dos P1 e P7, respectivamente:

Ah você trabalha no quadrado mágico? Handebol, basquete vôlei e futsal. Sim

eu trabalho bastante.

Agora o ensino esportivo nas aulas de Educação Física já vem através de uma

proposta da própria Secretaria de Educação e a gente segue a proposta.

Esta proposta possui como característica um padrão de ensino das modalidades

esportivas no que se refere à ordem, organização e conteúdos. No 1º bimestre, há a ênfase

no voleibol; no 2º bimestre, futsal; no 3º bimestre, handebol e, no 4º bimestre, basquetebol.

Essa sequência se repete ao longo de todo o Ensino Fundamental II. Outros esportes

aparecem na proposta apenas no 7º ano, quando é sugerido ensinar capoeira e atletismo.

No 8º ano, ensina-se lutas (jiu-jitsu, capoeira e judô), e, no 9 º ano, apenas ginástica.

Seguramente, a existência dessa proposta é um fator definidor da priorização do

ensino dos esportes coletivos de quadra nas escolas, apesar de, nesse contexto, haver um

aspecto intrigante, pois, de acordo com os próprios professores, a proposta pode ser

modificada, sendo apenas uma base para o planejamento das aulas, como afirma o P1:

Sim, eu utilizo, não sigo à risca, mas utilizo. A Secretaria pede que os

professores sigam a proposta, mas é algo flexível.

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De acordo com o P8, seria necessário buscar outras possibilidades para os alunos

vivenciarem as práticas esportivas:

Eu acho que são repetitivos. Se você pegar o livrinho mesmo vai ver que de 6º

ao 9º ano é o mesmo esporte, tanto o primeiro bimestre quanto o segundo

bimestre.

Talvez este círculo vicioso não seja rompido pelo fato de os próprios professores

terem participado da elaboração dessa proposta, como nos relata o P2:

Na Secretaria de Educação de Aparecida teve uma reunião e, nessa reunião,

com os professores de Educação Física, foi elaborado um livro de apoio e nesse

livro foi colocado os conteúdos que nós devemos seguir. Não é o definitivo,

mas foi apenas um apoio.

Isso denota que, associado ao fato da Secretaria Municipal sugerir a repetição dos

esportes coletivos de quadra ao longo do Ensino Fundamental II, pode-se mencionar outros

dois aspectos que influenciam na escolha dos conteúdos: 1) a formação profissional inicial

recebida pelos professores, e 2) a experiência de vida destes profissionais com a disciplina

Educação Física escolar, já que a maneira como ensinam atualmente segue os mesmos

moldes da época em que eram alunos.

Alves (2007) corrobora nossa observação a respeito da formação profissional ao

afirmar que não é surpresa que as aulas de Educação Física tenham como seu principal

foco de ensino as modalidades esportivas tradicionais de quadra, pois, ao observar o

currículo das Instituições de Ensino Superior, é notável a presença de disciplinas de caráter

esportivo, principalmente dos esportes coletivos e com bola.

Se a formação e as experiências anteriores destes professores tivesse sido outra,

talvez pudessem ter questionado como a proposta foi montada e tivessem dado diferentes

opiniões a respeito da organização desta ferramenta de apoio à disciplina. O que fica clara

é a conduta de respeito da Secretaria de Educação em relação às crenças e referenciais dos

professores, uma vez que abriu espaço para ouvi-los e construiu uma proposta pedagógica

de acordo com que eles pensam.

Mesmo tendo havido tal participação, foi possível notar, nos discursos de alguns

professores, certo descontentamento em relação a essa organização, além do que a maioria

dos entrevistados declarou não seguir a proposta. O depoimento do P9 deixa clara essa

realidade:

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Tenho um caderninho para a gente seguir. Mas eu acho que cada professor faz

o seu. Acho que não acompanha muito aquilo não. Não é muito cobrado e o

coordenador não acompanha. Apesar de ser feito pela gente. A gente participou

da elaboração. Não todos, mas alguns professores participaram. Foi

dado opinião, a gente fez uma listinha na época antes de montar esse

caderninho. A gente que fez. O conteúdo programático foi a gente que fez. As

ideias básicas sim.

Pode-se perguntar se a realidade da Educação Física escolar está fadada à eterna

restrição dos conteúdos ligados a essas modalidades esportivas coletivas. Nesse sentido,

vários estudos já foram publicados mostrando práticas pedagógicas inovadoras de docentes

que diversificaram os conteúdos ensinados em suas aulas.

Matthiesen, Silva e Silva (2008), por exemplo, refletiram sobre as possibilidades de

ensino do atletismo no campo escolar, a partir de um relato de experiência realizado em

uma escola pública do município de Rio Claro com alunos de Ensino Fundamental.

Sá e Miskiw (2009) ensinaram outros esportes como badminton, beisebol, futebol

americano, peteca e tênis de campo com enfoque nas três dimensões do conteúdo, em uma

escola pública localizada na região Sul do Brasil, com turmas de Ensino Médio.

Souza e Machado (2014) apresentaram e analisaram uma experiência que abordou

o conteúdo do voleibol sentado, a partir da transformação didática do voleibol tradicional

nas aulas de Educação Física, em uma escola de pública de Ensino Fundamental da região

Sul do Brasil.

Bocchini e Maldonado (2014) descreveram uma experiência sobre a tematização

dos esportes com rodas nas aulas de Educação Física, a partir da perspectiva das teorias

pós-críticas de educação, em uma escola municipal localizada na zona norte da cidade de

São Paulo.

Tinôco, Batista e Araújo (2014) relataram uma experiência em que apontaram

possibilidades pedagógicas no ensino do badminton enquanto conteúdo das aulas de

Educação Física em uma escola pública de Ensino Fundamental da região Nordeste do

Brasil.

Mello e Pinheiro (2014) apresentaram experiências obtidas em um estágio

supervisionado com o ensino de rugby para alunos do Ensino Médio de uma escola

localizada na região Sul do Brasil.

Sousa e Araújo (2015) fizeram um relato de experiência apresentando os processos

e resultados de uma prática pedagógica que compreendeu o ensino do esporte-educação

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enquanto possibilidade de ampliação da cultura de movimento de estudantes do Ensino

Médio de uma escola pública localizada na região Nordeste do Brasil.

Maldonado e Silva (2015) descreveram uma experiência pedagógica, realizada com

alunos do 7º ano do Ensino Fundamental, de uma escola municipal da zona leste de São

Paulo, nas aulas de Educação Física em que os autores tematizaram os esportes radicais

com enfoque nas três dimensões do conteúdo e mostram que, dessa maneira, conseguiram

atender ao projeto político-pedagógico da escola.

Portanto, podemos afirmar que talvez falte formação continuada aos professores

pesquisados para que seja possível ter contato com outras possibilidades e horizontes para

a Educação Física escolar. Talvez, por meio da formação continuada por intermédios de

cursos, grupos de estudos presenciais ou à distância, fosse possível levar aos professores

pesquisados a literatura mais atual sobre objetivos, conteúdos e estratégias de ensino e

estimulá-los a rever sua prática pedagógica e tentar diversificar os conteúdos

predominantemente ensinados na rede municipal de Aparecida-SP.

Sabemos que existem muitos fatores que dificultam a prática pedagógica dos

professores no cotidiano escolar público, tornando mais difícil a ampliação das

modalidades esportivas ensinadas nas aulas (MALDONADO; SILVA, 2016). Entretanto,

com criatividade e compromisso didático-pedagógico, é possível ensinar outros esportes

nas aulas, principalmente realizando adaptações dos materiais e transformando

didaticamente o esporte (KUNZ, 2006).

Consideramos importante ressaltar, ainda, que o professor que irá desenvolver o

esporte escolar deve possuir uma visão diferenciada e, com base nisso, abordar as

modalidades esportivas no âmbito escolar de forma inovadora, propiciando aos alunos

aprenderem de maneira saudável e prazerosa, buscando que estes desenvolvam a

autonomia e uma visão crítica para que entendam que o esporte pode ser praticado e

vivenciado de formas diferentes daquelas ditadas pelo modelo do esporte de alto

rendimento divulgado pela mídia.

Concordamos com a perspectiva de Galvão, Rodrigues e Silva (2005) que afirmam

que o esporte realizado durante as aulas de Educação Física precisa ser visto como uma

manifestação da cultura corporal de movimento e que deve envolver o aluno com um

tratamento didático e pedagógico, ou seja, propor caminhos para o desenvolvimento

integral e a plena utilização social do esporte, tendo em vista finalidades educativas.

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7.2.1 – Conteúdos relacionados aos esportes

Nesse tópico, mostraremos e discutiremos os tópicos que os professores de

Educação Física ensinam quando o assunto é o esporte.

Quadro 15: Matriz 3 - Conteúdos relacionados aos esportes

Ao serem indagados sobre os principais tópicos ligados aos conteúdos esportivos

ensinados, a maioria dos docentes mencionou que estimulam os alunos a conhecerem:

Os fundamentos técnicos: os professores priorizam ensinar nas aulas de Educação

Física os principais fundamentos das modalidades esportivas: passe, drible,

recepção, chute, arremesso dentre outros.

As regras dos esportes: as principais regras são explicadas para os alunos antes da

realização da parte prática e também durante as atividades propostas.

História dos esportes: o conteúdo relacionado à história dos esportes é transmitido

para os alunos para que entendam como surgiu a modalidade esportiva.

Conhecimentos sobre o corpo: através do aprendizado relacionado ao esporte, os

professores exploram conhecimentos sobre o corpo, fazendo ligações entre este

conteúdo e o esporte escolar.

Em menor escala, alguns docentes de Educação Física também mencionaram que

ensinam outros conteúdos esportivos em suas aulas. Entre eles estão:

↓ Tópicos / Professores → P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total

Fundamentos técnicos X X X X X X X X X X 10

Regras esportivas X X X X X X X X 8

História do esporte X X X X 4

Conhecimentos sobre o corpo X X X X 4

Mídia ligada ao esporte X X X 3

Fundamentos Táticos X X 2

Qualidade de vida e alimentação

saudável

X X 2

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Mídia ligada ao esporte: os professores utilizam a mídia relacionada ao esporte

para discutir assuntos marcantes e também para que os alunos assistam às

competições esportivas e, dessa maneira, se envolvam mais com o esporte.

Fundamentos táticos: os professores destacam a importância de aprender sobre o

posicionamento ofensivo e defensivo para que os discentes possam compreender,

de forma ampla, as modalidades esportivas que são ensinadas nas aulas e para

praticar o esporte de maneira correta.

Qualidade de vida e alimentação saudável: estes tópicos são relacionados aos

esportes. Por meio do aprendizado esportivo, os professores estimulam os alunos a

aprenderem novos conhecimentos sobre a qualidade de vida e alimentação

saudável.

A maioria dos conteúdos ensinados pelos professores está relacionada aos aspectos

do domínio cognitivo (regras dos esportes, história dos esportes, conhecimento sobre o

corpo, mídia ligada ao esporte, e qualidade de vida e alimentação saudável). Também

podemos observar conteúdos relacionados aos aspectos do domínio motor (fundamentos

técnicos e fundamentos táticos).

Darido e Souza Júnior (2013) mencionam que, quando nos referimos aos

conteúdos, englobamos conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis científicas,

regras, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudos, de trabalho, de lazer e de

convivência social, valores, convicções e atitudes. Portanto, os conteúdos se relacionam ao

que os alunos devem saber conhecer (dimensão conceitual), ao que se deve saber fazer

(dimensão procedimental), e como se deve ser (dimensão atitudinal) com a finalidade de

alcançar os objetivos educacionais.

Para as aulas de Educação Física, Galvão, Rodrigues e Silva (2008) e Darido e

Souza Júnior (2013) sugerem como conteúdos conceituais: conhecer as mudanças pelas

quais passaram os esportes ao longo da história e identificar informações relevantes e

esclarecedoras sobre aspectos históricos, cinesiológicos, fisiológicos, sociais, entre outros

que contribuam para a ampliação do conhecimento nas diversas modalidades esportivas.

Esses autores sugerem que os conteúdos procedimentais sejam: vivenciar e

adquirir alguns fundamentos básicos dos esportes, verificar os fundamentos científicos,

buscar esclarecimentos e interpretar os contextos das informações apresentadas em

programas esportivos de rádio e televisão e realizar levantamentos, por certo período, das

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modalidades esportivas mais veiculadas ou com maior espaço nos meios de comunicação

de massa e posterior análise dos motivos.

Os conteúdos atitudinais sugeridos são: valorizar o patrimônio dos esportes,

respeitar os adversários, os colegas e resolver os problemas com atitude de diálogo e não

violência, predispor-se a participar de atividades em grupos, cooperando e interagindo,

reconhecer e valorizar atitudes não preconceituosas relacionadas à habilidade, sexo,

religião, entre outras, adotar o hábito de praticar modalidades esportivas visando à inserção

de um estilo de vida ativo, analisar a postura dos discentes como consumidor dos

espetáculos e do universo que envolve a divulgação e veiculação do fenômeno esportivo.

Com relação a esta exploração dos conteúdos, os dez professores pesquisados

declaram ensinar fundamentos técnicos das modalidades esportivas, enquanto oito

professores relatam que, além dos fundamentos, também ensinam as regras dos esportes

(P1, P3, P5, P6, P7, P8, P9 e P10).

O P3 relata que o primeiro passo são as regras e, em seguida, os fundamentos:

Daí eu vou passar determinada modalidade, eu vou começar a explicar logo as

regrinhas, depois eu vou para os fundamentos.

Outra sequência didática é mencionada pelo P1:

Principalmente a questão de fundamentos básicos trabalhar muita habilidade né,

basquete quicar a bola com uma das mãos, com as duas, primeiro, sempre com

as duas, depois com uma mão só para a criança aprender a quicar a bola com a

direita com a esquerda, desenvolver habilidade motora, até que eu chegue na

parte das regras.

Assim, ao analisar as respostas dos docentes de Educação Física da rede municipal

de Aparecida fica claro que, na maioria das vezes, eles estimulam o desenvolvimento de

ordem procedimental e conceitual (aprender os fundamentos técnicos e as regras das

modalidades esportivas, por exemplo), conforme se observa comumente na aplicação

tradicional do modelo esportivista.

Em uma sequência, ou na outra, o que fica claro é que o ensino nunca parte de uma

perspectiva global, mas sempre de uma perspectiva analítica em que se acredita que o

aprendizado das partes conduz ao aprendizado do todo.

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Esses docentes ainda pautam a sua prática pedagógica em uma perspectiva

tradicional do ensino de esportes na escola em que a técnica esportiva parece ser algo

essencial nas vivências esportivas.

A técnica esportiva parece ser algo essencial nas vivências ligadas ao esporte

Contudo, dentro do ambiente escolar, o envolvimento do aluno com a cultura corporal é o

objetivo principal da Educação Física proposta no contexto escolar. Desta forma, a

cobrança relacionada à técnica esportiva pode ocorrer, mas não deve ser o ponto mais

importante da atividade. Sendo assim, a técnica esportiva não pode ser entendida como um

fator limitador da participação dos alunos, ou seja, juntamente com os outros componentes

que objetivam incluir os alunos nas modalidades esportivas (GALVÃO; RODRIGUES;

SILVA, 2008).

Neste sentido, Soares et al (1992) relatam que existem ainda alguns pressupostos

tecnicistas que consideram necessários os domínios técnicos, táticos e físicos como

predeterminantes para aprendizagem do esporte e sua prática, demonstrando, claramente,

uma finalidade concentrada somente na vitória nas competições. Porém, na escola, o

esporte precisa ser entendido e ensinado como um meio para resgatar valores que

privilegiam o coletivo e não o individual, defendendo o respeito, a solidariedade e a

importância de aprender a jogar “com” o companheiro e não “contra” o adversário.

Diante disso, ao considerarmos o esporte como fenômeno social, tema da cultura

corporal, faz-se importante questionar suas normas, suas condições de adaptação à

realidade social e cultural do contexto em questão (SOARES et al., 1992).

O aprendizado dos esportes parece ter uma pequena mudança em sua tônica com o

evoluir das séries em que são ensinados, mas a perspectiva analítica e, porque não arriscar

dizer, carente de significado para os alunos, parece não mudar. Sendo assim, o aprendizado

dos esportes para os professores pesquisados está sempre ligado a estes conteúdos, como

mostram os relatos 5, 6 e 9, respectivamente:

[...] do 6º ao 9º é a idade mesmo que a gente inicia porque até o quinto são

jogos esportivos e a partir do sexto a gente começa com um esporte com

fundamentos e regras.

[...] sobre as regras do Esporte... e a gente vai dentro daquela parte toda

ali passando os fundamentos, passando uma situação e alguns já vindo...

[sic] do sexto ao nono já trazem um pouquinho de experiência em relação

a isso, coisa já trabalhadas em todas as modalidades.

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“Além de você dar fundamento e ensinar as regras. Toda aula minha eu faço

questão que eles joguem o esporte”.

Darido e Souza Júnior (2013) mencionam que os docentes de Educação Física

devem aprofundar os conhecimentos, abordando os diferentes aspectos que compõem os

seus significados, ou seja, quando for tratar do futebol, por exemplo, o professor deve

ensinar além do fazer (técnicas e táticas), abordando a sua presença na cultura, as suas

transformações ao longo da história, a dificuldade de expansão do futebol feminino (causas

e efeitos), a mitificação dos atletas de futebol, os grandes nomes do passado, a violência

nos campos de futebol, dentre outras questões.

Nas respostas dos docentes, também aparecem outros conteúdos de ordem

conceitual, como o ensino da história dos esportes, o conhecimento do corpo, a qualidade

de vida e a alimentação saudável e os músculos atuantes na prática dos esportes. Também

aparece um conteúdo de ordem procedimental (aprender a se posicionar taticamente para

praticar os esportes) e apenas um conteúdo de ordem atitudinal (discutir as relações da

mídia com o esporte).

Como exemplifica o relato do P1:

[...] eu passo a parte teórica, explico de onde surgiu e como surgiu, como que

foi criado aquele esporte. Então eu explico como funciona o que é aquele

esporte como se desenvolveu, a história do esporte é o que eu acho essencial.

Tem gente que acha que não tem nada a ver passar, mas eu gosto de saber da

onde veio, porque que foi criado aquele esporte.

Ensinar tais tópicos é importante, se considerarmos que toda modalidade esportiva

possui sua especificidade, a qual inclui técnicas e táticas, regras, origem e história, entre

outros pontos fundamentais (FINCK, 2012).

Tanto o P6 quanto o P10 se preocupam em ensinar tópicos de caráter conceitual

ligados aos esportes:

[...] eu procuro avaliar, é a situação que o aluno chegou ali e de uma certa

forma ele a princípio, conhecer a história do esporte, saber um pouco sobre a

geografia do esporte, a matemática do esporte.

A teoria seria [...] o contexto histórico [...]

No entanto, vale comentar que há ainda uma grande quantidade de tópicos que

podem ser abordados quando o tema é o esporte.

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As aulas de Educação Física, no ambiente escolar, podem discutir sobre as relações

entre nutrição, gasto energético e a prática de esportes; as relações entre a prática esportiva,

lesões e o uso de anabolizantes; o desenvolvimento das capacidades físicas (força,

resistência e flexibilidade), a relação entre esporte e saúde; a relação entre esporte,

sociedade e interesses econômicos; a organização social, o esporte e a violência; o esporte

com a intenção de lazer e o que visa à profissionalização; as diferenças e similaridades

entre a prática de jogos e esportes; as adaptações necessárias para a prática do esporte

voltado para o lazer; e a autonomia do aluno para elaborar, discutir e modificar regras das

diferentes modalidades esportivas (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2013).

A partir dessas respostas, é possível identificar que os professores analisados

ensinam conteúdos principalmente de ordem procedimental com a intenção de fazer com

que os discentes aprendam a jogar de forma competitiva as poucas modalidades esportivas

ensinadas durante suas aulas.

7.3 - Estratégias de ensino relacionadas aos esportes

Neste momento, serão demonstradas e discutidas as estratégias de ensino que os

professores de Educação Física adotam relacionadas à dinâmica das atividades no ensino

dos esportes nas aulas de Educação Física.

Quadro 16: Matriz 4 – Dinâmica das atividades utilizadas para ensinar esportes

↓ Dinâmica das atividades/Sujeitos → P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total

Jogos pré – desportivos X X X X X X X X X 9

Jogos formais com as regras oficiais X X X X X X X X X 9

Exercícios de repetição dos

movimentos

X X X X X X X 7

Atividades lúdicas X X X X X X 6

Roda de conversa inicial X X X X X X 6

Torneios internos X X X X X 5

Trabalhos teóricos X X X X 4

Roda de conversa final X X 2

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As principais estratégias de ensino ligadas à dinâmica das atividades utilizadas

pelos docentes de Educação Física para alcançar os objetivos e trabalhar com os conteúdos

relacionados com os esportes em suas aulas foram:

Jogos pré-desportivos. Nesses jogos, os docentes realizam algumas alterações no

jogo oficial com o objetivo de facilitar a aprendizagem dos alunos e ensinar novos

conhecimentos.

Jogo formal com regras oficiais. Os professores estimulam que os alunos

participem do jogo formal, com as regras oficiais. Essa estratégia é utilizada

principalmente quando os docentes querem treinar os alunos para participarem de

competições esportivas.

Exercícios de repetição dos movimentos. A repetição dos movimentos realizada

por meio de exercícios faz parte das aulas, pois os professores relatam que é

necessário aprender os movimentos técnicos dos esportes.

Uma parcela considerável dos docentes de Educação Física, que participaram deste

estudo, também utiliza as seguintes estratégias para ensinar esportes na escola:

Atividades lúdicas. Brincadeiras e atividades de caráter lúdico aparecem nos

discursos dos professores. Essa estratégia é utilizada para motivar os alunos para a

participação das aulas.

Roda de conversa inicial. Esta estratégia geralmente é utilizada no início da aula.

Tem como função a parte introdutória na qual é feita uma explicação prévia sobre

aula com objetivos e orientações iniciais.

Torneios internos. No final do ano, alguns professores organizam uma competição

interna, sendo uma sala contra a outra. Geralmente, são sistematizados jogos de

futsal para os meninos e queimada ou handebol para as meninas.

Trabalhos teóricos. A pesquisa e a entrega de um trabalho teórico são outras

estratégias utilizadas para que os alunos conheçam e aprendam sobre as

modalidades esportivas.

Roda de conversa final. Esta estratégia está ligada ao fechamento da aula, sendo

uma maneira de verificar o que os alunos aprenderam sobre o esporte, dando

oportunidade para que falem e opinem sobre os aprendizados.

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Os docentes de Educação Física da rede municipal de Aparecida possuem como

principais estratégias para ensinar esportes: os jogos pré-desportivos, os jogos formais com

as regras oficiais e os exercícios de repetição dos movimentos. Também aparecem nas

respostas dos docentes a utilização de atividades lúdicas, roda de conversa inicial,

realização de torneios internos e a solicitação de trabalhos teóricos sobre as modalidades

esportivas.

É importante ressaltar que os jogos desportivos coletivos colaboraram no

aprendizado das modalidades esportivas. Além disso, o professor consegue desenvolver

uma função educativa na prática destes jogos, atrelando valores como: inclusão,

convivência, respeito e ética, pois o jogo pré-desportivo é imprevisível, possui desafios que

motivam os alunos a participarem das aulas. Sendo que, os diferentes desafios (problemas)

apresentados no jogo fazem com que os alunos emitam respostas criativas e hábeis,

individuais e coletivas que irão auxiliar tanto na melhora do jogo quanto para a formação

vida dos alunos (PAES; MONTAGNER; FERREIRA, 2009).

É importante ressaltar que nove professores pesquisados relatam utilizar os jogos

pré-desportivos para ensinar o esporte na escola. Esse achado é reforçado pelos docentes

P1, P3, P4 e P8, respectivamente.

Passo jogos pré desportivos.

[...] depois vai para o jogo [...] tem sala que a gente faz adaptação.

Em sequência o jogo adaptado ou recreativo e por último o jogo em si com

regras oficiais.

Às vezes eu faço o jogo sim, aliás na maioria das vezes eu faço. O jogo que

seria próximo do real.

Krug (2009) relata que, no campo da Educação Física, os esportes são riquíssimos

em possibilidades para descobrir, planejar e inventar, pois, dentro do jogo, sempre existe

outra forma de passar a bola ou uma estratégia para atacar ou defender no futebol,

handebol ou basquetebol, dentre outros.

Desta forma, percebemos que os jogos pré-desportivos podem ter uma grande

influência para a produção de novos conhecimentos ou de diferentes respostas para um

problema, porém o professor precisa estar atento para intervir, mediar e propor novos

problemas.

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179

O estilo produção divergente (H) está ligado à produção de novos conhecimentos.

Este estilo busca estimular as capacidades cognitivas do aluno para a descoberta de

múltiplas soluções para um problema. Como é exemplificado no caso do futebol, o jogador

A recebe a bola e o jogador B está próximo para realizar a marcação. Quais são as opções

que o jogador em posse de bola tem para poder se livrar da marcação? A partir de um

problema como este, o professor pode solicitar aos alunos que planejem duas respostas

para essa situação problema, respeitando as regras do jogo (KRUG, 2009).

Sendo assim, como mencionado, o jogo pré-desportivo é rico em situações-

problema que podem estimular os alunos a pensarem em diferentes respostas, mas, na

presente pesquisa, os professores, em seus discursos, não relataram que aplicam os jogos

na escola com esse objetivo de estimular o aluno a desenvolver essas ações cognitivas e

motoras dentro do jogo, formando, assim, alunos mais inteligentes taticamente e

independentes para praticar os esportes ensinados.

De acordo com os professores pesquisados, essas estratégias com jogos são

voltadas mais para a questão lúdica do que para uma transferência para as modalidades

esportivas ensinadas na escola. Com isso, os professores dão ênfase ao jogo formal, por

acreditarem em uma maior eficácia dessa estratégia.

Entretanto, Finck (2012) relata que o esporte de rendimento possui objetivos e

características que o distinguem do esporte educacional e o de lazer, pois a primeira

classificação está ligada a uma ênfase na competitividade, regras rígidas, movimentos

padronizados, produtividade, o recorde e a vitória. Esse esporte é veiculado nas grandes

mídias e influencia o ambiente escolar.

Nesse sentido, o modelo acima descrito é utilizado por 9 entre 10 professores

pesquisados, pois utilizam a estratégia do jogo formal com as regras oficiais para ensinar o

esporte na escola. Isso foi evidente na fala dos professores. Entretanto, no ambiente

escolar, o professor deve variar as formas de ensinar, pois apenas a prática esportiva, desta

forma, não garante que os alunos aprendam as modalidades que estão sendo ensinadas pelo

professor e nem mesmo auxilia na construção e formação dos alunos.

Seguindo com esse modelo de esporte de rendimento, os exercícios de repetição

dos fundamentos fazem parte das estratégias de 7 professores (P1, P2, P3, P5, P6, P7 e P9)

dos quais relatam a importância de aprender as técnicas esportivas para poderem vivenciar

o esporte na escola, como notamos nos discursos de cada um deles, respectivamente.

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180

[...] formação de base, os fundamentos é um trabalho que o atleta vai

desenvolver ao longo do esporte que ele precisa praticar.

[...] você parte de um exercício com menor dificuldade até chegar no

exercício complexo.

Aí vai começar a prática dos fundamentos.

Voleibol, por exemplo: Então começa com toque. Pega bola ensina

posição da mão, posicionamento de cotovelo, testa, tudo... Até que

tenho bastante bola. E aí ensino, por exemplo: fundamento toque. Aí mostro na

bola, posição. Depois começa o 2 a 2. E aí toca, segura, o outro, toca. É difícil

né. Depois Manchete. A mesma coisa. Ensino posicionamento de braço, depois

começa uma passada da cortada, como impulso saque. Todo processo do

fundamento.

Então... o esporte do 6º ao 9º ano é de caráter mais técnico. Eu acho que

nessa parte você já pode usar as nomenclaturas corretas sempre desde o início.

Depois eu ensino fundamento. Toque, posicionamento de jogadores...

E durante as aulas vou explicando a parte teórica: lateral, pé na linha, a área só

do goleiro... para evitar eu monto só defesa e faço exercícios de defesa. Monto a

defesa. Eu apito e eles correm até o meio da quadra depois apito eles voltam e

fazem a defesa de novo. Depois em seguida dou esse mesmo exercício com a

bola. Eles vão tocando em movimento como se fosse para o ataque. Apitei é

como se eu tivesse perdido a bola. Eles soltam a bola e volta correndo para

fazer a defesa.

Desse modo, percebe-se que a estratégia de ensino jogo formal com regras oficiais

utilizada pelos professores estão ligadas ao modelo esportivista. De acordo com Merida e

Merida (2013), as práticas esportivas ligadas a este modelo proporcionam apenas uma

mera reprodução de movimentos e técnicas, sem que haja uma reflexão por parte de alunos

e professores. Outro ponto negativo é a exclusão dos menos habilidosos, muitas vezes, pelo

próprio aluno que possui certa dificuldade, o qual não se sente à vontade para participar

das aulas de caráter esportivo e até por colegas e professores reforçando o esporte

tradicional no ambiente escolar. Como percebemos no relato:

Existe aquela questão [...] a panelinha [...] O gordinho vai para o gol... por mais

que você trabalha isso sempre tem essa questão.

Krug (2009) menciona que, para os alunos aprenderem qualquer tarefa física e

conseguir um nível razoável de execução, é necessário que o aprendiz repita a tarefa

diversas vezes. Além disso, é necessário que o professor esteja sempre orientando e

corrigindo estes alunos para que possam melhorar suas performances.

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Nesse sentido, a utilização de exercícios de repetição dos fundamentos para ensinar

o esporte na escola está presente nos discursos da maioria dos professores, deixando claro

o domínio total das ações durante as aulas, pois os alunos não são incentivados a

questionar ou mesmo dialogar, ou seja, não são incentivados a desenvolver a autonomia e o

protagonismo nas atividades.

Os estilos de ensino são caracterizados pelas capacidades humanas básicas: a

reprodução de ideias, movimentos e modelos, a produção do conhecimento e a descoberta

e criação de novos modelos. Sendo os estilos de reprodução: comando (A), tarefa (B),

recíproco (C), auto checagem (D) e inclusão (E). Existem ainda os de produção e

descoberta do conhecimento: descoberta guiada (F), solução de problemas divergente (G),

solução de problemas convergente (H), individual (I), iniciado pelo aluno (J) e auto Ensino

(K) (GOZZI; RUETE, 2006).

De acordo com os estilos de ensino propostos por Muska Mosston (INSERIR

DATA), a estratégia repetição dos exercícios está associada aos estilos de reprodução do

conhecimento: comando (A), tarefa (B), recíproco (C), auto checagem (D) e inclusão (E).

Estes estilos estão todos relacionados à repetição de tarefas propostas pelo professor com o

intuito de aperfeiçoar os movimentos objetivados nas aulas de Educação Física. É

importante ressaltar que, nesta ordem de estilos, há um crescente em relação à autonomia

do aluno, pois, no estilo comando (A), o aluno apenas executa o que o professor sugeriu,

enquanto nos outros estilos o professor passa a conceder uma maior autonomia para os

alunos na execução das tarefas, ou seja, toma algumas decisões no processo de

aprendizado. (MOSSTON; ASHWORTH, 1986).

Desta forma, no estilo comando (A), o professor tem o controle de tudo, ou seja,

toma as decisões em todos os momentos da aula e para o aluno resta apenas executar e

obedecer o professor, tendo sempre um modelo a seguir. Entre o estilo comando (A) e o

estilo tarefa (B), existem pequenas mudanças, pois, no segundo estilo, algumas decisões

são transferidas ao aluno, propondo uma nova realidade entre professor-aluno, já que

aquele passa a confiar neste que poderá tomar algumas decisões na execução da tarefa, mas

deve ainda seguir as orientações estabelecidas (MOSSTON; ASHWORTH, 1986).

O aluno é apenas um ouvinte e reprodutor dos movimentos, tomando poucas

decisões nas tarefas, como percebemos nos relatos:

Vamos treinar fundamentos de novo? Vamos. Vamos melhorar

isso. Vamos fazer isso tudo são detalhezinhos que vão fazer a diferença essa

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coisa de brilhar mesmo, do lapidar, da própria situação até mesmo a situação de

um atleta.

Eu começo com os fundamentos básicos que seria, vamos dar um

exemplo: basquete começo lá: Olha gente fundamento do passe, existem vários

tipos de passes: passe de peito, passe picado, passe de ombro e vou indo.... Vou

modificando, depois dou arremesso, ensino certos arremessos, adentrar nas

regras mesmo da modalidade e acho que isso.

Com isso, os estilos: recíproco (C), auto avaliação (D) e inclusão (E) não fazem

parte do repertório de estratégias dos professores. Apesar de estarem ligados à repetição e à

execução de tarefas, possuem algumas características específicas que não são mencionadas

pelos professores na descrição de suas atividades ao utilizarem apenas os estilos comando

(A) e tarefa (B), confirmando apenas que os alunos são meros executores de exercícios.

Para Heine, Carbinatto e Nunomura (2009), aquele aluno que aprende um esporte

exclusivamente por meio do estilo comando (A) alcançará uma melhora dos aspectos

motores e físicos, pois este estilo estimula em grande escala estes aspectos. Porém,

desenvolverá, em menor escala, o aspecto cognitivo. Com isso, ficará bastante dependente

da voz ou sinais de comando do professor, o que contribui pouco para desenvolver a

autonomia, a iniciativa e a capacidade de tomar decisões.

Gozzi e Ruete (2006) afirmam que, no estilo tarefa (B), há uma grande semelhança

com o com o comando (A), pois os alunos ainda seguem um modelo estabelecido pelo

professor. Porém, existe a possibilidade de os alunos tomarem algumas decisões,

relacionados ao aspecto físico-motores, sendo: ordem das tarefas, tempo de início,

velocidade e ritmo para a execução, término da tarefa, intervalo, postura e local.

Desta forma, os alunos que já conhecem o movimento poderão fazer mais

rapidamente. Os alunos com dificuldades poderão analisar melhor como fazer para

melhorar o desempenho. De acordo com o Professor 3, as turmas são muito heterogêneas.

Com isso, precisa propor tarefas que a turma toda consiga fazer.

Então todas as aulas você coloca um desafio. Então você coloca um desafio

pequeno hoje, amanhã um médio e depois um complexo. E o esporte é a mesma

coisa. Você começa o esporte pela iniciação e depois vai para o

aperfeiçoamento. Nas aulas todos os alunos participam da atividade então na

aula de Educação física a maioria dos desafios são pequenos. Por que você

pensa englobar toda a turma.

De acordo com a pesquisa de Gozzi e Ruete (2006), em segmentos não escolares

(clubes), foi encontrado alguns dados importantes em relação aos estilos de ensino, sendo

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que, nas aulas de natação, predominava, com 46%, o estilo tarefa, seguido pela descoberta

guiada 23%, estilo inclusão 15%, auto checagem e produção divergente com 8%. Na

modalidade esportiva futebol, foram encontrados 55% para o estilo tarefa e 43% para estilo

comando.

Na pesquisa de Silva (2013) com seis escolas e seis professores de Educação Física

do Ensino Fundamental I, foram observadas 12 aulas de cada professor, totalizando 72

aulas. Em todas, o estilo tarefa (B) prevaleceu com estratégia principal de ensino.

Nesse sentido, os professores de Educação Física têm a responsabilidade de ensinar

seus alunos muito mais do que apenas jogar bola, fazer ginástica ou a dançar. É importante

que os alunos compreendam o que estão fazendo e por qual motivo fazem, pois a prática

esportiva educacional deve ter significado para os praticantes, além de estimular a

formação da cidadania e do pensamento crítico. Essas aulas também devem proporcionar

momentos de reflexão sobre os conceitos e atividades com perguntas geradoras das

reflexões e ainda sugerir questionamentos (NISTA-PICCOLO; MOREIRA, 2012).

Assim, é muito importante que o profissional de Educação Física faça uma variação

na utilização dos estilos, sendo esta uma atitude extremamente desejável do ponto de vista

do desenvolvimento integral do aluno (HEINE, CARBINATTO; NUNOMURA, 2009) e

isso não ocorreu com os docentes de Educação Física que participaram deste estudo.

Os professores (P1, P2, P3, P4, P6, P7 e P9) também fazem uso das atividades

lúdicas para que seus alunos possam aprender o esporte de diferentes formas. Essas

atividades, presentes na cultura popular das crianças, podem ser utilizadas, porém, cabe ao

professor adequá-las ao contexto das aulas para que atendam aos objetivos almejados e

também às características do grupo. Com isso, podem possibilitar a vivência dos

fundamentos de forma prazerosa, alegre e descontraída (PAES; MONTAGNER;

FERREIRA, 2009).

Sendo assim, ensinar o esporte de maneira satisfatória está ligado à preparação dos

alunos para executar as habilidades através da descoberta do prazer de realizá-las.

Conscientizá-los sobre seus limites e capacidades, possibilitando uma variedade de

movimentos e novos conhecimentos. Dessa maneira, o professor deve centrar seu ensino

nas questões pedagógicas que permeiam a aprendizagem de seus alunos, ou seja, inovando

propostas e criando um ambiente participativo e saudável (NISTA-PICCOLO; TOLEDO,

2014).

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Os docentes mencionam que utilizam a roda de conversa inicial para iniciar as

aulas. Esse é um ponto importante nas aulas de Educação Física nas quais os professores

explicarão os objetivos das aulas e as possíveis atividades que serão realizadas, atentando e

motivando os alunos para a participação. Esse é um momento necessário para que os

alunos se envolvam e, até mesmo, participem questionando e dialogando com o professor.

Para Mosston e Ashworth (1986), a roda de conversa inicial está relacionada à fase

de impacto na qual o professor irá explicar e demonstrar as tarefas e os modelos que os

alunos seguirão na aula. É considerado um momento no qual constantes orientações

acontecerão para o melhor desenvolvimento das atividades.

Embora nem todos os professores façam as rodas de conversa inicial, de acordo

com Rodrigues e Darido (2012), é recomendado que as aulas iniciem e finalizem em roda,

de modo que todos os alunos possam se posicionar, lembrando e debatendo sobre o que foi

realizado na presente aula e na anterior, além disso, trazer fatos novos ou curiosidades

acerca do cotidiano esportivo.

Percebemos a importância tanto da roda de conversa inicial quanto a final, pois são

momentos nos quais alunos e professores podem dialogar e debater sobre aula. No entanto,

na presente pesquisa, apenas os professores P8 e P10 disseram realizar uma roda de

conversa final para poder fazer um resumo geral da aula e possibilitar a discussão dos

alunos, além de fornecer feedbacks sobre o processo de ensino-aprendizagem. Podemos

observar essa realidade nos discursos abaixo:

Eu começo lá na parte inicial que seria introdução, aí a gente vai para

um alongamento, fazer um aquecimento e falar de algum jogo, a aula é sempre

dobradinha. Aí depois eu entro na parte específica que a parte dos fundamentos

ou das regras. Depois a gente faz o jogo mesmo e para finalizar a gente termina:

Olha gente o que foi passado hoje? E se sobrar um tempinho ou outro eles

ficam um tempinho livres.

A quinta parte seria uma roda de conversa, que eles chamam de volta

calma, roda de conversa para poder discutir aula. O que achou, a maior

dificuldade, a experiência vivida. Tudo isso com o intuito do aluno

reflexivo sobre sua própria prática.

Nesse sentido, na roda de conversa final, o professor pode propor aos alunos

discutir os pontos positivos e negativos, os aprendizados, o que faltou e o que será

desenvolvido na próxima aula, além de outros aspectos que o professor julgar necessário.

Na roda, todos são iguais, não existe melhores ou piores, todos podem se ver, ouvir e falar,

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ou seja, um espaço coletivo, propiciando, assim, aprendizados importantes como: ouvir o

colega, aguardar a sua vez para falar, respeitar opiniões, argumentar, discordar e concordar

(RODRIGUES; DARIDO, 2012).

Nos estilos de ensino de propostos por Muska Mosston (1986), os feedbacks são

peças fundamentais para o processo de aprendizado dos alunos, sendo que, dependendo do

estilo, podem ser dados pelos próprios alunos a outros ou do professor aos alunos. Sendo

assim, durante a execução das atividades, orientações são feitas aos alunos, já na fase pós-

impacto mais informações e devolutivas seriam comentadas. Desta forma, a roda de

conversa final, ou durante as atividades, têm uma relação interessante entre esses aspectos

dos estilos (KRUG, 2009).

Outro ponto importante a ser discutido sobre as estratégias de ensino utilizadas

pelos professores de Educação Física para ensinar esportes em suas aulas é que a Secretaria

de Educação do município pesquisado organiza as aulas no contra turno. Além disso, as

turmas não são mistas. Essa forma de organização é um fato preocupante, pois os alunos

necessitam deste convívio social entre os sexos para auxiliar na sua formação. No entanto,

cinco professores (P1, P2, P3, P4 e P5) relatam que, para as aulas, essa separação de sexos

é essencial, pois as práticas esportivas são melhores desenvolvidas.

Se nós formos olhar pela questão social eu acho que a mistura de gêneros tanto

faz. Porque do primeiro ao quinto é junto. Durante a grade. Influencia? Pode

influenciar na hora do futebol. Na hora que você der o futsal ou o futebol vai

influenciar porque os meninos... E difícil você pôr na cabeça deles que eles

estão ali. A questão do 6º ao 9º ano eu... não sei se é melhor ou se é

pior, porque aqui em Aparecida está.... Na minha época era assim. Sempre foi

assim e essa questão.... Às vezes eu acho melhor, as vezes eu acho pior.

Bom, turmas mistas é complicado. E eles já fazem junto do primeiro ao quinto

ano, então do sexto ao nono, separado fica melhor.

Desse modo eu acho positivo porque acabar trabalhando uma... vamos supor,

uma dessa específica as meninas uma ginástica e com os meninos não. Eles não

irão aceitar isso. Acaba atrapalhando. Nesta específico de separar, eu acho

positivo.

Eu acho que o horário do contra turno é um horário ideal. Sou a favor do

horário de contra turno. Primeiramente pelo fato dos alunos que vem no contra

turno são os alunos que estão interessados em fazer a aula. Fico dividido. Eu

acho válido a separação de masculino e feminino, mas por outro lado eu acho

que ficou um pouco a desejar também, tendo em vista que, quando as duas

turmas, turmas mistas, masculina e feminina estão presentes existe uma série de

dificuldades, principalmente com a parte do desempenho das

meninas, crítica por parte dos meninos, deboche, brincadeiras, coisas,

comportamento e atitudes dos meninos que podem constranger as

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meninas. Além do fator sexualidade. Já percebo que está muito acentuado nas

duas turmas o que se não houver o devido controle acaba virando uma bagunça.

Eu acho melhor, porque na hora da aula, se for feminino e masculino junto...

Não dá para você dar uma atividade. Esporte então... inviável. Como você vai

trabalhar futsal menino e menina? Não dá. Vira o lúdico. Isso é um ponto que

não dá para eu misturar os dois. Acho muito difícil trabalhar com os dois. Nessa

idade um mexe com o outro. Não dá. Outra coisa é a roupa. A maioria vem com

calça jeans. Como você vai preparar? Não dá. E fica inviável porque você dar

aula para os meninos vamos dizer e as meninas sentam e não querem fazer. No

contra turno já é outro papo. Ele vem com outra roupa, já vem preparado para

aquilo. Só as meninas eu dou aulas específicas, só para elas. Se tiver um menino

junto já bagunça. Então eu acho importante separar meninos de meninas. A

roupa. E porque tem um horário específico. Eu acho melhor no contra turno.

Podemos perceber que, embora estes professores sigam e concordem com uma

estrutura didática que separa meninos e meninas das aulas e propõe um modelo do esporte

de alto rendimento para as aulas de Educação Física, tanto as orientações curriculares da

rede e a perspectiva educacional destes docentes não estão ligadas às orientações propostas

pela literatura mais recente para a o ensino do esporte na Educação Física escolar e na

utilização de diferentes estilos de ensino.

Para Galvão, Rodrigues e Silva (2008), o esporte é uma manifestação da cultura

corporal de movimento e, para ensiná-lo na escola, as estratégias de ensino precisam ser

variadas, tendo um tratamento diferenciado. Sendo assim, ao ensinar uma modalidade

esportiva nas aulas de Educação Física, os autores sugerem que os docentes devem refletir

com os discentes sobre o difícil relacionamento entre meninos e meninas na realização da

prática esportiva, a exclusão dos menos habilidosos, a violência, as dificuldades

relacionadas ao entendimento sobre a necessidade e os mecanismos de construção das

regras, a aplicação das noções sobre a organização tática.

Os professores também podem propor jogos nos quais as diferenças de habilidades

entre meninos e meninas, como o chutar, por exemplo, não sejam tão marcantes,

construindo um ambiente mais harmônico durante as aulas. As utilizações de materiais

alternativos aos oficiais também podem colaborar (a utilização de balões, bolas de espuma,

bolas de meio com enchimento macio), gerando um bom resultado e estimular a

participação dos menos habilidosos (GALVÃO; RODRIGUES; SILVA, 2008).

Ainda é necessário que os professores de Educação Física tentem incluir todos os

alunos durante as suas aulas, trabalhem de forma interdisciplinar, respeitar o projeto

político-pedagógico da escola, incentivar o trabalho com notícias sobre anabolizantes,

violência no esporte, padrão de beleza etc, utilizar vídeos, coletar informações na internet e

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na mídia impressa, estimular a autonomia dos alunos, diversificar os espaços e os

materiais, convidar especialistas nas modalidades esportivas ensinadas para realizar

palestras e trabalhar com turmas heterogêneas, realizar trabalho em grupo e discutir as

relações de sexo que envolve os esportes (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2013).

Neira (2014) sugere que o professor deve permanecer atento às relações embutidas

na trajetória e organização da modalidade esportiva ensinada, procurando ajudar o grupo a

significá-las. O professor pode indagar a turma sobre as condições assimétricas de

participação dos sujeitos, questões de sexo, consumo, história, formas de organização da

prática, gestos e recursos empregados, entre outros aspectos. Para o autor, é importante que

as atividades de ensino priorizem o diálogo sobre os diversos significados apreendidos

durante a leitura da gestualidade que caracteriza um determinado esporte.

Maldonado, Silva e Neira (2015) mencionam que as propostas curriculares

estaduais de Educação Física sugerem que os professores que ensinam esportes coletivos

devem utilizar as seguintes estratégias didáticas em suas aulas: promover debates entre os

alunos, ministrar atividades práticas, utilizar recursos audiovisuais, vivenciar os esportes

coletivos, realizar apresentações dos conteúdos desenvolvidos, realizar pesquisas em grupo

ou de forma individual, entrevistar pessoas envolvidas com os esportes coletivos, elaborar

painéis com ideias relacionadas aos esportes coletivos, praticar o esporte coletivo

compreendendo os elementos técnicos e táticos em conjunto, propor a realização da auto

avaliação, realizar rodas de conversa e utilizar a ludicidade para ensinar os esportes

coletivos.

Portanto, em relação às estratégias de ensino para ensinar esportes, os professores

de Educação Física da rede municipal de Aparecida, em muitos momentos, não seguem as

indicações realizadas pela literatura, pois utilizam, como principais estratégias didáticas, a

utilização de jogos pré-desportivos, jogos formais com regras oficiais, exercícios com

repetições de movimentos, a realização de torneios internos, demonstração dos

fundamentos, apresentação dos materiais e equipamentos esportivos, explicação e

intervenção durante as atividades, deixando claro o seu enfoque nos conteúdos de ordem

procedimental e de estimular a prática de poucas modalidades esportivas apenas para os

alunos mais habilidosos.

Embora também apareçam, nas estratégias dos docentes, a utilização de atividades

lúdicas, a roda de conversa inicial, trabalhos teóricos e roda de conversa final estão sempre

voltadas para o ensino das técnicas e das regras das modalidades esportivas e na melhora

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do comportamento dos alunos para que possam praticar os esportes ensinados e a formação

do pensamento crítico e da cidadania dos discentes.

7.3.1 – Estratégias de ensino relacionadas às técnicas expositivas utilizadas para ensinar

esportes

Agora, discutiremos as técnicas expositivas que os professores de Educação Física

utilizam para ensinar o esporte em suas aulas.

Quadro 17: Matriz 5 – Técnicas expositivas utilizadas para ensinar esportes

As técnicas expositivas utilizadas pelos docentes para ensinar esportes em suas

aulas foram:

Demonstração dos fundamentos. Na hora de ensinar algum movimento esportivo,

os professores, em determinado momento da aula, fazem demonstrações para que

os alunos tentem realizar da mesma forma.

Explicação durante as atividades. Nos discursos, alguns professores relataram

que, durante as atividades, são realizadas pausas para novas explicações e

alterações nas atividades propostas.

Recursos audiovisuais. Alguns professores passam para os alunos vídeos sobre os

esportes. Para realizar essas atividades, os docentes utilizam a sala de informática e

pedem que utilizem a internet para realizar pesquisas relacionadas aos esportes, ou

mesmo ilustrações de livros.

A apresentação dos materiais e equipamentos esportivos. Bolas das diferentes

modalidades esportivas, tipos de redes e a dimensão das quadras são apresentados

↓Técnicas expositivas / Profs. → P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total

Demonstrações dos fundamentos X X X X 4

Explicações durante as atividades X X X X 4

Recursos audiovisuais X X X X 4

Apresentação dos materiais e

equipamentos esportivos

X X X 2

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aos alunos. Os professores explicam sobre estes materiais e equipamentos para que

os estudantes compreendam mais sobre a modalidade esportiva que está sendo

desenvolvida.

O professor tem um papel essencial na formação de seus alunos, tem o dever de ser

um facilitador e um mediador do conhecimento, pois é ele quem elabora o ambiente

pedagógico, cria as situações didáticas, estabelece metas e objetivos, seleciona os

conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas de Educação Física (NISTA-PICCOLO;

MOREIRA, 2012).

Apesar da demonstração ser um ponto importante no aprendizado de Educação

Física escolar apenas os professores P3, P5, P6 e P10 destacaram essa técnica em seus

discursos.

Explico. Às vezes até demonstro. Levo uma bola para sala e às vezes até

demonstro.

E aí ensino por exemplo: fundamento toque. Aí mostro na bola, posição. Depois

começa o 2 a 2. E aí toca, segura, o outro, toca. É difícil né. Depois Manchete.

A mesma coisa. Ensino posicionamento de braço, depois começa uma passada

da cortada, como impulso saque. Todo processo do fundamento.

Porque tem aluno que aprendi ali fazendo, outros ouvindo outros vendo.

Aí você tem descrição de movimento explicando o que que é realizado, mas

principalmente dentro do próprio jogo.

A demonstração dos movimentos e técnicas pelos professores de Educação Física,

para Krug (2009), está relacionada ao estilo comando (A) que permite ao professor

demonstrar a tarefa estabelecendo o modelo a ser copiado. Desta forma, esse estilo visa o

aprendizado e a memorização de padrões ou habilidades estereotipadas. Contudo, a

demonstração dos movimentos e tarefas podem ser utilizadas em outros estilos de ensino.

Outro ponto importante é a observação e a retroalimentação feita pelo professor que poderá

orientar antes, durante e no fim da execução das a tarefas.

Alguns professores pesquisados destacam a importância das pausas para

explicações nas atividades. Esse aspecto é necessário, pois o profissional pode colaborar

com os alunos para que consigam entender melhor seus erros e acertos.

Desta forma, nas aulas, é interessante garantir a participação efetiva dos alunos em

todas as atividades, buscando sempre o envolvimento, exemplificando: se em um jogo uma

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equipe está perdendo por alguns pontos, é necessário que o professor faça uma intervenção

e uma reflexão com o grupo, solicitando que esta equipe, que está em desvantagem, pense

em algumas estratégias defensivas para evitar levar outros pontos, incentivando que os

alunos participem e proponham soluções para este problema encontrado no jogo

(RODRIGUES; DARIDO, 2012).

Sendo assim, o profissional deve intervir nas atividades com o objetivo de indagar e

motivar os alunos a buscarem outras respostas para os problemas ou dificuldades na

execução das atividades. Nos discursos dos professores, fica evidente que as pausas estão

ligadas ao seguimento ou não das regras, como podemos perceber:

Apesar do 6º ao 9º ano gente sempre deixar jogar mais. Daí apita

para. Não. Olha o jogo não é para fazer isso.

E durante as aulas vou explicando a parte teórica: lateral, pé na linha, a área só

do goleiro.

O estilo Descoberta Guiada (F) é uma boa estratégia para instigar os alunos a

descobrirem a resposta de um problema, como, por exemplo, dentro de um jogo de alvo

realizado com as mãos, os jogadores precisam passar a bola entre eles, porém existe uma

marcação intensa por parte da outra equipe. Sendo assim, é necessário utilizar diferentes

tipos de trajetórias do passe para que a bola chegue até o companheiro. Com isso, o

professor pode fazer pausas durante o jogo e estabelecer uma pergunta que possa

encaminhar o aluno responder o problema que, no caso, seria passar a bola para o

companheiro que está sendo marcado.

No entanto, como percebemos na presente pesquisa, o simples fato de parar a aula,

um exercício, ou jogo e apenas advertir sobre as regras e, até mesmo, corrigir os

movimentos não é suficiente para reforçar uma educação democrática que visa à

participação e a autonomia, pois é interessante que haja um diálogo no qual o aluno tenha

oportunidade de se evolver ativamente.

Olha vai passar um jogo de handebol feminino na Globo. Assistam para vocês

verem e depois a gente conversa.

[...] escola que tem condições eu passo um vídeo, o que não tem a gente não faz.

Vai ter os jogos pan-americanos, assistam. Esse bimestre é handebol assistam.

[...] todas as aulas material de apoio livros que eu trago porque a escola não tem

filmes relacionados ao esporte vai ser trabalhado na modalidade esportiva que

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vai ser trabalhada a gente utiliza fala de vídeo então a princípio quando o aluno

chega na escola a gente trabalha com ele mais a parte teórica em sala de aula.

Sendo assim, crianças e adolescentes devem ser tratados como leitores e produtores

das práticas esportivas para que alcancem uma compreensão melhor dos seus significados.

Ao propor como exemplo a analisar o skate, o autor propõe que os professores de

Educação Física podem discutir sobre as técnicas empregadas pelos skatistas, suas

vestimentas, gírias e regulamentos das competições. Para que isso aconteça, o docente

pode organizar vivências, alterando executores e observadores, apresentar vídeos, coletar

relatos de skatistas, entre outras atividades (NEIRA, 2014).

Os professores P7 e P8 relatam que, ao iniciarem o ensino de modalidade esportiva

nas aulas, apresentam aos alunos as bolas, a quadra e outros materiais necessários à prática

esportiva.

[...] depois num segundo momento a parte de ilustração que seria de livro, que

seria mostrar como se faz como é a quadra as medidas por exemplo o

basquetebol na medida [...]

[...] primeiro mostro material para eles e vou passando para eles poderem ver de

mão em mão..”7.6 – Avaliação de ensino relacionada aos esportes ensinados

nas aulas de Educação Física escolar pelos docentes das escolas da rede

municipal de Aparecida.

7.4 – Avaliação de ensino

Nesse momento, será demonstrada e discutida a avaliação de ensino que os

professores de Educação Física possuem relacionados ao ensino dos esportes em suas

aulas.

Quadro 18: Matriz 6 – Avaliação de ensino

↓ Tipos / Professores → P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total

Trabalho teórico X X X X X 5

Teórica X X X 3

Diagnóstica X X X 3

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Os professores, que mencionaram algum tipo de avaliação, utilizam os seguintes

instrumentos avaliativos:

Trabalho teórico. A entrega de trabalhos teóricos sobre a modalidade esportiva

estudada no bimestre é utilizado como instrumento avaliativo.

Avaliação teórica. Alguns professores relatam fazer uma avaliação teórica sobre as

regras ou sobre o histórico da modalidade esportiva que foi ensinada naquele

bimestre.

Avaliação diagnóstica. Na primeira aula sobre alguma modalidade esportiva,

alguns professores fazem uma avaliação diagnóstica por meio de uma conversa no

início da aula, fazendo questionamentos aos alunos sobre as modalidades esportivas

para analisar o conhecimento prévio que eles possuem para que, depois,

programem as aulas do bimestre

Os docentes de Educação Física da rede municipal de Aparecida, que relataram na

entrevista sobre a avalição, possuem como principais instrumentos de avaliação: pesquisas

sobre o histórico e as regras das modalidades esportivas ensinadas, provas sobre o histórico

e as regras das modalidades esportivas ensinadas, e avaliação diagnóstica para

compreender sobre o conhecimento prévio que os alunos possuem sobre os esportes

trabalhados em aula.

Nesse sentido, Rodrigues e Darido (2012) afirmam que a avaliação pode e deve

possibilitar ao professor uma avaliação contínua de sua prática, em relação às

competências, objetivos, conteúdos e estratégias. Visando auxiliar no processo de

aprendizado individual e coletivo dos alunos, pois pode mostrar aspectos que precisam ser

revistos, melhorados ou reconhecidos.

Embora os professores não tenham sido questionados na entrevista sobre a

avaliação dos alunos nas aulas de Educação Física, alguns professores acabaram

comentando nos discursos. Os professores P1, P3, P6, P9 e P10 comentaram solicitar

trabalhos escritos para os alunos sobre as regras e a história do esporte ensinado naquele

bimestre. Como podemos notar nos discursos:

Para os alunos seguirem depois a gente explica, dá uma provinha e dá trabalho

também.

Eu peço trabalho sobre as regras básicas.

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A teoria seria...o contexto histórico... eu já consegui o interesse através do

trabalho até mesmo no futebol de rua. Para ter um trabalho teórico sobre futebol

de rua que até [...] Queimada com as meninas.

Para Darido e Souza Júnior (2013), a avaliação na Educação Física Escolar não

pode ser utilizada com um instrumento de pressão e castigo. Aliás, muito pelo contrário.

Os autores sugerem que a avaliação deve se mostrar útil para as partes envolvidas

(professores, alunos e escola), contribuindo para o autoconhecimento e para análise das

etapas já vencidas, no sentido de alcançar os objetivos previamente traçados.

O professor de Educação Física, ao ensinar esportes na escola, deve considerar a

observação, a análise e a conceituação de elementos que compõem a totalidade da conduta

humana. Nesse sentido, o processo de avaliação deve estar voltado para analisar a

aquisição de competências, habilidades, conhecimentos e atitudes dos alunos (DARIDO;

SOUZA JÚNIOR, 2013).

Outra forma de avaliação utilizada pelos professores foi a avaliação teórica, mas

que possui os mesmos objetivos que o trabalho escrito, ou seja, avaliar os conhecimentos

dos alunos em relação às regras e á história dos esportes.

A escola pede, às vezes dá uma avaliação tudo sobre aquilo ali, a história, sobre

a parte histórica da modalidade.

Eu peço trabalho sobre as regras básicas e passa uma provinha bem simples. Só

pontos importantes, números de jogadores, tempo de jogo, tamanho da quadra.

No entanto, a avaliação deve abranger não apenas estes itens acima apontados, mas

a dimensão cognitiva (competências e conhecimentos), motora (habilidades motoras e

capacidades físicas) e atitudinal (valores), verificando a capacidade do aluno expressar sua

sistematização dos conhecimentos relativos às diversas modalidades esportivas aprendidas

durante as aulas em diferentes linguagens (corporal, escrita e falada) (DARIDO; SOUZA

JÚNIOR, 2013).

Ainda de acordo com os pesquisadores citados, o problema não está nas escolas dos

instrumentos e, sim, na concepção que sustenta essas escolhas. Podem-se utilizar provas

teóricas, trabalhos, seminários, gravação em videoteipe para avaliar habilidades e atitudes,

observações sistemáticas, fichas e, inclusive, testes de capacidades físicas. O maior

problema não está na forma de coletar informações, mas no sentido da avaliação que deve

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ser realizada como um contínuo diagnóstico das situações de ensino e aprendizagem, sendo

útil para todos os envolvidos no processo pedagógico.

Ao se pensar nas três dimensões dos conteúdos, o docente de Educação Física, que

ensina esportes na escola, pode avaliar, na dimensão conceitual, se os alunos

compreenderam: as principais habilidades motoras e regras envolvidas naquela modalidade

esportiva; a função das regras em um jogo; a função da criação de táticas em um jogo; a

história desse esporte; a situação do esporte no país e no mundo; a inserção dessa

modalidade esportiva na mídia; as diferenças e semelhanças dos esportes jogados por

homens e por mulheres; e o significado das Copas do Mundo de futebol (GALVÃO;

RODRIGUES; SILVA, 2008; DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2013).

Na dimensão procedimental, pode ser avaliado se os alunos estão conseguindo

aprender: as habilidades motoras referentes à modalidade esportiva ensinada; a elaborar

táticas durante o jogo; a cumprir tarefas relacionadas às possíveis apresentações e

discussões sobre pesquisas solicitadas pelo docente; a coletar notícias sobre matérias

jornalísticas, realizando comentários sobre as mesmas; a confeccionar livros, reunindo

textos e figuras pesquisadas pelos estudantes, juntamente com textos produzidos por eles; e

a organizar essas notícias em painéis em diferentes espaços da escola para que os demais

estudantes possam aprender sobre os temas que estão sendo estudados de um determinado

esporte (GALVÃO; RODRIGUES; SILVA, 2008; DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2013).

Na dimensão atitudinal, pode ser avaliado se os alunos conseguem: cumprir as

regas do esporte; respeitar as possibilidades e os limites das habilidades motoras dos

colegas; interagir entre meninos e meninas; cumprir as tarefas solicitadas; ter disposição

para aquisição de novos conhecimentos; se adaptar ao uso de espaços e dos materiais

esportivos que a escola possui; expressar sentimentos, inibições e dificuldades; e o docente

de Educação Física ainda pode propor que os alunos realizem uma autoavaliação do

processo de ensino-aprendizagem sobre os esportes (GALVÃO; RODRIGUES; SILVA,

2008; DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2013).

As atividades avaliativas descritas em propostas curriculares oficiais de Educação

Física de diferentes redes estaduais de ensino brasileiras sugerem que a avaliação deve ser

processual e que as mesmas situações utilizadas para avaliar o aprendizado do estudante

também podem servir para estimular o seu aprendizado. Nada impede a aplicação de

provas e o professor é orientado a solicitar que os estudantes realizem análises de jogos,

vídeos, campeonatos, apresentem seus trabalhos durante as aulas, que participem de

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debates, produzam textos relacionados com o esporte coletivo trabalhado, entrevistem

especialistas nas temáticas ligadas ao esporte coletivo, confeccionem materiais, recriem

jogos e regras, participem de testes e da organização de eventos (MALDONADO; SILVA;

NEIRA, 2015).

Na presente pesquisa, os professores P3, P8 e P10 relatam utilizar, em alguns

momentos, a avaliação diagnóstica para analisarem como estão o entendimento e o

conhecimento prévio dos alunos em relação os conteúdos.

Na teoria como eu falei eu começo já com as regrinhas, vai passando na lousa e

perguntando para eles, alguém conhece? ... vamos supor: futsal eu vou

instigando deles primeiro para saber o que eles conhecem, depois eu vou

passando o que precisa, o que é futsal para eles? Depende de cada sala. Vou

perguntando para ele e vou instigando para eles primeiro.

Então a primeira aula a gente faz uma roda de conversa e digo: olha gente vocês

conhecem esse Esporte? Já assistiu? Já viu? Já ouviu falar? Só para eu ter o

conhecimento deles e a partir daí eu monto as aulas.

Como ponto de partida, seria interessante que o professor investigasse o

conhecimento prévio dos alunos acerca do esporte a ser ensinado, isso pode ser verificado

por meio de testes motores, jogos ou mesmo um diálogo sobre o assunto (SILVA;

GUIMARÃES, 2014).

Mais uma vez, ao comparar o que a literatura sugere com a forma de avaliar dos

docentes de Educação Física que atuam na rede municipal de Aparecida, podemos

observar um enorme descompasso. Esses professores avaliam seus alunos com provas

sobre os esportes, pedem trabalhos sobre as modalidades esportivas ensinadas e alguns

deles avaliam quais esportes os discentes já haviam aprendido antes da sua aula. Embora

todos esses instrumentos de avaliação sejam importantes, fica claro que esses docentes

possuem uma visão restrita e acrítica de Educação Física em que avaliam apenas se os

alunos conseguem jogar minimamente as modalidades esportivas trabalhadas em aula.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre as inúmeras modalidades esportivas possíveis de serem ensinadas na

Educação física escolar, na presente pesquisa, pode-se notar o quanto os professores

utilizam prioritariamente os esportes coletivos de quadra. É certo que, na proposta do

município para a disciplina, tais esportes são apontados para que os professores ensinem

nas aulas, contudo os próprios professores da cidade declararam que é uma proposta

flexível e que podem inserir conteúdos diferenciados.

Outro fato importante é a separação das turmas por sexo feita pela própria

Secretaria de Educação e que a maioria dos professores afirma que, desta forma, é melhor,

pois meninas e meninos na mesma aula, na opinião dos pesquisados, não é um fato

positivo. Podemos afirmar que este fato impressiona, pois, mesmo com os aspectos ditos

como positivos pelos profissionais, não sobrepõem a importância dessa diversidade de

aprendizados entre os sexos dentro das aulas de educação física. Sabemos que a conivência

entre os sexos é essencial no desenvolvimento e na formação dos aspectos afetivo-sociais

dos alunos.

Quando relacionamos objetivo, conteúdo, método e avaliação dos professores

pesquisados podemos perceber que os principais objetivos destacados pelos professores

estão ligados aos aspectos afetivo-sociais, enquanto os principais conteúdos citados estão

relacionados aos aspetos físico-motores, pois atendem ao conhecimento e aprendizado dos

fundamentos e das regras sobre a modalidade.

Seguindo neste modelo, as estratégias utilizadas pelos docentes estão diretamente

ligadas ao estilo comando (A) e tarefa (B), pois os professores, a todo momento, estão à

frente das ações nas aulas e controlam a organização. O tempo destinado à tarefa que, na

maioria das vezes, busca desenvolver as habilidades motoras dos alunos e não possibilita

uma maior participação e envolvimento nas aulas, pois são meros reprodutores, não

possuem espaço para comentar, dialogar ou interferir, sendo estes pontos importantes para

uma educação autônoma e democrática.

Diante disso, podemos notar que os docentes pesquisados têm uma visão ingênua

do esporte, pois acreditam que apenas o fato do aluno aprender e praticar o esporte no

ambiente escolar irá desenvolvê-lo de forma integral. No entanto, desta forma como

ensinam o esporte na escola, os professores não conseguem atingir os objetivos de ordem

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social. Isso mostra que, mesmo com o aumento dos cursos de extensão, pós-graduação, das

publicações e livros nesta linha de pesquisa e ensino do esporte na escola que mostram

novas abordagens, diferentes reflexões e estratégias de ensino, os profissionais pesquisados

continuam ensinando de forma atrasada que pode estar ligada tanto à formação inicial em

Educação Física, quanto à experiência ligada ao esporte, como atleta ou técnico esportivo.

A maior parte dos discursos evidenciou contradições entre objetivos educativos

declarados por meio do esporte e as estratégias de ensino utilizadas.

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198

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APÊNDICES

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APÊNDICE I

Termo de Autorização e Responsabilidade da Instituição para realização da pesquisa

(SECRETARIA MUNICIPAL)

Título da pesquisa: ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR ESPORTE NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO NA CIDADE DE APARECIDA - SP

Eu,___________________________________________, nascido/a em

__________________, portador/a do RG nº. _______________________, responsável

pela Secretaria Municipal de Educação/ Diretoria de Ensino ________________, situada à

______________________________________________________________, e e-mail

_______________________________, abaixo assinado, autorizo a realização da pesquisa

supracitada nas dependências das escolas municipais e estaduais situadas na cidade de

Aparecida - SP, como também me responsabilizo pela oferta de condições de acesso às

informações e pessoas necessárias de modo a garantir a execução da referida pesquisa sob

responsabilidade do pesquisador Prof. José Martins Freire Junior, aluno do Curso de

Mestrado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu, orientado pela Profa.

Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, membro do Curso de Mestrado em

Educação física da Universidade São Judas Tadeu.

Assinado este Termo de Consentimento, estou ciente que:

1 o objetivo deste trabalho foi descrever e analisar como os professores de Educação física

ensinam os conteúdos esportivos nas aulas ministradas do 6º ao 9º ano nas escolas

municipais da cidade de Aparecida-SP.

2. Durante a pesquisa, serão utilizados como instrumentos para coleta de dados:

a) Entrevista com os professores/as de Educação Física.

3. Todos os participantes da pesquisa preencherão o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido.

4. Existe um risco, ainda que mínimo, dos entrevistados se sentirem constrangidos pelas

perguntas porque podem percebê-las como uma avaliação de seu trabalho. Esse risco será

minimizado com o desenvolvimento de um clima de familiaridade entre pesquisador e

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pesquisado devido aos contatos anteriores, visitas à escola e esclarecimento total das

possíveis dúvidas dos entrevistados.

5. A instituição terá como benefícios a oportunidade que o projeto de pesquisa

proporcionará para que o professor de Educação Física reflita sobre o seu trabalho

educativo.

6. Os profissionais, por sua vez, serão beneficiados com a possibilidade de terem um

momento de reflexão sobre sua prática que pode não ocorrer sem o estímulo gerado pela

pesquisa, podendo gerar tomada de decisões no sentido de buscar meios para solucionar

problemas.

7. Os participantes estarão livres para interromper a qualquer momento sua participação na

pesquisa, sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou dano.

8. A concretização e bom andamento da coleta de dados dependem da disponibilidade dos

pesquisados em colaborarem com o desenvolvimento do estudo.

9. Todos os dados pessoais dos participantes serão mantidos em sigilo, sendo todo material

registrado e arquivado pelo pesquisador pelo período de cinco anos e destruído após esse

período.

10. Todos os dados institucionais serão mantidos em sigilo.

11. Os resultados gerais obtidos serão utilizados apenas para alcançar os objetivos da

pesquisa expostos acima, incluindo sua publicação na literatura científica especializada;

12. Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da USJT para apresentar

recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone (11) 2799-1665.

13. Poderei entrar em contato com o Prof. José Martins Freire Junior, responsável pelo

estudo, sempre que julgar necessário pelo telefone (12) 9-8288-8712 e e-mail

[email protected].

14. Este Termo de Autorização possui duas vias, permanecendo uma em meu poder e outra

com o pesquisador responsável.

15. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre

minha autorização à realização desta pesquisa.

São Paulo, ___ de _________ de 2015.

Assinatura/cargo/função

Carimbo da Instituição e Carimbo de quem assinou

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APÊNDICE II

Termo de consentimento Livre e Esclarecido

Título da pesquisa: ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR ESPORTE NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO NA CIDADE DE APARECIDA - SP

Eu,______________________________________________________________________

____R.G__________________________ dou meu consentimento livre e esclarecido para

participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado sob responsabilidade do

pesquisador José Martins Freire Junior, aluno do curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu em

EF da Universidade São Judas Tadeu e da orientadora Prof. Dra. Sheila Aparecida Pereira

dos Santos Silva, docente do curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu em EF da

Universidade São Judas Tadeu.

Assinando esse Termo de Consentimento, estou ciente que:

1- O objetivo deste trabalho foi descrever e analisar como os professores de Educação

física ensinam os conteúdos esportivos nas aulas ministradas do 6º ao 9º ano nas escolas

municipais da cidade de Aparecida-SP.

2- Responderei a uma entrevista individual, contando com questões abertas e que deve

levar em torno 30 (trinta minutos) a respeito do ensino do esporte na escola.

3- Poderei obter como benefício à possibilidade de refletir, conjuntamente com o

pesquisador, a respeito da minha prática pedagógica e fatores que a afetam, de modo que

eu possa compreendê-los e pensar em maneiras de lidar com eles.

4- Participando dessa pesquisa, corro o risco, ainda que mínimo, de que o processo de

entrevista e diálogo com o pesquisador cause alterações momentâneas em meu estado

psicológico, gerando alguma sensação de ansiedade e podendo interferir no meu bem-estar

nos primeiros momentos da entrevista.

5- Estou livre para interromper a qualquer momento a minha participação na pesquisa sem

sofrer qualquer tipo de constrangimento ou prejuízo ao meu trabalho ou à minha imagem

diante de meus colegas, diretores ou alunos.

6- Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos serão

utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho expostos acima, incluída sua

publicação na literatura científica especializada.

7- Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas para

apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone (11) 2799-1665.

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8- Poderei entrar em contato com os pesquisadores do estudo José Martins Freire Junior p

elo telefone (12) 9-8288-8712 ou pelo e-mail [email protected].

9-Custo/reembolso para o participante: não haverá nenhuma remuneração pela participação

na pesquisa, como também não haverá despesas extras cotidianas pela participação no

estudo, pois a coleta de informações será realizada em situação agendada e local pré-

estabelecido em acordo entre os pesquisadores e o participante.

10- Esse Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em

meu poder e a outra com os pesquisadores.

11- Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a

minha participação na referida pesquisa.

São Paulo,___________ de _________________________ de 2015.

______________________________________________________

Assinatura do professor voluntário

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APÊNDICE III

Roteiro de Entrevista

Identificação dos entrevistados

Nome:____________________________________________Sexo:________________

Data de Nasc.:____________Ano de conclusão da Licenciatura:___________________

Ano de conclusão do Bacharelado:____________________

Universidade:___________________________________________________________

Pós-graduação (Especialização, Mestrado e Doutorado):

______________________________________________________________________

Tempo de experiência na área:______________________________________________

Tempo de experiência como docente nas aulas de Educação Física

Escolar:__________________

Ensino (Infantil, Fundamental I ou II e Médio):________________________________

Escola (Municipal ou Estadual):____________________________________________

1 – O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?

2 – Quais são seus objetivos educativos ao ensinar esporte na escola?

3 –Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de Educação Física: