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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CYBERALUNOS: A INTERFACE ENTRE O COMPUTADOR E A ESCOLA Por: Roberto de Andrade Lota Orientador Prof. Nelsom de Magalhães Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … do Ensino Superior e ao professor Nilson Guedes, do curso de Docência do Ensino Fundamental e Médio, pela minha “mudança de paradigma”

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CYBERALUNOS:

A INTERFACE ENTRE O COMPUTADOR E A ESCOLA

Por: Roberto de Andrade Lota

Orientador

Prof. Nelsom de Magalhães

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CYBERALUNOS:

A INTERFACE ENTRE O COMPUTADOR E A ESCOLA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Docência do

Ensino Superior Por: . Roberto de Andrade Lota

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____________________________________

“Todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre.”

(Lucas 6:40b.) _________________________________

__

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AGRADECIMENTOS

Aos professores do curso de Docência

do Ensino Superior e ao professor

Nilson Guedes, do curso de Docência

do Ensino Fundamental e Médio, pela

minha “mudança de paradigma” .

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais e irmã - pela força do

início da graduação - à minha esposa pela

força na continuidade.

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RESUMO

Nosso trabalho estuda a relação entre o computador e o aluno como

forma de ensino, tendo como zona de atuação o nível acadêmico. Entre outros

pontos, discutiremos a utilidade do uso do computador e de outras mídias

como forma de aprendizado. Reconhecendo esta importância, abordaremos a

melhor maneira de se valer desses recursos nas universidades, além de

focarmos como deve ser feita a preparação do profissional, para estar apto a

essa nova inserção de recursos na prática de ensino.

Para isso, exemplificamos como essa prática ocorre nas universidades

(de ensino presencial ou à distância) para mostrar a importância da

aprendizagem que não só contemple as várias formas de se aprender, como

também o faz de modo preciso e rico. Somado a tudo isso, não esquecemos de

mostrar que esse tipo de recurso depende da universidade em que se aplica o

recurso, para que sempre visemos a melhor forma de desenvolvimento do

ensino.

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METODOLOGIA

Tendo em vista que nosso estudo irá focar a importância do computador

e outras mídias na formação complementar e suplementar do conhecimento,

será preciso mostrar que, se é verdade que o computador é uma realidade

extremamente presente em nossa vida cotidiana, escolar ou não, também é

verdade que ele nunca irá prescindir a estreita relação entre docentes e

discentes. Por outros termos, a linguagem do computador, essa nova

linguagem, sem dúvidas deve ser conhecida, mas não é a única forma de

conhecimento, ou ainda, a mais importante.

De modo que para guiar nossos estudos, iremos nos valer de revistas

acadêmicas, sítios da internet especializados, além de livros de autores

relevantes no estudo da relação dialética entre escola e uso da tecnologia.

Dessa maneira, queremos provar a importância não da tecnologia em si, mas

sim do valor que se deve dar ao conhecimento: ao seu desenvolvimento, à sua

apreensão e à sua implantação.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - DOS PRIMEIROS COMPUTADORES 10

CAPÍTULO II - O Computador e Didatismo 16

CAPÍTULO III – O uso inteligente do computador na educação 25

CAPÍTULO IV – O Aprendizado aberto e à distância 29

CAPÍTULO V – O novo perfil dos docentes 32

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 41

FOLHA DE AVALIAÇÃO 43

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INTRODUÇÃO

Num mundo onde a tecnologia parece reinar e onde o homem vê a cada

dia seu espaço diminuir, é preciso mostrar à nova geração a importância do

estudo e como lidar com uma das mais radicais transformações que a

humanidade já presenciou: a informática.

Longe de querer demonstrar a nulidade da informática, antes queremos

mostrar que a melhor maneira hoje é saber lidar com suas linguagens,

tornando-nos capazes de apreender determinado saber, não da maneira

mecânica e gris que víamos nos passado, mas de forma um pouco mais lúdica

e (muitas vezes) mais eficiente. Além disso, é importante destacar o caráter

democrático que nos dá a internet. Ou seja, por ela temos acesso a todas as

informações que quisermos, no tempo que quisermos, em qualquer lugar do

mundo. Mais do que o mero acesso devemos também ter a capacidade

intelectual de gerir tudo isso. Esse é o objetivo da escola e antes do professor.

CAPÍTULO I

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DOS PRIMEIROS COMPUTADORES

Do ábaco, inventado pelos chineses cerca de 1.000 a.C à calculadora

inventada por Pascal no século XVII, várias foram as tentativas que o homem

criou para automatizar suas tarefas. O fato é que a história nos revela nomes

que serão fundamentais para a maturação do que mais tarde terá como

resultado os computadores os quais hoje temos em casa ou os quais

carregamos nos bolsos. Nomes como Jacquard, com seus cartões perfurados,

Babbage e sua máquina analítica até George Boole, que em 1854 publica As

leis do pensamento, estabelecendo uma forma de armazenar e processar

informações utilizando relações binárias1 serão fundamentais para o avanço de

uma das mais revolucionárias tecnologias que a humanidade já presenciou.

Essa tecnologia binária é fundamental como mola propulsora para que,

numa tentativa de otimizar o recenseamento americano do ano de 1890, o

americano Herman Hollerith construa um tabulador, valendo-se de cartões

perfurados. Ele irá criar este computador mecânico que se tornará um sucesso,

fazendo de sua empresa, após algumas mudanças e fusões, uma das mais

bem-sucedidas do mundo: a International Business Machines Corp. (IBM).

Após isso encontraremos, a partir da década de 30 do século passado,

tentativas de modernização dos computadores visando a diminuição de custos

operacionais, como a substituição dos equipamentos mecânicos pelos

elétricos. Isso objetivava a diminuição do tamanho dos computadores como

fazer com que fossem mais rápidos e eficientes.

Lembramos aqui que o primeiro computador do mundo embora

gigantesco não durou nem um dia, pois para que se desse seu funcionamento

era preciso compreender o que cada válvula que piscava significa. Levando-se

1 Esse sistema representa todos os números, usando algarismo 1 e 2 e as potências desse último. Assim

a contagem do número 13 é representado por 1101, ou seja, 1 bloco de 8, 1 bloco de 4, 0 bloco de 2 e 1

bloco de 1.

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em consideração que o aparelho ocupava mais de três andares e que essas

válvulas com frequência queimavam não era de se estranhar a dificuldade que

devia haver para torná-lo preciso e/ou funcional.

Após esse período, o computador sofreu diversas alterações e

mudanças que o fizeram chegar até o formato atual. Os circuitos integrados da

Texas Instruments em 1958 são um conjunto de transistores, resistores e

capacitores construído sobre uma base de silício (um material semicondutor),

chamado chip. Com ele avança a miniaturização dos equipamentos eletrônicos.

A IBM é a primeira a lançar modelos com a nova tecnologia em meados da

década de 60.

Aproveitando essa tecnologia, anos mais tarde Bill Gates irá criar o

sistema operacional DOS, pela Microsoft – hoje a maior empresa de softwares

(programas) do mundo.

Em 1984 a Apple revoluciona na utilização do ícone símbolo gráfico que

indica um comando e de mouse2, que substitui muitas das funções do teclado.

Esses recursos facilitam o uso dos micros por quem não domina a linguagem

tradicional da informática. O sistema operacional equivalente da Microsoft para

o PC, o Windows, chega ao mercado um ano depois.3

É interessante observar que o computador se tornou hoje mais do que

um objeto de luxo, mas uma necessidade, já que ele é o responsável por

encurtar as distâncias que há no planeta. A internet uma realidade cada vez

mais unânime na maioria dos países ocidentais é a porta que se abre para todo

o mundo e interliga todos os conhecimentos. Pode-se notar a mudança de

paradigmas em várias áreas e segmentos. Atualmente os concursos públicos

não mais mandam via Correio o deferimento de uma inscrição, tudo deve ser

acessado no site da própria Instituição responsável selo processo seletivo.

Além disso não esquecemos que se proliferaram instituições cujo saber

é transmitido via internet. Não nos referimos somente a instituições privadas. O

2 Um dos inventos mais importantes para o uso do ambiente Windows, pois com ele arrastamos na tela um ponteiro para ativar funções em programas e no Sistema Operacional. 3 Macintosh e Windows são sistemas operacionais, que sem eles nenhum software pode ser executado.

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CEDERJ (graduação à distância oferecida pelas Universidades Públicas do Rio

de Janeiro) é uma prova dessa nova realidade.

Por conta dessa realidade que a cada dia mais fortemente bate à nossa

porta, tencionamos discutir o papel formador e auxiliar que o computador

desempenha nas instituições de ensino. Mais no que isso, queremos mostrar

como nesse novo mundo colocar-se-ão os professores e como se dará esse

novo diálogo com o alunado.

1.1 Velocidade de Informação X Velocidade de

Conhecimento

Levy (LEVY, 1999a) afirmou que “O homem descortinou novos

horizontes, explorou territórios desconhecidos, sempre impulsionado pelo

desejo de interação, de descoberta. Guiado pelo sonho, ele se insere num

verdadeiro redemoinho cultural. A informática é um dos resultados desse

sonho, é um ambiente aberto às explorações e ao movimento. É um meio de

comunicação que admite a adição de novos elementos a toda hora, num

processo dinâmico de composição e recomposição.”

Seria um erro afirmar que a internet e a informática como um todo não

são ferramentas fundamentais para a construção de um saber que se deseje

completo. É claro, no entanto, que essa fundamentalidade seja sinônimo de

obrigatoriedade e imprescindibilidade. Sem dúvidas a internet é responsável

pelo nível mais complexo de conhecimento, por gerar no individuo uma

pluralidade de experiência e estímulos. Uma aula, por exemplo, no Power

point4 é capaz de levar o aluno a conhecer catedrais estrangeiras, ver trechos

de filmes raros, ou ouvir músicas distantes do seu nível de conhecimento em

cinquenta minutos,dentro de uma sala. “Ela se assemelha às experiências

cotidianas práticas, cujas causas e efeitos não são só cogitadas como

observadas e sentidas nesse espaço virtual. Tudo passa pela experiência: o

conhecimento vem da ação, a simulação é instrumento de construção. Não há

4 Programa da Microsoft que serve como instrumento capaz de catalisar áudio, imagens e vídeos de uma só vez.

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somente recepção, como nos casos, por exemplo, do rádio e da televisão, mas

o usuário pode interferir imediatamente, reconstruir.” (MORAN, 2001) Ou seja,

além da passividade que muitas vezes escamoteou o ensino sério, há agora

por parte do aluno maior capacidade de modificar o processo de aprendizado

de forma ativa. “Através da simulação, o indivíduo internaliza regras de conduta

de seu grupo social que passa a nortear seu desempenho, ou ainda, cria uma

resistência acerca destas e procura rompê-las, bem como, é ajudado a superar

certas ações impulsivas, aprendendo a planejar soluções.” (MORAN, 2001)

Além disso, a informática é capaz de projetar um saber antes

desconhecido dificilmente atingido pelos livros canônicos. Em outras palavras,

a informática é capaz de ligar o mundo cinza que muitas vezes veste a escola

pelo mundo colorido que os alunos veem no mundo fora os muros escolares.

Não que a escola seja um lugar para o entretenimento gratuito e sem

finalidade, mas que ela se valha de todos os recursos para transformar o

primeiro contato com o conhecimento agradável e menos traumático.

Dizemos traumático, porque não raro é a escola que dá ao aluno uma

visão negativa de determinadas matérias. Ou porque não as aplica, ou porque

falta ao professor maior proximidade da fala do aluno. Não olvidamos, no

entanto, que há grande responsabilidade do aluno nesse processo. Longe de

ser uma tábua em branco que deve ser preenchida passivamente pelo docente,

é o aluno responsável pelo próprio saber. Em nosso estudo do agora, contudo,

não cabe essa análise, embora seja ela importante ponto a ser estudado, já

que é responsável pela troca que deve haver em sala de aula. A análise,

outrossim, pode ser estudada em algum momento algures.

O fundamental é, sem dúvidas, o papel da escola pôr, na medida de

suas possibilidades, o aluno em contato com mais uma das linguagens

humanas. Nas palavras do gramático Evanildo Bechara, seu Língua:

Liberdade?Opressão?: “o verdadeiro falante é aquele que consegue ser

poliglota em sua própria língua”

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Acreditamos que hoje ter acesso à informação não é sinônimo de ser

capaz de gerenciá-la seja o maior dos problemas. Com a internet e o google5,

os alunos conseguem acessar qualquer informação sobre qualquer assunto,

em qualquer lugar do mundo. Isso, porém não significa que conseguiam geri-

las adequadamente. Muita informação não é nada sem uma fonte confiável. E

esse é o grande problema da internet. Como ela democratizou a publicação do

conhecimento e das idéias, qualquer um pode escrever sobre qualquer assunto

com cancha de especialistas.

A problemática reside aí: quando acessamos um site não temos a

certeza do que o que lemos ali é verdade ou não. Claro, que sempre podemos

procurar num site de revistas ou instituições respeitadas, mas não temos mais

aquele tom solene que outrora dedicávamos ao livro. Por outras palavras, a

internet nos abriu uma nova forma de encarar o mundo: do momento que ela

nos colocou participando do processo de manutenção do conhecimento ela

também nos obrigou a sermos mais seletos, críticos e ativos.

A partir dessa nova realidade, somos convidados a entender uma nova

linguagem. “Os homens, tão acostumados com a escrita, nem percebem as

remissões de um artigo a outro, ou que as notas de rodapé, os sumários, as

informações cruzadas, a definição de uma palavra que remete a outra num

circuito sem fim, tudo isso apresenta um caráter de um hipertexto4. A

impressão transformou de maneira radical o dispositivo de comunicação no

grupo de letrados. Algumas vezes há toda uma rede internacional de

correspondentes e de críticos colaborando em edições sucessivas de certo

texto religioso ou de uma obra de geografia. Os jornais e as revistas, inclusive,

apresentam esse caráter flutuante do hipertexto, várias matérias são arroladas

sem que haja um fio condutor entre elas, e o leitor é livre para seguir a

seqüência que quiser (os CD- ROMS e a WEB5 se apresentam com estas

propriedades). Passamos de uma página para outra, nos alçando em vôos sem

5 Site de busca pela intenet. 4 É um conceito inventado para designar texto que é lido de forma não linear. 5 CD-ROM ou Disco Compacto, como costuma ser chamado, é uma unidade de armazenamento de dados. Já a WWW ou Web, é um serviço em que as pessoas ou empresas disponibilizam para a Internet um documento.

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roteiro pré -estabelecido, assim como passamos de um link6 para outro. (LEVY,

1999b)

O computador torna-se assim, mais um dispositivo técnico – como o

vídeo e a televisão – pelo qual se pode perceber o mundo. E como dissemos

antes. O computador irá nos colocar numa nova perspectiva de trabalho e

numa nova posição de valores com o saber. O conhecimento agora é mais

vivo. Saindo de nós e indo para tela, construindo uma rede que se espalha pelo

mundo em que o importante se torna a capacidade de lidarmos com toda essa

explosão de saber.

Embora participando desse processo de conhecimento, também dele

nos valemos em nossas pesquisas, ou simplesmente nas questões práticas da

vida, como saber o endereço de uma farmácia 24 horas perto de nossa casa.

Por isso podemos citar como vantagens da informática e dos meios de

comunicação amalgamados: a maior capacidade de estoques de informação

(pend-drives e DVDs); a facilidade em acessar dados em outras universidades

ou em sistemas governamentais- poupando folhas, tempo e contrinuindo para

dirimir a burocracia; a velocidade das informações (haja vista o email, por

exemplo).

É claro que isso demanda uma nova forma de formar professores.

Longe daquele famoso “cuspe-giz”, as universidades devem ser capazes de

instumentalizar os futuros docentes para essa nova forma de transmissão do

conhecimento. Mostrar que o uso do computador pode em muito favorecer no

ensino, mas lembrar que o exagero pode ser prejudicial. É preciso ter em

mente que o computador nunca irá prescindir o professor competente, porque

somente este é capaz de ajustar sua linguagem para o aluno, ser atencioso

ante um problema na sala, isto é, ser humano.

6 Links ou Vínculos, são sistemas de hipertextos, elaborados em papel ou eletronicamente, que fazem uso de referências cruzadas.

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CAPÍTULO II

COMPUTADOR E DIDATISMO

As questões pedagógicas estão relacionadas com questões de

princípios e de filosofias, tanto no sentido político quanto no epistemológico.

Evidentemente isto se articula com as mudanças e transformações históricas

do mundo, da civilização e da cultura, tendo contribuído para isso os

computadores e a informática como um todo para, nesse processo de

construção, abrir novos caminhos do saber. Para a difusão e o alargamento

desses novos caminhos, a educação importa fundamentalmente.

Segundo TENORIO (1991) quando se observa a prática do ensino,

verifica-se que, mesmo em um ensino onde o professor não se considera

autoritário, o processo é autoritário porque polariza na reprodução do

conhecimento, e não na dialética processo/produto ou produção/produto. Desta

forma, se o objetivo do ensino for formar crítica e politicamente as novas

gerações, este terá que considerar o conhecimento como construção social.

Para isto, deve estar presente a dimensão epistemológica do processo.

Considerando-se que a real natureza da universidade formal vem da

separação que ela introduz entre a cultura e a produção, entre ciência e

técnica, entre trabalho manual e intelectual, é preciso transformá-la; é preciso,

em última instância, recuperar e transformar a função da universidade e da

ciência.

A educação é a instância de formação científica básica. Sendo o

computador resultado de um momento histórico singular, inserido num

processo de produção cada vez mais complexo, possui em sua constituição os

aspectos desse momento civilizatório. Daí a importância do computador e da

informática na educação – o conhecimento das máquinas computadorizadas

em seus aspectos mais íntimos representa o conhecimento desse momento de

inflexão epistemológica na história, na ciência, na produção do homem.

(MORAN, 2001)

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A partir da revolução científica criada por Descartes em seu O Discurso

do Método – ensaio filosófico em que o francês mostra que a melhor maneira

de se adquirir um conhecimento ou ainda desenvolvê-lo é pelo estudo de suas

partes, que deverão ser somadas para que se tenha o conhecimento do todo.

Em nossa sociedade, isso gerou os ultra-especialistas. Profissionais que se

especializam cada vez mais e, paradoxalmente ao conceito cartesiano, mais se

afastam do todo. Não que achemos que não deva haver especialistas, mas que

eles assumam outro paradigma e a partir daí não percam de vista o foco da

totalidade. Hoje, por conta dessa forma de se ver a realidade, há uma

transmissão institucionalizada e formalizada do conhecimento, apresentando-

se apenas o produto, e não o processo.

Em outras palavras a não consideração da totalidade é um não saber.

Este não saber, característico da ciência moderna, ocorre ao se privilegiar

determinadas relações e não outras. Isto é inerente aos critérios de produção,

à qualidade da produção. “Exatamente por serem compatíveis com uma

civilização de produção/ consumo, com a divisão do trabalho, com a

acumulação do capital, é que esses critérios se afirmam historicamente. Todo o

movimento da ciência e da sociedade parece indicar uma tentativa de mudança

dos critérios, o resgate da totalidade.” (TENORIO, 1991)

As teorias pedagógicas têm, então, muito mais características

normativas que características do processo de produção. A educação se

constitui muito mais em problema de valor que de conhecimento. Na educação

formal quase nunca é enfatizado o processo de produção do conhecimento.

Raramente o estudante é posto frente ao problema de conduzir um projeto de

investigação, ou colocado ante os produtos diretos da investigação conduzida

por outros, ou conduzido a ler os clássicos da história do seu campo; mais rara

ainda é a consideração do processo histórico na sua totalidade.

Assim, afirma TENORIO (1991) que a educação científica, calcada no

produto, e não no processo, esforça-se por se esquecer os fundamentos; a

matemática, concebida como ciência universal, a história, parece nem tê-los.

Enquanto em certas ciências sociais está mais claramente colocada a questão

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dos princípios, fundamentos, ou pontos de vista diferentes existentes para uma

mesma problemática, nas ciências exatas em geral, e na matemática em

particular, as abordagens parecem diferir apenas em pormenores de

apresentação, mas nunca no conteúdo ideológico.

Não devemos nos esquecer que muitas dessas iniciativas do

conhecimento fragmentário se apóiam em práticas oriundas do pensamento

capitalista. Mais alunos em sala, profissionais cada vez mais massacrados com

as cargas horárias (sem muitas vezes a especialização contínua e de valor)

não têm a possibilidade de levar o aluno à reflexão crítica e sim apenas

mostrar-lhes os conhecimentos mas deixando de lado a devida importância e

praticidade deste processo.

Tal reducionismo formalista, presente na afirmação do modo de

produção capitalista moderno, pode ser evitado com a ênfase no processo

histórico, na totalidade. Pode-se, assim, impedir que o uso intenso de

computadores, ou a assunção da ótica presente no próprio caráter do processo

fragmentário, conduzam a disseminação da crença de que também no mundo

real, na sociedade e na história, tudo é redutível a sim-ou-não e a causa-e-

efeito.

Para DOWBOR (2001) o conhecimento computacional desvinculado do

processo histórico induz e reforça uma mentalidade mecanicista e cientificista.

Mas, ao constituir-se no ponto culminante de um modo de produção específico,

o computador passa a negar este mesmo processo. Seus limites, como sua

força, estão postos na história.

A ciência começa a dar novos frutos com a transformação sofrida a partir

da utilização do computador. A educação pode caminhar junto, participando do

processo. Isso pode ocorrer na práxis pedagógica. Por isso, é importante que

se equipe adequadamente as universidades com instrumentos de toda

natureza, desde o giz, atualmente tão escasso, passando por livros, até o

computador.

Os recursos possibilitados pelo computador, como edição de textos,

armazenamento de informações e capacidade de processamento, entre outros,

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favorecem grandemente a produção/ reprodução de conhecimentos. Contudo,

o equipamento disponível ou o tempo que o estudante fica sentado na frente do

computador não devem constituir-se como prioritários ou fundamentais para

um programa curricular e uma visão epistemológica e histórica atinadas com o

modo de produção contemporâneo.

Sendo assim, por um lado, é a particular forma de organização do

trabalho na sociedade contemporânea que justifica o uso dos computadores no

ensino, e a maneira como são usados. Por outro, a educação formal tem um

papel crucial no modo de apropriação dos instrumentos teóricos e práticos para

a utilização do computador em todos os campos de trabalho (o que inclui o uso

do computador como ferramenta de ensino).

Uma formação crítica para o trabalho, considerando o computador como

ferramenta central do processo de produção, exige a compreensão conceitual

do que seja este instrumento, as articulações históricas entre as esferas

cultural, econômica, política e social, que possibilitaram a sua elaboração e

eficiência, bem como suas potencialidades e limitações.

A produção de conhecimento ocorre na história, concretamente. O

ensino não pode ser deslocado do contexto, ele deve ocorrer de forma

articulada com a produção do conhecimento.

2.1 O uso do computador

Um erro comum hoje de pais, professores e da escola e dos

governantes de uma forma em gral é acreditar que basta ter as escolas os

computadores para que a realização do ensino seja eficiente. Para que o

conhecimento seja passado, os computadores não são a derradeira forma de

uso, mas um elemento de grande poder pedagógico que deve ser usado com

parcimônia e técnica. Ou seja, antes de tudo é preciso que as atividades

didático- pedagógicas estejam bastante claras, tomando cuidado para não

prometer a professores e pais mais do que se pode alcançar, assim levando a

comunidade escolar à desilusão com tal tecnologia.

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Por outros termos, o computador se justifica nas escolas se ele,

contando com um comprometimento de professores e direção escolar, ajudar

as escolas a executar melhor suas funções. A postura filosófica que deve

imperar em todo o trabalho realizado no sistema escolar é que mais importante

do que se aprender informática é usar a informática para aprender – aprender

outros conteúdos, mas, principalmente, aprender a solucionar problemas

ligados à obtenção, à análise, à avaliação, à classificação, ao armazenamento,

à recuperação, ao uso (ou à aplicação) e à distribuição da informação, e a

aprender as habilidades e competências já assinaladas.

Se a universidade não estiver convencida de que as atividades

sugeridas ou propostas fazem sentido, não deve realizá-las apenas porque os

agentes facilitadores (aqui entendidos como pessoas ou instituições externas

que vêm assessorar a universidade no processo de informatização) as

recomendaram: deve, neste caso, promover a discussão da questão até que

aconteça o convencimento. Assim, o que se propõe é que a comunidade

escolar defina, ela mesma, os contornos do seu projeto de informatização, de

modo a preservar e reforçar seus objetivos, valores e sua filosofia da

educação.

O papel do facilitador externo é muito semelhante ao papel do professor

como facilitador da aprendizagem do aluno: o de facilitar, ajudar, apoiar,

estimular, coordenar – mas o projeto de informatização da escola deve

representar o ponto de vista de seus profissionais.

2.2 Ensino pelo computador e Instrução Programada

Dentro deste modelo, o computador é visto como aquele que ensina –

como se fosse um professor eletrônico, ou uma máquina de ensinar. De modo

que é através dele que a instrução programada ( método de instrução através

do qual o computador é realmente colocado na posição de quem ensina ao

aluno) se realiza em sua essência. O termo CAI é uma sigla, que corresponde

ao Inglês Computer- Assisted Instruction (Instrução Assistida pelo

Computador), que tem sido freqüentemente utilizada para se referir a esta

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modalidade de utilização do computador na educação. O modelo aqui é

tipicamente instrucional, e, portanto, bastante convencional.

Em termos quantitativos, esta é a forma mais difundida de utilização do

computador na educação. É usada nos mais diversos segmentos das

instituições de ensino, em empresas, nas forças armadas, e em várias outras

instituições que possuem objetivos educacionais que possam ser atingidos por

meio do ensino e da instrução. Os que a adotam veem o computador,

basicamente, como um recurso instrucional que facilita a consecução de certos

objetivos educacionais tradicionais através de métodos fundamentalmente

convencionais (ensino e instrução).

Em determinadas instituições, essa abordagem, com frequência, resulta

na utilização do computador virtualmente como uma máquina de ensinar ou

como um sofisticado equipamento audiovisual que ensina fatos, conceitos ou

habilidades, dentro do contexto curricular regular. Ocasionalmente, alguns

métodos menos convencionais, como simulações e jogos, são acoplados à

instrução programada, mas na maioria dos casos esta se resume a exercícios

repetitivos, tutoriais e demonstrações.

2.3 O espaço virtual da aprendizagem

Segundo MORAN (2001) o professor tem um grande leque de opções

metodológicas, de possibilidades de organizar sua comunicação com os

alunos, de introduzir um tema, de trabalhar com os alunos presencial e

virtualmente, de avaliá-los. Cada docente pode encontrar sua forma mais

adequada de integrar as várias tecnologias e procedimentos metodológicos.

Mas também é importante que amplie, que aprenda a dominar as formas de

comunicação interpessoal/ grupal e as de comunicação audiovisual/ telemática.

Não se trata de dar receitas, porque as situações são muito

diversificadas. É importante que cada docente encontre o que lhe ajuda mais a

sentir-se bem, a comunicar-se bem e a ensinar bem, e que assim possa fazer

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com que os alunos aprendam melhor. É importante diversificar as formas de

dar aula, de realizar atividades, de avaliar.

Com a Internet7 podemos modificar mais facilmente a forma de ensinar e

aprender tanto nos cursos presenciais como nos a distância. São muitos os

caminhos, que dependerão da situação concreta em que o professor se

encontrar: número de alunos, tecnologias disponíveis, duração das aulas,

quantidade total de aulas que o professor ministra por semana, apoio

institucional. Alguns parecem ser, atualmente, mais viáveis e produtivos.

No começo procurar estabelecer uma relação empática com os alunos,

procurando conhecê-los, fazendo o mapeamento dos seus interesses,

formação e perspectivas futuras. A preocupação com os alunos, a forma de

relacionar-nos com eles é fundamental para o sucesso pedagógico. Os alunos

captam se o professor gosta de ensinar e principalmente se gosta deles e isso

facilita a sua prontidão para aprender.

É importante descobrir as competências dos alunos e que contribuições

podem dar ao curso. Não se deve impor um projeto fechado de curso, mas um

programa com as grandes diretrizes delineadas e onde vamos construindo

caminhos de aprendizagem em cada etapa, estando atentos – professor e

alunos – para avançar da forma mais rica possível em cada momento.

É importante mostrar aos alunos o que eles podem ganhar ao longo do

semestre. Procurar motivá-los para aprender, para avançar, para a importância

da sua participação, para o processo de aula-pesquisa e para as tecnologias

que iremos utilizar, entre elas, a Internet.

O professor pode criar uma página pessoal na Internet, como espaço

virtual de encontro e divulgação, um lugar de referência para cada matéria e

para cada aluno. Essa página pode ampliar o alcance do trabalho do professor,

de divulgação de suas idéias e propostas, de contato com pessoas fora da

universidade ou escola. Num primeiro momento a página pessoal é importante

como referência virtual, como ponto de encontro permanente entre ele e os

7 Internet é uma rede mundial de computadores. Com ela permite-se efetuar comunicação com outros computadores do mundo inteiro.

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alunos. A página pode ser aberta a qualquer pessoa ou só para os alunos,

dependerá de cada situação. O importante é que professor e alunos tenham

um espaço, além do presencial, de encontro e visibilização virtual.

Hoje, tem-se acesso a programas que facilitam a criação de ambientes

virtuais, que colocam alunos e professores juntos na Internet. Estes tipos de

programas permitem que o professor disponibilize o seu curso, oriente as

atividades dos alunos, e que estes criem suas páginas, participem de

pesquisas em grupos, discutam assuntos em fóruns, chats ou em sítios de

relacionamento como o Orkut ou o Facebook.Além desses não se pode

esquecer de mencionar os blogs, que funcionando como instrumentos de

contato com os alunos, têm a vantagem de serem de fácil manuseio e menor

custo que um site, por exemplo. O curso pode ser construído aos poucos, as

interações ficam registradas, as entradas e saídas dos alunos monitoradas. O

papel do professor se amplia significativamente. Do informador, que dita

conteúdo, se transforma, em orientador de aprendizagem, em gerenciador de

pesquisa e comunicação, dentro e fora da sala de aula, de um processo que

caminha para ser semi-presencial, aproveitando o melhor do que podemos

fazer na sala de aula e no ambiente virtual.

O professor, tendo uma visão pedagógica inovadora, aberta, que

pressupõe a participação dos alunos, pode utilizar algumas ferramentas

simples da Internet para melhorar a interação presencial-virtual entre todos.

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CAPÍTULO III

O USO INTELIGENTE DO COMPUTADOR NA

EDUCAÇÃO

Um sistema computacional com finalidades educacionais não pode ser

feita sem considerar o seu contexto pedagógico de uso. Um software só pode

ser tido como bom ou ruim dependendo do contexto e do modo como ele será

utilizado. Portanto, para ser capaz de qualificar um software é necessário ter

muito clara a abordagem educacional a partir da qual ele será utilizado e qual o

papel do computador nesse contexto. E isso implica ser capaz de refletir sobre

a aprendizagem a partir de dois pólos: a promoção do ensino ou a construção

do conhecimento pelo aluno.

Segundo MORAN (2001) o termo ensino está sendo entendido segundo

a origem latina da palavra - insignare - , ou seja, a transmissão de

conhecimento, de informação ou de esclarecimento úteis ou indispensáveis à

educação e à instrução. Nesse caso, o conhecimento gerado pela humanidade

é compilado, classificado, hierarquizado de acordo com o grau de dificuldade e

ministrado ao aluno a partir do nível mais fácil para o mais difícil. Essa

concepção de educação é baseada no modelo empirista e assume que a

retenção do conhecimento se dá como consequência da contiguidade e da

frequência com que ele é transmitido. Se o professor se esmera na preparação

e na transmissão do conhecimento ao aluno, e se o aluno realiza um bom

trabalho na memorização desse conhecimento, está garantindo o sucesso do

processo de ensino.

Para VALENTE (1993) quando o computador é usado para passar a

informação ao aluno, o computador assume o papel de máquina de ensinar, e

a abordagem pedagógica é a instrução auxiliada por computador. Geralmente

os softwares que implementam essa abordagem são os tutoriais, os softwares

de exercícios-e-práticas e os jogos. Os tutoriais enfatizam a apresentação das

lições ou a explicitação da informação. Nos de exercícios-e-práticas a ênfase

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está no processo de ensino baseado na realização de exercícios com grau de

dificuldade variado. Nos jogos educacionais a abordagem pedagógica utilizada

é a exploração livre e o lúdico ao invés da instrução explícita e direta. Esses

softwares podem ser incrementados com características de inteligência como

os intelligent tutorial systems, capazes de identificar os erros mais freqüentes e

ajudar os alunos a superá-los, auxiliar a resolução de problemas específicos,

ou softwares para auxiliar o professor a planejar suas aulas ou a monitorar o

desempenho dos alunos.

Os softwares que promovem o ensino existente no mercado mostram

que a tarefa do professor é passível de ser totalmente desempenhada pelo

computador e, talvez, com muito mais eficiência. Primeiro, o computador tem

mais facilidade para reter a informação e ministrá-la de uma maneira

sistemática, meticulosa e completa. O computador jamais se esquece de um

detalhe, se isso estiver especificado no seu programa. Segundo essa

capacidade de sistematização do computador permite um acompanhamento do

aluno em relação aos erros mais freqüentes e à ordem de execução das

tarefas. Muitas vezes o professor tem muita dificuldade em realizar esse

acompanhamento que pode ser feito pelo computador de uma maneira muito

mais detalhada. Terceiro, os sistemas computacionais apresentam hoje

diversos recursos de multimídia, como cores, animação e som, possibilitando a

apresentação da informação de um modo que jamais o professor tradicional

poderá fazer com o giz e quadro-negro, mesmo que ele use o giz colorido e

seja um exímio comunicador.

A grande questão é que essa abordagem educacional não dá conta de

produzir profissionais preparados para sobreviver no mundo complexo da

atualidade. Onde exige um profissional crítico, criativo, com capacidade de

pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em grupo e de conhecer seu

potencial intelectual, com capacidade de constante aprimoramento e

depuração de idéias e ações. Certamente, essa nova atitude não é passível de

ser transmitida, mas deve ser construída e desenvolvida por cada indivíduo, ou

seja, deve ser fruto de um processo educacional em que o aluno vivencie

situações que lhe permitam construir e desenvolver essas competências. E o

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computador pode ser um excelente aliado nesse processo. (DOWBOR, 1993)

Como auxiliar do processo de construção do conhecimento, o computador deve

ser usado como uma máquina para ser ensinada. Nesse caso, é o aluno quem

deve passar as informações para o computador.

Para ensinar o computador a realizar uma determinada tarefa, o aluno

deve utilizar conteúdos e estratégias. Por exemplo, para programar o

computador usando uma linguagem de programação, o aluno realiza uma série

de atividades que são de extrema importância na aquisição de novos

conhecimentos. Primeiro, a interação com o computador através da

programação requer a descrição de uma idéia em termos de uma linguagem

formal e precisa. Segundo, o computador executa fielmente a descrição

fornecida e o resultado obtido é fruto somente do que foi solicitado à máquina.

Terceiro, o resultado obtido permite ao aluno refletir sobre o que foi solicitado

ao computador. Finalmente, se o resultado não corresponde ao que era

esperado, o aluno tem que depurar a idéia original através da aquisição de

conteúdos ou de estratégias. A construção do conhecimento acontece pelo fato

de o aluno ter que buscar novas informações para complementar ou alterar o

que ele já possui. Além disso, o aluno está criando suas próprias soluções,

está pensando e aprendendo sobre como buscar e a usar novas informações.

(CARVALHO, 1996)

Embora essa idéia seja a mais adequada na formação de profissionais

para a sociedade atual, ela tem se mostrado mais complicada na sua

implantação. Primeiro, o ciclo descrever-executar-refletir-depurar-descrever

não acontece simplesmente colocando o aluno frente ao computador. A

interação aluno-computador precisa ser mediada por um profissional que tenha

conhecimento do significado do processo de aprendizado através da

construção do conhecimento, que entenda profundamente sobre o conteúdo

que está sendo trabalhado pelo aluno e que compreenda os potenciais do

computador. Esses conhecimentos precisam ser utilizados pelo professor para

interpretar as idéias do aluno e para intervir apropriadamente na situação de

modo a contribuir no processo de construção de conhecimento por parte do

aluno. Além disso, essa abordagem exige mudanças profundas do sistema

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educacional, como a alteração do papel atribuído ao erro, a não segregação

das disciplinas, a promoção da autonomia do professor e dos alunos e a

flexibilização de um sistema rígido, centralizado e controlador.

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CAPÍTULO IV

APRENDIZADO ABERTO E À DISTÂNCIA

Hoje, tem-se a possibilidade de visualizar com certa clareza, a imensa

revolução que permite a informática na organização e transmissão do

conhecimento.

Para LEVY (1993) os sistemas de educação estão sofrendo hoje novas

obrigações de quantidade, diversidade e velocidade de evolução dos saberes.

Num plano puramente quantitativo, jamais foi tão maciça a demanda por

formação. Em muitos países, a maioria de uma classe etária é que recebe um

ensino de segundo grau. As universidades estão mais do que lotadas. Os

dispositivos de formação profissional e contínua estão saturados. A título de

imagem, dir-se-á que metade da sociedade está, ou gostaria de estar, na

escola.

Será impossível aumentar o número de professores proporcionalmente à

demanda de formação que é, em todos os países do mundo, cada vez mais

diversa e maciça. A questão do custo do ensino surge mais especialmente nos

países pobres. Ou seja, será necessário encontrar soluções que apelem para

técnicas capazes de multiplicar o esforço pedagógico dos professores e dos

formadores.

Audiovisual, multimídia interativa, ensino assistido por computador,

televisão educativa, cabo, técnicas clássicas de ensino à distância

fundamentadas essencialmente na escrita, monitorado por telefone, fax ou

Internet. Todas essas possibilidades técnicas, de uma maior ou menor

pertinência conforme seu conteúdo, a situação, as necessidades do aprendiz,

podem ser consideradas e já têm sido amplamente testadas e experimentadas.

Tanto no plano das infra-estruturas materiais quanto no dos custos de

operação, onde escolas e universidades virtuais custam menos do que as

escolas e universidades que ministram em presencial.

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A demanda por formação não só está passando por um enorme

crescimento quantitativo, como também está sofrendo uma profunda mutação

qualitativa, no sentido de uma crescente necessidade de diversificação e

personalização. Os indivíduos suportam cada vez menos acompanhar cursos

uniformes ou rígidos que não correspondem às suas reais necessidades e à

especificidade de seus trajetos de vida. Uma resposta ao crescimento da

demanda por uma massificação da oferta seria uma resposta industrialista à

antiga, inadaptada à flexibilidade e à diversidade futuramente requeridas.

(LEVY, 1999a)

Vê-se como novo paradigma da navegação, que se está desenvolvendo

nas práticas de coleta de informação e de aprendizado cooperativo no seio do

ciberespaço8, mostra a via de um acesso ao mesmo tempo maciço e

personalizado ao conhecimento. (LEVY, 1999b) As universidades e, cada vez

mais, as escolas de primeiro e segundo graus oferecem aos estudastes a

possibilidade de navegar sobre o oceano de informação e conhecimento

acessível pela Internet.

Programas educativos podem ser seguidos à distância pela world wide

web. Os correios e as conferências eletrônicas servem para a monitorização

inteligente e são postos ao serviço de dispositivos de aprendizado cooperativo.

Os suportes hipermídia - CD-ROM, bancos de dados multimídia interativos e

em linha - permitem acesso intuitivos rápidos e atrativos a grandes conjuntos

de informação. Sistemas de simulação permitem que os aprendizes se

familiarizem de maneira prática, com baixo custo e com objetos ou fenômenos

complexos sem, por isso, sujeitarem-se a situações perigosas ou difíceis de

controlar.

8 A invenção da palavra cyberspace é atribuída ao escritor de ficção-científica norte-americano William Gibson, em sua obra "�euromancer", de 1982. Gibson utilizou o termo para definir uma rede de computadores futurista, utilizada conectando-se a mente diretamente a ela. Um mundo virtual, não tangível, paradoxal; algo como um céu onde cada estrela representa um foco de atividade. Ambiente esse "contido" na Internet, e não sinônimo desta.

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Os especialistas da área reconhecem que a distinção entre ensino em

presencial e ensino à distância será cada vez menos pertinente, pois o uso das

redes de telecomunicações e dos suportes multimídia interativos está

integrando-se progressivamente às formas de ensino mais clássicas. O

aprendizado à distância tem sido durante muito tempo a segunda opção de

modalidade de ensino e, em breve, tornear-se-á, se não a norma, ao menos a

cabeça pesquisadora. Com efeito, as características do aprendizado à

distância são semelhantes às da sociedade da informação em seu conjunto

(sociedade de rede, de velocidade, de personalização etc.). Além disso, esse

tipo de ensino está em sinergia com as organizações aprendizes que uma nova

geração de administradores está procurando implantar nas sociedades.

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CAPÍTULO V

O NOVO PERFIL DOS DOCENTES

Segundo NÓVOA (1991) com as novas tecnologias, novas formas de

aprender, novas competências são exigidas, novas formas de se realizar o

trabalho pedagógico são necessárias e, fundamentalmente, é necessário

formar continuamente o novo professor para atuar neste ambiente telemático,

em que a tecnologia serve como mediadora do processo ensino-

aprendizagem. Existem dificuldades, através dos meios convencionais, para se

preparar professores que se utilizem adequadamente das novas tecnologias. É

preciso formá-los do mesmo modo que se espera que eles atuem.

Para DRUCKER (1993) os professores são profissionais que têm uma

função re(criadora) sistemática, sendo esta a única forma de proceder quando

se tem alunos e contextos de ensino com características tão diversificadas,

como sucede em todos os níveis de ensino. A função do professor é a criação

e recriação sistemática, que leva em conta o contexto em que se desenvolve a

sua atividade e a população-alvo desta atividade.

Afirma BEHRENS (1996) que é preciso estimular a pesquisa e colocar-

se a caminho com o aluno; estar aberto à riqueza da exploração e da

descoberta de que o professor também pode aprender com o aluno. Desta

forma, durante e ao final do processo, o docente precisa incorporar à sua

metodologia:

a. o conhecimento das novas tecnologias e maneiras de aplicá-las;

b. o estímulo à pesquisa como base de construção do conteúdo a ser

veiculado através do computador, saber pesquisar e transmitir o gosto pela

investigação a alunos de todos os níveis;

c. a capacidade de provocar hipóteses e deduções que possam servir de

base à construção e compreensão de conceitos;

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d. a habilidade de permitir que o aluno justifique as hipóteses que

constrói, e as discuta;

e. a especialidade de conduzir a análise grupal a níveis satisfatórios de

conclusão do grupo, a partir de posições diferentes ou encaminhamentos

diferentes do problema;

f. a capacidade de divulgar os resultados da análise individual e grupal

de tal forma que cada situação suscite novos problemas interessantes à

pesquisa.

A sociedade do conhecimento exige um novo perfil de educador, ou

seja, alguém:

a. comprometido: com as transformações sociais e políticas, com o

projeto político-pedagógico assumido com e pela escola;

b. competente: evidenciando uma sólida cultura geral que lhe possibilite

uma prática interdisciplinar e contextualizada, dominando novas tecnologias

educacionais. Um profissional reflexivo, crítico, competente no âmbito da sua

própria disciplina, capacitado para exercer a docência e realizar atividades de

investigação;

c. crítico: que revele, através da sua postura suas convicções, os seus

valores, a sua epistemologia e a sua utopia, fruto de uma formação

permanente. Seja um intelectual que desenvolva uma atividade docente crítica,

comprometida com a idéia do potencial do papel dos estudantes na

transformação e melhoria da sociedade em que se encontram inseridos;

d. aberto à mudanças: ao novo, ao diálogo, à ação cooperativa, que

contribua para que o conhecimento das aulas seja relevante para a vida teórica

e prática dos estudantes;

e. exigente: que promova um ensino exigente, realizando intervenções

pertinentes, desestabilizando, desafiando os alunos para que desencadeie a

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sua ação re-equilibradora e que ajude-os a avançarem de forma autônoma em

seus processos de estudos, para que eles interpretem criticamente o

conhecimento adquirido e a sociedade de seu tempo;

f. interativo: que concorra para a autonomia intelectual e moral dos seus

alunos trocando conhecimentos com profissionais da própria área e com os

educandos, no ambiente escolar, construindo e produzindo conhecimento em

equipe, promovendo a educação integral, de qualidade, possibilitando o

desenvolver-se em todas as dimensões: cognitiva, afetiva, social, moral, física

e estética.

A formação de professores sinaliza para uma organização curricular

inovadora que, ao ultrapassar a forma tradicional de organização curricular,

estabelece novas relações entre a teoria e a prática. Oferece condições para a

emergência do trabalho coletivo e interdisciplinar, possibilitando a aquisição de

uma competência técnica e política que permite ao educador se situar

criticamente no novo espaço tecnológico. (SCHÕN, in: NÓVOA,1992)

Ao professor cabe o papel de estar engajado no processo. Consciente

não só das reais capacidades da tecnologia, do seu potencial e de suas

limitações, para que possa selecionar qual é a melhor utilização a ser

explorada num determinado conteúdo, contribuindo para a melhoria do

processo ensino-aprendizagem.

Formar professores, neste novo contexto, exige:

a. mudanças na forma de conceber o trabalho docente, flexibilização dos

currículos nas escolas e as responsabilidades destas instituições no processo

de formação do cidadão;

b. socialização do acesso à informação e produção do conhecimento para

todos;

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c. mudança de concepção do ato de ensinar em relação com os novos

modos de conceber o processo de aprender, de acessar e adquirir

conhecimento;

d. mudança nos modelos/marcos interpretativos de aprendizagem,

passando do modelo educacional predominante instrucionista, isto é, que o

ensino se construa a partir da aplicação do conhecimento teórico formulado a

partir das ciências humanas e sociais que dariam fundamentos para a

educação;

e. construção de uma nova configuração educacional que integre novos

espaços de conhecimentos em uma proposta de inovação da escola, na qual o

conhecimento não está centrado no professor e nem no espaço físico e no

tempo escolar, mas visto como processo permanente de transição,

progressivamente construído, conforme os novos paradigmas;

f. desenvolvimento dos processos interativos que ocorrem no ambiente

telemático, sob a perspectiva do trabalho cooperativo.

Um desafio a enfrentar, hoje, na formação do educador é a questão da

formação teórica e epistemológica. E esta tarefa não pode ser delegada à

sociedade em geral. O locus adequado e específico de seu desenvolvimento é

a escola e a Universidade, onde se articulam as práticas de formação-ação na

perspectiva de formação continuada e da formação inicial. (FRIGOTO, 1996)

O professor, na nova sociedade, revê de modo crítico seu papel de parceiro,

interlocutor, orientador do educando na busca de suas aprendizagens. Ele e os

aprendizes estudam, pesquisam, debatem, discutem, constróem e chegam a

produzir o conhecimento, desenvolver habilidades e atitudes. O espaço aula se

torna um ambiente de aprendizagem, com trabalho coletivo a ser criado,

trabalhando com os novos recursos que a tecnologia oferece, na organização,

flexibilização dos conteúdos, na interação aluno-aluno e aluno-professor e na

redefinição de seus objetivos.

Espera-se do professor no século XXI que ele seja aquele que ajude a

tecer a trama do desenvolvimento individual e coletivo e que saiba manejar os

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instrumentos que a cultura irá indicar como representativos dos modos de viver

e de pensar civilizados, específicos dos novos tempos.

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CONCLUSÃO

O computador está propiciando uma verdadeira revolução no processo

de ensino-aprendizagem. Uma das razões dessa revolução é o fato de ele ser

capaz de ensinar.

Existem diferentes maneiras de usar o computador na educação. Uma

maneira é informatizando os métodos tradicionais de instrução, esse seria o

paradigma instrucionista. Outra forma mais interessante é a utilização do

computador como enriquecedor de ambientes de aprendizagem, onde o aluno,

interagindo com os objetos desse ambiente tem a chance de construir o seu

conhecimento – este é o paradigma construcionista, em que a ênfase está na

aprendizagem, na construção do conhecimento e não na instrução.

Pensando nessas duas maneiras de utilização dos computadores

conclui-se que, no caso em que o professor seja um mero repassador de

informações, o computador pode substituí-lo e com grande vantagem. Já o

professor que admite uma abordagem construcionista em suas práticas

pedagógicas, tem no computador um grande aliado.

A escola e o paradigma instrucionista castram a habilidade de aprender

do aluno sem que seja ensinado e, com isso, sua habilidade de criar e pensar.

O computador para ser efetivo no processo de desenvolvimento da capacidade

de criar e pensar não pode ser inserido na educação como uma máquina de

ensinar. Essa seria a informatização do paradigma instrucionista. Já no

paradigma construcionista, o computador deve ser usado como uma

ferramenta que facilita a descrição, a reflexão e a depuração de idéias.

A construção do conhecimento através do computador –

construcionismo – acontece quando o aluno constrói um objeto de seu

interesse, como uma obra de arte, um relato de experiência ou um programa

de computador. A interação aluno- computador precisa ser mediada por um

profissional que conheça a linguagem computacional tanto do ponto de vista

pedagógico como do ponto de vista psicológico, um mediador eficiente, um

professor eficiente, preparado para desenvolver as habilidades de criar e

pensar, utilizando o computador como aliado e tendo sempre em mente que o

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desenvolvimento dessas habilidades é um processo longo e que deve iniciar-se

desde cedo.

Sendo assim, os esforços dos centros formadores de professores, das

Universidades em geral, devem direcionar-se com o objetivo de promover a

utilização do computador segundo o paradigma construcionista: formar

professores que formarão profissionais de diversas áreas do conhecimento,

capazes de criar, refletir e vencer os desafios do século XXI.

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BIBLIOGRAFIA

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CHAVES, O.C. Eduardo. A pedagogia de Projetos de Aprendizagem. 1.ed.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

EPÍGRAFE 3

AGRADECIMENTO 4

DEDICATÓRIA 5

RESUMO 6

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I 10

DOS PRIMEIROS COMPUTADORES ... 1.1 – Velocidade de informação X velocidade de conhecimento 12

CAPÍTULO II

COMPUTADOR E DIDATISMO 16

2.1. O uso do computador 19 2.2. O ensino pelo computador e Instrução programada 20 2.3. O espaço virtual da aprendizagem 21

CAPÍTULO III

O USO INTELIGENTE DOO COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO 24

CAPÍTULO IV

APRENDIZADO ABERTO E À DISTÂNCIA 28

CAPÍTULO V

O NOVO PERFIL DOS DOCENTES 31

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

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ÍNDICE 40

FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Cyberalunos: A interface entre o computador e a

escola

Autor: Roberto de Andrade Lota

Data da entrega: 21 de Abril de 2010

Avaliado por: Nelsom Magalhães

Conceito: