46
1 7Wi UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AUTISMO Marilda Pontes Mattos ORIENTADORA: Profª Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE … · 2015-02-07 · Trata a questão da inclusão no contexto escolar.Que atitudes os ... Em 1.857 D. Pedro II também fundou o Instituto

Embed Size (px)

Citation preview

1

7Wi

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AUTISMO

Marilda Pontes Mattos

ORIENTADORA: Profª Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro 2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Especial e Inclusiva. Por: Marilda Pontes Mattos

Rio de Janeiro 2015

AUTISMO

3

AGRADECIMENTOS

A minha irmã, companheira de todos os momentos.

4

DEDICATÓRIA

A minha mãe (in memoriam) que sempre me incentivou e me formou mostrando o caminho do amor e respeito ao próximo.

5

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo identificar ações que facilitem a

inclusão do aluno com Espectro Autista na escola regular, seu aprendizado,

seu acolhimento e seu preparo para a vida cotidiana.

Faz uma abordagem histórica sobre o privilégio da educação

inclusiva no Brasil e as leis que a regem atualmente.

Define o que é autismo, as síndromes relacionadas e os métodos

usados para seu tratamento.

Trata a questão da inclusão no contexto escolar.Que atitudes os

profissionais envolvido no processo (professores, escola, família e sociedade)

deverão ter para que esta inclusão seja verdadeira preparando o aluno para a

vida cotidiana.

6

METODOLOGIA

A escolha da metodologia adotada foi teórica, através de leitura de

livros, revistas, artigos e sites que levam ao assunto pesquisado – autismo.

O tema destes livros trata o autismo na escola, procurando construir

um corpo de ideias e de práticas de ensino na inclusão escolar do aluno com

espectro autista, enfatizando o trabalho do professor e a grandeza do seu

papel. Também fornecem orientações legais aos pais e a escola; a maneira de

agir para garantirem esta inclusão; que atitudes tomar cobrando do governo o

que está escrito nas leis. Os livros também tratam da mediação escolar que é

um tema muito importante e polemico.

Feita a leitura foi selecionado o que iria ser tratado no trabalho.

Amadureci a ideia de que a inclusão é possível com relatos de profissionais

que já atuam nesta prática e que temos que cobrar do governo atitudes que

garantam a qualidade do ensino inclusivo de qualidade.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – Marcos Legais da Educação Especial no Brasil 10

CAPÍTULO II - Autismo 21

CAPÍTULO III – A Inclusão dos Portadores de Espectro Autista no Ensino

Regular 32

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 45

ÍNDICE 46

8

INTRODUÇÃO

Este trabalho de pesquisa faz uma análise da trajetória da educação

dos portadores de necessidades especiais, em particular das crianças com

autismo. Faz também uma reflexão das práticas do ensino e da inclusão

escolar, tendo uma abordagem pedagógica levando em conta apontamentos

históricos importantes sobre o princípio da educação inclusiva e os desafios

colocados à docência perante o fazer pedagógico, político e social desta

escolarização, incluindo a mediação que se faz necessária.

No primeiro capítulo será abordado os Marcos Legais da Educação

Especial no Brasil acompanhando o desenvolvimento das leis específicas na

história da educação brasileira. Em especial a lei 12764/12, que Institui a

Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do

Espectro Autista. No segundo capítulo veremos o que é autismo seus

comprometimentos e quais os tipos existentes. E, finalizando este trabalho será

feita uma análise de como está sendo implementada a inclusão dos portadores

do Espectro autista na escola regular do ensino público e que práticas

educativas deverão ser utilizadas, as adaptações curriculares e a importância

da mediação para o aprendizado.

O aluno autista sinaliza algumas atitudes comportamentais como:

dificuldades na linguagem, tendência a estipulação de uma rotina, obstáculos

nas relações sociais e dificuldade de abstração. Estas características exigem

um acompanhamento clínico, através de um atendimento conjunto entre

psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos. Um trabalho competente e

consciente destes profissionais será de grande importância para o seu

desenvolvimento psicomotor e cognitivo, ajudando à inclusão e facilitando o

trabalho do professor e do seu mediador na socialização deste aluno e nas

avaliações que deverão ser adaptadas para cada aluno.

9

Para compreender a Política Educacional brasileira no decorrer do

século XX é necessário conhecer todo o processo deste caminhar, os Marcos

Legais e Históricos, a luta dos pais e suas conquistas, enumerar atividades que

facilitem a aprendizagem do aluno com Transtorno Espectro Autista (TEA).

As propostas deste estudo objetivam potencializar a socialização do

ser autista, facilitando os fazeres pedagógicos e estimulando socialização,

capacidade cognitiva, psicomotora, sensorial e afetiva realizadas no espaço

escolar e familiar.

10

CAPÍTULO I

MARCOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

NO BRASIL

“Para mim, o utópico não é o irrealizável...” (Paulo Freire).

No Brasil, o primeiro Marco da Educação Especial ocorreu no

período imperial com o nome de Imperial Instituto Benjamin Constant (IBC). Foi

criada pelo Imperador D. Pedro II através do Decreto Imperial nº1.428,de 12 de

setembro de 1.854 e inaugurada,solenemente,no dia 17 de setembro do

mesmo ano.É considerado como o primeiro passo concreto no país para

garantir ao deficiente visual o direito à cidadania.O Instituto derrubou

preconceitos e fez ver que a educação e a profissionalização das pessoas com

deficiência não é uma utopia.

Em 1.857 D. Pedro II também fundou o Instituto Imperial dos surdos-

mudos em 26 de setembro, através da Lei 939, tendo como primeiro diretor o

educador francês Eduardo Hurt.O Instituto criado pelo patrocínio do Imperador

denomina-se atualmente Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).

Ainda no período imperial em 1.874, inovou-se o tratamento de

deficientes mentais no hospital psiquiátrico da Bahia (hoje Juliano Moreira).

Por volta de 1930 surgiram várias instituições para cuidar da

deficiência mental, um número bem superior ao das instituições voltadas para

outras deficiências.

O surgimento para as primeiras entidades privadas marca mais um

fator preponderante na história do nosso país:a filantropia e o assistencialismo.

Estes dois fatores colocam as instituições privadas em destaque no

decorrer da educação especial brasileira, uma vez que o número de

atendimentos realizados por elas era muito superior ao realizado pelas públicas

11

e, por essa razão tinham certo poder no momento de discutir as políticas

públicas junto a instância governamentais.

Assim sendo podemos dividir a história da Educação Especial em

dois momentos: Brasil Imperial e Brasil República. No primeiro, durante o Brasil

Império, as pessoas com deficiências mais acentuadas, eram impedidas de

realizar trabalhos braçais (agricultura ou serviços de casa) eram segregados

em instituições públicas. As demais conviviam com suas famílias e não se

destacavam muito, uma vez que a sociedade, por ser rural, não exigia um grau

muito elevado do desenvolvimento cognitivo. No segundo momento, ao mesmo

tempo em que surgiu a necessidade de escolarização entre população, a

necessidade passa a conceber o deficiente como um indivíduo que, devido

suas limitações, não poderia conviver nos mesmos espaços sociais que os

normais, deveria, portanto, estudar em locais separados e só seriam aceitos na

sociedade aqueles que conseguissem agir o mais próximo da normalidade

possível, sendo capazes de exercer as mesmas funções. Marca este momento

o desenvolvimento da psicologia voltada para a educação, o surgimento das

instituições privadas e das classes especiais (Batista, 2006).

1.1. Mudanças nas Políticas Educacionais Legais

Nas ultimas décadas, em decorrência das pressões de diferentes

setores da sociedade, os políticos educacionais apresentaram sensíveis

mudanças, legitimadas em vários documentos oficiais: A Constituição de 1.988,

a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96), as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica,

em nível superior (2001) e as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na

Educação Básica (2001) entre outras.

1.2. Perspectiva Educacional de Inclusão

A política de inclusão de pessoas com necessidades educacionais

especiais nas escolas do Brasil é um tema amplamente discutido em nossa

sociedade como em vários países. Nestes últimos anos, embora legalmente

tenha havido uma série de avanços, as redes de ensino ainda carecem de

12

políticas educacionais que permitam um atendimento escolar que atenda com

eficiência e melhore a qualidade de vida das pessoas. Seria preciso oportunizar

um ensino de qualidade e garantir o acesso às escolas, não só com

profissionais qualificados, mas também com estrutura arquitetônica adequada e

recursos didáticos pedagógicos adequados para receber e tratar co-dignidades

a todos os alunos, inclusive aos que tem necessidades educativas especiais.

Não basta apenas elaborar leis para garantir os direitos e condições

necessárias para o convívio em nossa sociedade, quer que seja no mercado de

trabalho, escola, na família e na comunidade.

Atuar na direção de uma educação efetivamente inclusiva significa,

com certeza, mudanças profundas no cotidiano escolar, nas condições de

trabalho do professor, permitindo-lhes refletir sobre sua prática de ensino e

usufruir da formação continuada, o que não tem sido fácil pelas precárias

condições de trabalho.

A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais em

classes comuns do ensino regular exige um trabalho integrado entre o (a)

professor (a) da classe comum e os (as) professores (as) dos serviços

especializados. Caso isso não ocorra, o educando corre o risco de não atingir

um desenvolvimento satisfatório no campo acadêmico com reflexos em várias

dimensões de sua vida.

Entende-se que a inclusão deva ser uma prática presente na

comunidade escolar, pois ao privarmos crianças da convivência com seus

pares especiais, tiramos-lhes toda a oportunidade de se exercitarem na

construção de valores e da cidadania. Para tanto, os professores

especializados deverão atuar de forma conjunta com os professores de ensino

regular capacitados de prover atendimento aos alunos com necessidades

educacionais especiais.

E o processo de construção do projeto pedagógico da escola deverá

ser tecido levando em consideração a diversidade dos sujeitos nele inscrito,

13

incorporando as necessidades comuns e especiais de seu alunado, e

estimulando a participação dos envolvidos.

A questão central é a conquista de uma educação escolar de

qualidade para todas as crianças e jovens, capaz de garantir sua permanência

na escola e aproximação e ou produção de conhecimento, tendo como alvo

possibilitar-lhes participação na sociedade.

1.3. Legislação da Educação Especial

O Brasil tem uma estrutura legal muito avançada, no que se refere à

garantia dos direitos das pessoas, com necessidades educativas especiais.

A Constituição Federal é a Carta Magna, a Lei maior de uma

sociedade política. A nossa Constituição é de 1998 é de cunho liberal e em seu

artigo 208, inciso III, preserva entre as atribuições do Estado, o “atendimento

educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na

rede regular de ensino.

A garantia na Constituição resulta o compromisso liberal do Estado

brasileiro de educar a todos, sem qualquer discriminação ou exclusão social,

de tal modo que o acesso ao ensino fundamental, para os educandos, em

idade escolar, sejam normais ou especiais, passa a ser, a partir de 1988, um

direito público subjetivo, isto é, inalterável, sem que as famílias possam abrir

mão de sua exigência perante o Poder Público.

No dispositivo da Constituição de 1988, há avanços e recuo

jurídicos.

Avanço ao dizer que os portadores de deficiência devem receber

atendimento, preferencialmente na rede regular de ensino. E recuo quando

ainda,no final dos anos 80,usa a terminologia excludente ao fazer referência às

pessoas com alguma necessidade especial,no âmbito escolar,usando o termo

“portadores de deficiência”.

14

Em se tratando de análise terminológica, fazemos uma consideração

nas expressões jurídicas no final do século XX, o conceito de deficiência era

herança da Medicina e dos enfoques clínico patológicos de séculos anteriores.

O termo “portadores de deficiência” nos leva a um Brasil excludente

que tratava seus doentes, deficientes ou não, como “portadores de moléstia

infecciosa”.Este enfoque clínico perdurou até a Constituição de 1988.

Na área da educação podemos destacar:

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que é a

Leis que rege a educação no Brasil, é uma Lei ordinária, isto é, abaixo da

Constituição Federal.

A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é a 9394/96

de 20 de dezembro de 1996. Ela é derivada da Constituição Federal, que a

partir de 1997 fez a correção social e a mudança da terminologia “portadores

de deficiência” para “educandos com necessidades educacionais especiais”.

Em seu artigo 4º, inciso III, a LDB diz que é dever do Estado, com a

educação escolar pública ser efetivado mediante a garantia “de atendimento

educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades

especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”.

Logo vemos os avanços do dispositivo da Lei 9394/96:

a) O atendimento gratuito no âmbito da rede oficial de ensino,

portanto não pode ser cobrado;

b) Pessoas com idade escolar são consideradas “educandos com

necessidades especiais”, o que pressupõe um enfoque pedagógico, ou melhor,

psicopedagógico, em se tratando de atendimento educacional. Os educandos

são responsabilidades de todos os que promovem a formação escolar.

O capítulo V da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB) trata, em seus artigos 58,59 e 60,da Educação Especial.

15

O artigo 58 da LDB mistura os enfoques clínicos e pedagógicos em

conceituar a educação especial como “modalidade de educação escolar

oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para educando de

portadores de necessidades especiais”.

No § 1º do art. 58, o legislador diz que” haverá,quando necessário,

serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às

peculiaridades da clientela ou educação especial”. Tratando assim os

educandos com necessidades especiais como doentes utilizando a palavra

clientela.

No seu § 2º diz que “o atendimento educacional será feito em

classes, escolas ou serviços especializados sempre que não houver condições

de sua integração em classes comuns de ensino regular”.

Em seu § 3º garante a escolaridade já na Educação Infantil (zero a

seis anos) será dever do Estado oferecer educação especial.

No artigo 59 os sistemas de ensino terão que assegurar aos

educandos com necessidades especiais currículos, métodos, técnicas,

recursos educativos e organização específicos para atender às suas

necessidades fazendo as devidas adaptações aos termos citados.

Em seus históricos as escolas terão que usar uma terminalidade

específica para aqueles que não puderam atingir o nível exigido para a

conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e a

aceleração para concluir em menos tempo o programa escolar para os

superdotados;

Também aborda a formação dos professores que terão que ter uma

“formação adequada em nível médio ou superior para atendimento

especializado” e no ensino regular deverão ser “capacitados para integração

desses educandos nas classes comuns”;

Aborda o preparo desses educandos para o mercado de trabalho

”visando a sua efetiva integração na vida em sociedade” criando convênios

16

com instituições para que os “que não revelem capacidade de inserção no

trabalho competitivo tenham oportunidades no mercado” assim como para

aqueles que apresentem “uma habilidade superior nas áreas artística,

intelectual ou psicomotora”.

Em seu quinto parágrafo visa o acesso igualitário aos benefícios de

programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino

regular.

Em seu artigo 60 fala dos órgãos normativos dos sistemas de ensino

que “estabelecerão critérios para as instituições privadas sem fins lucrativos”

que sejam especializadas e com atenção exclusivas em educação especial,

condições de funcionamento com apoio financeiro e técnico pelo Poder

Público.

O Poder Público deverá adotar, como alternativa a ampliação do

atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede

pública regular de ensino, independente do apoio às instituições privadas.

Terão que criar as salas de recursos e outras alternativas para este

atendimento.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi instituído pela Lei

8069 de 13 de julho de 1990 e regulamenta os direitos das crianças e dos

adolescentes. Nenhuma criança ou adolescente ficará excluído de qualquer

direito à educação visando o pleno desenvolvimento e preparo para o exercício

de cidadania e qualificação para o trabalho. Garante a igualdade de condições

e respeito por seus educadores. A criança ou o adolescente deverá ter acesso

à escola pública e gratuita próximo de sua casa.

O Decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005 regulamenta a Lei

10436 de 24 de abril de 2002 que reconhece a Língua de Sinais (Libras) como

meio legal de comunicação e expressão. E dispõe sobre a inclusão de Libras

como disciplina curricular a formação e a certificação de professor, instrutor e

interprete de Libras .

17

Libras é considerado a segunda Língua Portuguesa é assegurado a

criança o ensino e o direito ao intérprete.É exigido `formação de professor

qualificado ficando estabelecido que o ensino de Libras deve constar no

currículo do curso de formação de professor e no curso superior a fim.

A resolução nº 4 CNE/CEB de 2009 institui diretrizes operacionais

para o atendimento educacional especializado na Educação Básica, que deve

ser oferecido no turno inverso da escolarização, prioritariamente nas salas de

recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino

regular.

O Atendimento Educacional Especializado (AEE) também pode ser

realizado em centros de atendimento educacionais especializados públicos ou

em instituições de caráter comunitário, confessional ou filantrópico sem fins

lucrativos conveniados com a Secretaria de Educação.

A resolução nº 2 CNE/CEB de 11 de novembro de 2001 trata das

Diretrizes Nacionais para a Educação Básica visando a Política Nacional da

Educação inclusiva. Institui a oferta para a formação de professores em

Educação Especial em instituições superiores em nível de graduação e pós

graduação.

O Plano Nacional de Educação (PNE) é uma Lei prevista na

Constituição Federal e também citado na LDB. É elaborado fixando objetivos,

diretrizes e metas para todos os níveis e modalidades de ensino.Consolidando

o sistema de Educação garante os recursos públicos necessários à

manutenção e desenvolvimento da educação escolar reduzindo as

desigualdades sociais e regionais.

Na educação especial as Diretrizes Curriculares da Educação

Especial na Educação Básica, junto com a LDB e com a Política Nacional de

Educação Especial garantem que os currículos,métodos,recursos educativos e

as organizações específicas para atendimento às necessidades destes alunos

serão oferecidas nas escolas em material humano ou em equipamentos

pedagógicos assegurando qualidade às necessidades educacionais especiais.

18

A Lei 13005/2014 aprova o novo PNE e sua Meta nº4 que

universaliza para a população de quatro a dezessete anos, com necessidades

especiais como deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas

habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento

educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com

garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais,

classes escolares ou serviços especializados, públicos ou conveniados.

O Decreto nº8368 de 2 de dezembro de 2014 regulamenta a Lei

12.764/2012 que Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da

Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) alterando o §3º do art.98 da

Lei 8112 de 11 de dezembro de 1990.

Como todo aluno com necessidade especial esta lei garante o

acesso a inclusão educacional em todos os níveis, etapas e modalidades de

ensino.

A Lei 12.764/2012 engloba o autismo como uma deficiência e assim

sendo deve ter o direito a atenção integral tanto na saúde como educacional,

além do direito a inserção no mercado de trabalho observadas as

peculiaridades desta deficiência. Também diz que em caso de comprovada

necessidade, a pessoa com TEA incluída no ensino regular terá direito a um

acompanhante escolar especializado.

No Estado do Rio de Janeiro a Lei nº 6169/2011 estabelece a

criação de Centros de Reabilitação para o Atendimento Multidisciplinar para

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) possibilitando um

atendimento mais abrangente.

Em nível Municipal há o Projeto de Lei nº 1565/2012 que prevê a

criação de cargos de apoio à Educação com finalidade de atendimento

especializado às crianças com necessidades especiais no Município do Rio de

Janeiro, substituindo o cargo de agentes auxiliares de creche e cumprindo a

função dos agentes educacionais especializados.

19

A partir do ano de 2015 cada CRE receberá 10 Agente de Apoio à

Educação para serem distribuídos nas escolas à fins.

A proposta de Educação Inclusiva tem sua gênese na Conferência

de Educação para todos, promovida pela UNESCO, em 1.990, na Tailândia.

Nesse evento, por meio de um Plano de Ação, foi estabelecida uma orientação

político-filosófica relativa às propostas educacionais dirigidas aos com

necessidades educacionais para contemplar questões básicas de

aprendizagem. Todos os países presentes assinaram o documento que tinha o

intuito de ampliar o conceito de aprendizagem para todas as crianças, jovem e

adulto, incluindo aqueles com necessidades educacionais especiais. A esse

respeito, cabe lembrar o seu artigo I:

Essas necessidades compreendem tanto os instrumentos essenciais para a aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expressão oral, o cálculo, a solução de problemas) quanto aos conteúdos básicos da aprendizagem (como conhecimentos, habilidades, valores e atitudes) necessárias para que os seres humanos possam sobreviver desenvolver plenamente suas potencialidades, viver e trabalhar com dignidade, participar plenamente do desenvolvimento, melhorar a qualidade de vida, tomar decisões fundamentais e continuar aprendendo (p.1).

Em 1.994, representantes de alguns países do mundo, inclusive o

Brasil, reunidos em Salamanca, na Espanha, reafirmaram os princípios, as

políticas e as estratégias de atendimento às necessidades educacionais

especiais, bem como as linhas de ação para efetivá-las por meio de um

documento que ficou conhecido internacionalmente como Declaração de

Salamanca. Esse documento aponta para a necessidade de os países reverem

as bases filosóficas e metodológicas de suas políticas educacionais no sentido

de garantirem, efetivamente, educação para todos, sem discriminações ou

privilégio.

Todos, deficientes ou não, têm direito de exercitar a sua cidadania.

A concepção de inclusão, na Declaração de Salamanca, considera também a

existência de diferenças sob a perspectiva da diversidade sociocultural e da

desigualdade econômica. Assim, além das crianças chamadas deficientes,

passam a ser consideradas alvo das políticas de inclusão:

20

(...) crianças (...) superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minoria linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos marginalizados (UNESCO, 1994)

A Declaração de Salamanca resultou na ampliação do conceito de

necessidades educacionais especiais. Dessa forma, não só os alunos que

apresentam deficiência (mental, visual, física, motora, auditiva e múltipla,

condutas típicas, síndromes diversas e quadros neurológicos e psiquiátricos ou

com altas habilidades são contemplados). Essa nova abordagem passa

também a incluir aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem

decorrentes de inúmeros outros fatores.

Para as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, as dificuldades de aprendizagem absorvem uma diversidade de necessidades educacionais especiais e podem estar associadas, sobretudo a: (...) dificuldades específicas de aprendizagem, como a dislexia e disfunções correlatas; problemas de atenção, perceptivos, emocionais de memória, cognitivos, psicolinguísticos, e ainda a fatores ecológicos e socioeconômicos, como as privatizações de caráter sociocultural e nutricional (Brasil, 2002, p. 44).

A meta da inclusão é não deixar ninguém fora do sistema escolar,

portanto, este deve adaptar-se às especialidades de cada um dos alunos.

21

CAPÍTULO II

AUTISMO

“O homem por ser inacabado, incompleto, não sabe de maneira

absoluta. Somente Deus sabe de maneira absoluta”. (Paulo Freire)

A palavra autismo é de origem grega (autos), que significa “por si

mesmo”. Usada dentro da Psiquiatria para denominar comportamentos

humanos que se centralizam em si mesmo.

O autismo não é uma doença, mas sim uma síndrome que de

acordo com o dicionário médico Stedman (1987) é “o agregado de sinais e

sintomas associados a uma mesma patologia e que em seu conjunto definem o

diagnóstico e o quadro clínico de uma condição médica”. Em geral as

síndromes são o conjunto de determinados sintomas, de causa desconhecida

ou em estudos que recebem o nome do cientista que o descreveu.

O autismo foi descrito pela primeira vez em 1943 pelo psiquiatra

austríaco Léo Kanner que publicou na revista Nervous Child, vol.2, p.217-250

um artigo com o título “Autistic Disturbance off Affetive” (Distúrbios Autisticos do

Contato Afetivo) que relatava o estudo de 11 crianças com um quadro de

autismo extremo, com obsessão, estereotipias e ecolalia.

O também austríaco Hans Asperger, em sua tese de doutorado

descreveu a psicopatia autista da infância.Kanner e Asperger não se

conheciam,o primeiro morava nos EUA e era época da Segunda Guerra

Mundial.Eles usaram a palavra autismo para nomear os sintomas que

observaram em pacientes.

O trabalho de Asperger só veio a se tornar conhecida década de 70,

após uma médica inglesa – Lorna Wing – traduzir seu trabalho para o inglês. A

partir daí um tipo de autismo passou a ser denominado “Síndrome d Asperger”.

22

O psicólogo Bruno Bettlhein nos anos de 1950 e 1960 afirmava que

a causa do autismo seria a indiferença da mãe. Essa teoria foi rejeitada e

outras causas passaram a ser pesquisadas.

Hoje estudos apontam que o autismo está ligado a causa genéticas

associadas às causas ambientais. Uma das possíveis causas ambientais está

ligada a contaminação por metais pesados como mercúrio e o chumbo.

Problemas na gestação também são apontados como causa. O uso de drogas

e infecções também deve ser considerado.

2.1. Conceito

Segundo a classificação dos Transtornos Mentais da Organização

da Organização Mundial de Saúde, o autismo se constitui em Transtorno

Global do Desenvolvimento (TGD) que são distúrbios nas interações sociais

recíprocas que costuma manifestar-se nos cinco primeiros anos de vida.assim

como pelo estreitamento nos interesses e nas atividades.

São considerados Transtornos Globais do Desenvolvimento:

§ Transtorno Autista;

§ Transtorno de Rett;

§ Transtorno Desintegrativo da Infância;

§ Transtorno de Asperger;

§ Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra

Especificação.

Com relação à interação social, crianças com TGD apresentam

dificuldades em iniciar e manter uma conversa. Algumas evitam o contato

visual e demonstram aversão ao toque do outro, mantendo-se isoladas. Podem

estabelecer contato por meio de comportamentos não verbais e, ao brincar,

preferem ater-se a objetos no lugar de movimentarem-se junto das demais

crianças. Ações repetitivas são bastante comuns. Os Transtornos Globais do

23

Desenvolvimento também causam variações na atenção, na concentração e,

eventualmente, na coordenação motora. Mudanças de humor sem causa

aparente e acessos de agressividade são comuns em alguns casos. As

crianças apresentam seus interesses de maneira diferenciada e podem fixar

sua atenção em uma só atividade, como observar determinados objetos, por

exemplo.

Com relação à comunicação verbal, essas crianças podem repetir as

falas dos outros – fenômeno conhecido como ecolalia – ou, ainda, comunicar-

se por meio de gestos ou com uma entonação mecânica, fazendo uso de

jargões.

2.2. Como Lidar com o TGD na Escola?

Crianças com transtornos de desenvolvimento apresentam

diferenças e merecem atenção com relação às áreas de interação social,

comunicação e comportamento. Na escola, mesmo com tempos diferentes de

aprendizagem, esses alunos devem ser incluídos em classes com os pares da

mesma faixa etária.

Estabelecer rotinas em grupo e ajudar o aluno a incorporar regras de

convívio social são atitudes de extrema importância para garantir o

desenvolvimento na escola. Boa parte dessas crianças precisa de ajuda na

aprendizagem da autorregulação.

Apresentar as atividades do currículo visualmente é outra ação que

ajuda no processo de aprendizagem desses alunos. Fazer ajustes nas

atividades sempre que necessário e contar com a ajuda do profissional

responsável pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE). Também

cabe ao professor identificar as potências dos alunos. Investir em ações

positivas, estimular a autonomia e fazer o possível para conquistar a confiança

da criança. Os alunos com TGD costumam procurar pessoas que sirvam como

“porto seguro” e encontrar essas pessoas na escola é fundamental para o

desenvolvimento.

24

2.3. O que é Autismo

O autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se

manifesta de maneira grave por toda a vida. É incapacitante e aparece

tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acomete cerca de 20 entre cada

10 mil nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no

feminino. Encontrado em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração

racial, étnica e social. Não foi provado, até agora, qualquer causa psicológica

no meio dessas crianças, que possa causar a doença.

Segundo a ASA (Austism Society of American), os sintomas são

causados por disfunções físicas do cérebro, verificados pela anamnese ou

presentes no exame com o indivíduo. E incluem:

1. Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas,

sociais e linguísticas.

2. Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais

afetadas são: visão, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o

corpo.

3. Fala e linguagem ausentes ou atrasadas. Certas áreas

específicas do pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita

compreensão de ideias. Uso de palavras sem associação com o significado.

4. Relacionamento anormal com objetos, eventos e pessoas.

Respostas não apropriadas para as pessoas (adultos e crianças). Objetos e

brinquedos não são usados de maneira devida.

A ASA listou algumas características que indivíduos com autismo

exibem como:

• Dificuldades de relacionamento com outras crianças;

• Riso inapropriado;

• Aparente sensibilidade à dor;

25

• Preferência pela solidão, modos arredios;

• Rotação de objetos,inapropriada fixação em objetos;

• Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade;

• Ausência de resposta aos métodos normais de ensino;

• Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina;

• Não tem real medo do perigo (consciência de situações que

envolvam perigo);

• Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de

cócoras,colocar-se de pé numa perna só, impedir a passagem

por uma porta, liberando-a após tocar de uma determinada

maneira os alisares);

• Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar de linguagem

normal);

• Recusa colo ou afagos;

• Age como se estivesse surdo;

• Dificuldade em expressar necessidades – usa gesticular e

apontar no lugar de palavras;

• Acessos de raiva – demonstra extrema aflição sem razão

aparente;

• Irregular habilidade motora – pode não querer chuta uma

bola, mas pode arrumar blocos.

Nem todos os indivíduos com autismo têm todos estes sintomas,

porém a maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da

criança. Estes variam de leve a grave e em intensidade de sintoma para

26

sintoma. As alterações dos sintomas ocorrem em diferentes situações e são

inapropriadas para sua idade.

2.4. Comportamento do Indivíduo com Autismo

• Usa as pessoas como ferramenta;

• Resiste à mudança de rotina;

• Não se mistura com outras crianças;

• Apego não apropriado a objetos;

• Não mantém contato visual;

• Age como se fosse surdo;

• Resiste ao aprendizado;

• Não tem medo do perigo;

• Risos e movimentos não apropriados;

• Resiste ao contato físico;

• Acentuada hiperatividade física;

• Gira objetos de maneira excêntrica e peculiar;

• Às vezes é agressivo e destrutivo;

• Modo e comportamento indiferente e arredio.

2.5. Tratamento e Prognóstico

A gravidade do autismo oscila bastante, porque as causas, não

sendo as mesmas, podem produzir significativas diferenças individuais no

27

quadro clínico. Desta forma, o tratamento e o prognóstico variam de caso a

caso.

Os indivíduos com autismo têm uma expectativa de longevidade

normal.

O transtorno autista é permanente, até o presente momento não tem

cura.

O tratamento tem que ser adequado de acordo com o indivíduo,

apropriado em função das características e particularidades da pessoa.

A terapia pressupõe uma equipe multidisciplinar com médico

(pediatra, neurologista,psiquiatra e odontologia) e tratamento não médico

(psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, terapia ocupacional, fisioterapia e

orientação familiar).Preparo para a vida profissional e inclusão social,a

intervenção apropriada resulta em considerável melhora no prognóstico.A base

da terapia presume o envolvimento da família.

Os remédios continuam sendo componente importante em um

programa de tratamento, porém nem todos os indivíduos necessitarão utilizar

medicamentos. Não existe medicação e nem tratamento específico para

autista.

Para o tratamento ter sucesso depende muito do empenho dos

profissionais que se dedicam ao atendimento desses indivíduos.

A demora no processo de diagnóstico e aceitação é prejudicial ao

tratamento, uma vez que a identificação precoce deste transtorno global do

desenvolvimento permite um encaminhamento adequado e influencia

significativamente na evolução da criança.

Os atendimentos precoces e intensivos podem fazer uma diferença

importante no prognóstico do autismo.

O quadro de autismo não é estático, alguns sintomas modificam-se,

outros podem amenizar e vir a desaparecer, porém outras características

28

poderão surgir com a evolução do indivíduo. São aconselhadas avaliações

constantes (sistemáticas e periódicas).

2.6. Autismo e Outras Síndromes

Com base no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos

Mentais (DMS-V) outras síndromes estão relacionadas ao Espectro de Autismo

como já visto o Síndrome de Rett, o Transtorno Desintegrativo da Infância, a

Síndrome de Asperger, a Síndrome de Willians,a Síndrome de Turner,

Síndrome do X Frágil entre outras.

Veremos com mais detalhes as três primeiras.

2.6.1. Síndrome de Rett

É um distúrbio neurológico incapacitante com grau severo.Provoca a

gradual regressão do desenvolvimento psicomotor de meninas previamente

normais.

Somente diagnosticado em meninas.

As pessoas portadoras desse transtorno podem apresentar, durante

o passar dos anos, desgaste muscular, rigidez e nenhuma capacidade de

linguagem. Tornam-se dependentes em potencial.

2.6.2. Transtorno Desintegrativo da Infância

Conhecido também como psicose desintegrativa. Foi descrita como

uma deteriorização lenta das funções intelectuais, sociais e da linguagem.

Envolvem um conjunto de problemas associados à evolução global do

indivíduo.

De causa desconhecida tem sido associada a estados neurológicos,

abrangendo perturbações convulsivas, esclerose tuberosa e outros transtornos

metabólicos.

29

Seu aparecimento é por volta dos dois anos.Tem perda repentina ou

sutil das habilidades de comunicação verbal e não verbal.Também

perturbações motoras,ansiedade, impulso a repetição de atos e problemas no

controle esfincteriano.

2.6.3. Síndrome de Asperger

A princípio denominada como “psicopatia autista” considerada um

distúrbio do desenvolvimento associado a alterações orgânicas enfatizando a

hipótese de uma lesão de integração de informações.Crianças com

comprometimento de integração social, inteligência em níveis aceitáveis e sem

atrasos no desenvolvimento de linguagem. Assim, pessoas com algum retardo

mental e sem atrasos na linguagem recebem o diagnóstico de portadores de

Transtorno de Asperger ou Síndrome de Asperger.

Na vida adulta essas pessoas são consideradas excêntricas,

diferentes e com comportamento estranho.

Pessoas com Síndrome de Asperger tem comprometimentos na

relação social usando gestos comunicativos não verbais, expressão facial,

postura do corpo e contato visual com outras pessoas, são marcados por

notáveis perturbações.Parecem não desenvolver uma disposição espontânea

para compartilhar atividades, interesses ou realizações.

Desenvolvem uma escolarização dentro da normalidade sem

problemas expressivos de aprendizagem.

2.7. Convivendo com o Autismo

O autismo continua sendo um distúrbio difícil para as crianças e

suas famílias, mas a perspectiva atual é muito melhor do que nas gerações

anteriores. Com o tratamento certo muitos sintomas podem melhorar.

A maioria das pessoas autistas consegue viver com suas famílias e

em sociedade. A perspectiva dependa da gravidade do autismo e do

30

tratamento que a pessoa recebe. Um tratamento psicológico é muito importante

tanto para o autista como para a família.

O principal objetivo do tratamento é de desenvolver as habilidades

sociais e comunicativas da criança por meio da redução dos sintomas do

autismo e do suporte do desenvolvimento e aprendizado.

A forma de tratamento que tem mais sucesso é o que é direcionado

as necessidades específicas da criança. O especialista ou uma equipe deve

desenvolver o programa para cada criança. São várias as terapias.

Alguns programas focam na redução de problemas comportamentais

e na aprendizagem de novas habilidades. Um desses programas é o ABA

(Análise do Comportamento) que usa uma abordagem de aprendizagem

individual, muito usado em crianças pequenas, reforçando a prática de várias

habilidades e estimulando as que ainda não dominam . O objetivo é que a

criança se aproxime do funcionamento normal do desenvolvimento.

Geralmente feito em casa sob a supervisão de um psicólogo comportamental.

O outro programa é o TEACCH (Tratamento e Educação para

Autista e Crianças com Déficits Relacionadas a Comunicação) utiliza recursos

visuais que ajudam a criança a trabalhar de forma independente e a organizar

e estruturar seu ambiente.Este programa tenta melhorar as habilidades e a

adaptação de uma criança aceitando os problemas associados aos distúrbios

do espectro do autismo.

Se diferencia do ABA pois o TEACCH não espera que as crianças

atinjam o desenvolvimento normal com tratamento.

Outro programa é o PECS (Sistema de Comunicação por Meio da

Troca de Figuras – Picture Exchange Comunications System) que ajuda

crianças e adultos portadores da síndrome autista ou portadores de outros

distúrbios de desenvolvimento a adquirir habilidades de comunicação que é

fundamental para pessoa estabelecer relações, saber expressar o que deseja

31

.Este método de intervenção promove a aquisição e o desenvolvimento da

linguagem que é fundamental para a comunicação da criança autista.

Como todo ser humano, o autista pode ser sociável, apesar de

apresentar dificuldades na comunicação. As pessoas precisam de motivação e

os autistas tem uma resposta positiva à ela quando interagem durante as

atividades de estimulação.O que uma pessoa autista precisa é de um espaço

de estímulo planejado individualmente que podem ser executadas tanto

individual ou coletivamente.

O respeito as suas diferenças e o ritmo de desenvolvimento são

fundamentais.

32

CAPÍTULO III

A INCLUSÃO DOS PORTADORES DE ESPECTRO

AUTISTA NO ENSINO REGULAR

“O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma

criança: tudo começa com um ato de amor...” (Rubem Alves).

A Educação Especial é uma modalidade de educação escolar,

oferecida, preferencialmente na rede regular de ensino e para educandos

portadores de necessidades especiais.

Os principais objetivos da Educação Especial são: atender os

portadores de deficiências em escolas; ampliar o acesso desses alunos nas

classes comuns; fornecer uma aprendizagem na qual as crianças possam

adquirir conhecimentos juntos, porém, tendo objetivos e processos

diferentes;desenvolver no professor a capacidade de usar formas criativas de

lidar com os alunos portadores de necessidades especiais.

Os princípios encontrados na Educação Especial e na Inclusão são

de justiça e igualdade, considerando que todos tem o direito à oportunidade de

acesso à educação nas mesmas condições.

É importante crianças autistas estudarem em escola regular porque

através da convivência com crianças sem comprometimentos, elas podem

“aprender” por imitação. Também precisam de profissionais qualificados.

3.1. O que o Educador Precisa Saber

Geralmente as crianças aprendem por meio das brincadeiras com os

pais, colegas e professores na escola. Ela faz amizades, adquire habilidades

motoras e cognitivas. Maria Montessori chama a mente das crianças de “mente

absorvente” porque simplesmente vivendo a criança aprende. Nas crianças

autistas as coisas não acontecem bem assim. Há uma relação diferente entre o

cérebro e os sentidos, as informações nem sempre se transformam em

33

conhecimento.Os objetivos não se tornam atraentes por sua função mas em

razão do estímulo que promovem. As estereotipias causam atraso no

desenvolvimento motor, principalmente nos movimentos finos. Tudo isso passa

a ter valor pedagógico: os usos, as habilidades e as atividades mais

elementares da vida diária devem ser exercitadas, buscando o conhecimento

funcional e mais destreza motriz.

O grande foco na educação deve estar no processo de

aprendizagem e não nos resultados, pois, nem sempre, eles virão de maneira

rápida.

A educação nas escolas inclusivas deve ser vivenciada

individualmente na sala de recursos e na sala de aula de ensino comum,

favorecendo a socialização, porque incluir é aprender junto.

A concentração para atividades pedagógicas é pequena, porém, por

menor que seja a concentração do autista, esta atividade deve ser repetida

todos os dias, de maneira lúdica e agradável, de maneira que não se torne

cansativa, mas sempre seja uma nova descoberta. Temos que educar para

promover a autonomia na criança.

A sala de recursos deve ser simples, sem muitos objetos para que

não haja muito estímulo. Nestes ambientes o aluno recebe uma educação

individualizada, específica, com ênfase na mudança de alguns

comportamentos e aprendizado de outros. O aluno precisa visualizar apenas os

materiais e brinquedos que irá trabalhar para uma maior concentração. O

professor deverá observar que objetos ou atividades o atrai mais. O professor

precisa aprender a lidar com a realidade do autista.

A atribuição do educador é a de promover e dispor de uma série de

condições educativas para que a criança autista não se torne um adulto

incapaz. O que importa é a aquisição de habilidades sociais e o

desenvolvimento de sua autonomia. A criança precisa aprender a tomar banho,

escovar os dentes, vestir-se e fazer as refeições.

34

As descobertas dos autistas são muito influenciadas pelas

sensações com pouca relação cognitiva. Estimular a percepção de uma de

uma criança ajuda o desenvolvimento de abstrações, pensamento e ideias.

Para melhor aproveitar as propostas pedagógicas devem ser observados os

aspectos:

1) Capacidade sensorial: tato, audição, visão são campos

perceptivos muito sensíveis. É sempre bom falar baixo e procurar manter o

ambiente o mais tranquilo possível, se algo sair fora do controle deverá

tranquilizar o aluno e redirecionar sua atenção.A percepção tátil deve ser o

caminho para realizar descobertas por meio de materiais de desenvolvimento

ou brinquedos pedagógicos.No campo visual o professor deverá mostrar

constantemente os objetos dizendo os nomes .Sempre que estiver realizando

alguma tarefa o professor deve conduzir seu olhar para aquilo que o aluno

estiver fazendo, isto desenvolverá a atenção durante as atividades

pedagógicas.O professor deverá ficar atento as atividades motoras em razão

das estereotipias.

2) Capacidade espacial: no autista esta capacidade fica

fragmentada pela razão do autista não fazer uma observação global do espaço.

A inteligência espacial regula os sentidos de lateralidade e

direcionamento. Nos movimentos, o indivíduo aperfeiçoa a sua coordenação

motora e a percepção corporal obtendo orientação física. O autista não

aprende na observação espontânea, então é imprescindível criar atividades

para esse fim. Atividades que explorem todos os espaços do ambiente, como

correr, rodar pneu, jogar bola. Participar de brincadeiras junto com outros

alunos também é importante.

3) Capacidade de simbolizar: o autista não brinca de “faz de

conta” dificultando a imaginação e fica difícil dar funções a objetos e absorver

conceitos e símbolos. Isto gera problemas na cognição e na escrita e em outras

áreas como a linguagem a linguagem. O professor deve estimular a

imaginação e a criatividade como copiar desenhos incluindo sempre

35

modificações,usar material pedagógico com diferentes combinações de

execução,contar e recontar histórias, modificando-as constantemente.

4) Subjetividade: perceber o sentido e a subjetividade das ações

é muito complexo no autista. A dificuldade de reconhecer o afeto de outras

pessoas também provoca o isolamento. Autistas tem dificuldades de percepção

temporal, vivendo mais o presente. A imaginação é importante pois envolve

brincadeiras que projetam o futuro e papeis sociais.

O professor deve proporcionar atividades onde sejam

identificado e interpretado algum contexto emocional que poderá ser um

caminho facilitador para a leitura de situações subjetivas e simbólicas do dia a

dia. Os comandos devem ser diretos, as palavras e as ordens tem que ser

claras.

5) Linguagem: como a codificação e abstração de símbolos são

importantes para a aquisição da comunicação social fica difícil, no universo

autista, dar sentido a linguagem e utilizá-la para fins de comunicação. É comum

ter ecolalia.

O professor deve procurar olhar sempre para a criança

chamá-lo pelo nome, identificar-se, apontar dizer nome dos objetos, dos

sentimentos, expressar verbalmente e distinguir desejos, vontades e

necessidades. É importante,para o funcionamento social da linguagem, que o

significado da palavra seja percebido antes do seu uso por meio da codificação

simbólica de experiências.è importante se falar de maneira suave, sem pressa

e claramente permitindo um aprendizado natural descortinando os caminhos da

comunicação com o mundo exterior.

6) Cognição: na cognição fundam-se as representações

socioculturais medidas pela linguagem, pela interação social e pela repetição,

isto torna dificultoso para o autista. Então o foco deve ser o indivíduo, deve-se

observar que aptidões o aluno possui e possam ser propulsora para a

aquisição de habilidades.

36

7) Hiperatividade: no autismo os sintomas são relacionados a

complexidades neurológicas ou a toxinas alimentares e até fatores alimentares

como envenenamento por chumbo ou uso de drogas e álcool no período pré-

natal.

Os períodos de trabalho com o autista não deverá ser longo,

mas em pequenas etapas, com tarefas curtas, as longas dificultam a

concentração. Mesmo que o professor tenha que repetir por diversas vezes

algum exercício, deverá ter o cuidado de não cansar seu aluno.

8) Estereotipia: é uma característica bem visível no autismo.

Precisa ser avaliada por parte do professor que tiver com a criança a fim de se

descobrir quais os mecanismos que deflagram a sua ocorrência.

As estereotipias inibem o desenvolvimento motor natural.

Como servem de mecanismo de expressão, representam alegrias, emoções,

ansiedades, frustrações e momentos de excitação de origens diversas e em

razão delas, o autista, o autista, fica privado de experiências de

amadurecimento tendo regressão de habilidades já adquiridas e bloqueio de

novas.

O professor terá, sem imitar o aluno, que inibir

constantemente a recorrência aos movimentos estereotipados, substituindo por

movimentos adequados que ele precisa descobrir e que produzirão progressos

na área cognitiva.

9) Psicomotricidade: é o resultado da ação do sistema nervoso

sobre a musculatura como resposta à estimulação. No autismo ela pode ser

muito comprometida havendo prejuízos na coordenação motora fina, na

coordenação visio-motora, na fala, na maturação do equilíbrio do corpo, na

lateralidade ou na dominância lateral indefinida.Pode surgir problemas de

ordem espacial, distinção de direita/ esquerda, dificuldades de leitura e

escrita.Quem não conhece seu corpo pode apresentar dificuldades de

percepção do ambiente prejudicando sua interação com o meio.

37

O professor deverá incentivar o seu desenvolvimento

psicomotor no espaço escolar usando materiais pedagógicos que estimulem o

raciocínio e os movimentos que são excelentes recursos para o

aperfeiçoamento motor fino. As atividades lúdicas de educação física que

explorem o equilíbrio, o manejo de objetos e os exercícios com o corpo, onde

os membros superiores e inferiores se alterem coordenadamente em

movimentos orientados, ajudam qualquer criança a adquirir uma boa

coordenação motora.

10) Socialização: como no autismo a fala, a linguagem, a

capacidade imaginativa, a memória e o desenvolvimento cognitivo são afetados

pela falta de integração não existindo a compreensão dos princípios sociais

que dão significado a aspectos da vida, não ocorre espontaneamente o

aprendizado das condutas, das atividades, das brincadeiras e de tantas outras

coisas que descobrimos na convivência com outras pessoas.

O professor deverá promover a interação do aluno autista

com outros alunos e em grupo. Este tempo deverá sempre ser acrescido

jamais diminuído. Sua autonomia e interação social são ganhos importantes e

ajudam o desenvolvimento pessoal, interpessoal e cognitivo.Ele poderá

descobrir regras sociais de convivência.

11) Afeto: o autista tem comportamento centrado em si mesmo,

sendo assim tem dificuldades para se relacionar levando-o ao isolamento.

O vínculo com o mundo exterior como carinho dos pais,

abraços ou companhia dos amigos são efêmeros. Eles têm dificuldades de

reconhecer sentimentos e demonstrar afeto aos outros. Mas o amor dos pais e

dos professores podem reverter este quadro,criando receptividade a

manifestações de afeto e de carinho.

O professor deverá ter como proposta de educação

canalizar as emoções do aluno para suas experiências de aprendizagem.

Atentar para o interesse do aluno e seus desejos. Assim estará se

comunicando com afeto.

38

3.2. A Construção de Ações de Acolhimento

A relação afetiva do aluno autista com o professor é o início do

processo de construção da sua autonomia na escola. O professor pode

trabalhar a interpretação das emoções, o que pode ser usado para qualquer

grupo de estudante. Acima de tudo o professor deverá saber que não pode

esperar resultados imediatos, mas por conquistas. E a primeira é o vínculo

afetivo. É importante usar suas aptidões, seus interesses, seus gostos e

planejar atividades em conjunto. As atividades deverão ter caráter terapêutico,

afetivo e pedagógico. Proporcionando melhor qualidade de vida e

independência. Terão que ser feito entrevistas familiar, anamnese, sessões

lúdicas e de avaliação pedagógica, laudo médico e o histórico do caso são

importantes ferramentas. Quem avalia uma criança autista tem que transmitir

segurança.

Esta estrutura deve ser o primeiro passo para o bom acolhimento do

aluno e da família.

3.3. Currículo com Atividades Funcionais

Construir um currículo com ações inclusivas é um desafio e uma

concepção de aprendizagem que inclui o objetivo de propiciar autonomia.

Nas séries iniciais caracteriza-se por ensinar a criança

independência nas ações mais cotidianas como despir ou vestir uma roupa;

dobrar ou guardar uma roupa; utilizar talheres etc.

Um currículo funcional para a vida prática compreende tarefas que

podem ser executadas com sintonia entre a escola e a família alcançando

etapas estabelecidas.

Cada etapa alcançada demanda uma nova. Quando a criança não

conseguir realizar uma tarefa o professor ou os pais deverão colaborar para

que não tenha sentimento de fracasso.

39

A avaliação é o primeiro passo para a construção de um currículo

escolar para o aluno autista. Saber quais as habilidades devem ser

conquistadas. Ele deve desenvolver aptidões básicas, motoras e acadêmicas.

Através de um currículo que descreve aspectos sociais, o aluno

poderá descobrir o valor das amizades, o afeto, o carinho e o amor, regras

sociais que ajudam a memorização, as rotinas diárias etc.

Quanto as atividades e os materiais usados, tanto em sala de aula

como em na sala de recursos deverão explorar o sensorial que é estimulante.

Rasgar jornal e brincar com água para aliviar tensões e desenvolver

coordenação motora fina, usar tinta para rabiscar papéis com dedos em forma

de prensa, subir escadas e rolar pneus para atividades motoras. As atividades

sensoriais podem também diminuir a ansiedade.

Os materiais chamados de “materiais de construção do

conhecimento” podemos citar os materiais montessorianos de encaixe

geométricos (tamanho, espessura, peso) esses materiais aos poucos vão

dando noções completas as crianças estimulando o desenvolvimento motor e

cognitivo, mantendo o aluno concentrado. Atividades artísticas (música,

desenho) também desenvolvem a capacidade de atenção, a sensibilidade e a

memorização.

A alimentação também influencia o desenvolvimento do autista. Uma

boa dieta alimentar facilita sua vida evitando alergias que dificultam seu avanço

na aprendizagem.

A terapia comportamental é de muita importância para o

desenvolvimento do autista, pois ela estimula o estímulo e o esforço, a extinção

de comportamentos inadequados do seu desenvolvimento e as expressões

verbais.

São indicados os métodos TEACCH (tratamento e educação para o

autista e crianças com distúrbios relacionados na comunicação), o ABA

(Análise Aplicada ao Comportamento), e o PECS (Sistema de Comunicação

40

Mediante a Troca de Figuras). As tarefas propostas por essas técnicas podem

ser realizadas junto com a escola e com a família. A forma lúdica é a maneira

mais indicada para alcançarmos resultados motores e cognitivos. São também

instrumentos de propostas educativas e de relação afetiva com o saber e o

desenvolvimento.

3.4. Tecnologia Assistiva

É uma área do conhecimento e de pesquisa que tem se revelado

com um importante horizonte de possibilidades para autonomia, comunicação,

inclusão escolar e social da pessoa com necessidades educacionais especiais.

Ela engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e

serviços com o objetivo de promover a funcionalidade e participação de

deficiência ou mobilidade reduzida, visando à autonomia, à independência, à

qualidade de vida e a inclusão social.

Muitos são os recursos, mas o computador é uma eficaz tecnologia

assistiva, pois auxilia a aquisição de conhecimento pela ludicidade dos

softwares educativos. è um conjunto de ajuda atua no déficit cognitivo que a

criança possui constando as dificuldades que ela está apresentando no

processo da aprendizagem facilitando a obtenção do conteúdo que está sendo

dado em sala de aula.O mediador a partir destas observações irá traçar um

plano de trabalho educacional onde o computador será mais um dos recursos a

ser utilizado com o objetivo de desenvolver o interesse da criança pela

aprendizagem dos conteúdos acadêmicos, melhorar sua auto estima, já que o

computador permite a demora da resposta de acordo com o processo de

elaboração mental da criança.

3.5. Dicas para o Professor

O professor deve:

1. Penetrar no mundo autista;

2. Concentrar-se no contato visual;

41

3. Trazer sempre o olhar do autista para atividades que ele está

fazendo;

4. Entreter-se com as brincadeiras do autista;

5. Procurar sempre enriquecer a comunicação;

6. Mostrar a cada palavra uma ação e a cada ação uma palavra;

7. Tornar hábitos cotidianos agradáveis;

8. Fazer tudo com serenidade, mas com voz clara e firme.

Os alunos precisam encontrar no espaço escolar acolhimento,

segurança para conseguirem estabelecer uma disciplina e a sua autonomia

espontaneamente. Esta estrutura tem que valorizar todos os seus atos e

prepará-lo para aprendizagem. Penetrar no “eu” de cada criança é

importantíssimo e deve vir antes de qualquer ensino.

Só pode-se incluir com amor, com perseverança e acreditando no

que se faz.

42

CONCLUSÃO

Apesar das dificuldades encontradas para a implantação da inclusão

na escola regular de ensino pode-se fazer um trabalho de qualidade desde que

se tenha vontade, muita pesquisa e determinação por parte das pessoas que

estão envolvidas neste processo.

Para que haja uma educação inclusiva não basta ter a garantia das

leis. O Brasil tem uma estrutura legal muito avançada no que se refere à

garantia dos direitos das pessoas com necessidades especiais, mas tem que

haver condições de fazer uma inclusão de qualidade. Para que isto aconteça e

a educação dessas pessoas ocorra há mudanças necessárias a serem feitas

relativas ao currículo, à avaliação e a flexibilidade do ensino.

O currículo tem que sofrer adaptações necessárias.

As famílias muito poderiam contribuir nesta discussão trazendo sua

visão das necessidades diárias desses alunos. Deverá ficar claro para os

envolvidos neste processo que o aprendizado destas crianças será prepará-los

para a vida visando sua autonomia. Sendo assim, a formação acadêmica não

deverá ser necessariamente prioridade. O acolhimento, a segurança e o amor

serão essenciais dentro deste processo.

A formação profissional é outro problema a ser enfrentado, pouco se

sabe a respeito do assunto para ser transmitido, tudo ainda é muito novo. O

conhecimento está sendo construído através de pesquisas e muitas vezes sem

levar em conta a opinião de pessoas envolvidas neste processo (professores,

profissionais da área de saúde, família etc.).

O governo não tem oferecido uma formação continuada aos

profissionais da educação a fim de prepará-los para exercer sua função e

assim possam atender aos alunos com a devida atenção que necessitam.

Outro problema é que todas as escolas regular deveriam ter sala de

recursos, o que não acontece, apenas 12% delas têm estas salas. E estas

43

atendem a alunos de outras escolas sobrecarregando, assim, o profissional

que nela trabalham, que além de atender ainda têm que fazer o intercambio

deste atendimento com os professores e equipe técnica pedagógica das

escolas destes alunos, precisando para isto, se locomover para estes locais.

O atendimento vinculado a área de saúde também é precário. As

vagas oferecidas não dão conta da demanda e isto é importante para que a

inclusão seja feita com qualidade. O diálogo entre estas áreas é fundamental

para o sucesso da inclusão.

Envolver os profissionais da educação, da cultura, da saúde, das

UBS (Unidade Básica de Saúde), dos CREAS (Centro de Referência

Especializado de Assistência Social), dos CRAS (Centro de Referência de

Assistência Social) se faz necessário.

A educação inclusiva atingiu diretamente a educação especial, que

atendia crianças com algum tipo de deficiência, isto era um comportamento que

segregava. A educação especial muito tem a contribuir com a inclusão, pois o

conhecimento construído nesta área passa a ser necessária à todos os

educadores na troca de experiências que podem ser passadas em curso de

formação continuada.

Temos que valorizar as diferenças e lutar contra os critérios seletivos

dentro da escola, proporcionando oportunidades à todos.

Maria Montessori, Jean Piaget, Paulo Freire entre outros fizeram a

diferença na educação, rompendo paradigmas de uma escola tradicional para

atender ao educando flexibilizando o ensino respeitando a individualidade do

aluno.

Todos somos sujeitos da educação inclusiva: alunos, professores,

pais, outros profissionais envolvidos no processo de atuação relacionados a

escola e a sociedade como um todo.

44

Esta é uma discussão muito mais ampla e é preciso analisar a

história da educação e abrir um debate onde esteja presente à ética, a política

e o pedagógico.

O desafio de construir uma escola que garanta a pluralidade onde

todos nós estaremos no mesmo patamar sem segregação será um ganho para

a sociedade.

45

BIBLIOGRAFIA

CUNHA, Eugênio. Autismo e Inclusão. Psicopedagogia e práticas

educativas na escola e na família. 5ª ed., Rio de Janeiro: Wak, 2014.

_______________. Práticas Pedagógicas para a Inclusão e Diversidade. 4ª

ed., Rio de Janeiro: Wak, 2014.

FONSECA, Bianca. Mediação Escolar e Autismo. A prática pedagógica

intermediada na sala de aula. 1ª ed., Rio de Janeiro: Wak, 2014.

ORRÚ, Silvia Ester. Autismo. O que os pais devem saber? 2ª ed., Rio de

Janeiro: Wak, 2011.

SPENCER, Eric; RODRIGUES, Janine Marta Coelho. A Criança Autista. Um

estudo psicopedagógico. 1ª ed., Rio de Janeiro: Wak, 2010.

VALLE, Bertha de Borja Reis do; COSTA, Marly de Abreu; FÁVERO, Osmar -

Políticas Públicas em Educação. Curitiba: IESDE BRASIL, 2009

46

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I Marcos Legais da Educação Especial no Brasil 10 1.1. Mudanças nas Políticas Educacionais Legais 11 1.2. Perspectiva Educacional de Inclusão 11 1.3. Legislação da Educação Especial 13 CAPÍTULO II Autismo 21 2.1. Conceito 22 2.2. Como Lidar com o TGD na Escola? 23 2.3. O que é Autismo 24 2.4. Comportamento do Indivíduo com Autismo 26 2.5. Tratamento e Prognóstico 26 2.6. Autismo e Outras Síndromes 28 2.6.1. Síndrome de Rett 28 2.6.2. Transtorno Desintegrativo da Infância 28 2.6.3. Síndrome de Asperger 29 2.7. Convivendo com o Autismo 29 CAPÍTULO III A Inclusão dos Portadores de Espectro Autista no Ensino Regular 32 3.1. O que o Educador Precisa Saber 32 3.2. A Construção de Ações de Acolhimento 38 3.3. Currículo com Atividades Funcionais 38 3.4. Tecnologia Assistiva 40 3.5. Dicas para o Professor 40 CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA 45