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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AUTISMO
Marilda Pontes Mattos
ORIENTADORA: Profª Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro 2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Especial e Inclusiva. Por: Marilda Pontes Mattos
Rio de Janeiro 2015
AUTISMO
4
DEDICATÓRIA
A minha mãe (in memoriam) que sempre me incentivou e me formou mostrando o caminho do amor e respeito ao próximo.
5
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo identificar ações que facilitem a
inclusão do aluno com Espectro Autista na escola regular, seu aprendizado,
seu acolhimento e seu preparo para a vida cotidiana.
Faz uma abordagem histórica sobre o privilégio da educação
inclusiva no Brasil e as leis que a regem atualmente.
Define o que é autismo, as síndromes relacionadas e os métodos
usados para seu tratamento.
Trata a questão da inclusão no contexto escolar.Que atitudes os
profissionais envolvido no processo (professores, escola, família e sociedade)
deverão ter para que esta inclusão seja verdadeira preparando o aluno para a
vida cotidiana.
6
METODOLOGIA
A escolha da metodologia adotada foi teórica, através de leitura de
livros, revistas, artigos e sites que levam ao assunto pesquisado – autismo.
O tema destes livros trata o autismo na escola, procurando construir
um corpo de ideias e de práticas de ensino na inclusão escolar do aluno com
espectro autista, enfatizando o trabalho do professor e a grandeza do seu
papel. Também fornecem orientações legais aos pais e a escola; a maneira de
agir para garantirem esta inclusão; que atitudes tomar cobrando do governo o
que está escrito nas leis. Os livros também tratam da mediação escolar que é
um tema muito importante e polemico.
Feita a leitura foi selecionado o que iria ser tratado no trabalho.
Amadureci a ideia de que a inclusão é possível com relatos de profissionais
que já atuam nesta prática e que temos que cobrar do governo atitudes que
garantam a qualidade do ensino inclusivo de qualidade.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – Marcos Legais da Educação Especial no Brasil 10
CAPÍTULO II - Autismo 21
CAPÍTULO III – A Inclusão dos Portadores de Espectro Autista no Ensino
Regular 32
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA 45
ÍNDICE 46
8
INTRODUÇÃO
Este trabalho de pesquisa faz uma análise da trajetória da educação
dos portadores de necessidades especiais, em particular das crianças com
autismo. Faz também uma reflexão das práticas do ensino e da inclusão
escolar, tendo uma abordagem pedagógica levando em conta apontamentos
históricos importantes sobre o princípio da educação inclusiva e os desafios
colocados à docência perante o fazer pedagógico, político e social desta
escolarização, incluindo a mediação que se faz necessária.
No primeiro capítulo será abordado os Marcos Legais da Educação
Especial no Brasil acompanhando o desenvolvimento das leis específicas na
história da educação brasileira. Em especial a lei 12764/12, que Institui a
Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista. No segundo capítulo veremos o que é autismo seus
comprometimentos e quais os tipos existentes. E, finalizando este trabalho será
feita uma análise de como está sendo implementada a inclusão dos portadores
do Espectro autista na escola regular do ensino público e que práticas
educativas deverão ser utilizadas, as adaptações curriculares e a importância
da mediação para o aprendizado.
O aluno autista sinaliza algumas atitudes comportamentais como:
dificuldades na linguagem, tendência a estipulação de uma rotina, obstáculos
nas relações sociais e dificuldade de abstração. Estas características exigem
um acompanhamento clínico, através de um atendimento conjunto entre
psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos. Um trabalho competente e
consciente destes profissionais será de grande importância para o seu
desenvolvimento psicomotor e cognitivo, ajudando à inclusão e facilitando o
trabalho do professor e do seu mediador na socialização deste aluno e nas
avaliações que deverão ser adaptadas para cada aluno.
9
Para compreender a Política Educacional brasileira no decorrer do
século XX é necessário conhecer todo o processo deste caminhar, os Marcos
Legais e Históricos, a luta dos pais e suas conquistas, enumerar atividades que
facilitem a aprendizagem do aluno com Transtorno Espectro Autista (TEA).
As propostas deste estudo objetivam potencializar a socialização do
ser autista, facilitando os fazeres pedagógicos e estimulando socialização,
capacidade cognitiva, psicomotora, sensorial e afetiva realizadas no espaço
escolar e familiar.
10
CAPÍTULO I
MARCOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
NO BRASIL
“Para mim, o utópico não é o irrealizável...” (Paulo Freire).
No Brasil, o primeiro Marco da Educação Especial ocorreu no
período imperial com o nome de Imperial Instituto Benjamin Constant (IBC). Foi
criada pelo Imperador D. Pedro II através do Decreto Imperial nº1.428,de 12 de
setembro de 1.854 e inaugurada,solenemente,no dia 17 de setembro do
mesmo ano.É considerado como o primeiro passo concreto no país para
garantir ao deficiente visual o direito à cidadania.O Instituto derrubou
preconceitos e fez ver que a educação e a profissionalização das pessoas com
deficiência não é uma utopia.
Em 1.857 D. Pedro II também fundou o Instituto Imperial dos surdos-
mudos em 26 de setembro, através da Lei 939, tendo como primeiro diretor o
educador francês Eduardo Hurt.O Instituto criado pelo patrocínio do Imperador
denomina-se atualmente Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).
Ainda no período imperial em 1.874, inovou-se o tratamento de
deficientes mentais no hospital psiquiátrico da Bahia (hoje Juliano Moreira).
Por volta de 1930 surgiram várias instituições para cuidar da
deficiência mental, um número bem superior ao das instituições voltadas para
outras deficiências.
O surgimento para as primeiras entidades privadas marca mais um
fator preponderante na história do nosso país:a filantropia e o assistencialismo.
Estes dois fatores colocam as instituições privadas em destaque no
decorrer da educação especial brasileira, uma vez que o número de
atendimentos realizados por elas era muito superior ao realizado pelas públicas
11
e, por essa razão tinham certo poder no momento de discutir as políticas
públicas junto a instância governamentais.
Assim sendo podemos dividir a história da Educação Especial em
dois momentos: Brasil Imperial e Brasil República. No primeiro, durante o Brasil
Império, as pessoas com deficiências mais acentuadas, eram impedidas de
realizar trabalhos braçais (agricultura ou serviços de casa) eram segregados
em instituições públicas. As demais conviviam com suas famílias e não se
destacavam muito, uma vez que a sociedade, por ser rural, não exigia um grau
muito elevado do desenvolvimento cognitivo. No segundo momento, ao mesmo
tempo em que surgiu a necessidade de escolarização entre população, a
necessidade passa a conceber o deficiente como um indivíduo que, devido
suas limitações, não poderia conviver nos mesmos espaços sociais que os
normais, deveria, portanto, estudar em locais separados e só seriam aceitos na
sociedade aqueles que conseguissem agir o mais próximo da normalidade
possível, sendo capazes de exercer as mesmas funções. Marca este momento
o desenvolvimento da psicologia voltada para a educação, o surgimento das
instituições privadas e das classes especiais (Batista, 2006).
1.1. Mudanças nas Políticas Educacionais Legais
Nas ultimas décadas, em decorrência das pressões de diferentes
setores da sociedade, os políticos educacionais apresentaram sensíveis
mudanças, legitimadas em vários documentos oficiais: A Constituição de 1.988,
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96), as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica,
em nível superior (2001) e as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na
Educação Básica (2001) entre outras.
1.2. Perspectiva Educacional de Inclusão
A política de inclusão de pessoas com necessidades educacionais
especiais nas escolas do Brasil é um tema amplamente discutido em nossa
sociedade como em vários países. Nestes últimos anos, embora legalmente
tenha havido uma série de avanços, as redes de ensino ainda carecem de
12
políticas educacionais que permitam um atendimento escolar que atenda com
eficiência e melhore a qualidade de vida das pessoas. Seria preciso oportunizar
um ensino de qualidade e garantir o acesso às escolas, não só com
profissionais qualificados, mas também com estrutura arquitetônica adequada e
recursos didáticos pedagógicos adequados para receber e tratar co-dignidades
a todos os alunos, inclusive aos que tem necessidades educativas especiais.
Não basta apenas elaborar leis para garantir os direitos e condições
necessárias para o convívio em nossa sociedade, quer que seja no mercado de
trabalho, escola, na família e na comunidade.
Atuar na direção de uma educação efetivamente inclusiva significa,
com certeza, mudanças profundas no cotidiano escolar, nas condições de
trabalho do professor, permitindo-lhes refletir sobre sua prática de ensino e
usufruir da formação continuada, o que não tem sido fácil pelas precárias
condições de trabalho.
A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais em
classes comuns do ensino regular exige um trabalho integrado entre o (a)
professor (a) da classe comum e os (as) professores (as) dos serviços
especializados. Caso isso não ocorra, o educando corre o risco de não atingir
um desenvolvimento satisfatório no campo acadêmico com reflexos em várias
dimensões de sua vida.
Entende-se que a inclusão deva ser uma prática presente na
comunidade escolar, pois ao privarmos crianças da convivência com seus
pares especiais, tiramos-lhes toda a oportunidade de se exercitarem na
construção de valores e da cidadania. Para tanto, os professores
especializados deverão atuar de forma conjunta com os professores de ensino
regular capacitados de prover atendimento aos alunos com necessidades
educacionais especiais.
E o processo de construção do projeto pedagógico da escola deverá
ser tecido levando em consideração a diversidade dos sujeitos nele inscrito,
13
incorporando as necessidades comuns e especiais de seu alunado, e
estimulando a participação dos envolvidos.
A questão central é a conquista de uma educação escolar de
qualidade para todas as crianças e jovens, capaz de garantir sua permanência
na escola e aproximação e ou produção de conhecimento, tendo como alvo
possibilitar-lhes participação na sociedade.
1.3. Legislação da Educação Especial
O Brasil tem uma estrutura legal muito avançada, no que se refere à
garantia dos direitos das pessoas, com necessidades educativas especiais.
A Constituição Federal é a Carta Magna, a Lei maior de uma
sociedade política. A nossa Constituição é de 1998 é de cunho liberal e em seu
artigo 208, inciso III, preserva entre as atribuições do Estado, o “atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino.
A garantia na Constituição resulta o compromisso liberal do Estado
brasileiro de educar a todos, sem qualquer discriminação ou exclusão social,
de tal modo que o acesso ao ensino fundamental, para os educandos, em
idade escolar, sejam normais ou especiais, passa a ser, a partir de 1988, um
direito público subjetivo, isto é, inalterável, sem que as famílias possam abrir
mão de sua exigência perante o Poder Público.
No dispositivo da Constituição de 1988, há avanços e recuo
jurídicos.
Avanço ao dizer que os portadores de deficiência devem receber
atendimento, preferencialmente na rede regular de ensino. E recuo quando
ainda,no final dos anos 80,usa a terminologia excludente ao fazer referência às
pessoas com alguma necessidade especial,no âmbito escolar,usando o termo
“portadores de deficiência”.
14
Em se tratando de análise terminológica, fazemos uma consideração
nas expressões jurídicas no final do século XX, o conceito de deficiência era
herança da Medicina e dos enfoques clínico patológicos de séculos anteriores.
O termo “portadores de deficiência” nos leva a um Brasil excludente
que tratava seus doentes, deficientes ou não, como “portadores de moléstia
infecciosa”.Este enfoque clínico perdurou até a Constituição de 1988.
Na área da educação podemos destacar:
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que é a
Leis que rege a educação no Brasil, é uma Lei ordinária, isto é, abaixo da
Constituição Federal.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é a 9394/96
de 20 de dezembro de 1996. Ela é derivada da Constituição Federal, que a
partir de 1997 fez a correção social e a mudança da terminologia “portadores
de deficiência” para “educandos com necessidades educacionais especiais”.
Em seu artigo 4º, inciso III, a LDB diz que é dever do Estado, com a
educação escolar pública ser efetivado mediante a garantia “de atendimento
educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades
especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”.
Logo vemos os avanços do dispositivo da Lei 9394/96:
a) O atendimento gratuito no âmbito da rede oficial de ensino,
portanto não pode ser cobrado;
b) Pessoas com idade escolar são consideradas “educandos com
necessidades especiais”, o que pressupõe um enfoque pedagógico, ou melhor,
psicopedagógico, em se tratando de atendimento educacional. Os educandos
são responsabilidades de todos os que promovem a formação escolar.
O capítulo V da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB) trata, em seus artigos 58,59 e 60,da Educação Especial.
15
O artigo 58 da LDB mistura os enfoques clínicos e pedagógicos em
conceituar a educação especial como “modalidade de educação escolar
oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para educando de
portadores de necessidades especiais”.
No § 1º do art. 58, o legislador diz que” haverá,quando necessário,
serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às
peculiaridades da clientela ou educação especial”. Tratando assim os
educandos com necessidades especiais como doentes utilizando a palavra
clientela.
No seu § 2º diz que “o atendimento educacional será feito em
classes, escolas ou serviços especializados sempre que não houver condições
de sua integração em classes comuns de ensino regular”.
Em seu § 3º garante a escolaridade já na Educação Infantil (zero a
seis anos) será dever do Estado oferecer educação especial.
No artigo 59 os sistemas de ensino terão que assegurar aos
educandos com necessidades especiais currículos, métodos, técnicas,
recursos educativos e organização específicos para atender às suas
necessidades fazendo as devidas adaptações aos termos citados.
Em seus históricos as escolas terão que usar uma terminalidade
específica para aqueles que não puderam atingir o nível exigido para a
conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e a
aceleração para concluir em menos tempo o programa escolar para os
superdotados;
Também aborda a formação dos professores que terão que ter uma
“formação adequada em nível médio ou superior para atendimento
especializado” e no ensino regular deverão ser “capacitados para integração
desses educandos nas classes comuns”;
Aborda o preparo desses educandos para o mercado de trabalho
”visando a sua efetiva integração na vida em sociedade” criando convênios
16
com instituições para que os “que não revelem capacidade de inserção no
trabalho competitivo tenham oportunidades no mercado” assim como para
aqueles que apresentem “uma habilidade superior nas áreas artística,
intelectual ou psicomotora”.
Em seu quinto parágrafo visa o acesso igualitário aos benefícios de
programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino
regular.
Em seu artigo 60 fala dos órgãos normativos dos sistemas de ensino
que “estabelecerão critérios para as instituições privadas sem fins lucrativos”
que sejam especializadas e com atenção exclusivas em educação especial,
condições de funcionamento com apoio financeiro e técnico pelo Poder
Público.
O Poder Público deverá adotar, como alternativa a ampliação do
atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede
pública regular de ensino, independente do apoio às instituições privadas.
Terão que criar as salas de recursos e outras alternativas para este
atendimento.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi instituído pela Lei
8069 de 13 de julho de 1990 e regulamenta os direitos das crianças e dos
adolescentes. Nenhuma criança ou adolescente ficará excluído de qualquer
direito à educação visando o pleno desenvolvimento e preparo para o exercício
de cidadania e qualificação para o trabalho. Garante a igualdade de condições
e respeito por seus educadores. A criança ou o adolescente deverá ter acesso
à escola pública e gratuita próximo de sua casa.
O Decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005 regulamenta a Lei
10436 de 24 de abril de 2002 que reconhece a Língua de Sinais (Libras) como
meio legal de comunicação e expressão. E dispõe sobre a inclusão de Libras
como disciplina curricular a formação e a certificação de professor, instrutor e
interprete de Libras .
17
Libras é considerado a segunda Língua Portuguesa é assegurado a
criança o ensino e o direito ao intérprete.É exigido `formação de professor
qualificado ficando estabelecido que o ensino de Libras deve constar no
currículo do curso de formação de professor e no curso superior a fim.
A resolução nº 4 CNE/CEB de 2009 institui diretrizes operacionais
para o atendimento educacional especializado na Educação Básica, que deve
ser oferecido no turno inverso da escolarização, prioritariamente nas salas de
recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino
regular.
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) também pode ser
realizado em centros de atendimento educacionais especializados públicos ou
em instituições de caráter comunitário, confessional ou filantrópico sem fins
lucrativos conveniados com a Secretaria de Educação.
A resolução nº 2 CNE/CEB de 11 de novembro de 2001 trata das
Diretrizes Nacionais para a Educação Básica visando a Política Nacional da
Educação inclusiva. Institui a oferta para a formação de professores em
Educação Especial em instituições superiores em nível de graduação e pós
graduação.
O Plano Nacional de Educação (PNE) é uma Lei prevista na
Constituição Federal e também citado na LDB. É elaborado fixando objetivos,
diretrizes e metas para todos os níveis e modalidades de ensino.Consolidando
o sistema de Educação garante os recursos públicos necessários à
manutenção e desenvolvimento da educação escolar reduzindo as
desigualdades sociais e regionais.
Na educação especial as Diretrizes Curriculares da Educação
Especial na Educação Básica, junto com a LDB e com a Política Nacional de
Educação Especial garantem que os currículos,métodos,recursos educativos e
as organizações específicas para atendimento às necessidades destes alunos
serão oferecidas nas escolas em material humano ou em equipamentos
pedagógicos assegurando qualidade às necessidades educacionais especiais.
18
A Lei 13005/2014 aprova o novo PNE e sua Meta nº4 que
universaliza para a população de quatro a dezessete anos, com necessidades
especiais como deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas
habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento
educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com
garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais,
classes escolares ou serviços especializados, públicos ou conveniados.
O Decreto nº8368 de 2 de dezembro de 2014 regulamenta a Lei
12.764/2012 que Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) alterando o §3º do art.98 da
Lei 8112 de 11 de dezembro de 1990.
Como todo aluno com necessidade especial esta lei garante o
acesso a inclusão educacional em todos os níveis, etapas e modalidades de
ensino.
A Lei 12.764/2012 engloba o autismo como uma deficiência e assim
sendo deve ter o direito a atenção integral tanto na saúde como educacional,
além do direito a inserção no mercado de trabalho observadas as
peculiaridades desta deficiência. Também diz que em caso de comprovada
necessidade, a pessoa com TEA incluída no ensino regular terá direito a um
acompanhante escolar especializado.
No Estado do Rio de Janeiro a Lei nº 6169/2011 estabelece a
criação de Centros de Reabilitação para o Atendimento Multidisciplinar para
Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) possibilitando um
atendimento mais abrangente.
Em nível Municipal há o Projeto de Lei nº 1565/2012 que prevê a
criação de cargos de apoio à Educação com finalidade de atendimento
especializado às crianças com necessidades especiais no Município do Rio de
Janeiro, substituindo o cargo de agentes auxiliares de creche e cumprindo a
função dos agentes educacionais especializados.
19
A partir do ano de 2015 cada CRE receberá 10 Agente de Apoio à
Educação para serem distribuídos nas escolas à fins.
A proposta de Educação Inclusiva tem sua gênese na Conferência
de Educação para todos, promovida pela UNESCO, em 1.990, na Tailândia.
Nesse evento, por meio de um Plano de Ação, foi estabelecida uma orientação
político-filosófica relativa às propostas educacionais dirigidas aos com
necessidades educacionais para contemplar questões básicas de
aprendizagem. Todos os países presentes assinaram o documento que tinha o
intuito de ampliar o conceito de aprendizagem para todas as crianças, jovem e
adulto, incluindo aqueles com necessidades educacionais especiais. A esse
respeito, cabe lembrar o seu artigo I:
Essas necessidades compreendem tanto os instrumentos essenciais para a aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expressão oral, o cálculo, a solução de problemas) quanto aos conteúdos básicos da aprendizagem (como conhecimentos, habilidades, valores e atitudes) necessárias para que os seres humanos possam sobreviver desenvolver plenamente suas potencialidades, viver e trabalhar com dignidade, participar plenamente do desenvolvimento, melhorar a qualidade de vida, tomar decisões fundamentais e continuar aprendendo (p.1).
Em 1.994, representantes de alguns países do mundo, inclusive o
Brasil, reunidos em Salamanca, na Espanha, reafirmaram os princípios, as
políticas e as estratégias de atendimento às necessidades educacionais
especiais, bem como as linhas de ação para efetivá-las por meio de um
documento que ficou conhecido internacionalmente como Declaração de
Salamanca. Esse documento aponta para a necessidade de os países reverem
as bases filosóficas e metodológicas de suas políticas educacionais no sentido
de garantirem, efetivamente, educação para todos, sem discriminações ou
privilégio.
Todos, deficientes ou não, têm direito de exercitar a sua cidadania.
A concepção de inclusão, na Declaração de Salamanca, considera também a
existência de diferenças sob a perspectiva da diversidade sociocultural e da
desigualdade econômica. Assim, além das crianças chamadas deficientes,
passam a ser consideradas alvo das políticas de inclusão:
20
(...) crianças (...) superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minoria linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos marginalizados (UNESCO, 1994)
A Declaração de Salamanca resultou na ampliação do conceito de
necessidades educacionais especiais. Dessa forma, não só os alunos que
apresentam deficiência (mental, visual, física, motora, auditiva e múltipla,
condutas típicas, síndromes diversas e quadros neurológicos e psiquiátricos ou
com altas habilidades são contemplados). Essa nova abordagem passa
também a incluir aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem
decorrentes de inúmeros outros fatores.
Para as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, as dificuldades de aprendizagem absorvem uma diversidade de necessidades educacionais especiais e podem estar associadas, sobretudo a: (...) dificuldades específicas de aprendizagem, como a dislexia e disfunções correlatas; problemas de atenção, perceptivos, emocionais de memória, cognitivos, psicolinguísticos, e ainda a fatores ecológicos e socioeconômicos, como as privatizações de caráter sociocultural e nutricional (Brasil, 2002, p. 44).
A meta da inclusão é não deixar ninguém fora do sistema escolar,
portanto, este deve adaptar-se às especialidades de cada um dos alunos.
21
CAPÍTULO II
AUTISMO
“O homem por ser inacabado, incompleto, não sabe de maneira
absoluta. Somente Deus sabe de maneira absoluta”. (Paulo Freire)
A palavra autismo é de origem grega (autos), que significa “por si
mesmo”. Usada dentro da Psiquiatria para denominar comportamentos
humanos que se centralizam em si mesmo.
O autismo não é uma doença, mas sim uma síndrome que de
acordo com o dicionário médico Stedman (1987) é “o agregado de sinais e
sintomas associados a uma mesma patologia e que em seu conjunto definem o
diagnóstico e o quadro clínico de uma condição médica”. Em geral as
síndromes são o conjunto de determinados sintomas, de causa desconhecida
ou em estudos que recebem o nome do cientista que o descreveu.
O autismo foi descrito pela primeira vez em 1943 pelo psiquiatra
austríaco Léo Kanner que publicou na revista Nervous Child, vol.2, p.217-250
um artigo com o título “Autistic Disturbance off Affetive” (Distúrbios Autisticos do
Contato Afetivo) que relatava o estudo de 11 crianças com um quadro de
autismo extremo, com obsessão, estereotipias e ecolalia.
O também austríaco Hans Asperger, em sua tese de doutorado
descreveu a psicopatia autista da infância.Kanner e Asperger não se
conheciam,o primeiro morava nos EUA e era época da Segunda Guerra
Mundial.Eles usaram a palavra autismo para nomear os sintomas que
observaram em pacientes.
O trabalho de Asperger só veio a se tornar conhecida década de 70,
após uma médica inglesa – Lorna Wing – traduzir seu trabalho para o inglês. A
partir daí um tipo de autismo passou a ser denominado “Síndrome d Asperger”.
22
O psicólogo Bruno Bettlhein nos anos de 1950 e 1960 afirmava que
a causa do autismo seria a indiferença da mãe. Essa teoria foi rejeitada e
outras causas passaram a ser pesquisadas.
Hoje estudos apontam que o autismo está ligado a causa genéticas
associadas às causas ambientais. Uma das possíveis causas ambientais está
ligada a contaminação por metais pesados como mercúrio e o chumbo.
Problemas na gestação também são apontados como causa. O uso de drogas
e infecções também deve ser considerado.
2.1. Conceito
Segundo a classificação dos Transtornos Mentais da Organização
da Organização Mundial de Saúde, o autismo se constitui em Transtorno
Global do Desenvolvimento (TGD) que são distúrbios nas interações sociais
recíprocas que costuma manifestar-se nos cinco primeiros anos de vida.assim
como pelo estreitamento nos interesses e nas atividades.
São considerados Transtornos Globais do Desenvolvimento:
§ Transtorno Autista;
§ Transtorno de Rett;
§ Transtorno Desintegrativo da Infância;
§ Transtorno de Asperger;
§ Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra
Especificação.
Com relação à interação social, crianças com TGD apresentam
dificuldades em iniciar e manter uma conversa. Algumas evitam o contato
visual e demonstram aversão ao toque do outro, mantendo-se isoladas. Podem
estabelecer contato por meio de comportamentos não verbais e, ao brincar,
preferem ater-se a objetos no lugar de movimentarem-se junto das demais
crianças. Ações repetitivas são bastante comuns. Os Transtornos Globais do
23
Desenvolvimento também causam variações na atenção, na concentração e,
eventualmente, na coordenação motora. Mudanças de humor sem causa
aparente e acessos de agressividade são comuns em alguns casos. As
crianças apresentam seus interesses de maneira diferenciada e podem fixar
sua atenção em uma só atividade, como observar determinados objetos, por
exemplo.
Com relação à comunicação verbal, essas crianças podem repetir as
falas dos outros – fenômeno conhecido como ecolalia – ou, ainda, comunicar-
se por meio de gestos ou com uma entonação mecânica, fazendo uso de
jargões.
2.2. Como Lidar com o TGD na Escola?
Crianças com transtornos de desenvolvimento apresentam
diferenças e merecem atenção com relação às áreas de interação social,
comunicação e comportamento. Na escola, mesmo com tempos diferentes de
aprendizagem, esses alunos devem ser incluídos em classes com os pares da
mesma faixa etária.
Estabelecer rotinas em grupo e ajudar o aluno a incorporar regras de
convívio social são atitudes de extrema importância para garantir o
desenvolvimento na escola. Boa parte dessas crianças precisa de ajuda na
aprendizagem da autorregulação.
Apresentar as atividades do currículo visualmente é outra ação que
ajuda no processo de aprendizagem desses alunos. Fazer ajustes nas
atividades sempre que necessário e contar com a ajuda do profissional
responsável pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE). Também
cabe ao professor identificar as potências dos alunos. Investir em ações
positivas, estimular a autonomia e fazer o possível para conquistar a confiança
da criança. Os alunos com TGD costumam procurar pessoas que sirvam como
“porto seguro” e encontrar essas pessoas na escola é fundamental para o
desenvolvimento.
24
2.3. O que é Autismo
O autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se
manifesta de maneira grave por toda a vida. É incapacitante e aparece
tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acomete cerca de 20 entre cada
10 mil nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no
feminino. Encontrado em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração
racial, étnica e social. Não foi provado, até agora, qualquer causa psicológica
no meio dessas crianças, que possa causar a doença.
Segundo a ASA (Austism Society of American), os sintomas são
causados por disfunções físicas do cérebro, verificados pela anamnese ou
presentes no exame com o indivíduo. E incluem:
1. Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas,
sociais e linguísticas.
2. Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais
afetadas são: visão, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o
corpo.
3. Fala e linguagem ausentes ou atrasadas. Certas áreas
específicas do pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita
compreensão de ideias. Uso de palavras sem associação com o significado.
4. Relacionamento anormal com objetos, eventos e pessoas.
Respostas não apropriadas para as pessoas (adultos e crianças). Objetos e
brinquedos não são usados de maneira devida.
A ASA listou algumas características que indivíduos com autismo
exibem como:
• Dificuldades de relacionamento com outras crianças;
• Riso inapropriado;
• Aparente sensibilidade à dor;
25
• Preferência pela solidão, modos arredios;
• Rotação de objetos,inapropriada fixação em objetos;
• Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade;
• Ausência de resposta aos métodos normais de ensino;
• Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina;
• Não tem real medo do perigo (consciência de situações que
envolvam perigo);
• Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de
cócoras,colocar-se de pé numa perna só, impedir a passagem
por uma porta, liberando-a após tocar de uma determinada
maneira os alisares);
• Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar de linguagem
normal);
• Recusa colo ou afagos;
• Age como se estivesse surdo;
• Dificuldade em expressar necessidades – usa gesticular e
apontar no lugar de palavras;
• Acessos de raiva – demonstra extrema aflição sem razão
aparente;
• Irregular habilidade motora – pode não querer chuta uma
bola, mas pode arrumar blocos.
Nem todos os indivíduos com autismo têm todos estes sintomas,
porém a maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da
criança. Estes variam de leve a grave e em intensidade de sintoma para
26
sintoma. As alterações dos sintomas ocorrem em diferentes situações e são
inapropriadas para sua idade.
2.4. Comportamento do Indivíduo com Autismo
• Usa as pessoas como ferramenta;
• Resiste à mudança de rotina;
• Não se mistura com outras crianças;
• Apego não apropriado a objetos;
• Não mantém contato visual;
• Age como se fosse surdo;
• Resiste ao aprendizado;
• Não tem medo do perigo;
• Risos e movimentos não apropriados;
• Resiste ao contato físico;
• Acentuada hiperatividade física;
• Gira objetos de maneira excêntrica e peculiar;
• Às vezes é agressivo e destrutivo;
• Modo e comportamento indiferente e arredio.
2.5. Tratamento e Prognóstico
A gravidade do autismo oscila bastante, porque as causas, não
sendo as mesmas, podem produzir significativas diferenças individuais no
27
quadro clínico. Desta forma, o tratamento e o prognóstico variam de caso a
caso.
Os indivíduos com autismo têm uma expectativa de longevidade
normal.
O transtorno autista é permanente, até o presente momento não tem
cura.
O tratamento tem que ser adequado de acordo com o indivíduo,
apropriado em função das características e particularidades da pessoa.
A terapia pressupõe uma equipe multidisciplinar com médico
(pediatra, neurologista,psiquiatra e odontologia) e tratamento não médico
(psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, terapia ocupacional, fisioterapia e
orientação familiar).Preparo para a vida profissional e inclusão social,a
intervenção apropriada resulta em considerável melhora no prognóstico.A base
da terapia presume o envolvimento da família.
Os remédios continuam sendo componente importante em um
programa de tratamento, porém nem todos os indivíduos necessitarão utilizar
medicamentos. Não existe medicação e nem tratamento específico para
autista.
Para o tratamento ter sucesso depende muito do empenho dos
profissionais que se dedicam ao atendimento desses indivíduos.
A demora no processo de diagnóstico e aceitação é prejudicial ao
tratamento, uma vez que a identificação precoce deste transtorno global do
desenvolvimento permite um encaminhamento adequado e influencia
significativamente na evolução da criança.
Os atendimentos precoces e intensivos podem fazer uma diferença
importante no prognóstico do autismo.
O quadro de autismo não é estático, alguns sintomas modificam-se,
outros podem amenizar e vir a desaparecer, porém outras características
28
poderão surgir com a evolução do indivíduo. São aconselhadas avaliações
constantes (sistemáticas e periódicas).
2.6. Autismo e Outras Síndromes
Com base no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DMS-V) outras síndromes estão relacionadas ao Espectro de Autismo
como já visto o Síndrome de Rett, o Transtorno Desintegrativo da Infância, a
Síndrome de Asperger, a Síndrome de Willians,a Síndrome de Turner,
Síndrome do X Frágil entre outras.
Veremos com mais detalhes as três primeiras.
2.6.1. Síndrome de Rett
É um distúrbio neurológico incapacitante com grau severo.Provoca a
gradual regressão do desenvolvimento psicomotor de meninas previamente
normais.
Somente diagnosticado em meninas.
As pessoas portadoras desse transtorno podem apresentar, durante
o passar dos anos, desgaste muscular, rigidez e nenhuma capacidade de
linguagem. Tornam-se dependentes em potencial.
2.6.2. Transtorno Desintegrativo da Infância
Conhecido também como psicose desintegrativa. Foi descrita como
uma deteriorização lenta das funções intelectuais, sociais e da linguagem.
Envolvem um conjunto de problemas associados à evolução global do
indivíduo.
De causa desconhecida tem sido associada a estados neurológicos,
abrangendo perturbações convulsivas, esclerose tuberosa e outros transtornos
metabólicos.
29
Seu aparecimento é por volta dos dois anos.Tem perda repentina ou
sutil das habilidades de comunicação verbal e não verbal.Também
perturbações motoras,ansiedade, impulso a repetição de atos e problemas no
controle esfincteriano.
2.6.3. Síndrome de Asperger
A princípio denominada como “psicopatia autista” considerada um
distúrbio do desenvolvimento associado a alterações orgânicas enfatizando a
hipótese de uma lesão de integração de informações.Crianças com
comprometimento de integração social, inteligência em níveis aceitáveis e sem
atrasos no desenvolvimento de linguagem. Assim, pessoas com algum retardo
mental e sem atrasos na linguagem recebem o diagnóstico de portadores de
Transtorno de Asperger ou Síndrome de Asperger.
Na vida adulta essas pessoas são consideradas excêntricas,
diferentes e com comportamento estranho.
Pessoas com Síndrome de Asperger tem comprometimentos na
relação social usando gestos comunicativos não verbais, expressão facial,
postura do corpo e contato visual com outras pessoas, são marcados por
notáveis perturbações.Parecem não desenvolver uma disposição espontânea
para compartilhar atividades, interesses ou realizações.
Desenvolvem uma escolarização dentro da normalidade sem
problemas expressivos de aprendizagem.
2.7. Convivendo com o Autismo
O autismo continua sendo um distúrbio difícil para as crianças e
suas famílias, mas a perspectiva atual é muito melhor do que nas gerações
anteriores. Com o tratamento certo muitos sintomas podem melhorar.
A maioria das pessoas autistas consegue viver com suas famílias e
em sociedade. A perspectiva dependa da gravidade do autismo e do
30
tratamento que a pessoa recebe. Um tratamento psicológico é muito importante
tanto para o autista como para a família.
O principal objetivo do tratamento é de desenvolver as habilidades
sociais e comunicativas da criança por meio da redução dos sintomas do
autismo e do suporte do desenvolvimento e aprendizado.
A forma de tratamento que tem mais sucesso é o que é direcionado
as necessidades específicas da criança. O especialista ou uma equipe deve
desenvolver o programa para cada criança. São várias as terapias.
Alguns programas focam na redução de problemas comportamentais
e na aprendizagem de novas habilidades. Um desses programas é o ABA
(Análise do Comportamento) que usa uma abordagem de aprendizagem
individual, muito usado em crianças pequenas, reforçando a prática de várias
habilidades e estimulando as que ainda não dominam . O objetivo é que a
criança se aproxime do funcionamento normal do desenvolvimento.
Geralmente feito em casa sob a supervisão de um psicólogo comportamental.
O outro programa é o TEACCH (Tratamento e Educação para
Autista e Crianças com Déficits Relacionadas a Comunicação) utiliza recursos
visuais que ajudam a criança a trabalhar de forma independente e a organizar
e estruturar seu ambiente.Este programa tenta melhorar as habilidades e a
adaptação de uma criança aceitando os problemas associados aos distúrbios
do espectro do autismo.
Se diferencia do ABA pois o TEACCH não espera que as crianças
atinjam o desenvolvimento normal com tratamento.
Outro programa é o PECS (Sistema de Comunicação por Meio da
Troca de Figuras – Picture Exchange Comunications System) que ajuda
crianças e adultos portadores da síndrome autista ou portadores de outros
distúrbios de desenvolvimento a adquirir habilidades de comunicação que é
fundamental para pessoa estabelecer relações, saber expressar o que deseja
31
.Este método de intervenção promove a aquisição e o desenvolvimento da
linguagem que é fundamental para a comunicação da criança autista.
Como todo ser humano, o autista pode ser sociável, apesar de
apresentar dificuldades na comunicação. As pessoas precisam de motivação e
os autistas tem uma resposta positiva à ela quando interagem durante as
atividades de estimulação.O que uma pessoa autista precisa é de um espaço
de estímulo planejado individualmente que podem ser executadas tanto
individual ou coletivamente.
O respeito as suas diferenças e o ritmo de desenvolvimento são
fundamentais.
32
CAPÍTULO III
A INCLUSÃO DOS PORTADORES DE ESPECTRO
AUTISTA NO ENSINO REGULAR
“O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma
criança: tudo começa com um ato de amor...” (Rubem Alves).
A Educação Especial é uma modalidade de educação escolar,
oferecida, preferencialmente na rede regular de ensino e para educandos
portadores de necessidades especiais.
Os principais objetivos da Educação Especial são: atender os
portadores de deficiências em escolas; ampliar o acesso desses alunos nas
classes comuns; fornecer uma aprendizagem na qual as crianças possam
adquirir conhecimentos juntos, porém, tendo objetivos e processos
diferentes;desenvolver no professor a capacidade de usar formas criativas de
lidar com os alunos portadores de necessidades especiais.
Os princípios encontrados na Educação Especial e na Inclusão são
de justiça e igualdade, considerando que todos tem o direito à oportunidade de
acesso à educação nas mesmas condições.
É importante crianças autistas estudarem em escola regular porque
através da convivência com crianças sem comprometimentos, elas podem
“aprender” por imitação. Também precisam de profissionais qualificados.
3.1. O que o Educador Precisa Saber
Geralmente as crianças aprendem por meio das brincadeiras com os
pais, colegas e professores na escola. Ela faz amizades, adquire habilidades
motoras e cognitivas. Maria Montessori chama a mente das crianças de “mente
absorvente” porque simplesmente vivendo a criança aprende. Nas crianças
autistas as coisas não acontecem bem assim. Há uma relação diferente entre o
cérebro e os sentidos, as informações nem sempre se transformam em
33
conhecimento.Os objetivos não se tornam atraentes por sua função mas em
razão do estímulo que promovem. As estereotipias causam atraso no
desenvolvimento motor, principalmente nos movimentos finos. Tudo isso passa
a ter valor pedagógico: os usos, as habilidades e as atividades mais
elementares da vida diária devem ser exercitadas, buscando o conhecimento
funcional e mais destreza motriz.
O grande foco na educação deve estar no processo de
aprendizagem e não nos resultados, pois, nem sempre, eles virão de maneira
rápida.
A educação nas escolas inclusivas deve ser vivenciada
individualmente na sala de recursos e na sala de aula de ensino comum,
favorecendo a socialização, porque incluir é aprender junto.
A concentração para atividades pedagógicas é pequena, porém, por
menor que seja a concentração do autista, esta atividade deve ser repetida
todos os dias, de maneira lúdica e agradável, de maneira que não se torne
cansativa, mas sempre seja uma nova descoberta. Temos que educar para
promover a autonomia na criança.
A sala de recursos deve ser simples, sem muitos objetos para que
não haja muito estímulo. Nestes ambientes o aluno recebe uma educação
individualizada, específica, com ênfase na mudança de alguns
comportamentos e aprendizado de outros. O aluno precisa visualizar apenas os
materiais e brinquedos que irá trabalhar para uma maior concentração. O
professor deverá observar que objetos ou atividades o atrai mais. O professor
precisa aprender a lidar com a realidade do autista.
A atribuição do educador é a de promover e dispor de uma série de
condições educativas para que a criança autista não se torne um adulto
incapaz. O que importa é a aquisição de habilidades sociais e o
desenvolvimento de sua autonomia. A criança precisa aprender a tomar banho,
escovar os dentes, vestir-se e fazer as refeições.
34
As descobertas dos autistas são muito influenciadas pelas
sensações com pouca relação cognitiva. Estimular a percepção de uma de
uma criança ajuda o desenvolvimento de abstrações, pensamento e ideias.
Para melhor aproveitar as propostas pedagógicas devem ser observados os
aspectos:
1) Capacidade sensorial: tato, audição, visão são campos
perceptivos muito sensíveis. É sempre bom falar baixo e procurar manter o
ambiente o mais tranquilo possível, se algo sair fora do controle deverá
tranquilizar o aluno e redirecionar sua atenção.A percepção tátil deve ser o
caminho para realizar descobertas por meio de materiais de desenvolvimento
ou brinquedos pedagógicos.No campo visual o professor deverá mostrar
constantemente os objetos dizendo os nomes .Sempre que estiver realizando
alguma tarefa o professor deve conduzir seu olhar para aquilo que o aluno
estiver fazendo, isto desenvolverá a atenção durante as atividades
pedagógicas.O professor deverá ficar atento as atividades motoras em razão
das estereotipias.
2) Capacidade espacial: no autista esta capacidade fica
fragmentada pela razão do autista não fazer uma observação global do espaço.
A inteligência espacial regula os sentidos de lateralidade e
direcionamento. Nos movimentos, o indivíduo aperfeiçoa a sua coordenação
motora e a percepção corporal obtendo orientação física. O autista não
aprende na observação espontânea, então é imprescindível criar atividades
para esse fim. Atividades que explorem todos os espaços do ambiente, como
correr, rodar pneu, jogar bola. Participar de brincadeiras junto com outros
alunos também é importante.
3) Capacidade de simbolizar: o autista não brinca de “faz de
conta” dificultando a imaginação e fica difícil dar funções a objetos e absorver
conceitos e símbolos. Isto gera problemas na cognição e na escrita e em outras
áreas como a linguagem a linguagem. O professor deve estimular a
imaginação e a criatividade como copiar desenhos incluindo sempre
35
modificações,usar material pedagógico com diferentes combinações de
execução,contar e recontar histórias, modificando-as constantemente.
4) Subjetividade: perceber o sentido e a subjetividade das ações
é muito complexo no autista. A dificuldade de reconhecer o afeto de outras
pessoas também provoca o isolamento. Autistas tem dificuldades de percepção
temporal, vivendo mais o presente. A imaginação é importante pois envolve
brincadeiras que projetam o futuro e papeis sociais.
O professor deve proporcionar atividades onde sejam
identificado e interpretado algum contexto emocional que poderá ser um
caminho facilitador para a leitura de situações subjetivas e simbólicas do dia a
dia. Os comandos devem ser diretos, as palavras e as ordens tem que ser
claras.
5) Linguagem: como a codificação e abstração de símbolos são
importantes para a aquisição da comunicação social fica difícil, no universo
autista, dar sentido a linguagem e utilizá-la para fins de comunicação. É comum
ter ecolalia.
O professor deve procurar olhar sempre para a criança
chamá-lo pelo nome, identificar-se, apontar dizer nome dos objetos, dos
sentimentos, expressar verbalmente e distinguir desejos, vontades e
necessidades. É importante,para o funcionamento social da linguagem, que o
significado da palavra seja percebido antes do seu uso por meio da codificação
simbólica de experiências.è importante se falar de maneira suave, sem pressa
e claramente permitindo um aprendizado natural descortinando os caminhos da
comunicação com o mundo exterior.
6) Cognição: na cognição fundam-se as representações
socioculturais medidas pela linguagem, pela interação social e pela repetição,
isto torna dificultoso para o autista. Então o foco deve ser o indivíduo, deve-se
observar que aptidões o aluno possui e possam ser propulsora para a
aquisição de habilidades.
36
7) Hiperatividade: no autismo os sintomas são relacionados a
complexidades neurológicas ou a toxinas alimentares e até fatores alimentares
como envenenamento por chumbo ou uso de drogas e álcool no período pré-
natal.
Os períodos de trabalho com o autista não deverá ser longo,
mas em pequenas etapas, com tarefas curtas, as longas dificultam a
concentração. Mesmo que o professor tenha que repetir por diversas vezes
algum exercício, deverá ter o cuidado de não cansar seu aluno.
8) Estereotipia: é uma característica bem visível no autismo.
Precisa ser avaliada por parte do professor que tiver com a criança a fim de se
descobrir quais os mecanismos que deflagram a sua ocorrência.
As estereotipias inibem o desenvolvimento motor natural.
Como servem de mecanismo de expressão, representam alegrias, emoções,
ansiedades, frustrações e momentos de excitação de origens diversas e em
razão delas, o autista, o autista, fica privado de experiências de
amadurecimento tendo regressão de habilidades já adquiridas e bloqueio de
novas.
O professor terá, sem imitar o aluno, que inibir
constantemente a recorrência aos movimentos estereotipados, substituindo por
movimentos adequados que ele precisa descobrir e que produzirão progressos
na área cognitiva.
9) Psicomotricidade: é o resultado da ação do sistema nervoso
sobre a musculatura como resposta à estimulação. No autismo ela pode ser
muito comprometida havendo prejuízos na coordenação motora fina, na
coordenação visio-motora, na fala, na maturação do equilíbrio do corpo, na
lateralidade ou na dominância lateral indefinida.Pode surgir problemas de
ordem espacial, distinção de direita/ esquerda, dificuldades de leitura e
escrita.Quem não conhece seu corpo pode apresentar dificuldades de
percepção do ambiente prejudicando sua interação com o meio.
37
O professor deverá incentivar o seu desenvolvimento
psicomotor no espaço escolar usando materiais pedagógicos que estimulem o
raciocínio e os movimentos que são excelentes recursos para o
aperfeiçoamento motor fino. As atividades lúdicas de educação física que
explorem o equilíbrio, o manejo de objetos e os exercícios com o corpo, onde
os membros superiores e inferiores se alterem coordenadamente em
movimentos orientados, ajudam qualquer criança a adquirir uma boa
coordenação motora.
10) Socialização: como no autismo a fala, a linguagem, a
capacidade imaginativa, a memória e o desenvolvimento cognitivo são afetados
pela falta de integração não existindo a compreensão dos princípios sociais
que dão significado a aspectos da vida, não ocorre espontaneamente o
aprendizado das condutas, das atividades, das brincadeiras e de tantas outras
coisas que descobrimos na convivência com outras pessoas.
O professor deverá promover a interação do aluno autista
com outros alunos e em grupo. Este tempo deverá sempre ser acrescido
jamais diminuído. Sua autonomia e interação social são ganhos importantes e
ajudam o desenvolvimento pessoal, interpessoal e cognitivo.Ele poderá
descobrir regras sociais de convivência.
11) Afeto: o autista tem comportamento centrado em si mesmo,
sendo assim tem dificuldades para se relacionar levando-o ao isolamento.
O vínculo com o mundo exterior como carinho dos pais,
abraços ou companhia dos amigos são efêmeros. Eles têm dificuldades de
reconhecer sentimentos e demonstrar afeto aos outros. Mas o amor dos pais e
dos professores podem reverter este quadro,criando receptividade a
manifestações de afeto e de carinho.
O professor deverá ter como proposta de educação
canalizar as emoções do aluno para suas experiências de aprendizagem.
Atentar para o interesse do aluno e seus desejos. Assim estará se
comunicando com afeto.
38
3.2. A Construção de Ações de Acolhimento
A relação afetiva do aluno autista com o professor é o início do
processo de construção da sua autonomia na escola. O professor pode
trabalhar a interpretação das emoções, o que pode ser usado para qualquer
grupo de estudante. Acima de tudo o professor deverá saber que não pode
esperar resultados imediatos, mas por conquistas. E a primeira é o vínculo
afetivo. É importante usar suas aptidões, seus interesses, seus gostos e
planejar atividades em conjunto. As atividades deverão ter caráter terapêutico,
afetivo e pedagógico. Proporcionando melhor qualidade de vida e
independência. Terão que ser feito entrevistas familiar, anamnese, sessões
lúdicas e de avaliação pedagógica, laudo médico e o histórico do caso são
importantes ferramentas. Quem avalia uma criança autista tem que transmitir
segurança.
Esta estrutura deve ser o primeiro passo para o bom acolhimento do
aluno e da família.
3.3. Currículo com Atividades Funcionais
Construir um currículo com ações inclusivas é um desafio e uma
concepção de aprendizagem que inclui o objetivo de propiciar autonomia.
Nas séries iniciais caracteriza-se por ensinar a criança
independência nas ações mais cotidianas como despir ou vestir uma roupa;
dobrar ou guardar uma roupa; utilizar talheres etc.
Um currículo funcional para a vida prática compreende tarefas que
podem ser executadas com sintonia entre a escola e a família alcançando
etapas estabelecidas.
Cada etapa alcançada demanda uma nova. Quando a criança não
conseguir realizar uma tarefa o professor ou os pais deverão colaborar para
que não tenha sentimento de fracasso.
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A avaliação é o primeiro passo para a construção de um currículo
escolar para o aluno autista. Saber quais as habilidades devem ser
conquistadas. Ele deve desenvolver aptidões básicas, motoras e acadêmicas.
Através de um currículo que descreve aspectos sociais, o aluno
poderá descobrir o valor das amizades, o afeto, o carinho e o amor, regras
sociais que ajudam a memorização, as rotinas diárias etc.
Quanto as atividades e os materiais usados, tanto em sala de aula
como em na sala de recursos deverão explorar o sensorial que é estimulante.
Rasgar jornal e brincar com água para aliviar tensões e desenvolver
coordenação motora fina, usar tinta para rabiscar papéis com dedos em forma
de prensa, subir escadas e rolar pneus para atividades motoras. As atividades
sensoriais podem também diminuir a ansiedade.
Os materiais chamados de “materiais de construção do
conhecimento” podemos citar os materiais montessorianos de encaixe
geométricos (tamanho, espessura, peso) esses materiais aos poucos vão
dando noções completas as crianças estimulando o desenvolvimento motor e
cognitivo, mantendo o aluno concentrado. Atividades artísticas (música,
desenho) também desenvolvem a capacidade de atenção, a sensibilidade e a
memorização.
A alimentação também influencia o desenvolvimento do autista. Uma
boa dieta alimentar facilita sua vida evitando alergias que dificultam seu avanço
na aprendizagem.
A terapia comportamental é de muita importância para o
desenvolvimento do autista, pois ela estimula o estímulo e o esforço, a extinção
de comportamentos inadequados do seu desenvolvimento e as expressões
verbais.
São indicados os métodos TEACCH (tratamento e educação para o
autista e crianças com distúrbios relacionados na comunicação), o ABA
(Análise Aplicada ao Comportamento), e o PECS (Sistema de Comunicação
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Mediante a Troca de Figuras). As tarefas propostas por essas técnicas podem
ser realizadas junto com a escola e com a família. A forma lúdica é a maneira
mais indicada para alcançarmos resultados motores e cognitivos. São também
instrumentos de propostas educativas e de relação afetiva com o saber e o
desenvolvimento.
3.4. Tecnologia Assistiva
É uma área do conhecimento e de pesquisa que tem se revelado
com um importante horizonte de possibilidades para autonomia, comunicação,
inclusão escolar e social da pessoa com necessidades educacionais especiais.
Ela engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e
serviços com o objetivo de promover a funcionalidade e participação de
deficiência ou mobilidade reduzida, visando à autonomia, à independência, à
qualidade de vida e a inclusão social.
Muitos são os recursos, mas o computador é uma eficaz tecnologia
assistiva, pois auxilia a aquisição de conhecimento pela ludicidade dos
softwares educativos. è um conjunto de ajuda atua no déficit cognitivo que a
criança possui constando as dificuldades que ela está apresentando no
processo da aprendizagem facilitando a obtenção do conteúdo que está sendo
dado em sala de aula.O mediador a partir destas observações irá traçar um
plano de trabalho educacional onde o computador será mais um dos recursos a
ser utilizado com o objetivo de desenvolver o interesse da criança pela
aprendizagem dos conteúdos acadêmicos, melhorar sua auto estima, já que o
computador permite a demora da resposta de acordo com o processo de
elaboração mental da criança.
3.5. Dicas para o Professor
O professor deve:
1. Penetrar no mundo autista;
2. Concentrar-se no contato visual;
41
3. Trazer sempre o olhar do autista para atividades que ele está
fazendo;
4. Entreter-se com as brincadeiras do autista;
5. Procurar sempre enriquecer a comunicação;
6. Mostrar a cada palavra uma ação e a cada ação uma palavra;
7. Tornar hábitos cotidianos agradáveis;
8. Fazer tudo com serenidade, mas com voz clara e firme.
Os alunos precisam encontrar no espaço escolar acolhimento,
segurança para conseguirem estabelecer uma disciplina e a sua autonomia
espontaneamente. Esta estrutura tem que valorizar todos os seus atos e
prepará-lo para aprendizagem. Penetrar no “eu” de cada criança é
importantíssimo e deve vir antes de qualquer ensino.
Só pode-se incluir com amor, com perseverança e acreditando no
que se faz.
42
CONCLUSÃO
Apesar das dificuldades encontradas para a implantação da inclusão
na escola regular de ensino pode-se fazer um trabalho de qualidade desde que
se tenha vontade, muita pesquisa e determinação por parte das pessoas que
estão envolvidas neste processo.
Para que haja uma educação inclusiva não basta ter a garantia das
leis. O Brasil tem uma estrutura legal muito avançada no que se refere à
garantia dos direitos das pessoas com necessidades especiais, mas tem que
haver condições de fazer uma inclusão de qualidade. Para que isto aconteça e
a educação dessas pessoas ocorra há mudanças necessárias a serem feitas
relativas ao currículo, à avaliação e a flexibilidade do ensino.
O currículo tem que sofrer adaptações necessárias.
As famílias muito poderiam contribuir nesta discussão trazendo sua
visão das necessidades diárias desses alunos. Deverá ficar claro para os
envolvidos neste processo que o aprendizado destas crianças será prepará-los
para a vida visando sua autonomia. Sendo assim, a formação acadêmica não
deverá ser necessariamente prioridade. O acolhimento, a segurança e o amor
serão essenciais dentro deste processo.
A formação profissional é outro problema a ser enfrentado, pouco se
sabe a respeito do assunto para ser transmitido, tudo ainda é muito novo. O
conhecimento está sendo construído através de pesquisas e muitas vezes sem
levar em conta a opinião de pessoas envolvidas neste processo (professores,
profissionais da área de saúde, família etc.).
O governo não tem oferecido uma formação continuada aos
profissionais da educação a fim de prepará-los para exercer sua função e
assim possam atender aos alunos com a devida atenção que necessitam.
Outro problema é que todas as escolas regular deveriam ter sala de
recursos, o que não acontece, apenas 12% delas têm estas salas. E estas
43
atendem a alunos de outras escolas sobrecarregando, assim, o profissional
que nela trabalham, que além de atender ainda têm que fazer o intercambio
deste atendimento com os professores e equipe técnica pedagógica das
escolas destes alunos, precisando para isto, se locomover para estes locais.
O atendimento vinculado a área de saúde também é precário. As
vagas oferecidas não dão conta da demanda e isto é importante para que a
inclusão seja feita com qualidade. O diálogo entre estas áreas é fundamental
para o sucesso da inclusão.
Envolver os profissionais da educação, da cultura, da saúde, das
UBS (Unidade Básica de Saúde), dos CREAS (Centro de Referência
Especializado de Assistência Social), dos CRAS (Centro de Referência de
Assistência Social) se faz necessário.
A educação inclusiva atingiu diretamente a educação especial, que
atendia crianças com algum tipo de deficiência, isto era um comportamento que
segregava. A educação especial muito tem a contribuir com a inclusão, pois o
conhecimento construído nesta área passa a ser necessária à todos os
educadores na troca de experiências que podem ser passadas em curso de
formação continuada.
Temos que valorizar as diferenças e lutar contra os critérios seletivos
dentro da escola, proporcionando oportunidades à todos.
Maria Montessori, Jean Piaget, Paulo Freire entre outros fizeram a
diferença na educação, rompendo paradigmas de uma escola tradicional para
atender ao educando flexibilizando o ensino respeitando a individualidade do
aluno.
Todos somos sujeitos da educação inclusiva: alunos, professores,
pais, outros profissionais envolvidos no processo de atuação relacionados a
escola e a sociedade como um todo.
44
Esta é uma discussão muito mais ampla e é preciso analisar a
história da educação e abrir um debate onde esteja presente à ética, a política
e o pedagógico.
O desafio de construir uma escola que garanta a pluralidade onde
todos nós estaremos no mesmo patamar sem segregação será um ganho para
a sociedade.
45
BIBLIOGRAFIA
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educativas na escola e na família. 5ª ed., Rio de Janeiro: Wak, 2014.
_______________. Práticas Pedagógicas para a Inclusão e Diversidade. 4ª
ed., Rio de Janeiro: Wak, 2014.
FONSECA, Bianca. Mediação Escolar e Autismo. A prática pedagógica
intermediada na sala de aula. 1ª ed., Rio de Janeiro: Wak, 2014.
ORRÚ, Silvia Ester. Autismo. O que os pais devem saber? 2ª ed., Rio de
Janeiro: Wak, 2011.
SPENCER, Eric; RODRIGUES, Janine Marta Coelho. A Criança Autista. Um
estudo psicopedagógico. 1ª ed., Rio de Janeiro: Wak, 2010.
VALLE, Bertha de Borja Reis do; COSTA, Marly de Abreu; FÁVERO, Osmar -
Políticas Públicas em Educação. Curitiba: IESDE BRASIL, 2009
46
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I Marcos Legais da Educação Especial no Brasil 10 1.1. Mudanças nas Políticas Educacionais Legais 11 1.2. Perspectiva Educacional de Inclusão 11 1.3. Legislação da Educação Especial 13 CAPÍTULO II Autismo 21 2.1. Conceito 22 2.2. Como Lidar com o TGD na Escola? 23 2.3. O que é Autismo 24 2.4. Comportamento do Indivíduo com Autismo 26 2.5. Tratamento e Prognóstico 26 2.6. Autismo e Outras Síndromes 28 2.6.1. Síndrome de Rett 28 2.6.2. Transtorno Desintegrativo da Infância 28 2.6.3. Síndrome de Asperger 29 2.7. Convivendo com o Autismo 29 CAPÍTULO III A Inclusão dos Portadores de Espectro Autista no Ensino Regular 32 3.1. O que o Educador Precisa Saber 32 3.2. A Construção de Ações de Acolhimento 38 3.3. Currículo com Atividades Funcionais 38 3.4. Tecnologia Assistiva 40 3.5. Dicas para o Professor 40 CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA 45