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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A DEPENDÊNCIA QUÍMICA E O ABSENTEÍSMO: O IMPACTO NAS ORGANIZAÇÕES Regina Célia Alves Victório ORIENTADOR: Prof. Carlos Cereja Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A DEPENDÊNCIA QUÍMICA E O ABSENTEÍSMO: O

IMPACTO NAS ORGANIZAÇÕES

Regina Célia Alves Victório

ORIENTADOR:

Prof. Carlos Cereja

Rio de Janeiro 2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A DEPENDÊNCIA QUÍMICA E O ABSENTEÍSMO: O

IMPACTO NAS ORGANIZAÇÕES

Rio de Janeiro

2016

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em MBA em Gestão em Recursos Humanos. Por: Regina Célia Alves Victório

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AGRADECIMENTOS

Para Deus por ser minha fortaleza e

aos meus familiares que me

incentivaram a lutar por mais essa

vitória.

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DEDICATÓRIA

Ao meu cônjuge por me fazer acreditar

na minha potencialidade, nos

momentos que mais fraquejei, diante do

seu adoecimento, logo após inserção

no curso, mas consegui vencer todas

as dificuldades na conquista desta

proposta.

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RESUMO

Este estudo é uma análise reflexiva sobre o uso e abuso de álcool e outras

drogas e o absenteísmo e seus impactos nas empresas. Neste contexto, o

presente estudo procurou analisar a literatura pesquisada sobre o tema

proposto e levantar informações sobre programas de prevenção e recuperação.

O objetivo principal da proposta é identificar a relação do uso de álcool e outras

drogas com o absenteísmo e seus impactos nas organizações e fazer uma

análise desse impacto e suas possíveis intervenções.

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METODOLOGIA

Esta pesquisa está pautada na investigação do tema proposto e que poderá

contribuir para a definição de políticas públicas relacionadas ao estudo.

A pesquisa é bibliográfica, pois foi elaborada e analisada a partir do material

coletado e constituído principalmente de: livros, artigos de revistas,

dissertações e teses, jornais e materiais disponibilizados na internet.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

O Trabalho e Seu Histórico na Vida do Homem 12

CAPÍTULO II

Conceituando Álcool e Drogas e Seus Efeitos 16

CAPÍTULO III

A Relação do Uso de Álcool e Outras Drogas com o Absenteísmo e Seus

Impactos 24

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 46

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INTRODUÇÃO

O trabalho tem um papel fundamental para os indivíduos no mundo, pois

contribui para a formação de sua identidade e permite que participem da vida

social como elemento essencial para a saúde.

Porém este mesmo trabalho, no mundo capitalista atual, tende a ser gerador de

sofrimento. Alguns fatores tais como competitividade, condições de trabalho,

estresse, sobrecarga ou excesso de ócio, pressão do tempo, etc., podem ser

considerados como fatores propiciadores ou desencadeadores do sofrimento

no trabalho. E para responder este sofrimento, o consumo indevido de álcool e

outras drogas são utilizados como estratégia para o enfrentamento destas

situações insensibilizando contra o que faz sofrer.

O uso e abuso álcool e outras drogas podem trazer muitos riscos e prejuízos à

vida do individuo. No ambiente de trabalho este, pode ser considerado um

hábito extremamente negativo, já que os acidentes de trabalho tornam-se mais

presumíveis, a produtividade do trabalhador diminui e o desempenho do

funcionário tende a ser tornar inconstante. Tudo isso pode pôr em risco a vida

do profissional e o emprego dele. As faltas, atrasos, acidentes e indenizações

prejudicam a sustentabilidade das empresas e aumentam os gastos com saúde

e previdência.

A questão central desta proposta é analisar o impacto do uso de álcool e outras

drogas e o absenteísmo nas organizações e identificar qual a relação da

dependência química, o absenteísmo e o mundo do trabalho.

O uso do álcool e outras drogas podem contribuir para a elevação do

absenteísmo nas organizações.

A realidade contemporânea tem colocado novos desafios no campo da saúde,

principalmente na área de álcool e outras drogas. O uso abusivo de drogas

tornou-se um problema social e uma grande questão de saúde pública.

No primeiro capítulo, o estudo visa abordar o trabalho na vida do homem como

o papel fundamental para os indivíduos e como contribuição para a formação

de sua identidade.

No capítulo II , apresento a conceituação de álcool e drogas e seus efeitos.

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No capítulo III visa abordar sobre a relação do uso de álcool e outras drogas

com o absenteísmo e seus impactos nas organizações e as possíveis

intervenções no meio laboral.

Finalmente serão sistematizadas na forma de relatórios as conclusões do

estudo.

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CAPÍTULO I

O TRABALHO E SEU HISTÓRICO NA VIDA DO HOMEM

“O trabalho dignifica o homem” (Dito popular). Culturalmente, o “valor” de uma

pessoa ou a sua dignidade está diretamente ligado a sua capacidade de

produção.

Para analisarmos a capacitação dos trabalhadores temos que, em princípio,

considerar o significado do trabalho para cada um, trabalho esse que é

depositário de sonhos, aspirações e desilusões. É ali que a pessoa tem sua

realização e sua frustração.

As organizações têm objetivos definidos e preparam suas estruturas para

atingi-los, estabelecendo hierarquias, normas e procedimentos, tipos de

controle, seleção, treinamentos e avaliações de desempenho. Ao lado de seu

aspecto formal, as organizações estruturam uma imagem de si mesmas que

procuram repassar para seus integrantes, embora isso não se dê de forma

homogênea: é a cultura da empresa que contem diversas sub-culturas. Essa

imagem, por significar muitas vezes uma pressão exagerada sobre os

empregados, pode se constituir em risco.

“(...)Um homem se humilha Se castram seus sonhos Seu sonho é sua vida E vida é trabalho E sem o seu trabalho Um homem não tem honra E sem a sua honra Se morre, se mata Não dá prá ser feliz Não dá prá ser feliz .“ (Gonzaguinha: Um homem também chora, 1983

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Outro aspecto que não pode deixar de ser abordado é aquele que diz respeito

às Leis e regras do contexto geral do país a que o sistema produtivo está

condicionado. De um modo geral, mudanças de grande impacto na Legislação

não são procedidas de medidas de caráter preventivo, ocorrendo apenas,

posteriormente, ações que na maior parte das vezes não conseguem

neutralizar os efeitos negativos sobre a segurança e a saúde dos

trabalhadores. Seligmann (1986) constatou que o aumento do sofrimento

psíquico nos períodos de crise econômica se relaciona á forma adotada para

atingir a maximização da produtividade à deterioração das condições de vida e

ao temor de perder o emprego.

No mundo de hoje, em decorrência da continua evolução da ciência e da

tecnologia, deparamo-nos com uma realidade em que predomina o homem

como massa, em detrimento do homem como individuo (kubler – Ross, 1987).

Porém este mesmo trabalho, no mundo capitalista atual, tende a ser gerador de

sofrimento. Alguns fatores tais como competitividade, condições de trabalho,

estresse, sobrecarga, ou excesso de ócio, pressão do tempo, etc., podem ser

considerados como fatores propiciadores ou desencadeadores do sofrimento

no trabalho. E para responder este sofrimento, o consumo indevido de álcool e

outras drogas são utilizados como estratégia para o enfrentamento destas

situações insensibilizando contra o faz sofrer.

1.1. O Trabalho e o Homem

Após a Segunda Guerra, o mundo do trabalho caracterizou-se por

padronização no contrato de trabalho, na duração da jornada de trabalho e em

relação ao lugar do trabalho. Predominavam as negociações de contrato

coletivo, e o padrão de “emprego seguro”, localizado nas grandes empresas,

constituía-se no sonho dos trabalhadores em geral.

O trabalho é inerente ao homem, tanto que desde a antiguidade o homem

primitivo busca de forma incessante meios de satisfazer suas necessidades,

O ser humano é o único que consegue transformar a natureza através de seu trabalho. Revista Pré Univesp / Chris Bueno, 2015

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como por exemplo, saciar sua fome, abrigar-se e defender-se, através de uma

forma de trabalho.

A partir dos anos de 1970, as características inerentes ao novo trabalhador

mudaram radicalmente, passando “o mundo do trabalho a ser povoado por

indivíduos independentes, automotivados, que tomam suas decisões a partir de

interesses e preferências individuais”, (Sorj, 2000).

O mundo do trabalho sofreu, nas duas últimas décadas, transformações

profundas, que resultaram em mudanças nas formas de contratação e

emprego, e nos modos de desempenhar e vender a mão de obra (Sorj, 2000).

Conseqüentemente, as características necessárias ao trabalhador, para

adaptar-se a um novo mercado de trabalho, também passaram a ser bem

peculiares. Oliveira (2003) argumenta que a flexibilização do contrato de

trabalho acabou com a distinção formal entre tempo trabalhado e tempo ocioso,

entre emprego e desemprego, aumentando a produtividade e criando o

chamado “trabalho abstrato’ e modificando as relações sociais. Essa realidade

exige uma grande capacidade de adaptação do individuo, no sentido de rever

sua concepção de vida, para inserir-se adequadamente no mundo do trabalho.

É fácil observar que um individuo com as relações sócio - afetivas

comprometidas, como é o caso do usuário de drogas, tem maior dificuldade de

adaptação.

O trabalho faz parte das necessidades humanas e surge junto com o próprio

homem, que precisa trabalhar para sobreviver. E, assim como o ser humano, o

trabalho também evoluiu. A palavra trabalho tem origem no latim tripalium, que

significa “três madeiras” e era o nome dado a um instrumento de tortura

constituído de três estacas de madeira afiadas. Na Europa antiga, escravos e

pessoas que não podiam pagar impostos eram torturadas no tripalium. Assim,

a palavra trabalhar significa “ser torturado”. A idéia de trabalho como tortura

(...)”E sem o seu trabalho Um homem não tem honra E sem a sua honra Se morre, se mata (...)” Gonzaguinha: Um homem também chora, 1983

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acabou sendo estendida para além do tripalium: a atividade física exaustiva de

camponeses, artesão e construtores eram vista como torturante. O termo

passou para o francês travailler, que significa “sentir dor” ou “sofrer” e, com o

passar do tempo, o sentido da palavra passou a ser “realizar uma atividade

exaustiva, dura”.

1.2. Visões Filosóficas Sobre o Trabalho

“Se a divisão do trabalho produz a solidariedade, não é apenas porque ela faz

de cada individuo um ‘trocador”, como dizem os economistas, é porque ela cria,

entre os homens, todo um sistema de direitos e deveres que os aliam uns aos

outros de maneira duradoura. Do mesmo modo que as similitudes sociais dão

origem a um direito e a uma moral que as protegem, a divisão de trabalho dá

origem a regras que asseguram o concurso pacífico e regula as funções

divididas”. Durkheim, 2004 .

”O trabalho não é a satisfação de uma necessidade, mas apenas um meio para satisfazer outras necessidades”. Karl Marx, 2008

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CAPÍTULO II

CONCEITUANDO ÁLCOOL E DROGAS E SEUS

EFEITOS

Droga, segundo a definição da Organização Mundial da Saúde – OMS é

qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de

atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu

funcionamento.

Uma droga não é por si só boa ou má. Existem substâncias que são usadas

com a finalidade de produzir efeitos benéficos, como o tratamento de doenças,

e são consideradas medicamentos. Mas também existem substâncias que

provocam malefícios á saúde, os venenos ou tóxicos. É interessante que a

mesma substância pode funcionar como medicamento em algumas situações e

como tóxico em outras.

A humanidade possui inúmeros registros históricos evidenciando o uso de

drogas no cotidiano. Na antiguidade, as drogas já eram utilizadas em

cerimônias e rituais para se obter prazer, diversão e experiências místicas

Você é meu caminho Meu vinho, meu vicio Desde o início estava você Meu bálsamo benigno Meu signo, meu guru Porto seguro onde eu voltei Meu mar e minha mãe Meu medo e meu champagne Visão do espaço sideral Onde o que sou se afoga Meu fumo e minha ioga Você é minha droga Paixão e carnaval Meu zen, meu bem, meu mal Caetano Veloso

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(transcendência). Os indígenas utilizavam as bebidas fermentadas álcool, vinho

e a cerveja para o tratamento de uma série de doenças, como meio para

amenizar a dor e como abortivo. O ópio era utilizado pelos gregos e árabes

para fins medicinais, para alívio da dor e como tranqüilizantes. O cogumelo era

considerado sagrado por certas tribos de índios do México, que usavam em

rituais religiosos, induzindo alucinações. Os gregos e romanos usavam o álcool

em festividades sociais e religiosas. Ainda hoje o vinho é utilizado em

cerimônias católicas e protestantes, bem como no judaísmo, no candomblé e

em outras práticas espirituais (Bucher, 1992).

Nesse sentido, a utilização das drogas não representava, em geral, uma

ameaça à sociedade, pois seu uso estava relacionado aos rituais, aos

costumes e aos próprios valores coletivos e, ainda, não se sabia dos efeitos

negativos que elas poderiam causar, não havia estudos científicos. Esses usos

foram raramente percebidos como ameaçadores à ordem social constituída,

exceto durante o período da caça aos heréticos e às bruxas (Escohotado,

1994).

Ao longo desses últimos 30 anos, os efeitos do álcool e de outras drogas

ficaram mais conhecidos. Em conseqüência disso, os problemas foram sendo

reconhecidos de maneira mais expressivos. A partir desse processo, um novo

contexto surgiu e com ele novas formas de usos e abuso.

O alcoolismo desde 1987 vem sendo considerado uma doença por causar no

individuo danos morais, sociais, políticos, econômicos e/ou espirituais. A

importância desta abordagem ganhou reforço após experiência realizada em

uma clínica,quando, ao se adotar o conceito de alcoolismo como sintoma, não

se conseguiu recuperar nem 5% dos seus pacientes, ao contrário do que

ocorreu quando o alcoolismo foi abordado como doença, quando a reabilitação

passou para 38% dos pacientes, tendo como parâmetro a abstinência. Em

1999, o conceito de alcoolismo foi ampliado, passando a ser tratado como uma

doença complexa e multifacetada (Vaillant, 1999). A palavra “dependência”,

quando relacionada ao uso de substâncias psicoativas, significa que o individuo

pode ser influenciado, estar condicionado a algo ou necessitado de mais a

alguém (Vaillant, 1999).

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Destacam-se quatro fatores principais que reforça a exclusão social do usuário

de drogas, de acordo com o Ministério da Saúde, 2004:

1. Associação do uso de álcool e outras drogas à delinqüência;

2. Os estigmas atribuídos aos usuários, promovendo a sua segregação social;

3. Inclusão do tráfico como alternativa de trabalho e geração de renda para as

populações mais empobrecidas;

4. A ilicitude do uso impede a participação social de forma organizada.

Estas características produzem um quadro de desorganização, com diferentes

níveis de comprometimento, percebidos sistematicamente como: aumento do

absenteísmo no trabalho, incapacidade se cumprir as tarefas / metas

estipuladas, perda do emprego, negligência dos papéis sociais, interrupção dos

estudos, adoecimento das relações familiares, descompromisso financeiro,

subordinação a subempregos, desvalorização da auto-imagem, traços

depressivos e sentimentos de caráter negativo com maior freqüência. Afinal, o

tempo despendido para obtenção e consumo da droga e o próprio tempo sob o

seu efeito conduzem a uma reordenação dos hábitos de vida diária, em que a

prioridade desloca-se para a própria droga e o circuito social marginalizado que

envolve.

Na América Latina, a situação de alguns países como produtores centrais de

droga ilícita e como rota de trafico constitui-se em um problema que é

acrescentado à história situação de dificuldades econômicas e problemas

sociais.

Além do que, até mesmo entre os grupos populacionais, alguns são

considerados mais vulneráveis que outros: baixa escolaridade, pobreza e

desemprego figuram entre as variáveis de risco citadas. Vale ressaltar que o

tipo de droga consumida também difere entre os estratos sociais e as regiões

do país. Em recente levantamento domiciliar.

A violência urbana e doméstica é o evento mais visível e mais freqüentemente

associado ao uso de drogas, mas há outros tipos de violência que continuam a

ser pouco compreendida, como a violência no ambiente de trabalho.

Verifica-se, assim, que o contexto do abuso de substâncias é multifacetado,

não sendo possível ignorar, nas análises que visam à compreensão destes

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fenômenos, a dimensão do trabalho humano, tanto do ponto de vista das

conseqüências do uso e abuso, que podem afetar as relações e ações do

trabalho, como da própria participação dos fatores de organização e

desenvolvimento do trabalho como elementos capazes de participar na

complexa determinação da farmacodependência.

2.1. Álcool, Outras Drogas e Seus Efeitos

No contexto da saúde. O Manual da Classificação Internacional de Doenças e

Problemas Relacionados à Saúde (CID 10) define a Síndrome de dependência

de álcool como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e

fisiológicos que se desenvolvem a partir do consumo de uma substância

psicoativa, tipicamente associada ao desejo incontrolável de utilizar a droga, à

dificuldade da manutenção do controle do consumo, à utilização contínua

apesar de suas conseqüências nefastas, à maior prioridade ao uso da droga

em detrimento de outras atividades e obrigações, a um aumento da tolerância

pela droga e, por vezes, a um estado de abstinência física (OMS, 1998).

Segundo Brasil (1940), o Código Penal de 1994 trata de forma repressiva a

questão do alcoolismo, fundamentado na punição a forma de expiação e

recuperação, tratando a questão sob a responsabilidade da justiça que assume

a responsabilidade pelo alcoolista e depois pelo usuário de drogas,

condicionando-os como viciados, potencialmente inclinados para o mal e para

o crime, devendo ser aportados do convívio social.

De acordo com Pereira (2009), citando Sáad (2001), na década de 1950,

quando surge à dupla inserção do dependente como doente e marginal

desaparecem a preocupação com o álcool para dar lugar às novas drogas

ilegais que entram no país. “O viciado é doente e criminoso ao mesmo tempo”.

Ainda de acordo com Sáad (2001), a Lei nº 10.216, sancionada em 06 de abril

de 2001, foi um divisor de águas em relação à atenção aos usuários de álcool e

Não se drogue por não ser capaz de suportar sua própria dor. Eu estive em todos os lugares e só me encontrei em mim mesmo. John Lennon

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outras drogas, embora não tenha significado uma real mudança de paradigma,

pois do ponto de vista da sociedade brasileira, percebe-se que a dependência

de drogas se constituiu um problema moral e de caráter.

Os Levantamentos Domiciliares realizados em 2001 e 2005 pela Secretaria

Nacional Antidrogas (SENAD), em parceria com o Banco Brasileiro de

Informações sobre Drogas (CEBRID), mostram a evolução do consumo de

drogas mais usadas. As pesquisas envolvem entrevistados das 108 cidades

com mais de 200 mil habitantes do Brasil.

Drogas Mais Usada % de Uso na Vida

Drogas 2001 2005

Álcool 68,7 74,6

Tabaco 41,1 44,0

Maconha 6,9 8,8

Solventes 5,8 6,1

Orexígenos 4,3 4,1

Benzodiazepínicos 3,3 5,6

Cocaína 2,3 2,9

Xaropes (codeína) 2,0 1,9

Estimulantes 1,5 3,2

Tabela I – fonte: SENAD, CEBRIDE.

O problema associado ao consumo de bebidas alcoólicas tem sido

reconhecido, de modo crescente, como uma questão de saúde púbica em

muitos países. Dentre os problemas relacionados ao seu consumo, podemos

citar o abuso e a síndrome de dependência de álcool, doenças e seqüelas

físicas do beber intenso.

O álcool está relacionado a mais de 60 diferentes condições médicas, violência

e acidentes, problemas escolares e no ambiente de trabalho, admissões em

hospitais de saúde mental e ocorrências de morte, mesmo em indivíduos que

não apresentam um quadro de dependência ao álcool.

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A Síndrome de Dependência ao Álcool, por sua vez, é uma doença que afeta a

saúde física, o bem-estar emocional e o comportamento do individuo. Segundo

estatísticas americanas atingem 14% de sua população e no Brasil estima- se

que entre 10 e 20% da população sofre deste mal.

Qualquer pessoa que bebe, com qualquer idade, pode apresentar

complicações clínicas e psiquiátricas relacionadas a esse consumo.

De acordo com o DATASUS, considerando o período compreendido entre 1998

e 2001, verifica-se que o maior percentual de gastos é decorrente do uso

indevido de álcool – 87,9%;contra 13% de gastos oriundos no consumo de

outras substâncias psicoativas.

Morbidade Hospitalar no SUS – CAP V – Transtornos Mentais Decorrentes

do Uso de álcool e Outras Substâncias Psicoativas – 1998 a 2001

Morbidade – CID -10 1998 a 2001 Valor Total % gastos

Transtornos mentais e comportamentais

decorrentes do uso de álcool.

232.518.454 87,9 %

Transtornos mentais e comportamentais

decorrentes do uso de outras substâncias

psicoativas.

31.830.502 13,1%

Total de gastos anuais 264.348.956 100%

Tabela II – fonte: DATASUS - MS.

Somente no ano de 2002, o SUS gastou R$ 74.447.824,64 com 96.295

internações psiquiátricas hospitais relativas a transtornos decorrentes do uso

abusivo/dependência de álcool e outras drogas (DATASUS, 2002). Estes

dados são subestimados, devido a limitações relacionadas à notificação dos

agravos não previstos pelo sistema (ex.: distúrbios gastrintestinais,

endocardites, overdoses e outros), também de custo bastante elevado.

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Ano Nº de Internações Psiquiátricas Valor Gasto

1998 101.794 60.886.490.12

1999 99.542 64.963.594.86

2000 97.958 65.292.087.38

2001 98.652 69.206.783.79

2002 96.295 74.447.824.64

Tabela III – fonte: DATASUS, 2002.

O álcool compromete vários órgãos e funções do organismo, dependendo da

intensidade do consumo e da sustentabilidade individual, podendo causar

alterações gastrointestinais, cardiovasculares, neurológicos, sangüíneas, entre

outras. As manifestações clínicas estão relacionadas às ações farmacológicas

do álcool.

Outros fatores de risco associados são: idade, sexo, raça, predisposição

genética, estado nutricional, características imunológicas, condição clínica

prévia.

As substâncias psicoativas são aquelas que, quando ingeridas, bebidas,

injetadas, fumadas ou inaladas, afetam o sistema nervoso central. Segundo a

Organização Mundial de Saúde, podem classificar-se como:

1. Depressoras: Diminuem e inibe a atividade motora, a reação à dor e a

ansiedade, sendo freqüente um efeito euforizante inicial (diminuição das inibições)

e posteriormente aumento da sonolência, como por exemplo, no caso do álcool.

Os principais depressores do sistema nervoso central são:

• Álcool;

• Opiáceos;

• Fármacos sedativos- hipnóticos.

2. Estimulantes: Aumentam o estado de alerta e aceleração dos processos

psíquicos, a atividade do sistema nervoso central e, como conseqüência, a taxa

metabólica do organismo. São exemplos:

• Anfetamina;

• Cocaína;

• Nicotina;

• Cafeína.

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3. Perturbadoras: são substâncias que levam ao aparecimento de diversos

fenômenos psíquicos anormais como alucinações e delírios, sem que haja

inibições ou estimulação global do sistema nervoso central. Modificam o curso do

pensamento e as percepções sensoriais e podem provocar hiperestesias e

ilusões de movimento. Estas drogas, também chamadas psicodélicas, alteram a

nossa percepção do mundo. São exemplos:

• LSD;

• Canabinoides;

2.2. As Principais Categorias de Substâncias de Abuso

1. Álcool

• Cerveja, vinho, bebidas licorosas;

• Diferentes quantidades de álcool puro em produtos, como os

medicamentos de venda livre.

2. Drogas

• Cannabis;

• Psicodepressores;

• Alucinógenos;

• Narcótico;

• Estimulantes.

3. Medicamentos

• Antidepressivos;

• Analgésico;

• Tranqüilizante.

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CAPÍTULO III

A RELAÇÃO DO USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

COM O ABSENTEÍSMO E SEUS IMPACTOS

O uso abusivo de drogas constitui fator de risco para acidentes/violência, com

alta ocorrência de agravos tipo trauma, culminando em mortes, perdas

funcionais temporárias ou permanentes, e elevados custos sociais e

econômicos (Brasil, 2014). De acordo com um estudo do instituto Nacional do

Seguro Social (INSS) sobre a relação de trabalhadores e a dependência

química, houve entre 2009 e 2013, um acréscimo superior a 50% nos números

de trabalhadores afastados do trabalho por problemas enfrentados pelo uso de

cocaína e de álcool, esse último presente em 84,6% dos casos (Brasil, 2014;

Martins, 2013).

A Legislação brasileira, por meio da Lei 11.343/06, preconizou o Sistema

Nacional de Políticas sobre Drogas (SISNAD), que busca articular as atividades

desenvolvidas pelos profissionais da saúde, coordenando programas de

prevenção, promoção, tratamento e reinserção social aos usuários de álcool e

outras drogas, assim como a repressão ao tráfico. Embora tenha evoluído

muito, o tratamento aos usuários de drogas de abuso, por meio de centros de

tratamento e reabilitação, o individuo ainda é visto como um perigo para a

sociedade, gerando discriminação e dificultando o tratamento e atendimento

desta epidemia (Gabartz, Joham, Terras, Padoin & Brum, 2013).

A dependência é uma doença primária, crônica, cujo desenvolvimento e

manifestações são influenciados por fatores genéticos, psicológicos, sociais e

ambientais; a doença é freqüentemente progressiva e potencialmente fatal,

“A droga inicia como um bem, se instala como uma

necessidade e finda como um câncer “.

Ataíde Lemos

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caracteriza-se por uma perda de o controle do consumo, permanente ou

temporário, apesar das conseqüências negativas e acompanha-se de

distinções cognitivas, com particular ênfase para a negação. Os fatores

inerentes a algumas condições de trabalho (trabalhos perigosos, horários

prolongados, trabalho por turno, ritmos excessivos, distress, frustração, falta de

estímulos, baixos salários, insegurança no emprego...) são susceptíveis de

afetar negativamente a saúde dos trabalhadores, comportando múltipos fatores

de risco, quer físicos, quer psicossociais, interagindo e potencializando os

problemas ligados ao consumo de álcool e outras drogas.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho – OIT (2003):

1. Os trabalhadores que consomem substâncias psicoativas têm maior

probabilidade de ocorrência de acidente de trabalho do que os trabalhadores

em geral;

2. Até 40% dos acidentes de trabalho envolvem ou estão relacionados com o

consumo de álcool;

3. Os trabalhadores que consomem substâncias psicoativas tendem a

ausentar-se mais freqüentemente do trabalho;

4. Cometem mais erros e faltam mais no primeiro dia útil da semana;

5. Tendem a chegar ao local de trabalho mais tarde e a sair mais cedo do que

a população trabalhadora geral;

6. Envolvem- se mais freqüentemente em conflitos, comportamentos violentos

e furtos e são mais repetidamente alvo de queixas.

A questão do consumo de drogas no trabalho tem gerado muitas

conseqüências sobre a empresa, e também sobre os trabalhadores e as suas

famílias. No que se refere aos trabalhadores, o abuso de substâncias pode

causar problemas de saúde, deterioração das relações pessoais, perda de

emprego e problemas e familiares, legais e financeiros. Ao nível das empresas,

o abuso de substâncias tem sido associado a acidentes, absenteísmo e perda

de produtividade.

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O fenômeno do abuso de drogas deve, portanto, ser contextualizado e

analisado como pertencente a um conjunto de fatores ao qual pode estar

integrado de modos distintos. Diante disso a drogadição se estabelece a partir

de uma dinâmica relacional entre sujeito, a droga e o contexto.

Os prejuízos causados nas empresas relacionados a acidentes de trabalho e

queda da produtividade estão, na maioria das vezes, vinculadas a problemas

com a dependência química. O Brasil já é o segundo maior consumidor de

drogas do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Resultados

epidemiológicos indicam que o alcoolismo afetará 10% da população em algum

momento das suas vidas, Só nos EUA os prejuízos diretos e indiretos

relacionados ao uso de drogas em 1992, foram estimados em U$ 246 bilhões

de dólares. Este custo está relacionado à perda de produtividade por doenças

relacionadas ao consumo de drogas ou mortes prematuras, além de custos de

tratamento da própria dependência e cormobidades, perda de bens (Imóveis),

custos administrativos por acidentes automobilísticos e a crimes relacionados

ao consumo de drogas. No Brasil, os custos econômicos identificáveis do

abuso de drogas chegam a 4,2% do PIB, fora o imensurável, porem evidente

ônus pessoal, familiar e social relacionado ao uso/abuso de drogas.

Segundo o GREA, da USP, a intoxicação pela ingestão do álcool provoca 25%

dos acidentes de trabalho e responde por 45% das faltas e licenças dos

trabalhadores. Outros dados afirmam que os funcionários com problemas de

alcoolismo e outras dependência químicas apresentam um índice 8 vezes

maior em atrasos que os demais trabalhadores; produtividade em torno de 30%

abaixo da média e, ainda diminuem a qualidade do trabalho e criam problemas

de relacionamento com os colegas.

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3.1. Lidar Com o Abuso de Substâncias nos Locais de Trabalho

Algumas empresas consideram que os procedimentos disciplinares incluindo o

despedimento, é uma resposta para o problema do abuso de substâncias. No

entanto, essa abordagem punitiva apresenta um conjunto de desvantagens

sérias:

1. A Legislação, os tribunais do trabalho e as organizações de trabalhadores

exigem crescentemente respostas construtivas da parte dos empregados;

2. Os despedimentos têm custos elevados e podem resultar na perda de

trabalhadores valiosos;

3. O recrutamento e a formação de novos trabalhadores são dispendiosos e

exige tempo;

4. O despedimento tende a agravar o problema, na medida em que o individuo

em questão se transforma num encargo para a comunidade e os respectivos

custos são passados de novo ao empresário enquanto membro da

comunidade;

5. Se o ambiente de trabalho estiver a contribuir para o problema, um

despedimento não vai resolvê-lo.

Os despedimento podem ser encarados por outros trabalhadores como

medidas extremas e desadequadas, encorajando-os a dissimular a condição de

colegas que bebem em excesso ou consomem drogas.

A avaliação das condições de trabalho numa empresa deve ser parte

integrante da avaliação de necessidades. As condições de trabalho podem

agravar ou mitigar situações de abuso de substâncias. Têm sido realizados

muitos trabalhos de investigação sobre os fatores que, nos locais de trabalho,

contribuem para ou reduzem o consumo de álcool e drogas. Entre os fatores

mais significativos contam-se a cultura prevalente de consumo de álcool e

drogas e a acessibilidade de substâncias.

A cultura prevalecente de consumo de álcool e drogas diz respeito ao modo

como os comportamentos de consumo destas substâncias são adquiridos,

abandonados ou praticados nos locais de trabalho. Todos os locais de trabalho

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desenvolvem normas e valores que indicam aos trabalhadores quando e onde

podem consumir álcool ou drogas, apontam razões aceitáveis para consumir

álcool e sugerem formas de controle social. O impacto da cultura de consumo

de álcool num local de trabalho pode ser positivo ou negativo; as atitudes

prevalecentes podem reduzir ou eliminar o abuso de substâncias no local de

trabalho ou, pelo contrario, encorajar um maior consumo ou mesmo um

consumo excessivo.

A avaliação das atitudes prevalecentes e das condições nos locais de trabalho

é importante para compreender o nível potencial de risco de abuso de

substâncias entre trabalhadores, embora os trabalhadores possam,

individualmente, reagir a estes fatores de modos diferentes.

Regras claras para o local de trabalho (Uma Política Sobre o Álcool,

Drogas e Medicamentos – (ADMs)- Akzo Nobe,2002):

1. Aptidão para realizar tarefas profissionais:

O trabalhador é responsável por apresentar “apto para o serviço”. Os

trabalhadores devem ser proibidos de permanecer nas instalações da empresa

com um desempenho afetado pelo consumo de álcool, drogas ou

medicamentos ilícitos.

2. Restrições:

a) Álcool

• Os responsáveis pela administração das diversas instalações devem

ponderar após consulta aos (representantes dos) trabalhadores,

restrições a ou interdição de posse, consumo e venda de álcool nos

locais de trabalho, incluindo na cantina e área de refeição e durante as

reuniões de trabalho (almoço e jantares);

• As administrações devem aplicar o mesmo tipo de restrições ou

proibições relativamente ao álcool a todos os níveis hierárquicos, para

que exista e seja aplicada uma política clara e sem ambigüidades;

• Como regra geral, o álcool não deve ser consumido durante as horas de

trabalho; as exceções devem ser claramente definidas;

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• As administrações não devem apoiar formal ou informalmente,

comportamentos que encorajam ou facilitem o consumo nocivo de álcool

ou o consumo de drogas no ambiente de trabalho.

b) Drogas

• O consumo, posse, distribuição ou venda de drogas ou medicamentos

ilícitos deve ser estritamente proibido.

c) Medicamentos

• Quando um trabalhador usar medicamentos sujeitos a receita médica

que possam afetar, de forma significativa, o seu desempenho

profissional, deverá consultar um especialista em medicina do trabalho

devidamente qualificado. Este profissional poderá, então, determinar a

aptidão desse trabalhador para o serviço, com quaisquer restrições

necessárias;

• Reconhece-se que as restrições ou proibições atrás referidas podem

variar significativamente consoantes o risco que o uso dos

medicamentos represente para a segurança e o ambiente e tradições

nacionais, culturais e sociais;

• As revistas sem pré-aviso para detecção de álcool, drogas e/ou

medicamentos ilícitos nas instalações da empresa, em particular em

locais e a postos de trabalho particularmente sensíveis do ponto de vista

da segurança e do ambiente, podem constituir um adequado elemento

de dissuasão de primeira linha no que se refere à posse de tais

substâncias.

Um retrocesso ainda contido na Consolidação das Leis do Trabalho (C L T) se

refere à demissão dos funcionários, pois ela autoriza em seu artigo 482, a

rescisão de contrato de trabalho por justa causa em caso de embriaguez

habitual ou em serviço. Contudo, a justiça vem seguindo as premissas da

Organização Mundial de Saúde, classificando o uso de álcool e drogas no

Código Internacional de Doenças, especificamente no capítulo de doenças

mentais, e é, portanto, possível de tratamento.

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3.2. Álcool, Drogas e Absenteísmo

O absenteísmo é uma palavra cada vez mais presente nas organizações.

Sabemos que o absenteísmo é a ausência temporária do trabalho, e

observamos que além de afetar o lucro e a produção das empresas, também

gera horas extras, atrasos nos prazos, clientes descontentes e aumento da

atividade dos outros funcionários que tem de dar a cobertura para o

colaborador ausente.

Ou seja, se por um lado o absenteísmo induz a baixa do rendimento da

organização, olhando pela questão da saúde identificamos que a falta do

trabalhador, acarreta a sobrecarga para aqueles que permanecem trabalhando

e que precisam desenvolver além das suas atividades a dos colegas faltantes.

O risco adotado pela sobrecarga no trabalho aos que permanecem, pode levar

ao aparecimento de novos problemas de saúde e possível afastamento para

tratamento de saúde. (Primo, Magalhães e Sakuray, 2007).

No Brasil se perde anuamente cerca de U$ 19 bilhões por absenteísmo,

enfermidades e imprevistos ocasionados pelo álcool e outras drogas (Banco

Internacional de Desenvolvimento).

Pessoas intoxicadas são responsáveis por 20 a 25 % dos acidentes de trabalho

no mundo pelas estatísticas da Organização Mundial do Trabalho (OIT).

As licenças trabalhistas decorrentes do alcoolismo e demais dependências

químicas cresceram 69% no Brasil em 2012, chegando a fechar um recorde

histórico em março do mesmo ano. Diante deste contexto, torna-se

fundamental que as organizações invistam na prevenção destes males.

As drogas mais comuns em algumas profissões:

1. Médicos e Enfermeiros

Especialmente anestesistas, cirurgiões e profissionais que trabalham em UTI

tendem a consumir os chamados opiáceos, como morfina e dolatina. Após

duas ou três vezes de uso, a pessoa pode torna-se dependente.

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2. Caminhoneiro e Motorista de ônibus

As anfetaminas são as mais utilizadas por esses profissionais. Como, muitas

vezes, são obrigados a se manter acordados a madrugada toda, recorrem a

droga. Mas o efeito cessa abruptamente e, de uma hora para outra, o usuário

pode dormir ao volante, o que pode causar acidentes.

3. Operadores da Bolsa de Valores, Advogados, Publicitária e Jornalistas

A pressão do tempo, o acúmulo de trabalho e a necessidade de produzir

intensamente são razões que e levam à escolha da cocaína, droga altamente

estimulante, por desses profissionais; o álcool também é praxe, principalmente

para relaxar após um dia de trabalho.

4. Marinheiros e Estivadores

Não somente esses profissionais, como os demais que trabalham em espaços

abertos encontram menos obstáculos para consumir maconha, crack ou drogas

injetáveis.

5. Jovens Profissionais

Ecstasy, ácido e “poppers’: as drogas da moda são as que mais atraem o

púbico jovem, que pode começar a semana de trabalho baqueando pelos

abusos cometidos nas baladas de final de semana.

Folha de São Paulo, 13/03/2003

Como cada droga interfere na rotina do funcionário

1. Álcool

Os efeitos físicos vão de sensação de moleza e cansaço e dificuldade para se

concentrar a dor de cabeça e enjôo, entre outros. Além disso, há desconforto

também para quem trabalha ao lado. O álcool é responsável por grande parte

dos acidentes de trabalho que acontecem após o almoço. Quem usa essa

droga tende a ser inquieto, ansioso e, ás vezes agressivo quando quer beber e

não pode. Os médicos alertam para o perigo da cultura “happy hour”: recorrer à

balada para relaxar após o expediente pode levar a dependência. O álcool é

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ainda um dos grandes responsáveis pelo absenteísmo na segunda feira: a

pessoa bebe muito e não consegue encarar o trabalho por causa da ressaca.

2. Cigarro

Aproximadamente a cada 30 minutos, o fumante começa a apresentar

sintomas sutis de abstinência, com irritabilidade, inquietação, ansiedade e

queda na concentração. É comum que ele conviva com esses sintomas o dia

todo, livrando-se deles só ao acender um cigarro. Outra decorrência do vício é

a queda da produtividade. A maioria das empresas hoje oferece os

“fumódromos”, que protegem os não fumantes. Contudo, toda vez que vai

fumar, o funcionário perde pelo menos dez minutos de trabalho, sem contar o

tempo que leva para votar a se concentrar. Quem fuma também tende a sentir

menos disposição e faltar mais ao trabalho por doença, em conseqüência da

queda de resistência por exemplo.

3. Maconha

Quando retorna suas atividades, quem usa maconha tende a ficar desatento,

disperso e com dificuldade para realizar tarefas mais complexas ou para

processar várias informações ao mesmo tempo. Esses efeitos podem acometer

também o usuário de final de semana e ainda com maior intensidade para

quem consome um cigarro de maconha todo dia. Segundo os médicos, a

capacidade de concentração fica comprometida durante dois ou três dias

posteriores ao uso. Quem consome a droga três vezes por semana, pelo

menos, pode apresentar menos motivação no dia a dia.

4. Cocaína

Em geral, usuário de cocaína tende a ficar instável mentalmente, apresentando

comportamento mais impulsivo e intradiço. O consumo no trabalho pode deixar

o usuário muito eufórico em uma reunião, agressivo em outra e não raro

deprimido após o efeito do entorpecente.

Folha de São Paulo, 13/03/2003

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3.3. Absenteísmo e Seus Impactos

Em 1987, o alcoolismo era a oitava causa de auxílio doença na Previdência

Social e a terceira causa de absenteísmo no Brasil (Souza, 2005). Um estudo

sobre os problemas relacionados ao abuso do álcool no ambiente de trabalho,

realizado no ano de 1993, pela Federação das Indústrias do Estado de São

Paulo - FIESP – aponta que de 10% a 15% dos trabalhadores tem problemas

de dependência e que esse abuso é responsável por três vezes mais licenças

médicas do que outras doenças. Além disso, aumenta cinco vezes as chances

de acidentes de trabalho, estando relacionado com 15% a 30% de todos esses

acidentes (Vaismann, 1998). O estudo indicou ainda que o álcool seja

responsável por 50% de absenteísmo e licenças médicas, levando à utilização

de oito vezes mais diárias hospitalares e a três vezes mais assistência médica

e social para os familiares dos trabalhadores do que quando comparado a

outras doenças.

De acordo com Souza (2005), em pesquisa realizada com os trabalhadores da

empresa de Telecomunicações do Ceará, foi constatado que o tempo de

afastamento dos trabalhadores devido ao alcoolismo é bastante superior ao de

outros distúrbios, como doenças respiratórias, viroses e outras. O mesmo

estudo pôde verificar ainda que, no período de 1990 a1993, o alcoolismo

destacou-se como fator preponderante desse quadro de absenteísmo, de modo

a não se constituir em um quadro muito diferenciado, até os dias de hoje, em

termos gerais.

Em termos mundiais, de acordo com Bastida (2002), estudos realizados em

diversos países demonstraram que mais de 70% dos consumidores de álcool

são trabalhadores de alguma organização. Desses, a população masculina se

constitui na mais consumidora dessa substância, compreendida entre 25 e 44

anos. Desse modo, a prevalência do consumo de álcool na população

trabalhadora supera o da população geral. Na Espanha, 24% dos

trabalhadores consomem uma quantidade de álcool considera de risco para a

saúde física. Esse país ocupa o primeiro lugar, dentre os países da União

Européia, em oferta e acessibilidade do consumo de bebidas alcoólicas, com o

equivalente a um bar para cada 169 habitantes. A Espanha ocupa, ainda, o

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sétimo lugar no ranking mundial do consumo de álcool per capita, com 10,4

litros por habitantes e registra cerca de 12.000 falecimentos devido ao abuso

de álcool, que corresponde a 4,5% da mortalidade mundial.

A falta de regulamentação legal e definição clara de políticas púbicas, não só

na área trabalhista, mas no Brasil de modo geral, faz com que as organizações

de trabalho sintam-se desobrigadas em relação aos trabalhadores que

consomem abusivamente álcool ou mesmo outras substâncias psicoativas,

ficando essa problemática para avaliação dos gestores que, dependendo da

sua percepção pessoa sobre o tema, podem ou não implementar ações de

cuidado e de atenção integral à saúde do trabalhador. Sendo assim, faz-se

cada vez mais necessário se pensar o alcoolismo no âmbito das organizações

de trabalho a partir de todo o rigor científico que o tema exige, de maneira que

se evite contar, nestas instituições de trabalho, apenas com a boa vontade

leiga de instituições religiosas que, na maioria das vezes, n ão conta com outra

ferramenta de atuação que não seja a fé e os dogmas de sua religião de

origem.

3.4. Possíveis Intervenções

A partir de 1992, teve inicio “o período de reestruturação administrativa das

empresas, com os programas de qualidade total e reengenharia e com o

aparecimento de trabalhos de avaliação de resultados confiáveis

metodologicamente”, tornando oportuna a “inserção de programas de

dependência química e outros de saúde com os programas de qualidade total”,

na busca da melhoria de vida em todos os níveis de cargo com o

aprimoramento da experiência pessoal e coletiva “(Campana, 1999)

No âmbito de trabalho, apesar de ser um problema disseminado, não tem sido

convenientemente enfrentado por muitas empresas, chefias e/ou empregados,

que fogem à sua constatação adotando medidas controversas. No caso de

trabalhadores de baixa qualificação profissional, via de regra, o assunto é

resolvido com a demissão sumária; quanto aquele de alta capacitação técnica,

muitas vezes proprietários, gerentes gerais ou executivos influentes na

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empresa, ao contrario, passam a ser “protegidos”, para evitar repercussões

sociais e comerciais negativas.

Algum tempo se passou desde quando as empresas subestimavam os efeitos

das ocorrências ligadas ao uso de drogas no local de trabalho, negando ou

minimizando-os. Atualmente, observa-se que as empresas púbicas e privadas

tem se preocupado com o aumento da incidência dessas situações.

A maior investigação feita em torno do uso de álcool e de drogas no local de

trabalho foi à pesquisa realizada pelo SESI (Fridman e Pellegrini, 1995) em 23

empresas gaúchas, públicas e privadas, envolvendo 51600 funcionários. Essa

pesquisa concluiu que a prevenção é fundamental, tendo em vista que 35% do

total de funcionário apresentavam problemas decorrentes do uso de álcool,

ainda que 545 dos trabalhadores das empresas tivessem menos de 34 anos, o

que justifica o investimento na prevenção de novos casos de dependência. De

acordo com os autores antes citados, os índices de recuperação mostram-se

animadores, girando em torno de 80%.

O numero de empresas que desenvolvem qualquer atividade relacionada à

prevenção e ao tratamento ao uso abusivo de drogas ainda é pequeno, e a

maioria delas conta com atividades isoladas, por iniciativa e interesse de

poucos técnicos. Essa iniciativa começou a surgir nas empresas em meados

da década de 80. Entretanto, concebemos que esses são entraves que

precisam ser ultrapassados para que não se trabalhe como bombeiros em ação

”apagando incêndios”.

A adoção de políticas e programas para prevenir o consumo de substâncias

psicoativas constitui um benefício para todos os trabalhadores. Nessa medida,

a correlação entre o exercício de funções profissionais e consumo de

substâncias e a promoção de estilos de vida saudável é componente

fundamental a ser desenvolvida nesta área.

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O uso de drogas no ambiente de trabalho deve ser analisado por uma dupla

vertente: como algo particular, na medida em que cada sujeito tem uma história

pessoal que o predispõe às escolhas singulares, e, identificar o que, na

organização, favorece e incrementa o uso de drogas, considerando o contexto

social como um dos elementos determinantes na constituição do problema.

Diante disso, quando o uso de drogas aparece no local de trabalho, que

geralmente é o reduto mais preservado entre os que vivem essa situação,

deve-se estar atento e escutar o que este fato denuncia. Ainda que não seja

possível reduzir as causas de seu aparecimento unicamente às questões

internas de uma organização, torna-se imprescindível que se analise suas

origens e as formas mais adequadas de intervenção.

Conceitos Para Intervenção

O fato de um individuo usar ou até ser um dependente de droga não faz com

que esteja condenado a nunca mais se recuperar. Nos anos70, no Brasil, antes

dos movimentos antimanicomiais, tratávamos os usuários de drogas, dentro

dos hospitais psiquiátricos, como psicopatas, ou seja, amorais. Nenhuma

diferença era feita entre eles. Isso acontecia porque nós, os técnicos tinham

”Prevenção significa uma pré-intervenção, ou seja, uma intervenção a

ser efetivada antes que determinado fenômeno ocorra. É importante

enfatizar a falta de sentido que existe em se falar em prevenção de

drogas, uma vez que drogas não são possíveis. As drogas são apenas

substâncias psicoativas naturais ou sintéticas, que podem ser utilizadas

pelo homem com diferentes finalidades. Não podemos dar a uma

determinada droga umas conotações de algo bom ou ruins, assim não

podem considerar uma droga em si como algo destrutivo ou criativo. O

que vai poder ser destrutivo ou criativo é a maneira pela qual o homem

se relaciona com a droga, independente do produto em questão”.

Xavier da Silveira, 1990

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uma posição muito moralista diante do problema. Se o usuário não era julgado

pelo sistema prisional, ele era julgado pelo sistema psiquiátrico.

Nos anos 80, tivemos que repensar a posição diante do aumento do consumo

das drogas injetáveis e do aparecimento da AIDS.

Foi nesta época que dois conceitos importantes passaram a ser

cuidadosamente estudados e aplicados: “resiliência” e “redução de danos”.

1. Resiliência

De acordo com Junqueira e Deslandes (2003 p228), resiliência é entendida

como uma “reafirmação da capacidade humana de superar adversidades e

situações potencialmente traumáticas”. Ou seja, o individuo resiliente é aquele

capaz de superar frustração e/ou situações de crise e adversidades.

2. Redução de Danos

Também chamada de redução de risco, é uma conjunto de medidas individuais

e coletivas, sanitárias ou sociais, cujo objetivo é diminuir os malefícios ligados

ao uso de drogas licitas ou ilícitas.

Como empresas modernas ajudam o funcionário dependente:

1. Divulgam, claramente, para os funcionários de todos os níveis e setores que

estão iniciando um projeto de prevenção e combate ao uso de drogas;

2. Deixam claro que o empregado que participar do programa não será

demitido, mas sim orientado e tratado;

3. Inclui esses programas em outros maiores, de qualidade de vida, o que

diminui o preconceito com o tema;

4. Definem como primordial a participação da diretoria da empresa no projeto;

5. Não obrigam o profissional a aderir, a participação é sempre voluntária;

6. Montam equipes multidisciplinares que coordenam o programa formado por

médicos, psiquiatras psicólogos e assistentes sociais, entre outros

profissionais;

7. Mantêm equipes de monitores, funcionários treinados para “educar”, orientar

e encaminhar para tratamentos eventuais de dependentes químicos;

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8. Oferecem consultas com psicólogos, dentro e fora da empresa;

9. Custeiam tratamentos ambulatoriais, internações e medicamentos (como

parar de fumar);

10. Estendem a familiares alguns dos benefícios oferecidos aos empregados.

Folha de São Paulo, 13/03/2003

Resultados de Algumas Empresas

1. Avon

De 1996, quando o programa foi instituído, até hoje, foram atendidos 82

funcionários com dependência química, dos quais uma média de 70% obteve

sucesso no tratamento;

2. Azálea

Dos 750 fumantes que participaram do programa de combate ao fumo

realizado pela empresa, no Rio Grande do Sul, 10% pararam de fumar;

3. Correios

De Dezembro de 1995 a Novembro de 2002, foram tratadas 183 pessoas que

apresentavam problemas com drogas, sendo 70% delas conseguiram se

recuperar;

4. CPTM

Desde 1996, cerca de 6.300 funcionários participaram do programa contra o

uso de drogas. Destes, 300 foram identificados como dependentes, e não

chegou a 50 os que tiveram de ser encaminhados para tratamento fora da

empresa;

5. Infraero

O programa de prevenção e recuperação, instituído em 1991, atendeu até este

ano cerca de 110 funcionários, dos quais 90% se livraram da dependência

química;

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6. Sesi –RS

De 1994 a 2000, graças ao projeto de Prevenção ao Uso de Drogas no

Trabalho e na Família, houve redução de 16% no numero de fumantes; o

consumo de álcool, considerando sua freqüência e a quantidade consumida,

diminuiu 12,5%; 131 trabalhadores abandonaram as drogas ilícitas; as faltas

por motivo de doença ou incapacitação caíram em média 10%; o numero de

trabalhadores que costumavam se atrasar diminuiu de 7,2% para 5%; e a

empresa passou a ser a primeira fonte de informação sobre drogas para 82%

dos trabalhadores;

7. Volkswagen

É de cerca de 60% o índice de recuperação de dependentes químicos que

participaram do programa de prevenção e tratamento. As internações

hospitalares por dependência química despencaram de 150 para seis, números

referentes, respectivamente, ao primeiro trimestre de 1996 e ao mesmo

período de 2002. Em três anos consecutivos, houve redução de 58% das horas

não trabalhadas.

Folha de São Paulo, 13/03/2003

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CONCLUSÃO

Durante o desenvolvimento deste estudo se observou que o afastamento do

trabalho devido ao uso de álcool e drogas cresce numa proporção considerada

preocupante. Tais afastamentos sejam eles por licença médica ou absenteísmo

geram além de custos para a empresa, a sobrecarga de trabalho aos colegas

que permanecem em serviço, abrindo precedentes para que estes também se

afastem para tratamento de saúde.

O uso abusivo, ou não, de drogas é uma realidade crescente profundamente

em nossa sociedade. Esta conduta, por si só, possibilita identificar indivíduos

com características comportamentais e sociais diferenciadas, inclusive no

mundo do trabalho; portanto, requer maior atenção da sociedade para seu

tratamento e recuperação. As estratégias atuais e as que devem ser

construídas para enfrentar o problema passam pela valorização da ocupação e

do trabalho do individuo, visando aumentar a sua auto-estima, melhorar os

seus níveis de positividade em relação ao mundo que o cerca, incrementando

os relacionamentos sociais produtivos.

É importante adequar às propostas de reinserção social, ligadas à terapêutica

do usuário de drogas, a reais exigências do atual mundo laboral, aprofundando

o conhecimento sobre este individuo suas expectativas e necessidades, para

viabilizar sua adaptação ao atual mercado produtivo e manter sua saúde

mental contribuindo com uma possível evolução pessoal e positiva.

O uso e o abuso de álcool e de outras substâncias psicoativas se configuram,

na sociedade contemporânea, como um sério problema de saúde publica. Tal

fenômeno está imerso em todas as dimensões da vida humana, inclusive no

denominado “mundo do trabalho”. Nele, as organizações de trabalho surgem

não somente como espaço de produção, mas também, como instituições

geradoras de cultura, regras sociais e novos saberes, que funcionam como

sistemas abertos e, por isto, realizam trocas com os espaços macro sociais,

acabando por reproduzir, no seu interior, a mesma realidade macro social em

reação ao consumo de substâncias psicoativas.

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As medidas adotadas de promoção da segurança e da saúde em contexto

laboral, nomeadamente na área do consumo de substâncias psicoativas,

contribuem, sem ser a solução definitiva, para a melhoria da qualidade de vida

dentro da organização, aumentando a eficácia e a eficiência no trabalho.

Contribuem igualmente para o aumento da produtividade e da segurança e, de

uma maneira geral, melhoram as condições de trabalho. Indiscutivelmente

promovem o desenvolvimento dos trabalhadores, bem como a imagem da

organização na comunidade onde se insere.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I O Trabalho e Seu Histórico na Vida do Homem 12 1.1. O trabalho e o Homem 13 1.2. Visões Filosóficas Sobre o Trabalho 15

CAPÍTULO II Conceituando Álcool e Drogas e Seus Efeitos 2.1. Álcool, Outras Drogas e Efeitos 19 2.2. As Principais Categorias de Substâncias de Abuso 23

CAPÍTULO III A Relação do Uso de Álcool e Outras Drogas Com o Absenteísmo e Seus Impactos 24 3.1. Lidar com o Abuso de Substâncias nos Locais de Trabalho 27 3.2. Álcool, Drogas e Absenteísmo 30 3.3. Absenteísmo e Seus Impactos 33 3.4. Possíveis Intervenções 34

CONCLUSÃO 40 BIBLIOGRAFIA 42 ÍNDICE 46