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SOCIOLOGIA URBANA CENTRO UNIVERSITÁRIO DO MARANHÃO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Trabalho Sociologia Urbana Sao Paulo

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO MARANHÃO

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

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São Luís – MA, novembro de 2010.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO MARANHÃOCURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Disciplina: SOCIOLOGIA URBANAProfessor: Arq°. MARCELO CHIQUITELLI

ASSUNTO:

Alunos: AURÉLIO FERNANDES S. SOUSABRUNA ANCONIGHABRIELLA MACIELGUSTAVO NAUFELJÉSSICA MACALJOÃO MIGUEL FERES

São Luís – MA, 23 de novembro de 2010.

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PLANO URBANÍSTICO DA

CIDADE DE SÃO PAULO

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SUMÁRIO

TÍTULO PÁGINA

INTRODUÇÃO 04

SÃO PAULO 05

1. PERÍODO COLONIAL 052. A CORRIDA PELO OURO 063. O CICLO DO AÇUCAR 074. O CICLO DO CAFÉ 085. PERÍODO IMPERIAL 096. REPÚBLICA VELHA 117. PLANOS URBANISCOS 13

Centro Antigo e Cidade Nova 14Enchentes 16Infraestrutura 19Exclusão 21

8. PRESTES MAIA – A mudança de São Paulo 23Ações importantes 25

CONCLUSÃO 27BIBLIOGRAFIA 28

INTRODUÇÃO

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A metrópole de São Paulo constitui-se com base nos expressivos processos de urbanização engendrada pelo capitalismo comercial, industrial e financeiro, mais acentuadamente do século XIX até os dias de hoje.

As principais raízes de nossa história social e urbana estão, pois, no capital mercantil, no latifúndio e no Estado. A cidade de São Paulo, durante três largos séculos da época colonial, foi um modesto arraial, voltado à economia de subsistência e uma expressão urbana muito restrita. É a partir do século XIX que a cidade começa a se desenvolver, com a economia cafeeira.

Essas transformações, decorrentes da expansão do café, levaram ao crescimento urbano, populacional, afluxo de imigrantes europeus, surgimento das primeiras linhas de bondes, reservatórios de água e iluminação a gás, manifestando no século XX, o sinônimo de progresso.

As mais importantes realizações urbanísticas foram, de fato, a abertura da Avenida Paulista (1891) e a construção do Viaduto do Chá (1892), que promoveu a ligação do “centro velho” com a “cidade nova”. Logo a seguir (1901) foi construída a nova estação de São Paulo Railway, a notável Estação da Luz.

SÃO PAULO

1. PERÍODO COLONIAL

A povoação de São Paulo de Piratininga surgiu, em 25 de janeiro de 1554, com a construção de um colégio jesuíta, por 12 padres, entre eles Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, no alto de uma colina escarpada, entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí.

Em 25 de janeiro de 1554 é celebrada a primeira missa no colégio construído pelos jesuítas, na colina entre os rios Tamanduateí

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e Anhangabaú e que recebe o nome de São Paulo de Piratininga, em homenagem ao santo cuja data de conversão ao catolicismo comemora-se neste dia.

O povoamento da região do Pátio do Colégio teve início, em 1560, quando, na visita de Mem de Sá, governador-gerl do Brasil, à Capitania de São Vicente, este ordenou a transferência da população da Vila de Santo André da Borda do Campo, que fora criada por Tomé de Sousa em 1553, para os arredores do colégio.

São Paulo permaneceu durante os dois século seguinte, como uma vila pobre e isolada do centro de gravidade da colônia, o litoral, e se mantinha por meio de lavouras de subsistência. São Paulo foi por muito tempo a única vila no interior do Brasil. Esse isolamento de São Paulo se dava principalmente porque era dificílimo subir a Serra do Mar, a pé, da Vila de Santos ou da Vila de São Vicente para o Planalto de Piratininga. Subida esta que era feita pelo Caminho do Padre José de Anchieta. Mem de Sá proibira o uso do Caminho do Piraiquê (hoje Piaçaguera), por ser, nele, frequentes os ataques dos índios.

Em 22 de março de 1681, O Marquês de Cascais, donatário da Capitania de São Vicente, transfere a capital da Capitania de São Vicente para a Vila de São Paulo, que passa a ser a "Cabeça da Capitania". A nova capital é instalada, em 23 de abril de 1683, com grandes festejos públicos.

Por ser a região mais pobre da colônia portuguesa na América, em São Paulo teve início a atividade dos bandeirantes, que se dispersaram pelo interior do país à caça de índios porque, sendo extremamente pobres, os paulistas não podiam comprar escravos africanos. Saíam, também, em busca de ouro e de diamantes.

A descoberta do ouro na região de Minas Gerais, na década de 1690, fez com que as atenções do reino se voltassem para São Paulo. Foi criada, então, em 3 de novembro de 1709, a nova "Capitania Real de São Paulo e Minas do Ouro", quando foram compradas, pela coroa portuguesa, a Capitania de São Paulo e a Capitania de Santo Amaro, de seus antigos donatários.

Em 11 de julho de 1711, a Vila de São Paulo é elevada à categoria de cidade. Logo em seguida, por volta de 1720, é encontrado ouro, pelos bandeirantes, nas regiões onde se encontram hoje a cidade de Cuiabá e a Cidade de Goiás, fato que levou à expansão do território brasileiro para além da Linha de Tordesilhas.

Quando o ouro esgotou, no final do século XVIII, teve início o ciclo econômico paulista da cana de açúcar, que se espalhou pelo interior da Capitania de São Paulo. Pela cidade de São Paulo era

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escoada a produção açucareira para o Porto de Santos. Nesta época, foi construída a primeira estrada moderna entre São Paulo e o litoral: A Calçada do Lorena.

2. A CORRIDA PELO OURO

Estrategicamente localizada defronte os principais caminhos para o interior, e banhada pelo rio Tietê (cujo curso natural servia de caminho ao interior da capitania e à atual região Centro-Oeste), São Paulo converteu-se no principal centro do movimento bandeirante, especialmente a partir da década de 1660. Foi da vila que partiram as históricas expedições de Fernão Dias Pais, Antônio Raposo Tavares, Domingos Jorge Velho e de Bartolomeu Bueno da Silva, entre outras.

Em 1690, os bandeirantes paulistas descobriram ouro no "Sertão do Cuieté", atual estado de Minas Gerais. Repetiriam o feito alguns anos mais tarde, em Mato Grosso e Goiás. Primeiros a explorar e ocupar o território mineiro, os paulistas logo enfrentariam a concorrência de luso-brasileiros de outras regiões da colônia, culminando no conflito denominado Guerra dos Emboabas. A descoberta paulista despertou pela primeira vez a atenção do reino português sobre a vila, já que São Paulo, a essa altura, não apenas concentrava a partida das expedições, mas também tornara-se o núcleo principal de irradiação das correntes de povoamento que se dirigiam para Minas Gerais e, posteriormente, para o Mato Grosso e Goiás. Como conseqüência, em 1790, São Paulo substitui São Vicente como sede administrativa da capitania (que tem seu nome alterado para Capitania de São Paulo e Minas de Ouro). Em 1711, São Paulo é elevada a cidade. Conta nesse ano 9 mil habitantes. Em 1745, torna-se sede de bispado autônomo, separando-se da diocese do Rio de Janeiro.

Embora a corrida pelo ouro de Minas tenha enriquecido muitos desbravadores paulistas, o efeito sobre a cidade foi o oposto. O esvaziamento populacional empobreceu São Paulo, que assistiu a um longo período de estagnação em seu crescimento econômico. Com o esgotamento das jazidas mineiras, na segunda metade do século XVIII, a situação se agrava, e muitos paulistas retornam aos seus locais de origem. A cidade recebe novo fluxo populacional e tenta reorganizar sua atividade econômica.

3. O CICLO DO AÇÚCAR

O governo paulista passa a desenvolver um plano de fixação de suas populações em áreas exploradas da capitania, e começa a fornecer incentivos à lavoura e à indústria. O plantio da cana-de-açúcas é estimulado nas áreas a sudeste da capital, e grandes fábricas de tecelagem e fundição são instaladas. Em 1792, a abertura

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da Calçada do Lorena, importante obra de arquitetura do período colonial, ligando as cidades de São Paulo e Santos, forneceria condições adequadas para o transporte de açúcar e de outros gêneros alimentícios produzidos no interior da capitania. São Paulo é beneficiada por sua posição geográfica estratégica, como encruzilhada natural das vias de circulação entre o interior e o litoral da colônia. Afirma então seu papel de centro comercial, através do qual se fazia o escoamento da produção, rumo ao porto de Santos.

De forma ainda intermitente, São Paulo começa a prosperar, e novas edificações são erguidas. Em 1750, com a expulsão dos jesuítas do Brasil, dessa vez por determinação do marquês de Pombal, os bens da ordem são confiscados. A igreja dos jesuítas, reconstruída no início do século XVIII, é transformada em sede da administração da capitania (agora, já separada de Minas Gerais e renomeada Capitania de São Paulo). Em 1765, é fundada a Casa de Ópera do Pátio do Colégio, primeiro teatro da cidade, e em 1775 é inaugurado o Cemitério dos Aflitos, primeira necrópole paulistana, destinada ao enterro de pobres, escravos e condenados à forca. Também do século XVIII são o Mosteiro da Luz (recolhimento de religiosas construído em taipa de pilão, a partir do projeto de Frei Galvão, de 1774) e a Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco (1787), entre outros. Em 1798, a cidade inaugura seu Jardim Botânico (atual Jardim da Luz). Ainda no fim do século XVIII, por iniciativa do marechal José Arouche de Toledo Rendon, os limites urbanos da cidade são expandidos, com a abertura da Rua São João e da ponte do Marechal, sobre o rio Anhangabaú. Começa a ser formado o Campo do Curro, atual Praça da República.

4. O CICLO DO CAFÉ

O café foi o produto que impulsionou a economia brasileira desde o início do século XX até a década de 1930. Concentrado a princípio no Vale do Paraíba (entre Rio de Janeiro e São Paulo) e depois nas zonas de terra roxa do interior de São Paulo e do Paraná, o grão foi o principal produto de exportação do país durante quase 100 anos. Foi introduzida por Francisco de Melo Palheta ainda no século XVIII, a partir de sementes contrabandeadas da Guiana Francesa.

Com a queda nas exportações de algodão, açúcar e cacau, os fazendeiros sentiram a grande oportunidade de obterem altos lucros com o “ouro negro”. Passaram a investir mais e ampliaram os cafezais. Na segunda metade do século XIX, o café tornou-se o principal produto de exportação brasileiro, sendo também muito consumido no mercado interno.

A economia cafeeira em São Paulo foi o grande motor da economia brasileira desde a segunda metade do século XIX até a década de 1920. Como o Brasil detinha o controle sobre grande parte

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da oferta mundial desse produto, podia facilmente controlar os preços do café nos mercados internacionais, obtendo assim lucros elevados.

Os fazendeiros, principalmente paulistas, fizeram fortuna com o comércio do produto. As mansões da Avenida Paulista refletiam bem este sucesso. Boa parte dos lucros do café foi investida na indústria, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro, favorecendo o desenvolvimento deste setor e a industrialização do Brasil. Muitos imigrantes europeus, principalmente italianos, chegaram para aumentar a mão-de-obra nos cafezais de São Paulo.

Entre as consequências do Ciclo do café na sociedade paulista, estão a concentração de poder na região Sudeste, o aumento do desenvolvimento político e econômico, a imigração europeia para as lavouras de café e industrias do Sudeste e a construção de ferrovias para escoar a produção de café do interior de São Paulo para o porto de Santos.

5. PERÍODO IMPERIAL

Após a Independência do Brasil, ocorrida onde hoje fica o Monumento do Ipiranga, São Paulo recebeu o título de Imperial Cidade, conferido por Dom Pedro I do Brasil em 1823. Em 1827, houve a criação de cursos jurídicos no Convento de São Francisco (que daria origem à futura Faculdade de Direito do Largo de Sao Francisco), e isso deu um novo impulso de crescimento à cidade, com o fluxo de estudantes e professores, graças a qual, a cidade passa a ser denominada Imperial Cidade e Burgo dos Estudantes de São Paulo de Piratininga.

Outro fator do crescimento de São Paulo foi à expansão da produção do café, inicialmente na região do Vale do Paraíba paulista,

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e depois nas regiões de Campinas, Rio Claro, São Carlos e Ribeirão Preto. De 1869 em diante, São Paulo passa a beneficiar-se de uma ferrovia que liga o interior da província de São Paulo ao porto de Santos, a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, chamada de A Inglesa.

Surgem, no final do século XIX, várias outras ferrovias que ligam o interior do estado à capital São Paulo. São Paulo tornou-se, então, o ponto de convergência de todas as ferrovias vindas do interior do estado. A produção e exportação de café permite à cidade e à província de São Paulo, depois chamada de Estado de São Paulo, um grande crescimento econômico e populacional.

De meados desse século até o seu final, foi o período que a província começou a receber uma grande quantidade de imigrantes, em boa parte italianos, dos quais muitos se fixaram na capital, e as primeiras indústrias começaram a se instalar.

6. REPÚBLICA VELHA

Com o fim do Segundo Reinado e início da República a cidade de São Paulo, assim como o estado de São Paulo, tem grande crescimento econômico e populacional, também auxiliado pela política do café com leite e pela grande imigração europeia e asiática para São Paulo.

Durante a República Velha (1889-1930), São Paulo passou de centro regional a metrópole nacional, se industrializando e chegando a seu primeiro milhão de habitantes em 1928. Seu maior crescimento, neste período, relativo se deu, na década de 1890, quando dobrou sua população. O auge do período do café é representado pela construção da segunda Estação da Luz (o atual

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edifício) no fim do século XIX e pela Avenida Paulista em 1900, onde se construíram muitas mansões.

O vale do rio Anhangabaú é ajardinado e a região situada à sua margem esquerda passa a ser conhecida como Centro Novo. A sede do governo paulista é transferida, no início do século XX, do Pátio do Colégio para os Campos Elísios. São Paulo abrigou, em 1922, a Semana de arte moderna que foi um marco na história da arte no Brasil. Em 1929, São Paulo ganha seu primeiro arranha-céu, o edifício Martinelli.

Os melhoramentos realizados na cidade pelos administradores e Conselheiros Antônio da Silva Prado, o Barão de Duprat e o Dr. Washington Luís, que governaram de 1899 a 1919, contribuem para o clima de desenvolvimento da cidade: alguns estudiosos consideram que a cidade inteira foi demolida e reconstruída naquele período.

Com o crescimento industrial da cidade, no século XX, para a qual contribuiu também as dificuldades de acesso às importações durante a Primeira Guerra Mundial, a área urbanizada da cidade passou a aumentar, sendo que alguns bairros residenciais foram

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construídos em lugares de chácaras. A partir da década de 1920 com a retificação do curso de rio Pinheiros e reversão de suas águas para alimentar a Usina idrelétrica Henrv Borden, terminaram os alagamentos nas proximidades daquele rio, permitindo que surgisse na zonal sul de São Paulo, loteamentos de alto padrão conhecido hoje como a "Região dos Jardins".

7. PLANOS URBANISTICOS

Na década de 60, com o declínio do café no Vale do Paraíba, as lavouras cafeeiras passam a deslocar-se para terras paulistas, principalmente em direção ao noroeste do Estado (Campinas a Ribeirão Preto). A abertura da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí em 1867 é a mola propulsora do grande surto de urbanização da cidade.

Com a necessidade da elite cafeeira em sair das zonas rurais indo residir na cidade, São Paulo passou por uma uma mudança na mão de obra, a escrava pela de imigrantes europeu, principalmente italianos, essa população que contava em 1870 com 30 mil habitantes, saltou para 240 mil, em 1900.

A cidade de aparência colonial transforma-se, apresentando melhoramentos urbanísticos que anunciam o seu futuro de metrópole do café. Inicia-se a expansão urbana em direção às várzeas e terraços fluviais, onde haviam sido instaladas as ferrovias. Espaços anteriormente vazios passam a ser ocupados por fábricas e bairros operários. O antigo triângulo, na região central, composto pelas ruas São Bento, Direita e Quinze de Novembro passa a configurar-se como setor de serviços e comércio. A burguesia paulista, em plena ascensão, opta em morar nas colinas além Anhangabaú, ocupando o aristocrático bairro de Campos Elíseos, loteado por Frederico Glete, em 1879.

Entre 1872 e 1875, sob o governo de João Teodoro Xavier, inicia-se as obras de remodelamento da cidade. O acesso às Freguesias do Brás, Santa Efigênia e Luz é melhorado, reforma-se o Jardim Público e o Largo 7 de abril (atual Praça da República), arboriza-se as ruas principais, inicia-se a iluminação pública à gás e são pavimentadas com paralelepípedos diversas vias do triangulo central. Em 1888, é

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inaugurada no Brás, a Hospedaria dos Imigrantes, com capacidade para 4 mil pessoas.

Nesta época, a preocupação com a expansão urbana reside apenas em questões estéticas e de higiene. Em 1886, o Código de Posturas constitui-se na primeira legislação urbanística, sem entretanto configurar diretrizes gerais de uso e ocupação do solo. Estabelece largura mínima das vias de circulação, localização de algumas atividades como teatros, hospitais, indústrias e seus horários de funcionamento.

No período de 1889 a 1911, Antônio da Silva Prado, prefeito de São Paulo realiza inúmeras intervenções, tais como: arborização de ruas e avenidas, remodelação do Jardim da Luz, abertura da Avenida Angélica, construção do Mercado Municipal e do Teatro Municipal, visando o embelezamento da cidade.

Obedecendo a tendência de expansão urbana da burguesia, rumo aos terrenos mais altos, aos poucos atinge-se o espigão central, na época denominado Altos do Caagaçu. Na área, instala-se o loteamento Chácara Bela Cintra, de propriedade de Joaquim Eugênio de Lima, sendo aberta a Avenida Paulista, em 1891. Um ano depois, é inaugurado o Parque Villon (atual Siqueira Campos ou Trianon), projeto do paisagista francês Paul Villon, inserido no loteamento e preservando parte da mata existente a época.

Centro Antigo e Cidade Nova - A antiga região central, conservando o mesmo traçado estreito e sinuoso definido pelos jesuítas, passa a interligar-se com a "cidade nova" - região além Anhangabaú - através dos trilhos de bonde da "Light The São Paulo Tramway, Light & Power", com a conclusão do Viaduto do Chá, em 1892. Cria-se um eficiente sistema de transporte coletivo, que passa a atender o centro e os bairros, tornando-se fator de indução na ocupação da Penha, Santana, Ipiranga, Pinheiros e Lapa, sendo implantados 188,7 km de linhas, no período de 1901 a 1912.

Para garantir o abastecimento, capta-se inicialmente água do ribeirão Pedra Branca, na Serra da Cantareira e em 1907, inaugura-se o abastecimento domiciliar do Bairro da Sé, com a construção do Reservatório do Araçá. A Companhia Light realiza também a barragem do rio Guarapiranga, com o objetivo de garantir volume de água suficiente para a primeira Usina Hidrelétrica de Parnaíba, em 1901. A presença da represa modifica a paisagem dos arredores da capital, atraindo a população nos finais de semana, resultando na instalação de uma linha de trem até Santo Amaro.

Em 1912, com a iniciativa privada se propondo a desenvolver novos subúrbios, tem início o projeto do loteamento do Jardim

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América, constituindo-se no primeiro empreendimento da América do Sul nos padrões das cidades-jardim inglesas.

A influência da "City de San Paulo Improvements and Free Hold Land Co. Ltd" é notória nos projetos de loteamentos residenciais, que levaram à transformação da malha urbana, e no encaminhamento de sugestões para alterações dos dispositivos legais, especialmente os relativos às diretrizes de loteamentos residenciais

É perceptível ainda na lei municipal 2.611 de 20/06/1923, que passou a exigir do loteador a obrigatoriedade de doar, da área total a ser loteada em zona urbana, quando superior ou igual a 40 mil m², 20% para as vias de circulação e 5% para espaço livre ajardinado (em zona suburbana este índice era de 7% e em zona rural de 10%). Esta lei estabeleceu também dimensões mínimas para lotes (300 m², com frente mínima de 10 m e profundidade mínima de 25 m).

Em 1921, em continuidade a ocupação da encosta sudoeste do espigão, em direção ao rio Pinheiros, instala-se o Jardim Europa.

Nas áreas mais periféricas, concentra-se a população mais pobre, constituída de imigrantes e operários, sem acesso a muitos serviços públicos e em péssimas condições de moradia. Esta população reside nas regiões do Brás, Belenzinho, Mooca, Canindé, Pari e atingindo o Ipiranga e a Vila Prudente. A população nesta época atinge a marca de 700 mil habitantes, sendo mais de um terço formado por imigrantes estrangeiros.

A Lei do Povoamento do Solo, de 1907, que se deve a Miguel de Calmon, fez entrar no território brasileiro, em apenas 8 anos, a espantosa massa de quase um milhão de imigrantes. Italianos, alemãs, eslavos e saxões trouxeram a máquina para economia paulista. Isso está bem claro na tabela mostrada abaixo.

População estrangeiraParticipação absoluta e relativa

Município de São Paulo 1872-1940

 Ano População estrangeira

Populaçãototal (%)

1872 002.459 07,8

1890 014.303 22,0

1920 206.657 35,7

1940 297.214 22,4

Fonte: Fundação IBGE, Censos Demográficos

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Enchentes - As enchentes passam a afetar pontos urbanizados, quando em 1929, ocorre a grande enchente. Os primeiros estudos sobre os problemas das enchentes em São Paulo datam de 1922, com a elaboração do Plano de Melhoramentos do Rio Tietê, elaborado por Fonseca Rodrigues. Em 1924, um novo estudo é contratado, de autoria de Saturnino de Brito, que enfatiza o papel atenuante das cheias, exercido pelas várzeas e matas de vertentes, constituindo-se em reservatórios naturais.

Em 1925, é criada a Comissão para a elaboração do Plano Geral do Conjunto, abrangendo planos parciais de extensão, melhoramento, embelezamento da cidade de São Paulo, com a participação de Prestes Maia e Ulhôa Cintra. Esta é a origem do "Plano de Avenidas" de Prestes Maia, apresentado em 1930, que consolida os trabalhos mais importantes da comissão e que delineiam uma reestruturação de toda a cidade.

Este Plano, além de dar as primeiras diretrizes gerais de zoneamento da cidade, contempla proposta para aspectos viários, localização de edifícios públicos e áreas verdes, corrigindo o índice de área verde por habitante, que na época era de 0,71m²/hab., propondo a implantação de grandes parques, tais como: Cabeceiras do Ipiranga, Ibirapuera, Cantareira (reserva natural), Alto da Serra (reserva florestal), além dos parques médios como Butantã e Aclimação, entre outros.

Em 1929, a promulgação da lei municipal 3.427 – "Código de Obras Arthur Saboya" é fruto da intenção de controlar a estética, higiene e segurança das edificações.

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No período de 1925 a 1929 é construído em concreto armado o Edifício Martinelli, pelo conde Francisco Matarazzo, que representa a ascensão do imigrante e o início da verticalização da cidade.

Ainda no final da década de 20, a Comissão de Melhoramentos do Rio Tietê é novamente reestruturada, sob a chefia de Ulhôa Cintra, propondo modificações nos projetos iniciais de retificação e canalização de Saturnino de Brito, que previam o aterramento da várzea e a criação de lagos junto à Ponte Grande (atual Ponte das Bandeiras). A nova proposta contempla o aprofundamento do canal, toda urbanização da várzea, a construção de avenidas marginais e o acesso aos bairros da zona norte.

Para o início das obras são adquiridos em 1929, 132 ha de terras. Em 1930, face a dificuldades financeiras, os trabalhos são

interrompidos, e o projeto só é efetivamente implantado a partir de 1940.

O rio Pinheiros também é alvo das obras de retificação, justificadas pelo aproveitamento hidrelétrico, através das obras de transposição de suas águas e dos complexos de barragens dos rios Grande e Guarapiranga.

A primeira vista, o projeto de retificação dos rios Tietê e Pinheiros introduz a época uma série de melhorias, tais como fim das inundações, eliminação dos pernilongos, regularização para um potencial uso hidrelétrico e melhoria da oxigenação das águas, com o

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aumento da velocidade de escoamento. Entretanto, com o tempo, verificou-se que essas melhorias ficaram somente nos conceitos.

Aos poucos, a antiga paisagem da cidade de rios meandrantes é substituída por cursos d'água retilíneos, encaixados em extensas planícies de inundação. Inicia-se a expansão urbana rumo aos seus obstáculos naturais, deixando para trás a paisagem de suaves colinas para os terrenos mais acidentados e distantes. Integra-se definitivamente ao traçado urbano da metrópole, ao norte Guarulhos, Santana e Freguesia do Ó, a oeste, Lapa, Osasco e Butantã, e a leste, a Penha além do Aricanduva.

Infraestrutura - No início dos anos 60, Prestes Maia assume novamente a Prefeitura, em seu terceiro mandato, dando continuidade a reestruturação viária da cidade. Iniciado em suas primeiras gestões nas décadas de 30 e 40, o "Plano de Avenidas", prossegue de forma vagarosa e intermitente, nas décadas seguintes, com profundas modificações na concepção original.

Em sintonia com a indústria automobilística, investe maciçamente em projetos viários, como a continuação da Avenida Vinte e Três de Maio e a Avenida Cruzeiro do Sul. Assim, os vales que antes serviam apenas para drenar os esgotos que a metrópole produzia são agora transformados em grandes corredores viários.

Espera-se desvencilhar a área central dos congestionamentos de veículos, mas suas atividades entram em declínio, já que a falta de acessibilidade desloca o desenvolvimento para novos eixos e sub-centros, principalmente em direção ao sudoeste. Esta nova centralidade reforça ainda mais o famoso slogan da época, "São Paulo não pode parar".

Muito se investe na "urbanização da cidade", entendida na ocasião, como a execução de grandes obras de engenharia. Assim, entre 1969 e 1971, Paulo Maluf notabiliza-se ao construir o elevado Costa e Silva - "Minhocão", sobre a Avenida São João, descaracterizando de forma irreversível, todo o antigo centro urbano.

Inúmeras obras de engenharia apontadas como solução para as enchentes, também são executadas, canalizando-se córregos e sobre estes construindo-se novas avenidas de fundo de vale. Aos poucos, as antigas várzeas vão sendo ocupadas e o processo de impermeabilização do solo compromete definitivamente a capacidade natural de absorção das águas pluviais, as enchentes passam a constituir um dos mais graves problemas da cidade.

Nesse mesmo período, inicia-se o declínio da taxa geométrica de crescimento da cidade, concomitantemente ao crescimento populacional das regiões periféricas da Grande São Paulo,

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provavelmente como consequência do crescente deslocamento das indústrias para essas áreas. Em 1960, o município detêm 52% da produção industrial do Estado e 28% do país. Já em 1967 sua participação decresce para 42% e 24% respectivamente.

Em 1968, é contratado um consórcio internacional para a elaboração do Plano Urbanístico Básico - PUB, constituído de diagnósticos exaustivos e de caracterização físico-territorial, socioeconômico, dos déficits dos serviços públicos e das condições da estrutura administrativa. Os resultados apontam para o óbvio, ou seja, a profunda defasagem entre as necessidades da população e a capacidade de atendimento dos serviços oferecidos.

Na Administração Figueiredo Ferraz iniciam-se as obras do Metrô e institui-se o primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado - PDDI (lei municipal 7688/71), pautado nas recomendações do PUB e do Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado - PMDI. As diretrizes do PDDI estão consolidadas na primeira legislação de zoneamento da cidade (7805/72, 8001/73 e subsequentes), em vigor até hoje.

Entre 1970 e 1980 intensifica-se o processo de "desindustrialização" da área central, ocasionado por variados fatores locacionais e econômicos, tais como preço do solo, restrições da legislação metropolitana, capacidade de organização sindical, incentivos fiscais, etc. Resta na cidade um parque industrial polarizado entre dois perfis distintos: de um lado estabelecimentos industriais antigos, sobretudo os da antiga indústria de bens de consumo, e de outro os segmentos industriais mais novos - setor elétrico e de telecomunicação - onde predominam plantas menores, com maior requisito tecnológico, baixo impacto ambiental e maior capacitação da mão de obra.

Exclusão - Na década de 90, continua a queda do crescimento populacional (atualmente em 0,4%), situação já verificada na década anterior. A economia paulistana gera cerca de US$ 80 bilhões ou 10% do PIB nacional, com cerca de 5 milhões de trabalhadores, mas atingindo em 1999, uma taxa de desemprego de 18%.

O século XXI inicia-se com a metrópole em crise, marcada pela exclusão social da grande maioria dos seus 10 milhões de habitantes e pela intensa degradação do seu ambiente urbano.

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Com uma área total de 1.509 km², o Município apresenta 870 km² de área urbanizada, onde vivem cerca de 65% da população. As

dificuldades de acesso à moradia impelem quase 70% dessa população à adoção de "soluções-problema", como favelas, cortiços, invasões e parcelamentos clandestinos, constituindo a chamada cidade real, em contrapartida a cidade legal (das leis de zoneamento e uso e ocupação do solo).

Cerca de um milhão e novecentos mil pessoas moram nas 1.855 favelas cadastradas pela SEHAB. Deste total, 65% ocupam áreas municipais originalmente destinadas à implantação de áreas verdes. Nos parcelamentos clandestinos, que ocupam estimativamente 500 km², moram cerca de 2,5 milhões de habitantes.

Tais parcelamentos, além de não contarem com infraestrutura mínima, são implantados em áreas desfavoráveis à ocupação, em terrenos com solos frágeis, suscetíveis à erosão e acentuada declividade gerando grave degradação ambiental. Além disso, o parcelamento clandestino onera duplamente o estoque de áreas verdes, já que em sua implantação tem-se a remoção quase que total da cobertura vegetal original, e com a desobediência à legislação urbanística, novas áreas não serão destinadas a áreas verdes (15% da área total parcelada segundo a Lei Municipal 9.413/81).

Associados a esses problemas, têm-se todos os anos, a paralisação da cidade pelas enchentes, que ocorrem em mais de 400 pontos; o desconforto térmico das áreas centrais, através das "ilhas

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de calor"; a poluição do ar, causada em sua maior parte pela circulação dos quase 5 milhões de veículos; o comprometimento irreversível dos mananciais de água, ocasionado pela ocupação desordenada; a geração de 15 mil toneladas de lixo por dia; as áreas contaminadas por despejo clandestino de resíduos industriais; a degradação do patrimônio urbano; a poluição visual e sonora; etc.

8. PRESTES MAIA – A mudança de São Paulo

O prefeito Francisco Prestes Maia, politécnico, arquiteto e urbanista, engenheiro civil (1917), é considerado o maior urbanista de São Paulo, como cidadão e como prefeito, além de ser autor do Estudo de um Plano de Avenidas para São Paulo (1930) e Os Melhoramentos de São Paulo (1945). Ingressou na diretoria de obras públicas da então Secretaria de Viação, Agricultura e Vias Públicas do Estado de São Paulo. Assumiu em 1918 os trabalhos preparatórios da abertura da Avenida da Independência, hoje Dom Pedro I, e de outras obras comemorativas do centenário da independência do Brasil. Integrou a comissão incumbida de planejar e conduzir essas obras, abrangendo entre outras a reorganização e paisagismo do entorno do Museu do Ipiranga, a construção do monumento à independência, do escultor italiano Ettore Ximenes, e a retificação do córrego do Ipiranga.

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Pintura em aquarela de Prestes Maia para Cabeceiras do Ipiranga

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Aquarela do Plano de Avenidas, de autoria de Prestes Maia

Como precursor do urbanismo moderno, Prestes Maia, no final da década de 20, anteviu a dimensão da intervenção urbana de que São Paulo necessitava. Reconhecido pela sua competência profissional e dedicação, a par da sua invejável cultura urbanística, foi encarregado por João Florêncio de Ulhoa Cintra, por autorização do prefeito Pires do Rio, de elaborar um projeto urbanístico para a cidade de São Paulo. Assim surgiu, em 1930, o "Estudo de um plano de avenidas para a cidade de São Paulo", conhecido até hoje como "Plano de Avenidas". Esse projeto estabelecia uma completa remodelação do centro urbano, com abertura de avenidas de 35 a 50 metros de largura, formando o perímetro de irradiação no que hoje são as avenidas Mercúrio, Senador Queirós, Ipiranga, São Luís, Rua Maria Paula, Praça João Mendes, Praça Clóvis Bevilacqua, Rangel Pestana e Parque Dom Pedro. Estavam previstas radiais, formando um Y correspondente às avenidas Tiradentes e Prestes Maia, passando pelo vale do Anhangabaú, até a Praça da Bandeira, com uma bifurcação na Avenida 9 de Julho com a então Avenida Itororó, hoje 23 de Maio. O plano ainda incluía um segundo perímetro de irradiação por onde hoje passam a Rua Amaral Gurgel, a Avenida Duque de Caxias e a Rua Mauá. Havia também uma terceira perimetral correspondente às marginais dos rios Tietê e Pinheiros. O plano também previa, embora isso não tenha sido executado, o remanejamento da São Paulo Railway, a Santos-Jundiaí, e da Sorocabana, FEPASA, para a margem direita do rio Tietê, onde hoje se situa aproximadamente o Terminal Rodoviário. Estava prevista uma grande estação ferroviária nesse local, que não chegou a ser construída. Nessa época, em que se previa nesse plano a retificação do rio Tietê, a Light and Power já realizava as obras do canal do rio Pinheiros.

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Prestes Maia sabia que era preciso construir viadutos, perfurar túneis, alargar avenidas e praças, derrubar casebres e prédios antigos para transformar a cidade provinciana e dar a ela foros de uma verdadeira metrópole, principalmente depois da crise de 29 onde os barões do café que eram os que fazim parte da classe dominate importante na vida econônica de São Paulo na época na qual estava em declínio constante. Esse plano, por muitos considerado visionário, utópico, muito ousado, ficou dormente por vários anos, e houve apenas algumas tímidas tentativas de realizar algumas obras, como o início da abertura da Avenida 9 de Julho na gestão do prefeito Fábio Prado. Das obras previstas, quase nada se realizou nesses anos, seja por incompreensão, seja por instabilidade político-administrativa, seja também pelas estéreis lutas políticas que absorviam as gestões da administração de São Paulo posteriores à do prefeito Pires do Rio.

Havia de fato muitas dificuldades para serem vencidas e que Prestes Maia soube enfrentar e vencer. A começar pela situação financeira da prefeitura, que mal dava para a sua vida vegetativa, digamos assim, pouco restando para as necessidades que a cidade apresentava. A política financeira então adotada consistiu numa compressão de despesas e na adoção de orçamentos racionais, realistas e cautelosos.

Ações Importantes - Prestes Maia cortou despesas, mordomias, não deu empregos, não fez favores, não aumentou impostos, não criou tributos, não fez negociatas, não criou cargos, não fez cortes no funcionalismo nem feriu direitos dos funcionários. Com o crescimento natural da cidade, conseguiu superávits orçamentários que permitiram, em oito anos de trabalho ininterrupto e intenso, a execução de um extraordinário programa de obras, incluindo a materialização de grande parte do "Plano de Avenidas". Caberia citar algumas obras como referência, entre elas a urbanização do vale do Anhangabaú, a construção do Estádio Municipal do Pacaembu e da Ponte das Bandeiras, a execução do túnel da Avenida 9 de Julho, o alargamento da Rua Xavier de Toledo e das avenidas Liberdade, Vieira de Carvalho e Pacaembu, a construção do Viaduto Jacareí, do edifício da Biblioteca Mário de Andrade, da Galeria Prestes Maia e dos primeiros grupos escolares municipais. Tudo isso com os seus compromissos sempre em dia e sem a presença, no vocabulário municipal, de palavras como superfaturamento, propina, corrupção, pedágio.

Prestes Maia foi um precursor do urbanismo moderno e esteve sempre algumas décadas à frente de seu tempo. Mas foi também o paradigma do administrador que, ao deixar o cargo, o fazia de mãos limpas e vazias, com os bolsos menos providos do que antes e o nome sem mácula. Queira Deus tenha sido ele também o precursor,

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com décadas de antecedência, do modelo de homem público que venhamos a ter para o futuro.

CONCLUSÃO

A imensidão de São Paulo não está somente na grandeza dessa metrópole ou no montante das pessoas que ali vivem, constatamos isso na realização desse trabalho aonde historicamente vimos que um crescimento se faz com ousadia e um pouco de ambição. A pesar de que nem tudo segue um caminho perfeito, a realização de projetos são tão importantes que refletem ainda hoje um resultado demasiadamente proveitoso para a cidade.

As riquezas geradas a partir dos momentos históricos fizeram de São Paulo a cidade que é hoje, classificada entre as mais importantes das grandes metrópoles do mundo.

A evolução urbanística de São Paulo possui vários responsáveis: gestores, políticos, empresários, entre outros, mas entre esses existem nomes que se sobressaem como o do arquiteto e engenheiro Prestes Maia, um homem que viveu fora da sua época, que via as coisas sempre além, com soluções muitas vezes utópicas e incompreensíveis nas suas ideias. Com pensamentos revolucionários ele conseguiu realizar obras que mudaram a paisagem urbanística da cidade.

Com isso temos que ressaltar e tomar como exemplo esses fatos que proporcionaram todo esse crescimento e fazer com que o

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conhecimento adquirido tenha continuidade, fazendo das nossas cidades um lugar mais agradável para se viver.

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