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H C I C Psicose mostrou pela primeira vez na história do cinema um vaso sanitário (até então proibido pela censura). A partir de O Pensionista, de 1927, Hitchcock iniciou suas aparições nos filmes, tornando- se uma de suas marcas. O Homem Errado é o único longa em que ele fala. Em Um Corpo Que Cai, ele usou a famosa combinação de avançar o zoom e retornar o foco para transmitir a sensação de vertigem para o público. Quando Fala o Coração foi um dos primeiros filmes america- nos a tratar da psicanálise. / U.B. C T Mais informações sobre a obra do diretor inglês na Pág. D5 TODO estadão.com.br Ubiratan Brasil Barriga proeminente, cabeça calva, gestos vagorosos, jeito levemente parvo – Alfred Hitchcock (1899-1980) não apresentava nenhum vestígio aterrorizante, nenhum sinal daquele homem que, no cine- ma, provocou arrepios na pla- teia durante meio século. Bas- ta lembrar da cena do chuvei- ro, em Psicose; ou da angus- tiante espera pelo tocar dos címbalos da orquestra em O Homem Que Sabia Demais; ou ainda da aproximação do as- sassino em Janela Indiscreta. Ele foi o cineasta que sabia co- mo ninguém envolver o públi- co em uma atmosfera de ex- pectativa e medo. Se ainda resta alguma dúvi- da sobre tal capacidade, basta iniciar uma peregrinação diá- ria ao CCBB que, a partir de quarta-feira, vai apresentar boa parte da obra de Hitch- cock durante seis semanas. Nesse período, serão apresen- tados 54 longas e 127 episó- dios de sua série para a televi- são, além de três curtas. Me- lhor: a apresentação será em película de 35 mm, ou seja, sem aquele aspecto de ima- gem de TV se fosse em DVD. “Considere essa mostra um privilégio e uma bênção, em meio a tanta porcaria exibida noscinemas hojeem dia”,disse o cineasta Peter Bogdanovich ao Estado, em entrevista por telefone. “Observada a obra em sequência, é possível detec- taraincrívelorganicidadedoci- nemadeHitchcock.”Bogdano- vich é autor de filmes respeitá- veis, como A Última Sessão de Cinema, mas sua contribuição à sétimaarteéreforçadacomen- trevistas que fez com célebres cineastas, no momento (anos 1960 e 70) em que os grandes estúdiosestavamse desmobili- zando – foi assim com John Ford e, claro, Hitchcock. “Eu o conheci pessoalmen- te em 1961, logo depois de fina- lizado Psicose”, continua Bog- danovich. “Lembro de ter dito que aquele filme não estava en- tre meus favoritos e Hitch- cock respondeu que talvez eu não tivesse entendido a inten- ção humorística da trama. Na verdade, o longa é tão aterrori- zante que ainda hoje é difícil perceber esse aspecto.” Hitchcock especializou- se em revelar o segredo das pessoas – cineasta do voyeurismo, do olho e da dúvida, da ambiguidade, ele tornou-se célebre por mostrar o verso e o reverso do mundo. “Ele foi per- feito ao usar todos os recursos do cinema que dispunha para chocar, cativar e até mesmo sedu- zir o público”, observa Adrian Wootton, chefe executivo do Film London e especialista na obra de Hitchcock, em entrevis- ta realizada por e-mail. “Tam- bém foi inigualável sua habilida- de em escolher colaboradores de alto calibre, como o compositor Bernard Herman, o desenhista Saul Bass e diversos roteiristas.” Filho de uma família inglesa ca- tólica – o que, diria ele mais tar- de, “na Inglaterra já é uma excen- tricidade” –, a formação de Hitchcock começou cedo, espe- cialmente por conta da imposi- ção religiosa. Em diversas en- trevistas, ele relembrou um fa- to marcante: aos cinco anos, depois de cometer uma traves- sura, o pequeno Hitch foi en- viado pelo pai para um delega- do amigo seu, com uma carta. Depois de lê-la, o policial o dei- xou trancafiado durante cinco minutos e, ao libertá-lo, disse: “Veja o que pode acontecer se não for um bom menino”. “Isso explica seu temor pela polícia que, na maioria de seus filmes, não faz o papel do moci- nho”, comenta Bogdanovich. “De fato, sua obra no cinema claramente re- flete um debate moral entre ações boas e más”, completa Wootton. Ter estudado em um colégio de jesuítas, que contemplavam os autores de pequenas indisci- plinas com alentados castigos corporais, também solidificou sua formação. Ou seja, o rígido catolicismo inglês mostrava que a inocência não existe e que o corpo servia apenas para atravancar os caminhos do espí- rito. Bogdanovich observa que Hitchcock sempre foi um ho- mem extremamente organiza- do e cumpridor das leis em sua rotina, mas, no cinema, busca- va a redenção – daí a decisão de aparecer em praticamente to- dos seus filmes, para deleite da plateia, sempre de maneira cô- mica ou desastrosa: servia para mostrar como seu corpo era um objeto estranho em meio à beleza de suas heroínas. A relação com as atrizes, aliás, sempre foi tumultuada. “Tippi Hedren, por exemplo, com quem filmou Os Pássaros e Mar- nie – Confissões de uma Ladra, me contou que Hitchcock era obce- cado em controlar sua carreira”, conta Wooton. “Para comple- tar, as feministas o atacavam, di- zendo ser misógino e sádico. Pa- ra mim, a realidade é outra, pois sua obra sempre exibiu uma mis- tura de sedução, erotismo e vio- lência, assim, há prazer e dor na interpretação das heroínas.” Já Bogdanovich vê a relação como ambígua. “Mas, na maio- ria das vezes, é positiva, pois o ponto de vista feminino quase sempre impera nas suas tra- mas.” Ele cita como exemplo In- terlúdio: “Trata-se de uma histó- ria de amor dark entre Ingrid Bergman e Cary Grant. E foi Grant quem me fez notar isso”. O filme, aliás, está entre os prefe- ridos de Bogdanovich, ao lado de Janela Indiscreta (“Um estu- do sobre o uso da câmera”) e In- triga Internacional (“Diversão em estado puro”). Já Wootton prefere a profunda e estilística complexidade de Um Corpo que Cai. Agora, o público tem a chan- ce de fazer sua escolha. H Mostra no CCBB e Sesc traz a filmografia completa do mestre do suspense MOSTRA HITCHCOCK CCBB. R. Álvares Penteado 112, tel. 3113-3651. R$ 4. Até 24/7 Cinsesc. R. Augusta, 2.075, tel. 3087-0500. De 7 a 17/7 K C DIVULGAÇÃO } O BASTIDORES

Todo Hitchcock

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H

C

I

C

● Psicosemostrou pelaprimeira vez na história docinema um vaso sanitário (atéentão proibido pela censura).

● A partir de O Pensionista, de1927, Hitchcock iniciou suasaparições nos filmes, tornando-se uma de suas marcas. OHomemErrado é o único longaem que ele fala.

● EmUmCorpo Que Cai, eleusou a famosa combinação deavançar o zoom e retornar o focopara transmitir a sensação devertigem para o público.

●Quando Fala o Coração foium dos primeiros filmes america-nos a tratar da psicanálise. / U.B.

CT

Mais informações sobre a obrado diretor inglês na Pág. D5

TODO

estadão.com.br

Ubiratan Brasil

Barriga proeminente, cabeçacalva, gestos vagorosos, jeitolevemente parvo – AlfredHitchcock (1899-1980) nãoapresentavanenhumvestígioaterrorizante, nenhum sinaldaquele homemque, no cine-ma,provocouarrepiosnapla-teiadurantemeioséculo.Bas-ta lembrar da cena do chuvei-ro, em Psicose; ou da angus-tiante espera pelo tocar doscímbalos da orquestra em OHomem Que Sabia Demais; ouainda da aproximação do as-sassino em Janela Indiscreta.Elefoiocineastaquesabiaco-moninguémenvolveropúbli-co em uma atmosfera de ex-pectativa emedo.Se ainda resta algumadúvi-

da sobre tal capacidade, bastainiciar uma peregrinação diá-ria ao CCBB que, a partir dequarta-feira, vai apresentarboa parte da obra de Hitch-cock durante seis semanas.Nesseperíodo,serãoapresen-tados 54 longas e 127 episó-dios de sua série para a televi-são, além de três curtas. Me-lhor: a apresentação será empelícula de 35 mm, ou seja,sem aquele aspecto de ima-gemdeTV se fosse emDVD.“Considere essa mostra um

privilégio e uma bênção, em

meio a tanta porcaria exibidanoscinemashojeemdia”,disseo cineasta Peter Bogdanovichao Estado, em entrevista portelefone. “Observada a obraemsequência,épossíveldetec-taraincrívelorganicidadedoci-nemadeHitchcock.”Bogdano-vich é autor de filmes respeitá-veis, como A Última Sessão deCinema,massuacontribuiçãoàsétimaarteéreforçadacomen-trevistas que fez com célebrescineastas, no momento (anos1960 e 70) em que os grandesestúdiosestavamsedesmobili-zando – foi assim com JohnForde, claro,Hitchcock.“Eu o conheci pessoalmen-

teem1961, logodepoisdefina-lizado Psicose”, continua Bog-danovich.“Lembrodeterditoqueaquelefilmenãoestavaen-tre meus favoritos e Hitch-cock respondeu que talvez eunãotivesseentendidoainten-ção humorística da trama. Naverdade,olongaétãoaterrori-zante que ainda hoje é difícil

perceber esse aspecto.”Hitchcockespecializou-

se em revelar o segredodas pessoas – cineasta dovoyeurismo,doolhoedadúvida,da ambiguidade, ele tornou-secélebre por mostrar o verso e oreverso do mundo. “Ele foi per-feito ao usar todos os recursosdo cinema que dispunha parachocar,cativareatémesmosedu-zir o público”, observa AdrianWootton, chefe executivo doFilm London e especialista naobra de Hitchcock, em entrevis-ta realizada por e-mail. “Tam-bém foi inigualável sua habilida-deemescolhercolaboradoresdealto calibre, como o compositorBernard Herman, o desenhistaSaul Bass e diversos roteiristas.”Filhodeumafamíliainglesaca-

tólica – o que, diria ele mais tar-de,“naInglaterrajáéumaexcen-tricidade” –, a formação deHitchcock começou cedo, espe-

cialmenteporcontadaimposi-ção religiosa. Em diversas en-trevistas, ele relembrouumfa-to marcante: aos cinco anos,depoisdecometerumatraves-sura, o pequeno Hitch foi en-viado pelo pai para umdelega-do amigo seu, com uma carta.Depoisde lê-la,opolicialodei-xou trancafiado durante cincominutos e, ao libertá-lo, disse:“Veja o que pode acontecer senão for um bommenino”.“Isso explica seu temor pela

polícia que, namaioria de seusfilmes, não faz opapel do moci-nho”, comentaBogdanovich.“De fato, suaobra no cinemaclaramente re-flete um debatemoral entreações boas e

más”, completaWootton.Ter estudado em umcolégio

de jesuítas, que contemplavamosautoresdepequenas indisci-plinas com alentados castigoscorporais, também solidificousua formação. Ou seja, o rígidocatolicismo inglês mostravaque a inocência não existe eque o corpo servia apenas paraatravancaroscaminhosdoespí-rito. Bogdanovich observa queHitchcock sempre foi um ho-mem extremamente organiza-do e cumpridor das leis em suarotina, mas, no cinema, busca-va a redenção–daí adecisãodeaparecer em praticamente to-dos seus filmes, para deleite daplateia, sempre demaneira cô-micaoudesastrosa: servia paramostrar como seu corpo era

um objeto estranho em meio àbeleza de suas heroínas.A relaçãocomasatrizes, aliás,

sempre foi tumultuada. “TippiHedren, por exemplo, comquem filmouOs Pássaros eMar-nie –Confissões deumaLadra,mecontouqueHitchcock era obce-cadoemcontrolar suacarreira”,conta Wooton. “Para comple-tar,as feministasoatacavam,di-zendosermisóginoesádico.Pa-ramim, a realidade é outra, poissuaobrasempreexibiuumamis-tura de sedução, erotismo e vio-lência, assim, há prazer e dor nainterpretação das heroínas.”Já Bogdanovich vê a relação

como ambígua. “Mas, na maio-ria das vezes, é positiva, pois oponto de vista feminino quasesempre impera nas suas tra-mas.”Elecitacomoexemplo In-terlúdio: “Trata-se deumahistó-ria de amor dark entre IngridBergman e Cary Grant. E foiGrant quemme fez notar isso”.Ofilme,aliás,estáentreosprefe-ridos de Bogdanovich, ao ladode Janela Indiscreta (“Um estu-do sobre ousoda câmera”) e In-triga Internacional (“Diversãoem estado puro”). Já Woottonprefere a profunda e estilísticacomplexidade de Um Corpo queCai.Agora,opúblicotemachan-ce de fazer sua escolha.

H

Mostra no CCBB e Sesc traz a filmografiacompleta do mestre do suspense

MOSTRA HITCHCOCKCCBB. R. Álvares Penteado 112,tel. 3113-3651. R$ 4. Até 24/7Cinsesc. R. Augusta, 2.075,tel. 3087-0500. De 7 a 17/7

KC

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OBASTIDORES

Cinema.Mostra

CONSENSOCONSTRUÍDOPORTRABALHOCRÍTICO

Tornou-se mestre por influência dos Cahiers du Cinéma

Luiz CarlosMerten

É possível que nem os cinéfilosdecarteirinhapossamdizerqueconhecem a íntegra da obra deAlfred Hitchcock. Ela atravessacinco décadas, dos anos 1920aos 70, desenvolve-se em doiscontinentes (Europa e Améri-ca) e percorre pelo menos duasmídias, cinema e televisão. Co-modarcontadissotudo?Agran-deretrospectivadoCentroCul-tural Banco do Brasil oferece aoportunidade rara para que nãoapenasos jovens,mastodospos-samos (re)ver a totalidade dochamado mestre do suspense.Todo Hitchcock – 54 longas pa-ra cinema, três curtas e 127 epi-sódios de TV, onde ele criou asérie Alfred Hitchcock Presents.Só louco para negar depois dis-soaevidênciaquese imporá, so-berana–Hitchcock foi eperma-necesendoumdosmais influen-tes artistas do cinema. Omais?Você ouve sempre que a cena

mais influente de todas é a daescadariadeOdessa,quedurase-teminutos, no clássicoOEncou-raçado Potemkin, de SergeiM. Ei-senstein, de 1925. Ela é funda-mental, mas seu reinado ficouabalado, 35 anos mais tarde,quandoHitchcockcriouoassas-sinato na ducha em Psicose. Bas-taram 45 segundos de filme e 72planospara instalar uma revolu-ção estética que, desde então,nãocessadecrescer.Dali saírama linguagem da MTV, os clipesmusicais (reinventados por Ri-chard Lester com os Beatles), ogore (quando William Friedkinincorporou o sangue que Hitch-cock sehavia recusado a filmar).

Uma cena não dá conta deumaobra inteira,mesmoquese-ja a escadaria deOdessa ou o as-sassinato deMarion Crane, masvá dizer aos 1001 imitadores dePsicose, que incluem Brian DePalma, Mel Brooks, Woody Al-leneSteno.Oqueaindalevamui-ta gente a implicar com Hitch-cockéumconceito errado.Pote-mkin é um marco da revoluçãono cinema e Psicose baseia-se

numpulp (deRobert Bloch). Háaíumadiferençademérito,prin-cipalmenteseocríticoforde“es-querda”.Mas sepoderia avançardizendo que omarco zero da re-volução celebrada por Eisens-tein, se mudou a história do ho-mem, desembocou num Estadorepressivoepolicial.Oassassina-tonaducha,emHitchcock,étra-gédia pura. Subverte o maishollywoodiano dos temas, a se-

gunda chance (com a volta aolar). O banho seria a purificaçãodeMarion para voltar para casa,e ela nunca vai conseguir.Nem Eisenstein nem Hitch-

cock são responsáveis pelo usoque foi feito depois de suas ce-nas emblemáticas (nem do quese transformou a revolução rus-sa de 1917). O importante é que,numa mídia popular como o ci-nema, nascida na feira, Hitch-

cockfoiumincansávelpesquisa-dor de formas e imagens. Nasci-do em Londres, em 1899, mortoem Los Angeles, 1980, ele estu-dounumcolégiode jesuítas e foimarcado por uma experiênciana infância, quando o pai o en-vioucomumamensagemàdele-gacia e ele ficou preso por umapequena infração que cometera.Hitchcock queria ser engenhei-ro. Virou profissional do cine-ma, primeiro na Inglaterra.Osanos1920/30esculpiramte-

maseapreferênciapelosuspen-se. Nos 40, em Hollywood, eledescobriuapsicanálise.Nos50,atingiu a plena maturidade doseu estilo e realizou obras-pri-mas no limite da perfeição.Nos60, embora imperfeitos, reali-zou seus mais belos filmes – aimplacável trilogiaedipianafor-mada por Psicose, Os Pássaros eMarnie. Pode-se preferir Janeladiscreta, Um Corpo Que Cai e In-triga Internacional – o próprioHitchcock gostava mais de ÀSombra de Uma Dúvida –, mas oÉdipo e a Electra revisitados natrilogia formamumblocodead-mirável coerência, incorporan-do a quintessência dos temasdoautor(falsoculpado, transfe-rênciadeculpa, loiras frias etc).Após o limite de Marnie, obra-prima doente (segundo Fran-çois Truffaut), inicia-se a deca-dência. Ainda surgem lampejosde gênio, aqui e ali, mas a gran-deza de Hitchcock está nos fil-mes passados. Sua obra celebraamontagem, comoa de Eisens-tein.A famaéde formalista, quequeria controlar a imagem. Omelhor de Hitchcock é o seudenso humanismo.

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Alguns críticos

o chamam de

formalista, mas

grandemarca

de Hitchcock é

o humanismo

INCANSÁVELBUSCAPELA

●ExposiçãoNa Faap, continuaaberta a mostraGrace Kelly, comobjetos de uma dasmusas de AlfredHitchcock

UmCorpoQueCai.Quandoestreou, diretorjá era tidocomo gênio

FOTOSDIVULGAÇÃO

IMAGEM

Luiz ZaninOricchio

Nos anos 1950, com sua carreirajá bem desenvolvida, AlfredHitchcock não era, nem de lon-ge, consideradoumgrandemes-treacimadobemedomal, comohoje. Nada disso. Era visto ape-nas como bom diretor, um arte-são, conhecedor das manhas doseumétier e empenhadoemtra-balhos menores, “filmes paraprovocarmedo nas pessoas”.Em área tão sujeita ao julga-

mentosubjetivo, comoocinemae as artes em geral, seu caso éexemplarparaseentendercomoseconstroemconsensos.Ou,pa-raparticularizar, comoumartis-tadaperiferiaganhaingressopa-ra o panteão do cânone.No caso de Hitchcock, sua fa-

maatualéfrutodeintenso,traba-lhoso e aprofundado trabalhocrítico.Quemoempreendeu fo-ram os então jovens críticos dainfluente revista francesa Ca-hiers du Cinéma – Jean-Luc Go-dard, Eric Rohmer, Jacques Ri-vette,ClaudeChabrole,emespe-cial, François Truffaut.AdmiradoresdeHitchcock,os

críticoslançaramintensacampa-nhapor sua entronização.Textoapós texto, procurarammostrarque havia mais nas obras do ci-neasta do que deixava ver a su-perfície.Emsuashistóriasdeme-do, Hitchcock discutiria temastãoprofundos comoaqueles de-batidos,porexemplo,naobradeumBergman. Bastava saber ver.Em outubro de 1954, os Ca-

hiers publicam extenso dossiêHitchcock, com ensaios assina-dosporseusprincipaisarticulis-tas. Quando em 1959 Hitchcocklança na França seu Um Corpoque Cai já recebe tratamento de

gênio inconteste.Aúltimafortalezaacair foi jus-

tamente os Estados Unidos, on-de Hitchcock ainda era tratadocom condescendência por parteda crítica e do público sofistica-do. Truffaut decide então fazerum grande livro de entrevistas,emqueomestreexporiaseumé-todo, filme a filme. O livro (NoBrasil, Truffaut/Hitchcock, Cia

das Letras) é lançado na Françaem 1966 e, nos EUA, um anomais tarde. Torna-se sucesso ereferência, com a fama de “omais belo livro de cinema de to-dosos tempos”segundoumare-senha. Quando a última frontei-ra caiu, o lugar de Hitchcock nahistóriadocinemaestavaassegu-rado. Morreu em 1980, cercadode glória e admiração.