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Fisiologia neurológica SINAPSES

SINAPSES · 2020. 8. 31. · ses neurotransmissores ficam armazenados nas vesículas sinápticas do termi-nal pré-sináptico e são mediadores químicos fundamentais para que ocorra

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Fisiologia neurológica

SINAPSES

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• CONCEITOS

Sinapse pode ser conceituada como a transmissão da informação de um neu-rônio para outra célula, que pode ser ou não um neurônio, através do ponto de contato. Existem alguns tipos, como a Sinapse Neuro-neural que é o contato entre 2 neurônios, através dos terminais pré-sináptico e pós-sináptico, pode ser também Sinapse Neuro-epitelial que acontece entre neurônio e célula epitelial, ou Placa Motora (ou Sinapse neuromuscular), contato entre neurônio e célula muscular.

• CLASSIFICAÇÃO DA SINAPSE NEURO-NEURAL 1) Axo-dendríticas É a forma mais comum e representa 80% das sinapses. Ela ocorre entre o axô-nio de um neurônio e o dendrito de outro neurônio. 2) Axo-somática

É a 2° mais comum e ocorre entre o axônio de um neurônio e o soma (corpo celular) de outro neurônio.

3) Axo-axônicas

Essa é a forma menos comum e ocorre entre os axônios de 2 neurônios.

• CLASSIFICAÇÃO DO TIPO DE SINAPSE

1) Elétrica É pouco encontrada no SNC. Na sinapse elétrica, a membrana pré-sináptica do neurônio 1 mantém contato com a membrana pós-sináptica do neurônio 2 através do Conéxon, que é a união de várias conexinas, formando uma “ponte” citoplasmática entre os 2 neurônios (é um tipo de junção comunicante), permi-

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tindo o livre trânsito de íons. Essa sinapse é muito mais rápida que a química e pode ser bidirecional, o que permite a coordenação das atividades de grandes grupos de neurônios interconectados. Diferentemente da sinapse química, é menos passível de modulação e não apresenta retardo sináptico.

Representação da sinapse elétrica

2) Química É a mais comumente encontrada. Não possui contato físico entre os neurônios e para isso utiliza neurotransmissores. Possui o princípio da condução unidi-recional, na qual o neurônio pré-sináptico secreta neurotransmissores que atu-am nas proteínas receptoras do neurônio pós-sináptico esse mecanismo permite que os sinais sejam direcionados para alvos específicos.

• CLASSIFICAÇÃO PELO EFEITO

1) Excitatória Quando os terminais pré-sinápticos secretam um neurotransmissor que esti-mula o neurônio pós-sináptico.

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2) Inibitória Quando neurotransmissor secretado inibe o neurônio seguinte.

• ANATOMIA E MECANISMO DA SINAPSE QUÍMICA

Na sinapse química, não há contato físico entre o terminal pré-sináptico de um neurônio e o corpo celular do neurônio pós-sináptico. Existe a chamada fenda sináptica, que é o local onde haverá a liberação dos neurotransmissores. Es-ses neurotransmissores ficam armazenados nas vesículas sinápticas do termi-nal pré-sináptico e são mediadores químicos fundamentais para que ocorra o processo de sinapse.

Para que a produção do efeito seja estabelecida, existem receptores no neurô-nio pós-sináptico que farão a recepção desses neurotransmissores. O efeito gerado é dependente do tipo de receptores presentes na membrana neuronal: excitatórios ou inibitórios.

É importante destacar que, alguns neurotransmissores são formados no corpo celular e chegam até o terminal axônico conduzidos pelos filamentos do citoe-squeleto. Já outros, são formados no próprio terminal axônico e não necessi-tam de transporte.

Imagem da sinapse química

A Terminal pré-sináptico B Terminal pós-sináptico 1 Mitocôndria 2 Vesículas sinápticas 3 Autorreceptor 4 Fenda sináptica 5 Receptores dos neurotransmissores 6 Canal de cálcio 7 Fissão da vesícula e liberação dos neurotransmissores 8 Recaptação dos neurotransmissores

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Quando a onda de despolarização chega na membrana do terminal pré-sináptico, um grande número de canais de cálcio voltagem-dependente locali-zado nessa membrana se abre. No terminal axônico, os íons cálcio entram por esses canais e se ligam a calmodulina.

O complexo Calmodulina + Cálcio ativa uma enzima chamada tubulina-quinase, responsável por fosforilar, ou seja, adicionar radical fosfato, na tubuli-na presente nos microtúbulos, que é um dos filamentos do citoesqueleto. Des-sa forma começa o endereçamento das vesículas sinápticas para a membrana do terminal axônico. Lá, essas vesículas começam a se fundir com a membrana do terminal axônico, formando o Complexo de Fusão (composto pelas proteí-nas v-SNARE e t-SNARE) e quando esse complexo é ativado: ele ativa ATPase e Fosfolipases. Isso faz com que os fosfolípideos se afastem e tem-se a libera-ção por exocitose dos neurotransmissores na fenda sináptica.

Liberação de neurotransmissores na fenda sináptica

Exemplo de empacotamento de neurotransmissores Através de co-transporte do tipo antiporte, no qual uma molécula de dopami-na entra na vesícula enquanto uma molécula de próton (H+) é exportada. Para garantir o H+ necessário no processo existe uma Bomba de Prótons ATPase: essa bomba capta os prótons de fora da vesícula e bombeia para dentro às

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custas de ATP. A dopamina pode virar noradrenalina no interior da vesícula, sendo formada no terminal axônico. Para liberar os neurotransmissores na fen-da sináptica, essas vesículas precisam se fundir com a membrana do terminal pré-sináptico.

Empacotamento da dopamina da vesícula sináptica

• INTERAÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES NA FENDA SI-NÁPTICA

1) Interação com receptor pós-sináptico A membrana pós-sináptica apresenta grande número de proteínas receptoras, compostas por: componente de ligação que se exteriora para fenda sináptica + componente intracelular que alcança o interior do neurônio pós-sináptico. Atra-vés dessa interação, se produz efeitos excitatórios ou inibitórios no neurônio pós-sináptico.

2) Interação com receptor pré-sináptico Responsável pela autorregulação da liberação do neurotransmissor através de uma modulação negativa e inibição pré-sináptica. Essa última, ocorre devido a liberação de neurotransmissores inibitórios nos terminais pré-sinápticos, que geralmente é o GABA, resultando na liberação de íons cloreto que anulam efei-to excitatório dos íons sódio, inibindo a transmissão sináptica.

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• TIPOS DE RECEPTORES

IONOTRÓPICO METABOTRÓPICO

O receptor é o próprio canal iônico, então permite a passagem direta de alguns íons pela sua membrana, dessa forma ele ativa diretamente o canal iônico.

O receptor está atrelado a várias proteínas, atuando através de um sistema de 2º men-sageiro para ativar o canal iônico, sendo assim, o canal iônico é ativado indiretamen-te.

• EFEITO NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA

1) Excitatório O neurotransmissor excitatório aumenta a permeabilidade ao Na+ agindo no receptor excitatório da membrana pós-sináptica O potencial de repouso da membrana do corpo celular é de −65 milivolts. Através do influxo dos íons de sódio, esse potencial de repouso da membrana torna-se menos negativo. Esse aumento voltagem do potencial é chamado potencial excitatório pós-sináptico (PEPS) Esse mecanismo age favorecendo o processo de despolarização no

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segmento inicial do axônio (cone axônico) até o limiar de excitação. Quando um único PEPS não é suficiente para atingir o limiar de disparo, ele soma-se a ou-tros através de um processo chamado de somação. Além disso, o potencial de ação é originado no cone axônico, pois sua membrana tem 7x mais canais de sódio voltagem-dependentes que a membrana do corpo celular.

2) Inibitório Aumenta permeabilidade ao íon cloreto (carga negativa) como esse íon tem carga negativa, seu influxo provoca uma hiperpolarização (aumenta negativi-dade) Garantindo o potencial pós-sináptico inibitório (PPSI), afastando a célula do limiar de excitação. PIPS pode ocorrer também pela abertura de ca-nais de potássio, fazendo com que ocorra a exteriorização do K+, diminuindo as cargas positivas na face interna da membrana resultando numa hiperpolari-zação e garantindo o PIPS. O potencial inibitório pós-sináptico (PIPS) tende a diminuir a tendência de a célula ser despolarizada, através do aumento de car-gas negativas na face interna da membrana, mantendo seu potencial abaixo do limiar de disparo.

• SOMAÇÃO DOS POTENCIAIS SINÁPTICOS

1) Espacial Ocorre quando vários axônios de neurônios distintos chegam em pontos dife-rentes de um outro neurônio. Cada um realiza uma sinapse e gera um PPSE diferente. Através da somação desse PPSE se alcança o limiar de disparo e ge-ra potencial de ação nesse neurônio. Isso é possível pois a condutividade elétri-ca no corpo celular é muito grande, então qualquer alteração local no potencial alterará todo o corpo celular de maneira muito semelhante.

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Somação Espacial

2) Temporal Ocorre quando um mesmo axônio dispara no mesmo ponto de um neurônio, mas nesse caso há vários potenciais de ação diferentes, pois, a frequência de disparo é maior. Um estímulo consegue manter o potencial pós-sináptico modi-ficado por 15 milissegundos e se outro estímulo entrar dentro deste período de tempo aumenta o potencial pós-sináptico, e assim sucessivamente. Esses vá-rios potenciais de ação geram vários PPSE, que podem num processo de so-mação alcançar o limiar de disparo para conseguir abrir os canais de sódio vol-tagem-dependente e gerarem potencial de ação.

Somação Temporal

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• TÉRMINO DA AÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES

Os neurotransmissores podem sofrer a recaptação neuronal, como ocorre com a noradrenalina; ou degradação na fenda, como a acetilcolina. Existe também a recaptação extraneuronal, que pode ser exemplificada pelo GABA e até mes-mo a difusão até o sangue. O ponto importante é que, qualquer um desses destinos resulta em término do efeito do neurotransmissor.

Existem algumas drogas, como anfetamina e cocaína, que interferem no pro-cesso sináptico, aumentando o tempo das catecolaminas na fenda sináptica, potencializando seu efeito.

• CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DA SINAPSE QUÍMICA

1) Fadiga sináptica Exaustão total ou parcial dos estoques de neurotransmissores. É um mecanis-mo de proteção do organismo contra a atividade neuronal excessiva. Exemplo: mecanismo autolimitante da convulsão epiléptica.

2) Acidose e alcalose Acidose induz uma diminuição da transmissão sináptica (exemplificada pelo estado comatoso induzido pela acidose urêmica e crises hiperglicêmicas agu-das), enquanto a alcalose aumenta acentuadamente a excitabilidade neuronal (exemplo: hiperventilação em predispostos a convulsão epiléptica pode precipi-tar crise).

3) Hipóxia Age diminuindo a transmissão sináptica, pois o neurônio é uma célula com ele-vado metabolismo, necessitando de muito ATP que depende, em sua maior parte, do metabolismo aeróbio.

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4) Retardo sináptico Só ocorre na sinapse química e mede 0,5 mseg. É o tempo do íon cálcio entrar no terminal pré-sináptico, as vesículas serem endereçadas e se fundirem a membrana do terminal pré-sináptico, haver a liberação dos neurotransmissores e interação com os receptores do terminal pós-sináptico para produção do efei-to.

5) Efeito dos fármacos sobre a transmissão sináptica É importante lembrar que algumas moléculas podem estimular a transmissão sináptica através da diminuição do limiar de excitação neuronal (ex: cafeína, teofilina e teobromina) ou pela inibição da ação de substâncias transmissoras inibitórias (ex: estricnina). Existem outras moléculas, como os anestésicos, que aumentam o limiar para excitação da membrana neuronal, consequentemente reduzindo a transmissão sináptica.

• NEUROTRANSMISSORES

São mediadores químicos que garantem, com eficiência, a ocorrência da si-napse química. A sinapse elétrica não apresenta esse tipo de molécula. São liberados na fenda sináptica e quando interagem com seus receptores no terminal pré-sináptico ou pós-sináptico levam a algum tipo de efeito.

RÁPIDOS LENTOS

Síntese no botão terminal

Vesículas pequenas

Grandes quantidades

Chamados de Neuropeptídeos

Síntese no corpo celular

Vesículas grandes

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Ação rápida e curta

Agem ao nível de sinapse

Pequenas quantidades

Ação lenta e duradoura

Podem agir longe da sinapse

REPRESENTANTES

Classe I: Acetilcolina Hormônio Liberadores Hipotalâmicos: TRH; GnRH; GHIH; CRH

Classe II: Aminas (Norepinefrina; Epine-frina; Dopamina; Serotonina; Histamina).

Peptídeos Hipofisários: ACTH; PRL; TSH; GH

Classe III - Aminoácidos: GABA; Glicina; Glutamato; Aspartato.

Peptídeos que agem no Intestino e no Cérebro: Encefalina; Substância P; Gas-trina; CCK; VIP

Classe IV: Óxido nítrico e Adenosina De outros tecidos: Angiotensina II; Cal-citonina; Bradicinina

CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS NEUROTRANSMISSORES

Acetilcolina – Está no sistema nervoso autônomo parassimpático, nas fibras pré-ganglionares do SNA simpático e no SN somático. Também está envolvida com memória e sono REM.

Norepinefrina – Envolvida no SNA simpático, secretada nas fibras pós-glanglionares, consegue induzir situações de alerta e estresse

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Dopamina – Secretada por neurônios da substância negra e, em geral, possui efeito inibitório.

Glicina – Secretada pela medula espinhal, sempre atua como neurotransmissor inibi-tório.

GABA – Efeito inibitório sempre!

Glutamato – Efeito excitatório sempre!

Serotonina – Ação inibitória tanto nas vias de dor na medula espinal, como nas regi-ões superiores auxiliando humor e provocando sono.

Óxido Nítrico – Secretado nas áreas responsáveis por comportamento a longo pra-zo e memória. Difere dos demais neurotransmissores por ser liberado na fenda si-náptica dentro de embalagens vesiculares e promovendo alterações na excitabilida-de do neurônio pós-sináptico através de modificações das funções metabólicas in-tracelulares.

• REFERÊNCIAS

Curso de Fisiologia Neurológica – Jaleko Acadêmicos. Disponível em: <https://www.Jaleko.com.br>. Acesso em: 19 jul. 2020.

GUYTON, Arthur; HALL, John. Guyton & Hall Fundamentos de Fisiologia. 13a edição. Elsevier Brasil, 2017.