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Autor: Kamila de Paula MoraisAno: 2011/2012Trabalho de Conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Goiás-UEG, Anapólis/GO.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UnUCET - Anápolis

ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO II

ESPAÇO SINÁPTICO

Uma proposta para o vazio urbano

Kamila de Paula Morais

ANÁPOLIS

2012/1

Orientadora: Profª Ms. Sandra Catherine Pantaleão

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SumárioSumárioSumário

SumárioSumárioSumárioSumário

SumárioSumárioSumárioSumário

SumárioSumário

SumárioSumárioSumárioSumário

SumárioSumárioSumárioSumário

SumárioSumário

SumárioSumárioSumárioSumário

SumárioSumário

RESUMO

INTRODUÇÃO

APRESENTAÇÃO TEÓRICA

GOIÂNIA E APARECIDA: HISTÓRICO DA CONURBAÇÃO

REGIÃO CONURBADA: SUL DE GOIÂNIA, NORTE DA APARECIDA

ESTUDO DA ÁREA

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Parque Spoor Noord, Bernardo Secchi e Paola Viganò

Edifício Linked Hybrid, Steven Holl arquitetos

Parque De La Villette, Bernard Tschumi

CONCEITO: A REALIDADE URBANA COMO PARTIDO PROJETUAL

PROGRAMA

PROPOSTA PROJETUAL

MEMORIAL JUSTIFICATIVO - A ESCALA PEQUENA

REFERÊNCIAS

ANEXOS

01

02

03

05

11

15

25

31

34

35

38

29

27

25

41

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ResumoResumoResumo

ResumoResumo

ResumoResumo

ResumoResumo

ResumoResumo

ResumoResumo

ResumoResumoResumo

ResumoResumo

ResumoResumoResumo

ResumoResumo

ResumoResumo

ResumoResumo Resumo

Trabalho de conclusão de curso com ênfase ao projeto urbano que visa intervir

numa área vazia há quase 30 anos. Desenvolve-se aqui um estudo analítico e um

pré-projeto de um Parque localizado nos setores Faiçalville, em Goiânia e no

Conjunto Santa Fé, em Aparecida, onde seu entorno é caracterizado por vários

elementos urbanos contemporâneos, como shopping, condomínios horizontais

fechados, hipermercados e subcentros, resultando num espaço fragmentado.

Uma intervenção com bases teóricas no estudo da periferização de ambas as

cidades e no processo de concentração e dispersão das cidades, levantadas por

Secchi (2009). Um projeto orientado a partir do estudo da realidade urbana atual

da Região Metropolitana de Goiânia, com intuito de trazer às três escalas – grande,

média e pequena – o sentido de conjunto e harmonia, articulando estes

fragmentos urbanos. O que se refere metaforicamente a um Espaço Sináptico,

lugar de comunicação entre um neurônio e outro no sistema nervoso do cérebro,

nessas cidades, busca comunicar e interagir estes elementos urbanos isolados e

segregados através de uma intervenção baseada na renovatio urbis, o qual se

apresenta aqui de maneira projetual como um Parque multifuncional destinado a

cultura, lazer, arte, música, dança e entretenimento.

Palavras-chave: Concentração e dispersão; Renovatio urbis; Parque urbano

1

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IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução

Setor Faiçalville

Jd. Atlântico

Pq. Amazônia

Vl. Brasília

Jds. Viena

Av. R

io V

erde

O vazio urbano nos suscita variados questionamentos. De quem é? Por

que não constrói? Será que é da Prefeitura? O que vão construir? E décadas se

passam e a imaginação toma conta do discurso social, como forma de apreender

o que está vazio. Eu que sou moradora da região Sudoeste da capital desde

quando nasci muito me intrigava (e intriga) aquela grande área ociosa ao lado do

SESC Faiçalville, em Goiânia. Eu, quanto ela, presenciamos a Avenida Rio Verde

se transformar de um lugar fim de mundo para o endereço de um dos maiores

shoppings da Região Metropolitana de Goiânia. Ela ainda está praticamente

imutável (e eu, nem tanto).

Portanto, são destes questionamentos que me surgiu a possibilidade de

intervir naquele vazio como forma de entender e dar significados pertinentes a

cidade. Visto que, um trabalho de arquitetura e urbanismo inicia-se

primeiramente pelo estudo aprofundado da relação entre lugar e cidade, o

percurso desse projeto foi primeiramente buscar ouvir o que o espaço urbano

pede para aquela área, o que ela é dentro da cidade. A partir deste ponto,

levantar os usos relevantes que vão caracterizar a cidade tanto pontualmente,

quanto em sua totalidade.

Sendo a área de intervenção localizada tanto em Goiânia como em

Aparecida de Goiânia, local originado a partir da conurbação de ambas as

cidades, o levantamento histórico tem como objetivo entender como elas se

encontraram fisicamente e se delimitaram pela Avenida Rio Verde, através de

um processo de periferização. Deste modo, as bases teóricas para essa análise

teve como Secchi (2009) um norteador para compreender a formação das

periferias nas cidades e Panerai (2006), para uma análise urbana física.

No decorrer da formação dessas cidades, a descentralização gerou

espaços segregados, fragmentos isolados e desarticulados com o restante da

malha. O que dificulta nas relações sociais, na mobilidade, na acessibilidade e na

permeabilidade da cidade. O Espaço Sináptico, lugar de comunicação entre um

neurônio e outro dentro do cérebro, dentro das cidades de Goiânia e Aparecida,

busca comunicar estes elementos urbanos isolados através de um equipamento

como um Parque multifuncional destinado a cultura, lazer, arte, música, dança e

entretenimento, que irá articular a região em três escalas: grande, média e

pequena. Será um lugar de trocas entre variados públicos de variados lugares,

dando um sentido de conjunto e harmonia. Intenção que será demonstrada nos

tópicos Conceito e Memorial

Google Earth ₢

IntroduçãoIntrodução IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução

St. Bueno

?

Pq. M

aca

mbira

-Anicuns

Pq. Cascavel

Buriti Shopping

2

Sul de Goiânia e Norte de AparecidaPerímetro: Av. Rio Verde

Google Earth, 2011 Org.: Kamila Morais, 2011

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Apresentação teóricaApresentação teórica

Analisar a cidade contemporânea requer uma visão mais cuidadosa de sua história. Requer

retomar suas origens e suas influências para que esse todo seja apreendido e que as ações dos

arquitetos não sejam tão pretensiosas ao ponto de definir, sem um estudo prévio, o que é mais

importante para cidade. Nesse sentido, a busca é entender como essa cidade hoje, tão complexa e

desordenada, funciona. Como ela se interage com seus diversos fluxos e sentidos acelerados,

movimentação de pessoas, idéias, coisas, informações e carros. Para isso, é necessário buscar

conceitos e teorias como base para análise do objeto de estudo, a área conurbada de Goiânia e

Aparecida de Goiânia, definida pela Avenida Rio Verde.

É importante entender que o estudo do crescimento urbano é estritamente importante para

compreender sua globalidade (PANERAI, 2006). Fato este que está implicitamente ligado à economia

e às atuações políticas para que a expansão territorial se justifique. Deve-se ter em mente, portanto,

que a cidade é um objeto dinâmico e o seu estado atual é transitório.

Secchi (2009) inicia essa retomada na história a partir do fim do séc. XIX, início do século XX, no

qual culminou em mudanças profundas no que se entendia por cidade. Esse novo tipo de cidade,

chamada Metrópole, caracterizada por milhões de habitantes, gerou uma angústia pela vastidão,

difícil de controlar e de compreender, dada a dispersão. A fácil mobilidade adquirida, principalmente,

pelo carro, dispersou e fragmentou a cidade. As pressões nas áreas centrais diminuíram e as periferias

se ampliaram, o que neste século produziu formas de ocupação que mudaram a fisionomia de

territórios inteiros, construindo novas geografias sociais, funcionais e simbólicas.

Houve duas seqüências históricas que cadenciaram essas mudanças: “a primeira é construída

sobre a experiência da concentração urbana progressiva, a segunda, sobre a da fragmentação e

dispersão da megalópole nos territórios de dimensões inimagináveis” (SECCHI, 2009, p. 34).

Os processos de concentração e dispersão da cidade geraram os primeiros indícios de

fragmentação urbana. A concentração demonstrava uma utilização mais intensa do espaço urbano.

Segundo Secchi (2009), a cidade se tornou o local de todas as transformações sociais, espaciais e

econômicas. Mas ao mesmo tempo em que integrava, excluía e segregava, abrindo espaço para novas

funções e relações espaciais. E o que não conseguia se integrar à multiformidade, acabava se

tornando um objeto desconectado.

Simultânea à paisagem de arranhas-céus e verticalidade urbana, com intensos níveis de

adensamento, era possível ver, também, como os limites dessas cidades se expandiam rapidamente.

O desenvolvimento da infraestrutura da mobilidade transformou de maneira agressiva a fisionomia

urbana facilitando a dispersão. Viadutos, trevos, autoestradas, anéis viários “alteraram os equilíbrios

tradicionais entre espaço construído e não construído, modificaram as relações espaciais entre os

edifícios, construindo uma nova e inquietante paisagem urbana” (SECCHI, 2009, p. 37).

Era a cidade assumindo as formas de uma cidade difusa, no século XX, vivenciada por diversas

Apresentação teóricaApresentação teóricaApresentação teóricaApresentação teórica Apresentação teórica

3

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maneiras no ocidente, como as edge cities nos EUA (SECCHI, 2009). A paisagem era marcada por duas

imagens: a da verticalizada, em um espaço limitado, e da espraiada, implantada em vastos territórios.

A dispersão suscitou inquietações; foi interpretada na Europa com uma forma de degradação

da cidade moderna e das formas urbanas ou uma antecipação de uma forma diferente de habitar, o

que tornou seu estudo multidisciplinar. A dificuldade de encontrar um denominador comum que

explique este fenômeno “[...] mostra que o espaço da dispersão não é homogêneo e isótropo, mas

constituído de agrupamentos de elementos fragmentários entre os quais se torna importante

estabelecer novas relações” (SECCHI, 2009, p. 51).

A cidade difusa¹ tentou representar de forma concreta a dispersão de grupos sociais

conservadores dos próprios estilos de vida, e evidenciou as discrepâncias entre a riqueza e a pobreza.

Foi uma nova forma de habitar e de produzir o espaço, mas que percorreu histórias diferentes na

Europa, nos EUA e no Brasil. Apesar de serem fenômenos semelhantes, teve também aspectos e

dimensões distintos. Enquanto que na Europa, o processo de dispersão esteve presente na formação

de bairros abastados de pessoas que deixavam a cidade insalubre dentro das muralhas, no século XVII.

Nos EUA, esse processo se deu no século XIX, com a formação dos chamados subúrbios. Foi um

fenômeno motivado pelo american dream, o sonho de uma casa individual com jardim, dentro de

uma comunidade de vizinhos socialmente homogêneos, ou seja, brancos e pertencentes à classe

média. Já no Brasil, como em outros países subdesenvolvidos, a dispersão gerou a formação de

favelas, habitada por uma população pobre, e de condomínios fechados, os quais estavam presentes

no mundo todo a partir da segunda metade do século XX (SECCHI, 2009).

Assim, o crescimento da cidade, muitas vezes de forma desordenada, impõe processos de

configuração urbana, tais como a conurbação. Seja motivado pelo desejo de grupos sociais ou pela

segregação e exclusão social, os loteamentos desordenados invadem as regiões limites das cidades

atribuindo novas relações nas periferias. É nesse sentido que a discussão sobre Goiânia e Aparecida

de Goiânia se faz tão pertinente, tendo como objeto de estudo a região limítrofe das duas cidades,

4

Goiânia

Aparecida

Fig. 1 - Processo de descentralização de Goiânia e Intensificação da expansão ao sul

da capital - direção Aparecida. Acervo do autor, 2011

onde a malha de uma se esbarra com a outra, delineada pela

Avenida Rio Verde. Portanto, a análise se direcionará para a

história da conurbação de ambas as cidades com o objetivo de

descobrir quais são as funções e as relações que estão

envolvidas neste ponto de encontro.

Resumidamente, a capital, Goiânia, cresceu com a

configuração de uma cidade difusa, incentivada por

empreendedores imobiliários. Desde a década de 1960, foi

estimulada o crescimento da cidade para a direção sul – sentido

Aparecida de Goiânia. Esse potencial foi legitimado pelo Plano

Diretor de 1992 que já definia a partir de 1975, a fisionomia

urbana de Goiânia pela expansão vertical na região central, e de

____________________________________________

¹ Secchi (2009) conceitua ‘cidade difusa’ como sendo a representação da dispersão territorial de uma parte da sociedade, onde houve

uma nova forma de produção do espaço, fragmentado e segregado. Onde fez surgir ”novas constelações de operadores, novas relações entre eles e com o sistema político administrativo, novas instituições e procedimentos” (SECCHI, 2009, p. 53).

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intensa horizontalidade na periferia, dilatando a cidade. Isso porque, houve um aumento da

população nessa década, chegando a mais de 380 mil habitantes, número alarmante para uma cidade

planejada para 50 mil, em 1933 (PLANO DIRETOR, 1992).

Com a descentralização do espaço urbano goianiense, a região sul foi a que mais se expandiu.

(Fig. 1) É nela onde os limites de Goiânia se encontraram com Aparecida de Goiânia. A valorização

dessa região desenvolveu novas centralidades, principalmente ao longo da Avenida Rio Verde (limite

entre as duas cidades), o que refletiu diretamente no espaço intra-urbano de Aparecida e suas

relações com Goiânia (PINTO, 2006).

Em Aparecida, o processo de dispersão também não foi diferente. Fruto do esprairamento

espacial de Goiânia, Aparecida teve sua configuração também de cidade difusa ou dispersa

caracterizada pela presença do carro. Entre as décadas de 1960 até 1990, a relação que a cidade

detinha com Goiânia era de “cidade dormitório”, sua população trabalhava e estudava na capital, pois

ainda não apresentava uma economia dinâmica (PINTO, 2006; OJIMA et. al., 2011). Processo que é

explicado a partir facilidade adquirida pela mobilidade, permitindo que as pessoas vivessem mais

distantes, como afirma Secchi (2009).

Nesse sentido, o limiar entre as duas cidades tornou-se campo propício para a especulação

imobiliária, entre os quais o Setor Faiçalville, Jd. Atlântico, Vila Rosa, Conj. Santa Fé, Bairro Cardoso I e

Jd. Helvécia, parcelados entre as décadas de 1960 e 1980, ainda estão em processo de consolidação e,

por isso, há grande concentração de vazios urbanos nestes bairros.

Goiânia e Aparecida: Histórico da ConurbaçãoGoiânia e Aparecida: Histórico da ConurbaçãoGoiânia e Aparecida: Histórico da Conurbação

Goiânia e Aparecida: Histórico da ConurbaçãoGoiânia e Aparecida: Histórico da Conurbação

Fig. 2 - Interligação entre os municípios (1920). Localização da futura capital Goiânia

em 1935 e seus limites na atualidade.Fonte: PINTO, 2009. Org.: Kamila Morais, 2011

Aparecida

Campinas

AnápolisGoyaz

St. Antônio dasGrimpas

(atual Hidrolândia)

Pouso Alto(atual Piracanjuba)

Para entender melhor a dinâmica entre essas cidades e

o processo de dispersão, tratada por Secchi (2009), que

resultou em conurbação, é necessário retomar a história de

evolução urbana de ambas cidades, para melhor

compreensão da região sul de Goiânia e região norte de

Aparecida, delineada pela Avenida Rio Verde, entre os bairros

Vila Brasília e Jd. Helvécia.

Pinto (2009) conta que Aparecida de Goiânia se

formou em 1922, às margens da antiga BR 14 (hoje, BR 153).

Neste local ergueu-se a Igreja Nossa Senhora Aparecida e

algumas casas dos citadinos. A sua localidade e as missões

religiosas incentivaram o comércio no local, pois servia como

parada entre a longínqua Pouso Alto (atual Piracanjuba) e

Campinas, de onde bifurcava para a capital Goyaz (a então,

Cidade de Goiás) e para Anápolis. (Fig.2)

5

Goiânia

BR

153

BR 060

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Fig. 3 - Aparecida de Goiânia, entre 1922 a 1935 - BR 153 como linha de crescimento

Acervo do autor, 2011

Entre 1922 a 1935, Aparecida tinha Campinas como

referência. Nessa época seu crescimento ordenou-se pelo que

Panerai (2006) denomina de linha de crescimento. Para ele, o

crescimento urbano pode ser regulado por dois elementos: os

que organizam a expansão (linhas e pólos) e os que contêm a

expansão (barreiras e limites). A linha de crescimento tem o

papel de ordenar a expansão da malha urbana segundo uma

direção, podendo ser natural ou construído, fazendo parte de

uma trama de comunicação entre as cidades. A via de ligação BR

14 (atual BR 153) de onde Aparecida cresceu, pode se tornar

uma linha de crescimento quando inscrita na área urbana.

(Fig.3)

Com a implantação da nova capital de Goiás, em 1933, o

arraial de Aparecida foi incluso aos documentos e ao território

da nova Goiânia, mas seu desenvolvimento foi tímido durante

um período (PINTO, 2009)².

Segundo Panerai (2006), como um regulador do

crescimento urbano, o tipo pólo de crescimento é um elemento

organizador que dita o crescimento a partir de aglomerações e

“[...] está marcado no tecido urbano como um lugar singular,

um local de concentração que indica a acumulação histórica, o

valor comercial, carga simbólica” (PANERAI, 2006, p. 62).

Assim como Goiânia, projetada em 1933, possuía dois

centros distintos, ou dois pólos de crescimento: o centro

administrativo (os três eixos viários mais a pça. Cívica) e o centro

Fig. 4 - Goiânia em 1933 - Pólos, limites e linha de crescimento

Acervo do autor, 2011

Campinas (1810)Centro Comercial

Goiânia (1933)Centro Administrativo

comercial (Campinas)(RIBEIRO, 2004). Foi nos traços de Attílio Corrêa Lima que a cidade nasceu e

obteve uma organização espacial direcionada ao sentido norte.

Para Panerai (2006), o crescimento espacial da cidade pode acontecer de duas formas:

contínuo ou descontínuo. O crescimento descontínuo caracteriza-se pela ocupação espacial

espalhada, de onde vão surgindo várias aglomerações. A partir do momento em que Attílio integrou a

malha de Goiânia ao antigo município de Campinas, ditou para a nova Capital um crescimento

descontínuo gerado por dois pólos de crescimento. (Fig.4) Mas houve também, com o aparecimento

dos setores Sul e Oeste um crescimento contínuo, o qual “caracteriza-se pelo fato de que, a cada

estágio do processo, as extensões se fazem pelo prolongamento direto de porções urbanas já

construídas. [...] Onde o centro antigo constitui o pólo principal” (PANERAI, 2009, p. 58).

A entrada dos irmãos Coimbra Bueno em Goiânia, em 1935, fez com que a malha urbana

tomasse novas rumos. Engenheiros e donos da firma Coimbra Bueno e CIA. Ltda., vieram do Rio de

Janeiro para a construção da sede dos Correios e Telégrafos e viram em Goiás possibilidades de

6

BR 153

Pça. da Ig.Nossa Senhora

Aparecida

____________________________________________² Existem pouquíssimas bibliografias que tratam da história urbana de Aparecida de Goiânia, portanto, a maioria das análises referentes a essa cidade serão feitas a partir dos estudos de Pinto (2006;2009).

Via Anhanguera

PólosLimitesLinha

Córrego/Parque

Botafogo

Córrego/Capim-puba

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7

enriquecimento rápido. “Eram proprietários de terra ao sul e a

oeste da capital” (RIBEIRO, 2004, p. 68) e utilizaram de suas

influências no estado – contavam com forte apoio do Governo, o

então interventor Pedro Ludovico Teixeira – para atingir seus

objetivos. Um dos fatos que influenciaram a saída de Attílio

Corrêa Lima da administração urbanística de Goiânia,

favorecendo a entrada de Augusto Armando de Gódoi, conta

Ribeiro (2004).

Segundo o Plano Diretor (1992), na década de 1950, a

cidade se expandiu ao sul, em direção às áreas do Estado, e à

Oeste, em direção à área dos irmãos Coimbra Bueno. Muito

embora, entre 1947 a 1951, o poder do Estado estava nas mãos

de Jerônimo Coimbra Bueno, no mesmo momento em que o

governo se “rendeu” às pressões de especuladores imobiliários

e aos proprietários de terras, através de uma lei que retirava da

obrigação do loteador privado, o oferecimento de infra-

estrutura básica, exigindo apenas a locação e a abertura de vias

(RIBEIRO, 2004). Ou seja, maior facilidade em lotear e maior

garantia de lucro rápido, principalmente para os irmãos Coimbra

Bueno, contrariando os direcionamentos de Attílio que ditavam

a expansão para o norte da capital. Neste período, a malha

urbana de Goiânia se desconfigurou totalmente com relação ao

plano inicial, juntamente com outro fator importante: a

explosão demográfica, afirma Everaldo Pastore (1984) apud

Ribeiro (2004, p. 39). (Fig. 5)

Esse foi o início do processo de dispersão urbana em

Goiânia. Vários loteamentos se formaram em áreas distantes,

sem serviços públicos e infra-estrutura. Estimularam a ocupação

da população marginalizada advinda das migrações para Goiás.

Ela procurava aqui um novo “Eldorado”, reflexos da

modernização da nova capital do Centro-Oeste (PLANO

DIRETOR, 1992). Em paralelo a esse processo, já no início da

década de 1960, Goiânia começou a se verticalizar e se adensar

– o princípio do que Secchi (2009) chama de concentração –

principalmente no Centro e Setor Oeste. “Tal movimento [de

concentração e dispersão] resultou numa desestruturação da

organização sócio-econômica do município” (RIBEIRO, 2004, p.

49). Logo, a configuração espacial urbana de Goiânia neste dado

momento era de: centro-rico e periferia-pobre.(Fig. 6) Na região

da Avenida Rio Verde, a paisagem era marcada pelas habitações

Fig. 5 - Fases da expansão urbana de Goiânia - aglomerados urbanos

Fonte: OLIVEIRA, 2005. Org.: Kamila Morais, 2011

1979 a 1983

1972 a 1979

1959 a 1972

1939 a 1959

1933 a 1939

GoiâniaCampinas

Aparecida

Page 11: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

precárias, imensos vazios e ausência de infra-estrutura básica e

transporte. Com área parceladas, mas não ocupadas

O intenso processo de especulação fundiária e imobiliária

em Goiânia para a direção sul, entre os anos 1950 a 1970, fez com

que a disputa por terra transferisse para Aparecida de Goiânia por

causa do baixo custo (PINTO, 2009). Foi então uma

desconfiguração para além da cidade, agora, no seu entorno,

como confirma Ribeiro (2004). O que se acirrou ainda mais com a

implantação da lei de Loteamento Urbano e Remanejamento (Lei

Municipal nº 4.526, de 20/01/1972) que ordenava e refreava o

intenso processo de aprovação de loteamentos, havendo uma

valorização da terra urbana em Goiânia, culminando na disputa

por moradia em Aparecida de Goiânia e uma pauperízação da

população, originário do acúmulo populacional, a configuração

de loteamentos subnormais e a formação de vazios demográficos

(PINTO, 2009).

Aparecida de Goiânia que havia se elevado a distrito de

Goiânia , em 1958 (GOIÁS, 1973 apud PINTO, 2009), manteve seu

tecido inalterado até essa data. Desde então, surgidos a partir da

expansão desenfreada da capital, novos loteamentos foram

criados, com destaque a Vila Brasília. Demonstra, portanto,

também, um crescimento descontínuo e a formação de polós na

cidade de Aparecida, assim como Goiânia.

De acordo com Panerai (2009), barreira de crescimento é

um elemento regulador que contêm o crescimento, este podem

ser tanto um obstáculo geográfico – relevo, curso d'água – ou

8

Fig. 6 - Configuração espacial de Goiânia em 1960. Concentração no centro - riqueza e qualidade de vida. Dispersão na periferia

- pobreza e precariedade Acervo do autor, 2011

Centro

Periferia

Centro

Vl. Brasília

Faze

ndas

Chácara

s

Goiânia

BR

153

Fig. 7 - Expansão do Centro histórico de Aparecida barrado por fazendas e chácaras

Estabelecimento de pólo comercial - Vl. Brasília

Acervo do autor, 2011

Aparecida

construído. O que pode ser observado no processo de evolução do centro histórico de Aparecida cujo

qual teve seu crescimento barrado por fazendas e chácaras (PINTO, 2009).

Como seu centro histórico estava de certa forma, estagnado, houve, portanto, um

deslocamento do centro comercial de Aparecida de Goiãnia para a Vila Brasília, na década de 1960,

consolidando-se, assim, um pólo de crescimento e um novo subcentro, através do fortalecimento de

suas economias, explica Pinto (2006). (Fig. 7)

O processo de consolidação da região delineada pela Avenida Rio Verde iniciou-se por diversos

fatores ligados a expansão desordenada de Goiânia. Por exemplo: a descentralidade da capital gerou

Av. Rio Verde

1936

Goiânia

Aparecida

18.970

1940

48.166

1950

52.389

1960

150.306

1970

380.773

1980

717.519

1991

922.222

2000

1.093.007

2010

1.302.001

- - - 3.199 7.470 42.632 178.483 336.392 455.657

Tab. 01 - Censos demográficos de Goiânia e Aparecida de Goiânia 1936-2010Fonte: IBGE, Censo Demógráfico 2010; BARÊA et. al., 2011; PINTO, 2009 Org.: Kamila Morais, 2011

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9

St. PedroLudovicoSt. Bueno

Jd. América

Vila BrasíliaSt. Faiçalville

Jd. Atlântico

Limite Goiâniae Aparecida

T-63

T-63

Av. Rio Verde

Fig. 8 - Processo de conurbação: loteamentos desordenados, consolidação da região sul e sudoeste através de novas centralidades,

implantação da T-63Acervo do autor, 2011

várias centralidades dispersas, sendo essas direcionadas aos seus respectivos públicos alvo (PINTO,

2006). Especialmente com o deslocamento das classes abastadas para as regiões ao sul e a oeste da

capital, formando os setores Oeste, Marista e Bueno, geradores de novas centralidades.

Secchi (2009) afirma que o fenômeno da dispersão fica mais evidente quando ele se articula

com a infra-estrutura da mobilidade, derivada de ações públicas. No caso de Goiânia, este fato é

sentido quando o Governo Municipal promoveu obras de infra-estrutura viária, voltada

principalmente para a região sul, dispersando-a ainda mais. Destaque para a construção da Avenida T-

63 na década de 1970. Com ela “[...] houve uma mudança no eixo comercial de Goiânia e a

conseqüente valorização de toda a região sul” (MARINHO, 2005 apud PINTO, 2006, p. 28). Juntamente

com o seu prolongamento, na década de 1980 (PLANO DIRETOR, 1992). Com a Avenida T-63 foi

possível valorizar outros setores, caracterizados como subcentros, como o Jardim América e o Novo

Horizonte, consolidando também a região sudoeste (PLANO DIRETOR, 1992).

Todavia, o principal fator que impulsionou a conurbação foi a implantação desenfreada de

loteamentos na capital durante as décadas de 1950 a 1970. Nota-se no mapa de evolução urbana de

Goiânia e Aparecida que já no ano de 1959, a maior parte da faixa limítrofe havia sido ultrapassada, no

momento em que a disputa por terra foi transferida para a região norte de Aparecida de Goiânia.(Fig.

9)

Segundo Gonçalves (2002), foi a instalação do setor Macambira (atual Pedro Ludovico), o qual

foi definitivo para a ocupação da região sul de Goiânia, entre a década de 1950 e 1960. Incentivou a

implantação da Vila Brasília, importante centro comercial de Aparecida de Goiânia, implantado por

volta de 1963. De onde se deu os primeiros pontos de conurbação, durante esse período, se

consolidando mais tarde com a implantação do Buriti Shopping, em 1996. (Fig. 8)

Evolução da malha urbana

Subcentros que valorizaram a região sul

Novo Horizonte

Pq. Amazônia

Subcentros em consolidação

Centralidade em potencial - região daárea de intervenção

Page 13: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

Fig. 9 - Mapa de evolução urbana de Goiânia e Aparecida de GoiâniaEscala 1:2500

Fonte: PINTO, 2009; RIBEIRO, 2004 Org.: Kamila Morais, 2011

10

Page 14: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

Região Conurbada - Sul de Goiânia, Norte de AparecidaRegião Conurbada - Sul de Goiânia, Norte de AparecidaRegião Conurbada - Sul de Goiânia, Norte de Aparecida

Sul de Goiânia, Norte de AparecidaRegião Conurbada - Sul de Goiânia, Norte de Aparecida

Antes de adentrar na região conurbada, é importante definir que tipo de cidade é Aparecida de

Goiânia, a qual se destaca tanto na Região Metropolitana. Em suma, sua relação com a capital se

apresenta dentro de um paradoxo. Ora, ela se comporta dependente e intimamente ligada a Goiânia,

ora ela se favorece pela proximidade geográfica e de seus equipamentos. Ora, se apresenta como zona

de expansão urbana da região metropolitana, ora é vista como um problema à dinâmica goianiense,

por estar tão próxima fisicamente com a capital, mas distante socioespacialmente. Ela não se coloca

como polarizador de uma rede no contexto regional. Porém, ela detém de fatores que a faz

importante. Aparecida dispõe de um forte potencial industrial e um grande mercado consumidor. É a

única cidade do Estado que possui dois pólos industriais (DAIAG e DIMAG) e dois pólos comerciais

(Cidade Empresarial e Pólo Empresarial de Goiás), onde a Cidade Empresarial se situa dentro da área

estudada, na Avenida Rio Verde (PINTO, 2006)

Segundo Vieira (2005) apud Pinto (2006), Aparecida hoje já não pode ser mais considerada

com uma “cidade dormitório”, pois há “[...] um processo acelerado de fixação ou retorno do

trabalhador no município através da diversidade industrial e comercial que se instaura” (PINTO, 2006,

p. 49). Por isso, o mesmo autor diz que a cidade é uma exceção entre a noção de cidade periférica com

relação a sua dinâmica econômica, mas frisa que ela possui uma enorme deficiência em assistência

social e falta de infra-estrutura básica (50% da população não têm esgoto).

Não cabendo nessa análise discorrer qual seria o tipo certo de relação entre essas duas

cidades, é essencialmente importante salientar que ambas influenciam em seus espaços intra-

urbanos, como é possível observar na região da avenida Rio Verde, onde a dinâmica de uma se mistura

com a outra, sem diferenciações.

Pinto (2006), de acordo com Frúgoli Jr. (2000),compara a formação dessa região com a

formação das edge cities, nos Estados Unidos. Durante esse processo de periferização da classe

abastada, houveram três fases: “no período pós-guerra, a suburbanização; nos anos 1960 e 1970, a

multiplicação dos Shoppings Centers e centros comerciais nas áreas suburbanas; e no momento atual,

o surgimento das edge cities (cidades do contorno)” (PINTO, 2006, p. 58), que nada mais é, a fixação do

cidadão no local através da proliferação de empregos na própria área suburbana, invertendo a

tradicional lógica de um centro polarizador da periferia, afirma o autor.

Goiânia teve uma evolução semelhante: entre as décadas de 1960 a 1980, passou pelo

processo de suburbanização (ou ainda passa), desenvolveu novos subcentro a partir da

descentralização e, atualmente ocorre à implantação de Shoppings Center em área periféricas,

polarizando novas dinâmicas às margens da cidade, como no caso do Shopping Flamboyant. O que

não foi diferente em Aparecida de Goiânia, por fazer parte da zona de expansão urbana de Goiânia,

submete-se a mesma lógica reestruturadora da periferia da capital, tendo o Shopping Buriti,

localizado na Avenida Rio Verde, um exemplo disto (PINTO, 2006). (Fig. 11)

´ A implantação do Buriti Shopping às margens da cidade evidencia bem a tendência do capital

11

Page 15: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

especulativo imobiliário em impulsionar novas áreas comerciais para que gere valorizações.

Implantado em 1996, se transformou em um shopping com influências regionais, de acordo com os

dados coletados no site oficial, e impulsiona o crescimento do seu entorno.

É possível observar hoje, pelo número de prédios em construção, que região conurbada ainda

está em processo de consolidação, principalmente nos setores Parque Amazônia, Setor dos Afonsos,

Vila Brasília, Jardim Nova Era e Vila Rosa.(Fig. 10) Algumas tendências que já haviam sido planejadas

há um tempo. O Plano Diretor de Goiânia de 1992, estabeleceu que no Parque Amazônia se

desenvolveria um novo subcentro, tal como o Setor Bueno, processo que está em andamento, pois

nota-se ainda a presença de muitos lotes vazios.

A Vila Brasília, desde a década de 1960, se caracterizou como um subcentro de Aparecida de

Goiânia pelo seu eixo comercial existente, além de outros destaques como hospitais públicos e

privados, bancos, terminal urbano (Terminal Vila Brasília), etc. É um bairro consolidado pouco

adensável, característica que está sendo revertida pela presença de prédios próximo a Avenida Rio

Verde e, outros, em contrução.

Interessante também notar que o setor Garavelo, outro subcentro às margens da malha

urbana de Aparecida, localizado na GO 040, mesmo não estando na Avenida Rio Verde, consegue

influenciar na dinâmica da região conurbada. Desde a década de 1980, quando ele recebe infra-

estrutura, se tornou um dos mais importantes centros comerciais de Aparecida, por causa da sua

diversidade comercial e o grande fluxo de pessoas pela Avenida Igualdade (PINTO, 2006).

1

St. Faiçalville

Jd. Helvécia

Jd.Presidente

B. Cardoso I

B. Santa Fé

Jd. Mônaco

Jd. Viena

B. Ilda

Vl.Mariana

Jd. NovaEra

Jd. Luz

St. dosAfonsos Vl. Brasília

Jd. dasEsmeraldas

Pq. Amazônia

Vl. Rosa

Jd. Atlântico

Privê Atlântico

Av. Rio Verde

Fig. 10 - Distribuição dos Bairros na Avenida Rio VerdeFonte: Google Earth Org.: Kamila Morais, 2011

Vl. SãoTomás

Futuro Pq. Linear

Macambira/Anicuns

`Pq. Cascavel

GoiâniaAparecida

12

Page 16: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

Além do Buriti Shopping, outros elementos fragmentados valorizam o capital especulativo

imobiliário e impulsionam a ocupação da região. Dentre eles estão os hipermercados Extra, Bretas,

Atacadão, Assaí e o Tatico; os condomínios horizontais fechados da rede Jardins e Privê Atlântico; o

condomínio comercial Cidade Empresarial; e os Terminais Urbanos, ligando toda a região sul de

Goiânia e Norte de Aparecida, como o Garavelo, Bandeiras, Cruzeiro do Sul, Vila Brasília e Isidória. (Fig.

11)

AV. RIO VERDE

GO

040

AN

EL V

IÁR

IO

AV

. SÃO

PA

ULO

BR

153

V. BRASÍLIA

ST. AFONSOS

NOVO HORIZONTE

TERMINAL URBANO

HIPERMERCADOS

SHOPPING CENTER

UNIVERSIDADES

SUBCENTROS OUÁREAS COMERCIAIS

ÁREAS INDUSTRIAISOU EMPRESÁRIAIS

CONDOMÍNIOSHORIZONTAIS

GOIÂNIA

APARECIDA DE GOIÂNIA

ST. PEDRO LUDOVICO

PQ. AMAZÔNIA

Fig. 11 - Goiânia e Aparecida de Goiânia - Elementos espaciais fragmentados

Acervo do autor, 2011

Jds. Viena

Jds. Mônaco

Jds. Lisboa

Jds. Madri

Privê Atlântico

CidadeEmpresarial JD. NOVA ERA

Jds. Florença

AV. T-63

BuritiShopping

Secchi (2009) define que o processo de concentração e dispersão ocorre quando as cidades se

apresentam completamente adensadas nos centros e suas periferias esprairadas, dentro dessas

periferias vão se estabelecer novas centralidades, novos adensamentos, ou seja, novas concentrações

dentro da mesma cidade. A área conurbada já demonstra, nesse sentido, esse processo de

concentração acontecendo na atualidade, principalmente nas áreas assinaladas anteriormente. No

geral, portanto, a região tem um nível de adensamento baixo com tendências ao alto adensamento,

definido pelo Plano Diretor (2007).

Av. IGUALDADE

GARAVELO

JD. AMÉRICA

13

Page 17: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

St. Faiçalville

Jd. Helvécia

B. Cardoso I

Jd. Mônaco

Jd. Viena

B. Ilda

Vl.Mariana

Jd. NovaEra

Jd. Luz

St. dosAfonsos Vl. Brasília

Jd. dasEsmeraldas

Pq. Amazônia

Vl. Rosa

Jd. Atlântico

Privê Atlântico

Av. Rio Verde

Jd.Presidente

B. Santa Fé

Garavelo

Vl. SãoTomás

ResidencialPark

Garavelo

Áreas consolidadasÁreas em processo de consolidação

Fig. 12 - Mapa de definição de áreas consolidadasAcervo do autor, 2011

O Plano Diretor de 1992, propós para a região sudoeste, faixa adjacente ao córrego Macambira

e Avenida Rio Verde, um Pólo de Desenvolvimento Regional apoiado pelos principais eixos rodoviários

concêntricos existentes, de acesso à cidade. Uma parceria de interesses privados e articulações

governamentais para a consolidação da proposta, através de intervenções viárias. Já no Plano Diretor

de 2007, não há nenhuma proposta prevista para mesma área. Nele está definido que toda faixa do

perímetro sul de Goiânia é área adensável, assim de incentivo a expansão urbana.

Nesse sentido, desde o processo de dispersão e descentralização de Goiânia, iniciada em 1950,

estimulada por interesses políticos e pressões de especuladores, a região sul se tornou o foco das

atenções para o desenvolvimento intraurbano. Aparecida de Goiânia, tão próxima a essa região, viu

seu espaço urbano também sendo dispersado e descentralizado, reflexos das dinâmica urbana de

Goiânia. Até 1959, Goiânia já havia atingido seu perímetro urbano e adentrado em Aparecida. Em

1990, toda a faixa limite entre as duas cidades já estava parcelada.

O produto final desta conurbação na Avenida Rio Verde gerou uma região formada por

elementos fragmentados, segregados, subcentros desarticulados e extensos vazios. Destes vazios,

sendo um em especial presente às margens da Avenida Rio Verde torna-se um grande potencial para

repensar a dinâmica da cidade nesta região. (Fig. 13)

GoiâniaAparecida

14

Page 18: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

Av. Rio Verde

GO

040

BR

153

An

el V

iário

Fig. 13 - Potencial de centralidade - articulador de subcentros e elementos fragmentados

Acervo do autor, 2011

Subcentros desarticuladosCondomínios HorizontaisBuriti Shopping e HipermercadosCentralidade prevista (Pq. Amazônia)Potencial de centralidade (articulador de elementos fragmentados)Vazio urbano (gleba)

Subcentro 1(Jd. América, Bueno,Nova Suíça,

Bela Vista e Pedro Ludovico)

Subcentro 2(Vila Brasília, Affonsos,

São Tomas e Luz)

Subcentro 3(Park Garavelo e Garavelo)

Subcentro 4(Novo Horizonte)

Estudo da áreaEstudo da áreaEstudo da área

Estudo da áreaEstudo da áreaEstudo da áreaEstudo da áreaEstudo da áreaEstudo da áreaEstudo da área

Estudo da áreaEstudo da áreaEstudo da área Estudo da áreaEstudo da área

Estudo da área

St. Faiçalville

Conj. Santa Fé

Goiânia

Aparecida

Fig. 14 - Localização da área em território nacionalAcervo do autor, 2011

Av. Rio Verde

Goiânia

Ap. Goiânia

A área de intervenção situa-se entre Goiânia e

Aparecida, em uma porção que abrange parte do Setor

Faiçalville (Goiânia) e Conjunto Santa Fé (Aparecida). (Fig.

14) O Plano Diretor de 2007 divide a antiga região

Sudoeste em duas: Região Sudoeste (faixa oeste da GO

040) e Região Macambira-Cascavel (faixa leste da GO 040

até os Bairros Jd. Atlântico e Vila Rosa), onde se encontra o

setor Faicalville. Já o Conj. Santa Fé situa-se na região

administrativa Papilon, em Aparecida. (Fig. 15)

Fig. 15 - Mapa de regiões: Goiânia e Aparecida.PLANO DIRETOR DE GOIÂNIA, 2007; PINTO, 2006

Org.: Kamila Morais, 2011

SudoesteSudeste

M-C

LesteCentral

Norte

Campinas

Meia ponte

Nordeste

Mendanha

OesteSenadorCanedo

Trindade

Goianira

St. Antônio de GoiásNerópolis

Goianápolis

Abadia deGoiás

GOIÂNIA

APARECIDA DEGOIÂNIA

Sul

RAPapilon

Garavelo

Vl.Brasília Santa

Luzia

TiradentesCentro

Goiânia Aparecida

15

Page 19: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

Av. V

001

Jds. Viena e M

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Cidade V

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R. H005

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Av. Curussá

R. A

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GO 040

Setor Garavelo R. C

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R. Yassyendy

Av. Rio Verde Buriti Shopping

Vila Brasília

Av. IndependênciaBuriti Shopping

Pq. AmazôniaAl. Fleury Curado

Al. Gilson A. de Souza

Av. Ip

an

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a

Al.

An

dre

lino

de

Mo

rais

GO 040Jd. Presidente

Novo Horizonte

Av. Nadra

Bufaiçal

Al. Boulevard

Faiçalville

Vila Rosa

Jd. Atlântico

Privê Atlântico

Term

inal B

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Jd. A

méric

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T-63

Jd. Viena

Jd. Mônaco

Conj. Santa FéB. Cardoso I

1

2

3

4

LEGENDA

Equipamentos existentes na área de intervenção:1 - Caixa d’água (SANEAGO)2- Ministério Apostólico Embaixada Viva3 - Cidade Empresarial4 - Hipermercado Atacadão

Delimitação dos bairros Delimitação da área de intervenção

R. Sen. Pedro Ludovico

R. A

raxá

Al. Lu

cy R

.

de

Olive

ira

Fig. 16 - Mapa delimitação da área. Vias CircundantesEscala 1:12 500 - Acervo do autor, 2011

Área total: 878 392 m²Área total sem os equipamentos existentes: 733 305m²

Além dos equipamentos existentes, a área de intervenção engloba uma gleba vazia no Faiçalville, mais três quadras residenciais no Conj. Santa Fé, entre as vias R. Araxá, R. Caetés e Av. Rio Verde; e mais duas quadras no Faiçaville, entre as vias R. Fleury Curado, Av. Ipanema, Av. Boulevard e R. Lucy R. de Oliveira.

16

Page 20: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

18:00h

St. Faiçalville

Jd. Atlântico

Vila Rosa

Jd. Vila Boa

Jd. Presidente

Pq. Amazônia

Conj. Santa Fé

B. Cardoso I

Jd. Helvécia

B. Ilda

Vl. Mariana

St. Garavelo

Jd. Nova Era

Córrego Tamanduá

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o M

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ave

l

Jd. Viena

Jd. Mônaco

Al. Andrelino de Morais

Fig. 17 - Hidrografia e Matas ciliaresGoogle Earth, 2011

Sobre os aspectos bioclimáticos na área de intevenção, tem se que:

O clima em Goiânia e Aparecida é composto por duas estações determinantes - não segue a

divisão anual clássica: estação chuvosa e seca. Calor a tarde, o ano inteiro; e Frio durante a madrugada

na estação seca (maio, junho, julho e agosto). A amplitude térmica varia entre a máxima (19ºC) -

Agosto (mês mais seco do ano), e a mínima (10ºC) - meses úmidos.

Já sobre os Ventos predominantes, no período chuvoso (em Janeiro, fevereiro, outubro,

novembro e dezembro), eles estão em sentido Norte. No perído seco (em março, abril, maio, junho,

agosto, setembro), sentido Leste. Velocidade média - 2,5 a 3,5 m/s (fraca). (Fig. 18)

Sobre os aspectos físicos, nesta área se localiza a nascente do Córrego Macambira, a qual

futuramente fará parte do projeto Macambira-Anicuns desenvolvido pela Prefeitura de Goiânia: um

parque linear com 23,7 km de extensão.

A topografia da área é suave, com inclinação máxima de 7%. (Fig. 20) É uma região de muitos

córregos e nascentes, como o Macambira e o Cascavel, em Goiânia; e o Córrego Tamanduá e seus

afluentes, em Aparecida. Possui extensas matas verdes que formam as matas ciliares, as quais estão

bastante desmatadas em alguns pontos, por chacareiros e edificações próximas. (Fig. 17)

Goiânia

Aparecida

12:00h

ve

nto

s

Jan

chuva

Norte

Fev

chuva

Norte

Mar

seca

Leste

Abr Mai Jun

seca

Leste

seca

Leste

seca

Leste

Jul Ago Set Out

chuva

Norte

Nov

chuva

Norte

Dez

chuva

Norte

seca

Leste

seca

Leste

seca

Leste

Fig. 18 - Esquema de insolação e ventos predominantesAcervo do autor, 2011

Fig. 20 - Corte AA (Escala 1: 2500)Acervo do autor, 2011

Fig. 19 - Mapa de Topografia (Escala 1: 12500)Acervo do autor, 2011

9:00h

ventos

Tab. 02 - Meses do ano: estações e direção dos ventos em GoiâniaMORAIS, 2011

860

855

850

845

850

855

855

850

845

840

835

830

825

815

820

A A

825830

835

840

845

850

855

Av. Rio Verde

+830

+851Av. Ipanema

17

Page 21: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

O Faiçalville foi aprovado pelo decreto nº 201 em 1982³, e ainda está em processo de

ocupação. O Conj. Santa Fé foi constituído entre as décadas de 1960 e 1980. É um conjunto

habitacional financiado pelo BNH (Banco Nacional de Habitação) e pelo programa da COHAB

(Companhia de Habitação), o qual está todo consolidado.

Consta, no projeto original do setor Faiçalville (Fig. 21), que na gleba vazia estão áreas

destinadas a duas escolas pública, um centro público, um posto de saúde e dois parques infantis.

Como não houve ainda o interesse em construir na área, o grande vazio está a espera da valorização

imobiliária. A ocupação efetiva tanto do setor Faiçalville como da Vila Rosa iniciou-se após 1996,

reflexos das transformações ocorridas na Av. Rio Verde após a implantação do Buriti Shopping, no

mesmo ano. Fruto de uma visão estratégica e especulativa de agentes capitalistas do espaço urbano, o

shopping redefiniu o espaço, o que está diretamente ligado às transformações nas áreas residenciais,

valorizando novos espaços e verticalizando as adjacências nos últimos anos. Processo que está ligado

ao que já foi explicado, o deslocamento das classes abastadas para a periferia (PINTO, 2006).

Fig. 21 - Parcelamento original Setor Faiçalville - Equipamentos urbanos não construídos (Apenas dois deles estão construídos, marcados com linha amarela)

Sem escala - Arquivo disponibilizado pelo SEPLAN, 2011 Org.: Kamila Morais, 2011

PraçaEscola públicaParque infantilHospital e Posto de saúde

Escola pública construídaPraça construída

Centro comunitárioBosque

____________________________________________³ Dados obtidos na SEPLAN (Secretária de Planejamento) de Goiânia.

Parte da áreade intervenção

18

Av. Rio Verde

Av. Rio Verde

Vila

Ro

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Jd. A

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Jd. P

resi

de

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Jd. Vila Boa

Jd. Europa

Jd. P

resid

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Vazio

Page 22: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

19

Tangenciando a área, está a Vila Rosa e o Jd. Helvécia, ambos parcelados em 1959 e ainda não

foi totalmente ocupados; o Bairro Cardoso I, parcelado na década de 1960, também pouco ocupado; o

Jd. Atlântico, parcelado em 1968, ainda em processo de ocupação; e os condomínios: Privê Atlântico 4(1978), Jardins Viena (1995) e Mônaco (2000), também consolidados . (Fig. 22)

Fig. 22 - Vista área da área de intervenção, Avenida Rio Verde e suas imediações

Google Earth, 2011 Org.: Kamila Morais, 2011

St. Faiçalville

Jd. Helvécia

B. Cardoso I

Conj. Santa Fé

Vila Rosa

Jd. Atlântico

Privê Atlântico

Av. Rio Verde

Feira livre na Avenida Boulevard, setor Faiçalville,

atrás do SESC

Ministério apostólico Embaixada Viva - Setor

Faiçalville

Condomínio Cidade EmpresarialConj. Santa Fé

Hipermercado AtacadãoConj. Santa Fé

ICF Unidade de pesquisa ClínicaAv. Rio Verde

Clube SESC Faiçalville

Jds. Viena

Jds. Mônaco

____________________________________________4 O mapa de bairros consolidados delimitados pela Avenida Rio Verde está na página 14, figura 12.

O espaço público é pouco ocupado, não há atrativos para as

pessoas; os lugares destinados a lazer e descanso da população

estão invadidos por construções ou não dispõem de infra-estrutura

mínima, como playgrounds, equipamentos de ginástica, mobiliários

urbanos e tratamento paisagístico, ou ainda, estão completamente

vazios. Nesta região, há apenas o Parque Cascavel, no bairro Jd.

Atlântico, e o Clube Sesc Faiçalville para suprir essas necessidades.

Pouca disponibilidade de praças no espaço público,

moradores improvisam em lotes vazios jogos de futebol e

brincadeiras infantis. Outros usos estão na Alameda Boulevard, no

Fig. 25 - Pça. enfrente ao SESC - Uma das únicas pças. da região. Lugar de passagem e possui equipamentos

velhos de musculaçãoAcervo do autor, 2011

Faiçalville, na qual todas terças-feiras a noite, possui uma feira livre para o comércio de roupas, calçados e

comida. (Fig. 22)

A ocupação da região é predominantemente residencial, nota-se a presença de poucas praças e

Page 23: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

20

Fig. 23 - Mapa de Uso do SoloEscala 1:20 000 Acervo do autor, 2011

rreg

o M

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o C

asc

ave

l

Uso mistoComercialServiçosInstitucional privadoInstitucional públicoIndustrialÁreas verdes ou praçasVazio

Residencial

muitos vazios urbanos, caracterizando-se uma área ainda de baixa densidade, porém como mostra no

Plano Diretor de Goiânia de 2007, a faixa que circunda toda Avenida Rio Verde é definida como áreas

adensáveis, no qual se enquadra os setores Vila Rosa, parte do sul do Setor Faiçalville, Parque

Amazônia, e outros. Portanto, é uma área em processo de consolidação, visto que há várias

construções de edifícios de múltiplos pavimentos em andamento.

Na área mapeada, foram encontradas 3 escolas públicas, situadas na Vila Rosa, Bairro Santa Fé

e Bairro Cardoso I; 2 escolas particulares, distribuidas no setor Faiçalville e Bairro Santa Fé; 1 CMEI

(Centro Municipal de Educação Infantil), no Bairro Cardoso I. Não há postos de saúde, a população

dessa região se desloca para o Parque Amazônia, Jd. Vila Boa ou Vila Novo Horizonte para

atendimento médico. (Fig. 25) Números pequenos considerando os raios de influência de cada

equipamento e a elevada demanda que a região dispõe.

Na região existem comércios e serviços diversificados: escola de línguas (CCBEU), bares,

pregões, floricultura, loja de material para construção, loja de piscina, concessionária, panificadora,

academia, posto de gasolina, igrejas, escola de tênis, grandes redes de serviços (localizados

Área de intervenção

Jd. AtlânticoPrivê Atlântico

Vila Rosa

Bairro Ilda Vila Mariana

Jd. Viena

Conj. Santa Fé

B. Cardoso !

Jd. Helvécia

Faiçalville

Jd. Vila Boa

Av. Rio Verde

Av. Rio Verde

Av. Ip

an

em

a

CE*

* CE=Cidade Empresarial

Jd. Mônaco

Page 24: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

principalmente na Cidade Empresarial - CE), e entre outros, estão predominantemente nas avenidas

Rio Verde e Ipanema. Há também alguns edifícios mistos, onde o proprietário abriu um

estabelecimento comercial no mesmo lote que reside.

A volumetria dos edifícios é predominantemente baixa de até 2 pavimentos, apenas na Cidade

Empresarial (CE) predomina maior densidade. Nota-se início de verticalidade nos setores Faiçalville,

Vila Rosa e Jd. Atlântico, reflexos da verticalização do setor Pq. Amazônia e das diretrizes do Plano

Fig. 25 - Mapa volumetria e Equipamentos urbanosEscala 1:20 000 Acervo do autor, 2011

0 até 02 pavimentosde 03 a 05 pavimentosde 06 a 10 pavimentosacima de 11 pavimentos

Jd. AtlânticoPrivê Atlântico

Vila Rosa

Bairro Ilda Vila MarianaConj. Santa Fé

B. Cardoso !

Jd. Helvécia

Faiçalville

Jd. Vila Boa

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o M

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Escola públicaEscola particularCEMEIÁrea de intevenção

Av. Rio Verde

Av. Rio Verde

CE*

* CE=Cidade Empresarial

Fig. 24 - Prédios em construção - Vila Rosa

Acervo do autor, 2011

Diretor 2007, o qual considera a região da Av. Rio Verde uma faixa

adensável. Um incentivo à ocupação de toda a margem da desta

avenida, similar a Av. T-63. Fato que já está em andamento, está

previsto para a gleba vazia um bairro planejado de edifícios de

múltiplos pavimentos denominado de Novo Atlântico, como

demonstra no site oficial do empreendimento Novo Atlântico (2011).

O que implica em mais um fragmento somado aos outros já

demarcados neste trabalho.

Jd. Viena

Jd. Mônaco

21

Page 25: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

22

A região possui muitos lotes vazios, o que reafirma que esses setores estão em processo de

consolidação. Destaque para Jd. Atlântico, onde há maior número de construções em andamento. Já

no setor Faiçalville, na área levantada há ainda bastante vias sem pavimentação.

Fig. 26 - R. H005 - Terreno vazio ao lado da Cidade Empresarial - Conj. Santa Fé

Acervo do autor, 2011

Fig. 27 - Av. Ipanema - Gleba vazia - Setor Faiçalville

Acervo do autor, 2011

Fig. 28 - Al. Andrelino de Morais - Sem asfalto e iluminação pública - Faiçalville

Acervo do autor, 2011

rreg

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ac

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ave

l

Fig. 32 - Mapa Ocupação do SoloEscala 1:20 000 Acervo do autor, 2011

ConstruídoNão construídoEm ConstruçãoVias não pavimentadas

Jd. Atlântico

Privê Atlântico

Vila Rosa

Bairro Ilda Vila MarianaConj. Santa Fé

B. Cardoso !

Jd. Helvécia

Faiçalville

Jd. Vila Boa

rreg

o C

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ave

l

rreg

o M

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am

bira

Av. Rio Verde

Av. Rio Verde

CE*

Área de intervenção

Fig.28Fig.27

Fig.26

*CE=Cidade Empresarial

Page 26: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

23

Através dos padrões de arquitetura é possível perceber a heterogeneidade social na região. O

Padrão A, predominância no Jd. Atlântico e próximo ao SESC Faiçalville, são residências bem mais

acabadas, maior preocupação estética, variedade de cores e texturas, avarandadas, portões

trabalhados e calçadas com diferentes revestimentos. O Padrão B se distribui por toda área levantada,

são casas mais simples, de acabamento médio, uso de um cor de pintura, portão simples e calçada

cimentada ou gramada. O Padrão C, presente na Vila Rosa e Setor Faiçalville, são casas sem nenhum

acabamento, não possuem muros, janelas enferrujadas e nenhuma pavimentação na calçada e no

quintal. Além das construções dentro dos condomínios fechados, residências sofisticadas que

revelam traços de uma arquitetura mais refinada e requintada, característico da classe alta, mas que

não faz parte do espaço público da cidade.

Fig. 28 - Padrão A - Jd. AtlânticoAcervo do autor, 2011

Fig. 29 - Padrão B - Bairro Cardoso IAcervo do autor, 2011

Fig. 30 - Padrão C - Setor FaiçalvilleAcervo do autor, 2011

De acordo com o Plano Diretor de Goiânia (2007), a hierarquia viária é basicamente composta

por vias Expressas, Arteriais e Coletoras. As vias Expressas são vias de fluxo intenso de veículos que

possuem intersecções de nível em nível, propiciando maiores velocidades e que cumprem, como

principal função, as ligações entre regiões do município e a articulação metropolitana ou regional,

subdividida em 3 categorias, sendo assim: a BR 153 é uma via expressa de 1ª categoria, a GO 040 é de

2ª categoria e as Avs. T-63, 85, 90,Rio Verde e Anel Viário são de 3ª categorias. As vias Arteriais são vias

estruturadoras do tráfego urbano, atendendo a circulação geral, urbana, com pista dupla, com

canteiro central ou pista única, com sentido duplo de tráfego, também subdividido em 2 categorias,

sendo elas: as Avs. T-9, T-7, São Paulo e BR 060 de 1ª categoria. E as vias Coletoras são vias que

recebem o tráfego das vias locais e o direciona para as vias de categoria superior. No mapa de

Hierarquia (Fig. 26) viária será marcado as vias que articulam a área de intervenção. A infra-estrutura

viária pontecializa a intervenção, pois as principais vias de Goiânia e Aparecida articulam com a

região.

BR 153 GO 040 T-63 85 90 Rio Verde Anel Viário T-9 T-7 BR 060

Expressa1ª cat.

Expressa2ª cat.

Expressa3ª cat.

Expressa3ª cat.

Expressa3ª cat.

Expressa3ª cat.

Expressa3ª cat.

Arterial1ª cat.

Arterial1ª cat.

São Paulo

Arterial1ª cat.

Arterial1ª cat.

Independ.

Arterial1ª cat.

Tab. 3 - Hierarquia Viária Goiânia e AparecidaSem escala - Acervo do autor, 2011

Page 27: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

Vias expressas 1ª categoriaVias expressas 2ª categoriaVias expressas 3ª categoria

Vias arteriais 2ª categoriaVias arteriais 1ª categoria

Vias coletoras

Fig. 31 - Mapa de Hierarquia ViáriaSem escala - Acervo do autor, 2011

Área de intervenção

24

Centro Goiânia

Centro Aparecidade Goiânia

Distâ

ncia

: 8,9

0 km

Av. Independência

Anel Viário

Anel Viário

Anel Viário

An

el V

iário

BR 060

Av. Liberdade

GO

040

AV. Rio Verde

AV. Rio Verde

T-63T-9

T-7

85

90

2ª Radial

BR 1

53

o P

au

lo

Av. Igualdade

Distâ

ncia

: 10,90 km

Page 28: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

25

Fig. 32 - Parque Spoor NoordSTADSPLANNING ANTWERPEN, 2010

PARQUE SPOOR NOORD - BERNARDO SECCHI e PAOLA VIGANÒ

Projetado por Bernardo Secchi e Paola Viganò em 2000, ainda em construção, o parque se

localiza na cidade de Antuérpia, Bélgica. É um projeto vencedor de um concurso para requalificação

de uma antiga zona industrial. Faz parte dos cinco parques propostos para formar um corredor verde

no plano estrutural da cidade. Situa-se na periferia norte da Antuérpia, tangenciado por áreas

residenciais de comunidades complexas de imigrantes, bairros muito adensados e uma zona

portuária. É uma área abandonada e degradada de onde os autores se apropriam das possibilidades

de se repensar a cidade.

Referências projetuaisReferências projetuaisReferências projetuais

Referências projetuaisReferências projetuaisReferências projetuais Referências projetuaisReferências projetuaisReferências projetuais Referências projetuais

“Secchi e Viganò pensaram um projeto que pudesse não só transformar uma área

específica, mas também alcançar toda a cidade através de uma renovatio urbis que

trabalhasse na escala do bairro e da cidade, e, através do projeto pontual, trouxesse

harmonia e dissolvesse os conflitos com uma visão de conjunto. [...] conectando

fragmentos urbanos e sociais (VALVA, 2011, p. 225)

O diversificado programa contém: parque infantil, esportes em grupo e individual, esportes

radicias, área educacional (ensino infantil à universidade), locais para contemplação, descanso e lazer.

Alguns galpões foram recuperados para abrigar eventos, área de esportes e espaço d’água. Atinge

pessoas das mais variadas idades e etnias. Sugere o encontro. Não há barreiras e as grades existentes,

nas área esportiva, foram deslocadas de forma a permitir o acesso. Segundo Valva (2011) tudo foi

pensado para que haja continuidade e integração: no mobiliário urbano, nos caminhos sobre os

imensos gramados e na transparência dos materiais. Até mesmo a topografia do sítio, que foi mantida,

demonstra vestígios de um passado recente conectado ao tempo presente. “O mérito maior desse

parque poroso seja o de ter conseguido agregar as pessoas e permitir um convivência saudável em

uma área conflituosa, desempenhando um papel importante para o futuro de uma cidade que está

aprendendo a ‘viver junto’” (VALVA, 2011, p. 226).

Page 29: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

26

Pontos de concentraçãoPontos de concentração a construirPredominância de árvoresLinha de dispersão principal (passeio pedestre)Linha de dispersão secundária (passeio pedestre)Linha de dispersão secundária (ciclovia)Túnel de acesso (abaixo da ferrovia)

AvenidasFerrovia

1 2 3 4 5 6

Pista de skate/BMXÁrea educacional (escola primária e média)Espaço aberto cobertoJardim aquáticoEstação ferroviária

12345

Área de esportes (Pavilhão com váriasintalações desportivas), escritórios, banheiros

6

7

8

99 91011

12

Fig. 33 - Planta esquemática - Distribuição dos usosANTWERPEN, 2010

Fig. 34 - Pontos de concentração e linhas de dispersão. Acessos e Massa verdeANTWERPEN, 2010 Org.: Kamila Morais, 2011

A distribuição dos elementos no parque

acontece ao redor de uma linha de dispersão

primária, a qual corta todo o parque em sua extensão

maior. A linha de dispersão primária também é uma

linha de integração entre todos os elementos do

parque, apoiada pela linha de dispersão secundária.

As predominâncias de funções se dividem

entre duas partes, separadas pela via que corta o

parque ao meio. A parte esquerda abriga, no geral, a

área educacional; e a parte direita, a área esportiva.

As áreas de lazer e contemplação situa-se mais ao

13

Torre d’água (elemento restaurado)7Linha de bonde8Estacionamento9Belvedére11Centro educacional em construção12Parque infantil13

Fig. 35 - Park Spoor Noord - Passeios (linha de dispersão secundárias), áreas livres

VALVA, 2011

Page 30: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

meio (Jardim aquático, belvedére, parque infantil).

As vastas áreas livres gramadas se distribuem por

todo o restante do solo.

Evidente valorização dos espaços vazios,

espaços de contemplação e permanência rápida.

Percebe-se a utilização desses espaços para

piquiniques, brincadeiras soltas, feiras, eventos

abertos e contemplação.

Fig. 36 - Park Spoor Noord - Parque infantilVALVA, 2011

Fig. 37 - Park Spoor Noord - Jardim aquáticoANTWERPEN, 2010

EDIFÍCIO LINKED HYBRID - STEVEN HOLL ARQUITETOS

O Edifício Linked Hybrid (”Híbrido Conectado”) projetado pelo escritório Steven holl

arquitetos, construído em 2009, é um complexo multifuncional situado em Beijing, China. Em 220 000

m² se distribuem em três dimensões dos espaço público urbano, os programas de lazer, comércio,

Fig. 38 - Área subutilizada (antiga zona ferroviária)VALVA, 2011

Fig. 39 - Edifício Linked HybridHOLL, 2003

residencial, educacional, esportes, serviços e

contemplação. Como uma “cidade dentro da cidade”,

é um espaço poroso urbano, convidativo e aberto ao

público por todos os lados.

Edifício que estimula o encontro, funcionando

como condensadores soc ia is gerador de

relacionamentos aleatórios. O projeto centrou-se na

experiência da passagem do corpo através do espaço,

as torres são organizadas para induzir o movimento e

a variadas visadas através das pontes. As torres

circundantes expressam uma aspiração coletiva, em

vez de torres como objetos isolados ou ilhas privadas

em uma cidade cada vez mais privatizado.

27

Page 31: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

1

23

4

5

6 7

8

9

9

9 9

9

99

9

Monte do adulto6Monte dos idosos7Monte do infinito8Edifício multifuncional (residências, comércios, escritórios, recreação, etc)

9

Fig. 40 - Implantação - Distribuição dos usosHOLL, 2003

CinematecaHotelEspelho d’água (Estacionamentono subsolo)

123

Jardim de infância (Monte infantil)Monte do adolescente

45

Clube de esportesSPAPonto de acessoCafé/Bar/restaur.Livraria Área de exposição

Espaço p/exercíciosem grupo

Academia

PiscinaOlímpica

Cabeleireiro

EventoLivraria

Área de leitura

Galeria deartes

Fig. 42 - Circulação de nível primário - Distribuição dos usosHOLL, 2003

Fig. 41 - Distribuição de usos verticalHOLL, 2003 Org.: Kamila Morais, 2011

Espaço público (comércio/serviços)EscritóriosResidências

A cinemateca não é apenas um encontro local, mas

também um foco visual para a área. A arquitetura da cinemateca

flutua sobre seu reflexo no espelho d’água, e as aberturas nas

fachadas é possível ver qual filme está rodando dentro da sala.

O nível do solo oferece uma série de passagens aberto

para todas as pessoas (moradores e visitantes) para percorrer.

Essas passagens cria micro-urbanismos de pequena escala. Fig. 43 - Diagrama de interação de

vizinhaça + Linked Hybrid SAIEH, 2009 Org.: Kamila Morais, 2011

Div

isã

otr

ad

icio

na

ld

e B

airro

s

Po

cke

t c

ida

de

no

va

fo

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oro

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áxi

ma

pe

rme

ab

ilid

ad

e

ou

ou

ou

Linked Hybrid

rua

sru

as

rua

sru

as

28

Page 32: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

Circulação térreaCirculação de nível secundário (entre jardins públicos)

Circulação de nível primário (entre comércios, serviços e recreação)

12 pv

12 pv

13 pv

14 pv

15 pv

16 pv

17 pv

18 pv

17 pv16 pv - piscina

Telhado cinemajardim infantil

Telhado -jd. público

Telhado -jd. público escada

rolanteescadarolante

cinema

Hotel

Fig. 44 - Circulação nas três dimensõesHOLL, 2003

Lojas comerciais estão distribuídas no térreo,

entorno do espelho d’água. No nível intermediário

dos edifícios mais baixos, telhados jardins públicos, e

no topo das oito torres residenciais jardins de

cobertura privada estão ligados à coberturas. Do 12º

ao 18º andar, as oito torres mais a torre do hotel são

interligadas por pontes multi-funcionais: uma

piscina, uma sala de fitness, um café, uma galeria, um

auditório e um salão de beleza.

PARQUE DE LA VILLETTE - BERNARD TSCHUMI

Projetado e construído entre os anos de 1982-

1998, a obra de Bernard Tschumi, Parque De La

Villette foi fruto de um concurso realizado em 1982,

com o lema “Um parque urbano para o século XXI”,

para reabilitação de uma área onde situavam antigos

matadouros, mercados de carne e galpões da era

napoleônica.

As novas condições paisagísticas adequadas

“O projeto do Parc de la Villette pode assim ser visto para incentivar o conflito sobre a

síntese, a fragmentação sobre a unidade, a loucura e o jogo sobre a gerência

cuidadosa. Este projeto subverte um número de idéias que lhe eram sacrificados no

período moderno - desta maneira, pode ser aliado a uma visão específica de pós-

modernidade” (TSHUMI apud PADOVANO, 2001).

ao mundo contemporâneo foram colocadas em discussão por Tschumi em seu projeto. A

sobreposição de programas e acontecimentos gera o conceito de evento, e juntamente com a idéia de

movimento, listam algumas das aplicações teóricas no parque.

Fig. 45 - Parque De La Villette VILLETTE, 2011

29

Page 33: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

O processo de composição do parque acontece, segundo Álvares (2007), através de três

operações: a primeira é a desconstrução do programa estabelecido, mediante definições de usos e

área, para posteriormente reconstruí-lo em acontecimentos diversos; a segunda é a criação de 5objetos que abriguem estes acontecimentos, as folies , que ativam e marcam o território; a terceira

consiste em sugerir o movimento, por meio das circulações, mediante o uso de linhas curvas. Com

base nessas operações se criam os três sistemas autônomos, que superpostos configuram o parque. A

interação entre três níveis: o evento, o espaço e o movimento, compõe a percepção do espaço

arquitetônico (BERGAMINI, 2009).

____________________________________________5 Pequenas estruturas de aço pintadas que demarcam a trama conceitual e que abrigam múltiplas atividades, ou às vezes nenhuma,

aparecendo na paisagem como elemento escultórico.

Conceitualmente esse processo de organização do

espaço foi estruturado em três layers: superfícies (água

evegetação), linhas (vias e circulações) e pontos (as folies).

As linhas formam uma sequência de corredores, lineares e

curvos, que em sua sobreposição criam pontos de tensão

formal. Os pontos (folies) marcados pela cor vermelha e

forma cúbica, são expressivos e estruturam visualmente o

espaço, com diferentes usos possíveis. As superfícies são os

diversos planos, verdes e construídos, que abrigam e

comportam usos culturais e lúdicos. A sobreposição dessas

camadas gera a forma global do parque, com todas suas

interrelações e conflitos.

Montaner (2001) afirma que um parque

contemporâneo deveria espelhar as tensões e frustrações

da metrópole. Tschumi mostra com o Parque De La Villette

que é possível inventar, apoiando-se em concepções da

arquitetura moderna e contemporânea, um novo

paisagismo poético para compor um espaço público que

integre diversos usos.

Fig. 46 - Parque De La Villette - As layers que compõem a estrutura conceitual do projeto

TSCHUMI, 2011

Fig. 47 - Parque De La Villette - esquema da implantação do parque

VILLETTE, 2011

Fig. 48 - Parque De La Villette - espaços livres sendo ocupados

VILLETTE, 2011

30

Page 34: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

31

Conceito: Realidade urbana como produto conceitualConceito: Realidade urbana como produto conceitualConceito: Realidade urbana como produto conceitual

Conceito: A realidade urbana como produto conceitualConceito: A realidade urbana como partido projetual

“a arquitetura ratifica aquilo que o espaço público previamente estabeleceu”.

Joan Villà, arquiteto espanhol (SERAPIÃO, 2010)

A cidade contemporânea levanta debates persistentes entre estudiosos sobre: a violência, a

favelização, a expansão descontrolada, a fragmentação, a segregação socioespacial, as deficiências de

transporte, os impactos negativos ao meio ambiente, os vazios urbanos, etc, os quais formam um

ambiente visto como ineficiente e nocivo aos seres humanos, denominado, por Silveira (2011), de

“caos urbano”. Segundo a autora, por mais caótica que possa parecer, na visível desordem do espaço

urbano consegue-se vislumbrar previamente que há repetições e certa similaridades, quando

comparada a outros tecidos urbanos. É preciso estar atento a essa complexidade. O que implica em

abandonar conceitos tradicionais e partir para investigação, de onde sucitará novas interpretações,

revelando o que está ainda invisível. Pois certas desordens podem apresentar ordens implicítas, ou

disfarçadas, à espera de que sejam desvendadas, como afirma Sobreira (2003) apud SILVEIRA (2011).

Encarar a complexidade é estar atento primeiramente à dispersão da cidade, pois é nela onde

o espaço urbano se demonstra heterogêneo e descontínuo, constituído de elementos fragmentários

entre os quais se torna importante estabelecer novas relações. (SECCHI, 2009; VALVA, 2011). É do

produto da dispersão urbana, de onde se pode tirar informações para uma produção projetual mais

consciente e articulada com o plano da cidade. Por isso, para essa proposta projetual, foi necessário

retornar na história do desenvolvimento urbano de Goiânia e Aparecida como forma de apreender as

dinâmicas envolvidas nos limiar entre as duas cidades. Assim como afirma André Corboz, citado por

Valva (2011, p. 109), “um lugar, não é um dado, mas o resultado de uma condensação [...]

compreendê-lo significa dar oportunidade a uma intervenção mais inteligente”.

Ou seja, ao invés de negar ou substituir, o planejamento urbano deve possuir estratégias

dinâmicas, flexíveis e integradas considerando suas lógicas internas. Da mesma maneira como Rem

Koolhaas (2010) observa a paisagem desordenada e desmontada como um potencial para

“reconstruir o 'Todo', ressuscitar o 'Real'” (KOOLHAAS, 2010, p. 22), assim sendo, uma maneira de

trazer a tona estes novos conceitos que estão ainda invisíveis, do que é o coletivo e o que é este espaço

público, hoje, dentro da cidade difusa. Os vazios urbanos e áreas subutilizadas podem suscitar novas

estruturações flexíveis para a produção urbana, onde as infraestruturas existentes podem se apoiar.

Na interpretação de Dias (2002), Solá-Morales afirma que estes são lugares que se caracterizam em

seu próprio sentido de ausência e vazio e, por isso, conseguem se manter preservados como

elementos formais e simbólicos do urbano, permanecendo fora da dinâmica urbana. São áreas em

“stand by”, redescobertas como novas frentes para o crescimento urbano.

Muitas dessas áreas, principalmente em Goiânia e Aparecida, são mantidas como alvo de

especulação imobiliária, a mercê do capitalismo agressivo e inconseqüente. Portanto, apropriar-se

deste espaço é uma maneira de reverter os futuros impactos negativos. Solá-Morales (2002) acredita

?

Page 35: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

que para que o “terrain vague” (vazio urbano) não se converta em um instrumento agressivo do poder

e de razões abstratas, a arquitetura atuante deve se ativer para a continuidade. Mas segundo ele, “[...]

não a continuidade da cidade planejada, eficaz e legítima, mas, pelo contrário, através da escuta

atenta para dos fluxos, das energias, dos ritmos ao longo do tempo e dos resultados estabelecidos”

(SOLÁ-MORALES, 2002, p. 192).

A proposta projetual deste trabalho situa-se numa área resultante do processo de dispersão e

concentração de Goiânia, às margens entre capital e o muncípio de Aparecida de Goiânia. Ao se

propor “escutar” o espaço urbano metropolitano de Goiânia, algumas diretrizes de intervenção são

reveladas. A necessidade de se repensar o espaço urbano mais interessante e atrativo. Dispersar os

elementos fragmentados e desarticulados e pulverizá-los através de uma intervenção mais permeável

e de múltiplos usos, onde o plano já existente possa se agrupar.

Assim como o Parque Spoor Noord, de Secchi e Viganò, na Antuérpia, um projeto que trabalha

na escala do bairro e da cidade, e, através de uma intervenção pontual, dissolve e hamoniza conflitos

com uma visão de conjunto. Uma proposta definida por Secchi de renovatio urbis,

“[...] intervenções pontuais com a finalidade de modificar uma parte da cidade ou de

um lugar, dando-lhe um novo sentido e papel, procurando modificar o modo de

funcionamento do conjunto inteiro urbano. Não se trata mais de estrategicamente de

desenhos complexos da cidade, mas uma série de intervenções no espaço.” (SECCHI

apud RETTO, 2007)

A renovatio urbis deve estar aliada a uma idéia geral de cidade e do seu planejamento. Ela

reforça a potencialidade das várias partes da cidade e encontra-se no projeto arquitetônico a maneira

de produzir fortes vínculos, aproveitando espaços subutilizados, na tentativa de aproximar as

pessoas, visando o futuro, como acontece no projeto de Antuérpia (VALVA, 20011). É deste conceito

de renovatio urbis, inserido nesta cidade, que será a base para produção do espaço na área proposta.

Sendo assim, através das análises feitas, tem-se a área de intervenção como ponto de

articulação entre os fragmentos dispersos pela região de extremo sul de Goiânia e extremo norte de

Aparecida. E que através da renovatio urbis, ela se torna um articulador das partes dispersas quando

inserido ali funções que não são oferecidas em outros subcentros. Portanto, a proposta de Secchi se

finda pela construção de um parque, para preservação da nascente do córrego Macambira, com

qualidade e infra-estrutura adequada, unindo a ele, equipamentos urbanos de nível cultural,

educacional, lazer e entreterimento fazendo com que a região toda se disperse e se concentre no

espaço modificado. Tornando-o atrativo a todos os tipos de pessoas e idades variadas, sugerindo e

propondo encontros.

Gehl (2004) acredita que pessoas, quando em contato com pessoas, se sentem estimuladas e

inspiradas, e quando o espaço colabora, os acontecimentos sociais se desenvolvem

espontaneamente. O autor diz ainda que os frequentes encontros por meio das atividades cotidianas

aumentam as ocasiões de se estabelecer contatos com os vizinhos, e por isso, mantém as relações

mais simples e menos exigente, como por telefone mediante a convites e horários marcados. E para

isso, o espaço público deve produzir estímulos à presença e apropriação deste espaços. mais

32

Page 36: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

integrados e flexíveis aos acontecimentos, com menos setores e mais fluxos interessantes.

Ambientes criados com diversas possibilidades de apropriação, aliados a qualidade ambiental

podem ser um grande diferencial à produção de espaços públicos mais atrativos. Um projeto aliado a

insolação, ao clima e aos ventos, apropriando-se da água e dos elementos compositivos como forma

de valorização do espaço e reduzir efeitos do clima seco da região. A água, além de refrescar e

amenizar as sensações de aridez, pode ser utilizada como um espaço de diversão e estímulos aos

sentidos através da composição de jatos dágua, cascatas ou espelhos d’água.

A cobertura propicia o jogo de luz e sombra. Ela protege e contribui para criação de elementos

escultóricos e funcionais interessantes ao espaço, e possibilitando diversos usos.

Portanto, conceitualmente, o Parque articula fragmentos em 3 escalas: a escala grande

(relação inter-urbana) interliga subcentros da duas cidades (Jd. América, Novo Horizonte, Vila Brasília

e Garavelo); a escala média (relação intra-urbana) interliga o parque com o entorno imediato

conectando-o a escala grande; e a escala pequena (organização

do parque), inteliga acontecimentos e pessoas (edifícios e

funções).Tomando aqui como referência a estratégia de Rem

Koolhaas de avaliar em projeto as escalas de interação do

usuário, cidade e obra, abordada por ele no livro S,M,X, XL, de

1997.

Estes sistemas de escalas estão baseados nos conceitos

de dispersão e concentração da qual Secchi (2009) utiliza para

identificar a dinâmica do movimento dentro das cidades, de

pessoas e acontecimentos. A cidade, antes monocêntrica, se

dispersa gerando variadas concentrações (policentro ou

subcentros ou zonas), cada uma delas, por meio da renovatio urbis, consegue se dispersar e

concentrar em outras centralidades, buscando harmonizar o conjunto.

A renovatio urbis, assim como o trabalho em escalas, coloca o projeto na situação de estar

ENTRE alguma coisa. O que está ENTRE sugere algo que está preenchendo o espaço de conexão de um

lugar a outro, como um espaço sináptico, situado entreos neurônios, onde eles se comunicam no

sistema nervoso do cérebro. O parque, com todas as suas funções, logo, age como um espaço

sináptico onde o espaço urbano, o espaço da região sul de Goiânia e norte de Aparecida, encontra o

lugar para se comunicar e promover acontecimentos. Os subcentros e mais outros fragmentos

demarcados na figura 50 são equivalentes aos neurônios, elementos “soltos” que através do espaço

sináptico (o Parque) são capazes de trocar informações e trabalhar em conjunto, assim como as

sinapses.

Fig. 49 - A desconcentração dos subcentros através da Renovatio Urbis

Acervo do autor, 2011

Subcentros (ou fragmentos)Centro (antigo monocentro)

Renovation Urbis

33

Page 37: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

ProgramaProgramaProgramaPrograma

Programa

Av. Rio Verde

GO

040

BR 1

53

An

el V

iário

Fig. 50 - Parque - Zona de influênciaAcervo do autor, 2011

Subcentros desarticuladosCondomínios HorizontaisBuriti Shopping e HipermercadosCentralidade prevista (Pq. Amazônia)Zona de articulação de fragmentosatravés do Parque Parque

Subcentro 1(Jd. América, Bueno,Nova Suíça,

Bela Vista e Pedro Ludovico)

Subcentro 2(Vila Brasília, Affonsos,

São Tomas e Luz)

Subcentro 3(Park Garavelo e Garavelo)

Subcentro 4(Novo Horizonte)

ProgramaProgramaProgramaProgramaProgramaPrograma

ProgramaProgramaProgramaProgramaProgramaPrograma

ProgramaProgramaProgramaProgramaPrograma

ProgramaProgramaPrograma

A partir do estudo do lugar e dos conceitos estabelecidos para esse projeto, o programa parte

da necessidade de ter ali equipamentos urbanos inexistentes no entorno. Deixando claro que este

projeto se apoia em conceitos contemporâneos e que, portanto, projeta o vazio, o inesperado,

definido por Rem Koolhaas (2010) como a arquitetura da ausência.

Centro de Educação: Escola nível primário (CEMEI), nível fundamental e médio - 7 000m²

Centro Cultural: Teatro-Escola - ensino de dança, música, atividades circenses entre outros

possíveis, mais sala de teatro - 10 000m²

Museu - 10 000m²

Biblioteca - 2 000m²

Centro comunitário - 4 000m²

Centro de esportes: quadra poliesportiva, ensino de variados estilos de luta e esportes - 10 000m²

Comércio e serviços diversos, mais SAC (Seviço de atendimento do cidadão) - (Restaurantes,

cafés, lanchonetes, lojas, salão de beleza, lan house, locadora, panificadora, papelaria, assistências

técnicas, casa de espetáculos/Boat, e entre outros)

Guarda-florestal - 50 m²

Apoio a feira da Alameda Boulevard, Faiçalville - 200m²

Parque infantil

Jardim aquático

Anfiteatro

34

Page 38: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

A partir das escalas estabelecidas, a intenção é integrar a escala pequena (o projeto de fato do

parque) a cidade, através das escalas média e grande. Por isso tem-se como propostas projetuais:

ESCALA GRANDE (Relação interurbana)

GoiâniaAparecida

Fig. 52 - Sistema integrado de Ciclovias entre Goiânia e AparecidaGOOGLE EARTH, 2011 Org.: Kamila Morais, 2011

Articular os subcentros Jd. América, Novo Horizonte, Vila

Brasília e Garavelo, demonstrado na figura 50, através de uma rede de

ciclovias integrando toda a região da Avenida Rio Verde. Este variado

circuito, além de interligar os subcentros com o Parque, articula

também os terminais urbanos de ambas cidades. Uma forma de

estimular o uso da bicicleta como um meio de transporte e incentivar Fig. 51 - Bicicletas públicas

RIOZINHO.NET, 2011

grupos de ciclista existentes na região. Inserindo também um sistema de bicicletas públicas

disponibilizadas em locais estratégicos nas duas cidades como forma de potencializar a proposta

prevista. Método já utilizado em grandes capitais pelo mundo, como em Barcelona e Londres, e

também proposto no Brasil, como em Curitiba e Florianópolis.

Pedro LudovicoBuenoJd. América

Novo horizonte

Garavelo

V. Brasília

Pq. Amazônia

Jd. Florença

Privê Atlântico

Jd. Madri

Jd. Mônaco

Jd. Viena

Grandville

T-63

T-9

GO

040

Av. Liberdade

Av. Sã

o P

aulo

Av. Rio Verde

4ª ra

dia

l

Terminal Veiga Jardim

Terminal Garavelo

Terminal Cruzeirodo Sul

Terminal V. Brasília

Terminal Isidória

Terminal Bandeiras

Circuito de ciclovias apoiado no sistema viário

passando pelas principais vias

da região.

Circuito de ciclovias a p o i a d o n a s b a c i a s

hidrográficas da região, sugerir a construção de uma rede de p a r q u e s p o r m e i o d a

requalif icação das matas ciliares.

Pq. Vaca Brava

Pq. Areião

Pq. Cascavel

Jd. Botânico

Futuro Pq.Macambira-Anicuns

35

Proposta projetualProposta projetual

Proposta projetualProposta projetualProposta projetual

Proposta projetualProposta projetualProposta projetualProposta projetualProposta projetual

Proposta projetual Proposta projetual

Page 39: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

Fig. 53 - Esquema gráfico da implantação final do parque

Acervo do autor, 2012

ESCALA MÉDIA (Relação intraurbana)

Esta escala é a transição da escala grande para a

pequena; é o somatório das informações no plano, onde a

passarela e as travessias por meio de traffic calming, vão servir

de passagem entre as duas escalas. É a concentração e a

dispersão ao mesmo tempo, integrando as escalas: concentrar

na escala pequena e dispersar na escala grande.

O Traffic Calming, assim como a passarela (detalhe no

Anexo 10), possibilita a passagem segura e agradável de

pedestres e ciclistas, principalmente onde o trânsito é

bastante intenso como na Avenida Rio Verde e Ipanema. A

inserção do traffic calming são medidas físicas que reduzem os

efeitos negativos do uso de veículos motorizados, alterando o

comportamento do motorista e melhorando as condições

para os usuários não motorizados. Essas medidas serão

aplicadas nos pontos de acesso ao parque, em todas as vias

que o circundam que se fizerem necessárias - lombo-faixas,

lombada eletrônica, faixa de pedestre, sinal para pedestres e

ciclistas, entre outros.

ESCALA PEQUENA (o Parque)

Partindo do conceito de renovatio urbis de Secchi, o projeto do Parque propõe articular todos

os edifícios inseridos no local de maneira integrada. A organização do espaço, a distribuição dos

edifícios e a definição do traçado partiu da síntese gráfica dos conceitos concentração e dispersão de

Secchi (2009), onde, respectivamente representam um ponto e uma linha (Fig. 54); e das teorias

projetuais de Gehl (2004), no qual ele coloca: uma linha é capaz de concentrar; várias linhas, dispersar

(Fig 55). É uma idéia base para estabelecer o fluxo desejado dentro do Parque e definir os espaços

presentes, que foram organizados por zonas.

Fig. 55 - Concentrar ou dispersarGEHL, 2004

Fig. 54 - Síntese-concentração e dispersãoAcervo do autor, 2011

concentrar dispersar

36

50 100

Pontos de acesso ao parque com traffic calmingPassarela

LEGENDA:

Page 40: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

37

Buriti ShoppingVila Brasília

GO 040Setor Garavelo

GO

040

Jd. Pre

sidente

Novo

Horizo

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Buriti ShoppingPq. Amazônia

Term

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MuseuBibliotecaEscolas

InfantilFundamental

MédioLanches

Playground

Lojas

Loja

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Jardim aquático

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Trilha

s

Co

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s

Parque

Skate/BMX

FutebolVólei

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Aeróbica

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Yoga

Eventos

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Re

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Loja

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Fruta

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Esp

orte

sA

ca

de

mia

ao

ar liv

reA

ca

de

mia

ao

ar liv

re

Av. RioVerde

Av. Ip

an

em

a

Av. RioVerde Av. RioVerde

ESQUEMA (1) ESQUEMA (2) ESQUEMA (3)

ESQUEMA (5) ESQUEMA (6) ESQUEMA (7)

O traçado do parque surgiu de um

estudo entre a relação de fluxos e funções,

constituindo o seguinte esquema:

( 1 ) A s p r i n c i p a i s f u n ç õ e s s e

concentraram na maior parte no perímetro da

área, visando o fácil acesso pela vias

circundantes, de onde se faz o primeiro contato

com o projeto;

(2) Em síntese, são definidos pontos de

concentração a partir da distribuição das

funções e um eixo de conexão entre eles;

(3) Sendo a av. Ipanema uma via

coletora e a av. Rio Verde, expressa, logo estas

possuem tráfego mais intenso, especialmente a

segunda, o que deixa claro os pontos de maior

movimento em volta da área;

(4) Como a av. Rio Verde possui maior

tráfego, ela será o eixo principal de distribuição

dos fluxos na área;

(5) Sendo assim, eixos principais são

definidos e linhas secundárias são inseridas a

partir dos pontos de tensão entre os

cruzamentos das vias;

(6) A relação entre o emaranhado de

fluxos e os pontos de concentração irá sugerir a

localização de cada edifício proposto

anteriormente, sendo esta a base que

determinará as articulações dentro do parque;

(7) A partir deste traçado estruturador,

as linhas secundárias se tornam sinuosas para

melhor se adaptarem a topografia e aos

espaços e acontecimentos que foram

propostos neste projeto;

(8) Portanto, para melhor compreensão

projetual, os pontos de concentração se

tornaram zonas, estabelecidas a partir de todo

esse processo diagramático.

ESQUEMA (4)

ESQUEMA (8)

zona de concentração 3

zona deconcentração 2

zona de concentração 4

zona de concentração 5

zona deconcentração 1

pontos de concentraçãoeixo de conexão (dispersão)

Page 41: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

As zonas de concentração (ZC) estabelecida anteriormente pelo esquema configuracional, se

dividem em 5, sendo:

38

Memorial descritivo - a escala pequenaMemorial descritivo - a escala pequena

Memorial descritivo - a escala pequenaMemorial descritivo - a escala pequena

Memorial descritivo - a escala pequenaMemorial descritivo - a escala pequena

Memorial descritivo - a escala pequenaMemorial justificativo - a escala pequena

ZC 01Parque da mata ciliardo córrego Macambira

Estímulo a proteção da mata ciliar, bem como a interação do usuário com o córrego através da inserção de caminhos pela mata. Porém, uma interação com horários regulados ao período diurno, quando os portões que cercam a mata estão abertos. Um medida de segurança para quem utiliza o espaço e para quem mora no entorno.

ZC 02 Parque do Esporte

Onde se localizam o Centro esportivo, quadras de esporte ao ar livre e a pista de skate/BMX, além de outros equipamentos para academia ao ar livre, quiosques, banheiros e áreas para piquenique. Área direcionada ao bairro Faiçalville e entorno. Entre esta zona e a seguinte, foi implantado o chamado Percurso Elevado, utilizando do desnível do terreno, a linha que liga o parque de leste a oeste foi elevada criando um espaço de descanso e contemplação com visadas de 360° para o parque.

ZC 03 Parque Cidade

Onde se localizam o Teatro-Escola e o Museu, zona de maior concentração de pessoas com equipamentos de influência metropolitana, por isso localizada as margens das vias de maior fluxo (Av. Rio Verde e Ipanema). Também estão inseridos nessa zona a Pça. do Comércio, uma área destinada a lojas, cafés, bares, boate, restaurante, entre outros; a Pça. do Buriti, espaço onde foi implantado uma floresta de Buritis, árvore característica do cerrado, destinado a contemplação; e ainda, a Pça. das Flores, espaço com um tratamento paisagístico ornamental; o Jardim Aquático, espaço de lúdico, onde as pessoas se interagem com a água através de jatos; e o Anfiteatro, destinado para eventos públicos, como shows, apresentações de teatro e dança, concertos ao ar livre, e etc.

ZC 04 Parque da Educação

Devido a falta destes equipamentos na área analisada, as Escolas Públicas de ensino fundamental e médio, o CEMEI e a Biblioteca foral implantados numa área que fosse de fácil acesso tanto aos aparecidenses dos bairros Santa Fé e Cardoso I, quanto para os goianienses do bairro Faiçalville. Há também nesta zona o Parque infantil, próximo onde a concentração de crianças é maior e o Centro Comunitário, direcionado ao bairro Faiçalville.

Devido a magnitude do projeto e para a melhor compreensão da proposta, esta etapa focou

apenas na intervenção feita nas ZC02, ZC03 e ZC04 (ver projeto), deixando as outras zonas apenas com

diretrizes projetuais. Os edifícios aqui propostos não foram também detalhados, apenas determinou-

se as áreas de ocupação destes equipamentos, bem como seus gabaritos de no máximo 15 metros.

ZC 05 Parque BairroZona direcionada à cidade de Aparecida de Goiânia, onde contemplará atividades esportivas, culturais, de entretenimento e lazer.

Page 42: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

39

CONCENTRAÇÕES E DISPERSÕES

As linhas de fluxos principais e segundárias são linhas

de dispersão que articulam os edifícios e as atividades inseridas

no parque. Por sua vez, as linhas principais, na maioria das

vezes, vão servir tanto para dispersar quanto para concentrar,

devido as funções lá distribuídas, o que acontece

principalmente na zona Parque Cidade e Parque do Esporte,

onde as funções vão se distribuir na linha de fluxo.

Outro elemento que vem para enfatizar essa função de

dispersão e concentração é a Cobertura implantada. Ela é um

elemento que estimula o passeio, ao proporcionar

sombreamento, também criará pontos de pausa e

permanecência porque em alguns locais esta se tornará, além

de cobertura, também um quiosque, banheiros públicos ou

ponto de informação e venda. Ela se distribui sobre as linhas

estruturais conectando as zonas estabelecidas. (Detalhe da

cobertura Anexo 11 e 12)

TOPOGRAFIA

A topografia foi pouco

modificada, sendo a intervenção

mais brusca na criação do platô,

em que se localiza o Museu e

coloca todo o perímetro da av. Rio

Verde praticamente no mesmo

nível, pois a inclinação nesse local é

de 3%. Outras intervenções foram

para implantação do Parque

Infantil na ZC04, e para suavizar o

terreno próximo a nascente do

córrego Macambira. Algumas

o u t r a s m o d i f i c a ç õ e s p a r a

implantação da Pça. do Buriti, do

Jardim Aquático e da Pça. do

Comércio, na Zc03, e no Parque do

Esporte, Zc02.

Fig. 57 - Topografia modificada Fig. 58 - Topografia original

10050

Maior concentração depessoas

Menor concentração depessoas

Fig. 56 - Concentração de pessoas no espaço

Page 43: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

40

ELEMENTOS COMPOSITIVOS - PAVIMENTAÇÃO

O pavimento de maior predomínio no parque é o Drenac na cor areia, este é uma placa pré-

fabricada de concreto drenante. Composta por 82% de resíduos reciclados de cerâmica, e adição de

cimento, que resultam num produto com grande resistência ao desgaste, resistência mecânica e às

intempéries, e são ecologicamente corretos. Possue capacidade de vazão de água de 82%, permitindo

a drenagem das águas pluviais para o subsolo, isto porque ele é um pavimento poroso e seu

assentamento é feito sobre camadas de areia e brita (COSER, 2011).

Outro pavimento que compõe o Parque é o Saibro estabilizado, um pavimento permeável com

ótima adaptabilidade ao terreno e, por ser estabilizado com ligantes, ele tem maior resistência a

erosão e a chuva, sendo também utilizado também nos passeios junto ao Drenac e a Placa de

Concreto, inserindo nova textura e desenho ao piso.

Para as ciclovias foi utilizado o pavimento betuminoso colorido na cor alaranjada, por ser um

piso mais resistente e durável.

Para o Parque infantil foi assentado o piso de borracha reciclada, composto por 100% de

borracha de pneu reciclada e poliuretano. É um piso drenante, sem emendas, sem rejuntes e de baixo

custo, além de serem macios dando maior conforto às crianças.

Já a madeira é utilizada na Pça. do Comércio e na Pça. do Buriti com intenção de criar um efeito

estético de conforto e beleza ao espaço.

Drenac Gyotoku Saibro estabilizado Betuminoso colorido Placa de concreto Borracha reciclada Madeira

ELEMENTOS COMPOSITIVOS - PAISAGISMO

A flora que compõe o parque será disposta de três formas, conforme a planta paisagística no

Anexo 13:

Gramado + espécies deárvores nativas e ornamentais

Bosque (mata densa comárvores de espéciesnativas e ornamentais)

Tapete de flores + espécies de árvoresnativas e ornamentais

Page 44: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

41

Algumas espécies selecionadas:

Ipês amarelo, branco e rosaPeríodo de floração: inverno/outono e inverno/

primavera e invernocaduca/caduca/semi-caduca

Chorãosemi-caduca

LiquidâmbarFloração: Primavera

e inverno

Ginko bilobaFloração: inverno

semi-caduca caduca

Buritiperene

Cagaitacaduca

Lobeira Jatobásemi-caduca

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ReferênciasReferênciasReferênciasReferências

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Page 47: ESPAÇO SINÁPTICO - Uma proposta para o vazio urbano.pdf

01. Passarela

02. Pça. da Água

03. Acesso ao Museu

04. Ponto de ônibus

05. Percurso entre o Museu e a Biblioteca

06. Acesso a Biblioteca

07. Parque Infantil

08. Pça. do Comércio

09. Jardim Aquático

10. Pça. das Flores

11. Pça. do Buriti

12. Anfiteatro

13. Percurso elevado

14. Pça. do esporte

15. Pista de Skate/BMX

16. Parque da Mata Ciliar do córrego

Macambira

17. Acesso ao Parque da Mata Ciliar

18. Acesso ao Centro Esportivo

19. Estacionamentos

20. Acesso ao Percurso elevado

21. Espaço para Feira livre

22. Caixas d'água (SANEAGO)

23. Condomínio Empresarial

Museu

Teatro-

Escola

Centro

Comunitário

Escola

pública e

CEMEI

Biblioteca

Centro de

Esportes

01

03

04

04

04

04

04

04

05

06

07

08

10

12

14

17

17

17

18

19

19

20

21

22

Pav. Drenac

Pav. Saibro estabilizado

Pav. Placa de concreto

Pav. Betuminoso colorido (CICLOVIA)

Pav. Madeira

Pav. Borracha reciclada

Areia

Água

Gramado

Bosque (vegetação densa)

Tapete de flores

AV. RIO

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15

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02

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ESPAÇO SINÁPTICO uma proposta para o vazio urbanoParque - Implantação

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