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Aulas 3 Semiótica Clínica I Gilberto Pires da Rosa IFE Medicina Interna Sinais Vitais

Sinais Vitais Semiótica FMUP

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Aula prática de semiótica sobre sinais vitais. Descrição do pulso, pressão arterial, estado de consciência, temperatura corporal. Apresentação realizada pelo departamento de semiótica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e pelo Hospital de São João.

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Aulas 3 Semiótica Clínica I

G i l b e r t o P i r e s d a R o s a I F E M e d i c i n a I n t e r n a

Sinais Vitais

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Sinais Vitais

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Sinais Vitais

 1.   Pressão  Arterial  2.   Frequência  Cardíaca  3.   Frequência  Respiratória  4.   Temperatura  5.   (Dor)  

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1. Pressão arterial

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Pressão Arterial

Bolsa Manga

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Pressão Arterial

Selecção  da  manga  correcta    

•  Largura   da   bolsa   insuflável   da   manga   deve   ser   cerca   de   40%   da  circunferência  do  braço  (cerca  de  12-­‐14  cm  no  adulto).  

•  Comprimento   da   bolsa   insuflável   deve   ser   cerca   de   80%   da  circunferência  braçal  (quase  o  suficiente  para  englobar  o  braço).  

•  A   manga   standard   mede   12   x   23   cm,   apropriada   até   uma  circunferência  braçal  de  28  cm.  

 

Usar  o  braçal  adequado  ao  tamanho  do  braço  /  coxa  –  perna,  e  ajustá-­‐lo  →  se  ficar  demasiado  laxo  vamos  subestimar  a  pressão  arterial;  se  ficar  demasiado  

apertado,  vamos  sobrestimá-­‐la.    

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Posicionamento  Correcto:    o  Evicção  de  tabaco  e  bebidas  com  cafeína  nos  30  minutos  antecedentes.  

o  Ambiente  da  medição  sossegado  e  com  temperatura  amena.  

o  Doente  sentado  em  repouso  há  pelo  menos  5  minutos.  

o  Despir  o  braço  da  medição.  Não  medir  no  caso  de  presenças  de  fístula  de  hemodiálise  ou  sinais  de  linfedema.  

o  Posicionar  o  braço  de  forma  a  que  a  artéria  braquial,  ao  nível  da  prega  antecubital  (ao  nível  do  4º  espaço  intercostal  na  sua  junção  com  o  esterno).  

o  Colocar  o  braçal  sobre  a  artéria  braquial  (imediatamente  medial  ao  tendão  do  Bícipite),  e  de  modo  a  que  o  bordo  inferior  fique  cerca  de  2,5  cm  acima  da  prega  cubital.  

       

Pressão Arterial

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Medição  Correcta:    o  Primeiro,  estimativa  pressão  sistólica  por  palpação  à  Palpar  pulso  radial,  

insuflar  até  este  desaparecer.  Insuflar  30  mmHg  adicionais  e  utilizar  esta  soma  como  insuflação  máxima  em  medições  subsequentes.  

o  Insuflar  até  ao  valor  determinado.    Desinsuflar  o  braçal  a  uma  velocidade    de  2  a  3  mmHg  por  segundo.  

o  Desinsuflar  até  ao  início  dos  sons:    corresponde  à  pressão  arterial  sistólica.  

o  Prosseguir  até  ao  desaparecimento    dos  sons:  corresponde  à  pressão  arterial    diastólica.

 

       

Pressão Arterial

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Pressão Arterial

A  pressão  arterial  deve  ser  medida  em  ambos  os  braços,  com  as  medições  subsequentes  a  serem  efectuadas  no  

braço  com  o  registo  mais  elevado.  

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Situações  especiais:    o  Gap  auscultatório  •  Intervalo  “silencioso”  que  pode  estar  presente    entre  o  valor  da  PAS  e  PAD.    •  Causas:  Rigidez  arterial  e  doença  aterosclerótica      o   Hipotensão  ortostática  •  Medir  PA  e  FC  em  posição  supina  e  após  1  e  3  min  de  ortostatismo.    •  Normal:  diminuição  ligeira  da  PAS  e  aumento  ligeiro  de  PAD.  •  Se  diminuição  PAS  ≥20  mmHg  ou  PAD≤10  mmHg  à  Hipotensão  

ortostática  •  Causas:  Fármacos,  Perda  sanguínea  moderada  a  grave,  imobilização  

prolongada,  patologia  do  Sistema  Nervoso  Autónomo.              

Pressão Arterial

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Situações  especiais  (cont.):    o  Desigualdade  PA  entre  membros  

•  Usualmente,  a  PAS  é  5  a  10  mmHg  superior  nos  membros  superiores  comparativamente  aos  membros  inferiores.  

•  Causas  de  desigualdade  superior:  coarctação  aorta  /  patologia  oclusiva  da  aorta  

               

Pressão Arterial

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Pressão Arterial

Classificação  dos  valores  de  pressão  arterial:  

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Situações  especiais:    o  Hipertensão  da  “bata  branca”  •  15  a  20%  dos  hipertensos  Grau  1.    •  PA  elevada  no  consultório,  normal  em  ambulatório.  •  Baixo  risco  CV.  

o  Hipertensão  mascarada  •  10%  da  população  geral.  •  PA  normal  no  consultório,  elevada  em  ambulatório.  •  Elevado  risco  CV.  

               

Pressão Arterial

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2. Frequência Cardíaca

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Frequência Cardíaca

�  Para  avaliação  da  frequência  cardíaca  é  usualmente  utilizado  o  pulso  radial,  palpado  com  o  2º  e  3º  dedos.    

�  Amplitude  de  valores  normais  entre  60-­‐100  batimentos  por  minuto  (bpm).  

� Avaliar:  ¡ Ritmo  ¡ Frequência  ¡ Amplitude    ¡ Simetria  

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Pulsos

o  Carotídeo  o  Auscultar  primeiro  –  em  caso    de  sopro  não  palpar  o  Não  palpar  bilateralmente  

o  Braquial  o  Radial  o  Femoral  o  Poplíteo  o  Tibial  posterior  o  Pedioso  

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o  Ritmo  –  regular  /  irregular  •  Contar  o  pulso  por  30  segundos  e  multiplicar  por  2  à  método  fiável  para  

ritmos  regulares.  

•    Em   caso   de   irregularidade   apenas   a  auscultação   cardíaca  permite   uma  avaliação   precisa,   uma   vez   que   vertos   batimentos   podem   não   ser  detectados  perifericamente.  

•  Se  irregular,  tentar  determinar  padrão:  •  Regular  com  batimentos  extra  esporádicos  (exemplo:  extrassístoles)  •  Regularmente   irregular   (exemplo:   extrassístoles   com   padrão   de  

bigeminismo  •  Irregularmente  irregular  (exemplo:  Fibrilhação  auricular)  

 o  Frequência  –    normocárdico  (60-­‐100  bpm)  •  Bradicardia  <60  bpm  (hipotiroidismo,  medicação,  hipotermia,…)    •  Taquicardia  >100  bpm  (hipertiroidismo,  medicação,  febre,  exercício,  anemia…)  

               

Pulsos

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�  Tipos  de  Pulsos  

Pulsos

!

 Normal  Pressão  de  pulso  (amplitude)  de  30-­‐40  mmHg.    A  incisura  na  onda  de  pulso  não  é  palpável.      Parvus  e  Tardus  Exemplo:   Estenose   aórtica,   em   que   temos  uma   amplitude   diminuída   (parvus)   e   onda  demorada,  com  pico  tardio  (tardus).    

!  Hipercinético  Amplitude  aumentada,  subida  e  descida  rápidas  com  pico  breve.  Causas:    (1)  aumento  débito  e/ou  diminuição  

resistência  periférica  (febre,  anemia,  hipertiroidismo,  insuficiência  aórtica)  

(2)   rigidez  aórtica  (idade  avançada,  aterosclerose)    

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�  Tipos  de  Pulsos  

Pulsos

!

!

 Bisferiens  Dois  picos  sistólicos.  Causas:  Regurgitação  aórtica  isolada  ou  associada  a  estenose  aórtica.      Alternans  Ritmo  regular,  mas  batimentos  com  amplitudes  diferentes.  Causas:  Insuficiência  Ventricular  Esquerda.      Bigeminado  Batimento  normal  a  alternar  com  extrassístole  de  amplitude  diminuída.    

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�  Tipos  de  Pulsos  

Pulsos

!

 Paradoxal  Pulso  regular  cuja  amplitude  diminui  >10  mmHg  durante  a  inspiração.  Causas:  Exacerbações  de  asma  e  DPOC;  pericardite  constritiva.      Corrigan    Amplo  e  hipercinético,  causando  um  súbito  impacto,  au  qual  se  segue  um  rápido  colapso.  Causas:  Insuficiência  aórtica  grave  crónica.    

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3.Frequência Respiratória

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Frequência Respiratória

�  Aproveitar   momento   da   palpação   do   pulso   radial   para  efectuar   a   contagem   da   frequência   respiratória.   Contagem  durante  30  segundos  e  multiplicar  por  2.  

�  Adulto  saudável:  10-­‐14  ciclos  por  minuto  (cpm)    

 

� Avaliar:  ¡ Ritmo  ¡ Frequência  ¡ Profundidade  ¡ Esforço  respiratório  

Valor  presente  na  literatura  –  na  prática  clínica  utiliza-­‐se  frequentemente  o  intervalo  16-­‐20  cpm.  

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Frequência Respiratória

 Bradipneia  Causas:  Coma  diabético,  fármacos,  hipertensão  craniana,  alcalose  metabólica,  obesidade,  doenças  neuromusculares  (miastenia  gravis,...)      Taquipneia  Causas:  Patologia  pulmonar  restritiva,  dor  torácica  pleurítica,  ansiedade,...    

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Frequência Respiratória

 Respiração  atáxica  (Biot)  Irregular.  Ciclos  podem  ser  superficiais  ou  profundos,  com  paragens  por  pequenos  períodos.  Causas:  depressão  respiratória,  lesão  cerebral  (a  nível  medular).    

 Cheyne-­‐Stokes  Aumento  gradual  de  frequência,  seguida  da  diminuição  com  ciclo  mais  espaçados  até  período  de  apneia.  Causas:  Insuf.  Cardíaca,  urémia,  fármacos,  lesão  SNC  (a  nível  cerebral).      Hiperpneia  Causas:  Exercício,  ansiedade;    se  por  acidose  metabólica  à  respiração  de  Kussmaul    

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4.Temperatura

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Temperatura

 �  Resultado  do  equilíbrio  entre  a  produção  e  a  perda  de  calor.  

�  Variações  ao  longo  do  dia  inferiores  a  0,6ºC.  

�  Consideradas  normais  temperaturas  entre  35,8  e  37,2ºC.  

 

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Temperatura

�  Febre   -­‐   elevação   da   temperatura   oral   acima   de   37.2ºC   de  manhã,  ou  37.7ºC  à  tarde,  secundária  a  uma  elevação  do  set-­‐point  hipotalâmico.  

�  Hipertermia  –  aumento  da  temperatura  corporal  que  não  é  secundário   a   um   reposicionamento   do   set-­‐point  hipotalâmico.  Ocorre  sobretudo  em:  

÷  Actividade  física  em  embientes  de  dissipação  de  calor  difícil.  ÷  Disfunção  do  SNA.  ÷  Patologia  cardiovascular  que  impede  aumento  do  débito  cardíaco.  ÷  Fármacos.    

 

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Temperatura

Diversos  locais  de  medição:  �  Temperatura  oral    �  Temperatura   rectal   –   superior   à   oral   entre   0.4   a   0.5ºC  Temperatura  axilar  –   inferior  à  oral  em  cerca  de  1ºC  (menos  precisa)  

�  Temperatura  timpânica  (Valores  normais:  35.8-­‐38ºC)  ¡  Garantir   ausência   de   cerúmen   no   canal   auditório   externo   (diminui  

temperatura).    ¡  Superior  à  oral  em  cerca  de  0.8ºC  ¡  Grande  variabilidade    (mesmo  entre  ouvido  direito  e  esquerdo)  

�  Temperatura  inguinal,  vaginal  

 

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�  Tipos  de  Febre  

Temperatura

 Contínua  Temperatura  continuamente  elevada,  com  variações  diárias  <  1ºC.    

Intermitente  Períodos  de  febre  intervalados  por  períodos  de  temperatura  normal.  Causas:  infecção  intracanalicular  (colangites,  infecções  urinárias),  paludismo.  

 Remitente  Variação  diária  >  1ºC,  mas  sem  atingir  a  normalidade.  Causas:  processos  sépticos.    

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�  Tipos  de  Febre  

Temperatura

 Recorrente  Períodos  de  febre  contínua  durando  vários  dias,  alterando  com  períodos  de  apirexia  também  de  vários  dias.    Causas:  brucelose,  borreliose,  linfomas    Episódica  Alguns  dias  de  febre  intervalados  por  períodos  de  longa  duração  (mais  de  2  semanas)  de  apirexia.  Causas:  Doenças  auto-­‐inflamatórios  (Febre  familiar  do  mediterrâneo,...)  

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5.Dor

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Dor

 �  Dor  crónica  pode  ser  definida  de  várias  formas:  

¡  Dor  não  associada  a  neoplasias  com  persistência  superior  a  3  a  6  meses;  ¡  Dor  recorrente  com  intervalos  de  meses  a  anos;  

 �  Avaliar:  

¡  Localização    ¡  Intensidade  ¡  Factores  precipitantes  e  de  alívio  ¡ Manifestações  associadas  ¡ Medicação  efectuada  ¡ Comorbilidades  

 

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�  Intensidade  –  4  tipos  de  escalas      ¡  Escala  figurativa  

 

Dor

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�  Intensidade  –  4  tipos  de  escalas  ¡  Escala  visual  analógica        

¡  Escala  visual  numérica  

 

¡  Escala  verbal  classificativa  ÷  Sem  dor  à  Dor  ligeira  à  Dor  moderada  à  Dor  grave  à  Dor  muito  grave  

 

Dor

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�  Tipos  de  Dor  

Pulsos

 Nociceptiva  (somática)  Dano  tecidular  da  pele,  sistema  musculo-­‐esquelético  ou  vísceras  (dor  visceral),  mas  mantendo-­‐se  intacto  o  sistema  nervosos  sensorial.      Neuropática  Lesão   ou   doença   com   atingimento   do   sistema   somato-­‐sensorial.   Através   do  fenómeno   de   “plasticidade   neuronal”,   a   dor   pode   persistir   após   a   cicatrização   da  lesão  inicial.    

Psicogénica  A  dor  psicogénica  é  rara.  Mais  frequentemente,  factores  psicológicos  complicam  um  quadro  de  dor  crónica,  ou  vice-­‐versa.  

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