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N o 312 | NOVEMBRO 2015 | 4,00 (Cont.)| 600 AKZ (Angola)| Revista Mensal | www.revistadevinhos.pt .00 * 6 por apenas (PORTUGAL) ALENTEJO * para portugal continental Bom Caminho Bairrada tinto 2011 CABERNET Odisseia lusa de uma grande casta COLARES Vinhos “impossíveis” em paisagem de sonho Grandes tintos do sul VINDIMA 2015 Qualidade em ano histórico

Revista vinhos

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No 312 | NOVEMBRO 2015 | €4,00 (Cont.) | 600 AKZ (Angola) | Revista Mensal | www.revistadevinhos.pt

€ .00*6por

apenas

(PORTUGAL)

ALENTEJO

* para portugal continental

Bom CaminhoBairrada tinto 2011

CABERNETOdisseia lusa de uma grande casta

COLARESVinhos “impossíveis” em paisagem de sonho

Grandes tintos do sul

VINDIMA 2015Qualidade em ano histórico

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sumárionovembro 2015

44 Colares, os vinhos “impossíveis”Com uma área total de vinhas que se mede em dezenas de hectares, Colares é um caso muito especial entre os vinhos portugueses. Uma mão-cheia de produtores agarra-se a estas terras onde pareceria impossível fazer vinho.

54 Cabernet Sauvignon em Portugal

Chegou devagar, insinuou-se com pudor, depois ganhou protagonismo. Agora parece estar a voltar aos bastidores. Uma das castas mais versáteis do mundo, a Cabernet Sauvignon, já garantiu um lugar na história da vitivinicultura portuguesa.

62 Painel: tintos do Alentejo em grande forma

Falar de tintos topos de gama do Alentejo é, seguramente, falar de alguns dos melhores vinhos portugueses. Em mais um painel de elevadíssimo nível, constata-se a perenidade de muitos nomes consagrados e regista-se a chegada de novos valores.

86 Grandes notícias na vindima de 2015

O ano climático correu quase na perfeição e os vinhedos portugueses responderam com generosidade. A vindima de 2015 foi extremamente positiva, em quantidade e qualidade, permitindo antever um ano de grandes vinhos.

secÇões 142

86

PÁG 4 Editorial PÁG 8 Novidades PÁG 40 Segunda Volta PÁG 42 Correio do Leitor PÁG 82 Entrevistas Mundanas PÁG 94 Crónica Dois Dedos de Conversa, de João Paulo Martins PÁG 134 Evento Mostra anual Heritage Wines PÁG 138 Lançamento Ramos Pinto PÁG 142 Lançamento Pôpa Arts Project

62

54

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96 Voltinha enoturística pela região saloia

Ficam perto de Lisboa, estão a reforçar a aposta no enoturismo e fazem gala do seu carácter familiar e da personalidade dos seus vinhos. Três destinos na região saloia, fora dos circuitos mais tradicionais, mas com muito para oferecer.

106 A fi loxera atacou há 150 anosUm século e meio depois, é difícil entrarmos na pele dos viticultores do Douro que, de repente e de forma misteriosa, viram o seu modo de vida ameaçado de extinção. A fi loxera atacou, destruiu e foi vencida. Pelo meio, o Douro e o resto do país vinícola mudaram de forma radical.

112 Regressa o Tribute to ClaudiaEm 2013, a 7ª edição do International Gourmet Festival, também conhecido como Tribute to Claudia, trouxe ao Algarve uma constelação de estrelas Michelin. Mas não se realizou em 2014. Está de volta em 2015 e promete.

114 A carne não é (mesmo nada) fraca

Peças nobres com intervenção minimalista, grandes assados, cozidos ou chanfanas. A carne tem lugar cativo na mesa portuguesa e há muitos caminhos por onde procurar a excelência. Fomos falar com quem sabe.

124 Vinagres: o vinho azedo não é o fi m da história

Pode ser o pesadelo do produtor. Mas também o início de uma bela história. Quando o vinho azeda, o vinagre espreita. Há belos – mas raros – casos de produtores portugueses que se dedicam a esta paixão. Fomos conhecer os seus métodos.

130 Uma garrafeira sui generis em Viseu

A Cave Lusa Premium é uma garrafeira como poucas neste país. Fundada em 2014, ganhou mais notoriedade por ter Barca Velha a copo mas tem de facto muitos outros argumentos a seu favor.

novembro 2015

sumário

2

secÇões148PÁG 144 Lançamento Quinta da Alameda PÁG 146 Lançamento Ideal Drinks PÁG 148 Lançamento Jacquart PÁG 150 Lançamento Juve y Camps PÁG 152 Lançamento Capreolus PÁG 156 Notícias

96

114130106

124

112

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D

D I R E C Ç Ã O E D I T O R I A LDirector – Luís Ramos Lopes ([email protected]) 234 738 248 — R. prof. Bento Lopes, 76 Apartado 93 • 3781-908 SangalhosDirector de Área de Negócios – João Geirinhas ([email protected]) 215 918 129Redactores – 215 918 127António Falcão ([email protected])Luís Francisco ([email protected])João Paulo Martins ([email protected]),João Afonso ([email protected]), Luís Antunes ([email protected])Nuno Oliveira Garcia ([email protected])Secretária de Redacção – Sandra Gonçalves ([email protected])

Fotógrafos – Ricardo Palma Veiga e Anabela Trindade

Rua da Fraternidade Operária, 6, 2794-024– CarnaxideEmail: [email protected]. 215 918 132 Fax 215 918 150

D I R E C Ç Ã O D E P A G I N A Ç Ã O E P R O D U Ç Ã ODirector – Ramiro Agapito ([email protected]) Assistente – Inês Pereira Paginação – Sofi a Duarte, Pedro Martins e Paulo Franco Digitalização e tratamento de imagem – Diogo Sargento, Frederico Queirós e Pedro Figueiredo

D I R E C Ç Ã O D E C I R C U L A Ç Ã O Director – Bruno Ventura ([email protected])Linha de Apoio ao Ponto de Venda Tel. 707 200 229

A S S I N A T U R A SCoordenador – Mário Vidal ([email protected]) [email protected].: 215 918 088

D I R E C Ç Ã O C O M E R C I A L E P U B L I C I D A D EDirector de Publicidade – Fernando Gomes ([email protected]) 215 918 130

D E L E G A Ç Ã O S U LResponsável – Ana Sampaio ([email protected]) 215 918 131

D E L E G A Ç Ã O N O R T EResponsável – Maria do Céu Pinto ([email protected]) 226 057 580 ou 917 563 824Rua Tenente Valadim, 181, 4100-479 Porto

D I R E C Ç Ã O D E M A R K E T I N G E E V E N T O SDirectora – Dina Nascimento ([email protected])Gestora de Produto – Teresa Neves([email protected]) Assistente – Dulce Almeida ([email protected])

Gestora de Eventos – Dulce Bandeira([email protected]) Assistente de Eventos – Rita Pereira ([email protected] )

D I R E C Ç Ã O - G E R A LNuno Santiago ([email protected])

D I R E C Ç Ã O F I N A N C E I R AAna Ruivo ([email protected])

P R O P R I E T Á R I O E E D I T O R : Masemba, Lda, Rua da Fraternidade Operária, nº6, 2794-024 Carnaxide,

NIF/NIPC: 510647421 – CRC CascaisIMPRESSÃO: Lisgráfi ca

DISTRIBUIÇÃO: Urbanos Press Rua 1º de Maio Centro Empresarial da GranjaJunqueira 2625 – 717 VialongaLinha de Apoio ao ponto venda: 707 200 229E-mail: [email protected]

DEPÓSITO LEGAL: 80300/9Nº DE REGISTO ERC: 114309

De há uns tempos a esta parte, tornou-se quase uma moda nos círculos de apreciadores mais elitistas, pretensamente “conhecedores” de tudo o que de bom se faz no universo, desprezar os vinhos do Alentejo. Eu percebo, o sucesso tem estes efeitos perversos. Quando quase toda a gente gosta de uma coisa, é de muito bom tom fugir dessa vulgaridade e anunciar que se gosta de outra coisa, e melhor ainda se essa outra coisa for uma coisa rara, inacessível à esmagadora maioria dos mortais. Resumindo, para quem supostamente dita as modas vínicas em Portugal, o Alentejo está “out”. Infelizmente para os nossos pequenos “opinion makers”, quem compra vinhos não segue as suas orientações. E o Alentejo continua mais “in” do que nunca.A grande chatice é que os con-sumidores não são parvos. E são tão sábios os que buscam boa qualidade por 3 ou 4 euros, como aqueles que procuram o que há de melhor entre os 15 e os 60 euros. O painel de prova que publicamos nesta RV, dedicado aos tintos topos de gama do Alentejo, mostra bem o porquê do sucesso desta região.Para mim, a qualidade e longevidade (dizer que o vinho do Alentejo envelhece mal é outro daqueles mitos urbanos que o tempo tem tratado de des-mentir) dos vinhos alentejanos não é, de forma alguma uma surpresa. O que, confesso, me tem surpreendido, sobretudo ao longo da última déca-da, é a capacidade que o Alentejo tem de acomodar uma autêntica invasão de uvas não tradicionais

sem que os vinhos percam identidade regional. Falando claro: na minha mesa, continuo a pri-vilegiar os clássicos, com Arinto e Antão Vaz nos brancos e Alicante Bouschet, Trincadeira e Arago-nez nos tintos. Mas reconheço sem problemas que só uma região muito forte, em termos do carácter dos seus solos, orografi a, clima, pode receber Chardonnay, Viognier, Verdelho, Alvarinho, Syrah, Touriga Nacional, Cabernet, Petit Verdot, sem esbater a sua identidade. Há uma década, eu juraria que, por esse caminho, um Alentejo nunca mais saberia a Alentejo. Hoje, estou descansado nesse aspecto, com apenas, uma preocupação: continuo convicto de que há uma casta que o Alentejo não domina, a Touriga Nacional. A meu ver, num lote

de tinto alentejano com 30% desta variedade, há sempre mais Touriga do que Alentejo. Cem vezes preferível Cabernet ou Syrah…Mas quase perdoo a Touriga, face à total ausência de mo-

notonia quando se provam, em duas manhãs, 70 tintos alentejanos. E, no meio de toda a diversida-de, o aroma e sabor da região está quase sempre presente. O Alentejo mostra assim fl exibilidade sufi ciente para acolher inovações na vinha e na adega sem perder a sua herança cultural e vínica. E, recentemente, até se deu ao luxo de recuperar tradições como a dos vinhos de talha, que hoje são objecto de culto não apenas no guardião José de Sousa como também nos “modernistas” Esporão, Rocim ou Herdade do Peso, entre muitos outros. Cada vez gosto mais dos vinhos do Alentejo…

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editorialLuís Ramos Lopes

O Alentejo continua mais “in”

do que nunca.

4 R E V I S T A D E V I N H O S N O V E M B R O 2 0 1 5

Cada vez gosto mais dos vinhos do Alentejo. E não é só porque a qualidade dos seus brancos e tintos está hoje melhor do que nunca. É sobretudo porque a região parece ter alcançado algo que, há dez anos, eu considerava quase impossível: favorecer a diversidade sem perder a identidade.

Formidável Alentejo

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1 GARRAFA BOM CAMINHO BAIRRADA TINTO 2011

PRODUTOR: CAVES SÃO JOÃO

Um tinto da moderna Bairrada

LINHA DE APOIO: 215 918 088 Dias úteis das 9.30h-13h e das 14.30h-18hSTOCK LIMITADO Promoção válida na compra da revista + garrafa na sua banca habitual, com a apresentação do vale de desconto desta

página. Os assinantes da Revista de Vinhos podem trocar directamente o vale pela compra da garrafa nos pontos de venda habituais.

Feito com Baga, Touriga Nacional e Merlot, é um tinto que conjuga muito bem o carácter

Bairrada, patente nas notas de bagas silvestres e na fresca acidez, com um toque fl oral elegante

e um sabor muito frutado, sumarento e apelativo. O resultado é um vinho bem equilibrado,

envolvente e longo, capaz de acompanhar uma grande variedade de pratos. (12,4 %)

NOTA DE PROVA

Este mês com a Revista de Vinhos

Seja responsável. Beba com moderação.

VALE DE DESCONTO

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vale no seu ponto de venda.

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APENAS €6*

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novidades

para a

mesa

E

Este tinto sedoso pede um prato não muito gordo, peças nobres de vaca grelhadas ou fritas em azeite, por exemplo.

Este sempre foi o vinho que Paulo Laureano colocou como imagem de marca, colocada em patamar de preço que a faz destacar e que só é editado quando a qualidade do ano o justifi ca. A história começou com a colheita de 1999 e, à época, o lote incorporava Cabernet Sauvignon. E assim se manteve até à colheita de 2002. Com a edição de 2004 inicia-se um novo ciclo onde apenas as castas portuguesas têm lugar, incluindo-se aquelas que, tendo em tempo sido importadas, já cá estão há quase dois séculos, como Aragonez e Alicante Bouschet. Desde 1999, o vinho foi editado em 2000, 01, 02, 04, 05, 07, 09 e agora 2012. As uvas vinham inicialmente da zona de Évora e, quando chegou ao fi m a ”aventura” do Cabernet a vinha foi reenxertada em Trincadeira, uma casta muito acarinhada pelo produtor, ao ponto de agora entrar em elevada percentagem nesta marca. A vinha tem agora 10 hectares e está já toda em produção biológica. O pilar

destes vinhos passou entretanto para os terrenos xistosos da Vidigueira e o lote tem agora Trincadeira, Aragonez e um pouco de Alicante Bouschet. A partir de 2005 cria-se a marca Paulo Laureano e o Dolium passa a ocasional, quando a qualidade o justifi ca.Uma prova vertical recente mostrou que todos os vinhos se mostraram em boa forma, ainda que em alguns casos fosse mais evidente uma certa evolução na cor, depois desmentida pela pujança da prova de boca, como foram os casos dos 2000, 01, 04 e 05. São vinhos gastronómicos, muito polidos e que têm agora um trabalho de barrica muito mais cuidado. São também vinhos que nos dão segurança em termos de cave, até 10 ou 15 anos de guarda. (JPM)

Perfi l austero, frutos vermelhos e leve pimentão, tosta de barrica, tudo aqui bem integrado. Elegante na boca, tem taninos muito fi nos mas ainda presentes, extracção contida, tinto muito polido, ainda em crescimento. (14,5%) LL

17 €19,50DoliumAlentejo Reserva tinto 2012Paulo Laureano

Dolium na versão 2012Dos terrenos xistosos da Vidigueira chega-nos a mais recente edição deste tinto que, desde 2004, apenas incorpora castas nacionais. Um vinho elegante, perfeito para beber desde já, mas que promete melhorar em cave.

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para

a cave

Monte Xisto, versão 3Nasce no Douro Superior e está agora a chegar ao mercado. Um projecto de pais e fi lhos. Bonito de ver, melhor ainda de beber.

18 €60Quinta do Monte XistoDouro tinto 2013Nicolau de Almeia & Filhos

D

Precisa de um prato de carne de vaca com pouco tempero. Um bife Wellington, por exemplo, pode ser uma grande escolha.

Desde que surgiu no mercado, o tinto Quinta do Monte Xisto mostrou serviço. Sempre se assumiu como um vinho de nicho, caro e com todas as características que se pedem a um grande Douro. Começou por ter 3.000 garrafas e agora tem 4.000. “Não pretendemos ir além da 5.000, até porque a vinha não dá para mais”, disse Mateus, um dos fi lhos, que, no entanto, revelou em primeira mão que pretendem colocar outros vinhos no mercado, com as outras castas que têm plantadas, algumas delas brancas. DOC branco? Não senhor, antes Porto branco, uma tradição antiga do Douro Superior, como lembrou João: “A Ramos Pinto sempre comprou uvas brancas em Foz Côa para fazer os vinhos do Porto e é essa tradição que queremos manter com uma parcela da vinha plantada com Rabigato; é pena a legislação não prever vinhos brancos do Porto datados como os vintage…”, salientou. A quinta foi um ‘work in progress’ e toda a família, de uma forma ou outra, se foi

envolvendo; este é, sem qualquer dúvida, um projecto de família, ao qual João poderá dedicar mais tempo, agora que se aproxima a reforma da Ramos Pinto. Benefi ciando de um clima seco e com poucas doenças na vinha, a agricultura é biológica, em caminho para a biodinâmica. Metade da vinha é virada a Norte e a outra meta de a Sul, permitindo assim várias opções, em função do clima do ano. “O 2013 é um meio-caminho entre o 11 e o 12, onde se combina frescura e potência”, lembrou Mateus.O vinho, depois de fermentado totalmente em lagar, tem um estágio em barrica de 600 litros, parcialmente nova, e é vinho a beber com muita atenção, antes de depositar na cave algumas garrafas, esperando que o tempo faça depois o seu trabalho.

Muito rico de aroma, subtil nos frutos vermelhos mas com boa densidade e com a madeira aqui perfeitamente inserida, temos tinto de requinte, com excelente prova de boca e um carácter nobre, vivo e muito atractivo. A provar agora, para ulterior decisão. (14%) JPM

a

s

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novidades

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ESPUMANTES16,5 €15Murganheira ÚnicoTávora-Varosa Espumante branco 2011Caves da MurganheiraVarietal de Sauvignon Blanc. Espuma delicada, casta para já escondida, muito fresco e com fruta verde. Na boca são as notas de maracujá que melhor identifi cam a casta, muito boa acidez. Para aperitivo. (13,5%) JPM

16 €9 Murganheira Távora-Varosa Espumante Reserva branco 2011Soc. Agr. Com. do VarosaAroma bem defi nido, com notas tostadas e pimenta branca, num fundo cítrico com ervas aromáticas. Seco e fi rme na boca, com bolha média bem integrada, fi nal austero, equilibrado, a pedir tapas. (12,5%) LA

16,5 €13Murganheira Távora-Varosa Espumante Velha Reserva branco 2008Soc. Agr. Com. do VarosaAroma com citrinos doces e suaves notas apimentadas, vegetal seco e um tom tostado, suavemente sedutor. Vivo e vibrante na boca, com leve doçura frutada, bolha cremosa, fi nal sereno. (13%) LA

17 €15Murganheira Távora-Varosa Espumante Touriga Nacional branco 2008 Soc. Agr. Com. do VarosaUm branco de tintas a mostrar nariz com citrinos suaves, ervas aromáticas, um pouco de pimenta e tostados. Na boca está sério e fi rme, com bolha média e mousse cremosa, fi nal alegre e muito focado. (12,5%) LA

15,5 €6,99 CabrizDão Espumante branco 2012Dão SulO espumante mais simples de Cabriz é feito com Bical, Malvasia e Encruzado. Está muito equilibrado de aroma e sabor, com boas notas fumadas, um toque de maçã ácida a dar frescura. Cremoso, alegre e vivo, talvez a melhor edição da marca. (12,5%) LL

16,5 €14,90 Cabriz Blanc de NoirDão Espumante Touriga Nacional branco 2010Dão SulA cor com muito leves tons rosados revela o típico branco de uvas tintas e o aroma uma elegante complexidade: avelã, tosta, citrinos, especiarias. Muito boa frescura de boca, e fi nal prolongado, com algum requinte. Muito bem. (12,5%) LL

16 €7Raposeira Blanc de BlancsEspumante Super Reserva branco 2010Caves da RaposeiraBonito aroma com nota ligeira tostada de brioche, algum alperce seco, leve tisana num conjunto com elegância. Na boca tem bolha mediana/fi na, alguma doçura associada ao fruto, tudo equilibrado e a dar muito boa prova. (13%) JA

16 €7Raposeira Blanc de NoirsEspumante Bruto branco 2010Caves da RaposeiraUm espumante com algum e sóbrio fruto fresco ao que se junta leve nota de fruto seco e suave tostado. Na boca tem boa acidez, bolha fi na, algum nervo, tudo bem casado e a pedir consumo à mesa. (13%) JA

15,5 €7RaposeiraEspumante Rosé 2009Caves da RaposeiraAlgum morango e framboesa num nariz franco e expressivo, na boca é do tipo leve, limpo e harmonioso. Conjunto suave e delicado, mostra-se coerente e saboroso em toda a prova. (12,5%) JA

14,5 €7RaposeiraEspumante tinto 2008Caves da RaposeiraAromas de fruto preto em passa com leve evolução, algum corpo, bolha mediana, leve vegetal seco. Final bastante fi rme, com algum tanino a marcar esta secura e a dar alguma austeridade ao conjunto. Para pratos gordos, ou de sabor intenso. (12%) JA

17 €10InformalEspumante Baga rosé 2013Luís PatoCom uvas Baga, é um espumante de cor rosada e aroma intenso a frutos silvestres. Na boca a fruta muito pura e fresca domina, lembrando cereja e framboesas, com notas fumadas e minerais. Muito longo e fresco, mereceria alguns anos de cave para ganhar ainda mais complexidade e riqueza. (12,5%) LL

17 €14,99Montanha RealBairrada Espumante Grande Reserva branco 2009A.HenriquesFeito de uvas brancas, parte delas fermentadas em barrica, é um espumante de muito boa presença, com aroma complexo de frutos secos e biscoito e boca cremosa e envolvente. Revela um belo equilíbrio e elegância, com fi nal impressivo, longo e distinto. (12,5%) LL

vidadesvidades

SPUMANTES 17 €15

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16 €6,90Marquês de MarialvaBaga-Bairrada Espumante branco 2013Adega Coop. de CantanhedeCor de uvas tintas, bolha fi na, muito boa intensidade de fruta, notas de pêssego, alguns citrinos. Vale sobretudo pelo muito bom equilíbrio de boca, cremoso, avelanado, atractiva frescura a prolongar o fi nal. (12,5%) LL

15,5 €4,99RSBairrada Espumante branco 2012Rama & SelasUm espumante alegre e cheio de espuma, algum fruto fresco na boca do tipo ananás e tangerina. Na boca, a bolha tem algum volume, mostra juventude, sugestões de pêssego, boa acidez num todo bem proporcionado. (12%) JÁ

16 €7RSBaga-Bairrada Espumante branco 2013Rama & SelasBastante citrino na cor, nem parece feito de uvas tintas. Aroma atraente, com notas de pão e leveduras, toque de fruto seco. Bom volume de boca, com fruta expressiva, lembrando laranja e lima, jovem e alegre, leve e seco, muita frescura limonada no fi nal. (12%) LL

16 €11Quinta de Carapeços Blanc de BlancsVinho Verde Espumante Reserva branco 2011Quinta de Carapeços Soc. VitivinícolaAroma delicado, com alguma casca e caroço de fruto, tudo bem arrumado e com algum carácter. Na boca mantém delicadeza, bolha fi na, fruto cítrico com leve tropical, bem harmonioso no fi nal muito macio. (12%) JA

15,5 €13Quinta de CottasDouro Espumante Tinto Cão branco 2010Quinta de CottasCor dourada, bolha constante. Aroma sedutor, com notas tostadas e amanteigadas. Bolha fi na, a dar corpo cremoso com secura texturada, mas precisa de um pouco mais de frescura ácida em próximas edições. (12,5%) LA

16,5 €14,90São Domingos CuvéeBairrada branco 2011Caves do Solar de São DomingosCom um lote de Baga e Sauvignon Blanc, é um espumante muito afi nado, mais vibrante e intenso de boca que de aroma, com apontamentos de espargos verdes e citrinos. Elegante, com bolha cremosa e fi nal muito fresco e persistente. (12,5%) LL

VINHO VERDE16 €5ArêgosVinho Verde Avesso Grande Escolha branco 2014Álvaro Monteiro RibeiroUm Avesso de Baião, fi el representante da casta, que se mostra muito evidente, com apontamentos minerais e sugestões de ananás, maçã verde e citrinos. Muito bom volume de boca, acidez fi rme mas não excessiva, fresco e sólido. Pode crescer na garrafa. (13%) LL

17 €14,49QM Vinhas VelhasVinho Verde Alvarinho branco 2013Quintas de MelgaçoMuito expressivo à casta Alvarinho, com aromas citrinos, notas minerais e alguma pederneira, austero e vivo. Muito bem na prova de boca, texturado e com acidez perfeita, tem um fi nal prolongado e apetecível. (13%) JPM

14 €3,50Maria SaudadeVinho Verde brancoQuintas de MelgaçoAlguma redução tapa o fruto cítrico com alguma casca e caroço. Na boca tem algum gás, é ligeiro, com acidez a casar bem com a doçura. Um Verde simples mas bem honesto, franco e directo, de agrado geral. (11%) JA

15 €4,40Arca NovaVinho Verde Alvarinho/Trajadura branco 2014Quinta das Arcas Notas aromáticas de ananás e fruto citrino junto com leve compota de alperce. Na boca tem muito leve gás, algum corpo, boa presença de fruto doce, fi nal suave e delicado. (12,5%) JA

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14,5 €3Arca NovaVinho Verde branco 2014Quinta das Arcas Exuberante, com nota a ananás e lima, conjunto de perfi l tropical muito vivo. Percepção de doçura e acidez. Boca limonada, bastante gás, muito directo e claro pendor para acidez e efervescência. Conjunto efusivo e com baixo álcool. (10,5%) NOG 14,5 €3,60Arca NovaVinho Verde rosé 2014Quintas das ArcasFeito de Espadeiro. Nariz com fruto bonito, framboesa e morango, todo ele fresco, e ainda com algum fl oral. Prova de boca com algum gás, sabor intenso e persistente ajudado por alguma doçura. Um rosé alegre e jovial a pensar em saladas e tapas. (11,5%) NOG

14,5 €4,99Seafood&CoVinho Verde branco 2014Wine with SpiritLeve presença de gás, forte componente citrina no aroma, aqui a marcar o compasso. Ligeiro, pouco encorpado, com acidez elevada e leve doçura residual, tem tudo para um consumo bem fresco, com marisco. (10,5%) JPM

14 €3,25SalsusVinho Verde branco 2014Lua Cheia em Vinhas VelhasAlgum fruto tropical com evidente nota doce evidenciada num aroma discreto mas bastante limpo. Na boca o gás junta-se ao conjunto, num vinho simples mas efi caz, próprio para aperitivo. (9,5%) JA

15 €3,50S. Caetano Vinho Verde Azal branco 2014Vitor Vieira MendesAroma com alguma exuberância frutada, leve tropical muito maduro, e perderneira no fundo. Prova de boca marcada pelo bom corpo, com textura, bem intensidade de sabor, pedindo-se apenas um pouco mais de acidez e vivacidade. (12%) NOG

14,5 €4,50Dom DiogoVinho Verde Col. Selec. Arinto branco 2014Quinta da RazaExuberante no aroma ao contrário do que é normal na casta, todo ele tropical intenso e percepção de frescura, leve tisana. Algum pico na boca que advém do gás, boa acidez e muita frescura no conjunto que é directo e muito focado nas notas citrinas frescas e tropicais. (12%) NOG

15,5 €7QGVinho Verde Col. Selec. Avesso branco 2014Quinta de GomarizAroma festivo, centrado na fruta branca, maçã e pêra madura, chá verde. Prova de boca com bom corpo, cheio e redondo, com sabor, ameixa branca, terminando persistente com leve doçura. Um Verde muito polivalente e moderno no perfi l. (12%) NOG

16 €8,60Quinta de CarapeçosReg. Minho Escolha 2014Quinta de CarapeçosAroma que começa contido, evoluindo para notas cítricas, leve pêra, mel e tisanas, e alguma madeira seca. Amplo e gordo na boca, com boa acidez, sabor amplo, termina com nota de barrica. Um branco intenso e com ambição. (14%) NOG 16 €6,90Quinta de CarapeçosReg. Minho Alvarinho 2014Quinta de CarapeçosAroma com boa intensidade, tropical maduro, laranja, pêra e leve fl oral. Algum gás na boca, muita fruta branca (pêra) e leve citrino. Equilibrado na estrutura fresca. Boa harmonia entre modernidade e perfi l regional. (13%) NOG

15,5 €3,20Eira dos MourosVinho Verde branco 2014Quinta de CarapeçosBem aromaticamente, com citrino maduro, algum tropical muito agradável, conjunto exuberante e muito limpo. Prova de boca fresca, médio corpo, leve e com personalidade, acidez viva, citrino elegante e com algum gás a dar garra. Bem feito. (11%) NOG

15 €3,50Entre MargensVinho Verde Arinto Col. Selec. branco 2014Encosta do ZêzereAroma subtil, fruta branca com leve citrino, alguma percepção da casta num conjunto sóbrio e agradável. Prova de boca com sabor, acidez domada, fresco, meio corpo, alguma doçura a arredondar o fi nal de boca. (11,5%) NOG

15 €2,98Praça de S. TiagoVinho Verde Colh. Selec. Espadeiro rosé 2014Ad. Coop. GuimarãesAroma bem defi nido, com fl ores e frutos vermelhos suaves, ligeiro apimentado. Muito fresco e bem focado, com acidez integrada e ligeiro gás, doçura contida, termina ameno mas sério. (11%) LA

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17,5 €14Muros de MelgaçoVinho Verde Alvarinho branco 2014Anselmo MendesContenção elegante no aroma, com apontamentos minerais de sílex e de laranja/toranja. Grande equilíbrio de boca, complexo e vibrante, com acidez fi na e harmoniosa, tom citrino e especiado no fi nal longo e preciso, cheio de frescura. (12,5%) LL

18 €22Anselmo Mendes CurtimentaVinho Verde Alvarinho branco 2013Anselmo MendesO início de fermentação foi feito com as películas (daí o nome), e por isso este é sempre um Alvarinho de carácter vincado, a que o tempo de garrafa ajudar a dar dimensão. Perfeito equilíbrio de corpo e acidez, untuoso, com notas citrinas de grande qualidade, minerais e especiarias fi nas, preciso, fresquíssimo, um grande vinho. (13%) LL

DOURO16 €4,75Estopa Douro Reserva tinto 2012GesproveSugestões vegetais de arbusto misturam-se com as notas de fruta mais madura, ameixa, amoras. Bom volume de boca, com taninos fi rmes a dar garra e vigor, um vinho muito interessante e a um excelente preço. (13,5%) LL

17,5 €19Quinta Seara d’Ordens Vinhas VelhasDouro Reserva tinto 2011Soc. Agr. Quinta Seara d’OrdensA excelente vindima de 2011 parece marcar uma mudança de estilo nos tintos desta casa, agora menos austeros, mais fi nos. Este Vinhas Velhas mostra-se um belíssimo vinho, profundo, elegante, com taninos de seda, longo e distinto. (14%) LL

15,5 €5,95Monte CascasDouro tinto 2013Cascas WinesMostra um perfi l aromático curioso, mais vegetal e fl oral do que frutado, com a fruta madura do Douro a surgir mais expressiva na boca. Corpo médio, taninos suaves, tudo muito equilibrado, sumarento, bem composto. (13%) LL

16 €5BritusDouro tinto 2012Rui BritoMostra muita cor e aroma franco e elegante, com a fruta do Douro muito pura e expressiva, notas de bagas silvestres, um toque fl oral. Corpo médio, muito redondo e polido, fi nal longo com a fruta sempre presente. (14%) LL

16 €8,35Quinta do Cume Douro Selection tinto 2012Quinta do CumeOriundo da zona de Provezende, tem um interessante perfi l vegetal no aroma, que se sobrepõe um pouco à fruta. Esta surge madura e expressiva no sabor, num estilo harmonioso e elegante, com fi nal envolvente rico. (13,5%) LL

15 €4,75Lua Nova em Vinhas VelhasDouro branco 2014FracastelFruta citrina e leve vegetal seco, sério e um pouco fechado. Leve na boca, com boa acidez e um perfi l de branco polivalente, temos vinho para a mesa e mais capaz se for bebido novo. Para pratos leves. (12%) JPM

17 €14,95Puro Quinta da TourigaDouro tinto 2013Jorge RosasMuita pureza de fruta no aroma, notas fl orais mas também um grande foco nos frutos vermelhos muito elegantes. Elegância domina a boca, com taninos muito suaves e acidez de requinte. Belíssimo Douro. (14,5%) JPM

15 €4,50Selores MilagreDouro branco 2014ViniseloresUm branco limpo, muito franco, de corpo médio e alguma ligeireza mas muito bem focado e convicto em toda a prova. Algum fruto, muita frescura, um bom exemplo de simplicidade com qualidade. (14%) JA

15 €6Vale MarianesDouro branco 2014Rui Saraiva CaldeiraUm vinho franco e agradável, algum fruto de polpa branca junto com notas citrinas. Na boca tem alguma glicerina, corpo mediano, leve cremosidade, bom fruto, tudo equilibrado e correcto. (13,5%) JA

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14 €2,83DourocavesDouro branco 2014DourocavesAroma discreto mas bem conseguido de frutos citrinos e fruta branca, franco e directo. Macio e fácil de gostar, tem boa acidez e uma clara vocação gastronómica, para pratos simples. (13%) JPM

14,5 €2,83DourocavesDouro tinto 2013DourocavesTouriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca. Média concentração, aroma discreto, boa presença da fruta e notas vegetais, num equilíbrio bem conseguido. Simples na boca mas bem proporcionado e gastronómico. (13%) JPM

15,5 €4,97DourocavesDouro Reserva tinto 2011DourocavesOriundo da zona da Régua, conjuga boas notas de frutos maduros (amoras, groselha) com um lado mais fresco de vegetais e fl ores do campo. Franco e suave, com leves sugestões tostadas, harmonioso, bem composto. (14%) LL

14,5 €5,30BustoDouro Moscatel Galego branco 2014Maria Helena AlvesA presença da casta é evidente no aroma mas num registo ponderado, o que se aplaude, boas as notas cítricas e de farripa de laranja. Fresco e quase seco na boca, leve no corpo, mostra-se um bom aperitivo. (13,5%) JPM

15,5 €5,50BustoDouro Reserva branco 2014Maria Helena AlvesMalvasia Fina, Viosinho e Arinto. Aroma forte de fruta citrina, algum fruto tropical e notas de mel. Bom volume de boca, apresenta uma boa frescura ácida mas, encorpado, será sobretudo branco de meia estação. (14%) JPM

16 €6,16BustoDouro Reserva tinto 2012Maria Helena AlvesMuito bem no aroma, aqui num registo de diálogo entre fruta e madeira, com presença de notas de barrica a ajudarem ao conjunto. Elegante na boca, boa estrutura ácida, um tinto focado no estilo da região. Boa aposta. (14,5%) JPM

15,5 €6,50ApegadasDouro branco 2014Quinta das ApegadasUvas Viosinho, Rabigato, Malvasia e Gouveio. Mostra um perfi l aromático muito citrino, de casca de laranja, folha de limoeiro, que lhe dá alegria e vivacidade. Esse tom limonado prolonga-se na boca, com volume e frescura. (13%) LL

15 €4,80Apegadas Douro rosé 2014Quinta das ApegadasAtractivo na cor, em tons de salmão, discreto de aroma, com algumas notas de pólvora a tapar a fruta. Esta surge bem mais expressiva na boca, framboesa e morango, algum fl oral, num conjunto delicado e suave. (13,5%) LL

15,5 €7,50Apegadas Quinta VelhaDouro tinto 2012Quinta das ApegadasO aroma evidencia a fruta bem madura do Douro mas aqui com um traço mais vegetal que resulta bem interessante. Bom volume de boca, com sugestões de compotas, a doçura da fruta a marcar presença no fi nal redondo. (14,5%) LL

16,5 €13PassadouroDouro tinto 2013Quinta do PassadouroMostra um perfi l aromático menos fechado e mais elegante do que o habitual, com intensas notas fl orais, fruto silvestre muito puro e expressivo. Essa vivacidade frutada mantém-se no sabor suave, com notas de especiarias fi nas no fi nal bem persistente. (14%) LL

16 €5,42GrambeiraDouro branco 2014Frederico MeirellesCor dourado palha, aroma a geleia de fruto, bastante mineral. Na boca é maduro, fresco e muito vivo apesar da cor, excelente acidez, fresca e vibrante, fi nal seco com alguma complexidade e estilo. (13%) JA

15,5 €7Cottas Douro branco 2014Quinta de CottasCom Arinto, Viosinho e Gouveio. Muito bem defi nido, com frutos amarelos e notas de resina, fl ores e seiva de pimenteira. Leve e bem focado, cremoso e com boa acidez, termina sedutor e muito fresco. (13%) LA

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16,5 €12,50CottasDouro Reserva branco 2012Quinta de CottasNariz austero, com notas de evolução, frutos amarelos, minerais, fumados e baunilha. Leve e suave na boca, com algum equilíbrio e as notas da madeira a espreitar, termina com apontamentos vegetais e de fruta madura. (13%) LA

16,5 €19CottasDouro Grande Reserva branco 2011Quinta de CottasCor dourada, alguma evolução patente nos tostados e baunilhados, com frutos amarelos e resinas doces. Redondo e cheio, com textura cremosa, muitas notas amargas e salinas, equilíbrio e complexidade. (13,5%) LA 15 €7Cottas Douro tinto 2012Quinta de CottasTouriga Franca, Touriga Nacional e Tinto Cão. Frutos vermelhos e notas de mato seco, esteva, muito amável e focado. Ligeiro na boca, muito macio e frutado, com taninos invisíveis e acidez equilibrada. (13%) LA

16,5 €13,50Cottas Douro Reserva tinto 2011Quinta de CottasNotas salinas e da madeira de estágio, fruta preta e sugestões achocolatadas. Redondo e suave, com textura amável, notas amargas e vegetais a dar garra, tanino a afl orar no fi nal, muito suave, envolvente. (14%) LA

TRÁS-OS-MONTES16 €5,30Quinta Valle MadrugaTrás-os-Montes Col. Selec. branco 2014ERTACitrino na cor, fi no de aromas com leve presença de fruta branca e folha de limoeiro. A boca corresponde a este perfi l, apresenta-se fi no, com uma acidez bem integrada e corpo pensado para prova imediata. (13,5%) JPM

15,5 €5,50Quinta Valle MadrugaTrás-os-Montes Viosinho branco 2014ERTAAroma suave e ligeiro, focado numa fruta muito delicada, discreta mas de fi no recorte citrino. Corpo leve mas elegante na boca, também aqui a mostrar algum requinte aromático que lhe fi ca bem. (14%) JPM

16 €6,30Quinta Valle MadrugaTrás-os-Montes Reserva branco 2014ERTAViosinho e Gouveio com estágio em barrica. Aroma complexo, com leve presença de tosta mas bem inserida, fruta madura, resulta bem harmonioso e afi nado. Gordo e untuoso na boca, perfeita acidez. No ponto. (14%) JPM

16 €4,99Palmeirim d’InglaterraTrás-os-Montes branco 2014FaiouraMuito boa a expressão da fruta, citrinos e fruta madura à mistura, ameixas, pêras, alperce. Bom volume de boca, com boa acidez e uma clara vocação gastronómica, a beber desde já. (12,5%) JPM

15 €4,49Porta VelhaTrás-os-Montes tinto 2012Maria Antónia P. A. MascarenhasO entrada de Gama de Valle Pradinhos, feito de Roriz e Touriga Nacional, está muito aromático, com sugestões e bagas silvestres, algum fl oral. O corpo ligeiro deixa surgir algum tanino mais duro, mas o vinho é equilibrado e muito apropriado à mesa, com pratos regionais. (13%) LL

DÃO16 €9Casa da ÍnsuaDão tinto 2011Empreend. Turísticos MontebeloMuito bem no aroma, bom diálogo entre as castas, mostra-se vigoroso mas com contenção, frutos negros e madeira bem inserida. Muito proporcionado na boca, acidez no ponto e textura aveludada. Pronto a beber. (14%) JPM

16 €5,50Quinta de SaesDão branco 2014Quinta da PelladaUm lote sem Encruzado (tem Bical, Cerceal-Branco e Malvasia Fina) resulta muito aromático, com bonitos apontamentos fl orais e de frutos citrinos. Leve e harmonioso, com álcool moderado, é um Dão “todo o serviço”, atractivo e bem feito. (12%) LL 17 €7,65Quinta de SaesDão Reserva branco 2014Quinta da PelladaCom Encruzado, Cerceal e Bical, é um branco muito puro e expressivo, sem “interferência” de barrica, com intensos citrinos de toranja e limão, apontamentos minerais e, sobretudo, uma enorme frescura que percorre toda a prova. Muito bem! (13%) LL

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18 €29Quinta da Pellada PrimusDão branco 2013Quinta da PelladaOriundo das vinhas velhas da Pellada, com muitas castas misturadas, é vinho de grande riqueza, frescura e complexidade, com aromas e sabores requintados onde se misturam fruta citrina, apontamentos minerais, leves fumados, fl ores e especiarias. Cheio de classe, muito jovem ainda, tem tudo para crescer. (13,5%) LL

16,5 €5,50Quinta de SaesDão rosé 2014Quinta da PelladaTinta Roriz e Baga conjugam-se num vinho de cor aberta e aroma delicadamente frutado e mineral. A boca traz muito mais fruta, surgindo framboesas e morangos silvestres. O registo é delicioso, leve e muito fresco, cheio de sabor e elegância, tudo o que um rosé deve ser. (12%) LL

17 €12,40Quinta de Saes Estágio ProlongadoDão Reserva tinto 2012Quinta da PelladaOriundo de vinha velha, apresenta bela fi nura aromática, com notas fl orais ao lado de sugestões de frutos silvestres, num conjunto muito puro e expressivo. O sabor é leve e sumarento, sedoso, com a fruta sempre presente, amplo e muito sedutor. (13%) LL

17,5 €30PapeDão tinto 2011Quinta da PelladaAs quintas da Passarela e da Pellada dão origem a este belíssimo tinto que conjuga concentração e elegância, fruta de cereja madura, enorme frescura e expressividade, com apontamentos minerais a conferir classe. Muito carácter. E o álcool moderado é um bónus. (13%) LL

15 €3,75Quinta do CorreioDão branco 2014Quinta dos RoquesAlgo simples mas atraente. Fruto maduro alguma nota de pedra a mostrar o granito local, muito macio na boca, todo limpo fácil de gostar e a pedir pratos delicados e pouco complicados. (12,5%) JA

16 €5Quinta dos RoquesDão branco 2014Quinta dos RoquesPredomina o Encruzado com mais quatro castas. Citrino na cor, aroma vivo, leves notas minerais e de vegetal seco. Prova de boca muito equilibrada, muito boa frescura, tem corpo e dará boa conta de si à mesa. (13%) JPM

16 €8Quinta dos RoquesDão Bical branco 2014Quinta dos RoquesO aroma mostra algum vegetal seco, fruta branca em segundo plano, com boa fi nura mas com estrutura. Muito bem na boca, a casta ganhou leveza na boca com corpo e muito boa acidez, tudo em bom plano. (13%) JPM

16,5 €8Quinta das MaiasDão Malvasia Fina branco 2014Soc. Agr. Faldas da SerraAroma muito rico, centrado em abundantes notas de fl ores brancas e maçã verde, ameixa, mel e leve nota mineral. Muito elegante na boca, tem volume e sente-se bem o álcool, um branco para a mesa, com copos largos. (13%) JPM

16 €3,50Quinta da Ponte PedrinhaDão branco 2014Maria de Lourdes Osório Delicado nas notas de fl ores brancas e na fruta suave que apresenta. Na boca sente-se um branco com volume, com a acidez no ponto certo e com alguma capacidade para alguns anos de cave. Excelente preço. (13%) JPM

17 €20Quinta das MaiasDão Jaen tinto 2012Soc. Agr. Faldas da SerraParece que os anos passam e de repente se volta a falar dos mesmos velhos temas. A mal-amada casta Jaen parece voltar a estar na moda, com os seus vinhos elegantes, leves e muito gastronómicos. Este 2012 transporta-nos para a hoje mítica colheita de 1997, quando as Maias brilharam alto com esta mesma casta. Ligeiro achocolatado, frutos vermelhos e pretos, alguns tostados, alguma complexidade. Macio e texturado, com muito equilíbrio e harmonia, termina com um fi nal suave, brando e aprazível. (14%)

a escolha deLuis Antunes17 €12 40 16 €5

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17 €16,95Quinta do CerradoDão Reserva branco 2014União Comercial da BeiraEncruzado e Malvasia Fina, estágio em barricas novas. Boa cor citrina, delicada, aroma fi no de fruta, barrica não marca o conjunto. Na boca tem acidez perfeita, há mais de presença de tosta mas o vinho impõe-se e está em muito bom equilíbrio. (13%) JPM

17,5 €14Quinta dos CarvalhaisDão Encruzado branco 2014Sogrape VinhosGrande delicadeza aromática, assente numa fruta muito delicada e numa barrica de grande qualidade que apenas confere leves notas de tosta. Estruturado e amplo na boca, acidez exemplar e textura de seda. (13%) JPM

17 €18Vinha PazDão Reserva tinto 2012António Canto MonizCom 80% de Touriga Nacional, mostra uma certa mudança de perfi l nos Reserva da casa, agora num estilo menos concentrado e mais elegante. A fruta é delicada e muito expressiva, a boca cremosa e fresca, o conjunto resulta muito atractivo e afi nado. (14%) LL

14,5 €2,80Terras de SantarDão rosé 2014Caminhos CruzadosMaioritariamente Touriga Nacional. Rosa carregado no copo. Discreto no aroma, fl oral ligeiro e frutos encarnados frescos. Prova de boca viva e alegre, algo simples mas com acidez crocante que o torna gastronómico. (12,5%) NOG

15 €2,80Terras de SantarDão branco 2014Caminhos CruzadosCitrinos puros, um pouco de fl ores secas, minerais, ainda um traço de resinas doces. Redondo e equilibrado, com muita contenção e equilíbrio, corpo cremoso, franco e bem defi nido. (12,5%) LA

BAIRRADA15,5 €4,50Luís Pato Reg. Beira Atlântico Maria Gomes branco 2014Luís PatoO branco de entrada de gama de Luís Pato revela no aroma a casta que o origina, com as típicas notas fl orais e de melão maduro. A boca, no entanto, mostra uma acidez limonada invulgar que resulta muito bem, dando frescura e persistência ao conjunto. (12,5%) LL

17 €12,50Luís Pato Vinha FormalBairrada branco 2013Luís PatoPela primeira vez com 15% de Cercial a juntar-se à tradicional uva Bical, é um vinho muito expressivo, com bonitas notas de fl ores do campo, citrinos maduros, um toque mineral. Bem encorpado, sem deixar de ser fresco e elegante, com tudo para crescer na garrafa. (13%) LL

16 €3,50Samião Private CollectionBairrada tinto 2013Quinta Vale do CruzMerlot e Touriga Nacional. Este duo funciona bem porque as castas se completam, uma mais fl oral e a outra com fruta, especiaria e apimentados. Bom equilíbrio na boca taninos muito fi nos e óptima acidez. Aposta segura. (13%) JPM

17,5 €20Regateiro Vinha do FornoBairrada tinto 2013Ares da BairradaO topo de gama da marca mostra um belo nariz, muito especiado, em que se sente o carácter da vinha velha que lhe deu origem. Cheio de sabor, com leves fumados muito discretos, taninos presentes no ponto certo, conjunto complexo, rico, fresco e apimentado, muito harmonioso e longo. (13,5%) LL

16,5 €6,50Luís Pato Vinhas VelhasReg. Beira Atlântico branco 2014Luís PatoO Vinhas Velhas branco de Luís Pato é muito mais do que aquilo que aparenta. A marca é bem conhecida, certamente, mas poucos têm na devida conta a sua grande capacidade de evolução em garrafa e, sobretudo, a excelente relação qualidade-preço. A versão de 2014, feita de Bical, Cercial e Cercealinho e fermentada só em inox, mostra-se melhor do que nunca.Perfumado e elegante, tem muitas notas minerais a juntarem-se às sugestões citrinas de casca de laranja. Com enorme leveza e frescura de boca, tudo afi nado, delicioso, é um vinho marcante de que apetece sempre mais um copo. (12,5%) LL

a escolha deLuís Lopes

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16,5 €12,50São DomingosBairrada Grande Escolha tinto 2011Caves do Solar de São DomingosCom Touriga, Merlot e Syrah, é um Bairrada de estilo “moderno”, pleno de concentração, notas fl orais e de fruta bem madura, com leves fumados da barrica envolvendo a fruta. Sumarento, polido mas com garra, conjunto sedutor. (14,5%) LL

16 €5,90São DomingosBairrada Reserva tinto 2009Caves do Solar de São DomingosFeito com Baga, Touriga Nacional e Merlot, o tempo de garrafa trouxe mais evidência no aroma e sabor a esta última casta, com atractivas notas de chocolate a juntarem-se à fruta madura. Suave, envolvente, bebe-se com muito prazer. (14%) LL

16 €8,30Quinta de São LourençoBairrada tinto 2011Caves do Solar de São DomingosÉ feito só de Baga mas esta variedade esconde-se um pouco no aroma, privilegiando as notas balsâmicas. Já o sabor é inconfundivelmente Baga, com o fruto silvestre, os sólidos taninos e a frescura típica da casta a darem fulgor ao conjunto. (14%) LL

15 €1,59Uvas DouradasBairrada branco 2014Adega Coop. de CantanhedeBical, Maria Gomes e Arinto. Aroma austero, com fundo mineral, ligeiro fl oral e vegetal seco. Prova de boca com boa acidez, limpo e linear, austero mas muito equilibrado, mesmo no fi nal. Um branco todo gastronómico, cuja prova não cansa. (12,5%) NOG

17,5 €17Quinta das BágeirasBairrada Garrafeira branco 2013Mário Sérgio Alves NunoCom Maria Gomes e Bical de vinhas velhas, revela um perfi l de elegância pouco comum nos Garrafeira da casa. Perfumado, com apontamentos fl orais, marmelo e toranja, especiarias. Untuoso mas ao mesmo tempo leve e fresco, personalizado, fi no e mineral, muito impositivo. Um branco sério, para ir bebendo ao longo dos anos. (13,5%) LL

BEIRA INTERIOR16 €4,49Quinta do CardoBeira Interior Síria branco 2014AgrocardoCasta Síria, em vinha biológica de altitude. Mostra atractiva elegância aromática, com notas de fl ores do campo e folha de limoeiro. Na boca, os citrinos juntam-se a sugestões de maçã verde, resultando muito fresco e vibrante. (13%) LL

15,5 €5,50Quinta dos Termos Beira Interior Reserva branco 2014Quinta dos TermosCor palha, fruto tímido num aroma ainda fechado, pouco conversador. Na boca mostra-se mais expressivo, algum fruto maduro de polpa branca, leve tisana, redondo, fresco e bem agradável. (13,5%) JA

16,5 €9Quinta dos Termos Vinhas VelhasBeira Interior Reserva tinto 2011Quinta dos TermosLeve redução aconselha decantação prévia, depois vem um tinto fresco, mineral, com fruto sóbrio num tom austero e atraente. Na boca tem corpo médio mas muito boa presença, fruto, muita especiaria e garra no tanino fi no. (13,5%) JA

15,5 €4Quinta dos TermosBeira Interior tinto 2012Quinta dos TermosTouriga Nacional, Trincadeira, Tinta Roriz e Jaen. Frutos do bosque, mato seco e suaves tostados, bom equilíbrio. Fresco e macio, com taninos e acidez integrados, ligeiros herbáceos, fi nal austero, bem defi nido. (13%) LA

16,5 €15Quinta dos Termos Talhão da SerraBeira Interior Reserva tinto 2013Quinta dos TermosUm tinto cheio de frescura, fi nura de formas, tanino aguerrido mas a casar bem com o fruto sóbrio casado com notas minerais, levíssimo fl oral, alguma complexidade neste vinho feito com base na uva Rufete. (13%) JA

LISBOA16 €8,50Vale da MataReg. Lisboa branco 2014RocimO vinho mostra notas de folha de limoeiro, com uma fruta verde e com leve nota mineral, tudo atractivo. Muito bem na boca, tem perfi l fresco já que a acidez lhe dá muita vivacidade, leve no corpo, conjunto bem desenhado. (12,5%) JPM

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VIDIGUEIRADE CORPO

E ALMA.Consta que já no tempo dos romanos

a inspiração desta terra era fazer vinhos.Daí o nome Vidigueira. As suas características

naturais estão bem presentes, com o calor típicodo Alentejo e as manhãs frescas da Vidigueiraa fazerem-se notar em todo o seu esplendor.

A brisa marítima cumpre o seu papel com elegância.O relevo e os solos da Herdade do Pesoconferem um caráter único e intenso

a toda a prova. Vinhos que enchem a bocae a alma e nos proporcionam

sempre um fi nal feliz.

SEJA RESPONSÁVEL. BEBA COM MODERAÇÃO.

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17 €7Quinta do Avelar Vinhas VelhasReg. Lisboa tinto 2013Soc. Agro Pec. Quinta do AvelarO vegetal e a especiaria dominam sobre o fruto silvestre sóbrio e bem maduro. Na boca é todo frescura, meio corpo mas muito boa profundidade e presença, muito bom fruto, todo dinâmico, termina seco, longo e a deixar saudade. (13,5%) JA

14,5 €2,83Casa do LagoReg. Lisboa branco 2014DFJLeve nota citrina, ao lado de um toque mais austero e mineral que lhe fi ca bem. Macio, gordo na boca (leve doçura residual) é um branco muito consensual, fácil de gostar e pronto a beber. Boa aposta. (12%) JPM

14,5 €2,83Casa do LagoReg. Lisboa rosé 2014DFJSalmonado na cor, aroma suave, de recorte vegetal seco, com leve presença de frutos vermelhos, tudo num registo muito discreto mas atractivo. Macio e fi no na prova de boca, essencialmente vocacionado para aperitivo. (12%) JPM

15 €3,05Casa do LagoReg. Lisboa tinto 2012DFJBoas notas de fruta e muita presença de vegetais secos, tudo directo, franco, leves notas fl orais e apimentadas. Muito agradável na boca, macio, simples mas bem atractivo, um tinto muito consensual e gastronómico. (12,5%) JPM

14,5 €4,50QuinzeReg. Lisboa tinto 2013Vidigal WinesMuito limpo e franco no aroma, focado nos frutos vermelhos, capitoso e com alguma austeridade. Gordo na boca, um pouco cansativo derivado ao álcool, é tinto gastronómico a que um pouco mais de elegância fi caria bem. (15%) JPM

15 €3,99Cabra CegaReg. Lisboa tinto 2013Casa Santos LimaCastelão, Syrah e Touriga Franca. Muito bem no aroma, com a fruta a comandar a prova, num registo simples mas muito limpo e franco. Fruta madura, boa acidez e taninos resguardados tornam-no bem atractivo. (13%) JPM

16 €8,49 Adega Mãe Reg. Lisboa Alvarinho branco 2014 Adega Mãe Subtil no aroma citrino, toranja e lima, nota de mel, tentativamente mineral, preciso e focado. Bem na boca, com sabor, meio corpo, bela acidez, termina em alta todo muito fi xo, atractivo, e com intensidade. Para peixes grelhados ou assados. (12,5%) NOG

16,5 €12,50ChocapalhaReg. Lisboa Reserva branco 2014Casa Agr. Das MimosasO Chardonnay que ocupa 85% do lote (o restante é Arinto) é diferente do comum, de perfi l muito citrino – laranja, lima, toranja – e um fundo quase salgado. A barrica enquadra bem a fruta sem se sobrepor e a viva acidez pode ser excessiva para alguns mas confere ao vinho enorme frescura. (12,5%)

TEJO15,5 €4Terras da GamaReg. Tejo tinto 2013Soc. Agríc. Terras da GamaMuito atractivo no aroma, a fruta tem boa presença e o perfi l é de tinto franco, directo e na boca, além de taninos ainda presentes, mostra-se saboroso e muito fácil de apreciar desde já. Para dois ou três anos. (14%) JPM

15,5 €9,65Maximo’s Superior Do Tejo Trincadeira tinto 2011AlveirãoProvém de agricultura biológica. Apesar de ser monocasta, as notas aromáticas estão algo difusas, vegetais mas um pouco escondidas. Encorpado, taninos fi nos, capitoso, um tinto a precisar de tempo. (15%) JPM

16,5 €24,50Maximo’s DO Tejo Grande Escolha Touriga Nacional Biológico tinto 2012AlveirãoAinda há poucos anos “Vinho Biológico” era mais ou menos sinónimo de vinho que teve difi culdades na produção e como tal não tinha sufi ciente qualidade. A ajudar, as poucas marcas existentes vinham de regiões com menos acesso a enologia de qualidade. Hoje o cenário é totalmente oposto e este vinho é um dos muitos exemplos. Todo ‘seda e veludo’, fruto bonito, leve baunilha elegante no aroma. Na boca o tanino é doce e macio, o vinho mostra bom corpo e muita elegância. Um tinto bastante afi nado, persistente, largo e saudoso. (13,5%) JA

a escolha deJoão Afonso

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€7 15 €3 0

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16 €25Falcoaria Do Tejo Alicante Bouschet tinto 2012Casal BrancoMuito fechado na cor, aroma também cerrado onde as notas mais químicas típicas da casta, a tinta-da-china e as azeitonas marcam presença. Concentrado na boca, pouco falador, fechado e alcoólico, mostra que precisa de tempo. (15%) JPM

15 €4,99Bread&CheeseReg. Tejo branco 2013Wine with SpiritCom um ano de garrafa o vinho adquiriu mais cor e um perfi l mais austero e sério, maduro na fruta mas conservando algum fl oral. Cheio e gordo na boca, acidez discreta, um branco de meia-estação. (12,5%) JPM

16,5 €15NinfaReg. Tejo tinto 2011João Matos Barbosa & FilhosCheio de fruto e especiaria, muito jovem e alegre no nariz com uma nota vegetal e balsâmica a apoiar muito bem o aroma. Médio corpo na boca mas boa desenvoltura geral, bom fruto, tanino com garra, fi nal seco e intenso. (14%) JA

14,5 €3,99PrincipiumReg Tejo Syrah Alicante Bouschet rosé 2014Wine Ventures Quinta da RomeiraBem no aroma com fruta encarnada fresca, bagas, perfi l silvestre agradável. Prova de boca com corpo, algum peso até, boa fi xação de sabor, com acidez correcta. Um rosé de grande entrega no copo a pedir apenas mais elegância. (12,5%) NOG

PENÍNSULA DE SETÚBAL14 €3,95TalegoPalmela branco 2014Adega Coop. PalmelaNariz com impacto olfactivo, centrado em fruta madura, algo austera e pouco faladora, uma certa simplicidade. Médio corpo e boa acidez preparam o vinho para a mesa, branco a beber enquanto jovem. (12,5%) JPM

14,5 €3,95TalegoPalmela tinto 2013Adega Coop. PalmelaMédia concentração, fruta discreta mas bem positiva nos frutos vermelhos, leve fl oral aqui a conferir atracção. Boa prova de boca, taninos suaves facilitam a prova, corpo leve, vinho para ser consumido jovem. (13,5%) JPM

14 €1,99Terras do SadoReg. Península de Setúbal branco 2014Sivipa Laranja amarga muito madura, notas fl orais e vegetais, num fundo doce e melado. Ligeiro, mas com doçura a dar densidade, acidez sufi ciente, um estilo simples apoiado em alguma contenção. (12,5%) LA

14,5 €1,99Terras do SadoReg. Península de Setúbal tinto 2014SivipaFruta madura envolvida num tom de chocolate, mato seco, ervas aromáticas, muito bonito e defi nido. Macio e suave na boca, com taninos fi nos, tudo discreto, fresco e com boa precisão. (14%) LA

14,5 €2,49VeritasPalmela branco 2013SivipaAroma fl oral com o Fernão Pires a dominar num conjunto com boa intensidade. Prova de boca com sabor, regressa o perfi l fl oral apesar das notas frutadas também. Macio e linear, é um branco afável sobretudo para aperitivo. (13,5%) NOG

15 €2,49VeritasPalmela tinto 2013SivipaCastelão e Cabernet Sauvignon. Madeira seca na frente, fruto muito maduro, percepção de doçura, especiarias várias. Prova de boca com muito fruto, morango e framboesa, deveras sumarento, termina ainda com vegetal seco e notas apimentadas a dar garra. (13,5%) NOG

14,5 €2,89Ameias Selecção do EnólogoReg. Península de Setúbal tinto 2013SivipaTouriga Nacional e Syrah, a dar fruta do bosque, notas de vegetal seco, muito jovem e franco. Corpo médio, taninos fi rmes, a dar uma prova angulosa, que termina com alguma austeridade. (14%) LA

15 €4,99Personalizado Private CollectionPalmela tinto 2012SivipaVinoso com leve tosta, coco e caramelo num nariz atraente, com o fruto muito limpo e bem maduro, na boca tem corpo mediano, algum tanino com garra, textura entre o seco e o macio, fi nal bem arrumado. (13,5%) JA

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14,5 €1,99RosárioReg. Península de Setúbal branco 2014Casa Ermelinda Freitas VinhosFernão Pires e Moscatel Graúdo. Floral exuberante na prova de nariz, com rosas e líchias também, alguma percepção de doçura num conjunto intenso. Boca macia, com entrega, todo focado no lado fl oral maduro, pedindo-se mais acidez mas, em qualquer caso, apetecível no dia-a-dia. (10,5%) NOG

ALENTEJO16 €8LusitanoReg. Alentejano Reserva tinto 2013ErvideiraAlicante Bouschet, Tinta Caiada e Aragonez são as uvas que dão corpo a este vinho de perfi l maduro e encorpado, com notas de ameixa preta, cacau e especiarias, um toque de baunilha e fumo. Sedoso, envolvente, muito carácter alentejano. (14%) LL

16 €5AlentoReg. Alentejano branco 2014Luís Viegas LouroMantém o estilo muito fresco, centrado em viva acidez citrina, revelado na colheita anterior. O vinho resulta muito apelativo e frutado, lembrando laranja e lima, com um toque fl oral. Vivo, equilibrado, muito sedutor. (12,5%) LL

16,5 €9AlentoReg. Alentejano Reserva branco 2014Luís Viegas LouroArinto e Antão Vaz é uma fórmula de sucesso que aqui se revela num vinho de grande elegância e fi nura aromática, marcado por uma bela frescura de boca. Citrinos e minerais conjugam-se harmoniosamente e nem falta um leve amargo vegetal a dar garra e persistência ao fi nal. (12,5%) LL

16,5 €12,90Dona Maria AmantisReg. Alentejano Reserva branco 2012Júlio BastosA evolução em garrafa deu-lhe um tom avelanado que se junta às sugestões de fl ores secas típicas da uva Viognier. Mantém o estilo bastante encorpado a que nos habituou, com notas de ananás maduro no fi nal untuoso e longo. (14%) LL

14,5 €3,49Montinho São MiguelReg. Alentejano Antão Vaz Encruzado Viognier branco 2014Casa Agr. Alexandre RelvasUm pouco fechado no aroma, fruto sóbrio e discreto. Na boca é fresco, algo ligeiro e seco com fruto e corpo a mostrar alguma simplicidade mas tudo muito limpo e fácil de beber. (12,5%) JA

16 €4,99Herdade São MiguelReg. Alentejano Colh. Selec. tinto 2014Casa Agr. Alexandre RelvasHá um bom perfi l aromático, foco nos frutos vermelhos e uma boa prova de boca, bom diálogo entre fruta e notas de madeira, com taninos fi nos a ajudarem ao conjunto. Bem conseguido. (14%) JPM

16,5 €20Herdade São MiguelReg. Alentejano Reserva tinto 2012Casa Agr. Alexandre RelvasCom Alicante Bouschet, Aragonez e Cabernet Sauvignon, é um tinto muito escuro na cor, de perfi l intenso e opulento, a barrica da madeira ainda bem presente, envolvendo a fruta madura, notas de compotas e especiarias. Cremoso, envolvente, longo. (15%) LL

15,5 €4,99ChaminéReg. Alentejano branco 2014Cortes de CimaVárias castas, aqui bem integradas, resultando o aroma em harmonia. Na boca nota-se uma clara frescura ácida bem ligada com o corpo, um estilo muito jovem e a pedir consumo em novo. Será uma aposta segura. (13%) JPM

16 €10,50Cortes de CimaReg. Alentejano Sauvignon Blanc branco 2014Cortes de CimaRegisto de abundantes notas verdes, como relva cortada e espargos mas com contenção. Vivo na boca, com acidez elevada, muito focado nas notas verdes da casta, com grafi te à mistura com a fruta. Para marisco. (13%) JPM

16 €15Cortes de CimaReg. Alentejano Trincadeira tinto 2013Cortes de CimaNo aroma tem notas de pimento vermelho típicas da casta, fruta elegante, sem exageros de concentração. Está macio na boca, tem taninos fi nos e está bem equilibrado. No conjunto apostou-se aqui na fi nura. (14%) JPM

14 5 €3 4914 5 €1 99

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17 €15Cortes de CimaReg. Alentejano Aragonez tinto 1012Cortes de CimaUm tinto com notas mornas levemente doces de fruta madura e boa barrica, muita especiaria, leve tinta-da-china, complexo e bem focado. Na boca o tanino mostra garra e rebeldia, o conjunto é fi no e tem encanto. (14%) JA

15 €3,29Porta da CaladaReg. Alentejano branco 2014BCHAlguma geleia e compota com notas de alperce num branco de perfi l bem maduro mas com boa frescura geral. Na boca tem alguma gordura, corpo médio mas com presença segura. (13%) JA

15,5 4,69Vale da CaladaReg. Alentejano branco 2014BCHFeito de Verdelho e Arinto. O aroma mostra um lado muito fresco, marcado pelos frutos citrinos e mesmo uma leve nota tropical. Na boca mostra boa afi nação, é um vinho de fi m de Verão, elegante e pronto para a mesa. (13,5%) JPM

15 €6,95ImplicitReg. Alentejano rosé 2014Jorge Rosa SantosTonalidade rosada muito suave, aroma com foco nos frutos vermelhos com perfi l elegante e a mostrar boa aptidão gastronómica. Boa harmonia de boca, um vinho com acidez discreta. Para saladas. (13,5%) JPM

16 €4,45GáudioReg. Alentejano Alvarinho branco 2012Ribafreixo Este Alvarinho alentejano prima pela elegância, suavidade e frescura. Tem perfi l cítrico com alguma laranja e leve nota de alperce, muito delicado na boca cremosa, todo fruto com elegância e fi nal longo, fresco e suave. (13%) JA

17 €9,99Dolium EscolhaReg. Alentejano branco 2013Paulo Laureano VinusÉ um 100% Antão Vaz de vinha velha, fermentado em barrica nova que aqui se conjuga harmoniosamente com fruta de toranja no aroma requintado. Muito mineral, muitas notas de sílex, o tempo de garrafa deu-lhe grande profundidade de boca, com excelente acidez citrina no fi nal longo e crocante. (13%) LL

14 €3,95Plansel SelectaReg. Alentejano branco 2014Quinta da PlanselAlguma pólvora e aço num aroma com fruto discreto, algum equilíbrio de prova, cítrico no perfi l, boa acidez, corpo mediano, conjunto simples mas vivo e alegre. (13%) JA

15 €2,49ConventualReg. Alentejano branco 2014Ad. Coop. de PortalegreUm branco agradável, fruto sóbrio, leve tisana e caroço de fruto, na boca o corpo médio assegura boa presença de prova, alguma especiaria, redondo, seco, estimulante fi nal. (14%) JA

14 €2,99Rosa SantaReg. Alentejano branco 2014Herdade do PerdigãoLeve pólvora e toque metálico a mostrar ligeira redução, fruto cítrico e tropical, na boca tem uma acidez bem presente, fruto e corpo medianos, vinho correcto, fresco e agradável. (13%) JA

15,5 €3,95MigasReg. Alentejano tinto 2013Espaço RuralUm tinto bastante alegre, com fruto bonito de cereja e ameixa, leve vegetal fresco e especiado. Na boca os taninos são fi nos, a boa estrutura dá dinâmica de prova e o vinho é grande companheiro de mesa. (14%) JA

15,5 €6ArgillaReg. Alentejano branco 2014Anta de CimaAlvarinho, Verdelho e Viosinho. Aroma morno de fruta madura (maçã e pêra), de citrinos confi tados, tudo em boa proporção. Gordo na boca, saboroso e com acidez discreta, é branco de meia-estação. (13%) JPM

16 €2,99AlmocreveReg. Alentejano Reserva tinto 2013GoanviUm tinto muito atractivo, com fruta jovem, silvestre, estilo alegre com boa precisão de aromas, algum vegetal. Na boca é todo frescura e fruto, corpo mediano mas boa presença, leve mas profunda no perfi l. (13,5%) JA

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15,5 €7,99Pera Doce PremiumReg. Alentejano tinto 2013Herdade da CandeeiraMadeira bem tostada domina no aroma sobre o fruto bem maduro e extraído, compota, chocolate, na boca os taninos são fi rmes e secos o vinho tem corpo e madurez e o fi nal mostra garra e comprimento. (13,5%) JA

14,5 €1,99VilaresReg. Alentejano branco 2014Encosta do Guadiana Antão Vaz e 1/5 de Arinto. Aroma de média exuberância, centrado no fruto branco muito maduro e em notas a vegetal seco. Prova de boca em linha com o aroma, mas com um lado fl oral também em evidência, redondo e quente, um pouco doce no fi nal. Bom para o dia a dia e muito bem pelo preço. (12,5%) NOG

15,5 €4Avô do PoetaAlentejo branco 2013WP WhitePortAntão Vaz. Aroma subtil, leves fumados, fruto branco maduro, ameixa branca e pêra, baunilha, tentativamente mineral. Prova de boca marcada pelas notas mais amargas e outras maduras, corpo gordo e cheio, sabor médio, cremoso e com boa textura. Um branco com ambição. (13%) NOG

16,5 €8,85CartuxaAlentejo branco 2014Fundação Eugénio de AlmeidaO Cartuxa branco mantém nesta colheita o estilo a que já nos habituou: sério, sem exuberâncias fáceis, delicadas notas de casca de citrinos e algum ananás, muito sólido, mineral, elegante e longo. E daqui a um ano estará ainda melhor… (14%) LL

18 €24,98Pêra MancaAlentejo branco 2013Fundação Eugénio de AlmeidaAntão Vaz e Arinto originam um vinho muito elegante sem perder o carácter que o caracteriza, com fruta fi níssima (pêssego, citrinos maduros), minerais, especiarias. Muito encorpado mas com grande frescura de boca, complexo, requintado, longo, com enorme personalidade, um branco muito, muito sério. (13,5%) LL

17 €26Herdade dos Grous 23 barricasReg. Alentejano tinto 2013Monte do TrevoCom Touriga Nacional e Syrah, esta herdade de Albernoa apresenta um tinto concentrado e ainda bastante jovem, com notas de amoras maduras, ameixa preta, tudo envolvido nos fumados e tostados da barrica. Denso, cheio mas não pesado, austero, sólido, precisa de tempo. (14,5%) LL

16 €5,50DiscórdiaReg. Alentejano tinto 2013EDUALConcentrado na cor, ainda fechado nos aromas de fruta bem madura. Médio corpo e taninos um pouco agressivos, a aconselharem calma no consumo. Com este perfi l, austero e ainda sisudo, é bom esperar algum tempo por ele. (15%) JPM

15,5 €3,95GuadalupeReg. Alentejano branco 2014Quinta do QuetzalOs tintos deste produtor são intensos, gulosos e muito frutados. Os brancos retiram ainda mais potencial do fantástico terroir da Vidigueira e não espanta, por isso, que este Guadalupe esteja tão interessante e afi nado. Afi nal de contas Vidigueira sempre foi conhecida pelos seus brancos... Na fresca colheita de 2014, é feito de Antão Vaz, Roupeiro e Arinto – um lote muito alentejano. Apresenta leve redução no aroma, fósforo e fumados, alguma fruta branca e ervas num fundo mineral a contribuir para uma boa prova aromática. Boca com frescura e corpo cheio, boa acidez, citrino maduro, bom fi nal. (13%) NOG

a escolha de

Nuno Oliveira Garcia

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ALGARVE15,5 €6,90Quinta dos Vales Primeira SelecçãoReg. Algarve branco 2014Quinta dos ValesArinto, Verdelho, Malvasia Fina, Síria e Viognier. Aroma com boa complexidade, com pendor vegetal mas também fruto branco, conjunto atractivo. Prova de boca com sabor, macio, todo ele muito afi nado e versátil tanto para a mesa como para aperitivo. (13%) NOG

SEM DO/IG14,5 €1,99AlandraVinho tinto 2014EsporãoMuito fruto no nariz, amoras e mirtilos maduros, conjunto exuberante, e alguma percepção de doçura. Prova de boca muito macia, linear mas atractiva na vertente frutada, bem na acidez apesar de morno. Conjunto muito equilibrado e com preço irresistível. (13%) NOG

14 €3,19Lancers Vinho rosé José Maria da FonsecaAroma com fruta vermelha discreta, notas de tijolo molhado, papel, folhas de árvores. Doçura notória, ligeiramente frisante, ligeiro, mas saboroso, com fi nal doce e macio. (10%) LA

14 €3,19Lancers Vinho brancoNotas de laranja e fl or de laranjeira, ligeiros amargos, um pouco de pimenta verde. Na boca tem amargos, doçura pronunciada compensada por ligeiro gás, termina com alguma opulência frutada. (11%) LA

17 €10Campolargo Vinho Alvarelhão tinto 2014Manuel dos Santos CampolargoEste é certamente um tinto diferente do habitual, oriundo de uma casta já de si pouco comum. Tem cor aberta e uma grande pureza de fruta (cerejas, ginja), conjugada com muita leveza (apenas 10% de álcool) e enorme frescura. Combinando simplicidade e personalidade, é um vinho delicioso, um vinho de puro prazer, que é difícil parar de beber… (10%) LL

MADEIRA15 €9,22Primeira PaixãoDOP Madeirense rosé 2014Paixão do VinhoSalmonado carregado na cor, apresenta aromas de frutos vermelhos, com morangos à frente. Ligeiro na boca, ponderado na graduação, acidez discreta, temos um rosado pensado para pratos leves e saladas. (12%) JPM

VINHO DO PORTO16,5 €39,95VZ Van Zellers Porto 20 anos Lemos e Van ZellerCor ligeira, ambarina com fundo rubi. Aroma a casca de cebola, frutos secos, alguns frutos amarelos e ligeiras notas iodadas. Corpo mediano, com alguma profundidade, complexo, fi nal envolvente com textura leve e fresca. (20%) LA

MOSCATEL DE SETÚBAL16 €4,69SivipaMoscatel de Setúbal 2013SivipaCor âmbar ligeira. Aroma muito fl oral, com melaço e laranja cristalizada. Na boca está ligeiro e simples, mas muito bem defi nido, com acidez e doçura equilibradas, viscosidade contida, fi nal longo e doce. (17%) LA

ESTRANGEIROS17 €28,95Louis Latour(França) Chablis Premier Cru branco 2013Louis Latour (Import: Garcias Gourmet)Evidencia uma muito boa elegância aromática, com apontamentos de pederneira misturados no tom citrino e de pêssego do Chardonnay. Bela presença de boca, com muita frescura e intensidade no fi nal persistente (13%) LL

MOSCATELALGARVE MADEIRA

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A “SEGUNDA VOLTA” NÃO PRETENDE SER MAIS UMA PROVA DE VINHOS. AQUI RELATAMOS SENSAÇÕES, MOMENTOS, REDESCOBERTAS. SÃO VINHOS DE DIVERSAS PROVENIÊNCIAS, CORES E ESTILOS, TODOS COM ALGUNS ANOS DE CAVE E TODOS, TODOS MESMO, BEBIDOS (NÃO PROVADOS, QUE ISSO É OUTRA COISA!) À MESA, COM PRAZER E MUITA CONVERSA.

volta

16,5 PAÇO DOS INFANTES TINTO 1988Agora que o mítico produtor Paço dos Infantes – ao qual esteve ligado João Ramos na enologia – regressou ao mercado passados tantos anos, foi vez de provarmos as duas garrafas que ainda tínhamos em casa da colheita de 1988. A primeira infelizmente tinha rolha, mas a segunda botelha não e deu prova. Revelou bouquet surpreendentemente vivo, com fruto ainda bem defi nido, é uma prova de boca elegante, prova inequívoca que os tintos alentejanos, mesmo aqueles que não tinham essa vocação, sabem envelhecer. Não será preciso guardar tanto tempo como estes, mas uma década não lhes faz mal algum... (NOG)

17,5MARQUÊS DE BORBA RESERVAREG. ALENTEJANO TINTO 2007Há vários anos que este topo de gama de João Ramos lidera no seu campeonato. Um tinto complexo, elegante, e que evolui muito bem. A colheita de 2007 deu-nos óptimos tintos um pouco por todo o país mas a evolução é sempre diferente de região para região, de produtor para produtor e, já agora, de garrafa para garrafa. Neste caso encontramos um tinto ainda jovem, escuro no copo, com a madeira a comandar o ‘bouquet’ sem ofuscar, todavia, a fruta latente e o toque a grafi te tão habitual – e delicioso – neste tinto verdadeiramente aristocrático. (NOG)

19 JÚLIO B. BASTOS REG. ALENTEJANO TINTO 2004Recordo que este vinho me deixou uma forte impressão quando foi lançado no mercado, há uns anos largos, e que lhe vaticinei longa vida, como geralmente acontece com os Alicante Bouschet de vinha velha. Parece que se me enganei foi por defeito, não por excesso. Este tinto está imenso na cor e no aroma, complexo, profundo, notas de alcatrão, vegetais secos, frutos negros. Pleno de raça e força, e muito, muito carácter. Grandioso, monumental, não há muitos vinhos portugueses com mais de uma década que se apresentem a este nível. (LL)

17,5 HERDADE DO ESPORÃO “1O PRÉMIO” REG. ALENTEJANO TINTO 2000Edição especial com o 1o prémio da confraria. Na altura lembro-me bem que tinha madeira a mais, e talvez por isso me esqueci dele na garrafeira. Das 3 garrafas iniciais, o meu registo de garrafeira indica que provei outra em 2007, referindo a muito boa forma do vinho mas ainda alguma madeira a marcar presença. Quinze (!) anos depois da vindima, a garrafa restante revelou-se fantástica, a barrica quase desapareceu por completo dando lugar a aromas e sabores exóticos, de especiarias e tabaco. Nada caído, ainda pujante, cremoso, muito sedutor. (LL)

17 RAMOS PINTOPORTO VINTAGE 1983O ano de 83 foi de declaração clássica e os vinhos que originou estão agora a dar uma grande prova. Este não foge à regra e mostrou também como pode haver variações importantes de garrafa para garrafa. Foram provadas duas, a primeira subtil e muito aromática e a segunda, com mais cor e concentração, o que me levou a pensar que poderia ser o 95. Quer num caso quer noutro foi evidente que o tempo tem um papel fundamental na evolução destes vinhos e que, de diamantes por polir, evoluem para algo muito perto da perfeição. Assim haja paciência. (JPM)

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correio do leitorEste é um espaço dedicado aos leitores, às suas dúvidas, às suas opiniões. Dúvidas e questões concretas serão respondidas pelos membros da redacção. Se pretender deixar apenas uma opinião sobre um vinho, uma região, o mercado, ou sobre aquilo que escrevemos, faça-o igualmente. Escreva-nos.

Com a chegada do Outono, chegam também as feiras de vinhos nas várias superfícies comerciais. Vinhos de novas colheitas, novos rótulos e tudo com desconto, para bem do consumo e do consumidor. A quantidade de vinhos e rótulos é por vezes assustadora. Tanta marca, tantas novidades e tanta gente a fazer vinho que baralha qualquer consumidor normal por muito informado que

esteja. As perguntas que me surgem são:Haverá vinho e marcas a mais para o nosso mercado? O facto de haver inúmeras marcas não poderá confundir o consumidor, quer o que procura preço quer o que busca diferenciação?Estaremos nós a fazer vinhos demasiado iguais e uniformes, esbatendo as diferenças entre regiões? Será que no futuro o vinho deixará de ser

e de saber a “vinho” e passará a ser uma bebida elaborada e feita em laboratório para agradar a todos?

Nuno Malaquias

São muitas questões, às quais vou tentar responder de forma sucinta. Começando pela última. O vinho “natural” não existe. O vinho resulta da intervenção humana, em maior ou menor grau. A própria videira (vitis vinífera) não sobreviveria em estado selvagem, precisa do trabalho do Homem para dar frutos. Mas vinho “feito em laboratório”, como refere, é algo diferente e não acredito que se chegue a esse ponto. Aliás, hoje em dia vemos cada vez mais técnicos e produtores a optarem por uma enologia menos interventiva. No entanto, fazer uma marca de 5000 garrafas ou uma marca de 5 milhões são coisas distintas. É expectável que uma marca de grande volume exija mais intervenção enológica de forma a

evitar grandes alterações de perfi l de ano para ano. Não deixa de ser um produto natural por isso.Há uma tendência, é verdade, para alguma uniformização entre regiões. Acredito que tal facto tem origem mais na viticultura do que na enologia. Por exemplo, se continuar a crescer o número de produtores e regiões a plantarem Touriga Nacional, haverá certamente maiores semelhanças entre os vinhos. E se há regiões que conseguem sobrepor as suas especifi cidades de solo e clima à casta, outras existem que não o conseguem, e é a casta que domina o aroma e sabor. Finalmente, quanto à questão de haver ou não marcas e vinhos a mais para o mercado. Primeiro, há muitos mercados, felizmente, e hoje os produtores estão menos dependentes do mercado nacional; segundo, o vinho está sujeito à lei da oferta e da procura, como qualquer outro produto: se houver vinho a mais, o mercado encarrega-se de fazer a selecção. L.L.

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esta garrafaganhe

carta

premiada

MERCADO DE VINHOS E UNIFORMIZAÇÃO

Todos os meses escolhemos um mail enviado pelos leitores, que é eleito como “mail do mês”. O autor receberá na morada que indicar, uma garrafa do vinho Alambre Moscatel de Setúbal 20 anos, em caixa individual, oferta da casa José Maria da Fonseca.

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O postal

PTEXTO João Afonso * FOTOS Ricardo Palma Veiga

A região mais incompreendida, mais difícil e mais especial de todo o país vinhateiro. Fui a Colares e apaixonei-me pela sua impressionante singularidade.

Primeiro que tudo, criar uvas com o mar à vista – numa área batida durante todo o Verão pela fria nortada, a que se juntam imensas neblinas e nevoeiros matinais (quando não é o dia todo) com al-tíssimo teor de humidade, pouco sol e amplitudes térmicas bai-xas – não é para todos.Mas, fosse como fosse, lá se inventou maneira de fazer plantar em solos profundamente arenosos as vinhas mais sui generis e fasci-nantes que conheço. O engenho do Homem sempre conseguiu dar a volta à natureza (ver caixa).Deste muito cedo, e nem ninguém se lembra bem quando, co-meçou a “batalha” entre a vinha plantada em chão de areia solta e a vinha em chão rijo (o comum argilo-calcário que preenche a maioria da faixa costeira portuguesa). E aqui reside o “ser ou não ser” Colares. Só é Colares se a vinha estiver implantada em solo de areias soltas, tipo areia da praia que aqui se encontra logo um pouco mais abaixo. Estes solos de areia têm origem no enorme recuo do mar e inten-sa actividade magmática que ocorreram no Terciário. Este último fenómeno fez irromper a Serra de Sintra de granito sobre o solo cretácico argilo-calcário, e entre esta e o oceano formou-se uma plataforma aplanada, de origem lacustre, onde se tinha deposita-do areia sobre a argila calcária ao longo de vários milhões de anos. É nestes terraços de areia solta com profundidade muito variável (pode atingir os 10 metros) que Colares alicerçou toda a sua fama.

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de Colares

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COLARES E A FILOXERA

A razão é conhecida de todos. A praga da fi loxera, que deu entrada em território nacional em 1865 (ver texto nesta revista) destruiu quase todos os vinhedos nacionais à excepção dos de Colares (e muitos al-garvios...), que alimentavam tradicionalmente a capital, e não só, com os seus produtos agrícolas. Foi ao longo destas décadas de destruição que Colares ganhou toda a proeminência. Nem a ganância dos seus comerciantes a impediu de aproveitar melhor a enorme vantagem. Ferreira Lapa, António Augusto de Aguiar e Paulo de Morais es-crevem nas décadas de 60 a 80 de XIX sobre a enorme qualidade do Ramisco de Colares e sobre os atentados feitos permanente-mente contra a sua qualidade pelos comerciantes, não só com a aguardentação do mesmo, mas também com a mistura em lote dos bons e dos maus vinhos. Foram décadas de “guerra” entre os inte-lectuais cultos, defensores da qualidade, e a ganância mesquinha dos negociantes armazenistas.Mas nem mesmo assim Colares deixava de ser uma marca de vi-nho muito prestigiada. Vendia muito e todos tentavam adulterá--la com a introdução de uvas de chão rijo e de outras proveniên-cias longínquas. O negócio atraía investidores de regiões vizinhas.Em 1920, António Soares Franco Júnior, dinâmico negociante de vinhos, e herdeiro três anos antes da fi rma José Maria da Fonseca,

compra em Colares os pertences da empresa Viúva Gomes (onde se incluía a actual Adega Regional) e inúmeras pequenas quin-tas na região para aí se estabelecer como produtor, armazenista e negociante. Na altura a empresa exportava para o Brasil cerca de 100.000 caixas (número difícil de atingir nos dias de hoje) sendo 80.000 de Moscatel de Setúbal e 20.000 de vinho de Colares. O vi-nho de Colares tinha estatuto e era negócio. Mas este negócio seria abandonado em 1931, logo depois de Getúlio Vargas tomar o poder no Brasil e fazer a vida negra à importação de vinhos, situação que trouxe gravíssimos problemas fi nanceiros à José Maria da Fonseca.

O APOGEU DE COLARES

Num excelente livro de Raúl Esteves dos Santos editado pela Adega Regional de Colares em 1938 (e com uma dedicatória assinada pelo próprio autor) pude conhecer mais a fundo como se construiu Co-lares até aos anos de ouro das décadas de 30 e 40 do século passado.Em 1938 a região possuía nada mais nada menos do que 1818 hec-tares de vinha, dos quais 1690 em chão de areia e 129 em chão rijo. Estas vinhas eram dominadas pelas castas Ramisco (tinta) e Mal-vasia (branca), aquelas que, como nenhumas outras, conseguiam “dar a volta” às agruras do clima local e amadurecer. O Ramisco, para amadurecer, nem podia sair da areia.

É nos terraços de areia solta com profundidade muito variável (pode atingir os dez metros) que Colares alicerçou toda a sua fama

Adega Regional de Colares: Francisco Figueiredo gere a enologia e a feitura de vinho

Casca Wines: a jovem enóloga Carina Tavares com um copo de Ramisco

Paulo da Silva: a cave de vinhos é a mais atlântica da Europa

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& Companhia, deixa na década de 70 de produzir e comercializar vinhos, sendo comprada na década seguinte por Jacinto Lopes Bae-ta. Por esta década, quando me desloquei a Colares para adquirir alguns vinhos desta antigamente reputada região, já presenciei o enorme marasmo em que se encontrava – ia desaparecer, dizia-se. E assim se manteve durante os últimos 20 anos até aparecerem os possíveis salvadores – o “turismo de massas” e algum mercado ex-terno mais exigente e intelectual.

O POSTAL VITÍCOLA DE COLARES

Setenta anos depois do seu apogeu, a região é ainda mais lembran-ça do glorioso passado do que propriamente uma real ou mensu-rável região vinhateira. Mas o postal parece vender. Quem o diz é José Baeta, proprietário da empresa Chão de Areia e elemento da família Jacinto Lopes Baeta & Filhos, detentora do imobiliário e vinhos antigos da Viúva Gomes. Mas é José Baeta e a sua Chão de Areia que comercializa os vinhos da marca e utiliza as velhas e lindíssimas instalações datadas de 1808. “Vendo a prova a grupos de turistas que nos visitam e vou vendendo alguns vinhos; faz-se algum dinheiro, e os EUA estão a correr bem, às vezes pedem-me mais garrafas e eu tenho de explicar que as produções são mui-to pequenas e os lotes muito limitados.” E lá vão saindo garrafas. Em venda estão ainda as colheitas de 1931, 1934, 1965, 1967, 1969; os de 1996 e 1997 foram esgotados pelos EUA e agora vai sair o 2006, mais alguns lotes dos vinhos antigos. Agora digam-me lá

A adega que iniciou actividade com 81 sócios em 1931, para tentar acabar de vez com as adulterações, soma, em 1938, 507 sócios en-tre uma populações total de 690 vinhateiros.A margem direita do rio de Colares – que desagua na Praia das Ma-çãs – sempre foi considerada a de melhor vinho. Todos os terrenos que vão de Colares ao Mucifal, Banzão, Penedo, Janas, Zibreira e, em particular, a faixa marítima de Azenhas do Mar a Fontanelas eram, nestes tempos, cobertos por pequenos quintais de vinha rasteira entalada entre geométricas caniçadas que as protegiam dos ventos de Norte, os “abrigos travessos”, e dos poderosos ventos de Oeste, designados por “abrigos mestres”. Eram às centenas, segundo as fotos do mesmo livro. Francisco Figueiredo, da Adega Regional, reforça: “Nas fotos antigas que temos aqui vemos que não havia o pinhal de Banzão, eram quilómetros de caniçadas com alguma macieira con-sociada, pequeníssimas manchas de pinhal e muitas aldeiazinhas.”Mas, na década de 50, o aparecimento de outras cooperativas nas restantes regiões demarcadas e a melhoria dos respectivos vinhos, mais maduros e encorpados do que os de Colares; a forte emigração dos anos 60; e o advento das férias de Verão, que trouxe a procura crescente e galopante de local à beira-mar para construção da re-sidência de férias (muitas das vezes por estrangeiros abastados), atiraram o preço do metro quadrado de terra para os actuais 10€ a 30€, votando Colares ao esquecimento vitícola. A própria Viúva Gomes, talvez a marca mais distinta de Colares, que em 1931 é adquirida à José Maria da Fonseca pela Vítor Guedes

Em 1938 a região possuía 1818 hectares de vinha, onde laboravam 690 vinhateiros, 507 dos quais eram sócios da Adega Cooperativa

Adraga: aqui é o chão rijo que domina

Fundação Oriente: o enólogo Jaime Quendera em prova de uvas

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se há outra região de vinhos de mesa DOC em Portugal que possa ter esta oferta? Im-pressionante como vinhos de 10, 11, ou 12% de volume alcoólico chegam tão longe. Mas é um paradoxo fascinante e bebê-los, tanto os velhos como os novos, é uma enorme lu-fada de ar fresco neste imenso mar de tintos acima de 14%.Aqui, na Chão de Areia, vinifi ca o único pro-dutor que não recorre à Adega Regional para fazer os seus Colares. A Casca Wines, de Hél-der Cunha. Foi aqui que a empresa começou. Hélder é natural de Cascais e o Guincho e Colares enchem as memórias da sua infân-cia. Assim que se tornou enólogo cumpriu o sonho de fazer vinho em Colares. E este, por sua vez, deu o mote para à formação e vocação da Casca Wines, focada no fabrico de vinho de várias regiões a partir de vinhas velhas, recorrendo sempre, o mais possível, ao modo de produção tradicional. O primei-ro ano foi 2009. Hoje andam pelas 600 garrafas de tinto e 400 de branco. Paga por cada quilo de uva para Colares de vinha velhíssima consociada com macieiras, comprada a dois lavradores, 2,5€ (a uva de chão rijo anda entre os 0,28 e os 0,40€). “É a uva mais cara do país” lembra Hélder; e é o vinho mais caro do país, remato eu, quando me lembro que cada litro de vinho de Colares que sai da Adega Regional, para os três comerciantes compradores (Chão de Areia, Adraga e Paulo da Silva) custa 7€ o li-tro, como me informou Francisco Figueiredo, enólogo desta adega, uma das mais românticas de Portugal e onde se podem observar auto-vinifi cadores construídos em madeira de castanho. Foi a pri-meira vez que vi! Mais um tiro na fantástica “fantasia” de Colares.

Hoje a adega produz mais chão rijo do que chão de areia. “O chão rijo começa a crescer nas décadas de 50 e 60, quando as vinhas de areia começaram a dar lugar à construção”, lembra Francisco. Mas hoje está mais opti-mista do que há 5 anos. Dos 14 hectares de chão de areia passou-se para os 20 hectares e o chão rijo dos 50 para os 56 hectares.Mas a produção é muito baixa: entre 1 a 2 to-neladas/hectare para o chão de areia e um pouco mais para o chão rijo. Este ano a adega produziu 18.000 litros de vinho Colares, que serão divididos entre a própria Adega, a Viú-va Gomes, Paulo da Silva e a Adraga. Também aqui o enoturismo, com as provas comentadas e pagas e a venda de vinho à porta, não tem parado de aumentar.A loja de vinhos na Fundação Oriente é, para Jaime Quendera, o enólogo responsável pe-los vinhos das Fundações Oriente e Stanley Ho, um ponto fundamental para a saída dos vinhos. A Fundação Oriente, que também foi criada para “salvar” o vinho de Colares, é totalmen-te independente da adega (tal como a Casca Wines), tem vinhas em areia e em chão rijo e adega própria, mas falta a loja, que Jaime gostaria de montar tão depressa quanto pos-sível. “Com as nossas pequenas produções e com a enorme afl uência de turismo que tem Sintra e Colares, vendíamos tudo aqui à por-ta.” E, para não haja confusões, o que é Cola-res é vendido pela Fundação Oriente e o que

é Reg. Lisboa (Chardonnay, Pinot, Alvarinho etc.) é vendido pela Stanley Ho. A Fundação Oriente tem cerca de 14 hectares entre chão de areia e chão rijo, mas a produção de Colares é baixa: 2 a 3 mil garrafas de cada um dos vinhos.

O turismo e algum mercado externo

exigente e intelectual são

para já os principais consumidores

de Colares

Viúva Gomes: José Baeta e os seus fantásticos vinhos

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Numa parcela de terreno arenoso abriam-se à força de braço e espaçadamente valas ou fossas de forma afunilada até encontrar a camada argilosa (se não era encontrada abandonava-se a plantação, pois os bacelos não medravam). No fundo destas perigosas valas ou fossas (um deslizamento de areia podia soterrar homens), às vezes com 8 ou mais metros de profundidade e numa área rectangular de 2 metros quadrados, “unhavam-se” (espetavam-se) na argila até uma profundidade de 25 centímetros 30 bacelos de 3 a 5 metros de comprimento. Depois enchia-se de novo e parcialmente a fossa ou vala com areia, até enterrar os bacelos, sempre divergindo estes do centro, deixando de fora alguns olhos. A fossa ou vala ia sendo pacientemente, ao longo dos anos, aterrada, acompanhando o crescimento da planta e das muitas mergulhias de lançamentos laterais. Ao fi m de 6 anos, e depois de retomado o plano arenoso inicial, os 30 bacelos tinham originado 100 videiras. E assim, num hectare, de 1.200 bacelos surgiam cerca de 4.000 cepas, que se desenvolviam sempre rentes ao solo (“rastões”) e por vezes consociadas com macieiras. No Verão estes rastões eram e são levantados com pequenos esteios de cana – os pontões – para que a uva consiga amadurecer naquele “ninho” de calor entre a areia e as folhas da videira.

No Casal de Santa Maria, na Adraga, as produções de Colares vol-tam a ser insignifi cantes. Andam pelas 400 a 600 garrafas de cada vinho (0,50cl a garrafa), comprado em uva ou em mosto à Adega Regional. Aqui tudo é diferente, a começar pelo proprietário, de 103 anos de idade, o barão Bruemmer, que aqui decidiu fazer vi-nho em 2005. Jorge Rosas Santos chegou em 2011 para substituir Rui Cunha na enologia.“Aqui”, diz Jorge, “fazemos vinhos de clima frio, andamos sempre entre os 18º e os 20ºC. Pouquíssima amplitude térmica, muita som-bra, muito pouco sol e um pé no Atlântico; maturações arrastadas, acidezes altas e grau médio.” Enfi m, compreendo, não é fácil, mas consegue-se fazer um belíssimo Pinot Noir e alguns brancos cheios de nervo num total que anda entre as 50 e as 60 mil garrafas. Jorge lamenta o chão rijo não poder ser Colares, porque na verdade ele é feito em Colares. Regional Lisboa é uma designação muito vaga e injusta para vinhos feitos em clima tão adverso. Antes de deixar Colares, uma fugida ao “solar” do Chitas e do Vis-conde de Salreu, duas das marcas paradigmas da região e comer-cializadas desde longa data por António Bernardino Paulo da Silva. Deve ser o armazém de vinhos mais próximo do Atlântico em toda a Europa. O mar fi ca do outro lado da estrada nacional. Ambiente mais salino para conservar garrafas cheias de memórias, é impos-sível. Paulo da Silva estava ausente mas isso não impediu que trou-xéssemos duas garrafas para completar o “ramalhete” de vinhos de Colares. Claro que não podiam faltar. Assim o postal estava com-pleto: uma serra lindíssima, repleta de palácios e palacetes, cria o mais bucólico e poético dos ambientes, junto a um mar batido e lindas praias atlânticas, numa região saloia cheia de vida onde se criam frutas, hortícolas e o mais exótico dos vinhos vindo das vinhas mais inimagináveis que conheço. É um postal único, que vende – e venderá ainda mais se se apostar a sério nas suas cores.

A arte de plantar vinha em Colares

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15,5 €35Casal de St. Maria (0,50 cl)

Colares Malvasia branco 2012Adraga Explorações VitivinícolasNotas evoluídas atraentes, palha seca, tisana, maçã, avelã, caramelo, leve fumado, num todo interessante e sui generis. Na boca tem uma acidez pujante, maçã reineta, corpo mediano, leve toque salgado, fi nal seco. (12%)

17 €35Casal de St. Maria (0,50 cl)

Colares Ramisco tinto 2006Adraga Explorações VitivinícolasUm fl oral com notas muito discretas de violeta, cassis, fi no, atlântico e muito fresco no aroma radiante. Excelente frescura de boca, tanino fi no, tudo suave, apimentado, fácil e muito longo. Um tinto multiusos. (12%)

16 €17Arenae (0,50 cl)

Colares Malvasia branco 2012Adega Regional de ColaresFruto fresco no nariz, leve maçã e ligeiro fruto cítrico de tangerina, muito ligeira tisana. Na boca tem uma presença muito viva, cítrica, salgada, leve mas profunda com fi nal longo fresco e vibrante. (11,5%)

16 €17Arenae (0,50 cl)

Colares Ramisco tinto 2006Adega Regional de ColaresIntenso aroma a caruma, especiaria, paprika, fruto em geleia, leve tostado/couro. Na boca é fresco e muito vivo, com taninos presentes mas cheios de sabor e com alguma especiaria, fi nal suave, longo e estimulante. (12%)

17,5 €34,5Monte CascasColares Malvasia de Colares branco 2012Casca WinesUm branco entre o moderno – com muito ligeira presença de barrica usada – e o super clássico, pelo seu lado fumado, mineral, salgado, algum fruto mas principalmente muito vinho, fi níssimo, estruturado, profundo, cheio de frescura e maresia. Obrigatório. (11,5%)

17 €34,5Monte CascasColares Ramisco tinto 2010Casca WinesTalvez o mais característico de todos os Ramiscos. Fechado, leve resina com fruto sóbrio, leve balsâmico, todo contido e expectante, na boca os taninos são de Ramisco a valer, mas com adstringência fi na, leve de corpo, mas cheio de vinho. A não perder. (11%)

16,5 €25Fundação OrienteColares branco 2009Quinta das Vinhas de Areia Soc. Agr. Um Colares muito modernaço, cremoso, com notas de pêssego, boa baunilha, lembra vagamente outra casta, mais que a Malvasia, bom porte de boca, complexo, fi no, com leve fumado mineral e fi nal longo e harmonioso. (12,5%)

16,5 €25Fundação OrienteColares Ramisco tinto 2006Quinta das Vinhas de Areia Soc. Agr. Francamente perfumado. Entre o fl oral com pimenta, fruto vermelho bem maduro, leve nota de tosta de qualidade. Boca de corpo mediano, acidez fi rme mas delicada, tanino intenso mas polido, fi nal longo a especiaria. (12,5%)

15,5 €10Colares ChitasColares branco 2010António Bernardino Paulo da SilvaMuito limpo e jovem mas com carácter menos marcado, cítrico com algum tropical leve toque de líchias. Na boca tem corpo mediano, mas é todo equilibrado, suave e com elegante secura especiada fi nal. (12%)

em

prova

16 €15Colares ChitasColares tinto 2006António Bernardino Paulo da SilvaUm tinto harmonioso no sentido Colares, com leve couro, leve fruto vermelho com uma ponta salina. Na boca é cheio de frescura, tanino fi no, corpo q.b., fácil de beber e gostar no seu tom meio guloso. (12%)

16 €15Viúva GomesColares branco 2011Chão de AreiaEstilo “vinho velho”, notas de oxidação, algum fumo, maçã velha, amêndoa. Na boca tem uma patina bem marcada, fruto seco, leve caramelo, acidez viva e fi nal seco e acídulo. Um branco muito diferenciado. (11,5%)

16,5 €15Viúva GomesColares tinto 2006Jacinto Lopes Baeta & FilhosUm estilo mais arcaico ou tradicional, muito balsâmico, intenso, penetrante, notas resinosas, couro/iodo, fruto em passa. Na boca tem pujança e algum corpo, taninos civilizados, alguma secura e muito longo e perfumado fi nal. (12%)

17 €50 Viúva GomesColares Reserva tinto 1969Chão de AreiaUm tinto ainda cheio de cor e de vida, aromas sofi sticados de algum fruto silvestre em passa, alcatrão, tabaco, toque iodado, boca intensa, cheia de taninos fi rmes e activos, textura fi na muito fresca, fi nal longo leve e perfumado. Um tinto velho cheio de interesse e ainda à venda. (12%)

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castas

Cabernet

TEXTO Luis Antunes * FOTOS Ricardo Palma Veiga

Ma Non TroppoO Cabernet Sauvignon é uma das melhores e mais versáteis castas tintas do mundo.

Em Portugal passou por várias fases, desde a chegada tímida, expansão, medo da invasão, consolidação, integração, talvez recuo. Linha-mestra de alguns dos melhores vinhos do mundo, o Cabernet Sauvignon terá ainda um papel no futuro dos vinhos portugueses?

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vinhos, mas o Cabernet parece já ter sufi cientes raízes na região e po-derá até sair benefi ciado.A favor, o Cabernet Sauvignon tem a sua enorme plasticidade e ca-pacidade de adaptação a novos lugares sem perda da sua identidade, fornecendo estrutura, elegância e longevidade, com boas maturações sem perda de acidez e taninos fi rmes mas suaves. Contra, a casta tem por vezes difi culdades de maturação, dá-se mal com o calor excessi-vo, pode aportar traços herbáceos, em particular as terríveis pirazi-nas, que trazem sabores a pimentos verdes, que muitos provadores acham desagradáveis. Em suma, o Cabernet Sauvignon marca muito os vinhos, o que tem tanto de bom como de mau, com o fácil reconhe-cimento dos seus traços que por vezes traz excessos.

SETÚBAL

Na Península de Setúbal, a José Maria da Fonseca tinha Cabernet des-de os anos 40, mas Domingos Soares Franco achava que o vinho tinha falta de estrutura. Mudou as vinhas de sítio, e replantou com melhores clones. Já não faz o seu Garrafeira TE (de Tinto Especial, e também de Quinta de Camarate), mas ainda mantém cerca de 2ha, que são in-cluídos no Periquita Superyor. Mas Domingos reconhece que os seus vizinhos da Bacalhôa têm a casta num sítio muito melhor. A Quinta da Bacalhôa tem 4ha de Cabernet Sauvignon dentro de muros e 8ha fora. Segundo Vasco Penha Garcia, director técnico, a plantação das vinhas data de 1974, mais ou menos contemporânea do aparecimento dos primeiros Supertoscanos. O primeiro Quinta da Bacalhôa Cabernet Sauvignon, que tinha também 10% de Merlot, é da colheita de 1979. A fi losofi a do vinho sempre foi bordalesa, em particular no equilíbrio da madeira com o vinho, ges-tão da extracção, maturações contidas, etc. O vinho passa 12 a 18 me-ses em barrica de carvalho francês, e envelhece com grande nobreza por 15 a 20 anos, mesmo nas colheitas mais maduras. Na colheita de

AA enologia portuguesa teve desde sempre fortes raízes nas escolas de Bordéus, e logo a casta Cabernet Sauvignon sempre foi uma ve-lha conhecida em Portugal. Mesmo em vinhas muito velhas, plan-tadas depois da praga da fi loxera, em muitas regiões do país apa-recem cepas de Cabernet Sauvignon no meio da mistura de castas. Olhando os números publicados pelo Instituto da Vinha e do Vinho sobre 2014, a Cabernet Sauvignon aparece em 22º lugar na lista das plantações, com 1712ha, 0,8% do total. Se contarmos só as tintas, está em 15º lugar. Em muitas regiões do país, como no Alentejo, Tejo e Lisboa, o Caber-net Sauvignon foi introduzido por volta dos anos 1980, como uma casta melhoradora. Noutros sítios, como a Península de Setúbal e a Bairra-da, havia já alguma expressão da casta, e apareceram vinhos varietais que se tornaram icónicos. Finalmente, em regiões como o Dão ou o Douro, há muito pouco Cabernet Sauvignon, e as experiências têm mostrado alguma falta de adaptação da casta ao terroir. Mas, mesmo assim, há excepções, como veremos. Procurei percorrer todo o país, localizando os projectos onde o Caber-net Sauvignon tem um papel importante na defi nição dos vinhos. Nos anos 80 e 90 chegou-se a ter medo da invasão do Cabernet Sauvignon com prejuízo da nossa herança de castas portuguesas e da identidade do nosso vinho. Com o tempo, a aposta na casta foi esmorecendo, e já não há assim tantos vinhos estremes ou varietais de Cabernet Sau-vignon. Por outro lado, no Alentejo, o Cabernet, se raramente deu grandes vinhos em pureza, passou a participar com assiduidade nos lotes dos melhores e mais simbólicos vinhos da região. Com os anos, o papel do Cabernet na melhoria da defi nição dos vinhos foi pouco a pouco diminuindo, graças à melhoria do conhecimento sobre as res-tantes castas, e ao desenvolvimento de técnicas enológicas adequadas. Há hoje um movimento que defende a redução do número de castas permitidas no Alentejo, como um meio de defender a identidade dos

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2000 foi lançado um novo vinho, o Palácio da Bacalhôa, com apenas 70% de Cabernet Sauvignon, 20% de Merlot e 10% de Petit Verdot, com a intenção de fazer um vinho mais exuberante e apelativo, mas sem perda de estrutura e longevidade. Para Vasco Penha Garcia, o Cabernet Sauvignon é uma casta extraor-dinária, com uma grande riqueza fenólica, dando vinhos com gran-de estrutura, verdadeira espinha dorsal de vinhos de lote, garantin-do longevidade aos vinhos com taninos fi rmes que não secam com o envelhecimento, vinhos equilibrados que não são exuberantes nem amargos. Vasco não nota o recuo da área de Cabernet Sauvignon, pelo contrário, tem a percepção de que a casta tem grande importância, es-pecialmente nos vinhos do Alentejo, mesmo que neste momento não esteja propriamente na moda.

ALENTEJO

No Alentejo, havia Cabernet Sauvignon já desde o século XIX. Segundo Miguel Louro, o conde de Fontalva teria plantado a casta na Herdade da Serra d’Aires, em Borba. Quando Miguel Louro plantou as suas vinhas na Quinta do Mouro, Estremoz, em 1989, usou o encepamento típico da região, com Aragonês, Trincadeira, Castelão, Alicante Bous-chet e Cabernet Sauvignon. O Cabernet fazia 10 a 15% do total, e com o tempo essa percentagem tem diminuído, já que as novas plantações foram feitas com Touriga Nacional, e aumentando algu-mas das outras castas. Hoje tem 1,5ha de Cabernet, num total de 33ha de vinhas. Entre as novas castas, plantou algumas outras que procuram fazer o papel do Cabernet no lote fi nal, como a Petite Syrah, ou um híbrido de Cabernet chamado Centurion. Na Quinta do Mouro o Cabernet dá ocasionalmente para fazer um vinho estreme, mas normalmente entra apenas no lote com 10%, asseguran-do longevidade e classe. Louro defende que a Syrah descaracteriza os vinhos do Alentejo, enquanto o Cabernet marca os vinhos, mas não de uma forma enjoativa, garantindo taninos fi rmes mas suaves e elegantes. Também em 1989, João Portugal Ramos plantou o seu Cabernet Sau-vignon, cerca de 20% da área de vinha. João tinha trabalhado na Adega Cooperativa de Reguengos, onde a casta existia e dava boas indicações:

boa maturação, compensando bem os excessos compotados das castas alentejanas, e trazendo uma dimensão extra, bem como boa evolução em garrafa. Hoje João recebe anualmente uvas de 40ha de Cabernet, num total de 400ha de uvas tintas.Nos tempos mais recentes, o Cabernet é das castas internacionais a que mais sofre com o calor, já que tem um ciclo vegetativo longo. O Cabernet costumava ser sempre a última casta a ser vindimada, mas nos últimos anos isso não tem acontecido. Em 2015 o ano foi quente e muito seco, mas o desempenho do Cabernet foi extraordinário, le-vantando dúvidas sobre a verdadeira adaptação da casta nos diversos anos agrícolas. A secura costuma impor bagos pequenos, o que não é favorável ao equilíbrio dos vinhos. Os bagos médios aguentam me-lhor o calor e alcançam uma maturação equilibrada. João Portugal Ramos admite que o Cabernet marca muito os vinhos, mas defende que os 10% que inclui no seu lote alentejano clássico

não são demasiado pesados, desde que os outros 90% tenham um peso que se lhe possa equiparar. Assim, pode-se esperar no lote fi nal as melhores características do Cabernet Sauvignon, elegância, durabilidade, boa acidez e um toque especiado, que dão uma dimensão extra. Os melhores solos para o Cabernet são os vermelhos de xisto. Por outro lado, Portugal Ramos defende que a Syrah é mais fácil na vinha e na adega, mas tem uma mortan-dade muito grande, devida a problemas com o porta-enxerto.O Esporão Reserva sempre incluiu uma compo-

nente importante de Cabernet Sauvignon. São 30ha, ou seja, menos de 10% do encepamento de uvas tintas. As primeiras vinhas de Ca-bernet foram plantadas em 1980. Segundo Luís Patrão, o Cabernet já teve mais infl uência do que tem, porque os Verões têm sido muito quentes, o que dá origem a um vinho mais vegetal e com mais pira-zinas. Nos anos quentes a percentagem reduz-se, mas nos anos mais frescos a percentagem de Cabernet do Esporão Reserva chega os 10%.David Baverstock, o líder da enologia, defende uma grande estabili-dade no estilo do vinho, que recebe 30 a 40% de Alicante Bouschet, 20 a 30% de Aragonês, e o restante é Trincadeira, Touriga Nacional, Tinta Miúda, Syrah, etc. São já mais de 600 mil garrafas, que passam

O Cabernet Sauvignon tem grande

importância, mesmo que não esteja na moda

Bacalhôa: o primeiro Cabernet é da colheita de 1979

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castas

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de uvas tintas. A primeira colheita a ser engarrafada foi a de 2000. O vinho é feito em lagares com pisa mecânica e estagia em barricas de carvalho francês, das quais metade são novas. São apenas 5000 garrafas. O Cabernet nunca foi incluído em lotes, já que marcaria muito o estilo do vinho. O Cabernet da Chocapalha é clássico, fres-co, com grande potencial de envelhecimento. Os primeiros vinhos eram muito duros, mas pouco a pouco a vinha foi-se equilibrando. Hoje produz muito pouco, 2-3ton/ha, dando vinhos envolventes e equilibrados. Sandra repara que a casta tem recuado um pouco nos encepamentos, e parte das razões são comerciais. Se há 15 anos uma casta internacional fazia diferença e criava interesse nos compra-dores, hoje o fenómeno é o contrário, e são as castas portuguesas que despertam interesse.

NORTE

Na Bairrada, Manuel Campolargo plantou Cabernet Sauvignon nos anos 80, já que fornecia uvas para a Aliança, que tinha uma gama de vinhos varietais com castas internacionais. Mais tarde os Campolargo passaram a engarrafar os próprios vinhos, e lançaram o Calda Bor-daleza, com um lote de Cabernet Sauvignon (40%), Merlot (40%) e Petit Verdot (20%). Carlos Campolargo defende que há muitos paralelos entre a região da Bairrada e a de Bordéus, tanto em termos de solos e clima, como prin-cipalmente da infl uência atlântica. Assim, escolheu um lote típico do Médoc, já que considera que o seu Cabernet amadurece bem sem ser excessivo. Nos anos mais difíceis aumenta a quantidade de Merlot, já que amadurece antes das chuvas. O Petit Verdot aguenta melhor o mau tempo e assegura o papel que usualmente é do Cabernet. Nos anos muito bons, aumenta o Cabernet e reduz o Merlot. Para Carlos, o Cabernet é uma grande casta, que se adapta bem a todo o lado, mostrando sempre o seu terroir. Prefere não o engarrafar a solo, porque é nos lotes que o Cabernet recebe e dá um benefício maior, a sua complexidade. Hoje o Cabernet está em 15ha num total de 90ha de castas tintas. Jorge Moreira disse-me que foi de Cabernet Sauvignon o primeiro vi-nho que fez, em 1996, na Quinta de Cidrô. Para além disso, foi sem-pre a casta com que aprendeu mais, provando vinhos de várias ori-

por barricas de carvalho francês (30%) e americano (70%), novas (20-30%) e usadas. Do ponto de vista agrícola a casta não dá quais-quer problemas, não tem doenças, é fácil de podar, e permite vindima mecanizada. Mesmo assim, o Cabernet já foi mais amado no Esporão. As castas que estão em crescendo são a Alicante Bouschet, a Petit Ver-dot, a Tinta Miúda, a Petite Syrah e a Touriga Franca.

TEJO E LISBOA

O Tejo terá sido das primeiras regiões a admitir o Cabernet Sauvignon para os seus vinhos DOC. Martta Reis Simões, da Quinta da Alorna, re-latou que os actuais 22ha (de 111ha de tintas) de Cabernet foram plan-tados há 22 anos, quando houve uma grande transferência de vinhas dos terrenos de aluvião para a charneca. A Cabernet foi introduzida como casta melhoradora e tem sempre entrado nos lotes de Reserva ou Grande Reserva. As produções são muito baixas, 4-5ton/ha, e os 35% de Cabernet no lote do Reserva marcam bastante o vinho, mas equilibra-se com a Touriga Nacional. Martta nota um recuo no uso da casta na região do Tejo, com as plantações mais recentes a apostar na Syrah e Touriga Nacional. Também no Casal da Coelheira se aposta no Cabernet, com a casta a entrar nos lotes dos dois vinhos de gama mais alta. Nuno Falcão Ro-drigues faz o seu Mythos com 40% de Cabernet Sauvignon, junto com 40% de Touriga Nacional e 20% de Touriga Franca. As vinhas de Ca-bernet têm agora 30 anos, são 7ha de entre 45ha de uvas tintas, e estão em terrenos arenosos, o que assegura muito baixo vigor às videiras.Segundo Nuno Falcão Rodrigues, a estratégia que envolve o uso do Cabernet não foi apenas técnica, mas também comercial: em alguns mercados menos maduros uma casta conhecida ajudava a atrair con-sumidores para o vinho. Esta estratégia será comum a outros produ-tores da região Tejo, mas, para Falcão Rodrigues, a prazo a bandeira terá que vir das castas nacionais. Isto embora o Cabernet seja uma mais-valia, conferindo complexidade, frescura e equilíbrio aos ex-cessos da Touriga Nacional. Já Sandra Tavares da Silva declarou que nos anos 80 e 90 a região de Lisboa vivia um período de grande experimentalismo, o que ex-plica a aposta no Cabernet Sauvignon. Na Quinta de Chocapalha, foi plantado em 1988, apenas 1,6 hectares num total de 36 hectares

Lisboa: a região da capital (aqui a vinha e a adega da Quinta de Pancas) foi das primeiras a admitir o Cabernet Sauvignon para os seus vinhos DOC

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59LISBOA DIREÇÃO COMERCIAL T +351 913 806 115 EMAIL [email protected]

HERDADE DA BOMBEIRAMÉRTOLA SEDE T +351 286 612 287 F + 351 286 612 229 EMAIL [email protected]

(600m), o solo e o clima, bem como o formato do cacho, com bagos soltos a assegurar bom areja-mento, e a película espessa, serão fundamentais para este sucesso. Dos 6ha iniciais, a quinta tem hoje 12ha de Caber-net, num total de 35ha de uvas tintas. No Reserva o Cabernet entra a 60%, com as restantes a serem a Touriga Nacional, Tinta Amarela e Tinta Roriz. Já o Grande Reserva leva as uvas da melhor parcela de Cabernet, um total de 90%, com os 10% fi nais de Touriga Nacional. Rui Cunha admite que hoje já não se aposta tanto no Cabernet Sauvignon, já que as castas nacionais têm ganho adeptos. As com-

binações entre castas portuguesas e castas internacionais conhecidas continuam a ser um bom argumento de vendas, mas hoje o papel do Cabernet pode ser desempenhado por outras castas, como a Syrah.

PASSADO E FUTURO

Fechámos a volta a Portugal, procurando entender os amores e ódios(--zinhos, vá lá) pelo Cabernet Sauvignon. Quase todos os enólogos se revelaram adeptos da casta, mas poucos lhe dão a dignidade do en-garrafamento estreme. Parti de uma conjectura que os depoimentos confi rmaram, a de que o Cabernet teve um papel determinante na defi nição dos modernos vinhos em muitas regiões, mas que esse pa-pel pode hoje ser suprido com outros meios, tanto na vinha como na adega como na combinação das duas. Mesmo que o Cabernet desapa-recesse dos nossos vinhos, a sua contribuição já teria sido notável. E, como me disse um dos enólogos, por muito pouco que os seus cole-gas gostem de Cabernet Sauvignon, poucos serão os que não gostam de um Château Latour. Então?!...

gens, Bordéus, Novo Mundo, novos e com idade. É uma casta com características identifi cáveis e claras, mas diferente consoante o sítio onde es-tava plantado. Assim, teve curiosidade em expe-rimentar, e decidiu plantar 600 pés de Cabernet na sua vinha, em 2001. Sempre teve difi culdade em amadurecer as uvas, já que o Douro é quente demais, mesmo na sua quinta algo sombria e com exposição Norte. Todos os anos escolhia a parcela de Sousão e a de Touriga Nacio-nal que pudessem fi car melhor com o Cabernet, e fermentava tudo junto em lagar, numa proporção de 60% Touriga, 20% Sousão e 20% Cabernet, se-guindo o modelo dos Supertoscanos. Em 2007 fi nalmente teve um Ca-bernet maduro, sem pirazinas, e engarrafou 2000 garrafas deste vinho, que foi certifi cado como Regional Duriense. Em prova, o vinho pare-ce-lhe sempre muito jovem e com imenso potencial de evolução, com óptima acidez, um tinto puro do Douro mas mais leve e suave na boca.Para Moreira, as castas são pouco importantes, servem antes de veí-culo para mostrar o terroir. Tem na cave outras colheitas deste vinho que poderão ser lançadas, mas são muito poucas e a decisão não está ainda tomada.Um Cabernet Sauvignon histórico em Portugal é o Valle Pradinhos Reserva, cujas uvas vêm de Trás-os-Montes, perto de Macedo de Ca-valeiros. Rui Cunha é o enólogo, mas as vinhas foram plantadas nos anos 1970/80, no tempo de João Nicolau de Almeida, que tinha vindo há pouco de França e trazia ideias novas. Segundo Rui Cunha, é um pouco inexplicável a adaptação do Cabernet a este 0, mas o facto é que todos os anos ele amadurece muito bem. Mesmo com vindimas tar-dias, depois do equinócio, as uvas não apodrecem. A altitude elevada

O Cabernet Sauvignon teve um papel importante

na defi nição de muitos vinhos, mas

hoje há alternativas

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castas

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16 €8,99Valle Pradinhos Reg. Transmontano Reserva tinto 2011Maria Antónia MascarenhasNariz com vagem de baunilha, notas fl orais, compotas, e uma nota de madeira seca. Na boca tem corpo médio, ligeira doçura frutada, taninos e acidez macios, tudo suave, bem feito, integrado. (14%)

16,5 €15,98MythosReg. Tejo tinto 2012Centro Agr. Tramagal Frutos pretos, terra húmida, especiarias e minerais. Corpo médio, acidez alta, tudo bem envolvido, simples e directo ao assunto, com boa textura, fi nal intenso e vivaz. (14%)

17,5 €25Calda BordalezaBairrada tinto 2009M. S. Campolargo Herd.Penetrante, com frutos azuis e minerais, ainda ervas grelhadas, tostados. Muito equilibrado na boca, generoso e afável, sério e ao mesmo tempo aberto, com taninos gulosos, fi nal muito bem defi nido e vibrante. (14,5%)

17 €17,99Esporão Alentejo Reserva tinto 2013Esporão Frutos pretos, tostados e especiarias, minerais, muito afável e sólido, com boa complexidade. Jovem e fresco, com taninos envolvidos, acidez integrada, fi nal muito fumado, sereno e equilibrado, a pedir tempo. (14,5%)

18 €29,99Marquês de BorbaAlentejo Reserva tinto 2012J. Portugal RamosFrutos negros, minerais, tostados, muito cacau e chocolate, cheio e envolvente. Corpo robusto, taninos polidos bem envolvidos, acidez suave, muito texturado e longo, com fi nal sóbrio, focado. (14,5%)

17,5 €30Poeira CSReg. Duriense tinto 2007Jorge MoreiraMinerais, fruta preta, terra húmida, especiarias, muito intenso, ao tempo maduro e fresco. Corpo médio, textura suave e fresca, acidez e taninos muito equilibrados, a dar uma prova jovem mas já muito conseguida. (14%)

18 €16Quinta da Bacalhôa Reg. Península de Setúbal Cabernet Sauvignon tinto 2012Bacalhôa Vinhos de PortugalFrutos pretos, compotas, minerais, muito suave, com notas tostadas e especiarias. Sério e muito focado, com corpo médio, textura civilizada, acidez e taninos muito fi nos, fi nal muito longo e sereno. (14,5%)

18 €42,50Quinta do MouroReg. Alentejano Cabernet Sauvignon tinto 2011Miguel LouroComplexo e rico, muito característico, com frutos azuis, minerais, e um toque especiado de pimentos muito maduros. Elegante e estruturado, acidez felina, texturado, sóbrio e exuberante, muito longo. (14,5%)

16 €6Quinta da AlornaReg. Tejo Reserva Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon tinto 2011Soc. Agr. AlornaAroma intenso e caracterizado, com nuances das duas castas, como fruta e fl ores violetas, notas minerais e herbáceas. Fresco e anguloso, com taninos integrados, acidez refrescante, fi nal de bom porte e boa defi nição. (13,5%)

16,5 €24CovelaReg. Minho Reserva tinto 2012Lima & SmithTostados e fumados, ligeiro couro, notas de fruta preta canforada, um traço balsâmico, minerais. Muito fresco na boca, texturado, com taninos muito polidos, acidez suave, fi nal sereno e especiado. (13,5%)

16,5 €11Quinta de ChocapalhaReg. Lisboa Cabernet Sauvignon tinto 2013Casa Agr. MimosasMuito puro na fruta azul, como mirtilos, suave compota, especiarias doces e notas tostadas da madeira de estágio. Corpo médio, boa frescura, notas herbáceas revelam mais a casta, termina focado, com austeridade polida. (13%)

em

prova

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painel de prova

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Tintos Alentejo no topo

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Dos topos de gama do Alentejo só se pode esperar grandes vinhos. Nos tintos, que representam quase 80% do total dos vinhos da região, falamos mesmo de alguns dos melhores do país. Ano após ano, a qualidade surpreende, cada vez mais pela consistência, ou seja pela salutar convivência entre marcas com uma década e meia de história, ou mais, e outras novas que se estreiam.

TEXTO Nuno de Oliveira Garcia * FOTOS Ricardo Palma Veiga

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painel de prova

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SSe na primeira década deste novo milénio registámos um boom de novas marcas com vinhos com qualidade excelente (a maioria mantém-se hoje consolidada), e se dos últimos cinco anos para cá nos confrontámos com os estilos diversos dos melhores vinhos de cada casa (dos mais tradicionais aos mais modernos), a pergunta a fazer é a seguinte: Será que ainda nos surpreendemos com este painel? E a resposta não podia ser mais afi rmativa na medida em que, a par da enorme qualidade e dos diferentes registos em pro-va, deparámo-nos desta feita com vinhos de diferentes anos, ou seja com vinhos díspares, sim, mas por representarem, também, colheitas meteorologicamente diferentes e distintas evoluções em garrafa. Efectivamente, e numa única prova, provámos tintos das cinco colheitas entre 2009 e 2013, incluindo um de 2007. Alguns pro-dutores com quem falámos confi rmaram-nos que a colheita de 2012 era mais elegante e menos quente que a de 2011, outros re-velaram-nos que 2011, precisamente, tinha sido a sua melhor co-lheita de sempre, e outros ainda confi denciaram-nos que adoram os seus tintos de 2010, por estarem em óptimo momento de con-sumo e serem muito fi nos. Gosto para todos, pois claro; e ainda bem! Os diferentes solos e climas do Alentejo também ajudam a estes caprichos pois onde nuns anos o Verão foi mais fresco, por exemplo em Portalegre, o mesmo não se pode dizer bem mais a sul, na Granja-Amareja.Mais do que eventuais difi culdades em escoar os seus vinhos – o que é residual numa região líder no mercado nacional com uma quota de 46,4% em volume –, o facto de termos vinhos de várias colheitas nesta prova demonstra que são cada vez mais os produ-tores alentejanos em fase de maturidade e que, conscientemente e sem medo dos riscos que possam vir a correr, optam por lançar os seus melhores néctares com alguns anos de estágio em garrafa, preferindo que os mesmos estejam, essencialmente, estáveis e equilibrados em vez de jovens e fechados. Por isso, provámos um pouco de tudo: alguns (não muitos) vinhos novos de 2013, outros (em maior número) com mais um ano em garrafa da colheita de 2012, e outros ainda (bastantes mais) numa fase serena, prove-nientes das colheitas de 2011 e 2010. Sem esquecer também aque-les com maior evolução ainda em garrafa, dado serem, como aci-ma referido, das colheitas de 2009 e 2007. Em todos eles encontrámos muita qualidade, estilos e perfi s na-turalmente diferentes – desde logo pela própria diferença entre produtores e os estilos de cada casa e pelas diferenças entre várias colheitas –, num autêntico mosaico onde é o consumidor fi nal o grande benefi ciado, mais a mais dado o excelente preço de vários dos tintos provados, alguns deles pouco acima da faixa dos €10!

OS 2011 DOMINAMCom tantos vinhos provados de uma mesma gama, podemos ex-trapolar o resultado da amostra deste painel para o conjunto da re-gião. Desde logo, o sucesso acumulado de vários anos tem tornado o produtor alentejano mais tranquilo, menos necessitado de ven-der o vinho precocemente. Por outro lado, é hoje um produtor mais conhecedor do seu próprio vinho e mais confi ante da evolução do mesmo em garrafa. Também a necessidade de criar diferenças en-tre vinhos para agradar a vários públicos tem levado a que alguns produtores optem por vinhos com mais estágio em garrafa, crian-do um produto diferenciado como que se tratasse de um novo seg-mento. Se é verdade que produtores clássicos como a Herdade dos Coelheiros ou Mouchão já nos habituaram ao lançamento dos seus tintos com vários anos em garrafa, outros produtores não o faziam

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painel de prova

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no passado mas fazem-no agora, caso da Quinta do Mouro, da BCH (Barão de B) e do Azamor (Icon), entre outros, com vinhos lança-dos que reportam aos anos de 2009 e 2010. Se olharmos para a co-lheita de 2011 (e já lá vão quatro anos...), a lista de vinhos provados agiganta-se, sendo mesmo a colheita mais representativa nesta prova. Aliás, dois fenómenos muito interessantes ocorreram nes-te painel a esse propósito – (i) por um lado, a constatação de que a colheita mais presente em prova não foi a relativa há dois anos (2013, neste caso), como vinha sendo habitual em anteriores painéis de topos de gama; (ii) por outro lado, e em grande parte devido ao pri-meiro fenómeno relatado, alguns vinhos ago-ra provados – cerca de uma dezena – já o ti-nham sido no painel do ano passado dos topos de gama do Alentejo. Estamos em crer, e con-fi rmámos junto de alguns dos produtores, que tais circunstâncias se devem a uma preocu-pação recente em não lançar no mercado, e mesmo dar a provar à crítica, vinhos ainda em estado cru, optando os produtores por fa-zer um compasso de espera e ‘esfriar’ um mercado sempre seden-to de novidades, mais a mais com o Natal à espreita...

CLÁSSICOS DE SEMPREComo resultado da prova cega encontramos no primeiro lugar, ex aequo, dois vinhos habituados a estar no topo do topo regional e

nacional. De facto, quer o Private Selection do Esporão, quer o Jú-lio B. Bastos (homenagem deste produtor ao seu pai), são dois dos ‘suspeitos do costume’ e já estiveram no pódio deste painel em anos anteriores. São vinhos únicos, o primeiro resultado de uma crite-riosa selecção dos melhores lotes de Aragonês e Alicante Bouschet (e um pouco de Syrah) do conhecido produtor de Reguengos; o se-

gundo proveniente de um vinhedo velho não muito distante de Estremoz onde o Alicante Bouschet, vinifi cado em lagares de mármore, também brilha. Imediatamente atrás destes fi caram vinhos de uma mesma colheita – 2011 –, com perfi s diferentes mas todos de enorme qualidade, caso do original J José de Sousa (metade com vinifi cação em talha e outra me-tade em lagares) e dos modernos Cortes de Cima Reserva (mais uma grande colheita) e Zambujeiro (este na sua melhor edição de sempre, mais fresco e fi no), e ainda dois tin-

tos que vinham deixando saudade e que em boa hora voltaram a ser lançados após alguns anos de interregno: o irresistível T Terrugem de Borba e o potente Vale d’ Ancho de Montemor-o-Novo. Igualmente assinalável foi, uma vez mais, a qualidade geral dos vi-nhos no painel, com todos a alcançarem a qualifi cação de ‘muito bom’ ou ‘excelente’, ou seja, a merecerem pontuações acima de 16 valores. Já os preços continuam a ter algumas oscilações eviden-tes, apesar de, num olhar rápido, dar a impressão de que, relati-

Todos os vinhos do painel alcançam

classifi cações de “muito bom” ou “excelente”

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vamente ao passado recente, são hoje menos os vinhos acima de €30 e apenas três superam os €50. Mais relevante para o consu-midor médio talvez seja realçar que vários vinhos com classifi ca-ção de ‘muito bom’ se situaram abaixo dos €20, e – melhor ainda – mais de meia dúzia supera por pouco a fasquia dos €10; boas notícias, portanto.

UM ALENTEJO COM PRODUTORES MAIS EXPERIENTESNaturalmente, todos estes resultados – que não são de agora, mas sim dos últimos cin-co anos pelo menos – só são possíveis gra-ças a um trabalho muito bem feito por par-te de vários agentes económicos e ao longo do tempo. Desde logo, evidentemente, por parte dos próprios produtores que são hoje mais de duas centenas e meia (não incluin-do intermediários/ comerciantes), e que, porventura mais do que em outras regiões do país, cedo se profi ssionalizam e tiraram par-tido das ajudas disponíveis para, em pouco mais de década e meia, serem capazes de produzir, e em escala, produtos vínicos irresistíveis ao público, na qualidade e no pre-ço. Produtores que se espalham por uma região de grande di-mensão, com diversos terroirs e oito sub-regiões, numa área total de 20.800 hectares mas que, apesar dessa vastidão e diferenças, conseguem manter a marca Alentejo como símbolo de qualidade. A estratégia foi, claramente, vencedora, e o Alentejo apesar de ser

conhecido por ter bons vinhos a preço adequado, tem hoje já dos valores mais altos de preço médio de retalho por garrafa ao nível nacional. Ao trabalho dos produtores juntou-se o contributo de-terminante de uma CVR moderna, que deu espaço às empresas para estas fazerem o seu trabalho e se centrou – com especial acer-to – na certifi cação e na promoção. Agora, talvez mais do que nun-ca, posto que Dora Simões cessa o seu segundo e último mandato

à frente da CVR Alentejana (http://www.vi-nhosdoalentejo.pt), esse contributo deve ser relevado e destacado, em especial nos dois campos já anunciados e que Dora Simões não hesita também em salientar: em primei-ro lugar, na promoção da região no âmbito nacional e internacional, sendo sem dúvida uma das regiões que mais se destaca neste campo e com óptimos resultados visíveis a todos; em segundo lugar, na aceleração dos prazos de resposta relativamente a serviços administrativos e de certifi cação da DO Alen-tejo e IG Alentejano, aspecto que muitos produtores nos confi rmaram.

Em suma, com produtores e com uma CVR como o Alentejo tem, e benefi ciando de anos metereológicamente favoráveis – 2015 não é excepção, bem pelo contrário – só nos cabe esperar sempre o melhor desta grande (também na qualidade) região portuguesa. Temos, assim, um Alentejo forte, pujante e com ganas de não bai-xar os braços, com topos de gama tintos de enorme qualidade para todos os gostos e para grande parte das bolsas.

Temos, assim, um Alentejo forte,

pujante e com ganas de não

baixar os braços

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18 €62Cortes de CimaReg. Alentejano Reserva tinto 2011Cortes de CimaAragonês, Syrah, Petit Verdot, Touriga Nacional. Aroma com fumados e tostados da barrica, cacau em pó, fruto negro, pimenta branca, e notas mentoladas. Muito equilibrado na boca, cremoso e texturado, corpo envolvente e cheio de sabor, incluindo no fi nal. Irresistível. (14%)

a escolha deNuno Oliveira GarciaN

a escolha deJoão Paulo Martins18 €39,90J de José de SousaReg. Alentejano tinto 2011JMFGosto deste perfi l de Alentejo, por um lado sóbrio mas discreto, algo fechado mas cheio de carácter, com alguma rugosidade vegetal, rico e complexo. Um tinto gastronómico que se vai descobrindo ao longo da prova. Grand Noir na maioria, Touriga Francesa e Touriga Nacional.

Começa discreto aromaticamente, crescendo depois com nota fl oral, madeira e alguma grafi te e barro, também massa-pão, tudo muito complexo. Prova de boca fi na, vivo, seco mas retendo alguma elegância, tanino fi no, boa frescura, termina com muita presença. (14%)

18,5 €38Esporão Private SelectionAlentejo Garrafeira tinto 2012EsporãoAragonês, Alicante Bouschet e Syrah. Aroma muito concentrado, fruto em camadas, chocolate negro, balsâmicos e fundo químico com barrica. Boca imponente, todo redondo e afi nado, muita frescura, tanino vivo e cheio de garra. Encantador e com evolução garantida. (14,5%)

18,5 €75Júlio B. BastosReg. Alentejano Alicante Bouschet tinto 2012Júlio BastosHá já várias edições que este tinto consegue aliar as vertentes químicas, intensas e por vezes verdes, típicas do Alicante Bouschet, a um perfi l muito afi nado e quase sofi sticado. O segredo está nas vinhas velhas e no tratamento luxuoso que merece na adega. Temos aqui um tinto sério e sólido como poucos.

Aroma que denota concentração, químico, tenso com o fruto em camadas, nota a chocolate negro, balsâmicos e mentolados, com a madeira discreta. Redondo, com muito volume, e muito afi nado na boca, com frescura, tanino vivo de qualidade, e fi nal de boca com garra (14,5%)

ClassificaçãoEsporão Private Selection Garrafeira 2012Júlio B. Bastos Alicante Bouschet 2012

Cortes de Cima Reserva 2011J de José de Sousa 2011T Quinta da Terrugem 2011Vale d’ Ancho Reserva 2011Zambujeiro 2011

Escultor 2010Herdade Perdigão Reserva 2012Olho de Mocho Reserva 2011Outeiro 2012Plansel Selecta Grande Escolha 2013Quinta do Carmo Reserva 2011Quinta do Mouro 2009Reserva do Comendador 2012Scala Coeli 2012Tiago Cabaço Vinhas Velhas 2013

Altas Quintas Reserva 2007Athayde Grande Escolha 2012Bombeira do Guadiana Mário Grande Escolha 2013Conde de Ervideira Private Selection 2012Fonte Mouro Reserva 2012Gáudio Clássico Reserva 2011Herdade da Calada Barão de B Reserva 2010Herdade da Farizoa Grande Reserva 2012Herdade do Peso Reserva 2013Herdade do Sobroso Cellar Selection Reserva

Alicante Bouschet Syrah 2013Herdade dos Grous Reserva 2012Herdade Grande Reserva 2011Herdade Monte da Cal Saturnino Grande

Reserva 2011 Herdade Paço do Conde Winemaker’s

Selection 2011Herdade São Miguel Private Collection 2011Humanitas Reserva 2013Icon d’ Azamor 2010Malhadinha 2013Maria Mora Enamorada 2012Monte Branco 2012Monte da Ravasqueira Vinha das Romãs

Reserva 2012Mouchão 2010Pedra & Alma 2011Pousio Reserva 2013Preta 2012Quinta da Viçosa Aragonês e Petit Verdot 2012Reguengos Garrafeira dos Sócios 2011Riso Reserva 2012Solar dos Lobos Reserva 2013Tapada de Coelheiros Garrafeira 2009Vinhas da Ira 2009

GA Granja Amareleja 2013HDL Herdade dos Lagos Selecção Reserva 2013Herdade dos Machados Reserva 2011Infi nitum Grande Reserva 2011Monte da Capela 15 Anos Reserva 2013Montes Claros Garrafeira 2013Poliphonia Reserva 2013Quinta do Quetzal Reserva 2011Santa Vitória Grande Reserva 2012Tapada do Chaves VV Reserva 2010

Canto X Reserva 2009Poento Reserva 2011

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PIOSdouro.doc

www.pios.pt

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18 €29,90Vale d’ AnchoAlentejo Reserva tinto 2011Gabriel F. Dias100% Alicante Bouschet. Muito escuro no copo. Aroma jovem, vinoso, tinta-da-china, alcatrão e balsâmicos. Vigoroso na prova de boca, intenso mas ainda sisudo, muito fechado. Muito bem na boca, com fruto mas num perfi l seco e tenso, belas notas da barrica. Um vinho musculado, cheio de garra, para durar. (14,5%)

17,5 €18Olho de MochoReg. Alentejano Reserva tinto 2011RocimA. Bouschet, T. Nacional e Petit Verdot. Muito fl oral no aroma, fruto maduro, barrica discreta, bela evolução em curso. Carnudo e cheio na boca, acetinado, com sabor, tanino potente e óptima frescura. Entre austeridade e força, um tinto poderoso mas equilibrado. (14,5%)

17,5 €27OuteiroReg. Alentejano tinto 2012Terras de AlterMuito escuro na cor. Aroma sui generis, começa pouco falador, alguma folha de tabaco, nota de bosque, terroso. Muito bem na prova de boca, complexidade, fruto em camadas e taninos cooperantes, muito sabor na vertente frutada. Um tinto moderno e muito bem feito. (14,5%)

17,5 €35Plansel SelectaReg. Al. Grande Escolha tinto 2013Quinta da PlanselAroma generoso na vertente frutada – amora, ameixa preta e mirtilo maduro –, balsâmicos, com nota licorada no fundo, barrica de qualidade. Muito boa prova de boca, polida e massiva, muita matéria e cremosidade, estilo imponente e já com fi nal que se destaca. (15%)

a escolha deJoão Afonso17,5 €14,99Herdade PerdigãoReg. Alentejano Reserva tinto 2012Herdade do PerdigãoAfastado do comércio durante algumas colheitas, a Herdade Perdigão faz agora um feliz regresso. Fino, sofi sticado e genuíno, representa um Alentejo único que importa preservar a par da inovação. Prova muito alentejana, centrada na utilização da casta Trincadeira, com notas de feno seco, especiaria, fruto bonito. Muita classe e harmonia.

Trincadeira (80%) e Aragonês, com um pouco de Cabernet Sauvignon. Fruto muito bonito no aroma, ervanária, fl ores secas e mato (caruma), ainda chocolate num conjunto muito perfumado e galanteador. Muita matéria na boca, cheio e com sabor, cremoso e potente. (14,5%)

a escolha deLuís Lopes18 €45,90T Quinta da TerrugemAlentejo tinto 2011AliançaA vinha da Quinta da Terrugem é caprichosa e tem razões para isso: é das raras vinhas da zona sem rega. Os grandes anos são relativamente raros, mas dão origem a um dos melhores vinhos de Portugal. Aconteceu em 2011: este é o melhor T da Terrugem de sempre.

Aroma de grande impacto, fruta madura mas fl oral fresco também, num conjunto opulento, generoso, com notas de cacau fresco e ameixa preta, bastante complexidade. Muito frutado na boca, corpo cheio, taninos sólidos mas sedosos, muito carácter e sofi sticação. (14,5%)

18 €45ZambujeiroReg. Alentejano tinto 2011Quinta do ZambujeiroPetit Verdot (1/3), A. Bouschet, C.Sauvignon e T. Nacional. Madeira 100% nova. Fruto todo aprumado, óptima evolução, maduro – ameixa e amora – nota de tabaco. Muito volume na boca, texturado e cremoso, mas com frescura. Charmoso. (16%)

17,5 €60EscultorReg. Alentejano tinto 2010Soc. Agr. da SossegaTrincadeira, Aragonês, e Petit Verdot. Bouquet com licorados bonitos, evolução clássica e nobre, fi no, com matizes de ameixa madura, fruto encarnado vivo e pimenta branca. Cheio na boca, com bom volume, tanino macio, elegância e fi nura, tosta leve, termina suave e muito saboroso. (14,5%)

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17,5 €35,90Quinta do CarmoReg. Alentejano Reserva tinto 2011Bacalhôa VinhosA. Bouschet, C. Sauvignon e Syrah. Fechado no aroma, que abre para um lado fl oral, pimentos vermelhos e um fundo vegetal que se integra bem na barrica. Apimentado na boca, com tanino preciso e garra, muito bem no sabor e acidez, com complexidade e frescura seduzindo o provador. (14,5%)

17 €25Altas QuintasReg. Alentejano Reserva tinto 2007Altas QuintasTrincadeira, Aragonês, e Alicante Bouschet. Evolução clara mas com muita qualidade, nota de couro, fruto vermelho, algum pimento, conjunto clássico. Prova de boca com sabor, perfi l seco e leve, todo cheio de carácter e complexidade. Em óptimo momento de consumo. (14%)

17 €19Athayde Reg. Alent. Grande Escolha tinto 2012Monte da RaposinhaAroma ainda fechado, com algum fruto encarnado, barrica discreta mas muito bem casada, pendor fl oral, noz moscada e pimentas. Bom volume, fresco e com sabor, muito fi no nos taninos que são sedosos. Um tinto completo, muito bem desenhado e para alguma guarda. (14,5%)

17 €15Bombeira do Guadiana MárioReg. Alent. Grande Escolha tinto 2013Bombeira do GuadianaCabernet Sauvignon. Fruto encarnado vivo, bastante jovial e com garra, resina de cedro, balsâmicos, intenso e profundo. Belo volume na prova de boca, com muita fruta de qualidade, largo, profundo e com fi nal longo. Intenso e muito cativante. (15%)

17 €26,50Conde de Ervideira Private SelectionAlentejo tinto 2012ErvideiraAragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet. Exuberante no nariz com fruto encarnado vivo, casca de laranja e leve fl oral seco, minerais esmagados, especiado ainda. Todo fresco e leve na boca, taninos fi nos, meio corpo, termina com sabor. Muito atractivo. (13,5%)

17 €10,89Fonte MouroReg. Alentejano Reserva tinto 2012Monte Novo e Figueirinha Apenas Touriga Nacional. Muito tostado no aroma, fruto maduro e leve vegetal seco, todo ele jovem, fl oral bonito. Conjunto equilibrado. Barrica a comandar na boca, fruto mas também baunilha, taninos precisos mas secos, muito harmonioso. (13,5%)

17,5 €27Quinta do MouroReg. Alentejano tinto 2009Miguel Viegas LouroAragonês, A.Bouschet, T. Nacional e C. Sauvignon. Aroma exuberante com fl oral maduro, fruto encarnado, conjunto muito bonito e sedutor. Boca com bastante garra, seco e intenso, persistente mas com tanino sedoso, frescura balsâmica. Um vinho que dará muito prazer à mesa. (14%)

17,5 €19,90Reserva do ComendadorReg. Alentejano tinto 2012Adega MayorAlicante Bouschet, Syrah e Touriga Nacional. Grande presença aromática, perfumadíssima: cacau, fruto maduro, leve fl oral, madeiras doces. Mostra-se muito sedoso na boca, requintado até, conjunto rico, com sabor, boa frescura, e fi nal muito elegante. (14,5%)

17,5 €32,27Scala CoeliReg. Alentejano tinto 2012Fund. Engénio AlmeidaNesta edição, é apenas Cabernet Sauvignon. Aroma maduro e tenso, fruta negra com a casta num perfi l menos vegetal do que o habitual. Prova de boca com grande equilíbrio, tanino cooperante, fruto intenso e saboroso, especiaria, cacau, conjunto macio mas de grande dimensão. Muito apelativo. (14,5%)

17,5 €12Tiago Cabaço Vinhas VelhasReg. Alentejano tinto 2013Tiago Cabaço WinesNo nariz são os licorados a comandar, algum alcaçuz, terra húmida, ervanária, fruto maduro e nota láctea – muito original. Prova de boca em frescura, médio corpo, tanino macio mas com garra, barrica muito bem integrada, termina amplo e já com um fi nal intenso. (14,5%)

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17 €14,99Gáudio ClássicoReg. Alentejano Reserva tinto 2011RibafreixoAlicante Bouschet e alguma Touriga Nacional. Aroma marcado pelo lado mais fl oral, com a madeira presente mas bem inserida, perfi l moderno. Muito boa proporção na boca, barrica muito bem integrada, elegante e ainda jovem, a crescer. (14,5%)

17 €35Herdade dos GrousReg. Alentejano Reserva tinto 2012Monte do TrevoAlicante Bouschet, Tinta Miuda e Touriga Nacional. Aroma centrado no fruto encarnado, framboesa e morango maduro, leve barrica, focado e alegre. Médio corpo na prova de boca, elegante e fresco, tanino vivo e perfi l jovem. Conjunto muito afi nado que viverá bem à mesa. (14,5%)

17 €24Herdade GrandeReg. Alentejano Reserva tinto 2011António Manuel LançaA.Bouschet, T. Nacional e Touriga Franca. Fruto negro, nota licorada, leve couro, fundo vegetal e químico. Prova de boca com sabor, fruto e algum pimento verde, perfi l seco e austero, viril mas com frescura. Bela acidez, termina fresco e vegetal. Intenso e concentrado. (15%)

17 €24,99Herdade Paço do Conde Winemaker’s SelectionReg. Alent. tinto 2011Encosta do GuadianaAragonês e Alicante Bouschet. Muito fruto no nariz, encarnado e preto, com boa profundidade, aroma fi no, nota a ginja, madeira discreta. Muito bem integrado na boca, saboroso e personalizado, perfi l jovem e quente, termina sumarento. Muito sedutor. (14,5%)

17 €39Herdade São Miguel Private Collection Reg. Alentejano tinto 2011Alexandre RelvasAragonês e Alicante Bouschet. Aroma intenso, muito fruto silvestre, também químico e nota a ginja, conjunto com bela profundidade. Boa integração na boca, sumarento e generoso, volumoso e com a barrica a conduzir a prova. Um tinto luxuoso. (15%)

17 €22Herdade da Calada Barão de BAlentejo Reserva tinto 2010BCHAragonês, Trincadeira e A.Bouschet. Intenso no nariz, combinando notas verdes com outras mais quentes (doce de leite e alcatrão) e da barrica (coco, tostados). Prova de boca com tanino saboroso, conjunto generoso, chocolate, leve picante, muito especiado, termina longo e sedoso. (16%)

17 €19,90Herdade da FarizoaAlentejo Grande Reserva tinto 2012GaianenseSyrah e Touriga Nacional com um pouco de Trincadeira. Aroma marcado pelos tostados, muita extracção e boa profundidade, erva-doce, funcho, baunilha da barrica e ameixa preta. Na boca a madeira marca o compasso, muito tanino, num conjunto com volume, longo e saboroso fi nal. (14,5%)

17 €14,99Herdade do PesoAlentejo Reserva tinto 2013SograpeMuito fruto em camadas no aroma, algo fechado e com o lado mais químico e vegetal a revelar-se. Sente-se a extração na prova de boca, com o tanino seco, muita ambição e amplitude, mineral, boa acidez, conjunto muito sério e tudo a pedir mais tempo em garrafa. (14,5%)

17 €17,50Herdade do Sobroso Cellar SelectionAlentejo Reserva Alicante Bouschet Syrah tinto 2013Herdade do SobrosoConcentrado no aroma com muito fruto preto, profundo e opulento, perfi l vegetal seco ainda. Tanino vivo na boca, mas sempre cremoso e sedoso, muita fruta mas também boa frescura que benefi cia o conjunto e ajuda a prolongar uma prova intensa e saborosa. (14,5%)

17 €19,90Herdade Monte da Cal SaturninoReg. Alent. Grande Reserva tinto 2011Herdade do Monte da CalAragonês, Touriga Nacional e Alicante Bouschet. Aroma maduro com notas doces de ginja, bonito fl oral, leve mineral, conjunto fresco, vivo e atraente. Muito bem na boca, macio e redondo, focado em agradar, fruto maduro mas equilíbrado, com boa acidez que segura o vinho. (14,5%)

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17 €60Icon d’ AzamorReg. Alentejano tinto 2010Kilburn & GomesAroma intenso, muito fl oral, leve menta, algum vegetal, com barrica muito bem ao fundo. Leve e seco na boca, médio corpo, conjunto ainda jovem e cheio de fruta, com fruto bonito ligeiramente doce. Um tinto delicado e sofi sticado na prova de boca que será muito polivalente à mesa. (14%)

17 €25MouchãoAlentejo tinto 2010Vinhos da Cavaca DouradaAlicante Bouschet e Trincadeira. Aroma com fruto muito maduro, balsâmicos, especiado e vivo aromaticamente, ligeira amêndoa. Muito fresco na boca, tanino fi no e elegante, boa acidez, médio corpo. Longo fi nal, com uma austeridade moderada e positiva. (14%)

17 €19,90Pedra & AlmaReg. Alentejano tinto 2011Sonho LusitanoMuito balsâmico no nariz, depois surge o fruto negro, notas da madeira, tosta, e leve fl oral. Fruta encarnada na boca, ervanária, equilibrado e macio mas com boa estrutura, fruto seco, termina longo e afi nado. Muito apelativo e moderno, de agrado generalizado. (14,5%)

17 €15PousioReg. Alentejano Reserva tinto 2013HMRA. Bouschet, T. Nacional e Petit Syrah. Fechado mas aprumado no aroma, fruto muito bonito, fumado bem agradável, fl ores secas, contido e sério. Belo impacto na boca, tanino saboroso, texturado, fi nal com fruto e especiaria, fresco, conjunto pronto a beber e a pensar na mesa. (14%)

17 €49,50PretaReg. Alentejano tinto 2012Fita PretaAroma intenso, fruto negro macerado, notas maduras a fi go e bolo de mel, com a barrica a mostrar-se no fundo. Vigoroso na prova de boca, com sabor, tanino bem trabalhado, apimentados da barrica, tudo com estrutura e garra. Atlético e perfeito para a mesa. (14,5%)

17 €32MalhadinhaReg. Alent. tinto 2013Herdade da Malhadinha NovaA. Bouschet, Cabernet Sauvignon, Tinta Miúda e outras. Muito equilibrada a prova aromática, perfi l frutado, acessivel e sensual, percepção de doçura e fundo balsâmico. Muito macio mas com intensidade e sabor, todo a pensar no equilíbrio fi nal e sem arestas. Bela proporção de conjunto. (14,5%)

17 €35Maria Mora EnamoradaReg. Alent. tinto 2012Magnum Carlos Lucas VinhosA. Bouschet, T. Nacional, Syrah e outras. Perfi l aromático extraído com notas a laranja confi tada, muitos balsâmicos, chocolate amargo, fruto negro, apimentados e fundo com baunilha. Tanino seco na prova de boca, tosta, fruto preto austero e latente. Um tinto para guarda. (14,5%)

17 €38Monte BrancoReg. Alentejano tinto 2012Adega do Monte BrancoFruta madura, fl oral também, estilo opulento e generoso, com notas a cacau fresco, barrica de qualidade e percepção de alguma mineralidade. Mais austero na boca, com complexidade, corpo cheio, fresco, focado e cremoso, fundo mineral. Vai crescer com alguma cave. (13,5%)

17 €14,50Monte da Ravasqueira Vinha das RomãsReg. Alentejano Reserva tinto 2012Soc. Agr. D. DinizSyrah e Touriga Franca. Aroma com fruto preto em camadas, madeira à frente com tosta, grafi te. Prova de boca com muito sabor, vigoroso, cremoso, generoso na entrega, tanino fi no e muita frescura no fi nal de boca, com um lado muito gastronómico. (13%)

17 €15,50HumanitasReg. Alentejano Reserva tinto 2013José RodriguesApenas Syrah. Fruto muito maduro, negro, todo em camadas, muito apelativo com a barrica discreta e grande aprumo. Muito polido na prova de boca, tentador, sumarento, algo morno mas sem cansar, novamente belo trabalho com a barrica. Difícil resistir. (14,5%)

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17 €17,99Reguengos Garrafeira dos SóciosAlentejo tinto 2011CarmimFruto maduro no aroma, leves compotados, café e amêndoa amarga também, nota terrosa muito interessante. Muito bem na boca, com tanino vivo, bom volume e precisão, tenso e saboroso, seco no fi nal, aguentando bem o estágio em garrafa por mais alguns anos. (14,5%)

17 €24Vinhas da IraReg. Alentejano tinto 2009Henrique UvaVinhas velhas. Aroma com exuberância, todo fl oral maduro, casca de laranja, azeitona verde, boa complexidade evolutiva. Na boca revela garra, com boa textura, leve doçura frutada muito bem casada com a barrica. Vinho num ponto óptimo de consumo, gastronómico. (14%)

16,5 €12GA Granja Amareleja Alentejo tinto 2013Coop. Agrícola da GranjaCasta Moreto plantada em pé-franco. Notas evidentes a eucalipto, também chocolate negro, num aroma interessante e exuberante. Fruto encarnado na boca, com tanino muito vivo, boa textura e acidez, um vinho diferente, atractivo, todo direccionado na vertente frescura e na aptidão gastronómica. (14%)

16,5 €16HDL Herdade dos Lagos SelecçãoReg. Alentejano Reserva tinto 2013Herdade dos LagosAroma marcado por uma nota a vegetal seco, amargos bonitos e alguma tinta-da-china, num conjunto de perfi l austero. Tanino espevitado, seco e algo anguloso na textura, mas potente e musculado. Em construção ainda, fechado e sério. (14,5%)

16,5 €11Infi nitumReg. Alent. Grande Reserva tinto 2011Fundação Abreu CaladoAlicante Bouschet e Touriga Nacional. Leve evolução positiva, conjunto fl oral, atraente, madeira discreta. Bom tanino na boca, sólido e austero, saboroso e muito frutado com notas a ameixa encarnada e fruto azul, algum chocolate e leve mineral, fi nal de boca suave e doce. (14,5%)

16,5 €16Monte da Capela 15 AnosAlentejo Reserva tinto 2013Monte da CapelaAlicante Bouschet e Touriga Nacional. Aroma rico, fruto maduro, tostados, leve fl oral, e fundo com chocolate, num conjunto apelativo. Na prova de boca revela pendor vegetal, integrando a fruta negra, afi nado e aprumado, termina morno. (15%)

17 €25RisoReg. Alentejano Reserva tinto 2012Herdade Monte do VauTouriga Nacional e Syrah. Aroma com fruto muito bonito e delicado, madeira perfeitamente integrada, percepção de leve doçura frutada. Médio corpo na prova de boca, muito atractivo e com sabor, franco e alegre, cremoso e elegante, muito focado e objectivo. Para a mesa. (14%)

17 €12,90Solar dos LobosReg. Alentejano Reserva tinto 2013Silveira e OutroAlicante Bouschet, Syrah, e Touriga Nacional. Muito fl oral no nariz (violetas), com prova intensa e fragante, nota láctea de doce de leite. Prova de boca larga, redondo e macio, bem equilibrado e cheio de juventude. Um vinho que alia alguma elegância e frescura ao fruto maduro e denso. (15%)

17 €38Tapada de CoelheirosReg. Alentejano Garrafeira tinto 2009Herdade dos Coelheiros Aragonês e Cabernet Sauvignon. Fruto maduro, nota bonita de evolução nobre, ervanária, cânfora e balsâmicos frescos. Bastante sedoso na prova de boca, fruto encarnado, óptima acidez, fi nal longo e com sabor, com amargos fi nais muito interessantes. (14,5%)

17 €19,99Quinta da ViçosaReg. Alentejano Aragonês e Petit Verdot tinto 2012J. Portugal RamosMuito afi nado de aroma, com fruto latente, bom fl oral, equilíbrio e de elegãncia. Na boca revela um lado fl oral muito vivo e alegre, com tanino desafi ador e boa acidez. Termina com força e muito especiado. Sofi sticado, sedutor e equilibrado. (14,5%)

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16,5 €12,49Montes ClarosReg. Alentejano Garrafeira tinto 2013Adega Coop. BorbaFruto em camadas, notas doces a barrica, coco, e alguns balsâmicos. Intenso na prova de boca, tanino algo seco mas saboroso, conjunto generoso na entrega com fruta elegante, boa acidez. Gastronómico e a merecer tempo de guarda para poder crescer. (14,5%)

16,5 €12Santa VitóriaReg. Alent. Grande Reserva tinto 2012Casa Santa VitóriaMuito balsâmico no aroma, casca de árvore, fl oral intenso e barrica discreta. Médio corpo na prova de boca, de perfi l leve e se pendor elegante e fi no. Madeira muito bem integrada, fruta de qualidade, conjunto muito interessante e com pendor gastronómico. (14%)

16,5 €15Tapada do Chaves VVAlentejo Reserva tinto 2010Tapada dos ChavesFruto muito maduro no primeiro impacto aromático, evolução notória com um perfi l fi no e fl oral, mineral e terroso. Boa complexidade na prova de boca, seco e tenso, a pedir decantação. Perfi l clássico com fruto encarnado, médio corpo, tanino fi no, tudo muito bem. (15%)

16 €12Canto XReg. Alentejano Reserva tinto 2009Herdade da Madeira VelhaProva de nariz com fruto encarnado (framboesa) vivo, vegetal, nota de rebuçado de fruto. Bastante macio na prova de boca, sentindo-se bem a evolução, envolvente e sedoso, muito bem na persistência do sabor, com fi nal bem conseguido. (14,5%)

16 €18PoentoReg. Alentejano Reserva tinto 2011Espaço RuralAlicante Bouchet, Touriga Nacional e Petit Verdot. Aroma muito especiado com paprika e noz moscada, fruto maduro, nota exuberante a ginja. Tanino muito vivo e seco na boca, que lhe dá um tom mais austero e sério, com bom volume no fi nal saboroso e persistente. (14,5%)

16,5 €13,99PoliphoniaReg. Alentejano Reserva tinto 2013GranacerAroma marcado pelas notas mentoladas e a eucalipto, com fruto negro bonito e boa percepção de frescura. Fresco na prova de boca, casca de árvore, fruto negro, médio corpo, macio e cremoso com tanino bem desenhado. Um vinho muito focado que funcionará bem à mesa. (14,5%)

16,5 €10Herdade dos MachadosAlentejo Reserva tinto 2011Santos JorgeAragonês, Trincadeira, Alfrocheiro e Castelão. Aroma com leve evolução, fruto maduro, ameixa preta e passas de uva. Gordo na prova de boca, morno, mas de tanino fi no e muito sabor, nota de ameixa, cereja e algum tabaco doce. Longo, afi nado, saboroso, com carácter Alentejo. (14,5%)

16,5 €20,90Quinta do QuetzalAlentejo Reserva tinto 2011Quinta do QuetzalSyrah, Alicante Bouschet e Trincadeira. Muito concentrado no aroma, com notas da barrica, cacau e especiarias, leves compotas. Prova de boca com doçura frutada, chocolate, fruto maduro, muita matéria, opulento e encorpado, ambicioso e capitoso no fi nal morno. (14%)

CLASSIFICAÇÃO QUALITATIVA

19-20 Grande vinho de classe mundial, impressiona extraordinariamente os sentidos

17,5-18,5 Excelente, de grande categoria e potencial.

16-17 Muito bom, com personalidade e complexidade

14-15,5 Bom, sólido e bem feito, bebe-se com prazer

12-13,5 Médio, honesto, simples, correcto, sem grandes pretensões

10-11,5 Abaixo da média, sem defeitos graves mas também sem virtudes.

Menos de 10 Negativo, defeituoso ou desequilibrado

INDICAÇÃO DE CONSUMO

beber ou guardar

beber

guardar

APOIOSÁgua S. Pellegrino / Vinalda

Copos Schott Zwiesel / Schmidt-Stosberg

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Este mês temos um ciclista profissional com títulos de campeão do mundo que bebe meio copo wde vinho para dormir melhor; um restaurador que adora o sudoeste asiático; e um chef de cozinha/pastelaria que gostava de cozinhar nos países nórdicos. Uma mistura interessante, sem dúvida.

* TEXTO Luis Antunes

Jael Martins Jael Anunciação Martins, conhecido por Joel, nasceu na República Federal da Alemanha em 1974, e frequentou o ensino secundário em Peniche. Sempre trabalhou no café do pai, Joaquim (na foto, à direita), mas teve outros trabalhos na construção civil e na lota de Peniche. Depois de fazer o serviço militar em 1994 pediu ao pai para abrir ao público um armazém que ele tinha junto ao café e onde fazia petiscos e alugava para festas. Nasceu assim a tasca do Joel, que pouco a pouco se tornou cada vez mais refinada, com mais e melhores vinhos, mais e melhores produtos gourmet de grande qualidade e origem certificada.

Qual a sua actividade preferida para Sábado à tarde? Verifi car se está tudo pronto para Sábado ao jantar. Quantas vezes foi às Berlengas? Muitas, sempre que o

mar permitiu. Que viagem de comboio gostaria de um dia fazer? Eas-

ter & Oriental Express, de Bangkok a Singapura ou Singapura a Bangkok, não interessa qual. São 7 dias e 6 noites de paisa-gens exóticas, patrimónios UNESCO como Angkor Wat e Luang Prabang.

Quantas gravatas tem? Quantas vezes por ano usa gra-vata? Qual o seu nó favorito? Seis. Uso quando vou a ca-samentos. Lais de guia.

Escolha três livros: um que não tenha conseguido acabar, um que tenha lido sem conseguir parar, outro que já tenha

lido várias vezes. Sem conseguir parar: Nicholas Sparks, “As palavras que nunca te direi”. Várias vezes: John C. Maxwe-ll, “O livro de ouro da liderança”. Não consegui acabar: “Ma-riano Calado, Peniche na história e na lenda”.

Qual o seu personagem preferido do Astérix? Obélix. Gosta de futebol? Qual o seu clube? Diga-nos o melhor

golo de sempre? Pelé ou Maradona? Sim. Não tenho. Pelé. Onde passaria as suas férias de sonho? A fazer o quê?

Tailândia, China, a explorar. Qual o melhor concerto a que já assistiu? Xutos & Pontapés. De entre os inúmeros programas de televisão sobre co-

zinha, escolha um para gravar na Tasca do Joel. Não tenho nenhum que tenha preferência para uma ligação à Tasca do Joel.

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Rui Costa nasceu em 1986 na Póvoa de Varzim. Tornou-se ciclista profissional em 2007. Entre vários outros resultados de grande relevo, venceu três etapas da Volta à França em 2011 e 2013, e foi o primeiro ciclista a vencer a Volta à Suíça por três vezes consecutivas (2012, 2013, 2014). Em 2013 foi campeão mundial de estrada em Florença, Itália. Em 2014 alcançou o nono lugar no ranking World Tour, e em 2014 chegou a quarto lugar do ranking da União Ciclista Internacional, ambas as melhores posições de sempre para ciclistas portugueses. Rui Costa foi campeão nacional de contra-relógio em 2010 e 2013 e é o actual campeão nacional de estrada.

Rui Costa

Sei que bebe um pouco de vinho à refeição mesmo durante as provas. Que vinho escolhe? Bebe do que arranjar localmente, leva vinho português, ou planeia com o staff da equipa? Sempre que posso trago vinho português co-migo e partilho com os colegas de equipa, especialmente ao jantar. Meio copo de vinho tinto ajuda a descansar melhor e consequentemente a recuperar melhor do esforço. Há quem tome um comprimido para dormir bem, eu prefi ro meio copo de vinho, é natural e faz bem.

Os seus colegas também bebem? Leva-lhes vinhos portugueses para pro-varem? Sim, bebemos todos ao jantar, quase sempre vinho português e sempre tinto.

Há grandes diferenças na alimentação durante e fora das provas? Des-creva um jantar para cada ocasião? Temos sempre o cuidado de comer bem, mais ainda em véspera e dias de competição. Fora da competição ingerimos pou-cos açúcares e hidratos de carbono. Comemos à base de peixe, carnes brancas, legumes e salada. Nos dias de competição o nosso pequeno almoço é sempre for-te em hidratos de carbono. Costuma ser um prato de massa ou arroz para nos dar energia para a corrida. Competimos entre 3 a 7 horas, dependendo das corridas e depois só jantamos, daí ser necessário ingerir muitas calorias ao pequeno almoço e géis energéticos durante a prova.

Durante uma etapa longa o que come e quando? Temos carros de apoio que nos fornecem géis e barras energéticas, além de água e sais minerais. Come-mos quase sempre a meio das provas de modo a fazer a digestão para o maior es-forço, que é sempre a parte fi nal.

Tem uma grande garrafeira em casa? Qual a região ou os tipos de vinho mais representados? Comprei uma pequena quinta que tem uma grande gar-rafeira. Algumas garrafas já lá estavam, outras fui adquirindo. A maioria são do Douro e Alentejo, mas também do Dão.

Nas suas viagens, que vinhos encontrou que o fascinassem? E que outros detestou? Viajo muito pelo mundo e gosto de experimentar vinhos de cada país onde visito, mas tenho orgulho de dizer que os vinhos portugueses são dos me-lhores do mundo e os que mais me fascinam. Por isso, tento levar sempre comigo algumas garrafas portuguesas para não ter que beber vinho detestável.

Recomende-nos um restaurante, um cozinheiro, um prato e escolha um vinho para o acompanhar. Um restaurante da minha terra onde se come bom peixe é o Restaurante Marinheiro. Se for nas redondezas, come-se muito bem em Barcelos, no Restaurante Turismo Lounge. Cozinheiro: Henrique Sá Pessoa. Vi-nho: Cartuxa, Reserva.

Qual foi a melhor refeição da sua vida? Foi o jantar após a conquista do campeonato do mundo, em Itália. Não pela comida, pois sinceramente não me lembro do que comi. Mas lembro-me que me soube tão bem pela alegria vivida nesse grande dia da minha vida.

Há um alimento que deteste? E outro irresistível? Os pimentos causam--me indigestão. Por outro lado, adoro uma boa posta barrosã.

Vence a Volta à França. No pódio tem que festejar com Champagne. Mas à noite, ao jantar, que vinho escolhe para celebrar? Nunca experimentei mas dizem maravilhas do Pêra Manca, da Cartuxa, talvez fosse uma escolha perfeita.

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Foi difícil convencer a família que a cozinha era o seu des-tino profi ssional? Sempre tive apoio, mas no início não estavam convencidos de que o meu futuro passaria pela cozinha. A partir do meu primeiro estágio no restaurante Dos Cielos tiveram a certeza da minha vontade de ser cozinheiro.

Vê o seu futuro como chefe de cozinha ou chefe pasteleiro? Acha que a força da doçaria tradicional portuguesa tem im-pedido o aparecimento de grandes chefes pasteleiros em Por-tugal? Mais cozinha do que pastelaria. Mas penso que neste mundo temos que ser versáteis e saber tanto de cozinha como de pastelaria. Acima de tudo e mais do que a força da doçaria regional, penso que só agora Portugal começou a ganhar “nome” e espaço na alta cozinha e nos focamos mais nos chefes de cozinha, esquecen-do toda uma brigada e equipa por trás.

Que prato da cozinha de conforto portuguesa costuma fazer para os seus colegas na Catalunha? Costuma levar-lhes vinhos portugueses? Quais? O prato que mais me pedem para fazer é bacalhau à Brás, adoram. De doçaria, pastéis de nata. Normalmen-te, costumo trazer vinhos tintos e vinho do Porto.

Das cozinhas do mundo qual a que mais o fascina? O es-pírito e a fi losofi a de proximidade da cozinha nórdica, de susten-tabilidade, é a que mais me fascina.

Sei que gostaria de voltar e cozinhar em Portugal. Em que países vai cozinhar? De momento, Espanha. No futuro, talvez uma incursão pela Dinamarca, Suécia ou Noruega.

Qual foi a melhor refeição que já fez como cliente? E como membro do pessoal? Eleger a melhor refeição é complicado. Nestas férias de verão tive o prazer de jantar no restaurante Areias do Seixo em Santa Cruz, uma cozinha que vai dar que falar. Como

João Cura Mariano

membro de equipa aqui no restaurante Cinc Sentits tentamos sem-pre elaborar almoços temáticos aos sábados, onde cada um vai ten-do o prazer de preparar a refeição para os restantes companheiros.

Em que cozinheiros se revê e procura seguir como modelos? Revejo-me em chefes como René Redzepi (Noma), Rasmus Ko-

foed (Geranium), Magnus Nilsson (Faviken), Esben Holmboe Bang (Maemo), Juan Mari Arzak (Arzak), Andoni Luis Aduriz (Mugaritz) e Ferran Adriá (El Bulli).

Há uma grande distância conceptual entre o ensino em Por-tugal e os restaurantes estrelados da Catalunha? A distância é abismal!! Tanto em estrelados como em não estrelados, a prepa-ração é mínima para o que realmente se encontra numa cozinha profi ssional. Claro que depende de cada um o poder de adaptação, absorção e lidar com o stress diário que envolve esta profi ssão. Mas o ensino tem muito a melhorar neste sentido da preparação.

Que tipo de produtos leva daqui para a Catalunha e que outros traz de lá? Essencialmente levo de Portugal sempre uns queijos, vinhos, enchidos. Da Catalunha não tenho hábito de levar produtos, até porque o tempo que tenho para ir a Portugal é muito pouco, infelizmente.

Qual foi o maior desastre que já lhe aconteceu numa cozi-nha? Como o resolveu? O maior desastre foi ter-me esquecido de encomendar alguns produtos e ter de ir ao mercado a correr comprá-los mesmo antes do serviço começar.

Qual o seu prato preferido e qual o prato que mais gosta de fazer? Sou muito de arroz, adoro o arroz de miúdos com cabrito assado da minha avó Susana, pelo Natal. O arroz de polvo ou o arroz de lampreia da minha mãe são pratos que estão no topo. Já eu, ado-ro fazer arroz cremoso de cogumelos.

João Cura Mariano nasceu em Coimbra em 1988. Estudou Ciências Bioanalíticas na Faculdade de Farmácia, mas depois decidiu-se pela Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, curso de Gestão e Produção de Cozinha. Estagiou no restaurante Dos Cielos, em Barcelona, e aí regressou quando acabou o curso. Foi segundo chefe de cozinha no restaurante Monvínic, e trabalha agora no Cinc Sentits, sempre em Barcelona, onde é chefe de partida de frios e pastelaria.

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TEXTO António Falcão * FOTOS Ricardo Palma Veiga e cortesia de produtores/CVRs

quase) teria acontecido se tivesse chovido alguma coisa no fi nal de Julho e início de Agosto, coisa que não se verifi cou.

AS OPINIÕES SOBRE A VINDIMA

Para saber como decorreu a vindima de 2015, a Revista de Vinhos consultou as autoridades de certifi cação de cada região (como as Co-missões Vitivinícolas Regionais, ou, em formato curto, CVRs) e um conjunto seleccionado de enólogos/viticultores. Só nos faltou a Ma-deira, por a informação não ter chegado a tempo. Nota-se um tom excepcionalmente positivo em todas as opiniões. E mesmo dando algum desconto relativo ao factor ‘defesa da sua dama’, é um facto que o que fomos ouvindo e vendo confi rma, aqui e ali, estas previsões. Em resumo, e apesar da seca, foi um belo ano para a viti-cultura e enologia. Basta agora aguardarmos pelos vinhos, que certa-mente confi rmarão o que aqui se diz.

VINHOS VERDES: MAIS BRANCOS, BOA QUALIDADE

O Comunicado de vindima da Comissão Vitivinícola da região dos Vinhos Verdes (CVRVV) é quase entusiástico sobre o resultado desta campanha. Do que se lê podemos concluir que as condições meteoro-lógicas do ano agrícola foram favoráveis, especialmente durante a fase de maturação e colheita, feita na ausência de chuva. Ou seja, as uvas mostravam “excelente qualidade”. Todas as castas foram vindimadas um pouco mais cedo que o normal, usualmente por esta ordem: Tra-jadura, Alvarinho e Loureiro; depois Arinto e Avesso e, fi nalmente, o Azal. Nos tintos a ordem é de Padeiro e Vinhão, seguidas pelo Es-padeiro – a casta mais usada para rosés.

Um belo ano em perspectiva

A vindima de 2015 não fi cará na história como a de 2011 mas a diferença não será grande. Este ano quase tudo correu bem

e houve tempo para se realizarem todas as tarefas sem pressas. Melhor ainda, as uvas estavam impecáveis…

SSão Pedro ajudou a viticultura portuguesa. No geral, o clima foi favo-rável às videiras, excepto num ponto, que foi a principal caracterís-tica climática do ano de 2015: a seca. De facto, 2015 foi bastante seco, sendo classifi cado mesmo como de “seca extrema” pelas autoridades que monitorizam a meteorologia lusa. Umas regiões sofreram mais do que outras, mas o certo é que a videira é uma planta que aguenta bem a falta de água, especialmente porque não foi acompanhada por elevadas temperaturas de Verão.Por outro lado, a seca, sendo um fenómeno pouco desejável, tem pon-tos positivos quando conjugada com temperaturas abaixo do extremo: por um lado ajuda a antecipar a vindima para quase toda a gente, não só face a 2014 (batido pela chuva) mas mesmo em relação ao normal. E depois a seca potencia a sanidade das uvas e das plantas: os fungos detestam ambientes secos e, por isso mesmo, pouco se manifesta-ram. Ora, como o excesso de fungos é a maior “ameaça terrorista” aos bagos, as uvas chegaram, na generalidade, às adegas num estado sanitário impecável.As chuvas que ocorreram em meados/fi nais de Setembro e no início de Outubro não foram sufi cientemente prolongadas para causar pre-juízos de monta nas regiões mais nortenhas. E quem ainda tinha uvas no campo e soube esperar mais um pouco recolheu os benefícios de melhores e mais completas maturações. Nada disto aconteceu nas re-giões mais quentes, ou seja o Sul e parte do Douro, onde a maior parte da uva estava nas adegas antes de entrar a chuva.Este ano foi, aliás, mais uma prova da importância da rega, uma arma fundamental em regiões mais quentes e secas. A rega é boa mas, ver-dade seja dita, não substitui a natural água da chuva. A perfeição (ou

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dade sanitária das uvas muito boa”. Arnaldo Varandas acrescenta que “a casta que nos vem a surpreender pela positiva é a Trincadeira”. Quanto à quantidade, Valpaços regista “um aumento de produção na ordem dos 20%, relativamente ao ano passado”.

DOURO: UM ANO DE BOA MEMÓRIA

Quem quiser saber como decorreu a vindima no Douro pode consultar o melhor relatório anual que já vimos em Portugal, elaborado pela Symington Fa-mily Estates. É especialmente importante porque a empresa possui vinhas por todo o Douro (afi nal é o maior viticultor da região, com 27 quintas!) mas porque também compra muitas uvas a agricultores durienses. Ou seja, tem uma visão global da região, do Baixo Corgo até ao Douro Superior.Paul Symington, o líder desta casa familiar, assina o relato e confi rma que a seca não prejudicou as vi-deiras, apenas provocou uma redução na produção: “As castas autóctones estão muito bem adaptadas para obterem maturações equilibradas em condi-ções muito secas”, cortesia também da capacidade do solo xistoso em armazenar água. A falta de chuva sentiu-se mais “em Maio e Junho”, o período “simul-taneamente o mais quente e o mais seco dos últimos 36 anos”, diz Charles Symington. Felizmente Agosto foi temperado e “em princípios de Setembro os ca-chos apresentavam-se com excelente aspecto como

há muito não se via; as noites frescas tinham também dado o seu con-tributo para os bons níveis de acidez nos bagos”.Paul Symington acrescenta que, ”a vindima arrancou mais cedo este ano e a qualidade das uvas era evidente logo à partida. Houve muito menos rejeição nos tapetes de escolha, para grande satisfação das nossas equi-pas de enologia”. E depois veio chuva forte, em meados de Setembro: “Foi este o momento crítico desta vindima”, como avança o relatório. As operações pararam e só retomaram vários dias mais tarde. A deci-são foi providencial, porque alguma diluição nos bagos desapareceu, assim como se evitou a desidratação que inevitavelmente iria ocorrer.O resultado foi que “a Touriga Nacional e a Franca que foram vindi-madas durante a semana de 21 a 28 de Setembro apresentaram uma qualidade simplesmente extraordinária e o mesmo se pode concluir de algumas parcelas de vinha velha com mistura de castas vindimadas

O relatório indica ainda que “graças à abundância de sol durante o ci-clo da vinha, este ano alguns níveis de acidez podem ser mais baixos e os graus alcoólicos mais altos. Mas como as uvas foram apanhadas mais cedo, o equilíbrio deverá manter-se”.No geral, diz a CVRVV, “os aromas serão complexos e, na boca, os vi-nhos mostrarão mais fruta madura com notas de limão fresco”. Bruno Almeida, da CVRVV, aventura-se a dar 17/18 valores à vindima de 2015.Relativamente às quantidades, o relatório diz que “a produção em 2015 deverá estar bem acima da de 2014”. A CVRVV tem uma equipa de 20 auditores que controlam a vindima na região e que estimam um cres-cimento, face ao ano passado, de 15 a 18%, o equivalente a 59 milhões de litros de branco e 3,3 milhões de rosé. Os tintos, ao contrário, não deverão chegar aos 12 milhões de litros conseguidos em 2014.

TRÁS-OS-MONTES: BASTARDO

EXCEPCIONAL ESTE ANO

Francisco Pavão, presidente da CVR de Trás-os-Mon-tes indica-nos que, em quantidade, a região deverá ter aumentado 10% face ao ano anterior. “Relativamente à qualidade, sem dúvida foi um ano muito bom, não diria excelente mas muito bom. Excelentes vinhos brancos, muito frescos muito aromáticos. Quanto aos tintos, mos-tram muita concentração de cor, boa estrutura e comple-xidade aromática”. Das várias castas, Francisco destaca o Bastardo, que este ano se portou excepcionalmente bem, dando “vinhos muito equilibrados”. Para Francisco Pavão, a vindima deste ano levará por isso 18,5 valores!O presidente da Adega Cooperativa de Valpaços, Arnaldo Varandas, também está muito satisfeito. Primeiro com o clima no período da vindima, feita sem grandes sobres-saltos de chuva. E depois, Arnaldo confi rma aquilo que aconteceu em muitas outras regiões: o ano seco. Tem as suas desvantagens mas deu aos viticultores “uma quali-

”A vindima arrancou mais cedo este ano e a qualidade das uvas era evidente logo à partida”.

Paul Symington, sobre a vindima no Douro

Em Bucelas, as uvas de Arinto deixavam esta vindimadora satisfeita.

Em Trás-os-Montes a vindima poderá não ter sido perfeita mas andou lá perto.

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valor acrescentado. De facto, em 2011 alguns produtores atrasaram--se e as maturações disparavam para 14 ou 15 graus em dois ou três dias: “Este ano os técnicos estavam alerta e não deixaram isso acon-tecer, pelo que a frescura dos brancos está garantida”, refere Rodolfo.Rodolfo sabe que esta é a região que tradicionalmente mais tarde ter-mina a vindima e em 2015 não terá sido excepção. Só que andou tudo para trás cerca de 2 semanas: chegou-se mesmo a iniciar vindimas no início de Setembro, o que provocou comentários divertidos aos agri-cultores mais velhos, que nunca tal haviam visto. Algumas cooperati-vas terminavam a colheita antes do fi nal de Outubro, quando normal-mente chegam a prolongar para Novembro essa tarefa. Outro indício de qualidade reportado por este técnico é o facto de vários operadores vitícolas terem comprado mais uva do que o normal, mesmo a preços um pouco mais caros. Por tudo isto, Rodolfo Queirós não hesita em dar 19 valores a esta vindima.

BAIRRADA

Pedro Soares, presidente da CVR da Bairrada, disse-nos que “a quan-tidade é equivalente a um ano normal na região, ou seja, aumentou em relação ao ano de 2014 em cerca de 10 a 15%”. Se não houve mais uva, à guisa de compensação, diz Pedro Soares, “em termos sanitários não me lembro de um ano de excepção como este desde 2001, e isso permitirá ente outras coisas, obter vinhos mais aromáticos, frescos e elegantes”.Uvas sãs, sem problemas sanitários é meio caminho andado para as castas se exprimirem no seu máximo potencial. “Castas como a Baga, o Cercial e o Arinto terão em 2015 uma expressão extraordinária”, disse--nos Pedro Soares. Isto será válido para todos os estilos de vinhos tran-quilos mas também para os sempre importantes espumantes. Pedro re-sume assim a sua avaliação: “Daria, sem dúvida, nota 18 a esta vindima.”

DÃO: 2015 É ANO PARA RELEMBRAR

Arlindo Cunha, presidente da CVR do Dão, disse-nos que a região espera um aumento de produção a rondar os 25% e, pela análise dos mostos, augura-se uma “excepcional qualidade”. As declarações fo-ram feitas publicamente numa cerimónia em Viseu, onde estava tam-bém presente António Mendes, o vogal responsável pela produção

também nessa semana. A chuva amaciou as películas dos bagos, be-nefi ciando a integração de cor e sabores nos vinhos”. Ou seja, consi-dera Paul, “o risco valeu a pena e fomos amplamente recompensados”.O relatório termina dizendo que “as produções foram ligeiramente inferiores à média, já de si baixas no Douro”.Alfredo José Silva, Diretor dos Serviços de Fiscalização e Controlo do IVDP, referiu-nos, acima de tudo, o excelente estado sanitário das uvas deste ano. Com o apoio das suas equipas no terreno, foi ainda indi-cado que se observou este ano uma grande harmonização nos graus alcoólicos prováveis das uvas: “Ao contrário de outros anos”, referiu este técnico, “em 2015 quase não houve excessos (para cima ou para baixo) no grau alcoólico: andou entre os 12 e os 14”. Alfredo confi rma o relatório da Symington sobre a paragem da vindima: “Muita gente teve que esperar pelas uvas mas a espera compensou, ganhando ma-turações mais regulares.”Em relação à quantidade, Alfredo Silva disse que, embora não havendo ainda números ofi ciais, deverá ter crescido “um pouco mais de 10% face ao ano passado”.Finalmente, Rita Marques, enóloga e produtora na zona de Cedovim, Foz Côa (Douro Superior), disse-nos que fez “a melhor vindima de sempre”. Brancos e tintos com bastante frescura, aromáticos e com-plexos. Aparentemente, as vinhas em maior altitude, como as da pro-dutora das marcas Contraste e Conceito, usufruíram de maturações extremamente regulares.

BEIRA INTERIOR: COLHEITA HISTÓRICA

Rodolfo Queirós, técnico da CVR da Beira Interior, conhece como pou-cos a região, que calcorreia desde 1999. Falou já com muitos produ-tores e enólogos e a opinião é unânime: “Este é o melhor ano de que me lembro, mesmo superior a 2011, já de si muito bom.” Tudo correu bem: o clima, a sanidade das uvas, as maturações, a vindima em tempo seco. Até a quantidade deverá ter aumentado cerca de 10% face a 2014.Foi um ano especialmente bom de Tinta Roriz, a casta mais presente nas plantações com menos de 20 anos, mas será também um belo ano de Touriga Nacional, certamente com “boas notas fl orais”. As castas brancas foram este ano, no geral, apanhadas mais cedo, o que só trouxe

Vindima no Douro, fi nal de Agosto, antes das chuvas. Este ano as uvas estavam prontas mais cedo.

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duzirá, naturalmente, nos melhores vinhos dos últimos 25 anos.”O que não está no relatório é a avaliação do presidente à vindima de 2015: “Dava-lhe 18 valores!”. Ou seja, 2015 trouxe à região “o melhor ano de sempre”!

TEJO REGISTA “ANO EXCEPCIONAL”

João Silvestre, da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, diz-nos que “a vindima teve início na segunda semana de Agosto e terminou já em fi nais de Outubro, cerca de uma semana mais cedo do que o normal”. João Silvestre registou ainda na sua região que, à semelhança de quase

todas as outras, “em algumas situações esperou--se mais algum tempo, de modo a que as uvas ad-quirissem o ponto ótimo de maturação, que veio a ser alcançado ainda durante o período seco”.Os produtores da Charneca – zona plana da margem esquerda do Tejo, com solos areno-sos – foram os primeiros a começar e terminar a vindima. No Campo – a zona mais fértil, de aluvião – e no Bairro – a margem direita do rio, onde predominam terrenos argilo-calcários e algum xisto – a vindima iniciou-se e terminou mais tarde. João Silvestre registou, como é evi-

dente, a seca e calores fortes em Maio, “um dos mais quentes dos últi-mos anos” mas, em compensação, “a época de vindima decorreu com tempo seco e temperaturas amenas dando origem a uvas de bom grau alcoólico e boa acidez”. Tal como no resto do país, as uvas chegaram “em excelente estado fi tossanitário” às adegas. Por isso não espanta que, depois de consultar vários enólogos, foi “opinião unânime que este será um ano excepcional para o Tejo”.Em termos de quantidade, prevê-se uma produção semelhante à cam-panha passada.

PENINSULA DE SETÚBAL:

QUE VENHAM MAIS ANOS DESTES

Henrique Soares, presidente da CVR da Península de Setúbal, con-sultou os seus produtores e chegou à conclusão de que a produção na

na CVR. Este enólogo e presidente da Adega de Mangualde disse-nos que “é um balanço muito positivo. O ano vitícola foi excelente para os nossos produtores”. Acrescenta que as “condições climatéricas pro-porcionaram um ano sem sobressaltos no que diz respeito a acidentes climatéricos e mesmo a doenças. Na vinha assistimos a uma excelente fl oração/vingamento que terminou numa colheita abundante”. Quanto à qualidade, António Mendes não hesita: “As expectativas são altas. A maturação foi excelente, terminando com uvas de grande qualidade. Temos indicadores que nos levam a crer que estamos perante uma colheita de excelência.”António Mendes destaca três castas este ano: nas tintas, a Aragonez e Touriga Nacional, esta últi-ma “que em muitos casos se aguentou até a pri-meira semana de Outubro para ser vindimada”. Nos brancos “os encruzados 2015 vão galvanizar com a sua qualidade, temos vinhos extraordiná-rios, muito deles com as fermentações ainda a decorrem”. Este experiente técnico não hesita em dar 18 valores à vindima.Carlos Lucas, produtor e enólogo na Magnum Vinhos, não podia estar mais de acordo: “Uma vindima fabulosa.”

LISBOA: O MELHOR ANO DE SEMPRE

Saímos da Beira e descemos a Lisboa, a segunda região do país em termos de produção. Aqui falámos com Vasco Avillez, presidente da CVR de Lisboa, que usou o relatório de vindima da instituição. O tom é entusiástico, a começar logo com o histórico aumento de produção, o “maior dos últimos 20 anos”: em 2015, Lisboa deve-rá produzir cerca de 100 milhões de litros de vinho, dos quais 35 milhões serão certifi cados como Lisboa ou Regional Lisboa. Vasco Avillez está sobretudo contente com a qualidade das uvas que en-traram nas adegas lisboetas: “Com um clima bem mais seco do que aquele que registámos no ano passado e a precipitação, apesar de escassa, a cair de forma certeira no calendário da vinha, 2015 trouxe para Lisboa a melhor uva desde o início dos anos 90, o que se tra-

Em quase todo o país, a vindima foi

cortada pela chuva; quem esperou

colheu depois uvas de grande qualidade

12 de Setembro, na Bairrada: nas palavras de Pedro Soares, “uma vindima 18 valores”À direita, pode-se ver a excelente sanidade das uvas, aqui colhidas na região do Tejo: Este ano foi assim por todo o país…

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ALGARVE BATE RECORDE DE PRODUÇÃO

Carlos Gracias, Presidente da Direção da CVR do Algarve, refere que esta região começou a vindimar “no início de Agosto, com as uvas brancas, e correu muito bem”: “Estimamos um aumento na produ-ção de vinho branco, na ordem dos 30%.Ainda em Agosto e até ao início de Outubro decorreram as vindimas para os vinhos tintos e rosados, onde se prevê um aumento da pro-dução na ordem dos 10%.”Carlos Gracias reportou ainda que “a qualidade da uva é boa, com um grau muito interessante o que perspetiva um ano de vinhos de gran-de qualidade”. Este executivo dá “nota 18” à vindima, até porque 2015 será “potencialmente um ano recorde, acima de 1,2 milhões de litros”.Rui Virgínia, produtor dos vinhos Barranco Longo, vindimou de 5 de Agosto até 1 de Setembro. À parte um inusitado ataque de Cicadela, que motivou 3 tratamentos (normalmente um basta), e os calores fortes de Julho, mas sem grandes mazelas para a uva, tudo correu bem. “Não posso dizer mal do ano e poucas correcções fi zemos nos mostos por

causa da acidez”, referiu-nos. Para este produ-tor, “2015 não foi um ano tão bom como 2014” (caso único no país, diremos nós).

AÇORES: PICO COM NOTA ALTA

Paulo Machado, presidente da Comissão Viti-vinícola Regional dos Açores, disse-nos que “a produção aumentou cerca de 10% em relação ao ano anterior. Relativamente à qualidade, foi bastante superior ao ano anterior (2014 foi um ano atípico com chuvas constantes durante a ma-turação). Em 2015 a vindima foi antecipada em cerca de duas semanas para a maioria das castas,

o que permitiu atingir boas maturações e acima de tudo uvas em boas condições sanitárias antes das chuvas”. Em termos de castas, desta-cou-se a Arinto dos Açores na ilha do Pico e Verdelho nos Biscoitos. Diz Paulo Machado que “revelaram as suas melhores características: frescura, mineralidade, salinidade e estrutura”. Paulo Machado clas-sifi cou o ano com 17 valores.Maria Álvares, enóloga da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico, disse--nos que a vindima se iniciou a 17 de agosto e terminou a 23 de Setem-bro. Houve algum aumento na produção face ao ano passado. Em termos de qualidade, Maria considera que “2015 foi muito próximo dos 2007, 2011 e 2013, anos marcados pela excelente qualidade das suas uvas”.

região “deverá ser muito idêntica à do ano pas-sado”. Mas os enólogos da região fi caram espe-cialmente satisfeitos com uma “qualidade irre-preensível, na sequência do bom ano climático e de condições muito favoráveis no tempo que antecedeu a vindima e durante”. E acrescenta Henrique Soares: “Não registámos qualquer episódio signifi cativo de escaldão e as matura-ções foram evoluindo muito bem.” Em todas as castas, incluindo a sempre importante Moscatel.Henrique Soares diz ainda que “a qualidade dos brancos está já absolutamente confi rmada e é muito elevada; no caso dos tintos ainda é um pouco cedo para uma análise conclusiva mas as análises dos mostos e dos primeiros vinhos, bem como a respetiva prova, deixa-nos totalmente esperançosos num nível qualitativo, pelo menos, tão bom como o dos brancos e rosados”.Sorrisos abertos, portanto, dos actores da região, que não se impor-tariam que todos os anos fossem assim tão bons... Henrique Soares arrisca dar um 17,5 à vindima mas avisa de que “poderá evoluir para um 18-18,5” com a evolução prevista dos vinhos.

ALENTEJO: SECA PREJUDICOU QUANTIDADE,

MAS NÃO A QUALIDADE

Francisco Mata é secretário-geral da ATEVA (Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo), uma organização que tem vários técnicos a dar apoio a produtores de todas as sub-regiões do Alentejo. Está por isso bem informada sobre o que se passou este ano e Francisco não tem razões de queixa. Livre de altas temperaturas prolongadas no período fi nal de maturação, as uvas foram amadurecendo sem problemas e a um bom ritmo: a vindima foi assim realizada cerca de uma semana mais cedo que no ano passado. Os fortes calores de Julho não trouxeram grandes problemas às videiras. A seca não foi bem assim mas, para os enófi los, as noticias até são boas: os bagos eram geralmente mais pequenos e concentrados (com película mais espessa) e a produção será mais pequena ou igual à do ano passado. Ou seja, dois facto-res normalmente associados a vinhos de maior qualidade. “Se tivesse chovido mais no Inverno e na Primavera o panorama seria diferente”, disse-nos Francisco Mata. Melhor ainda, os técnicos da ATEVA reportaram nas adegas “uvas muito sau-dáveis e equilibradas”. Sem ter ainda provado os vinhos deste ano, Francisco Mata dava 16,5 a 17 valores à vindima de 2015.

No Alentejo, a seca trouxe alguns

problemas mas nada de sério: podemos

esperar belos vinhos de 2015

A colheita no Pico não se assemelha a nenhuma outra. As uvas dos ‘currais’ vão dar belos vinhos este ano.

Seco, mas sem escaldões, a 3 de Setembro. No sul de Portugal, as videiras aguentaram bem a seca, mas a rega foi providencial.

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dois dedos de conversa

João Paulo Martins é redactor da Revista de Vinhos e autor de vários livros sobre vinhos

João Paulo Martins

AS UVAS, AS TINTAS

E OS FERRARI

O vinho é um negócio. Isso, todos sabemos. Produzir para vender, ao melhor preço possível, é o objectivo. É verdade que nem todos podem vender aos preços que gostariam mas isso é uma história muito antiga, já que, para vender caro, é preciso criar marca, que exista massa crítica disponível para pagar mais, sem sair, como é uso agora dizer-se, da zona de conforto. A qualidade anda aqui pelo meio a fazer das suas, mas também sabemos que um vinho de 20€ a gar-rafa não tem necessariamente mais qualidade de um de 15€. Esse atributo – a qualidade – tem actualmente de estar (e está) presente em todas as gamas de preço mas, aqui, esta-mo-nos a referir a um conceito de qualidade técnica, pure-za de ingredientes e cumprimento de normas de saúde pú-blica. Esta qualidade, sim, tem de estar presente em todos

os vinhos, independentemente do preço. A outra qualidade é de outro teor, entrando já um pouco na percepção que cada consumidor tem dessa qualidade e do peso que atribui a factores que vão além da tal qualidade técnica. Naturalmen-te, se o consumidor valoriza os vinhos mais concentrados, que vêm de vinhas de baixa produção (velhas ou novas), se atribui mais valor a vinhos que estagiaram em barrica nova, se vai mesmo ao ponto de preferir as barricas caríssimas em vez das mais baratas, então temos aqui alguém que está dis-ponível para pagar mais caro pelo vinho que compra. O que o consumidor espera deste vinho que lhe custou caro é que lhe transmita emoções, que o faça sonhar, viajar, surpreen-

der de cada vez que leva o copo ao nariz. Entramos assim num domínio totalmente subjectivo e, perante o mesmo vinho, alguém pode dizer “adoro” mas o parceiro do lado diz apenas que gosta, não é o seu estilo, reconhece a qualidade mas não pagaria tanto pelo vinho. Um pouco como nos acon-tece quando visitamos um museu e olhamos para uma pin-tura; valorizamos a emoção estética que nos transmite sem pensarmos se os materiais com que foi feita foram mais caros ou mais baratos, ou se demorou mais tempo a fazer do que o “quadro branco”.O assunto é recorrente e são inúmeras as vezes que esta questão me é colocada: o vinho vale este preço? O Barca Ve-lha vale o que por ele pedem? A que propósito é que o Pêra Manca é tão caro? Estamos, ao colocar estas questões, a

aferir, como no museu, a qualidade do quadro pelo preço das tintas com que foi feito! Ora, se em relação à pintura não fazemos isso, porque o faremos em relação aos vinhos? Va-mos a outro exemplo: quanto vale um quadro de Resende, um desenho de Júlio Pomar ou um esboço de João Cutileiro se não estiverem assinados, se intencionalmente não foram assinados? Seguramente uma pequena percentagem do va-lor real que teriam se fossem vendidos com assinatura. Pela mesma razão se, por absurdo, alguém fosse durante a noite vindimar (roubar) as uvas da vinha Romanée-Conti, quan-to valeriam essa uvas no mercado no dia seguinte? Prova-velmente apenas alguns euros, porque, tal como no quadro,

Eis se não quando, tudo tem a ver (para alguns) e nada faz sentido (para os outros).

O Barca Velha vale o que por ele pedem? A que propósito é que o Pêra Manca é tão caro? Estamos, ao colocar estas questões, a aferir, como no museu, a qualidade do quadro pelo preço das tintas com que foi feito!

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lhes faltava a assinatura. É essa assinatura que demora tem-po a criar público, a criar apetite por uma nova colheita, a tornar o vinho um objecto de desejo. E, sem cair nos exa-geros da frase atribuída à baronesa de Rothschild (entre-tanto falecida) de que “o mais difícil são os primeiros 200 anos”, sabemos o quanto é difícil dar um salto para um pa-tamar (há quem lhe chame altar) onde estão os vinhos dos nossos sonhos. Esses não são vinhos para beber às cegas, mas sim são para serem apreciados e, eventualmente vene-rados, olhando bem para o rótulo, a história e a emoção que nos transmite.É por esta razão que com frequência me irritam aquelas pro-vas como o célebre teste Europa/EUA que em tempos Steven Spurrier (inglês) levou a cabo e que escandalizou os mais distraídos quando, em prova cega, os vinhos americanos fi -caram à frente dos mais célebres franceses. Escandaleira, gritaria, para nada; apesar de melhor classifi cados, não cons-ta que os franceses tenham baixado signifi cativamente de preço ou que os americanos tenham disparado “para fora de pé” em termos de PVP. O que acontece é que, para muitos, é bem mais reconfortante beber um Clos de Vougeot, princi-palmente se já se visitou aquela magnífi ca propriedade e sentiu o peso da história que ela carrega, do que qualquer Pinot Noir do Oregon por muito bem feito, bonitinho, sim-pático e atractivo que possa ser. Os franceses são perfeitos? Muito longe disso e se formos para Bordéus, onde reina o Cabernet Sauvignon, então até é frequente encontrarmos muitos vinhos com defeito de fenóis voláteis (suor de cavalo) que para alguns consumidores os torna imbebíveis. E agora? Deixaram de se vender? Perderam mercado? Ao olhar para os preços das vendas en primeur concluímos facilmente que não. Porquê? Porque, mais do que saber o preços das tintas (neste caso das uvas), o consumidor prefere beber o que lhe pode até transmitir uma emoção estética. Como diria aquele que talvezfossebomcandidatoapresidentemasafi nalnãoquis: é a vida! Ou será que quem compra um Ferrari está preocu-pado com o consumo aos 100?

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enoturismo

Toda a frescura

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O arco a norte da Lisboa é um dos mais tradicionais e produtivos palcos da vitivinicultura portuguesa. E agora é também um foco de atracção para os turistas

que visitam a capital. Roteiro pela região saloia, ao ritmo das brisas do Atlântico.

TEXTO Luís Francisco * FOTOS Ricardo Palma Veiga

da região saloia

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enoturismo

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CColinas ondulantes, afl oramentos rochosos, vale frescos, fl o-restas, pomares, hortas, vinhas e pastagens. Vilas, aldeias e quintas. Natureza e património histórico. A paisagem da re-gião saloia, que circunda a zona metropolitana de Lisboa no seu perímetro norte, não podia ser mais rica e variada. Aqui, tudo muda em poucos metros. Só mesmo as brisas marítimas são uma constante, bem evidente na proliferação de aeroge-radores e potenciadora de uma frescura que é a imagem de marca da região. E dos seus vinhos.A crescente popularidade de Lisboa como destino turístico e a entrada – hoje cada vez mais assumida – do enoturismo nos pro-gramas das agências e nas sugestões dos hotéis estão a “empurrar” muitos produ-tores da região saloia para a necessidade de abrir portas a visitantes. A par de algu-mas casas já com tradição nesta actividade, outras começam agora a apostar a sério no enoturismo ou a reforçar a sua oferta. São menos conhecidas, mas merecem bem uma visita. Fomos conhecer três dessas quintas. Todas diferentes, claro, ou não estivéssemos nós em terra de abun-dância e variedade, mas todas fazendo gala do seu cariz familiar.A proximidade da capital facilita os acessos, mas não belisca a autenticidade destes locais, explorações agrícolas onde o vi-nho assume protagonismo e se respira a atmosfera das coisas genuínas. Descobrimos, ao longo deste mini-roteiro, quintas e vinhos que apostam na diferenciação e na expressão do seu

“terroir”. Os Arintos de Bucelas na Quinta da Murta, as cas-tas estrangeiras (e a aguardente!) na Quinta do Rol, as castas brancas portuguesas no Vale da Capucha. Beber vinho onde ele é feito tem sempre um sabor especial. E estes são vinhos especiais, feitos por pessoas especiais em paisagens únicas.

Por enquanto, a regra nestas casas é a da marcação prévia – em início de ciclo, o enoturismo ainda é uma actividade com-plementar e a dimensão das explorações e dos seus quadros de pessoal não permite a afectação de meios permanentes a esta actividade. Por enquanto. Porque todos estes produtores têm consciência do pa-pel fundamental que o enoturismo tem na promoção das suas marcas e do seu poten-cial de receitas. Todos eles, aliás, estão em fase de expansão. Com obras planeadas ou já em andamento, mas sempre com a preocupação de não pôr em causa aquilo

que lhes dá a sua aura mais apelativa: o carácter familiar do contacto com o visitante. Aqui sentimo-nos em casa.

QUINTA DA MURTA

A estrada serpenteia encosta acima, ali à saída de Bucelas, e, de repente, mergulha vertiginosamente para lá de um portão. Como se franqueássemos a entrada de um mundo proibido, a paisagem envolve-nos, abre-se em horizontes e fecha-se em perspectiva. Planos de vinha estendem-se em volta de um edifício de elegante simetria, outras construções fi cam, por

QUINTA DA MURTAEstrada Velha do Boição no 300, 2670-632 BucelasTel: 210 155 190 / 966 025 481E-mail: [email protected] / [email protected]: www.quintadamurta.pt/GPS: W 9o 07o 26” / N 38o 55o 52”

Aos dias de semana a quinta recebe sem limite de participantes, mas ao fi m-de--semana só está disponível para grupos a partir de 20 pessoas. É solicitada mar-cação prévia e os preços oscilam entre os 12 euros + IVA para a visita com prova de 3 vinhos e os 16 euros + IVA se forem pro-vados 4 vinhos com petiscos. A visita com refeição (tradicionalmente há dois pratos típicos da zona à escolha, polvo à lagarei-ro e pato à antiga) sai entre 45 e 50 euros mais IVA por cabeça. As visitas podem ser feitas em cinco línguas (português, espa-nhol, francês, inglês e italiano).

A proximidade da capital facilita

os acessos, mas não belisca a autenticidade

destes locais

Quinta da Murta:

um mosaico de vinhas

no Outono

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enquanto, abaixo do plano da estrada e, portanto, fora da vis-ta. Esta encosta já é sufi cientemente bela para encantar, mas o melhor está reservado para quando estacionarmos o carro em frente à adega. Aos nossos pés estende-se um vale sinuoso pintado de vinha, num mosaico de tonalidade que denuncia as diferentes castas e a sua adaptação aos humores do Outono.Há uma linha de água a marcar a fronteira entre as vinhas e o mato das encostas sobranceiras e o seu curso leva-nos o olhar para longe, numa paisagem sem fi m que parece estranhamente distante por comparação com a textura exuberante das vinhas. Contemplar este cenário podia ser coisa para muitas horas (principalmente com um copo de bom vinho na mão), mas

descer a encosta e explorar este recanto é também um plano muito apelativo. É, aliás, assim mesmo que começam mui-tas visitas à Quinta da Murta, um dos (poucos) produtores de Arinto de Bucelas. A conversa pode centrar-se na viticultura, mas também pode divergir para a análise das pegadas de javali que muitas vezes se encontram mais abaixo. O que importa é que toda a gente se conheça um pouco melhor e se divirta.Até porque, explica Mário Soares Franco, o nosso anfi trião, muitos dos visitantes não são enófi los. “É gente que vem à procura de convívio, no espírito do vinho”, analisa. E esse con-vívio começa na vinha, segue pela adega e tem, normalmen-te, o seu ponto alto na sala de provas – ou salas, para sermos mais exactos, porque estas tanto podem decorrer no acolhe-dor espaço da loja, mesmo ao lado da adega, como no vasto salão do andar de cima (cabem 250 pessoas), onde também podem ser servidas refeições. Ou ainda, acrescente-se, no alpendre panorâmico. Ou noutro núcleo edifi cado, junto à piscina. Recantos aprazíveis não faltam por aqui. Haja vinho.A Quinta da Murta não é um destino de massas, mas já regista algum movimento gerado pelas agências e pelas micro-em-presas de animação turística, que se mostram cada vez mais activas. A recepção aos visitantes pretende ser o mais perso-nalizada possível e também descomplicada e acessível – visi-tantes com interesse mais focado no vinho terão sempre no enólogo Hugo Mendes um interlocutor disponível. Por fi car afastada de uma estrada de passagem (embora a curta dis-tância), não é comum aparecer gente à porta sem marcação. Mas, quando isso acontece, quebra-se a regra e recebe-se de braços abertos. Afi nal, estamos entre amigos.

CLASSIFICAÇÃOOriginalidade (máx. 2): 1,5Atendimento (máx. 2): 2Prova de vinhos (máx. 4): 3,5Venda directa (máx. 4): 3,5Arquitectura (máx. 3): 2Ligação à cultura (máx. 3): 2Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2Classifi cação: 16,5

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enoturismo

QUINTA DO ROL

Um pouco mais longe de Lisboa (mas mais perto para quem vem do Norte) fi ca a Quinta do Rol. Aqui, na Lourinhã, esta-mos na única região demarcada portuguesa exclusivamente dedicada à aguardente – e a raridade assume carácter euro-peu, já que existem apenas mais duas no Velho Continen-te: as celebérrimas Armagnac e Cognac, em França. Não espanta, por isso, que as aguardentes velhas sejam uma das ima-gens de marca desta casa. Mas há mais: fruta, cavalos, vinhos feitos com castas internacionais pouco vistas entre nós.A apenas 5km da praia, não espanta que o Verão traga um movimento mais intenso de visitantes, mas a verdade é que o cen-tro hípico permite estender as boas taxas de ocupação dos alojamentos disponíveis ao longo de todo o ano. São três casas e uma suíte no edifício principal, espaços acolhedores, confortáveis e requintados, que tanto podem ser apreciados no Verão como no Inver-no. No dédalo de construções que formam o corpo principal da quinta a atmosfera é descontraída e muito agradável. No Verão saberá bem dar um mergulho na piscina, no Inverno aprecia-se um passeio pelos caminhos e jardins, aprecian-do as esculturas de Maria Leal da Costa.

Do outro lado da estrada nacional fi ca o centro hípico, onde uma dezena de cavalos Lusitano se treina diariamente e onde os visitantes podem também desfrutar de uma experiência hípica. Caso os visitantes assim o pretendam, a prova de vinhos pode decorrer na tribuna que dá para o picadeiro, acrescentando assim um factor extra de encantamento à ex-

periência de provar os vinhos da casa. Ali perto, a destilaria e cave das aguardentes fi ca fora do roteiro das visitas, mas provar o que de lá sai é experiência obrigatória…A Quinta do Rol só aceita visitas por mar-cação – e apenas de grupos com cinco ou mais pessoas. Ainda não há movimento que justifi que ter as portas abertas, mas a opção alojamento funciona todo o ano e, graças à sua localização ímpar, propor-ciona uma bela base para todo o tipo de actividades: Óbidos fi ca a 20 minutos de carro, a praia (surf, pesca) a 5 minutos, há campos de golfe nas proximidades,

os dinossauros da Lourinhã espreitam ao virar da esquina.Mas há ainda outra característica da Quinta do Rol que não é fácil de encontrar noutros lados: a capacidade para acolher eventos de grandes dimensões. Uma sala para 120 pessoas e outra para 800 dão resposta às mais diversas solicitações, nomeadamente de empresas. Com um leque tão vasto de

CLASSIFICAÇÃOOriginalidade (máx. 2): 2Atendimento (máx. 2): 2Prova de vinhos (máx. 4): 3,5Venda directa (máx. 4): 3,5Arquitectura (máx. 3): 2Ligação à cultura (máx. 3): 2,5Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2Classifi cação: 17,5

O centro hípico permite estender

as boas taxas de ocupação

dos alojamentos ao longo de todo

o ano

CLASSIFICAÇÃOOriginalidade (máx. 2): 2Atendimento (máx. 2): 2Prova de vinhos (máx. 4): 3,5Venda directa (máx. 4): 3,5Arquitectura (máx. 3): 2Ligação à cultura (máx. 3): 2,5Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2Classifi cação: 17,5

QUINTA DO ROLRibeira de Palheiros, Miragaia 2530-442 LourinhãTel: 261 437 484Fax: 261 438 372E-mail: [email protected]: www.quintadorol.com

As provas (para grupos entre as 5 e as 10 pessoas) custam 12, 17 ou 22 euros con-forme o cardápio de serviço (a mais ba-rata envolve 3 vinhos, a mais cara 4 vinhos tranquilos, um espumante e uma aguar-dente). Estes preços baixam para 10, 15 e 20 euros, respectivamente, para grupos entre 11 e 20 pessoas. Em qualquer dos cenários, a visita às instalações implica o pagamento de mais 15 euros por cabeça e solicita-se marcação prévia.

Quinta do Rol: um vasto leque de sugestões numa

localização privilegiada

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enoturismo

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possibilidades, convém, no entanto, não esquecer o essen-cial: os vinhos são bons e diferentes – não há muitos sítios em Portugal onde se possa saborear um tinto ou rosé Pinot Noir ou um branco Pinot Gris.

VALE DA CAPUCHA

Praticamente a meio caminho entre a Lourinhã e Bucelas fi ca a cidade de Torres Vedras, outro nome incontornável quando se fala de vinhos em Portugal. E um bocadinho mais a sul, no Carvalhal, Turcifal, vamos encontrar o Vale da Ca-pucha, um daqueles locais mágicos onde o mundo fi ca do lado de fora do portão. Não é só a atmosfera tranquila, a ar-quitectura acolhedora do local ou a familiaridade dos cãezi-nhos que trotam alegremente por entre as nossas pernas. É a sensação de que estamos, realmente, em família. E esta-mos mesmo – esta é uma empresa familiar, com sucessivas gerações a marcarem a sua era.A mais recente decidiu apostar no enoturismo. O proces-so é semelhante ao de tantas outras quintas: primeiro a vinha, depois a vertente comercial, a seguir as infra-es-

truturas – e, dentro destas, primeiro a adega e depois os espaços de alojamento. As obras estão em curso e já se vê a piscina no centro de espaço de lazer que vai nascer jun-to à eira. Como em vários outros projectos – sinal de que o sector está a mexer e a investir… –, falar no que é hoje o Vale da Capucha é também deixar um sinal de que as coi-sas vão mudar, e para melhor, num futuro próximo. Neste caso, com a criação de uma zona de charme para passar al-gumas horas, de pelo menos três alojamentos, um pequeno salão de chá e vários melhoramentos no jardim e acessos.Porque começaram há pouco, os responsáveis do Vale da

Falar do que é hoje o Vale da Capucha é também deixar um sinal de que as coisas vão mudar, e para melhor, num futuro próximo

VALE DA CAPUCHALargo Eng.António Batalha Reis, 2, Carvalhal, 2565-781 TurcifalTel: 261 958 157 / 912 302 291(89)E-mail: [email protected]: www.valedacapucha.comGPS: W 9o 07’ 26” / N 38o 55’ 52”

É aconselhada marcação prévia para as visitas, ainda que fi que a promessa de tentar não deixar qualquer espontâneo à porta. O leque de preços oscila entre a prova simples (3 vinhos) sem visita, que custa 8 euros por pessoa; e a visita com prova de vinhos (4), mais refeição servida em estilo familiar (mínimo 8 participantes, 40 euros por pessoa). A visita com prova de 4 vinhos custa 14 euros por pessoa e tem uma duração prevista de 1h30.

CLASSIFICAÇÃOOriginalidade (máx. 2): 1,5Atendimento (máx. 2): 2Prova de vinhos (máx. 4): 3,5Venda directa (máx. 4): 3Arquitectura (máx. 3): 2,5Ligação à cultura (máx. 3): 2,5Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2Classifi cação: 17

Vale da Capucha: as obras em curso vão trazer muitas (e boas) novidades

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enoturismo

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Capucha não têm ainda números concretos para apresen-tar. Mas sabem que os planos de expansão da vinha a curto prazo (dos actuais 13ha para mais do dobro) não vão estar dissociados da aposta no enoturismo. A multiplicação de contactos comerciais, uma ainda maior atenção à promo-ção e divulgação dos seus vinhos e, até, uma maior exposi-ção junto do grande público são áreas em que o enoturismo pode dar uma ajuda.Argumentos para atrair os visitantes não faltam. Ainda não há piscina nem alojamento; mas há vinhas lindíssimas a tri-cotar encostas em padrões hipnóticos, há uma adega cente-nária recheada de enormes tonéis (onde está instalada a loja

e espaços para refeições e provas, há uma cave que aprovei-ta os antigos depósitos subterrâneos. São velhas instalações herdadas da antiga empresa familiar – Vinhos Bernardes – que estão agora convertidas em espaços sociais, sem per-derem a sua alma. E depois há os vinhos, personalizados, diferentes, com tanto para descobrir. E há a informalidade e a simpatia dos proprietários. Tudo junto, mais um prato de petiscos que faz a sua aparição no momento certo, num fi nal de manhã que nos faz regressar ao Verão, e a conversa estende-se por horas. Há coisas que não se explicam com números. O Vale da Capucha é uma delas.

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A paisagem da região saloia não podia ser mais rica e variada. Aqui, tudo muda em poucos metros

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www.casadapassarella.pt

Para descobrir a mensagem, abrir a garrafa.

UMA HISTÓRIA ESCRITA COM VINHO.

Um conceito para vinhos que acontecem. Por condições únicas em anos únicos. Por uma inquietação constante,

normas.Poderiam ser chamados “vinhos de colecção”, mas são sobretudo vinhos para serem encontrados. E acima de tudo, descobertos.

GARRAFEIRABRANCO

Sabendo que os vinhos brancos do Dão envelhecem nobremente em garrafa, e que a denominação “Garrafeira” é histórica na região, retomamos o estudo das técnicas ancestrais

de longevidade a partir dode vinhas velhas da Casa da Passarella.

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história

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TEXTO Luís Francisco * FOTOS E ILUSTRAÇÕES Cortesia Museu do Douro e Ricardo Palma Veiga

Tudo começou há, sensivelmente, século e meio. As crónicas divergem, terá sido em 1862 ou 1863, talvez em 1865, mas numa coisa toda a gente concorda: a

vitivinicultura europeia nunca mais foi a mesma depois da infestação da fi loxera. Em Portugal, a praga transformou a paisagem e alterou o tecido social.

Memórias de um tempo em que todo um sector pareceu condenado.

Quando o vinho sobreviveu aoFILOXERA

Apocalipse

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Fconquistadores) europeus levaram consigo doenças “benignas” como o sarampo…As primeiras campainhas de alarme soaram em França, mas de-pressa Portugal, e em especial a região do Douro, se tornou um palco fundamental deste drama histórico. Numa região em que, mais do que em qualquer outra, a vitivinicultura estava fi rmemen-te entrançada no tecido social, todo um modo de vida pareceu con-denado à extinção. As vinhas morriam de um mal que não se via (os insectos eram minúsculos – 0,3 a 3mm, durante os seus vários estágios de vida – e afectavam de forma mais brutal as raízes das plantas), os terrenos fi cavam à míngua. Pequenos proprietários resignavam-se à sua sorte, grandes produtores enfrentavam a ruí-na. Todo um edifício económico, assente numa das mais tradicio-

Foi na Primavera de 1863. Ou talvez em 1865, ou mesmo em 1862, que a memória escrita não é unânime nesse pormenor. Numa vi-nha da freguesia de Gouvinhas, concelho de Sabrosa, em terrenos da então chamada Quinta dos Montes, as videiras começaram a secar. Só dez anos depois se percebe que este tinha sido o primei-ro sinal em território português (e o segundo na Europa, depois da França) de uma praga que colocou em risco toda a cultura do vinho no Velho Continente: a infestação por um insecto micros-cópico, a Philloxera vastratix (Pemphigus vitifoliae, na sua classi-fi cação original norte-americana). Filoxera. Ainda hoje, na gíria popular de algumas zonas do país, a expressão “deu-lhe a fi loxera” é sinónimo de desmaio, de súbito apagamen-to sem explicação. E esta memória colectiva demonstra bem o im-pacto de uma infestação que, partindo do Douro, varreu o país de lés-a-lés e colocou em risco toda uma cultura e o modo de vida que lhe estava associado. É difícil imaginar o cenário, mas perceba-se que, em fi nais do século XIX, o sector do vinho enfrentou um ver-dadeiro Apocalipse. A reacção foi rápida, mas a guerra foi dura. E quando, fi nalmente, se controlou a fi loxera, muita coisa – ou qua-se tudo – tinha mudado no mundo da vitivinicultura.A importação de pés de videira americana para a Europa estava na moda. Nas décadas de 1850 e 1860 muitas plantas originárias do continente americano atravessaram o Atlântico e, com elas, tam-bém as suas infestantes. A fi loxera não era um problema na Amé-rica, mas teve consequências devastadoras nas variedades euro-peias, que não dispunham de qualquer defesa contra esta invasora letal. Traçando um paralelismo histórico, o processo foi o mesmo que levou à aniquilação de populações inteiras entre os indígenas americanos quando os primeiros descobridores (ou

Minúsculo: na várias fases da sua vida, o insecto da fi loxera mede entre 0,3 e 3mm

Mortórios: ainda existem no Douro alguns terrenos onde a vinha morreu e não foi substituída

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história

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dio surgiu em 1893 e a aplicação das caldas bordalesas generalizou--se quase de imediato.”Então por que razão a fi loxera se instalou tão fi rmemente na his-tória da vitivinicultura europeia e na própria consciência social? Porque soou a fi m do mundo. “Houve pânico, no início assistiu-se a muitas atitudes de impotência perante a escala da destruição causada pela fi loxera”, explica Gaspar Martins Pereira. E, depois, quando a guerra começou a ser ganha, percebeu-se que as mu-danças no sector (e especialmente na região do Douro) tinham atingido uma tal escala que se podia falar de uma nova era. Mas a essa parte lá iremos.Recuemos aos anos da década de 1860. As vinhas morrem na re-gião do Douro (a Região Demarcada, a mais antiga do mundo, era bem mais restrita na altura), os agricultores assistem à derrocada de um modo de vida. O desespero instala-se. Há quem se aprovei-te disso. “Antes de se começar a aplicar de forma generalizada o sulfureto de carbono como forma de travar a fi loxera, surgiram receitas de aldrabões e oportunistas que nada resolviam”, lembra Gaspar Martins Pereira, que, por outro lado, salienta a enorme vaga de solidariedade que se gerou entre os agentes do sector: “Era um inimigo externo, havia uma sensação de perigo que era preci-so combater, que todos tinham de unir forças para combater.” Estava-se em guerra, portanto. E neste cenário emergiu em Por-tugal a fi gura de Joaquim Leite Pereira, um dos grandes proprie-tários do Douro e residente em Provesende (uma aldeia onde, em função da obrigatoriedade de os proprietários de quintas no Douro terem residência na região, se juntaram inúmeros sola-res e mansões de produtores). Em 1868, o biólogo francês Jules--Emile Planchon lançara a ideia de que a fi loxera era causada por um insecto que atacava as raízes das videiras e dois anos depois o entomólogo norte-americano Charles Valentine Riley confi rmou essa hipótese. Os viticultores franceses Leo Laliman e Gaston Ba-zille avançaram com uma ideia: se as variedades americanas re-sistiam à doença, então a solução poderia passar pelo enxerto da

nais culturas mediterrânicas e num dos grandes produtos portu-gueses de exportação, parecia à beira do colapso.

GUERRA SEM QUARTEL

O facto de a França ser, simultaneamente, um dos países mais afectados pela praga mas também um dos grandes centros do co-nhecimento científi co da época levou a uma rápida reacção das autoridades e da comunidade científi ca. Não era a primeira vez que a Europa se via perante a ameaça de pragas vindas da América, nem seria a última: o oídio e o míldio fi zeram o mesmo trajecto. “A ciência reagiu depressa”, recorda Gaspar Martins Pereira, pro-fessor da Faculdade de Letras do Porto e especialista na história do Douro. “A primeira infestação de oídio apareceu na Régua em 1852 e dois anos depois já se estavam a aplicar remédios efi cazes; o míl-

Drama: um mapa da época dá conta da progressão da

praga na região do Douro

Sulfureto de carbono: a sua aplicação nas raízes foi a primeira resposta dos viticultores

“Houve pânico perante a escala da destruição causada pela fi loxera”

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história

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possantes, deram lugar a novos, estreitos e mais elegantes. Mas a paisagem mudou também de ou-tra forma: muitos pequenos viti-cultores tinham, entretanto, ven-dido os seus terrenos a donos de quintas grandes. “É um período de grande alteração da proprieda-de”, confi rma Gaspar Martins Pe-reira. “Muitos proprietários fali-ram, muitas quintas mudam de mãos – e muitas delas passam a ser controladas pelas fi rmas ex-portadoras. O desemprego é sig-nifi cativo, muita gente migra e emigra.”Mais: a própria identidade do Dou-ro muda. A partir do momento em que as suas quintas do Cima-Cor-

go são afectadas pela fi loxera, muitos proprietários viram a sua atenção e os seus investimentos para o Douro Superior, onde a infestação ainda não chegara. O exemplo de Dona Antónia Ade-laide Ferreira, a Ferreirinha, que adquire por esta altura a Quinta do Vale Meão, é bem exemplifi cativo desta tendência. Quando a região volta a ser demarcada, em 1907, cresce exponencialmente para Leste e passa a englobar todo o troço do rio até à fronteira.Replanta-se a um ritmo frenético no Douro – 20.00 hectares, cer-ca de metade da área toral da região demarcada, entre 1882 e 1902 – mas também noutras regiões, mais férteis, como o Ribatejo. Assiste-se a um maciço aumento da produção e o cenário legal também muda. Passa a ser possível aos exportadores enviar para Inglaterra como Porto vinho comprado noutras regiões do país… Em breve, a crise passa a ser de abundância. Há no Douro vinho a mais para o mercado disponível. Segue-se um período de violen-ta comoção social, que culmina no infame motim de Lamego, a 20 de Julho de 1915, quando as forças militares matam 12 pessoas du-rante um protesto de viticultores. E tudo isto, em última análise, por causa de um minúsculo insecto americano…

vitis vinífera europeia em porta-enxertos de videiras americanas. Leite Pereira agarrou esta ideia e batalhou para a impor em Portu-gal. Sabemos hoje que esta era a única solução capaz de controlar efi cazmente a infestação, mas na altura as opiniões dividiam-se. Havia quem advogasse a solução química, apostando na utilização de produtos de laboratório e pesticidas. Os sucessivos testes de-ram, nos anos seguintes, razão aos primeiros. E Joaquim Leite Pe-reira, cujo busto se pode encontrar numa das ruas de Provesende, é hoje classifi cado por muitos como o “salvador do Douro”.Existe um projecto para criar em Provesende um pólo do Museu do Douro dedicado à fi loxera, um projecto de que já se fala há pelo menos seis anos, mas que ainda não avançou. “Existe in-teresse das três entidades envolvidas, o Museu, a Câmara Mu-nicipal de Sabrosa e os proprietários do edifício [os donos do Morgadio da Calçada] onde será instalada a exposição”, garante o director do Museu do Douro, Fernando Seara. Até existe já um projecto arquitectónico. Falta agora tratar da candidatura a fun-dos de apoio e avançar com o projecto museológico, reforçando assim “as grandes potencialidades turísticas” de Provesende.

DEPOIS DA FILOXERA

Voltemos à história. Com a generalização dos porta-enxertos, a vinha renasceu nos fi nais do século XIX. No Douro, tinham aca-bado duas décadas de desespero, com a vinha a desaparecer e a produção de um bem fundamental para as contas nacionais (o Vi-nho do Porto) a cair a pique. Quando, fi nalmente, o Douro come-ça a recuperar, a fi loxera já se estendera ao resto do país – que en-tretanto ganhara relevo nas exportações de vinho, aproveitando a praga em França e Espanha. Em algumas regiões do Douro, vastas terras mantinham-se ao abandono, cemitérios a céu aberto de an-tigas vinhas – alguns destes mortórios, como são conhecidos, ain-da hoje são visíveis na região. Noutros locais, e graças a uma auto-rização especial emitida pelas autoridades em tempos de emergência, já se cultivava tabaco. Com qualidade e proveitos, mas sem paixão popular.O regresso da vinha encontrou um cenário bem diferente do que existia umas décadas antes. O cenário físico, aliás, alterou-se tam-bém por causa das novas culturas. Os antigos socalcos, vastos e

Replanta-se a um ritmo frenético no Douro: 20.000 hectares entre 1882 e 1902

Joaquim Leite Pereira: está prometido um museu para Provesende

Mudança: há medida que a fi loxera infectava as vinhas (foto da esquerda), quintas

como o Vale Meão (à direita), no Douro Superior, foram ganhando protagonismo

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balcão

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O International Gourmet Festival, “a.k.a.” Tribute to Claudia, teve em 2013 a sua sétima edição, que a Revista de Vinhos reportou como “o mais ambicioso de sempre”. Eram os dias em que o bi-estrelado pela Michelin Vila Joya atraía as atenções do mundo, trepava lugares na lista Restaurant/San Pellegrino dos 50 me-lhores restaurantes do mundo, nomeadamen-te de 37º para 22º, e semeava uma aura de glamour, ambição e recolhia reconhecimen-to mundial, por via da projecção mediática do festival, o que inclui o facto de os chefes con-vidados sempre saírem de Portugal como embaixadores do Vila Joya e, por via dele, também da gastronomia e cultura gastronó-mica portuguesa. Houve várias iniciativas de “spin-off ” como a abertura de um pop na região de Lisboa, mas já na altura a organiza-ção do festival reconhecia que o festival tinha custos (de diversos tipos, não apenas fi nan-ceiros) que não eram fáceis de capitalizar, ainda por cima tendo em conta a dimensão do restaurante original. Foi por esta altura que o trabalho excepcional do Vila Joya e do Tribu-te to Claudia foram reconhecidos pela Revis-ta de Vinhos com o Prémio Especial de Gas-tronomia David Lopes Ramos, uma certifi cação de que o trabalho feito valorizava muito mais do que o próprio Vila Joya. Mas, bem, 2014 foi o ano em que o festival não foi feito, uma paragem para pensar. Aliás, e isso deve dar que pensar a todos nós, o 22º na lis-ta San Pellegrino baixou logo para 98º. Em 2015, para alegria de todos os gastrónomos, o Tribute to Claudia regressa. O número de dias diminuiu, são “apenas” seis, entre 10 e 15 de

Novembro. “Apenas” entre aspas, porque, tendo já assistido a vários dias de festival e, armado de máquina fotográfi ca, conseguido andar pelos bastidores a tentar ver e com-preender tudo, estes seis dias valem por mui-tos mais, de tal forma é intenso e frenético o nível de actividade e o número de actividades. O programa inclui a participação de 51 chefes de cozinha, e tem como tema a “Traditional crEATivity”, isto é, as tradições gastronómicas que se traduzem em “prestar tributo e convi-dar esses chefs especiais que têm infl uencia-do a gastronomia e a hospitalidade, chefs que têm passado, de uma geração à outra, valiosas tradições culinárias”. O programa completo pode ser consultado em http://www.vilajoya.com/pt/cuisine/festival/, mas podemos des-de já destacar o “Tribute to Koschina” a 12 de Novembro, a noite Koschina&Friends, a 13 de Novembro, e o “crEATive Portugal” com mui-tos chefes estrelados portugueses, a 14 de Novembro. O festival termina a 15 de Novem-bro com a noite “Munich Maestros”, que ho-menageia a cidade natal da família Jung, pro-prietária do Vila Joya (Joy dá o nome à casa, e Claudia era a sua mãe, fundadora do restau-rante), e também as origens profi ssionais do chefe austríaco Dieter Koschina. Vêm de Munique os chefes Eckart Witzigmann, Hans Haas, Heinz Winkler e Otto Koch. Cada jantar tem o preço de 350€ e inclui cocktail, jantar com degustação de vinhos e um cocktail “after--dinner,” com a presença dos chefes.

2015: REGRESSA O TRIBUTE TO CLAUDIA

WINE BARS COM COMIDA em Lisboa ou Porto

THE CORKSCREWRua dos Remédios 95, 1100-443 Lisboa 21 595 17 74

BA WINE BAR DO BAIRRO ALTORua da Rosa 107, 1200-382 Lisboa 21 346 11 82

CHAFARIZ DO VINHO Praça da Alegria, 1250-004 Lisboa 21 342 20 79

ENOTECA DE BELÉM Travessa do Marta Pinto 10, 1300-390 Lisboa 21 363 15 11

GRAPES & BITESRua do Norte 83, 1200-284 Lisboa 21 346 0912

BEBEDOURO WINE AND FOODRua de São Nicolau 24, 1100-549 Lisboa 21 886 03 76

VESTIGIUSRua da Cintura do Porto de Lisboa, Armazém A17, 1200-450 Lisboa 21 820 33 20

WINE QUAY BARCais da Estiva 111, 4050-080 Porto 22 208 01 19

VINOLOGIARua de São João 28, 4050-552 Porto 91 253 82 19

BONAPARTEAvenida do Brasil 130, 4150-151 Foz do Douro, Porto 22 618 84 04

ADUELA TABERNA/BARRua das Oliveiras 36, 4050-448 Porto 22 208 43 98

PROVA – WINE, FOOD AND PLEASURERua de Ferreira Borges 86, 4050-252 Porto 916 499 121

THE WINE BOXRua dos Mercadores 72, 4050-374 Porto 22 203 41 00Luis Antunes

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ANTIQVVM COM VÍTOR MATOSAbriu no antigo Solar do Vinho do Porto um novo restaurante, Anti-qvvm. A antiga Quinta da Macieirinha, com a sua magnífi ca vista sobre

o Rio Douro, acolhe agora este novo projecto de restauração, que conta nas cozinhas com o chefe Vítor Matos, que recentemente anunciou que deixaria a Casa da Calçada, em Amarante. Com 70 lugares, o Antiqvvm propõe almoços executivos, tapas e serviço de bar, para além dos janta-res mais criativos e ambiciosos. O Antiqvvm fi ca na Rua de Entre Quintas 220, 4050-240 Porto 22 600 04 45.

RESTAURANTE SOMMELIER ABRE EM LISBOAAlguns atrasos nas construções e nos papéis permitiram que se gerasse algum buzz à volta desde novo restaurante em Lisboa. Os proprietários são Mário Tei-

xeira e Evgeny Boldyrev, este de origem russa. Rússia, aliás, onde Mário fez os seus estudos de Física, que já não exerce. O restaurante está muito bem desenhado, é espaçoso e moderno, com um ambiente com aspecto luxuoso mas que não se torna opressivo, até porque o vinho acaba por ser o mote da decoração, mas também o lema da funcionalidade. Por exemplo: na parede do fundo há nove máquinas Eno-matic, cada uma com a capacidade de dispensar 8 vinhos a copo. Pode ser o cliente ou o staff a servir os vinhos, em doses de degustação (25ml) ou normais (125ml). Os copos são Schott Swiesel, elegantíssimos, e o serviço de vinhos é da responsabili-dade do escanção Ricardo Sá. O Sommelier está por agora aberto só para jantares, mas em breve passará a abrir do meio-dia em diante, sem interrupções. A cozinha está a cargo de Ricardo Sousa, e a carta mostra tanto clássicos e pormenores portu-gueses, como pratos internacionais, com apresentação moderna e rigor na prepa-ração. Um bom destino enófi lo na Rua do Telhal, 57, 1150-345 Lisboa 966 244 446.

EMPADA DE ARRAIOLOS REGISTADAO Município de Arraiolos considera a empada um dos expoentes máximos da sua gastronomia, tendo assim avançado para o registo

desta marca, que poderá apenas ser produzida por estabelecimentos com sede física no concelho. Com esta iniciativa, o município espe-ra aumentar a projecção do concelho a nível nacional e internacional, esperando atrair mais investimento empresarial e reforçar o turismo.

PALÁCIO DO GOVERNADOR DA TORRE DE BELÉM RENASCE COMO HOTEL DE CHARMEO Grupo hoteleiro Nau recuperou o edifício que foi casa do Governa-

dor da Torre de Belém, e que inclui ruínas romanas, para criar um hotel de charme, com 60 quartos, restaurante de autor, spa e piscinas ao ar livre. O restaurante Ânfora é liderado pelo chefe de cozinha André Lança Cordeiro e tem capacidade para 80 pessoas no interior, 60 no terraço, e 18 numa sala privada. Rua Bartolomeu Dias, 1400-030 Lisboa 21 300 70 09

TSUBAKI COM APOIO DE PAULO MORAISOs fãs de cozinha japonesa gostarão de saber que no Turim Saldanha Hotel, o recentemente aberto Restaurante Tsubaki apresenta 4 me-

nus de almoço, com preços entre 10€ e 15€, com água ou chá incluídos. Os temas dos menus são sushi e sashimi, teppan-yaki, tenpura e vege-tariano, e estão disponíveis entre as 12h e as 15h, na Rua Latino Coelho 23, 1050-132 Lisboa 21 049 23 20.

CONFRARIA DAS TRIPASEm 2015 assinalam-se os 600 anos da conquista de Ceuta e da li-gação à tradição das tripas e à cidade do Porto, e a Confraria Gas-

tronómica das Tripas à moda do Porto realizou mais uma cerimónia de entronização de novos confrades e homenageia o seu patrono, o Infante D. Henrique. Criada em 2001, a Confraria tem como objeti-vo principal a divulgação do prato típico que baptizou os portuenses, promovendo o valor gastronómico das Tripas à Moda do Porto, real-çando o seu signifi cado histórico, interesse popular, turístico, cultural e económico.

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A vez da carneChegou a vez da carne. Ingrediente central em muitas refeições, a carne tem

um lugar de fascínio difícil de igualar na mesa dos portugueses. A gama dos animais terrestes cuja carne comemos é multiplicada pelo número de cortes que deles

são tirados e ainda pela variedade de técnicas de confecção aplicadas. Um festim.

TEXTO Luis Antunes * FOTOS Ricardo Palma Veiga

Quando estava a escrever esta peça, parei um pouco para me interrogar sobre os caminhos a seguir. Perguntei a um grupo grande de pessoas o que era para eles uma grande refeição de carne. Esperava talvez respostas mais focadas em um ou outro prato emblemático, mas o que encontrei foram res-postas muito variadas, e muitas vezes pouco focadas no que consideraríamos normalmente as peças mais nobres, ou as preparações mais ricas. Desde frango assado até bifi nhos com natas, passando por picanha, cabrito assado ou lombo de porco, ouvi de tudo, e isso surpreendeu-me. Muitas vezes associamos os grandes carnívoros com pre-parações de carne relativamente simples, mas baseadas em cortes de grande nobreza. A cotoletta fi orentina ou a posta à mirandesa são bons exemplos. Um pouco mais elabora-dos são os assados de animais inteiros, como o leitão ou o cabrito, que provocam paixões, geram saudades e instigam viagens. Mais clássicos, mas também a gerar exaltações, são os diversos cozidos à portuguesa, ou a chanfana beirã. Fui atrás de todas estas instâncias e ainda um pouco mais longe.

CARVOARIA

Uma antiga carvoaria tornada taberna foi comprada pelo casal António e Teresa Tavares. Fica na zona do Bairro das Colónias, em Lisboa, perto do Mercado do Forno do Tijolo,

QQuando estava a escra escrinterrogar sobre os ce os cgrande de pessoas ooas ode carne. Esperava terava toutro prato emblemoutro prato emblempostas muito variadapostas muito variconsideraríamos noconsideraríampreparações mais riparações mcom natas, passandonatas, pas

A Carvoaria: António Tavares aposta na grelha

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e abriu em Janeiro de 2000. São 90 lugares e serve mais de 250 refeições por dia. António tem formação como corta-dor de carne, e é na carne que reside o segredo do sucesso da casa, que não pára de crescer. António disse-me que é preciso comprar a carne fresca, saber escolher, olhar para a origem, para o marmoreado da carne e perceber o seu potencial para a grelha. É da grelha que sai a grande maioria dos pedidos. Há sempre um prato do dia de peixe e outro de tacho, para refeições mais rápidas e em conta. Mas é a montra das carnes que acende o olho de quem entra. Posta mirandesa (há muitos cortes de vite-la mirandesa), espetadas (feitas na casa), picanha (Austrá-lia, Argentina, Uruguai) estão entre os principais pedidos. António tem na cabeça os tempos de grelha, bem como as al-turas e a gestão das brasas. E quando está a cortar a carne há sempre alguém perto da grelha que pode dar uma mão para assegurar o ponto perfeito. Os diferentes cortes lidam com a grelha de forma diferente. António recomenda o acém redondo de vitela Angus criada em Portugal, mas também a vazia com maturação de 60 dias. A Carvoaria tem apenas 7 ou 8 forne-cedores de carne e António ainda gosta de dar uma volta pelos talhos locais para verifi car as novidades e afi nar os standards. Teresa admite que a principal difi culdade é o estacionamento na zona, mas gostam da dimensão que têm e a clientela fi el volta

sempre, porque sabe que cada pormenor é cuidado como na sua própria casa. Esta é uma das melhores grelhas de Lisboa.

PUTTANESCA

Nuno Santos tinha uma pizzaria em Leiria, e o forno a lenha ocupava tanto a sua cozinha como a sua vida. O forno é uma fonte de calor difícil, mas depois de 20 anos Nuno conhece--o bem e não tem quaisquer problemas. Toda a confecção do restaurante é feita no forno. A inspiração do Puttanesca são os “asadores” espanhóis. As carnes disponíveis são novilho, porco, cabrito, pato, galo, borrego. Do novilho usa a pistola inteira, ou seja, o vão com-pleto e a perna traseira até acima do joelho. A pistola é des-manchada nas várias peças com ou sem osso; vazia e cos-teleta da vazia, acém e costeletas do acém, tudo isto vai ser grelhado. Nuno usa ainda o lombo, que frita com manteiga de alhos negros e boletos, ou à cortador, com azeite e alho. Do cabrito assa as pernas, a barriga é grelhada na brasa, à moda de Silgueiros. O galo é feito de caldeirada, na púcara, cabidela, coq-au-vin ou à mourisca, com canela. Porco ape-nas usaIbérico engordado a bolota, que vem de Salamanca, ou Bísaro engordado a castanhas, mas este é mais difícil de encontrar. Está a fazer ensaios com o Malhado de Alcobaça. Para muitas destas carnes, Nuno conta com a colaboração

Para todos os gostos: há mil e uma maneiras de confecionar a carne – e todas têm adeptos irredutíveis

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de um talhante local a quem “meteu o vício” de se interes-sar pela origem e criação dos animais. Ele procura criadores caseiros de porcos e outros animais, compra-os e abate-os. O porco é grelhado, estufado ou assado no forno: costele-tas, lombo, secretos, entremeada e a lágrima (carne estre as costelas). Os temperos usam sal aromatizado com limão, ervas de Provence ou pimentas, usados para perfumar e ter-minar os pratos. O pato é lacado com Pedro Jimenez e mel e servido com fi gos das Rendufas, a coxa é confi tada, ou en-tão servido num arroz de caril de Madras que vai ao forno com xistorra basca. É possível fazer tudo isto no forno ao mesmo tempo, man-tendo uma fogueira, um braseiro e as restantes zonas quen-tes. Não há misturas, já que o forno tem diferentes circui-tos para os fumos. Assim, pode-se assar, grelhar, estufar, confi tar, cozer, etc., e ainda usar as diferentes alturas, des-de 0 a 20cm. Há várias carnes maturadas, desde rabo de vaca Rubia Galega, a vãos de Rubia, Cachena Galega, Simmental da Suíça e Wagyu da Austrália. Todas estas carnes são misturadas em Espanha, e são pre-ferencialmente grelhadas, para aprovei-tar o marmoreado que mostra a grande capacidade de infi ltração de gordura no músculo destas raças. É essa gordu-ra que, ao derreter, confere o sabor extraordinário do gre-lhado. Em suma, no Puttanesca, Nuno Santos procura valo-

rizar a origem dos produtos e enfatizar as melhores qualidades que as diversas técnicas oferecem.

TALHO

Kiko Martins viajou pelo mundo antes de abrir o seu Talho, que é ao mesmo tempo um talho e um restaurante. Aliás, primei-ro um talho e só depois um restaurante, já que o seu talho perfeitamente opera-

cional serve de antecâmara e sala de espera do restaurante. Kiko caracteriza a casa pelo trabalho de investigação e ino-vação ligado às carnes. Além do conforto oferecido pelos bifes e hambúrgueres, Kiko oferece tártaros de novilho com alga nori ou com shot de vodka, magret com tempero asiático, borrego estufado com especiarias de inspiração indiana, barriga de porco com temperos asiáticos, caldo de cataplana e quinoa, ou ainda a sobremesa com carne, um gelado de foie gras. Em resumo, não se fi ca pelos bifes e hambúrgueres, o conceito vai mais longe, a clientela adere e vai atrás, e o chefe Kiko gosta de os conduzir para lá. A matriz do restaurante é a cozinha do mundo, com viagens que lhe trouxeram uma visão própria, apesar de o chefe ad-mitir que há uma infl uência de base portuguesa. A origem dos produtos é uma preocupação constante. O porco vem de Santarém, do tio António, as carnes maturadas vêm de fora, picanhas e vazias vêm da Argentina ou Uruguai, che-gou a usar vitela maronesa mas desistiu, não se consegue assegurar consistência de qualidade. Aves e cabrito são da Herdade do Freixo do Meio, mas o borrego é australiano ou

O Talho é um talho e um restaurante. Primeiro um talho

e só depois um restaurante

Puttanesca: o forno não tem segredos para Nuno Santos

Talho: Kiko Martins (ao centro) trouxe inspiração das suas viagens

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CARNALENTEJANA

Quem não tem problemas com a origem é a Carnalentejana, ou melhor esse é o seu principal foco de atenção. Segun-do Gonçalo Albino, director comercial da Carnalentejana, a empresa constitui um agrupamento de produtores onde cada rês constitui um voto. Trabalham essencialmente com vacas e borregos, e marginalmente com porcos. A Carnalentejana é um produto certifi cado de vacas de raça alentejana pura, e concretiza-se em vitela (até 8 meses), vi-telão (8 a 12 meses), novilho (13 a 30 meses) e ainda as vacas chamadas de reforma. Estas juntam-se às carnes de segun-da das restantes e são apresentadas na distribuição nacional em produtos elaborados: hambúrgueres, salsichas, almôn-degas e carne picada. As carnes de primeira, diversos cortes da pistola, apresentam-se em vários tipos de embalagens. Há ainda rabo de boi e bochechas que vão essencialmente para restaurantes. Outras peças podem ser encomendadas nas várias lojas da marca. A criação dos animais é toda ao ar livre, com pastos quando os há e com o que a Natureza alentejana dá no resto do tempo, em particular restolhos dos cereais. Só nos últimos 2 meses antes do abate os animais comem uma ração especial, rica em vitamina E e selénio, para diminuir a cor forte da carne de pasto, mal aceite pelo mercado. Mesmo esta ração é se-leccionada num concurso e usada por todos os produtores, assegurando assim sempre o controlo total da alimentação. Nas várias feiras onde participavam, Gonçalo constatou a ausência da Carnalentejana nos restaurantes, e assim de-senvolveu um projecto de restaurantes itinerantes (2 com

neozelandês. O problema das carnes portuguesas é sempre a consistência.As peças nobres são normalmente tratadas a baixa tempera-tura em vácuo, e depois acabadas com calor forte. Esta me-todologia permite adiantar atempadamente a preparação, e ainda garante qualidade e consistência, menor dependência da presença do chefe durante o serviço.

Carnalentejana: aqui a origem do produto está assegurada

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É nas partes menos nobres, junto ao osso, nas gorduras, nas peles, que se concentram os aromas e sabores

capacidade para 200 pessoas e um para 100 a 150, instala-dos em cozinhas móveis) e fi xos, nomeadamente no Bair-ro de Santos e no Cais do Sodré, em Lisboa. Aqui, o cliente costuma começar por vir pelos grelhados, mas a tarefa de mostrar o que se pode fazer com as carnes de segunda aca-ba por se revelar convincente e gerar regressos. Rabo de boi de escabeche, bochecha de novilho estufada em vinho tinto, língua, cachaço estufado, tártaro ou a sopa de rabo de boi são pratos que têm que ser bem vendidos, mas agradam sempre. Os restaurantes são ainda fortes em hambúrgueres, neste momento na moda, mas nem sempre com a qualidade que esta carne aqui oferece.

PEDRO LEMOS

Procurei então saber se nos restaurantes de alta cozinha se tratavam apenas as peças mais nobres das carnes com as melhores origens. O chefe Pedro Lemos admitiu que essa visão já foi dominante, e ainda poderá ser seguida em alguns restaurantes que aspirem ao estrelato, mas que no seu caso e nos dos colegas que visita se verifi ca exactamente o con-trário. Explicou-me: cada vez mais se preocupa principal-mente com o sabor dos pratos e, ao usar o animal inteiro, acaba por apanhar melhor a sua essência. Por exemplo, do cordeiro usa os ossos e miúdos para fazer um molho e assando as outras peças acaba o prato numa ter-rina. Do porco usa o vão das costelas e as costeletas, ainda o lombinho, o resto vai para comida do pessoal, evitando des-perdícios. O pombo também é trabalhado por partes, as per-nas são desfi adas, os peitos separados, o resto vai para um jus. A ideia é tirar o máximo partido de tudo, e é nas partes menos nobres, junto ao osso, nas gorduras, nas peles, que se concentram os aromas e sabores.A sua preocupação é na verdade mais a inversa, saturou-se do excesso de preocupação com a excelência e quer assegu-rar a autenticidade através da simplicidade das abordagens, mesmo que isso implique usar várias técnicas nas várias par-tes de um animal. Para Pedro, o verdadeiro luxo vai focar-se nas pessoas que resistiram e mantiveram a simplicidade e

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a autenticidade. Cada vez mais não se foca nas preparações muito standardizadas, com vácuo, temperaturas e tempos de confecção precisos. Esta cozinha mais vazia, com excesso de técnica e falta de intuição não é o caminho que Pedro e os seus cozinheiros querem seguir. Agora é mais fogo e ferro, e cada prato é um prato. Num restaurante da dimensão do Pedro Lemos é mais fácil assegurar a constância de fornecimento de carnes de criação artesanal, pequenos produtores muito específi cos, criações caseiras ou quase. Por exemplo, numa semana bastam-lhe 6 a 8 cordeiros, o que se consegue junto de pastores que sim-plesmente deixam a Natureza trabalhar e tomam conta das criaturas resultantes.

NOBRE

Falta-me nesta panorâmica ainda completar a abordagem à cozinha tradicional. Justa Nobre contou-me que vende bem mais peixe do que carne, mas procura sempre ter pratos de conforto, pratos da história do país e das suas pessoas, que muitas vezes não se conseguem encontrar tão facilmente. Sobre a cozinha tradicional portuguesa, a chefe Justa ofere-ce apenas duas modifi cações: tirar gordura e tirar sal. Tudo o resto é para manter. No Inverno altera a carta para pratos com maior peso. Aos domingos faz cozido à portuguesa, com boas carnes e bons enchidos. Tem também frequentemente perna de cabrito à transmontana. Na época de caça tem perdiz à transmon-tana e também perdiz à Convento de Alcântara, mas tam-bém lebre, coelho, etc. Gosta de trabalhar vitela maronesa e mirandesa até 12 meses de idade, e novilho com menos de 2 anos. O cozido leva-lhe as partes menos nobres como o peito ou o cachaço. Da vitela faz o lombinho, costeletas e rodião assado no forno. Do novilho usa só a vazia e o lom-bo, em rosbife e bifes. Tem também estufados, faz feijoada à transmontana, rancho.Para Justa, as técnicas modernas, como a baixa temperatu-ra, são herança das técnicas antigas. Lembra – e ainda faz – um galo caseiro ou vitela estufada como a sua mãe fazia: logo de manhãzinha coloca no fogo muito baixo e passa toda a manhã a cozinhar lentamente. Justa mantém assim a co-zinha portuguesa e com os nomes da cozinha portuguesa. Faz fricassé de pato com canela, um prato de festa em Trás--os-Montes, pato estufado, pastéis de massa tenra, frango estufado, empadão de carne, almôndegas.Muitas pessoas pedem estes pratos com saudade, lembram--se deles mas já não os fazem nem sabem fazer, já que em casa as mães passaram a trabalhar e as pessoas deixaram de ter empregadas. É preciso é usar produtos genuínos, pes-soalmente controlados por Justa. Uma vitela assada é feita

ENDEREÇOSRESTAURANTE CARVOARIARua Maria Andrade 6A, Lisboa21 814 7555

RESTAURANTE PUTTANESCARua da Escola, 2410-321 Leiria244 856 180

RESTAURANTE O TALHORua Carlos Testa 1B, 1050-046 Lisboa21 315 4105

RESTAURANTE CARNALENTEJANARua da Benefi cência 229D, 1600-019 Lisboa21 823 71 26

RESTAURANTE VICENTE BY CARNALENTEJANA Rua das Flores 6, 1200-371 Lisboa21 806 61 42

RESTAURANTE PEDRO LEMOS Rua Padre Luís Cabral 974, 4150-459 Porto22 011 59 86

RESTAURANTE O NOBRE Av. Sacadura Cabral 53B, 1000-080 Lisboa21 797 07 60

Nobre: Justa Nobre aposta no que é português

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desde manhã cedo, apenas 15 a 20 doses, e durante o dia ela é toda vendida. Não há necessidade de recorrer a técnicas de conservação, ou preparação antecipada. As compras são feitas com cuidado com a origem dos ani-mais e o processo da sua criação. Compra vitela Cachena do Alentejo, que é tenra e saborosa, criada em pasto. O restau-rante O Nobre tem poucos fornecedores e eles rapidamen-te se adaptam à exigência da chefe Justa, já que também o restaurante tem que se adaptar ao cliente. Segundo a chefe, hoje em dia já não é assim tão difícil assegurar o forneci-mento de bons produtos.

PECADO FINAL

Grelhar, assar, fritar, cozer, saltear, estufar, guisar, fumar, curar e ainda outras e ainda variantes destas, de tudo po-demos fazer à carne. A carne pode ser vaca, porco, borrego, cabrito, e uma data de aves, para além de variantes de idades das anteriores, e de outros animais mais exóticos. Há ain-da animais domésticos e de caça. E para cada um destes há vários cortes, origens, alimentação, conservação. A carne é um mundo imenso de variações e gulas. E, como diz um amigo meu, acompanha muito bem com comida vegetariana.

A carne é um mundo imenso de variações e gulas. E acompanha muito bem com comida vegetariana…

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A propriedade que adquiriu em 1998, situada no coração do Alentejo (Borba), era o sítio certo para produzir vinhos de qualidade superior, um produto especial e único. Aqui reuniam-se as mais perfeitas con-dições: as variedades de uva existentes, a altitude, os solos de xisto.Construiu-se uma nova adega, gravita-cional e modernamente equipada, para conseguir obter os melhores resultados das uvas mais perfeitas.Emil Strickler sempre defendeu Inovação, Precisão e Perfeição, neste contexto faz todo o sentido termos os melhores equipa-mentos, e continuar a investir anualmente

uma precisão suíça) percorreu-se um longo caminho, e hoje podemos afi rmar que os vinhos da Quinta do Zambujeiro são uma referência de qualidade quer a nível Nacional quer Internacional. O segredo recaí nos detalhes, tudo é tra-balho de com uma equipa grandemente motivada, os nossos vinhos são artesanais do principio ao fi m garantindo o nosso distinto estilo, vinhos do Zambujeiro. Desde o inicio que temos três enólogos (Nuno Malta/ Viticultura, Luis Lourinho/Produção, Alain Bramaz/ enólogo consul-tor), apesar de terem diferentes funções na empresa , todas as decisões de enologia são tomadas em equipa. A sua visão foi alcançada, produzir vinhos de elevada qualidade com uvas tipicamente portuguesas e providenciar a amantes e conhecedores de vinho uma nova e ex-citante sensação que jamais esquecerão.O sonho tornou-se realidade mas a história não termina aqui, o desafi o continua... a busca da perfeição.

nas melhores inovações, sendo o nosso percurso o mais sustentável possível, com as melhores práticas vitícolas visando a bio produção num futuro próximo.Com uma equipa focada na qualidade dos vinhos e ambicionando a perfeição (com

Precisão Suíça com ALMA PORTUGUESA

Foi em 1999 que o Industrial suíço Emil Strickler, natural de Zurique, estabelecido em Singapura há mais de 40 anos por motivos profi ssionais, procurava uma nova aventura

em Portugal, país que já visitava há alguns anos e no qual viu um enorme potencial para se iniciar no mundo dos vinhos e realizar o sonho de ter o seu próprio vinho.

www.quintadozambujeiro.com

Zambujeiro e o MundoUm projeto que se focou desde o início na exportação. Tudo começou com o mercado suíço, sendo este ainda hoje o mais signifi cativo para a empresa, no entanto a marca está já representada em todo o mundo. Portugal tem sido nos últimos anos o mercado com maior crescimento, provando que os portugueses apreciam o nosso estilo de vinho.

publireportagem

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Vinagres

DTEXTO João Paulo Martins * FOTOS Ricardo Palma Veiga

É o pesadelo de qualquer enólogo e a ruína de um produtor: quando o vinho vai para vinagre já não volta para trás. De produto menor, o vinagre virou iguaria.

Mas tem que se lhe diga ou, como se disse há pouco… isso é tudo muito bonito, mas…!

os vinagres de fruta, sendo provavelmente o de maçã aquele que granjeou mais adeptos. O método natural é o mais moroso mas há outras manei-ras de fazer. A fórmula mais industrial é juntar 10 litros de vinho com 90 litros de água e ácido acético; uma se-mana depois temos vinagre. Adicionado com água, o vi-nagre tinha a propriedade de “matar a sede” e por isso, segundo o produtor Rui Moura Alves, “ia muito para Áfri-ca”, onde era usado com esse fi m. Este é o vinagre mais vulgar, aquele que todos nós conhecemos em bisnagas de plástico mole que se apertavam sobre o tacho da comida.O vinagre feito pelo método natural tem, entre nós, a expressão máxima nos vinagres Moura Alves ou Quinta das Bágeiras, feitos na região da Bairrada. É lá que Mou-ra Alves tem as barricas (muitas barricas!) de variados tamanhos com o vinagre em diversos estádios de aceti-fi cação. Como se imagina, não é de uma adega que se trata, antes um ambiente de ar livre, arejado e com tec-to, com as variações naturais entre Verão e Inverno. É que, segundo Alves, “se estiver em barrica, é bom que tenha variações de temperatura ambiente sem, no en-tanto, haver incidência directa do sol. Depois é esperar, já que em média, pelo processo natural, um grau de ál-cool é transformado num grau de acético e isso demora, em média, um ano por cada grau. Por isso, para desdo-brar um vinho de 14º são precisos muitos anos”, disse.Há mais produtores a enveredarem pelo método “natu-ral”: na Bairrada já existe também o vinagre da Quinta das Bágeiras (no mercado) e a Quinta da Pedreira já está a engarrafar, pelo que em breve chegará ao mercado.

Diziam os antigos que o caminho natural de um vinho, se não for acompanhado, é transformar-se em vinagre. As bactérias acéticas estão presentes nas adegas e não descuram qualquer oportunidade de se intrometer nos processos de fabrico do vinho. Por isso a atenção é to-tal e hoje em dia a protecção é a palavra de ordem: pro-tecção do mosto, protecção do vinho feito, protecção das barricas. O melhor protector é a ausência de oxigé-nio (sem ele as bactérias não trabalham) e a utilização de sulfuroso, seja sob a forma de mecha de enxofre ou outra mais moderna, em pó, tornou-se habuitual. Mas os antigos também faziam vinagre quando, in-tencionalmente e lá bem ao fundo da adega (quanto mais longe dos vinhos, melhor), deixavam azedar o vinho e, pacientemente, esperavam que dali saísse um bom vinagre. E quando estava feito tiravam o vi-nagre da barrica e deixavam lá as borras avinagradas, juntando nova dose de vinho mais novo. Com paciên-cia, era assim que se fazia. Obtinha-se assim o que hoje se chama “vinagre natural”. E chama-se assim para o distinguir dos outros, que são obtidos por ou-tros processos.

SÓ VINHO OU TAMBÉM MAÇÃS?Durante muito empo a lei apenas considerava vina-gre aquele que tinha sido vinho na origem. No entan-to isso mudou e a actual legislação (os mais curiosos podem consultar o Decreto-lei 174/07) contempla vinagres de todo o tipo de fruto que permita uma fer-mentação e transformação em álcool; nasceram assim

Uma moda

que veio

para ficar

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vinagres

voltou para a barrica onde ganhou complexidade e aro-mas por mais 3 a 4 anos”. O sucesso do produto levou a que já se tenha feito uma segunda vez – 7.000 litros, de que os primeiros 1.000 já estão no mercado e irão fazer durar até que o terceiro (também de 7.000 litros) esteja concluído, o que ainda vai demorar muito. Porquê Late Harvest? “Foi um aca-so”, disse Antonina, mas a continuidade está assegura-

da porque “nesta zona é fácil fazer um Late Harvest e a vindima nem é tão tardia como isso, o que faci-lita”, concluiu. Com este novo produto, escusado será dizer que o consumidor não vai contar nunca com um late harvest da Falua; é que eles já desisti-

ram! O PVP ronda os €8.

DE VISEU PARA SINTRAJoão Maciel é o rosto da empresa Portugalfarm – Casa Agrícola, vocacionada para a comerciali-zação de azeite (há cerca de 11 anos) e, mais re-centemente, de vinagre. O azeite representa ain-da 95% da facturação da empresa. Enquanto neste produto trabalham em cooperação com uma cooperativa do Alentejo, no caso do vinagre o produto deriva de vinhos comprados no norte do país, mais propriamente em Viseu. Só usam vinhos de agricultura biológica e, assim, o vina-gre tem a particularidade de poder ostentar esse epíteto.Partindo de uma base de 40.000 litros de vinho (normalmente com um ou dois anos), o vinho é

Dos outros métodos de fazer vinagre escolhemos dois que são, de alguma maneira, originais: o vinagre Oli-veira Ramos, produzido pela Falua, de João Portugal Ra-mos e que tem DOP Tejo; e o vinagre Casal da Memória, feito de vinho de agricultura biológica.É Antonina Barbosa, enóloga na Falua, que nos conta a história: “Em 2004 tínhamos feito um Late Harvest de Arinto e Fernão Pires e foi fi cando, fi cando, em bar-rica e a certa altura (4 anos depois) percebemos que já tinha passado do prazo e resolvemos tentar um vi-nagre; eram 4.000 litros em barricas de 300 litros. Enviámos então o vinagre para uma empresa onde foi feita a acetifi cação e depois (um mês mais tarde)

Paciência: as barricas, de vários tamanhos, são o melhor recipiente para fazer vinagre

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vinagres

Método “natural”: Rui Alves, na sua vinagreira na Bairrada, arejada e aberta às variações climáticas

depois acetifi cado na região. Maciel explica: “O vinho é introduzido em cuba de inox, tem um motor que injec-ta ar; a combinação com as bactérias do vinho activadas pela circulação do ar faz com que comecem a comer o álcool. Não pode adicionar quase nada e o vinho não pode ter sulfi tos.” No fi nal fazem vários lotes para atin-gir os 6º de acético (graduação que Maciel reputa de “pura convenção”). Depois vai para barricas velhas, pelo menos durante 6 meses – “a barrica induz alguma com-plexidade e arredonda a acidez; no fi nal, antes do en-garrafamento, usam algum metabisulfi to, nas propor-ções autorizadas para bio”, concluiu. Muito orgulhoso do seu vinagre (PVP €2,50 no Corte Inglés) Maciel não deixa de dizer que aprecia muito o vinagre Moura Alves, “mas demora muito tempo a fa-zer…”. Com armazém no concelho de Sintra, Maciel está também orgulhoso da imagem do seu vinagre: “Temos departamento gráfi co na nossa empresa. Fomos nós que fi zemos o rótulo.” Estiveram bem, que a apresentação é bem atractiva, dizemos nós.Duas notas fi nais: vinagre balsâmico é um assunto mui-to mais sério do que as embalagens adquiridas em gran-de superfície podem fazer supor. Se os muito bons cus-tam mais de 100€ a garrafi nha de 100 ml, é de crer que os que custam 2 ou 3 estejam a anos-luz de um bom bal-sâmico. Convém distinguir claramente. Para fi nalizar, diga-se que não existem, comercializados entre nós, vinagres feitos de vinhos generosos. No caso do Vinho do Porto, o IVDP não autoriza o uso da palavra Vinho do Porto associado com vinagre mas, cremos, tal proibição não obsta a que se possa fazer um Vinagre de Vinho Fino. Fica a proposta, que tinha ainda a vantagem de poder albergar outros generosos nesta designação.

A principal ideia a reter para quem quer tentar é que não é difícil mas há alguns procedimentos que devem ser cumpridos. E se não sair bem à primeira não há que chorar o investimento feito, uma vez que se usam restos de garrafas e vinhos que já estavam velhos e passados.Aqui fi cam alguns aspectos a reter, tipo regras:1. Só se devem usar vinhos sãos, ou seja, sem cheiros a rolha ou defeitos equivalentes e sem cheiros de bolor (caso se quisesse usar vinhos que tinham estado em tonel);2. Juntar restos de vinhos em recipientes de plástico alimentar (têm símbolo próprio) ou vidro. Garrafões de 5 l de água servem. Se o plástico não for alimentar o vinagre adquirirá cheiros horríveis de cola (é verdade, já me aconteceu);3. Os vinhos a usar podem ser de todos os tipos mas se usar

generosos (Porto, Madeira, Moscatel, Licorosos) tem de ter mais paciência porque mais álcool signifi ca mais tempo de espera;4. Evite vinhos demasiado novos que poderão ter ainda muito sulfuroso. Esses deverão ser conservados à parte num garrafão meio cheio para irem oxidando e combinando o sulfuroso. Depois então podem juntar-se ao lote;5. O vinagre precisa de oxigénio e por isso um garrafão de 5 l tem de fi car com espaço para oxigénio e acaba por dar pouco vinagre. É, por isso, preferível usar recipientes de 10 litros (deixando um espaço de ar equivalente a 2 litros). Melhor ainda é madeira (barrica de 50 litros, por exemplo);6. A barrica deve ser cheia de uma vez só para não atrasar o processo. Pode ser madeira nova porque não dá aromas de madeira ao vinagre. Não pode ser barrica que tenha sido usada para

bagaceira e não pode ter problemas de bolor;7. A qualidade (sobretudo a limpeza) do vinho é fundamental para a qualidade do vinagre. No entanto, não é preciso que sejam “grandes vinhos”; espumantes também são bem-vindos na vinagreira.8. Adicione a ‘mãe’, um concentrado de bactérias acéticas activas, que se obtém na fase fi nal da produção do vinagre. Aparentemente tanto pode ser um líquido como pode ter um aspecto gelatinoso. Para um barril de 50 litros, uma garrafa de 0,5 litros de ‘mãe’ é sufi ciente. Também se pode fazer sem ‘mãe’ mas é mais demorado.9. A análise fi nal antes de se juntar o sulfuroso é fundamental porque deverá sempre fi car com 1,5o de álcool por desdobrar;10. O sulfuroso a adicionar deverá ser de 60 miligramas por litro e engarrafa-se de imediato. É

obrigatório interromper o processo de acetifi cação com o sulfuroso. De outra forma as bactérias continuam a trabalhar e todo o processo fi ca estragado. Uma vez engarrafado pode usar-se de imediato;11. Pode (e deve-se) ir fazendo análises periódicas, pelo menos uma vez por ano para se ver quanto álcool já foi desdobrado. Se o vinho inicial tinha 14o, por exemplo, quando faltarem uns 5o pode retirar-se para uma garrafa de 0,5 litro e essa base é a mãe para iniciar uma nova produção com outro recipiente e outros vinhos;12. Embora a lei exija que o produto fi nal tenha um mínimo de 6o de ácido acético, um vinagre natural pode facilmente chegar aos 10o, ou mesmo mais, de acético. Não tem qualquer problema, apenas irá usar menos quantidade porque é mais concentrado.

Como fazer vinagre em casa

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RENASCIMENTO DE COLARES

No Casal Sta. Maria, os vinhos

lembram o mar, frescos,

minerais, elegantes, com

a particularidade de terem

fortes notas salgadas. São

vinhos que apresentam grande

potencial de envelhecimento,

são complexos e com caráter,

expressando bem o terroir

único de Colares.

THE MOST WESTERN VINEYARDS IN EUROPE

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garrafeira

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ETEXTO António Falcão * FOTOS Ricardo Palma Veiga

A Cave Lusa Premium é uma loja de vinho com personalidade, moldada à vontade do seu proprietário. Em Viseu, Rui Parente realizou

um sonho, a que acrescentou uma paixão pelo vinho.

Esta garrafeira de Viseu está localizada num ponto estratégico, junto à rotunda que recebe a estrada para Santar e Nelas e, ali per-tinho, um centro comercial que tem como um dos ex-libris o co-nhecido Palácio do Gelo. A correnteza de aspecto industrial que se vê do lado da cidade dá ao passante conta desta loja de vinho mas terá que dar a volta até às traseiras, usando a próxima rotunda, para chegar às instalações. Nada de difícil ou complicado, contudo. O acesso fácil e o estacionamento rápido e abundante são boas con-dições para qualquer enófi lo. A Cave Lusa Premium tem um as-pecto refi nado na entrada mas o mais importante está lá dentro. À entrada depara com um espaço central que contém o balcão ar-redondado, rodeado de prateleiras com toda a espécie de vinhos. Se quiser outro tipo de bebidas, terá de subir as escadas de acesso ao piso superior, ao estilo mezzanine. O espaço é luminoso, are-jado, imediatamente acolhedor.Para nos receber está o proprietário, um sorridente Rui Parente. Ainda jovem mas, percebe-se rapidamente, com grande capaci-dade de trabalho e empreendorismo. Rui era coordenador comercial numa produtora de vinhos e nas-ceu-lhe a vontade de investir num projecto próprio: “conheço bem o sector e sempre tive muito carinho por ele. Mas sabia que, para abrir um espaço meu, a localização era fundamental. E este mes-mo espaço, por onde passava com frequência, chamava-me à aten-ção. Um dia vi um letreiro de ‘Aluga-se’ e pensei, é agora”. Nascia assim a Cave Lusa, um misto de armazém e cash & carry, em 2011. O projecto correu bem e daí até nascer ao lado um espaço mais re-fi nado levou apenas três anos.O passo seguinte foi arranjar quem pudesse acolher os clientes e Rui conseguiu dois profi ssionais, com formação específi ca: Nuno Madeira e Carlos Rebelo.No lançamento um factor chamou imediatamente à atenção: a Cave

Uma pérola

no coração do Dão

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garrafeira

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Melhor que tudo, os preços são convidativos. Sem muita surpresa, o Dão é a região com mais rotação mas no segmento premium li-dera o Douro. Alentejo a seguir. Nestes dois últimos, nada de novo, é quase igual em todo o país.Subimos as escadas e Rui Parente mostra-nos uma pequena sala que tem sido usada para eventos como provas especiais para gru-

pos, formações ou pequenas degustações. A casa está, aliás, aberta a produtores de vinhos ao estilo de sala de visitas. Produ-tores do Dão, sobretudo, uma região que Rui defende com unhas e dentes, e que considera “produzir vinhos de qualidade que merecem maior visibilidade”.

ESTRATÉGIA DE AMPLIAÇÃO

Para o futuro, Rui Parente está a afi nar agu-lhas para abrir a sua loja virtual, que deve-rá ser anunciada muito brevemente numa feira de generosas dimensões que está tam-bém a organizar, a ocorrer na pousada de Viseu. O empresário fervilha de ideias e consegue coloca-las em prática, embora exijam muito trabalho: “ando sempre a mil”, confessa ele.A conversa já vai longa e a visita deixou-nos boas recordações. Muita gente nos dizia que Viseu sentia falta de uma loja deste tipo. A Cave Lusa Premium é por isso uma ex-celente adição à região. Em boa hora Rui Parente decidiu empreender esta aventura.

Lusa Premium ia ter vinhos de grande prestígio a copo, incluindo Barca Velha. Hoje ainda continua e vai-se vendendo, com cada copo a custar entre 25 e 70 euros, conforme a quantidade.Outra distinção da casa face a muita concorrência são os eventos, realizados a cada duas semanas. Na maioria das vezes, comportam a visita a produtores, com transporte fornecido pela própria Cave Lusa. “Só quando o produtor não tem con-dições para nos receber é que fazemos o evento aqui na garrafeira”, diz-nos Rui Pa-rente.

PARA TODOS OS GOSTOS…

O portefólio de vinhos é dominado pelo Dão e Douro, regiões que estarão, aliás, mais próximas da capital da Beira Alta. Há quem diga que Viseu será também a ‘capi-tal do Dão’ mas isso são outras histórias, até porque há aqui muitas mais regiões repre-sentadas, com predominância para o Alen-tejo, que também vende bem. Não faltam sequer vinhos estrangeiros mas não espe-re encontrar uma vasta selecção. No total de vinhos estamos a falar de mais de 2.000 referências mas há por lá muito mais, in-cluindo cervejas premium e acessórios de qualidade ligados ao vinho. A visita ao an-dar de cima leva-nos a outros mundos, como o dos destilados. Belas selecção de aguardentes, whiskies, vodkas, gins (140 diferentes!), e por aí fora.

CAVE LUSA PREMIUM Sítio da Manhosa Pav. 2/3 – Ranhados, 3500-631 Viseu – Tel. 232 471 535 www.facebook.com/cavelusapremium/ – Seg. a Sábado: 9 (Sáb. às 9:30) às 12:30 e 14 às 18:30

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evento

A mostra anual desta empresa distribuidora decorreu no CCB. Não há novos produtores mas o “núcleo duro” mantém-se fi rme

e com boas propostas.

TEXTO E NOTAS DE PROVA João Paulo Martins * FOTOS Cortesia Heritage Wines

HERITAGE WINES ABRE AS PORTAS

Tudo começou, para a Heritage, como distribuidora da Taylor’s/Fonseca/Croft. O foco estava então nos Vi-nhos do Porto mas logo se percebeu que se deveriam adicionar alguns produtores de vinhos tranquilos que viessem enriquecer o portefólio, quer produtores nacionais quer de fora, o que aconteceu em 2008. É este grupo que anualmente tem vindo a Lisboa mostrar as novidades, prova que teve lugar agora no Centro Cultural de Belém. A estrutura do grupo tem-se mantido inalterada, como nos con-fi rmou Luís Sequeira, da Heritage: “O nosso objectivo é ter uma gama

muito reduzida de produtores e ape-nas apresentar marcas de referência. É verdade que é uma estratégia de nicho quando sabemos que temos aqui vinhos de preço elevado, num país onde apenas 1% dos vinhos são vendidos acima dos 5€. Ao longo do tempo saíram alguns produtores (Trimbach – Alsácia –, por exem-plo) e irá entrar Zind Humbrecht que encerrará (para já) o núcleo de produtores.”A Heritage só trabalha com o merca-do interno, o que também signifi ca que toda a exportação de Vinho do Porto não está a seu cargo, atinge neste momento uma facturação de 6 milhões de euros e o objectivo é atingir os 10 milhões, dentro de 5 anos. Espumantes Vértice, Mouchão, Qta. do Crasto formam o núcleo de produtores portugueses de vinhos tranquilos que integram a Heritage; Bollinger, Ayala, Louis Jadot, Bodegas Roda e E. Guigal integram a fi leira de estrangeiros presentes.Sobre os vinhos provados, duas notas: o vintage Quinta de Vargellas 2013 não será colocado agora no mercado e só sairá dentro de uma década; o Single Harvest da Taylor’s referente à colheita de 1966, só estará dispo-nível no próximo ano, na sequência das anteriores edições deste vinho, herdado do espólio da Wiese & Krohn. Serão então disponibilizadas entre 12 e 13 mil garrafas.

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em

prova

17 €20Crasto SuperiorReg. Duriense Syrah tinto 2013Qta. do CrastoAroma vivo e rico, polido na fruta madura, com notas balsâmicas que lhe fi cam bem. Muito redondo na boca, taninos muito delicados ajudam à boa prova desde já, temos tinto de grande polimento e atracção. (14%)

17 €15Crasto SuperiorDouro branco 2014Qta. do CrastoVerdelho e Viosinho em solos graníticos, 50% barrica nova. Muito complexo e rico, evidente e fresco na fruta, com barrica muito bem integrada. Tem volume e boa acidez, um branco requintado e rico. (13%)

18 €120Bollinger La Grande AnnéeChampanhe Bruto branco 2004BollingerAustero no aroma, leve pólvora, perfi l másculo, notas brioche, belo equilíbrio de boca, acidez perfeita e um desenho de proporção notável entre corpo e acidez. Delicadeza invulgar num champanhe de luxo. (12%)

18 €170Bollinger La Grande AnnéeChampanhe Bruto rosé 2004BollingerRosado suave, aroma muito delicado, muito elegante na fruta de framboesas. Grande delicadeza na boca, muito elegante e a mostrar uma enorme vocação gastronómica. Um grande rosé, a conhecer. (12%)

Ambição: apenas focada no mercado interno, a Heritage quer chegar a uma facturação de 10 milhões de euros dentro de cinco anos

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evento

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16,5 €16,99Louis Jadot Couvent des JacobinsBourgogne branco 2011Maison Louis JadotAustero e mineral, sério e algo fechado, fruta verde escondida. Macio e fácil na boca, ligeiro no corpo mas com uma acidez perfeita que lhe confere frescura. No conjunto mostra-se em muito boa forma. (13%)

16 €17Louis Jadot Couvent des JacobinsBourgogne tinto 2010Maison Louis JadotA cor denuncia a idade, tonalidade de casca de cebola. Bem no aroma, com um Pinot algo escondido, muito vegetal e notas de musgo. Simples na boca, elegante e fácil, um tinto a conhecer, polido e conseguido. (12,5%)

17,5 €80Louis Jadot “Morgeot” Monopole Clos de la ChapelleBourgogne Chassagne-Montrachet branco 2009Maison Louis JadotUm Borgonha delicado, fi no de aroma, fruta verde com um estilo muito equilibrado entre generosidade e austeridade. Muito bem na boca, gordo e texturado com madeira bem envolvida. Final muito longo. (13,5%)

16 €14E. GuigalCôtes-du-Rhône branco 2013E. GuigalLote de três castas, aroma maduro, fruta branca e amarela, bem concentrado e rico, com peso e a sentir-se o álcool. Muito gastronómico, volumoso, requer temperatura de 10o para não pesar de mais. (13,5%)

16 €14E. Guigal Côtes-du-Rhône tinto 2011E. GuigalBase Syrah com outras misturadas. Estilo fi no e elegante, fruta madura, muito atractivo. Macio na boca, fácil de gostar, boa textura e taninos cooperantes. Tinto envolvente e cheio, sem perder a fi nura. (14%)

18 €140E. Guigal Château d’AmpuisCôtes-du-Rhône Côte-Rôtie tinto 2009E. GuigalBelo aroma, balsâmico, concentrado macio e de perfi l quente, todo muito atraente. Muito elegante na boca, taninos perfeitos, todo ele rico, requintado e de fi nal muito longo. Sublime. A conhecer. (13,5%)

16,5 €22CorimboRibera del Duero tinto 2011Bodegas La Horra100% Tempranillo. Aroma quente, maduro, todo ele em vigor e masculino, com boa harmonia de boca, taninos muito fi nos e textura muito agradável e sedosa. Conjunto muito proporcionado e bem conseguido. (14,5%)

17 €30RodaRioja Reserva tinto 2008Bodegas RodaUm pouco aberto na cor, aroma fi no e muito elegante com fruta em calda, sensação geral de fi nura e elegância. Muito proporcionado na boca, textura macia, é tinto a beber desde já. Conjunto muito harmonioso. (13,5%)

18,5 €225CirsionRioja tinto 2009Bodegas RodaAustero no aroma, barrica de grande qualidade a marcar presença, químico, balsâmico, enorme na concentração, rico e complexo. Cheio na boca, muito concentrado, um tinto que impressiona pelo vigor e riqueza. (14,5%)

17,5 €70CroftPorto Vintage 2003Quinta & Vineyard BottlersBonito na cor, muita fruta em calda, maduro mas muito elegante. Macio e redondo na boca, boa estrutura, polido e focado na fruta, sente-se a doçura mas não cansa, com um fi nal acetinado e guloso. Ainda com futuro. (20,5%)

17 €50Croft Quinta da RoêdaPorto Vintage 2004Quinta & Vineyard BottlersLeve evolução na cor, leves licorados que lhe dão carácter, rico, balsâmico, muita especiaria. Bem agradável na boca, textura sedosa, perfeito equilíbrio corpo/acidez/taninos, pronto a beber e a dar prazer desde já. (20,5%)

17,5 €54Fonseca Guimaraens Porto Vintage 2013Quinta & Vineyard BottlersMuito boa cor, muita fruta madura, com elegância, muito químico. Boa percepção de uma aguardente muito fi na, taninos delicados e boa com fruta requintada. Um vintage que merece ser provado em novo. (20%)

17 €58Fonseca Quinta do Panascal Porto Vintage 2004Quinta & Vineyard BottlersPelo aroma já está no ponto, fruta em calda, elegante, fi no, licores de ervas, especiarias. Macio e bem proporcionado na boca, dá muito prazer a beber agora, polido e sedoso. Um prazer que não requer mais guarda. (20,5%)

17 €59Taylor’s Qta. de Vargellas Porto Vintage 2012Quinta & Vineyard BottlersParece mais velho, média concentração, bem defi nido na fruta, jovem mas já afi nado, leves notas licoradas. Taninos muito fi nos, temos um vintage pensado para o curto termo, que já dá muito prazer a beber. (20,5%)

19 €250Taylor’s Porto Vintage 1994Quinta & Vineyard BottlersProvado de novo. Excelente cor, ainda jovem, rico e concentrado, fruta, pimenta, tisanas e notas vegetais. Rico e redondo na boca, afi nado e muito complexo, pura seda. Um grande vintage em grande forma. (20,5%)

19,5 €280Taylor’s Very OldPorto Single Harvest 1966Quinta & Vineyard BottlersLigeiro na cor acastanhada, muito rico e complexo, madeiras exóticas, ceras, grande exuberância. Grande prova de boca, untuoso, com um fi nal guloso e interminável. Belíssimo Colheita, grande, grande Porto. (20,5%)

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É caso para perguntar se o Duas Quintas tem mais encanto na hora da despedida. Até poderá não ter, mas foi emocionante fazer uma vertical de branco e tinto, no momento em que João Nicolau de Almeida

se prepara para passar a Jorge Rosas o comando da centenária casa Ramos Pinto.

TEXTO E NOTAS DE PROVA João Paulo Martins * FOTOS Cortesia Ramos Pinto

VERTICAL DE DUAS QUINTAS ENTRE GAIA E BOM RETIRO

Comemorar 25 anos, seja do que for, é sempre um momento para juntar amigos. No caso, tratava-se dos 25 anos da marca Duas Quintas, a referência emblemática de DOC Douro da Ramos Pinto. Foi em 1990, quando o Douro dava os primeiros passos fora do Vinho do Porto, que João Nicolau de Almeida iniciou a produção deste vinho, hoje marca conhecida e reconhecida por

todos os apreciadores dos vinhos da região. Foi nessa época que o conheci – lem-bro-me que a minha primeira visita ao Douro, em 1989, se iniciou com um “pequeno-almoço de trabalho” no Bom Retiro, na mesma varanda mag-nífi ca que agora serviu para almoçar e beber umas quantas garrafas de Cristal Roederer. João Nicolau de Almeida,

então sensivelmente mais novo, estava entusiasmado com vários aconteci-mentos: o estudo das castas do Douro estava a dar os primeiros resultados e a plantação das primeiras vinhas ao alto era motivo de pasmo e, ao mesmo tempo, de orgulho. Proliferavam os novos plantios subsidiados pelo Banco Mundial e a Roederer (empresa de Champanhe que entretanto comprara a Ramos Pinto) insistia com João para avançar com brancos e tintos do Douro.Era também a época em que os com-putadores e os quadros electrónicos de controlo da temperatura das cubas estavam a marcar a modernidade. Daí em diante o progresso foi vertiginoso e, se nem tudo foi perfeito, seguramente foi uma época empolgante para se tra-balhar. João esteve na primeira linha e as opções então tomadas, confi rma-se agora, foram as mais ajustadas.Do estudo das castas, com campos experimentais nas três sub-zonas do Douro, com diferentes exposições e altitudes, João avançou com as cinco que tinham dado melhores resultados e que foram por isso usadas nos novos plan-tios: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinta Roriz e Tinto Cão. Nos brancos a opção recaiu no Arinto, Rabigato e Viosinho. A quinta da Erva-moira, sonhada e adquirida pelo seu tio José António Rosas, veio a mostrar-se fundamental no novo projecto, aliada à quinta dos Bons Ares, que, situada nos altos, aportava uvas com mais acidez e frescura. Estava montado o cenário para o aparecimento da marca Duas Quintas.Com a colheita de 1990 dá-se o arran-que da marca, inicialmente em tinto e em 1992 com um tinto Reserva; em 1994 surgiu o branco. Da análise da

Jorge Rosas: o novo administrador--delegado da Ramos Pinto

João Nicolau de Almeida: após 40 anos na empresa, sai na Primavera de 2016

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Há um valor emocional em comemorar os 25 anos de uma marca que ajudou a defi nir o signifi cado do vinhos Douro DOC, tanto em branco como em tinto. Ainda por cima, essa afectividade manifesta-se em prova, à séria, com as garrafas à frente, com colheitas que viajam para trás no tempo e nos permitem ver no presente o futuro de cada um dos vinhos actuais e aferir a dimensão deste extraordinário projecto

iniciado por José António Rosas e o seu sobrinho João Nicolau de Almeida. Ainda por cima, este é um dos poucos vinhos que – evidência tornada óbvia em prova – não só aguenta como premeia a passagem do tempo e a contenção no saca-rolhas. Os vinhos com 10 anos de vida mostram-se no seu auge, mas aos 20 anos mostram ainda uma dimensão adicional. Não sei quando prefi ro bebê-los, mas

certamente qualquer um destes pontos em vez de os beber novos. Dos Duas Quintas (de que só provei os tintos) destaco a juventude texturada do 1992 e o extraordinário equilíbrio sedutor do 2004. Dos Reservas, a complexidade elegante do 1997, a textura aveludada do 2000, o vigor do 2004 e a imensa promessa que o magnífi co 2011 nos oferece para os próximos 25 anos. (LA)

25 anos, uma vida

lançamento*

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composição dos vinhos nota-se cla-ramente que houve desde o início a preocupação de escolher as castas em função da qualidade que apresentavam. Isso fez com que se notem variações na composição, inicialmente com predo-minância da Tinta Roriz e progressiva-mente com uma maior percentagem de

Touriga Nacional, à medida que havia mais disponibilidade de uva. Também no uso das madeiras se foi aprendendo: de início com mais ma-deira de carvalho nacional e, no caso do Reserva, progressivamente com mais madeira francesa. Neste capítulo, o tra-balho foi muito bem feito, o que a prova

agora demonstra amplamente. Castas menos conhecidas foram também sen-do introduzidas, como a Folgazão nos brancos e a Tinta da Barca nos tintos. Hoje o modelo está encontrado mas continua a haver grande variação na composição do lote, o que mostra que a exigência continua.

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16 €10Duas QuintasDouro branco 2014Ramos Pinto O lado mineral e de vegetal seco é mais evidente em detrimento da fruta, bom equilíbrio aromático, com fi nura, com elegância; boca com estilo moderno, centrado na fruta, acidez discreta mas presente. (13%)

17 €20Duas QuintasDouro Reserva branco 2014Ramos Pinto Citrino desmaiado, presença evidente da tosta no aroma mas a fruta comanda a prova. Bem na boca, notas de pólvora, toque metálico e austero, tosta e fruta verde, conjunto requintado e muito afi nado. Exemplar trabalho de madeira. (13%)

16 €10Duas QuintasDouro tinto 2013Ramos Pinto 400.000 garrafas produzidas. Fresco, jovem no espírito e no perfi l, cheira a vinho novo, domina a elegância, num diálogo entre fruta e notas vegetais. Bom equilíbrio ácido na boca, texturado e suave nos taninos, bela prova. (14%)

17,5 €25Duas QuintasDouro Reserva tinto 2013Ramos Pinto Incorpora 66% de Touriga Nacional. Denso e muito concentrado na cor, fruta negra, alguns balsâmicos, quase alcatrão. A mesma sensação na boca, texturado, leve iodo, tinto muito volumoso e muito rico. Puro luxo. (14%)

João Nicolau de Almeida deixará as funções de administrador-delegado em Março próximo e, por esse moti-vo, esta foi a última vindima da sua responsabilidade. Os quase 90 tra-balhadores da vindima lá estavam para lhe fazer a festa da despedida e o fogo-de-artifício lembrou que, mesmo na despedida, a festa tem de ser rija. Jorge Rosas, que já há muito trabalha na empresa, assumirá ago-ra os comandos e a enologia estará a cargo de Ana Rosas (Vinho do Porto) e Teresa Ameztoy (nos vinhos DOC). Uma grande equipa.

Uma prova notávelComo já por diversas vezes a Revista de Vinhos fez provas verticais desta marca, não vamos de novo elencar exaustivamente todos os vinhos prova-dos com as respectivas classifi cações. Para além da impressão pessoal sobre os melhores (ver também caixa), dei-xamos apenas as notas dos mais recen-tes lançamentos, em branco e tinto.Uma primeira impressão é evidente, e surpreendente, para muitos: estes vinhos, mesmo os que não são Re-serva, são grandes amigos da cave e continuam por muito tempo a dar grande prova. Mesmo o inicial 1990 tinto continua a dar muito prazer a beber. Esta afi rmação é, contudo, mais evidente nos tintos porque nos brancos notámos mais oscilações, com colheitas ainda em muito boa forma e outras já caídas.Uma segunda evidência: o uso ponderado da madeira, com estágios parciais em madeira avinhada (nos normais) e com o

recurso a madeiras de várias capacidades e qualidades (nos Reservas) fez com que em nenhum caso fosse evidente o peso excessivo da barrica. Hoje pode ser ten-dência, mas naquele tempo foi ousadia. Terceiro aspecto: estes são vinhos gas-tronómicos, grandes amigos da mesa e, por isso, muito mais para beber do que

para falar. As modas vieram e foram, umas vezes com excessos de barrica, outras com extracção excessiva, outras ainda exagerando na Touriga Nacional; a tudo isso o Duas Quintas resistiu e não se desviou do modelo que criou inicialmente. Para uns seria teimosia do enólogo; para João, clarividência.Quarto ponto a salientar: a qualidade, apesar da quantidade. O branco faz 200.000 garrafas e o tinto 400.000. O Reserva branco faz entre 15.000 e 18.000 garrafas.Em jeito de balanço pessoal, não devo deixar de salientar o incrível branco de 1994, o 1999, 2003, 07, 09 e 2010 e os Reserva brancos 2008 e todos de 2010 para cá. Não estiveram todas as colheitas em prova porque em alguns casos a empresa já não dispõe de stock. Nos tintos, com uma mais evidente consistência de qualidade, e em que nenhuma colheita se apresentava em má forma, há a destacar o 2004 (17 valores) mas, talvez mais importan-te, é dizer que a grande maioria teve uma nota de 16 ou 16,5! No Reserva (todos provados em magnum excepto o primeiro, de 1992), destacaram-se 1994, 97, 2000, 02, 04 (fabuloso), 05, 07 e 2011.

Prova memorável: percorrer 25 anos de Duas Quintas foi a melhor homenagem ao trabalho e visão de João Nicolau de Almeida

Coerência: os vinhos Duas Quintas vencem o desafi o de fazer qualidade em quantidade

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Mais um projecto de vinhos que prima pela diferença. Este vem do Douro e quer abanar os conceitos mais tradicionalistas. Os irmãos Vanessa e Stéphane Ferreira continuam a agitar…

TEXTO João Afonso * FOTOS Cortesia do produtor

PÔPA ART PROJECTS

Francisco Ferreira era o avô, conheci-do como o Pôpa. Stéphane e Vanessa Ferreira são os “Netos do Pôpa” que em 2010 fi ncaram o pé (“franco” – segundo os próprios) na Quinta do (avô) Pôpa e fi zeram a marca de vi-nho seguindo cânones tradicionais, “apimentados”, claro está, com um ou outro desafi o ao conservadorismo secular dos tempos idos. Este é o “lado A” dos “Netos do Pôpa” (nome que surge no “dressing” garrafal das novas marcas). Agora, com o Pôpa Art Projects, nasceu o lado B.Tal como o nome indica, são projectos de vinho e arte geridos ou estimula-dos pelos irmãos Stéphane e Vanessa

Ferreira. Para já, e fazendo recurso ao que havia na quinta em termos de uvas e vinhos, os irmãos idealizaram o Pôpa Fiction inspirado no famoso fi lme de Quentin Tarentino, “Pulp Fiction”, ou seja, literatura de cordel, que conta três histórias diferentes em três vinhos tintos diferentes. A ideia foi explorada grafi camente pelo artista gráfi co Mário Belém e o resultado são 3 garrafas de litro ves-tidas com imagens fortes de “banda desenhada” arrojada, que evidência imediatamente a irreverência e a vontade de quebrar todos os tabus na produção de vinho. “Queremos chegar a um público mais jovem que

aprecia grafi smo e design no que consome. Contra os pensamentos straight, queremos outra maneira de entender o vinho e a arte que o rodeia”, esclareceram os irmãos Ferreira.Sempre com edições limitadas, o Pôpa Art Projects seguirá para outras regiões com novos desafi os ao mundo do vinho português e estenderá a sua acção criadora aos alimentos gourmet. Pôpa Art Projects, um projecto irreve-rente, determinado a conquistar um público que busca constantemente novidades. Chegaram as primeiras e as segundas já estão a ser cozinhadas. Preparem-se!

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HERDADE DA CALADAEstrada Évora- Estremoz km12 – 7005-837 Évora, Portugal

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16,5 €29Hot LipsDouro tinto 2012Quinta do PôpaUm tinto bem maduro ao aroma, compotas de fruto negro, algum fruto em passa, toque de tinta-da-china, potente no nariz. Mais suave na boca, taninos muito macios, muito corpo, algum calor, fi nal longo e morno. (14%)

16,5 €29In The FleshDouro tinto 2012Quinta do PôpaUm tinto bem maduro, fruto negro com notas compotadas junto com fruto fresco, leve cacau, mineral. Boca com bom volume, tanino fi rme e aveludado, bom corpo e alguma especiaria que se prolonga num comprido fi nal. (13,5%)

16,5 €29The Grape EscapeDouro tinto 2012Quinta da PôpaUm tinto focado no fruto e especiaria, algum alcatrão, fruto negro, maduro mas sem excessos. Na boca tem fi nura na textura, tanino elegante, boa frescura de prova. Fácil de gostar e de beber sem moderação. (14%)

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São dois vinhos para apresentar uma nova sociedade vínica. Carlos Lucas e Luís Abrantes recuperam um nome com história no Dão e querem dar-lhe continuidade. Os primeiros sinais são francamente animadores.

TEXTO Luis Antunes * FOTOS Ricardo Palma Veiga

ALAMEDA REFUNDADA

A Quinta da Alameda foi dos primei-ros produtores do Dão a engarrafar os vinhos em nome próprio, logo em 1985, e apesar de a produção de vinho remontar já aos anos 50. Localizada em Santar, concelho de Nelas, e com vinhas plantadas em socalcos, esta propriedade de 30 hectares, dos quais 15ha estão plantados com vinhas, continuou a apresentar os seus vinhos no mercado até à colheita de 2005. Em 2012, Carlos Lucas e o seu amigo Luís Abrantes adquiriram a quinta, com intenção de relançar os seus vinhos. Preservaram 2ha de vinhas velhas com 80 anos ou mais e plantadas com castas misturadas. Os restantes 13ha foram renovados, com as castas típicas do Dão: nas tintas, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen, Alfrocheiro, Tinto Cão, Bastardo, e também um pouco de Pinot Noir. As variedades brancas ocupam

2,5ha e são de Encruzado, Malvasia Fina e Cerceal. A Quinta tem adega própria, mas ainda não está em condições de ser usada. A ideia é fazer pequenas quantidades de vinhos de alta qualidade, cerca de 5000 garrafas de vinhos que se posicionem nos 40€ ao público. Além destes, haverá uma marca mais acessível, Torreão da Alameda, por cerca de 9€. O objectivo é exportar metade da produção, en-quanto a metade que fi ca em Portugal será distribuída pela Garcias Gourmet. Quando a adega e o restante património urbanístico da quinta forem recupera-dos, a quinta poderá oferecer mais ac-tividades ligadas aos restantes negócios de Luís Abrantes, empresário ligado ao design internacional. A intenção dos dois sócios é preservar a fauna e a fl ora originais, de forma a poder produzir em modo biológico.

Num almoço no recém-aberto Restau-rante Sommelier, em Lisboa, Abrantes e Lucas apresentaram os dois primeiros vinhos da nova sociedade, um Jaen de 2013 (3000 garrafas) e um Reserva Especial de 2012 (7000 garrafas). O Jaen é uma descoberta recente de Carlos Lucas, que declarou que foi casta que nunca lhe agradou, mas que neste terroir o surpreendeu muito positivamente. Já o Reserva Especial foi desenhado para ser o primeiro vinho a alcançar o esta-tuto de “Nobre” na região do Dão, mas falhou esse intento, já que a câmara de provadores não lhe conferiu a classifi -cação que Lucas pensava merecida, nem em sucessivos recursos, continuando a manter completamente virgem esta categoria defi nida há já cerca de 20 anos. Nunca houve um Dão Nobre. A mim, este pareceu-me ter bastante nobreza.

Carlos Lucas e Luís Abrantes: grandes ambições para a Quinta da Alameda, em Santar

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16,5 €24Quinta da AlamedaDão Jaen tinto 2013Alameda de SantarCor aberta, típica da casta, aroma complexo e luminoso, com frutos vermelhos e muitas notas especiadas, tostados, achocolatados, rosas. Aromático e equilibrado, com acidez integrada, taninos fi rmes bem domados, fi nal alegre e vivo. (13,5%)

18 €40 Quinta da AlamedaDão Reserva Especial tinto 2012Alameda de SantarAroma muito fi no e complexo, com frutos pretos e vermelhos, madeiras exóticas, terra, suaves notas fl orais. Sério e contido, com taninos fi nos muito lustrosos, acidez fresca, fi nal cheio, polido, cheio de classe, muito conseguido. (14%)

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O produtor que aposta tudo em produtos originais e de grande qualidade está agora a dar mais atenção ao mercado nacional. E mostra não ter pressa

em lançar os seus vinhos…

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TEXTO E NOTAS DE PROVA Nuno de Oliveira Garcia * FOTOS Ricardo Palma Veiga

A FRENÉTICA CALMA DA IDEAL DRINKS

A IdealDrinks nasceu em 2010 por iniciativa de Carlos Dias, empresário com reconhecido sucesso internacio-nal que decidiu investir em Portugal, também no sector dos vinhos, com enorme ambição. Reuniu uma vasta equipa de especialistas em diversas áreas – da enologia ao design, passando pelo turismo – e adquiriu várias pro-priedades em terroirs específi cos. Em conversa recente com Miguel Pinho, o novo director-comercial da empresa, fi cámos a saber que a coordenação de toda a enologia se mantém na mão do francês Pascal Chatonnet, que vem, para esse efeito, pelo menos uma vez por mês ao nosso país. Pascal é assesso-

17,5 €28,50Colinas Brut Bairrada Espumante rosé 2010Colinas de São Lourenço48 meses de estágio em garrafa. Muita tosta no aroma, num registo próximo de alguns champagnes luxuosos, notas fl orais bonitas e grande complexidade de conjunto. Prova de boca enorme, bolha fi na, belíssima mousse, cremosa e saborosa, acidez fantástica que não impede um fi nal longo. Muito bem! (12%)

rado por dois enólogos residentes, um em cada uma das adegas da empresa, sitas na Quinta da Pedra, no Alto Mi-nho, e na Colinas de São Lourenço, na Bairrada. A par dos vinhos destas duas propriedades, a empresa produz ainda brancos do Paço da Palmeira, próximo de Braga, e brancos e tintos da Quinta de Bella, no Dão.Alguns dos novos lançamentos foram apresentados num fi m de tarde em Lisboa. A opção por um dos mais bo-nitos restaurantes da capital insere-se totalmente na mentalidade da empresa e do seu criador, que privilegia produtos luxuosos e de design irrepreensível. Foi provado o novo espumante Colinas Brut

Rosé, agora de 2010, mantendo o nível da anterior colheita, os brancos Royal Palmeira de 2012 e o Bella Superior 2014 e, por fi m, o tinto Colinas Reser-va 2009 (agora ofi cialmente lançado apesar de ter sido, no passado, dado a

17 €11,75 Royal Palmeira Loureiro branco 2012Quinta da PedraAroma exótico e muito bonito, requintado, fruta fresca como lima mas também maçã ácida, leves fumados da madeira. Prova de boca cremosa, macia e ampla mas sempre delicada, muito saboroso com a acidez impecável e fi nal longo. Um branco muito completo e versátil e um grande Loureiro! (12%)

16 €8,90 Bella SuperiorReg. Terras do Dão branco 2010Quinta Bella Encosta100% Sauvignon Blanc. Aroma à casta, intenso, penetrante e terpénico com notas vegetais muito verdes, frescas e ainda algum funcho. Prova de boca potente e com garra, fundo mineral, impressiona pela qualidade do fruto fresco e pela acidez. Um branco marcado no nariz pela casta e na boca pela região. (13,5%)

17 €12,50Colinas Bairrada Reserva tinto 2009Colinas de São LourençoMuito bem no aroma, com um bouquet complexo, pendor fl oral e ainda bagas esmagadas, todo com evolução fantástica. Minerais e chocolate no fundo. Boca larga e com muito sabor, taninos maduros e polidos, acidez presente mas integrada e fi nal longo. Muito aprumado, elegante e cheio de charme. (14%)

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conhecer a alguns jornalistas). Todos os vinhos revelaram enorme aprumo enológico: os dois vinhos da Bairrada a revelarem uma excelente qualidade, o Royal Palmeira a manter-se no pódio dos melhores Loureiros nacionais e o Bella Superior a surpreender pelo uso exclusivo de Sauvignon Blanc, uma excentricidade no Dão...Ainda de acordo com Miguel Pinho, a Idealdrinks está a iniciar uma nova fase, na qual pretende ter mais visibi-lidade junto dos consumidores e, em especial, dos consumidores nacionais. Optou-se por distribuidoras locais e por algumas lojas especializadas nas principais cidades, na procura de con-tinuar num segmento alto mas com os produtos mais acessíveis à generalidade dos consumidores. Aliás, alguns dos vinhos em prova tinham mesmo uma interessante relação preço-qualidade. A política de colocar no mercado vinhos com algum tempo de estágio em garrafa mantém-se e é de manter!

Miguel Pinho: o novo director comercial da empresa quer maior visibilidade junto dos consumidores nacionais

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Fundada em 1964, a casa Jacquart reúne um conjunto muito signifi cativo de viticultores em torno de uma marca de champagne que é uma hoje referência internacional. Agora também em Portugal através da distribuição da Vinalda.

TEXTO E NOTAS DE PROVA Nuno de Oliveira Garcia * FOTOS Cortesia Jacquart

A UNIÃO FAZ A FORÇA

Óptima ideia a de dar a provar os champagnes da Jacquart à imprensa num dos mais bonitos armazéns do Cais do Sodré, bem defronte do rio Tejo num dia solarengo. Óptima ideia também a de 30 viticultores, há mais de 50 anos, se terem juntado para fazerem frente às grandes casas produtoras espalhadas pela boulevard Lundy em Reims – a capital da região de Champagne. Numa altura em que os viticultores em Champagne se agrupavam apenas por localidades, os fundadores da Jacquart pretenderam, com audácia, ir mais longe e aliaram produtores de diversas proveniências e com diferentes terroirs que partilhavam os mesmos valores e um mesmo estilo. As potencialidades de uma união deste tipo são evidentes não só em capacidade de produção – hoje, com mais de 2,400 hectares (!), ou seja 7% de toda a área da região – como também no facto de se dispor de vários tipos diferentes de crus com diferentes castas, permitindo a criação de um estilo muito próprio. O maior viticultor da associação tem cerca de 10 hectares!A marca tem também muito orgulho de se manter independente de grupos internacionais ao contrário do que cada vez mais

sucede com os players da região, quase todos adquiridos por multinacionais com interesses nos vinhos e não só.Em mais de meia década, a Jacquart conseguiu impor-se num mercado extramente concorrencial e competitivo, com marcas fortíssimas que investem milhões de Euros em publicidade todos os anos. Manteve também um estilo de champagne alegre, muito acessível em prova e facilmente identifi cável, e não tem seguido as tendências mais recentes de vinhos muito secos, sem qualquer açúcar (os ‘pas dosage’). Em conversa com Lourence Alamanos, manager para Espanha e Portugal, fi cámos a saber que durante muitos anos a empresa centrou-se no mercado francês mas que, na última década, tem vindo a apostar cada vez mais forte na internacionalização. Mercados como o português, espanhol mas também o russo e brasileiro são agora relevantes para esta marca que pretende acompanhar a crescente atenção e procura de que o champagne tem sido alvo. Provados os vinhos, todos num registo muito apetecível e sem complicações, e com um belíssimo Blanc des Blancs não temos dúvidas de que o sucesso virá no nosso país, ajudado agora pela distribuidora Vinalda.

Champanhe Jacquart

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16,5 €36,90Jacquart MosaïqueChampagne brut brancoAlliance ChampagneFeito com as 3 castas de Champagne, com o Chardonnay e o Pinot Noir a serem maioritárias e quase em partes iguais. Muito bonito o aroma, leve tosta, todo elegante com fruto encarnado fresco e leve, e apontamento mineral. Prova de boca com estrutura, bolha fi na, mousse persistente, e fi nal longo com alguma doçura. (12,5%)

16,5 €39,90Jacquart Mosaïque Champagne brut roséAlliance ChampagneAs mesmas castas e lote, mas em rosé com parte do Pinot Noir a ser junto em tinto. Aroma com frutos vermelhos e alguma fruta branca como pêra rocha, apontamento mineral, vinioso no fundo. Prova de boca cremosa com boa mousse, saboroso, boa estrutura e bolha fi na, mantém-se num registo pouco seco. (12,5%)

17,5 €49,90Jacquart Blanc de Blancs Vintage MillésiméChampagne brut branco 2006Alliance ChampagneChardonnay. Muito bem no aroma, com boa tosta, fl oral, notas amanteigadas e especiarias. Prova de boca com muito boa mousse, média pressão mas muito potente, cheio de sabor e garra, mais seco e com acidez mais vincada que os Mosaïque provados, mas mesmo assim muito persistente na boca. Belo champagne! (12,5%)

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Nasce no Penedès e está em Portugal pela mão da Garcias Gourmet. Um cava aqui declinado em várias escolhas possíveis.

TEXTO João Paulo Martins * FOTOS Cortesia do produtor

JUVÉ Y CAMPS, UM ASSUNTO DE FAMÍLIA

A Espanha é um grande produtor de espumantes: cerca de 150 milhões de garrafas, quantidade já muito próxima do que se produz em Champagne. É sobretudo na zona do Penedès, na Ca-talunha, que se centra esta actividade, com os vinhos ali produzidos – deno-minados Cava – a terem sobretudo uma circulação regional. Com uma tradição produtiva que remonta ao séc. XIX, o cava desde sempre assentou em três castas locais (Macabeo, Parellada e Xare-lo), entretanto associadas tam-bém, nas mais diversas combinações, com as mais clássicas Chardonnay e Pinot Noir.A Juvé y Camps é uma das antigas casas produtoras, com a fundação a remontar a 1921, estando agora a terceira geração à frente do negócio. Desde sempre

assumida como empresa familiar, é nesse registo que se mantém desde a fundação e actualmente Juan e Dolores asseguram a continuidade do projecto que ronda actualmente 2.800.000 garrafas. Dispondo de uma área de vinha própria de 280 ha, com toda a produção em modo biológico, a Juvé y Camps tem um destacado lugar na produção global de vinhos Grande Reserva: no conjunto fazem-se cerca de 4,5 milhões de garrafas deste tipo e 40% dessa produção é da responsa-bilidade desta empresa. É importado entre nós pela Garcias Gourmet e Filipa Garcia, responsável da empresa, traça o cenário: “O número de 15.000 garra-fas/ano que importamos é já bastante signifi cativo, porque é há pouco tempo que estamos neste projecto, em que

acreditamos, até pelo carácter familiar que lhe está subjacente.”Um dos topos de gama agora apresen-tado no evento realizado num hotel em Lisboa, e que contou com a presença da família Juvé, chama-se mesmo Reserva de la Familia, cave que só em 1976 passou a estar disponibilizada para o público em geral; antes disso era, de facto, um vinho feito para consumo exclusivo da família. Produtos voca-cionados sobretudo para o mercado da restauração e hotelaria, estes são vinhos requintados, daqueles que não se devem beber distraidamente, já que têm personalidade bastante para alegrar um grupo à volta de uma mesa. São vinhos gastronómicos que pedem comida, convívio e momentos bem passados. Em família.

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16,5 €25Juvé y CampsCava Milesimé branco 2009Juvé y CampsFeito com Chardonnay, tem 24 meses em garrafa. Muito bem no aroma, casta bem presente, acidez muito fi na, a dar uma prova requintada, leve nota de tosta, tudo em equilíbrio. Conjunto muito afi nado. (12%)

17 €16Juvé y CampsCava Grand Juvé branco 2009Juvé y CampsTem 48 meses de garrafa, 4 castas em idênticas proporções. Seco, austero, com um toque mineral que lhe fi ca bem, muito vivo na acidez, muito fi no no conjunto, com uma secura que o aconselha para a mesa. (12%)

17 €35Juvé y CampsCava Reserva de la Familia Brut nature branco 2010Juvé y CampsTem 36 meses de cave, 10% Chardonnay e outras três, locais. Muito boa harmonia no aroma, acidez discreta mas bem presente, o vinho tem textura, é gordo mas a acidez mantém-no num registo bem fresco. Muito bem. (12%)

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No norte alentejano, a casa RG Rovisco Garcia tem primado pelo respeito à natureza e pela sustentabilidade agrícola. O seu montado de sobro é conhecido, tal como outros produtos agrícolas, como o vinho. O Capreolus é a mais recente adição ao portefólio da empresa mas nasceu com um intuito especial.

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* TEXTO António Falcão

* NOTAS DE PROVA Nuno de Oliveira Garcia

* FOTOS Cortesia Rovisco Garcia

Não é dos produtores mais conhecidos do Alentejo mas, afi nal, talvez não seja tão necessário, porque exporta uma boa parte da sua produção de vinho. Exploração familiar no Alto Alentejo, com sede ao pé de Avis, a casa Rovisco Garcia é das grandes produtoras de cortiça. Mas, no meio da extensa área, nasceu em 2001 e 2005, numa das duas

15,5 €4,99CapreolusReg Alentejano tinto 2013Maria Antónia Rovisco GarciaAragonês, Syrah, Perit Verdot e outras castas. Aroma exuberante, todo floral fresco, ervanária fina, alguma ameixa e percepção de doçura. Prova de boca com sabor, fruto bonito, muito atractivo e moderno, ligeiro drope, leve e meio corpo, termina macio com apimentados. (13,5%) NOG

herdades – a do Monte Novo – uma vinha com 28 hectares.É com estas uvas que a família tem feito os seus vinhos, todos da marca Rovisco Garcia. Do portefólio consta um branco, um rosé e três tintos (um colheita, um reserva e um superior).O novo vinho que apresentamos – de seu nome Capreolus – é diferente e surge de um desafi o que juntou três entidades: a WWF, a RG Rovisco e Gar-cia e o El Corte Inglès. Explica Ângela Morgado, da WWF: “Esta é uma acção que junta o sector da cortiça, o sector do vinho e o sector da distribuição; trata-se de um vinho português amigo do ambiente que respeita a fl oresta e a biodiversidade, é vedado com uma rolha de cortiça certifi cada pelo Forest Stewardship Council e utiliza rótulos e embalagens também certifi cadas pelo mesmo sis-

tema, que premeia a gestão fl orestal responsável; por cada garrafa vendida um euro reverte para o nosso programa em Portugal (…)”.O Capreolus é vinifi cado por Luís Lou-ro, ele próprio também produtor, no Monte Branco, ao pé de Estremoz. Do lote constam Aragonez, Syrah, Petit Verdot, Cabernet Sauvignon e Alican-te Bouschet. O vinho, produzido em 3.873 garrafas, está à venda nos super-mercados El Corte Inglés de Lisboa e Gaia-Porto.E falta a origem do nome: Capreolus é o nome científi co de um corço que, pela pressão agrícola e humana, foi empurrado para o norte de Espanha. Há alguns anos foi reintroduzido nas terras da família e hoje por lá pastam centenas de exemplares. É a fi gura do animal que orna o rótulo deste vinho.

CAPREOLUS: UM VINHO AMIGO DO AMBIENTE

Francisco Almeida Garrett, proprietário e gestor da Rovisco Garcia.

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notícias

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ADEGA DE BORBA LANÇA AGUARDENTE VÍNICA 30 ANOS

O vinho Bardo Real Douro Grande Reserva 2011 saiu na edição de Junho 307 (Novidades) com o nome errado. O vinho provado foi o Bardo Real Reserva tinto 2009. Pelo facto pedimos as nossas desculpas.ERRATA

O branco Condessa de Santar branco 2012 e os tintos Paço dos Cunhas de Santar Vinha do Contador 2009 e Villa Oliveira 2010 foram os três grandes vencedores do concurso de vinhos “Os melhores vinhos do Dão engar-rafados”, edição de 2015. Estes três vinhos obtiveram do júri da prova o Prémio Prestígio, o mais alto galardão do concurso. Medalhas de Ouro para vinhos tintos foram 13, de Prata 6. Quanto aos brancos, tiveram direito a Ouro 4 vinhos, e a Prata outros tantos. Só um espumante em prova conseguiu Prata, mas vinhos rosé foram dois. No total participaram 107 vinhos, de 35 produtores.Ao mesmo tempo, a CVR Dão atribuiu mais prémios, mas desta vez às vinhas da região. O concurso ‘As Melhores Vinhas do Dão’ também utilizou um júri – de 5 pessoas – que visitou as vinhas concorrentes. No fi nal, atribuiu a medalha de Ouro à empresa Madre d’Água, de Gouveia. Dois outros produtores conseguiram as medalhas de Prata e Bronze, uma para cada vinha. Os resultados podem ser consultados no site da CVR do Dão (www.cvrdao.pt/). Os concursos foram organizados pela Comissão Vitivinícola Regional do Dão e a cerimónia de entrega de prémios, em formato de gala, decorreu na Pousada de Viseu.Entre os diversos convidados esteve presente o secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque (na foto), que se mostrou entusiasmado com a evolução que o Dão tem vindo a ter nos últimos anos: “O Dão tem um grande potencial de crescimento e isso verifi ca-se pelo aumento das exportações, nomeadamente na Europa. O modelo para o sucesso do vinho desta região está traçado e para isso muito tem contribuído o empenho dos produtores e

o acompanhamento da CVR.” Por sua vez, Arlindo Cunha, presidente da CVR do Dão, mostrou-se orgulhoso da sua região, afi rmando que “fi nalmente o Dão tem o reco-nhecimento que merece”. Arlindo Cunha divulgou ainda que a taxa de certifi cação tem crescido nos últimos anos, atingindo neste momento os 60% da produção da região.

PRÉMIOS PRESTÍGIO “OS MELHORES VINHOS DO DÃO ENGARRAFADOS 2015”

Condessa de Santar branco 2012 (Socied. Agrícola de Santar)

Paço dos Cunhas de Santar Vinha do Contador tinto 2009 (Paço de Santar - Vinhos do Dão)

Villa Oliveira Touriga-Nacional 2010 (O Abrigo da Passarela)

‘AS MELHORES VINHAS DO DÃO’

MEDALHA DE OURO Parcela Quinta da Regada (Madre D’Água, Gouveia)

MEDALHA DE PRATA Parcela Vale do Prédio (Emp. Turisticos Montebelo, Ínsua)

MEDALHA DE BRONZE Parcela Anta III (Sogrape Vinhos, Mangualde)

Divulgados prémios “Melhores do Dão” 2015

A nova aguardente da Adega de Borba foi produzida a partir de vinho branco da década de 70. A Adega de Borba comemorava 21 anos de existência e nas vinhas alentejanas da zona de Borba colhiam-se as uvas das castas Roupeiro e Rabo de Ovelha que viriam produzir o vinho branco através da técnica de fermentação

tradicional da região. É assim que começa a história da Aguar-dente Vínica 30 Anos da Adega de Borba.A destilação do vinho foi feita em alambique de forma “morosa e cuidada”. Diz o produtor alenteja-no, em comunicado, que “o resul-tado foi uma cor âmbar dourada a topázio e um aroma intenso mas

suavemente especiado a frutos amarelos bem maduros e frutos secos”. Os criadores indicam-na “para servir como digestivo no fi nal de uma refeição, após o café e com chocolate negro”.A Aguardente Vínica 30 Anos Adega de Borba vem em garrafa de 70 cl e tem um PVP recomen-dado de 69 euros.

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PRÉMIOS NA VINIPAX 2015breves

Já terminou mais uma edição da feira Vini-Pax, que decorreu em Beja. Integrada num evento mais vasto, a Rural Beja 2015, este certame dedicado aos vinhos incluiu um concurso de vinhos que contou com amostras das regiões do Algarve, Península de Setúbal e, sobretudo, do Alentejo. Entraram brancos, tintos e licorosos, num total de 75 vinhos.O júri era maioritariamente composto por provadores estrangeiros, uma forma de a organização avaliar o palato dos estrangei-ros em relação aos néctares nacionais e, ao mesmo tempo, dar a provar o que de melhor se vai fazendo nas regiões mais a sul.No fi nal, o júri decidiu-se por três ven-cedores, em cada uma das categorias. O título de melhor vinho branco em prova foi para o Herdade Grande Reserva 2014, de António Lança; nos tintos a palma foi para o Pai Chão Grande Reserva 2011, da Adega Mayor; e fi nalmente, nos licorosos o Adega de Palmela Moscatel de Setúbal 2013 levou o troféu.

TROFÉU VINHO BRANCO Herdade Grande Reserva 2014 (António Lança) 2.o Reserva do Comendador 2014 (Adega Mayor) 3.o Quinta do Quetzal Reserva 2012 (Quinta do Quetzal)

TROFÉU VINHO TINTO Pai Chão Grande Reserva 2011 (Adega Mayor) 2.o Preta 2011 (Fita Preta Vinhos) 3.o Convento do Paraíso Algarve 2012 (Convento do Paraíso)

TROFÉU FORTIFICADOS Adega de Palmela Moscatel de Setúbal 2013 (Adega Coop. de Palmela)

Enoturismo tem portal especializado Chama-se ENOTUR, Adegas & Quintas de Portugal e é o primeiro portal dedicado ao enoturismo. Sedeado no endereço www.enotur.pt, o portal apresenta-se como um site temático dedicado a Adegas & Quintas e tem a ambição de vir a constituir o maior directório de enoturismo de Portugal. A criação da ENOTUR responde à crescente popularidade do turismo vínico, centralizando informação dispersa ou anteriormente inexistente. Numa primeira fase, o portal estará disponível apenas em português, prevendo-se que em breve esteja também acessível em inglês, francês, espanhol e alemão.

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notícias

Nove dos cem vinhos recomendados pela revista americana “Wine Enthusiast” como de excelente relação preço-qualidade (ou Best Buy) são portugueses. As maiores estrelas lusas – no Top 10 dos 100 – foram para o branco Aveleda 2014, no 3º lugar, e para o tinto Pedra Cancela Seleção do Enólogo 2010 (Dão), de João Paulo Gouveia, no 7º posto. O Aveleda de 2013, já agora, tinha conseguido o 1º lugar na lista do ano passado, como a Revista de Vinhos noticiou. Para ser um Best Buy, um vinho tem que conseguir uma boa pontuação e ter um preço económico, que, nos Estados Unidos, normalmente não supera os 15 dólares. Diz a revista na introdução a esta lista que “dos quase 19.500 vinhos que avaliámos este ano, menos de 7% (cerca de 1.200 vinhos) conseguiram esta distinção, o que lhe dá uma ideia do especial que são estes vinhos”.Ora, a lista tem apenas 100, que foram escolhidos através de um fi ltro ainda mais exigente. Estes 100 são efectivamente, para a equipa de provas desta revista, as melho-res compras entre quase 20.000 vinhos: estes vinhos podem fazer compromissos no preço mas certamente não “os fazem na qualidade”.Em 2014, Portugal já tinha colocado 6 vinhos nesta lista. Este ano foram 9! Des-taque ainda para o facto de que o país com mais entradas nesta lista, os EUA, ter aí

Top 100 Best Buys da Wine Enthusiast com 9 vinhos lusos

colocado 30 vinhos. A seguir fi caram a França (13), Itália (10) e depois Portugal e Espanha, com 9.

GRANDES BEST BUYS PORTUGUESES NO TOP 100 DA “WINE ENTHUSIAST”

3o Aveleda Vinho Verde branco 2014 (Quinta da Aveleda, 90 pontos, $9)

7o Pedra Cancela Seleção do Enólogo Dão tinto 2010 (João Paulo Gouveia, 92 pontos, $11)

12o Morgado da Canita Reg. Alentejano tinto 2012 (Herdade dos Machados, 90 pontos, $9)

21o Q do E-Quinta do Encontro-Bairrada tinto 2012 (Dão Sul, 89 pontos, $10)

27o Bridão Clássico Fernão Pires do Tejo branco 2014 (Adega Cooperativa do Cartaxo, 87 pontos, $6)

30o Reserva do Monte Lisboa tinto 2012 (Casa Santos Lima,90 pontos, $10)

40o Herdade de São Miguel Alicante Bouschet Reg. Alentejano 2013 (Casa Agr. Alexandre Relvas, 91 pontos, $15)

74o Aluado Alicante Bouschet Lisboa tinto 2014 (DFJ Vinhos, 90 pontos, $15)

81o douROSA Douro tinto 2013 (Quinta de la Rosa, 90 pontos, $15)

Os produtores portugueses conquis-taram um total de 111 medalhas nos China Wine & Spirits Awards 2015, o maior concurso de vinhos e bebidas espirituosas realizado naquele país asiático. Destes prémios, destacam-se as 20 medalhas Duplo Ouro, a que se juntam 62 Ouro, 23 Prata e 6 Bronze. Mas este desempenho sai ainda mais reforçado quando se olha para a tabela dos prémios Best Buy, que recom-pensa a relação qualidade-preço: são mais 129 medalhas (39 Duplo Ouro, 51 Ouro, 22 Prata e 17 Bronze).O concurso, realizado em Setembro e que juntou vinhos oriundos de 35 países, distinguiu ainda quatro tintos em classifi cações nacionais: Vinho Português do Ano (Ermelinda Freitas Cabernet Sauvignon 2012), Vinho do Ano Alentejo (Monte Alentejano Reserva 2013), Vinho do Ano Douro (Parcelas Red 2012) e Vinho do Ano Lisboa (Amoras Reserva 2011). Re-sultados completos em http://www.cwsa.org/cwsa-2015-results/.

111 MEDALHAS PARA

PORTUGAL NO MAIOR

CONCURSO CHINÊS

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notícias

O vinho Festão Big Party tinto 2013, da Adega Coo-perativa da Vermelha, esteve em grande destaque no con-curso Decanter Asia Wine Awards, conquistando um dos 15 troféus internacionais atribuídos pela organização. Estes 15 grandes vencedores do evento foram inscri-tos por oito países di-ferentes: Austrália (6), França (2), Itália (2), Argentina, Chipre, Es-panha, Nova Zelândia e Portugal.A marca Festão é uti-lizada em Portugal para comercializar bag-in-box, mas o vinho de exportação é diferente e engar-rafado. Segundo explicou à Revista de Vinhos Nuno Ro-

drigues, assistente da direc-ção da Adega Cooperativa da Vermelha, a imagem é diferente e não há planos para comercializar este vi-nho no mercado interno.Entre os 2600 vinhos admi-tidos a concurso, e avaliados por um júri de 40 especia-

listas, a organização des-tacou os melhores com os troféus internacio-nais, mas atribuiu ainda medalhas de ouro (41), prata (443) e bronze

(1103), bem como diplomas de qua-lidade (601). No meio desta “fartu-ra” de prémios, os vinhos portugue-ses arrecadaram 17 medalhas de prata, 38 de bronze e mais 16 diplomas.

VINHO DA VERMELHA EM DESTAQUE

NOS DECANTER ASIA WINE AWARDS

Symington vende cada vez mais Tawny datadoNos últimos quatro anos, o sector do Vinho do Porto aumentou em mais de 10 milhões de euros as vendas do Vinho do Porto Tawny com indicação de data. Em 2010 o valor era de 56,4 milhões de libras; em 2014 subiu para 67,2 milhões de libras (92 milhões de euros). A notícia foi veicula-da pela “Drinks Business”, uma revista inglesa dedicada ao mun-do das bebidas. A fonte foi Paul Symington, que gere os destinos da Symington Family Estates. Paul diz que este aumento é tanto mais surpreendente quanto este período foi de recessão económica. Melhor ainda, o crescimento em garrafas foi relativamente modesto, cerca de 180.000 (em quatro anos), o que implica que

o crescimento ocorreu sobretudo em vinhos de topo, isto é, Tawnies de um só ano (colheitas) e, sobre-tudo, lotes de 10 anos e acima. Por outro lado, Paul Symington refe-riu que este crescimento não foi conseguido à custa da descida de outras categorias especiais (como Vintage e LBV). Finalmente, Paul Symington anunciou que, devido a este crescimento, a empresa, que é a maior detentora de vinhas no Douro, com mais de 1.000 hectares, está a aumentar os sto-cks de Porto Tawny: “Estamos a guardar o equivalente a milhões

de euros de vinho”, disse ele à “Drinks Business”. Estas declarações foram produzidas quando do lançamento do novo Single Harvest da Graham’s, do ano de 1972.

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Já na sua sétima edição, a “Grande Prova Mediter-rânica de Azeites e Vinhos do Alentejo”, organizada pela Comissão Vitivinícola Regional do Alentejo e pela Casa do Azeite, voltou a transformar um dos espaços adjacentes ao Centro Cultural de Belém, em Lisboa, num espaço de degustação e debate sobre estes produtos tradicionais alentejanos. Com a presença de 98 produtores, que apresen-taram 40 azeites e mais de 700 vinhos, o evento decorreu nos dias 16 e 17 de Outubro e atraiu milhares de visitantes, que aproveitaram a ocasião para degustar algumas das melhores referências portuguesas destes sectores na presença dos produtores. A componente do diálogo foi, aliás, reforçada pelo programa da organização, que alinhou várias provas, harmonizações, conversas e seminários. A vertente entretenimento fi cou marcada pela realização de dois concertos, um de cante alentejano, o outro a cargo do grupo Os Azeitonas.Procedeu-se ainda à eleição do “Melhor Restau-rante Mediterrânico 2015”, ganho pelo algarvio

Casa do Avô (Albufeira), à frente do Dom Joaquim, de Évora (2º), e do Cimas, no Estoril (3º).Com mais de 9,75 milhões de litros vendidos em 2014, o Alentejo liderou o mercado nacional de vinhos tranquilos e esta tendência de domínio manteve-se no primeiro semestre de 2015.

VINHOS E AZEITES DO ALENTEJO

MOSTRAM-SE EM LISBOA

SYMINGTON VENDE CADA VEZ MAIS TAWNY DATADO

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notícias

AGORA EM FORMATODIGITAL

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74

mercado

Definir o custo mínimo de um vinho barato exige rigor e domínio da matemática.

fiMas quando se fala dos topos de gama, há mais do que números na equação. Neste

segmento, uma má decisão tem, normalmente, custos elevados. Pede-se bom senso,

pensamento estratégico e um certo “feeling” quando se analisa o mercado.

Nem só os números

infl uenciam o

preço de um vinho

TEXTO Luís Francisco * FOTOS Ricardo Palma Veiga e cortesia dos produtores

Nreiro de 2014, alguém fez um dos me-

NNde que há memória relacionados com o

NNem Portugal. Num leilão organizado pela

NNm comprador que pediu para não ser

NNNNuiriu uma garrafa de Barca Velha 1952

NNNNParece uma verba astronómica, mas a NNtratou de uma incrível pechincha. Esta NNserá apenas uma de duas garrafas ainda sobreviventes NNda primeira colheita do mais icónico vinho português e

o seu valor colecionístico é incalculável. Para mais, exem-

plares da edição 1954 são vendidas (pela Garrafeira Na-

cional) a 2.500 euros… Como é que os vinhos alcançam

preços deste calibre?

A primeira noção a reter é que há uma diferença (quali-

tativa e quantitativa) entre os vinhos de colecção e os que

são adquiridos para consumo. No caso deste Barca Velha,

exemplar praticamente único, não há uma barreira de-

finida para o que pode valer. Mas o mercado de consumo

finão costuma ser tão mãos largas… Ainda assim, há vi-

nhos cujo preço os transforma numa miragem para o

cidadão comum e, muitas vezes, fica a dúvida: será que

fi

as suas qualidades intrínsecas o diferenciam assim tan-

to da concorrência ou há outros factores envolvidos?

Afinal – e para resumir a questão – como é que se esta-

fibelece o preço de um vinho?

Comecemos pelos factos, antes de escutarmos as opi-

niões. Entre as 11.389 provas registadas no site da Re-

vista de Vinhos, não haverá mais de uma centena de vi-

nhos cujo preço supere a barreira dos 100 euros, sendo

76 deles nacionais. Com 36 Porto, 12 Madeira e 1 licoro-

so, os fortificados dominam a lista, completada com mais

fi

27 tintos (quatro deles em garrafas magnum).

Neste rol de tintos de luxo não podiam faltar, claro, no-

mes míticos da nossa praça: Quinta do Crasto, Vallado,

Alves de Sousa, Luís Pato, Legado, Pêra-Manca, Barca

Velha. Ainda assim, o mais caro de todos veio da adega

de Dirk Nieepoort: o Douro Boys Cuvée 2011 tem como

preço de saída uns muito respeitáveis 300 euros. Foram

feitas apenas 750 garrafas magnum deste tinto de cele-

bração do décimo aniversário da aliança que reúne cin-

co míticas quintas do Douro: Vallado, Niepoort, Crasto,

Vale Dona Maria e Vale Meão.

Curiosamente, a Sogrape (que tem o Legado a 200 eu-

ros), tabela o Barca Velha de 2004 a 120 euros, o mesmo

valor que a Fundação Eugénio de Almeida atribui ao Pê-

ra-Manca de 2010. Mas uma busca pelos sites de venda

de vinhos depressa revela que estes preços são mera-

mente indicativos: o enorme prestígio destas duas mar-

cas gera uma procura feroz e o consumidor final depres-fi

sa se vê perante uma conta bem mais elevada.

O Barca Velha pode duplicar de preço para 240 euros,

mas também chega a triplicar (€360), ou ainda mais do

que isso (€399). A variação não é tão significativa no fi

Pêra-Manca, mas dos 115 euros até aos 186 há muito por

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QUINTA DO CARMOGrande embaixador dos tintos

do Alentejo

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CADE

vindimas

acidez.” Quanto aos tintos, João Silvestre considera que foi “um ano

bom a muito bom”. O Tejo, contudo, não se salvou de uma quebra de produção: os nú-

meros fi nais ainda não estão apurados mas deverá situar-se entre

fifios 5 e os 10% face ao ano anterior. Em suma, João Silvestre resume

o que se passou na região: “Não fosse a chuva de Setembro ter afec-

tado algumas uvas, teríamos no Tejo um ano excelente; assim ficá-fi

mo-nos pelo muito bom.”SETÚBAL: OS MELHORES BRANCOS DE SEMPRE?

Regra comum a várias outras regiões do Sul de Portugal, na Penín-

sula de Setúbal a vindima pode dividir-se em duas: antes da chu-

va e depois da chuva. Com “95 por cento das uvas brancas já co-

lhidas” quando chegou o mau tempo, Henrique Soares,

presidente da CVR local, diz que por aí não houve “problemas” e

está optimista sobre a qualidade dos vinhos deste ano. Uma visão

corroborada e até reforçada pelo enólogo Jaime Quendera, que

deixa mesmo uma ideia forte: “Os brancos deste ano serão prova-

velmente os melhores de sempre!”

Uma meteorologia marcada pela suavidade do Verão deu aos vinhos

uma frescura e uma acidez que não são usuais nas regiões meridio-

nais de Portugal. O mesmo vale para as castas tintas, mas aqui a ma-

turação mais tardia trouxe algumas complicações quando chegou a

chuva. Ainda assim, Jaime Quendera diz que a vindima “só foi má

mesmo no fi m”. “Ao princípio as uvas vinham boas, apesar da chu-

fifiva”, explica o enólogo, enquanto Henrique Soares informa que “a

maior parte das empresas guardou essas uvas afectadas à parte”.

Espera-se para esta campanha uma subida de cerca de 20 por

cento da produção face a 2013 (que foi um ano fraco) – “e até pode

ir além desse valor”, avança Henrique Soares. O elevado grau de

mecanização da vindima na região, a capacidade de resposta das

adegas e o acesso a previsões meteorológicas de médio prazo, fo-

ram, no entender de Jaime Quendera, os argumentos principais

dos produtores da região para escaparem a maiores perdas cau-

sadas pela chuva. “Na Adega de Pegões trabalhou-se pela primei-

ra vez a um domingo. Sabíamos que vinha chuva na terça ou na

quarta e pusemos mãos à obra. Só nesse dia recolhemos 500.000kg

de uva…”

ALENTEJO E ALGARVE…SORRISOS

Quem se saiu airosamente foram sobretudo os produtores das re-

giões mais quentes e secas. Leia-se sul do Alentejo e Algarve. Por

aqui, salvo raras excepções, a vindima foi extraordinária. No sul do

Alentejo, quando começou a chover quase todas as uvas estavam na

adega e o Verão ameno e com inusitadas amplitudes térmicas (che-

gava a fazer algum frio à noite) trouxe uvas maduras mas cheias de

acidez e frescura. Paulo Laureano, produtor e enólogo, diz que nunca teve uma vin-

dima tão boa como este ano na Vidigueira: “Os mostos estavam

muito harmoniosos, aromáticos. Nem uma vez tivemos mais de 40

graus na Vidigueira, uma situação rara.” Duarte Leal da Costa, da

Ervideira, confessa igualmente o “muito gosto” que lhe deu “entrar

na adega”: “Os mostos estão muito perfumados.”

Por outro lado, Paulo Laureano adianta que este foi um ano exigen-

te no que se refere à viticultura, mesmo no Alentejo. Com índices

de humidade anormalmente altos para a região, quem não soube

proteger as vinhas dos fungos (oídio e míldio) arriscou-se seria-

mente a ter quebras na produção.

No entanto, no Alto Alentejo as coisas não correram tão bem: aqui

as vindimas são um pouco mais tardias e algumas vinhas apanha-

ram as chuvas. Curiosamente, choveu mais nas cotas baixas e me-

nos nas terras altas da serra de S. Mamede. Pelo menos num pro-

dutor da região de Portalegre, no sopé da serra, chegou a

vindimar-se debaixo de oleados, perante a persistência da chuva.

As castas brancas, mais rápidas a atingir a maturação, estavam

recolhidas quando o mau tempo se instalou, mas as tintas sofre-

ram o impacto da meteorologia.

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N O V E M B R O 2 0 1 4

Paulo Laureano, produtor e enólogo,

diz que nunca teve uma vindima

tão boa como este ano na Vidigueira

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Setembro marcou um ponto de viragem na história, ainda recen-te, da Santos e Seixo, que assume a partir deste momento, com a sua primeira vindima, o estatuto de produtor. O primeiro passo da empresa consistiu em distri-buir os vinhos da marca Santos da Casa, nascidos da parceria com o enólogo Hélder Cunha. Agora, está na forja o primeiro vinho deste novo produtor, com enologia a cargo de Paulo Nigra.A Santos e Seixo, que nasceu da iniciativa de Pedro Seixo e Alzira Santos, tem planos para lançar um Colheita no próximo mês de Março, a que se seguirá um Re-serva em 2016 e um Supereserva em 2018. A marca Santos da Casa é para manter, mas deverá surgir uma nova chancela, que permita destacar no mercado os vinhos de gama superior. E, por falar

nisso, fi ca no ar a promessa de um Verde “de topo”, bem como de uma maior aposta nos bran-cos. Alentejo e Douro – “com quintas de prestígio”, promete Pedro Seixo – continuarão a ser as regiões fortes e não espantará que em breve surjam notícias da aquisição de uma quinta: “O nosso sonho é termos uma casa, uma ‘cara’.”A gama Santos da Casa arran-cou com um branco do Douro, dois tintos Colheita (Douro e Alentejo), outros dois Reserva (das mesmas regiões) e ainda dois Grande Reserva (também Douro e Alentejo). Por enquan-to, a empresa compra a uva no Douro Superior e no norte do Alentejo, mas a ambição é clara: “Há a necessidade de chegar à terra, comprar vinha”, anuncia Pedro Seixo.

Santos e Seixo assume-se como produtor

A Ervideira, produtor vitivinícola do Alentejo, colo-cou 30.000 garrafas do seu topo de gama, o Conde D’Ervideira Reserva Tinto 2014, na Albufeira de Alqueva, junto à Amieira Marina. Estas garrafas vão aí estagiar a 30 metros de profundidade durante 10 meses e assim nascerá o Conde D’Ervideira Vinha da Água Reserva Tinto 2014.Num processo inovador e pioneiro no Alentejo, “a Ervideira pretende obter um vinho bastante mais intenso devido à ausência total de luz que aquele ambiente irá proporcionar a estas garrafas, bem como ao facto de estarem num habitat cuja temperatura é de 17ºC em qualquer altura do dia ou do ano”, explica Duarte Leal da Costa, diretor executivo da Ervideira.Este Conde D’Ervideira Vinho da Água é produzido a partir da seleção dos melhores lotes das castas Touriga Nacional, Aragonez, Tinta Caiada, Ali-cante Bouschet e Cabernet Sauvignon, vinifi cadas casta-a-casta. Para o primeiro ano a Ervideira irá ter 30.000 garrafas para colocar no mercado, no entanto está já a preparar-se para aumentar a produção já a partir da vindima de 2015.

ERVIDEIRA SUBMERGE

30.000 GARRAFAS NA

ALBUFEIRA DE ALQUEVA

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notícias

Nascido da mística árvore Marula, oriunda das vastas planícies africanas, o licor creme Amarula, distribuído pela Viborel, foi lançado em setem-bro de 1989 e é distribuído em mais de 100 países do mundo.Nas planícies de África exis-te uma árvore que nasce de forma espontânea e que se chama Marula, e é do seu fru-to que, depois de removida a pele e o caroço, o fruto é fer-mentado e destilado duas vezes.A primeira destilação é rápida, por forma a conservar todos os aromas e sabores do fruto fresco, mas é na segunda que todos os aromas se concentram. Enve-lhecido durante dois

anos em pequenas barricas de car-valho incorpora assim, lentamente, todo o caráter e sabores conferidos pela madeira.O passo fi nal consiste em mistu-

rar o licor com nata fresca, até se obter uma textura cremosa. Este processo é muito rigoroso e o resultado é um creme rico,

suave e consistente. Este licor é substancialmente conhecido pelas suas características afro-disíacas, já que, até os próprios

elefantes, imagem da marca, percorrem longas distâncias na

savana para se delei-tarem com este fruto.

O preço deste licor é de €14,50.

Obra de Siza Vieira já atraiu 50 mil pessoas O armazém de estágio e envelhecimento de vinhos da Quinta do Portal, em Sabrosa, no vale do Douro, já atraiu a visita de 50.000 pessoas àquela região declarada Património Mundial. Inaugurada a 6 de Outubro de 2010, esta obra sofi sticada e inovadora tem a assinatura do arquitecto Álvaro Siza Vieira e valeu-lhe mesmo o ‘Prémio de Arquitectura do Douro 2010/2011’, tendo-se transformado num dos ex-libris da propriedade, com os materiais utilizados (xisto e cortiça) a enquadrarem-se harmoniosamente com a unidade enoturística da Quinta do Portal – a igualmente premiada internacionalmente ‘Casa das Pipas’.

breves VIBOREL LANÇA LICOR AMARULA

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Comprar uma vinha em França nunca foi tão caro. O preço de um hectare nas várias regiões francesas tem aumentado signifi cativamente nos últimos anos, sendo que a Borgonha bate todos os recordes, com as suas vinhas de Grand Cru a custarem mais do que 4 milhões de euros por hectare até um máximo de 10 milhões. E raras são as que se encon-tram à venda... Estima-se que a razão desta sobrevalorização esteja na corrida

aos vinhos borgonheses de topo que se tem verifi cado, maioritariamente, pela parte de coleccionadores e afi ciona-dos do vinho. Comparando com estes valores, o preço de uma vinha da mais comum denominação AOP Bourgogne parece acessível, rondando os 30.000 euros por hectare. A mesma área de vinha em Champagne, por sua vez, custa mais de 1 milhão de euros, enquanto que o valor médio de uma vinha AOP (que corresponde às DOC portuguesas) em França é 136.000 euros. Recente-mente, também os vinhedos fora de “Appellation d’Origine Protégée” têm valorizado signifi cativamente, estando, agora, a 12.700 euros. As vinhas mais acessíveis podem ser encontradas na região de Languedoc-Roussillon, co-nhecida por produzir vinhos baratos em grande quantidade, e em alguns locais desta área podem custar apenas 5.000 euros. (M.L.)

Vinhas de luxo em FrançaA revista “The Wine Economist” publicou, recentemente, a lista dos vinhos mais vendidos nos Estados Unidos da América, encimada pelo Barefoot, um dos “pés” do grande produtor Gallo. Este é um vinho que custa, aproximadamente, 5,5 dólares e que rendeu ao seu produtor 622 milhões de dólares em apenas um ano. A marca Barefoot tem cerca de quinze vinhos diferentes e de todos os tipos (alguns até com sa-bores adicionados…), incluindo espumantes. Dos dez vinhos que se perfi lam nesta lista, apenas um não é norte-americano: em quinto lugar encontra-se o Yellow Tail, um vinho australiano da casa Australien que dá nome a 29 versões. Mas, em contrapartida com a dimensão que estas empresas têm, actualmente, nos EUA, todas têm vindo a sofrer quebras de 2% a 5% no valor das vendas. Segue-se a lista dos maiores competidores neste mercado: (M.L.)

QUAL O VINHO MAIS

VENDIDO NOS EUA?

1. Barefoot, Gallo

2. Sutter Home, Trinchero Family Estates

3. Franzia Box (5 litre box), The Wine Group

4. Woodbridge by Robert Mondavi, Constellation

5. Yellow Tail, Australien

6. Kendall Jackson

7. Beringer, Treasury

8. Chateau Ste Michelle, Washington State

9. Cupcake, The Wine Group

10. Mènage à Trois, Trinchero

Se o preocupa a condução após a visita ao Encontro com o Vinho e Sabores (ECVS) de 2015, então saiba que pode contar com ajuda. A organização fez um proto-colo com a empresa Drivu, especializada em fornecer um motorista privado no seu regresso a casa. A diferença é que este motorista leva--o, no seu próprio carro, até casa, sem se preocupar com multas.O custo é de €1,80 por km (ou €1,50 se for sócio do ACP), mas há um valor mí-nimo cobrado, que é de 10 euros. Este preço é especial para o ECVS e o valor do serviço não está incluído no preço dos bilhetes. O serviço pode ser enco-mendado através do balcão da Drivu no Centro de Congressos ou pelo telefone 915 099 904.

No campo das novidades destaca-se ainda o facto de os visitantes do Encontro Com o Vinho e Sabores 2015 poderem comprar os vinhos in loco, directamente ao pro-

dutor e não na agora extinta loja de vinhos do evento. Vão ter a opção de os levar consigo na hora ou subscrever um serviço de entrega ao domi-cílio, assegurado pela Vinha e gratuito para compras su-periores a €25,00. Os enó-fi los vão assim ganhar outra disponibilidade – física, e até mental, porque não têm

que andar carregados de garrafas – para interagir com os produtores e degustar alguns dos mais de 2000 néctares à prova.O Encontro com o Vinho e Sabores vai decorrer no Centro de Congressos de Lisboa entre 30 de Outubro, sexta-feira, e 2 de Novembro, segunda-feira.

VÁ DE CARRO AO ECVS E NÃO SE PREOCUPE

COM O QUE BEBE…

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A LEM foi criada em 2008 com o objectivo de servir os produtores portugueses de vinho e espumante com a melhor tecnologia de engarrafamento disponível, para além de permitir que todas as adegas possam ter no seu portefólio garrafas de vinhos de dimensão diferente das habituais, até aos 18 litros de capacidade. Este sistema do grupo ELE oferece um serviço completo, que vai desde a tiragem de espumante à rotulagem e

embalamento fi nal uti-lizando para isso diver-sas unidades móveis. Uma unidade permite fazer o engarrafamento de vinhos-base de es-pumante pelo método tradicional com leve-duras livres ou imo-bilizadas, a chamada tiragem. Esta unida-de é complementada por outra que permite o engarrafamento de grandes volumes. Ou-tra unidade permite fazer o removimento após a segunda fer-mentação em garrafa, a chamada "tomada de

espuma". O serviço de dégorgement é efectuado recorren-do a outra unidade, que possui todos os equipamentos necessários, sobre rodas, e que são colocados o mais perto possível das garrafas em pontas para não as mo-vimentar. Para completar o processo, uma Unidade de Rotulagem e Acabamento pode colocar em simultâneo três etiquetas diferentes, para além da gargantilha e da sobre-cápsula especial para espumante.

Fazer espumante sem investir em equipamentos

PORT TO PORT WINE ABRE LOJA DE FORTIFICADOS NA INTERNET

Uma loja de vinhos especializada em vinhos fortifi cados é algo pouco co-mum. Mas foi isso mesmo que dois amigos – Vasco Pinheiro e Marta Costa – decidiram fazer. A actividade iniciou--se com um blogue, que, dizem eles, “rapidamente suscitou o interesse de conhecedores e curiosos de todo o mundo”: “Foi o ponto de partida para a concretização deste website, um espaço onde apostamos numa se-lecção criteriosa dos melhores vinhos fortifi cados portugueses.”A loja está on-line no endereço https://www.porttoportwine.com e já começou

com vendas. O portefólio é alargado e inclui mesmo algumas raridades, como o Graham´s Ne Oublie 1882 (a 5.400 euros) ou o Taylor´s 1863 Single Har-vest e Taylor´s Scion (ambos a 2.750

euros). De resto, o portefólio abarca quase todos os fortifi cados portugue-ses: Vinho do Porto, Vinho da Madeira, Moscatel e Carcavelos. Na zona do Porto, e desde que a en-comenda seja igual ou superior a 20 euros, a empresa faz a entrega grátis. Quanto a pagamentos, neste momento estão activas várias opções: transfe-rência bancária, Visa e Mastercard, pagamento prévio por transferên-cia bancária ou pagamento no acto de entrega. Para comprar tem que se registar no site. A factura é entregue com a encomenda.

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Prémio Empresa

OS MELHORES DO ANO 2

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