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RELATÓRIO TÉCNICO FINAL DE PROJETO
Projeto Agrisus No: 1236/13
Período relacionado: 01 de janeiro de 2014 à 30 de dezembro de 2016.
Título da Pesquisa: Estratégias para mitigação da compactação do solo no sistema plantio direto
Interessado (Coordenador do Projeto): Moacir Tuzzin de Moraes
Participantes: Henrique Debiasi; Renato Levien; Julio Cezar Franchini, Michael Mazurana e
Altamir Mateus Bertollo.
Instituição:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Endereço: Av. Bento Gonçalves, 7712, Prédio 41506
Telefone: (55) 9934-7732
E-mail: [email protected]
Local da Pesquisa: Londrina/PR e Eldorado do Sul/RS
Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 44.000,00
Vigência do Projeto: 05.10.13 a 30.12.16
RESUMO SIMPLES DO RELATÓRIO:
Os objetivos deste trabalho foram (i) avaliar o potencial de diferentes espécies vegetais na
entressafra da soja, para a recuperação física de camadas com diferentes graus de compactação do
solo no curto prazo e; (ii) selecionar indicadores do estado de compactação do solo e determinar os
respectivos valores críticos ao desenvolvimento das plantas. O uso de sistemas de cultivo com
culturas com sistema radicular abundante favorece melhorias na qualidade física dos solos, e a
brachiária e a aveia são excelentes alternativas para redução dos efeitos da compactação do solo. O
efeito da escarificação do solo é temporário no solo (efêmero a um ano), e a compactação do solo
pelo tráfego de máquinas é reduzida rapidamente em função do uso de sistemas de cultivos com
rotação de culturas. O sistema plantio direto com uso de plantas com sistemas radiculares abundantes
deve ser preconizado para a manutenção da qualidade física dos solos, com adequados fluxos de água
e de ar na zona radicular das culturas. O número de dias com que a cultura foi submetida a condições
de estresses físicos podem ser usados por meio de modelagem para interpretações da qualidade física
dos solos.
RESUMO EXPANDIDO DO RELATÓRIO:
Introdução
O uso do sistema plantio direto, mesmo em algumas áreas sendo usado a mais de 40 anos,
continua apresentando problemas relacionados com a presença de camadas compactadas entre 10 e
20 cm. A falta do conhecimento das respostas das melhorias das condições físicas dos solos pelo
sistema radicular das culturas tem sido um dos principais entraves para a expansão das áreas com
rotação de culturas e o uso continuado da escarificação mecânica dos solos. O sistema radicular das
culturas pode proporcionar produção de poros contínuos no perfil do solo, os quais reduzem a
resistência à penetração das próximas culturas.
Objetivos
Os objetivos deste trabalho foram (i) avaliar o potencial de diferentes espécies vegetais na
entressafra da soja, para a recuperação física de camadas com diferentes graus de compactação do
solo no curto prazo e; (ii) selecionar indicadores do estado de compactação do solo e determinar os
respectivos valores críticos ao desenvolvimento das plantas.
Materiais e Métodos
Dois experimentos foram implantados, um em um Latosolo Vermelho (Londrina-PR), e outro
em um Argissolo Vermelho (Eldorado do Sul-RS). No Latossolo foi implantado em 2013, um
experimento com 4 níveis de compactação (escarificação, sistema plantio direto e 4 tráfegos de trator
ou 8 passadas de colhedora) em 4 sistemas de cultivos (soja no verão, com trigo, milho, brachiária ou
aveia preta no inverno).
No Argissolo Vermelho, em um experimento com seis níveis de compactação (solo
escarificado, sistema plantio direto e 2, 4, 8 e 12 tráfegos de trator) foram cultivadas as culturas de
soja, milho, trigo e aveia preta, nas safras de verão de 2013/14 até o inverno 2016.
Os atributos físicos do solo e as produtividades de grãos, biomassa e sistemas radiculares das
culturas foram avaliados. A modelagem do crescimento radicular de soja e milho foi realizada usando
as condições físicas dos solos em linguagem de programação MATLAB® considerando as condições
meteorológicas e a dinâmica da água e de resistência do solo.
Resultados e Discussões
A produtividade de grãos em áreas de solo escarificado ou com compactação excessiva (12
tráfegos de trator ou 4 tráfegos de colhedora) foi reduzida em relação ao sistema plantio direto.
Entretanto, o tráfego em até 4 vezes aumentou a produtividade de grãos de soja, milho e trigo em
Argissolo Vermelho, provavelmente pela redução da macroporosidade e aumento da disponibilidade
hídrica do solo. Em Latossolo, valores de densidade do solo acima de 1,3 Mg m-3, resistência do solo
à penetração acima de 3 MPa, em condição de capacidade de campo, ou macroporosidade abaixo de
5% ou em excesso à 15% podem reduzir a produtividade de grãos das culturas.
A produção de massa seca radicular, das culturas no Latossolo Vermelho da maior para a menor
quantidade pode ser ordenada na sequência de brachiária, milho, aveia-preta, soja e trigo. A brachiária
apresentou maior potencial de crescimento radicular em profundidade no Latossolo, se apresentando
como ótima potencial para redução dos efeitos da compactação nas culturas subsequentes.
Entretanto não são apenas limites físicos que determinam a produtividade das culturas, e sim o
número de dias com que as culturas firam acima de determinados limites, o quais podem ser
observados por meio da modelagem dos processos físicos para o crescimento das culturas.
Conclusões
O uso de sistemas de cultivo com culturas com sistema radicular abundante favorece melhorias
na qualidade física dos solos, e a brachiária e a aveia são excelentes alternativas para redução dos
efeitos da compactação do solo. O efeito da escarificação do solo é temporário no solo (efêmero a um
ano), e a compactação do solo pelo tráfego de máquinas é reduzida rapidamente em função do uso de
sistemas de cultivos com rotação de culturas. O sistema plantio direto com uso de plantas com
sistemas radiculares abundantes deve ser preconizado para a manutenção da qualidade física dos
solos, com adequados fluxos de água e de ar na zona radicular das culturas. O número de dias com
que a cultura foi submetida a condições de estresses físicos podem ser usados por meio de modelagem
para interpretações da qualidade física dos solos.
RELATÓRIO FINAL:
1. INTRODUÇÃO:
O sistema plantio direto (SPD) tem sido reconhecido como o sistema de manejo do solo mais
importante para a sustentabilidade dos agroecossistemas brasileiros. A expansão da área agrícola
manejada sob SPD, hoje estimada em cerca de 32 milhões de hectares, só foi possível em função do
desenvolvimento continuado de soluções tecnológicas para superar os problemas e as dificuldades
relacionadas ao manejo desse sistema, bem como para aperfeiçoá-lo e adaptá-lo às diferentes regiões
do país. No entanto, apesar dos quase 40 anos de pesquisas e observações acumuladas por produtores,
técnicos e pesquisadores, alguns problemas ainda persistem e, merecem ser mais bem estudados.
Dentre eles, destaca-se a existência, em quase todas as áreas sob SPD, de uma camada de maior grau
de compactação, geralmente posicionada a 0,1-0,2 m de profundidade (Debiasi et al., 2010; Franchini
et al., 2011).
Dentre as principais classes de solos de ocorrência no Brasil, destacam-se os Latossolos e
Argissolos, que representam 58% dos solos brasileiros, sendo que estes são os principais solos
utilizados para cultivo de sequeiro no Brasil. Considerando que estes solos apresentam potenciais
para ocorrência dos processos de compactação do solo, requer que sejam determinados quais são os
limites críticos para o crescimento e desenvolvimento das culturas produtoras de grãos e também para
a recuperação física dos solos por espécies vegetais. Entretanto, até o momento não há clareza de
quais são os níveis críticos de compactação do solo, aos quais plantas toleram sem que ocorram perdas
produtivas. Isso favorece que em muitos casos, seja indicada a utilização de práticas invasivas,
principalmente a escarificação do solo no sistema plantio direto, interferindo na estruturação do solo
e na dinâmica da água e de nutrientes para as plantas, colocando em risco a sustentabilidade do
sistema plantio direto. Portanto, as práticas de manejo que mobilizam intensamente o solo no sistema
plantio direto, podem causar desestruturação do sistema, o qual levará muito mais tempo para que
chegar a um novo estado de equilíbrio. Considerando que no Brasil existem aproximadamente 32
milhões de hectares em sistema plantio direto, sendo que isso está sendo direcionado para uma nova
etapa deste sistema, o qual necessita que sejam identificados os limites críticos das principais
propriedades emergentes, para que assim, seja possível preservar o ambiente e produzir alimentos de
forma sustentável.
A degradação da qualidade física do solo causada pelo processo de compactação podem
diminuir a produtividade das culturas, especialmente em anos secos e/ou com excesso de chuvas
(Torres & Saraiva, 1999), e com isso, podem colocar em risco a sustentabilidade do SPD. Isso porque
a degradação da qualidade física do solo reduz o desenvolvimento radicular e a disponibilidade de
água, oxigênio e nutrientes às plantas. Além disso, a compactação exerce efeitos negativos sobre o
ambiente, aumentando as perdas de água e nutriente, as emissões de gases causadores do efeito estufa
e a poluição dos recursos hídricos.
Uma das medidas preconizadas para melhorar a qualidade física de solos compactados é a
adoção de sistemas de rotação de culturas que contemplem plantas com elevado potencial de
produção de fitomassa e caracterizadas por um sistema radicular abundante, profundo e agressivo.
Entretanto, existem poucos trabalhos de pesquisa a respeito da eficiência e do tempo necessário para
que as culturas de cobertura reduzam o grau de compactação do solo a níveis não limitantes ao
crescimento das plantas. Assim, persistem dúvidas quanto à eficiência dessa prática, principalmente
no que se refere à produtividade e desempenho econômico das culturas durante o período de
recuperação do solo, que pode ser longo (Corsini & Ferraudo, 1999). Concomitantemente, existem
poucas informações a respeito do grau de compactação acima do qual a recuperação por métodos
biológicos torna-se técnica e economicamente inviável. Neste contexto, a utilização de hastes
sulcadoras para a deposição do adubo na semeadura pode reduzir os efeitos negativos da compactação
do solo sobre o desenvolvimento das culturas principalmente enquanto a recuperação da qualidade
física do solo por métodos biológicos está em andamento.
A falta de uma resposta consistente ao uso de métodos biológicos de recuperação de solos
compactados, em termos de melhoria da qualidade física do solo, tem colocado em risco a
sustentabilidade do SPD, e muitas vezes a escarificação tem sido indicada como alternativa ao
rompimento de camadas compactadas de solo no SPD (Klein & Camara, 2007). Embora a
escarificação seja capaz de romper camadas compactadas de solo de modo imediato, os seus efeitos
persistem, em geral, por um período efêmero, igual ou inferior a um ano (Veiga et al., 2007), uma
vez que essa operação não elimina a causa da compactação do solo, mas somente os sintomas
(Franchini et al., 2009). No entanto, é possível que a associação da escarificação com espécies
vegetais caracterizadas por uma elevada produção de fitomassa e por um sistema radicular agressivo,
abundante e profundo se constitua em uma prática eficiente para a descompactação do solo em curto
prazo.
Existem diversos indicadores do estado de compactação do solo, sendo a RP, a
macroporosidade e a densidade do solo (Ds) os mais utilizados. Atualmente, o grande desafio é
estabelecer, para esses indicadores, valores considerados críticos ou restritivos ao crescimento das
plantas. Entretanto, há pequena sensibilidade dos indicadores físicos tradicionalmente utilizados (Ds,
porosidade e RP) em detectar alterações no volume, geometria e continuidade dos bioporos (Reichert
et al., 2007). Assim, a utilização de indicadores quantitativos e semi-quantitativos da estrutura do
solo, tais como, a avaliação visual da qualidade do solo (VESS) (Guimarães et al., 2011) e os
parâmetros anatômicos do sistema radicular das culturas (Bergamim et al., 2010) podem ser úteis na
detecção de melhorias da qualidade física do solo pelo uso de plantas de cobertura.
Assim, o projeto tem por objetivos: 1) avaliar o potencial de diferentes espécies vegetais na
entressafra da soja, para a recuperação física de camadas com diferentes graus de compactação do
solo no curto prazo e; 2) Selecionar indicadores do estado de compactação do solo e determinar os
respectivos valores críticos ao desenvolvimento das plantas.
2. MATERIAIS & MÉTODOS
O projeto foi realizado em dois experimentos, implantados em duas regiões. O primeiro
experimento está localizado na Fazenda Experimental da Embrapa Soja, em Londrina/PR, e iniciou
em 2013, sobre um Latossolo Vermelho Distroférrico com textura muito argilosa (75% de argila). O
segundo foi conduzido na Estação Experimental Agronômica da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS), no município de Eldorado do Sul/RS, em Argissolo Vermelho Distrófico com
textura franco-argilo-arenosa (24% de argila). No período de junho de 2015 até maio de 2016 o
doutorando Moacir esteve realizando um período de Doutorado Sanduiche no Instituto James Hutton,
na Escócia, Reino Unido, para aprimorar as análises dos resultados coletados neste experimento.
Experimento 1 – Londrina/PR (Embrapa Soja)
O experimento foi conduzido em uma área da Fazenda Experimental da Embrapa Soja, no
município de Londrina/PR (23°11’ S e 51°11’ W, altitude de 600 m), situada em região que apresenta
clima tipo Cfa, subtropical úmido mesotérmico, segundo a classificação de Köppen, com médias
anuais de 20°C de temperatura e de 1340 mm de precipitação. O solo desta área é classificado como
Latossolo Vermelho Distroférrico.
O experimento consiste em um fatorial 4x4 (espécies vegetais x níveis de compactação) sob
o delineamento experimental de blocos ao acaso com três repetições e parcelas subdivididas. O fator
espécie vegetal, nas parcelas, é constituído por quatro espécies vegetais de outono-inverno: (i) trigo;
(ii) milho 2ª safra; (iii) Urochloa ruziziensis (Brachiária); e (iv) aveia preta. O fator nível de
compactação, alocado nas subparcelas, consistem de quatro estados de compactação (EC)
estabelecidos por diferentes intensidades de tráfego e mobilização do solo: Esc = sistema plantio
direto (SPD) com mobilização de solo por meio de um escarificador de 5 hastes espaçadas 35 cm
entre si, equipado com rolo destorroador e ponteiras com 8 cm, sendo a profundidade média de
escarificação equivalente a 25 cm; SPD = SPD sem compactação adicional e sem escarificação; C4
= SPD com compactação adicional por 4 passadas de um trator CBT 4 x 2 TDA, modelo 8060,
equipado com estrutura para pá/concha na dianteira, pneus dianteiros Goodyear 14.9-24 R1 e traseiros
Goodyear 18.4-34 R1, completo em lastros (metálicos e líquido nos pneus), com massa total de 7,2
Mg; e C8 = SPD com compactação adicional por 8 passadas de uma colhedora SLC 6200 com o
depósito de grãos vazio, equipada com plataforma de colheita de milho (4 linhas), pneus dianteiros
Pirelli 18.4-30 R1 e traseiros Pirelli 9.00-16, com massa total de 9,5 Mg. No momento da realização
dos tráfegos, o solo se encontrava na capacidade de campo (conteúdo de água do solo na camada de
0-20 cm de 0,33 g g-1). A escarificação foi realizada quatro dias depois, quando o solo se encontrava
em sua consistência friável (conteúdo de água de 0,29 g g-1, na camada de 0-20 cm). No inverno do
primeiro ano (2013) foi implantada a cultura do trigo em todas as parcelas (12 repetições). No verão
(2013/14), foi implantada a cultura da soja em todos os tratamentos. No inverno do segundo ano
(2014) foi implantada as culturas que compõem o segundo fator (trigo, milho, aveia preta e
brachiária). No verão (2014/15) foi implantada a cultura da soja em todos os tratamentos.
Experimento 2 – Eldorado do Sul/RS (Estação Experimental Agronômica da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul)
O experimento foi conduzido em uma área da Estação Experimental Agronômica da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (EEA/UFRGS), no município de Eldorado do Sul/RS,
na região fisiográfica da Depressão Central. O solo é classificado como Argissolo Vermelho
Distrófico. A textura superficial deste solo é franco-argilo-arenosa. A área apresenta uma declividade
média de 0,03 m m-1. O clima da região é subtropical úmido (Cfa, pela classificação de Koppen), com
temperaturas médias mensais variando de 13,9ºC e 24,9ºC e precipitações médias entre 96 mm e 168
mm, totalizando 1440 mm anuais.
O experimento consiste em um delineamento experimental de blocos ao acaso com três
repetições. Os tratamentos são constituídos por seis níveis de compactação: (Esc) Preparo reduzido
com escarificação do solo, sem tráfego; (SPD) SPD sem tráfego adicional; e SPD trafegado por duas
(C2); quatro (C4); oito (C8) e doze (C12) vezes com um trator Valtra, modelo BM125i, com massa
de 5,3 t, com pneus dianteiros 14.9-26R1 e traseiros 23.1-30R1, com pressão de insuflagem de 219,78
e 153,18 kPa, respectivamente. A pressão de contato dos pneus dianteiros e traseiros com o solo,
determinada pelo método de O’Sullivan et al. (1999), foi de 183 e 155 kPa, respectivamente. No
verão de 2013/14 foi implantada a cultura da soja, e no inverno de 2014 foi cultivado a cultura do
trigo. No verão do segundo ano (2014/2015) foi implantada a cultura do milho e no inverno de 2015
a cultura da aveia preta foi cultivada.
Amostragem de solo para propriedades físicas
Em Londrina, as amostragens de solo foram realizadas nas entrelinhas de cultivo durante o
ciclo vegetativo das culturas (verão 2013/2014, inverno 2014 e verão 2014/15), utilizando anéis
metálicos (diâmetro e altura de 0,05 m) realizadas após cada cultivo. Amostras indeformadas de solo
por parcela e camada (0,0-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,30 m), foram coletadas para determinação da
densidade do solo, porosidade total, macro e microporosidade, resistência do solo à penetração e a
curva de retenção de água do solo.
Em Eldorado do Sul, as amostragens para os atributos físicos, nas camadas de 0-10; 10-20;
20-30 e 30-40 cm, foram realizadas durante o período reprodutivo das culturas nas safras de verão de
2014/15 e inverno de 2015, juntamente com a coleta de raízes das culturas.
Amostragem de solo para propriedades químicas
Em Londrina, as amostras de solo foram coletas após o cultivo da safra de verão 2013/14. Em
cada parcela, foram abertas trincheiras com pá de corte, onde foi coletado o solo nas camadas de 0,0-
0,10, 0,10-0,20 e 0,20-0,30 cm. Logo após a coleta, o solo foi seco em estufa de circulação forçada
de ar ±40ºC, peneirado em malha de 2 mm e armazenado para as análises.
Em Eldorado do Sul, as amostras de solo, para análises químicas foram coletadas na safra de
2014/15. Nas parcelas, foram coletadas amostras de solo nas camadas de 0-10; 10-20; 20-30 e 30-40
cm.
Determinação das propriedades físicas do solo
No laboratório, as amostras foram preparadas com a retirada do excesso de solo. Em seguida,
as mesmas foram saturadas em recipientes por meio da manutenção de uma lâmina de água máxima
de dois terços da altura dos anéis metálicos por aproximadamente 72 horas, até a completa saturação
do solo. Após a saturação, passam para a determinação da resistência do solo à penetração e da curva
de retenção de água no solo (CRA).
Em cada experimento, as amostras foram submetidas aos potenciais matriciais de -3 e -6 kPa
utilizando mesa de tensão (EMBRAPA, 1997). Posteriormente, grupos de amostras são submetidos
à tensões equivalentes a um dos seguintes potenciais matriciais: -10; -33; -100; -500 kPa por meio de
pressões aplicadas em câmaras de Richards com placas porosas. Após atingirem o equilíbrio em cada
potencial matricial (-6; -10; -33; -100 e -500 kPa), as amostras são pesadas e determinada a RP
utilizando um penetrógrafo estático de bancada. O penetrógrafo, modelo MA-933 da marca Marconi,
é constituído de uma haste metálica com um cone na sua extremidade com semi-ângulo de 30°,
diâmetro de 4 mm e área da base de 0,1256 cm2, ligado a um medidor composto por uma célula de
carga com capacidade nominal de 20 kgf. A velocidade de penetração será de 20 mm min-1. Logo
após, as amostras são secas em estufa a ±105°C por 24h. O θ é quantificado pelo quociente da massa
de água retida na amostra em cada potencial matricial em relação ao volume do solo de cada amostra.
A Ds é obtida conforme metodologia descrita em Embrapa (1997). A resistência do solo à penetração
também foi avaliada no campo, utilizando um penetrômetro estático digital. Juntamente com esta
análise foi determinado o conteúdo de água do solo.
A determinação do conteúdo de água retido nos potenciais de -1.000 e -1.500 kPa, é
empregado com auxílio de um psicrômetro modelo WP4-C, utilizando amostras deformadas (KLEIN
et al., 2006). Assim, o conteúdo gravimétrico de água do solo é multiplicado pelo valor médio de Ds
em cada repetição de campo dos tratamentos, resultando no θ no potencial de -1.000 e -1.500 kPa.
São determinados os conteúdos de água na capacidade de campo e no ponto de murcha permanente,
para realizar a determinação da capacidade de água disponível e da fração de água disponível na
camada de 0,0-0,30 m.
No campo, foi determinada a infiltração tridimensional de água no solo e a condutividade
hidráulica do solo (permeabilidade do solo) utilizando um permeâmetro modelo IAC (Vieira, 1998).
O qual funciona baseado no princípio de Mariotte, fornecendo água sob carga constante a um orifício
feito no solo com dimensão de 5 cm. As determinações foram realizadas nas profundidades de 0,10
e 0,20 m.
Determinação dos parâmetros radiculares
Em Londrina, foram coletadas raízes das plantas de trigo (inverno 2013 e 2014) (Figura 1a,
1f), soja (safra 2013/14 e 2014/15) (Figura 1b), Urochloa ruziziensis (safra de 2014) (Figura 1c),
milho (safra de 2014) (Figura 1d), e aveia preta (safra de 2014) (Figura g).
Em Eldorado do sul, foram avaliadas as raízes de soja (safra 2013/14) (Figura 1e) e de trigo
(inverno 2014) (Figura 1h), todas as coletas seguiram metodologia de coleta de monólitos (BÖHM,
1979). As raízes foram lavadas e armazenadas em álcool 70% (Figura 2) até realização do
escaneamento para determinação do volume, comprimento, área superficial, diâmetro e densidade
radicular utilizando o software Safira®. A massa verde e seca das raízes foram determinadas.
Figura 1. Coleta de monólitos para quantificação de raízes de trigo (a,f), soja (b), Urochloa ruziziensis
(c), milho (d) e aveia preta (g) em Londrina e, de soja (e) e trigo (h) em Eldorado do Sul.
a) b) c)
f) g) h)
d) e)
Figura 2. Raízes de aveia preta, na camada de 0-10 cm, em função de níveis de compactação em
Latossolo Vermelho. Esc: preparo reduzido com escarificação do solo; SPD: sistema plantio direto;
C4: SPD com 4 tráfegos com trator de 7,2 Mg; C8: SPD com oito tráfegos de colhedora com massa
total de 9,5 Mg.
Anatomia radicular
A anatomia das raízes das culturas de soja e milho, presentes nas camadas de 0,0-0,10 m, foi
determinada por meio de metodologia descrita em Bergamin et al. (2010). As raízes foram cortadas
em fragmentos de 5 mm, fixados em formalina‑acetato‑álcool etílico a 50% (F.A.A. 50%) e/ ou em
Glutaraldeido (1% em tampão fosfato 0,1M, pH 7,2), e mantidas embebidas nesta solução até o
processo de desidratação em série alcoólica. A desidratação foi realizada em série alcoólica, e os
fragmentos de raízes são embebidos em historesina. Após a preparação do material foram feitas
secções finas (0,5 µm) em micrótomo. As secções foram transferidas para lâminas permanentes para
os procedimentos, as quais são coradas com Azul de Toluídina 0,05% (aq.) (Hagquist, 1974). Depois
de serem montadas as lâminas permanentes, as imagens foram obtidas em um microscópio óptico
com iluminação de campo claro e de contraste diferencial.
Determinação das propriedades químicas do solo
As amostras foram moídas após secagem por 24 h a 60ºC. Em seguida, as amostras são
pesadas em balança analítica específica, utilizando-se 40 mg de amostras para a análise. O teor de
carbono orgânico total (C) e nitrogênio total (N) são determinados pelo método da combustão a seco,
utilizando um analisador elementar orgânico de C e N (modelo Flash 2000). Os demais atributos
químicos do solo são quantificados de acordo com a metodologia de Pavan et al. (1992). São
determinados os valores do potencial hidrogeniônico (pH) em solução de CaCl2 0,01 mol L-1 na
relação 1:2,5 (solo:solução); cálcio (Ca), magnésio (Mg) e alumínio (Al) extraídos com solução de
KCl 1 mol L-1 na relação 1:10 (solo:solução), sendo Ca e Mg determinados por espectrofotometria
de absorção atômica e Al por titulação com NaOH 0,015 N, sendo utilizado o indicador azul de
bromotimol; acidez potencial (H + Al) pelo pH em SMP, a partir da curva de calibração do pH SMP
versus H + Al para os solos do Paraná; fósforo (P) e potássio (K) são extraídos com solução de
Mehlich-1 (HCl 0,05 mol L-1 + H2SO4 0,025 mol L-1), e determinados por colorimetria
(espectofotômetro a 630 nm) e fotometria de chama, respectivamente (FRANCHINI et al., 2000).
Os valores de soma de bases (SB) são obtidos em função da soma dos valores dos cátions
trocáveis (Ca2+ +, Mg2+ +, K+, Na+). A capacidade de troca de cátions a pH 7,0 (T) é determinada pela
soma dos valores de SB com os valores de H+Al. A saturação de bases (V%) é quantificada pela
relação percentual da SB com o valor de T.
Parâmetros de plantas
A produtividade de grãos das culturas de trigo, soja e milho (Londrina e Eldorado do Sul)
foram determinadas pela colheita mecânica das linhas centrais de cada parcela. No inverno de 2014,
foram determinadas as produtividade de massa de aveia preta e Urochloa ruziziensis no experimento
em Londrina, por meio da coleta de amostras em 1m2 e em duplicata por parcela. Em casos de
avaliação da produção de grãos, os grãos foram limpos e pesados, e os valores obtidos corrigidos para
uma umidade de 13%. Nos grãos obtidos da cultura do trigo, foi determinado o peso hectolitro (PH),
sendo que é uma análise física do grão, e é a massa de 100 litros de trigo expressa em kg hl -1. Na
ocasião da colheita da soja, são avaliadas as seguintes características na área útil: altura da planta,
dada pela distância do colo da planta até a extremidade da haste principal, em cm, medida em cinco
plantas aleatoriamente; altura de inserção do primeiro legume dada pela distância do colo da planta
até a extremidade inferior do primeiro legume, em cm, de cinco plantas tomadas aleatoriamente. Na
ocasião da colheita do milho, são avaliadas as seguintes características na área útil: altura da planta,
dada pela distância do colo da planta até a inserção da última folha, medida em cinco plantas
aleatoriamente; altura de inserção da espiga, dada pela distância do colo da planta até a extremidade
inferior da inserção da espiga, de cinco plantas tomadas aleatoriamente. A massa de mil grãos, em
todas as culturas, é determinada conforme metodologias descritas nas regras para análises de
sementes (BRASIL, 2009).
Modelagem do crescimento radicular
Um modelo de crescimento radicular foi elaborado com dados climáticos, do solo e
características das culturas. Assim, este modelo possibilita simular o crescimento radicular das
culturas em função das condições físicas do solo, do fluxo de água no solo e das condições
meteorológicas do local. O modelo trabalha em linguagem de programação MatLab®, o qual incluí
parâmetros de arquitetura radicular (Leitner et al., 2010a,b) associado a solução numérica do fluxo
de água no solo pelo modelo de Richards (Van Dam & Feddes, 2000) e absorção de água pelas plantas
pelo potencial do fluxo matricial (De Jong Van Lier et al., 2008). Os parâmetros de entrada são os
fatores de clima (precipitação, temperatura, umidade relativa, evaporação e transpiração potencial),
do solo (densidade, condutividade hidráulica, curva de retenção de água e de resistência do solo) e de
arquitetura radicular (taxa de crescimento inicial, comprimento da zona apical e basal, espaçamento
e número de ramificações e ângulo de inserção), período de crescimento e limites de potenciais
matriciais.
Os parâmetros de saída do modelo estão relacionados com o solo em 1D ou com a cultura em
3D. No solo obtêm-se a dinâmica da água (infiltração, escoamento superficial, drenagem profunda),
evaporação atual, conteúdo de água, potencial matricial, resistência à penetração e condutividade
hidráulica não saturada. Para a cultura, obtêm-se a distribuição e arquitetura do sistema radicular,
densidade do comprimento radicular, transpiração atual e absorção de água no perfil do solo.
O crescimento radicular pode ser reduzido pelo efeito combinado da resistência do solo à
penetração, da aeração ou do estresse hídrico. A relação entre crescimento radicular e resistência do
solo à penetração é exponencial, já a relação entre crescimento radicular e a aeração e o estresse
hídrico pode ser representado pela relação com o potencial de água no solo, o qual é expresso pela
teoria do modelo de Feddes. Assim, existe um aumento linear do crescimento radicular com a redução
do conteúdo de água entre a saturação e a capacidade de campo (6 kPa), e uma redução linear do
crescimento radicular entre 10 kPa até o limite de turgidez com que as células podem exercer pressão
de penetração no solo de 1 MPa. O efeito acumulativo das limitações físicas, associados com o tempo
e o espaço, é chamado de parâmetro de redução do estresse físico que determinam as condições físicas
limitantes ao crescimento radicular.
O acoplamento dos modelos da dinâmica da água no solo (equação de Richards) (Van Dam &
Feddes, 2000), o crescimento radicular (Leitner et al., 2010) e a absorção de água pelas raízes (termo
S, sink term) (De Jong Van Lier et al., 2008) com os efeitos das condições físicas ao crescimento
radicular foi realizada em Linguagem de programação MatLab®. O termo S que representa a
absorção de água pelas raízes em função da densidade radicular e da densidade do fluxo matricial
(integral da condutividade hidráulica não saturada).
Análise estatística
As análises estatísticas foram realizadas em separado para local de condução experimental e
culturas, tendo em vista que uma análise conjunta não é possível pela variação na composição dos
modelos de produção testados em cada região. Os resultados foram submetidos à análise de variância,
e quando significativos, as médias foram comparadas por meio do teste de Tukey, a 5 % de
probabilidade de erro, por meio do programa Statistical Analisys System.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resultados experimento em Londrina
A resistência do solo à penetração (RP) foi avaliada em iguais condições de umidades entre os
tratamentos. Em média, o conteúdo médio de água no momento da determinação da RP foi 0,32 g g-
1 em todas as camadas avaliadas, o qual corresponde à capacidade de campo deste Latossolo. Os
valores de densidade do solo, porosidade total, macroporosidade, microporosidade e RP indicam que
o grau de compactação do solo nas camadas de 0-10 e 10-20 cm aumentou proporcionalmente com
incremento da intensidade do tráfego (Tabela 1), conforme já relatado por MORAES et al. (2013).
Por outro lado, a escarificação do solo no tratamento EC1 resultou no menor grau de compactação do
solo nestas camadas. Na camada de 20-30 cm, as diferenças entre os tratamentos foram menores e,
de modo geral, revelaram um maior grau de compactação nos tratamentos com compactação adicional
pelo tráfego de trator (C4) e colhedora (C8) em relação ao SPD escarificado (Esc) e ao SPD sem
tráfego e escarificação (SPD), os quais não diferiram significativamente entre si. Isso demonstra que
o efeito do tráfego tanto da colhedora quanto do trator alterou a qualidade física do solo até, pelo
menos, 30 cm de profundidade. Os resultados comprovam a existência de diferenças na qualidade
física do solo entre os diferentes estados de compactação do solo, principalmente nas camadas de 0-
10 e 10-20 cm, o que é pré-requisito para estudos visando o estabelecimento de limites críticos para
atributos físicos do solo. Além disso, os dados da Tabela 1 indicam que os indicadores com maior
sensibilidade aos diferentes estados de compactação do solo foram, em ordem, macroporosidade, RP
e densidade do solo, concordando com Debiasi e Franchini (2012). Cabe salientar ainda que a
sensibilidade da RP tende a ser maior caso a mesma seja avaliada em condição de solo mais seco
(MORAES et al., 2013).
Tabela 1. Densidade (DS), porosidade total (PT), macroporosidade (MA), microporosidade (MI) e
resistência mecânica à penetração (RP) do solo nas camadas de 0-10, 10-20 e 20-30 cm, em
diferentes estados de compactação de um Latossolo Vermelho Distroférrico. Embrapa Soja,
Londrina/PR, 2013.
Estado de
compactação1 DS PT MA MI RP
---- Mg m-3 --- ------------------------- m3 m-3 ----------------------
- ----- kPa -----
------------------------------------------ 0-10 cm -------------------------------------------
Esc 1,01 c 0,58 a 0,20 a 0,38 c 497 d
SPD 1,21 b 0,55 b 0,11 b 0,44 b 1476 c
C4 1,35 a 0,51 c 0,04 c 0,47 a 1790 b
C8 1,39 a 0,50 c 0,01 d 0,48 a 2458 a
------------------------------------------ 10-20 cm ------------------------------------------
Esc 1,16 c 0,55 a 0,12 a 0,43 c 968 c
SPD 1,26 b 0,54 a 0,08 b 0,45 b 2177 b
C4 1,34 a 0,51 b 0,05 c 0,46 ab 2092 b
C8 1,37 a 0,51 b 0,03 d 0,48 a 2582 a
------------------------------------------ 20-30 cm ----------------------------------------
Esc 1,27 b 0,52 b 0,06 ab 0,46 b 1438 b
SPD 1,26 b 0,54 a 0,07 a 0,47 b 2224 a
C4 1,32 a 0,52 b 0,04 b 0,48 ab 2334 a
C8 1,33 a 0,52 b 0,04 b 0,49 a 2647 a 1 Esc = sistema plantio direto (SPD) escarificado; SPD = SPD sem compactação adicional e sem
escarificação; C4 = SPD com compactação adicional por 4 passadas de um trator com massa total de
7,2 Mg; e C8 = SPD com compactação adicional por 8 passadas de uma colhedora com massa total
de 9,5 Mg. Médias seguidas pela mesma letra nas colunas, dentro de cada camada, não diferem
significativamente pelo teste de Tukey (p < 0,05).
A produtividade de grãos de trigo no ano agrícola de 2013 não foi influenciada pelos
tratamentos (Figura 3a), entretanto, o cultivo de trigo no ano agrícola de 2014, resultou em diferenças
significativas de produtividade de grãos (Figura 3d). Dessa forma, os valores de produtividade de
grãos de trigo no ano de 2013 não apresentaram relações significativas com os atributos físicos
avaliados nas três camadas de solo. Resultados similares foram obtidos por Collares et al. (2008) que,
em trabalho conduzido sobre um Latossolo Vermelho argiloso (607 g kg-1 de argila), concluíram que
a produtividade do trigo não foi significativamente alterada tanto pela compactação por quatro
passadas de uma pá carregadeira com 16,6 Mg de massa total, quanto pela escarificação, em relação
ao tratamento sem compactação e sem escarificação.
Figura 3. Produtividade de grãos de trigo 2013 (a), soja 2013/14 (b), milho 2014 (c) e de trigo 2014
(b) em função de níveis de compactação em um Latossolo Vermelho. Esc: preparo reduzido com
escarificação do solo; SPD: sistema plantio direto; C4: SPD com 4 tráfegos com trator de 7,2 Mg;
C8: SPD com oito tráfegos de colhedora com massa total de 9,5 Mg. Barras verticais indicam o desvio
padrão da média. Médias seguidas de mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Duncan 5%.
Entretanto, reduções significativas da produtividade do trigo em função do aumento do estado
de compactação do solo foram detectadas nos estudo conduzidos por Silva (2003) e Secco et al.
(2004). É provável que a falta de resposta da produtividade do trigo, no ano agrícola de 2013, em
função do aumento do estado de compactação do solo esteja associada à adequada disponibilidade
hídrica durante o ciclo da cultura (em 2013), conforme verificado por Torres e Saraiva (1999). Cabe
ainda salientar que a produtividade do trigo não foi beneficiada pela realização de escarificação no
SPD, concordando com Franchini et al. (2012).
Tabela 2. Produtividade de grãos do trigo e da soja em diferentes estados de compactação de um
Latossolo Vermelho Distroférrico. Embrapa Soja, Londrina/PR, safra 2013/2014.
Estado de compactação1 Produtividade de grãos
Trigo Soja
------------------------------------ kg ha-1 -------------------------------
--
Esc 3100 n.s 3090 ab
SPD 2908 3210 a
C4 3061 3126 a
C8 3009 2904 b 1 Esc = sistema plantio direto (SPD) escarificado; SPD = SPD sem compactação adicional e sem
escarificação; C4 = SPD com compactação adicional por 4 passadas de um trator com massa total de
7,2 Mg; e C8 = SPD com compactação adicional por 8 passadas de uma colhedora com massa total
de 9,5 Mg. Médias seguidas pela mesma letra nas colunas, dentro de cada camada, não diferem
significativamente pelo teste de Tukey (p < 0,05). n.s. = não significativo (Teste F, p<0,05).
Por outro lado, a produtividade de grãos da soja variou significativamente em função dos
estados de compactação (Tabela 3). Os resultados demonstram que o tratamento com maior
compactação (C8) resultou na menor produtividade de grãos da soja, sem diferir, no entanto, do
tratamento com escarificação. A produtividade de grãos de soja no solo escarificado foi reduzida em
relação ao SPD, evidenciam que a escarificação não se mostrou uma prática tecnicamente viável
mesmo quando comparada ao tratamento com maior grau de compactação. Reduções da
produtividade de grãos da soja em função do aumento do estado de compactação do solo foram
observadas em outros estudos (BEUTLER et al., 2005; 2008), e estão provavelmente relacionadas à
redução da disponibilidade hídrica pela menor infiltração de água e pela restrição ao desenvolvimento
radicular da cultura. Dentro os atributos físicos estudados, o atributo que apresentou maior relação
com a produtividade de grãos de soja foi a RP na camada de 0-20 cm, determinada com penetrômetro
de campo (Figura 16). A produtividade de grãos da soja variou de forma quadrática em função do
aumento da RP (Figura 3), demonstrando que um grau de compactação muito baixo (resultado da
escarificação) ou muito alto (resultado do tráfego de máquinas) reduziu o potencial produtivo da
cultura. Beutler et al. (2005) também obtiveram resposta quadrática da produtividade de grãos da soja
ao aumento do grau de compactação do solo, em Latossolos de textura média e argilosa. A equação
da Figura 4 indica que a máxima produtividade de grãos da soja ocorre com uma RP de 1477 kPa
(camada de 0-20 cm), determinada na condição de umidade de capacidade de campo. No entanto,
reduções de 10% e de 20% em relação a máxima produtividade de grãos da cultura da soja, ocorrem
a partir de valores de RP de 2,5 MPa e 3,0 MPa, respectivamente. Indicando que os limites críticos
de RP devem ser maiores do que os valores de 2 MPa amplamente indicados nas bibliografias (Taylor
et al., 1966), concordando com Moraes et al. (2014) os quais indicam que os limites críticos de RP
de 2 MPa são muito conservadores e devem ser alterados em função do preparo do solo.
Figura 4. Relação entre a produtividade da soja e a resistência mecânica do solo à penetração média
na camada de 0-20 cm em Latossolo Vermelho Distroférrico. Embrapa Soja, Londrina/PR, safra
2013/2014.
A produtividade de grão de milho foi influenciada pelos níveis de compactação (Figura 15c).
As maiores produções foram obtidas no SPD e C4. A escarificação do solo e o tráfego da colhedora
proporcionaram reduções de produtividade de grãos do milho. Indicando assim, que os limites críticos
à produtividade de grãos do milho foram atingidos. Níveis baixos de compactação do solo, no solo
escarificado, reduziram a produtividade de grãos do milho, provavelmente em função da redução do
armazenamento de água no solo. Assim, isso indica que o solo deve ser mantido entre uma faixa
ótima de densidade do solo para que proporcione as melhores respostas produtivas às culturas. A
escarificação do solo pode prejudicial tanto quanto altos níveis compactação para a produtividade de
grãos de milho.
A produção de massa seca da parte aérea das culturas de trigo em 2013 ou 2014 (Figura 5a,
5b), de soja (Figura 5b), de brachiária (Figura 5c) e de aveia preta (Figura 5e) não foram alteradas
significativamente em função dos tratamentos. Assim, somente a produção de massa seca da parte
aérea de milho (Figura 5d) foi alterada em função dos níveis de compactação do solo, indicando que
houve a maior produção no C4, não diferindo do SPD. Entretanto relações da produção de massa,
principalmente de brachiária e de aveia preta com a densidade do solo, podem indicar que há uma
faixa ótima de densidade do solo para o seu desenvolvimento.
y = -0,0003x2 + 0,8866x + 2623.7R² = 0.60*
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Pro
du
tivid
ad
e, kg
ha
-1
Resistência do solo à penetração, kPa
Figura 5. Massa seca da parte aérea de trigo em 2013 (a), de soja em 2013/14 (b), de brachiária (c),
milho (d), aveia (e) e de trigo em 2014 (f) em função de níveis de compactação em Latossolo
Vermelho. Esc: preparo reduzido com escarificação do solo; SPD: sistema plantio direto; C4: SPD
com 4 tráfegos com trator de 7,2 Mg; C8: SPD com oito tráfegos de colhedora com massa total de
9,5 Mg. Barras verticais indicam o desvio padrão da média. Médias seguidas de mesmas letras não
diferem entre si pelo teste de Duncan 5%.
No cultivo de inverno ou 2ª safra em 2014, a produção de raízes até 50 cm de profundidade
indicou que a brachiária foi a cultura que mais produziu raízes (Figura 6). Assim, as culturas utilizadas
no cultivo de inverno (ou segunda safra) em Londrina, podem ser ranqueadas em função da produção
de raízes: Brachiária > Milho > Aveia preta > trigo (Figura 6). A cultura da brachiária produziu 2,5
vezes mais massa de raízes do que a cultura do trigo, demonstrando que este maior aporte de raízes
no solo poderá ser benéfico para o desenvolvimento da próxima cultura. Assim, com o uso de
brachiária, haverá produção de maior quantidade de poros biológicos contínuos que favorecerão a
infiltração de água no solo, além de ser uma cultura com maior potencial para reduzir os níveis de
compactação causados pelo tráfego de máquinas agrícolas no solo.
Figura 6. Produção média de massa seca de raízes de culturas de 2ª safra e de inverno, na camada de
0 a 50 cm, independente do nível de compactação em um Latossolo Vermelho. Londrina, PR, 2014.
A produção de raízes, nas camadas até 50 cm de profundidade, das culturas de trigo em 2013
ou 2014 (Figura 7a,f), soja (Figura 7b), brachiária (Figura 7c), milho, (Figura 7d) e aveia preta (Figura
7e) em função de níveis de compactação indicam que há alterações da produção de raízes em função
da cultura e do nível de compactação a qual foram submetidas.
Os resultados das análises morfológicas do sistema radicular da soja (cultivada em 2013/2014)
possibilitam visualização da distribuição das raízes de soja no perfil do solo (Figura 8) e sua
distribuição relativa (Figura 9), assim, os níveis de compactação alteraram a distribuição do
crescimento radicular da soja. Entretanto, foi possível comprovar que nenhum dos tratamentos
restringiu o aprofundamento das raízes e, no C8 as raízes, após romper a camada superficial (até 20
cm) mais adensada, desenvolveram nas camadas mais profundas (a partir de 20 cm).
Figura 7. Massa seca de raízes de trigo em 2013 (a), de soja em 2013/14 (b), de brachiária (c), milho
(d), aveia (e) e de trigo em 2014 (f), por camadas, em função de níveis de compactação em Latossolo
Vermelho. Esc: preparo reduzido com escarificação do solo; SPD: sistema plantio direto; C4: SPD
com 4 tráfegos com trator de 7,2 Mg; C8: SPD com oito tráfegos de colhedora com massa total de
9,5 Mg.
Figura 8. Perfil de distribuição da massa (a) comprimento (b), área (c) e volume (d) de raízes de soja
(cultivada em 2013/2014) em Latossolo com escarificação (I), sistema plantio direto (II), trafegado 4
vezes com trator (III) e trafegado 8 vezes com colhedora (IV).
Figura 9. Distribuição relativa da massa (a) comprimento (b), área (c) e volume (d) de raízes de soja
(cultivada em 2013/2014) em Latossolo com escarificação (I), sistema plantio direto (II), trafegado 4
vezes com trator (III) e trafegado 8 vezes com colhedora (IV).
Os resultados da distribuição da densidade do comprimento radicular das culturas no perfil do
solo, são apresentados nas figuras 10-14. Assim, é possível observar a densidade do comprimento
radicular de trigo (Figura 10), soja (Figura 11), milho (Figura 12), brachiária (Figura 13) e aveia preta
(Figura 14).
Figura 10. Distribuição da densidade do comprimento radicular (a) e da massa seca radicular (b) de
trigo em perfil de um Latossolo Vermelho, safra inverno de 2013 e 2014.
Figura 11. Distribuição da densidade do comprimento radicular (a) e da massa seca radicular (b) de
soja em perfil de um Latossolo Vermelho, safra de verão de 2013/14.
Figura 12. Distribuição da densidade do comprimento radicular (a) e da massa seca radicular (b) de
miho em perfil de um Latossolo Vermelho, segunda safra inverno de 2014.
Figura 13. Distribuição da massa seca radicular de aveia preta em perfil de um Latossolo Vermelho,
safra de inverno de 2014.
Figura 14. Distribuição da massa seca radicular de brachiária em perfil de um Latossolo Vermelho,
safra de inverno de 2014.
As relações dos parâmetros morfológicos (comprimento, volume, área superficial, diâmetro e
massa) do sistema radicular da soja e as propriedades físicas (densidade do solo, macroporosidade,
microporosidade) em sua maioria foram significativas (Figuras 15, 16 e 17). Entretanto, o diâmetro
radicular e a massa de raízes foram as variáveis radiculares que menos se relacionaram com a
densidade do solo.
Assim, valores de densidade do solo, acima de 1,35 Mg m-3, proporcionaram as maiores
reduções (acima de 50%) no crescimento radicular da soja neste Latossolo Vermelho. Entretanto, os
resultados ainda estão sendo analisados, para possibilitar aprofundamento nas discussões destes
resultados. A produtividade de grãos apresentou relação quadrática com a densidade do solo,
macroporosidade e microporosidade do solo, indicando assim, que será possível identificar os limites
críticos a produtividade de grãos da soja (Figura 15f, 16f e 17f).
Os parâmetros radiculares (comprimento e área superficial) apresentaram boas relações com
a macroporosidade do solo e a microporosidade, na maior parte dos casos com coeficiente de
determinação acima de 0,58.
Figura 15. Comprimento (a), volume (b), área superficial (c), diâmetro (d) massa seca (e) e
produtividade de grãos (f) de soja em função da densidade do solo na camada de 0-20 cm em
Latossolo Vermelho Distroférrico. Embrapa Soja, Londrina/PR, safra 2013/2014.
Figura 16. Comprimento (a), volume (b), área superficial (c), diâmetro (d) massa seca (e) e
produtividade de grãos (f) de soja em função da macroporosidade do solo na camada de 0-20 cm em
Latossolo Vermelho Distroférrico. Embrapa Soja, Londrina/PR, safra 2013/2014.
Figura 17. Comprimento (a), volume (b), área superficial (c), diâmetro (d) massa seca (e) e
produtividade de grãos (f) de soja em função da microporosidade do solo na camada de 0-20 cm em
Latossolo Vermelho Distroférrico. Embrapa Soja, Londrina/PR, safra 2013/2014.
Os parâmetros da curva de resistência do solo à penetração não foram alterados em função
dos níveis de compactação do solo (Tabela 3). Assim, as alterações de RP do solo são devidas somente
a variações no conteúdo de água e sua densidade do solo. Quando as CRP dos tratamentos são
comparadas entre si, é possível observar que a densidade do solo é o principal fator que determina o
incremento na amplitude de variação da RP em função do conteúdo volumétrico de água no solo
(Figura 18).
Tabela 1. Parâmetro de ajuste da curva de resistência do solo à penetração, pelo modelo Busscher
(RP=aDsb Uvc) em função dos níveis de compactação do solo, na camada de 0-20 cm.
Parâmetro Esc SPD C4 C8 Média
a 0,00240 0,00116 0,00628 0,00438 0,00373
b 9,40297 9,12839 7,18508 8,17926 8,42525
c -5,23925 -5,95943 -4,91347 -4,92863 -5,03059
R² 0,87 0,91 0,95 0,76 0,89
Ds1 1,17 1,29 1,32 1,40
1 Densidade do solo, na camada de 0-20 cm, em outubro de 2013.
Figura 18. Curva de resistência do solo à penetração de níveis de compactação de Latossolo
Vermelho.em função do conteúdo volumétrico de água no solo, na camada de 0-20 cm.
As curvas de retenção de água no solo foram alteradas em função dos níveis de compactação
do solo (Figura 19). O tráfego agrícola com trator ou com colhedora reduziram a porosidade total do
solo, alterando assim a frequência e distribuição dos poros no solo. Como resultado do tráfego
agrícola, a retenção de água foi alterada, sendo necessário maiores tensões para a extração de água
do solo. Em mesmos potenciais matriciais, entre a capacidade de campo (10 kPa) e o ponto de murcha
permanente (1500 kPa) são observados incrementos nos conteúdos de água em função do aumento
dos níveis de compactação do solo. Os efeitos do tráfego na retenção de água no solo foram
observados nas camadas até 30 cm de profundidade, já a escarificação do solo proporcionou
alterações principalmente até 20 cm de profundidade.
Figura 19. Curva de retenção de água (a,c,e) e distribuição e frequência do tamanho de poros (b,d,f)
nas camadas de 0-10 cm (a,b), 10-20 cm (c,d) e 20-30 cm (e,f) em função de níveis de compactação
em um Latossolo Vermelho. SPM: preparo reduzido com escarificação do solo; SPD: sistema plantio
direto; SPDC4: SPD com 4 tráfegos com trator de 7,2 Mg; SPDC8: SPD com oito tráfegos de
colhedora com massa total de 9,5 Mg.
A área e o comprimento radicular da soja na camada de 0-20 cm diminuíram em função do
aumento da RP determinada em θ equivalente à capacidade de campo do solo (CC), seguindo modelo
do tipo potência (Figuras 20a,b). A massa seca de raízes também foi influenciada pelo estado de
compactação do solo, decrescendo linearmente com o incremento da RP (Figura 20c). Porém, o ajuste
aos dados foi melhor para a área e o comprimento radicular, evidenciando que a massa seca é um
indicador menos sensível ao estado de compactação do solo. Os modelos mostram ainda que a
redução da área e do comprimento radicular da soja foi maior até uma RP de 3 MPa. Por exemplo, o
comprimento radicular diminuiu de 9 para 6 m m-3 (33%) quando a RP aumentou de 0,8 para 3,0 MPa
(Figura 20b). Já o aumento da RP de 3,0 para 5,2 MPa reduziu o comprimento radicular de 6 para 5
m m-3 (17%). A partir de uma RP de 3 MPa, é possível que as raízes de soja cresçam principalmente
através de fissuras e zonas de menor resistência entre agregados de solo com alta densidade, cuja
detecção pela RP é difícil. Na prática, não foi possível detectar um valor crítico de RP para o
desenvolvimento radicular da soja, pois qualquer aumento no grau de compactação do solo se refletiu
em prejuízos ao crescimento das raízes da cultura.
Figura 20. Área (a), comprimento (b) e massa seca (c) de raízes da soja (BRS 359 RR) na camada
de 0-20 cm, em função da resistência mecânica à penetração (RP) de um Latossolo Vermelho muito
argiloso, determinada na capacidade de campo.
A produtividade da soja variou de forma quadrática com o aumento da RP na camada de 10-
20 cm (Figuras 21) concordando com BEUTLER et al. (2004c), isso ocorreu, independentemente do
potencial matricial de determinação e modelagem da RP (6, 10, 33, 100, 500, 1000 e 1500 kPa).
Valores muito baixos de RP, determinada em 6 kPa, próximos a 1 MPa, resultaram em produtividades
de soja cerca de 20% menores que a máxima obtida no experimento (aproximadamente 3,5 Mg ha-1).
Apesar do maior crescimento radicular da soja em baixos valores de RP (Figura 20b), um grau de
compactação do solo excessivamente baixo provavelmente proporcionou menor retenção de água e
condutividade hidráulica não saturada, o que pode diminuir a produtividade das culturas (DEBIASI
et al., 2010).
y = 2,09x-0,197R² = 0,54**
0,5
0,7
0,9
1,1
1,3
1,5
1,7
1,9
2,1
2,3
2,5
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
Áre
a, m
2m
-3
RP, MPa
y = 8,27x-0,268R² = 0,73**
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
Com
prim
ento
, m
m-3
RP, MPa
y = -0,06x + 1,12R² = 0,27*
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
Massa s
eca, kg
m-3
RP, MPa
(a) (b) (c)
Figura 21. Produtividade de grãos de soja em função da resistência do solo à penetração em
laboratório, em diferentes tensões (6, 10, 33, 100, 500, 1000 e 1500 kPa) de extração de água em
Latossolo Vermelho.
Em valores de RP, determinados na tensão de 10 kPa (capacidade de campo), a produtividade
da soja foi reduzida em 10% quando os valores de RP foram até 4,0, entretanto, quando os valores de
RP chegaram a 5 MPa, a perda de produtividade de grãos foi de 20 % (Figura 21), o que pode ser
explicado pela diminuição da disponibilidade hídrica em função da menor infiltração de água e pela
restrição ao desenvolvimento radicular. Adicionalmente, o valor limitante de RP (RPL), acima do qual
a produtividade da soja é reduzida pelo grau de compactação do solo, foi dependente do potencial
matricial (ou conteúdo volumétrico de água no solo) em que a RP foi determinada (Figura 21). Assim,
é necessário saber qual é o valor limitante de RP que fará com que a produtividade de grãos de soja
seja reduzida em até 10 % quando esta é determinada em diferentes conteúdos de água do solo (Figura
22).
Figura 22. Resistência do solo limitante em função do conteúdo gravimétrico de água do solo ou a
água disponível do solo, na camada de 10-20 cm em Latossolo Vermelho.
Assim, a RPL na camada de 10-20 cm, na tensão de 6 kPa foi 3,1 MPa, passando a 3,9 MPa
na capacidade de campo (10 kPa e água disponível de 100%). Assim, a redução no conteúdo de água
do solo fez com que os valores de RPL incrementasse exponencialmente, ou seja, caso a RP seja lida
em um conteúdo de água equivalente a 70 ou 50 % da água disponível no solo os valores de RP,
poderiam chegar até 5,6 MPa ou 7,1 MPa, respectivamente, sem causar reduções maiores que 10 %
na produtividade de grãos da cultura da soja (Figura 22).
Os resultados mostram ainda que a RPL na capacidade de campo foi de 3,9 MPa, superior ao
valor de 2 MPa geralmente indicado pela bibliografia para esta faixa de θ (BEUTLER et al., 2004c).
Resultados similares foram obtidos por MORAES et al. (2014), em Latossolo Vermelho muito
argiloso manejado em SPD há mais de 20 anos, o qual indicou limites de RP de 3,5 MPa,
determinados com penetrômetro de bancada semelhante a este estudo.
Embora o desenvolvimento das raízes de soja seja prejudicado pelo aumento da RP em toda
a faixa de valores estudada, o desempenho produtivo da soja responde de maneira quadrática ao
estado de compactação do solo, com perdas de produtividade em valores muito baixos ou altos de
RP. Assim, a RPL à produtividade da soja depende do potencial matricial em que foi determinada.
As análises de anatômia das raízes de soja, demonstram que houve efeitos dos níveis de
compactação no desenvolvimento dos vazos do xilema e floema (Figura 23). As imagens anatômicas
radiculares são detalhadas por nível de compactação e podem ser visualizadas nas figuras 24, 25, 26
e 27, correspondendo ao SPD, C4, C8 e Escarificado, respectivamente. Assim, principalmente no
tratamento C8, foi observado redução da quantidade de xilema em relação ao floema. Além disso, as
células estão com formatos mais achatadas, indicando que as raízes da soja passaram por alterações
anatômicas proporcionadas por impedimentos físicos no solo.
Os atributos quimicos são apresentados na Tabela 4, assim indicam que não houveram
limitações de caracter químico ao longo do perfil do solo.
Figura 23. Anatomia de raízes de soja em função de níveis de compactação em Latossolo Vermelho.
Esc: preparo reduzido com escarificação do solo; SPD: sistema plantio direto; C4: SPD com 4
tráfegos com trator de 7,2 Mg; C8: SPD com oito tráfegos de colhedora com massa total de 9,5 Mg.
Figura 24. Anatomia vascular de raízes de soja em Latossolo Vermelho em sistema plantio direto.
Figura 25. Anatomia vascular de raízes de soja em Latossolo Vermelho em sistema plantio direto
trafegado quatro vezes com trator.
Figura 26. Anatomia vascular de raízes de soja com oito passadas de colhedora em Latossolo
Vermelho.
Figura 27. Anatomia vascular de raízes de soja em Latossolo Vermelho com escarificação do solo.
Tabela 2. Atributos químicos do solo em função de níveis de compactação em Latossolo.
Níveis de compactação do solo
Variável Esc SPD C4 C8 Média
Camada de 0-10 cm
Fósforo 19,98 30,12 17,12 26,54 23,44
Carbono org. 16,15 15,97 15,99 14,59 15,67
pH 4,96 5,20 5,30 5,18 5,16
Potássio 0,42 0,44 0,49 0,66 0,50
CTC 10,80 10,90 10,87 10,73 10,83
Cálcio 3,54 3,77 3,99 3,68 3,75
Magnésio 1,67 2,06 1,79 1,78 1,83
Camada de 10-20 cm
Fósforo 9,10 7,91 7,73 10,72 8,86
Carbono org. 11,06 10,59 10,10 10,88 10,66
pH 4,71 4,75 4,95 4,86 4,82
Potássio 0,45 0,32 0,42 0,55 0,43
CTC 9,19 8,97 9,29 8,90 9,09
Cálcio 2,13 2,18 2,91 2,39 2,40
Magnésio 0,92 0,99 1,09 0,95 0,99
Camada de 20-30 cm
Fósforo 4,79 4,51 4,31 4,96 4,65
Carbono org. 8,87 9,40 8,80 9,05 9,03
pH 4,77 4,91 5,25 5,08 5,00
Potássio 0,32 0,18 0,35 0,40 0,31
CTC 8,07 8,14 8,43 8,40 8,26
Cálcio 2,14 2,53 3,11 2,74 2,63
Magnésio 0,63 0,71 0,81 0,84 0,75
Camada de 30-40 cm
Fósforo 3,53 3,60 3,41 3,08 3,41
Carbono org. 5,92 6,18 6,88 6,10 6,27
pH 4,99 5,11 5,44 5,40 5,24
Potássio 0,23 0,09 0,25 0,25 0,21
CTC 7,25 7,86 7,74 7,65 7,63
Cálcio 2,45 3,03 3,19 2,95 2,90
Magnésio 0,54 0,67 0,69 0,74 0,66
Camada de 40-50 cm
Fósforo 3,35 3,40 3,13 3,22 3,28
Carbono org. 5,09 5,43 5,57 5,39 5,37
pH 5,02 5,18 5,58 5,44 5,31
Potássio 0,19 0,06 0,16 0,15 0,14
CTC 7,17 7,23 7,18 7,41 7,25
Cálcio 2,55 2,91 3,20 3,07 2,94
Magnésio 0,50 0,66 0,68 0,70 0,63
Extratores: P, K = Mehlich-1; Ca, Mg = KCl 1M; Carbono Org = Método Colorimétrico; pH = CaCl2
0,01M.
No cultivo da soja na safra 2014/2015 foi realizada análise da cultura da soja cultivada
subsequente às plantas de cobertura. Sendo que, para o parâmetro massa seca de raiz, houve interação
entre os níveis de compactação e as camadas analisadas (Figura 28). Em todos os tratamentos a
presença de raiz tem maior concentração na camada de 0-10 cm. Houve um incremento na massa de
raiz no SPD e no C8 em relação ao solo com escarificado. Mello Ivo & Mielniczuk (1999) verificaram
que no sistema plantio direto na camada superficial de 0-5 cm havia maior densidade de raízes do que
no sistema de preparo convencional. Na camada de 10 a 20 cm é possível diagnosticar o efeito do
tratamento C8, que reduziu a quantidade de raízes presentes nessa camada, diferindo estatisticamente
do tratamento SPD. A produção total de massa seca do sistema radicular não foi reduzida pelo
aumento da impedância mecânica do solo. Nos sistemas com compactação (C4 e C8) houve uma
redução da massa radicular na camada de 10-20 cm em relação ao SPD, isso provavelmente ocorreu
pela restrição na penetração radicular no solo compacto na camada de 0-10 cm, dificultando a
passagem radicular da camada de 0-10 cm para 10-20 cm Entretanto, estes níveis de compactação
não limitaram o crescimento radicular, isso pode ter ocorrido em função da presença de poros
contínuos ou presença de rachaduras no solo, o que reduzem a resistência do solo em alguns pontos
e favoreceram o crescimento radicular. Este incremento de incremento de massa radicular na camada
superficial também foi verificado por Foloni et al. (2003) na cultura do milho.
Figura 28. Distribuição da massa seca radicular de soja safra 2014/15 em função de níveis de
compactação em um Latossolo Vermelho.
Na camada de 20 a 30 cm há maior desenvolvimento radicular da soja no tratamento
escarificado, uma vez que a operação mecânica de escarificação forma fraturas no solo que
possibilitam redução da resistência do solo ao crescimento radicular. Neste caso, na camada de 20 a
30 cm, houve redução da quantidade de raízes no tratamento C8, entretanto, estas raízes
provavelmente foram muito importantes para absorção de água e nutrientes para a cultura. Abaixo
dos 30 cm de profundidade não ocorre distinção na massa seca de raízes da soja para os tratamentos
níveis de compactação, indicando que o incremento da compactação do solo nas camadas superficiais
até 30 cm, somente reduziram a massa radicular, mas não restringiram a passagem das raízes, as quais
se desenvolveram de forma adequada em profundidade, onde há adequada disponibilidade hídrica
para a cultura, reduzindo assim os efeitos na produtividade de grãos. Considerando que esta faixa esta
abaixo da camada trabalhada pelos implementos agrícolas as áreas compactadas em superfície
apresentam-se iguais à área de plantio direto e escarificada.
No SPD a soja apresentou bom desenvolvimento radicular em profundidade, sendo superior
ou igual aos demais níveis de compactação do solo. Isto ocorre, provavelmente, devido ao sistema de
rotação de culturas usado na área, o qual está implantado a mais de uma década. Assim, o uso de SPD
com sistemas de cultivos que preservam, mantenham ou produzam poros contínuos no perfil do solo
proporcional melhorias na produtividade de grãos dos sistemas de cultivos. Desta forma, deve ser
levado em conta o planejamento que considera não somente o aspecto econômico da produção das
culturas, mas também a melhoria da qualidade do ambiente solo.
Os efeitos dos sistemas de uso com plantas de cobertura foram verificados na produtividade
de grãos da soja (Figura 29). A produtividade de grãos foi alterada em função dos níveis do tipo de
cultura e dos níveis de compactação do solo. A produtividade de grãos de soja no sistema plantio
direto foi sempre maior, independentemente da cultura antecessora, em relação às áreas com solo
escarificado. Nas áreas de tráfego de trator (C4), as culturas da aveia preta, milho ou trigo apresentam
produtividades de grãos semelhantes às áreas sem compactação adicional no sistema plantio direto.
As menores produtividades de grãos de soja foram observadas em cultivos subsequentes ao trigo nas
áreas escarificadas. Os problemas de compactação do solo foram atenuadas pelo sistema radicular
das culturas em até dois anos após tráfego de 4 passadas de trator, não sendo necessárias intervenções
mecânicas para melhorias da qualidade física dos solos em sistema plantio direto. O desenvolvimento
de massa seca da parte aérea da soja não foi influenciado pelos níveis de compactação, similar ao que
foi diagnosticado por Rosolem et al. (1994) e Foloni et al. (2006). Assim produção de massa seca de
raízes foi aproximadamente 35% do total da massa da parte aérea da soja cultivada subsequente às
plantas de cobertura (aveia e brachiaria).
Figura 29. Produtividade de grãos de soja em função de níveis de compactação e de culturas
antecessoras em um Latossolo Vermelho.
2,00
2,10
2,20
2,30
2,40
2,50
2,60
2,70
2,80
Aveia Brachiaria Milho Trigo
Pro
duti
vid
ade
de
grã
os
de
soja
(M
g h
a-1
)
Cultura antecessora
ESC PDN C4 C10
Resultados de modelagem do crescimento radicular
Dois cenários foram simulados em Latossolo Vermelho Distroférrico, muito argiloso, em
sistema plantio direto com a cultura da soja. No primeiro houve a presença de uma camada
compactada entre 16 e 20 cm, com precipitação regular (safra 2013/14). O segundo cenário foi
avaliado o efeito do déficit hídrico, comparando uma safra com deficiência hídrica no período
vegetativo (safra 2009/10) e sem deficiência hídrica (safra 2008/09). Os resultados de densidade do
comprimento radicular no campo e simulados foram comparados por meio de relação 1:1.
No primeiro cenário, a presença de camada compactada alterou a distribuição do sistema
radicular da soja (Figura 30). Nestas condições, menos raízes conseguiram penetrar a camada
compactada, reduzindo a taxa de alongamento radicular, por consequência reduziu a densidade do
comprimento radicular dentro e abaixo da camada compacta. O aumento do tempo necessário para as
raízes cruzarem a camada compactada reduziu a quantidade de raízes abaixo da camada compacta do
solo. A limitação inicial do crescimento radicular na camada de 0-16 cm influenciou na maior
absorção de água na camada superficial, reduzido o conteúdo de água e incrementando as limitações
físicas ao crescimento pelo potencial matricial.
Figura 30. Sistema radicular de soja (a,b) e condições físicas do solo durante o ciclo de
desenvolvimento (c,d) em áreas com (a,c) ou sem uma camada compactada entre 16 a 20 cm (b,d)
em um Latossolo Vermelho.
a) c)
b) d)
No segundo cenário, o crescimento do sistema radicular foi dependente das condições físicas
do solo influenciadas pela disponibilidade hídrica (Figura 31). No ano agrícola com boa
disponibilidade hídrica houve maior aprofundamento do sistema radicular. Os valores de densidade
de comprimento radicular simulados e os medidos no campo foram muito similares e próximos da
relação 1:1. Os efeitos globais das limitações físicas do solo para o crescimento radicular indicaram
que houve maiores limitações físicas no ano com déficit hídrico, e estes ocorreram em função da alta
resistência e do baixo conteúdo de água no solo, reduzindo assim a taxa de crescimento radicular da
soja. A absorção de água foi dependente da quantidade e distribuição das raízes, com isso as plantas
foram submetidas a condições de estresse hídrico, reduzindo a taxa de transpiração atual. A posição
de absorção de água foi alterada em função das condições hídricas do ciclo de cultivo.
A modelagem do crescimento radicular com presença de camadas compactadas, exemplos são
demonstrados em terceira dimensão para outras culturas, tais como milho (Figura 32), apresentando
assim a redução do crescimento radicular em camadas com maior nível de compactação, posicionadas
a 15-25 cm (Figura 32a) ou entre 25 e 35 cm (Figura 32b). O crescimento radicular em um perfil no
campo em função de níveis de compactação pode ser observado na figura 33, onde é possível observar
o crescimento das raízes menores nas áreas com maiores níveis de compactação do solo. Assim, esta
análise em terceira dimensão do crescimento radicular favorece interpretações sobre os efeitos de
condições físicas ao desenvolvimento das culturas. Neste modelo os efeitos de restrições físicas ao
crescimento radicular são incluidas em função da redução da taxa de alongamento das raízes, com
efeitos diários em função do fluxo de água no solo. Isso favorece a integração de modelos de fluxo
de água com o crescimento radicular, podendo assim obter melhores entendimento dos efeitos de
condições físicas no crecimento radicular e suas relações com a produtividade de grãos das culturas.
a)
b)
Figura 31. sistema radicular, densidade de comprimento radicular (RLD) e parâmetro de redução
do estresse físico ao alongamento radicular (srf) em condição de boa disponibilidade hídrica (a) ou
de deficiencia hídrica (b).
Figura 32. Modelagem do crescimento radicular em função da presença de camadas compactadas a
20 cm (a) ou a 30 cm (b) de profundidade no perfil do solo.
Figura 33. Sistema radicular de soja em 2D medido no campo (a,b,c,d) e modelado em função das
condições físicas do solo (e,f,g,h) no perfil do solo escarificado (a,e), em sistema plantio direto (b,f),
compactado com 4 passadas de trator (c,g) ou compactado com 8 passadas de colhedora (d,h) em um
Latossolo Vermelho.
e) f) g) h)
a) b)
A modelagem do crescimento radicular para a cultura do milho foi realizada para os níveis de
compactação para o período de desenvolvimento entre a semeadura e a amostragem radicular que
correspondeu a 110 dias (Figura 34). A arquitetura do sistema radicular de milho foi alterada pelos
níveis de compactação principalmente pelo número e comprimento das raízes. A modelagem foi
eficiente para predizer o crescimento radicular (Figura 34) visualizado em campo, sendo útil para
observar os efeitos das condições físicas do solo durante o período de cultivo. A cultura do milho por
apresentar sistema radicular característico de monocotiledôneas foram menos afetadas pela
compactação do solo do que sistemas radiculares com arquitetura de dicotiledôneas. Isso indica que
gramíneas tem melhores condições de desenvolvimento em condições de solo compactado
principalmente pelas raízes seminais adventícias que são emitidas nas coroas do colmo, acima da
superfície do solo.
Figura 34. Sistema radicular de milho simulado e visualizado em 2D no sistema de preparo mínimo
(a), sistema plantio direto (b), sistema plantio direto trafegado com 4 passadas de trator (c) ou em
sistema plantio direto trafegado com 8 passadas de colhedora (d) em um Latossolo Vermelho.
Esta estrutura e sequência de implementação dos efeitos combinados das condições físicas do
solo pode ser usada para estudos das condições de manejo do solo e efeitos climáticos no crescimento
radicular das culturas. O modelo deve ser validado para diferentes condições de solo e clima com
experimentos de campo para diferentes culturas.
Profundidade (cm)
Distância da planta (cm)
a) b)
c) d)
Resultados experimento em Eldorado do Sul
O tráfego com trator de 7 Mg favoreceu incrementos nos valores de densidade do solo e
reduziu a macroporosidade, principalmente até na profundidade de 20 cm (Figura 35). Como já
esperado, a escarificação o solo reduziu a densidade do solo (Figura 35), entretanto, não favoreceu
incrementos na quantidade de raízes de soja (Figura 36a) e de trigo (Figura 36b).
A produção de massa raízes de soja, na camada de 0-0,10 m, foi incrementada em função dos
níveis de compactação (Figura 36). A produção total de raízes na camada de 0-0,50 m, não foi alterada
em função dos tratamentos. Entretanto, a relação entre a massa de raízes total na camada de 0-50 cm
e os valores de densidade do solo da camada de 10-20 cm, indicaram que houve relação quadrática
entre estas variáveis (Figura 37). Assim, a produção de raízes foi reduzida em 10 % quando a
densidade do solo, na camada de 10-20 cm, foi menor de 1,37 Mg m-3 ou superior a 1,58 Mg m-3 e, a
redução da produção de raízes atingiu 30% quando os níveis de densidade do solo foram menores
que 1,29 Mg m-3 ou superiores a 1,65 Mg m-3. Assim, indicando que a faixa ótima de densidades do
solo neste Argissolo Vermelho para o desenvolvimento da soja provavelmente esteja entre 1,37 e
1,58 Mg m-3.
Figura 35. Densidade do solo (a), macroporosidade (b) e microporosidade (c) em função de níveis
de compactação do solo em Argissolo Vermelho. Esc: preparo reduzido com escarificação do solo;
SPD: sistema plantio direto; SPD com duas (C2), quatro (C4), oito (C8) e doze (C12) passadas de
trator com 7 Mg;
Figura 36. Massa seca de raízes de soja (a) e trigo (b), até 50 cm de profundiade, em função de níveis
de compactação em Argissolo Vermelho. Eldorado do Sul, RS, 2014. Esc: preparo reduzido com
escarificação do solo; SPD: sistema plantio direto; SPD com duas (C2), quatro (C4), oito (C8) e doze
(C12) passadas de trator com 7 Mg;
Figura 37. Massa seca de raízes de soja, até 50 cm, em função da densidade do solo da camada de
10-20 cm, em Argissolo Vermelho.
A produtividade de grãos de soja, trigo e milho estão apresentadas na figura 38. Assim, foi
constatado que a produtividade de grãos foi reduzida pela escarificação e/ou tráfego intenso em um
Argissolo Vermelho. No SPD e C2 foram observadas as maiores produtividades de grãos de trigo
(Figura 38b). Após 12 tráfegos com trator de massa de 7 Mg houve reduções significativas na
produtividade de grãos de trigo, indicando que o limite físico à produtividade do trigo deve ter sido
atingido.
Figura 38. Produtividade de grãos de soja (a), de trigo (b) e milho (c) em função de níveis de
compactação em Argissolo Vermelho. Esc: preparo reduzido com escarificação do solo; SPD: sistema
plantio direto; SPD com duas (C2), quatro (C4), oito (C8) e doze (C12) passadas de trator com 7 Mg.
Barras verticais indicam o desvio padrão da média. Médias seguidas de mesmas letras não diferem
entre si pelo teste de Duncan 5%.
A relação da produtividade de grãos (Figura 39a), altura de plantas (Figura 39b), e massa seca
da parte aérea (Figura 39c) de trigo com a densidade do solo, na camada de 0-5 cm, indicam que
houve relação quadrática entre estas variáveis. Uma densidade do solo, na camada de 0-5 cm, acima
de 1,55 Mg m-3, proporcionou reduções acima de 30% na produtividade de grãos de trigo. Indicando
assim que os limites físicos à produção de trigo podem ser detectados. Estas relações serão discutidas
com os valores de densidade do solo nas demais camadas, até 40 cm de profundidade.
Figura 39. Produtividade de grãos (a), altura de plantas (b) e massa seca da parte aérea (c) de trigo
em função da densidade do solo na camada de 0-5 cm em Argissolo Vermelho. Eldorado do Sul, safra
2014.
y = -12105x2 + 31782x - 18586R² = 0,7869
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
1 1,2 1,4 1,6 1,8Pro
du
tivid
ad
e d
e g
rão
s (
kg
ha
-1)
Densidade do solo (Mg m-3)
y = -112,17x2 + 298,07x -110,34
R² = 0,6428
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
1 1,2 1,4 1,6 1,8
Altu
ra d
e p
lan
ta (
cm
)Densidade do solo (Mg m-3)
y = -17471x2 + 45774x - 26231R² = 0,6975
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
1 1,2 1,4 1,6 1,8
Ma
ssa
se
ca
pa
rte
aé
rea
(kg
ha
-1)
Densidade do solo (Mg m-3)
a) b)
c)
4. CONCLUSÕES
Os níveis de compactação do solo afetam de forma diferenciadas as culturas agrícolas, assim,
a produção de massa de raízes em Latossolo (Londrina) seguiu a seguinte ordem: brachiária> milho>
aveia>soja>trigo.
A anatomia radicular da soja é alterada em elevados níveis de compactação de um Latossolo
Vermelho, restringindo a passagem de água e nutrientes para a parte aérea da soja.
A faixa ótima de valores de densidade do solo, para o adequado crescimento de culturas
agrícolas, em Argissolo é mais ampla do que em Latossolos.
A escarificação do solo não incrementou a produtividade de grãos de trigo em Latossolo e
Argissolo e de soja e milho em Latossolo, nem a produtividade de massa da parte aérea de aveia e de
brachiária em Latossolo, demonstrando que baixos níveis de compactação do solo afetam
negativamente a produção de culturas agrícolas, independentemente do tipo de solo.
A produtividade de grãos de trigo em Argissolo Vermelho não foi reduzida em áreas com até
quatro tráfegos de trator.
Considerando o sistema de produção trigo/soja, valores de resistência do solo à penetração
acima de 3 MPa, medidos em um conteúdo de água equivalente à capacidade de campo, indicam um
estado de compactação crítico no Latossolo Vermelho Distroférrico muito argiloso.
Densidades do solo acima de 1,35 Mg m-3 em Latossolos e 1,55 Mg m-3 em Argissolo afetam
negativamente o crescimento radicular e produtivo das culturas de soja, milho e trigo.
A recuperação dos solos trafegados foi possível com o uso das culturas, sendo que brachiária e
aveia preta apresentam maiores potenciais para recuperação do solo em função do abundante sistema
radicular.
5. DESCRIÇÃO DAS DIFICULDADES E MEDIDAS CORRETIVAS.
O projeto apresentou alguns entraves durante sua condução e avaliação principalmente pela
magnitude dos experimentos e quantidade de avaliações realizadas. Entretanto, com o bom
planejamento durante a condução e avalições foi possível cumprir os prazos e realizar as
determinações necessárias. Além disso foram coletadas nestes experimentos, resultados para duas
teses de Doutorado, dos Doutorandos Moacir Tuzzin de Moraes e Altamir Mateus Bertollo, portanto
maiores detalhamentos das discussões dos resultados serão apresentados nas teses e em posteriores
publicações em artigos científicos.
A análise do sistema radicular das culturas foi uma metodologia muito difícil de ser realizada,
e a análise dos parâmetros radiculares de comprimento, área superficial, volume e diâmetro demandou
muito tempo para ser realizada. Entretanto com a habilidade do operador algumas dificuldades foram
reduzidas e determinações mais rápidas e precisas puderam ser realizadas.
A análise e relações dos parâmetros físicos isolados com a produtividade de grãos ou sistemas
radiculares das culturas foi uma tarefa muito difícil, e em muitos casos não foram encontradas
relações que possam explicar claramente os efeitos da compactação do solo em sistema plantio direto
na produtividade de grãos das culturas. Assim, para aprofundar estas interpretações o doutorando
Moacir Tuzzin de Moraes, realizou durante período de Doutorado Sanduíche (Instituto James Hutton,
em Dundee, na Escócia, UK, sob supervisão do pesquisador Anthony Glyn Bengough) modelagens
dos efeitos das condições física para o crescimento das culturas, e por meio disso foi possível
aprofundar no entendimento destas relações.
RELATÓRIO PRÁTICO:
O tráfego agrícola causa imediatamente problemas de compactação do solo, como por
exemplo a redução da infiltração e perdas de produção das culturas. A compactação do solo
causada pelo tráfego agrícola reduz a quantidade de raízes que consegue se desenvolver no solo.
Com o uso de culturas de cobertura e de rotação de culturas, no sistema plantio direto, é possível
reduzir os problemas de compactação do solo em curtos períodos de tempo. Assim, as raízes
constroem estruturas de porosidade contínuas no perfil do solo, as quais servirão para a infiltração
de água no perfil do solo e redução dos problemas físicos para os próximos cultivos. A
escarificação do solo não melhora a qualidade física dos solos para aumentos de produtividade de
grãos das culturas agrícolas, e seus efeitos quando observados, são limitados a uma safra agrícola.
A taxa de penetração das raízes das culturas em áreas compactadas é reduzida, mas o uso de
culturas tais como a brachiária e a aveia preta, mesmo em áreas compactadas, apresentam grandes
potenciais para atenuar os efeitos da compactação do solo nas culturas agrícolas (por exemplo a
soja, o milho e o trigo). As limitações físicas dos solos são alteradas diariamente, pois tem relações
diretas com o conteúdo de água dos solos. Assim, a redução do crescimento radicular e da
produtividade agrícolas serão resultados dos estresses físicos que a planta foi submetida durante
todo o ciclo de cultivo. O número de dias com que as plantas foram submetidas a estresses físicos
poderão indicar a qualidade física dos solos para o desenvolvimento das plantas.
O uso de sistemas intensivos com plantas de rotação de culturas, tanto em Latossolos quanto
em Argissolos, demonstraram claramente que as condições físicas dos solos são melhoradas em
função da atuação dos sistemas radiculares das plantas. Assim, quanto mais abundante e profundo
for o sistema radicular, maiores serão as quantidades de poros contínuos no perfil do solo, que
melhorará as condições de cultivos para as próximas culturas. Esta continuidade de poros no perfil
do solo favorecerá a penetração radiculares das culturas agrícolas e melhorará o fluxo de água e
de nutrientes no perfil do solo, resultando em benefícios para o sistema plantio direto. A
conservação do solo e da água, com uso de rotação de culturas, é muito importante para a
manutenção da qualidade dos solos, água e ambiente, possibilitando a manutenção da
produtividade de grãos das culturas de interesses econômicos.
COMPENSAÇÕES OFERECIDAS À FUNDAÇÃO AGRISUS:
A logomarca da fundação Agrisus foi divulgada em todos as oportunidades de apresentações
dos resultados, em comunicações internas na UFRGS e na Embrapa Soja, em apresentação de
trabalhos em congressos científicos (III Encontro Brasileiro de Física do Solo, 14º Encontro
Nacional de Plantio Direto na Palha, XXXV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo e XX
Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água) e nos dias de campo da UFRGS
(I e II dia de campo de solos da UFRGS) (Anexo).
Além disso, publicamos um capítulo intitulado “Benefícios das plantas de cobertura sobre
as propriedades físicas do solo” no livro “Manejo e conservação do solo e da água em pequenas
propriedades rurais no sul do Brasil: práticas alternativas de manejo visando a conservação do solo
e da água”, no qual agradecemos o apoio financeiro da Fundação Agrisus a este projeto (nº
1236/13).
Os recursos financeiros deste projeto foram de fundamental importância para a elaboração
dos projetos de pesquisa que compõem duas teses de Doutorado em Ciência do Solo da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, elaboradas pelos Doutorandos Moacir Tuzzin de
Moraes e Altamir Mateus Bertollo. Os artigos resultantes das pesquisas financiadas neste projeto
e presentes nas teses de Doutorado frutos deste projeto constarão nos agradecimentos os apoios
financeiros da Fundação Agrisus.
DEMOSTRAÇÃO FINANCEIRA DOS RECURSOS DA FUNDAÇÃO AGRISUS:
O valor financiado neste projeto foi de R$ 44.000,00, entretanto, ao final do projeto foi usado
R$ 38.644,20 e estamos devolvendo à Fundação Agrisus o valor de R$ 5.355,80 (Tabela 3).
Durante a execução deste projeto nós usamos recursos da Embrapa Soja para condução dos
experimentos no campo e também para algumas análises físicas e químicas nos laboratórios de
Física e Química do solo da Embrapa Soja. Além disso, estivemos com suportes estruturais da
UFRGS, a qual nos proporcionou redução de custos em alguns itens, e com isso chegamos ao final
do projeto com saldo positivo neste projeto.
Além disso, o período de Doutorado sanduíche com execução da modelagem dos resultados
desta pesquisa no exterior foi financiado pelo Programa de Doutorado Sanduiche no Exterior da
CAPES. Este projeto contribuiu para a execução dos projetos relacionados à duas teses de
Doutorado em Ciência do Solo da UFRGS, sendo assim que atingiu seus objetivos.
Tabela 3. Demonstração financeira dos recursos do projeto financiado pela Fundação Agrisus.
Descrição das despesas Valor (R$)
Alimentação 7.671,24
Aluguel de carro/combustível 2.851,55
Análises químicas de solo 720,00
Despesas de material de consumo para escritório 768,53
Hospedagem 1.573,20
Materiais de consumo para laboratório e condução e coleta de experimento no campo 4.389,42
Material permanente (1 scanner, 1 impressora, 1 micro-ondas e 4 Placas porosas) 12.008,00
Passagens aéreas/taxi 8.242,25
Transporte de amostras 420,01
Total Gasto final 38.644,20
Total Liberado inicialmente 44.000,00
Valor Devolvido 5.355,80
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Porto Alegre, 27 de dezembro de 2016.
Moacir Tuzzin de Moraes
Coordenador do Projeto Agrisus nº1236/13
ANEXO I
Principais atividades durante a vigência do projeto:
De janeiro a junho de 2014, fizemos:
i) Condução dos experimentos em Londrina e Eldorado do Sul.
ii) Coleta de raízes de soja, milho e brachiária em Londrina.
iii) Coleta de raízes de soja em Eldorado do Sul.
iv) Coleta e análises de componentes de rendimento e produtividade de grãos da soja em
Londrina e Eldorado do Sul.
v) Escaneamento e processamento de raízes de soja em Londrina e Eldorado do Sul e de
milho e brachiária em Londrina.
De julho a dezembro de 2014, Fizemos:
vi) Coleta de raízes de aveia preta e trigo em Londrina.
vii) Colheita das culturas de milho e trigo conduzidas na safra de inverno em Londrina.
viii) Coleta de massa da parte aérea das culturas de milho, brachiária, aveia e trigo em
Londrina.
ix) Coleta de amostras indeformadas de solo para análises de atributos físicos em Londrina.
x) Análise de resistência do solo à penetração com penetrômetro de campo em Londrina.
xi) Análise de infiltração tridimensional de água no solo e condutividade hidráulica saturada
no campo em Londrina.
xii) Análise de atributos físicos do solo no Laboratório de Física do solo da Embrapa Soja.
xiii) Coleta de raízes das culturas de aveia preta e trigo em Londrina.
xiv) Lavagem e escaneamento das raízes de aveia preta e trigo em Londrina.
xv) Processamento das imagens de raízes de soja, milho, aveia, brachiária e trigo no
programa Safira®.
xvi) Processamento de amostras indeformadas de solo coletadas em Eldorado do Sul, no
Laboratório de Física do Solo da UFRGS.
xvii) Análise de resistência do solo à penetração no campo no experimento em Eldorado do
Sul.
xviii) Coleta de raízes de trigo em Eldorado do Sul.
xix) Coleta de amostras indeformadas no experimento em Eldorado do Sul.
xx) Processamento das raízes de trigo conduzidas em Eldorado do Sul.
xxi) Colheita de trigo no experimento em Eldorado do Sul.
xxii) Colheita de massa da parte aérea de trigo no experimento em Eldorado do Sul.
xxiii) Processamento das amostras indeformadas coletadas em Eldorado do Sul, no laboratório
de física do solo da UFRGS.
xxiv) Análises anatômicas de raízes de soja conduzidas em Londrina, no laboratório de
anatomia vegetal da UFRGS.
xxv) Processamento dos resultados de raízes das culturas de Londrina e de Eldorado do Sul.
De janeiro a junho de 2015, Fizemos:
xxvi) Condução da cultura da soja em Londrina e milho em Eldorado do Sul.
xxvii) Coleta de raízes de Soja em Londrina.
xxviii) Coleta de amostras indeformadas de solo para análises de atributos físicos em Londrina.
xxix) Lavagem e escaneamento das raízes de soja em Londrina.
xxx) Coleta de massa da parte aérea da soja em Londrina.
xxxi) Colheita da cultura da soja em Londrina e de milho em Eldorado do Sul.
xxxii) Análise de atributos físicos do solo no Laboratório de Física do solo da Embrapa Soja
(em andamento).
xxxiii) Análise de atributos físicos do experimento de Eldorado do Sul no Laboratório de Física
do Solo da UFRGS.
xxxiv) Processamento das imagens de raízes de soja safra 2013/14 e 2014/15 e demais culturas
de inverno de 2014 de Londrina, além do processamento das raízes de soja de 2013/14 de
Eldorado do Sul, todas no programa Safira® (em andamento).
De julho a dezembro de 2015, Fizemos:
xxxv) Análise de atributos físicos do solo no Laboratório de Física do solo da Embrapa Soja
(em andamento).
xxxvi) Processamento das imagens de raízes de soja safra 2013/14 e 2014/15 e demais culturas
(Milho, trigo, brachiária e aveia) de inverno de 2014 de Londrina, além do
processamento das raízes de soja de 2013/14 de Eldorado do Sul, todas no programa
Safira® (em andamento).
xxxvii) Desenvolvimento dos trabalhos para modelagem do crescimento radicular em função de
limitações físicas do solo, no período de doutorado sanduíche do Doutorando Moacir
Tuzzin de Moraes no Instituto James Hutton na Escócia, UK.
De janeiro a dezembro de 2016, fizemos:
xxxviii) Coleta de solo em Londrina para análises de tomografia computadorizada, para
verificar a continuidade de poros em função do uso de plantas de cobertura do solo.
xxxix) Processamento dos resultados dos experimentos de Londrina e de Eldorado do Sul.
xl) Criação de um modelo matemático que inclui os efeitos de restrição física do solo ao
crescimento radicular com o fluxo de água em linguagem do programa Matlab.
xli) Análises de tomografia computadorizada no laboratório de física do solo na Embrapa
Instrumentação Agropecuária em São Carlos-SP.
xlii) Análises químicas do solo da área do experimento de Eldorado do Sul.
xliii) Coleta e análise de amostras físicas no experimento em Eldorado do Sul para avaliação
da recuperação do solo em função do tempo e das plantas de cobertura do solo.
xliv) Participação, com apresentação dos resultados das pesquisas na Reunião Sul Brasileira de
Ciência do Solo em Frederico Westphalen e no Congresso Brasileiro de Manejo e
Conservação do Solo e da Água em Foz do Iguaçu.
xlv) Confecção do relatório final do projeto Agrisus.
ANEXO II
Publicações referentes ao projeto Agrisus 1236/13.
Capítulo de livro publicado:
1. MORAES, M. T.; DEBIASI, H.; FRANCHINI, J.; SILVA, V. R. Benefícios das plantas de
cobertura sobre as propriedades físicas do solo. In: TIECHER, T. (org) Manejo e conservação do solo
e da água em pequenas propriedades rurais no sul do Brasil: práticas alternativas de manejo visando
a conservação do solo e da água, v.1, n.1, 2016. 186p.
Artigo publicado em revista técnica:
2. MORAES, M.T.; DEBIASI, H.; BERTOLLO, A. M.; LEVIEN, R.; FRANCHINI, J.C.;
MAZURANA, M. Sistema plantio direto e a disponibilidade hídrica para as culturas em solos
argilosos. Granja (Porto Alegre), v.70, n.791, p.57 - 59, 2014.
Resumos publicados em anais de eventos:
3. MORAES, M.T.; DEBIASI, H.; FRANCHINI, J.C.; LEVIEN, R.; BENGOUGH, A.G. Modelagem
do crescimento radicular em função da dinâmica da água e resistência do solo. In. XX Reunião
Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, Foz do Iguaçu, PR, 2016.
4. BERTOLLO, A.M.; ZULPO, L.; MORAES, M.T.; DEBIASI, H.; LEVIEN, R. Podução de
fitomassa e armazenamento de água com plantas de cobertura em sistemas de uso do solo. In. XX
Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, Foz do Iguaçu, PR, 2016.
5. MORAES, M. T.; DEBIASI, H.; LEVIEN, R.; FRANCHINI, J.C.; STEFFLER, M. E.; ARAUJO,
K. H.; FINK, J. A. Limites críticos de indicadores da qualidade física de Latossolo Vermelho e sua
relação com a produtividade de grãos de trigo e soja. In: 14º Encontro Nacional de Plantio Direto na
Palha, Bonito, MS, 2014.
6. BERTOLLO, A. M.; MORAES, M. T.; DEBIASI, H.; FRANCHINI, J.C.; LOUZADA, J. A. S.
Modelagem do fluxo de água em um Latossolo Vermelho com sistemas de preparo implantados a
longo prazo In: 14º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha, Bonito, MS, 2014.
7. MORAES, M. T.; BERTOLLO, A. M.; LEVIEN, R.; MAZURANA, M.; BONETTI, J. A.;
STEFFLER, M. E.; FINK, J. A.; KERPEN, H. S.; PASSOS, G. M. Sistemas de preparo do solo com
tráfego controlado e sua relação com limites críticos físicos ao desenvolvimento de milho In: 14º
Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha, Bonito, MS, 2014.
8. BERTOLLO, A. M.; MORAES, M. T.; DEBIASI, H.; FRANCHINI, J.C.; MAZURANA, M.;
LEVIEN, R. Desenvolvimento radicular da Soja subsequente a plantas de cobertura em Latossolo
com níveis de compactação In: XXXV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, Natal, RN, 2015.