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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA INTERIOR - BADPI Metazoários parasitos de um peixe detritívoro de lagos de várzea do rio Solimões, Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) (Siluriformes: Loricariidae) e uma avaliação de seu uso como espécies bioindicadoras de efeito em mudanças ambientais na Amazônia DANIEL BRITO PORTO Manaus, Amazonas Novembro, 2017

Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) (Siluriformes ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2485/5/aTese Daniel Brito Porto... · Aos meus pais Almir e Eliana e meus irmãos Charles

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA

INTERIOR - BADPI

Metazoários parasitos de um peixe detritívoro de lagos de várzea do rio

Solimões, Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) (Siluriformes:

Loricariidae) e uma avaliação de seu uso como espécies bioindicadoras de

efeito em mudanças ambientais na Amazônia

DANIEL BRITO PORTO

Manaus, Amazonas

Novembro, 2017

ii

DANIEL BRITO PORTO

Metazoários parasitos de um peixe detritívoro de lagos de várzea do rio

Solimões, Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) (Siluriformes:

Loricariidae) e uma avaliação de seu uso como espécies bioindicadoras de

efeito em mudanças ambientais na Amazônia

ORIENTADOR: JOSÉ CELSO DE OLIVEIRA MALTA Dr.

Manaus, Amazonas

Novembro, 2017

Tese apresentada ao Instituto

Nacional de Pesquisas da

Amazônia como parte dos

requisitos para obtenção do

título de DOUTOR em

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

iii

iv

P 853 Porto, Daniel Brito

Metazoários parasitos de um peixe detritívoro de lagos de várzea

do rio Solimões, Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855)

(Siluriformes: Loricariidae) e uma avaliação de seu uso como

espécies bioindicadoras de efeito em mudanças ambientais na

Amazônia / Daniel Brito Porto. --- Manaus: [s.n.], 2017.

viii, 84 f.: il.

Tese (Doutorado) --- INPA, Manaus, 2017.

Orientador: José Celso de Oliveira Malta

Área de concentração: Biologia de Água Doce e Pesca Interior

1. Acarí bodó. 2. Parasitas de peixes. 3. Bioindicadora ambiental. I. Título.

CDD 597.49

SINOPSE

Este trabalho faz parte do projeto PIATAM (Inteligência Socioambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na

Amazônia), que estuda os efeitos da mineração do petróleo e seu transporte entre os municípios de Manaus e

Coari no Estado do Amazonas. Este estudo se insere na sub-área de Ictioparasitologia. As coletas dos peixes

foram realizadas nos meses de março, maio, setembro e dezembro de 2012. Foram coletados e identificados 1.635

parasitos de cinco grupos taxonômicos. Foram encontradas 12 espécies de parasitos. Das doze espécies

encontradas na comunidade componente: Diplostomum sp. e U. brevispinus foram as espécies que parasitaram o

maior número de hospedeiros e tiveram os maiores índices parasitológicos. Unilatus brevispinus foi a espécie

mais abundante. Diplostomum sp. foi a espécie que preencheu os requisitos propostos por Overstreet (1997) para

ser uma espécie bioindicadora de efeito.

Palavras chaves: Parasitos de peixes; Monogenoidea; Digenea; Acanthocephala; Cestoda; Copepoda; espécie

bioindicadora ambiental.

v

Aos meus Amores

Amanda

Thierry

José Marcos

Eliana

Maria Clara

Meus maiores incentivos

vi

AGRADECIMENTOS

A Deus por tudo que permite acontecer nesta trajetória.

Ao meu grande orientador José Celso de Oliveira Malta que sempre me incentivou e

sempre teve MUITA paciência em me orientar durante esta longa jornada.

E um agradecimento especial à Bióloga Amanda Karen Silva de Souza fundamental na

realização das necropsias e por desenhar todas as pranchas desta tese muito obrigado pela

paciência e seu amor.

Aos meus pais Almir e Eliana e meus irmãos Charles e Israel pelo apoio e carinho.

Aos meus filhos Thierry, José Marcos, Eliana e Maria Clara que sempre me motivam e dão

força nesta jornada.

Um agradecimento especial para o técnico do laboratório Edilson de Araújo Silva por todo

o trabalho realizado em nosso laboratório e amizade em todos estes anos.

Aos Professores do curso de Biologia de água doce pela transmissão do conhecimento e

atenção ao longo do curso.

Ao INPA por todos estes anos onde pude aperfeiçoar todo o trabalho que venho realizando.

Ao projeto PIATAM e todas equipes em especial a de Ictiologia e ao pescadores Luís,

Fonseca e China que fizeram parte deste projeto por toda logística na realização do trabalho

de campo.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior CAPES pela concessão da bolsa.

A todos que contribuíram direta e indiretamente neste trabalho.

UM SINCERO AGRADECIMENTO!!!

vii

“Quem quer faz, quem não quer inventa uma história”

Malta, JCO

viii

RESUMO

Foram analisados 248 indivíduos de Pterygoplichthys pardalis capturados em cinco lagos

de várzea da Amazônia. O comprimento médio dos peixes foi 24,5cm ± 8,8 e o peso médio

213,9g ± 102,6. Os lagos amostrados foram: Baixio; Preto; Ananá e Araçá no rio Solimões

e São Tomé no rio Purus, localizados entre as cidades de Manaus e Coari no estado do

Amazonas. As necropsias foram feitas em campo e os órgãos foram fixados. Os descritores

qualitativos das populações de parasitos foram: número de indivíduos, estágio de

maturação e dominância de cada espécie e sua importância. Foram coletados 1.635

espécimes parasitos de cinco táxons: Monogenoidea (785); Digenea (795), Cestoda (1),

Acanthocephala (50) e Copepoda (4). Quatro espécies parasitavam as brânquias: três de

Monogenoidea: Unilatus brevispinus, Heteropriapulus heterotylus e Trinigyrus mourei e

uma de Copepoda, Therodamas elongatus. Seis espécies de Digenea ocorreram:

metacercárias de Diplostomum sp., Austrodiplostomum compactum, Odhineriotrema

microcephala e adultos de Megacoelium spinispecum, M. spinicavum e Kalitrema

kalitrema. As metacercárias parasitavam os olhos, estômago, gônadas e superfície dos

órgãos internos. Uma larva de Proteocephalidea foi encontrada na superfície do intestino.

Uma espécie de Acanthocephala Gorytocephalus elongorchis dentro do intestino. Digenea

foi o táxon com maior diversidade com 50% das espécies, seguido por Monogenoidea 25%.

Dentre os componentes das infracomunidade de P. pardalis, duas espécies foram as mais

abundantes durante os quatro períodos hidrológicos: o Monogenoidea, U. brevispinus na

enchente (56,1 %) e na vazante (81,6%) e o Digenea, Diplostomum sp. na cheia (73,2 %)

e na seca (93%). Das doze espécies encontradas na comunidade componente: Diplostomum

sp. e U. brevispinus foram as espécies que parasitaram o maior número de hospedeiros e

tiveram os maiores índices parasitológicos. Unilatus brevispinus foi a espécie mais

abundante. Diplostomum sp. foi a espécie que preencheu os requisitos propostos por

Overstreet (1997) para ser uma espécie bioindicadora ambiental.

Palavras-chave: Parasitos de peixes; Monogenoidea; Digenea; Acanthocephala; Cestoda;

Copepoda; espécie bioindicadora ambiental.

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ABSTRACT

Were analyzed 248 individuals of Pterygoplichthys pardalis caught in five lowland lakes

of the Amazon. The mean fish length was 24.5cm ± 8.8 and the mean weight was 213.9g

± 102.6. The sampled lakes were: Baixio; Black; Ananá and Araçá on the river Solimões

and São Tomé on the Purus river, located between the cities of Manaus and Coari in the

state of Amazonas. Necropsies were performed in the field and the organs were fixed. The

qualitative descriptors of the parasite populations were: number of individuals, stage of

maturation and dominance of each species and their importance. A total of 1,635 parasite

specimens from five taxa were collected: Monogenoidea (785); Digenea (795), Cestoda

(1), Acanthocephala (50) and Copepoda (4). Four species parasitized the gills: three of

Monogenoidea: Unilatus brevispinus, Heteropriapulus heterotylus and Trinigyrus mourei

and one of Copepoda, Therodamas elongatus. Six species of Digenea occurred:

metacercariae of Diplostomum sp., Austrodiplostomum compactum, Odhineriotrema

microcephala and adults of Megacoelium spinispecum, M. spinicavum and Kalitrema

kalitrema. The metacercariae parasited the eyes, stomach, gonads and surface of internal

organs. A larva of Proteocephalidea was found on the surface of the intestine. A species of

Acanthocephala Gorytocephalus elongorchis inside the intestine. Digenea was the most

diverse taxa with 50% of the species, followed by Monogenoidea 25%. Among the

components of the P. pardalis infracommunity, two species were the most abundant during

the four hydrological periods: Monogenoidea, U. brevispinus in flood (56.1%) and ebb

(81.6), and Digenea, Diplostomum sp . (73.2%) and dry (93%). Of the twelve species found

in the community component: Diplostomum sp. and U. brevispinus were the species that

parasitized the largest number of hosts and had the highest parasitological indexes. Unilatus

brevispinus was the most abundant species. Diplostomum sp. was the species that fulfilled

the requirements proposed by Overstreet (1997) to be an environmental bioindicator

species.

Key-words: Fish parasites; Monogenoidea; Digenea; Acanthocephala; Cestoda;

Copepoda; environmental bioindicator species.

x

SÚMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................1

Bioindicadores ambientais.......................................................................................2

Espécies parasitas como bioindicadoras ambientais ...............................................4

Hospedeiro: Pterygoplichthys pardalis (Castelnau,1855) .....................................10

OBJETIVOS..................................................................................................................... 14

MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................15

Área de estudo....................................................................................................... 16

Coleta dos peixes....................................................................................................18

Coleta e processamento das espécies parasitas ......................................................19

Análises das comunidades componente das espécies parasitas..................................22

RESULTADOS.................................................................................................................25

Taxonomia das espécies de metazoários parasitas..................................................25

Biodiversidade das espécies de metazoários parasitas (Comunidade componente)43

DISCUSSÃO.....................................................................................................................59

BIBLIOGRAFIA CITADA...............................................................................................74

xi

LISTA DAS TABELAS

Tabela 01 - Índices parasitários, número de peixes parasitados, estágio de desenvolvimento

e órgãos parasitados pelas espécies parasitas de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau,

1855) capturados em lagos de várzea do rio Solimões........................................................45

Tabela 02 - Prevalência (P), Intensidade média (IM), Abundancia média (AM) e Status

comunitário das espécies parasitas de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855)

capturados em cinco lagos, 2012........................................................................................47

Tabela 03 - Prevalência (P), Intensidade media (IM) e abundância média (AM) de

Diplostomum sp. espécie parasita do Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) por

órgão parasitado e lago onde foi capturado pardalis (Castelnau, 1855) capturados em cinco

lagos, .................................................................................................................................47

Tabela 04 - Estrutura da comunidade componente de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau,

1855) entre os lagos de várzea na enchente......................................................................50

Tabela 05 - Estrutura da comunidade componente de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau,

1855) entre os lagos de várzea na cheia............................................................................50

Tabela 06 - Estrutura da comunidade componente de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau,

1855) entre os lagos de várzea na vazante.........................................................................51

Tabela 07 - Estrutura da comunidade componente de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau,

1855) entre os lagos de várzea na seca................................................................................51

Tabela 08 - Índice de Dominância (D) em % das espécies parasitas de Pterygoplichthys

pardalis (Castelnau, 1855) durante as fases do período hidrológico...................................52

Tabela 09 - Índice de dispersão (ID) e índice de Green das espécies parasitas de

Pterygoplichthys pardalis durante as fases do período hidrológico....................................53

Tabela 10 - Coeficiente de Jaccard entre os lagos de coleta de Pterygoplichthys pardalis

durante as fases do período hidrológico..............................................................................54

xii

LISTA DAS FIGURAS

Figura 01 - Espécime adulto de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) ...................13

Figura 02 - Vista lateral da cabeça de P. pardalis (Castelnau, 1855)................................14

Figura 03 - Vista superior da cabeça de P. pardalis (Castelnau, 1855) .............................14

Figura 04 - Boca ventral e dentes de P. pardalis (Castelnau, 1855) .................................14

Figura 05 - Vista lateral dos raios dorsais de P. pardalis (Castelnau, 1855) .......................14

Figura 06 - Padrão de coloração vista superior de P. pardalis (Castelnau, 1855) ...............14

Figura 07- Padrão de coloração vista ventral de P. pardalis (Castelnau, 1855) .................14

Figura 08 - Imagem de satélite e localização geográfica dos lagos do rio

Solimões.............................................................................................................................15

Figura 09 - Desenho de Unilatus brevispinus Suriano, 1985..............................................26

Figura 10 - Fotomicrografia de Unilatus brevispinus Suriano, 1985..................................26

Figura 11 - Desenho de Heteropriapulus heterotylus, 2006. 1 - corpo inteiro, 2 – barra

dorsal, 3 - âncora, 4 - Cirrus (MCO), 5 – barra ventral, 6- gancho, 7 - âncora ventral.........28

Figura 12 - Desenho de Trinigyrus mourei Boeger & Jegú, 1994 ......................................29

Figura 13 - Fotomicrografia em contraste de fase de Trinigyrus mourei Boeger & Jegú,

1994....................................................................................................................................29

Figura 14 - Desenho de Diplostomum sp............................................................................31

Figura 15 - Fotomicrografia de Diplostomum sp................................................................31

Figura 16 - Fotomicrografia da metacercária de Austrodiplostomum compactum (Lutz,

1928) parasito dos olhos.....................................................................................................32

Figura 17 - Desenho da metacercária de Austrodiplostomum compactum (Lutz, 1928)

parasito dos olhos...............................................................................................................32

Figura 18 - Desenho de Megacoelium spinicavum Thatcher e Varella, 1981......................33

Figura 19 - Desenho de Megacoelium spinispecum Thatcher e Varella, 1981....................34

Figura 20 - Adulto de Odhneriotrema microcephala (Travassos, 1922) Original Travassos

1969....................................................................................................................................36

Figura 21 - Metacercária de Odhneriotrema microcephala (Travassos, 1922) ..................36

Figura 22 - Fotomicrografia da metacercária de Odhneriotrema microcephala (Travassos,

1922)..................................................................................................................................36

Figura 23 - Órgãos internos do adulto de Kalitrema kalitrema Travassos, 1933................37

xiii

Figura 24 - Desenho do adulto de Kalitrema kalitrema Travassos, 1933..........................38

Figura 25 - Ventosas e órgão apical do escólex da larva de Proteocephalidea....................39

Figura 26 - Escólex da larva de Proteocephalidea..............................................................39

Figura 28 - A) Adulto macho de Gorytocephalus elongorchis Thatcher, 1981

B) Detalhe probóscide. (Desenho original Thatcher, 1981)................................................41

Figura 29 - Parte anterior fêmea adulta de Gorytocephalus elongorchis...........................41

Figura 30 - A) Therodamas elongatus; B) primeira antena e C) segunda antena. Desenhos

originais de Thatcher, 1986................................................................................................43

Figura 31 - Variação da prevalência de Diplostomum sp. e Unilatus brevispinus parasitas

de Pterygoplichthys pardalis durante o período hidrológico.............................................54

Figura 32 - Variação da Intensidade média de Diplostomum sp. e Unilatus brevispinus

parasitas de Pterygoplichthys pardalis durante o período hidrológico...............................55

Figura 33 - Variação da abundância de Diplostomum sp. e Unilatus brevispinus parasitas

de Pterygoplichthys pardalis por fase do período hidrológico............................................55

Figura 34 - Variação da prevalência de Diplostomum sp. de Pterygoplichthys pardalis entre

os lagos durante as fases do período hidrológico. B – Baixio, P – Preto, ST – São Tomé,

AN – Ananá e AR – Araçá..................................................................................................56

Figura 35 - Variação da intensidade média de Diplostomum sp. de Pterygoplichthys

pardalis entre os lagos durante as fases do período hidrológico. B – Baixio, P – Preto, ST

– São Tomé, AN – Ananá e AR – Araçá.............................................................................56

Figura 36 - Variação da abundância de Diplostomum sp. entre os lagos durante as fases do

período hidrológico. B – Baixio, P – Preto, ST – São Tomé, AN – Ananá e AR – Araçá....57

Figura 37 - Variação da prevalência de Unilatus brevispinus entre os lagos durante as fases

do período hidrológico. B – Baixio, P – Preto, ST – São Tomé, AN – Ananá e AR –

Araçá..................................................................................................................................57

Figura 38 - Variação da intensidade média de Unilatus brevispinus de Pterygoplichthys

pardalis entre os lagos durante as fases do período hidrológico. B – Baixio, P – Preto, ST

– São Tomé, AN – Ananá e AR – Araçá.............................................................................58

Figura 39 - Variação da abundância de Unilatus brevispinus de Pterygoplichthys pardalis

entre os lagos durante as fases do período hidrológico. B – Baixio, P – Preto, ST – São

Tomé, AN – Ananá e AR – Araçá.......................................................................................58

1

INTRODUÇÃO

Os sete milhões de km2 da bacia Amazônica, com seus inúmeros cursos d’água

fluindo através de uma grande variedade de solos e comunidade vegetais, oferecem uma

abundância de nichos aquáticos e terrestres. O Amazonas, o maior rio tropical tanto em

descarga como em área, acolhe mais espécies de peixes que qualquer outro sistema fluvial

(Smith 1979).

A água é um fator preponderante na paisagem amazônica. Isto se pode dizer tanto

para os majestosos rios e igarapés, que contribuem para a formação dos rios gigantes. A

rede de igarapés na Amazônia é tão densa como em quase nenhuma região do mundo.

Porém, olhando-se de perto verifica-se que os corpos de água não são uniformes.

Encontram-se diferenças consideráveis tanto em relação à morfologia de seus leitos

quanto as suas características químicas e biológicas e seus efeitos na comunidade de

animais e plantas (Junk 1983; Junk et al. 1989).

Os lagos que acompanham os grandes rios e que são típicos para as áreas alagadas

(várzea e igapó) faltam nas áreas não inundáveis (terra firme) onde igarapés e pequenos

rios caracterizam a paisagem. Rios com água barrenta ocorrem tanto quanto rios de água

preta ou cristalina. Enquanto alguns rios quase não têm correnteza, outros passam por

corredeiras e cachoeiras (Junk 1983).

Na Amazônia a distribuição da precipitação durante o ano não é homogênea e

difere também nas diferentes áreas da vasta bacia. Em consequência disso, o nível dos

rios está submetido a fortes oscilações. Em dependência da distribuição irregular da

precipitação, os grandes afluentes do rio Amazonas atingem seu nível máximo em

diferentes épocas do ano (Salati 1983).

Por meio de um lento processo de interações, as forças da natureza definem os

ecossistemas naturais. Há uma caracterização do solo, do clima e das espécies do reino

vegetal e animal. O ecossistema atinge um estado de equilíbrio dinâmico e assim

permanece até que novas alterações sejam introduzidas no ambiente (Salati 1983).

Nas oscilações do equilíbrio dos ecossistemas, têm-se que levar em consideração

as decorrentes de fenômenos naturais que ocorrem e que determinam grandes

modificações climáticas. Como consequências das variações do clima, adaptações

ocorrem na flora e na fauna que impõe à biosfera diferentes condições de equilíbrio (Salati

1983).

De um modo geral, o ambiente aquático amazônico fornece uma grande variedade

de itens alimentares para os peixes. Estes exploram todas as fontes disponíveis, desde

2

invertebrados como esponjas e briozoários até peixes e frutos (Santos e Ferreira 1999).

As águas doces fornecem habitat para uma variedade de organismos: bactérias,

protozoários, fungos, esponjas, celenterados, platelmintos, nematódeos, rotíferos,

briozoários, moluscos, crustáceos, aracnídeos e vários grupos de insetos. Se o

conhecimento sobre a biodiversidade em águas doces é incompleto para vertebrados o

quadro se agrava mais ainda para micro-organismos e invertebrados (Rocha 2002).

A bacia Amazônica abriga a maior e mais diversa ictiofauna de água doce do

mundo, com estimativas que variam de 1.500 a 6.000 espécies (Reis et al. 2003). A pesca

na região Amazônica se destaca em relação às demais regiões brasileiras, tanto de áreas

costeiras quanto de águas interiores, pela riqueza de espécies exploradas, pela quantidade

de pescado capturado e pela dependência das populações tradicionais a esta atividade

(Barthem e Fabré 2003).

As espécies de peixes amazônicas apresentam estratégias notáveis para se

adaptarem às mudanças sazonais nos diversos ambientes que ocupam. A compreensão

destas adaptações é de fundamental relevância para o entendimento da abundância e da

composição dos recursos pesqueiros. Consequentemente para a definição de políticas de

manejo da pesca (Barthem e Fabré 2003).

Os lagos de várzea possuem a maior diversidade e abundância íctica da bacia

Amazônica (Handerson e Crampton 1997). Esta ictiofauna apresenta-se basicamente

constituída por grupos recentes, sendo 43% de Characiformes, 39% de Siluriformes e 3%

de Gymnotiformes (Santos e Ferreira 1999).

Na Amazônia não se sabe ao certo quantas espécies de peixes existem. Muito

menos quantas espécies de parasitas utilizam o peixe como hospedeiro intermediário ou

definitivo. Mais informações sobre essa fauna aumentariam o conhecimento sobre a

biodiversidade amazônica bem como subsídios para sua utilização como marcadores

biológicos e bioindicadores ambientais (Malta e Varella 2009).

Assim os peixes servem de substrato para uma grande variedade de espécies

parasitas. Estes que possuem uma distribuição mundial afetando a grande maioria das

espécies, das águas tropicais às polares e qualquer nicho ecológico e habitat do hospedeiro

(Roberts 1978; Eiras 1994; Thatcher 2006).

Bioindicadores ambientais

As profundas mudanças causadas nos ecossistemas aquáticos no decorrer dos

últimos anos têm causado uma preocupação crescente na população e nas autoridades

3

ambientais (Queiroz et al. 2000). Problemas que trazem consequências ao homem, como

alterações nos regimes hidrológicos, aumento das doenças de veiculação hídrica,

contaminação química, erosão e assoreamento dos corpos d’água (Pompeu et al. 2004).

Os impactos ambientais nos ecossistemas aquáticos têm diferentes origens e

formas. Muitas vezes, o lançamento de compostos químicos nas águas resulta em

concentrações muito superiores àquelas encontradas naturalmente. Como consequência

observa-se modificações no curso e composição físico-química natural dos rios, na

cobertura vegetal, nas margens, na cor da água e na biota existente (Callisto et al. 2001).

O uso de parâmetros biológicos para medir a qualidade da água se baseia nas

respostas dos organismos em relação ao meio onde vivem. Como os rios estão sujeitos a

inúmeras perturbações, a biota aquática reage a esses estímulos, sejam eles naturais ou

antropogênicos (Cairns Jr. et al. 1993). Assim suas características ambientais

especialmente as comunidades biológicas fornecem informações sobre as consequências

das ações do homem (Callisto et al. 2001).

A biota aquática está constantemente exposta a um grande número de substâncias

tóxicas lançadas no ambiente, oriundas de diversas fontes de emissão. A descarga de lixos

tóxicos provenientes de efluentes industriais, os processos de drenagem agrícola, os

derrames acidentais de lixos químicos e os esgotos domésticos lançados em rios e mares

contribuem para a contaminação dos ecossistemas aquáticos (Rashed 2001).

A definição de biomonitoramento mais aceita é o uso sistemático das respostas de

organismos vivos para avaliar as mudanças ocorridas no ambiente, geralmente causadas

por ações antropogênicas (Matthews et al. 1982 apud Buss et al. 2003). Bioindicadores

são espécies escolhidas por sua sensibilidade ou tolerância a vários parâmetros, como

poluição orgânica ou outros tipos de poluentes (Washington 1984 apud Buss et al. 2003).

A utilização dos bioindicadores é extremamente útil, especialmente para a

avaliação de impactos ambientais decorrentes de descargas pontuais de esgotos

domésticos e efluentes industriais. Monitorando-se estações de amostragem a montante,

no local de lançamento e a jusante da fonte poluidora, pode-se identificar as

consequências ambientais para a qualidade da água e saúde do ecossistema aquático

(Callisto et al. 2001)

Programas de biomonitoramento utilizam os mais variados tipos de

bioindicadores. Entre os desenvolvidos para ecossistemas aquáticos podemos citar:

macroinvertebrados bentônicos (Goulart e Callisto 2003; Queiroz et al. 2000); algas

(Favero et al. 1996; Jonsson et al. 2009); sanguessugas (Metcalf et al. 1988); protozoários

4

de vida livre (Boikova, 1990); crustáceos (Farkas et al. 2003); peixes (Belmejo e Martos

2008; Ramsdorf 2007; Bell e Burt 1991) e parasitos de peixes (Madi 2005; Madi e Ueta

2009; Morais 2011; Lacerda et al. 2017)

O grau de diversidade biológica é frequentemente utilizado como um indicador da

saúde do sistema ecológico. É de consenso geral que qualquer distúrbio no habitat indica

uma alteração na diversidade. Essa visão pode ser aplicada para analisar a biodiversidade

de uma comunidade parasitária. A diversidade parasitária em peixes hospedeiros é por

esta razão diretamente dependente de grau de diversidade do habitat e pode ser empregado

como um monitor altamente sensível para detectar as alterações na biodiversidade, que

caracterizam os habitats afetados por poluição (D’amelio e Gerasi 1997; Ponce de Leon

e Prieto 2002).

Espécies parasitas como bioindicadoras

Uma variedade de organismos tem sido investigada para avaliar seu potencial

como indicador biológico de diferentes tipos de poluição no ambiente aquático. Certas

espécies têm sido identificadas como altamente sensíveis à resposta fisiológica gerada

por estes poluentes (Sures et al. 1997). Entre estes as espécies parasitas têm demonstrado

que são uma ferramenta bastante eficiente como bioindicadores (Vidal-Martinez et al.

2009).

Uma vez que a poluição e outros estressores podem exercer impactos sobre as

populações e as comunidades de organismos e sobre a estrutura da rede alimentar. Então

as espécies parasitas podem também ser usadas como indicadoras biológicas naturais de

alterações na “saúde” do ecossistema (Marcogliese 2005).

As espécies parasitas são indicativas de muitos aspectos da biologia de seus

hospedeiros: dieta; migração; “recrutamento” e filogenia. Espécies parasitas com ciclos

de vida heteroxeno, a sua transmissão depende da presença de uma variedade de

hospedeiros intermediários invertebrados ou vertebrados, hospedeiros paratênicos e

definitivos dentro do ecossistema (Anderson et al. 1988; Williams et al. 1992).

As interações entre as populações de parasitos também podem influenciar a

composição, abundância e distribuição das populações de parasitos de peixes (Rhode et

al. 1995). A comunidade de espécies parasitas de peixes pode mostrar uma considerável

variação de acordo com as condições ambientais onde ela vive (Hossain et al. 2008).

O monitoramento ambiental tem como objetivo detectar mudanças, em especial,

a causada pela ação do homem aparte daquelas que ocorrem naturalmente. Com ele

5

permite localizar e avaliar as condições dos sistemas e as consequências das atividades

humanas (Silva-Souza et al. 2006). Alterações significativas na biodiversidade e no

número de indivíduos das populações são utilizadas como um alerta das condições que

deterioram o ambiente (MacKenzie et al. 1995).

Uma vez que a presença de espécies parasitas em hospedeiros vertebrados é

diretamente dependente do grau de diversidade do habitat. A análise da comunidade

parasitária dos peixes de um local pode ser um bom demonstrativo de estresse ambiental

e biodiversidade (Overstreet 1997).

Espécies parasitas são geralmente negligenciadas no estudo, manejo e

conservação dos ecossistemas (Marcogliese 2004). Como são encontradas em quase

todos os ambientes, desde locais extremamente frios como regiões polares até climas

quentes como os trópicos. O conhecimento sobre elas é uma ferramenta importante e útil

em avaliações ambientais (Lewis e Hoole 2003).

Tendo os parasitos como indicadores da biologia do hospedeiro, de contaminantes

ambientais e estrutura da cadeia alimentar, a comunidade parasitaria de peixes pode ser

um bom demonstrativo de estresse ambiental e da biodiversidade (Chubb 1979; 1980;

Overstreet 1997). Pois eles podem prover uma grande quantidade de informações a

respeito de seu hospedeiro e o ambiente ao seu redor (Marcogliese 2004).

Existem vários tipos de poluentes encontrados nos ambientes aquáticos mais os

principais são hidrocarbonetos, metais pesados e poluição termal(usinas termoelétricas,

nucleares) (Mackenzi et al. 1995). O efeito de cada tipo de poluente pode gerar uma

resposta diferente que depende do táxon que estiver sendo estudado e pode aumentar ou

diminuir a abundância das espécies parasitas em seu hospedeiro (Galli et al. 2001; Madi

e Ueta 2009).

As espécies parasitas são uma parte essencial do ambiente aquático. A presença

destes organismos se torna evidente quando ocorre uma massiva infestação manifestando

sinais clínicos em seu hospedeiro, levando a sua morte. Uma situação que pode ser

ocasionada por mudanças ambientais que ocorrem nos fatores bióticos ou abióticos do

ambiente (Moller 1987).

O conhecimento da biologia da espécie parasita e seu hospedeiro, as relações

hospedeiro-parasito e a situação ambiental podem ajudar na detecção de mudanças no

ambiente. O uso de parasitos de peixes como indicadores biológicos é um estudo de

extrema importância não somente para estudos de impactos nos ambientes aquáticos, mas

também para estudos ecológicos e biodiversidade (Palm e Dobberstein 1999).

6

As espécies parasitas podem ser divididas de maneira geral em dois tipos:

ectoparasitas que utilizam como substrato para sua sobrevivência a parte externa de seu

hospedeiro e endoparasitas que utilizam as partes internas de seus hospedeiros (Thatcher

2006). O efeito decorrente do agente poluidor é diferente para cada um dos tipos de

parasitos (Mackenzie et al. 1995).

Dentre todas as espécies parasitas, as ectoparasitas são as mais utilizadas na

bioindicação por responderem diretamente às alterações ambientais (Lafferty 1997).

Porém no âmbito geral as espécies de Cestoda e Nematoda, presentes nos peixes, são

utilizadas principalmente para efeito nos cálculos dos índices de diversidade (Schmidt et

al. 2003).

Uma vez que muitos destas espécies parasitas envolvem em seu ciclo de vida,

vários hospedeiros que são encontrados nos diferentes níveis tróficos. Os parasitos

refletem os hábitos de vida dos peixes e suas interações com as comunidades bentônicas,

planctônicas e ícticas (Silva-Souza et al. 2006).

As espécies parasitas com ciclo de vida heteroxênico são potenciais indicadoras

ambientais. Isto porque, em alguma parte do seu ciclo de vida tem estágios de vida livre

que dependem de uma série de organismos pequenos, delicados, que são seus hospedeiros

intermediários que são muito sensíveis às variações ambientais (Mackenzie et al. 1995).

Espécies de diversos táxons de parasitas têm sido utilizadas para avaliar os efeitos

de poluentes nos ambientes aquáticos (Overstreet 1988; Galli et al. 2001; Marcogliese

2004; 2005; Vidal-Martinez et al. 2009.). Os principais táxons utilizados: Trichodina spp.

(Palm e Dobberstein 1999; Ogut e Palm 2005); Monogenoidea (Madi e Ueta 2009);

Digenea (Anderson 1988; Galli et al. 2001); Cestoda (Sures et al. 1997; Giese 2010);

Nematoda (Morais 2011); Acanthocephala (Sures 1997; Zimmermman et al. 1999)

Crustacea (Galli 2001).

As espécies de Monogenoidea são ectoparasitas, monoxenos e vivem em contato

direto com o seu hospedeiro e o ambiente aquático. Parasitam principalmente as

brânquias, têm um curto ciclo de vida e reagem imediatamente a qualquer mudança

causada no ambiente. E dependendo do agente a população pode diminuir ou aumentar

(Sures 2001)

As espécies de Digenea são endoparasitas e heteroxênicas. Elas dependem de

espécies de moluscos, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos que vivem no ambiente

aquático para completar seu ciclo de vida (Thatcher 2006). De acordo com o tipo de

poluente este pode agir sobre qualquer um dos elos da sua cadeia de transmissão

7

acarretando a diminuição da população ou a extinção naquele ambiente (Valtonen et al.

2003).

As espécies de Acanthocephala são endoparasitas frequentes de peixes ocorrem

na maioria das vezes no intestino. Este táxon tem sido muito utilizado em estudos de

acumulo de metais pesados, pois acantocéfalos concentram mais metais pesados em seus

tecidos que seus hospedeiros (Sures et al. 1997; 2001).

O sistema de monitoramento através das espécies parasitas de peixes possui um

grande valor. Este responde a mudanças que ocorrem em muitas partes do ecossistema

aquático. Estas comunidades parasitas refletem mudanças na dinâmica populacional dos

hospedeiros definitivos e intermediários que estão em contato direto com os poluentes

(Landsberg et al. 1998; Diamant et al. 1999; Valtonen et al. 2003).

Conhecendo melhor essa fauna e suas relações com os peixes teremos um

indicador da situação natural desses ambientes. É ampliado o conhecimento sobre a

biodiversidade de parasitas de peixes amazônicos e as inter-relações com os hospedeiros

em diferentes níveis tróficos, identificando ainda espécies de parasitas com potencial

bioindicador (Morais 2011).

Para utilizar as espécies parasitas de peixes como bioindicadores foram

estabelecidos critérios que abrangem tanto o parasito como o hospedeiro indicador

(Overstreet 1997).

Critérios para selecionar uma espécie de peixe como hospedeira de espécies

parasitas indicadoras da qualidade ambiental (Overstreet 1997):

1. A área onde vive o peixe deve ser restrita. Devem residir em uma área pequena

ou bem definida onde passem a maior parte do tempo. Os peixes que fazem

grandes migrações e têm o habitat menos definido fica muito difícil avaliar a saúde

do ambiente, pois não se sabe em que local os parasitas foram adquiridos;

2. O peixe deverá ser capaz de servir como hospedeiro para um número grande de

espécies parasitas. Preferivelmente, pelo menos várias dessas espécies, devem

incorporar uma grande variedade de hospedeiros adicionais (intermediários,

paratênicos definitivos) com os seus ciclos de vida;

3. O peixe deve ser comum, de fácil captura e identificação. Uma vantagem

adicional é ser pequeno. Que facilitaria os processos de captura, exame, necropsia

e coleta dos parasitas. Peixes grandes são mais difíceis de serem capturados, se

gasta mais tempo para serem examinados e demandam mais trabalho para obter

8

dados histológicos.

Critérios para selecionar espécies parasitas como bioindicadoras ambientais

(Overstreet 1997):

1. Riqueza de espécies parasitas heteroxênicas, ou daquelas que têm mais de um

hospedeiro em seu ciclo de vida. Espécies parasitas que incluem mais de um

hospedeiro em seu ciclo de vida geralmente ocorrem em, relativamente, baixos

números em ambientes contaminados. Estes resultados podem ocorrer porque os

contaminantes reduzem ou eliminam os outros hospedeiros, intermediários ou

definitivos, nos ciclos desses parasitas ou porque o contaminante tem um efeito

tóxico diretamente em cima do parasita;

2. Informações biológicas e epidemiológicas sobre o ciclo de vida das espécies

parasitas para indicar a biodiversidade. O comportamento racional dessa

ferramenta é similar ao critério 1 (um), que é restrito ao número de espécies. Essa

ferramenta requer conhecimento adicional sobre o a história de vida das espécies

parasitas. Valores para a prevalência e intensidade média de uma espécie

específica de parasita em diferentes localidades demonstram a diferente natureza

dos habitats em termos das associações de invertebrados de vida livre e

hospedeiros vertebrados;

3. Informações epidemiológicas sobre as espécies parasitas que reproduzem dentro

(internamente) ou sobre (externamente) o hospedeiro. Essa ferramenta e a do

critério 4 (abaixo) consistem em valores de dados, onde os hospedeiros

apresentaram índices parasitários muito maiores nos ambientes altamente

contaminados do que naqueles sem contaminantes. A razão dessas altíssimas

infestações envolve um decréscimo da resistência ou imunidade do hospedeiro,

um aumento na fonte de nutrição da espécie parasita ou em uma interação com

outra infecção por um agente microbiano;

4. Alterações histológicas relativas à infestação por espécies parasitas e o estresse

causado pela substância contaminante. Como indicado acima no critério #3 o

contaminante pode reduzir a resistência do hospedeiro permitindo ao parasito

reproduzir e desenvolver. Isto pode causar necroses ou alguma outra condição

patológica no tecido do hospedeiro, os quais podem tornar-se uma fonte adicional

de nutrientes para a espécie parasita reproduzir ainda mais. Alguns desses

parasitos são externos, mas muitos são protozoários histozóicos e outros parasitos

9

internos.

Em adição ao uso das quatro abordagens acima, para amostragens simples e com

somente um ponto de amostra da saúde ambiental. O monitoramento “stricto senso” deve

ser conduzido em áreas cuidadosamente selecionadas, onde se tenha conhecimento dos

dados da rotina básica do local para servir como referência, para poder comparar com as

mudanças do parasitismo, da qualidade da água ou efluentes e também as mudanças no

tempo (Overstreet 1997).

Para essas amostragens, também seriam especialmente úteis, que os peixes

hospedeiros capturados tivessem amostras de indivíduos adultos e juvenis. E, que ao

menos periodicamente, deveriam ser examinadas para poder estimar quando uma espécie

específica de parasita foi ou não foi adquirida (Overstreet 1997).

Fatores que podem complicar os resultados na utilização das espécies parasitas

como indicadoras de qualidade ambiental (bioindicadores) segundo Overstreet

(1997).

1. Utilizar um ou mais locais de referência apropriados para comparação, utilizar o

mesmo peixe hospedeiro e se possível, os mesmos fatores para comparação

(mesma área geral, salinidade, profundidade da água, vegetação) e outras

características comparáveis. Os locais devem ser amostrados ao mesmo tempo ou

tão próximo quanto possível que os pressupostos de estarem contaminados.

2. Flutuações sazonais normais da espécie parasita podem produzir dados

enganosos, em especial quando o parasito possui ciclo de vida mais curto que a

biota está sendo avaliada. Se apenas uma coleta for planejada é ideal que seja no

período sazonal em que a abundância da espécie parasita esteja alta no local

escolhido. Além disso, fatores como efluentes antropogênicamente aquecidos

podem resultar no aumento de estágios infecciosos para o peixe, quando

comparados com uma área normalmente não aquecida.

3. Condições ambientais extremas ou atípicas, tais como inundações, furacões,

congelamento atípico, prolongados períodos de chuvas ou seca podem produzir

resultados enganosos, especialmente quando comparados com dados obtidos em

longo prazo ou ano - a - ano.

4. O efeito de algumas toxinas em situações específicas sobre um peixe pode

aumentar, ou influenciar na presença de um parasita específico ou vice-versa,

como indicado acima. A interação normal das condições ambientais para este

10

relacionamento também pode influenciar grandemente a saúde do hospedeiro e do

parasita.

5. A inter-relação entre as espécies parasitas pode produzir um aumento ou

diminuição do número de indivíduos ou espécies.

6. O modelo deverá ser adequado para acomodar uma grande riqueza de espécies

parasitas, levando em conta se os dados epidemiológicos devem ser considerados

como indicadores.

7. Se o hospedeiro possui uma vasta dispersão, poderia adquirir ou perder alguns

parasitas distante dos locais amostrais

Hospedeiro: Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855)

Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) pertence à ordem Siluriformes, a

família Loricariidae e a subfamília Hypostominae. Estes peixes têm o corpo roliço ou

achatado em seção transversal e corpo coberto por placas ósseas e formam de cinco a seis

séries sobre o tronco. Cada placa com pequenas estruturas ósseas, bastante ásperas ao tato

ou mesmo perfurantes, os odontódios (Reis et al. 2003; Santos et al. 2006; Soares et al.

2007). Para este gênero são conhecidas 16 espécies (Froese e Pauly 2017).

Pterygoplichthys pardalis ocorrem em áreas de várzea, lagos e margem de rios de

águas brancas. Nos locais onde a concentração de oxigênio é alta sua respiração é

totalmente aquática. Mas sua estratégia para explorar os ambientes pobres em oxigênio é

a utilização da respiração aérea acessória (Santos et al. 2006).

Assim como os demais loricariídeos, P. pardalis tem o estômago extremamente

vascularizado que é utilizado como órgão respiratório acessório que auxilia nas trocas

gasosas, quando há deficiência de oxigênio na água. Por causa desta função, o alimento

não fica retido no estômago e vai direto para o intestino (Brito, 1981; Almeida-Val et al.

1999).

Pterygoplichthys pardalis é endêmico a bacia Amazônica e ocorre ao longo do rio

Amazonas/Solimões (Reis et al. 2003). É um peixe detritívoro que se alimenta de matéria

orgânica particulada e micro-organismos associados, como protozoários fungos e

bactérias. Detrito é a mais importante fonte de alimentos da planície inundada da

Amazônia e cerca de 40% da ictiomassa utiliza esse recurso (Yossa e Araújo-Lima 1998;

Santos et al. 2006).

Muitas espécies de peixes consomem detrito na região Neotropical. Algumas

ocasionalmente, outras, como as espécies da família Prochilodontidae, Curimatidae e

11

Loricariidae são altamente especializados no consumo deste recurso. Elas alimentam-se

exclusivamente de detrito (Weber 1992).

Espécies detritívoras são dominantes nas assembleias de peixes na planície de

inundação dos rios da América do Sul. Elas representam mais de 40% da ictiomassa

(Araújo-Lima et al. 1995). É uma parte importante da biomassa dos peixes da bacia

amazônica (Araújo-Lima et al. 1986).

As espécies detritívoras mais importantes são: Prochilodus nigricans Agassiz,

1829; P. pardalis; Semaprochilosdus insignis (Jardine & Schomburgk, 1841); S.

taeniurus (Vallenciennes, 1817); Pothamorhina altamazonica (Cope, 1878); P.

pristigaster (Steindachner, 1876); P. latior (Spix & Agassiz, 1829); Psectrogaster

amazonica Eigenmann & Eigenmann, 1889; Curimata inornata Vari, 1989 (Araújo-Lima

et al. 1986; Yossa e Araújo-Lima, 1998; Santos et al. 2006).

Pterygoplichthys pardalis tem o intestino longo e enovelado, com cerca de 18

vezes o seu comprimento total, que auxilia na digestão e absorção da matéria orgânica

ingerida (Brito 1981). É considerado de grande porte, pode chegar a 50 cm. É a espécie

da família Loricariidae mais importante comercialmente na calha do rio

Solimões/Amazonas devido à sua abundância e aceitação no mercado (Batista e Petrere

2003).

Existem poucas informações sobre as espécies de parasitas que utilizam os peixes

detritívoros como hospedeiros intermediários e definitivos. Entre os trabalhos que

focaram seus estudos neste grupo podem ser citados Thatcher (2006) que estudou várias

espécies, mas sem um aprofundamento e mais recente Porto (2009) onde foi estudada a

fauna componente de parasitas de P. pardalis de lagos de várzea.

São citados para P. pardalis sete espécies parasitas de quatro grupos. Parasitando

as brânquias as espécies de Monogenoidea: Unilatus sp. e Heteropriapulus sp.; e larvas

de Nematoda. O Branchiura parasito da cavidade branquial Dolops geayi (Bouvier, 1897).

Parasitos dos olhos, estômago e gônadas, metacercárias livres de Austrodiplostomum

compactum (Lutz, 1928). Parasito do estômago Megacoelium spinicavum Thatcher &

Varella, 1981 adultos. Parasitos do intestino Gorytocephalus sp. (Thatcher 1981; 2006;

Thatcher e Varella 1981; Jogunoori et al. 2004; Kritsky 2007; Eiras et al. 2010; Porto et

al. 2012).

Pterygoplichthys pardalis é uma espécie que atende a todos os critérios propostos

por Overstreet (1997) para que uma espécie de peixe possa ser usada como hospedeira de

espécies parasitas indicadores da qualidade ambiental:

12

1. A área onde P. pardalis vive é restrita, vive nos lagos de várzea da bacia Amazônica,

onde passa a maior parte do tempo;

2. É hospedeira de um número razoável de espécies parasitas. Essas espécies

incorporaram diferentes hospedeiros adicionais em seus ciclos de vida;

3. É um peixe muito comum, de fácil captura e identificação.

Figura 01 – Espécime adulto de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855)

(Escala=10cm).

13

OBJETIVOS

Figura 02 - Vista lateral da cabeça de Pterygoplichthys pardalis

(Castelnau, 1855) (Escala=1cm).

Figura 03 - Vista superior da cabeça de Pterygoplichthys

pardalis (Castelnau, 1855) (Escala=1cm).

Figura 04 – Boca ventral e dentes de Pterygoplichthys

pardalis (Castelnau, 1855) (Escala=1cm). Figura 05 - vista lateral dos raios dorsais de Pterygoplichthys

pardalis (Castelnau, 1855) (Escala=1cm).

Figura 07- padrão de coloração vista ventral de

Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) (Escala=1cm).

Figura 06- padrão de coloração vista superior de

Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) (Escala=1cm).

14

OBJETIVOS

Objetivo geral

Conhecer as espécies de metazoários parasitas de um peixe detritívoro de

lagos de várzea do rio Solimões, P. pardalis e avaliar seu uso como

espécies bioindicadoras de efeito de mudanças ambientais na Amazônia

Central.

Objetivos específicos:

Identificar as espécies de parasitas metazoários de P. pardalis dos lagos

várzea estudados;

Determinar os índices parasitários de cada espécie parasita;

Detectar padrões temporais nas infestações pelas espécies de parasitas;

Avaliar e selecionar as espécies parasitas que preencham os critérios para

serem utilizadas indicadoras ambientais.

15

MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi desenvolvido em colaboração com o projeto “Inteligência

Socioambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na Amazônia – “PIATAM”, um

projeto interinstitucional e interdisciplinar que envolveu instituições de ensino e pesquisa

e teve como principal meta a caracterização socioambiental da área de atuação da

Petrobrás no estado do Amazonas. O presente trabalho se insere na subárea de

Ictioparasitologia no projeto “Estudo da fauna de parasitas de peixes e sua avaliação como

bioindicadores ambientais, na Amazônia Central”.

Área de estudo

Caracterização da área de estudo e coleta dos dados

Os lagos amostrados são lagos de várzea localizados ao longo das margens do rio

Solimões. Áreas essas denominadas de várzeas baixas, influenciadas pelo pulso de

inundação na época de cheia, sendo abastecido por lençol freático ou igarapés oriundos

da floresta circundante no período da seca. Os lagos amostrados foram: Baixio; Preto;

São Tomé (rio Purus); Ananá; Araçá localizados no trecho compreendido entre as cidades

de Manaus e Coari no estado do Amazonas, em um trecho de aproximadamente 400 km.

As coordenadas geográficas e características físicas de cada lago estão descritas abaixo.

Figura 8 - Imagem de satélite e localização geográfica dos lagos ao longo do rio Solimões

(Fonte: Google Earth).

16

Lago do Baixio (S 03°17’27,2”/ W 60°04’29,6”) localizado no município de

Iranduba é elíptico com área de 79,776 ha e água de cor branca. Próximo às margens

ocorrência de macrófitas aquáticas: Eichhornia crassipes (Mart.) Solms; Paspalum

repens Berg.; Pistia stratiotes Linné, 1753 entre outras. Profundidade máxima de 8,50 m,

na cheia e mínima de 0,85 m na seca.

Lago Preto (S03°21’17,1”/ W60°37’28,6”) localizado no município de

Manacapuru é mais redondo que alongado com área de 221,203 ha. Água de cor de chá,

no período da cheia, com a influência das águas do rio Solimões, ela torna-se mais turva.

Profundidade máxima 7,16 m na cheia e mínima de 0,15 m na seca.

Lago São Tomé (S03˚50'32,4"/ W61˚25'45,4") localizado no rio Purus, um rio de

águas brancas que representa 5% (375.000 km2) da área da bacia do rio Amazonas e

possui aproximadamente 21,000.00 ha de planícies de inundação em suas margens,

constituindo a maior área de planície inundada dentre os afluentes do rio Amazonas

(Goulding 1980). Destaca-se por possuir uma ictiofauna rica com mais de 180 espécies

de peixes, que constitui um grande estoque pesqueiro.

Lago Ananá (S03°53’54,8”/ W61°40’18,4”) localizado no município de Anori,

com área de 551,43 ha e água de cor branca. Lago com um volume muito grande de água

na cheia e na vazante/seca reduziu-se a um canal estreito. Profundidade máxima de 9,37

m na cheia e mínima de 1,08 m na seca.

Lago Araçá (S03°45’04,3”/ W62°21’25,9”) localizado na margem esquerda do

rio Solimões com área é de 188,89 ha e água de cor branca. Lago bastante largo na cheia

e na seca tem uma grande área recoberta por macrófitas aquáticas: Utricular ia foliosa L.

1753; Salvina agriculta Abule; Protenderia sp.; P. repensa Berg. (Prado 2005).

Profundidade máxima de 9,76 m na cheia e mínima de 1,30 m na seca.

Coleta, identificação e transporte dos peixes.

Foram realizadas quatro excursões, no ano de 2012, para cobrir os períodos de

cheia, seca, enchente e vazante. Cada viagem de campo durou cerca de sete dias corridos

sendo as coletas bimensais. As capturas dos peixes, para as análises parasitológicas,

foram realizadas em parceria com o grupo de pesquisa da ictiofauna do projeto PIATAM.

O esforço de pesca foi padronizado, em todas as estações e amostragens, por meio do uso

de redes de espera, dispostas aleatoriamente nos lagos, não obedecendo a um padrão

17

quanto ao local amostrado (margens, água aberta, pausadas, vegetação flutuante).

As redes tiveram dimensões de 20 m de comprimento por 2 m de altura e os

tamanhos das malhas foram de 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 e 100 mm entre nós adjacentes.

O tempo de permanência das redes na água foi de aproximadamente de 10 horas por lago,

período diurno, com duas despescas ao longo deste tempo.

Todos os pontos de coleta foram fixados com a utilização de um GPS (Sistema de

Posicionamento Global) Garbin e-Trecho, para diminuir a margem de erro na recolocação

das redes. Os peixes capturados foram triados e identificados em campo com o auxílio de

chaves e de especialistas. Dentre os peixes coletados, alguns foram selecionados para

serem depositados na Coleção de Peixes Piatam, localizada na Universidade Federal do

Amazonas.

Nos peixes identificados em campo foram examinados imediatamente: a

superfície do corpo; a base das nadadeiras; a cavidade branquial; a cavidade bucal; a

cavidade anal e brânquias a procura de ectoparasitos. Quando encontrados imediatamente

foram coletados, fixados e conservados de acordo com o grupo pertencente para

identificação no laboratório de Parasitologia de Peixes (LPP) do Instituto Nacional de

Pesquisas do Amazonas (INPA).

Posteriormente os peixes foram pesados, medidos e necropsiados, registrados em

fichas de campo, e seus órgãos acondicionados em frascos e registrados de acordo com o

local de coleta e guardados em caixas de isopor na embarcação. Ao chegar a Manaus as

caixas de isopor de 120 litros foram transferidas para o LPP do INPA, onde foram

organizadas até o momento da triagem.

Tamanho das amostras

Como se trata de exemplares de populações naturais, o tamanho efetivo

populacional é desconhecido e, consequentemente não é estatisticamente possível

estabelecer um grau de confiança para detectar pelo menos um exemplar parasitado para

um determinado grau de prevalência. Dessa forma, o tamanho da amostra foi o maior

possível levando em conta as possibilidades de coleta, posterior armazenamento e

processamento do material (Eiras et al. 2006).

Necropsia dos peixes

No laboratório os frascos com os órgãos dos peixes fixados foram retirados das

18

caixas de isopor. Cada exemplar teve uma ficha onde todos os dados referentes ao

hospedeiro, local coletado, condições do peixe, dia, hora, local, coletor, necropsiador,

parasitos, aparência externa, sexo e estágio gonadal (quando possível), número de

parasitas, local de fixação foram registrados. A necropsia foi realizada seguindo o roteiro

do Laboratório de Parasitologia de Peixes do Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (LPP/INPA) descrito resumidamente abaixo:

Roteiro de necropsia

Para cada peixe uma ficha de necropsia foi aberta onde todos os dados referentes

ao hospedeiro, local coletado, condições do peixe, dia, hora, local, coletor, necropsiador,

parasitos, aparência externa, sexo e estágio gonadal (quando possível), número de

parasitos, local de fixação foram registrados. As necropsias foram feitas em campo

seguindo um roteiro adaptado do Laboratório de Parasitologia de Peixes do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia (LPP-INPA).

Coleta e fixação das espécies parasitas

Todos os parasitos foram fixados em campo juntamente com o órgão que estavam

parasitando até o momento da necropsia no “Laboratório de Parasitologia de Peixes do

INPA. Exceto os espécimes de Branchiura, Isopoda, Annelida e larvas encistadas na pele.

Se encontrados, os indivíduos foram coletados com finos: pinceis; estiletes e pinças. A

metodologia de coleta sofreu algumas adaptações.

Monogenoidea: as brânquias foram retiradas e colocadas em frascos de tamanho

proporcional ao tamanho das brânquias contendo formol 1:4.000; agitadas algumas vezes;

e adicionando formol puro até obter a concentração de 5% (Amato et al. 1991). Para a

coleta de Monogenoidea parasitos da superfície do corpo, os hospedeiros foram

acondicionados em frascos com água quente (60 - 70ᵒC), agitados vigorosamente,

coletando-se posteriormente os parasitos foram conservados em formol 5% (Kritsky e

Stockwell 2005).

Para o exame das fossas nasais a cavidade nasal foi lavada com água destilada.

A roseta foi retirada, colocada em uma placa de Petri com água destilada e lavada várias

vezes com auxílio de uma pisseta. Cada dobra foi examinada, utilizando finos estiletes.

Todos os exames foram feitos sob microscópio estereoscópio. Também foram colocadas

inteiras em recipiente de vidro com tampa, com formol 1:4000 como no processo com a

s brânquias (Varella 1992; 1994; Varella e Malta 1995; 2001).

19

Digenea: foram examinados cuidadosamente o tegumento, escamas, nadadeiras,

a olho nu e com o auxílio de estereomicroscópio pontos brancos, amarelos ou pretos a

procura de metacercárias encistadas ou no líquido dos olhos. Verificado a presença, os

cistos foram rompidos para a liberação e coleta dos parasitas (Thatcher 1993).

Cada órgão interno foi aberto em uma placa de Petri individual. O conteúdo de

cada órgão foi passado por uma peneira de coleta com malha de 154 µm de abertura.

Após lavagem do conteúdo e da parede do órgão todo o material foi transferido para uma

placa de Petri com água da torneira. O órgão foi transferido para outra placa de Petri com

água de torneira. Com pinceis finos foram transferidos os helmintos para placas de Petri

com

Os digenéticos encontrados foram fixados com e sem compressão em A.F.A. (95

partes de etanol 70º GL, 3 partes de formalina comercial (37-40%) e 2 partes de ácido

acético glacial), o tempo de compressão variou de 30 minutos a algumas horas. Estas

preparações foram feitas dentro de placas de Petri fundas, onde o fixador frio foi colocado

com cuidado (Amato et al. 1991; Eiras et al. 2006). Para os helmintos pequenos a

compressão foi feita entre lâmina e lamínula e os extremamente pequenos não foram

comprimidos. Depois de terminada a fixação os digenéticos foram retirados com auxílio

de finos pincéis e conservados em A.F.A. (Amato et al. 1991; Thatcher, 1993; Morais et

al. 2011).

Cestoda: o trato digestivo foi aberto e os cestoides (adultos e larvas) foram

coletados com pincéis, finos estiletes e pinças e transferidos para água destilada. Todos

os Cestoda quando pequeno (metacestódeos) ou seções contendo o escólex, porção

imatura, madura e grávida foram levemente comprimidos entre lâminas e colocados no

fixador A.F.A. em temperatura ambiente (Kennedy e Andersen 1982; (Knoff com.

pessoal). Alguns helmintos foram levados ao refrigerador em água destilada por no

mínimo 24 horas, para possibilitar o relaxamento dos escólices. Larvas foram tratadas

como digenéticos pequenos. Sempre que estavam encistadas foram desencistadas (Amato

et al. 1991).

Acanthocephala: o trato digestivo foi aberto e os acantocéfalos coletados com

pinceis, finos estiletes e pinças. Evitando com que a probóscide se rompesse e ficasse

presa na parede intestinal, em seguida foram resfriados em refrigerador por

aproximadamente 24 horas em solução salina a 0,85% para que a probóscide ficasse

totalmente para fora do corpo, em seguida foram fixados em A.F.A. e posteriormente

20

armazenados em álcool 70º. As larvas foram tratadas como adultos, as não encistadas,

acantelas e as encistadas, cistacantos antes foram removidas do cisto (Amato et al. 1991).

Preparações das espécies parasitas

Monogenoidea: para o estudo dos órgãos internos os parasitos foram corados

com tricrômico de Gomori. Para o estudo morfométrico e das estruturas esclerotizadas,

espécimes foram montados em lâminas permanentes em meio de Hoyer’s modificado

para helmintologia e em Gray e Wess (Amato et al. 1991; Kritsky et al. 1995).

Digenea: para os estudos morfológicos os digenéticos foram desidratados pela

série alcoólica, corados com Carmim Alcoólico Clorídrico de Langeron (Langeron 1949),

diafanizados em óleo de imersão e montados em lâmina e lamínula em bálsamo do

Canadá (Amato et al. 1991; Eiras et al. 2006; Morais 2011).

Cestoda: foram corados pelo carmim de Langeron e Hematoxilina de Delafield,

diferenciados em álcool clorídrico a 0,5%, desidratados em série alcoólica crescente,

clarificados em creosoto de Faia e montados entre lâmina e lamínula com bálsamo do

Canadá ou preservadas em álcool 70 ° (Eiras et al. 2006; Morais 2011).

A terminologia das larvas de Cestoda seguiu a estabelecida por Chervy (2002),

baseada principalmente nas características morfológicas determináveis da larva de

Cestoda totalmente desenvolvida, ou a existência de uma lacuna principal e a retração ou

invaginação do escólex. As medidas foram dadas em mm.

Acanthocephala: os estudos anatômicos foram realizados de acordo com Amin

(1969). Para os estudos morfológicos os acantocéfalos foram corados com Carmim

Alcoólico Clorídrico e diafanizados em óleo de imersão (Eiras et al. 2006) e montados

em bálsamo do Canadá.

Análise dos dados

Descritores qualitativos das populações de parasitos foram: número de indivíduos,

estágio de maturação, sexo e dominância de cada espécie e sua importância. A descrição

quantitativa das infrapopulações de parasitas foi conforme os conceitos de Bush et al.

1997.

Índices parasitários

Os índices parasitários da prevalência (P), Intensidade (I); Intensidade média (IM)

e a abundância (A) foram calculados acordo com Bush et al. 1997:

1. Prevalência (%)

21

𝑷 = 𝑷𝑷

𝑷𝑬 𝑿 𝟏𝟎𝟎

PP-peixes parasitados, PE – peixes examinados

2. Intensidade média

𝑰𝑴 = 𝑵𝒔𝒑𝟏

𝑻𝑷𝑷𝒔𝒑𝟏

Nsp1 – total de espécimes da espécie 1, TPP sp1 – total de peixes parasitados por esta espécie 1

3. Abundância média:

𝑨𝑴 =𝑵𝑻𝑷𝒔𝒑𝟏

𝑵𝑻𝑷𝑬

NTPsp1 – número total de espécimes da espécie 1, NTPE – número total de peixes examinados.

Diversidade da comunidade componente

A diversidade parasitária de cada infracomunidade foi calculada através do índice de

Shannon (H'). O índice de Shannon se eleva conforme aumenta o número de espécies

presentes na amostra e a distribuição das espécies se torna uniforme. H'= 0 se apenas uma

espécie ocorre na amostra e H' é máximo quando todas as espécies são representadas pelo

mesmo número de indivíduos, isto é, em perfeita distribuição uniforme de abundância. É

baseado na abundância proporcional das espécies contidas na amostra.

𝑯′ = − ∑ (𝑷𝒆)(𝑳𝒏𝑷𝒆)𝑺𝒊=𝟏 𝑷𝒆 =

𝒏𝒆

𝑵

Onde:

S = número de espécies; Pe = abundância relativa da espécie; ne = número de indivíduos

da espécie e; N = número total de indivíduos; Ln = logaritimo neperiano.

Para se estimar a riqueza de parasitos em cada ponto por fase do período

hidrológico foi utilizado o índice de diversidade de Margalef (DMg) que analisa a relação

entre o número total de espécimes e o número total de indivíduos observados

𝑫𝑴𝒈=

𝑺−𝟏

𝑳𝒏(𝒏)

Onde:

S = Número total de espécies na amostra; n = Número total de indivíduos na amostra.

O cálculo da diversidade com base na dominância de uma ou mais espécies

22

parasitas na estrutura da comunidade componente foi realizado por meio do índice de

Berger-Parker que expressa a importância proporcional da espécie mais abundante.

𝒅 =𝒏𝑴𝒂𝒙

𝑵

Onde:

nmax = número de indivíduos da espécie mais abundante; N = número de indivíduos

presentes na amostra.

A equitatividade das espécies que equivale a proporção entre a diversidade

observada e a máxima foi calculada pela equitatividade de Pielou (J) baseado no índice

de Shannon-Wiener. A equitatividade mede o quanto as proporções das espécies estão

igualmente distribuídas. Pode assumir valores de 0 (dominância total de uma espécie) a

1 (todas as espécies com a mesma proporção).

𝑱 = 𝑯′

𝑳𝒏𝑺

Onde:

H’= é o índice de diversidade de Shannon; S = é o número de espécie presentes na

amostra.

O índice de Simpson (C) foi calculado para determinar a concentração para

dominância entre espécies parasitas, sendo que a dominância aceita quando C≥0,25.

𝑪 = 𝚺 (𝒏𝒊(𝒏𝒊 − 𝟏)

𝑵(𝑵 − 𝟏))

Onde:

ni = número de exemplares da espécie parasita i e N = número total de exemplares de

todas as espécies parasitas.

Foi calculado o índice de dominância (DA) para verificar o grau de dominância de

cada componente nas infracomunidade de parasitas entre os lagos estudados. É calculado

a partir:

𝑫𝑨 = 𝑵𝑨

𝑵𝑨+𝑵𝑩+𝑵𝑪…𝑵𝒏 X 100

Onde:

NA = dominância da espécie A; NA+NB+NC+……..NN = número de indivíduos das

23

espécies A,B,C......N.

O índice de dispersão (padrão de distribuição em relação à população hospedeira)

foi calculado através do quociente entre a variância e a abundância parasitária média de

cada espécie de parasita, sendo a distribuição considerada aleatória quando = 1, uniforme

quando < 1 e agregada quando > 1 (Zar, 1996).

𝑰𝑫 = (𝑺𝟐

𝒙)

Onde:

s2 = variância amostral; x = abundância parasitária média.

O grau de agregação foi obtido através do cálculo do índice de Green (Krebs,

1999). O índice de Green baseia-se na relação variância pela média e mostra quão

agrupados os indivíduos se encontram na população. Varia de 0 para distribuições

aleatórias até 1 para a máxima agregação.

𝑰𝑮 = (

𝑺𝟐

�̅� ) − 𝟏

𝚺𝒙 − 𝟏

Onde:

s2 = variância amostral; x = média amostral; x = somatória do número de indivíduos na

amostra.

Foi aplicado o coeficiente de similaridade de Jaccard, para verificar o grau de

similaridade entre as espécies-alvo nos lagos amostrados (Magurran 1983).

𝑪𝒋 = 𝒂

𝒂 + 𝒃 + 𝒄

Onde:

Cj = coeficiente de Jaccard; a = número de espécies comuns às duas amostras; b = número

de espécies presentes somente na amostra B; c = número de espécies que ocorrem somente

na amostra A.

Os componentes das infracomunidades parasitárias foram classificados de acordo

com Bush e Holmes (1986) em espécies centrais (presentes em mais de 2/3 (66,66%) dos

24

hospedeiros), espécies secundárias (presentes em 1/3 a 2/3 dos hospedeiros) e espécies

satélites (presentes em menos de 1/3(33,33%) dos hospedeiros).

Os índices parasitários e ecológicos foram avaliados para definir parâmetros da

comunidade de parasitas que poderão ser utilizados como bioindicadores de mudanças

ambientais.

Imagens, desenhos e medidas taxonômicas

Os desenhos foram feitos a partir de montagens totais de exemplares em lâminas

permanentes e provisórias em câmara clara acoplada a microscópio de luz com contraste

de fase Olympus BH. As fotomicrografias dos espécimes menores foram feitas em um

microscópio óptico Zeiss com câmera digital acoplada. Todos os desenhos são originais,

exceto os que a autoria é indicada na legenda da figura. Todas as medidas e escalas foram

feitas com o auxílio de uma ocular micrométrica e as medidas apresentam-se em

micrômetros ou milímetros com médias entre parênteses. Quando isso não ocorrer foi

indicada a unidade correspondente.

O material testemunho desse trabalho será depositado na coleção de invertebrados

não-insecta do INPA em Manaus.

25

RESULTADOS

Os resultados foram divididos em duas partes: taxonômica onde foi observada a

diversidade da comunidade componente e a estrutura da comunidade dos parasitas P.

pardalis. Foram analisados 248 indivíduos de P. pardalis capturados em cinco lagos de

várzea da Amazônia. A média do comprimento padrão dos peixes foi 24,5cm ± 8,8 e o

peso médio foi 213,9g ± 102,6. Foram coletados 1.635 espécimens parasitas incluídos em

quatro táxons: Monogenoidea (785); Digenea (795), Cestoda (1), Acanthocephala (50) e

Copepoda (4).

Taxonomia dos metazoários parasitas (Comunidade componente)

Monogenoidea

Foram encontradas três espécies de Monogenoidea: Unilatus brevispinus Suriano,

1985; Heteropriapulus heterotylus Jogunoori, Kritsky & Venkatanarasaiah, 2006;

Trinigyrus mourei Boeger e Jegú, 1989. Das espécies registradas a mais representativa na

infracomunidade de Monogenoidea foi U. brevispinus.

Platyhelminthes Gegenbaur, 1859

Monogenoidea Bychowsky, 1933

Dactylogyridae Bychowsky, 1933

Unilatus Mizelle e Kritsky, 1967

Unilatus brevispinus Suriano, 1985

Comentários: foram medidos 10 espécimes. Corpo longo 544 (408 – 629), fusiforme,

largura 88,6 (61,2 – 119), lobos cefálicos bem desenvolvidos, contendo dois órgãos

cefálicos. Faringe 22,7 (20 – 47). Haptor comprimento 87,1 (51 – 110), largura 71,5 (57,8

– 83). Barra dorsal comprimento 8,1 (5,2 – 11); ventral 10,6 (7,4 – 11). Cirrus

comprimento 88, 6 (72 – 100) e Peça acessória 72,2 (66 – 80). As medidas estão de acordo

com a descrição original da espécie. Foi a espécie com maior prevalência e intensidade

entre as espécies de Monogenoidea.

26

Heteropriapulus heterotylus Jogunoori, Kritsky & Venkatanarasaiah, 2006

Comentários: foram medidos 8 espécimes. Corpo longo 258 (187 – 340), fusiforme,

largura 73,1 (51 – 102), lobos cefálicos bem desenvolvidos, contendo dois órgãos

cefálicos. Faringe não observado. Haptor comprimento 40,3 (34 – 56,1), largura 55,4

(39,1 – 73,1). Barra dorsal comprimento 3,7 (2 – 5); ventral 5,2 (3,4 – 3). Cirrus

comprimento 88,6 (72 – 100) e Peça acessória 72,2 (66 – 80). Espécie menos

representativa do grupo. Menor em comparação as outras espécies. Descrito em peixes

exóticos de aquários na Índia da mesma família de P. pardalis. O cirrus desta espécie é

bastante complexo na sua morfologia, e bastante distinto das demais espécies. As

características morfológicas encontradas estão na média para esta espécie de parasito.

Figura 9 – Desenho de Unilatus brevispinus Suriano, 1985. Escala = 1µm

Figura 10 – Fotomicrografia de Unilatus brevispinus

Suriano, 1985. Escala = 1µm.

27

Trinigyrus Hanek, Molnar & Fernando, 1974

Trinigyrus mourei Boeger & Jegú, 1994

Comentários: foram medidos 8 espécimes. Corpo longo 487 (425 – 487), formato

subcilíndrico, largura 168,4 (136 – 170), lobos cefálicas bem desenvolvidos, contendo

dois órgãos cefálicos. Faringe 28,2 (34 – 46). Haptor comprimento 96 (73,1 – 144) X

largura 231,1 (170 – 357). Barra comprimento 6,3 (5,4 – 8,8) X 179,1 (140 – 320). Cirrus

comprimento 21 (20 – 24) e Peça acessória 39,2 (28 – 48). Segunda espécie mais

representativa entre os Monogenoidea. Espécime mais robusto dentre as espécies

encontradas. Uma das características mais evidentes nesta espécie são lóbulos presentes

no haptor.

Figura 11 – Desenho original de Heteropriapulus heterotylus Jogunoori, Kritsky & Venkatanarasaiah,

2006. 1 - corpo inteiro, 2 – barra dorsal, 3 - âncora, 4 - Cirrus (MCO), 5 – barra ventral, 6- gancho, 7 -

âncora ventral. Escala = 1µm

28

DIGENEA

Foram encontradas 06 espécies de Digenea: três em fase de metacercárias e três

adultos. As metacercárias parasitavam os olhos, estômago, gônadas e superfície dos

órgãos internos. As espécies de metacercárias foram: Diplostomum sp.,

Austrodiplostomum compactum, Odhineriotrema microcephala e adultos de

Megacoelium spinispecum, M. spinicavum e Kalitrema kalitrema. Foi o grupo mais

abundante da comunidade componente de P. pardalis.

Trematoda Rudolphi, 1808

Digenea Carus, 1863

Strigeformes Travassos, Freitas & Kohn, 1969

Diplostomidae Poirier, 1886

Diplostominae Monticelli, 1892

Diplostomum Nordmann, 1832

Figura 12 - Desenho de Trinigyrus mourei

Boeger & Jegú, 1994. Escala = 1µm.

Figura 13 - Fotomicrografia em contraste de

fase de Trinigyrus mourei Boeger & Jegú,

1994. Escala = 1 µm.

29

Displostomum sp.

Comentários: foram medidas 10 metacercárias em µm: comprimento 616,5 ± 86,9 (509,4

– 792); largura 278,4 ± 49 (221,4 – 360); comprimento da ventosa oral 35,7 ± 5,4 (24,5

– 44,1); comprimento da faringe 33,9 ± 6,6 (25,9 – 44,1). Órgão tribocítico 77,7 ± 21,7

(52,2 – 133,2) de comprimento e 79,7 ± 28 (54 – 156,6) de largura. Por estar na fase de

metacercária não foi possível identificar até espécie. Apresenta ventosa oral, primórdios

de pseudoventosas, acetábulo elíptico, órgão tribocítico circular e primórdios de massa

testicular. Ocorreu parasitando estômago e superfície externa dos órgãos internos.

Figura 15 - Fotomicrografia de Diplostomum sp.

Escala = 1 µm

Figura 14 - Desenho de Diplostomum sp.

Escala = 1 µm

30

Austrodiplostomum Szidat & Nani, 1951

Austrodiplostomum compactum (Lutz, 1928)

Comentários: foram medidas três metacercárias em µm: comprimento 661,2 ± 80,2 (577,8

– 738); largura 294,4 ± (241,2 – 540); comprimento da ventosa oral 53,5,8 ± 19 (40 – 67);

comprimento da faringe 34,5 ± 9,1 (28 – 41). Órgão tribocítico 153,6 ± 46,1 (100 – 180)

de comprimento e 138 ± 28,9 (117 – 171) de largura. Região anterior com ventosa oral e

psedoventosas laterais, presença de pré-faringe, cecos intestinais terminando na região

posterior, sem acetábulo, células glandulares ocupando a maior parte da região anterior

estendendo-se do início do ceco intestinal até a região anterior ao órgão tribocítico e

possuindo segmento cônico posterior. Ocorreu parasitando somente os olhos.

Figura 16 - Fotomicrografia da metacercárias de

Austrodiplostomum compactum (Lutz, 1928) parasita dos olhos. Escala = 1 µm

Figura 17 – Desenho da metacercárias de

Austrodiplostomum compactum (Lutz, 1928)

parasita dos olhos. Escala = 1 µm

31

Haploporidae Nicoll, 1914

Chalcinotrematinae Overstreet & Curran, 2005

Megacoelium Szidat, 1954

Megacoelium spinicavum Thatcher &Varella, 1981

Comentários: foram medidos cinco adultos de M. spinicavum em mm: comprimento

0,7±0,1 (0,5 - 0,1); largura 0,4±0,1 (0,3-0,5); comprimento da ventosa oral 0,1±0,04 (0,09

– 0,2); comprimento da faringe 0,1±0,07 (0,09 – 0,3) e 0,2±0,09 (0,09 – 0,3) de largura,

acetábulo 0,2±0,09 (0,09 – 0,3) de comprimento e 0,08±0,02 (0,05 – 0,1) de largura.

Ambas as espécies ocorreram parasitando apenas o estômago. Este é o primeiro registro

de M. spinicavum para P. pardalis. Somente M. spinicavum era citada para este

hospedeiro. M. spinicavum ocorreu parasitando em mais hospedeiros e uma abundancia

maior que M. spinispecum.

Figura 18 – Desenho de Megacelium spinicavum Thatcher &Varella, 1981. Escala = 1 µm

32

Megacoelium spinispecum Thatcher & Varella, 1981

Comentários: foram medidos sete adultos de M. spinispecum em mm: comprimento 4,1±

1,7 (2,3 - 6); largura 1,7±0,7(0,9 – 2,5); comprimento da ventosa oral 0,3±0,2 (0,1 – 0,6);

comprimento da faringe 0,5±0,2(0,1 – 0,4) e 0,6±0,2(0,1 – 0,4) de largura, acetábulo

0,6±0,2 (0,3 – 0,9) de comprimento e 0,2±0,1 (0,3 – 0,9) de largura.

Figura 19 – Desenho de Megacelium spinispecum Thatcher & Varella, 1981. Escala = 1 µm

33

Figura 20 - Adulto de Odhneriotrema microcephala

(Travassos, 1922) Original Travassos 1969.

Figura21 - Metacercária de Odhneriotrema

microcephala (Travassos, 1922). Escala =

1 µm.

Clinostomidae Luhe, 1901

Odhneriotrematinae Travassos, Freitas & Kohn, 1969

Odhneriotrema Travassos, 1928

Odhneriotrema microcephala (Travassos, 1922)

Comentário: Foram medidos sete metacercárias de O. microcephala em µm:

comprimento 3231 ± 1163,4 (1620 -4680); largura 1134 ± 333(469 –1368); comprimento

da ventosa oral 207 ± 83,4 (108 –342); comprimento da faringe 249 ± 97,5 (0,1 – 0,4) e

111 ± 99,5(108 – 252) de largura, acetábulo 657 ± 145 (396 – 828) de comprimento e 728

± 189 (360 – 900) de largura. Ocorreu parasitando as gônadas na forma de cistos amarelos

bem conspícuos.

34

Figura 22 - Fotomicrografia da metacercária de Odhneriotrema microcephala (Travassos, 1922). Escala = 1 µm.

Paramphistomata Szidat, 1936

Cladorchiidae Southwell & Kirshner, 1932

Kalitrematinae Travassos, 1933

Kalitrema Travassos, 1933

Kalitrema kalitrema Travassos, 1933

Comentários: Dois indivíduos foram encontrados e parasitando somente o intestino. Esta

espécie é registrada apenas para a região neotropical e endêmica para o Brasil.

Figura 23 – Órgãos internos do adulto de Kalitrema kalitrema Travassos, 1933

35

Figura 24 – Desenho do Adulto de Kalitrema kalitrema Travassos, 1933. Escala = 1 µm.

CESTODA

Cestoda Van Beneden, 1849

Proteocephalidea Mola, 1928

Proteocephalidae La Rue, 1911

Comentário: Os espécimes não foram medidos e nem foi possível desenhá-las pois não

possuíam nenhum órgão interno evidente. Este é o primeiro registro de uma espécie de

Cestoda para P. pardalis. Sendo está espécie fixada na superfície do intestino na forma

de um cisto. Puderam ser observados vários cistos e seu aspecto era semelhantes a

gordura.

36

Figura 25 – Ventosas e órgão apical do escólex da larva de Proteocephalidea. Escala = 1 µm.

Figura 26 – Escólex da larva de Proteocephalidea. Escala = 1 µm.

37

ACANTHOCEPHALA

Acanthocephala Rudolphi, 1801

Neoechinorhynchidae Van Cleave, 1929

Neoechinorhynchinae Travassos, 1926

Gorytocephalus Nickol e Thatcher, 1971

Gorytocephalus elongorchis Thatcher, 1981

Comentário: Foram medidos oito adultos, um macho e sete fêmeas em mm: fêmeas

comprimento 18,5 ± 5,6 (11,8 – 29,4); largura 1,6 ± 1,2 (0,8 – 4,5); largura da crista 0,08

(0,05 – 0,1); comprimento do lemnisco maior 1,8 ± 1,7 (2,6 – 3,8), lemnisco menor 1,4 ±

1,3 (2,3 – 2,7) de largura; área reprodutiva 0,3±0,06 (0,3 – 0,5). Macho comprimento

11,5; largura 1,2; largura da crista 0,05; comprimento do lemnisco maior 2,8; lemnisco

menor 1,8 de largura; testículo anterior 1,6 x 0,3 e posterior 0,9 x 0,2. Área reprodutiva

0,4. Ocorreu parasitando o intestino, nenhum espécime foi encontrado fixado na parede

do intestino.

A

B

Figura 28– A) Adulto macho de Gorytocephalus elongorchis Thatcher, 1981, B) Detalhe probóscide.

(Desenho original Thatcher, 1981). Escala = 1mm.

38

COPEPODA

Copepoda Edwards, 1840

Ergasilidae Nordmann, 1832

Therodamas Kroyer, 1863

Therodamas elongatus (Thatcher, 1986)

Comentários: o espécime encontrado uma fêmea pós-metamórfica que estava penetrada

profundamente no arco branquial. Esta é uma das principais características deste táxon

que evoluiu para perfurar os arcos branquiais dos peixes. Até o momento para a região

Amazônica existe apenas o registro de T. elongatus.

B C

CRISTA

Figura 30 – A) Therodomas elongatus; B) primeira antena e C) segunda antena. (Desenhos originais de Thatcher,

1986). Escala em micrômetros.

Figura 29– Parte anterior fêmea adulta de Gorytocephalus elongorchis

Escala = 1mm

A

39

Biodiversidade dos metazoários parasitas (Comunidade componente)

Foram analisados 248 espécimes de P. pardalis coletados em cinco lagos de

várzea ao longo do rio Solimões. Espécies de cinco táxons foram encontradas parasitando

P. pardalis: Monogenoidea, Digenea, Cestoda, Acanthocephala e Copepoda. Digenea foi

o táxon com maior diversidade com 50% das espécies (6 espécies), seguido por

Monogenoidea 25% (3 espécies), Cestoda (1), Acanthocephala (1) e Copepoda (1) com

8, 33% (Tabela 01).

Dos doze taxons parasitas de P. pardalis 8 espécies eram adultas, 3 na fase de

metacercárias e uma na fase de larva. Três espécies tiveram os maiores valores de

prevalência (acima de 10%) e intensidade média: de Monogenoidea: U. brevispinus;

Digenea: Diplostomum sp. e o Acanthocephala: G. elongorchis (Tabela 01).

Entre os lagos amostrados U. brevispinus e Diplostomum sp. foram as espécies

parasitas que apresentaram os maiores índices parasitários. Unilatus brevispinus

apresentou sua maior prevalência no lago Baixio, a maior intensidade média no lago

Ananá e a maior abundância média no lago Preto. Diplostomum sp. apresentou sua maior

valor de prevalência no lago Baixio, a maior intensidade média no lago Preto e a maior

abundância média no lago Ananá (Tabela 02).

Das espécies identificadas, nenhuma foi considerada central em nenhum dos

lagos. As espécies apresentaram uma classificação de importância como Secundaria e

Satélite entre os lagos (Tabela 02).

Diplostomum sp. foi a única espécie de parasita que ocorreu parasitando três

órgãos: estômago, gônadas e superfície dos órgãos internos (cavidade interna) (Tabela

03). As brânquias foram os órgãos mais parasitados (4 espécies), estômago (três

espécies), intestino (duas espécies) e gônadas duas espécies. Nos olhos ocorreu uma

espécie A. compactum (Tabela 01).

Três espécies parasitas ocorreram somente em peixes de um lago: K. kalitrema no

lago Preto, Proteocephalus sp. no lago Ananá e T. elongatus no lago Araçá. Todas as

demais ocorreram nos cinco lagos amostrados. Este é o primeiro registro destas espécies

para P. pardalis.

40

Tabela 01 – Índices parasitários, número de peixes parasitados, estágio de desenvolvimento e órgãos parasitados pelas espécies parasitas de

Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) capturados em lagos de várzea do rio Solimões. PP – Peixes parasitados, ED – estágio de desenvolvimento, P – prevalência; IM – intensidade média, AM – abundância média, AV – amplitude de variação, OP – órgãos

parasitados, B – brânquias, Est – estômago, Gon – gônadas, Int – intestino, So – superfície dos órgãos internos, Si – superfície do intestino.

PARASITAS PP ED P% IM AM AV OP

MONOGENOIDEA

Unilatus brevispinus 40 Adulto 16,1 12,3±11,9 1,9±6,5 1 - 40 B

Heterotylus heteropriapulus 12 Adulto 4,8 6,6±6,4 0,3±1,9 1 - 23 B

Trinigyrus mourei 23 Adulto 9,2 9,6±12,1 0,8±4,4 1 - 52 B

DIGENEA

Diplostomum sp. 86 Metacercária 34,6 7,7±12,2 2,6±8,3 1 – 81 Est,Gon,So

Austrodiplostomum compactum 15 Metacercária 6 1,9±1 0,1±0,5 1 – 4 O

Megacoelium spinicavum 12 Adulto 4,8 2,9±2,7 0,1±0,8 1 – 10 Est

M. spinispecum 7 Adulto 2,8 2,7±1,7 0,04±0,3 1 – 5 Est

Odhineriotrema microcephala 13 Metacercária 5,2 3,6±3 0,1±1,1 1 - 11 Gon

Kalitrema kalitrema 2 Adulto 0,8 1 0,08 1 Int

CESTODA

Proteocephalidea 1 Larva 0,8 1 0,03 1 Si

ACANTHOCEPHALA

Gorytocephalus elongorchis 33 Adulto 13,3 1,5±1,1 0,2±0,6 1 – 4 Int

COPEPODA

Therodamas elongatus 4 Adulto 9 1 0,01 1 B

41

No geral os descritores ecológicos não variaram consideravelmente entre os lagos.

Pequenas variações foram detectadas quando comparados os índices entre os mesmos

lagos durante as fases do período hidrológico (Tabela 05, 06, 07 e 08).

A maior riqueza de espécies parasitas ocorreu no período da enchente no lago São

Tomé, com 9 espécies. A menor ocorreu também no período da enchente, no lago Baixio

com apenas uma espécie, Diplostomum sp. (Tabela 05).

O valor estimado pelo índice de Shannon com dados de abundância foi maior no

período da vazante no lago Baixio (H’=1,67). O menor valor foi no período de seca no

lago Araçá (H’= 0,09) (Tabela 07 e 08).

O maior valor de riqueza específica estimado pelo índice de Margalef foi de (DMg

= 1,54) ocorreu no lago Araçá no período da enchente. O menor (DMg = 0,36) no lago

Ananá no período da seca (Tabela 05 e 08).

A dominância estimada pelo índice de Berger-Parker (d) foi maior no lago Araçá

no período da seca d = 0,98. O menor foi também no lago Araçá, no período da vazante

d = 0,27 (Tabela 07 e 08) ambos para Diplostomum sp.

O maior valor de equitatividade foi registrado no período da enchente no lago

Araçá J = 0,95. O menor valor registrado para este índice foi no lago Ananá no período

da seca J = 0,14. (Tabela 05 e 08).

A comunidade parasitária de P. pardalis apresentou concentração para a

dominância nas fases do período hidrológico avaliada por meio do índice de Simpson (C)

com valores de C = 25 na enchente, C = 0,53 no período da cheia, C = 0,31 no período

da vazante e C = 0, 88 no período da seca para Diplostomum sp.

Dentre os componentes das infracomunidade de P. pardalis houve a dominância

por duas espécies durante as fases do período hidrológico. A primeira o monogenóideo

U. brevispinus na fase enchente (56,1 %) e vazante (81,6). A segunda o digenético

Diplostomum sp. na fase de cheia (73,2 %) e seca (93%) (Tabela 09).

O resultado do índice de dispersão (ID) mostrou que a maioria das espécies (7)

apresentou uma dispersão agregada nas fases do período hidrológico. O índice de Green

(IG) mostrou que todas as espécies apresentaram uma dispersão aleatória.

42

Tabela 02 – Prevalência (P), Intensidade média (IM), Abundância média (AM) e Status comunitário das espécies parasitas de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855). S –

Secundária, St – satélite. NO – não ocorreu.

Tabela 03 - Prevalência (P), Intensidade media (IM) e abundância média (AM) de Diplostomum sp. espécie parasita do Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) por órgão

parasitado e lago onde foi capturado Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) capturados em cinco lagos, 2012. S – Secundária, St – satélite. NO – não ocorreu. Est-estômago,

gon-gônada e So-superfície dos órgãos.

Baixio Preto São Tomé Ananá Araçá

Parasitas P/ IM/ AM P/ IM/ AM P/ IM/ AM P/ IM/ AM P/ IM/ AM

MONOGENOIDEA

Unilatus brevispinus 45S/ 2,4±1/ 1,1±1,4 17,6 ST / 22,7±13,4/ 4±10 15,4 ST / 10,5±9,5/ 1,6±5,2 3,2 ST / 25±15/ 0,8±4,8 20,4 ST / 11±9,7/ 2,2±6,1

Heterotylus heteropriapulus 5ST/ 1/ 0,05±0,2 13,7 ST /8,2±8/ 1,1±4 2,8 ST / 5±1,4/ 0,1±0,8 NO 4,5 ST / 5,5±2,1/ 0,2±1,2

Trinigyrus mourei 25ST/ 1,8±0,8/ 0,4±0,8 13,7 ST /14,5±9/ 2±5,9 8,4 ST / 11,3±20/ 0,9±6,2 1,6 ST / 10/ 0,1 6,8 ST / 8±7/ 0,5±2,5

DIGENEA

Diplostomum sp. 40S/ 4,1±5,8/ 1,6±4,1 17,6 ST / 4,8±4,6/ 0,8±2,6 30,9 ST / 5,4±5,4/ 1,6±3,9 30,6 ST / 15,2±21,8/ 4,6±13,8 38,6 S / 10,7±11,2/4,1±8,6

Austrodiplostomum compactum 15ST/ 2,6±1,5/ 0,4±1 3,9 ST / 1,5±0,7/ 0,05±0,3 9,8 ST / 1,5±1,1/ 0,1±0,5 1,6 ST / 2/ 0,03±0,2 4,5 ST / 2,5±/ 0,1±0,5

Megacoelium spinicavum 15ST/ 2±1/0,3±0,8 1,9 ST / 1/ 0,01±0,1 2,8 ST / 6±5,6/ 0,1±1,2 6,4 ST / 3,5±2,3/ 0,2±1 4,5 ST / 1/ 0,04±0,2

M. spinispecum NO NO 2,8/ 2±1,4/ 0,05±0,3 3,2/ 3,5±2,1/ 0,1±0,6 NO

Odhineriotrema microcephala 20ST/ 5,5±4/ 1,1±2,7 5,8 ST / 2±1,7/ 0,1±0,5 1,4 ST / 1/ 0,01±0,1 6,4 ST /4,2±2,8/ 0,2±1,2 2,2 ST / 2±/ 0,04±0,3

ACANTHOCEPHALA

Gorytocephalus elongorchis 10ST/ 3±2,8/ 0,3±1,1 21,5 ST / 2,1±1,3/ 0,4±1 15,4 ST / 1/ 0,1±0,3 9,6 ST / 1/ 0,09±0,2 6,8 ST / 1/0,06±0,2

Baixio Preto São Tomé Ananá Araçá

Parasitas P/ IM/ AM P/ IM/ AM P/ IM/ AM P/ IM/ AM P/ IM/ AM

Diplostomum sp. Est 5ST/ 6 / 0,3±1,3 11,7 ST / 6±5,1/ 0,7±2,5 7 ST / 6±5/ 0,4±1,9 14,5 ST / 9,8±15,1/ 1,4±6 6,8 ST / 2±/0,1±0,5

Diplostomum sp. gon 15ST/ 1,3±0,5/ 0,2±0,5 3,9 ST / 3±2,8/ 0,1±0,7 2,8 ST / 7,5±2,1/ 0,2±1,2 1,6 ST / 13/ 0,2±1,6 NO

Diplostomum sp. So 20ST/ 5,5±7,7/ 1,1±3,8 3,9 ST / 1/ 0,03±0,1 23,9 ST / 4,4±5,3/ 1±3,1 24,1 ST / 12,5±22/ 3±12 36,3 S/ 11±/ 4±8,5

43

Os maiores valores do índice de dispersão foram para: U. brevispinus na fase da seca (ID

= 45), H. heteropriapulus na fase da cheia (ID = 32, 9) e Diplostomum sp. na fase da seca (ID =

30,6) (tabela 10).

O coeficiente de associação de Jaccard calculado para verificar o grau de similaridade das

espécies entre os pontos de coleta mostrou uma baixa similaridade entre os lagos durante as fases

do período hidrológico (Tabela 11).

Das doze espécies encontradas na comunidade componente, duas espécies destacaram.

Elas ocorreram parasitando o maior número de hospedeiros e apresentaram as maiores

prevalências e intensidade médias: Diplostomum sp. e U. brevispinus.

Destas duas espécies, apenas Diplostomum sp. se adequa aos requisitos propostos por

(Overstreet 1997) para espécies parasitas serem usadas bioindicadoras de mudanças ambientais.

Porém como as espécies ectoparasitas são boas indicadoras de hidrocarboneto (Khan e Thulin,

1991) pois em contato com estes compostos sua fisiologia é estimulada a reprodução. Como estas

duas espécies destacarem-se das demais, a estrutura de suas populações foram avaliadas mais

detalhadamente.

A variação da prevalência durante o período hidrológico indicou que Diplostomum sp.

apresentou as maiores prevalências, em P. pardalis, na fase da cheia e seca. Unilatus brevispinus

as menores prevalências, em P. pardalis, no período da seca (Figura 30).

A variação da intensidade média durante o período hidrológico indicou que Diplostomum

sp. apresentou as maiores intensidades médias, em P. pardalis, na fase da cheia e seca. Unilatus

brevispinus teve as maiores intensidades médias, em P. pardalis, no período de enchente e cheia

(Figura 31).

A variação da abundância durante o período hidrológico indicou que Diplostomum sp.

apresentou as maiores abundâncias, em P. pardalis, na fase da seca. Unilatus brevispinus teve as

maiores abundâncias, em P. pardalis, no período da enchente (Figura 32).

Analisando os resultados da variação da prevalência de Diplostomum sp., durante as fases

do período hidrológico para cada lago, Diplostomum sp. apresentou baixa prevalência indicando

não ocorrer em muitos exemplares de P. pardalis (Figura 33). A intensidade média foi maior em

P. pardalis de três lagos: São Tomé, Ananá e Araçá, nos quatro períodos hidrológicos (Figura

34). A maior abundância ocorreu em P. pardalis do lago Ananá no período da seca (Figura 35).

Analisando os resultados da variação da prevalência de U. brevispinus, durante as fases

do período hidrológico, para cada lago. Unilatus brevispinus teve baixa prevalência indicando

não ocorrer em muitos P. pardalis, mas teve alta prevalência em P. pardalis de dois lagos o

Ananá e o Araçá, no período da cheia (Figura 36). A intensidade média foi maior em P. pardalis

44

de três lagos, o Preto, o Ananá e o Araçá, nos períodos da enchente e cheia (Figura 37). A maior

abundância ocorreu em P. pardalis do lago Preto, no período da enchente. Nos demais lagos

abundância foi baixa (Figura 38).

45

Tabela 04 – Estrutura da comunidade componente de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) entre os cinco lagos de várzea, na fase da

enchente.

Tabela 05 – Estrutura da comunidade componente de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) entre os lagos de várzea na fase da cheia.

Lagos Riqueza (S) Total de indivíduos (N) Shannon (H’) Margalef (DMg) Berger–Parker (d) Equitatividade (J)

Baixio 1 1 - - - -

Preto 8 455 1,39 1,15 0,48 0,56

São Tomé 2 12 0,45 0,40 0,83 0,65

Ananá 3 10 0,94 0,86 0,50 0,86

Araçá 4 7 1,35 1,54 0,28 0,95

Lagos Riqueza (s) Total de indivíduos (N) Shannon (H’) Margalef (DMg) Berger–Parker (d) Equitatividade (J)

Baixio 3 36 0,72 0,55 0,72 0,66

Preto 4 10 1,27 1,30 0,4 0,92

São Tomé 3 42 0,51 0,53 0,83 0,46

Ananá 7 95 1,51 1,31 0,37 0,77

Araçá 6 83 1,38 1,13 0,42 0,77

46

Tabela 06 Estrutura da comunidade componente de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) entre os lagos de várzea na fase da vazante.

Tabela 07 – Estrutura da comunidade componente de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) entre os lagos de várzea na fase da seca.

Lagos Riqueza (s) Total de indivíduos (N) Shannon (H’) Margalef (DMg) Berger – Parker (d) Equitatividade (J)

Baixio 7 70 1,67 1,41 0,31 0,86

Preto 2 10 0,32 0,43 0,9 0,46

São Tomé 7 61 1,54 1,45 0,40 0,79

Ananá 4 40 1,22 0,81 0,37 0,88

Araçá 6 116 1,12 1,05 0,27 0,62

Lagos Riqueza (s) Total de indivíduos (N) Shannon (H’) Margalef (DMg) Berger-Parker (d) Equitatividade (J)

São Tomé 9 238 1,47 1,46 0,37 0,67

Ananá 3 252 0,16 0,36 0,96 0,14

Araçá 3 127 0,09 0,41 0,98 0,08

47

Tabela 08- Índice de Dominância (D) em % das espécies parasitas de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) durante as fases do período

hidrológico. NO – não ocorreu.

Espécies parasitas Enchente Cheia Vazante Seca

Unilatus brevispinus 56,1 68,8 81,6 55,2

Heterotylus heteropriapulus 15,8 6,6 3,2 6,2

Trinigyrus mourei 27,9 24,5 15,0 38,5

Diplostomum sp. 51,1 73,2 56,4 93,8

Austrodiplostomum compactum 2,2 12,1 5 0,21

Megacoelium spinicavum 3,3 3,8 5,7 3,9

M. spinispecum 5,5 1,2 2,1 0,6

Odhineriotrema microcephala 4,4 7,6 22,1 0,2

Gorytocephalus elongorchis 30 1,2 7,8 0,6

48

Tabela 09 - Índice de dispersão (ID) e índice de Green das espécies parasitas de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) durante as fases do

período hidrológico. NO – não ocorreu.

Parasitas Enchente Cheia Vazante Seca

ID IG ID IG ID IG ID IG

Unilatus brevispinus 18 0,07 13,1 0,30 3,5 0,04 45 0,12

Heterotylus heteropriapulus 27 0,03 32,9 0,05 7,7 0,01 20,8 0,03

Trinigyrus mourei 14,7 0,04 7 0,11 3,8 0,01 5,9 0,27

Diplostomum sp. 8,8 0,08 13,3 0,07 15,4 0,10 30,6 0,06

Austrodiplostomum compactum 2,3 0,01 1,7 0,004 2,2 0,008 1 -

Megacoelium spinicavum 5,5 0,05 2 0,006 1 0 3,3 0,005

M. spinispecum 1 - 6 0,03 2,1 0,007 7,3 0,01

Odhineriotrema microcephala 4 0,03 5,4 0,02 6,2 0,03 1 -

Gorytocephalus elongorchis 1,8 0,008 3,3 0,01 2,1 0,007 1 -

54

Tabela 10- Coeficiente de Jaccard entre os lagos de coleta de Pterygoplichthys pardalis

(Castelnau, 1855) durante as fases do período hidrológico. NO – não ocorreu.

Lagos Enchente Cheia Vazante Seca

Baixio/ Preto 0,14 0,25 0,25 -

Baixio/ São Tomé 0,25 0,28 0,18 -

Baixio/ Ananá 0,2 0,22 0,3 -

Baixio/ Araçá 0 0,16 0,12 -

Preto/ São tome 0,22 0,3 0,22 -

Preto/ Ananá 0,2 0,25 0,28 -

Preto/Araçá 0,1 0,22 0,16 -

São Tomé / Ananá 0,28 0,2 0,14 0,18

São Tomé / Araçá 0,14 0,14 0,2 0,18

Araçá/ Ananá 0,12 0,2 0,2 0,14

Figura 31 - Variação da prevalência de Diplostomum sp. e Unilatus brevispinus parasitas de Pterygoplichthys

pardalis (Castelnau, 1855) durante as fases do período hidrológico.

16

58.8

23.8

39

16 17.6

23.8

8

0

10

20

30

40

50

60

70

Enchente Cheia Vazante Seca

Pre

valê

nci

a

Período Hidrológico

Diplostomum sp U. brevispinus

50

Figura 32 - Variação da Intensidade média de Diplostomum sp. e Unilatus brevispinus parasitas de

Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) durante as fases do período hidrológico.

Figura 33 - Variação da abundância de Diplostomum sp. e Unilatus brevispinus parasitas de Pterygoplichthys

pardalis (Castelnau, 1855) por fase do período hidrológico.

5.1

11.5

3.7

12.5

22.724.3

5.9

12.7

0

5

10

15

20

25

30

Enchente Cheia Vazante Seca

Inte

nsi

dad

e m

édia

Período hidrológicoDiplostomum sp. U. brevispinus

46

115

81

428

205

73

125

89

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Enchente Cheia Vazante Seca

Ab

un

dân

cia

Período Hidrológico

Diplostomum sp. U. brevispinus

51

Figura 34 - Variação da prevalência de Diplostomum sp. de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855)

entre os lagos durante as fases do período hidrológico. B = Baixio, P = Preto, ST = São Tomé, AN = Ananá,

AR = Araçá.

Figura 35 - Variação da intensidade média de Diplostomum sp. de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau,

1855) entre os lagos durante as fases do período hidrológico. B = Baixio, P = Preto, ST = São Tomé, AN =

Ananá, AR = Araçá.

0

5

10

15

20

25

30

35

B P ST NA AR

Inte

nsi

dad

e m

édia

Lagos/ Período hidrológico

Enchente Cheia Vazante Seca

0

20

40

60

80

100

120

B P ST NA AR

Pre

valê

nci

a

Lagos/ Período Hidrológico

E C V S

52

Figura 36 - Variação da abundância de Diplostomum sp. entre os lagos durante as fases do período

hidrológico. B – Baixio, P – Preto, ST – São Tomé, AN – Ananá e AR – Araçá.

Figura 37 - Variação da prevalência de Unilatus brevispinus de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855)

entre os lagos durante as fases do período hidrológico. B = Baixio, P = Preto, ST = São Tomé, AN = Ananá,

AR = Araçá.

0

50

100

150

200

250

300

B P ST NA AR

Ab

un

dân

cia

Lago/ Período Hidrológico

E C V S

0

20

40

60

80

100

120

B P ST NA AR

Pre

valê

nci

a

E C V S

53

Figura 38 - Variação da intensidade média de Unilatus brevispinus de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau,

1855) entre os lagos durante as fases do período hidrológico. B = Baixio, P = Preto, ST = São Tomé, AN =

Ananá, AR = Araçá.

Figura 39 - Variação da abundância de Unilatus brevispinus de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855)

entre os lagos durante as fases do período hidrológico. B = Baixio, P = Preto, ST = São Tomé, AN = Ananá,

AR = Araçá.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

B P ST NA AR

Inte

nsi

dad

e m

édia

Lago/ Período Hidrológico

Enchente Cheia Vazante Seca

0

50

100

150

200

250

B P ST NA AR

Ab

un

dân

cia

Lago/ Período Hidrológico

E C V S

54

DISCUSSÃO

A composição da comunidade de parasitas é o resultado, entre outros fatores, de

interações entre a história evolucionária e características ecológicas dos hospedeiros

(Poulin 1995). O nível da cadeia trófica em que o hospedeiro se enquadra influencia a

composição da sua fauna parasitária (Takemoto et al. 2004). Para peixes piscívoros é

esperada uma alta riqueza de endohelmintos, porém para peixes que se alimentam de outras

fontes, que não sejam de origem animal (plantas ou detritos), uma menor riqueza é esperada

(Choudhury e Dick 2000).

Nas águas interiores a cadeia alimentar pode começar dos detritos do fundo,

passando por micro-organismos, invertebrados ou peixes detritívoros até os diversos níveis

de piscivoria (Lowe-McConnell 1999). Peixes detritívoros são membros dominantes nas

assembleias de peixes nas várzeas dos rios da América do Sul, onde correspondem

geralmente em mais de 40% da ictiomassa (Araújo-Lima et al. 1995). As espécies de peixes

de Curimatidae, Prochilodontidae e Loricariidae são os maiores consumidores de detritos

das várzeas da bacia Amazônica (Lowe-McConnell 1999; Santos et al. 2006; Soares et al.

2011).

O hábito alimentar do hospedeiro é uma característica a ser considerada, sob o

aspecto epidemiológico, pois tem forte relação com a incidência de endoparasitos (Dogiel

1961; Marcogliese 1995). Pterygoplichthys pardalis por ser detritívoro ocupa uma posição

intermediária na cadeia trófica e é presa para vários vertebrados como outros peixes,

jacarés, lontras, ariranhas e aves. A posição de P. pardalis, na cadeia trófica, faz com que

ele seja hospedeiro intermediário ou definitivo de várias espécies parasitas, viabilizando a

complementação de seus ciclos de vida. Os dados indicam que P. pardalis é parasitado por

espécies parasitas adultas e formas larvais de vários táxons.

Em estudos anteriores Pterygoplichthys pardalis capturados em quatro lagos de

várzea do rio Solimões estavam parasitados com espécies de Monogenoidea da família

Dactylogyridae não identificados. Duas espécies de Digenea, Diplostomum sp. e

Megacelium spinicavum. Uma de Acanthocephala, Gorytocephalus sp. Uma de espécie

Nematoda não identificada e uma de Branchiura, Dolops geayi (Bouvier, 1899) (Porto

2009).

55

A fauna de parasitas de P. pardalis capturados no rio Solimões e de feiras da cidade

de Manaus era composta por cinco espécies parasitas. Duas de Monogenoidea Unilatus sp.

e Heteropriapulus sp. Duas de Digenea, Austrodiplostomum compactum e Megacoelium

spinicavum e uma de Acanthocephala Gorytocephalus sp. (Porto et al. 2012).

A fauna de metazoários parasitas de P. pardalis, do igarapé Fortaleza, no estado do

Amapá, era composta por três espécies parasitas. Uma espécie de Monogenoidea, Unilatus

unilatus, uma espécie de Digenea, Acanthostomum gneri e uma de Acantocephala,

Gorytocephalus elongorchis (Cardoso et al. 2017).

Neste trabalho a fauna de metazoários parasitas de P. pardalis foi composta por

doze espécies. A segunda maior riqueza de espécies foi no trabalho de Porto (2009) seis,

metade do número de espécies encontradas neste trabalho. No terceiro trabalho, o de Porto

et al. (2012), com peixes das feiras de Manaus foi encontrado cinco espécies parasitas. E

com o menor número de espécies, três, um quarto do encontrado neste trabalho, foi o

encontrado em P. pardalis capturados no igarapé Fortaleza, no estado do Amapá (Cardoso

et al. 2017). O maior número de espécies encontrado neste trabalho é devido ao número

maior de coletas, o número maior de peixes examinados e uma extensão maior da área de

coleta.

Para os peixes da família Loricariidae, na bacia Amazônica, existem o registro de

espécies de Monogenoidea de duas famílias Gyrodactylidae (Boeger e Vianna, 2006;

Kritsky et al. 2007) e Dactylogyridae (Suriano, 1967; Boeger e Vianna, 2006). Os

monogenóideos possuem um elevado grau de especificidade parasitária, ocorrendo em um

hospedeiro, ou em hospedeiros filogeneticamente muito próximos (Cone e Kurt 1982). Em

P. pardalis coletados em um igarapé no estado do Amapá foi coletada uma espécie de

Monogenoidea U. unilatus (Cardoso et al. 2017). Não foram encontradas espécies da

família Gyrodactylidae. Pterygoplichthys pardalis coletados em lagos de várzea do rio

Solimões no Amazonas estavam parasitados por duas espécies de Dactylogyridae, Unilatus

sp. e Heteropriapulus sp. (Porto et al. 2012).

Neste trabalho foram encontradas três espécies de Monogenoidea da família

Dactylogyridae: U. brevispinus, T. mourei e H. heterotylus. Todas as três específicas a

peixes da família Loricariidae. Pterygoplichthys pardalis é um novo hospedeiro para estas

espécies. Nenhuma espécie de Gyrodactylidae foi encontrada.

56

As espécies de Digenea são de grande importância tanto por sua diversidade quanto

seu impacto na saúde animal e humana (Thatcher 1993; Bullard e Overstreet 2008;

Fernandes et al. 2015). Elas são heteroxenas, com ciclos de vida que incluem todos os

táxons de vertebrados (Olsen 1978; Núñez e Pertierra 2004).

As espécies de Digenea do gênero Megacoelium Szidat, 1954 são parasitas do

estômago, de peixes da família Loricariidae, na América do Sul. Duas espécies foram

citadas para loricariídeos capturados no lago Janauacá, no rio Solimões, M. sipinicavum

parasita de P. pardalis e M. spinispecum de Pterygoplichthys sp. (Thatcher e Varella 1981)

Pterygoplichthys pardalis capturados em quatro lagos de várzea: Baixio, Preto,

Iauara e Ananá, do rio Solimões estavam parasitados por M. spiniscavum no estômago

(Porto 2009). Neste trabalho as duas espécies de Megacoelium parasitavam

simultaneamente o estômago de P. pardalis.

Austrodiplostomum compactum suas metacercárias parasitam um grande número

de espécies de peixes (Ramos et al. 2013). O primeiro registro desta espécie foi em

Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) coletados no reservatório de Itaipú (Kohn et

al. 1994). No complexo de lagos Catalão, estado do Amazonas, próximo a Manaus, A.

compactum foi citado parasitando os olhos de peixes das famílias Curimatidae, Cichlidae,

Sciaenidae, Pristigasteridae, Erythrinidae, Characidae, Loricariidae, Pimelodidae e

Serrasalmidae (Souza et al. 2017).

As metacercárias de A. compactum, apesar de não ter especificidade parasitária, têm

uma certa “afinidade” com peixes da família Loricariidae, parasitando várias espécies (Zica

et al. 2010; Ramos et al. 2013). Austrodiplostomum compactum foi citado parasitando P.

pardalis capturados nos lagos de várzea do rio Solimões: Baixio, Preto, Iauara e Ananá,

(prevalência de 22,2 %) (Porto 2009). Pterygoplichthys pardalis adquiridos em feiras de

Manaus, estavam com os olhos parasitados por A. compactum (prevalência de 26, 3 %)

(Porto et al. 2012).

Neste trabalho A. compactum (prevalência de 6,0%) também ocorreu nos P.

pardalis capturados nos cinco lagos de várzea do rio Solimões amostrados (Baixio; Preto;

São Tomé (rio Purus); Ananá; Araçá) parasitando os olhos. Estes dados corroboram com

os de Porto (2009) indicando que A. compactum é uma espécie amplamente distribuída nos

lagos de várzea do rio Solimões.

57

São citadas para o Brasil duas espécies do gênero Diplostomum Nordmann, 1832,

D. alarioides Dubois, 1937 e D. meduse Dubois, 1936 parasitas do intestino de Pteronura

brasiliensis e Caiman crocodilus (Travassos et al. 1969). Posteriormente, em uma listagem

de hospedeiros vertebrados de helmintos do Brasil, apenas D. alarioides foi citado

parasitando P. brasiliensis (Muniz-Pereira et al. 2009). Em um outro trabalho com os

digenéticos da América do Sul, parasitas de aves e mamíferos, somente D. alarioides foi

citado (Fernandes et al. 2015).

Loricariichthys anus (Valenciennes, 1840), um peixe da família Loricariidae,

capturado em lagoas do Rio Grande do Sul estavam parasitados com metacercárias livres

de Diplostomidae nos rins, cavidade do corpo, peritônio ao redor das vísceras e no cérebro.

A espécie não foi identificada por estar em um estágio de desenvolvimento muito inicial,

com apenas rudimentos de órgãos internos (Amato et al. 2001).

Pimelodus maculatus Lacepede, 1803 dos rios São Francisco e Paraná, o

parênquima renal cefálico, a musculatura associada a bexiga gasosa e placas faringeanas

estavam parasitados por metacercárias de Diplostomidae. A espécie foi identificada como

Diplostomum sp. As maiores prevalências foram dos peixes do rio São Francisco (Brasil-

Sato e Pavanelli, 2004).

Neste trabalho foram encontradas metacercárias de Diplostomum sp. não

encistadas, no estômago, gônadas e na superfície dos órgãos internos de P. pardalis. Não

foi possível a identificação da espécie por estarem em um estágio de desenvolvimento

muito inicial, apenas com rudimentos de órgãos internos. Os dados encontrados foram

semelhantes aos de Amato et al. (2001) e Brasil-Sato e Pavanelli (2004). Neste trabalho

Diplostomum sp. foi a espécie mais abundante e o P. pardalis sendo um peixe de fundo e

sedentário, as cercárias de Diplostomum sp. encontraram nele os requisitos ideais para ser

um de seus melhores hospedeiro intermediário.

Entre as espécies de digenéticos registradas para a família Clinostomidae

Odhineriotrema microcephala é única citada para o Brasil (Hughs et al. 1942; Travassos

et al. 1969; Thatcher 1981; Fernandes e Kohn 2014). O. microcephala parasita a cavidade

bucal e o esôfago de jacarés Caiman crocodilos. Ele é o hospedeiros definitivo, e os peixes

são os hospedeiros intermediários (Travassos et al. 1969; Kanev et al. 2002).

58

Cistos com metacercárias grandes, de 6 a 8 mm de comprimento, de O.

microcephala parasitavam as gônadas de Pterygoplichthys sp. na Amazônia Central.

Causando o que é chamado de a “doença das manchas amarelas” (yellow spot diseases).

Estas metacercárias, como parasitam as gônadas, provocam hipoplasia ou reabsorção dos

tecidos reduzindo a capacidade reprodutiva do peixe (Thatcher 1981).

Neste trabalho foram encontrados os mesmos cistos de metacercárias de O.

microcephala parasitando as gônadas de P. pardalis. Os cistos também eram de cor

amarela, uma das características mais evidentes para esta espécie de parasita. Através do

exame visual não foi evidenciado nenhuma anomalia causada por esta espécie de parasita.

As gônadas parasitadas apresentavam aspecto normal em sua morfologia.

Kalitrema é uma espécie que foi descrita parasitando o intestino de Hypostomus

punctatus (Valenciennes, 1840) (Travassos et al. 1969; Thatcher 1993). Esta é a única

espécie descrita para este gênero e é endêmica ao Brasil (Kohn et al. 2007). Neste trabalho

K. kalitrema ocorreu parasitando o intestino de P. pardalis.

Muitos Siluriformes neotropicais de água doce, em particular os da família

Pimelodidae, são parasitados por espécies de Cestoda da família Proteocefalidae

(Chambrier e Rego 1994). Estas espécies de Cestoda têm uma grande afinidade com os

pimelodídeos, porém, muitos peixes amazônicos, de outras famílias, foram citados como

hospedeiros de espécies de Proteocephalidae (Rego 1994; Rego 2003; Thatcher 2006). Para

os peixes da família Loricariidae, da região Amazônica, não há nenhuma citação de

espécies de proteocefalídeos os parasitando (Thatcher 1981; Chambrier et al. 2006;

Chambrier et al. 2015).

Um grande número de pequenos cistos, com larvas encapsuladas de Cestoda foram

encontrados no peritônio, intestino e fígado de Loricariichthys platymetopon Isbrucker &

Nijssen, 1979 coletados no pantanal, no estado do Mato Grosso e no rio Paraná no estado

do Paraná. Porém não foi possível identificar até espécie devido o estágio de

desenvolvimento das larvas ser muito inicial (Schaffer et al. 1992). Estes pequenos cistos,

com larvas encapsuladas eram formas jovens de espécimes da família Proteocephalidae

(Rego 1989).

Algumas espécies de peixes têm pequenos cistos, com larvas encapsuladas de

Cestoda, sobre a parede intestinal, Enquanto em outros peixes são encontradas sobre o

59

mesentério ou superfície das vísceras. Larvas crescidas removidas da cápsula dos tecidos

do hospedeiro, têm escólex de Proteocephalidae (Rego et al. 1999).

Neste trabalho foram encontrados em P. pardalis diversos cistos sobre a superfície

do intestino. Somente um indivíduo estava desenvolvido o suficiente para se observar

algumas das características de Proteocephalidea, Este resultado corrobora com Rego

(1999) que em alguns hospedeiros larvas de proteocefalídeos podem estar fixadas na

superfície das vísceras ou órgãos.

Gorytocephalus elongorchis Thatcher 1979 (Acancthocephala,

Neoechinorhynchidae) foi descrita do intestino de Hypostomus carinatus (Steindachner,

1881) um Loricariidae capturado no lago Janauacá, rio Solimões, no estado do Amazonas

(Thatcher 1979). Gorytocephalus elongorchis aparentemente não apresenta estruturas de

fixação que possam causar grande patogenicidade em seus hospedeiros. Ele tem uma

probóscide muito pequena e baixa intensidade de infestação. No máximo dez indivíduos

foram encontrados no intestino de H. carinatus. Como o hospedeiro é detritívoro, possui

um intestino longo e delicado com uma movimentação lenta, G. elongorchis não precisa

de órgão de fixação forte. Estas características de seu hospedeiro tornaram possível sua

presença no intestino de H. carinatus com o mínimo de danos teciduais e sem sua

eliminação (Thatcher 1981).

Gorytocephalus elongorchis foi a única espécie de Acanthocephala encontrada

parasitando P. pardalis nos lagos de várzea do rio Solimões no estado do Amazonas,

parasitavam o intestino (Porto 2009; Porto et al. 2012). Pterygoplichthys pardalis

capturados no igarapé Fortaleza, no estado do Amapá, também estavam parasitados por G.

elongorchis e parasitavam a cavidade abdominal (Cardoso et al. 2015).

Neste trabalho G. elongorchis foi encontrado parasitando o intestino de P.

pardalis. Poucos indivíduos os parasitavam, a maior intensidade foram quatro indivíduos

no intestino. Nenhum dos G. elongorchis coletados estavam fixados na parede do intestino;

corroborando com os dados de Thatcher (1981) que citou que esta espécie apresenta poucas

indicações de patogenicidade por possuir probóscide muito pequena, baixa intensidade de

infestação e não se fixar nas finas paredes do intestino de P. pardalis. Gorytocephalus

elongorchis é específico de peixes da família Loricariidae que são seus hospedeiros

definitivos.

60

Para a Amazônia são citadas 47 espécies de Copepoda parasitas de peixes, 43 são

da família Ergasilidae e estão incluídas em 16 gêneros (Varella e Malta

2009). Therodamas Krøyer, 1863 é um destes gêneros com seis espécies: T.

serrani Krøyer, 1863, T. sphyricephalus Thomsen, 1949, T. dawsoni Cressey, 1972, T.

fluviatilis, T. elongatus (Thatcher, 1986) e T. frontalis El-Rashidy e Boxshall 2001 (El-

Rashidy e Boxshall 2001).

As espécies de Therodamas ocorrem somente na região Neotropical e foram citadas

para peixes de seis famílias: T. fluviatilis para uma espécie de Characidae da Argentina

(Paggi 1976); T. dawsoni de um Dactyloscopidae do Panamá (Cressey 1972); T.

elongatus de um Sciaenidae do Brasil (Thatcher 1986; Amado e Rocha 1996); T.

sphyricephalus de um Carangidae do Uruguai (Thomsen 1949); T. serrani de um

Serranidae do Caribe (Krøyer, 1863); T. frontalis de um Carangidae do Uruguai (Thomsen,

1949 como T. serrani) e um Mugilidae do Brasil (Carvalho 1955, como T. serrani). A

utilização dos hospedeiros representa seis diferentes famílias indicando o baixo nível de

especificidade parasitária ao nível genérico (El-Rashidy e Boxshall 2001).

Therodamas elongatus é a única espécie do gênero citada para a Amazônia e foi

encontrada parasitando P. squamosissimus da família Scianidae (Thatcher 2006) e A.

crassipinis (Heckel, 1840) da Cichlidae (Atroch 2016). Neste trabalho T. elongatus foi

encontrada parasitando as brânquias e perfurando o raio do arco branquial de P. pardalis,

e quatro espécimes foram coletados.

Diferenças podem ser encontradas nas comunidades componentes de uma mesma

espécie de hospedeiro em diferentes locais onde possa ser coletada, por estar sendo

influenciada por fatores locais (Luque et al. 2004). Neste trabalho os descritores da

comunidade componente: riqueza, diversidade, dominância e equitatividade das espécies

parasitas de P. pardalis capturadas nos cinco lagos apresentaram variações. Os índices

parasitários variaram ao longo do período hidrológico, mas as diferenças foram

influenciadas pela abundancia das espécies de Diplostomum sp. e U. brevispinus.

As espécies parasitas de P. pardalis apresentaram algumas diferenças em seus

descritores e índices epidemiológicos entre os lagos. Mas houve um alto grau de

semelhança entre as infrapopulações de parasitas indicando que, apesar das distâncias entre

os lagos, as espécies co-ocorreram em diferentes populações de P. pardalis.

61

O caráter agregado de distribuição é considerado comum em parasitas de peixes

marinhos e de água doce, a causa primária deste tipo de distribuição, dentro de uma

população de hospedeiros, está associada principalmente a fatores estocásticos (Zuben

1997). O tipo de dispersão e agregação encontrado para a comunidade componente de P.

pardalis foi agregado que é o padrão para as espécies parasitas de peixes, corroborando

com Zuben (1997). Este tipo de distribuição aumenta a regulação dependente da densidade

e abundância, tanto nos hospedeiros como nas espécies parasitas, além de reduzir a

competição interespecífica entre os parasitas.

Os peixes desempenham papel primordial nos ecossistemas amazônicos,

principalmente em razão da excepcional e extensa rede hidrográfica da bacia. Ela permite

interagir em um vasto espaço geográfico e em uma grande variedade de ambientes e nichos

ecológicos. Essas características induzem a coexistência de complexas cadeias tróficas,

com vários níveis e grande diversidade (Isaac et al. 2012).

Qual a função dos parasitas? Os humanos responderão que eles não têm função

nenhuma para a humanidade. Que eles são apenas responsáveis por doenças e/ou qualquer

coisa ruim que se possa imaginar com relação a esta palavra que designa estes animais

(Overstreet 1997; Lafferty 1997). As espécies parasitas são um importante, mais

geralmente negligenciado, componente de qualquer ecossistema (Marcogliese 1995). Em

muitos estudos ecológicos eles são deixados de lado por serem considerados irrelevantes

(Loreau et al. 2005).

Neste trabalho foi avaliado, entre as espécies parasitas de P. pardalis, qual delas

poderia ser utilizada como bioindicadora ambiental, segundo os requisitos propostos por

Overstreet (1997). E para mostrar a importância dos parasitas de peixes como uma

ferramenta útil, com uma importante função no ecossistema, para monitorar as mudanças

no meio aquático. Esta avaliação foi realizada analisando-se qualitativa e quantitativamente

as espécies de metazoários.

Muitos trabalhos, utilizando espécies parasitas de peixes como bioindicadoras,

foram realizados para verificar qual a melhor espécie para indicar determinado efeito no

ambiente aquático (Mackenzie et al. 1995; Marcogliese e Cone, 1997; Sures 2004; Madi

2005; Vidal-Martinez et al. 2009). As alterações ambientais causam efeitos diferenciados,

ema cada grupo de parasitas, dentro da comunidade componente. Avaliando a comunidade

62

componente de P. pardalis foi possível verificar que entre as espécies que fazem parte da

sua diversidade algumas duas podem ser bem promissoras como bioindicadoras:

Diplostomum sp e Unilatus brevispinus, porém, mais estudos precisam ser realizados para

efetivar este processo.

Neste trabalho duas espécies parasitas foram predominantes em P. pardalis. O

Monogenoidea ectoparasita U. brevispinus e o Digenea endoparasita Diplostomum sp.

Estas espécies também foram encontradas por Porto (2009) como as mais representativas

para P. pardalis de lagos de várzea da Amazônia.

A grande maioria dos trabalhos estudando a estrutura da comunidade componente

de metazoários parasitas apresentaram pelo menos uma espécie de parasita com status

central (Alves et al. 2003; Guidelli et al. 2003; Lopes 2009, Morais 2011). Em um estudo

sobre a fauna de metazoários de Hoplosternum litoralle (Hancock, 1828) (Callichthyidae)

foi encontrado um baixa prevalência e diversidade, provavelmente pelas condições do rio

Guandu que recebe efluentes domésticos (Abdallah et al. 2006). Neste trabalho as

prevalências foram baixas para as espécies de metazoários parasitas de P. pardalis

coletados em lagos de várzea, porém, este deve ser o padrão deste grupo pois, os lagos

onde foram coletados não possuíam indícios de alterações antrópicas.

Para uma comunidade de espécies parasitas se encontrar em equilíbrio a mesma

deve ser formada por um núcleo de espécies dominantes (Bush e Holmes 1986). A

comunidade componente de P. nattereri, de lagos de várzea da Amazônia e nos diferentes

períodos hidrológicos, apresentaram um núcleo de espécies dominantes e constantes,

compostas por espécies de Monogenoidea e Nematoda como espécies centrais. As demais

espécies parasitas foram consideradas comuns ou raras. Por esta razão a comunidade

componente de P. nattereri foi considerada em equilíbrio (Morais 2011).

Da fauna de A. microlepis, de lagos de várzea do rio Solimões, as espécies de

Digenea foram as mais importantes. Porém não foi encontrada nenhuma espécie central

(Dumbo 2014). Neste trabalho com as infracomunidades de P. pardalis não foi encontrada

nenhuma espécie central. Nenhuma das espécies parasitas apresentou uma prevalência que

indicasse este status comunitário. Isto é um indicativo de que as infracomunidades das

espécies parasitas de P. pardalis, dos lagos de várzea estudados, ainda não atingiram o

63

equilíbrio, devido à ausência de um táxon dominantes. Mesmo com a grande abundância

de uma espécie de Monogenoidea e uma Digenea.

As espécies de Monogenoidea possuem alta especificidade parasitária, por

parasitarem hospedeiros de uma família ou espécie de peixe (Boeger e Viana 2006; Viana

2011; Kritsky 2000). Devido a este alto grau de especificidade, as espécies de

Monogenoidea são limitadas ao seu hospedeiro definitivo. Como não têm hospedeiros

intermediários elas serão diretamente afetadas, caso o hospedeiro entrar em contato com

algum poluente ou o ambiente sofrer alguma mudança (Mackenzi et al. 1995; Khan e

Kiceniuk 1983).

Em um estudo da fauna de espécies parasitas de P. nattereri, como bioindicadora

ambiental, as espécies mais abundantes foram as de Monogenoidea. Foram encontradas 16

espécies de um total de 2.271 espécimes coletados. Destas espécies três, Amphitecium junki

Boeger e Kritsky, 1988, A. brachycirrum Boeger e Kritsky, 1988 e A. falcatum Boeger e

Kritsky, 1988 apresentaram correlação entre a abundância com as variáveis limnológicas

(Morais 2011).

Avaliando as espécies parasitas de peixes como bioindicadoras, as espécies de

Ancyrocephalinae (não identificadas) parasitas das brânquias de G. brasiliensis mostraram

uma resposta as alterações de turbidez nos reservatórios Juqueri e Jaguari (Madi 2009).

Neste trabalho três espécies de Monogenoidea Heteropriapulus heterotylus, Unilatus

brevispinus e Trinigyrus mourei foram encontradas parasitando P. pardalis, mas somente

U. brevispinus apresentou os maiores valores de abundância. Monogenoidea foi o segundo

táxon que apresentou a maior abundância e nenhuma espécie apresentou alguma correlação

com as variáveis limnológicas.

Espécies de Monogenoidea em contato com hidrocarbonetos ou derivados do

petróleo são estimuladas a reproduzir. Os locais com altos níveis destes contaminantes

espera-se maior abundância de Monogenoidea em seus hospedeiros (Galli et al. 2001). Em

locais onde o ambiente aquático possuía altos níveis de contaminação (coliformes fecais,

nitrito, nitrato e chumbo) as espécies de Monogenoidea apresentaram altas taxas de

infestação nos peixes (Galli et al. 2001).

Neste trabalho U. brevispinus apresentou os maiores índices parasitológicos entre

as espécies ectoparasitas. Porém os lagos de várzea estudados não são antropizados e

64

também não apresentaram qualquer alteração na qualidade da água. Os maiores índices

parasitológicos de U. brevispinus em P. pardalis deve ser o resultado da especificidade

parasitária ou outros fatores que esta relação hospedeiro-parasita.

As espécies de metazoários de parasitas de Hoplias malabaricus (Bloch, 1794)

foram avaliadas para o seu uso como bioindicadoras ambientais. O Nematoda

Contracaecum sp. e espécies de Monogenoidea, não identificadas, foram as que

apresentaram as maiores prevalências e intensidade. Porém elas não apresentaram nenhum

resultado positivo para poderem serem usadas como bioindicadoras ambientais (Corrêa et

al. 2009).

Em um trabalho avaliando a viabilidade do uso de espécies de Ancyrocephalinae

parasitas de G. proximus como indicadoras de mudanças no ambiente aquático, também

não foi encontrado um resultado positivo na correlação entre prevalência e intensidade

media e parâmetros limnológicos. Porém, apesar deste resultado, este grupo de parasitos

foi recomendado como bioindicador ambiental (Madi 2009)

Neste trabalho as espécies de Monogenoidea foram o segundo táxon que apresentou

a maior abundância e riqueza. Entre as espécies de Monogenoidea, U. brevispinus foi a

espécie de maior prevalência e intensidade média. Ela mostrou pequenas diferenças entre

a prevalência, intensidade média e abundância entre os períodos hidrológicos, mas

nenhuma correlação com os parâmetros limnológicos.

As espécies de Digenea são as mais conhecidas entre os grupos parasitas, sua

principal característica é o seu ciclo de vida que exige mais de um hospedeiro para chegar

à fase adulta e o primeiro hospedeiro é uma espécie de Mollusca (Thatcher 1993; Morley

e Lewis 2001). Estas características são fundamentais para o estudo das espécies de

Digenea, que podem ser utilizados como indicadores de mudanças aquáticas, além de

serem utilizadas em testes de acúmulo de metais pesados (Evans et al. 2001).

O potencial do uso de espécies parasitas de peixes marinhos, como indicadoras de

mudanças ambientais, foi avaliado em vários tipos de ciclo de vida de espécies de Digenea,

para elucidar suas rotas de transmissão entre seus hospedeiros. Entre os grupos

encontrados, os digenéticos estavam entre as melhores espécies para indicar as alterações

ambientais. Como precisam de mais de um hospedeiro para completarem seu ciclo de vida,

65

as alterações no ambiente aquático podem desequilibrar as populações de seus hospedeiros

intermediários, levando a diminuição de sua população (Makcenzie et al. 1995).

As espécies parasitas avaliadas como indicadoras da saúde do ecossistema,

mostraram que as perturbações na estrutura e funcionamento do ecossistema afetaram a

topologia da teia trófica e também a transmissão de espécies parasitas. Estas perturbações

afetaram a abundância e composição destas espécies. Comunidades e populações de

espécies parasitas são úteis como indicadoras de estresse ambiental, estrutura da teia trófica

e biodiversidade. Ficou evidente que espécies parasitas com ciclo de vida heteroxeno são

muito úteis em estudos de bioindicadoras ambientais (Marcogliese 2005).

Foi avaliada a qualidade da água utilizado quatro espécies de metacercárias,

Bucephalus polymorphus Baer, 1827, Asymphylodora tincae (Modeer, 1790),

Diplostomum spathaceum (Rudolphi, 1819) e Tylodelphys clavata (Von Nordmann, 1832)

em quatro pontos de coleta. Local não poluído, moderadamente poluído, poluído e

extremamente poluído. No local não poluído e moderadamente poluído as espécies de D.

spathacecum eram abundantes. Nos locais poluídos e extremamente poluídos eram

ausentes (Galli et al. 2001). Neste trabalho as metacercárias de Diplostomum sp. foram a

espécie mais abundante. Ela ocorreu parasitando P. pardalis em todos os lagos estudados

e nas quatro fases do período hidrológico. Os dados indicaram que os lagos de várzea

estudados não apresentaram alterações ambientais.

O efeito antropogênico nas comunidades de Mollusca e Digenea, no canal

Basingstoke no Reino Unido foi avaliado. A pressão antropogênica causou a diminuição

das espécies de moluscos hospedeiras intermediárias de digenéticos. Consequentemente as

populações de espécies parasitas diminuíram. Mesmo alguns anos depois quando um

programa de recuperação, para esta área foi colocado em prática, as populações de espécies

parasitas não conseguiram se restabelecer (Morley e Lewis 2001).

Neste trabalho as infrapopulações de metacercárias de Diplostomum sp. parasitas

de P. pardalis foram as que apresentaram a maior abundância. Os dados indicaram que os

lagos de várzea onde os P. pardalis foram capturados, não apresentam modificações

antropogênicas, apesar de estarem próximos ao canal principal do rio Solimões, que é rota

de navegação de muitos barcos.

66

Para avaliar o efeito do petróleo bruto em espécies de parasitas gastrointestinais do

Pseudopleuronectes americanos (Walbaum, 1972), naturalmente infectado com o Digenea

Steringophorus furciger (Olsson, 1867). Os peixes foram expostos a sedimentos

contaminados com petróleo, ou a frações de petróleo solúveis em água do petróleo

venezuelano por 34 e 160 dias, respectivamente. Em todos os casos, a prevalência e a

intensidade das infecções parasitárias foram menores nos peixes submetidos ao petróleo

do sedimento. O efeito pareceu ser mais pronunciado nos peixes expostos a extratos

solúveis em água do que ao sedimento contaminado com petróleo. Menos parasitos

presentes nos peixes expostos ao petróleo podem ser atribuídos à toxicidade direta,

induzida por frações solúveis em água potável e/ou modificação do ambiente intestinal,

provocada por alterações na fisiologia do hospedeiro (Khan e Kiceniuk 1983).

Na Finlândia os efeitos da poluição e eutrofização em lagos foi estudado. Os dados

indicaram que a poluição afetava a abundância das espécies de Digenea, isto devido à

escassez das espécies de Mollusca, os hospedeiros intermediários, eliminados pela

poluição (Valtonen et al. 1997). As variações da prevalência e da intensidade média de

metacercárias de Clinostomum sp., parasitas de G. brasiliensis, foram avaliadas, como

indicadoras ambientais, em dois reservatórios no estado de São Paulo. Nos reservatórios

do Juqueri (eutrófico) as metacercárias de Clinostomum sp. apresentaram prevalência

maior indicando ser um ambiente eutrofizado e com elevada produção primária líquida. As

altas intensidades médias ocorreram em áreas de remanso e desague de tributários com alta

quantidade de dejetos orgânicos. A elevada quantidade de nutrientes, nestas áreas,

promoveu o desenvolvimento de macrófitas. Locais ideais para o desenvolvimento de

invertebrados e moluscos, estes o primeiro hospedeiro intermediário de espécies de

Digenea (Madi 2005).

No reservatório do Jaguari (Oligomesotrófico) que não era poluído, não tinha áreas

de remanso ou desague de tributários, semelhantes ao Juqueri. Possivelmente por isso a

prevalência e a intensidade média não apresentaram diferenças significativas entre os

pontos de coleta e sempre seus valores foram mais baixos que no reservatório do Juqueri

(Madi 2005).

Neste trabalho as metacercárias de Diplostomum sp. que parasitavam os órgãos

internos de P. pardalis ocorreram em todos os lagos de várzea, sua prevalência e a

67

intensidade média não apresentaram diferenças durante as fases do período hidrológico,

indicando não existir fatores antrópicos ou indicativo de alguma alteração no ambiente. Ao

contrário do ambiente artificial dos reservatórios de Juqueri (Madi 2005). Os lagos

amazônicos não apresentam nenhuma ou muito pouca ação antrópica ao longo do ano

(Petesse et al. 2016). E a grande abundância de Diplostomum sp. indicou que esta espécie

parasita está completando o seu ciclo de vida plenamente nestes lagos amazônicos. Pois

todos os seus hospedeiros estão presentes no meio ambiente.

A grande abundância de Diplostomum sp. parasitando P. pardalis, durante a estação

de cheia, deve ser devido à grande inundação das terras da várzea, dos furos, dos canais e

dos pequenos lagos formando imensas áreas alagadas. Neste grande ambiente aquático é

viabilizado o encontro dos miracídios eclodidos dos ovos, com o seu primeiro hospedeiro

intermediário, as espécies de Mollusca. Depois da reprodução assexuada dos miracídeos

dentro dos moluscos, as cercárias são liberadas e nadam ativamente a procura de seu

segundo hospedeiro intermediário e penetram ativamente através da pele. No caso as

cercárias de Diplostomum sp. penetraram nos corpos de P. pardalis, o seu segundo

hospedeiro intermediário.

Os indicadores ecotoxicológicos foram avaliados, pelo método de alterações na

enzima GST (glutationa s-transferase) e metais pesados em P. pardalis de lagos de várzea

do rio Solimões. Não foram encontradas diferenças significativas, para a enzima GST entre

os P. pardalis dos lagos amostrados. Esta enzima atua no metabolismo antioxidante e no

metabolismo de xenobióticos (substâncias tóxicas). Para metais pesados (Cádmio [Cd] e

Cobre [Cu]), em P. pardalis, as concentrações estavam abaixo dos limites recomendados

pela Anvisa, durante todo o período hidrológico (Val et al. 2011). Metais pesados podem

influenciar no tempo de vida de cercárias (Pietrock et al. 2002a, 2002b).

Neste trabalho não foram feitos testes de metais pesados e ecotoxicológicos. Mas

os dados corroboram com os de Val et al. (2011). Pterygoplichthys pardalis não esteve em

contato nem com a enzima GST (glutationa s-transferase metais pesados (Cádmio [Cd] e

Cobre [Cu]). Como as infracomunidades de espécies parasitas de P. pardalis não tiveram

contato com estes contaminantes, estas substâncias tóxicas não interferiram nos seus ciclos

de vida, não alterando as suas taxas populacionais nos lagos estudados.

68

Foram avaliados os lagos: Baixio, Preto, Araçá, Ananá, Maracá e Poraquê

utilizando o “Índice de Gradiente Ambiental” (EGI), para saber se os lagos sofreram ação

antrópica. O EGI do lago Baixio foi classificado na categoria “média”, ele apresentou sinais

da pressão antrópica e os efeitos negativos já começam a aparecer. Os lagos Araçá e Ananá

obtiveram as mais altas classificações, eles foram colocados na categoria de “excelentes”.

Que corresponde a uma muito boa condição natural com nenhum ou o mínimo de sinais de

efeitos antrópicos, permitindo estes lagos serem chamados de inalterados. Os lagos

Poraquê, Maracá e Preto foram classificados na categoria de “bom”. Que corresponde a

situação em que os sinais das alterações aparecem, mas onde o uso antrópico é sustentável

e os impactos humanos não são fortes para danificar o meio ambiente (Petesse et al. 2016).

Neste trabalho, quatro dos cinco lagos estudados por Petesse et al. (2016): Baixio,

Preto, Araçá e Ananá, foram estudadas as comunidades de espécies parasitas de P.

pardalis. Dez espécies parasitas de P. pardalis ocorreram em peixes capturados em todos

os lagos. Exceto duas espécies: M. spinispecum encontrado em dois lagos São Tomé e

Araçá e H. heteropriapulus que só não ocorreu no lago Ananá. Todas as espécies parasitas

heteroxenas e monoxenas ocorreram nos lagos, indicando que os seus ciclos de vida

estavam completando-se. E, que as ações antrópicas nos lagos eram mínimas e que os sinais

das alterações não apareciam. Mas quando apareciam, o uso antrópico foi sustentável e os

impactos humanos não foram fortes para danificar o meio ambiente.

A diversidade parasitária constituída por 12 espécies parasitas, em diferentes fases

do ciclo de vida, indicara que P. pardalis é um elo importante na teia de transmissão destes

parasitas, nos lagos amostrados e em todos os ambientes em que esta espécie está

distribuída. Com este trabalho aumentou o conhecimento sobre a diversidade das espécies

parasitas de P. pardalis. Aumentaram as informações sobre as espécies parasitas que

poderão ser usadas em programas de monitoramento, como uma ferramenta a mais para o

estudo de modificações, que eventualmente possam vir a acontecer no ambiente aquático

da Amazônia.

Duas espécies parasitas destacaram-se na comunidade componente de P. pardalis:

Diplostomum sp. e U. brevispinus. Elas são indicadas para um estudo mais detalhado para

serem usadas como bioindicadoras ambientais. A comunidade componente de metazoários

parasitas de P. pardalis indicou estar desempenhando suas funções dentro dos lagos

69

estudados. O ciclo biológico está se completando com todos os hospedeiros exigidos

presentes no ecossistema. São necessários mais estudos, para uma melhor compreensão de

como as espécies parasitas de peixes, da região Amazônica, podem ser usados como

ferramentas para monitorar os ecossistemas aquáticos amazônicos.

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