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Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica Diretoria de Apoio à
Gestão Educacional
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
FORMAÇÃO DO PROFESSOR ALFABETIZADOR
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: PERSPECTIVAS E CONDICIONANTES
LINGUÍSTICOS E SOCIAIS
Prof.ª Ms Maria de Lourdes Guimarães de Carvalho
CCH - DCL - UNIMONTES
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: PERSPECTIVAS E CONDICIONANTES
LINGUÍSTICOS E SOCIAIS
• 1- Sobre o sujeito leitor e produtor de textos
• 2- Pensando a leitura: o que é ler, instâncias e pressupostos da leitura.
• 3-Aquisição da escrita.
• 4- Pressupostos da escrita.
Quem se dispõe a alfabetizar precisaestar ciente de aspectos como:
1- Como o homem se constituifalante, leitor e escritor em nossa
sociedade?
2- Por que considerar as diferentesrealidades (urbana, rural, classessociais, idade, sexo, credos, necessidades educativas especiais)?
Quem é o sujeito falante, leitor eescritor de textos?
Quem é o alfabetizando?
HOMEM/ANIMAL
RACIONALIRRACIONAL
SENTE PENSA
1-NECESSIDADES 2- PROBLEMAS
4- SOLUÇÕES 3-SOLUÇÕES
AÇÃO INSTINTIVA / ROTINEIRA AÇÃO INTELECTUAL
NÍVEL PRÁTICO NÍVEL TEÓRICO
LINGUAGEM
O sujeito falante, leitor e produtor de textosé constituído por aspectos sociais ehistóricos.
Então, a escola alfabetizadora precisaconsiderar os alunos como seres sociais ehistóricos.
“[...] a vocação do homem é a de sersujeito e não objeto (...), não existemsenão homens concretos (não existehomem no vazio). Cada homem estásituado no espaço e no tempo, no sentidoem que vive numa época precisa, numlugar preciso, num contexto social ecultural preciso. O homem é um ser deraízes espaço-temporais. (FREIRE, 1980:34).
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
• Dois conceitos estreitamente articulados.
• Alfabetizar/letrar pressupõe o ensino/aprendizagem daspráticas de leitura e de escrita com vistas à inserção social.
• Implica, também, no bom desempenho da oralidade.
• São práticas que se iniciam no espaço familiar, perpassam portodos os espaços de convívio social e sãosistematizadas/oficializadas, na escola, por meio de umprocesso pedagógico de responsabilidade da instância escolar edos professores alfabetizadores.
O fracasso de uns, reflete, consequentemente, o fracasso dos outros
ALFABETIZAR
Contribuir para o ingresso das crianças no mundo da LEITURA e da ESCRITA e para a participação delas em situações de uso da
ORALIDADE
Não termina nos anos iniciais de escolarização. Existe a alfabetização
digital/tecnológica, Letramento acadêmico...
Pensando a leitura
Ler não é
• Simples reconhecimento de letras, sílabas epalavras.
• decifrar, como num jogo de adivinhações, osentido de um texto.
• Decodificação do sinal gráfico que se aprendeno início da alfabetização.
Ler é
CONTAR
• Soletrar
• Repetir fonemas
• Agrupar fonemas
• Ato primeiro da leitura
• Estágios da escrita
Ler é
COLHER(VERBO)
• Apoderar-se
• Acatar o sentido
• Autor é o dono absoluto
• Interpretação
• Localização do temae da mensagem
Ler é
ROUBAR(VERBO)
• Acrescentamento desentidos a partir de sinais
• O leitor é um coautor
• Relativização dos poderesdo autor
• Compreensão
• Coautoria
Sobre a instância de leitura denominada roubar, Paulino et al (2001) afirma:
“Não se rouba algo com conhecimento eautorização do proprietário, logo essa leitura dotexto vai se construir à revelia do autor, oumelhor, vai acrescentar ao texto outros sentidosa partir de sinas que nele estãopresentes, mesmo que o autor não tivesseconsciência disso”.
Observe o exemplo a seguir“Gosto de marmelada”
Oralidade
• Análise: gos-to-de-mar-me-la-da
• Síntese: gosto de marmelada
• Leitura (colheita) interpretação: gosto do docede marmelo (fruta).
• Leitura (roubar) compreensão - Sentidoconotativo “negócio desonesto”, “mamata”:sou partidário de negócios desonestos.
• As palavras carregam significações que permitemao leitor, passar por diversas e sucessivassondagens.
• A capacidade de transgressão dos sentidospropostos pelo autor revela a eficiência e o poderdo leitor.
• Essa capacidade está diretamente relacionadacom o contexto de ocorrência da palavra e com osconhecimentos prévios do leitor.
CONTEXTO DE OCORRÊNCIA
• Obtém-se o contexto fazendo a leitura perigráfica (ler os entornos do texto, degravuras e de palavras chave que situam a temática, o assunto, a área).
O ADVOGADO E A LARANJA
Um professor de Direito perguntou a um de seus alunos:___ Se você quiser dar a Ronaldo uma laranja, o que deverá dizer?___ Aqui está, Ronaldo, uma laranja – respondeu o aluno.
O professor disse furioso:___ Não! Não! Isso é inadmissível, pense como um advogado!___ Ah, bom..., suspirou o aluno, lá vai: Eu, Nei
Ribeiro, brasileiro, solteiro, portador do documento de identificaçãotipo RG nº. 9.213.456-4 SSP/SP, legítimo proprietário e possuidor, pormeio deste ato, cedo e transfiro a RonaldoFalcão, brasileiro, solteiro, portador do documento de identificaçãotipo RG nº. 12.524.321 – 8 SSP/SP, a propriedade exclusiva e benefíciosfuturos, os direitos, obrigações e vantagens, sumos e insumos, a quemconfiro amplos poderes, sem exclusão de qualquer um, paradesistir, renunciar, transigir, receber e dar quitação do recebimento dofruto a seguir descrito:
De formato esferoide excêntrico, medindo 10 cm em seu eixo maiorpor 7 cm em seu eixo menor, de odor cítrico, pertencente à famíliaCitrus Sinensis Brasiliensis, conhecida pela alcunha delaranja, juntamente com sua casca, sumo, polpa e sementes.Outrossim, afasto, desde este ano, qualquer possibilidade de vir apleitear, em juízo ou fora deste, a devolução do fruto retrodescrito, após a primeira osculação labial, ficando autorizado ououtorgado o uso de todo e qualquer meio paramorder, cortar, chupar, congelar ou de outra forma comer o referidofruto, dando tudo por bom, firme e valioso, ou cedê-lo a outrem, comiguais poderes. Qualquer decisão contrária, passada ou futura, emqualquer instância, ou em instrumentos de qualquer natureza ou tipoficam assim revogadas .DAMIÃO, R. T.; HENRIQUES, A. Curso de português jurídico. São Paulo:Atlas, 2000.
CONHECIMENTOS PRÉVIOS
Armazenados na memória são recuperados durante o processo decompreensão de um texto, via inferência, e, em seguida, adicionados àinformação textual.
Inferências são estratégias cognitivas por meio das quais o ouvinte ouleitor, partindo da informação veiculada pelo texto e levando em contao contexto (em sentido amplo), constrói novas representações mentaise/ou estabelece uma ponte entre segmentos textuais, ou entreinformação explícita e informação não explicitada no texto.(KOCH, 2000, p. 29-30).
Em um texto, nem tudo que pode ser lido está escrito
O que não está escrito mas pode serlido/inferido?
Os conhecimentos prévios podem ser:DE MUNDO
Quanto mais conhecimentos, maior a eficiência leitora
CONHECIMENTOS PRÉVIOS: TEXTUAISO fato de saber distinguir tipos e gêneros textuais
favorece a leitura.
Tipos: (natureza linguística)narrativo, descritivo, argumentativo, injuntivo, informativo e jaculatórios (Marcuschi, 2005).
Gêneros: (natureza sociocomunicativa) abarcamdesde os mais tradicionais até os modernos(hipertexto) e são em número infinito.
CONHECIMENTOS PRÉVIOSLINGUÍSTICOS
Conhecimentos sobre a língua nativa e sobre outras línguas favorecem a leitura.
Conhecimentos de mundo• Também chamados de enciclopédicos• Adquiridos sócio culturalmente por meio experiência e
vivência• Armazenados na memória em blocos denominados
modelos cognitivos.
Koch e Travaglia (1999), citam alguns exemplos de modeloscognitivos:
a) Frames: rótulos. Ex: carnaval(confete, serpentina, desfile, escola desamba, fantasia, baile, mulatas. Apesar de não haverqualquer ordenação lógica entre esses conhecimentos, elesvêm á tona quando acionados.
Quais seriam os frames para Alfabetização?
Alfabetização
b) Esquemas: armazenados em sequência temporal oucausal. Ex: Conhecimentos de como pôr umeletrodoméstico em funcionamento, a rotina de um dia navida de um cidadão .
c) Planos: armazenados na memória e que têm a ver como modo de agir para atingir determinado objetivo. Ex: porexemplo, como vencer uma partida de xadrez .
c) Scripts: Conjunto de conhecimentos sobre modosestereotipados de agir. Ex: os rituais religiosos (batismo,casamento, missa), as fórmulas de cortesia, as práxisjurídicas, etc.
Exercite seus conhecimentos prévios
Conclui-se que: “Um texto assemelha-se a um iceberg: explícitoé apenas uma pequena parte daquilo que fica submerso, ouseja, implícito.” Koch e Travaglia (1997.p.65):
“[...] ler é um processo no qual o leitor realiza um trabalho
ativo de compreensão e interpretação do texto.(PCN, 1998, p. 69).
No processo de interpretar as informações estãono texto
No de compreender, elas estão na cabeça de cadaleitor.
PRESSUPOSTOS DA LEITURA
Paulino et al (2001): leitura passa, necessária e simultaneamente, por:
a) uma teoria do conhecimento
b) uma psicologia/psicanálise
c) uma sociologia
d) uma pedagogia
e) uma teoria da linguagem
f) uma análise do discurso
g) uma teoria literária
a) Ler pressupõe uma teoria do conhecimento
• o autor não é o dono absoluto do texto.
• O leitor é também produtor de sentidos, coautor.
• Ler é um ato produtivo pois o texto érecriado, reconstruído pelo leitor, nem semprecomo o autor desejava.
• No momento da leitura o leitor está em trabalhointelectual tanto no plano social quanto no planoindividual.
Exercite sua habilidade de leitor
B) Ler pressupõe uma pedagogia
• A leitura se desenvolve num processo deensino aprendizagem que faz parte não só daescola, mas também da vida do cidadão numconstante processo de troca.
Processo é movimento contínuo. Impossível precisar início e fim
É na escola que a leitura da palavra escrita ocorre com maiorfrequência e de forma diversificada, abrangendo vários níveis do
conhecimento e exteriorização das emoções e da criatividade.
É preciso “ensinar a ler” e não “mandar ler”. A escola é a instância, por excelência, de ensino. pela mediação do professor, pela interação com os colegas, por ser um lugar de
reflexão sobre o mundo letrado
e) Ler pressupõe uma teoria da linguagem
Por uma questão política e social o alfabetizadordeve sempre levar em conta os elementos dacomunicação, cada com suas especificidades.
Os discursos precisam ser analisados pois:
• O sentido de uma palavra não existe em simesmo.
• Uma mesma palavra, em diferentescontextos e/ou ditas por pessoasdiferentes, assume sentidos diferentes.
O sentido de uma palavra não existe em si mesmo. Ele édeterminado pelas posições ideológicas colocadas em jogono processo histórico no qual as palavras são produzidas.
"Não te amo mais.Estarei mentindo dizendo queAinda te quero como sempre quisTenho certeza queNada foi em vãoSinto dentro de mim queVocê não significa nadaNão poderia dizer mais
queAlimento um grande amorSinto cada vez mais queJá te esqueci!E jamais usarei a fraseEu te amo!Sinto, mas tenho que dizer a verdadeÉ tarde demais..."
A escolha de bons autores e de metodologias adequadas são fatores determinantes para que as crianças
tenham prazer de ler literatura
OBRIGADA!