Plinio Thomaz - Capitulo03

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  • 7/26/2019 Plinio Thomaz - Capitulo03

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    Livro: Agua pague menosCapitulo 03- Aproveitamento de gua de chuva

    Engenheiro civil Plinio Tomaz 08 de dezembro de 2010 [email protected]

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    Captulo 3-Aproveitamento de gua de chuva de cobertura em rea urbana parafins no potveis

    3.1ApresentaoUma anlise moderna e completa dos sistema de abastecimento de gua necessita da

    apreciao de quatro recursos hdricos: gua de superfcie (rios e lagos), gua subterrnea (poostubulares profundos), reso de gua(black waterou graywater) e aproveitamento de gua de chuva(de cobertura e para fins no potveis.

    Para reso infelizmente ainda no temos normas da ABNT, mas para aproveitamento de guade chuva temos a NBR 15.527/07 da qual fomos coordenador. A dessalinizao da gua do mar estinclusa na gua de superfice.

    A importncia da certificao LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)conhecida como Green Building acrescenta um novo valor gua de reso e ao aproveitamento dagua de chuva em usos no potveis, economizando a gua potvel em usos menos nobres e na

    irrigao.

    3.2 HistricoAproveitamento da gua de chuva feito desta a antiguidade. O primeiro registro que se tem do

    uso da gua de chuva verificado na pedra Mohabita, data de 830aC, que foi achada na antiga regiode Moab, perto de Israel. Esta reliquia traz determinaes do rei Mesa, de Moab, para a cidade deQarhoh, denre as quais destaca-se ...para que cada um de vs faa uma cisterna para si mesmo, nasua casa

    A Fortaleza dos Templarios localizada na cidade de Tomar em Portugal em 1160 dC, eraabastecida com gua de chuva.

    Figura 3.1- Fortaleza dos Templarios; cidade de Tomar, Portugal, construida em 1160

    Os principais motivos que levam deciso para se utilizar gua de chuva so basicamente osseguintes: Conscientizao e sensibilidade da necessidade da conservao da gua Regio com disponibilidade hdricamenor que 1200m3/habitante x ano Elevadas tarifas de gua das concessionrias pblicas. Retorno dos investimentos (payback) muito rpido Instabilidade do fornecimento de gua pblica Exigncia de lei especfica

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    Locais onde a estiagem maior que 5 meses Locais ou regies onde o ndice de aridezseja menor ou igual a 0,50.

    O aproveitamento de gua de chuva no pode receber o termo reso de gua de chuva e nem

    chamado de reaproveitamento. O termo reso usado somente para gua que j foi utilizada pelohomem em lavagem de mos, bacia sanitria, lavagem de roupas, banhos, etc. Reaproveitamento semelhante ao reso, significando que a gua de chuva j foi utilizada e portanto, no est correto.

    3.3 ObjetivoObjetivo fornecer diretrizes bsicas para o aproveitamento de gua de chuva em reas urbanas

    para fins no potveis para os seguintes usos: descargas em bacias sanitrias, irrigao de gramados e plantas ornamentais, lavagem de veculos, limpeza de caladas e ruas,

    limpeza de ptios, espelhos dgua e usos industriais.Salientamos que a gua de chuva ser usada para fins no potveis, no substituindo a gua

    tratada e desinfectada com derivado cloarado, com fluor e que pode ser usada para banhos, comidaou ingerida, distribuida pelas concessionrias pblicas.

    No incluimos a lavagem de roupa e piscinas devido ao problema do parasita Cryptosporidiumparvumque para remov-lo precisamos de filtros lentos de areia.

    3.4 Definies

    As seguintes definies so importantes para o entendimento do aproveitamento de gua dechuva e a visualizaao da Figura (2) onde aparece o esquema de aproveitamento de gua de chuva.gua de chuva

    a agua coletada durante eventos de precipitao pluviomtrica em telhados inclinados ou planosonde no haja passagem de veculos ou de pessoas. As guas de chuva que caem nos pisosresidenciais, comerciais ou industriais no esto inclusas no sistema proposto.

    Figura 3.2- Esquema de aproveitamento de gua de chuva

    gua no potvelEntende-se por no potvel aquela que no atende a Portaria n. 518/2004 do Ministrio da Sade

    rea de captaorea, em metros quadrados, da projeo horizontal da superfcie onde a gua captada.

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    Coeficiente de runoff (C) ou escoamento superficial

    Coeficiente que representa a relao entre o volume total escoado e o volume total precipitado.

    Conexo cruzadaQualquer ligao fsica atravs de pea, dispositivo ou outro arranjo que conecte duastubulaes das quais uma conduz gua potvel e a outra gua de qualidade desconhecida ou nopotvel.

    DemandaA demanda ou consumo de gua a mdia anual, mensal ou dirio, a ser utilizado para fins no

    potveis num determinado tempo

    First flushAps trs dias de seca vai-se acumulando nos telhados, poeiras, folhas, detritos, etc e

    aconselhvel que esta primeira gua seja descartada (first flush). Conforme o uso destinado s guasde chuvas pode ser dispensado ofirst flushdependendo do projetista.

    As pesquisas feitas mostram que o first flushvaria de 0,4 L/m2de telhado a 8 L/m2 de telhadoconforme o local. Na falta de dados locais sugere-se o uso dofirst flush no valor de 2 L/m2de rea detelhado.

    SuprimentoFonte alternativa de gua para complementar o reservatrio de gua de chuva. Pode ser gua da

    concessionria pblica dos servios de gua, poo tubular profundo, caminhes tanques, etc.

    Reservatrio intermedirioLocal onde pode ser armazenada a gua de chuva para ser utilizada. Se gua de chuva for clorada

    dever ter tempo de contato mnimo de 15min dentro do reservatrio intermedirio.

    3.5 Calhas e condutoresAs calhas e condutores horizontais e verticais devem atender a ABNT NBR 10844/89 sendo que

    tais dimensionamento so baseados em vazes de projeto que dependem dos fatores meteorolgicose do periodo de retorno escolhido.

    Estas vazes no servem para dimensionamento dos reservatrios e sim para o dimensionamentodass calhas e condutores (verticais e horizontais).

    Devem ser observados o perodo de retorno escolhido (Tr), a vazo de projeto e a intensidadepluviomtrica. Recomenda-se Tr=25anos. Nos condutores verticais ou nos condutores horizontais pode ser instalado dispositivos

    fabricados ou construidos in loco para o descarte da gua do first flushou para eliminaode folhas e detritos. O dispositivo ou a construo poder ter operao manual ouautomtica sendo recomendado a operao automatica.

    O dispositivo de descarte de gua do first flushdeve ser dimensionado pelo projetista. Nafalta de dados recomenda-se no mnimo 2 mm, ou seja, 2 litros/m2de telhado.

    Caso se julgue conveniente podero ser instaladas telas ou grades para remoo de detritos.

    Vazo na calha

    Conforme NBR 10844/89 a vazo na calha dada pela equao:Q= I x A / 60Sendo:

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    Q= vazo de pico (litros/min)I= intensidade pluviomtrica (mm/h)A= area de contribuio (m2)

    Os perodos de retorno comumente adotado Tr=25anos para cidades acima de

    100.000habitantes (Ilha de Calor). Para a RMSP adotamos o mnimo: I=200mm/h.

    Dimensionamento da calha usado para dimensionamento da calha a frmula de Manning:

    Q=60000 x (A/n) x R (2/3)x S 0,5Sendo:Q= vazo de pico (L/min)A= rea da seo molhada (m2)n= coeficiente de rugosidade de Manning. Para concreto n=0,013 e para plstico n=0,011.R= raio hidrulico= A/PP= permetro molhado (m)

    S= declividade da calha (m/m)

    Condutores horizontaisOs condutores horizontais de seo circular que geralmente so assentados no piso podem

    ser dimensionados usando a frmula de Manning para seo mxima de altura 0,66D ou usar atabela da ABNT e declividade mnima de 0,5% (0,005m/m)

    6. Reservatrios ou cisternasDever ser analisada as sries histricas e sintticas das precipitaes locais ou regionais.

    sendo aconselhel no mnimo um perodo de 10 anos de dados a serem analizados.

    Os reservatrios ou cisternas conforme Figura (3.3) podem ser: enterrados, semi-enterrado,poiado ou elevado. Os materiais podem ser concreto, alvenaria armada, materiais plsticoscomo polietileno, PVC, fibra de vidro e ao inox. Sempre sero vedados a luz solar.

    Os reservatrios devem ser construidos como se fosse para armazenamento de gua potveldevendo serem tomadas os devidos cuidados para no contaminar a gua de chuva coletada dostelhados.

    Figura 3.3- Reservatrio de ao inox apoiado, observando o filtro metlico

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    Devem ser considerados no projeto do reservatrio: extravasor, descarga de fundo oubombeamento para limpeza, cobertura, inspeo, ventilao e segurana.

    O reservatrio quando alimentado com gua de outra fonte de suprimento de gua, devepossuir dispositivos que impeam a conexo cruzada.

    O volume de gua de chuva aproveitvel depende do coeficiente de runoff, bem como daeficincia do sistema de descarte dofirst flush, sendo calculado pela seguinte equao:V= P x A x C x fator de captao

    Onde:V= volume anual, mensal ou dirio de gua de chuva aproveitvel, em litros;P= precipitao mdia anual, mensal ou diria, em milmetros;A= rea de coleta, em metros quadrados;C=coeficiente de runoff.Normalmente C=0,95fator de captao =eficincia do sistema de captao, levando em conta o descarte dofirst flush.

    A eficincia dofirst flushou do descarte de filtros e telas variam de 0,50 a 0,90.Um valor prtico quando no se tm dados adotar: C x = 0,80O volume dos reservatrios devem ser dimensionados com base em critrios tcnicos e

    econmicos, levando em conta as boas prticas da engenharia Os reservatrios devem ser limpos e desinfetados com soluo de derivado clorado, no

    mnimo uma vez por ano de acordo com a ABNT NBR 5626/98. O volume no aproveitvel da gua de chuva, pode ser lanado na rede de galerias de guas

    pluviais, na via pblica ou ser infiltrado total ou parcialmente, desde que no haja perigo decontaminao do lenol fretico.

    A descarga de fundo pode ser feita por gravidade ou por bombeamento. A gua reservada deve ser protegida contra a incidncia direta da luz solar e calor, bem

    como de animais que possam adentrar o reservatrio atravs da tubulao de extravaso.

    7. Instalaes prediais As instalaes prediais de gua fria devem atender a ABNT NBR 5626/98, principalmente

    quanto as recomendaes de separao atmosfrica, dos materiais de construo dasinstalaes, da retrossifonagem, dos dispositivos de preveno de refluxo, proteo contrainterligao entre gua potvel e no potvel, do dimensionamento das tubulaes e limpeza edesinfeco dos reservatrios, controle de rudos e vibraes.

    As tubulaes e demais componentes devem ser claramente diferenciadas das tubulaes degua potvel. Pode ser usado cor diferentes ou tarja plstica enrolada no tubo.

    Diferentes sistemas de distribuio de gua fria, sendo um para gua potvel e outro paragua no potvel devem existir em qualquer tipo de edificao, evitando a conexo cruzada

    e obedecendo a ABNT NBR 5626/98. Os pontos de consumo, como por exemplo uma torneira de jardim, devem ser identificados

    com placa de advertncia com a seguinte inscrio gua no potvel e advertncia visualdestinada a pessoas que no saibam ler e a crianas.

    Recomenda-se que hajam dois reservatrios, sendo um para gua potvel e outra para guano potvel que ser usado para o aproveitamento da gua de chuva.

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    3.6 Qualidade da gua

    Os padres de qualidade do sistema de gua de chuva para gua no potvel no ponto deuso opo do projetista podendo conforme a situao podendo ser exigido clorao ou no ou at

    adotar a Tabela (3.1) para monitoramento do sistema de aproveitamento de gua de chuva.

    Tabela 3.1 Parmetros de qualidade de gua para uso no potvelParmetro Anlise Valor

    Coliformes totais semestral Ausncia em 100 mL

    Coliformes termotolerantes semestral Ausncia em 100 mL

    Cloro residual livre mensal 0,5 a 3,0mg/LTurbidez mensal < 2,0 uT, para usos menos restritivos < 5,0 uT.Cor aparente (caso no seja utilizado nenhumcorante, ou antes, da sua utilizao).

    mensal < 15 uH

    Deve prever ajuste de pH para proteo dasredes de distribuio, caso necessrio. mensal pH de 6,0 a 8,0 no caso de tubulao de ao carbono ougalvanizado.NOTASuT a unidade de turbidez.

    uH a unidade Hazen.

    No se recomenda em hiptese alguma a transformao da gua de chuva em guapotvel em reas urbanas. A gua fornecida pela SABESP insubstituvel.

    Para desinfeco, a critrio do projetista, pode-se utilizar hipoclorito de sdio, raiosultravioleta, oznio e outros. Em aplicaes onde necessrio um residual desinfetantedeve ser usado hipoclorito de sdio devendo o cloro residual livre estar entre 0,5 mg/l e 3,0mg/l.

    No caso de gua de chuva ser utilizada para lavagem de roupas ou piscina deve serprecedido de filtros lentos de areia para remoo de parasitas, como por exemplo oCrypstoridium parvum.

    Para se ter uma idia dos preos de anlises informamos que para coliformes totais etermotolerantes o custo de R$ 40,00/ amostra. Para cor aparente, turbidez e cloro residuallivre o custo de R$ 20,00/amostra conforme Instituto Adolfo Lutz de So Paulo.

    Konig, 2007 informa que a norma alem no existe nenhuma recomendao legal paraqualidade da gua de chuva e nem de monitoramento, entretanto recomenda expressamente que aqualidade das guas de chuvas sejam mantidas conforme a Tabela (3.2).

    Tabela 3.2- Limites recomendados pelo dr. Klaus W. Konig da Alemanha em 2007Parmetros Limites LimitesColiformes totais 0/0,001mL < 100/mLEscherichia coli 0/ 0,1mL

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    aos padres de qualidade para que se evite a contaminao da gua com inoculao na gua decoliformes de 105a 106bactrias/mL medidas no sistema de entrada.

    Uma outra medida necessria colocar um corante na gua para ver se no h conexocruzadas.

    Konig, 2007 recomenda ainda que pelo menos uma vez por ano sejam feitas anlises porlaboratrio qualificado para atender as recomendaes de qualidade.O sistema dever ser seguro de contaminao para as diversas situaes.

    Lavagem de roupasKonig, 2007 informa ainda que a deciso de se utilizar a gua de chuva para lavagem de roupas

    umadeciso pessoal do projetista e de sua responsabilidade. Lembramos que a NBR 15527/07 norecomenda a lavagem de roupa com gua de chuva a no ser que se use filtros lentos de areia.9. Bombeamento Quando necessrio o bombeamento, o mesmo deve atender aABNT NBR 12214/92. Devem ser observadas as recomendaes das tubulaes de suco e recalque, velocidades

    mnimas de suco e seleo do conjunto motor-bomba. Pode ser instalado junto a bomba centrfuga, dosador automtico de derivado clorado o qual

    convm ser enviado a um reservatrio intermedirio para que haja tempo de contato de nomnimo 15 min.

    Um dosador automtico de derivado clorado custa aproximadamente R$ 350,00. Poder serusado hipoclorito de sdio ou outro derivado clorado.

    10. Manuteno Recomenda-se realizar manuteno em todo o sistema de coleta e aproveitamento de gua

    de chuva conforme Tabela (3.3).Tabela 3.3- Sugesto de frequncia de manuteno

    Componente Freqncia de manutenoDispositivo de descarte do escoamento inicial automtico Limpeza mensal ou aps chuva de

    grande intensidadeCalhas, condutores verticais e horizontais 2 ou 3 vezes por anoDesinfeco com derivado clorado Manuteno mensalBombas Manuteno mensalReservatrio Limpeza e desinfeco anual

    3.7. Dimensionamento do reservatrio pelo Mtodo de RipplO mtodo de Rippl geralmente superdimensiona o reservatrio, mas bom us-lo para

    verificar o limite superior do volume do reservatrio de acumulaao de aguas de chuvas.

    Neste mtodo pode-se usar as sries histricas mensais (mais comum) ou dirias.S(t) = D (t) Q (t)Q (t) = C x precipitao da chuva (t)x rea de captaoV = S (t) , somente para valores S (t) > 0Sendo que : D (t)< Q (t)

    Onde:S (t) o volume de gua no reservatrio no tempo t;Q (t) o volume de chuva aproveitvel no tempo t;D (t) a demanda ou consumo no tempo t;V o volume do reservatrio, em metros cbicos;

    C o coeficiente de escoamento superficial.

    3.8. Mtodo da simulao

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    Para um determinado ms aplica-se a equao da continuidade a um reservatrio finito:S(t)= Q (t)+ S (t-1) D (t)Q (t)= C x precipitao da chuva (t)x rea de captaoSendo que: 0 S (t)V

    Onde:S (t) o volume de gua no reservatrio no tempo t;S (t-1) o volume de gua no reservatrio no tempo t 1;Q(t) o volume de chuva no tempo t;D (t) o consumo ou demanda no tempo t;V o volume do reservatrio fixado;C o coeficiente de escoamento superficial.

    Nota: para este mtodo duas hipteses devem ser feitas, o reservatrio est cheio no incio dacontagem do tempo t, os dados histricos so representativos para as condies futuras.

    3.9. Mtodo prtico do professor Azevedo NetoO ltimo trabalho do prof. Azevedo Neto foi aproveitamento de gua de chuva em 1995.

    V = [(P/2) / 12] x A x TOnde:P a precipitao mdia anual em milmetros;T o nmero de meses de pouca chuva ou seca;A a rea de coleta, em metros quadrados;V o volume de gua aproveitvel e o volume de gua do reservatrio, em litros.

    3.10. Confiana

    Confiana = (1 - Pr)Recomenda-se que os valores de confiana estejam entre 90% a 99%.

    Pr= Nr/ NSendo:Pr a falhaNr o nmero de meses em que o reservatrio no atendeu a demanda, isto , quando Vt= 0;N o nmero de meses considerado, geralmente 12 meses;

    3.11. Dimensionamento do reservatrio de autolimpezaNa Figura (3.4) est um esquema do sistema de aproveitamento de guas pluviais onde

    aparece a caixa dofirst flush, ou seja, o reservatrio de autolimpeza que funciona automaticamente.Sem dvida a grande dificuldade dimensionar o tamanho do reservatrio em que a gua dofirst flushser depositada para ser descartada, quando se supe esta alternativa.

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    Figura 3.4- Esquema de funcionamento do reservatrio de autolimpeza

    Uma maneira que encontramos para dimensionar a caixa de autolimpeza, isto , que ela sejafeita automaticamente sem a interferncia humana imaginarmos um reservatrio que tenha ovolume dofirst flush e que o esvaziamento do mesmo seja feito em 10min aproximadamente.

    O valor de esvaziamento de 10min, foi tomado empiricamente, pois este o tempo que levapara que a gua levar para ficar limpa.

    Usamos a equao do orifcio:Q= Cd x A (2 x g x h)0,5

    Sendo:

    Q= vazo de sada do orifcio (m3/s)G= acelerao da gravidade=g=9,81m/s2h= altura de gua sobre o orifcio (m). a metade da altura da caixa.A= rea da seo do orifcio (m2)Cd= coeficiente de descarga do orifcio=0,62

    3.12 CustosOs custos dos reservatrios variam com o material, com a soluo escolhido da posio do

    reservatrio e das condies locais. Esto inclusos nos custos o custo de calhas, condutores e bombacentrfuga.

    Na mdia o custo do reservatrio varia de US$ 150/m3a US$ 200/m3 de gua reservada.C= 336 x V 0,85

    Sendo:C= custo do reservatrio em US$V= volume do reservatrio em m3

    3.13 Previso de consumo de guaH sempre uma grande dificuldade em se prever o consumo de gua no potvel para se usar a

    gua de chuva.A Tabela (3.4) de Vickers, 2001 mostra as porcentagens dos tipos de uso residencial. Assim

    numa casa se gasta 27% da gua nas descargas nas bacias sanitrias, 17% nos chuveiros, 22% na

    lavagem de roupa, etc.

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    A mdia de consumo brasileiro de 160 litros/diaxhabitante e, como pode ser verificado naTabela (3.4), a economia de gua potvel seria de 27% se utilizarmos gua de chuva apenas nasdescargas de bacias sanitrias.

    Tabela 3.4- Tipos de usos e porcentagem de utilizao de consumo interno de uma residncia

    3.14. Qualidade da gua de chuvaFoi muito discutido na reunio da ABNT os parmetros de qualidade de gua de chuva que se

    devia adotar, pois no encontramos em nenhum texto estrangeiro ou mesmo na norma alem nadasobre o assunto.

    Baseado na experincia do CIRRA, o dr. Jos Carlos Mierza apresentou alguns parmetrosbsicos que devem ser seguidos conforme o uso e dos perigos de contato humano com a mesma.

    Quando o uso for restritivo a norma recomenda que o cloro residual livre esteja entre 0,5mg/La 3mg/L e que a sua verificao seja mensal.

    Quanto a turbidez deve ser menor que 5 uT (unidade de turbidez) e, em alguns casos maisrestritivos, ser menor que 2 uT.A cor aparente deve ser menor que 15 uH (unidade Hazen) e dever ser verificado

    mensalmente.Quanto a coliformes totais e termotolerantes devero estar ausentes em amostras semestrais de

    100mL cada.No que se refere ao pH dever estar entre 6,0 e 8,0.

    3.15. Filtros lentos de areiaOs filtros lentos de areia foram os primeiros sistemas de filtrao de abastecimento pblico.

    Os filtros cermicos, panos e em carvo foram criados antes. Os filtros lentos de areia caram em

    desuso quando surgiram os filtros rpidos, mas devido a facilidade com que podem retermicroorganismos, eles esto de volta.O objetivo usar como gua bruta a gua de chuva precipitada em telhados e captada,

    melhorando sua qualidade, mas ainda a mesma continua sendo no potvel. A idia dar umamelhoria qualitativa para fins de uso no potvel.

    Iremos nos deter somente nosfiltros lentos de areia descendentes, sendo aquele em que seforma uma camada de bactrias de mais ou menos 5cm chamada schmutzdeche que responsvelpelo incremento na reteno de impurezas muito finas.

    Na Figura (5) vemos um esquema de um filtro lento de areia. Notar que a gua entra por cimae sai tambm por cima acima da camada do schmutzdeche.

    O regime de escoamento pode ser contnuo ou descontinuo como o aproveitamento de gua de

    chuva.

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    Junto a superfcie da camada de areia dos filtros lentos, aps algum tempo de funcionamentodependendo da qualidade da gua bruta, forma-se uma camada de impurezas, de natureza gelatinosa,compreendendo microorganismos aquticos em grande quantidade em 5 a 15 dias.

    O fluxo da gua deve ser regularizado a fim de no romper o biofilme que se forma.

    Taxa de filtraoA camada filtrante constituda por areia mais fina e a velocidade com que a gua atravessa a

    camada filtrante relativamente baixa.As taxas de filtrao geralmente ficam compreendidas entre 2m3/m2.dia (83litros/m2.hora) a 6

    m3/m2/dia (250 litros/m2.hora).O funcionamento recomendado de um filtro lento de areia de 100 litros/m2. hora (0,1m3/m2x

    h ou 0,1m/h). A Organizao Pan-americana da Sade, 2003 recomenda valor menor ou igual 0,2m/h(200 litros/m2x h)

    Figura 3.5- Esquema de um filtro lento de areia lento descendente com entrada e sadapor cima em nvel superior a camada de areia.

    Salientamos que o filtro lento de areia no torna a gua potvel, pois para isto deveratender a todos os requisitos da Portaria 518/04 do Ministrio da Sade.

    3.16 Avaliao do sistema de aproveitamento de gua de chuvaO sistema de aproveitamento de gua de chuva sustentvel e para a avaliao usamos trs

    mtodos bsicos: payback, relao beneficio/custo 1 e LCCA (lyfe cycle cost analysis) que omtodo da anlise da vida til do sistema.

    Em mdia sistema de aproveitamento de gua de chuva tem paybackde no mximo 3 anos erelao Beneficio/Custo>1. Torna-se uma alternativa vivel na maioria dos locais em anlise LCCAde 20anos computando os custos de implantao, manuteno, operao, energia eltrica, substituiode equipamentos, etc usando o valor presente.

    3.17Tarifas de esgotosNo h leis brasileiras e nem decretos a respeito das tarifas de esgotos com o uso gua de

    chuva nos aparelhos sanitrios. Sem dvida a gua de chuva que for encaminhada para a rede coletorade esgotos sanitrios da concessionria pblica dever ser tarifada

    3.18 Filtro de piscinaOs filtros de piscina so filtros de areia rpidos e conforme tese de doutoramento da prof. dra.

    Simone May da EPUSP em aplicao ao aproveitamento da gua de chuva de telhado, os mesmosremovem 100% dos coliformes totais e termotolerantes atentendo a NBR 15527/07.

    Para a remoo de protozorios como a Giardia e o Cryptosporidium necessrio filtros

    lentos de areia conforme o prof. dr. Jorge Macedo de Juiz de Fora.

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    3.19 ConclusoO aproveitamento da gua de chuva dever ser usado somente como gua no potvele deve

    ser considerado como mais um recurso hdrico disponvel como a gua de reso de guas cinzasclaras, gua de superfcie e subterrnea.

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    3.20. Bibliografia e livros consultados-ABNT (ASSOCIAAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS). Projeto de captao de guade superfcie para abastecimento pblico.NBR 12213 de abril de 1992.

    -ABNT (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS). gua de chuva-Aproveitamentode coberturas em reas urbanas para fins no potveis Requisitos, setembro de 2007. NBR 15527/07.-ABNT (ASSOCIAAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS). Estudos de concepo desistemas pblicos de abastecimento de gua.NBR 12211 de abril de 1992.-ABNT (ASSOCIAAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS). Instalao predial de gua

    fria.NBR 5626 de setembro de 1999.-ABNT (ASSOCIAAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS). Instalaes prediais de guas

    pluviais.NBR 10844 de dezembro de 1989.-ABNT (ASSOCIAAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS). Projeto de estao detratamento de gua para abastecimento pblico.NBR 12216 de abril de 1992-ABNT (ASSOCIAAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS). Projeto de reservatrio de

    distribuio de gua para abastecimento pblico.NBR 12217 de julho de 1994.-ABNT (ASSOCIAAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS). Projeto de sistema debombeamento de gua para abastecimento pblico. NBR 12214 de abril de 1992.-BOTELHO, MANOEL HENRIQUE CAMPOS E RIBEIRO JR, GERALDO DEANDRADE.Instalaes Hidrulicas prediais feitas para durar- usando tubos de PVC. So Paulo:Pro, 1998, 230 p.-DIN (DEUTSCHES INSTITUT FUR NORMUNG) 1989-1. Norma alem de aproveitamento degua de chuva.Entrou em operao somente em abril de 2002.-KONIG, KLAUS W. Innovative water concepts- service water utilization in Buildings. Berlin SenateDepartament for Urban Development, ano 2007. http://www.stadtenwicklung.berlin.de.-MACEDO, JORGE ANTONIO BARROS DE. Desinfeco e esterilizao qumica. Juiz de Fora,

    novembro de 2009, 737pginas.-MACEDO, JORGE ANTONIO BARROS DE. Subprodutos do processo de desinfeco de gua

    pelo uso de derivados clorados. Juiz de Fora, 2001, ISBN 85-901.568-3-4.-MAY, SIMONE. Caracterizao, tratamento e reso de guas cinzas e aproveitamento de guas

    pluviais em edificaes.So Paulo, julho, 2009, EPUSP, 200 pginas.-MAY, SIMONE. Estudo da viabilidade do aproveitamento de gua de chuva para consume no

    potvel em edificao. Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulopara obteno do titulo de mestre em engenharia.So Paulo, 2004.-McGHEE, TERENCE J. Water supply and Sewerage. 6a ed, 1991, 602 pginas.-METCALF&EDDY. Wastewater Engineering- Treatment disposal reuse. 3 ed. 2001, 1333 pginas.-MINISTERIO DA SAUDE. Portaria 518 de 25 de maro de 2004. Estabelece os procedimentos eresponsabilidades relativos ao controle e vigilncia da qualidade da gua para consumo humano e

    seu padro de potabilidade e d outras providencias.

    -ORGANIZACION PANAMERICA DE LA SALUD.Hojas de divulgacin tcnicaISSN:1018-5119HDT N 88 MARZO 2003.-TEXAS, The Texas Manual on Rainwater Harvesting, 3a edio 2005, Austin, Texas, 88 pginas.-THOMAS, TERRY E REES, DAI. Affordable Roofwater Harvesting in the Humid Tropics.International Rainwater Catchment Systems Association Conference, 6 a 9 de julho de 1999,Petrolina, Brasil.-THOMAS, TERRY et al.Bacteriological quality of water in DRWH- Rural Development. Germany:2001, Rainwater International Systems de 10 a 14 de setembro de 2001 em Manheim.

    -TOMAZ, PLINIO.Aproveitamento de gua de chuva para reas urbanas e fins no potveis.Navegar Editora, So Paulo, 2005, 2 ed., 180p. ISBN 85-87678-23-x.-TOMAZ, PLNIO. Conservao da gua. Editora Parma, Guarulhos, 1999, 294 p.

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    -TOMAZ, PLINIO. Notas de aula na ABNT So Paulo em cursos de aproveitamento de gua dechuva de cobertura em reas urbanas para fins no potveis.-TOMAZ, PLINIO. Previso de consumo de gua- Interface das instalaes prediais de gua eesgotos com os servios pblicos.Navegar Editora, So Paulo, 2000, ISBN 85-87678-02-07, 250p.

    -VALDEZ, ENRIQUE CSAR e GONZLEZ, ALBA B. VZQUEZ. Ingenieria de los sistema detratamiento y disposicin de aguas residualies. Fundacin Ica, Mexico, 2003 310 pginas.-VICHKERS, AMY. Handbook of Water Use and Conservation. Massachusetts, 2001, ISBN 1-9315579-07-5, WaterPlow Press, 446p.