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03/04/2016
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O Processo Grupal
Profa. Dra. Rosana Carneiro Tavares
O Processo Grupal
Revisão dos conceitos sobre pequenos grupos
Conceito proposto por Silvia Lane: pesquisa realizada com acadêmicos sobre grupo
Instituição: valor ou regra social (guia básico decomportamento e de padrão ético para as pessoas).Instituição é o que mais se reproduz e o que menosse percebe nas relações sociais.
Organização: as instituições sociais são mantidas ereproduzidas nas organizações. A organização é opólo prático e concreto das instituições.
Grupo: o lugar onde a instituição se realiza. O grupoé o sujeito que reproduz e que, em outrasoportunidades, reformula tais regras, é sujeitoresponsável pela produção dentro dasorganizações.
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As Instituições...
Auxiliam na formação de hábitos
Cristalizam papeis
Os estudos desenvolvidos em pequenos grupos endossam os aspectos ideológicos da compreensão dos grupo (grupo visto como natural e a-histórico)
O Processo Grupal
Pensar que...
O controle da sociedade se faz a partir de regras que produzem comportamentos padronizados – aprendidos em decorrência
da adaptação do indivíduo ao meio, de sua percepção deste e de sua institucionalização
(reforça os comportamentos positivos e estes tendem a se repetir).
A institucionalização ocorre sempre que há uma
tipificação de ações habituais, aceitas por um determinado grupo ou reproduzidas em organizações .
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Tarefa da psicologia
Apreender a internalização da realidade concreta e como essa internalização media o comportamento dos sujeitos.
Internalização:
Socialização Primária (história das famílias + valores reproduzidos ou rompidos + influência da socialização primária nas outras socializações).
Socialização Secundária – tem forte influência das instituições.
A Socialização remete à...
Condição alienada do homem
Opera em dois níveis:
1. Da Vivência Subjetiva (marcada pela ideologia capitalista – sujeito “livre”).
2. Da realidade objetiva (interações moldadas por papeis
sociais – limitam as trocas ao que é permitido)
Possibilidades de libertação pela atividade grupal
A análise dos grupos como Processo
Deve compreender a inserção do grupo nas instituições.
Deve ser realizado nos dois níveis: Vivência subjetiva (apreensão das ideologias, reconhecimento da supremacia da ideologia capitalista) e Realidade objetiva (verificação e análise das relações poder, Relação dominador/dominado; explorador/explorado).
Deve compreender a história de vida de cada membro do grupo (inserção de classe social, etnia, assunção de papeis – a história presentifica-se na forma concreta da ação).
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Dinâmica de Grupo / Processo Grupal...
Pontos importantes para o estudo de
pequenos grupos sociais (Lewin):
o contato entre as pessoas e a busca deum objetivo comum;
a interdependência entre seus membros;
a coesão ou espírito de grupo que variaem um contínuo que vai da dispersão
até unidade.
MODELOS TRADICIONAIS DE GRUPO
Essas propostas têm como princípio:
A concepção de grupo como um sistema
fechado, previamente constituído.
Visão que mascara as relações que surgem dentro da prática grupal (necessidades e interesses dos sujeitos, as tensões, os conflitos e as relações de
poder).
Não permite a percepção do movimento do grupo, em constante construção e transformação – postura idealista presente em algumas práticas grupais .
Dinâmica de grupo – Estudo iniciado por Lewin
Grupo Psicológico (psicogrupo) – conhecimento recíproco, objetivos comuns, ideologias semelhantes e interação constante/interdependente.
Proximidade física, Identidade social, valores, objetivos, papeis e normas aceitos pelo grupo por identificação.
Organização Social (sociogrupo) – pessoas e grupos que têm objetivos comuns, sem ser necessária a reciprocidade ou a interdependência, voltado para a tarefa.
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Tarefas voltadas para a inserção social do grupo, para a visibilidade do grupo, conquista ou manutenção de status.
Estudo, trabalho, produção artística, palestras, eventos etc.
Sistema Externo Atividades do
grupo para si, diálogos, vivências, estabelecimen-to de regras.
Festa comemorativa, estudos de casos, formação profissional, reuniões de equipe.
Sistema Interno
Lewin – Teoria sobre liderança degrupos
Democráticos, Autocráticos ou LaissezFaire.
Detectou que os grupos democráticossão, ao longo prazo, mais eficientes eautônomos.
Grupos autocráticos são poucoprodutivos, seus membros são apenascumpridores de tarefas.
A Dinâmica do Grupo
...O estudo fracionado de pequenos grupos tem
endossado os aspectos ideológicos inerentes ao grupo como naturais e universais, reproduzindo, assim, ideologia com roupagem
científica.
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Grupo ou Processo Grupal?
Podemos dizer, que de acordo com o
referencial de homem e de mundo que oscientistas sociais assumem, vai variar o
entendimento, o sentido e a explicação que
os mesmos vão dar em relação ao grupo e
aos processos grupais;
Lane (1986) enfatiza que a função do grupo
é definir papéis, o que leva a definição daidentidade social dos indivíduos e a garantir
a sua reprodutividade social.
O Processo Grupal
Não há divisão entre indivíduo e grupo
Compreender o indivíduo/grupo para conhecer as determinações sociais que agem sobre o indivíduo, identificá-lo como sujeito histórico pensando que toda a ação transformadora da sociedade só pode ocorrer quando indivíduos se agrupam.
O Processo Grupal
O significado da existência e da ação grupal só pode ser encontrado dentro de uma perspectiva histórica que considere a sua inserção na sociedade, com determinações econômicas, institucionais e ideológicas.
O próprio grupo só poderá ser conhecido enquanto um processo histórico, e neste sentido fala-se em processo grupal, em vez de grupo.
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O Processo Grupal
Todo e qualquer grupo exerce uma função histórica de manter ou transformar as relações sociais desenvolvidas em decorrência das relações de produção.
Reprodução de papeis versus reflexão sobre os papeis
O grupo, tanto na sua forma de organização como nas sus ações, reproduz ideologia, que, sem um enfoque histórico, não é captada.
Grupo Ideal?
Na tradição lewiniana temos um ideal de grupo
coeso, estruturado, acabado.
Passa a idéia de um processo linear de maturidade.
Neste modelo não há lugar para o conflito – são vistoscomo algo ameaçador.
O grupo é como um modelo de relações horizontais,
equilibradas, equitativas, onde as pessoas se amam e
se respeitam.
Reproduz um modelo ideal de funcionamento social.
Grupo ou Processo Grupal...
O grupo também pode ser visto como um lugaronde as pessoas mostram suas diferenças;
Onde as relações de poder estão presentes eperpassam as decisões cotidianas, onde o conflito éinterente ao processo de relações que seestabelece;
Onde há uma convivência do diferente, do plural;
Num confronto de idéias, buscando conciliarapenas o conciliável, deixando claro asindividualidades, o diferente;
A importância de afirmar que as pessoas sãodiferentes, possuem e pensam valores diferentes.
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Determinações de classe social, de gênero, de raça e
de nacionalidade.
Relações que se embaterão tanto na busca consciente
de uma determinação, quanto de defesas inconscientes
utilizadas para lutar e/ou fugir das ameaças que as
novas situações desconhecidas nos colocam.
Conflitos que podem gerar conforme Bion (1975),
situações de funcionamento na base de ataque ao
desconhecido ou da espera de um messias que venha
trazer a salvação ao grupo.
Posição de
alienado
E o grupo é uma
possibilidade de libertação
Possibilidade de ser sujeito
O sujeito sempre é um
homem alienado
As relações grupais podem ser...
Confirmação da Alienação –
Reprodução das relações de dominação
Construção autônoma de subjetividades
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O grupo precisa ser visto como um campo onde
os trabalhadores sociais que se aventuramdevem ter claro que o homem sempre é um
homem alienado e o grupo é uma possibilidadede libertação (Lane).
Mas também pode ser uma maneira de fixá-lo
na sua posição de alienado.
As relações que se estabelecem podem sermeramente de reprodução das relações de
dominação e de alienação.
Como "Funciona" o
Processo Grupal?
Parte-se da idéia de processo e da construção
coletiva do projeto, não se pode pensar em um"treinamento" de grupo, no sentido de aplicação de
uma série de exercícios que possam ajudar as
pessoas a atingir um "ideal de grupo" pertencente
ou criado pelo "profissional treinador".
As chamadas "dinâmicas de grupo" nada mais são
do que técnicas de submissão do grupo ao
profissional e à instituição/organização.
Como "Funciona" o
Processo Grupal?
A constituição do grupo em processo pode requerer apresença de um profissional – técnico em processogrupal;
O trabalho do mesmo será auxiliar a que as pessoasenvolvidas na experiência pensem o processo queestão vivenciando; autorreflexão e práxis social.
Valoriza-se o pensar não cada um individulamente,mas cada um participando de um mesmo barco quebusca estabelecer uma rota.
Talvez o porto não seja seguro, porque não existe umdestino final e quando isso acontece o grupo sedissolve e o processo acaba (Profa Lenise, PUC Goiás)
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O Processo Grupal é um constante vir a
ser
Navegar é Preciso, viver não é preciso
(Fernando Pessoa)
No destino Final o Processo Grupal Acaba
Enquanto o grupo persiste é um constante navegar;
Um constante questionar a rota;
Um aprender a conviver com a insegurança e com aincerteza;
Talvez uma mudança de rota devido a avaliação dotrajeto já percorrido e do que falta;
Enfim, há uma preocupação em centrar na tarefa etornar explicítas as questões implícitas que estãodificultando a realização da tarefa pretendida, ou quea estão facilitando.
Esta é uma maneira de o grupo se tornar sujeito do seupróprio processo;
Assim, os integrantes da experiência terão condiçõesde TOMAR DECISÕES DE FORMA MAIS CONSCIENTE.
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Grupos Operativos
O francês Pichon Riviere, desenvolveu uma abordagem de trabalho,
também dialética, em grupo – “grupos operativos”.
“O grupo operativo se caracteriza por estar centrado, de forma
explicita, em uma tarefa que pode ser o aprendizado, a cura, o
diagnóstico de dificuldades etc. Sob essa tarefa, existe outra
implícita subjacente à primeira, que aponta para a ruptura das
estereotipias que dificultam o aprendizado e a comunicação”
Na verdade, o grupo operativo configura-se como um modo de
intervenção, organização e resolução de problemas grupais.
Crítica de Silvia Lane – Esquema conceitual teórico (dominação
que gera ansiedade) / Dialética não concreta, mas idealista –
coordenador tem o domínio do saber.
O processo grupal
Psicologia Social e Crítica - consistente crítica aos
modelos teóricos existentes. O fundamental nesta visão
é considerar que não existe grupo abstrato mas, sim,
um processo grupal que se reconfigura a cada
momento .
Silvia Lane detecta categorias de produção grupal:
1: Categoria de produção: a produção das satisfações
de necessidades do grupo está diretamente relacionada
com a produção das relações grupais.
2: Categoria de dominação: os grupos tendem a
reproduzir as formas sociais de dominação. Mesmo um
grupo de características democráticas tende a
reproduzir certas hierarquias comuns ao modo de
produção dominante.
3:Categoria grupo-sujeito: trata-se do nível de
resistência à mudança apresentada pelo grupo. Grupos
com menor resistência à autocrítica e, portanto, com
capacidade de crescimento através da mudança, são
considerados grupos- sujeitos. Os grupos que se
submetem cegamente às normas institucionais e
apresentam muita dificuldade para a mudança são os
grupos-sujeitados.
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A categoria de produção pode ser entendida como a
influencia subjetiva da dinâmica do grupo no seu
produto final, na realização de seus objetivos.
Exemplo: Um grupo que se organiza para formar um
conjunto de rap estará, necessariamente, submetido as
condições históricas do momento de sua organização. O
grupo certamente terá como objetivo, algum ganho
financeiro, já que é um imperativo do tipo de sociedade em
que vivemos – a comercialização da produção social.
Dinâmica do grupo afetada pela categoria produção: o
grupo terá que discutir a forma de cobrir as suas
despesas e a divisão de lucro.
Um grupo de uma empresa multinacional – terá uma ordem de
organização determinada pelos objetivos ligados à produção
daquela empresa. Observa-se a segunda categoria descrita por
Lane: a dominação. Assim, quando se trata do trabalho numa
fábrica, o grupo tenderá a ser bastante verticalizado (diretor,
gerente, chefe, encarregado e operários).
Existe a possibilidade de o grupo exercer a negação deste
processo de imposição social – Chega-se à terceira categoria:
grupo-sujeito.
O grupo-sujeito é aquele que critica as formas autoritárias de
organização e procura estabelecer uma contra-norma. Isto
somente é possível quando o grupo consegue esclarecer a base
de dominação social, historicamente determinada, e encontra
forma de organização alternativas.
O Processo Grupal
Sugestões para analise do indivíduo no processo grupal:
1. Analisar as instituições e as inserções dos grupos no seu
interior
2. Conhecer a história de cada membro do grupo – identificar
que papel o individuo assume no grupo
3. Analisar as vivencias subjetivas – as representações ideológicas do grupo – as relações de poder
4. Analise do sujeito a partir de suas determinações concretas
5. Identificar os papéis sociais presentes no grupo
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O Processo Grupal
A pesquisa também aponta:
Produção do grupo = ação grupal – participação
de todos em torno de uma tarefa.
Integrar um grupo, participar. Abrir mão de uma individualidade institucional para assumir uma identidade grupal.
Agir em grupo é ter uma ação social transformadoradentro da sociedade.
Para Refletir...
“Como poderão as novas gerações
aprender a viver juntas no mundo do amanhã?... Muitas respostas a estes
desafios podem e devem vir dos próprios jovens, se lhes for dada a oportunidade de se manifestar. O potencial é
considerável”.
(JAVIER PERES CUÉLLAR, 2002)