18
01 | Junho | 2014 - Se Na linha da frente da informação, para que se mantenha sempre informado com rigor e isenção - Nº 1 - Ano 1 |domingo 01 de Junho de 2014 À CONVERSA COM ALICE RUIVO - OPERÁRIA DAS PALAVRAS pág 12-13 Mina de São Domingos que FUTURO? Crescimento, desenvolvimento, ou simplesmente a queda no abismo do despovoamento e do esquecimento Deixei a Mina, por razões que são sobejamente conhecidas, tinha 9 anos. Com esta idade não temos a noção daquilo que realmente preocupa os adultos. O que ficou, portanto, no meu imaginário, foram as brincadeiras, as correrias, as ruas calcor- readas debaixo de tórrido sol, com a pequenada, como eu, as brincadeiras em comum, o chapinar na Tapada, e o dia em que ia morrendo afogada, não fora um vizinho junto à horta do meu pai, atirar-se à agua, vestido… julgo que é o único trauma de infância que me persegue até hoje…. Tenho um imenso respeito pela água, seja de rio ou de mar. © António Peleja Mercedes GLA 200 CDI vs BMW X1 sDrive 18d vs Range Rover Evoque eD4 O cenário da Achada do Gamo na Mina de São Domingos foi escolhido para a Mercedes GLA, BMW X1 e Range Rover Evoque medirem forças. Podia ser o guião de um filme, mas aqui não há heróis ou vilões, apenas três SUV compactos a disputar as atenções do público. Reportagem completa em: http://turbo.sapo.pt/comparativos/ artigo/mercedes-gla-200-cdi-vs-bmw-x1-11230.html

O Gasómetro Nº1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: O Gasómetro Nº1

01 | Junho | 2014 1

- SeNa linha da frente da informação, para que se mantenha sempre informado com rigor e isenção - Nº 1 - Ano 1 |domingo 01 de Junho de 2014

À C O N V E R S A C O M A L I C E R U I V O - O P E R Á R I A D A S PA L AV R A S pág 12-13

Mina de São Domingos que FUTURO?Crescimento, desenvolvimento, ou simplesmente a queda no abismo do despovoamento e do esquecimento

Deixei a Mina, por razões que são sobejamente conhecidas, tinha 9 anos. Com esta idade não temos a noção daquilo que realmente preocupa os adultos. O que ficou, portanto, no meu imaginário, foram as brincadeiras, as correrias, as ruas calcor-readas debaixo de tórrido sol, com a pequenada, como eu, as brincadeiras em comum, o chapinar na Tapada, e o dia em que ia morrendo afogada, não fora um vizinho junto à horta do meu pai, atirar-se à agua, vestido… julgo que é o único trauma de infância que me persegue até hoje…. Tenho um imenso respeito pela água, seja de rio ou de mar.

© António Peleja

Mercedes GLA 200 CDI vs BMW X1 sDrive 18d vs Range Rover Evoque eD4

O cenário da Achada do Gamo na Mina de São Domingos foi escolhido para a Mercedes GLA, BMW X1 e Range Rover Evoque medirem forças. Podia ser o guião de um filme, mas aqui não há heróis ou vilões, apenas três SUV compactos a disputar as atenções do público. Reportagem completa em: http://turbo.sapo.pt/comparativos/artigo/mercedes-gla-200-cdi-vs-bmw-x1-11230.html

Page 2: O Gasómetro Nº1

2 01 | Junho | 2014

editorial

F O T O G R A F I A S C O M H I S T Ó R I A

Aguadeiro Sr. Joaquim Cláudio

Nesta segunda edição com o seu Nº1 “O Gasómetro” continua o seu destino o de dar luz à notícia o fazer imergir os

talentos escondidos, nesta terra de gentes afáveis, marcadas pelas agruras da vida.

Agradeço todo o apoio que tem sido prestado por todos e as palavras de incentivo que me fizeram chegar.

No entanto gostava que sentissem este projecto mais vosso, uma parte de vocês eu simplesmente fui o motor de arranque do projecto, que como já frisei várias vezes, depende de todos nós para poder continuar.

Esta primeira edição conta já com mais de mil visualizações espalhadas por quatro dos seis conti-nentes, no entanto num Universo de mais de seis mil aderentes ao GAMSD ainda é muito pouco, queremos dentro em breve ter toda esta comunidade a folhear ainda que on-line “O Gasómetro”.

Da nossa palavra, da nossa memória se preserva a história de um povo, as suas crenças, lendas, ditados populares, gastronomia, poesia, etc..

O jornal “O Gasómetro” bem como muitas ini-ciativas de nível cultural e de investigação realizadas em torno da Mina de São Domingos, ao contrário do que seria de esperar, não são iniciativa do poder autárquico instituído, que possui vários recursos e com os quais poderia decerto proporcionar um ex-celente trabalho. Estas iniciativas o GAMSD (Grupo de Amigos da Mina de São Domingos, o CEMSD (Centro de Estudos da Mina de São Domingos) o Jornal “O Gasómetro” a Mina na Wikipédia, todas elas são iniciativas de uma meia dúzia de voluntários com amor à terra que os viu nascer ou tão somente foi berço dos seus antepassados.

É dos esforço de todos eles que após os seus dias de trabalho, disponibilizam algum do seu tempo livre para dedicar a estes projectos, que eles são possíveis, não dispomos de milhares de euros para gerir estes projectos, dispomos isso sim de uma grande força de vontade e como diz o ditado popular “faz mais quem quer do que quem pode”.

Queremos e podemos fazer mais, e isso depende de todos nós. Acredito que podemos mudar o rumo dos acontecimentos e as barbáries que têm sido perpetuadas contra o ambiente e o total desrespeito pelas leis vigentes por parte de quem nos representa neste momento.

A culpa não pode morrer solteira, o atentado que foi efectuado contra as margens da Tapada Grande ainda está presente dentro de nós, as coimas que a autarquia tem de pagar constantemente pelas infrac-ções conscientes que comete são inadmissíveis, no passado dia 1º de Maio mais uma vez assisti a uma concentração junto de um local que é proibido por lei, dado as consequências ambientais que trás para os recursos de água (Tapada Grande), a autarquia tem conhecimento disso mesmo já que o ano pas-sado foi autuada por ter permitido no mesmo local um acampamento, que esteve integrado no Festival Ilha dos Sons. O que pergunto é? Quem autorizou a permanência das viaturas do Raid Ibérico, nesse mesmo local? A autarquia? Questões que provavel-mente nunca veremos esclarecidas dado o silêncio que tem imperado sempre por parte da mesma, ignorando desrespeitosamente quem se lhe dirige.

Vamos certamente continuar a trilhar o nosso caminho, rumo a um desenvolvimento que se quer sustentado e com a auscultação dos populares.

AntóniaFernandes

Correia

momentos d e p o e s i a

A bandeira do mineiro A bandeira do mineiro, está escondida no peito,talvez por ser o primeiro, que não encontrou outro jeito, o seu escudo era o trabalho, que fazia com orgulho, as insígnias da bandeira,eram a pá e picareta, pra partir o pedregulho o gasómetro alumiava as escuras galerias, nas horas que trabalhavam,pareciam-lhe anos os dias. Avante camaradas, avante, vamos levar por diante, com coragem e galhardia, empunhando nossa honra,como nossa garantia. Mineiros de São Domingos, homens de grande valor, trabalhavam em baixo do chão, com coragem e ardor ...

A evolução do bicho homemTrês fotógrafos, três momentos distintos,

uma única certeza, crime ambiental.Como pode o homem ainda hoje julgar-se

acima da natureza e com poderes para a destruir a seu belo prazer? Como pode alguém de bom senso e com estudos na área da arquitectura paisagística cometer tais crimes?

© António Peleja

© Paulo Carvalho

© Rogério Gomes

Page 3: O Gasómetro Nº1

01 | Junho | 2014 3

MINA DE SÃO DOMINGOS QUE FUTURO?

Crescimento, desenvolvimento, ou simplesmente a queda no abismo do despovoamento e do esquecimento

Se existe lugar no mundo onde é fácil explicar com exemplos concretos o con-ceito de desenvolvimento sustentável

esse lugar é a Mina de S. Domingos. O desen-volvimento sustentável, traduz-se na capacidade de satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras. Agora imaginem um lugar em que os seus recursos naturais são explorados até à exaustão durante 2/3 gerações deixando para o futuro um problema ambiental insanável e uma

população diminuta e empobrecida, esse lugar foi a Mina de S. Domingos.

Por oposição ao desenvolvimento, que só o é se for sustentável, surge o crescimento insustentável, que consiste na satisfação imediata geralmente de um grupo pequeno em detrimento da maioria e sem qualquer tipo de preocupação com os vindouros. Agora imaginem um lugar onde em menos de um século a população passa de zero a mais de oito mil habitantes, na sua esmagadora maioria trabalhadores mal pagos e acantonados com as suas famílias em “habitações” com 16 m2 que retiraram dia após dia as riquezas minerais da terra que depois de expurgadas da matéria imprestável e contaminante eram enviadas para os mercados internacionais, resultando em riqueza para uma elite que vivia nas grandes metrópoles mundiais

ou no local em casas apalaçadas em torno de um jardim, esse lugar foi a Mina de S. Domingos.

Estamos então a falar de uma localidade que cresceu insustentavelmente durante cerca de um século e uma vez esgotadas as suas riquezas minerais foi abandonada em conjunto com a sua população, obrigando os que estavam em idade produtiva a migrar em busca de sustento e de prosperidade, deixando para trás um complexo mineiro e industrial entregue à ruina e depreda-ção daqueles que viram em cada uma daquelas máquinas e em cada pedaço de ferro um meio de conseguir mais uns escudos para engordar a sua fortuna.

Mas será que só ficaram os ossos? Não, feliz-mente ficaram algumas coisas boas que podem ser aproveitadas, antes de mais (continua)

Fig1. Corta da Mina de S. Domingos (fonte: autor)

Luís Baltazar

Page 4: O Gasómetro Nº1

4 01 | Junho | 2014

ficou uma população que devido à sua história recente é diferente de todas as outras da região, que valoriza o seu património material e imaterial, aquilo que é cultural, os seus usos e costumes, que tem orgulho nos seus antepassados e que valoriza a sua luta por um futuro melhor. Ficaram também as suas belezas naturais e construídas, aquilo que não era possível transacionar e levar para sítio nenhum, as tapadas, os montados, as ribeiras e os estevais. Sobraram ainda as ruínas daquilo que foi um complexo modelo da revolução industrial do século XIX.

Mas será que podemos construir o futuro da Mina de S. Domingos com base nessas sobras? Sim, acredito que sim, desde que não se comentam os mesmos erros do passado, ou seja que não se esgote o que ainda existe a troco da fortuna de alguns e em detrimento dos nossos filhos e ne-tos que também têm o direito de usufruir delas, preferencialmente em melhor estado que o atual.

Então é isso que devemos ter sempre em mente quando se toma alguma iniciativa na Mina de S. Domingos, isto será duradouro (desenvolvimento) ou por outro lado embora satisfaça as necessidades atuais vai comprometer o futuro (crescimento)?

Nos últimos anos assistimos a uma série de iniciativas que têm por finalidade promover a Mina de S. Domingos enquanto destino turístico, mas será o turismo a panaceia que irá inverter a tendência para o despovoamento e consequente abandono da localidade? Queremos Turistas (aqueles que pernoitam mais de 3 noite seguidas) ou apenas visitantes (aqueles que apenas passam por lá)? Qual pode ser o contributo de uns e outros para o desenvolvimento da Mina e para atrair mais população residente? Queremos que venham durante todo o ano ou queremos que venham só no verão (agosto)? Queremos que a Mina de S. Domingos seja uma aldeia viva em que seja preservada a sua identidade social e cultural ou queremos que seja apenas um destino de férias? Queremos muita gente a viver em permanência na aldeia ou que predomine a segunda habitação? São estas e outras questões que precisam de ser respondidas e debatidas para depois se construir

um plano de desenvolvimento que envolva todos os atores públicos e privados com interesse e responsabilidade na Mina.

Reitero então a necessidade de encontrar con-sensos em torno do desenvolvimento da Mina de S. Domingos e que tudo o que seja feito seja enquadrado nesse plano, é fundamental que todas as ações por mais insignificantes que possam pa-recer sejam avaliadas e medidas a sua importância para o desenvolvimento. Sendo que os recursos são limitados será também importante priorizar as ações colocando em primeiro lugar as de maior valor (para o desenvolvimento).

Mas passemos para exemplos concretos: A inauguração da chamada “praia fluvial” na mar-gem da Tapada Grande em 2001 e a permanente promoção e dinamização daquela área especifica

tem atraído à localidade um número crescente de visitantes, gente que vem maioritariamente das povoações limítrofes (portuguesas e espanholas) que passam ali o dia, retornando às suas casas para pernoitar, embora se desconheçam os números exatos julga-se que o número de turistas (com exceção de caravanistas) seja diminuto face a essa população pendular a que se juntam os habitantes de segunda residência e que representam uma enorme pressão sobre a pequena albufeira.

Será a “praia” sustentável? Será que contribui para o desenvolvimento da Mina? Na minha opinião e da forma que está ser explorada não! E não o é porque não foi pensada nessa lógica, foi pensada numa lógica de crescimento, de cha-mar mais pessoas à localidade, numa lógica de quantas mais melhor, como é notório nas ações recentes, nomeadamente o abate de dezenas de eucaliptos para permitir o alargamento da área “útil”, no despejamento descontrolado de areia nas margens da tapada, um elemento estranho que vai contribuindo para a diminuição da capacidade de armazenamento da albufeira e consequente-mente a sua qualidade, na ausência de regras de estacionamento e de circulação de viaturas, no-meadamente a permissividade do estacionamento de autocaravanas no parque de estacionamento, o que resulta na prática no parqueamento anárquico de viaturas (que chegam a ser centenas) em áreas que são de resguardo e proteção da albufeira e sobre as quais a circulação e estacionamento de viaturas resulta num impacto negativo para mesma, especialmente para a qualidade da água.

Então não deveria existir a “praia”? A existência da “praia” pode ser positiva para o desenvolvi-mento da Mina e da região se for enquadrada num plano mais abrangente e se forem tomados alguns cuidados para que o seu futuro e da Tapada Gran-de como a conhecemos não seja comprometido, por exemplo, deve ser imediatamente suspensa a colocação de areia, deve ser avaliada a sua capa-cidade de carga (quantidade de utentes a partir da

Fig2. Hotel São Domingos (fonte: autor)

Fig3. Tapada Grande – Perna da Máquina (fonte: autor)

Page 5: O Gasómetro Nº1

01 | Junho | 2014 5

qual o impacto é negativo e irreversível), deve ser construído um parque de campismo/caravanismo) fora da área de proteção e impedir a circulação e estacionamento de viaturas junto da margem. E não menos importante passados mais de uma dúzia de anos sobre a sua inauguração avaliar o seu contributo para o desenvolvimento regional, em que medida contribuiu para fixar população (quantas pessoas) na Mina ou na região, ou pelo menos contribuiu para abrandar o envelhecimento da população e o despovoamento.

Mas não estará a região já demasiado pro-tegida, a população queixa-se da existência de demasiadas restrições ao “progresso”, é o plano de pormenor da aldeia que os impede de fazer anexos ou “subir” as habitações, é o plano de ordenamento da Tapada Grande que impede a circulação de barcos a motor (por exemplo), é o plano de ordenamento do Parque Natural do Vale do Guadiana, o plano diretor municipal, a classificação como conjunto de interesse público, etc. etc. É necessário explicar aos habitantes (e talvez também aos decisores políticos locais) que todos esses instrumentos não são um entrave, mas sim uma mais-valia se pensarmos numa lógica de sustentabilidade, se quisermos que daqui a duas ou três gerações a Mina continue a ser uma aldeia

viva, com as suas riquezas naturais (as que ainda subsistem) intactas, e com a sua identidade social e cultural preservada. Penso que todos queremos que os nossos filhos e netos se orgulhem de nós e do que fizemos pela Mina de S. Domingos.

Mas apontar defeitos, principalmente para quem está de fora é sempre fácil, e soluções? Em primeiro lugar as soluções não aparecem por “artes mágicas”, nem de ideias geniais surgidas do nada, é necessário um envolvimento de todos, da população aos poderes públicos para que seja debatido e encontrado um plano, que leve a Mina de S. Domingos rumo ao desenvolvimento e à grandeza que ela merece.

São alguns os estudos e trabalhos realizados nos últimos anos que têm apontado alguns caminhos e soluções, desde a reabilitação ambiental, a cons-trução de um parque de campismo caravanismo (eco-parque), a valorização/restauro de alguns edi-fícios emblemáticos do complexo mineiro (túneis, malacate, casa dos motores, Achada do Gamo, etc.), a reabilitação do caminho-de-ferro até ao Pomarão como eco-pista (circulação pedestre, em bicicleta ou em veículos que recriem os antigos comboios a vapor) complementada com passeio fluviais no Guadiana, a criação de um museu mineiro e de arqueologia industrial, a construção de um monu-

mento (deslocação do malacate) num ponto central da aldeia de modo a homenagear condignamente os que a construíram e assinalar inequivocamente o seu carater mineiro, a valorização dos produtos locais (mel, artesanato, etc.), a dinamização de festivais e outros eventos que promovam a cultura local e que possam atrair visitantes/turistas fora da época estival (em oposição a festivais banais de verão com fraca capacidade de atração), a ativida-des de turismo de natureza, caminhadas, passeios pedestres e de BTT, observação de aves, etc. etc. existe tanta coisa que pode ser feita (algumas com pouco dinheiro) e que realizadas de uma forma integrada e numa lógica de desenvolvimento pode levar a Mina de S. Domingos a um patamar que nunca conheceu e torna-la num polo efetivo de atração regional, permitindo assim a fixação de uma população ativa, jovem e produtiva.

O destino da Mina de S. Domingos resume--se a duas vias possíveis, daqui a duas ou três gerações ou será uma aldeia ativa e viva, todos os indicadores atuais vão contra esta opção pelo que o trabalho a ser feito é enorme e terá de envolver toda a gente, ou voltará a ser o lugar inóspito e despovoado onde a 16 de Junho de 1854 o Pie-montês Nicolau Biava encontrou uma antiga mina romana. Eu sei qual delas quero, e você?

© António Peleja

Page 6: O Gasómetro Nº1

6 01 | Junho | 2014

Quando na década de 60 a empresa Mason and Barry Lda, que durante mais de um século foi a principal e

quase única entidade empregadora no concelho de Mértola, quiçá no distrito de Beja, abriu falên-cia, foi o êxodo. O concelho que tinha na altura cerca de 32.000 habitantes, ficou em poucos anos reduzido a menos de 10.000.

Dos que partiram ruamo a todas as latitudes muitos fixaram-se na zona de Sacavém, sobretu-do atraídos pelo facto de aí existir uma empresa também ela inglesa e centenária a Fábrica de Loiça de Sacavém.

Vindos de uma terra onde o associativismo estava fortemente implantado com hábitos e tradições culturais muito próprios, um lugar de encontro para dar continuidade a essas tradições era uma necessidade evidente. Em Setembro de 1973, um grupo de conterrâneos, vencendo as dificuldades criadas pela polícia política “PIDE”, fundaram a LAMSD.

Este pequeno texto mostra como nasceu a ideia. É evidente que foi na taberna em Sacavém onde os mineiros e outros alentejanos se juntavam para cantar, que a decisão de ter um espaço e constituir um Grupo Coral se concretizou com o aluguer do espaço onde ainda hoje se encontra.

A LAMSD conta neste momento com 40 anos e tem 350 associados.

Como acompanham as notícias da Mina de São Domingos?

É evidente que o factor tempo altera a relação da LAMSD e a Mina de São Domingos. São di-ferentes as motivações dos fundadores da Liga e a dos seus descendentes e outros associados. No entanto, contam-se por milhares as iniciativas re-alizadas pela Liga para manter os laços fraternais às suas origens. Dessas iniciativas destaco por exemplo a geminação das freguesias de Sacavém e Corte Pinto que permitiu estabelecer relações institucionais.

Sacavém tem hoje uma rua com o nome “Rua da Mina de Sâo DOmingos”. Foi também com a presença dos autarcas das duas freguesias que se fixou no Bairro Alto uma placa onde foi construído o Sindicato dos Mineiros. Grande foi a contribuição dada pela Liga na comissão de acompanhamento para o acordo que permitiu aos mineiros e seus descendentes a compra dos quartos sem aumento de preço durante 20 anos. É evidente que só acompanhamdo de perto os problemas da Mina de São Domingos isto é possível.

Quais as actividades desenvolvidas pela Liga?

Grupo de caminheiros, grupo de coral, equi-pa de futsal, semana cultural do Alentejo (esta festa já é realizada há 25 anos, normalmente em Setembro, na cidade de Sacavém)

(continua)

Liga dos Amigos da Mina de São DomingosUm local de encontro para dar continuidade às tradições

Page 7: O Gasómetro Nº1

01 | Junho | 2014 7

Com que apoios contam para o desenvolvi-mento das actividades?

Dependemos das quotas dos sócios, e apoios autárquicos (C. M. Loures e da União das Fre-guesias de Sacavém e Prior Velho).

Como ser sócio da LAMSD?

Preencher a “Proposta de admissão de sócios” existente na sede, depois de preenchida vai ser analisada em reunião de direcção, para aprovação.

Contactos?

Tel./Fax -» 219424318Telemóvel -» 927904174E-mail -» [email protected] do Facebook -» https://www.facebook.

com/LamsdLigaDosAmigosDaMinaDeSaoDo-mingos

Existe pagina na net, mas não se encontra actualizada

Finalmente e para terminar, qual o desejo enquanto LAMSD para a Mina de São Do-mingos?

Preservar o que ainda for possível do parque habitacional, único no mundo, segundo o Arque-ólogo Cláudio Torres. “já se chamou à Mina de São Domingos a Brandoa do Alentejo”

Preservar todo o sistema de protecção das barragens quer as de águas pluviais quer das águas ácidas. Porque não criar as condições para aumentar a capacidade de armazenamento da Ta-pada Grande a exemplo do que fazia a empresa! Não estmaos livres de vários anos de seca como já tem acontecido.

É digno de registo todo o sistema de regatas como lhe chamamos, que serviam para a captação de água e protecção das barragens. Salientar que a Mina sem as Tapadas, é terra sem vida.

Preservar toda a zona museológica, que além de preservar a memória é fonte de interesse turístico, uma das vertentes de desenvolvimento da Mina e do Concelho. É lamentavel o que fizeram com o Poço da Madronheira Nº7, em que a câmpa-

nula para a extracção de gases da contra-mina se encontra de rodas para o ar apodrecendo nas escombreiras.

Não referi questões de ordem social, lembro apenas que um posto de venda de medicamentos era uma mais valia para aqueles idosos.

Agradeço as resposta fornecidas ao jornal “O Gasómetro”, espero que as mesmas possam ilucidar os nossos leitores do trabalho da LA-MSD, e espero a partir deste momento podermos contar sempre com a informação das actividades desenvolvidas.

As fotos que ilustram o texto foram gentilmente cedidas pela LAMSD e reportam a algumas das actividades desenvolvidas pela Liga, como sejam o Cante, A Semana Cultural do Alentejo, o Futsal e as Caminhadas (Passeios).

A LAMSD é o exemplo de como a distância pode não ser sinónimo de esquecimento e de perca de identidade. A LAMSD mantém viva a tradição escrita e oral de um povo.

Page 8: O Gasómetro Nº1

8 01 | Junho | 2014

estórias com história

JoséAntónio Estevão

O Sr. MINISTRO do meu AvôHá uns anos atrás, o mestre Manuel Guerreiro

com uma lágrima de saudade falou-me do meu avô José Gertrudes e da qualidade do seu trabalho como ferreiro, dizendo-me que ele era de facto um artista na arte de trabalhar o ferro.

O meu avô era um homem alto, seco de carnes, bigode largo mas sempre bem aparado, olhar observa-dor, de poucas falas, excepto quando,” e eram muitas vezes”, abusava das bebedeiras baratas, incentivadas por um sistema, … porque interessava.

Talvez por isso e ainda novo, sofreu uma trombose que lhe afetou as pernas, ficando para o resto da vida com a locomoção um pouco atrofiada.

Como morava na Corte do Pinto e trabalhava nas oficinas da mina, resolveu comprar um burro, que passou a ser durante muitos anos o seu meio de transporte; de manhã ia para o trabalho montado no burro, que a seguir era disputado pelos mineiros da Corte do Pinto que saíam do turno da noite da con-tramina e traziam o animal de regresso a casa, … até por volta das 2.30h, hora a que começavam a passar os mineiros que entravam ás 3,30h, e levavam o burro para trazer o meu avô.

Era um burro de tamanho médio, todo preto com apenas uma malha branca no centro da testa, pelo lu-zidio, com tosquia anual, sempre bem calçado, pouco trabalho, bem alimentado, bons aposentos, cama de palha nova todas as noites, … em comparação com os outros burros seus colegas das redondezas, …. Era um autêntico príncipe!

Com o seu ar saudável e o pouco trabalho, parecia ter a mania de um burro de binário elevado, conven-cido talvez da grandeza do seu estatuto, … o meu pai chamava-lhe O Sr. Ministro.

Com 11 anos frequentava eu, o Toi da Gregória e mais alguns, … o 1º ano do liceu como alunos ex-ternos, com a professora Teresa Romana na Corte do Pinto; em determinada altura, decidimos moldar uns bonecos com massa de jornal para fazermos uma peça de teatro inventada por nós na escola.

Bonecos feitos e secos, peça de teatro escrita, faltavam as canas para construir o cenário,

Prontamente a professora Romana pediu a um em-pregado do seu monte para arranjar um molho de canas, …faltava apenas arranjar um burro para trazer as canas do monte do Romana para a escola da Corte do Pinto.

Nenhum de nós tinha burro, …. Mas lembrei-me que havia o Sr. Ministro do meu avô!

A minha avó Joaquina emprestou-me o burro, com a recomendação de o entregar sem falta até ás 2,30h, hora a que passavam os mineiros para entrarem ás 3,30h, para levarem o burro para trazer o meu avô da mina.

… Quando indiquei ao burro o caminho do monte do Romana, … simplesmente recusou-se a prosseguir, … eu sei lá o tempo que levámos a teimar um com o outro, … ele a querer ir onde ía todos os dias , …á mina, … e eu a querer que ele fosse para o monte, … lá devia pensar que o seu estatuto de tantos anos e o contrato de trabalho que tinha, … era apenas e só o de levar e trazer o meu avô das oficinas e … não abdicava dos seus direitos…

… até que apareceu o meu tio Mário Estêvão com o seu carro de parelha e com técnicas diferentes das minhas, lá convenceu o Sr. Ministro a seguir na direcção do monte.

As canas para o cenário do teatro estavam garan-tidas, mas claro que me atrasei com aquela teimosia do burro, … quando fui entregar o burro já a minha avó Joaquina andava aflita, … os mineiros das 3,30h já tinham passado todos…

… Pois, … lá tive de ser eu a ir á mina levar o burro ao meu avô!

Á pressa a caminho da mina, … bem tentei faze--lo correr, … mas o seu conta rotações não subia, … confesso que estava nervoso e com alguma raiva do burro, pois contrariava-me em tudo, … estava pronto a convencer o meu avô a negociar este Sr. Ministro

com o Teodoro cigano….Mas finalmente ia-me ver livre do burro, … a sair

do lavatório já lá vinha o meu avô.Depois de nos cumprimentar-mos com dois bei-

jinhos, diz-me o meu avô: … olha filho, … levas o burrinho de volta para casa e dizes á avó que fui con-vidado por amigos para um convívio e que regresso á noitinha na carrinha do vizinho Amadeu…

Afinal, … ainda não me tinha visto livre do raio do burro e lá voltei a montar e regressar á Corte do Pinto …

… Quando passava junto á taberna do Zé Mestre, … o burro parou! … eu bem que protestava para ele andar, … eu bem que batia com os calcanhares na barriga do maldito jumento, … mas nada, … nem se mexia, … oh c’um caraças, … só me faltava mais esta …

Até que observando a cena um homem sai de dentro da taberna, … mas esse burro é do Zé Estrudes, … oh pá tens de desmontar, … entrar e sair da taberna, … voltar a montar, … e só assim vais conseguir que ele ande … Pensei: este gajo tá a gozar comigo… mas, … desmontei, entrei e sai da taberna, voltei a montar, … e não é que assim já o burro voltou a andar? … afinal, para se abastecer com um ou dois copos de vinho, … o meu avô também tinha programado o Sr. Ministro para invariavelmente parar na taberna do Zé Mestre.

… hoje e não sei porquê, lembrei-me deste episódio da minha infância, … mas, … porque seria que há tantos anos atrás, o meu pai alcunhou o raio daquele burro de, …. Sr. Ministro?

Page 9: O Gasómetro Nº1

01 | Junho | 2014 9

Era uma vez... uma escola

Mina de São Domingos

Rogério Gomes

Era uma vez... a Escola, ou melhor, a fal-

ta dela!!Era uma vez... Uma

tão linda e velhinha escola que se encontra vandalizada (vidros partidos, armários ar-rombados, necessida-des fisiológicas, etc.) e ao abandono (alguns não gostam desta pala-vra!), por parte de uns Exmos. Srs. autarcas que são tão amigos desta linda povoação e que adoram a mesma mais do que os naturais habitantes como já to-

Reunião de Câmara 21 de maio de 2014

No período antes da ordem do dia, e entre ou-tros assuntos, os eleitos da CDU questionaram o Presidente acerca da po-sição da Câmara sobre a anunciada pretensão go-vernamental de encerrar as escolas com menos de 21 alunos. Pela resposta, parece não haver muita preocupação em envol-ver as populações do concelho na defesa das nossas escolas.

Os vereadores da CDU fizeram uma reco-mendação ao Presidente, que no caso da Empresa Municipal Merturis ser extinta, que uma solução futura nesta área con-temple a salvaguarda de todos os postos de traba-lho das pessoas que agora estão naquela estrutura.

Na matéria agen-dada, salientamos pela positiva o facto de ter sido aprovada por una-nimidade a adjudicação das obras de saneamen-to e pavimentação em Martinhanes, e ainda do Parque Escolar EB1 de Mina de S. Domingos.

O ponto que levantou mais discordância foi o das Festas da Vila, so-bretudo o valor absoluta-mente desproporcionado que a Câmara vai pagar. Depois de uma animada discussão, os Vereadores Miguel Bento e Mada-lena Marques votaram contra a proposta apre-sentada com base nos seguintes fundamentos:

- Formato organiza-cional das festas, que en-volve um número muito reduzido de associações do concelho;

- O exagerado dispên-dio financeiro (75.000 euros) em custos dire-tos, isto sem considerar outras verbas de elevado montante que o municí-pio terá de suportar em pessoal, combustíveis, seguros, eletricidade, etc. Estes montantes são ainda mais exagerados, se levarmos em linha de conta o muito baixo retorno económico da iniciativa;

- A grande debilidade económica e social de muitas famílias e em-presas do concelho, e a necessidade, urgente, da autarquia começar a canalizar uma parte das centenas de milhares de euros que gasta em festas e outros foguetórios, para Programas de Apoio ao Desenvolvimento.

dos sabemos.Mas como todas

estas fotos devem de ser de uma dimensão paralela a realidade dos nossos autarcas e eis que se levanta a indignação da maior parte da população, ou não… Já sabemos que alguns vão dizer logo “É POLITICA, NÃO COMENTEM O QUE NÃO SABEM..” e outros “…PAREM, JÁ CHEGA VAMOS FALAR DE COISAS BONITAS…” Quando na realidade existe uma enorme falta de infra--estruturas nesta bela aldeia alentejana.

Ora vejamos, segun-do uma notícia publi-cada a 19/05/2006 em vários rádios e jornais regionais, que dizia

assim (“…Câmara de Mértola investe 1,7 milhões de euros na remodelação de cinco parques escolares. Com o objetivo de dotar cin-co espaços escolares de equipamentos e recur-sos pedagógicos, além de condições de higiene, conforto e segurança, a Câmara Municipal de Mértola, vai investir um milhão e setecentos mil euros na remodelação dos parques escolares de Penilhos, Algodor, Mina de São Domingos, São Miguel do Pinheiro e Santana de Cambas. Jorge Pulido Valente, autarca da “Vila Mu-seu”, explica que “a reordenação do parque escolar no município, obriga a estes melho-ramentos”, concluiu. O

edil espera que, “apesar do investimento inicial ser suportado pela au-tarquia, que o mesmo venha a ser alvo da com-participação de fundos comunitários”, rematou Jorge Pulido. Parque Escolar de Mina de São Domingos - 319.061 euros …”) Isto tudo em 2006, depois veio a polémica que segundo o ministério da educa-ção uma das escolas da nossa freguesia teria de ser encerrada segundo os encarregados de edu-cação e até segundo a autarquia de Mértola, a escola da Mina era para se manter aberta por ser a que tinha mais con-dições, numa primeira faze e após esse debate o Ministério da Edu-cação disponibilizou

uma verba a Câmara Municipal, para efetuar as obras necessárias na escola da Mina, mas mais uma vez ficou tudo em aguas de bacalhau, porque como todos os encarregados de educa-ção sabem, essa verba enviada pelo ministério foi gasta na escola que ia encerrar (obras que rondaram os 20 000€).

Passados mais uns anitos em cima e é o que todos podemos ver, a escola encontra-se abandonada por parte dos Exmos. Srs. autar-cas e vandalizada, só estando a funcionar o Espaço Jovem e estando as crianças da terra em duas escolas provisó-rias sem qualquer tipo de segurança e de con-forto para lecionarem.

Era uma vez... uma Escola, podia bem

ser o início de mais uma fabulástica história Infantil, no entanto é o início de um tremendo pesadelo para alguns pais e crianças do con-celho de Mértola.

É certo que este pro-blema do corte na edu-cação e desta política de centralizar, não é culpa total dos autarcas, no entanto são eles que devem com as popula-ções ao seu lado lutar em defesa das mesmas, em defesa de quem os elegeu e depositou neles

confiança, de serem capazes de lutar pelos seus interesses.

Que a política do actual governo lançou para último plano a educação já todos sa-bemos, e até sabemos porquê, pois não foi assim há tantos anos (pouco mais de 40) que Salazar mantinha um país de analfabetos por interesse próprio, pois uma população com poucos conhecimentos é mais fácil de manipu-lar, hoje estamos nesse caminho.

Estes presumíveis encaixes financeiros

dados pela centraliza-ção nos grandes centros escolares, são um pau de vários bicos. Poupar onde? Nos transportes que vão ser necessários efectuar de e para as terras de acolhimento desses parques escola-res, poupar nos níveis de aprendizagem? Pou-par onde afinal?

Como pode uma criança, ter o mesmo aproveitamento esco-lar depois de ter sido sujeita diariamente a um trajecto de vários quilómetros de manhã e ao final do dia, quem fica a ganhar afinal?

Como podemos apelar aos jovens para constituírem família e incentivar a natalidade se não lhes propor-cionamos condições ideais? Como prove-mos o desenvolvimen-to local se não temos condições? Mais uma vez estamos com esta política a contribuir para a desertificação das aldeias e vilas de interior.

Segundo informa-ções vindas à imprensa vão fechar no concelho de Mértola as escolas de: Escola Básica de Penilhos, Escola Bá-

sica de S. Miguel do Pinheiro, Escola Bási-ca de Corte do Pinto, Escola Básica de Mina de S. Domingos, Esco-la Básica de Santana de Cambas.

A Mina não é só pai-sagem e Praia Fluvial a Mina são pessoas, que trabalham e vivem como todos os outros, que merecem o respei-to, que merecem que aqueles que elegeram os defendam e lutem para que eles tenham as condições a que todos temos direito pela Constituição da República Portuguesa.

Page 10: O Gasómetro Nº1

10 01 | Junho | 2014

“O Amor pela Mina e a sua história fá-los caminhar”

Soubemos da iniciativa através do GAMSD (Grupo de Amigos da Mina de São Domin-gos) e despertou em nós a curiosidade do que

moveria este grupo de pessoas para encetar esta aven-tura, ao sol abrasador do nosso Alentejo percorrendo o antigo trilho do comboio até ao Pomarão, para nos esclarecer melhor contactámos o organizador, Pedro Romeiro ao qual colocámos várias questões.

Fale-nos um pouco de siSou o Pedro José Barão Romeiro, tenho 46 anos,

nasci em Angola e tenho muito orgulho nas mi-

me motivaram a organizar esta caminhada.

Fale-nos um pouco do que vai ser?O objectivo é visitar os diversos espaços de ac-

tividade mineira desde a Mina de São Domingos, Moitinha, Achada do Gamo até ao Pomarão, o caminho faz-se pela plataforma da linha de caminho-de-ferro já inexistente, num percurso com troços que variam entre taludes ou trincheiras, por vezes obstruído por derrubes de pontes, com acessos difíceis aos túneis e pelas matas envolventes.

Mas será certamente uma agradável convívio com um pouco de história à mistura.

Conta com algum apoio?Não contamos com nenhum apoio, pois este ainda

é um projecto embrionário que vai dar os seus pri-meiros passos.

O que aconselha a quem participar? É importante que cada participante conheça a

sua condição física, pois terá que enfrentar diversos obstáculos ao longo de aproximadamente 4 horas. Recomendo o uso de calçado apropriado para piso difícil e irregular; protector solar e chapéu (preferen-cialmente de abas largas) devido ao sol abrasador; levar uma garrafa de água de 1 litro e 1-2 peças de fruta (ex: maçã, laranja, pera); uma muda de roupa adicional. Como esta é uma caminhada gratuita sugiro que cada participante faça um seguro que cubra a sua participação.

Sendo uma prova de uma natureza de grau de dificuldade médio, conta com os aspectos de segu-rança salvaguardados?

A segurança desta actividade é minha maior preo-cupação, pelo que já fiz um reconhecimento aos troços do percurso com maior grau de dificuldade e não vamos atravessar os túneis com maior dificuldade de trans-posição. Vamos manter uma vigilância apertada nos

obstáculos de maior dificuldade. E levar uma viatura de apoio com um walkie-talkie, para os locais onde não existe cobertura GSM. Informaremos também as autoridades locais para tenham conhecimento da nossa actividade. Briefing inicial aos participantes.

Estarão na forja outros eventos? Se sim quais?Sim, por exemplo os trilhos dos contrabandistas,

subida do Guadiana, Pulo do Lobo e estes são só alguns dos exemplos que a nossa região tem para oferecer da sua rica paisagem natural.

Desejamos que a iniciativa saia com nota positi-va, o percurso além de estar carregado de interesse histórico, é um percurso muito agradável e de beleza ímpar, esperamos na próxima edição poder contar com o rescaldo do evento.

nhas origens Alentejanas e em parti-cular por ter as raízes na Mina de São Domingos, o n d e v i v i durante dois anos da mi-nha infância. E a cada vez que a revisito sinto a enor-me saudade do imigrante no seu pró-prio país, que me leva a percorrer todos os locais com a mesma admiração e encanto como se da primeira vez se tratasse.

Como surgiu a ideia de organizar este evento?A ideia surge para despertar o interesse das pessoas

pela nossa cultura e história. E acabo por lançar este projecto porque um grupo de colegas de trabalho, com quem tenho partilhado algumas mini maratonas, que já cansados de ouvir falar em tanta beleza e historia

Page 11: O Gasómetro Nº1

01 | Junho | 2014 11

É RECOMENDADO: o uso de calçado apropriado para piso difícil,

irregular;

protetor solar e chapéu (preferencialmente de abas largas) devido ao sol abrasador;

levar uma garrafa de água de 1 litro e 1-2 peças de fruta (ex: maçã , laranja, pera)

uma muda de roupa adicional

FACULTATIVO: O jantar-convívio será na Aldeia Mina de S.

Domingos, a começar por volta das 18H30.

Para pernoitar poderá ficar numa das várias unidades hoteleiras existentes na Mina de São Domingos.

NOTA: A actividade é gratuita e não tem seguro. Cada um caminha por sua conta e risco...

Nesta caminhada tire apenas fotos e deixe só a sua pegada.

Mina de S. Domingos - Pomarão PELA TRILHA DO CAMINHO DE FERRO

PONTOS DE INTERESSE: 1. Mina de São Domingos

2. Complexo Mineiro

3. Linha-férrea

4. Ponte preta, Nascente, Casa da Bandeira e Fábrica do Cobre /do Gelo

5. Polvorinho

6. Tapada n.º 1, n.º 2 e n.º 3

7. Estação de Britagem da Moitinha

8. Complexo da Achada do Gamo

9. Tapada n.º 4 e n.º 5

10. Ponte caída e Ponte n.º 1

11. Telheiro/ Posto de Controlo

12. Ponte n.º 2 do percurso "Casa do Mineiro"

13. Ponte n.º 3 do percurso

14. Ponte n.º 4 do percurso (caída)

15. Aldeia de Santana de Cambas

16. Túnel sob a EN514

17. Túnel 7

18. Antigo Porto Fluvial do Pomarão

19. Aldeia do Pomarão

START / END Mina de São Domingos / Pomarão GPS 37º 40’ 21” N - 7º 29’ 54” W / 37º 33’ 25’’ N - 7º 31’ 41’’

Poço nº 6 - Malacate

Túnel sob a EN514

CONFIRME A SUA PRESENÇA ATÉ: 2 de junho de 2014

CONTACTO: PEDRO ROMEIRO

916633089

Mina de S. Domingos - Pomarão CAMINHADA PELO TRILHO DO CAMINHO DE FERRO

SOBRE O PERCURSO

O percurso tem início na Mina de São

Domingos, onde visitaremos diversos espaços

de actividade mineira. Daí seguimos sempre na

plataforma da linha de comboio, até à

localidade de Santana de Cambas que fica a

cerca de 6 km, onde paramos para comer –

traga o seu farnel ou petisque no café central.

Saímos depois em direcção à E.N. nº 514 e

virando depois no sentido que leva até à aldeia

do Pomarão. Este trajecto acompanha a via-

férrea que parte da Mina e termina

aproximadamente 5 km antes do Pomarão.

Depois, o caminho faz-se pela via-férrea até ao

Pomarão, com cuidados redobrados num

percurso por vezes obstruído por derrubes de

pontes, difíceis acessos aos túneis e pelas matas

envolventes.

A caminhada faz-se em troços que variam entre

taludes ou trincheiras, com alguns túneis de

fácil transposição, na plataforma da linha de

caminho-de-ferro já inexistente, e não apresenta

desníveis, o que a torna fácil. Eventualmente,

haverá necessidade de alguma vigilância com

pequenos troços que apresentam pedra solta

(balastro de assentamento da linha), mas

será certamente uma agradável actividade de

convívio e cultura. Classificação do Trilho Dificuldade: 3(escala até 5) Tipo: Linear Distância: 17,19km Duração: 4h00 Ascensão total: 147 m Localidade mais próxima: Santana de Cambas/Monte Altos Locais de Abastecimento: Não WC público: Não

PERCURSO

.

Achada do Gamo

7 de junho de 2014 início às 9:00h – ponto de encontro na Igreja da Mina de S. Domingos

Page 12: O Gasómetro Nº1

12 01 | Junho | 2014

à conversa com...

Alice Ruivo - Operária das Palavras

Fale-nos um pouco da sua meninice na Mina de S. Domingos

Deixei a Mina, por razões que são sobejamente conhecidas, tinha 9 anos. Com esta idade não temos a noção daquilo que realmente preocupa os adultos. O que ficou, portanto, no meu ima-ginário, foram as brincadeiras, as correrias, as ruas calcorreadas debaixo de tórrido sol, com a pequenada, como eu, as brincadeiras em comum, o chapinar na Tapada, e o dia em que ia morrendo afogada, não fora um vizinho junto à horta do meu pai, atirar-se à agua, vestido… julgo que é o único trauma de infância que me persegue até hoje…. Tenho um imenso respeito pela água, seja de rio ou de mar.

Onde nasceu e quando? Nasci na Rua da Escola, entre a pedra e a cal,

num dia de Primavera. 19 de Maio de 1955. Ano de boa Cepa, (risos) … Não fora, necessariamente a flor mais bonita de todos os jardins mas para a minha mãe, era EU… e os outros, num total de sete filhos.

Que memórias guarda desse tempo? Guardo sobretudo a forma como os dias cor-

riam, vagarosos… dias feitos de coisas simples e pequenas, umas com mais, outras com menos importância, mas a importância das coisas tem a ver com o espaço em que elas ocorrem em meios pequenos, tudo é importante: Ontem a vizinha teve mais um filho, hoje a burra teve mais uma cria, e os dias passavam por nós sorridentes e vagarosos, naquela aldeia onde quase nada acontecia mas tudo tinha significado, onde se dava valor a tudo, ainda que esse tudo, fosse quase nada.

Quando nasceu o seu amor e domino pela escrita?

O meu coração começou a ditar-me histórias muito antes de saber escreve-las. Inventava his-tórias e mundos a partir do nada. O mundo físico que me rodeava parecia repleto de plasticidades que serviam de mote para a construção de uma

história. E mais tarde, esse mesmo material ajudou-me a interpretar emoções, criando uma lógica, que gerava a narrativa. E foi por esta altura, que começou o domínio da escrita. Já adulta, o coração não me ditava histórias, sussurrava uma espécie de palavras mágicas que me orientavam e conduziam até encontrar um fio condutor sufi-cientemente sólido para formar o tronco de uma história, materializando as ideias que tinha, porque no meu imaginário, havia universos só possíveis revelar através da escrita.

Visita a Mina com frequência?Não com a frequência que gostaria. Mas sim!

período do ano.

As suas obras têm inspirações que guarda na memória dos tempos da Mina?

Inspira-me sempre. Os tempos da Mina, do passado, e a dos tempos de hoje. A Mina continua a ser para mim uma janela aberta e com frequência preciso de abrir essa cortina e espreitar lá para dentro. Preciso dessa mol-dura que tem como pano de fundo as imensas planícies onde o sol queima e o verde teima, as casas brancas a quietude e os cantares on-dulantes como searas ao vento, que acabariam por moldar a minha vida.

(...) tudo é im-portante: Ontem a vizinha teve mais um filho, hoje a burra teve mais uma cria, e os dias passavam por nós sorridentes e vagarosos, naque-la aldeia onde quase nada acontecia mas tudo tinha signifi-cado, onde se dava valor a tudo, ainda que esse tudo, fosse quase nada.

Com alguma. Duas ve-zes por ano. Gosto de ir na Primavera, quando os campos estão verdes e antes do Inverno, mais propriamente no Outo-no. Gosto da quietude, do cheiro a terra mo-lhada e da tapada neste

Page 13: O Gasómetro Nº1

01 | Junho | 2014 13

Sente orgulho na terra que a viu nascer? A Mina está-me na alma e no coração… sou

uma mulher de fortes raízes alentejanas: quando chego ao Alentejo, começo logo a falar alentejano. É algo que não consigo controlar porque me faz sentir que lhe pertenço e dava muito de mim para acabar os meus dias nessa pequena aldeia. Ser alentejana, de Mina de S. Domingos, é portanto uma das coisas de que me orgulho particularmente. Afinal, foi lá que tudo começou: a minha vida e o meu gosto pela escrita.

Qual o seu maior desejo para a Mina de S. Domingos?

Sinto-me bipolar em relação a essa questão: estou dividida entre os dois pólos: Uma parte de mim, gostava de ver uma Mina mais desenvolvida, próspera, vê-la em cartazes turísticos, por achar que isso talvez fosse bom para a economia local, mas há outro lado de mim, que gostaria que ela permanecesse no anonimato, queria-a assim, pa-cata, pitoresca, só para nós… que não fosse foco de invasões externas.

Desejos? Tanta coisa! Incontável mesmo… sem querer entrar em querelas, desejaria acima de tudo que acabassem os crimes ambientais que estão cometendo, que se respeitasse e ouvisse a sua gente, os que nunca de lá saíram e os que regressaram, e que os que se dizem responsáveis, o fossem realmente.

Quantas obras editou? Tem sentido o cari-nho por parte do público?

Ao todo, cinco títulos. VAGUEAR NO PEN-SAMENTO, O AMARGO E DOCE SABOR DA VIDA, MATILDE CARLOTA E JULIANA, NO

DORSO DO VENTO, e PASSEI, PAREI, DEIXEI--TE UM BEIJO.

Sim! Tenho muito carinho do público. Tenho leitores fiéis, que seguem a minha vida enquanto escritora e me acompanham neste caminho, com uma solicitude e bondade extraordinária. De Norte a Sul do país, encontro carinho e afectos impos-síveis de imaginar quando comecei a escrever. Gostaria, confesso, de ver alargado o leque de reconhecimento, mas não procuro nem fama, nem fortuna, sou tão-somente uma mulher simples, e tudo o que pretendo é beneficiar do prazer da escrita, o que faço com preocupação e responsa-bilidade: Preocupação como forma de disciplina, responsabilidade como contrapartida de uma vida livre. É este o meu lema. Reconheço, todavia, que há muitos e bons autores fora do panorama que os media nos querem impingir e que mereciam algum reconhecimento.

Qual a obra que mais a preencheu enquanto Operária das palavras?

Sem dúvida, AMARGO E DOCE SABOR DA VIDA. Um livro de grande conteúdo humano que consubstancia, na quotidianidade das suas personagens, coragens, apatias, tumultos. Um livro onde há luz, há risos, há lágrimas, há asas, há sombras, há momentos de convulsão e momentos de libertação. É um livro que fala muito da nossa Mina, em que a autora se expõe muito, se mostra muito…Quando escrevi este livro, em 2001, que viu a sua edição esgotada, não ficando um único exemplar para o meu espólio, precisei de levantar não o véu, mas a minha própria pele para conse-guir termina-lo. É um livro demasiado intimo… mas que não ofende quem o lê. Este mesmo livro

teria a sua reedição em 2013, encontrando-se praticamente esgotado. Vamos lá saber porquê!

O recentemente editado, PASSEI, PAREI, DEI-XEI-TE UM BEIJO, também me marcou. Não por ser o mais recente mas pelo tema que aborda. É um livro com uma escrita profunda e dolorosamente realista, por vezes irónica, organizada em quadros montados em que as personagens desfilam página a página, algo bizarras, tendo como pano de fundo e ponto de partida um bairro de lata de Lisboa, em que toda a narrativa se organiza à volta da personagem Toino que vive entre o estilo e o sangue pisado. O bairro de barracas surge como a metáfora perfeita de um Portugal de antes do 25 de Abril, com 35 por cento de analfabetos, desorganizado, isolado e termina nos dias de hoje, fazendo com que na “tessitura“ do livro, seja ele, “Toino”, o protagonista dos três «D» do «25 de Abril» - descolonizar, democratizar e desenvolver.

Qual a próxima obra? Pode levantar o véu?Na minha oficina de escrita, ainda amadurecen-

do, tenho NO LAMAÇAL DESTA PRIMAVERA, que penso estar concluído no próximo ano. A origem do título tem a ver com o facto de toda a acção decorrer durante os meses de Primavera… daquela Primavera.

Mais um livro de mulheres. Talvez porque também o sou….

Uma mensagem para todos os seus leitores, qual seria?

Para os meus leitores, especialmente para os conterrâneos que me lêem, a minha gratidão, es-perando continuar a merecer o carinho com que acolhem a meu escrevinhar.

A todos em geral, muito obrigada.

Apresentação do “O Amargo e Doce Sabor da Vida” no “Musical” em Agosto de 2013, na Mina de São Domingos.

Page 14: O Gasómetro Nº1

14 01 | Junho | 2014

Restos de uma terra

ó mina terra de encanto, tens mesmo em cada canto , restos de uma realeza, ó mina tão linda és,tens de rastos aos pés,uma tão grande nobreza .. ó mina terra de fama que hoje o povo reclama,tudo o que foi teu um dia da mocidade que havia ,com fulgor e alegria, que tem no seu peito em chama certo dia foi gerado, um fado que era cantado , pelo povo com garra e brado , ao mineiro , tão honrado .tu mina encerras histórias , que estão em nossas memórias , gravadas em nossas vidas teus feitos tuas glórias, que jamais serão esquecidas .. ó mina houve uma era , que sem seres vila nem cidade , eras capela em ouro , onde brilhava a mocidade cheia de fulgor e bela ....

Antónia Fernandes Correia

Sou uma mineira de nascimento e cria-ção, o meu pai era guarda- fiscal 2º cabo , chamava-se João Fernandes,

também nascido na Mina de São Domingos, a minha infância foi como tantas outras, feliz e brincalhona. A mina de hoje por mim vejo-a muito mais evoluída tanto no aspeto cultural, como ambiental e até mesmo económico .

A mensagem que transmito à geração de hoje, é que sejam corajosos como as gerações de outrora, que tenham perseverança e lutem para alcançar algo da vida e pacientemente sofram alguma vicissitude que a vida sempre nos trás. Avante sempre !!!!!!!!!!!!

AntóniaFernandes

Correia

momentos d e p o e s i a

bom garfo

Agora que o tempo envergonhadamente vai mostrando os seus raios de sol e o calor começa a fazer-se sentir, já vai apetecendo, aquele que para mim é um dos pratos mais saborosos da gastronomia alentejana.

A receita que hoje passo tenho vindo aos poucos a melhorar, não sei bem de que região do alentejo é originária ou se tem mistura do gaspacho espanhol o que sei, isso sim, é que é deliciosa.

Ingredientes:

Pão alentejano com 4 a 5 diasPimentos; PepinoCebolas; Alho; Tomate maduroTomate muito maduroPresunto ou Peixe (fritar)Azeite; VinagreÁgua; Gelo; Oregãos; Sal

Primeiro parte-se o pão ao meio e tira--se uma grande parte do miolo, esse miolo esfarela-se para dentro da tigela que convém ter um bom tamanho para poder levar todos os condimentos, depois do pão esfarelado descascamos 4 tomates bem maduros e faze-mos uma massa com eles e o pão de seguida regamos com azeite e bastante vinagre, pi-camos dois dentes de alho e cortamos uma cebola em pequenos cubos que juntamos a esta mistura.

Em seguida cortamos os outros tomates maduros em cubos, o pimento e o pepino, que vamos juntar à mistura do pão com o azeite, vinagre, cebola e alho e à qual juntamos uma boa quantidade de oregãos e sal a gosto, me-xemos muito bem e adicionamos água e gelo.

Finalmente juntamos o resto do pão que cortámos previamente em cubos e o presunto também ele cortado em cubos, mexemos e esperamos que os sabores entrem no pão e se misturem.

Quem pretender pode trocar o presunto por uns carapaus fritos também são deliciosos para acompanhar este pitéu.

Bom proveito

GASPACHO

Obras na Mina avançam a bom ritmo, os acessos à Praia Fluvial encontram-se em fase de conclusão, prevendo-se

para breve a colocação do tapete de alcatrão.A concessão de praia e a zona envolvente tam-

bém sofreram pequenos restauros que passaram pela recolocação de algumas tábuas de protecção que se encontravam danificadas e a pintura de todas as madeiras com produtos próprios de protecção.

Também e ainda neste espaço começaram a ser colocadas as sombras, em substituição das árvores ilegalmente abatidas o ano passado. A Tapada Grande perde assim a sua identidade e parecerá mais um qualquer local, em qualquer ponto do mundo.

Segundo constatei também o Jardim junto ao Pago Velho estava a sofrer obras de limpeza de ervas e lixos acumulados.

O Verão aproxima-se e fazem-se obras de maquilhagem.

Lamento no entanto que o Inverno não repre-sente os mesmo cuidados e se façam limpezas dos pontos de escoamento de águas, se façam arruamentos para se evitar o lamaçal habitual, evitando assim transtornos enormes para a po-pulação residente de todo o ano.

Operação de beleza

Page 15: O Gasómetro Nº1

01 | Junho | 2014 15

CARTOON

Impacto das Europeias a nível Nacional (2014)

Page 16: O Gasómetro Nº1

16 01 | Junho | 2014

Durante algumas décadas foram os Navios Tanque, Shell Onze e Shell Tagus, entre outros, o meio de transporte que foi co-

locado pela empresa Portuguesa Shell, para prestar serviço de cabotagem no período pós II Grande Guerra Mundial. Revelando-se fundamental na distribuição de combustíveis pelos portos nacionais, evitando a completa paragem fabril no norte, centro e sul do país, este ultimo com o destino ao Complexo Mineiro de São Domingos. Navegando Guadiana acima, estes chegavam ao Porto do Pomarão e aí efetuavam a trasfega de abastecimento ao Depósito instalado junto ao Cais, e que seria depois transportado em vagons cisterna, via caminho de ferro até ao núcleo Mineiro.

Transporte de gasóleo para o complexo mineiro de São Domingos

O “Shell Tagus” 1957 - 1977Construção: Estaleiros Navais

de Viana do Castelo, 09.03.1957 Tonelagens: Tab 1.177,46 to - Tal 612,51 to - Porte 1.335 to

Comprimento total : 70,15 mtBoca: 10,86 mt - Pontal: 4,86 mt

Máq: Crossley, 1956 - 1:Di - 1.000 Bhp - 280 Rpm - 10 m/h

No fim de vida, foi vendido para demolição em Aliaga, Turquia, a 11.02.2005

Page 17: O Gasómetro Nº1

01 | Junho | 2014 17

VAGONETADo francês: vagonette, diminutivo de vagon; em português,

vagoneta, conhecida popularmente por carrinho da mina, é uma ferramenta de transporte para movimentação de minério

e materiais no processo de mineração de: ouro, prata, carvão, pedra, etc, entre outras aplicações dentro e fora de uma mina.

Em forma de grandes baldes retangulares, estes carrinhos são postos sobre carris, de maneira a ficarem muito mais leve que o seu conteúdo, para que possam ser empurrados ou puxados (por homens, animais ou motores). Em todo o mundo, existem diferentes títulos para tais carros. Este tipo veículo não é mais usado em operações modernas.

António Pacheco Elementos base do CEMSD – Centro de Estudos da Mina de São Domingos.

O “Shell Onze” 1947 -1968Construção: Inglesa, 08.1946

Tonelagens : Tab 358,02 to - Tal 151,15 to - Porte 420 to Comprimento total: 46,53 mt

Boca: 7,25 mt - Pontal: 2,83 mt Máq.: Britist Polar Engines Ltd, 1944 > 1:Di > 395 Bhp > 9 m/h

No fim de vida, foi amarrado / ancorado na costa Moçambicana, em Setembro de 1997,

local onde veio a submergir.

Edição: António Pacheco Elementos base do CEMSD – Centro de Estudos

da Mina de São Domingos.Fonte: naviosenavegadores.blogspot.com

Page 18: O Gasómetro Nº1

18 01 | Junho | 2014

Viagem“A HISTÓRIA DA MINA DE SÃO DOMINGOS NUM MAPA INTERATIVO”

O Centro de Estudos da Mina de S. Domingos (CEMSD) apresentou no passado dia 16 de Maio mais um mó-

dulo do seu portal internet, trata-se de um mapa interativo que conta a história da Mina ligando-a aos locais onde ocorreram os eventos, tudo com-plementado com fotografias da época (algumas raras) e ligações a um sitio internet colaborativo (do tipo “wiki”) que permite apresentar de uma forma eficiente a informação disponibilizada., desde a pré-história até à classificação em 2013 como conjunto de interesse público.

Este mapa (aplicação informática), com mais de uma centena de locais referenciados, é um im-

Fig.1 – Story Map Mina de S. Domingos

portante elo de ligação entre os diversos módulos da plataforma internet do CEMSD e uma impor-tante ferramenta de comunicação, permitindo a divulgação da história e do património da MSD de uma forma apelativa e interativa, acessível a todos os tipos de público.

O mapa foi candidato ao prémio “melhor Story Map Português” que ocorreu sob o patrocínio da empresa multinacional ESRI, não venceu, mas foi profusamente elogiado e permitiu dar a conhecer a Mina de S. Domingos a mais uns milhares de pessoas.

Esta aplicação pode ser acedida em http://bit.ly/1bI2dUw

ISO 100Envie as suas fotos para [email protected]

ISO 100 - © António Peleja

ISO 100 - © Rogério Gomes

© José Zarcos Tirado Palma

O mistério da Igreja pintada a metade, avanços e recuos nas obras. Na próxima edição não perca os desenvolvimentos.