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O Abajur Lilas - Plinio Marcos

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No Abajur Lilás está um momento de plena maturidade de Plínio Marcos. A peça apresenta uma conjugação equilibrada de qualidades na dialogação, na elaboração da trama, no desenho dos caracteres, na estrutura da ação. Obra poderosa, concebida como um crescendo de violência desfechado em lances implacáveis, O Abajur Lilás se destaca como realização particularmente bem-acabada na dramaturgia brasileira. O texto foi construído dentro do realismo que se transformou, ao longo dos anos, em marca registrada do autor.As cores da peça são sombrias. As personagens se tornam tanto mais ferozes quanto mais inevitável fica a constatação do desespero de sua visão. Mais do que qualquer outra peça de Plínio, emana de O Abajur uma carga irresistível de emoção. O embate entre as prostitutas, o homossexual cafetão e seu guarda-costas começa na ironia e assume proporções avassaladoras que incluem a tortura e o assassinato. As personagens agem compulsivamente e a obsessão de sobrevivência ou desafio que as anima confere-lhes a estatura de mitos. Mitos modernos, esquálidos, asquerosos. E da obra toda emana igualmente um canto de piedade e amor de Plínio pelos deserdados, marginalizados, espezinhados.O espetáculo dirigido por Fauzi Arap e muito bem produzido pelo dinâmico Antônio Fagundes é ágil, fluente e adequadamente opressivo.O cenário de Tawfik e Vigna evoca com precisão a sordidez necessária à montagem. A interpretação de Walderez de Barros é excelente. Bons os trabalhos de Cláudia Mello e Annamaria Dias. Zé Fernandes, um ótimo ator, é que parece não ter encontrado o tom necessário a Giro, o explorador, virtual protagonista da obra. Sua atuação parece vaga, sendo difícil discernir a visão que o ator tem da personagem. Afora esse óbice, o espetáculo é irresistível. Uma montagem apaixonada de um texto que, por direito de nascença, merece lugar entre os melhores da nossa dramaturgia.

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