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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS CAMPUS DE VITÓRIA DA CONQUISTA A SERRA DO PERIPERI IMPACTADA PELA AÇÃO HUMANA. IGUARACI SANTOS DA SILVA 1

Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

CAMPUS DE VITÓRIA DA CONQUISTA

A SERRA DO PERIPERI IMPACTADA PELA AÇÃO HUMANA.

IGUARACI SANTOS DA SILVA

VITÓRIA DA CONQUISTA - BA

NOVEMBRO, 2007

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UNIVERSIDADES ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

CAMPUS DE VITÓRIA DA CONQUISTA

A SERRA DO PERIPERI IMPACTADA PELA AÇÃO HUMANA.

IGUARACI SANTOS DA SILVA

ORIENTADOR(a): ANA MARIA DOS SANTOS ROCHA

Co–orientador(a): AVALDO DE OLIVEIRA SOARES FILHO

Monografia apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Campus de Vitória da Conquista – Ba, para obtenção do título de Especialista em Ciências Ambientais.

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA

NOVEMBRO, 2007

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

CAMPUS DE VITÓRIA DA CONQUISTA

A SERRA DO PERIPERI IMPACTADA PELA AÇÃO HUMANA.

IGUARACI SANTOS DA SILVA

Aprovado por:

_______________________________________

Profa. Dra. Ana Maria dos Santos Rocha

DCN – UESB

(Orientadora e Presidente)

_______________________________________

Prof. Dr. Valdemiro da Conceição Júnior

DFZ – UESB

_______________________________________

Prof. M.Sc. Eugênio Borges de Jesus

DCN – UESB

VITÓRIA DA CONQUISTA - BA

NOVEMBRO – 2007

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Page 4: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter iluminado os meus caminhos, dando-me forças e

competência para concluir este trabalho. Aos mestres, amigos, colegas e

familiares que me estimularam a levar adiante esta pesquisa, em meio a

dificuldades de toda ordem. A Valdemiro da Conceição Junior, por todas as

suas lições metodológicas e até mesmo de vida; a Avaldo de Oliveira Soares

Filho, Ana Maria dos Santos Rocha e Eugênio Borges de Jesus, pelo apoio,

estímulo constante e atenção dedicada; as colegas e amigas Fernanda Ramos

Lacerda Michelle Pereira Souza e Pollyane Silva Sousa, pelos incentivos

cotidianos e espiritualidade, aos amigos Jelton Avelar e Isaque Lopes de

Carvalho, pela solidariedade, carinho e companheirismo.

Agradeço também a todo o pessoal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente

de Vitória da Conquista que me acolheram muito bem, em especial ao Gerente

de Estudos, Viabilização de projetos e Promoção Iragildo Silva Pereira; ao

Secretário da Coordenação Geral do Meio Ambiente Genival Lima da Silva; ao

motorista Jaaziel Dias Torres e a Marcondes Sousa Barbosa; ao pessoal da

SEMARH em nome do Coordenador Regional José Carlos Barreiros; e ao

IBAMA em nome do Sr. José Reinaldo de Jesus Analista Ambiental e Chefe

Substituto e, sobretudo aos moradores dos bairros da área em estudo, que,

com toda simplicidade, muito me ajudaram através das entrevistas.

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Page 5: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................v

LISTA DE FIGURAS............................................................................................vi

RESUMO.............................................................................................................vii

1.0 INTRODUÇÃO..............................................................................................01

2.0 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................03

2.1 A Serra do Periperi Impactada pela Ação Humana.......................................03

3.0 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................11

4.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................13

4.1 Aspectos Históricos.......................................................................................13

4.2 Clima, Litologia e Geomorfologia...................................................................15

4.3 Característica Pedológicas............................................................................18

5.0 A ACÃO ANTRÓPICA NA SERRA DO PERIPERI......................................20

5.1 O Homem e o Usofruto da Serra do Periperi.................................................20

5.2 A Visão dos Orgão Ambientais......................................................................31

6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................37

7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................40

8.0 ANEXOS.......................................................................................................42

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Page 6: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

LISTA DE ABREVIATURAS

BA - Bahia

CEFET/BA – Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia.

CRA – Centro de Recursos Ambientais

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis.

MEA – Módulo de Educação Ambiental.

MST – Movimento dos Sem Terras

SEMARH - Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

SEMMA – Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

SFC – Superintendência de Biodiversidade Florestais e Unidade de

Conservação.

SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente

UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

V/C – Vitória da Conquista

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Page 7: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Perfil Esquemático da Vegetação da Serra do Periperi

Figura 02 – Latossolo Vermelho-Amarelo Álico da Serra do Periperi – V/C

Figura 03 – A Invasão da Expansão Urbana na Serra do Periperi – V/C

Figura 04 – Tempo de moradia na Serra

Figura 05 – Renda Salarial dos moradores da área em estudo.

Figura 06 – Percentual de Moradores com fogão de lenha em casa.

Figura 07 – Morador do bairro Pedrinhas em V/C Carregando lenha

proveniente da Serra do Periperi

Figura 08 – Criança transportando galho no Bairro N.S.ª Aparecida – Serra do

Periperi – V/C

Figura 09 – Moradores com fogão de lenha em casa

Figura 10 – Uso do fogão à lenha no cotidiano periférico de V/C, Bairro N.S.ª

Aparecida

Figura 11 – Paisagem Urbano-Rural no alto do Periperi – V/C

Figura 12 – Processo erosivo da extração de areia – V/C

Figura 13 – Extração Mineral na Serra do Periperi – V/C

Figura 14 – Corte Verticla da Serra do Periperi no anel viário – V/C

Figura 15 – Usina de Asfalto na Serra do Periperi – V/C

Figura 16 – Impacto Ambiental acelerado pela infra-estrutura V/C

Figura 17 – Importância da preservação da Serra do Periperi – V/C

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Page 8: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

RESUMO

Na contemporaneidade as questões sobre o meio ambiente se apresentam como um dos problemas mais urgentes a serem resolvidos sendo foco de discussão em todas as cúpulas mundiais de desenvolvimento humano, educação e saúde. Tal preocupação é fonte de trabalho de autores renomados como Drew (1994), Sacarrão (1991), Walter (1986) entre outros autores que influenciaram a desenvolver no município de Vitória da Conquista uma pesquisa acerca da Serra do Periperi Impactada pela Ação Humana. Assim este trabalho teve por objetivo detectar os tipos de impactos que estão ocorrendo com a Serra, bem como analisar os problemas que estes podem causar para a comunidade local e até mesmo para a população de Conquista como um todo. Foram realizadas entrevistas juntos aos órgãos ambientais que atuam no município, além de aplicação de questionários para os moradores dos bairros no entorno da área em estudo, cujas respostas foram tabuladas, e transformadas em gráficos com o recurso do programa excel. Também foram utilizadas fotografias que corroboram as informações do texto. Com auxilio dessas, os problemas ambientais detectados foram agrupados em dois tipos, os da ordem de sobrevivência: retirada de lenha para o abastecimento do fogão, retirada da vegetação para criação de gado, e os de ordem comercial: retirada de vegetação para dar lugar às pistas do anel viário e o uso do espaço físico onde encontra-se assentada a usina de asfalto da Prefeitura. Por sua vez, este desmatamento causa transtornos como deslizamento de terra, surgimento de voçorocas e inundação no centro da cidade no período de chuva. Diante deste quadro os órgãos competentes juntamente com a população conquistense vêem-se desafiados a buscarem caminhos alternativos para o desenvolvimento sócio-econômico da população da área em estudo, os quais respeitem o padrão de sustentabilidade da natureza.

Palavras – chave: Vegetação – Impactos – Sustentabilidade.

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Page 9: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

1.0 INTRODUÇÃO

Os impactos ambientais são causados por modelos de

desenvolvimento, tanto o capitalista como o socialista, que encaram a natureza

apenas como inesgotáveis fontes de energia e de matérias-primas e como

receptáculo dos dejetos produzidos por sua cidades, indústrias e atividades

agrícolas. Todos esses impactos foram provocados porque a natureza era vista

apenas como fonte de matérias-primas e de lucros.

A partir da década de 1970, com a realização da conferência de

Estocolmo, a humanidade passa a ter uma conscientização ecológica

preocupando-se com os danos que os impactos ambientais podem causar a

Terra.

Tal preocupação não tange apenas a questão da preservação da

natureza, por razões de civilidade e altruísmo planetário, mas, sobretudo, pela

própria sustentabilidade do planeta e no seu bojo, da civilização humana a fim

de que a vida do homem na face da Terra seja preservada saudável, digna e

produtiva.

A leitura destas questões realizada hoje em dia pela perspectiva da

ciência revela e destaca o aspecto das avarias e danificações físico-químicas

sobre a natureza por interferência inadvertidas e até impensadas do ser

humano.

Nota-se que a ação do homem sobre a natureza tem sido discutida

por vários estudiosos entre eles: Drew (1994), Guerra (1996), Odum (1986) de

diversas áreas do conhecimento, fazendo com que aguçasse a originalidade

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Page 10: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

para desenvolver uma pesquisa acerca da Serra do Peripeiri impactada pela

ação humana no município de Vitória da Conquista – Ba.

Neste trabalho foram coletados dados na área de estudo, por meio

de observações realizadas em campo, imagens fotográficas da área, pesquisas

bibliográficas e em documentos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente –

SEMMA, além das informações obtidas por meio da aplicação de questionário

aos moradores dos bairros que circundam a região em estudo.

A constatação de certos problemas ambientais tais como:

crescimento desordenado do Município de Vitória da Conquista – Ba,

devastação das matas, extração de areia, falta de saneamento báscio e outros,

levaram à algumas indagações:

Por que a Serra do Periperi é palco de tantos problemas ambientais?

Quais são as principais conseqüências trazidas para esta região em

função da ação antrópica realizada nesta localidade?

De que maneira a destruição da cobertura vegetal tem influenciado na

estrutura sócio-econômica da população da área em estudo?

Quais medidas as autoridades locais vem tomando para sanar os

problemas de impactos ambientais existentes na serra?

Diante dessas questões, faz-se necessária que se cumpra os objetivos

desta monografia, averiguando os tipos de impactos que a Serra do Periperi

vem sofrendo em função da ação humana sobre a mesma, além de analisar os

problemas que os impactos ambientais que ocorrem na Serra do Periperi

podem causar para os moradores dos bairros que circundam a serra bem como

à população conquistense.

Mediante esta analise a população residente no entorno da área em

estudo, bem como a sociedade conquistense juntamente com as autoridades

locais, vêem-se desafiados a buscar caminhos alternativos para encontrar uma

forma de desenvolvimento econômico e social para o entorno de Serra do

Periperi, que diferentemente do padrão atual interfira de modo responsável na

natureza.

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2.0 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Serra do Periperi Impactada pela Ação Humana.

Na atualidade os estudos ambientais estão em evidência, pois há uma

necessidade em saber lidar adequadamente com o meio ambiente. Sabe-se

que as civilizações mais antigas viam a natureza como sinônimo de Deus, pois

estes adoravam a mesma deixando-a praticamente inalterada, o que difere do

homem atual que muitas vezes racionalmente, fazem o uso da natureza de

forma inadequada.

Estudiosos como Drew(1979), Guerra(1996), Rawitscher(1979),

Rizzini(1976), Odum(1986), Walter(1986) dentre outros que se destacam por visões

analítica e bibliográfica consagradas enfocam aspectos do ambiente, como

ecossistemas, vegetação, flora e modificações ambientais a nível mundial e do

Brasil. Alguns destes estudiosos contribuíram para despertar o interesse no

esclarecimento de questões sobre a dinâmica no espaço físico e do

ecossistema, abordados por alguns ecológos, geógrafos e demais profissionais

das ciências afins. Sendo assim, estes autores foram utilizados nos estudos

referentes a Serra do Periperi impactada pela ação humana. Desta forma, faz-

se necessário tecer comentários a despeito das metamorfoses que o espaço

habitado vem sofrendo em função da atuação humana.

Espaço habitado e ecúmeno são sinônimos. Essas expressões fazem

parte da linguagem da geografia e das outras disciplinas que estudam o

território, mas já invadiram o vocabulário do homem comum.Como já dizia há

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Page 12: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

anos,o grande geográfico Maximilien Sorre , “o fato capital é a ubiqüidade do

homem” capaz de habitar e explorar os mais recônditos lugares do planeta.

Poder-se-á, sem dúvidas, lembrar as viagens interplanetárias e o passeio do

homem sobre a Lua, como conquistas recentes do gênio da espécie. Mas a

Terra segue sendo a morada do homem.

A Questão do espaço habitado pode ser abordada segundo um ponto

de vista biológico, pelo reconhecimento da adaptabilidade do homem como

indivíduo, às mais diversas altitudes e latitudes, aos climas mais diversos, às

condições naturais mais extremas. Uma outra abordagem é a que vê o ser

humano não mais como indivíduo isolado, mas como um ser social por

excelência. Pode-se assim, acompanhar a maneira como a raça humana se

expande e se distribui, acarretando sucessivas mudanças demográfica, raciais

e ambientais em cada continente (mas também em cada país, em cada região e

em cada lugar). O fenômeno humano é dinâmico e uma das formas de

revelação desse dinamismo está exatamente, na transformação qualitativa e

quantitativa do espaço habitado.

As cidades, por exemplo, refletem, expressam e reproduzem

(ampliadamente) as contradições da sociedade de quem as constroem.

Segundo Milton Santos(1997, p.42), o meio urbano é cada vez mais um meio

artificial, fabricado com restos de natureza primitiva crescentemente encobertos

pelas obras dos homens. Ele ainda diz que: pela produção o homem modifica a

natureza primeira, a natureza bruta, a natureza natural, socializando, dessa

forma, aquilo que Telhard de Cliardim(1997, p.163), chamava de ecossistema

selvagem. É por essa forma que o espaço é criado como natureza segunda,

natureza transformada. Essas transformações dão-se muitas vezes em

condições ambientais ultrajantes que podem causar agravos á saúde física e

mental das populações. Deixa-se de entreter a natureza e cria-se a natureza

hostil.

O exame do que significa, em nossos dias, o espaço habitado, deixa

entrever, claramente, que atingiu-se uma situação limite, além da qual o

processo destrutivo da espécie humana pode torna-se irreversível.

O espaço habitado se tornou um meio geográfico completamente

diverso do que fora na aurora dos tempos históricos. Não pode ser comparado,

qualitativa ou estruturalmente, ao espaço do homem anterior à Revolução

Industrial. Neste período o quadro orgânico natural, foi então substituído por

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Page 13: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

uma vasta anarquia mercantil. Agora o fenômeno se agrava, na medida em que

o uso do solo se torna especulativo e a determinação do seu valor vem de uma

luta sem trégua entre os diversos tipos de capital que ocupam a cidade e o

campo.

Segundo Sewell(1978, p.48), os habitantes urbanos têm testemunhado

a marcha inexorável dos subúrbios para as outrora férteis fazendas, florestas e

terras pantanosas. Estradas, “centros de compras”, fábricas e prédios de

escritório tem proliferado juntamente com o desenvolvimento habitacional. Tais

fatores podem contribuir para a alteração do solo e da vegetação de uma

determinada região.

O solo é um recurso natural básico e fundamental, este levou milhões

de anos para se formar. Ele é o resultado do processo de desintegração e

decomposição das rochas devido ao intemperismo - a ação de agentes físicos

(calor/frio; gelo/degelo), químico (água) e biológicos ou orgânicos (animais e

vegetais).

As transformações nas rochas continuam até hoje, mas tão lentas que

nem percebemos, pois são necessários séculos para que se forme um

centímetro de solo. No dizer de Dukoutchaiev, solo é:

...um corpo natural completamente diferente do mundo mineral, vegetal e animal, sendo no entanto um mundo vivo, pois um solo pode ser jovem (incompleto na sua formação), adulto (bem formado), velho e morto (fóssil) (In Guerra 1980, p.398).

Dessa forma, entre os fatores responsáveis pela formação do solo

incluem-se o clima, a rocha matriz, os elementos orgânicos, além da topografia,

ou seja, a inclinação do terreno. Conforme o local, alguns desses fatores podem

ter maior ou menor influência na formação dos solos. É justamente essa

variação na influência dos fatores que ocasionam a diversidade dos tipos de

solo.

No lento processo de formação do solo vão surgindo camadas com

características diferentes: são os horizontes do solo. O conjunto dos horizontes

do solo, desde a superfície até a rocha matriz que lhe deu origem ou rocha não

alterada é denominado perfil do solo. Os solos maduros ou bem desenvolvidos

apresentam basicamente quatro horizontes, identificados por letras maiúsculas

onde o horizonte O é representado pelas camadas de restos orgânicos; o

horizonte A pelas perdas de argilas, ferro ou alumínio; o horizonte B é o de

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Page 14: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

acumulação; o horizonte C pela rocha matriz fragmentada e finalmente o R pela

rocha mãe.

Dado o seu caráter altamente genérico e às amplas variações

existentes nos tipos de solos, estes necessariamente foram classificados em

categorias distintas:

... zonais que compreendem aquele que o principal elemento responsável é o clima; ... intrazonais que correspondem àqueles cujas características indicam as influências preponderantes do relevo local ou da rocha de origem; e azonais que referem àquelas cujas características não apresentam bem desenvolvidas..." (COELHO, 1992 p.44).

O homem ainda não conseguiu alterar conjuntos completos de grupos

de solos zonais, a ponto de ser impossível reconhecê-los, como fez com a

vegetação. No entanto, alterar a vegetação para fins agrícolas ou florestais,

com a conseqüente mudança no micro e macro clima, leva inevitavelmente à

modificações nas propriedades do solo, em face da estreita relação causal dos

três aspectos

A ação do homem tem de ser acrescida à lista de fatores que

determinam o caráter do solo, visto que ela assume, pelo menos a nível local,

maior significado que todos os demais fatores em conjunto.

A erosão parcial ou total é indubitavelmente o mais negativo dos efeitos

do homem sobre o solo. Em ambiente de equilíbrio delicado é muito mais fácil

ocorrer erosão catastrófica, pois o solo é facilmente erodível. Ao promover a

erosão, o homem está efetivamente encurtando a duração geomorfológica e

acelerando um processo natural. O uso de fertilizantes químicos, tem afetado a

sua composição química embora sejam usados na tentativa de conservação ou

melhora da fertilidade da terra. Logo, pode-se afirmar que: "se aplicarem

fertilizantes por muito tempo, a química do solo fica muito simplificada" (DREW,

1994, p.51). Sendo assim, há de se contribuir para o desencadeamento de

mudanças na estrutura do solo e conseqüentemente de sua paisagem vegetal.

Cada região é caracterizada pelo aspecto e pela composição de sua

vegetação onde podemos reconhecer traços que são comuns e outros que se

distinguem em diferentes áreas. O conjunto das espécies que constituem as

grandes formações de vegetação é distinta dos diferentes continentes. Existem

certas espécies ou gêneros, ou mesmo famílias que são específicas para certas

regiões, países ou continentes, faltando em outros. Tais especificidades

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Page 15: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

serviram de subsídio para que alguns botânicos e fitogeógrafos realizassem

uma divisão em regiões fitogeográficas tais como:

Holártica, corresponde às superfícies de continentes e ilhas das zonas

temperadas e frias do hemisfério norte, aproximadamente do paralelo 30º N até

o pólo. Estão presentes aí florestas de coníferas, caducifólias, pradaria, tundra

e semideserto, onde destacam-se as famílias: betalácea, salicácea,

ranunculácea, saxifragácea, apiácea, primulácia e campanulácia, dentre outros.

Em função das estreitas relações existentes entre América do Norte, Europa e

Norte da Ásia durante o Terciário, gêneros e espécies desta Região Holártica

apresentam certa uniformidade sobre todo este extenso território.

Paleotropical, refere-se às tropicais do velho mundo, onde se destacam

as florestas tropicais, de monção (estacionais), bosques xerofíticos e savanas.

Encontram-se aí famílias pantropicais como arecácea (palmeiras), arácea,

zingiberácea, lourácea, mirtácea, melastomatácea, euforbiácea, piperácea,

asclepediácea, e as endêmicas pandanácea e depterocarpácea.

Neotropical, possui quanto ao clima e formação vegetais,

características semelhantes à Paleotropical e a flora está representada pelas

famílias pantropicais citadas anteriormente e pelas endêmicas cactácea,

bromeliácea e canácea.

Capense, é a menor de todas as regiões em extensão, restringe-se ao

Cabo da Boa Esperança, costa africana, que apresenta vegetação arbustiva

esclerófila, totalmente distinta do restante do continente e onde se destacam as

famílias proteácea, aizoácea, mirtácea, e o gênero Erica com mais de 450

espécies.

Australiana, é caracterizada por um grande deserto na porção central

do continente, com estepes ao norte e formações lenhosas esclerófilas ao sul,

ocorrendo ainda florestas tropicais ao norte e a leste. São freqüentes as

famílias mirtácea, cujo gênero Eucalyptus apresenta mais de 500 espécies.

Outras famílias também encontradas são proteácea e casuarinácea.

Antártica, envolve terras do sudoeste da América do sul, com bosques

montanos úmidos, ricos em musgos, fetos e turfeiras, ilhas subantárticas,

Antártida e por alguns estudiosos também a Nova Zelândia. Sua flora apresenta

disjunções interessantes, indicando que no passado foi muito mais rica e que

estendia-se circumpolarmente até outras latitudes e tem nos gêneros

Nothofagus (fagácea) e Azorella (umbelífera) seus principais representantes.

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Page 16: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Oceânica, refere-se aos oceanos em geral dando ênfase à flora

macroscópica (algas) e aos fitoplânctos.

Vale ressaltar que o termo vegetação não deve ser confundido com

flora, pois vegetação trata-se de agrupamento de vegetais reunidos em uma

área como por exemplo: Floresta Ombrófila Densa, Savana - Estépica, etc.

Enquanto flora refere-se aos indivíduos que compõem a vegetação, como

sapucaia, mandacaru e outros.

Os vegetais não vivem isolados, mas em comunidades, que podem ser

agrupadas em arbóreas ou florestas, herbáceas ou campestres, de regiões

alagadas ou palustres e a vegetação dos desertos com adaptações xerófitas.

As formações vegetais que se desenvolvem nas diversas regiões do

planeta recebe influências das condições climáticas (temperatura, umidade, luz

solar), condições pedológicas (solo), da altitude e da forma do relevo. Portanto,

diante da diversidade dos tipos climáticos, das formas de relevo e dos solos que

a superfície terrestre apresenta, sua paisagem vegetal será também bastante

variada. Cada espécie vegetal absorve elementos distintos do solo, suas raízes

atingem profundidades diferentes, umas são ricas em amidos e proteínas,

outras em celuloses e ligninas, pobres ou ricas em cálcio, acumulam ou não

determinados minerais, são mais ou menos exigentes quanto as condições

ambientais, desenvolvem-se com um mínimo de substâncias nutritivas ou não,

ciclo de vida curto ou longo. A manutenção e perpetuação dos vegetais

depende de alguns fatores e de agentes polinizadores (transportadores de

grãos de pólen) como o vento e os animais, e entre estes, principalmente os

pássaros, insetos e morcegos.

As plantas podem mudar as condições locais de um ambiente, ou seja,

após a derrubada, a vegetação primitiva é descaracterizada. Dessa forma o

ambiente é logo modificado. O solo desnudado dará origem a uma sucessão

vegetal que terá etapas diferentes de acordo com o tempo. A vegetação

secundária que surge reflete sempre, e de maneira bastante uniforme, o

parâmetro ecológico do ambiente. Dessa forma, nas palavras de

Rawitscher(1976, p.357) observa-se que:

... primeiramente crescem árvores de luz depois da derrubada de matas. Essas árvores de luz preparam a sombra e o húmus necessários para o crescimento das plantinhas mais exigentes que vão recompor a mata definitiva” (1976, p. 357).

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Page 17: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Assim estabelecem-se primeiro as associações de plantas de luz que

em seguida são substituídas por plantas de sombra. Tal substituição por outras,

é denominada sucessão vegetal. Esta sucessão obedece a um ritmo de

recuperação do solo degradado pela ação predatória do homem. A sucessão

vegetal passa por quatro ou mais fases até chegar ao clímax, o que dificilmente

ocorre, devido a ação antrópica, mas deve-se ressaltar que este estágio ocorre

em algumas regiões.

A vegetação e os solos fazem parte de conjuntos de elementos vivos e

não vivos que se interrelacionam e dão origem ao que chamamos de

ecossistema.

Dentro do ecossistema os elementos vivem em uma simetria

característica da própria natureza, onde cada ser possui sua função e a sua

respectiva importância, de modo que a relação aí existente é fundamental para

manter o equilíbrio. Sendo assim, considera-se o ecossistema como a unidade

funcional básica na qual incluí-se tanto os organismos viventes como o

ambiente não vivente, sendo que cada qual influenciando nas propriedades do

outro, e ambos necessários para a manutenção da vida tal como a temos no

mundo. Nas palavras de Sacarrão (1998, p.32/33), temos:

... ecossistema é uma comunidade de seres vivos em íntima interação entre si e com o ambiente em que vivem... o termo ecossistema radica-se num ponto de vista holístico, segundo o qual todos os seres vivos e o ambiente físico funcionam como um todo obedecendo as leis físicas e biológicas bem definidas (1998,p. 32/33).

Num ecossistema existe um relativo equilíbrio de fatores naturais

entendidos como catástrofes; e outros entendidos como antrópicos, podendo

estes acontecerem na perspectiva de conservação ou degradação. Para tanto

considera-se que os ecossistemas menos ricos em espécies são mais fáceis de

serem desequilibrados.

Os desequilíbrios de elementos que compõem o ecossistema como o

solo e a vegetação podem se dar por meio de lixiviação, erosões, movimentos

de massa e cheias, que podem ocorrer com ou sem a intervenção humana.

Dessa forma:

... ao se caracterizar processos físicos, como degradação ambiental, deve-se levar em consideração critérios sociais que relacionam a terra com seu uso, ou pelo menos, com o potencial de diversos tipos de uso" (GUERRA, 1996, p. 342).

O estudo da degradação ambiental não deve ser realizada apenas sob

o ponto de vista físico. Na realidade, para que o problema possa ser entendido

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Page 18: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

de forma global, integrada, holística, deve-se levar em conta as relações

existentes entre a degradação ambiental e a sociedade causadora dessa

degradação que, ao mesmo tempo, sofre os efeitos e procura resolver,

recuperar, reconstruir as áreas degradadas.

Alterações prejudiciais ao ambiente resultantes das atividades

humanas acabaram por redundar na atual concepção "ecológica", na qual o

homem não passa de um mero componente do ecossistema geográfico. Hoje

em dia a relação do homem com o meio está chegando a uma situação crítica

na medida em que as mudanças por ele realizadas talvez se tornem

irreversíveis.

Quando o homem provoca uma alteração no seu ambiente, visa

normalmente um fim imediato e obvio como é o caso da construção de uma

casa. Mas a mudança não se resume a isso. A construção irá alterar

parcialmente o clima circundante, e o clima modificado alterará o caráter do

solo e da vegetação vizinha e por sua vez a mutação do solo e da vegetação

redunda em alterações posteriores do clima local.

No entanto, a natureza das mutações que o homem impõe à superfície

da Terra está condicionada por vários fatores que operam em equilíbrio

dinâmico. À medida que a sofisticação política-econômica e tecnológica

aumenta, cada vez menos se torna previsível o comportamento do homem em

relação ao ambiente em termos de fatores "naturais".

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Page 19: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

3.0 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a realização desta pesquisa, foi utilizado o acervo bibliotecário da

Uniervsidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, além de consultas na

internet, ao mesmo tempo em que foram aplicados em campo questionário a

fim de coletar informações sobre a área em estudo.

Buscando melhor embasar o trabalho, foi utilizado o Projeto

RADAMBRASIL(1981), onde foram retiradas informações pedológicas,

geológicas, geomorfologicas e fitogeográficas da Serra do Periperi. Nesta parte

da pesquisa foram utilizados os mapas deste projeto na escala de 1:25.000

referentes aos temas citados, daí foram extraídas informações acerca da

vegetação.

Vale ressaltar que para analisar a ação antrópica nesta localidade foi

necessária a observação e interpretação da paisagem da referida área. Neste

momento da pesquisa foram aplicados 20(vinte) questionários para a população

residente no local com o objetivo de conhecer que tipo de atividades estas

pessoas desenvolvem na serra, renda familiar, o nível de conscientização

ambiental dentre outros.

Ainda foram realizadas, com os órgãos que trabalham com questões

ambientais em Vitória da Conquista, entrevistas com o objetivo de obter

informações sobre medidas coercitivas bem como preventivas que estão sendo

aplicadas e até mesmo implantadas neste município. Assim foram entrevistados

os seguintes órgãos: SEMMA, SEMARH e IBAMA.

19

Page 20: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Os dados coletados na pesquisa de campo e na entrevista com os

órgãos ambientais foram agrupados, trabalhados estatisticamente e

transformados em gráficos e/ou tabelas, com auxilio do programa excel. Os

dados foram cruzados e comparados, além disso, foram utilizadas fotografias

para corroborar os fatos relatados nas entrevistas, questionários com as

observações feitas in loco.

20

Page 21: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Aspectos Históricos

“O Município de Vitória da Conquista está localizado na região

Sudoeste da Bahia

, tendo como coordenadas geográficas 14° 50’ 53” de latitude sul e 40°

50’ 53” de longitude oeste. Segundo IBGE – Censo 2000, possui uma extensão

territorial de 3.204 km², destacando-se como a terceira maior cidade em

extensão territorial da Bahia.

No seu aspecto histórico, sua ocupação territorial iniciou-se no final do

século XVIII, de acordo com os interesses dos colonizadores provenientes da

Coroa Portuguesa. Serviu como elo de ligação entre o litoral e o sertão, e o

crescimento da cidade aconteceu no sentido norte/sul, onde se observa, o

processo de desflorestamento de vegetação nativa, para atender ao

assentamento das primeiras famílias (Ferraz, in plano de manejo do Parque

Municipal da Serra do Periperi – V/C), que no decorrer do tempo apropriaram

dos recursos naturais existentes na encosta da Serra do Periperi; incluindo os

recursos hídricos oriundos da nascente do rio Verruga, na utilização para o

abastecimento da então Vila da Vitória.

Ao longo do processo de desenvolvimento da cidade, os recursos

naturais foram explorados de forma aleatória de acordo com os moldes do

sistema capitalista, com intensa exploração, em nome do crescimento sócio-

econômico.

21

Page 22: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Segundo Silva e Santos (1998, p.139), no que tange a Serra do

Periperi, objeto de estudo desta pesquisa localiza-se no Planalto de Vitória da

Conquista o qual em sua maior parte é coberto pela Floresta Estacional

Decidual. As cotas altimétricas, de 300 a 1.000 m de altitude, variam

consideravelmente desde residuais, correspondendo ao topo dos planaltos, até

fundo de vales que se encontra quase no mesmo nível da depressão. Este

planalto apresenta relevo muito movimentado, resultante da intensa dissecação

que esculpiu a vertente do mesmo. As vertentes são íngremes, com inclinação

de 30º a 45º. Toda a área da unidade apresenta expressa camada de alteração

da rocha.

A vegetação primitiva de mata foi retirada. Seus remanescentes só

podem ser observadas nos topos, enquanto as encostas transformadas em

pastos, são recobertas apenas por gramíneas.

A região do Planalto de Vitória da Conquista apresenta clima variado,

podendo destacar a presença de áreas com o clima sub-úmido à semi-árido. No

que se refere a vegetação dessa região, existe uma variação onde áreas

apresentam predominância da caatinga e outras de matas tropicais formando

ecossistemas distintos.

Pode-se observar que o Planalto apresenta solos diferentes, como:

latossolo vermelho-amarelo distrófico, podzólico vermelho-amarelo eutrófico,

fragmentos rochosos de areia quartzosa.

"Estes solos acumulam grande quantidade de água durante a época das chuvas, razão pela qual não chegam a secar completamente durante o período de seca. É esta a condição essencial que possibilita o crescimento das floresta de folhas caducas..." (WALTER, 1986:74).

Estes tipo de florestas é predominante no Planalto de Vitória da

Conquista, cujas características são semelhantes aos da Floresta

Semidecidual, variando o período seco que é maior e, consequentemente, a

percentagem da decidualidade foliar dos seus indivíduos dominantes passa a

ser de 50% ou mais na época desfavorável. A submata é também decidual, e o

número de formas biológicas terófitas, geófitas e hemicriptófitas é grande,

principalmente a quantidade de plantas graminóides. Essa formação é

caracterizada principalmente pela Cavanillesia Sp e Goniorrhachis marginata

que possuem ampla dispersão.

22

Page 23: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

4.2 Clima, Litologia e Geomorfologia

Na região do Planalto de Vitória da Conquista, atuam três sistemas de

circulação atmosférica: sistema de circulação de onda de leste, sistema de

circulação da frente polar e sistema de circulação oeste.

De acordo com Silva e Santos (1998, p.139), o sistema de leste é

representado por correntes de perturbação que caminha de leste para oeste.

São típicas de zonas tropicais atingidas pelos alísios. Embora esse fenômeno

não seja suficientemente estudado para dele ter um conhecimento mais exato,

sabe-se no entanto, que eles ocorrem no seio dos anticiclones tropicais sob a

forma de pseudo frentes, ou seja, pequenas depressões frontais causadas por

chuvas mais ou menos abundantes.

O sistema de sul é representado por invasões de frentes. Tais

descontinuidades barométricas, oriundas da oposição entre os ventos

anticiclones de massa polar e da massa tropical, poucas vezes consegue

ultrapassar o Trópico de Capricórnio durante a primavera e o verão, quando

consegue, o fazem ao longo do litoral, raramente ultrapassando o paralelo de

15º de latitude sul, (id).

Ainda de acordo com estes autores o sistema de oeste é representado

por "linhas" de Instabilidade Tropicais (IT), formadas por alongadas depressões

barométricas induzidas em dorsais de altas tropicais. No seio de uma linha de

IT o ar em convergência acarreta geralmente, chuvas e trovoadas, por vezes

granizo e ventos moderados a fortes, com rajadas que atingem 60 a 90

km/hora. Sua origem parece estar ligada ao movimento ondulatório que se

verifica na frente polar ao contato com ar quente da zona tropical.

Conforme estudo realizado nesta cidade: A Relação Solo/Vegetação no

Planalto e nas Encostas de Vitória da Conquista, no que diz respeito às

condições climáticas nas áreas em estudo, estas apresentam variações. A

temperatura média anual na Serra do Periperi está em torno de 20ºC. A

temperatura máxima absoluta em todas as áreas oscilam de 36º à 38ºC,

enquanto que a temperatura mínima absoluta variam de 4º a 8ºC. No que tange

à precipitação anual, oscila entre 750 e 1.000 mm. Devido as características

apresentadas infere-se que o clima da Serra do Periperi é classificado como

clima tropical subquente semi-úmido, cuja duração do período seco é de 4 a 5

meses.

23

Page 24: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Através de levantamentos bibliográficos na UESB pode-se observar

que a formação geológica da área em estudo é basicamente composta por

coberturas detríticas.

A unidade de coberturas detríticas é constituída por terrenos tabulares,

com textura lisa dispostas discordantemente sobre unidades litoestratigráficas

pré-cambrianas, mesozóicas e cenozóica (formação barreiras).

O material terrígeno que forma os platôs elevados, como por exemplo,

de Vitória da Conquista, não pode ser designado com precisão como

sedimentos pois não apresenta quaisquer evidências dos mecanismos

formadores, sejam hidro ou pneumodinâmicos. (RADAMBRASIL, 1981:122).

As coberturas existentes no Planalto de Vitória da Conquista, segundo

Ghignome in PROJETO RADAMBRASIL (1981, p.122), que apresentou estudos

dos sedimentos fanerozóicos do Estado da Bahia menciona que:

"as coberturas que ocupam grandes áreas do interior do estado, notadamente os extensos planaltos terrígenos de Vitória da Conquista, Poções e outros, necessitam de um melhor estudo para se conhecer sua idade exata".

As coberturas representativas desta unidade, encontram-se bem

expostas nos Planaltos de Vitória da Conquista e Maracás, bem como

associados à Chapada Diamantina, notadamente a que se desenvolve no

centro da Anticlinal de Seabra. A unidade TQd, litologicamente, e variável,

dependendo do local onde esteja situada. Na região da Chapada Diamantina,

estes depósitos são essencialmente arenosos de granulação média e em geral

subarredondadas. As coberturas sobre os calcários formam às vezes espessas

camadas sílticas argilosas, amarelas ou vermelhas com freqüentes termiteiros.

Nas demais áreas encontra-se representada por uma capa de material

amarelado conglomerático, detrítico mal consolidado, contendo lentes finas de

arenitos e conglomerados quartzosos, horizontalmente estratificados. Depósitos

residuais e coluvionares sílico-ferruginosos, também ocorrem associados, com

espessura variável. Localmente, na parte basal, são observados seixos

angulosos e subangulosos de quartzo e feldspatos com dimensões em torno de

2cm, em uma camada de 10 a 20cm de espessura, aumentando para o topo as

dimensões dos seixos e a uniformidade no tamanho (op. cit).

No que se refere à geomorfologia da área de estudo, nos Planaltos

Inumados integram-se relevos tabuliformes desenvolvidos sobre áreas de

depósitos continentais detrítico-sedimentares do Cenozóico, os quais

24

Page 25: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

sotopõem-se e mascaram feições estruturais típicas de outros domínios

correspondendo neste estudo a áreas da Serra do Periperi.

A vegetação da Serra do Periperi faz parte da Floresta Estacional

Decidual Montana, predomina uma vegetação secundária bastante alterada

pela ação antrópica, sendo ocupada por construções. É importante frisar que

grande parte da Serra do Periperi constitui um ecótono entre a floresta

estacional decidual e a savana (cerrado) (RADAMBRASIL 1981, p.122).

1- Aluvial 2-Terra 3-Submontanhas 4- Montanha Ilustração de Regina Julianele

Figura 01 – Perfil Esquemático da Vegetação da Serra do Periperi

A floresta estacional decidual é caracterizada por árvores que guardam

maior distância entre si. Os troncos, de menor altura, tem cascas geralmente

mais grossa que a floresta ombrófila densa e sustentam ramos robustos e mais

ou menos retorcidos; as copas revelam-se amplas, ralas e esgalhadas,

ramificando-se no tronco, muitas vezes, desde baixo. Ocorre também duas

estações climáticas bem demarcadas, uma chuvosa seguida de longo período

biologicamente seco. Apresenta na forma de disjunções florestais um estrato

dominante macro ou mesofanerofítico predominantemente caducifólio, com

mais de 50% dos indivíduos despidos de folhagem no período desfavorável. A

estratificação da comunidade não costuma ir além de três camadas. Abaixo do

andar superior, descontinuo, há uma submata arbóreo-arbustiva bastante densa

e, sob esta, um estrato herbáceo pobre. Na região, esta floresta é conhecida

como “mata de cipó”. É composta de mesofanerófitas parcialmente caducifólias

e dominadas por ecótipos da família leguminosae, destacando-se o genero

parapiptadenia. A maior parte dos ecótipos formadores desta disjunção,

regularmente, são envolvidos por linhas lenhosas com folhagem sempre verde

que conferem a esta formação uma falsa aparência na época

desfavorável(ibid).

25

1.000

600

100100

Page 26: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

4.3 Características Pedológicas

A partir de pesquisas e análises cartográficas realizadas pôde-se

constatar que na Serra do Periperi há o predomínio de solos do tipo latossolo

vermelho-amarelo álico (figura 02), bem como em todo planalto cujo relevo é

predominantemente plano com suaves ondulações.

Figura 02. Latossolo vermelho-amarelo álico da Serra do Periperi - V/C

Morfologicamente apresenta cor amarelada homogênea em

profundidade e pode apresentar textura média ou argilosa ou muito argilosa

(Silva 1998, p.139). Onde ocorre relevo plano ou suavemente ondulado

permite facilmente a mecanização agrícola, embora há limitações de ordem

química em profundidade que restringem o desenvolvimento do sistema

radicular. Em geral apresenta baixa quantidade de água disponível às

plantas e além do mais, em condições naturais constata-se baixos teores de

fósforo. Outra limitação, refere-se à compactação, não só se a textura for

média e especialmente se o teor de areia fina for alto. Ocorre também nesta

área a presença subdominante do solo Latossolo Vermelho-Amarelo

26

Page 27: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

distrófico, com horizonte A moderado de textura argilosa em relevo

suavemente ondulado.

27

Page 28: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

5.0 A AÇÃO ANTRÓPICA SOBRE A SERRA DO PERIPERI.

5.1 O Homem e o Usufruto na Serra do Periperi

É reconhecido que o crescimento e o desenvolvimento econômico

alteram os sistemas naturais, embora não se deva por em risco tais

sistemas, como a atmosfera, a água, os solos e os seres vivos.

Na Serra do Periperi localizada no município de Vitória da

Conquista, a ação antrópica pode ser vista de forma bem diversificada e

muito acentuada ao longo de toda a extensão territorial que compõe a

mesma. Nesta parte da cidade, o homem não poupou esforços para agir

sobre a natureza, quer seja por uma questão de sobrevivência ou pela

ganância comercial. As marcas do usufruto neste espaço ainda estão

impregnadas.

No que tange o aspecto sobrevivência pode-se começar citando que

é justamente no entorno da Serra do Periperi que se localizam bairros

periféricos que abarcam uma grande concentração de pessoas de baixa

renda. Assim como nas grandes capitais e nos grandes centros do Brasil as

condições de moradias da periferia estão atreladas ao crescimento urbano

desordenado o qual consequentemente provoca muitos danos.

A expansão urbana em Vitória da Conquista vem “engolindo” a Serra

do Periperi de forma avassaladora como pode-se observar na Figura 03.

28

Page 29: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Figura 03: A invasão da expansão urbana na Serra do Periperi – V/C

Fica claro na figura 03 que a paisagem nesta localidade esta sendo

modificada cada vez mais em função de construções de casas em direção ao

topo da serra, Vale lembrar que muitas destas são construções recentes, mas

há aquelas que datam de décadas atrás como pode ser comprovado a seguir

na Figra 04, de tempo de moradia dos habitantes dos bairros em torno da Serra

do Periperi.

31%

19%

50%

Menos de 10 anos

10 à 20 anos

30 à 40 anos

Figura 04 – Tempo de moradia na Serra.

29

Page 30: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Independente do tempo de moradia destes habitantes da serra, pode-

se perceber que a população desta área exerce atividades profissionais as

quais se encaixam no grupo denominado de subemprego. Como pode ser visto

no quadro 01.

Quadro 01: Atividades profissionais desenvolvidas pelos moradores do entorno

da Serra do Periperi.

ATIVIDADES PROFISSIONAIS VALORES (%)

Pedreiro 18,75%

Doméstica 6,25%

Reciclador 6,25%

Dono de Boteco 6,25%

Desempregado 12,5%

Carroceiro 18,75%

Aposentado 18,75%

Extrator de areia 12,5%

Estas atividades, geram rendas baixíssimas não dando condições da

pessoa viver com o mínimo de dignidade com as atividades profissionais por

eles desenvolvidas. Repare na figura 5 que muitos profissionais não

conseguem obter mensalmente valores que possam suprir se quer suas

necessidades básicas como alimentação.

19%

25%

25%

19%

6% 6%

Menos de R$ 50,00 Entre R$50,00 e R$100,00

Entre R$ 100,00 e R$ 200,00 Entre R$300,00 e R$400,00

Entre R$400,00 e R$ 500,00 Entre R$ 500,00 e R$ 600,00

Figura 05 - Renda salarial dos moradores da área em estudo.

30

Page 31: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Estes dados corroboram a situação econômica dessa população que

vive a margem da miserabilidade, tais fatos fazem com que os moradores desta

região busquem meios alternativos para sobreviver. Justifica-se daí o fato da

maioria destes habitantes possuírem em casa fogão a lenha como pode ser

vislumbrado na figura 06.

81%

19%

Possue fogão a lenha

Não possue fogão alenha

Figura 06- Percentual de moradores com fogão de lenha em casa.

Os usuários de fogão a lenha usufruem de lenha proveniente da

vegetação da serra como pode ser observado na Figura 07.

Figura 07 – Morador do Bairro Pedrinhas em V/C carregando lenha proveniente da Serra do Periperi.

31

Page 32: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Os feixes de lenha geralmente são conduzidos pelos adultos, mas as

crianças não são poupadas desta atividade (Figura 08), sempre que possível,

ou quando acham galhos no chão às crianças levam para casa com o objetivo

de ser queimado a posteriori no fogão.

Figura 08 – Criança transportando galho no Bairro N.S.ª Aparecida – V/C.

Segundo os entrevistados, eles não fazem uso da vegetação da serra,

porém no período da pesquisa realizada na área em estudo, por diversas vezes

foram flagrados pessoas com feixes de lenhas nas costas, carrinhos de mão e

até em carroças.

O uso desta lenha é utilizada por boa parte da população da área em

estudo durante o cotidiano, como pode ser analisado na figura 09.

50,00%

25%

18,75%

0,00%

6,25%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

1

Diariamente

Fim de semana

mensalmente

Não uso lenha

só quando falta gá

Figura 09 – Moradores com fogão de lenha em casa.

32

Page 33: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Embora o consumo de lenha seja diário, este não é feito de forma

exorbitante, pois a população usufrui desta matéria-prima não com fins

lucrativos, mas como forma de conter despesas uma vez que o botijão de gás

torna-se caro pelo seu padrão de vida. Assim, a lenha é usada para cozimento

de alimentos (Figura 10) como o feijão que é duro e demora em cozinhar,

enquanto que nas casas que possuem o fogão a gás, este é utilizado para fazer

o café, cozimento de arroz e etc. De qualquer forma, o fogão a lenha nunca é

descartado, exceto pela pequena população que possui um padrão de vida

melhor do que a maioria dos entrevistados.

Figura 10 – Uso do fogão à lenha no cotidiano periférico de V/C, Bairro N.S.ª Aparecida.

A depender do ângulo em que se observa a Serra do Periperi pode-se

surpreender com uma paisagem urbano-rural, pois a luta por uma vida melhor

fez com que um dos moradores construísse em frente ao seu casebre um curral

(Figura 11). Além de ter devastado a área para construir o curral, o pisoteio do

gado sobre o solo pode vir a impactar o mesmo, sem contar que o referido

rebanho alimenta-se da vegetação ali existente.

33

Page 34: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Figura 11 - Paisagem Urbano-Rural no alto do Periperi – V/C.

Saindo da questão sobrevivência e adentrando nos aspectos de

âmbito econômico, pode-se começar citando a questão da extração mineral

sobre a serra que deixou danos irreparáveis como pode ser analisado na

Figura 12.

Figura 12 - Processo erosivo fruto da extração de areia.

Segundo a Secretaria municipal do Meio Ambiente de Vitória da

Conquista – SEMMA, há atualmente 113 trabalhadores com licença provisória

34

Page 35: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

para exercerem atividade de extração mineral sobre a Serra do Periperi, tal

atividade é exercida fora do perímetro do Parque Municipal da Serra do

Periperi.

Deve-se lembrar que além dos trabalhadores que são cadastrados, há

aqueles que fazem à extração mineral de forma ilegal. Quanto a estes, não há

como saber a quantidade de areia que os mesmo extraem, já quanto aqueles

estima-se que cada trabalhador extraia 2 (duas) caçambas de areia por semana

(Figura 13), que por sua vez dará uma média mensal em torno de 964

(Novecentos e Sessenta e Quatro) caçambas para todos aqueles que são

cadastrados.

Figura13: Extração Mineral na Serra do Periperi – V/C.

Se forem mantidos os atuais níveis de exploração mineral (areia), em

pouco tempo poderá faltar esta matéria-prima ou até mesmo a serra poderá

desaparecer. Além do mais para este tipo de atividade é necessário a

devastação da vegetação local, comprometendo a sobrevivência da fauna que

faz parte do seu ecossistema. Um outro problema é o não reflorestamento da

área degradada, a qual ficou exposta aos agentes erosivos (Figura 12 e 13)

aumentando os danos ambientais.

Um outro ponto a ser abordado refere-se à infra-estrutura urbana de

Vitória da Conquista que em parceria com o Governo Federal, trabalharam

juntos com o intuito de melhorar o sistema de escoamento de mercadorias na

região, para isto foi inevitável fazer um grande corte na Serra do Periperi por

onde passa o anel viário municipal. Para a efetivação desta obra fez-se

35

Page 36: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

necessário a impermeabilização do solo na referida área o que

consequentemente acabou por abalar a estrutura do funcionamento deste

ecossistema, como pode ser observado na Figura 14.

Figura 14 – Corte Vertical da Serra do Periperi no anel viário –V/C.

Pode-se ver ainda na foto que o local por onde passa a rede viária do

anel não foi reflorestado, deixando o solo exposto ao intemperismo. Todavia, é

bom lembrar que o reflorestamento por si só não recupera o habitat natural,

mas ameniza os danos ambientais que ali podem ser causados.

Averigou-se nesta área ao menos um ponto positivo, como o homem

não tem retirado a vegetação que faz margem com a pista do anel, esta vem se

recompondo naturalmente como pode ser reparado na Figura anterior.

Por outro lado, a falta de senso ecológico dos motoristas faz com que

estes joguem detritos e restos de alimentos na mata, que margeiam a pista.

Além disso, há os ruídos dos veículos que ali circulam, todos estes fatores

agregados certamente comprometem o metabolismo da fauna, bem como o

desenvolvimento da flora desta região.

Constata-se também na Serra do Periperi o funcionamento de uma

usina de asfalto a qual é de propriedade da Prefeitura Municipal de Vitória da

Conquista.

A usina está assentada em uma área que foi devastada para o seu

funcionamento, como pode ser corroborado pelo vislumbramento da Figura 15.

36

Page 37: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Figura15: Usina de Asfalto na Serra do Periperi. V/C.

Nesta área há ainda o uso de máquinas pesadas impactando o solo

desta região e para finalizar as atrocidades cometidas, a usina expele

diariamente na atmosfera conquistense fumaça que contribui para a poluição do

ar. Este é o “belo” exemplo ambiental que a Prefeitura Municipal vem dando aos

moradores de Conquista em uma localidade que ao invés de ser degradada

deveria sim, ser preservada.

Deve-se frisar também, que é papel da infra-estrutura urbana fornecer

os seguintes serviços: água encanada, saneamento e esgoto, coleta e

destinação do lixo e etc. Caso estes serviços sejam oferecidos de forma

inadequada pode causar transtornos para a população de uma cidade ou de

bairros específicos como é o caso daqueles que se localizam nas proximidades

da Serra do Periperi.

Se por um lado os moradores destes bairros sentem-se satisfeitos com

o serviço de coleta de lixo o qual é diário, por outro estão insatisfeitos com as

voçorocas provocadas com a instalação da rede fornecedora de água. O fato

desta área ter sido desmatada com o crescimento desordenado da cidade, bem

como a falta de assistência adequada nesta região, faz com que os impactos

sejam sentidos não só nesta localidade mas, também por outros moradores de

Vitória da Conquista, conforme mostra o quadro a seguir.

Quadro 02: Conseqüências da retirada da vegetação na Serra do Periperi.

37

Page 38: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

TIPO DE PROBLEMA CAUSADO PORCENTAGEM (%)

Deslizamento de terra na serra 25%

Surgimento de barrocas 18,75%

Falta de chuvas em Conquista 12,5%

Desabamento de casas no alto da serra. 6,25%

Aumento da temperatura em Conquista 12,5%Aumento do volume da enxurrada no centro da cidade

18,75%

A retirada da vegetação não provoca danos

6,25%

Com a retirada da vegetação o solo fica muito mais exposto ao impacto

da chuva, formando ravinas, processo erosivo inicial das voçorocas, que por

sua vez tem acelerado o seu processo de formação (Figura 16) com a abertura

de valetas para encanação do fornecimento de água e para tubulações da rede

de esgoto, estas valetas não foram fechadas após o serviço feito. Estes fatos,

aliados à falta de absorção do solo, faz com que a velocidade do escoamento

da água da chuva seja mais rápida, por isto o tamanho da voçoroca cresce, o

deslizamento de terra aumenta e o volume da enxurrada que desce da serra

acaba alagando o centro da cidade causando outros transtornos.

Figura 16 - Impacto Ambiental acelerado pela infra-estrutura – V/C.

E por fim, coloca-se em cheque o abandono do objeto em estudo, pois

detecta-se entulhos de construções proveniente de diversos bairros de Vitória

38

Page 39: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

da Conquista. O entulho é jogado ao meio da devastação da Serra do Periperi,

misturando-se aos pés de mamona que estão crescendo nesta área.

Diante deste quadro, os moradores deste perímetro acreditam que a

vegetação da serra deva ser preservada pelos aspectos mostrados no gráfico

da figura 17.

31,25%

12,50%

18,75%

6,25%

12,50%

6,25%

0,00%5,00%

10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%

1

A natureza fica mais bonita;

Desmatar prejudica a natureza;

Acha importante mas não soube responder;

A serra deve ser cuidada, pois assim o Cristo não fica abandonado;

A natureza fica bonita, mas tem o problema da bandidagem;

A serra não deve ser preservada, pois aumenta o matagal e a bandidagem.

Figura 17 – Importância da preservação da Serra.

Estas expressões foram transcritas na integra, mostrando os

sentimentos dos moradores desta região. Há aqueles que têm medo dos

bandidos que muitas vezes escondem-se dentro da capoeira, mas apenas

6,25% foram incisivos a responder que a Serra não deve ser preservada por

causa da criminalidade (Figura 17).

5.2 A VISÃO DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS

Foram realizadas com os órgãos públicos ambientais que atuam no

município de Vitória da Conquista, entrevistas com o intuito de saber quais

medidas vem sendo tomadas por estes em relação aos problemas ambientais

que ocorrem na Serra do Periperi.

O primeiro deles a ser entrevistado foi a SEMMA, órgão municipal que

atua tanto de forma preventiva como também de modo coercitivo, neste caso

em parceria com a Policia Militar e o Ministério Público.

39

Page 40: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Uma das medidas preventivas tomada pela SEMMA foi a criação do

Parque da Serra do Periperi com uma estrutura que contempla a própria

Secretaria do Meio Ambiente, onde funciona o Módulo de Educação Ambiental

– MEA, cuja finalidade é desenvolver um programa de educação ambiental

visando a sensibilização, mobilização e conscientização da comunidade local,

estabelecendo como prioridade o contingente de professores e alunos da rede

municipal de ensino, principalmente das escolas localizadas nas vizinhanças do

Parque. Deve-se ressaltar que o MEA desenvolve atividades teóricas e práticas

não só com as escolas municipais, mas também com os colégios das redes

estadual e privada, além de entidades civis locais e regionais.

Na sede da SEMMA funciona também o projeto Sala Verde e o projeto

Coletivos Educadores. Ainda sob a tutela desta entidade funciona o Herbário

Sertão da Ressaca, o qual abriga um Viveiro Experimental, onde são realizados

testes de germinação e produção de mudas de essências nativas para uso de

reflorestamento de áreas degradadas. No Herbário estão depositadas cerca de

400 exsicatas de material botânico da Serra em processo de identificação.

Segundo o Senhor Iragildo Silva Pereira, Gerente de Estudos,

Viabilização de Projetos e Promoção da SEMMA, esta realiza a defesa e

fiscalização ambiental do município, desempenha um trabalho em defesa da

fauna e da flora nativas, principalmente no Parque Municipal da Serra do

Periperi coibindo a caça e captura de animais, a retirada de madeira nativa, a

extração de pedra, cascalho e areia, o descarte de lixo e entulho e as tentativas

de invasão e ocupação da Serra. Realiza também a vistoria de

empreendimentos e atividades potencialmente poluidoras a concessão e

licenciamento de alvarás e licenciamento ambiental.

No que tange à penalidade atribuída para aqueles que são flagrados

praticando atividades ambientais ilegais no âmbito do Parque, são tomadas as

seguintes medidas: Notificação da gravidade do problema, a qual é enviada

para os órgãos competentes quando necessário e, de acordo com a sentença

atribui-se a penalidade. Ressaltando que esta funcionalidade ainda não é

executada pelo SEMMA, pois o Código Municipal do Meio Ambiente encontra-

se em trâmite.

Uma das problemáticas encontradas por este órgão em nível de

fiscalização é o seu contingente de fiscais, o qual é insuficiente para o tamanho

do parque, uma vez que a demanda da fiscalização é constante e não uniforme,

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Page 41: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

envolvendo problemas diversos os quais devem ser abarcados pelos 5 (cinco)

fiscais existentes no parque entretanto torna-se difícil tomar conta de toda esta

região, pois 3(três) fiscais são fixos no Poço Escuro e 2(dois) são itinerantes.

A falta de um número maior de fiscais atuando em órgãos ambientais

não é um caso isolado no município de Vitória da Conquista, é uma realidade

brasileira, o que acaba por gerar uma atuação insatisfatória por parte destas

entidades. Mas, na visão do Senhor Iragildo Pereira, a eficácia primeiramente

não advem apenas do Poder Público dos órgãos ambientais, perpassa pelo

coletivo e pela educação ambiental.

Em campo e corroborado pela entrevista, pôde-se vislumbrar que

muitas medidas foram tomadas não só no perímetro do Parque, mas até

mesmo em áreas que pertencem a particulares na serra, além dos bairros que

circundam a mesma, contudo muitos problemas ainda são gerados inclusive

pelos próprios moradores da região do objeto em estudo, podendo ser citado o

acúmulo de lixo, bem como a sua queima a céu aberto entre outros. Segundo o

Senhor Iragildo Pereira são aplicados medidas coercitivas e, sobretudo

preventivas, mas infelizmente estas vão se mesclando aos costumes e perfil da

comunidade, que por sua vez tem grande procedência da zona rural e ainda

soma-se a miserabilidade em que vivem e acabam por não introjetaram os

princípios da educação ambiental. Este ainda frisa que nem sempre os recursos

disponíveis são satisfatórios para tomar as medidas de prevenção.

O segundo órgão a ser entrevistado foi a Secretaria de Meio Ambiente

e Recursos Hídricos – SEMARH, o qual possue em sua estrutura dois órgãos

em funcionamento o Centro de Recursos Ambientais – CRA, e a

Superintendência de Biodiversidade Florestais e Unidade de Conservação –

SFC. O primeiro tem como função fiscalizar e conceder licenciamento ambiental

de empreendimento de potencial poluidor como por ex. mineração, postos de

combustível, indústria de transformação e etc. já o segundo tem como

incumbência autorizar a supressão de vegetação, desenvolvimento florestal e

também o monitoramento das áreas em que está sendo cultivado o eucalipto.

De acordo com o Sr. José Carlos Barreiros, o Coordenador Regional da

SEMARH, a atuação do CRA e da SFC se dá em toda a região Sudoeste, para

isto estes órgãos contam com apenas 7(sete) profissionais dos quais 3 (três)

são fiscais, este numero é insuficiente para atuar com eficácia, mas segundo o

Sr. Barreiros, a SEMARH ainda esta sendo estruturada, pois com a

41

Page 42: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

transferência da gestão florestal do IBAMA para o governo do estado houve um

aumento de demanda, de modo que esta secretaria está se organizando para

melhor atender. E para isto, este órgão está fazendo um resgate do serviço

público estadual em Vitória da Conquista, pois este município ficou muito tempo

sem estes serviços, de modo que houve um descaso ao atendimento público.

Barreiros citou que: A SEMARH de Jequié conta com prédio próprio com a sede

na Casa de Recursos Naturais, enquanto em Conquista atua precariamente em

um subsolo de um prédio cedido pela UESB – Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia, com o resgate do serviço público estadual a tendência é

melhorar, não só esta secretaria como também outros órgãos públicos do

estado.

Ainda, segundo o Coordenador Regional desta instituição o Sistema

Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA prevê uma repartição entre os entes;

União, Estado, Distrito Federal e Município, a questão da responsabilidade da

gestão ambiental de modo a descentralizar a mesma. Daí justifica-se a atuação

deste órgão em nível do Sudoeste, pois em Vitória da Conquista já foi

implantada a SeMMA, que atua a nível municipal.

No momento a SEMARH, vem desenvolvendo alguns projetos,

sobretudo no sentido de prevenção ambiental, podendo ser citado o projeto

Jovens Ativistas, o qual é direcionado para alunos na faixa etária entre 14 e 16

anos das escolas públicas do Município e do Estado. Estes jovens serão

capacitados e posteriormente atuarão como multiplicadores nas suas

respectivas comunidades.

Os facilitadores do projeto já foram aprimorados e, neste momento o

mesmo já esta em andamento. Este é um Projeto Piloto, que tem início em

Vitória da Conquista e a posteriori será desenvolvido em toda a Bahia. Aqui no

município foram selecionadas 18 escolas, sendo que 16, são colégios

localizados em áreas onde há conflito sócio-ambiental, salve a exceção do

CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica, as outras 2(duas) escolas

foram incluídas no projeto por serem uma voltada para a cultura afro localizada

no Simão, e a outra por atender filhos de família de assentados do MST –

Movimento dos Sem Terras, localizada em Cagussú. O ápice do projeto será

culminado com o lançamento de um Atlas Sócio-ambiental do Município de

Vitória da Conquista.

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Page 43: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Ainda dentro do aspecto preventivo, esta entidade atua fazendo

palestras para colégios da rede pública e privada, para universidades e

municípios da região Sudoeste. Já no que tange a questão da Serra do Periperi,

Barreiros diz que: a própria população conquistense é quem sofre com o

problema da Serra, pois quando chove, a areia é carreada do alto do Periperi

para o centro da cidade, onde os bueiros são entupidos e deixam a mesma toda

suja, além do mais, por falta da vegetação nativa a água da chuva não é

infiltrada na serra, de modo que acaba inundando o centro de Vitória da

Conquista, fato que foi dito anteriormente pelo autor do projeto.

O ultimo órgão entrevistado foi o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, o qual atua na Região Sudoeste

atendendo 64 municípios baianos, este órgão conta com 8 agente fiscais, os

quais atuam também quando necessário em outros estados.

Segundo o Analista Ambiental do IBAMA, o Sr. José Reinaldo, o qual no

momento está atuando como chefe substituto, o número de agentes fiscais não

é o suficiente. Em sua opinião este contingente deveria ser ampliado para 20,

mas apenas isto não bastaria, seria necessário também aumentar os recursos

financeiros bem como os recursos humanos que servem de suporte para

realizar a fiscalização.

Ainda, de acordo com o Sr. José Reinaldo, não há nenhum trabalho

específico voltado para a Serra do Periperi, pois esta é de jurisdição municipal,

o que implica em dizer que a SeMMA é responsável pela mesma.

Um outro fator, refere-se a transferência da gestão florestal para o

Estado, de modo que restou para o IBAMA, apenas a função de fiscalizador.

Desta forma, este órgão não desenvolve nenhum trabalho específico na Serra,

mas tem realizado campanhas preventivas no Sudoeste Baiano em duas

épocas do ano. Uma no São João – Junho – para evitar soltar balões, bem

como a queima de madeira com fogueiras juninas.

A outra campanha é realizada no período de seca prolongada, nos

meses de agosto, setembro e outubro, período em que os fazendeiros fazem

queimadas nos pastos, assim o IBAMA faz o alerta para que não haja esta

prática neste período para não haver maiores transtornos.

Este trabalho preventivo é feito via rede de comunicação e folder’s, mas

segundo o Sr. José Reinaldo esta campanha é muito pouco para o IBAMA. Este

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Page 44: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

também vislumbra como solução para os problemas ambientais, não só da

serra mas em todo o Sudoeste Baiano, a educação ambiental.

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Page 45: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

6.0 Considerações Finais

No estudo “A Serra do Periperi Impactada pela Ação do Homem” pôde-

se constatar que está ocorrendo transformações tanto a nível mundial quanto

local e estas se devem aos fatores naturais e antrópicos.

Na área estudada em Vitória da Conquista - Ba, as transformações

provocadas pelo homem foram profundas, de tal modo que se tornaram

irreversíveis em alguns pontos. Estas transformações ocorrem, sobretudo em

função de dois aspectos: sobrevivência e fins comerciais.

Percebe-se que a paisagem na Serra do Periperi está sendo

modificada cada vez mais por uma questão de sobrevivência, podendo ser

citado o crescimento urbano desordenado, o qual está invadindo a base da

serra em direção ao seu topo com casebres geralmente sem o mínimo de infra-

estrutura.

O fato dos moradores da área em estudo possuírem renda baixa fez

com que 93,75% dos entrevistados optassem por ter em casa fogão a lenha.

Justifica-se daí um dos motivos pelos quais os moradores retiram madeira da

Serra.

A luta pela sobrevivência, ainda fez com que o homem urbano desse a

Serra do Periperi um ar de zona rural, pois pode-se encontrar nesta região um

curral. O gado deste curral, juntamente com os jegues e burros, em suas

pastagens diárias, pisoteiam o solo desta localidade, impactando o mesmo e

impedindo o ressurgimento vegetal.

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Page 46: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Fruto do Capital, detecta-se os dois maiores vilões da degradação

ambiental no objeto em estudo: as empreiteiras de cascalho e a Prefeitura

Municipal de Vitória da Conquista com a usina de asfalto, ambas causaram

danos irreversíveis para a Serra, quer seja no passado e/ou no presente e, as

poucas áreas que podem ser reflorestadas, caso isto aconteça, demorarão

décadas para se recomporem.

O Alto índice de retirada de cascalho no Periperi, coloca em risco a

existência da mesma em anos vindouros.

Pode-se mencionar também, que a infra-estrutura urbana é a grande

causadora de voçorocas nos bairros que circundam a Serra, pois com o

fornecimento de água, bem como, da rede de esgoto às vezes, são abertas

valetas as quais não são fechadas com o termino do serviço, ainda que fossem

tapadas estas valetas, a falta da vegetação carreia a terra no período de chuva.

Um outro problema detectado refere-se a construção do anel viário, o

qual provocou distúrbios ecológicos para a fauna e flora da região, além do

mais, até hoje não foi cumprida a promessa de reflorestamento da área

desmatada.

A falta da vegetação nativa no Periperi, não é um problema ambiental

que afeta apenas os moradores do entorno desta localidade e, sim a toda

população conquistense, sobretudo no período chuvoso, alagando o centro da

cidade.

No que tange aos órgãos ambientais que atuam em Vitória da

Conquista, a eficácia em nível de fiscalização deixa a desejar, por falta de um

número mais expressivo no contingente de agentes fiscais.

A pouca severidade na aplicação das Leis Ambientais para quem é

pego cometendo alguma infração, contribui para que os problemas ambientais

aumentem cada vez mais.

Todos os órgãos ambientais que atuam em Vitória da Conquista,

vislumbram o mesmo caminho para sanar os problemas que foram detectados,

esta trilha é o investimento na educação ambiental, que ao conscientizar os

jovens, proporcionará a estes oportunidades de multiplicar o conhecimento

adquirido, alertando a sociedade para a importância de viver em um mundo

coerentemente sustentável.

É lamentável encontrar áreas verdes com efeitos oriundos da ação

antrópica. O que ameniza um pouco mais esta situação, é saber que o homem

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Page 47: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

começa a ter um despertar ecológico e que a natureza tem o poder de

regeneração, ou seja, em alguns anos, se não houver a intervenção do homem,

parte desta vegetação e do ecossistema se recuperará. Em outras palavras, o

solo será reconstituído através de uma sucessão vegetal que ali surgirá,

assumindo caracteres similares ao da vegetação nativa, existente ali outrora.

Assim, se o homem não interferir sobre esta sucessão, a própria natureza se

incumbirá de dar condições para que tal vegetação atinja o clímax. Desta forma,

o ambiente que fora degradado será inserido num ciclo inerente da própria

natureza, onde à vegetação terá a função de proteger o solo dos agentes

intempéricos e as folhas, galhos e frutos caídos dos vegetais irão humificar a

terra dando condições para que as plantas sejam viçosas, encerrando assim,

um ciclo natural.

Faz-se necessário que outras pesquisas em áreas afins sejam feitas

para complementar os estudos realizados, fazendo parte de um todo. Tais

estudos servirão de suporte para realização de projetos, com o intuito de sanar

os problemas detectados, bem como poderão auxiliar na elaboração de projetos

que visem a preservação e conservação da área em estudo, ou ao menos a

ampliação da área do Parque da Serra do Periperi.

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Page 48: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Ministério das Minas e Energia. Secretaria-geral. Projeto

RADAMBRASIL, folha SD. 24, Salvador; Geologia, Geomorfologia, Pedologia,

Vegetação e Uso Potencial da Terra; RJ, 1981.

COELHO, Marcos Amorim. Geografia Geral: o espaço natural e sócio-

econômico. 3ed. São Paulo: Moderna, 1992.

DREW, David. Processos interativos homem-meio ambiente. 3ed. Rio de

Janeiro: Bertrand Brasil, 1994.

GUERRA, Antonio José Teixeira. Geomorfologia e meio-ambiente. Rio de

Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.

ODUM, Eugene P. Ecologia. São Paulo: Pioneira, 1986.

RAWITSCHER, Félix. Elementos básicos de botânica: introdução ao estudo de

botânica. 8ed. São Paulo: Nacional, 1979.

RIZZINI, Carlos Toledo. Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos.

São Paulo: Hucitec, 1976.

48

Page 49: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

SACARRÃO, Germano F. Ecologia e biologia do ambiente. V.I. A vida e o

ambiente. Men Martins: Europa-América, 1991.

SANTOS, Milton. Por uma geografia nova. São Paulo: Hucitec, 1996.

_______. Milton. Metamorfose do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1997.

SEWELL, Granville Hardwick. Administração e controle da qualidade ambiental;

Tradução e Adaptação Gildo Magalhães dos Santos Filho – São Paulo: EPU:

Ed. Da Universidade de São Paulo: CETESB, 1978.

SILVA, Iguaraci Santos da & SANTOS, Tayse Morais. A Relação

Solo/Vegetação nas Encostas e no Planalto de Vitória da Conquista, XI

Encontro Nacional de geógrafos, Comunicações Livres e Pôsteres, Volume I,

Ed. UESB, 1998.

WALTER, H. Vegetação e zonas climáticas. São Paulo: EPU, 1986.

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Page 50: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

8.0 ANEXOS

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Page 51: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Questionário para Entrevista

Órgão Público – Secretaria Municipal de Meio ambiente – SEMA

1 – Há na Serra do Periperi trabalhadores que exercem atividades extrativistas de forma legal?

Sim ( ) Não ( )

1.1 – Quantos são cadastrados? 2- Há na Serra do Periperi pessoas trabalhando com atividades extrativas de forma ilegal? Sim ( ) Não ( )

2.1- Que tipo de extração? 3 – Há fiscalização sobre a Serra?Sim ( ) Não ( )

4 - A SEMA conta com quantas pessoas para exercer a fiscalização na Serra?

5 – Esse número é o suficiente?

Sim ( ) Não ( )

5.1 – por quê? 6 – Que tipo de medidas este órgão vem tomando para combater a ação antrópica na Serra do Periperi?

7 – Legalmente falando, que penalidade é dada para quem é encontrado praticando a retirada da vegetação nativa no município de Vitória da Conquista-Ba?

8 – Muitas vezes, a eficácia dos órgãos ambientais não atuam de modo a satisfazer a população. O que você sugere para que a eficácia seja satisfatória?

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Page 52: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

9 – Percebe-se que nos bairros entorno da Serra do Periperi há aqueles que tem parte da Serra conservada, enquanto outros encontra-se degradado com vestígios de lixos misturados com a vegetação, currais no alto da Serra, entre outras atrocidades que são detectadas. Por que não são tomadas medidas cabíveis para a conservação destas áreas?

10 – A SEMA tem desenvolvido alguma atividade e/ou projeto de reflorestamento das áreas degradadas da Serra do Periperi?

11 – A SEMA vem desenvolvendo algum tipo de atividade de conscientização ambiental junto à comunidade conquistense?

12 – A Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista tomou diversas medidas para coibir a ação antrópica sobre a Serra do Periperi, como se justifica encontrar cravada na serra uma usina de asfalto em pleno funcionamento a serviço da própria prefeitura?

Questionário para entrevista

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Page 53: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Moradores do entorno da área (e/ou trabalhadores da Serra)

1 – Há quanto tempo você mora nesta localidade?( ) menos de 10 anos ( ) de 10 a 20 anos ( ) de 20 a 30 anos( ) de 30 a 40 anos ( ) de 40 a 50 anos ( ) de 50 a 60 anos( ) de 60 a 70 anos ( ) de 80 a 90 anos ( ) de 90 a 100 anos

2 - Quais atividades profissionais são desenvolvidas pela família?

______________________________________________________________________3 - Qual a média da renda obtida com estas atividades?( ) menos de R$ 50,00 ( ) entre R$ 50,00 e R$100,00( ) entre R$ 100,00 e R$ 200,00 ( ) R$ 200 a R$ 300( ) R$ 300,00 a R$ 400,00 ( ) R$ 400,00 a R$ 500,00 ( ) R$ 500,00 a R$ 600,00 ( ) R$ 600,00 a R$ 700,00( )R$ 700,00 a 800,00 ( )R$ 800,00 a R$ 900,00( ) R$ 900,00 a 1 000,00

4 - Possui em casa algum desses aparelhos?( ) geladeira ( ) ferro elétrico ( ) ferro a carvão( ) fogão a gás ( ) fogão a lenha ( ) liquidificador

5 – Com qual freqüência usa o ferro a carvão e / ou fogão a lenha:( ) diariamente ( ) fim de semana( ) mensalmente ( ) para festejos como: São João, Natal etc.

6 – Possui hortaliças no quintal?( ) sim ( ) não

7 – Com qual finalidade?( ) subsistência ( ) comercial

8 - Os moradores deste bairro tem feito algo para trazer benefícios para a comunidade local ou para Serra? Como por exemplo:( ) Saneamento básico ( ) Pavimentação das ruas( ) Projeto de área de lazer no parque ( ) Projeto de preservação da Serra( ) Outros

9 – A retirada da vegetação da Serra causa algum tipo de problema para os moradores do bairro ou para Vitória da Conquista? Tais como:( ) Deslizamento de terra na Serra ( ) Desabamento de casas aqui no bairro( ) Surgimento de barrocas ( ) Aumento de temperatura( ) Falta de chuva em Conquista ( ) Aumento do volume da água da enxurrada no ( ) Outros centro de Conquista

10 – Em sua opinião é importante a preservação da Serra? ( ) sim ( ) não11 – Por que?______________________________________________________________________

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ANEXO 03

Page 54: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

MAPA DE VEGETAÇÃO

41º 40º

41º 40ºLEGENDA

Região de Estepe (caatinga) cobertura vegetal natural

Região de Estepe (caatinga) cobertura vegetal antrópica

Contato Estepe Floresta Estacional

Contato Savana - Floresta Ombrófila

Região da Floresta Estacional Decidual

Região da Floresta Estacional Semidecidual

Região de Floresta Ombrófila Densa

Serra do Periperi

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14º

15º

Page 55: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Escala 1: 1.000.000

Fonte: RADAMBRASIL, 1980

MAPA GEOMORFOLÓGICO

41º 40º

41º 40º LEGENDA

Domínio dos Planaltos Inumados

Domínio dos Planaltos cristalinos

Domínio das Depressões Interplanálticas

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ANEXO 04

14º

15º

Page 56: Monografia - Iguaraci Santos Da Silva

Serra do Periperi

ESCALA 1: 1.000.000

Fonte: RADAMBRASIL, 1981

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