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LUIZA ERBANO FRAZÃO Plano de negócio para uma marca de moda sustentável São Paulo 2016

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LUIZA ERBANO FRAZÃO

Plano de negócio para uma marca de moda sustentável

São Paulo

2016

LUIZA ERBANO FRAZÃO

Plano de negócio para uma marca de moda sustentável

Trabalho de Formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo para obtenção do Diploma de

Engenheira de Produção

São Paulo

2016

LUIZA ERBANO FRAZÃO

Plano de negócio para uma marca de moda sustentável

Trabalho de Formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo para obtenção do Diploma de

Engenheira de Produção

Orientador: Prof. Dr. Reinaldo Pacheco da

Costa

São Paulo

2016

Catalogação-na-publicação

Frazão, Luiza

Plano de negócio para uma marca de moda sustentável / L. Frazão -- São Paulo, 2016.

96 p.

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo. Departamento de Engenharia de Produção.

1.Plano de negócio 2.E-commerce 3.Upcycling I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Produção II.t.

Dedico este trabalho aos meus pais,

pelo incentivo e pelo apoio ao longo

de toda jornada até aqui.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Prof. Dr. Reinaldo Pacheco da Costa sob cuja

supervisão eu escolhi o tema e escrevi este trabalho. Os seus comentários sobre todas as versões

de rascunho foram de extrema importância para que o trabalho atingisse o resultado desejado.

Também gostaria de agradecer aos meus colegas e amigos pelo apoio durante os últimos cinco

anos. Sem eles, eu não teria as belas recordações que para sempre vou levar no pensamento com

grande nostalgia.

Finalmente, e mais importante, gostaria de agradecer à minha família e namorado pelo apoio ao

longo de toda a minha jornada até aqui. Sem sua ajuda e fé nas minhas habilidades acadêmicas,

este trabalho não teria sido concluído. Eles são as pessoas mais importantes na minha vida e eu

dedico o meu diploma para todos eles.

RESUMO

Este trabalho apresenta um plano de negócio para criação de uma marca de moda sustentável, cuja

proposta é comercializar camisetas confeccionadas a partir de tecidos de reuso por meio de loja

virtual. O trabalho analisou o mercado brasileiro de comércio eletrônico de moda e propôs um

modelo de negócios diferenciado dando foco às questões de sustentabilidade econômica, ambiental

e social. Foram realizadas análises para posicionamento estratégico, previsões de demanda e

viabilidade do empreendimento, sendo estabelecidos indicadores econômico-financeiros para dar

suporte à implementação do negócio. A taxa interna de retorno para o investimento foi calculada

em 59.6% e o período de retorno foi estimado em dois anos.

Palavras-chave: Plano de negócios. Viabilidade econômica. Indústria da moda. Upcycling. E-

commerce.

ABSTRACT

This paper presents a business plan for creating an eco-fashion brand, whose purpose is to sell t-

shirts made from upcycled fabrics through an online store. An analysis of the Brazilian e-commerce

fashion market was carried out and a distinguished business model was suggested on the basis of

economic, social and environmental sustainability. Studies were performed to develop positioning

strategies, predict demands and ensure the projects’ economic viability. For this, financial

indicators were established to support the implementation of the project. The internal rate of return

was calculated at 59.6% and the payback period was estimated at two years.

Key-words: Business plan. Economic viability. Fashion industry. Upcycling. E-commerce.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fases do processo empreendedor ................................................................................. 28

Figura 2 – Etapas do desenvolvimento de um plano de negócio................................................... 29

Figura 3 – Processo de marketing ................................................................................................. 31

Figura 4 – Plano de marketing ....................................................................................................... 32

Figura 5 – Matriz SWOT ............................................................................................................... 34

Figura 6 – Esquema da atual cadeia de produção e consumo ....................................................... 41

Figura 7 – Organograma funcional ................................................................................................ 65

Figura 8 – Service blueprint .......................................................................................................... 66

Figura 9 – Planta baixa do escritório ............................................................................................. 67

Figura 10 – Perspectiva do escritório ............................................................................................ 67

Figura 11 – Perspectiva da área de estoque ................................................................................... 68

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Decisões cruciais para o mix de marketing ................................................................. 33

Tabela 2 – Necessidades dos potenciais clientes ........................................................................... 51

Tabela 3 – O Mercado de camisetas: quebra por classe econômica, gênero e geração ................. 60

Tabela 4 – PIB industrial e IPCA: projeções ................................................................................. 63

Tabela 5 – Composição acionária da empresa............................................................................... 65

Tabela 6 – Benchmark para estimativa do mark up ...................................................................... 69

Tabela 7 – Detalhamento dos custos das mercadorias .................................................................. 70

Tabela 8 – Taxas e valores cobrados pela PagSeguro ................................................................... 70

Tabela 9 – Matriz SWOT .............................................................................................................. 72

Tabela 10 – Cronograma de ações ................................................................................................. 73

Tabela 11 – Detalhamento dos investimentos fixos ...................................................................... 74

Tabela 12 – Capital de giro............................................................................................................ 74

Tabela 13 – Detalhamento dos investimentos pré-operacionais ................................................... 74

Tabela 14 – Resumo dos investimentos iniciais ............................................................................ 75

Tabela 15 – Alíquotas para dedução da receita bruta .................................................................... 75

Tabela 16 – Alíquotas para imposto de renda e contribuição social ............................................. 75

Tabela 17 – Projeções para índices de preços ............................................................................... 76

Tabela 18 – Demonstração do Resultado do Exercício: projeções ............................................... 76

Tabela 19 – Fluxo de caixa ............................................................................................................ 76

Tabela 20 – Ponto de equilíbrio: em quantidade ........................................................................... 77

Tabela 21 – Ponto de equilíbrio: em faturamento ......................................................................... 77

Tabela 22 – Análise de sensibilidade: faturamento 2017 e 2018 .................................................. 78

Tabela 23 – Análise de sensibilidade: faturamento 2019 .............................................................. 78

Tabela 24 – Análise de sensibilidade: faturamento 2020 e 2021 .................................................. 78

Tabela 25 – Cenários alternativos ................................................................................................. 78

Tabela 26 – Payback: cenários alternativos ................................................................................... 79

Tabela 27 – Previsões dos resultados financeiros: resumo ............................................................ 89

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Consumo de energia das fibras ................................................................................... 45

Gráfico 2 – Consumo de água das fibras ....................................................................................... 46

Gráfico 3 – E-commerce: participação em volume em 2015 ........................................................ 47

Gráfico 4 – Perfil dos consumidores: quebra por gênero .............................................................. 48

Gráfico 5 – Perfil dos consumidores: quebra por faixa etária ....................................................... 48

Gráfico 6 – Perfil dos consumidores: principais compras das mulheres ....................................... 48

Gráfico 7 – Perfil dos consumidores: frequência de compras das mulheres ................................. 49

Gráfico 8 – Tíquete médio por compra ......................................................................................... 49

Gráfico 9 – O mercado de vestuário: quebra por porte de empresa .............................................. 50

Gráfico 10 – O mercado de vestuário: quebra por região.............................................................. 50

Gráfico 11 – Percepção dos brasileiros sobre necessidade de responsabilidade ambiental .......... 52

Gráfico 12 – Percepção dos brasileiros sobre necessidade de responsabilidade ambiental: quebra

por gênero ...................................................................................................................................... 52

Gráfico 13 – Percepção dos brasileiros sobre necessidade de responsabilidade ambiental: quebra

por idade ........................................................................................................................................ 53

Gráfico 14 – Percepção dos brasileiros sobre necessidade de responsabilidade ambiental: ranking

mundial .......................................................................................................................................... 53

Gráfico 15 – Crescimento do acesso à internet ............................................................................. 59

Gráfico 16 – Crescimento do uso de celular móvel ...................................................................... 59

Gráfico 17 – Perfil dos jovens brasileiros: fontes de renda ........................................................... 62

Gráfico 18 – Perfil dos jovens brasileiros: prioridades de compra................................................ 62

Gráfico 19 – Perfil dos jovens brasileiros: compras por impulso.................................................. 62

Gráfico 20 – Projeções de vendas e de market share .................................................................... 64

Gráfico 21 – Cenários alternativos ................................................................................................ 79

Gráfico 22 – Respondentes: quebra por gênero ............................................................................ 92

Gráfico 23 – Respondentes: quebra por faixa etária...................................................................... 92

Gráfico 24 – Respondentes: quebra por consumo ......................................................................... 93

Gráfico 25 – Respondentes: motivos para o não consumo ............................................................ 93

Gráfico 26 – Respondentes: quebra por estabelecimento .............................................................. 93

Gráfico 27 – Respondentes: quebra por renda .............................................................................. 93

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 – Taxa interna de retorno (TIR) ................................................................................... 37

Equação 2 – Prazo de retorno do investimento ............................................................................. 37

Equação 3 – Ponto de equilíbrio: em faturamento ........................................................................ 38

Equação 4 – Ponto de equilíbrio: em número de unidades ............................................................ 38

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 25

Tema e relevância .......................................................................................................... 25

Objetivo do trabalho ...................................................................................................... 25

Metodologia ................................................................................................................... 25

Estrutura do trabalho ..................................................................................................... 26

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 27

O processo empreendedor ............................................................................................. 27

Sobre o plano de negócio............................................................................................... 29

2.2.1 Plano de marketing .................................................................................................... 30

2.2.2 Plano operacional ...................................................................................................... 34

2.2.3 Plano financeiro ......................................................................................................... 35

2.2.3.1 Taxa interna de retorno (TIR) ............................................................................ 37

2.2.3.2 Prazo de retorno do investimento (payback) ..................................................... 37

2.2.3.3 Ponto de equilíbrio (breakeven) ........................................................................ 37

3 O SETOR DA MODA E A SUSTENTABILIDADE ........................................................... 39

A situação mundial ........................................................................................................ 39

A situação do brasil ....................................................................................................... 41

A relação da moda com a sustentabilidade .................................................................... 43

Análise setorial do mercado .......................................................................................... 47

Necessidades dos clientes .............................................................................................. 51

4 O PLANO DE NEGÓCIO ..................................................................................................... 55

Metodologia aplicada .................................................................................................... 55

Resultados obtidos ......................................................................................................... 57

4.2.1 Análise da oportunidade ............................................................................................ 57

4.2.2 O conceito do negócio ............................................................................................... 58

4.2.3 Mercado e competidores ............................................................................................ 60

4.2.3.1 Mercado-alvo ..................................................................................................... 61

4.2.3.2 Projeção de vendas e market share ................................................................... 63

4.2.4 Equipe de gestão ........................................................................................................ 64

4.2.5 Estrutura e operação .................................................................................................. 65

4.2.5.1 Organograma funcional ...................................................................................... 65

4.2.5.2 Processo de negócio ........................................................................................... 65

4.2.5.3 Infraestrutura e localização ................................................................................ 66

4.2.6 Marketing e vendas .................................................................................................... 68

4.2.6.1 Produto ............................................................................................................... 68

4.2.6.2 Preço................................................................................................................... 69

4.2.6.3 Praça ................................................................................................................... 70

4.2.6.4 Promoção ........................................................................................................... 71

4.2.7 Estratégia de crescimento ........................................................................................... 71

4.2.7.1 Análise SWOT ................................................................................................... 71

4.2.7.2 Cronograma de ações ......................................................................................... 73

4.2.8 Plano financeiro ......................................................................................................... 73

4.2.8.1 Investimento inicial ............................................................................................ 73

4.2.8.2 Demonstrativo de resultados .............................................................................. 75

4.2.8.3 Fluxo de caixa .................................................................................................... 76

4.2.8.4 Indicadores financeiros ...................................................................................... 77

4.2.8.5 Análise de sensibilidade ..................................................................................... 77

5 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 81

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 83

7 APÊNDICE A – SUMÁRIO EXECUTIVO .......................................................................... 87

O conceito do negócio.................................................................................................... 87

Mercado e competidores ................................................................................................ 87

Equipe de gestão ............................................................................................................ 88

Marketing e vendas ........................................................................................................ 88

Estrutura e operação ....................................................................................................... 88

Estratégia de crescimento ............................................................................................... 89

Plano financeiro ............................................................................................................. 89

8 APÊNDICE B – PESQUISA DE MERCADO ...................................................................... 91

9 APÊNDICE C – DETALHAMENTO DO CÁLCULO DO CAPITAL DE GIRO ............... 95

25

1 INTRODUÇÃO

Este capítulo introdutório busca justificar a relevância do tema sustentabilidade para o setor

industrial têxtil e apresenta as motivações para o trabalho, objetivos e estrutura geral.

TEMA E RELEVÂNCIA

O desenvolvimento da economia global está preponderantemente embasado em modelos de

produção e consumo lineares, nos quais mercadorias são produzidas a partir de matérias-primas in

natura, vendidas, usadas e descartadas como resíduos. Ainda que ao longo do tempo esta economia

tenha experimentado avanços no aumento da eficiência dos recursos, qualquer sistema cujo pilar

seja o consumo e não o uso restaurativo de recursos pressupõe perdas expressivas no decorrer da

cadeia de valor.

Apesar de sua importância para a economia mundial e da grandiosidade de seu parque industrial,

o Brasil apresenta, ainda, muitas deficiências em seu sistema de produção têxtil e desperdiça

grandes quantidades de materiais que poderiam ser reaproveitados. Estas características da

indústria, porém, também trazem oportunidades para o surgimento de negócios têxteis com

propostas diferenciadas e de caráter sustentável, motivação do presente trabalho.

OBJETIVO DO TRABALHO

O objetivo do presente trabalho é de realizar uma análise de viabilidade para a criação de uma

marca de moda sustentável, na qual como matérias-primas serão utilizadas sobras de tecidos da

indústria têxtil tradicional brasileira.

Para isto, o trabalho apresenta um plano de negócio que se inicia com uma análise ampla do

mercado brasileiro de comércio eletrônico e de moda sustentável, sendo apresentada, em seguida,

a oportunidade e, finalmente, demonstradas as análises efetuadas para criação de uma proposta de

negócio diferenciado em um mercado altamente competitivo, como é o mercado da moda no Brasil.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do presente trabalho, a metodologia aplicada segue o modelo de estrutura

proposto por Dornelas (2011), que divide o plano de negócio em tópicos de acordo com a seguinte

26

sequência: 1. O conceito do negócio; 2. Mercado e competidores; 3. Equipe de gestão; 4. Produtos

e serviços; 5. Estrutura e operações; 6. Marketing e vendas; 7. Estratégia de crescimento; 8.

Finanças; e 9. Sumário executivo.

ESTRUTURA DO TRABALHO

Além desta introdução, o trabalho é composto por outros quatro capítulos.

O capítulo dois expõe os resultados da pesquisa bibliográfica, os quais formam a base para o

desenvolvimento do plano de negócio; o capítulo três apresenta o setor da moda e sua relação com

o conceito de sustentabilidade, sendo explicitadas as complexidades das práticas sustentáveis nas

cadeias de produção e de consumo; o capítulo quatro explica o método adotado para o

desenvolvimento do plano de negócio e discute os resultados para cada uma das etapas; e, por fim,

o capítulo cinco conclui o trabalho e detalha os próximos passos para a implementação do negócio.

27

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta os principais conceitos e categorias de análise utilizadas para a construção

do plano de negócio em foco.

O PROCESSO EMPREENDEDOR

Embora o conceito tenha surgido ainda no século XVII, o empreendedorismo só veio a ganhar

notoriedade como propulsor do desenvolvimento econômico a partir da publicação dos trabalhos

do economista Joseph Schumpeter nas décadas de 1940 e 1950 (NAKAGAWA et al, 2009). Como

consequência da popularização do termo, ao longo dos anos surgiram diversas definições acerca

do termo empreendedorismo e da figura do empreendedor.

Empreendedorismo, segundo Schumpeter (1988), é um processo de “destruição criativa”, por meio

do qual produtos ou métodos de produção existentes são destruídos e substituídos por novos. Para

Barreto (1998), empreendedorismo é a habilidade de criar e estabelecer algo a partir de muito pouco

ou de quase nada. Já para Dolabela (2010), empreender corresponde a um processo de transformar

sonhos em realidade e em riqueza.

Empreendedor, por sua vez, segundo Chiavenato (2004), é aquele que inicia e/ou opera um negócio

com o objetivo de realizar uma ideia ou projeto pessoal, assumindo seus riscos e suas

responsabilidades. Para Dornelas (2011), o empreendedor é aquele que percebe uma oportunidade

e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos previamente calculados.

O movimento empreendedor, apesar de antigo, começou a se desenvolver com mais intensidade,

no Brasil, na década de 1990, quando entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas (Sebrae) e a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro

(Softex) foram criadas.

O Sebrae é uma entidade privada que promove o desenvolvimento sustentável dos

empreendimentos de micro e pequeno porte, isto é, de empresas que detêm de faturamento bruto

anual até R$3.6 milhões. Atua, ainda, no fortalecimento do empreendedorismo e na aceleração do

processo de formalização da economia por meio de parcerias com os setores público e privado,

28

programas de capacitação, acesso ao crédito e à inovação, estímulo ao associativismo, feiras e

rodadas de negócios (SEBRAE, 2016).

A Softex, por sua vez, é uma entidade que busca fomentar a indústria brasileira de softwares e

serviços de tecnologia da informação por meio de iniciativas de apoio, desenvolvimento, promoção

e fomento de projetos nas áreas de qualidade, investimentos, internacionalização, inteligência e

inovação (SOFTEX, 2016). Foram com os programas criados pela Softex junto às incubadoras de

empresas e às universidades/cursos de ciências da computação e informática que o tema

empreendedorismo começou a despertar o interesse dos brasileiros (DORNELAS, 2011).

O processo empreendedor, de modo geral, divide-se em quatro fases: 1. Identificar e avaliar a

oportunidade; 2. Desenvolver o plano de negócio; 3. Dimensionar e captar recursos necessários; e

4. Gerenciar a empresa criada (DORNELAS, 2011). É importante notar, porém, que, embora as

fases sejam apresentadas em sequência, nenhuma delas precisa necessariamente ser concluída para

que a seguinte se inicie. A Figura 1, a seguir, sintetiza os principais pontos cobertos por cada uma

das fases do processo empreendedor:

Figura 1 – Fases do processo empreendedor

Fonte: Dornelas (2011)

O foco do presente trabalho é o desenvolvimento do plano de negócio e, portanto, são discutidas,

a seguir, as principais categorias de análise para a sua construção.

29

SOBRE O PLANO DE NEGÓCIO

O plano de negócio é o documento utilizado para planejar um empreendimento ou unidade de

negócios e tem como objetivo definir e delinear a estratégia de ação da empresa ou outra entidade

(DORNELAS, 2011).

O fluxo do desenvolvimento de um plano de negócio segue um processo lógico baseado em seis

grandes etapas: análise da oportunidade; análise de mercado; criação do modelo de negócio;

detalhamento dos investimentos iniciais; recursos humanos, custos, despesas e gastos com

infraestrutura; detalhamento dos demonstrativos financeiros, análise de viabilidade e rentabilidade;

e, finalmente, conclusão do plano com a revisão de premissas, execução de projeções e de análise

de cenários (ibid.). Este fluxo de desenvolvimento pode ser observado pela Figura 2 a seguir.

Figura 2 – Etapas do desenvolvimento de um plano de negócio

Fonte: Adaptado de Dornelas (2011)

Análise da

oportunidade (a

ideia tem potencial

retorno

econômico?)

Análise de

mercado (análise

do setor, nicho de

mercado: público-

alvo primário,

concorrentes)

Modelo de

negócio (o que

vender, como, para

quem, a que preço)

Investimentos

iniciais, recursos

humanos, custos,

despesas,

infraestrutura.

Demonstrativos

financeiros,

análise de

viabilidade e

rentabilidade.

Conclusão da

redação do plano,

revisão das

premissas,

projeções, cenários

e desenvolvimento

do sumário

executivo.

30

Conforme ilustrado, primeiramente é necessário analisar a existência de uma oportunidade.

Uma oportunidade de negócio representa uma possibilidade para um empreendedor atender com

êxito a uma necessidade insatisfeita suficientemente grande, o que pode resultar em vendas e lucros

(HISRICH et al, 2014). Empreendedores que são capazes de reconhecer oportunidades

significativas de negócio, então, encontram-se em uma posição estratégica para desempenhar com

êxito o processo de planejamento e desenvolvimento de um produto para lançá-lo no mercado.

Este planejamento envolve análise minuciosa do mercado, determinando possíveis segmentos de

interesse e como eles são atualmente atendidos por eventuais competidores. Feitas as devidas

análises, avalia-se, em seguida, a maneira como a empresa pode se posicionar estrategicamente

neste mercado – em geral por meio do modelo de negócio. Depois, considera-se quais são as

capacidades operacionais exigidas por este modelo, para que, finalmente, possam ser realizadas as

análises econômico-financeiras sobre a viabilidade do negócio com base em previsões de vendas e

projeções de lucros.

Hisrich (2014) defende que um plano de negócio deve levar em consideração três perspectivas: do

empreendedor, que deve expor de maneira clara e objetiva o que é o empreendimento; do

marketing, que deve buscar mostrar o empreendimento pelos olhos do cliente; e, por fim, dos

investidores, mostrando as boas projeções financeiras para o negócio.

Desta forma, dentro de um plano de negócio, constituem-se três planos fundamentais: o plano de

marketing, o plano operacional e o plano financeiro.

2.2.1 Plano de marketing

Marketing é o processo de estabelecer relacionamentos lucrativos com os clientes, criando valor

para eles e recebendo valor deles em troca (KOTLER, 2014). O processo de marketing pode ser

esquematizado conforme ilustrado pela Figura 3.

As quatro primeiras etapas do processo geram valor para os clientes. Na etapa final, o negócio

colhe as recompensas do bom relacionamento com os clientes ao capturar valor deles. Entregar

valor superior para os clientes dá origem a clientes altamente satisfeitos, que comprarão mais e em

maior frequência.

31

As informações para a elaboração do plano de marketing podem determinar a necessidade de

alguma pesquisa de marketing que justifique uma coleta de dados a fim de obter informações como

quem irá consumir o produto, qual o tamanho do mercado potencial, qual preço deveria ser cobrado

pelo produto, qual o canal de distribuição ideal para o produto e qual a estratégia de promoção mais

eficiente para comunicar possíveis clientes (HISRICH et al, 2014).

O plano de marketing representa as principais atividades relacionadas ao gerenciamento de uma

estratégia de marketing que tem como foco o cliente. Ele tem por objetivo desenvolver um mix

integrado formado por fatores táticos e embasado na análise dos participantes e forças do ambiente

externo.

Para Kotler (2014), o mix de marketing integra o conjunto de ferramentas táticas que permitem ao

negócio estabelecer um posicionamento forte no mercado-alvo. Tais ferramentas são reunidas em

quatro grupos de variáveis, os 4Ps: produto, preço, praça e promoção.

Entender o mercado, bem

como as necessidades e os

desejos dos clientes

Pesquisa dos clientes e do

mercado

Gerenciamento das

informações de marketing

e dos dados dos clientes

Elaborar uma estratégia de

marketing orientada para o

cliente

Capturar valor dos clientes

para gerar lucros e

customer equity

Desenvolver um programa

de marketing integrado que

entrega valor superior

Construir relacionamentos

lucrativos e deixar os

clientes encantados

Gestão do relacionamento

com o cliente: construção

de relacionamentos fortes

com os clientes

selecionados

Decisão sobre a proposição

de valor: diferenciação e

posicionamento

Desenvolvimento de

ofertas de produto e

serviço: construção de

marcas fortes

Determinação de preços:

criação de valor real

Distribuição:

gerenciamento da demanda

e das cadeias de

suprimento

Promoção: comunicação

da proposição de valor

Seleção dos clientes que

serão atendidos:

segmentação de mercado e

seleção de mercado-alvo

Gestão do relacionamento

com parceiros: construção

de relacionamentos fortes

com parceiros de

marketing

Geração de clientes

satisfeitos, fiéis

Captura de valor do cliente

ao longo do tempo

Aumento da participação

do mercado e da

participação no cliente

Aproveitar a tecnologia de

marketingGerenciar mercados globais

Assegurar a responsabilidade

ambiental e social

Figura 3 – Processo de marketing

Fonte: Adaptado de Kotler (2014)

32

Produto refere-se à combinação de bens e serviços que o negócio se propõe a oferecer para o

mercado-alvo; preço condiz com a quantia em dinheiro que os clientes devem pagar para obter o

produto ou serviço; praça envolve as atividades do negócio que permitem o acesso dos clientes aos

produtos e serviços; e promoção faz referência às atividades que comunicam os pontos fortes do

produto ou serviço aos clientes, convencendo-os a consumir.

Figura 4 – Plano de marketing

Fonte: Adaptado de Kotler (2014)

Hisrich (2014) resume algumas das decisões cruciais para cada variável conforme disposto na

Tabela 1.

Para a variável produto, as decisões envolvem, geralmente, aspectos como qualidade, estilo e

tamanho; para preço, descontos e período de pagamentos; para praça, cobertura geográfica e uso

de canais eletrônicos; e para promoção, uso de redes sociais, design do site etc.

Valor para o

cliente e

relacionamento

com ele

PREÇOPRAÇA

CONCORRENTES

PÚBLICOS

INTERMEDIÁRIOS

DO MARKETING

FORNECEDORES

33

Tabela 1 – Decisões cruciais para o mix de marketing

Variável Decisões cruciais

Produto Qualidade dos componentes ou materiais, estilo, características,

opções, nome de marca, embalagem, tamanhos etc.

Preço Imagem de qualidade, preços, quantidade, descontos, período de

pagamento etc.

Praça Uso de vendas por atacado ou a varejo, tipos de atacadistas ou de

varejistas, quantidade de canais, cobertura geográfica, estoque, uso

de canais eletrônicos etc.

Promoção Alternativas de mídia, mensagem, papel da venda pessoal, uso de

redes sociais, design do site etc.

Fonte: Adaptado de Hisrich (2014)

Dentro do plano de marketing, ainda, são consideradas as estratégias de crescimento que serão

adotadas pelo negócio. Em geral, as táticas são pensadas de acordo com quatro domínios em forma

matricial, análise conhecida como matriz SWOT.

De acordo com IIBA (2011), a análise SWOT é um arcabouço (framework) para planejamento

estratégico, análise competitiva e para o desenvolvimento de negócios. É um acrônimo em inglês

para Força (Strength), Fraqueza (Weakness), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats).

Forças referem-se às competências internas do negócio que o ajudam a atender seus clientes e

atingir seus objetivos; fraquezas são as deficiências internas, que podem afetar o desempenho do

negócio; oportunidades são fatores externos dos quais o negócio pode tirar proveito; e ameaças são

fatores externos que podem apresentar desafios ao desempenho do negócio (KOTLER, 2014).

Estes quatro domínios são considerados e analisados de forma conjunta, criando diferentes tipos

de estratégias, conforme ilustrado pela Figura 5.

34

Uma vez definido o mix de marketing ideal para o negócio e ponderadas as estratégias de

crescimento a serem adotadas, o plano operacional passa a ser planejado e desenvolvido, pois nele

discute-se como os produtos serão produzidos e quais devem ser as competências operacionais do

negócio para que o plano de marketing alcance sucesso.

2.2.2 Plano operacional

O plano operacional mostra como são produzidos os produtos e/ou prestados os serviços. Ele visa

explicar qual a abordagem adotada para garantir a qualidade da produção, o controle do estoque e

o uso da terceirização.

De acordo com Hisrich (2014), para o estudo da viabilidade das operações de fabricação, o

empreendedor precisará de informações referentes a: 1. Localização da empresa e acessibilidade

aos clientes, fornecedores e distribuidores; 2. Equipamentos básicos e operações de montagem,

verificando se algumas devem ser terceirizadas e para quem; 3. Matérias-primas necessárias e seus

fornecedores; 4. Equipamentos necessários e se serão comprados ou feito leasing; 5. Habilidades

necessárias e número de funcionários para cada tarefa; 6. Espaço total necessário para o

desenvolvimento das operações; e 7. Despesas gerais como ferramentas, suprimentos, serviços

públicos etc.

Por meio do arranjo físico, o empreendedor define como os diversos setores do negócio distribuem-

se no espaço físico disponível. Segundo o Sebrae (2015), um bom arranjo físico traz benefícios

Figura 5 – Matriz SWOT

Fonte: IIBA (2011)

35

como aumento de produtividade, diminuição de desperdício e de retrabalho e melhoria na

comunicação entre os setores e os funcionários.

Antes de definir o arranjo físico, porém, é importante que se defina o fluxograma dos processos a

serem desempenhados pelo negócio. Um fluxograma de trabalho é o registro gráfico das operações,

composto não apenas pelas atividades, mas também pelos transportes, inspeções, demora e estoque

dos produtos, na sequência exata em que ocorrem (ROCHA, 2008).

Definido o plano operacional, questões financeiras começam a ser avaliadas, como o investimento

inicial necessário para colocar o plano operacional e de marketing em prática e o quanto de retorno

é esperado, para que possa ser feita uma análise de viabilidade do negócio. Estes e outros assuntos

são considerados pelo plano financeiro.

2.2.3 Plano financeiro

O plano financeiro fornece ao empreendedor um panorama sobre a quantidade de recursos

financeiros que entram na empresa, o momento em que estes recursos entram, para onde estes

recursos vão, o quanto deles está disponível e qual a posição financeira projetada pela empresa

(HISRICH et al, 2014).

Ele tem por objetivo, portanto, determinar o investimento total em recursos necessários para que o

negócio comece a funcionar, estimar o faturamento do negócio, estimar os custos com materiais

e/ou insumos, estimar os custos de comercialização, os custos de mão-de-obra, os custos de

depreciação, os custos fixos e demonstrar os resultados previstos pelo negócio, em termos de

receita e lucro.

Além disso, idealmente também propõe um estudo de viabilidade econômica com base em alguns

indicadores financeiros, como a taxa interna de retorno, o prazo de retorno do investimento e o

ponto de equilíbrio.

O investimento total é formado pelos investimentos fixos, os investimentos financeiros e os

investimentos pré-operacionais. Os fixos correspondem a todos os bens necessários para que o

negócio funcione de maneira apropriada, como equipamentos, máquinas, móveis, utensílios,

ferramentas e veículos, por exemplo. Os financeiros, à geração de capital de giro para o negócio.

36

O capital de giro refere-se à quantia de dinheiro necessária para o funcionamento normal do

negócio, levando em consideração a compra de matérias-primas e mercadorias, financiamento das

vendas, pagamento de salários e outras despesas. Os pré-operacionais, por fim, correspondem a

gastos realizados antes do início das atividades, por exemplo despesas com reformas do imóvel,

taxas de registro etc.

O faturamento do negócio é dado pela quantidade de produtos vendidos multiplicada pelo seu preço

de venda. No processo de previsão de vendas deve-se avaliar o potencial do mercado em que o

negócio está inserido e a capacidade de produção do próprio negócio. Como a previsão é feita para

um período de, no mínimo, um ano, é importante considerar a existência de fatores que possam

influenciar determinados comportamentos de compra pelo produto, por exemplo o fator

sazonalidade.

Custos com materiais e insumos referem-se, basicamente, aos custos para matérias-primas e

embalagens e são, em geral, calculados para cada unidade fabricada. Estes custos são custos

variáveis, pois variam de acordo com o volume produzido ou vendido.

Os de comercialização estão realizados aos gastos com impostos, propagandas, comissões a

vendedores ou representantes de vendas. Como são custos que incidem sobre as vendas, também

são considerados custos variáveis. Para estimar os custos de comercialização, aplica-se sobre o

total de vendas o percentual de impostos e das comissões a serem pagas.

Os custos de mão-de-obra, por sua vez, referem-se aos salários dos funcionários, além dos encargos

sociais (FGTS, férias, 13o salário, INSS, horas-extras, aviso prévio etc). Do mesmo modo, aplica-

se um percentual relativo aos encargos sociais sobre o total de salários para se calcular os custos

totais com mão-de-obra.

Os custos de depreciação condizem com o desgaste das máquinas e equipamentos utilizados pelo

negócio. Para estimá-los, é necessário saber o tempo médio de vida útil (em anos) dos bens

empregados para o funcionamento do negócio.

Os custos fixos do negócio correspondem a todos os custos que não sofrem alteração em função

do volume de produção ou da quantidade de produtos vendidos em um período específico. Os

principais custos fixos referem-se, por exemplo, a valores de aluguel, condomínio, IPTU, água,

37

energia elétrica, telefone, manutenção de equipamentos, salários e encargos, material de limpeza,

material de escritório, combustível e depreciação de equipamentos.

Por fim, uma vez definidas as estimativas de faturamento e de custos torna-se possível estimar o

resultado das operações do negócio, que poderá ser de lucro ou prejuízo.

Para concluir o plano financeiro são, ainda, calculados alguns indicadores financeiros para analisar,

principalmente, atratividade, performance e viabilidade do negócio. Estes indicadores são

comentados a seguir.

2.2.3.1 Taxa interna de retorno (TIR)

A taxa interna de retorno é o índice que mostra qual será a taxa de retorno estimada para o negócio

(NAKAGAWA et al, 2009). Ela pode ser calculada como:

Equação 1 – Taxa interna de retorno (TIR)

𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∑𝐹𝑡

(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑡

𝑁

𝑡=1

= 0

Fonte: Adaptado de NAKAGAWA et al (2009)

No qual, 𝐹 corresponde ao fluxo de caixa de cada período e 𝑡 o período em questão.

2.2.3.2 Prazo de retorno do investimento (payback)

O payback também é um indicador de atratividade e mede o tempo necessário para que o investidor

recupere o dinheiro investido no negócio (NAKAGAWA et al, 2009).

Equação 2 – Prazo de retorno do investimento

𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

Fonte: Adaptado de NAKAGAWA et al (2009)

2.2.3.3 Ponto de equilíbrio (breakeven)

O ponto de equilíbrio indica a quantidade de produtos que deve ser vendida para que o negócio

consiga arcar com todos os seus custos em determinado período (NAKAGAWA et al, 2009). Ele

pode ser calculado tanto em faturamento quanto em número de unidades.

38

Equação 3 – Ponto de equilíbrio: em faturamento

𝑃𝐸 𝐹𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐹𝑖𝑥𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑎 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜

Fonte: Adaptado de NAKAGAWA et al (2009)

Equação 4 – Ponto de equilíbrio: em número de unidades

𝑃𝐸 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐹𝑖𝑥𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 𝑈𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎

Fonte: Adaptado de NAKAGAWA et al (2009)

39

3 O SETOR DA MODA E A SUSTENTABILIDADE

Este capítulo apresenta o setor da moda e sua relação com a sustentabilidade de forma ampla. Para

isto, são traçadas as circunstâncias atuais da indústria da moda e revelado como o Brasil está

inserido neste contexto.

A SITUAÇÃO MUNDIAL

Ao longo das últimas décadas, os conceitos de sustentabilidade e de transparência começaram a ser

questionados na indústria da moda. As marcas de moda passaram a perceber que se o fast fashion

é, por um lado, altamente lucrativo, por outro traz à tona questões éticas e de sustentabilidade

acerca das práticas da indústria.

O aumento da eficiência dos meios de produção e a manifestação da produção em larga escala, em

geral atrelada a países com baixos custos de manufatura, contribuiu significativamente para a

redução dos preços dos artigos de vestuário ofertados pelo mercado. Consequentemente, observou-

se o surgimento de um novo comportamento de compra dos consumidores, marcado pelo consumo

em excesso e pelo descarte prematuro das mercadorias (NIINIMÄKI, 2015).

Como efeito do fast fashion, a conjuntura do mercado de moda vigente revela-se farta não apenas

de novos artigos de vestuário e lojas de moda, mas também de artigos antigos não vendidos.

Liquidações e demais campanhas promocionais que têm por objetivo mitigar estes artigos antigos

dos estoques parecem ser um fenômeno permanente nos centros comerciais.

Organizações, no entanto, que atuam em categorias premium, cujo status está, muitas vezes,

atrelado ao preço do vestuário, a fim de manter a reputação de suas marcas em um mercado

altamente arriscado, rotineiramente optam por descartar os artigos não vendidos ao invés de vende-

los a preços populares (NIINIMÄKI, 2013).

A estes artigos, somam-se, ainda, nos aterros, peças de vestuário julgadas como inadequadas para

comercialização, peças estas que reprovaram o controle de qualidade das marcas e/ou que foram

descartadas por consumidores que as consideraram impróprias para uso, seja por motivo de

desgaste ou por não mais seguirem os padrões da moda em vigor.

40

Nos aterros, a maioria dos materiais têxteis não se decompõem, como é o caso dos tecidos

sintéticos, por exemplo (FLETCHER, 2014). Tecidos de origem natural, apesar de passarem pelo

processo de decomposição, se decompõem demasiadamente devagar. O perigo do aumento da

quantidade destes materiais nos aterros está na elevação dos níveis de poluição ambiental, uma vez

que as fibras dos tecidos, muitas vezes, trazem consigo compostos químicos altamente tóxicos ao

meio ambiente.

Os impactos ambientais, porém, não estão apenas na ponta final da cadeia. No processo de

fabricação do poliéster e de outros tecidos sintéticos, por exemplo, são necessárias grandes

quantidades de energia para a transformação da matéria-prima, que é o petróleo. Neste processo,

são emitidos como resíduos, ainda, o cloreto de hidrogênio e outros gases ácidos, que podem causar

ou agravar doenças respiratórias (FLETCHER, 2014).

No tratamento das fibras têxteis, por sua vez, são originadas águas residuais contaminadas

quimicamente pelas etapas de beneficiamento das fibras, como as de branqueamento, tingimento e

acabamento. O setor têxtil da China, por exemplo, que, em 2015, foi responsável pela exportação

de 37.4% de todo material têxtil e 39.3% de todos os artigos de vestuário que são exportados no

mundo, despeja anualmente cerca de dois e meio bilhões de litros de águas residuais em seus rios

(WORLD TRADE ORGANIZATION, 2016; NEIVA, 2016).

Os tecidos naturais, apesar de não passarem por processos químicos intensos, requerem, no cultivo

da matéria-prima, enormes quantidades de água para irrigação e fazem largo uso de pesticidas,

também muito danosos ao meio ambiente.

A área total de cultivo do algodão, fibra natural mais empregada na indústria têxtil, não sofreu

alterações significativas ao longo dos últimos 80 anos, porém a produção do mesmo triplicou no

mesmo período (FLETCHER, 2014). O aumento na produtividade está relacionado ao uso cada

vez mais frequente de fertilizantes e pesticidas em sua cultura. Apesar de a área de cultivo do

algodão corresponder a apenas 2.4% de toda área arável do mundo, a sua produção representa 24%

do mercado global de inseticidas e 11% do de pesticidas, que incluem, ainda, herbicidas e

fungicidas (WORLD WILDLIFE FUND, 2013).

41

Além disso, estima-se que para se produzir um quilograma de algodão utiliza-se, em média, 10 mil

litros de água. Na Índia, maior produtora de algodão do mundo, devido à ineficiência de seu sistema

produtivo, são empregados 22.5 mil litros de água por quilograma de algodão. Em 2013, o país

exportou mais de sete e meio milhões de fardos de algodão e, com isto, também cerca de 38 bilhões

de metros cúbicos de água, quantidade que poderia satisfazer as necessidades de 85% da sua

população durante um ano. Apesar disso, mais de 100 milhões de pessoas no país não têm, ainda

hoje, acesso à água limpa (THE GUARDIAN, 2015).

A SITUAÇÃO DO BRASIL

O Brasil é o quinto maior produtor têxtil global e detém o quarto maior parque industrial de

confecção do mundo, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção

(ABIT, 2016). Anualmente, gera cerca de 175 mil toneladas de retalhos têxteis provenientes dos

cortes dos enfestos de suas confecções, sendo que 90% destes resíduos têm ou como destino final

aterros sanitários ou descarte inadequado no meio ambiente, de acordo com o Sindicato das

Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo (SINDITÊXTIL, 2012).

Além dos desperdícios advindos da produção industrial, vão para os aterros brasileiros, também,

os artigos de vestuário descartados pelos consumidores. O atual fluxo de desperdício na indústria

da moda resulta de uma cadeia de consumo anacrônica, moldada há mais de 150 anos, durante a

Revolução Industrial.

O descarte prematuro dos artigos de vestuário expressa não apenas o desperdício da água, mão-de-

obra e energia neles empregados, mas também de seus próprios materiais, os tecidos. Em geral,

cerca de 45% destes artigos, antes de serem descartados, poderiam ter um segundo ou terceiro ciclo

Figura 6 – Esquema da atual cadeia de produção e consumo

Ponto de venda

1Extração

de matéria-prima

2Design

e seleção

de material

3Manufatura

do vestuário

4Embalagem e

distribuição

5Uso

do vestuário

6Descarte

Pré-consumo Uso/Descarte

Fonte: Elaborado pela autora

42

de vida (HOLLINGSWORTH, 2007). O reuso de uma tonelada de têxteis descartados, por

exemplo, previne a entrada de 20 toneladas de gás carbônico na atmosfera. A energia utilizada para

coletar, organizar e revender roupas é de 10 a 20 vezes menor do que a energia necessária para

fazer uma nova roupa (FLETCHER, 2014).

No Brasil, o número de iniciativas que visa aumentar o tempo de consumo dos artigos de vestuário

no mercado tem crescido. A primeira iniciativa foi o surgimento dos brechós, lojas físicas

especializadas na venda de roupas usadas. Em seguida, com o advento da internet, surgiram,

também, os brechós virtuais e outras plataformas de venda e troca de produtos usados. Segundo o

Sebrae, as micro e pequenas empresas que comercializam artigos usados cresceram 210% em cinco

anos, passando de 3.691 para 11.469 entre 2007 e 2012. Somente o estado de São Paulo detinha,

em 2012, 4.141 negócios ligados à venda de usados. Por ano, os brechós brasileiros, físicos e

virtuais, movimentam cerca de cinco milhões de reais (SEBRAE, 2014).

Outra iniciativa, ainda com pouca expressividade no Brasil, é a reciclagem de tecidos, que atua na

última etapa da cadeia de consumo. O processo de reciclagem de tecidos é bastante complexo e

consiste em, basicamente, sete etapas: 1. Coleta dos tecidos descartados; 2. Separação por cor,

matéria-prima e comprimento de fio; 3. Trituração; 4. Beneficiamento; 5. Fiação; 6. Tecelagem; e

7. Tingimento.

Mais recentemente, outras iniciativas em busca da otimização do fluxo de consumo apareceram e

estão mais relacionadas à terceira etapa da cadeia. Conforme mencionado anteriormente, o Brasil

desperdiça grandes quantidades de retalhos em seu processo manufatureiro e praticamente a

totalidade destes retalhos, além das peças que reprovam o controle de qualidade, vai diretamente

para os aterros sanitários. Tendo em vista este problema, algumas organizações, hoje, vêm tentando

reaproveitar estas sobras da indústria como matéria-prima para confecção de novos vestuários.

Para isto, algumas empresas de menor porte têm estabelecido parcerias com empresas maiores com

o intuito de comprar as suas sobras de tecidos. Estas parcerias são interessantes, pois os dois lados

se beneficiam. As empresas pequenas têm o benefício da qualidade dos tecidos e do preço mais

barato, enquanto que as maiores se beneficiam ao monetizar e comercializar o que antes era tido

como desperdício. Além desta negociação direta, hoje existem, também, parceiros que atuam como

43

bancos de tecidos. Estas organizações recebem doações e compram sobras de tecidos das indústrias

para revender no mercado a preços mais baixos, porém ainda com um spread financeiro.

Por esta razão, a noção de uma economia circular vem atraindo cada vez mais o interesse da

população nos últimos anos. A economia circular se caracteriza como uma economia que é

restaurativa e regenerativa e tem como objetivo manter produtos, componentes e materiais em seu

mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2016).

O reuso de artigos têxteis para novas confecções é uma prática que vem crescendo com o aumento

da preocupação com a sustentabilidade no mercado da moda e esta prática é, atualmente,

denominada upcycling.

O upcycling é o ato de otimizar materiais e processos de forma que os resíduos sejam convertidos

em matérias-primas para alguma indústria (MCDONOUGH; BRAUNGART, 2013). É uma prática

que busca fazer com que os resíduos estejam em um estado tão perto do estado original quanto

possível, para que no reprocessamento seja possível fazer produtos que são de boa qualidade ou

que tenham grande valor ambiental (EEK, 2012).

O processo de reciclagem é, muitas vezes, considerado um downcycling, pois significa o

desmanche de um material que não teria mais como ser utilizado e que é, portanto, destinado para

o reuso de um produto de menor valor. Por outro lado, o upcycling refere-se a utilizar um material

no fim do ciclo de vida útil ou resíduo de um produto para o desenvolvimento de novos produtos,

sem o despendimento de mais energia para a recuperação da matéria-prima (FLETCHER, 2014).

A RELAÇÃO DA MODA COM A SUSTENTABILIDADE

De acordo com Paehlke (2000), são três os valores fundamentais considerados pela corrente

ambientalista: em primeiro lugar, a proteção da biodiversidade e dos sistemas ecológicos; em

segundo, a consideração dos impactos negativos sobre a saúde humana; e, em terceiro, a utilização

sustentável dos recursos. Entretanto, Paehlke defende, ainda, que estes valores, tomados de forma

isolada, não são suficientes para a conservação do meio ambiente. Para ele, é necessário que o

modo de vida da sociedade atual seja transformado, principalmente no que diz respeito às práticas

de consumo e descarte.

44

Na indústria da moda, esta necessidade torna-se ainda mais visível, dado que esta indústria,

recentemente, tem caminhado na contramão da corrente ambiental. Os seus modelos econômicos

e industriais são, cada vez mais, baseados em ciclos extremamente rápidos de produção, em

tendências altamente mutáveis e em produtos de obsolescência planejada (NIINIMÄKI, 2015).

Com a contínua queda de preços dos artigos de indumentária, resultado do modelo de fast fashion,

os produtores, visando manter a lucratividade de seus negócios, decidem por estratégias para

aumentar a quantidade de unidades vendidas, o que tem provocado, como efeito, uma enorme

quantidade de artigos de vestuário em oferta no mercado, que, por sua vez, encontra-se

sobrecarregado (ibid.).

Neste contexto, é importante que propostas de valores sustentáveis sejam criadas, estimulando um

novo pensamento empresarial e novos modelos de negócio que contribuam para a diminuição do

consumo materialista. O aumento do tempo de vida dos artigos de vestuário, portanto, torna-se um

fator crucial de análise para esta redução. Niinimäki (2014) aponta que ações que visem estender

o tempo de vida dos artigos de indumentária agregam valor ao contexto do desenvolvimento

sustentável e, como ações, o autor cita, por exemplo, o investimento em artigos duráveis, feitos de

materiais de alta qualidade; o prolongamento do tempo de uso das roupas; a diminuição das

lavagens, deixando com que as roupas descansem entre um uso e outro; a manutenção das roupas,

considerando a execução de possíveis reparos; e o uso de roupas antigas para outros fins antes de

descartá-las ao lixo.

Os padrões de consumo atuais veem-se fortemente atrelados aos sistemas industriais de produção

e aos sistemas econômicos, os quais, consequentemente, alimentam o mercado e contribuem para

a manutenção de um sistema insustentável. Para a corrente ambientalista, antes de ofertar novos

artigos no mercado, os negócios de moda deveriam considerar, pelo menos, quatro fatores: 1. Como

o artigo será utilizado; 2. Como ele irá envelhecer; 3. Como ele será descartado; e 4. Qual impacto

terá no ambiente, tanto no decorrer do processo produtivo, quanto após o descarte. Com isto, outros

fatores tornam-se também importantes para o contexto da sustentabilidade na moda, porém estes

estão mais predominantemente ligados a aspectos da cadeia produtiva e não da de consumo.

Em relação à cadeia produtiva, um ponto fundamental que a moda sustentável defende, por

exemplo, é o emprego de fibras com baixo uso de substâncias químicas. Para Fletcher (2014),

diminuir a quantidade de substâncias químicas aplicadas nas plantações teria efeitos positivos

45

consideráveis, tanto na vida dos trabalhadores quanto nos níveis de poluição do solo e da água.

Segundo a autora, atualmente são gastos, na cotonicultura, dois bilhões de dólares em pesticidas,

dos quais 50% é considerado tóxico ou classificado como de alto risco pela Organização Mundial

da Saúde (OMS). Uma alternativa, portanto, seria a agricultura orgânica. No entanto, o rendimento

da cotonicultura orgânica só pode chegar a 60% da agricultura convencional, o que implica em

perdas financeiras expressivas para o agricultor (FLETCHER, 2014). Uma outra alternativa, então,

é de empregar tecidos sintéticos no lugar de tecidos naturais.

Contudo, é sabido que na transformação do petróleo em tecidos sintéticos são emitidos diversos

resíduos tóxicos, como o cloreto de hidrogênio e outros gases que poluem o ar e podem agravar ou

provocar doenças respiratórias. Além desta poluição, estas fibras vão, também, de encontro com a

sustentabilidade por requererem grandes quantidades de energia no seu desenvolvimento. De

acordo com Fletcher (2014), quando as fibras são selecionadas, geralmente se considera que as

fibras naturais consomem menos energia que as regeneradas, como viscose e liocel, as quais, por

sua vez, consomem menos energia que as sintéticas, como poliéster e acrílico. O Gráfico 1, a seguir,

ilustra o consumo de energia das fibras em megajoule por quilograma.

Gráfico 1 – Consumo de energia das fibras

Fonte: Adaptado de Fletcher (2014)

Fletcher (2014) indica a existência de uma compensação na análise das fibras, pois produtos cuja

produção depende de volume relativamente pequeno de água tendem a exigir uso intensivo de

energia. Portanto, embora estes fatores ligados à cadeia produtiva sejam relevantes para o contexto

0 20 40 60 80 100 120 140 160

Algodão irrigado com chuva

Algodão irrigado

Linho

Cânhamo

Liocel

Viscose

Acrílico

Náilon

PET

PLA

PIT

46

da sustentabilidade na moda, eles, ainda hoje, não causam muitos impactos estruturais, justamente

devido à esta compensação. É importante frisar que a água, mencionada acima, refere-se também

a processos relacionados ao beneficiamento das fibras, os quais resultam em águas residuais

extremamente poluídas, impróprias para o consumo e nocivas ao meio ambiente. O Gráfico 2 indica

o consumo de água das fibras, em litros por quilograma.

Gráfico 2 – Consumo de água das fibras

Fonte: Adaptado de Fletcher (2014)

Feitas estas considerações e dadas as dificuldades das práticas de sustentabilidade ao longo da

cadeia de produção, a necessidade de transformação dos padrões de consumo vê-se ainda mais

fundamentada. É imprescindível aumentar o ciclo de vida dos artigos de consumo, diminuindo o

volume descartado e, consequentemente, dos resíduos poluentes mencionados. Para a corrente

ambientalista, portanto, a cadeia de consumo deve ser transformada a partir de uma cadeia de

produção com foco na fabricação de produtos duráveis e na otimização de seus processos

produtivos, minimizando possíveis fontes de desperdício, principalmente por meio do design. Para

esta corrente, a cadeia de produção sustentável pode criar impacto em três diferentes âmbitos:

pessoas, planeta e negócios.

No que se refere a pessoas, a moda sustentável é capaz de promover uma maior satisfação dos

consumidores em relação aos produtos, pois os mesmos são de melhor qualidade e mais

duradouros. Além disso, com a desaceleração da velocidade de produção, as condições de trabalho

para as pessoas em indústrias têxteis são melhoradas.

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

Algodão irrigado com chuva

Algodão irrigado

Linho

Cânhamo

Liocel

Viscose

Acrílico

Náilon

PET

PLA

PIT

47

Em relação ao planeta, a moda sustentável contribui para a diminuição dos resíduos descartados

no meio ambiente, os quais carregam substâncias tóxicas e nocivas ao solo e água.

Por fim, a respeito dos negócios, a moda sustentável encoraja novas oportunidades de negócio que

diminuam custos por meio de uma produção mais eficiente, com menos desperdício de material,

menos energia e outros recursos.

ANÁLISE SETORIAL DO MERCADO

De acordo com publicação do Sebrae (2015), estratégias de diferenciação no mercado de moda

sustentável incluem a parceria com fornecedores que ofereçam matérias-primas ecológicas de

qualidade como algodão reciclável, algodão orgânico, tecidos de garrafa PET etc; o envolvimento

de comunidades de baixa renda; o investimento em produtos confeccionados com resíduos da

indústria têxtil tradicional, como retalhos; e o investimento em e-commerce, uma vez que é notória

a dificuldade do público-alvo em encontrar produtos que satisfaçam suas necessidades “verdes”.

O varejo de moda brasileiro movimenta cerca de R$150 bilhões anualmente, sendo estimado que

o potencial de captura por buscas online corresponda a aproximadamente 10% e de conversão em

receita de 2%, segundo dados do último relatório de Fashion Trends do Google (2015). Hoje, a

categoria configura-se como líder em volume de pedidos, representando 14% do mercado, ou

aproximadamente 15 milhões de pedidos (EBIT, 2016).

Gráfico 3 – E-commerce: participação em volume em 2015

Fonte: EBIT (2016)

O número de pessoas conectadas no Brasil já corresponde a aproximadamente 60% da população,

segundo dados do relatório do Google (2015). De todos os conectados, a classe social mais

representativa é a classe C, com 54% do total. As classes A/B correspondem, juntas, a 36% e as

Moda e Acessórios;

14%

Eletrodomésticos;

13%

Telefonia/Celulares; 11%

Cosméticos e

Perfumaria/Cuidados

Pessoais; 10%Assinatura e Revistas/Livros; 9%

Casa e Decoração;

9%

Informática; 7%

Eletrônicos; 6%

Esporte e Lazer; 4%

Brinquedos e

Games; 4%

Outros; 13%

48

classes D/E a 10%. Em relação especificamente ao consumo online de moda, o perfil dos

consumidores encontra-se segmentado conforme ilustram os gráficos a seguir.

Gráfico 4 – Perfil dos consumidores: quebra por gênero

Fonte: Google Fashion Trends (2015)

Analisando-se a quebra em relação ao gênero, nota-se que as mulheres costumam consumir

aproximadamente 38% a mais de artigos de moda por meio do comércio eletrônico do que os

homens brasileiros. Em relação à faixa etária, é possível inferir que a maior parte dos usuários da

internet que efetua compras de vestuário e acessórios têm entre 25 e 49 anos, como ilustra o Gráfico

5.

Gráfico 5 – Perfil dos consumidores: quebra por faixa etária

Fonte: Google Fashion Trends (2015)

Das mulheres que compram pelo menos duas vezes por ano, a maior frequência de compras online

corresponde à aquisição de roupas, seguida da de calçados.

Gráfico 6 – Perfil dos consumidores: principais compras das mulheres

Fonte: Google Fashion Trends (2015)

Mulheres;

58%

Homens;

42%

1%

11%

32% 36%

16%

2%

até 17

anos

18-24 25-34 35-49 50-64 mais de

64

73%67% 63%

50%

Roupas Calçados Acessórios Bolsas

49

A frequência de compras das mulheres é principalmente a cada dois ou três meses, sendo que 15%

das mulheres efetuam compras online mensalmente.

Gráfico 7 – Perfil dos consumidores: frequência de compras das mulheres

Fonte: Google Fashion Trends (2015)

Apesar de as mulheres comprarem mais, os homens possuem tíquete médio superior em suas

compras.

Gráfico 8 – Tíquete médio por compra

Fonte: Google Fashion Trends (2015)

Em relação ao mercado total de vestuário no Brasil, observa-se o predomínio de microempresas,

isto é, empresas com cinco a 19 funcionários.

De acordo com notícia publicada no Valor Econômico1, a quantidade de pequenos negócios de

moda cresceu 51.7% entre os anos 2010 e 2012, enquanto as médias e grandes empresas cresceram

apenas 9.5% no mesmo período.

Em 2014, do total de 25.627, as empresas atuantes no setor de vestuário, meias e acessórios estavam

distribuídas conforme mostra o Gráfico 9.

1 Disponível em: http://www.valor.com.br/empresas/3356574/negocios-com-moda-crescem-mais-entre-

microempresas. Acesso em: 20 set. 2016.

15%

34%

24%

Mensalmente A cada 2 ou 3 meses A cada 4 ou 6 meses

163191

145148 163117

72

Roupas Calçados Bolsas Acessórios

Homens

Mulheres

50

Gráfico 9 – O mercado de vestuário: quebra por porte de empresa

Fonte: IEMI (2015)

Cerca de apenas 3% das empresas foram consideradas de médio ou grande parte, o que significa

que o mercado de moda brasileiro é altamente fragmentado, com quase a totalidade de empresas

de micro ou pequeno porte. Em relação à distribuição geográfica destas empresas, percebe-se que

há um predomínio de empresas localizadas nas regiões sudeste e sul do Brasil, aproximadamente

77% das empresas.

Gráfico 10 – O mercado de vestuário: quebra por região

Fonte: IEMI (2015)

Em 2015, segundo pesquisa conduzida pela Redshift Research com 502 microempresas nacionais,

90% das entrevistadas que possuem uma página na internet acreditavam estar em vantagem

competitiva em relação às microempresas que estão fora da rede. Destas, 55% concordaram estar

em desvantagem no mercado, fortalecendo o argumento de que investimento em presença digital

vem, de fato, se tornando cada vez mais importante para o sucesso dos negócios. Ainda de acordo

com a pesquisa, 62% das microempresas constataram taxas de crescimento expressivas nos dois

primeiros anos logo após lançamento da página web, sendo que metade delas cresceu a uma taxa

superior a 10% (VALOR ECONÔMICO, 2015).

70,6%

26,4%

2,7% 0,2%

Micro

Pequenas

Médias

Grandes

49,4%

27,7%

15,0%

7,1% 0,9%

Sudeste

Sul

Nordeste

Centro-Oeste

Norte

51

A presença digital, ainda, auxilia a expansão dos negócios ao permitir que o comércio dos produtos

ultrapasse as fronteiras territoriais. É sabido que a maior parte das microempresas brasileiras ainda

atua predominantemente em suas cidades e regiões, porém este cenário vem mudando. A pesquisa

revelou que atualmente 29% das microempresas entrevistadas já têm alcance nacional e 8% delas

internacional (ibid.).

NECESSIDADES DOS CLIENTES

De acordo com estudo do Sebrae (2015), o público de moda sustentável é crítico, consciente de

seus hábitos de consumo e, por este motivo, valoriza um produto por características além da

modelagem e do belo, mas que dizem respeito, também, à ética e à sua relação com a natureza e

com as pessoas.

Estudo da Akatu (2012), a respeito dos hábitos de consumo dos brasileiros, revelou que o público-

alvo da marca relaciona o conceito de sustentabilidade com as noções de saúde e bem-estar. O

estudo traçou o perfil dos respondentes e os separou em duas classificações: sociedade sustentável

e sociedade de consumo. As respostas obtidas pelo primeiro grupo, de interesse para este trabalho,

são reproduzidas a seguir.

Tabela 2 – Necessidades dos potenciais clientes

Tema Sociedade sustentável

Afetividade Quero ter tempo para estar junto com as pessoas de que gosto.

Água Quero contar com água abundante e limpa, sem poluição.

Alimentos Quero alimentos saudáveis, frescos e nutritivos.

Durabilidade Quero produtos que durem bastante e que seja fácil consertar/atualizar quando preciso.

Energia Quero reduzir os impactos sociais e ambientais da geração de energia.

Mobilidade Quero me deslocar pela cidade com rapidez, segurança, conforto e flexibilidade.

Resíduos Quero reduzir a quantidade de lixo produzido.

Saúde Quero ter tempo para lazer, esporte e descanso, pouco stress e boa alimentação.

Fonte: Adaptado de Akatu (2012)

Conforme é possível inferir das informações fornecidas pela tabela, os consumidores com

consciência ambiental prezam por aspectos de lazer, conforto e praticidade. Estas características

52

condizem com a proposta da marca, pois camisetas são artigos de vestuário associados a um traje

informal, que remete, portanto, a atividades de lazer, conforto e praticidade para vestir.

O diferencial do negócio, então, está justamente na categoria “resíduos”, pois fazendo uso do

produto, os consumidores estarão reduzindo a quantidade de lixo têxtil destinada aos aterros.

Pesquisa realizada em 2015, com 1.502 respondentes, sobre a percepção dos brasileiros acerca da

necessidade de as empresas adaptarem suas práticas de produção e práticas mais sustentáveis

demonstrou que, de forma geral, os brasileiros concordam ser necessário e são preocupados com

as causas ambientais quando comparados a habitantes de outros países. Estas percepções

encontram-se distribuídas conforme exibem os gráficos a seguir.

Gráfico 11 – Percepção dos brasileiros sobre necessidade de responsabilidade ambiental

Fonte: GfK (2015)

Mais de 80% dos brasileiros acreditam que existe necessidade de as empresas adaptarem suas

práticas atuais para práticas com foco em responsabilidade ambiental. Dos respondentes, o número

de mulheres que concordam fortemente com a afirmação é ligeiramente superior ao de homens,

cerca de 5%.

Gráfico 12 – Percepção dos brasileiros sobre necessidade de responsabilidade ambiental: quebra por gênero

Fonte: GfK (2015)

81%

14%

5% Concordo

fortemente

Não concordo

nem discordo

Discordo

fortemente

79% 83%

15% 13%6% 4%

Homem Mulher

Discordo

fortemente

Não concordo

nem discordo

Concordo

fortemente

53

Esta percepção, embora seja bastante parecida entre homens e mulheres, muda consideravelmente

com a faixa etária em que os respondentes se enquadram, conforme mostra o Gráfico 13.

Gráfico 13 – Percepção dos brasileiros sobre necessidade de responsabilidade ambiental: quebra por idade

Fonte: GfK (2015)

De forma geral, quanto mais velhos, mais preocupados estão os brasileiros com as questões

socioambientais nas empresas, prova disto é que as pessoas acima de 60 anos se mostraram 32.4%

mais preocupadas em relação aos jovens entre 15 e 19 anos.

Dos respondentes que concordam fortemente, os brasileiros ocupam a quinta posição da pesquisa,

quando comparados a habitantes de outros países, conforme ilustra o gráfico a seguir.

Gráfico 14 – Percepção dos brasileiros sobre necessidade de responsabilidade ambiental: ranking mundial

Fonte: GfK (2015)

O fato de os brasileiros ocuparem esta posição fortalece, ainda, o argumento de que as práticas da

indústria brasileira ainda têm muitas possibilidades de melhoria no que diz respeito a questões

71% 78% 85% 85% 93% 94%

19%17% 12% 12%

5% 6%10%5% 4% 3% 1%

15-19 anos 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60+ anos

Concordo fortemente Não concordo nem discordo Discordo fortemente

94% 93%

83% 82% 81% 81% 80% 80% 79% 78% 78% 78%75% 74% 73% 73% 73%

70% 69%66% 66%

62%58%

54

éticas e sustentáveis, o que justifica a necessidade do surgimento de negócios diferenciados, assim

como propõe este trabalho.

55

4 O PLANO DE NEGÓCIO

Este capítulo apresenta a metodologia e os resultados para cada uma das categorias que compõem

o plano de negócio em foco. Para maiores informações, o modelo financeiro utilizado para o

desenvolvimento das projeções pode ser consultado no CD que acompanha este trabalho.

METODOLOGIA APLICADA

Conforme relatado no capítulo dois, o plano de negócio é um documento no qual o empreendedor

traça todos os elementos externos e internos pertinentes para o início de um novo empreendimento

(HISRICH et al, 2014). Ele pode apresentar diversos tipos e formatos e são inúmeras as possíveis

estruturas de um plano.

Para o desenvolvimento do presente trabalho, a metodologia aplicada tem como base o modelo de

estrutura proposto por Dornelas (2011), que divide o plano de negócio em tópicos, de acordo com

a seguinte estrutura: 1. O conceito do negócio; 2. Mercado e competidores; 3. Equipe de gestão; 4.

Produtos e serviços; 5. Estrutura e operações; 6. Marketing e vendas; 7. Estratégia de crescimento;

8. Finanças; e 9. Sumário executivo. Apesar de desenvolvido por último, o tópico do sumário

executivo corresponde à primeira seção a aparecer no plano. Neste trabalho especificamente, ele

encontra-se disponível no Apêndice A.

O conceito do negócio é o tópico inicial do planejamento e apresenta ao leitor a empresa, expondo

a visão, missão e valores do negócio, os produtos e serviços ofertados, os aspectos legais

relacionados à empresa, as possíveis certificações, licenças e regulamentações e as possíveis

parcerias.

Mercado e competidores expõe ao leitor uma análise setorial macro do mercado em que o negócio

está inserido e estuda o mercado-alvo e as necessidades dos clientes, analisando também, os

competidores e as possíveis vantagens competitivas do negócio.

Equipe de gestão é o tópico que informa aos interessados sobre os principais executivos do negócio,

descrevendo, para cada um, os pontos fortes, a experiência e a adequação ao negócio.

56

Marketing e vendas é o tópico que busca analisar o posicionamento ideal para o produto/serviço

oferecido pelo negócio, avaliando-se, portanto, os canais de venda mais adequados, como o produto

deve ser promovido, qual o preço a ser ofertado e projeções de vendas e market share.

O tópico de estrutura e operação faz referência à análise do organograma funcional da empresa,

das necessidades de máquinas e equipamentos, da política de recursos humanos, dos fornecedores

de serviços de matérias-primas e, ainda, da infraestrutura tecnológica e do arranjo físico a ser

empregado.

A análise estratégica busca avaliar as estratégias de crescimento a serem adotadas no negócio,

considerando, para isso, os objetivos e metas, o prazo e os riscos críticos do negócio.

O plano financeiro analisa as fontes de recursos, a composição dos custos e despesas do negócio e

os principais indicadores financeiros. Além disso, também estabelece premissas para que seja

possível realizar uma projeção financeira dos principais relatórios contábeis.

Por fim, o sumário executivo busca relatar uma breve síntese de todo o conteúdo tratado pelos oito

demais tópicos do plano.

Para Dornelas (2011), o desenvolvimento do plano de negócio é iniciado pela análise da

oportunidade, seguida da análise do mercado, do público-alvo e dos concorrentes. É a partir destas

análises que o empreendedor irá definir o seu modelo de negócio, as suas projeções iniciais de

receita, os investimentos iniciais necessários, a necessidade de recursos humanos, as projeções de

custos, despesas e receitas ao longo do tempo, os demonstrativos financeiros e as análises de

viabilidade por meio de indicadores.

Apesar de a análise da oportunidade não fazer parte da estrutura do plano de negócio, é a partir

dela que se decide seguir em frente ou não com o desenvolvimento do mesmo. Portanto, em

concordância com a proposta de Dornelas (2011), inicialmente o trabalho se propõe a apresentar

uma análise de oportunidade para o negócio para, em seguida, apresentar o plano de negócio da

oportunidade identificada, seguindo os tópicos previamente mencionados.

57

RESULTADOS OBTIDOS

4.2.1 Análise da oportunidade

Segundo pesquisa do instituto Akatu, o percentual da população brasileira que adere a valores e

comportamentos mais sustentáveis de consumo é de 5%, ou seja, aproximadamente dez milhões

de pessoas (AKATU, 2013).

Neste movimento de mudança de atitude percebe-se a transformação do comportamento do

consumidor diante de, por exemplo, artigos de vestuário. Um novo nicho de consumo, na moda,

expõe um novo consumidor em busca de um produto mais ético, que não impacte de maneira

significativa o meio ambiente ao longo do seu processo produtivo. Prova disto é que o segmento

de moda ecológica, apesar de novo, movimenta, anualmente, entre R$270 e R$362 milhões

(SEBRAE, 2015).

No cenário mundial, marcas de renome já estão investindo nesta direção, como é o caso das lojas

de departamento inglesas H&M e TopShop, que já lançaram coleções inteiras feitas a partir de

algodão orgânico ou de tecido reciclado. Também a existência de eventos paralelos às semanas de

moda, como o Estethica, salão de moda ética de Londres, onde novos conceitos são elaborados e

experiências são trocadas entre diferentes produtores comprovam o aumento com a preocupação

da ética na indústria da moda.

Além disso, hoje, na Europa, já existem eventos relacionados exclusivamente à moda sustentável,

sendo que o maior deles, o Greenshowroom, conta com cerca de 160 marcas participantes e

acontece todos os anos na Alemanha. Marcas célebres como Hugo Boss e Adidas já se encontram

em processo de transição para uma moda mais ética e verde. A Adidas, por exemplo, prepara-se

para lançar em 2017 um tênis feito em parceria com a ONG Parley for the Oceans a partir de

plásticos retirados dos oceanos2.

No Brasil, segundo o Sebrae (2015), este mercado ainda é pouco explorado, com exceção de

algumas ações pontuais. A Colcci, por exemplo, vem utilizando tencel na confecção de peças,

conhecido por ser um tecido ecológico oriundo da polpa de árvores de reflorestamento. A Hering,

2 Disponível em: http://followthecolours.com.br/style-freak/adidas-primeknit/. Acesso em 10/10/2016.

58

por sua vez, vem utilizando algodão orgânico e garrafas PET como matérias-primas para seus

artigos de vestuário, além de estar investindo em pesquisas de corantes e amaciantes ecológicos

visando minimizar impactos ambientais. A Totem, especializada em roupas femininas, em seu mais

recente desfile, apresentou ao público bolsas de praia e chapéus confeccionados com plástico

reciclado.

Dados estatísticos, referentes ao mercado de moda ecológica no Brasil, ainda são escassos. Por este

motivo, uma pesquisa foi conduzida pela autora a fim de investigar o conhecimento dos brasileiros

acerca da moda sustentável e quantos deles, atualmente, a consomem. Ao todo, foram entrevistadas

530 pessoas, sendo que apenas 19% delas afirmou conhecer e consumir moda sustentável ou ética

ou, ainda, ecológica.

Dos 312 respondentes que afirmaram conhecer e não consumir, 42% citou como principal motivo

o fato de não conhecer estabelecimentos onde pudessem encontrar e comprar roupas sustentáveis.

A maioria das pessoas entrevistadas, cerca de 64%, afirmou comprar suas roupas em shopping

centers, de onde se conclui que marcas de roupas sustentáveis não têm presença expressiva nestes

centros comerciais.

Os dados completos da pesquisa conduzida estão disponíveis no Apêndice B.

4.2.2 O conceito do negócio

A ideia da Econista nasceu da percepção do crescente movimento de conscientização acerca da

importância do tema sustentabilidade enquanto fator transformacional de padrões de consumo.

O mercado de moda, apesar de altamente dinâmico, é ainda muito incipiente em termos de

sustentabilidade. O mercado brasileiro é o que mais cresce no mundo da moda, tendo quadruplicado

seu faturamento nos últimos dez anos. Em 2013, o mercado faturou R$140 bilhões e encontra-se,

atualmente, entre os dez maiores mercados de moda do mundo3.

3 Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1057/noticias/a-moda-que-vale-bilhoes. Acesso

em: 12 set. 2016.

59

Entretanto, poucas são as marcas com apelo sustentável que comercializam no país. A proposta do

negócio da Econista é de ser uma marca referência em moda sustentável no Brasil, atuando

especificamente na confecção de camisetas a partir de tecidos de reuso.

O processo de comercialização será realizado por meio da internet, para que todas as regiões do

país possam ser atendidas. O público-alvo que o negócio pretende atingir é composto por jovens

brasileiros entre 18 e 34 anos, homens e mulheres, principalmente das classes B e C, que procuram

relacionar o estilo casual a uma causa social e/ou ambiental, pois são, por natureza, socialmente

engajados.

Um fator de grande importância para o negócio, então, é o crescimento do acesso da população

brasileira à internet e do número de aparelhos celulares móveis.

Gráfico 15 – Crescimento do acesso à internet

Fonte: PNAD-IBGE

Os gráficos, elaborados a partir de dados obtidos pelas pesquisas nacionais por amostras de

domicílios, exibem estes crescimentos em relação à porcentagem da população, demonstrando que

o cenário vigente é favorável ao modelo de negócio da Econista.

Gráfico 16 – Crescimento do uso de celular móvel

Fonte: PNAD-IBGE

No que se refere às confecções têxteis, conforme mencionado anteriormente, as confecções

brasileiras, tradicionalmente, geram desperdícios de tecidos sob forma de aparas, retalhos e/ou

20,9%

34,8%

46,5% 49,4% 54,4%

2005 2008 2011 2013 2014

36,7%

53,8%69,1% 75,2% 77,9%

2005 2008 2011 2013 2014

60

peças rejeitadas. De modo geral, estas perdas derivam de aspectos relacionados ao mau

planejamento de criação, modelagem, corte e encaixe, falta de padronização de matérias-primas,

mão-de-obra qualificada, máquinas inadequadas, dentre outros exemplos. Os artigos têxteis,

quando descartados nos aterros sanitários, contribuem com o impacto ambiental, pois emitem

metano para a atmosfera e poluem as águas subterrâneas com lixiviados tóxicos. Atualmente, a

abordagem mais comum de combate de resíduos resultantes do ciclo de vida têxtil é a

implementação de estratégia de gestão de resíduos, popularmente conhecidas como os 3Rs: reduzir,

reutilizar e reciclar. No entanto, segundo Fletcher (2014), estas estratégias implicam na

desvalorização da qualidade dos materiais recuperados.

Ainda de acordo com a autora, seguindo tendência contrária à degeneração da qualidade dos

materiais estão as atividades de upcycling, nas quais os processos e práticas de recuperação e

reutilização dos tecidos realçam o valor percebido dos artigos de vestuário, com base em uma série

de fatores, como o fato de as peças serem exclusivas, os tecidos serem escassos e,

consequentemente, preciosos e por carregarem consigo um histórico de experiências passadas e

memórias.

4.2.3 Mercado e competidores

Dados publicados por estudo do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Sudoeste do Paraná

(Sinvespar), referentes ao ano de 2012, demonstram que as camisas, camisetas e regatas

representam 40% de todo o vestuário comercializado no país, totalizando um montante de R$32

bilhões. O estudo divulga, ainda, o potencial de consumo por classe econômica, gênero e geração:

Tabela 3 – O Mercado de camisetas: quebra por classe econômica, gênero e geração

Classe

Social

Consumo

Roupas

Camisa/Camiseta

Masculina

Camisa/Camiseta

Feminina

Camisa/Camiseta

Infantil

Total

Camisa/Camiseta

A1 1.790,8 283,3 314,7 119,1 717,2

A2 10.357,7 1.638,8 1.820,4 689,1 4.148,3

B1 17.604,6 2.785,4 3.094,0 1.171,3 7.050,7

B2 21.353,9 3.378,7 3.753,0 1.420,7 8.552,3

C1 15.754,8 2.492,8 2.768,9 1.048,2 6.309,9

C2 8.387,3 1.327,1 1.474,1 558,0 3.359,2

D 4.972,9 786,8 874,0 330,9 1.991,7

E 137,1 21,7 24,1 9,1 54,9

Total 80.359,1 12.714,6 14.123,2 5.346,4 32.184,2

Fonte: Sinvespar (2012)

61

De tais dados, é possível concluir que, de modo geral, a classe B é a maior consumidora de camisas,

camisetas e regatas, sendo o consumo feminino ligeiramente maior, cerca de 11%.

Informações e dados específicos acerca do mercado de camisetas no Brasil são de difícil acesso,

uma vez que este mercado é altamente fragmentado e as barreiras de entrada são relativamente

baixas, o que resulta no surgimento de muitas novas marcas em curto espaço de tempo. Conforme

apontado anteriormente, 70.6% das empresas de vestuário no Brasil são de porte micro e, como

consequência, informações particulares não são usualmente divulgadas e disponibilizadas.

De modo geral, então, para sobreviver e performar bem neste setor, as empresas devem buscar

algum tipo de diferenciação, visando suprir as necessidades de um determinado nicho de mercado.

Hoje, o comércio de camisetas está basicamente dividido na venda de peças básicas e peças

estampadas, as quais estão frequentemente relacionadas a alguma temática (cinema, música, séries

de televisão etc).

O último estudo “Tendências de Consumo 2016”, elaborado pela Mintel, porém, revelou que 23%

dos jovens brasileiros estão propensos a consumir marcas que apoiam programas interessantes em

sua cidade ou bairro. Além disso, 39% dos brasileiros mostram-se dispostos a comprar produtos de

marcas que não agridam o meio ambiente. Um caso de sucesso, que confirma esta tendência na

mudança de consumo, é o da empresa Camiseta Feita de Pet, que, com apenas seis anos de atuação,

já recolheu em ações ambientais três milhões de garrafas e atingiu em 2015 um faturamento de

R$2 milhões, um crescimento de 35% em relação ao ano anterior, que já havia registrado

crescimento de 22% em relação a 20134.

4.2.3.1 Mercado-alvo

O público-alvo a ser atingido pela Econista é composto por jovens brasileiros, entre 18 e 34 anos,

homens e mulheres, principalmente das classes B e C, que procuram relacionar o estilo causal a

uma causa social e/ou ambiental, pois são, por natureza, socialmente engajados. Um estudo

conduzido em 2015 pela agência B2 traçou algumas características importantes de serem analisadas

sobre os jovens brasileiros. Mesmo possuindo um trabalho com carteira assinada ou estágio

4 Disponível em: http://www.valor.com.br/empresas/4580101/marcas-associadas-causas-sociais-agradam-mais.

Acesso em: 20 set. 2016.

62

remunerado, aproximadamente um terço dos jovens ainda recebe mesada dos pais. O estudo

observa, ainda, que a busca pela independência não é uma prioridade, uma vez que 68% dos jovens

ainda moram com seus pais.

Gráfico 17 – Perfil dos jovens brasileiros: fontes de renda

Fonte: Radar Jovem (2015)

Em relação à frequência de compras, cerca de 63% dos entrevistados na pesquisa afirmou fazer

compras pelo menos uma vez por mês e 30% afirmaram comprar de uma a três vezes por mês.

Destes, os que têm entre 20 e 25 anos são os mais representativos – 61% do total.

Os principais segmentos listados como prioridade de compra, no estudo, mostraram os artigos de

vestuário em terceiro lugar.

Gráfico 18 – Perfil dos jovens brasileiros: prioridades de compra

Fonte: Radar Jovem (2015)

No entanto, ao serem analisadas as compras por impulso, os artigos de vestuário passam à

liderança.

Gráfico 19 – Perfil dos jovens brasileiros: compras por impulso

Fonte: Radar Jovem (2015)

34%

27%

22%

9% Ajuda Financeira Familiar

Estágio Remunerado

Trabalho com Carteira

Assinada

Trabalho Informal

55% 53%48% 47% 46%

Contas de

Telecomunicações

Transporte Vestuário Supermercado Contas

Domésticas

56%39% 30% 27% 20%

Vestuário Restaurantes Beleza Supermercado Baladas

63

Com os dados obtidos na análise de mercado, torna-se possível que as estimativas de projeções de

vendas e market share para a empresa sejam iniciadas.

4.2.3.2 Projeção de vendas e market share

Dados do estudo do Sinvespar (2012) apontam que o mercado de camisas, camisetas e regatas

correspondem a 40% do total do mercado de vestuário, que, em 2012, totalizava cerca de R$80

bilhões, ou 62% do mercado total de moda. Para o ano de 2016, portanto, assume-se que dos R$150

bilhões do mercado de moda, aproximadamente R$93 bilhões são atribuídos ao mercado de

vestuário.

Como direcionadores para as projeções de crescimento do faturamento do mercado de vestuário

utilizam-se as projeções para o produto interno bruto (PIB) industrial e o índice nacional de preços

ao consumidor amplo (IPCA) como inflação, uma vez que as variáveis para o cálculo do

faturamento correspondem ao volume comercializado e ao preço de venda.

Tabela 4 – PIB industrial e IPCA: projeções

2017 2018 2019 2020 2021

PIB industrial 1.46% 2.20% 2.50% 2.55% 2.55%

IPCA 5.06% 4.50% 4.50% 4.50% 4.50%

Fonte: Banco Central do Brasil

Como premissa, assume-se que a proporção do mercado de camisas, camisetas e regatas ficará

mantida em 40% ao longo do período de análise e que o mercado específico de camisetas

corresponde a um terço deste total. Conforme relatório Fashion Trends do Google (2015), o

percentual de captura de receita do mercado de moda online é, atualmente, de 2%. Como premissa,

ainda, assume-se que este potencial irá crescer em concordância com o aumento da proporção de

pessoas conectadas no Brasil entre os anos de 2013 e 2014, de 10.4%.

Para as projeções de market share, devido à alta fragmentação do mercado, assume-se, também

como premissa, que a Econista será capaz de obter, nos dois primeiros anos de atuação, uma

participação de 0.15%, porém com as estratégias agressivas de marketing a serem adotadas, estima-

se que esta participação irá aumentar para 0.20% no terceiro ano e 0.25% no quarto e quinto ano

de análise. O valor das camisetas será ajustado, também, conforme a inflação. Considerando as

64

premissas adotadas, as projeções de vendas e market share ficam definidas conforme ilustra o

Gráfico 20.

Gráfico 20 – Projeções de vendas e de market share

Fonte: Elaborado pela autora

Desta forma, nota-se um crescimento médio anual projetado em 39.2%.

As premissas adotadas para os valores de market share relacionam-se, também, às estratégias de

marketing e vendas utilizadas pela empresa, as quais são melhor detalhadas na seção 4.2.6.

4.2.4 Equipe de gestão

A equipe de gestão é composta por três sócias fundadoras da empresa. Apesar de apenas uma delas

ter experiência no ramo da moda, tendo trabalhado por cinco anos em empresa líder de gestão de

marcas e lifestyle no Brasil, as outras duas, recentemente graduadas, passaram por estágios em

consultoria estratégica e banco de investimento, onde participaram de projetos de estratégia de

crescimento e aquisição, relacionados a empresas atuantes no varejo de moda e puderam adquirir,

portanto, um pouco de conhecimento acerca da dinâmica do setor.

A primeira delas é formada no curso de moda pela Faculdade Armando Alvares Penteado, possui

29 anos e ocupará o cargo de diretora de marketing e vendas; a segunda, formada no curso de

economia pela Fundação Getúlio Vargas, possui 27 anos e ocupará o cargo de diretora

administrativo-financeira; e a terceira, formada no curso de engenharia de produção pela

Universidade de São Paulo, possui 26 anos e ocupará o cargo de diretora executiva.

268.378 364.904

575.343

850.859 1.006.650

0,15% 0,15%

0,20%

0,25% 0,25%

2017 2018 2019 2020 2021

65

Tabela 5 – Composição acionária da empresa

Sócia #1 33.3%

Sócia #2 33.3%

Sócia #3 33.3%

Fonte: Elaborado pela autora

A composição acionária da empresa, conforme ilustrado pela Tabela 3, fica subdividida de forma

igualitária entre as três sócias, sendo cada uma responsável por um terço da empresa.

4.2.5 Estrutura e operação

4.2.5.1 Organograma funcional

A estrutura organizacional foi definida com base nas áreas-chave para o negócio, ocupadas pelas

sócias-fundadoras. Uma funcionária deverá ser contratada para a diretoria comercial, responsável

pelo relacionamento com os fornecedores e clientes.

A estrutura básica da empresa pode ser visualizada conforme ilustrada a figura a seguir.

Figura 7 – Organograma funcional

Fonte: Elaborado pela autora

Por se tratar de uma empresa pequena, espera-se que todas as pessoas realizem as atividades

administrativas diárias.

4.2.5.2 Processo de negócio

As atividades manufatureiras serão, em um primeiro momento, terceirizadas, de forma que a

empresa irá lidar apenas com a gestão administrativa e comercial. Quinzenalmente, a fábrica

enviará os lotes de produtos manufaturados para o escritório comercial, onde está localizado e é

controlado o estoque de produtos acabados. Uma vez recebidas as camisetas, o site será atualizado

com as novas peças.

Diretoria Executiva

Diretoria

Administrativa-Financeira

Diretoria

de Marketing e VendasDiretoria Comercial

66

Por se tratar de comércio eletrônico, o processo de comercialização será inteiramente online.

Inicialmente, o consumidor irá acessar a loja virtual e selecionar a categoria de gênero

correspondente. Uma nova página irá abrir em seu navegador com as opções de camisetas

disponíveis para compra, ou seja, disponíveis em estoque. O consumidor poderá filtrar as opções

por ordem de relevância ou por tamanho, para facilitar a busca. Ao selecionar uma camiseta, o

consumidor será levado para uma página com detalhes do produto selecionado, onde poderá obter

informações referentes ao material do produto, às suas práticas de lavagem e quantidade disponível

em estoque, por exemplo. Ao escolher o produto e adicioná-lo ao carrinho de compras, o

consumidor é levado para a página de check out, onde, primeiramente preencherá dados referentes

ao domicílio, para que o frete possa ser calculado e dados referentes ao cartão de crédito, para que

o pagamento seja efetuado. Uma vez validada e autorizada a transação, o consumidor recebe um

e-mail com o recibo da compra e informações sobre a entrega.

O processo descrito acima pode ser visualizado pelo service blueprint ilustrado a seguir.

4.2.5.3 Infraestrutura e localização

A Econista será instalada na cidade de São Paulo em um escritório comercial de 31m2, na Avenida

Paulista, número 2.001, bairro de Cerqueira César. O horário de atendimento será de segunda a

sexta-feira das 08:00h às 12:00h e das 13:00h às 18:00h.

O escritório será composto por duas áreas distintas, de criação e de estoque. Na primeira, serão

quatro estações de trabalho devidamente equipadas com notebooks e com uma única impressora

que oferecerá suporte a todos.

Figura 8 – Service blueprint

Linha de

frente

Ações do

cliente

Acessa a

página

Seleciona

categoria

Visualiza

opções

disponíveis

Filtra

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Navega por e

analisa opções

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banco de

dados

Verifica

disponibilidade

e faz pré-reserva

Calcula

frete

Valida e

autoriza

transação

Emite e

encaminha

compronante

Evidência

física

Fonte: Elaborado pela autora

67

Além disso, haverá um móvel central para armazenamento do material utilizado nas criações e para

rápidas reuniões de desenvolvimento para novas coleções. Uma das paredes será preparada com

tinta de quadro negro e funcionará como quadro de avisos e de croquis de novas ideias para

discussões de futuras coleções.

Figura 10 – Perspectiva do escritório

Fonte: F. GIACOMELI, elaborado para este trabalho

Figura 9 – Planta baixa do escritório

Fonte: F. GIACOMELI, elaborado para este trabalho

68

Na área de estoque, nichos e prateleiras acomodarão o material que chegará dos serviços

terceirizados para posterior distribuição e venda.

Figura 11 – Perspectiva da área de estoque

Fonte: F. GIACOMELI, elaborado para este trabalho

4.2.6 Marketing e vendas

O plano de marketing adotado pela empresa considera cada um dos 4Ps de Kotler, conforme

particularizados pelos itens abaixo.

4.2.6.1 Produto

O benefício central da camiseta é o de proporcionar ao usuário conforto e bem-estar em um estilo

alegre e despojado. Para isto, porém, ela deve dispor de alguns atributos básicos. Dois deles, por

exemplo, são a qualidade e a aparência do produto. Todas as camisetas da Econista serão

confeccionadas com tecidos de reuso 100% algodão e as coleções serão desenvolvidas em

concordância com as tendências vigentes da moda. No entanto, de modo geral, serão priorizados

os tecidos de estampa lisa, xadrez, listrada ou florida.

No que diz respeito às embalagens, seguindo a proposta sustentável da empresa, as camisetas serão

disponibilizadas dentro de latas de alumínio, as quais poderão ser reaproveitadas pelos usuários

para o plantio de mudas. A fim de incentivar esta prática, ou seja, o reuso das embalagens, as

69

etiquetas das camisetas serão feitas de papel-semente, com sementes das principais hortaliças para

incentivar os usuários a criarem seus próprios alimentos em casa.

Em relação aos fatores referentes ao produto ampliado, por se tratar de um negócio de comércio

eletrônico, a empresa fornecerá serviço de suporte pós-venda. Apesar de os clientes terem acesso

às medidas das camisetas, é possível que haja engano na compra do produto e, consequentemente,

necessidade de troca. A política de troca adotada pela Econista é de que os clientes podem solicitar

a troca do produto em até 30 dias úteis, enviando de volta o produto para o endereço comercial da

empresa, juntamente com a informação do novo tamanho solicitado. A empresa, porém, não

possuirá nenhuma política de reembolso.

Por fim, a Econista, ainda, irá buscar incentivar os clientes a devolverem camisetas que não são

mais utilizadas, por qualquer motivo, para que a empresa possa tentar recuperá-las e utilizá-las em

campanhas de doação e outras ações sociais pretendidas pela empresa.

4.2.6.2 Preço

A estratégia de precificação adotada pelo negócio é de acrescentar uma margem de lucro ao custo

do produto, ou seja, um mark up de vendas. Para a escolha do valor, será tomado como base o valor

de mark up de algumas empresas referências no varejo de moda brasileiro.

O índice mark up é resultado da divisão do valor do preço de venda pelo custo da mercadoria

vendida (CMV). Para as empresas analisadas, estes valores são fornecidos pela tabela a seguir.

Tabela 6 – Benchmark para estimativa do mark up

Hering Renner Marisa

2015 2014 2015 2014 2015 2014

Receita 1,900,101 2,011,023 6,145,198 5,216,820 3,164,906 3,344,593

CMV 961,335 944,533 2,511,352 2,165,915 1,788,118 1,778,405

Mark up 1.98 2.13 2.45 2.41 1.77 1.88

Fonte: Demonstrações financeiras

O índice adotado pela Econista é de aproximadamente o valor médio, de 2.10. O custo das

mercadorias inclui os custos com matéria-prima, mão-de-obra e embalagem. Para uma camiseta, o

70

custo é composto aproximadamente por R$11.80 de matéria-prima, R$10 de mão-de-obra e

transporte e R$8.30 de embalagem rotulada.

Tabela 7 – Detalhamento dos custos das mercadorias

Descrição Quantidade Custo Total

Tecido 1,20m (250g) R$ 45,00/kg R$ 11,40

Etiqueta 1 R$ 0,40 R$ 0,40

Mão-de-obra 1 R$ 8,00 R$ 8,00

Transporte 1 R$ 2,00 R$ 2,00

Lata de alumínio 1 R$ 5,00 R$ 5,00

Rótulo da embalagem 1 R$ 3,30 R$ 3,30

Total – – R$ 30,10

Fonte: Elaborado pela autora

Por se tratar de comércio eletrônico, ainda, deve-se considerar a margem cobrada pelas empresas

adquirentes. O sistema a ser utilizado pela empresa é o da PagSeguro que tem as seguintes taxas e

valores para vendas pela internet:

Tabela 8 – Taxas e valores cobrados pela PagSeguro

Taxas e valores

30 dias para receber 3,99% taxa à vista 3,99% taxa parcelado

Valor fixo de R$0.40 por venda

Fonte: PagSeguro

Com estas considerações, o valor final do produto fica aproximadamente R$70. O preço de custo,

então, é de R$33.5 por camiseta.

4.2.6.3 Praça

A estratégia adotada pela Econista será de distribuição direta aos clientes. O principal meio de

venda é a loja virtual, porém, esporadicamente, a marca irá participar de feiras e eventos

alternativos, com o objetivo de atender, também, clientes que porventura ainda tenham receio em

comprar produtos pela internet ou que queiram ver o produto antes de adquiri-lo. Além disso, estas

participações visam contribuir com o fortalecimento da proposta da marca, pois reforçam o

compromisso da Econista com causas ambientais ao associá-la a eventos de caráter sustentável.

Um exemplo deste tipo de evento, na cidade de São Paulo, é a Jardim Secreto Fair, que organiza

edições voltadas para o consumo consciente.

71

4.2.6.4 Promoção

Por se tratar de um negócio de comércio eletrônico, os principais canais de publicidade utilizados

serão as mídias digitais, especialmente as mídias sociais, uma vez que o público-alvo da marca é

composto por jovens, usuários frequentes de tais redes.

A estratégia a ser adotada pela Econista é de estimular que os próprios clientes façam a divulgação

da marca. Conforme mencionado, a empresa aposta no engajamento social de seus clientes. Por

meio das redes sociais, os clientes serão estimulados a compartilharem produtos em defesa de uma

causa ambiental na moda. Para isto, a empresa se propõe a divulgar as imagens publicadas nas

redes sociais de seus clientes em seus próprios canais, atribuindo os devidos créditos das imagens

utilizadas. Clientes que façam este trabalho de divulgação de forma recorrente, serão devidamente

recompensados pela Econista, ganhando, por exemplo, camisetas personalizadas. A ideia central é

de que os clientes se sintam parte de um movimento transformacional da indústria, isto é, que se

sintam, de certa forma, também donos da marca.

Além da rapidez de divulgação e da possibilidade de criação de uma comunidade em prol de um

movimento, a promoção digital também tem outras vantagens para o negócio da Econista. Ela

permite, por exemplo, que os anúncios sejam direcionados para um público específico e é, ainda

hoje, mais barata do que os anúncios em televisão.

4.2.7 Estratégia de crescimento

Esta seção detalha as análises para determinação das estratégias de crescimento da empresa em um

horizonte de cinco anos. As análises referem-se às oportunidades e riscos inerentes ao negócio e à

identificação dos fatores críticos de sucesso. Um cronograma de ações é desenvolvido para servir

de referência à avaliação das metas planejadas para o crescimento do market share.

4.2.7.1 Análise SWOT

Ao analisar os ambientes interno e externo ao negócio, foi possível desenvolver a matriz SWOT,

ilustrada na Tabela 9 a seguir.

72

Tabela 9 – Matriz SWOT

Forças Fraquezas

Baixo investimento inicial

Atendimento em todo território nacional

Produto diferenciado

Facilidade de compra

Equipe gerencial bem qualificada

Modelo fácil de ser reproduzido

Poucos pontos de venda físicos

Forte dependência dos fornecedores

Oportunidades Ameaças

Alto potencial de crescimento do

mercado verde

Aumento da renda da população

Aumento do acesso à internet

Mercado altamente competitivo

Baixas barreiras de entrada

Fonte: Elaborado pela autora

O ambiente externo é considerado oportuno devido ao crescente movimento de conscientização

acerca de práticas de consumo mais sustentáveis, além do contínuo aumento da renda da população

e ao crescente número de pessoas com acesso à internet. No entanto, o mercado de camisetas é

extremamente fragmentado, as barreiras de entrada são baixas e, em geral, por ser bastante

competitivo, para ser bem-sucedido, o negócio deve apresentar uma proposta diferenciada.

Em relação ao ambiente interno, a Econista apresenta como forças o fato de ser um negócio com

baixo investimento inicial, por ser um negócio essencialmente digital. Também por isto, permite

atendimento a clientes em todo o território nacional em um sistema rápido, fácil e prático de

comercialização de produtos. Embora o mercado seja competitivo, a Econista apresenta uma

proposta diferenciada, inclusive dentro do mercado de moda sustentável, garantindo à empresa a

vantagem de ser um first mover no comércio de camisetas de tecido de reuso. Por fim, a Econista

possui uma equipe de gestão bem qualificada, formada por jovens com experiência na indústria e

motivadas para gerar resultados positivos e conquistar participação significativa no mercado.

Três pontos merecem ser mencionados como fraquezas do negócio. O primeiro é a facilidade de

reprodução do modelo, pois o investimento inicial é baixo, as técnicas são basicamente de costura

e a comercialização é por loja virtual, a qual está cada vez mais fácil e rápida de ser criada, uma

vez que muitas empresas já oferecem serviços de plataformas prontas para utilização, como é o

caso do Woocommerce para Wordpress, plataforma a ser utilizada pela Econista.

73

4.2.7.2 Cronograma de ações

Com o intuito de cumprir com os planejamentos de marketing e vendas e a fim de suportar as

projeções para vendas e market share estabelecidas, o seguinte cronograma de ações deverá ser

desempenhado ao longo dos primeiros cinco anos de atuação da empresa:

Tabela 10 – Cronograma de ações

Ações Mês Ano

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 2 3 4 5

Administração

Registro da empresa

Formação da equipe

Definição do local de instalação

Compra de móveis e equip.

Desenvolvimento

Config. e operação da loja virtual

Config. e oper. das redes sociais

Parceria com os Correios

Definição do prog. de fidelização

Marketing

Criação de campanhas

Divulgação em redes sociais

Prog. de fidelização de clientes

Parceria com blogueiras

Participação em eventos

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.8 Plano financeiro

4.2.8.1 Investimento inicial

O investimento inicial corresponde ao total de recursos a ser investido para que a empresa comece

a funcionar. Ele é composto pelos investimentos fixos, o capital de giro e os investimentos pré-

operacionais.

Os investimentos fixos são todos os bens que devem ser comprados para que o negócio possa

funcionar adequadamente. Para o caso da Econista, são os gastos para a montagem do escritório e

somam R$17.180,00.

74

Tabela 11 – Detalhamento dos investimentos fixos

Descrição Unidade Preço unitário Total

Notebooks 4 R$ 2.100,00 R$ 8.400,00

Impressora 1 R$ 360,00 R$ 360,00

Telefone com ramal 1 R$ 270,00 R$ 270,00

Cadeiras 4 R$ 700,00 R$ 2.800,00

Mesas 4 R$ 800,00 R$ 3.200,00

Móvel de centro 1 R$ 800,00 R$ 800,00

Mesa de canto 1 R$ 300,00 R$ 300,00

Artigos de escritório – R$ 250,00 R$ 250,00

Estantes do estoque 2 R$ 250,00 R$ 500,00

Mesa do estoque 1 R$ 300,00 R$ 300,00

Fonte: Elaborado pela autora

O capital de giro, por sua vez, corresponde ao montante de recursos necessário para financiar a

continuidade das operações da empresa, como os recursos para financiamento aos clientes,

manutenção dos estoques e pagamento aos fornecedores, pagamento de impostos, salários e demais

despesas operacionais. Ele leva em consideração a necessidade de estoque inicial e o valor mínimo

a existir no caixa da empresa. Para o negócio da Econista, estes valores correspondem a:

Tabela 12 – Capital de giro

Estoque inicial R$ 502,50 Caixa mínimo R$ 6.619,21 Capital de Giro R$ 7.121,71

Fonte: Elaborado pela autora

A planilha detalhada para o cálculo do capital de giro pode ser consultada no Apêndice C.

Os investimentos pré-operacionais, por fim, são os gastos realizados antes do início das atividades

da empresa. Para a Econista, estes gastos correspondem ao registro da marca no Instituto Nacional

da Propriedade Industrial (INPI), ao registro do domínio na internet e a criação e desenvolvimento

da loja virtual.

Tabela 13 – Detalhamento dos investimentos pré-operacionais

Descrição Total

Registro da marca no INPI R$ 355,00

Registro do domínio .br R$ 138,00

Desenvolvimento da identidade virtual R$ 980,00

Campanha de marketing inicial R$ 5.500,00

Desenvolvimento da loja virtual R$ 6.000,00

Fonte: Elaborado pela autora

75

Resumidamente, portanto, os investimentos iniciais equivalem a R$35.774,71 e estão assim

distribuídos:

Tabela 14 – Resumo dos investimentos iniciais

Investimento fixo R$ 17.180,00 46.1%

Capital de giro R$ 7.121,71 19.1%

Investimentos pré-

operacionais R$ 12.973,00 34.8%

Total R$ 37.274,71 100%

Fonte: Elaborado pela autora

Todos os recursos serão próprios, de forma que cada sócia irá contribuir com R$12.424,90 para o

início das operações.

4.2.8.2 Demonstrativo de resultados

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) tem como objetivo apresentar de forma vertical

e resumida o resultado apurado em relação ao conjunto de operações em um determinado período.

Para um horizonte de cinco anos, as projeções do negócio estão conforme ilustradas na Tabela 18.

Para chegar às seguintes conclusões, algumas premissas foram adotadas. Em primeiro lugar, as

deduções da receita bruta correspondem às seguintes alíquotas de impostos para cada um dos anos

considerados:

Tabela 15 – Alíquotas para dedução da receita bruta

Cofins 0.86% 0.95% 1.04% 1.05% 1.15%

PIS/PASEP 0.00% 0.23% 0.25% 0.25% 0.27%

CPP 2.75% 2.75% 2.99% 3.02% 3.28%

ICMS 1.86% 2.33% 2.56% 2.58% 2.82%

Fonte: Simples Nacional Comércio

Já para o imposto de renda sobre pessoa jurídica e contribuição social sobre o lucro líquido foram

aplicadas as seguintes alíquotas:

Tabela 16 – Alíquotas para imposto de renda e contribuição social

IRPJ 0.00% 0.27% 0.35% 0.35% 0.38%

CSLL 0.00% 0.31% 0.35% 0.35% 0.38%

Fonte: Simples Nacional Comércio

Os custos dos produtos vendidos foram atualizados ano a ano seguindo projeções para a inflação,

assim como os valores para despesas operacionais, com exceção dos gastos em propaganda e

76

marketing, que seguem o cronograma proposto para a estratégia de crescimento da empresa e,

portanto, admitem aumentos diferenciados e dos valores relacionados ao espaço físico da empresa,

que foram corrigidos pelo índice geral de preço de mercado (IGPM). As projeções para os índices

de preços dados pelo Banco Central do Brasil adotadas foram:

Tabela 17 – Projeções para índices de preços

IGPM 5.50% 5.00% 4.70% 4.50% 4.50%

IPCA 5.06% 4.50% 4.50% 4.50% 4.50%

Fonte: Banco Central do Brasil

Tabela 18 – Demonstração do Resultado do Exercício: projeções

DRE 2017 2018 2019 2020 2021

Receita operacional

bruta

268.378 364.904 575.343 850.859 1.006.650

Deduções da receita bruta 14.680 22.843 39.353 58.709 75.700

Receita operacional

líquida

253.698 342.061 535.989 792.150 930.950

Custo dos produtos

vendidos

151.104 204.428 322.321 476.672 563.950

Resultado operacional

bruto

102.594 137.633 213.668 315.478 367.001

Despesas operacionais 98.792 114.616 130.544 134.599 150.836

Resultado operacional

antes do IRPJ e CSLL

3.802 23.017 83.125 180.879 216.164

IRPJ e CSLL – 133,50 581,87 1.266,16 1.642,85

Lucro líquido 3.802 22.884 82.543 179.613 214.521

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.8.3 Fluxo de caixa

O fluxo de caixa demonstra o montante de recursos efetivamente gerado pelas operações da

empresa, desconsiderando gastos que não resultam desembolsos reais para a empresa. Para a

Econista, o fluxo de caixa consolidado é dado conforme a tabela a seguir:

Tabela 19 – Fluxo de caixa

2017 2018 2019 2020 2021

Fluxo de caixa R$ 8.232 R$ 27.314 R$ 86.973 R$ 184.043 R$ 218.951

Fonte: Elaborado pela autora

77

4.2.8.4 Indicadores financeiros

A taxa interna de retorno, para o período de três anos, será de 59.6%. O indicador leva em

consideração este período, pois conforme estipulado como premissa, ao final de três anos novos

investimentos deverão ser realizados por conta da vida útil das máquinas e equipamentos

considerados nas operações.

O prazo de retorno do investimento calculado é de aproximadamente dois anos. Já o ponto de

equilíbrio para o negócio, dado em quantidade, é determinado para cada ano como segue:

Tabela 20 – Ponto de equilíbrio: em quantidade

Ano Preço de

venda unit.

Custo

variável unit.

Margem de

contribuição Custo fixo Breakeven

2017 R$ 70 R$ 34 R$ 37 R$ 8.233 226

2018 R$ 74 R$ 35 R$ 39 R$ 9.568 247

2019 R$ 77 R$ 37 R$ 40 R$ 11.186 276

2020 R$ 81 R$ 38 R$ 42 R$ 11.554 273

2021 R$ 84 R$ 40 R$ 44 R$ 12.939 293

Fonte: Elaborado pela autora

Em relação a faturamento, o ponto de equilíbrio para cada ano torna-se:

Tabela 21 – Ponto de equilíbrio: em faturamento

Ano Receita Custo

variável

Índice da mg.

de contr. Custo fixo Breakeven

2017 R$ 268.378 R$ 128.438 0.52 R$ 8.233 R$ 15.789

2018 R$ 364.904 R$ 173.764 0.52 R$ 9.568 R$ 18.266

2019 R$ 575.343 R$ 273.973 0.52 R$ 11.186 R$ 21.354

2020 R$ 850.859 R$ 405.171 0.52 R$ 11.554 R$ 22.058

2021 R$ 1.006.650 R$ 479.357 0.52 R$ 12.939 R$ 24.702

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.8.5 Análise de sensibilidade

A análise financeira foi elaborada com base na premissa de que a empresa terá, nos dois primeiros

anos, uma participação no mercado de 0.15%, passando a 0.20% no terceiro ano e 0.25% nos dois

anos subsequentes.

No entanto, é importante avaliar diferentes tipos de cenários para que seja possível estimar o

impacto do market share no lucro da empresa. Esta análise é relevante para que a empresa,

78

inclusive, decida quais estratégias de marketing adotar para garantir participações cada vez mais

expressivas.

A análise de sensibilidade revelou diferentes cenários para o faturamento anual da empresa ao

longo dos anos considerados, ilustrados pelas tabelas a seguir.

Tabela 22 – Análise de sensibilidade: faturamento 2017 e 2018

2017 2018

0.05% R$ 89.459 R$ 121.635 0.10% R$ 178.919 R$ 243.269 0.15% R$ 268.378 R$ 364.904 0.20% R$ 357.837 R$ 486.539 0.25% R$ 447.297 R$ 608.173

Fonte: Elaborado pela autora

Tabela 23 – Análise de sensibilidade: faturamento 2019

2019

0.10% R$ 287.671 0.15% R$ 431.507 0.20% R$ 575.343 0.25% R$ 719.178 0.30% R$ 863.014

Fonte: Elaborado pela autora

Tabela 24 – Análise de sensibilidade: faturamento 2020 e 2021

2020 2021

0.15% R$ 510.516 R$ 603.990 0.20% R$ 680.687 R$ 805.320 0.25% R$ 850.859 R$ 1.006.650 0.30% R$ 1.021.031 R$ 1.207.981 0.35% R$ 1.191.203 R$ 1.409.311

Fonte: Elaborado pela autora

Com os dados dos faturamentos obtidos, são desenhados quatro cenários alternativos para o

investimento, com as seguintes combinações de market share:

Tabela 25 – Cenários alternativos

2017 2018 2019 2020 2021

Cenário 1 0.10% 0.10% 0.10% 0.15% 0.15%

Cenário 2 0.10% 0.15% 0.15% 0.15% 0.20%

Cenário 3 0.15% 0.20% 0.20% 0.25% 0.25%

Cenário 4 0.20% 0.25% 0.25% 0.30% 0.25%

Fonte: Elaborado pela autora

79

Os valores de lucro líquido obtidos para os diferentes cenários analisados têm os comportamentos

conforme definido pelo gráfico a seguir.

Gráfico 21 – Cenários alternativos

Fonte: Elaborado pela autora

Para os cenários delineados, os prazos de retorno do investimento tornam-se:

Tabela 26 – Payback: cenários alternativos

Payback

Cenário 1

4 anos e 5 meses

Cenário 2 2 anos e 11 meses

Cenário 3 1 ano e 5 meses

Cenário 4 11 meses

Fonte: Elaborado pela autora

-27.766 -20.939 -19.768

72.957 22.884

32.024

57.619

146.723

3.802

68.495 82.543

179.613

38.000

110.466

135.586

235.839

214.521

-50.000

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4

80

81

5 CONCLUSÕES

Este trabalho apresentou um plano de negócio para uma marca de moda sustentável, cuja proposta

é comercializar camisetas confeccionadas a partir de tecidos de reuso por meio de loja virtual.

Para estudar a viabilidade econômica do negócio, diversas premissas foram adotadas e foi feita

uma análise de sensibilidade variando-se a participação de mercado da empresa para investigar

diferentes cenários que possam ocorrer alternativamente ao esperado. Os cenários considerados

pessimistas em relação ao pretendido têm a possibilidade de ocorrer devido aos riscos associados

ao negócio.

De acordo com Porter (2008), a intensidade de competição em um mercado torna-se maior quando

existem muitos concorrentes aproximadamente iguais em tamanho e poder e, como foi visto e

discutido anteriormente, o mercado de vestuário no Brasil conta com mais de 90% de empresas

consideradas de micro e pequeno portes. A análise SWOT efetuada propôs, ainda, ameaças como

a entrada de novos concorrentes e o consequente aumento da já elevada competitividade do

mercado. Para o caso de estas proposições se consolidarem, há o risco de a empresa perder

participação para concorrentes e ficar à mercê, portanto, exclusivamente do crescimento do

mercado, podendo ver seu lucro líquido diminuir significativamente, como mostrado pelo quarto

cenário entre os anos de 2020 e 2021, por exemplo. Além disso, há, ainda, o risco dos novos

concorrentes trazerem para a indústria novas capacidades ou pressionarem fatores como preço,

custos e taxas de investimento para competir.

Outros riscos associados ao negócio podem ser identificados internamente às operações da

empresa. Para o plano de negócio delineado, os tecidos de reuso usados como matérias-primas das

camisetas serão adquiridos em um banco de tecidos, que atua como canal intermediário entre as

fábricas têxteis tradicionais, fornecedoras de tecidos e consumidores pessoa física ou jurídica.

A dependência de um pequeno número de fornecedores também traz um risco elevado ao negócio,

pois caso a empresa seja incapaz de repassar aos consumidores os eventuais aumentos de preços,

pode ver, mais uma vez, suas margens de lucro caírem expressivamente. É importante, então, que

o negócio busque diversificar o grupo de fornecedores de insumos, diminuindo a dependência de

um determinado grupo. Uma consideração que a empresa já analisa é a possibilidade de estabelecer

82

vínculos diretamente com fábricas que possuam retalhos a comercializar, a fim de diminuir o seu

custo de aquisição de matéria-prima e, consequentemente, seu custo de venda de mercadorias.

Outro ponto a se considerar, ainda em relação às operações, refere-se à premissa adotada de que

85% de todo vestuário produzido será efetivamente vendido. Este número reflete o cenário de que

o produto será bem aceito pelos consumidores no mercado, tendo em vista a pesquisa que foi

realizada com potenciais clientes, mencionada anteriormente no corpo do trabalho. Entretanto, há

o risco deste percentual não ser atingido e que haja necessidade, então, de adequação do volume

de pedidos junto aos fornecedores.

A equipe de gestão considera que o cenário proposto realista condiz com o desenvolvimento

esperado para o curto prazo da empresa, uma vez que o objetivo principal será de estabelecer o

nome da marca no mercado. Como próximos passos, a equipe pensará em ações para alavancar a

marca, criando uma boa reputação e transformando-a em uma referência no mercado de moda

sustentável.

Para isto, uma possível ação a ser tomada nesta direção será de procurar formar parcerias com

marcas já consagradas no mercado da moda para o lançamento de produtos ou coleções em

conjunto, de forma que estas parcerias tragam benefícios para ambos os lados. Para a Econista será

uma oportunidade de expandir significativamente sua participação no mercado e para a marca

parceira será a possibilidade de associar seu nome à sustentabilidade, que, conforme defendido

neste trabalho, terá uma forte influência sobre os padrões de consumo em um futuro próximo.

Para este segundo momento proposto, o plano de negócio deverá ser revisto e reavaliado, com o

objetivo de que as premissas sejam refinadas e adequadas a um novo modelo de negócio que servirá

de base para que a equipe consiga captar recursos de outros investidores e alavancar suas operações.

83

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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87

7 APÊNDICE A – SUMÁRIO EXECUTIVO

O CONCEITO DO NEGÓCIO

A ideia da Econista surgiu com a percepção do crescente movimento de conscientização da

importância da sustentabilidade como fator transformacional de padrões de consumo. A empresa

pretende comercializar camisetas confeccionadas a partir de tecidos de reuso, trazendo para o

consumidor a possibilidade de ser agente de um movimento que visa alertar a população sobre a

quantidade de lixo têxtil que é destinada aos aterros e seus danos ao meio ambiente. As camisetas

serão vendidas por meio de loja virtual e entregues aos consumidores em todo o território nacional,

embaladas em latas de alumínio reutilizáveis. As etiquetas da marca serão feitas em papel semente,

incentivando que os consumidores utilizem a lata para, por exemplo, cultivar mudas de hortaliças

para consumo de alimentos mais saudáveis.

A manufatura das camisetas será terceirizada e o valor cobrado por cada camiseta será,

inicialmente, de R$70 sendo o frete não incluso. Para promover o produto no mercado, a empresa

irá estimular os consumidores a divulgarem a marca em suas redes sociais, por meio de campanhas

virtuais e esporadicamente irá investir em parcerias com pessoas influentes no meio digital, como

blogueiras e outros jovens influenciadores. O público-alvo do negócio é composto por jovens entre

18 e 34 anos, que anseiam em fazer parte de uma comunidade orientada para um bem comum.

MERCADO E COMPETIDORES

O varejo de moda brasileiro movimenta anualmente cerca de R$150 bilhões, sendo o potencial de

captura online de aproximadamente 10% e de conversão em receita de 2%. A categoria de moda é,

atualmente, líder em pedidos, representando 14% do comércio eletrônico, ou quase 15 milhões de

pedidos. O número de pessoas conectadas no Brasil já corresponde a 60% da população, sendo a

classe C a mais representativa, com 54% do total. As classes A/B correspondem juntas a 36% e as

classes D/E a 10%.

O mercado brasileiro de vestuário é extremamente fragmentado, com 97% das empresas

consideradas de porte micro ou pequeno e estão localizadas predominantemente nas regiões

Sudeste (49.4%) e Sul (27.7%). O mercado de camisas, camisetas e regatas corresponde a 40% de

todo o vestuário comercializado no país, sendo a classe B a que mais consome. Devido à

88

característica de ser um mercado altamente pulverizado, para sobreviver e performar bem neste

setor, as empresas devem buscar algum tipo de diferenciação, visando suprir as necessidades de

um determinado nicho de mercado. Levando-se isto em consideração, a opção de oferecer

camisetas com proposta sustentável é interessante, além do fato de 39% da população brasileira

mostrar-se disposta a comprar produtos que não agridam o meio ambiente.

EQUIPE DE GESTÃO

A equipe de gestão é um dos pontos fortes da Econista, sendo composta por três profissionais, com

formação em diferentes áreas e, portanto, com expertises diferentes. A equipe é constituída por

uma estilista, uma economista e uma engenheira de produção que, apesar de não terem todas ampla

experiência no mercado de moda, têm motivação para gerar resultados positivos e alcançar

participação de mercado expressiva para o empreendimento.

MARKETING E VENDAS

A estratégia de marketing adotada pelo negócio visa ganhar participação no mercado de forma

rápida. Por ser um mercado altamente fragmentado, a estratégia espera atingir 0.15% de

participação nos dois primeiros anos, passando para 0.20% no terceiro ano e 0.25% nos dois anos

subsequentes.

Com isto, a empresa pretende atingir uma taxa composta de crescimento anual de aproximadamente

40%. Para alcançar este objetivo, a Econista investirá crescentemente em propaganda e marketing,

representando este investimento, em média, 24% do orçamento para as despesas operacionais da

empresa.

ESTRUTURA E OPERAÇÃO

A empresa detém uma estrutura funcional enxuta, favorecendo o estilo de gestão prático e ágil. As

três sócias ocupam cargos administrativos-financeiros e operacionais. No entanto, haverá uma

quarta funcionária para ajudar nas tarefas diárias e será oferecida a possibilidade de sociedade se o

negócio vier a crescer.

O escritório comercial da empresa será localizado em região nobre de São Paulo, na Avenida

Paulista, número 2.001, perto de demais centros empresariais, em espaço físico de 31m2. Este

89

espaço contará com duas salas, sendo uma destinada aos funcionários para criação das coleções e

gestão do negócio e outra para estoque dos produtos a serem comercializados.

ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO

A análise dos ambientes interno e externo mostram-se favoráveis ao negócio da Econista, devido,

principalmente ao modelo de negócio adotado pela empresa, ao crescente movimento de

conscientização acerca de práticas de consumo mais sustentáveis e do contínuo aumento da renda

da população e do número de pessoas com acesso à internet no Brasil.

Para crescer e aumentar a sua participação no mercado, a empresa pretende se alavancar em

campanhas promocionais na internet, estabelecer parcerias com influenciadores digitais e

promover ações para fidelização e recompensa de clientes que a ajudem na divulgação da marca.

Estas ações serão realizadas de forma contínua, sendo apenas a participação em eventos de forma

esporádica.

PLANO FINANCEIRO

A implantação do site com a loja virtual, assumindo as premissas estabelecidas, resultará em um

negócio de alta rentabilidade e retorno rápido para os acionistas, se comparado às diversas

oportunidades financeiras existentes no mercado. A taxa interna de retorno calculada é de 59.6% e

o prazo de retorno do investimento de aproximadamente dois anos. O investimento inicial será de

R$37.274,71 e as projeções esperadas para o lucro líquido no curto prazo são, em reais:

Tabela 27 – Previsões dos resultados financeiros: resumo

2017 2018 2019 2020 2021

Lucro líquido 3.802 22.884 82.543 179.613 214.521

Margem 1.5% 6.7% 15.4% 22.7% 23.0%

Fonte: Elaborado pela autora

90

91

8 APÊNDICE B – PESQUISA DE MERCADO

A pesquisa para a análise da oportunidade foi conduzida por meio da ferramenta SurveyMonkey. O

questionário aplicado e os resultados obtidos são reproduzidos abaixo.

92

Gráfico 22 – Respondentes: quebra por gênero

Gráfico 23 – Respondentes: quebra por faixa etária

43,94%

56,06%

Masculino Feminino20,60%

17,20%

26,47%

31,38%

4,35%

49 ou mais

39 a 48

29 a 38

19 a 28

Até 18

Gráfico 24 – Respondentes: quebra por consumo

Gráfico 25 – Respondentes: motivos para o não

consumo

Gráfico 26 – Respondentes: quebra por

estabelecimento

Gráfico 27 – Respondentes: quebra por renda

19,25%

58,87%

21,89%

Sim Não Não sei o que é isso 10,38%

38,44%

42,22%

8,96%

Outro

Não penso em

sustentabilidade

Não sei onde comprar

É mais caro

4,15%

2,45%

6,98%

22,08%

64,34%

Outro

Brechós

Internet

Lojas de rua

Shopping centers

Acima de 15

De 10 a 15

De 5 a 10

De 1 a 5

Até 1 salário

94

95

9 APÊNDICE C – DETALHAMENTO DO CÁLCULO DO CAPITAL DE GIRO

A) Estimativa do estoque inicial

Item Descrição Previsões

Quantidade Preço de compra Total (R$)

1 Camisas 15 33,5 502,50

Total (A) – Estoque inicial 502,50

B) Caixa mínimo: 1°. Contas a receber – Cálculo do prazo médio de vendas

Prazo médio de vendas % Vendas Número de dias Média ponderada em dias

A prazo 100 30 30

Subtotal 1 – Prazo médio de vendas 30

B) Caixa mínimo: 2°. Contas a pagar – Cálculo do prazo médio de compras

Prazo médio de compras % Compras Número de dias Média ponderada em dias

À vista 20 0 0

A prazo 80 30 24

Subtotal 2 – Prazo médio de compras 24

B) Caixa mínimo: 3°. Estoques – Estimativa do prazo médio de estoques

Número de dias (subtotal 3) 15

96

B) Caixa mínimo: 4°. Cálculo da necessidade líquida de capital de giro

Número em dias (Subtotal 1 + Subtotal 2 + Subtotal 3) 21

B) Caixa mínimo: 5°. Cálculo do desembolso total diário

Levantamento do desembolso mensal:

Pagamento custo fixo 8.232,66

Pagamento impostos 1.223,36

Desembolso total mensal da empresa 9.456,02

Desembolso total diário (desembolso total mensal/30) 315,20

B) Caixa mínimo: 6°. Cálculo do caixa mínimo

Caixa mínimo (Resultado do 4o. passo x 5o. passo) 6.619,21

C) Capital de Giro

Capital de giro (Estoque inicial (A) + Caixa mínimo (B)) 7.121,71