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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO - UNESC Andressa da Silva Antonio Honorato Bárbara Stella Holz Vieira Franciele de Oliveira Karla Lorena Botelho Gouveia Maisa de Aguiar Pereira Nagla Pancieri Mulinari Rafaela Rodrigues Mulinari Renata Oliveira Costa Rusley Medeiros Wesllaine Rodrigues Jean Jacques Rousseau: da inocência natural à Sociedade Política

Jean Jacques Rousseau

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO - UNESC

Andressa da Silva

Antonio Honorato

Bárbara Stella Holz Vieira

Franciele de Oliveira

Karla Lorena Botelho Gouveia

Maisa de Aguiar Pereira

Nagla Pancieri Mulinari

Rafaela Rodrigues Mulinari

Renata Oliveira Costa

Rusley Medeiros

Wesllaine Rodrigues

Jean Jacques Rousseau: da inocência

natural à Sociedade Política

SERRA

2011

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Sumário

1. Introdução.2. Vida e obra de Jean-Jacques Rousseau.

2.1. Vida2.2. Obras

3. Ficção é hipótese: reconstrução do surgimento da vida social.4. Benção e maldição: dois momentos do estado de natureza.5.  Momento de decadência.6. O homem é bom, a sociedade o corrompe: da inocência natural à

decadência social.7. Da decadência à redenção: o contrato social e a sociedade política.8. Homem desnaturado e vontade geral: soberania e cidadania.

9. Trechos e frases.10.Cronologia.11.Conclusão.12.Referências bibliográficas.

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1. Introdução

Jean-Jacques Rousseau fundou no século XVIII, tradições, inspirou revoluções, mudou a forma de pensar do mundo, os homens e as instituições. Enfim, legou aos séculos que se seguiram novas maneiras de organização política. Estado, povo e soberano passaram a ser tratados como sinônimos, e dessa abordagem, então, surgiram novas percepções sociais, políticas e jurídicas: a teoria constitucional assim como a elaboração das constituições passaram a ter como parâmetro, a construção da sociedade política, a vontade geral e a tarefa especial do legislador. O governo, até então nas mãos de um soberano corporificado na figura do rei, passou a ser o empregado do povo, este sim, um corpo moral e político, o verdadeiro soberano que constituiu o Estado.

A filosofia política de Jean-Jacques Rousseau, apesar de ter mais de duzentos anos de idade, permanece atual, viva e vibrante. Nas palavras de Ernest Cassirer:

De um movimento que continuamente se renova, um movimento de tal força e paixão que parece quase impossível, diante dele, refugiar-se na quietude da contemplação histórica ‘objetiva’. Constantemente ele se impõe a nós e de modo constante nos arrasta consigo”.

A Obra de Rousseau transcende as experiências de seu autor. Transcende o tempo em que foi escrita e se apresenta como ponto de partida para a reflexão sobre a vida em sociedade hoje e sempre.

2. Vida e obra de Jean-Jacques Rousseau.

2.1. VIDA:

Jean Jacques Rousseau nasceu em 1712 em Genebra, Suíça. Sua mãe faleceu logo após, deixando-o aos cuidados do pai. Filho de Isaac Rousseau, joalheiro, calvinista e não pertencia a aristocracia.

Desde muito cedo Rousseau dedicava-se a leitura, quando mais jovem, foi entregue ao seu tio materno, pois seu pai tinha falecido e foi enviado a cidade de Bossey, onde prosseguiu seu processo de educação na casa do pastor Lambercier.

Viveu com Thérese desde 1745 e com quem se casou-se em 1768 e abandonou os filhos em um orfanato e morreu aos 66 anos em 1778.

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Rousseau teve grande influencia do protestantismo calvinista em sua formação cristã, o que foi um dos grandes fatores que o fez discutir e se indispor com os pensadores iluministas, ao contrario de seus contemporâneosele não negava a existência de um Deus que regia o universo. Seu maior antagonista foi Voltaire.

Também descobriu sua paixão pela musica, chegou até escrever um novo sistema de notação musical mais foi rejeitado pela academia, mas ao poucos foi se descobrindo um escritor e mais adiante um dos maiores pensadores da sua época.

2.2. OBRAS:

Rousseau fez colaborações com verbetes sobre musica e ao Discurso sobre economia e politicana Enciclopédia.

Na sua obra O discurso sobre Ciências e as Artes onde ele deu inicio a sua reflexão sobre os relacionamentos humanos em sociedade que o fez dele um dos mais complexos pensadores da época. Essa obra foi premiada pela Academia de Dijion.

Emílio e O Contrato Social foram obras proibidas e queimadas nos grandes centros europeus. O ápice para a condenação dessas obras foi a resposta à carta do arcebispo de Paris, onde Rousseau defendia-se das acusações do arcebispo.

EMÍLIO discutia as bases da educação apontando, como cenário do processo educador, o mundo publico. O CONTRATO SOCIAL ele descreveu a sociedade movida pela vontade geral e ressalta a importância da educação para a instauração e manutenção da soberania. Ambas as obras Rousseau tinha com base no conhecimento de como foi estabelecida a vida social, reformular os valores humanos e por fim propor a reconstrução das relações sociais em acordo com a natureza humana. Foram criadas em resposta ao tema do concurso da Academia de Dijion: “Qual a origem da desigualdade entre os homens e será ela permitida pela lei natural?”e em sua obraO Discurso sobre a Desigualdade, ele sustentou que a desigualdade não é autorizada pela lei natural. Ao contrário, ela decorre da historia e é a fonte absoluta de todos os males sociais. Com certa ironia, escreveu:

Considerando aquilo em que nos teríamos tornado se tivéssemos sido abandonados a nós mesmos, devemos aprender a bendizer aquele cuja a vida benfazeja, corrigindo nossas instituições e dando-lhes uma posição estável, preveniu as desordens que deveriam resultar delas e fez com que de nossa felicidade nascessem os meios que pareciam dever acumular nossas misérias (Rousseau, 1978a, p.232)

Rousseau também escreveu diversas obras sobre notações musicas como, Projeto para uma Nova Notação Musical, peças teatrais e óperas como,

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Narciso, O adivinho da aldeia, sobre educação ecartas e projetos políticos como Cartas da Montanha em resposta a Cartas ao Campo de Tronchin e as Considerações sobre o Governo da Polônia. No fim de sua vida ele se dedicou as obras introspectivas, nas quais analisou sua vida e suas obras: Confissões, Rousseau juiz de Jean-Jacques e o inacabado Devaneios de um Caminhante solitário.

3. Ficção é hipótese: reconstrução do surgimento da vida social.

Jean-Jacques faz parte da escola Jusnaturalista moderna. Assim como Thomas Hobbes e John Locke, Rousseau fez uso do método Jusnaturalista com base no qual é possível reconstruir,racional,ficticiamente,a história da humanidade,pensando os homens em um momento histórico impreciso,imaginariamente originário,no qual as relações sociais ainda não teriam sido instituídas.Em outras palavras,os Jusnaturalistas modernos propunham a análise do homem natural- sem a coação de laços sociais- como base para o entendimento dos problemas da sociedade moderna na qual viviam.

O método racional utilizado por Rousseau para analisar a trajetória humana- desde os primórdios na natureza até a situação degradada da sociedade civil consistia em reconstruir, hipoteticamente, o passado originário do homem e compreender por que ele abandonara suas características instintivas naturais e passara a se relacionar socialmente co outros de sua espécie,criando vínculos que acabaram por escravizá-lo e afastá-lo de sua verdadeira natureza humana e,fundamentalmente,da felicidade natural.

Toda a obra de Rousseau, além de oferecer ao leitor chance de usar a imaginação, convida-o a raciocinar sobre a ‘ficção’ e ‘hipótese’ e confrontá-las comas situações concretas que o ambiente social de sua época presente: ‘Comecemos,pois, pó afastar todos os fatos,pois eles não se prendem à questão.Não se devem considerar as pesquisas(...)como verdades históricas,mas somente como raciocínios hipotéticos e condicionais,mais apropriados a esclarecer a natureza das coisas do que mostrar a verdadeira origem(..)’’ (Rousseau,1978ª,p.236).

Rousseau busca separar o que há de ‘’original’’ na natureza humana do que há de ‘’artificial’’ de modo a descobrir a lei natural e verificar se a desigualdade entre os homens é por ela legitimada:

(...) não se constitui empreendimento trivial separar o que há de originam e de artificial na natureza atual do homem,e conhecer com exatidão um estado que não existe,que talvez nunca tenha existido,que provavelmente jamais existirá,e

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sobre o qual se tem,contudo, a necessidade de alcançar noções exatas para bem julgar de nosso estado presente’’.(Rousseau,p.228-229)

Há de se imaginar um mundo habitado por seres que somente se relacionam dentro dos limites impostos peãs necessidades naturais: o ‘’estado de natureza’’.

Deve-se,imaginar que a falta de vínculos não signifique violência,mas simplesmente o isolamento.O homem assim originalmente,concebido,não precisa e não conhece a sociedade.o homem se relaciona instintivamente coma natureza e dela retira u sobrevivência.Os vínculos sociais,além de inexistentes,não são necessários.E, mesmo isolado,o homem vive feliz,naturalmente em pás,totalmente de acordo com sua natureza, No estado de natureza,portanto,o homem é ‘’bom’’ por que não conhece o ‘’mau’’.

Rousseau em um diálogo com Hobbes, afirma que a falta de bondade não significa que haja maldade na natureza humana.E se viesse a ferir a outrem,o ato seria totalmente amoral e instintivo,já que não haveria noções de virtudes e vícios: eis o ‘’bom selvagem’’.

Sabe-se que a dictonomia natural/artificial é essencial na obra de Rousseau e é o que condiciona a natureza e comportamento humanos:

A extrema desigualdade de maneira de viver; o excesso de ociosidade de uns; o excesso de trabalho de outros; a facilidade de irritar e de satisfazer nossos apetites e nossa sensualidade;os alimentos muito rebuscados dos ricos(...);a má alimentação dos pobres; (...) as almas são perpetuamente corroídas são todos indícios funestos de que a maioria de nossos males é obra nossa e que teríamos evitado quase todos se tivéssemos conservado a maneira simples,uniforme e solitária de viver,prescrita pela natureza.Se ela nos destinou a sermos sãos,ouso assegurar que o estado de reflexão é um estado contrario à natureza e que o homem que medita é um ser depravado. (Rousseau. 1978ª, p.240-241).

Para Rousseau (1978ª, p.241), ’’se faria a historia das doenças humanas seguindo a das sociedades civis’’ e deve-se atentar para não ‘’confundir o homem selvagem com os homens que temos diante dos olhos’’.

4. Benção e maldição: dois momentos do estado de natureza.

Estado de natureza é a expressão usada para definir uma situação na qual os homens viveriam apenas de acordo com sua razão, seus instintos, desejos e guiados por direitos naturais.

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Para Rousseau – diferentemente de Thomas Hobbes e John Locke – o estado de natureza divide-se em dois momentos, o primeiro dos quais seria:

-o locus:(expressão latina que designa a paisagem ideal/Natureza.)No qual a felicidade humana se constituiria plenamente.

-“O BOM SELVAGEM” é o Habitante do primeiro momento.

No primeiro momento do estado natureza os homens teriam vivido isoladamente, de acordo com seus instintos: sem indústria, sem palavra, sem domicílio, sem guerra e sem ligação, sem qualquer necessidade de seus semelhantes, sem desejar prejudicá-los e muitas vezes sem reconhecê-los, e bastando-se a si mesmo, não possuía senão os sentimentos e as luzes próprias desse estado, no qual só sentia suas verdadeiras necessidades, só olhava aquilo que acreditava ter interesses de ver, tudo que se descobria, não passava-se adiante.A assim as gerações multiplicavam inutilmente e, séculos adiante com toda grosseira das primeiras épocas.

Acreditava-se que todas as necessidades do homem eram supridas na natureza, se comparando aos animais, tendo muitas vezes vantagens sobre os mesmos. Ex. Sua alimentação

A inexistência, nesse momento, de relações sociais, religiosas, éticas, afetivas, familiares ou quaisquer outras, impediam a coação, e os homens não se obrigavam a nada nem deviam obediência a ninguém a não ser à própria razão.

RACIONALIDADE: mais importante característica, do homem rousseauniano.

Sendo a razão antecedida por 2 princípios da moral natural, que segundo Rousseau, caracterizando a natureza humana, influenciam diretamente na conformação do homem moral:

Principio Conservação: surgiria, juntamente com o desenvolvimento das relações socias, o egoísmo.- o homem, que buscando conservar-se a si mesmo, não necessariamente faria mal aos outros (“amor de si”).

Principio da Piedade:o altruísmo. (o homem pode ser - e é - bom e generoso naturalmente, sem necessidade de intervenções sobrenaturais ou divinas.)

Há porem de se ressaltar que o instinto de conservação é balizado (separado) pelo de piedade, e o conflito nunca se estabelece como retaliação (vingança).Da combinação da conservação com a piedade surgem as regras do direito natural, ressaltando que a piedade equilibra e compensa o instinto de conservação, de onde se conclui o amoralismo do mundo natural.

A piedade representa um sentimento natural, nos faz, sem reflexão, socorrer aqueles que vemos sofrer: ela no lugar de natureza, ocupa o lugar das leis, dos

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costumes, das virtudes,com vantagem de ninguém se sentir-se tentado a desobedecer `à sua doce voz.

Outras características do ser que habita o estado de natureza são a:

Liberdade - ninguém é obrigada a fazer ou deixar de fazer.Entenda-se a natural: se não há regras é porque não há subordinação de ninguém a nada-não existem vínculos- então todos são livres.

Igualdade: se não há nada que os limitem ou diferencie, não tem como diferenciá-los.

Com a junção dos dois conceitos é possível dizer que o homem, vivendo em estado de natureza, é livre como qualquer outro e todos os “direitos naturais” dos quais pode gozar são, também, igualmente aplicáveis a todos is seres humanos.Finalmente podemos afirmar, todos te, naturalmente direito a tudo.Todos são seus próprios soberanos.

A partir do reconhecimento da liberdade e da igualdade no estado de natureza fez com que Rousseau passasse a abordar o homem já não apenas fisicamente, mas considerando-o em seu aspecto metafísico e moral.

5.  Momento de decadência.

CAUSA: o surgimento da linguagem pela ausência e presença da educação. A base para a formulação da idéia de progresso - a instituição da sociedade como estágio decadente do estado da natureza - esta no conceito de ocaso, liberdade e perfectibilidade.

 Embora Rosseau não considera perfectibilidade e sim devassidão. Dent traduz ser a experiência, o fim de um algo e que traz a existência da mudança de estado (primeiro estado natural para o segundo), para a decadência.

 Para Dent (1996), tais capacidades significam benção e maldição. Por causa do livre arbítrio e da perfectibilidade, pôde o homem experimentar adaptar a situações que jamais aconteceria se  ocaso não o tivesse colocado em relação com outros homens. è um momento de transição de estado pacífico feliz, sem vínculo social,  para o outro com relações baseadas nas diferenças.

O primeiro estado do homem, em comum com os animais, querer e não querer, desejar e temer, serão as primeiras e únicas operações de sua alma, ate que novas circunstâncias  nela determinem novos desenvolvimentos. O ocaso e as paixões que alimentam a razão. A perfectibilidade, as virtudes sociais e outras faculdades possibilitando o aperfeiçoamento do homem, são as circunstâncias que apresentariam o progresso.

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O ocaso seria a circunstância que apresenta o homem ao progresso e, consequentemente infelicidade: a a natureza cuidou de reunir oa homens com pouco cuidado por meio das necessidades mútuas. (Rosseau, 1978).

A natureza do progresso, necessidades não-mútuas, por acaso facilitou o uso da palavra e  preparou sua mal sociedade, pôs pouco de si para estabelecer seus laços. (Rosseau, 1978). As relações sociais acontecem inevitavelmente e, com elas, a sociedade errônea. è inevitavelmente o acontecimento das relações sociais, a socialidade baseada no amor próprio.Quem alimenta a razão é o ocaso e as paixões.

O uso da palavra, proporcionado pela natureza por ocaso, prepara aos homens mal sociabilidade e pouco de si em tudo que fizeram estabelecer seus laços.

AS RELAÇÕES SOCIAIS ACONTECEM, A SOCIABILIDADE BASEADA NO AMOR PRÓPRIO.

Proporcionou o "uso da palavra" (linguagem)  segundo momento do estado de natureza. Surge à linguagem, a propriedade e sociedade no discurso sobre a desiguadade, marco do início da decadência humana.

 De acordo com Rosseau , o homem só podia percorrer o tão grande intervalo do homem original só podia ser percorrido por meio da comunicação mais íntima, uso da persuação, " o grito da natureza foi a única de que necessitou antes".

 A necessidade de delimitar espaços surge de acordo com a aproximação da linguagem. Os fatores exógenos da natureza e convenções delimitam esse espaço.

FATOR EXOGÊNO: ordem, determinação pelo organismo sobre fatores externos.CONVENÇÕES: ajustes, determinação sobre o espaço, convencionado por mais indivíduos para determinação sobre os espaços determinados, concordado com outro individuo ou outros. 

" O verdadeiro fundador da sociedade civil  foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-sede dizer 'isto é meu' e encontrou pessoas socialmente simples, para acredita-lo. (ROSSEAU, 1973).Para Rosseau o segundo estado do homem, o de sociedade, impera a desigualdade e por isto é um estado de natureza decaído do mesmo; dado o conceito, desmente  Lock e Hobbes, pois esses jusnaturalistas concebiam a sociedade como fruto de um pacto.

6. O homem é bom, a sociedade o corrompe: da inocência natural à decadência social.

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Para Rousseau há dois tipos de desigualdade:Desigualdade Física (Natural): que é estabelecida pela natureza e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das desigualdades do espírito e da alma. E a desigualdade política ou moral, pela qual a sociedade se baseia. Desigualdade política se fundamenta no poder, no status e no dinheiro. Todas essas diferenças, políticas, sociais e econômicas são negativas e acaba trazendo a infelicidade e a vida na aparência segundo Rosseau.

“O homem guiado pelo amor-próprio corrompe-se; passa a ter o desejo de ser superior aos outros, aliena-se.”Quando cada ser humano começou a olhar o outro e a desejar ele próprio, a sociedade começou a se alienar, querendo ser melhor que todos. E a partir daí que começa surgi à vaidade e o desprezo pelo próximo.

“O homem civilizado, que vive em sociedade, é infeliz.” Rousseau não supõe que o homem moderno da cidade deva regressar às selvas ou habitar cavernas, mas que deva voltar à pura natureza de seu próprio ser humano contaminado pelas misérias da civilização.

O homem vive em desconformidade com a natureza humana, uma vez que o homem é naturalmente bom, nasceu bom e livre, a sua maldade e perversidade vem quando entra em contado com a sociedade. Citado por Rousseau como o “BOM SELVAGEM”.

Uma característica da natureza humana é a perfectibilidade e é isso que o difere dos demais animais, e por isso que desenvolver habilidades não seria um problema. E a partir daí que surge o ponto de reflexão de Rousseau que é à maneira de como esse desenvolvimento ocorreu: a perfectibilidade deveria ter conduzido os homens a se dedicarem ao bem geral, não as paixões e as desigualdades sociais.

7. Da decadência à redenção: o contrato social e a sociedade política.

Rousseau recorreu à perfectibilidade, à capacidade de adaptação e aperfeiçoamento do homem para resolver o problema aparentemente insolúvel da vida em sociedade. Eles iriam criar, juntando suas forças, uma forma eficiente de proteger e defender as pessoas.

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O Contrato Social se inicia com a constatação de que o homem encontra-se em estado de servidão: “o Homem nasce livre e por toda a parte encontrar-se a ferros”. Ele traz a proposta política de Rousseau para a boa sociedade. Nela, os homens poderiam recomeçar sua historia, reconstruindo-a, racionalmente e pela alienação da vontade de todos em prol da comunidade. Essa sociedade seria o modelo ideal de organização humana, levando-se em conta a natureza essencial ao homem e a consciência por ele adquirida ainda no estado de natureza.

O projeto político rousseauniano consistiu em propor reformas às instituições existentes, entre elas o homem, sem, contudo fazê-lo renunciar a liberdade. As reformas propiciam o pacto e, concomitantemente, são necessárias para a prevenção da sociedade constituída. A reforma política, que visaria criar o cidadão, ou homem desnaturado, estaria ligada à outra reforma, a da educação. Com base nas duas, o cidadão educado estaria apto a “encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado com a força comum, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si mesmo, permanecendo assim livre quanto antes” (Rousseau, 1978b, p. 32). Sem educar o cidadão de nada valem as reformas nas instituições.

A realização do contrato fundamental pressupõe, como visto, reformas nas instituições e nos seres humanos, pois não há sociedade política sem cidadãos e estes não existem enquanto houver resquícios da natureza degradada no homem. A natureza humana não retrograda e, portanto, em vez de “consertá-la”, Rousseau imaginava ser necessário alterá-la por completo.

8. Homem desnaturado e vontade geral: soberania e cidadania.

O Homem Desnaturado:

Jean Jacques Rousseau que pelo contrato social trouxe a integração do

homem em sociedade traz algumas idéias básicas para que haja a formulação

da sociedade no cunho pessoal, particular, da pessoa!

Dado isso, a vontade geral dar-se-á pela vontade geral, a partir do Homem

desnaturado; e daí, portanto, ter-se-á a soberania e a cidadania.

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O Homem Desnaturado significa, todavia, a reforma do Homem natural, privado

e mutável de forma que contém sua vontade pessoal e seu objetivo de amo-

próprio. Esse amor-próprio caracteriza-se pela idéia com que o Homem busca

suas escolhas baseados inteiramente naquilo que lhe proporcionará o Bem

pessoal, não sustentando a idéia do coletivo, do geral. Visto que, para o

nascimento de uma sociedade, será necessário a rigor ter-se a

desnaturalização do Homem, fazendo com que ele passe a estar objetivado

pelo coletivo e não mais pelo singular, pessoal.

Dado isso, Rousseau traz a seguinte afirmação:

“O que o homem perde pelo contrato social é a

liberdade natural e um direito ilimitado a tudo

quanto aventura e pode alcançar. O que com ele

ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo que

possui, a fim de não fazer um julgamento errado

dessas compensações, impõe-se distinguir entre a

liberdade natural, que só conhece limites nas

forças do indivíduo, e a liberdade civil , que se limita

pela vontade geral (...).

(...) o pacto fundamental, em lugar de destruir a

igualdade natural, pelo contrário substitui por uma

igualdade moral e legítima aquilo que a natureza

poderia trazer de desigualdade física entre os

homens, que, podendo ser desiguais na força ou no

gênio, todos se tornam iguais por convenção e

direito. (Rousseau, 1978b, p. 36 e 39)

Diante disso, o Homem Natural foi corrompido, resta-se, então, criar o cidadão,

que nada mais é que o Homem Natural desnaturado e reformado. Visto que, se

conservar a sua natureza não será possível aceitar a formulação de uma idéia

coletiva, dado pelos pressupostos supracitados.

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Por isso, caracteriza-se por cidadãos os Homens que conseguem perceber seu

papel social/coletivo, não se prendendo na visão unilateral, dada pela liberdade

pessoal, mas acredita que a igualdade é positivo para ele e para o outro. Desse

modo, não haveria o amor em si, mas o amor de grupo.

O povo Soberano nada mais é que a união, pelo pacto, entre os cidadãos. O

povo soberano se constitui, portanto, de homens conscientes do papel social

que devem desempenhar e que, pelo pacto, submetem-se a si próprios ao bem

comum. Visto que o pacto é a transformação de cada um numa parte de um

todo maior.

A liberdade no coletivo só pode ser preservada quando está ligada intimamente

com a vontade geral.

Enquanto o homem individual é tentado a

perseguir de acordo com o instinto natural,

egoísta, o seu interesse particular, o homem

social que nele existe, O CIDADÃO, procura e

QUER o interesse geral> trata-se de uma

busca toda moral feita no silêncio das

paixões: (Chevallier, 1986, p.164m adaptado)

Por isso, a vontade geral revela a Lei, ou seja, é pela pluralidade que é

possível encontrar o desejo do todo e daí expressá-lo pela lei. Visto que a

mesma é caracterizada pela sua generalidade, impessoalidade e inflexibilidade.

Essa lei, todavia, é gerenciada pelo soberano, e aquele que não o seguir

sofrerá as sanções necessárias por parte do mesmo e do todo.

Soberano:

É o responsável pela aceitação da lei elaborada pelo legislador com base na vontade geral. É dele a prerrogativa de sufragar o trabalho do legislador, mas é ao governo que atribui a execução e aplicação das leis aos casos concretos e particulares.

Governo : Democracia, Aristocracia, Monarquia .

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O governo é o depositário da confiança do povo, não existe por si mesmo, mas como “corpo intermediário” da vontade geral. Diferentemente do soberano, não surge do contrato, mas da obediência de todos ao corpo político.

Embora cada lugar possa servir um tipo de governo, o ideal é que haja equilíbrio das relações do todo com o todo, ou do soberano com o Estado. O governo recebe do soberano as ordens que dá ao povo e, para que o Estado permaneça em bom equilíbrio, é preciso que, tudo compensado, haja igualdade entre o poder do governo, tomado em si mesmo, e a potência dos cidadãos, que de um lado são soberanos e de outros súditos.

E qual é o melhor?

- O melhor tipo de governo é o aristocrático; e o pior tipo de soberania é a aristocrática. (Rousseau apud Jouvenel, 1980, p. 424) .

9. Trechos e frases.

"O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros . Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles."

"A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma de viver simples, uniforme e solitária que nos era prescrita pela natureza"

"O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer 'isto é meu' e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: 'Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém'"

"E quais poderiam ser as correntes da dependência entre homens que nada possuem? Se me expulsam de uma árvore, sou livre para ir a uma outra"

"A meditação em locais retirados, o estudo da natureza e a contemplação do universo forçam um solitário a procurar a finalidade de tudo o que vê e a causa de tudo o que sente"

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"A única instituição que ainda se constitui natural é a Família "

"O escravo não é propriedade do outro, mas não deixa de ser homem ".

"O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe."

"Mesmo quando cada um de nós pudesse alienar-se não poderia alienar a seus filhos: eles nascem homens e livres, sua liberdade lhes pertence e ninguém, senão eles, pode dispor dela. Antes de chegar à idade da razão, o pai pode, em seu nome, estipular as condições de sua conservação, do seu bem-estar, porém, não dá-los irrevogável e incondicionalmente porque um dom semelhante contraria os fins da natureza e sobrepuja os limites da finalidade paternal. Seria, pois, preciso para que um governo arbitrário fosse legítimo, que, em cada geração o povo fosse dono de aceitá-lo ou de rejeitá-lo; porém, então o governo não seria arbitrário."

Sobre o governo, que para Rousseau é "Um corpo intermediário entre os súditos e o soberano, para sua mútua correspondência, encarregado da execução das leis e da conservação da liberdade, tanto civil como política.", e a submissão do povo aos chefes [governantes] diz: "É somente um incumbência, um cargo, pelo qual simples empregados [governantes] do soberano [povo] exercem em seu nome o poder de que os faz depositários, e que ele pode limitar, modificar e reivindicar quando lhe aprouver."

"Se houvesse um povo de deuses, ele seria governado democraticamente. Um governo tão perfeito não convém aos homens.

10.Cronologia.

1712: Nasce em Genebra a 28 de junho Jean-Jacques Rousseau. Suzanne Bernard, mãe de Rousseau, morre em 7 de julho.

1719: Daniel Defoe publica Robinson Crusoé, uma das principais influências literárias de Rousseau.

1745: Une-se a Thérèse Levasseur, com quem tem cinco filhos, que são abandonados.

1749: Escreve o "Discurso sobre as Ciências e as Artes"

1755: Publica o "Discurso sobre a origem da desigualdade" e o "Discurso sobre a economia política".

1762: Publica Do Contrato Social em abril e o Emílio, ou Da Educação em maio.

Page 16: Jean Jacques Rousseau

1776: Escreve os Devaneios de um Caminhante Solitário. Declaração da Independência das colônias inglesas na América.

1778: Rousseau termina de escrever os Devaneios. Morre em 2 de julho e é enterrado em Ermenonville. Seus restos mortais foram traslados para o Panteão em 1794. Morte de Voltaire.

11.Conclusão.

Rousseau não busca retornar o homem a primitividade, ao estado natural, mas ele busca meios para se diminuir as injustiças que resultam da desigualdade social. Indica assim alguns caminhos: 

1.º - igualdade de direitos e deveres políticos ou o respeito por uma "vontade geral";

2.º - educação pública para todas as crianças baseadas na devoção pela pátria e austeridade moral.

3.º - um sistema econômico e financeiro combinados com os recursos da propriedade pública com taxas sobre as heranças e o fausto.

"É preciso estudar a sociedade pelos homens, e os homens pela sociedade: os que quiserem tratar separadamente da política e da moral nunca entenderão nada de nenhuma das duas"

Jean-Jacques Rousseau

Page 17: Jean Jacques Rousseau

12.Referência Bibliográfica:

Livro: CURSO DE CIÊNCIA POLÍTICA - 2ª EDIÇÃO – 2010 ( Capítulo 6)

LIER PIRES FERREIRA; RICARDO GUANABARA; VLADIMYR LOMBARDO JORGE.