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COLETIVO COLETORES TERRITÓRIOS E PAISAGENS

Inter Exos - Territórios e Paisagens - Coletivo Coletores - VAI 2 - 2014

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Inter Exos é a publicação que finaliza a Residência Artística Atelier Livre/Media Lab, projeto financiado pelo programa VAI 2 da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. O livro é composto por textos de Toni William Crosss, Flávio Camargo Seres, Aluízio Marino e Laurita Salles, com fotografias de Toni William Crosss, Daniela Cordeiro e Design de Flávio Camargo Seres.

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C O L E T I V O C O L E T O R E S

T E R R I T Ó R I O S E P A I S A G E N S

C O L E T I V O C O L E T O R E S

T E R R I T Ó R I O S E P A I S A G E N S

Patrocínio

Toni William Crosss Flávio Camargo Seres

Aluízio Marino Laurita Salles

Centro Cultural São Mateus em Movimento 2014

Edição 001

ISBN:978-85-68877-00-5

SUMÁRIO

INTER-EXOSTERRITÓRIOS E PAISAGENS 05Toni William Crosss

AQUI/ÁGORA 08Laurita Salles

COLETIVIDADE 13Aluízio Marino

INTERVENÇÕES 16

COLETORES-COLETAR 41Flávio Camargo Seres

AGRADECIMENTOS 45

FICHA TÉCNICA 47

CONTATOS 48

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I N T E R - E X O S TERR I TÓR IOS E PA ISAGENS

Ton i W i l l i am C rosss

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I N T E R - E X O S TERR I TÓR IOS E PA ISAGENS

Ton i W i l l i am C rosss

“Lidando com nada mais complexo que os limites do espaço humano.”Gordon Matta-Clark

Balizar as matrizes e as dinâmicas de uma determinada localidade é basica-mente o ponto inicial para um processo efetivo de interação social, se vê nessa confluência um caminho para o dialogo com as pessoas, seus lugares e suas histórias. A mediação que possibilita o aprofundamen-to dentro desse caminho pode ser entendi-da por uma navegação por entre aquilo que permeia e o que está à mostra, o contínuo e o instantâneo, sensível e visível e sobre tudo o Território e a Paisagem. O Território é dialeticamente uma edificação social, um campo que é interferi-do/convivido pela confluência entre técnica, natureza e cultura. Johan Huizinga tencio-na esse olhar em sua obra Homo Ludens, na qual, ao estruturar o conceito de jogo como base para cultura e a sociedade, partilha da ideia que os animais a sua maneira, também produzem instintivamen-te cultura e logo o território próprio de sua existência. Quando estendemos o principio de território para humanos, visualizamos uma problemática maior, pois, se pensarmos na técnica como elemento intrínseco ao mundo do trabalho, potencialmente encon-tramos nela um fator hierárquico efragmentador do campo, no qual, o traba-lho pode ser entendido não apenas como uma ferramenta de construção, mas, tam-bém uma ferramenta de organização desse campo, que pode ser compreendido como espaço: espaço de lazer, espaço de morar, espaço de trabalho, espaço educacional, espaço de fluxo, entre outros. Assim como Milton Santos expõe:

O espaço seria um conjunto de objetos e de relações que se realizam sobre estes objetos; não entre estes especificamente, mas para as quais eles servem de interme-diários. Os objetos ajudam a concretizar uma série de relações. O espaço é resul-tado da ação dos homens sobre o próprio espaço. Intermediados pelos objetos, natu-rais e artificiais. (SANTOS, 1988. p.71) O espaço pode ser entendido como a extensão de uma, duas, três e quatro di-mensões. Para a linha é um intervalo entre as palavras, para o som é o silêncio entre os ruídos e as notas, para a arquitetura é a passagem o movimento, para arte é a experiência; De modo sintético o espaço é o campo contextualizado. Discutir sobre o território é sobre tudo investigar os fenômenos que eclo-dem, tencionam, convivem e influenciam o cotidiano de um determinado espaço, é navegar pelas particularidades, regras, fronteiras e valores concebidos para parte de um espaço, um espaço único ou um agrupamento de espaços. Os fluxos de uma comunidade, métodos de construção, sua arte, valores, lazer, as referências materiais e imateriais, as relações familiares e sociais. Etimologicamente a palavra ter-ritório evoca a exploração da realidade de uma determinada sociedade sob o ponto de vista do terreno e suas extensões, porém, como a geografia não ocorre somente de maneira planificada, se fez necessário agregar outras matrizes para uma explo-ração consistente que também contemple seus possíveis desdobramentos. As águas, o espaço aéreo, as culturas, o trabalho, o trânsito, as relações, são apenas alguns dos elementos que servem como referência ao se aventurar por uma investigação do território. Nesse contexto se faz todo o sentido em envolver outras linhas de pes-quisa, que podem ir do campo do urbanismo, social, político, mercado,

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cultura e ainda dentro desse último módulo a arte. A atuação de artistas que pensam a cidade como ação, meio ou suporte se ajusta num anseio em instaurar diálogos e jogos com sua complexidade. Compreender e subverter suas regras, seus limites e fronteiras. É um meio de criar outras relações e estabelecer intercâmbios, dentro de uma zona que a priori se apre-senta cristalizada e segregada das demais. Mas que, após a experiência, o convívio e as interações, subsidiam relações e reflexões que permitem a criação de novas subjetividades coletivas, para além do olhar técnico-administrativo que domina o ordenamento de nossas cidades. É nesse caminho que podemos, por exemplo, conceber um olhar sobre a interação entre o território e a paisagem. Se o território se apresenta como uma plataforma multifacetada imbuída de valo-res que simultaneamente ocorre no tempo e contextualiza o espaço de uma forma continua e sensível, concomitantemente a paisagem veste toda multiplicidade do território e se expressa como a visualidade das contextualizações na comunhão entre o espaço e a sociedade. A paisagem é diferente do espaço. A primeira é a materialização de um instante da sociedade. Seria, numa compa-ração ousada, a realidade de homens fixos, parados como numa fotografia. O espaço resulta do casamento da sociedade com a paisagem. O espaço contém o movimento. Por isso, paisagem e espaço são um par dialético. Complementam-se e se opõem. (SANTOS, 1988. p.72) Milton Santos delineia um óbice fre-quente ao lidar com a complexidade, que é uma dificuldade ao se trabalhar a interdis-ciplinaridade enquanto se investiga o espa-ço; de acordo com o autor, conceitualmen-te o território e a paisagem se apresentam de formas particulares, entretanto, ambas são correlatas. Nesse sentido como ponto de partida é permitido um estudo/ação fragmentada, mas, num cenário aprofun-dado caso os outros fatores inerentes ao contexto não forem vivenciados/consta-tados, provavelmente a ação ocorrerá de modo dissonante e carente. Também se faz necessário uma expansão a respeito do todo, da matriz e/ou dos desdobramentos das interações/intervenções vividas entre a sociedade e o espaço, pois são deles que a matéria bruta a serem extraídas as com-preensões ou devidos questionamentos. A paisagem, por exemplo, é uma extensão do território, uma experiência que

faz da retina sua interface. Se o território pode ser demarcado/vivido por relações: politicas, espaciais, culturais, étnicas e/ou de mercado, a paisagem simplesmente se resume a tudo aquilo que o olhar pode abarcar. Explorar o território através da paisagem, empreita despir o espaço de todo seu contexto. É olhar, é perceber tudo aquilo que se apresenta ao olhar supra/macro/grande. É a linha que superpõe os limites do tempo e do espaço, sua escrita deflora o espaço natural, converge o horizonte em skyline, a cidade, o morro, a favela. Espaços de morar, trabalhar, conviver e transitar confluência entre natureza e o trabalho humano abstrato (no sentido Marxista). No tempo/espaço a paisagem representa um ideário estético, uma edificação histórica. No campo bidimensio-nal a paisagem fornece orientação com-positiva; a guia do papel, da tela, painel, mural. No social, uma imago que evoca um conjunto de memórias coletivas, dos cartões postais aos pontos turísticos, dos mapas as hashtags. INTER-EXOS evoca uma discussão sobre o que esta entre o de dentro e o de fora. Inter do latim “estar entre”, mas que, aqui também se apresenta como fragmen-to da palavra interno, internus que significa para “dentro/interior”. Assim como Exos de matriz grega exo se traduz: “fora”. Mas a experiência em se atuar empiricamente no espaço, não se resume estritamente em dois caminhos (dentro-fora), mas sim, no entendimento daquilo que os permeia, conecta e tenciona. É neste ‘entre lugar’ - o interstício, que o ensejo edifica a criação/imaginação do artista, pesquisador, flaneur, criança, repórter e turista. Do micro ao macro; um modus operante que assim como nas Passagens de Walter Benjamim, se localiza no lugar de ver, aprender e apreender as cidades.

Referências Bibliográficas:BENJAMIN, Walter. Passagens, Imprensa oficial do Estado de São Paulo: São Paulo, 2007HUIZINGA, Johan, Homo ludens: o jogo como elemento da cultura, São Paulo: Perspectiva, 2010MARX, Karl. O Capital. Editora Abril Cultural: São Paulo, 1984SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Ha-bitato: fundamentos teóricos e metodológicos na geografia. Ed. Hucitec: São Paulo, 1988.

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Não a toa o Coletivo Coletores formado por Flavio Camargo e Toni William instaura ações. Embora criem todo tipo de objetos e intervenções transitam por diver-sas linguagens mantendo atuação aberta entre o espaço real e mediático e sempre participativo, ora interativo. A atuação é diversa, desde 2008 quando iniciaram suas atividades, operando entre as artes do jogo, a arquitetura do precário, o design social, a arte interativa, o game arte, as intervenções gráficas, havendo desde intervenções no Metrô por sua vez relacionadas a outras intervenções grá-ficas em diferentes espaços da cidade, a jogos com referências urbanas, e ao conjunto de recentes intervenções urbanas digitais na Vila Flavia na Zona Leste de São Paulo no evento Coletivo COLETORES + MEDIA LAB São Mateus (Processos inter-disciplinares em arte+tecnologia+cidade e integração- Programa VAI -11. 2014). Há alguns fios condutores nesta produção: uma arte que estabeleceu desde seus inícios um campo de negociação com o outro - que gira em torno de um gru-po mais amplo de iguais ou próximos - a comunidade - e o outro no espaço urbano maior, econômico, cultural, social e politico. No entanto, também entre iguais no campo poético, pois dialogam como artistas com os outros artistas do e no circuito de arte e enquanto construção poética com a Arte Moderna e Contemporânea. São produto e sujeitos de um campo do circuito da Cultu-ra e das Artes e mais especificamente das Artes Visuais em emergência e tudo inven-

tam: criam um circuito próprio do qual e no qual são protagonistas, operam em uma linguagem também criada por eles, erudita, refinada formalmente e poeticamente e, simultaneamente, fincada no (seu) território. Ou seja, é uma arte de conquista em todas as frentes. Certamente da geração em que afloram os coletivos, questionam o Moder-nismo (embora dialoguem com desdobra-mentos dele visualmente) no que se refere ao lugar do artista, produzindo no campo da arte participativa e sob certos aspec-tos relacional no sentido de Bourriaud.Surgem em um momento onde despontam questões como: arte e ativismo, arte participativa (no sentido de Ligia Clark e seus desdobramentos), arte e situacionismo, arte e polifonia no sentido de dar voz a várias vozes (Bakhtín), ainda o campo do graffiti e das novas mídias, também as intervenções urbanas e perfor-mances que instauram um campo de atuação para a arte e mais especifica-mente para as Artes Visuais ampliado e aberto, operando muitas vezes ao largo da instituição e no espaço público. É neste campo alargado que os Coletores encontraram seu locus, simulta-neamente a emergência da efervescência cultural da dita periferia (onde nasceram, vivem e produzem, embora não apenas ali) e alguns projetos culturais institucionais como o Projeto VAI (atravessou várias gestões na Prefeitura de São Paulo), a ins-tauração de CEUs (Centros Educacionais Unificados) na dita periferia de São Paulo,

Aqui/Ágora Laurita Salles

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a força do movimento Hip Hop, do Rap, dos saraus de poesia e do espraiamento da uni-versidade, mesmo que particulares, muitas vezes. Há uma erupção cultural alargada na capital e podemos dizer que os Coletores são os protagonistas destes novos sujei-tos coletivos na cidade de São Paulo, no circuito de Artes Visuais e das Artes Tec-nológicas aliada ao surgimento da estética da arte e politica e da arteativismo. Propõem uma ação coletiva e um exercício comunitário, atuando no campo do acontecimento, ou seja, no campo do espaço/tempo, ou no aqui e no agora, no presente, através de uma ação que instau-ra uma experiência urbana entre sujeitos, instaurando uma Ágora no sentido grego: um lugar de reunião. No caso dos Coletores a cidade é um campo de ação e tema constante, instaurando um ponto de partida ou um olhar que nasce habitado e permeado pela interação humana e como um lugar que, enquanto espaço social, estabelece um espaço de próximos, num território para a

aproximação; território, este, onde natu-ralmente há o encontro cotidiano na rua (e esse encontro existe de forma muito mais enfática na chamada periferia), as pesso-as se conhecem pelo nome, percorrem em grupo o espaço urbano, a vizinhança é um fato significativo da experiência cotidiana, estão irmanadas nas grandes famílias, nas iniciativas comuns, nos problemas, no lazer e nas dificuldades. Enfim, na comunidade. Portanto é uma experiência de cidade que nasce na e como interação. Seus carrinhos/objetos são interativos naturalmente, pois as coisas são para eles lugares de convivência. Neste caso, a concepção de Mary Jane Jacob sobre novos tipos de arte pública é ainda mais pertinente: traz a arte de volta a suas ori-gens de processo comunal. Portanto aqui o espaço é lugar e campo de ação, por isso espaço/tempo; realmente lugar no sentido de Milton Santos: espaço de identidade e memória, espaço vivido. Neste caso, espaço vivido como lugar irremediável do encontro, mesmo que difícil (na peri-

ATELIER LIVRE-MEKHAMÓBILEEdital de ocupação CCJ Ruth Cardoso-2010Vila Nova Cachoeirinha - São Paulo

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feria também se briga. Não há também os diferentes grupos brigando por seus territórios?). Afinal, a dita periferia é segundo seus protagonistas um traço de pertencimento e identidade, tem a ver com a relação das pessoas com esses espaços (http://mural.blogfolha.uol.com.br/2014/11/29/mural-completa-quatro--anos-e-discute-periferia-em-debate/). Por outro lado, esta cidade também lhes impõe a segregação e a alteridade diante de outros setores da cidade. Porém é neste período, no país e, em São Paulo, em particular, que há uma conquista social de uma geração emergente socialmente e no campo da cultura (na música, Hip Hop, Graffiti, Pixação, etc.) e por isso, também, não à toa, um coletivo como este surge nas Artes Visuais e se afirma no circuito, constituindo uma poética e um campo de linguagem autônomo e próprio. Os Coletores também são fruto da volta ao real (Hall Foster), mas, não como objeto etnográfico, já que neste real, são sujeito, não objeto desta ação etnográfi-ca, onde as artes participativas articulam espaços de visibilidade para indivíduos ou grupos marginalizados (Antony Abad com os motoboys no Brasil e os ciganos e Kristoff Wodiczko com os imigrantes, ambos na Espanha; JR com Mulheres são heroínas, no Morro da Providência, Rio de Janeiro, entre muitos outros). Também de um lugar onde já tiveram na década de 60 um Cara de cavalo de Hélio Oiticica, ou um Livro da carne de Artur Barrio, ou a atua-ção de Antonio Manoel nos anos sessenta e setenta ou, ainda, pixação na Bienal e o graffiti nas ruas de todo dia. A diferença dos Coletores é que são artistas que falam de um lugar de si mesmos, de uma gera-ção que é protagonista cultural e torna--se centro - no sentido simbólico de uma cidade nova- e enquanto produtora cultural e criadora de um campo cultural autônomo próprio e singular. Não se dá visibilidade ao outro em um espaço outro, eles são esse outro que fala de si, de seu lugar, para seus iguais e para todos a partir de seu território agora central, ou de pontos em transito no circuito da Arte, reorganizan-do-o, ao fincar a dita periferia como locus e como linguagem e lugar de Artes Visuais e de Arte Tecnologia. Uma arte que dialo-ga no circuito de Arte e simultaneamente com seus iguais no seu próprio território, que fala da vida e da experiência e com a participação de quem ali mora, já que arte participativa comunal. Nada mais eloquente do que ver e estar em um evento dos

Coletores. As pessoas encontram em seu cotidiano imagens projetadas que as surpreendem e que - ao mesmo tempo- são imagens delas mesmas; estas as fazem pensar em quem são o que são e onde estão no aqui e no agora. Contribuem também aí como apontado por Ludmila Ferrari em bem colocado resumo sobre Arte Relacional, onde algo mais realizam quando fazem “a substituição da obra de arte por práticas, táticas e dispositivos que girem em torno de um acontecimento, nos termos de Foucault;...uma relação de forças que se inverte, um poder confiscado, um vocabulário retomado ,..., algo distinto que aparece em uma cena”. Operam e criam um circuito próprio, mas também entram no circuito da Arte institucional e dialogam com ela em seus próprios termos: deles e da Arte. Criam uma linguagem poética, enquanto decodificam e criam no campo da linguagem e discussão artística contemporânea e simultaneamente estão na “quebrada”. Operam em campo erudito e, ao mesmo tempo, fincado no território. É essa equação distinta, complexa, difícil, entre o erudito e o popular na falta de outro termo (e até mesmo no campo do pop), transitando entre espaços e campos culturais que seriam distintos se não fosse essa articulação singular que fazem dos Coletores, desde que surgiram, um fenômeno complexo, que irrompeu na cena cultural com a força do que tem que acontecer para fazer acontecer.

Ferrari, Ludmila (Universidad Javeriana de Co-lômbia) in Arte Relacional, Proyecto: DICCIONA-RIO DEL PENSAMIENTO ALTERNATIVO II, http://www.cecies.org/articulo.asp?id=189Acessado em 22.11.2014

Jacob, Mary Jane. “Mapping the Terrain: New Genre Public Art”. Em: Art in America, June, 1995.

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AUTÔNOMO - DISPOSITIVO SONORO Performance itinerante Natal RN 2012

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Escrever esse texto é, particu-larmente, um exercício muito prazeroso. Poder contribuir ativamente com este projeto, junto ao Coletivo Coletores, foi um processo de aprendizagem intenso, que percorreu os últimos oito meses anteriores a publicação aqui apreciada. Durante essa experiência, que contemplou a realização de reuniões, diálogos, arti-culações locais, intervenções urbanas e gambiarras, ficou ainda mais clara minha convicção de que em um coletivo, o que realmente importa é a COLETIVIDADE. Situação na qual ninguém é chefe de ninguém, mas todo mundo é chefe de todo mundo... Posso parecer prolixo, mas para quem está inserido nessa realidade, penso que a reflexão acima é precisa. As noções e relações de trabalho para aqueles que participam de um coletivo cultural são completamente diferentes: a rua substitui o escritório, a busca por um modo de vida “fora da caixinha” substitui a estabilidade, a militância substitui a obrigação, a família substitui a hierarquia. Digo, por experiência própria, que o coletivo não é um simples conjunto de “eus”, o coletivo “é nóis”. Esse modo de vida, aqui entendido como “coletividade”, é visível nas periferias da cidade de São Paulo desde a metade da década de 80. Seu surgimento está principalmente ligado à emergência de grupos adeptos ao movimento hip hop (Racionais MC, Back Spin Crew, Consciência Humana, DRR, entre outros...) e aos escritores e saraus da chamada lite-ratura marginal (Ferrez, Sergio Vaz, Sarau da Cooperifa, etc...). Nos dias de hoje, do Capão Redondo a São Mateus, verificamos a efervescência de coletivos culturais ligados as mais diferentes linguagens (do tradicional ao digital). Grupos formados principalmete por jovens que através de suas ações procuram transformar os espaços em que estão inseridos. Podem ser entendidos também pela ótica dos “movimentos sociais urbanos”, analisados inicialmente

pelo sociólogo espanhol, Manuel Castells, caracterizados como grupos não institucionalizados cuja prática cotidiana demonstra uma nova forma de pensar e agir politicamente (ação cultural como ação política), onde o espaço urbano, especificamente os territórios periféricos, é o campo de disputa. Existe nitidamente, nas ações destes coletivos, uma relação muito forte com o território. Particularmente, analiso essa relação a partir de duas perspectivas teóricas: a primeira delas é o conceito de “cidadania insurgente”, evidenciado pelo sociólogo estadunidense James Holston; e a segunda perspectiva é a ideia de “direito a cidade”, termo cunhado originalmente pelo sociólogo francês, Henry Lefebvre, e trabalhado atualmente pelo geografo britâ-nico, David Harvey. A cidadania insurgente é um con-ceito que traduz um processo intenso de lutas sociais. Presente desde a formação e visível até hoje nas periferias urbanas, sua expressão no mundo real se da na forma de múltiplas resistências. Tais resistên-cias surgem de pessoas desprivilegiadas, também entendidas como “sujeitos perifé-ricos” (D’ANDREA, 2013), que através da força coletiva buscaram e ainda buscam a ampliação de sua cidadania, ou seja, a real efetivação de seus direitos. O início deste processo acontece na conquista do(a) espaço/morada, graças ao esforço daqueles que autoconstruíram suas residências, passando por mobilizações sociais que exigiram serviços públicos. Hoje atuam principalmente a partir de movimentos sociais urbanos que exigem o direito a cidade.“Como acontece com a maior parte das questões de dominação, a periferia também denota lutas e, para muitos moradores, realizações individuais e coletivas sem precedentes” (HOLSTON, 2013: p. 208). O direito a cidade é entendido, simultaneamente, como uma queixa e uma exigência. A queixa seria com relação às condições desfavoráveis a vida na cidade, visível nas periferias pelas inúmeras

C O L E T I V I D A D E !Aluízio Marino

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situações de vulnerabilidade ali existentes – sejam elas ambientais (áreas de risco) ou sociais (preconceito, falta de acesso a equipamentos públicos, violência policial, etc..). A exigência é entendida no campo da ação transformadora, a partir de novos olhares e práticas urbanas que possibilitam a criação de alternativas para uma vida cotidiana “menos alienada, mais significati-va e divertida” (HARVEY, 2014: p. 11). As ações do Coletivo Coletores relatadas nesta publicação, deixam claras as afirmações empíricas e teóricas acima descritas. Todo o processo foi colaborati-vo, contou com a participação de outros artistas e coletivos periféricos – tais como o Bboy Jab (Gang’Style Tradicional), os graffiteiros QNH e Bone (Grupo OPNI) –, agentes comunitários e população local. As intervenções realizadas utilizaram a arquitetura autoconstruída da favela como suporte, mas seu concei-to e intenção estão para além do simples (e até mesmo perverso) embelezamento. Tratam-se de vídeo-projeções com conte-údo crítico, que buscam estimular o senso estético e evidenciar algumas das sitações precárias vivenciadas nas periferias da cidade. Para assim estabelecer, através da arte, uma ponte entre distintos territórios (aqui entendido de maneira ampla, como espaço e identidade), ressignificando assim o olhar sobre a periferia. Afirmo que os Coletores, bem como a grande maioria dos coletivos culturais atuantes nas periferias de São Paulo, são a continuidade de um processo de resistência que fundou esses territórios. Os filhos e netos daqueles que, no pouco tempo livre que tinham ergueram suas próprias casas, hoje “autoconstroem”novas subjetividades coletivas.

Referências bibliográficas:CASTELLS, Manuel. A Questão Urbana. Paz e terra: São Paulo, 2009.D’ANDREA, Tiarajú Pablo. A formação dos sujei-tos periféricos: cultura e política na periferia de São Paulo. Dissertação (Doutorado em Socio-logia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2013.HARVEY, David. Cidades rebeldes: do direito a cidade à revolução urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014.HOLSTON, James. Cidadania insurgente: disjun-ções da democracia e da modernidade no Brasil. Cia das Letras, São Paulo, 2013.LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001.

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COLETORES -PIXO-DIGITAL- Animação em Flash - dimensões variáveis Vila Flávia - São Mateus

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I NT E RV E N

Ç Õ E S

VÍDEO PERFORMANCE

PROJETIVA

VÍDEO-RETRATOS

VÍDEOGRÁFICAS

GRAFFITI DIGITAL

PIXO DIGITAL

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DANÇA-TAG-GRAFFITI-VÍDEO PERFORMANCE PROJETIVA- Coreografia e execução Júlio Antônio Bezerra (Bboy Jab)- Dimensões variáveis - Arte e Cultura na Quebrada - Jardim Maia - São Miguel Paulista

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VÍDEO PERFORMANCE PROJETIVA

Um vídeo que não se escorre de modo passivo, uma narrativa não linear que se faz no agora, no lugar, no clima, nas condições disponíveis de energia e iluminação. Um vídeo que é feito para ser processado e depois da pós-produção está pronto para se tornar matéria prima para recomeçar em outra coisa; em sua casualidade encontramos um diálogo com os happenings, mas em sua edificação e sobre tudo no ritual processual em que se discorre, não poderíamos empregar outro termo senão o da linguagem da performance. Imagens capturadas, apreendidas, processadas, editadas e finalizadas, poderiam ali se encerrar, mas é nesse fim que se encontram outras possibilidades, o frescor da habilidade de improvisar, de pensar o espaço, dialogar com as pessoas, a montagem do equipamento, o calculo de luz e o olhar, faz da ação um acontecimento que transcende o corpo, a retina e o espaço. A arte da projeção, fazer da imagem uma experiência coletiva que se aproxima do cinema, mas por envolver os artistas, a obra, o espaço e o público num acontecimento em comum tem a potencialidade de convergir o território e a paisagem num tipo de acontecimento de tempos e experiências multidimensionais ímpares.

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DANÇA-TAG-GRAFFITI VÍDEO PERFORMANCE PROJETIVA- Coreografia e execução Júlio Antônio Bezerra (Bboy Jab)- Dimensões variáveis - Vila Flávia - São Mateus

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DANÇA-TAG-GRAFFITIVÍDEO PERFORMANCE PROJETIVA- Coreografia e execução Júlio Antônio Bezerra (Bboy Jab)- (Pré-produção) - Espaço São Mateus em Movimento - Vila Flávia - São Mateus

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VÍDEO-RETRATOS

O retrato por si só empreende a von-tade do homem em perpetuar o tempo huma-no, um tempo em que o relógio é o corpo e os ponteiros são as engenhocas de se apreen-der/criar/ver imagens. Daguerre e o tempo - Muybridge e o movimento - Méliès e o sensível; Vê na conjunção dessa tríade um tipo de impressão/narrativa moderna que nos tempos do digital reconfigura o tempo/espaço; problematiza-das pela pós-produção e as redes, a noção de presença e simultaneidade se amplifica e se intensifica. Bruce Nauman e Nam June Paik perceberam na trivialidade das telas das TV’s um caminho para um outro tipo de construção imagética: apreensão - exibição. Uma equação que edifica o tempo histórico através do rastro de memórias que ainda estão por vir, memorias estéticas, memórias sociais, memórias afetivas. Para o coletivo COLETORES o vídeo retrato evoca a junção dessas memórias, a partir de imagens dialéticas. Projetando os rostos dos moradores de diferentes comuni-dades apreendidos por uma câmera filmado-ra, convertidas num alvo luminoso, o espaço público torna-se suporte resignificando essas imagens e logo as paisagens por onde passam. As moradias dialogam com os retratos de escalas titânicas, envolvendo a arquitetura em espaço luz, se configurando num espetáculo que flerta entre o cinema e as redes sociais, pessoas, moradias ou até mesmo um bairro, todos se convergem em imagem, memória, todos se convertem alvo, todos se convergem em tela.

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NA MIRA VÍDEO-RETRATOSDimensões variáveis - São Mateus - Vila Flávia

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VÍDEOGRÁFICAS

Banco de imagens, banco de dados, rede de informações, universo visual, conti-gente de informações. Em vídeográficas a intenção é tecer, contaminar, reordenar tempos, épocas, histórias, acontecimentos, eventos. A partir da apropriação, de signos imagéticos, referências a maneira de vídeo-clips antigos, low tec, malha de imagens... As sequências de imagens são dadas conforme a paisagem, o tempo é indefinido, pode acelerar, retroceder, parar. A projeção é um termômetro das aspirações do entorno, fluem como um rio, pontuam pensa-mentos, ideias, desejos. RESIST - propõe uma junção de diver-sos acontecimentos históricos, uma história contada a partir de imagens que foram se tornando emblemáticas por seus conteúdos simbólicos, entre elas, figuram ações anti status quo, manifestações, con-frontos, revoltas. A princípio parecem atos isolados, estáticos, mas a medida em que vão se so-brepondo revelam suas ligações: ações lo-cais para problemas universais. De periferia para periferia, de gueto para gueto, revelam uma ausência do medo e a ineficiência do sis-tema que se impõe pela força.

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RESIST -Vídeo animação em flash - imagens apropriadasdimensões variáveis - Vila Flávia - São Mateus

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GRAFFITI DIGITAL

Não é de hoje que a interação entre o Homem e as sociedades se dá por meio da Pólis, problematizadas pela técnica e o aperfeiçoamen-to dos materiais, as intervenções urbanas tem ganhado cada vez mais possibilidades, recursos e desdobramentos, da Pichação ao Graffiti, do Lambe aos monumentos, das auto estradas aos arranha céus. Numa sociedade na qual a mediação entre as coisas e as pessoas muitas vezes se dá através das máquinas, procura-se nelas, um caminho entre o aperfeiçoamento humano, a segurança, ou simplesmente a comodidade. São as interfaces que fazem a ponte entre os interesses, necessidades e sonhos. O graffiti digital percorre esse caminho do qual a interface é uma ferramenta de ampliação do olhar, do agir e do sentir no espaço da Pólis. A imagem estática ganha movimento. O que se camufla na escuridão da noite recebe iluminação, o que é efêmero por si mesmo se desmaterializa em outros fins.

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FUNK - GRAFFITI - DIGITAL Mapping sobre graffiti de Quinho Fonseca - dimensões aproximadas - 5m x 3m - Vila Flávia - São Mateus

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CITY - ALVO- GRAFFITI - DIGITAL Mapping sobre graffiti de Quinho Fonseca e Randal Bone - dimensões aproximadas - 10m x 3m - Vila Flávia - São Mateus

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(fragmentos)

-COLETORES /-WALL-ALVO/-LESTINOS -PIXO-DIGITAL- Animação em Flash - dimensões variáveis Vila Flávia - São Mateus e Fundação Bienal de São Paulo - Parque do Ibirapuera

PIXO - DIGITAL Uma poética iminente, reivindicar a cidade, uma batalha type, fonte, cor, linha, gesto. Dos displays publicitários aos outdoors e painéis de led. É na noite seu apogeu, ilegal, sintético, gráfi-co, subverte a gravidade e rasga o plano é o pixo, em bando ou solo, na neblina ou na chuva; beco, viela, rua, avenida, casa, barraco, prédio, monumento; o suporte não é o limite. Sua duração pode ser longa, curta, hora coito, permanente ou efêmera. O pixar é um manifestar que flerta entre o poético e o crítico e sobre tudo uma ferramenta de discussão sobre o lugar das/para as coisas e pessoas, público e privado. Numa era de constantes/simultâneas transformações sociais e tecnológicas, pensar o lugar das coisas e das pessoas já não é exclusividade do geógrafo, do urbanista, designer ou artista. Nas cidades onde a disputa pelo espaço se apresenta uma constante; das especulações, institucionalizações às vigilâncias e ressignificações, o conviver/relacionar nessa complexidade pareceria o caminho natural, entretanto no tempo das estéticas digitais, redes sociais, tele presença, publicidade popup é plausível repensar como que esses meios interferem nessa lógica urbana. O pixo é uma manifestação em que a radicalidade prevalece como inerente a sua ação, os limites do outro, do espaço e sobre tudo de si. Com o pixo digital, o coletivo COLETORES tenciona essa radicalidade e procura dialogar de outras maneiras com esses limites gerando novos meios de interferir/interagir. A luz que disseca a paisagem, a mobilidade e a duração das projeções, o movimento da tipografia, a escala e sobre tudo seus desdobramentos como imagem líquida atualizam e reconfiguram processos, ferramentas de intervir e sobre tudo caminhos para se pensar e olhar para a paisagem.

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C O L E T O R E S

C O L E T A RFlávio Camargo Seres

Coletar, verbo que indica uma ação, um procedimento, um modo de vida, um costume. Reminiscência dos antigos povos, que tinham na caça e na coleta a sua sobrevivência, nômades, condição sem igual nessa atividade. Coletar existe ainda ao nosso redor, é atividade ligada a sobre-vivência de muitas populações ao redor do mundo, e dentro dos grandes centros urbanos se desenvolvem a margem das relações de produção e consumo em mas-sa. Coletar idéias, matéria prima, historias, sonoridades, experiências, ima-gens, tecnologias, técnicas, olhares, pen-

samentos, ações. Seria um meio de refazer esse caminho da margem, reencontrar esse modo de vida, agora não só como con-dição, mas como poética da resistência. Resistir para sobreviver. Se propor a coleta, é no entan-to, se propor a um jogo, uma aposta, um contar com o acaso, uma espera continua, uma sorte. Mas não é um caminhar as cegas, pelo contrário, quem se propõe a caminhar tem um objetivo, ir a algum lugar, e mesmo que a princípio o lugar seja indefi-nido, mesmo que a intenção seja se perder, quem caminha tem uma direção.

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É nesse caminho que abrem-se as possibili-dades para o coletor/jogador. Para Mallarmé esse jogo tem significado num lance de dados, um acaso que conta com a ação/repetição, um jogo que pode se tornar infinito. Para Valéry o acaso é fruto do trabalho árduo e constante, uma escolha laboriosa por entre aquilo que pode ser encontrado dentro de uma ação definida a priori. Já Argan, compara esse jogo a uma atitude de seriedade, em que todo acaso é senão ação das mais coeren-tes e necessárias ao nosso tempo. Nesse sentido, coletar se mostra ainda mais como ação atemporal, escolher entre aquilo que pode ser coletado com base no passado ou no presente, como exemplo alta e baixa tecnologia, não se opõem porque comungam de uma essência da razão de ser das coisas, e aqui onde tudo tem a possibilidade de ser cole-tado, podem coexistir. Esse ir e vir da coleta remonta um tempo circular, em que as ações se refazem a cada dia, podendo ter lado a lado avanços de diversas épocas, confrontando sentimentos distintos em tempos distintos. Os avanços tecnoló-gicos contribuem para essa ação no sentido em que podem, como no universo das redes, conter uma possibilidade infinita de dados, informações, histórias e proce-dimentos disponíveis e abertos. As noções de tempo se mostram de forma diferente e contribuem para um movimento mais apurado nas relações com o outro, o vai e vem do coletor/nômade/artista requer cuidado, destreza, respeito pelo meio em que se inseri e principalmente reconhecimento da realidade de cada lugar. Quando se percebe os diversos tempos dentro dessa experiência, encon-tra-se o tempo da criança que se revela minucioso, detalhista, atenta ao quanto pode se passar repetindo uma ação, a surpresa anunciada, que causa prazer, riso, angustia, medo, as repetições do brincar. Ou o tempo do adulto, quase sempre mais crítico, pragmático, as vezes relapso se visto em oposição a criança, no entanto desafiador para quem busca seduzi-lo em sua atenção. O Coletivo Coletores desde 2008 vem se deslocando pelos espaços urbanos numa atividade de coleta constante, sem as amarras de uma linguagem ou de um meio específico, em seu nomadismo tem seguido na tentativa de aprimorar a suas coletas, suas buscas e principalmente o uso que faz de tudo que acumula. Ao longo desse tempo algumas ações

foram se sobrepondo e gerando procedi-mentos intrínsecos a essa co-experiência: Jogo de imagens, coleta de sentidos, agrupar para confrontar, colagem crítica, revoltar, dar movimento, retirar/imprimir texturas, impregnar, brincar, descobrir, relacionar os sentidos, coexistir, cooperar. Na série de intervenções realizadas em 2014, intitulados pelo seu ambien-te móvel de trabalho: Media-Lab, essas ações se interligam as obras anteriores no entanto, elas estão “submetidas” exclusi-vamente ao olhar, é ele quem faz a ponte para as chaves de abertura de cada experimento, uma rede de ações para a visão. Cada pessoa/observador/público destrincha o que vê a sua maneira, perma-nece mais ou menos tempo em um ponto, percebe mais a paisagem, ou se deixa, apenas, contagiar pelo ritmo das imagens. Não há som, a trilha sonora é pessoal, dada intransponivelmente pelo lugar, a coleta agora se estende a quem vê as imagens e manipula os sentidos que surgem a cada momento, o verbo se estende, coletar transpõe.

Referências bibliográficas

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992VALÉRY. Paul.Variedades.Iluminuras,1999CAMPOS, Augusto de. Marllarmé / Augusto de Campos,Décio Pignatari, Haroldo de Campos. São Paulo:Perspectiva, 2010

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1-INSTALAÇÕES INTERATIVAS Passagem Morativa 2009 Cabine City 2010 Máquina Brinquedo 2011

2-INTERVENÇÕES URBANAS Intervenções - Stencil 2008 Mapa-Frame 2009 Wall-Alvo 2009 Diagramas 2010

3-ATELIERS MÓVEIS AtelierLivre 2009 Mekhamóbile CCJ 2009

4-PERFORMANCES Autônomo - dispositivo sonoro itinerante 2012

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Agradecimentos

Laurita SallesAluízio Marino

Quinho FonsecaJúlio Antônio Bezerra (Bboy Jab)

Daniela CordeiroRandal Bone

Karina Marques Diego de Farias

Erick IEKGrupo OPNI

Negotinho (Rima Fatal)Dona Vera

Leonardo MarinoGuilherme Marino

Harika Maia Gil Marçal

Miguel SorbaraComunidade Vila Flávia

São Mateus em Movimento Arte Cultura na Quebrada

Gráfica Margraf

A prefeitura do Município de São Paulo e ao Programa VAI por todo apoio depositado em nosso trabalho desde 2009

in memoriam de Antonio Batista dos Santos

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Ficha Técnica

Coletores Toni William Crosss e Flávio Camargo Seres

Atelier Livre Media Lab Direção Artística Toni William Crosss e Flávio Camargo SeresProdução Aluízio Marino Dança Coreografia e execução Júlio Antônio Bezerra (Bboy Jab)Graffiti Quinho Fonseca Documentação Toni William Crosss e Daniela Cordeiro

Publicação Inter-Exos - Territórios e paisagens Textos que compõe a publicação Toni William Crosss Laurita Salles Aluízio Marino Flávio Camargo SeresFotografia Toni Wiiliam Crosss e Daniela CordeiroDesign Gráfico e Diagramação Flávio Camargo SeresGráfica Margraf

Intervenções

Vídeo Performance Projetiva Dança Tag Graffiti - Correografia e execução Júlio Antônio Bezerra (Bboy Jab) Vídeo e edição Toni William Crosss Animações em flash Flávio Camargo Seres Projeção Toni William Crosss Flávio Camargo Seres Produção Aluízio Marino

Vídeo-Retratos Mira Alvo - Vídeo e edição Toni William Crosss Projeção Toni William Crosss Flávio Camargo Seres Produção Aluízio Marino

Vídeográficas Resist - Animação em Flash Flávio Camargo Seres Projeção Toni William Crosss Flávio Camargo Seres Produção Aluízio Marino

Graffiti Digital Funk - Graffiti Quinho Fonseca Mapping e vídeo animações Toni William Crosss Flávio Camargo Seres Projeção Toni William Crosss Flávio Camargo Seres Produção Aluízio Marino

City - Alvo-Graffiti Quinho Fonseca e Randal Bone Mapping e vídeo animações Toni William Crosss Flávio Camargo Seres Projeção Toni William Crosss Flávio Camargo Seres Produção Aluízio Marino

Pixo Digital Vídeo animações e animações em Flash Toni William Crosss Flávio Camargo SeresProjeção Toni William Crosss Flávio Camargo SeresProdução Aluízio Marino

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Patrocínio

Apoio

Coletivo Coletores www.dasding.org/coletores

www.atelierlivresp.blogspot.com

[email protected]./coletivo.coletores

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