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FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO
FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
II SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA FESPSP
LEITORES DE RUA
Ana Eliza Grigorio Rodrigues [email protected]
Damaris Siqueira Brito [email protected]
Fabiana de Oliveira Paulino [email protected]
Joseane de Santana Tavares
Lourival Lopes Cancela [email protected]
SÃO PAULO
DEZEMBRO DE 2010
LEITORES DE RUA
Ana Eliza Grigorio Rodrigues [email protected]
Damaris Siqueira Brito [email protected]
Fabiana de Oliveira Paulino [email protected]
Joseane de Santana Tavares
Lourival Lopes Cancela [email protected]
RESUMO
A pesquisa divulgada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), que revelou
o grande número de pessoas vivendo nas ruas e pernoitando em albergues, despertou-nos
o desejo de conhecer melhor as condições de vida dessa população e o seu interesse por
leitura e biblioteca. Fomos até o Centro de Acolhida Arsenal da Esperança, onde nos
deparamos com uma biblioteca e um acervo organizado, visando responder às nossas
questões, elaboramos um questionário com perguntas relacionadas ao perfil do público
dessa biblioteca , aplicamos e tivemos uma grata surpresa ao constatar a frequência e a
satisfação dos leitores pelo espaço e o resultado do trabalho proposto pela Instituição.
Palavras-chave: Disseminação da informação, Biblioteca especial, Moradores de rua,
Condição social.
1 INTRODUÇÃO
É indiscutível o grande número de pessoas morando nas ruas desta cidade, no
primeiro semestre deste ano foi divulgado o resultado de uma pesquisa encomendada pela
Prefeitura Municipal de São Paulo que revelou que existem 13.666 pessoas em situação de
rua, dessas 7.079 estão acolhidos nos albergues e 6.587 morando nas ruas. Esse
levantamento, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), se
preocupou em coletar dados quantitativos relacionados ao sexo, trabalho, cor, despesas e
dependência de álcool ou algum outro tipo de droga.
Chamou-nos a atenção o fato de não haver dados quanto à procura por leituras,
bibliotecas ou algum centro de informação por parte dessa imensa população. Diante disso
baseamos esse trabalho nesta questão, investigando se esse público, chamado de morador
de rua, completamente à margem da sociedade, tem o costume de frequentar bibliotecas ou
mesmo se existe por parte do poder público algum incentivo para que isso aconteça.
Para conhecer melhor o cotidiano dessa população visitamos aquele que é
considerado o maior albergue social da América Latina, o Centro de Acolhida Arsenal da
Esperança Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, conhecido popularmente como Arsenal
da Esperança, situado na Rua Doutor Almeida Lima, 900, no bairro da Mooca, partindo do
fator técnico que considera o acolhido em um albergue também um morador de rua, por
pertencer ao mesmo grupo em estado de vulnerabilidade social. Ali são acolhidos 1.200
homens diariamente e entre os diversos serviços que são disponibilizados à esses usuários
está uma biblioteca, que serviu de base para o nosso estudo.
Partindo da premissa que esse público sente necessidade de leitura, cultura e
informação, este projeto tem por objetivo mostrar a realidade escondida atrás das paredes
de uma antiga hospedaria de imigrantes, que passa despercebida pela maioria das pessoas
que por ali transitam, um verdadeiro universo de boas ações centradas na recolocação dos
acolhidos no mercado de trabalho, na recuperação dos laços familiares, da auto-estima, da
dignidade e, principalmente, da reinserção social. E um dos principais pilares desse
processo é o incentivo diário dado aos seus moradores, para que frequentem a biblioteca,
retirem livros e se mantenham sempre atualizados em relação aos últimos acontecimentos
mundiais.
Por isso, o foco dessa pesquisa é exatamente conhecer o perfil desses leitores,
usuários da biblioteca do Arsenal e que aqui denominamos “leitores de rua”, destacando
características desconhecidas desse público que por ora não tem onde morar.
1.1 Referencial Teórico
Esta pesquisa foi alicerçada nos estudos realizados pela assistente social Cleisa M.
M. Rosa, relatados em seu livro Vidas de rua (2005), onde estão descritas as primeiras
ações de um processo investigativo sobre a população de rua, no final da década de 1980. A
obra concorda com o que disse Bursztyn (2000, p. 19) “viver no meio da rua não é um
problema novo. Se não é tão antigo quanto à própria existência das ruas, da vida urbana,
remonta, pelo menos, ao renascimento das cidades, no início do capitalismo”.
Através da narrativa de Rosa (2005, p.10-15) podemos verificar que há muito se vêm
discutindo essa problemática e, com o seu olhar perspicaz, já naquela época, foi possível
constatar a institucionalização do trabalho social com quem mora na rua, pelo padrão de
atendimento convencional em albergues. Apesar deste trabalho já ter cinco anos, os dados
assemelham-se aos da pesquisa realizada pela FIPE e que foram divulgados em junho de
2010 pela Prefeitura Municipal de São Paulo, no qual muito nos alicerçamos.
Outra fonte de pesquisa e inspiração foi a matéria realizada pela Rede Globo, para o
programa Globo Repórter, que mostrou a história do ex-morador do Arsenal da Esperança,
Marivaldo da Silva Santos, um homem que saiu de Feira de Santana e foi morar nas ruas de
São Paulo até que descobriu os “tesouros” da biblioteca do Arsenal e renasceu na
companhia dos livros.
1.2 Justificativa do Tema
A presença de pessoas vivendo cotidianamente nas ruas é uma realidade universal,
especialmente nas grandes metrópoles, um fenômeno complexo mesclado por processos
sociais e psicólogicos, objetivos e subjetivos, agravados pelas constantes transformações no
mundo do trabalho, geradoras de inseguranças e incertezas que levam ao enfraquecimento
e ruptura de vínculos sociais, familiares, profissionais e comunitários, e pelas dificuldades
dos sistemas de proteção social.
No Brasil, é bastante heterogêneo o segmento das populações que vivem nas ruas,
especialmente o das maiores cidades e não se sabe exatamente quantos são, pois essas
pessoas sempre ficam de fora dos censos oficiais do IBGE. Por iniciativas de alguns
governos locais têm sido feitos estudos e contagens, como é o caso da cidade de São
Paulo, que realiza um levantamento dessa população a cada três anos e no último realizado
pela Prefeitura Municipal existiam 13.666 pessoas em condição de rua em São Paulo. Esses
dados são sempre contestados pelos órgãos que assistem a essa população, alguns falam
em mais de 18.000 pessoas perambulando pelas ruas e pernoitando nos logradouros
públicos e nos albergues da cidade.
Como citado anteriormente, existe na cidade de São Paulo uma rede de albergues,
centros de serviços e proteção à população de rua, formada por um conjunto de 41
entidades que recebem verba da Prefeitura para atender e tentar amenizar o sofrimento
dessas pessoas através de diversos programas assistenciais. Segundo informação do site
da Secretaria Municipal de Ação e Desenvolvimento Social (SMADS), não existe em
nenhum desses projetos a implantação de bibliotecas, salas de leitura ou algo parecido onde
os usuários possam buscar alguma fonte de informação, ficando tal responsabilidade à
mercê do interesse e das condições financeiras da Instituição local que, de acordo com
inúmeras matérias veiculadas pela imprensa, não conseguem oferecer nem mesmo os
serviços prioritários com qualidade.
Pode-se então perceber que essa concepção de proteção social consiste em
oferecer os elementos básicos para suprir as necessidades emergenciais de uma população
que cresce ano a ano, conforme constatado pela FIPE, mas que não se estende a recursos
informacionais, deixando-a desassistida no âmbito sócio-cultural, revelando o caráter
assistencialista dos programas governamentais. Diante disso a biblioteca que encontramos
no Arsenal da Esperança Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida é um exemplo às demais
instituições, pois contribui para que as pessoas deixem definitivamente as ruas, onde vivem
expostas à violência pessoal e a companhia constante das drogas.
1.3 Objeto
É importante esclarecer que consideramos como objeto o excluído social, que se
encontra em situação de rua, ainda que sob os cuidados do albergue Arsenal da Esperança,
pois, segundo disse Alda Marco Antonio em entrevista concedida à Rádio CBN, ao comentar
a pesquisa realizada pela FIPE, mesmo estando albergado essas pessoas também são
consideradas “moradores de rua”, pela dependência da rede de proteção social do
município, e todas foram relacionadas nos dados dessa pesquisa, cujos parâmetros
norteiam o nosso estudo.
1.4 Objetivos
Valorizar a importância da leitura e da informação como fator de transformação social
e compreender a sua importância na vida de uma parcela da população desprovida de
condições que permitam o acesso a esse universo, capaz de promover mudanças em sua
forma de sobrevivência, e assim possamos contribuir chamando a atenção para essa gente
tão carente, mas que, ainda em meio a esse caos sócio-econômico, segue persistindo no
hábito da leitura como fator determinante para o seu bem-estar, mesmo em estado de
abandono.
Esse estudo centra-se no conhecimento do tipo de público que frequenta o espaço
destinado à leitura e estudo do Arsenal da Esperança, sua origem, profissão, sua frequência
a essa ou outra biblioteca da cidade, para a partir daí traçarmos o seu perfil.
O nosso desejo é que o resultado final dessa pesquisa possa motivar os órgãos
públicos à implantação de uma rede de bibliotecas e/ou centros de informação dentro das
Casas de Acolhidas conveniadas, para que possam também colaborar no processo de
recuperação psicológica e social dos seus internos, como imaginamos acontecer com os
leitores do Arsenal da Esperança.
1.5 Metodologia
Depois de definido o tema deste estudo, realizamos levantamento bibliográfico sobre
moradores de rua e instituições de assistência a esta população no município de São Paulo.
A partir disso, escolhemos a estratégia a ser utilizada para coleta de dados, e elaboramos
um questionário para ser aplicado aos usuários da biblioteca do Arsenal da Esperança.
1.5.1 Elaboração do Questionário
A pesquisa de campo foi realizada através de um questionário misto com 10
perguntas, sendo oito de múltipla escolha e duas dissertativas.
As perguntas realizadas foram: idade em anos, em que região do Brasil nasceu, ou
seja, naturalidade, os motivos que levaram à situação de rua, nível escolar, profissão e
ocupação, estado civil, se possui filhos, o porquê freqüenta esta biblioteca e se tem o hábito
de freqüentar outras. (Anexo 3)
Ao todo foram preenchidos 56 questionários, sendo a maioria de próprio punho e
alguns através de entrevistas.
1.5.2 Visitas e Aplicação do Questionário
Para efetuarmos esta pesquisa visitamos o Arsenal da Esperança cinco vezes. Na
primeira vez conhecemos a instituição e os serviços oferecidos, e tivemos a oportunidade de
nos familiarizar com a biblioteca.
Esta possui aproximadamente 100m² com mesas individuais e em grupo, balcão de
atendimento e um terminal de consulta. O ambiente é aconchegante e adequado ao público.
É considerada uma biblioteca especial, pois não é mantida ou organizada por órgãos
governamentais para ser classificada como pública, também não tem um tema e público
específico para ser especializada. Está inserida e é financiada por uma instituição, então
não é comunitária, mas como o trabalho realizado é voluntário, não a consideram como
particular. O acervo é composto por 5.600 obras, os materiais encontrados são: Atlas,
dicionários, enciclopédias, guias, mapas, gibis, livros e periódicos. A recuperação da
informação é realizada através do programa PHL.
Além de empréstimo de livros, os outros serviços oferecidos são: auxílio para
reinserção no mercado de trabalho, para isso a biblioteca adquire semanalmente jornais
com vagas de empregos, realiza digitação de currículos e pesquisa de vagas. Incentiva a
comunicação dos usuários com seus familiares, através do serviço chamado “Central do
Brasil”, onde os voluntários redigem, quando necessário, e enviam correspondências sem
nenhum custo monetário aos interessados. O incentivo à cultura é feito através dos saraus e
concursos de poesias.
O horário de funcionamento é das 18h às 21h diariamente, exceto quando há outro
evento na Instituição ou ausência de pessoal. Trabalham na biblioteca 16 voluntários sendo
que, 10 são externos e seis são acolhidos que tem a oportunidade de ajudar. (Anexo 5)
Na segunda visita conhecemos o trabalho dos responsáveis pela biblioteca, o Sr.
Simone Bernardi, Coordenador, e Lourival Lopes Cancela, Técnico Responsável por todo o
processamento e dos demais voluntários, e fomos apresentados aos moradores do
albergue, para que todos pudessem compreender porque estaríamos ali e quais eram
nossos objetivos. Nas três últimas aplicamos os questionários.
1.5.3 Questionário
1 - Idade (em anos):
( ) 18 – 28 ( ) 29 – 38 ( ) 39 – 48 ( ) 49 – 58
( ) 59 – 68 ( ) Mais de 68
2 - Naturalidade:
( ) Região Norte ( ) Região Nordeste ( ) Região Centro-Oeste
( ) Região Sudeste ( ) Região Sul
3 - Motivos que levaram a situação de rua:
( ) Desemprego ( ) Dificuldade financeira ( ) Conflitos com a família
( ) Vício ( ) Migração ( ) Outros____________________________________
4 - Nível escolar:
( ) Fundamental incompleto ( ) Fundamental completo
( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo
( ) Superior incompleto ( ) Superior completo
( ) Pós-graduação: ___________________________________________
5 - Profissão: ___________________________________________
6 - Ocupação: ___________________________________________
7 - Estado civil:
( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Viúvo
( ) Outros________________________________________
8 - Possui filhos? ( ) Sim ( ) Não
9 - Por que freqüenta esta biblioteca?
( ) gosto pela leitura ( ) necessidade de estudo ( ) se manter atualizado
( ) passar o tempo ( )adquirir conhecimento ( ) falta de opção
( ) outros ___________________________________________
10 - Tem o hábito de freqüentar outras bibliotecas? ( ) Sim ( ) Não
2 COLETA DOS DADOS
A coleta dos dados foi feita, basicamente, através da aplicação do questionário e de
conversas realizadas com funcionários e leitores, que nos permitiu conhecer melhor o
trabalho realizado pela Instiuição.
Apesar do objetivo da pesquisa ser revelar o perfil dos usuários da biblioteca não nos
limitamos a realizá-la apenas neste espaço, mas tivemos a liberdade de abordar pessoas na
sala de leitura e em salas de aula.
Fomos muito bem recebidos pelos albergados e funcionários do Arsenal da
Esperança, e apenas cinco pessoas se recusaram a responder o questionário.
3 ANÁLISE DOS DADOS
Após a coleta dos dados realizamos a análise estatística.
3.1 Idade
Em relação à idade 37% dos entrevistados (21 homens) que frequentam a Biblioteca
do Arsenal tem entre 29 e 38 anos, 27% (15 homens) possuem entre 18 e 28 anos, uma
porcentagem significativa. 23% (13 homens) têm idade entre 39 e 48 anos, 9% (cinco) tem
entre 49 e 58 anos e 4% (dois) tem entre 59 e 68 anos. Dos 56 entrevistados, 49 tem idade
entre 18 e 48 anos, ou seja, são relativamente jovens.
3.2 Naturalidade
Contradizendo a pressuposição de que a maioria das pessoas que estão em
situação de rua vieram das regiões Norte e Nordeste do Brasil, chegamos ao seguinte
resultado: 57% (32 homens) dos entrevistados são da região Sudeste do país, ou seja, mais
da metade. 25% (14 homens) são do Nordeste. 7% (quatro) são da região Centro-Oeste. 5%
(três) são do Sul e apenas 2% (um) são do Norte do país. Dois entrevistados não
responderam a esta questão.
3.3 Motivos que levaram à Situação de Rua
Nesta questão os entrevistados puderam marcar mais de uma alternativa. Em sua
maioria o desemprego associado às dificuldades financeiras foram os motivos que levaram
os entrevistados a esta situação. O vício, diferente do que podemos pensar, aparece como
quarto motivo, e é antecedido dos conflitos familiares. Esses resultados levam-nos a pensar
que os dois fatores, o vício e os conflitos familiares, estão relacionados, mas em nenhum
dos casos isso acontece. Já o desemprego e os conflitos familiares podem estar
interligados, pois em quatro questionários estas duas alternativas foram assinaladas.
3.4. Nível Escolar
A maioria dos entrevistados tem o ensino fundamental incompleto (24 homens ou
43%), mas também tivemos um grande percentual de entrevistados que possuem o ensino
médio completo (12 homens ou 21%), entre eles existe um percentual pequeno de homens
que possuem o superior completo ou incompleto (cinco homens ou 9%). Com ensino
fundamental completo entrevistamos sete homens, 13% do total e com ensino médio
incompleto oito homens, 14% do total.
3.5 Estado Civil
Em relação ao estado civil 9% (cinco homens) são casados e três possuem filhos.
5% (três) são divorciados e possuem filhos e um é viúvo e também possui filhos. O número
maior é de solteiros (47 homens ou 84%) e entre eles 24 possuem filhos. Sem fazer a
distinção sobre estado civil 31 ou 55% possuem filhos e 25 ou 45% não possuem.
3.6 Profissão e Ocupação
Quando perguntados sobre a profissão, houve uma variação muito grande de
respostas, por isso não foi possível colocarmos em gráficos. A maior parte respondeu sobre
o que faz, porém nem todos são profissionais, ou seja, não são especializados na profissão.
A maioria executa trabalho braçal, como de ajudante geral ou de pedreiro, padeiro, pintor,
soldador, gari, borracheiro, outros já executam trabalhos mais leves, como agente
comunitário de saúde, teleoperador, motorista, auxiliar administrativo, funcionário público.
Nem todos que dizem exercer uma profissão está empregado. E alguns não responderam
sobre a ocupação, talvez por não compreenderem a pergunta ou por estarem
desempregados.
3.7 Porque Frequenta a Biblioteca do Arsenal
Nesta questão, mais uma vez, os entrevistados puderam escolher mais de uma
alternativa. A maioria respondeu que frequenta a biblioteca por gostar de ler (44%), para
passar o tempo foi respondido em 16% dos casos e 15% responderam que a utilizam a para
adquirir conhecimento, 11% para se manter atualizado, já que ali eles podem encontrar
jornais do dia e revistas da semana, e 9% por necessidade de estudo. Por fim, 5% dos
entrevistados responderam utilizar a biblioteca por outros motivos, mas não especificaram.
3.8 Frequência em Outras Bibliotecas
67% dos entrevistados frequentam outra biblioteca, e 33% não frequentam.
Alguns relataram que vão a outras bibliotecas para ler um pouco e passar o tempo, mas não
podem ter a carteirinha por não possuir um endereço fixo.
4 CONCLUSÃO
Através da análise dos dados verificamos que a maioria das pessoas que frequenta a
biblioteca são de meia idade, o que os leva à essa situação, como mostram os gráficos, na
maioria das vezes é o desemprego e que a maior parte dessas pessoas não vem de muito
longe.
Apesar das dificuldades que estes homens enfrentam e a necessidade que sentem
de conversar e desabafar com alguém que os escutem, e nem sempre existe este alguém,
observamos que uma das maneiras de esquecer um pouco os problemas é através leitura, e
o lugar perfeito para isso dentro do Arsenal é a biblioteca.
Neste sentido podemos considerar a Biblioteca do Arsenal um espaço privilegiado de
difusão de informações, fomento de cultura e promoção de cidadania, pois propicia a esse
público a inclusão através do conhecimento. Do ponto de vista inclusivo, ela oferece
serviços que auxiliam na formação de novos leitores e além do aprimoramento daqueles
cidadãos que, semi-alfabetizados, engrossam o impressionante número de iletrados de
nossa sociedade. O grande desafio a ser superado deve-se a conquista destes e mais
brasileiros no que tange à leitura é, segundo a análise que lá foi feita, uma maior atenção e
investimento justamente à acessibilidade ao livro, desde que é notório que o cidadão
excluído socialmente encontra-se impossibilitado de adquirir, com recursos próprios, a
informação que a leitura lhe fornece.
A biblioteca por sua vez pode se constituir em um espaço para a intervenção social e
o desenvolvimento de mediação pedagógica. Nesse sentido a biblioteca tem tudo para estar
à frente da luta contra a exclusão social se conseguirmos aliar o acesso a tecnologias da
informação, o texto escrito e a comunicação voltada para o educativo, o organizativo e o
produtivo.
Com essa pesquisa verificamos que os estudos sobre a população em situação de
rua no Brasil ainda são relativamente escassos e que a diversidade de conceitos que
envolvem esse tipo população e as dificuldades relacionadas à sua mensuração são
obstáculos que têm sido superados gradativamente, graças ao trabalho humanitário de
instituições como o Arsenal da Esperança Dom Lucas Pedro Mendes de Almeida. Aliás, uma
das maiores satisfações que sentimos ao realizar esse trabalho, foi realmente o exemplo de
caridade e cidadania que é dado diariamente por essa instituição, abrindo não somente as
suas portas, mas o coração para acolher todos aqueles que a procuram e lhes oferecer o
melhor de que dispõe naquele momento.
Ficamos tristes com a miséria e a desigualdade que impera em nossa sociedade,
porém, quando vimos exemplos como o de Marivaldo e o interesse dos leitores em buscar
meios de deixarem a rua, acreditamos que vale a pena sonhar e lutar para que esse sonho
de liberdade um dia se realize.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARSENAL da esperança. Disponível em: <http://www.arsenaldaesperanca.org.br>.
Acesso em: 02 jun. 2010.
BURSZTYN, M. No meio da rua: nômades, excluídos e viradores. Rio de Janeiro:
Garamond, 2000. p. 19
MORADOR de rua renasce ao descobrir a leitura. Disponível em:
<http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1178563-7823-
MORADOR+DE+RUA+RENASCE+AO+DESCOBRIR+A+LEITURA,00.html>.Acesso em:
28 maio 2010
MORADORES de rua. Disponível em:
<http://colunas.cbn.globoradio.globo.com/miltonjung/moradoresderua>. Acesso em: 01
jun. 2010.
O QUE a SMADS faz? Disponível em:
<http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/assistencia_social/defuturo/smads.php>.
Acesso em: 30 maio 2010.
PARREIRAS, M. Cresce o número de moradores de rua em SP. Jornal Agora São
Paulo, São Paulo, a no 12, p. A3, 01 jun. 2010
ROSA, C.M.M. Visas de rua. São Paulo : Hucitec,2005.