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PAO v£Jei"er)le- JosiS Carvalho IDa, Pao aiia Espixltiaal Director CÀnjto~is^\o~ ÊoJ(JLi.-.i Òec rela rio Sabino Baptista Amor » TYnfcsJbo AMO III Fortaleza, 15 de UÈn ile 1! mijai. 35 EXPEDIENTE Kcvistu de Littcratiira c Arte Puhlir.'i-se duas vezes por ni.-z ASSIGMATURAS Por um annoKlttXHI Por um semestreõtOOO Numero avulsotõOO se iirceitatii periirioH rie assignaturas para foro .lesta capital vinrio acompanha- rios da respectiva importância, cm vale postal ou carta com valor declarado Todos os negócios econômicos tratam- se com o gerente, rua do Major Fncunrio n 4. SÜMMARIÜ : -Os v?><i'n;« dia*, C.ariry ítraúiia ; Magna», Kodnlphn Theo- phiio ; Curta de um carioca, Moa- cyr Jurema ; Immaculada, José Heitor ;—felina, José Carvalho; De bianco cestita. Carlos Yictor ; Um dia em M . ¦ . ¦ A. S. ; A alma r a penna, Antônio Salles ;—O boi .Estrella, Rodolpho Theophilo; Paisagem, Antônio de Castro ; -l)it- vida, LaITaycte Silva ; Bibliogra- phia, M. ; - Imprensa lihteruria, Carteira. OS QUINZE DIAS Kclizes e risonhos Quinze Dias estes que se escoaram rápidos e que me obn- gam a passal-os em escrupulosa revista. No desempenho desse penoso dever, qual um general, desponho-os em fila . . de semana, manda-os perfilar, encaro-os investigadoramente c o final resultado rio meu exercício rie chronisla é que acho lorios um pouco desfigurados e magros, mas animadoramente satisfeitos como quem espera a rcalisação de uma fchei- .lade sonhada F. de farto: nestes últimos dias o Ceará lem experimentado no intimo um alviça- reiro prenuncio de provável mclhoramerj- Io rie sorte Lra bem frislc e ilesronsola.lor o estado rie anemia profunda cm que se via este pobre filho do Norte O Amasonas esgo- 'ou-lhetorio o seu rico e precioso saiiguf. .lerppou-lhc os vigorosos braçosedeixou- o ficar cxhauslo e debalenrio-se quasi nas cotivulções da miséria Hoj. porem. " CearA ensaia lev.i.ilar-se ¦• levantar- ¦""-ha. I.ieiri" rie Deus ' K «,11.10 veiamos Está muito bem cemeçadu a iniciativa ria extração ria borracha rios nossos in- linitos maniçobaes que abi estão piij.in- tos do rica seiva e que não invejam os opulentos seringaes ainasonicos. Não in- vejam porque: vendido 11 borracha a HIOOO o kilo. como no mercado se vende e regulando, termo médio, o trabalho rie um homem 8 kilos por dia, como me rons- Ia, esta quasi na mesma proporção rio Amasonas e é isto suflicietito para os- tancar o emigração e constituir inesti- movei fonte rie riqueza para o Ccaia c para o* cearense*. Que se voltem torias as nossas vistas para o fabrico ria borracha e que se pie- vma o Amasonas para a sena compefen- cia que lhe vamos faser, na certeza de que não nos levará mais um braço rios que felizmente ainria nos restam e que infelizmente náo nos chegam. Cearenses ! aos maniçobaes e linda será vü.s.sj pobreza ! Infelizmente, como disse, náo nos che- gam os poucos braços que ainda feliz- mente nos restam. E, como nosso governo cogite de um tratado deimmigroçáo extrangeira, venho lembrar um alvilre que acho interessan- le e pratico debaixo de todos os pontos rie vista : Ao invez ria immigraçáo chi- neza, se faça a itnmigração polàra. Não sympalhiso nada com aquella cs- ran.lalosa rabicha e muito menos com o formidável par rie ventas apragatudas e chatas rios filhos rio . . . chinez império. Alem disso, rie cousas chatas, basta a nossa própria cabeça tão tradicional- mente conhecida. Abramos o nosso hospitaleiro lar e fa- çamos vida roínmum rom essa infeliz mas aitiv-a c riistincla raça filha ria Polo- ma ' Intelligcntc .- nobre povo creado ,10 ostracismo da pátria que injustamente lhe roubaram, e que tem sido purifica- rio 110 carimbo rie torios os soffriinentos afflertivos que por verturo possam rahir sobre o ri.-si,110 de uni povo. Como eu vos amo desvcnlurados po- tacos ! porque .).- alguma forma acho p.ire.nla vossa sorte e vosso caracter rom a sorte e o caracter rio povo rcaren- se' Abramos nossos braços para fraternal- mente apertar as immigrantcs colônias pol.ua* e em breve o Ceara será con- 1,1 Io no numero rios mais felizes estados di I mão Brasileira Por minha parte. para esle fim. empenho lorias as forças do palriolicrro .1.-. oe rii-sponhn e até w- for preciso poderei Krn.ai 11111 pa. to ress 0 governo: venha a imiitijíi a< ;io |ola<a. quo este humilde chronisla rapaz ioltct- ro. livre, desimpedido, se . oir.pic mt-tte (isto fm segredo para que al«ünm nau saiba) rasar com uma poluo in.migrant., m. exegindo que seja cila lionila e vir- liiosa. Ella. uma oirita Rebc ca que será a base .Io um oulio povo abençoado por Deus, rie uma ouna Inbu rie hiael sua escolhida e amaria ; mas que. confio"... não se tornará lão.aipoia dcjiois! Pe crosa- monto He polaco com cearense, iirredilo que sahua uma raça de gigantes ou «le anjos, et mo diz a Bíblia que 1101 piiiBstiiua limpos appaii-ria a raça piiveligiaéa és* filhos de Di us rom as Hlhas dos bomtüs. De-nos, Sr Goveinador. a nós ceaicst- srs a felicidade da immigiação polara,* a mim em particular a supiima ventura de ser o patriarrha de unia laça do es*»- lindos." Como se todas essas felicidades 1 nadas acima não chegassem par* levan- tar o Ceará, esta a nos checar outra qne passo a relatar aos leiloreu rio >Pão»jre- servanrio para ella Iodos os direitos egSlr rantias rie boato. E' que vem nos chegando a poila com o R.liáo de lbiapaba o prodigioso Padre Keneqie que lem assombrado o mundo com a sua maravilhosa cura dagam. Si o exalo que o velho tomou essa feliz re- solução, então Cearasinho preparai-vos para não faser uma triste figura ! E' necessário apresenlar-vos com um copioso inverno para sj,ue não haja falta dágua p.-usi o Instilieloe assim ficar 11» » bem desmentida a triste fama de tetra ria serra Muito cuidado, pois !! Ao lado rios resultados felizes rk> lus- titulo Keneipo que será levantado na Con- reiçáo de Balurité eslou prevendo .\s tristes consequenrias de uma guerra pro- movida por trez classes de gente : n.esli cos. pliarmarculicos e sapateiros! Isto é certo, inevitável. Talai chergtz 1'argrnt ! Mas. meus Senhores eu muito encareciria e anleiipariamcnte voa peço que náo brigueis einquanlo aqui se «Ir- murar o homem . que deixeis as 1I1 uff posturas para depois di- sua retirada por- que ficarei confiado que rum o agoacei- ro da ithmosphfara cearense e a vossa r*- premida calma, o prodigioso e hnmanita no medico padre fifsrá satisfeitissisMi por nos haver feito a sua preciosa visita e nos haver dotado com tão inestimável melhoramento' ~~Tj

IDa, Pao aiia Espixltiaal

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Page 1: IDa, Pao aiia Espixltiaal

PAOv£Jei"er)le-

JosiS Carvalho

IDa, Pao aiia EspixltiaalDirector

CÀnjto~is^\o~ ÊoJ(JLi.-.i Òec rela rioSabino Baptista

Amor » TYnfcsJbo

AMO III Fortaleza, 15 de UÈn ile 1! mijai. 35

EXPEDIENTEKcvistu de Littcratiira c Arte

Puhlir.'i-se duas vezes por ni.-z

ASSIGMATURASPor um anno KlttXHIPor um semestre õtOOONumero avulso tõOO

Só se iirceitatii periirioH rie assignaturaspara foro .lesta capital vinrio acompanha-rios da respectiva importância, cm valepostal ou carta com valor declarado

Todos os negócios econômicos tratam-se com o gerente, rua do Major Fncunrion 4.

SÜMMARIÜ : -Os v?><i'n;« dia*, C.ariryítraúiia ; Magna», Kodnlphn Theo-phiio ; Curta de um carioca, Moa-cyr Jurema ; — Immaculada, JoséHeitor ;—felina, José Carvalho; —De bianco cestita. Carlos Yictor ; —Um dia em M . ¦ . ¦ A. S. ; A almar a penna, Antônio Salles ;—O boi.Estrella, Rodolpho Theophilo; —Paisagem, Antônio de Castro ; -l)it-vida, LaITaycte Silva ; — Bibliogra-phia, M. ; - Imprensa lihteruria,Carteira.

OS QUINZE DIASKclizes e risonhos Quinze Dias estes

que se escoaram rápidos e que me obn-gam a passal-os em escrupulosa revista.

No desempenho desse penoso dever,qual um general, desponho-os em fila . .de semana, manda-os perfilar, encaro-osinvestigadoramente c o final resultado riomeu exercício rie chronisla é que acholorios um pouco desfigurados e magros,mas animadoramente satisfeitos comoquem espera a rcalisação de uma fchei-.lade sonhada

F. de farto: nestes últimos dias o Cearálem experimentado no intimo um alviça-reiro prenuncio de provável mclhoramerj-Io rie sorte

Lra bem frislc e ilesronsola.lor o estadorie anemia profunda cm que se via estepobre filho do Norte O Amasonas esgo-'ou-lhetorio o seu rico e precioso saiiguf..lerppou-lhc os vigorosos braçosedeixou-o ficar cxhauslo e debalenrio-se quasinas cotivulções da miséria Hoj. porem." CearA ensaia lev.i.ilar-se ¦• levantar-¦""-ha. I.ieiri" rie Deus ' K «,11.10 veiamos

Está muito bem cemeçadu a iniciativaria extração ria borracha rios nossos in-linitos maniçobaes que abi estão piij.in-tos do rica seiva e que não invejam osopulentos seringaes ainasonicos. Não in-vejam porque: vendido 11 borracha aHIOOO o kilo. como no mercado se vendee regulando, termo médio, o trabalho rieum homem 8 kilos por dia, como me rons-Ia, esta quasi na mesma proporção rioAmasonas e é só isto suflicietito para os-tancar o emigração e constituir inesti-movei fonte rie riqueza para o Ccaia cpara o* cearense*.

Que se voltem torias as nossas vistaspara o fabrico ria borracha e que se pie-vma o Amasonas para a sena compefen-cia que lhe vamos faser, na certeza deque não nos levará mais um só braço riosque felizmente ainria nos restam e queinfelizmente náo nos chegam.

Cearenses ! aos maniçobaes e lindaserá vü.s.sj pobreza !

Infelizmente, como disse, náo nos che-gam os poucos braços que ainda feliz-mente nos restam.

E, como nosso governo cogite de umtratado deimmigroçáo extrangeira, venholembrar um alvilre que acho interessan-le e pratico debaixo de todos os pontosrie vista : Ao invez ria immigraçáo chi-neza, se faça a itnmigração polàra.

Não sympalhiso nada com aquella cs-ran.lalosa rabicha e muito menos com oformidável par rie ventas apragatudas echatas rios filhos rio . . . chinez império.

Alem disso, rie cousas chatas, basta anossa própria cabeça tão tradicional-mente conhecida.

Abramos o nosso hospitaleiro lar e fa-çamos vida roínmum rom essa infelizmas aitiv-a c riistincla raça filha ria Polo-ma '

Intelligcntc .- nobre povo creado ,10ostracismo da pátria que injustamentelhe roubaram, e que tem sido purifica-rio 110 carimbo rie torios os soffriinentosafflertivos que por verturo possam rahirsobre o ri.-si,110 de uni povo.

Como eu vos amo desvcnlurados po-tacos ! só porque .).- alguma forma achop.ire.nla vossa sorte e vosso caracterrom a sorte e o caracter rio povo rcaren-se'

Abramos nossos braços para fraternal-mente apertar as immigrantcs colôniaspol.ua* e em breve o Ceara será con-1,1 Io no numero rios mais felizes estadosdi I mão Brasileira Por minha parte.para esle fim. empenho lorias as forças

do palriolicrro .1.-. oe rii-sponhn e até w-for preciso poderei Krn.ai 11111 pa. to ress0 governo: venha a imiitijíi a< ;io |ola<a.quo este humilde chronisla rapaz ioltct-ro. livre, desimpedido, se . oir.pic mt-tte(isto fm segredo para que al«ünm nausaiba) rasar com uma poluo in.migrant.,m. exegindo que seja cila lionila e vir-liiosa. Ella. uma oirita Rebc ca que seráa base .Io um oulio povo abençoado porDeus, rie uma ouna Inbu rie hiael suaescolhida e amaria ; mas que. confio"... nãose tornará lão.aipoia dcjiois! Pe crosa-monto He polaco com cearense, iirrediloque sahua uma raça de gigantes ou «leanjos, et mo diz a Bíblia que 1101 piiiBstiiualimpos appaii-ria a raça piiveligiaéa és*filhos de Di us rom as Hlhas dos bomtüs.

De-nos, Sr Goveinador. a nós ceaicst-srs a felicidade da immigiação polara,*a mim em particular a supiima venturade ser o patriarrha de unia laça do es*»-lindos."

Como se todas essas felicidades 1nadas acima não chegassem par* levan-tar o Ceará, esta a nos checar outra qnepasso a relatar aos leiloreu rio >Pão»jre-servanrio para ella Iodos os direitos egSlrrantias rie boato.

E' que vem nos chegando a poila com oR.liáo de lbiapaba o prodigioso PadreKeneqie que lem assombrado o mundocom a sua maravilhosa cura dagam. Sio exalo que o velho tomou essa feliz re-solução, então Cearasinho preparai-vospara não faser uma triste figura !

E' necessário apresenlar-vos com umcopioso inverno para sj,ue não haja faltadágua p.-usi o Instilieloe assim ficar 11» »bem desmentida a triste fama de tetraria serra Muito cuidado, pois !!

Ao lado rios resultados felizes rk> lus-titulo Keneipo que será levantado na Con-reiçáo de Balurité já eslou prevendo .\stristes consequenrias de uma guerra pro-movida por trez classes de gente : n.eslicos. pliarmarculicos e sapateiros!

Isto é certo, inevitável. Talai chergtz1'argrnt ! Mas. meus Senhores eu muitoencareciria e anleiipariamcnte voa peçoque náo brigueis einquanlo aqui se «Ir-murar o homem . que deixeis as 1I1 uffposturas para depois di- sua retirada por-que ficarei confiado que rum o agoacei-ro da ithmosphfara cearense e a vossa r*-premida calma, o prodigioso e hnmanitano medico padre fifsrá satisfeitissisMipor nos haver feito a sua preciosa visitae nos haver dotado com tão inestimávelmelhoramento'

~~Tj

Page 2: IDa, Pao aiia Espixltiaal

O PÁO

Cousas do inimdo! quem haveria deiluer »,no veria um* tempo em que todoso- :,oss,»s males seria», curados com águasMiud -im-utc! Ou,- anua. que tanto pos-suim.is. no mar. no seio da terra, no ar,etu -o.Ia pirlc e com tanta abundânciaviniis-c substituir a droga, dorribar asp'i o i i i.is e consliluir-se o remédio uni-ves.i! o ir.i Iodas as humanas enfermedi-ila-; tio corpo * ?

Ab ! meus IVus ! como ludo se vr> nestetini do século om que se descobriu maise-s,. prodigioso efleilo dágua que paralanl i eoiisa ja no¦; sorvia e que com tantaprodi;.lotado ereaste.approximaios tem-|M> .in om-no llr.-izil as |K>draseas fo-II. . ...tiiltoin tenham o valor de dinheiro,p,,-a \.i se assim subira o nosso cambio,o -•• :...,lerào cqueührar as finanças doin. i P.il/.!

!'or todas essas esperanças de foliada-de p.oa a nossa torra, foi que achei riso-nlio- e í.di.cs os Qniiise Dias ti'O Pão.E ei no dezi.a um meu compadre que omelhor .. i fi-sla o n (empo que se levacs;- : ai,d.i por ella. aqui faço ponlo e voseon.iii a osperarar pela rcalisação dosgrandes icnnli ciiiieiitus futuros

• (Kll.l II KM

At AG írAS¦ ¦- » ?: . : ..¦ i;i . vi.

N 1.

)Nem ine-uio sabes luas minhas magnas.Pa a p..ii|.ar leus prantos o desgosto(.um., d,- -jso.s o meu triste roslu.|,o • ora .': i e-coiulo as rudes frago.íá.

As iiiiulci- pc.ias cin silencio trago-as.Ou il lr.ua a n.ule os raios do sol posto :I. p.-n-.a- meu viver clcrno goslo,I ni singi,ir ile balei em mansas águas...

Aei-o \è ii á lorra as harmoniaslias ;'-],lie,as qu,. hoi.iin nas sombriasIleui.ãVs. do universo sideral V

-M,' laniSi-m inlre mis um vácuo existe.Abcsmn a dissolver Iu Io o que é IrisleI. que piul- a lua alma fizer mal

l.n:

SS

Carta de um cariocaContinua o nosso hospede :•Tu o eu. como todos os que no

Rio se oi-cupam de lottras, soja comocultores, veja eamo simples amado-ros. nos impressionávamos forte-mente com o que not mamou de prós-peridad- i llellectual neste Coará—terra do um incontestável relovooriginal entre aa suas irmãs dal! niâoBrasileira

Rara era a semana cm que a im-prenxa fluminense não Recusava orecebimento de um livro publicadoaqui.

Eram-nos familiares os nomes dasHMocincõ-M.

—Instituto, Padaria, Academia,Centro etc ede eseriptore* oultivan-do com afHnc > to Ins os gênero» lit-torarios.

Diiitif .!p-«-> brilhante . n'ln,-

siastico movimento espiritual, nosnos tomávamos de inveja ao con-teinplar a innnidade do meio litfe-rnrio da capital da Republica, ondeo desprezo publico peias cousas daintelligencia corro pnrelhas com atalta de solidariedade, con, o isola-monto egoistico o mesmo hostil emque vivem os homens de lottras.

A lueta pelo siiccosso no meio deum publico sem educação intelle-ct„al,de paladar estragado pela fan-caria franceza e pela pornngraphiaporlugueza, divide o nosso mundolitterari i em pequenos grupos into-lerantes, que por sua voz so subdi-videni em individualidades cheiasde pretençõese vnsias de sãos e no-bres idéaes artísticos.

Apenas alguns convencidos, ai-guus temperamentos lidera rios in-transigentes como Machado de As-sis, Alberto de Oliveira, CoelhoNetto e pouquíssimos outros, semantêm penosamente nos seus pos-tos, á margem d i mercantilismo dis-solvente e do bibehtismo que collo-onin a Arte nas mesmas e-üitirf-on-cias da Moda, fazendo-a vestir ex-travagantemente, para armar ao ef-feito, idéas aleijadas o rachiticas,

.Nestas condições voltávamos nósconsoladamente os olhos para oNorte e imaginávamos que uma no-va Athenas, ou Weimnr, ou Villa-Rica dosa brochava sobrecearenses, ao cal .r do gbda terra da luz.

O desejo de ver de perto estaphenoiiienal florescência litterariafoi qne-me foz vir de preferenciapara o Coará, a despeito da distan-cia <¦ do umas tantas inconvenien-cias que não apresentaria um pas-seio a Juiz de Fora ou a qualqueroutra cidade mineira.

E cheguei, vi e... verifieousa não é tão bonitaroce de longo.

Mas tainbom não é tão feia quail-to ahi.

Nota-se enthusiasmo, desinteres-se e fraternidade entre a gente queescrevo, o pie Re não dá geralmenteahi. A dirForença consiste em qie noRio já so procura fazer das lettras

i profissão, o tal tentativa oneon-trandi de fronte um publico refra-etário, redunda em decepções queazedam os espíritos e dão ou, restil-tado a situação irritante que já as-signaloi.

Aqui não : - ns que escrevem seresignam aposição de amadores esó trabalham nas horas que lhes so-bratn dos labores da vida pratica.

Nii>,'iie„, so arrisca a iinnriinir

as praias.rioso céo

iqnoi rpio apianto pu-

um livro confiado no publico, que óo mesmo de todo o Urazil. Sómen-te, como o meio é pequeno e todaa gente se conhece, o burguez, porattenrüo ao nuotor, acceita o livroque en, geral não lê.

De fôrma que o apregoado movi-monto litterario do Ceará consistoapenas na tenacidade de alguns ab-negados e na tolerância pagante dopublico.

. E é nestas condições que o Lns-tituto estuda proficientemente ahistoria do Ceará, que a Academiadiscute fheses scientificas e qne aPadaria Espiritual e o Centro Int.-terario fomentam o movimento lit-terario.

O auxilio do publico nào ó po-rem sufficiente para as despezas deimpressão, e assim tem logar estaciiouiiistaiicia'deprimente para amentalidade b r a s i 1 e i ra—paga-separa escrever.

Raros e talvez mesmo nenhumdos que têm publicado livros aqui.se podem gabar de o ter feito semdetrioit.

O Pão e o Iracema são sustenta-dos em grande parte pela bolsa dostvedaetores, o si tanto não aconteceás revistas do Instituto e da Aca-demia é porque o Governo lhes con-cede uma pe juena subvenção an-nual.

Ora aqui tens o reverso da boni-ta tela que nós contemplávamos emespirito com um desvnnooimentoque concorria para mais serena-mente julgarmos o meie litterarjuda litterophoba capital da Repu-

Vnw todo o caso, não e completa anossa desillusão :—ha boa vontade,ha talento c emulação nesta gera-ção cearense entre a qual já se con-tam alguns nomes de valor e dondepodem sahir con, mais algum tem-po de estudo o. de trabalho eacri-ptoros quo venham a honrar as lei-trás naei mies.

Quanto á formação de um pu-bheo que os estime e consagre, nãoé licito aventar hypothese alguma...Parece que á educação brasileirapreside cuia vez mais «a preoceu-paoào constante do lado pratico ,material, do provento a auferir im-modiatamente, que é a morte d.toda a elevação moral, de todo pensamento verdadeiramente mtbre >¦desinteressado.,comooaffirma Mau-nce Leloup nos seus interessante'estudos sobre a educação franceza

No llrasil não ha publico legentiporque a nossa dofeituomssima in*triieção nào incute nos espirito* jo

Page 3: IDa, Pao aiia Espixltiaal

o i\-\o

vens liellhuina noção de gosto lit--.erário, que não só não prejudica as

oc.eupaçòes praticas como até assuavisa, trazendo á existência unia

porção de espiritualidade indispcn-

savel para que n lio,nem seja uniser ta! como a civili-.ac.io o fez».

Aqui termina a parte pul.lieavelda carta do illustre moco Humiuoii-se. que a estas heras singra os ma-res em rumo de sua terra, levanil.io fígado limpo de bilis e o coração

Idisse-me elle) cheio de saudades

de nossa terra,que tão curiosas apre-ei.ições lhe despertou.

MOACYIt I I It M \ .

aíiI MM AÇUDADA

a essa que posaue uma sublimeignorância—a do Mal.

leu coração, alvo como um fechadocalix- de liz, que en penso brandamentebeijado por um anjo, certamentenão devera do meo ser penetrado...

K' tu'alina, tão santa como o alado,tremulo som de um osculo tromentede Maria cm Jesus ; hem tristementepenso-o: u nida á minha--altar manchado. .

II...'-me '... Porém se a minha pol.ie alma.is vezes vela o escuro, <, negro manto.pie passando por nos o Vicio espalma

o uflec.to que por ti nella fluctuain meo olhar te diz.!) é puro. é santo...iii.i a bendita ignorância tua'

st; llnrii

3-S

CelinaA MINHAS III» >H

Xão se trata da encantadora Colina doCasamento e Mortalha. ?.' verdade que,poucos dias antes, havíamos lido essejnteressante romance, quando um dosnossos moradores offereceu a minha ir-inã uma rianna roubada impiedosameii-Je do ninho entrelecido muito alto, na'ronde de uma palmeira visuiha.

Foi de um terrível contraste a dor des-.-sperndora, angustiosa dos loucos pães•ta pobre avisita inconsciente, a pipillare o nosso júbilo, as alegrias estridentesde todas as crianças ao redor da pobreque alli se achava prcsioneira, roubada.

Klla, quasi toda implume.com frio, nosolhava sndilTerente, as vezes cerrando os• ilhos, atônita por se ver rapidamentetransportada a outro mundo tão extra-iho, tão feio para ella, que estava ocos-

lumada a liberdade do ar livre, ao roniu-ejo da folhagem e a lainiharidade con-

-ola.lora dos pães II.. seus carinhosos...... que numa impaciência caridosa eom.ravel voavam, percoriam tuda. invés-''liavam as moitas, iam cintauilo ao.mi-lural e voltavam com alimento ao ninhoestivo de pipillos, «o ninho quente dos:'.-quorru. lios.

Não comprchciidia .11.. que os nos-o-i-os. (pari seus ouvidos, talvez grasse."s desarl.ormoniososl fossem ni.imfcs-

ii.çõ.s J . ai. gn.i tiili.il.id.is .1 su.i P'-s-

X..1 ,desveloipiedcs|.. que li

ii ii-ir,n Imr.'¦ cuidadosl.i v.iin o \o%;. era Irai.ai

por p,ode

,1 peqllelula.euco.ilro- .1.sombra am;apenas \... .<l.'kilr uma |.<de leite, abi

.1.1 p.llle dl

I...I.I

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Cliq.li

qil

algum,n.idadI.I..S ,1,..I.. se.

Ieena Iaavi.l i

faltaramde Iodosidoptiro,pois que.

¦ |»J"i'lu. tiá

¦ delicadailta lume.I evheiel-nina gotta

In. o e en-q.l

1 llfl|K)'l,

i- carui!- que lln

• .Iequepae nu tias

a hlier-

porque,quando pi

maiorICUOS

et).

Mlini.ceucl.l porpaile dos pássarosi cllios ii.iirrei'i u.11inenlo algum).

l'a.ssav,im-.seos d.ase ella expandiu-se,lorn.na--e mais robusta, vivia aos pou-e..s. recebendo a inlliieiicia do novo meio.

A pluinagein coloria-se ; o seu corpoperdia a rotiiiuhdadc primitiva de formase adelgaçavase prestando-se ao ensaio,ao requebro rápido do vóo. A pequenit.ideixava a primeira infância.

Saltava pelas 1; avessas da gaiola c cs-lucilava o mundo por entre os amarellospallilos de sua prisão.

Kra-lhe preciso agora o baplismo e era-nos preciso lambem um nome doce. deli-nulo, que t orrespondesse ao perlil gracio-soda gentil b.ipiisainla

-Celina ! foi o nome subtil que oceor-reu aos lábios de todos.

Celina era a fantasia vaporosa e azulque nos emocionava a alma! foi portantoo nome da nossa escrava. Escrava V quedigo '' Não! não podia,por certo, ser nos-sa escrava quem amávamos tanto : com-panheira. irmã ou amiga, era o que eraCelina !

A primeira nota de canto que ensaiou,Iodos nós ouvimos, todos estremecemosdi: alegria ; foi um acontecimento explen-dido e feliz.

Contávamos uns aos outros que Celi-na havia cantado. Os mais exagerados,como o Trislão, desiain que havia sidoum canto completo, harmonioso, tal comoo das viannas do campo.

Não o foi popuii,— a bem da verdade—foi simplesmente uma nola incompletameio guttural, um ensaio limido: o seuprimeiro balbuciar.

Outros, porem, suecederam-se; e nosprimeiros dias a cantora presioneiraprendeu todas as attenções em torno deseu cárcere.

(Predistinação admirável a das aves !roubadas ainda implumes ao ninho, tra-sem comsigo, para soltar mais tarde, ocanto peculiar a espécie') .

Não foi esta, por ventura, a phase maisinteressante de sua vida e de nosso en-lliusiasmo. Não é que não fosse umaquadra de alegrias e de cantos—plenaalvorada de vida—mas era que ella enós por outros acontecimentos havíamosde passar

Pela manhã, apesar do escuro d.i salaen. que dormia, ladina despertava comos pássaro-. d,\ floresta, rom seus irmãosque gosavam a liberdade do ar c da selva

Ouando lodo o campo despertava aoallior mágico da madrugada, quando oespaço, aqui, alem em Ioda a parte, seenchia com a orchcslra i.npouci.le dap.issarad.i. ella ruflando alegremente as.1-ms, soltando ,\ tioce mcloJu dv suasnotas, parecia nos diser K hora ' levan-l.uvos, ... ja desperte. '

Levantávamos, somiml.nl..- entremu-

nhar.ilo, e aando alegreigria s;iltil.iníunnas. an «¦!passam

Pode

•ii.-,intadur.i Celina revolte-ente na gaiola, ..'unia ale-' cantava de mil v.i i.i-l n.'• lava li.'Inicie a t,. |-n osouvi.i • .uil.ir e ,i,,nn |, is,i-''««' e alegre, s.lti -.ella d.lia 'ri nii,,i I r.t (ninai'¦ ^ip ,i ii i-.si avrv.i I rei*

1 ii»' liiirnan.). si .iii i KD-esl.i idéa e l..i,l iiili-

. e v-priiinr a do, e -u i\ ida-i impressão deli. a li s, na,

|ile inspirava aq.i 'de

qu

¦ mo. negro, sublil.. flexível que se |.as e suaves modi

dol iva.'.M'S

pielleu.lessegro-seira p.ude de formas

ilunairv ^raorpmlio fia,

de urna g,ir„'.iulas mais e\qiiisido som.a mais rapri hosa harmonia

O que linha ella de humano, portanto,era si.m.iile a nossa admiração e o nos-so amor.

Havia em seu ser tudo de ave mesinoe muda ousa de svlplio. de um gcinusi-nho vaporoso. aéreo, que nos canta', a afantasia quando perdida no mundo deli-cioso do sonho.

Parle integrante de nossa família C.eh-na nem por nm instante leve um des-• ileeto. iiui.ea conquistou uma itii.nis.idi-sinha passageira embora, tão coomiiiirientre us meninos.

Cm dia. ao amanhecer, ninguém ouviuo seu canto : passou despercebida est.ifalia ale que sua dona chamou a altcn-çao da casa:-Oue de felina ? : -Nãoestá na gauil.i !

A esperança de que ella estivesse poralli, ao |>é. desTez-se quando foram per-corridos Iodos os quartos, removidos to-dos os moveis e não se deu pelo menorsignal de Celina.

A principio, uma siirpreza mescladade incertezas e duvidas assomou ao es-pinto de todos : depois a verdade acen-tuava-se evidente, a anciedade cresciacheia de conjecturas entristecedorasfatacs.

—Onde estaria Celina ?— O que seria delia ?!—Os gatos y -Seriam os gatos ? ou |.-

ria voado para o campo ? !Não havia noticia, não se podia encou-

trar o mais simples indicio por onde sepodesse chegar a uma evidencia qualquermesmo por mais triste que fosse.

Foram cuidadosamente percorridas ascercanias da casa; bateram-se todas a*moitas, foram balançadas as arvores vi-sinhas. revistada a casa; nem uma espe-rança! nada! Tudo selencioso como umsepulchro !

Recahiram nos gatos todas as suspei-tas. '

-Foram os gatos! foram os gatos 'O Tnstãc -o mais exagerado de todos-garantiu que ouvira o rosnado de

um galo como que comendo alguma coi-sa—verdade era - disia elle, qne não es-lava bem acordado ! mas ouvira '

Uma revolta de oliiiir--.-ilor.ase de ódio-recuou liilinina.ile coou,, ,,, Indianosq.ie eram preso- ,• maltratados sem »menor gar.vilu Po. promovida umaguerra de extermínio contra os Ir.irooiro»assassinos de ( etnia

- Impiedoso, cruel, o galo que romme-t-ra tamanho deli. to "

A confusão t. rnava-sr (iimultuosaqueriam t..do« . onjerlurar "irrrfa-f...--»,,-t», sobre qu .1 fora o a*s«ssino

O Mim- so' d.-..,.,, uns, foi o Mimo-so, e o sen o.«t,.n.e y.-ív passarinhos uot erreirn

Page 4: IDa, Pao aiia Espixltiaal

O PAO

Não ' |*xle toa sido o Formos»! ê o

mais ladrão V-<*ala-s«-! .lesi.in- va mais exaltados.—.\ão! I. .vemos „. .r soltal-os longe.

I.i uv tiiojo lia iii.illa. I<'v,ire. os vm uni>:ici-.i. não a.orlarão ooin .1 rasa !

fi-o.i liii.ilin.i.lo resolvido damn-scos iiato> i|i- |t..- :'.',¦ i rj-;«'ni o*« quiso<<e;m citar, não lio,nulo elles. porem, isentos...• laia formidável surra.

_\ • .í.*r;i <no*s(< -u-m* a Instrui.• >!i' C-lina !."..' d.-ü.-.i.l.i ' I"<« form-a-

sa qu.- ,-i-a'e morta traiçoeira, rriielmen-Ir. lai\r/.! <h; nossos olhos marejavam-s ' •' .; n i j :•.:," ¦ ¦ : ; ¦ -r.: . muito\ -r.la ' -ra<. Não mas podíamos arvom-i.iodar .em lão funesta e desconsolado-ja verdade.

H.i.i.1. ...inliido. a vaja esperança deqii' : |»>.l<".s<'.-liml.i viver, que tivessev..;.! p..r.i o ,.u..|*>; i.-to. puictn. eramuito vau» e não compensa.» a nossaiíür.

l-ida dia ...ais se acentuava a nossaadiin:.i\ão <,.uiph-t.i. incondicional, cheiadas mai; saudáveis recordações.

Km sentida conversa lembrávamoso seu canto harmonioso, meigo, a delira-.leza de suas formas, a marii avelludada.le s..a pliii.i.i^eni pn-la orlada de aina-i-i-lio.

S- .'••.eiras veres ouvíamos r.inlar uman..»».. .......i,,io? a investigar presuro-sos.ii \«-r .-i .ra ella que ingratamente noslives.-i- ah.uidouado.

('i.uil.l.s saudades' quantas recorda-çõçs de Celina ao vermos um iletk-ado ca-sal de riiiHMa desruidoso. felu. a can-lar e a voar _>ela campina afora !

D® bianco vestilaA' Y.

\i'".i< de neve vestes vaporasArommodad.i. e quando certo on. autolie outro em li. rememorando as rosasfuras, molhadas de um orvalho santo

Vssini. mai- ca>l.i; as formas gloiainasfniil.iseoslcola.o.l.-cmbelle/.ain tanto.

• hei.i> Jc vida iiiori.a. nesse eucaulo\h' \.'oio^ lll.UU Ja, VOslOS V.lJijfJS.l . '

Mais se assemelha ao bogary nevadoh-.se leu colio. assim alvoroçado,1 raiisparecente e de |»erfume cheio

ei. .pie le anecio allucinadaiiiente(I aroma sorvo, como a loira e ardente\i»«'lria « rosa lhe aspirando o seio

C .........

«fi

Kiitrara o inverno. Toda a Naturezae-ra festa, a pussarada. pela madrugada,chegava ,-f.o delírio do canto: um hvnioof. sino de alegria irrompia do seio dalorra.

A chuva loma-sc a providencia da vi-da. todas as cousas ririvem como toca-das por um rondão de fada.

A manhã de um dia surgira bellissimade luz e de festa. A colluia visinha. Iodabanhada de sol. parecia uma montanhade ouro sombreada pela esmeralda darelva.

A alegria das cousas exteriores entra-va-nos poria a denlro e nos vinha des-portar no leito, inültrando-nos nalmaanecios de inspirações e de risos.

Um brado alviçareiro. intimo de con-ten lamento partiu de alguns lábios :

—Celina!!—Celins está aqui!E ella—a nossa graciosa fugitiva—ai-

(ruma coum differeule. voltava a nossacasa. e por cima de «ia abandonadagaiola, saltara delirante de alegria,saudando a tudo com mil variedade decanto, festivamente satisfeita. n'um rego-syo profundíssimo de amor que s<- urra-aliara palpável.

— Vollara * — desiamos num desafagode saudade—Teria ido conr»rer com osseus?

Quem *.ihc 'Foi um deiino d>- fc-.la- <• alegrias n--

ciprocas. ) adeus eloqn.-nl- da rcea-ni-chegada unia-se rum a ranlanle evp.ia-cio de ikksií almas jiihdosas pela boa-vinda i|im- se i»o-> afigurava uma r»~íiirreicao dVslunibr.-i.lora e ÍHu.

r>!ma havia rollado'

Ceara 'M

J..-Í r.\LVj.l IM

Uni dis em M...(Sotas de um ludambii/o)

O ruidoso relógio, pregado emfrente da minha rede, atro ou õ ho-ras justamente quando eu desperta-vá em meio de um sonho complica-do e incoherente.

I^>vantei-me lesto, e armado detoalha e sabonete lá me fui rumo dobanho.

O ar fresco e tonificante cheirava,emhalsaiuado pelas acácias sylvos-três que se perfilavam ao longo dosvelhos iimnis sem reboco e das eer-cas eiiiinar.inlia.ias de trepadeiras.

ltanliistas madrugadoras, comoeu, sabiam também de casa, toalhaaberta sobre os Iniubros e cabellossoltos sobre a toalha.

l'ara alem das velhas casas deengenho os cannaviaes se alongavamnum ericuniento de lâminas verdese trvululantes.

Vinha de lá um cheiro forte degarupa fermentada, de mel e de a-guardente.

O riacho cantava ao fundo dosgrotiões a sua melopéa monótona...

Prelibando as delicias do banho,desci o caminho pedregoso, de umdeclive rápido e achei-nie em fren-te da cascata, * escachoar soapra elímpida sobre lagedos— brancos dosabão das lavadeiras.

Ah ! como a minha pobre pelletostada do calor das casimiras es-tremiveii de goso ao contacto dn-quelle jorro caricioso e frio '

IINo pnt- • interior d . quarteirão

do cmiiiireio sa- eleva o barracãoonde s.. rvtailhu a cam.- disposto so-l.n- is lun.-ns em grani'sangrentas, rim manchas d».de um amarello vivo. .\,'I" inunda se poinpei.mi, eoimna» boa-- estro, lie-, rimas if,

ponfji.,:or.iura

passeio

aura..

do ouro lulvo das grandes laranjas(lulçurosas e das bananas de epider-me setinea a desafiarem o nppetitsenibotiido dos pracianos endoniiu-

gados (jiie chegaram uo trem dauiiiiihã e as compram com aço.la-incuto.

Caritás com riipuilurus,cestas cunheijús, pvrainiilos do ialiain s e -u-t i;.is tMÍa!;as, tabojeiros i!o brôas,

|)ilhas de rapadura-., redes, ervas eum infinidade de artigos se exhiheinntitiia confusão pittoresoa, que osmatutos mcrcadcjiim ao sol, quecomera a aquecer ilaintiiulainente.

l''óra,na praça, nuineiosa caviilla-ria amarrada lis arvores, patle sei-lada, parte encangiilhndii, espera co-chillando os d .nos que andam a fa-zer a sua provisão de fazendas e co-mestiveis até que chegue a hora dumissa.

Lm ébrio habitual, já proniploáquella hora, faz as delicias da me-ninada, tpie o instiga a fazer tregei-tos cômicos e a soltar grandes pliru-zes de um pronunciado sabor no-

phelibata, pelo imprevisto e peloiiicolierent'' dos seus conceitos...

O sino bimbalha forte, e caminhoda egreja segue o vigário estampan-do ua tonalidade alacrc da paisagema sua silhueta fina e lugubre...

Grupos de tíéis convergem parao templo, humilde e triste com huusvelhas portadas destingidas eas suastorres gretadase ennegrecidas pelasinvernias.

E no scenurio aldeão eis <iue ap-

parece de súbito uma nota parisien-se, de uma dissonância cstridula :—um guapo latagão da terra passavertiginosamente sobre elegante by-cicle,—um legitimo Z>e'«sse,niekela-do, pneumatico e... sacrilego!

IIIsol a pino encandece o ambi-

ente, onde posa ura silencio cheiode tédios amollentadores. Nem umtranseunte ousa arrostar a soalheiracanicular das ruas pulverulentas, de¦cujo pavimento se eleva perceptívela irradiação tremula da terra com-busta.

Todo o panorama em frente ardena devastação desoladora da luzcrua.

As paredes brancas, batidas desol, têm brilhos omiscadores. Ap.--nas Je \ez em quando anima a pai-"agem um vulto de cnvalleiro quepassa regressando aos lares.

;n vento rij . e morno sopra pelosI lha.bis co.o uin amplo rumor do\aga que si- desdobra, e no som dasmelodias de 1'entò.ir,t'i

qu. snil taiilas folhas secca-» rodo

Page 5: IDa, Pao aiia Espixltiaal

i'.\()

[liam uuii-a saral.niida.illu.ii.a.los.

Aos acalanto-

Ü

vento o meucorpo verga langtii.t;.iin-nt,-, e asminhas palpelir.i- teimam em |'e-char-se sobre a pagina.cujo sentidome parece mais indecifrável .Io quea celebre tirada em cifra- de Balsa.¦na Pkilosophie du martagC-

A natureza tropical, com t-ulti aintensidade da sua quentidão esti-vai, envolve corpo ealma numa at-nioisphera de desalento e tédio.

IVMas para traz «e alteia a serra,

sobranceira e rÍ3onha, -vestida dettol e enfeitada «le verde*, retalhadade torrentes claras, onde se desta-cam as zonas cultivadas, reconheci-veia pela symetria das linhas deplantações e pelo tom claro da ver-«Jura.

Tem-se a illusão de sentir de cáda charneca resequidu a frescuradaquella região edênica, o experi-mentam-se desejos violetrtos de sti-bir para ella buscando um abrigo ásombra das., suas grandes arvores,matando a sede dos poros e du gar-gania a mergulhar com volúpia nassuas águas crystalinus o u sugar gu-looametite o sueco dos pomos quependem mamuiiformes dos seus la-ranjaes viridentes...

VEntardece precocemente aqui,

porque logo á- cinco o sol se escon-de por detraz «Ia serra, o a sombradesta cobre suavemente uma vastaextensão que se prolonga muito paraalem da casaria. Só us eminênciasoppowta á serra continuam illumi-nadas aíé as proximidades do pôrdo sol.

A planície se alaga então da meialuz de um crepúsculo fictício a es-bater os tom. ásperos da paisagem,por o.:d" a vista passeia repousa-«seu te.

Formam-se rodas pelas calçadas•• véem-se passar os leões da terra•obre os seua garbosos eavallos de-eltvque e.iqitipatn correctamente,num passo miúdo e rápido, de pes-,,OÇO cr.cispotado, quasi .a tocar eom«t beiço inferior nos largos peitosinuscul oans.

I ma grande |.uz bucólica pairaSobre as cousas, c u alma se fecha;ros|i>~,;mente num recolhimentodüve que se enlaiv.l de lliysti. islllOquando as Ave-marins reboain leu-ta> «• jrravest no ambiente eneineru-«Io C4.llllO

f's traruteuntes m- descobrem con-• rictoti, c tuna revoada de preces9»bv bo ,séo de envolta eom as 1.0-

plnugentes do bronze sagrado

V'\ noite eseurissima envolve tudo Ia tora. Ouve-se perto um trovador¦iintaiiiio uma modinha apaixonada" violão, que solta gemidos d08'•tu b ir.lões fortemente vibrados.

Vs casas jorram ondas .!<> luz"dns janelliis.

A" longe,um amplo durão uver-i""l.i;t os ,.r.'.s -,- o fogo «jue devoraos destroços de uma feira, íi qual jáse colheu u canna, e a prepara aproduzir uma sócea pujante e vigo-rosa.

São apenas 7 horas, mas a con-versa esmorece sensivelmente, pon-toado de bocejos incoerciveis.

_ Nita-se então que 11 noite está

eálida, ijueas palmas dos coqueirosem frente não se mechem.

E para que não se oecupe a geti-to da vida alheia, que é a disttac-ção obrigada dos logares pequenos,e como o livro encetado se tornaabsolutamente inabordavel, toma-seuni baralho e joga-se tres-setc até áhora do chá.

A. Sas

A alrna e a penna... o que a mão mio escret

Olavo Btlac

Pobre lamina flexívelSobre esta lauda pendente'Tudo o que a alma humana senteTentas pintar... Impossível!

Ha sentimentos agudos,Singulares, transcendentes.Que as palavras impotentesDeixam para sempre mudos.

Alem do3 risos banaesF. dos gemidos vulgares,Na alma lia gostos e pesaresQue não exprimes jamais.

Ha sensações exquisitas,De um profundo e ignoto alcance.Que nos ferem de relanceE nunca foram dess nptas

No teclado da linguagemNota não ha que traduzallm erbo só da confusaVoz desta int.asn voragem

Porque ha em nós uni rnaehtromQoe turhilhona. esfuzi.iHugo, freine, rodopiati tudo em breve 1 011-01,10

A - vezes no oceano d., almaAzul. sereno, nsonho.A 'ur.-a galera ,le un, sonho\- l.r.iiK-a- velas espalma

\ oga por alguns m-Unt. -Da luz ao rutilo brilho,Kinquanto no loinba.fillioSò.un festivo- d,--cinte-.

Mas ao barathro secretoQue tem o m:tr da consciênciai.eva o fluxo da existcn.daO pobre sondo dilecto

Aos sorved.niros profundosLa vai o barco sem rédea. .E se consuma a trag".ii:iDentro de poucos segundos.

As linhas calmas do ro.doQuem calunio nos espio,Nem nus sondou a alegria,Nem nos percebe o desgosto.

E si no fatal momentoA frágil penna empunhamos,Ella verga i 01110 os ramosSob os açoites do vento

Penna' a premir-te na mãoCom que febre as vezes buscoDebux.u num traço bruscoO raio de um:, paixão'

A esgrunir-le eu invisto.Esboço linhas bizarras ,E quando ulinal esbarras,Exclamo :- não ' não o isto '

A sensação percucienlcDe ventura ou de pesailu deixaste-a resvalarNo fundo abismo nu leniente

«igora e tarde! Estes lassosDedos a arçào não convides'

Da alma os fulgentes bobdesSe exlingueiii sem deixar traços.

Nem mesmo o olhar da mulher—Águia pura os sentimentosPodoro nestes momentosNo obysmo o seu rastro ver

Oh ! penna ' Quanto fui louco

Em desejar ver cscnplasEssas cousas inauditosQue me apitaram ha pouco !

Senti algo de superno,Feito de pranto e de riso.—Delicias do paraísoE soffnmcntos do inferno.

E a peima fria c flexívelQu,- empunhei nesse momento,Ensaiando um movimento,Traçou na lauda- impossível !

A.\ 10x10 Sa.xkx.

O boi "Estrefla"(Ercerptode um romance em prrparasào)

Tão embebidos iam os iraigos naconversação que chegaram á raizdo.Serrote da Onça., s.-.n se aperce-berem disso. O grito metallico deuma araponga, vibrado „ .espaçodocimo du mais ,,.-,1,1, urvuiv e re-peti.lo pelo eeliu ,|«. ea.voada em co-voada; aquelle som tsatriduli. de for-ro batido de malho v.n bigurna ve,«.lembrar aos vaqueiros,, , Serrote.e por conseqüência ., . Estr.-lla.

Kr., quasi ,„ .,„ jj^ ,, „ M(j| -__condo verticalmente sobre a t, rn,.

Page 6: IDa, Pao aiia Espixltiaal

O PÃO

numa reverberação de cegar,balianus superfícies das rochas e das arvores e uVIlus se entranham o cal.r e os raios luminosos se refrangiaiii no ar.

Os vaqueiros subiram a ladeirasem grande tropel. A menos de meialégua ficava o .Olho d'aguu dos Ma-«acos». bebedoiro dn «Estrclla».Quanto mais se approxini.ivuiii daaguada mais moderavam a andado-ra dos cavallos. Quasi não se ouviapisar os iiniinucs.

O boi havia deixado a iini/hiulii.a cama feita no saibro pelo seu cor-panzil de duzentos kilogntmmas asombra de um idlhiido páo d'arco eveio ao bebedoiro. Era um houitoexemplar bovino. Tinha o pello ne-gro como carvão e lustroso como seestivesse coberto de verniz.

Duas malhas bruneas.svmetricas,em forma de aza de juritv enfeita-viim-lhe as ancas.

A cabeça, urinada de um par decornos bem talhados e terminadosem [lun tus agudissimas tinha no meiodu testa uma mancha alva em for-ma de coração.

Ern soberba a carnação duo:.elleanimal. Avaliava-se a rijesa e a for-çit da musculutura pela vibração daterra quando era pisada pelas patasdo boi. O chão estremecia comoseuandar; e o ar se revolucionava,comosi nas altas regiões da atmospherauma massa aérea se tivesse desloca-do, quando uma expiração plenasa-hia do peito darez ! 0 arquejo pas-siiva como um reraoinho levantando.is folhas seecan que cahidas estavampor perto e ia atufal-as no troncodas arvores próximas.

<) boi era mal encarado; tinha osolhos vivos e pretos e sem a expres-são mclancholica da sua espécie

Era máo, bastava vel-opara certomi ficar disso.

0 bebedoiro ficava no fnndo deuma grota eera accessivel por duasladeiras oppostas uma a outra.

O «Etrella» desceu pela rampado norte e precisamente quando iaporá bocea nagua assomaram os va-queiros no cimo da ladeira do sul.

O boi ergueu a cabeça e deu tãogrande sopro que água espadanouom chuva numa grande área- vendoos vaqueiros com incrível agilidadeiiilíou-se e galgou a rampa pelaqual havia descido.

Mal OHoihosde Queiroz ede Hei-monte dhujgntiuii na aguada <> vul-'o negro do boi zuniu no aro tropeldos cavallos que corriam a toda bri-da descendo a ladeira, cuja iogrem-Jade favorecia a descida mas impe-

dia de darem a carreira elocidudeque desejavam.

t »s cavallos acostumados aquelleserviço mal avistaram a rez dispam-mm. sem precisar que as rédeas osa lixassem ou que as esporas do ca-Viilleiro tocassem-lhos as ill.argas.Em um iiist..ntedeseeraiii e subiramas r.iiiip.is. e ([liando o «Estrelln»eiuroucin leireiiu plano eeui francaentiuga entraram com elle es vaquei-n»s.

A carreira era rioud i, vertiginosade malta ;i dentro. O vento ziiniiinum assobio fino e único nos ouvi-dos. dos homens e dos brutos, e ath.rcsta se sumia num pastel esver-deudoans olhos delles, u seguiremna batida do boi, (jue abria cami-nho com as pontas e o corpo nocernido mattagal.

Os espinhos dos urzaes, compostoeiu sua maioria du unha de (jato,retalhavam a pelle dos unimues,quenem os sentiam se lhes enterraremnas carnes: o mesmo não aconteciaaos homens porque as vestes de jcouro protegiam-lhes o corpo dasnr-iranhadur.is daqitcllas aceradas gar-!ra?.

Nos primeires momentos que seseguiram ao encontro ninguém suu-be se o «Estrclla» ganharia a parti-da ou se i s vaqueiros. A. balança es-teve a pender para o lado do boi, maso •Pensamento» passando o sCti-risco», corria na trazeira do bicho,pega não pega.

l'nia bulha infernal, uma estala-jadura incessante de paos que sequebram, misturada ao som cavo dotropel da» bestas acorrer desenírea-damenteera o que se ouvia na soli-dão da malta naquellc pedaço deterra.

O cavallo de Queiroz encontrouo boi quando este topando com ospeitos unmmouta tecida de cipós deescada, nio poude rompel-a com apresteza que requeria a oceasião,

O vaqueiro nem s >ube do inci-dente, e enrolando na mão a caudada rez quando cata erguia os quar-tos na carrería cm que ia, solevan-tou-a um pouco para um dos ladosdesequilibrando-a, e ella despejou-se no chão. A força, o movimentoque a animava fel-a se enrolnr naterra em rc|ieti(ias cambalhotas

Queiroz saltou do cavallo c su-geit.ir.do a rez p-las pontas, grilou úBemiontc, que vinha chegando:

-- Rejeite o boi!...(• matuto pulou do cavallí e des-

amarrou do rabicho do tjinetr cor-diisde couro crú o uma mancara tani-bi-ni de i ouro

Depois uehegou-se á cabeça darez e assentou-lhe na cara a masca-ra, que era uni i|iiudriloiign de cercade trinta centímetros de compriinen-to com bastante Inrgura paru taparos olhos de um boi.

A venda ficou bem justa desde a.-•iiiz dos chifres até as aberturas dasventas pelas piesilbas, que a suati-iiha.n amarra.Ias sobre a saliênciadas queixadas.

A rez não se mexia; parecia mor-tu. O utortloaniento da queioi,a comrnoçào vibrada cm todo oseu systhema de nervos pelo cho-que,que recebeu seu corpo desaecor-<Iara.ii o bicho o tempo necessárioaos vaqueiros paru o mnnietarcin avontade. Mascarado que foi elle, Bel-monte nietteu-lhe os cornos dentrode um laço, qu . apertou sobre o eu-bello louro e feito de uma valentecorda de couro crú, cuja ponta amar-rou a uma grossa ar,,eira, que ficavapróxima.

O boi continuava a não dar ac-cordode bí.

Queiroz quasi duvidando da vidad'elle, soltou-lhe as pontas e deu-lhena pxusa um formidável pontapé,que acompanhou de um grito estri-dente.

O bicho accordou e levantou-seligeiro como uma onça. A primei-ra sensação que teve foi a da vendu,que não o deixava enxergar senãodos lados. Desesperado cabeceourepetidas vezes para sacudir fora nmascara; mas baldado eram ob seuserforços: a peça permanecia colla-d» a cara.

Descmbestou, então, suppoudo-se solto, mas poucos foram os pas-sós, a corda acabou-se de sopetão ca para da súbita deu em resultado amais formidável cambalhota.

O bicho ergueu-so ainda maisdamnado e vendo-se preso deu umurro medonho que atroou montes evalies. Saltava, remetia, cabeceava,escabujava punha em jogo todos osseus meios de acção para se livrarda mascara, para quebraa a corda;mas embalde, náo cahia a venda,nem uni filete da trança partia-see muito menos se aluia o mourão.

Queiroz e Belmonte fora do ai-cnnce do boi, que jogava h cubra-c gu, assistiam úquolle espectuculoe bem differeiite era o que sentiam.Joaquim olhava com grande piedu-de para o Lixo, applnudia a luetaque elle sustentava pelo liberdade,a revolta qoe o enfurecia, o Mentiaem si uma ponta de remorso porter otraiçoado n rez uproveitand i-neda su-peiisio ,|.,s -entidos delia para

Page 7: IDa, Pao aiia Espixltiaal

manietal-a. Já o oompauheii.. cio

pensava assim. 1'elo rost > d'elli- via-se o goso pio l.io ia p-iu aluía -pnri-

du o boi oni su i.s lutio.is investi Iasmarrava as nsvivrcs ou as pedras.

Queiroz coni.n vi 1 i ri n os -¦ ,f.friinentos da re/, pi-ouiiz. a i!,dinoiites)ltal-a e leval-a cm liberdade.

O matuto oppoz-'s;- diz vido-lhe

que padecia cila, porem m -nos do

que soffreu eile quando semanas esenianas campeou de cutiiigu a ili -i-tro,arranhado e com fome. Eqtian-do a encontrava, ella corria, mis cmcompanhia do diabo. Nào o uicurd >ulia soltura e su mi > rejeitou o boi

quando Joaquim mandou por haverperdido a faca na cair,-ira; tu is espe-rava que elle caneasso de todo parapor-lhe siirriípcin c então leval-oao curral.

( ) P.\( >

rã se elle derembcsta paru catingnou se vai caminho do curral!

— i-I-tava rapaz de soltal-n paradepo.s pn-ndel-o com a minha toa-du.

-K' b im não experimentar, cm-Iiuri bntido elle fará uma letra, pois... ii iluvi lu que elle tenha pautacj.u o diabo.

— K crê \ nessas bruxarias?K |uem ainda duvida que haja

coHSii-jcittl. .loaquii

A lucti. da re/. nã u jiudi.i s. r i.i-termina, como também a forca deseus miisciilm ; c inçiii cimo viveu-te que era.

Agora (lifogaiito, com a linguupendida uni palmo fura da bocea.mil poliu ariiejir tanta era a l't-diga (|iie u esmorecia inteira.

Belmonte se Uchegoii a cila, poz-lhe a mão no lombo; e nem osnervos tiveram uniu descarga, umurrepiu ao contact ) da niàti du va-qil"iru, tal era o eançassii iTaquellei-orpii.

Queiroz compadecido olhava ..«Iv.trella», em pianto o coinpauhci-ro prep-iruvu a conipiiila peia dcinii reilio gross i e furte. Li"iiclasus extreniidiiiles da fita de couropor um nó fixo, Belmonte deu n.irelho a forma de um oito, nietieiulo<-m um i das cabeças nina das per-nas do boi até acima da curva e nuoutru a mão do lado correspondeu-te acima d i j iclho. Feiro isso pas-w "i uma cilha qne abarcou a barri-gi doaiiimil por baix i da sumi-pcia e fechou-se depois em um nóno meio do espinhaço. Aqnella p;e-«ilha era pura impedir que a peiadescesse nos inuxiiihos o s.ihissecm o andar tio boi.

O «Estielln- continuavu cnfes.i-do mis não se mexia. Os olhospretos fiiisciivam mim.i esclorotic-lde sangue.

Vou hiimiinisar este bruto, .li-.-se Queiroz a Belmonte.

-A ferrão'.A musica.

—Tem V lembranças !.. K ondeestá a viola y

-Ca dentro do peito, diss" Qnei-''"' batendo em seu largo thorux.

Tire ns cor,lis e a mascam do'"oi e cante V que nem sereia e \ e-

-Ku. e tanto duvido que dou li-cença que me botem feitiço.

Parece qne V náo ouviu con-tnr o .-aso que -uc, edeu o anuo passade. com o José da Picada na fa-riiihadii do João Moço.

-A«|iielbi mentira ? !Mentira o que, Joaquim, um

caso silceedid >, que eu não \i, niasque muita g.-ate viu e foi notórioem n.ila esta rijjeira. V Chica Pia-Im. uniu velha ile respeito, apanhoudo chão os mocotós du cachorro,i|ii" o empalema.lo comeu a imiteqiinnilti curria «> fado e lançou in-teiritihos nos pés. delia o a vista detodos.

Kntáoo Jiisé de Picada viroulobishtMii -in e comeu uni cachorroc lançou depois os mocotós do bi-di.. y:..

—C uno sem duvida !..F.' X muito orofinoa ainda. Hei-

munte!..Mas su creio no (pie está pro-

vndo.—-Provado o que r-i|iaz!..

Provado sim. pois foi conheci-do pelos mocotós o cachorro, (pieera do Francisco Ribeiro, e nuncamais upjiareoeu dito cachorro,

Belmonte, conversa compridafaz quem quer. o dia está se aca-bando e a casa é longe. Desata oboi. que j.-t descansou, para dar con-tu da viagem que eu vuii enibebe-dal- . de inii'ii-.i. mas da uma iiiuzi-ca que o fir.i chorar -o elie tiveralma >- lagrimas nos olhos.

montanhas ao longe e o perfil damatta próxima iam se pouco e pou-co diluindo ri'aque!!a penumbra,quemais tarde serin treva, seria noite.

Grave c o silencio nos ermos, «•grande esta terra até nos seus mo-méritos de tristeza! Apenas cinta-vam os regatos c- ouvia-se a toadanostálgica de Queiroz.

Muzica não lia que melhor oxpri-ma a saudade em todas as suaspliuscs do .pie as notas «pie o ma-tuto tirava do rude peito, mas dcuma hnnn>nia tão doce, que al:iase deixava enervar pelo mvstcriosofui,Io, que gerava a iiielançholicamelodia.

O «Estrolln- lumanisado mar-chuva o , , o ..pu ,,u medido pelasurrnpeia u- uipu.ihnnil > Quc-roz !

A fadigi» e depois a niuzica snu-dosada toada moderaram nelle dctodo a cólera e o boi deixava a suaalma de bruto se embcher toda na-quelles saudosos aceordes.

Belmonte acompanhava a tez echorava. Aipiclles tristes sons on-dulando no espaço vestido dc som-liras avivaram-lhe no espirito umafunda saudade de seu contrariadoanil r.

As lagrimas enipanavani-llu- osolhos banhando uma imagem demulher que se lhe desenhava nasrotinas.

E assim foram uté a fazenda,Uoi».|.":ii. 'I*i 11. ,,c. n o

9*Paisagem

E Q'"iro' |>ondo-se n.i frente doboi ile,lilliuu nas cordas de seu Iarvn-e-e a lua.Ia melam holiea dosbuiadeiros,

líu crepuseillo c >r de papoila,antes da luz viva du -,>l ter ondu-lado cm -u is petabis aveliiiluiliis.encheu o espaço e depois veio eu-lundu sobre n terra e a <-;i\ olveii luem seu manto subtil e vaporoso.(Irainlc era a melancbolia ib-sst-sinstante- -o pedaço de florestavirgem! A- ;i\cs se calaram e ser--culher.ini ei- poisos ná rumaria jdos nrx nrvtlo». x claridade cada \ ezde.niii.iva mais i-os c intornos das

Tarde invern-osn, que morre aospoucos, cheia de tristeza, de uniatristeza vaga e profunda que nos ini-pressiona, què nos desperta n'almarecordueões de tempos que se fo-rum...

Quebram u silencio a voz curou-querida e longínqua do trovão qnerebóa pelo infinito a fora, e o tic-ticmonut no da chuva que cae, muitofina du céu carrancudo, coberto de pe-sadas nuvens, esb-iinqiiiçadiis umas.outras escuras, côr de chumbo, quedeslisain vagarosas, arrastadas, deleve, pelo vento que sopra.

Deserta e huinedccida u vasta cs-Irada arenosa, que se desdobra úvista, pruluiigiitido-se além, u'iimiiexti-iisáu indefinida, tendo aos ladu-grandes arvores virentes, de cujafolhagem a água gotteja em grosso-pingos t spaçiuíos.

E -a luz do din, que foge, se < xtingiu- lentamente, indecisa n'uiuliriixolear teime...

Cará -lspi;.N • • S o , I, ( ,.||j.

Page 8: IDa, Pao aiia Espixltiaal

O PAO

J)U VIDA ,880 de ensaio symbolista não ex- prensa : Silveira l4bo,Luiz Silvei-è Arthur A»e»edo P,iw* <>0),,Ml nenhuma para quem. ra o Arthur Suaram.. O texto es-

Ao mesmo tempo que te ver desejo como "ó*. niio acredita que o sym- cnlliido e variado.Não desejo te ver um só instante bolismo seja outra c.ius.i ui.ii.s que Boliemia—hohciuiii o . uricata fo-E essa profundo duvido conslonte «ra incidente mórbido da mental.- ||ia de bo/temios i«hs trabalhadoresMo torturando o pensamento veio' j~ i i . a. i '. , • ™ ¦* idado deste hiu de século. moços de S. Paulo.E' que se vir-te mais, eu soluçanle *'•;"• sabemos que o Nuturalis- Moura a sua primeira, pagina oPosso tombar j.elo sabor dum beijo, nio é uma escola «jue passou, (om- retrato do ronteur Armando Erse.E se não vir-lo não mais lenho ensejo bora continue a dar fruttos po.-thu- liutl)r dos ( ontus de miidut terra.Dç so.uçor-te aos pes, ogon.sante m08 ^^ 0 Bom creottío de Ado|_ Vm p .pff , ]hos pnviam or (,(, ^ ,Si nunco mais verei os meus olhares Pno. Caminha); mas elevar o sym-, A Arte— Revista artistioa de Por-Com teus olhares meigos se enlrelendo, bolismo á altura de seu substituto é tugal (Porto) boas gravuras, estu-Penso não sentirei tantos pesores! querer substituir um gigante por dos de artistas portuguezes, e o tex-Talvez não creios no que vou diser-ie • ""!LFl&meu"- aleijado. to, embora que oom pronunciadoQuero te ver. mas vejo que te vendo hstá ainda por se crear a escola sllbor symbolisrn, muito revela nNão posso mais deixar de sempre wr-le' que ha de substituir o Naturalismo força de vontade e o justo esforço

e talvez que uem se crée, porque a dos dignos moços..afa, kttk Hii.vA. Arte, perfeitamente emancipada,ve- Agradecidos-» nha a ser feita de hoje em diante á O Cernindo—Outra symbolistaBÍb!ÍOf?raDhÍa imagem e semelhança de cada tom- revista do Paraná (Coritiba) queW5'«K""« peramento e de acordo com as in-' nSBJdunmente nos ha visitado peloGicvamiina, por Affonso Celso— Uuencias do meio em que se pio- que lhe somos sineeraniente gratos.Domingos de Magalhães—Rio de duzir. i Galeria Cearense -Devido aos in-.íaneiro, 1H96.—Livro singulares- A'parte este reparo, confessamos e.anvois esforços do Dr. Antônio An-

te, n que o autor chama em uma que lemos Giovannina com máximo gusto de Vaseoneellos intelligentosub -)úgmi,hfí-romance dialogado, prazer, e que muita phrase formo- professor o jornalista, recebemosEm umn nota final aftirma porem, sa, principalmente as da parte des- majs Uma visita da folha mensal quonao poder definir o livro, que tem enptiva, nos ficou a bailar na me- c01..0 8l,,n,)lv Vüm clu,ia e ^j.,muita cousade drama c que o se- mona e a scint.ilar como uma jóia de úteis e agradáveis estudos. Pres-na de todo cem um pequeno tra- ideal finamente lapidada. ta elk homenagem á memória dobali,,, de adaptação á scena. n088ü erudito e nMll|ogrndo parr5ci((Tal curan esta pode ser um ro- Rocha Lima.maiiep dialogado, mas romance de «Tg ;

Penhoradosmoldes novíssimos, em que o autor Imnronca litteraria «*ensaie uma investida pnra os ca,..- ""Prensa litteraria Carteirapos svmbolistas, como aliás é sua Recebemos: -,T j .xintenção, confessada na referida Tribuna Litteraria-E um* nova' ciar-s™ «^ ií e'f^!: ^nota- revista de sciencias e Lettras que Exma Sril- D Anua Nogueira, seguiu ao

Comi, não conhecemos os procos- no Recife se publica com n atispi tlia ,2 c,° correll'e o nosso prosado com-sossytnbolistas do romance, acha- ciosa oollabor.iCào de nosso presado

P^emSmos

primam,,,,,, e mais que tu- consocio Carlos Porto Carreiro e uma dos Vacas, q„,í vai reol.sTo seu

*Sudo um drama, salvo a ausência de ploiade distinetissma de escriptores de mo'.'" cum láo auspicioso enlace,pequenos detalhe* de vnlor pura- e poetas. E-nos desnecessário enca- t„tonio ttjj^mente tcchn.co. O estylo guindado reeer o valor da rica ItecLttn que só

'' A- „,-. u y, , ,o eniiibnt rn « on «linbi.ro • „„.,„ ,-.- . A rua dos /-fores, na modesta casa emi . mphnt.co dos .1 mlogns, o nome por s. ser.,, sufhc.ente para levantar que vivia, morreu „a noite de 20 do cor-dos personagens colloeudo isolada- o nível intellectuul e moral de uma r™le Al>l°'"<' '¦•• l.affayulo, na idode de

mente no alto de onda um delle»; a terra já tão bellamente dotado Pa ** an"0á'doscr.|içáo previu o separada da lestrns históricas, Professorado es- l?"',veW''';' ° ^f0"V"" ^«Cerisli-naisarrem —tudodii .'¦ i.hr» ..ma n»« . i i » ,' ,nluo e", cameitle complclo do bohemio cearense.paisagem tuüo da a obra unia pro- Udual. As reformas do ensino, Os, dessa bobem!:, das areia* e dos pe(|ue-nunciada feição de poça theatral. Pequenos quadros de historia pátria, ™"°s periódicos sal yricos fetos poro ..

Quanto no fundo, explora o ou- (fragmentos de um precioso livro gr0SB0 I'"1'1''0- 'l'"' idolatrava LafTayetctor, cremos que o primeiro, un, epi- em preparação,) estudos sobre 2T^-1 amor

vibra'-"10 a cordil dasodio da vida dos immigninlos es- língua vernácula, etc. são inostima- Klo dl" .voTen, miniatura suo obratrimgo.ros que buscam nosso paiz, veia preciosidades que contituem '' •"<¦'•« no Mei.inho. Char.-., cem todo-episódio cujas peripécias dao ense- esorinio da Tribuna Litteraria os outros jomaesinhos que appareci.un cjon que revele o autor boa somma Parabéns a Pernambuco Não re ¦,OS!,I'l'areriam conforme osacontec.imen-de .-. nh-cimentos da nossa vida no- oobe.nos „!•„% Z.., ¦ i ,T °s ,razl'"" a P"hli'"'ade.

, l'° ei oemos oi. n. e enearecidamente l.ltimameiite o Figurino foi seu derra-1 !' J. , . o reclamamos. deiro jornal, escripto o composto por suasOlmo e de leitura attrohente Pan/tcéa — N °* '>íl e 10 com os ''' 's,';,r"-"l;is mãos de boh.-mio estragado

pela ,-l.ganeia do estylo o pela no- retratos da conhecida poetiza bra- "'o!',?' ,Mdade ,,, assumpto, lainto assim zileiru Zai.no Rolun o ,1,. jornalista das "L*™?

„l™ Ja Z'^ JX^que nt., tivemos «nnno do largal-o M. Lisboa (,, collega nada „.,s diz '»»".-.,* ,,, lai^veímort" donos-iiiit.s,,. virar-luea ultima pagina, «obre os «mis retratados) uma pag,- "° 'l'r" l-"1" patrício!Ma-, Irancflinente: -proferíramos na em homenagem a Carlos <;,„„,.* "" '"^ "' I'0'"^'pc-imes ã fam.h.i'

que AfTi.nso C-lso houvesse dado a e diversas outras ,,ag,nas de , ,„„„ <» ,r V! (t .,,. v/X ,,„,„„ rou.m„-ua intrre^anlt' obra a forma de- ao governo, bem ,nm„ ,„ ,,'ira- q'"' ''' ",n I lin,"«r M'l" -' ' "...Mol.mila.r. diama ou du n-miincr. to- do- d.roelor,- ,1-, l |„l, |,n nn'.""'";v"'""" A.r.i.l. , ido. |„ |H ;, ütil, a