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GESTÃO CONTÁBIL INTEGRADA:
ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO
GRAU DE ADERÊNCIA À ABORDAGEM
AMBIENTAL
MARIA APARECIDA PEREIRA (UNINOVE)
Felipe Araujo Calarge (UNINOVE)
Diante das externalidades negativas geradas pelo processo produtivo
atual existe a necessidade de uma reestruturação do desenvolvimento
de forma sustentável, de maneira que as necessidades de consumo
atuais possam ser supridas sem comprometter a sustentabilidade do
planeta no futuro. A reestruturação exige das organizações muito mais
do que a visão de lucratividade, exigindo assim a implantação de
novos métodos de gestão e processos produtivos. A partir do assunto
abordado, o objetivo do presente estudo é a elaboração e a aplicação
de um instrumento de avaliação para analisar o posicionamento das
usinas em funcionamento do setor sucroalcooleiro no Estado de São
Paulo ao que se refere a uma gestão organizacional direcionada ao
desenvolvimento sustentável nas dimensões financeira, ambiental,
tecnológica e humana. Dado este cenário, no que se refere ao aspecto
contábil verifica-se que informações fornecidas pela contabilidade
tradicional não contemplam aspectos relacionados às externalidades
geradas pelas práticas empresariais com relação aos investimentos
que visam à sustentabilidade. Diante da dificuldade de mensurar os
custos ambientais, uma Gestão Contábil Integrada irá colaborar para
o levantamento de investimentos e retornos obtidos pelas empresas
engajadas no contexto da preservação ambiental.
Palavras-chaves: Sistema Integrado de Gestão - SIG. Gestão Contábil
Integrada - GCI. Setor Sucroalcooleiro
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1. Introdução
Destaca-se que apesar das iniciativas existentes, no que diz respeito à literatura há um número
reduzido de discussões quanto aos aspectos envolvidos no processo da Gestão Contábil com
abordagem Integrada. Diante deste contexto existem inúmeras lacunas a serem preenchidas e
a aplicação de princípios e ferramentas na mensuração das informações contábeis na
dimensão ambiental mostrou-se necessária. Além disso, a discussão possibilita a verificação
da necessidade de implantação de uma gestão que possa contemplar as dimensões econômica,
social e ambiental.
Carvalho (2008) destaca que a contabilidade tradicional já definiu instrumentos necessários e
suficientes para demonstrar os fatos que se relacionam com a empresa, tendo em vista os fatos
ambientais não poderia ser diferente. Para Ribeiro (2005), os objetivos da contabilidade
ambiental estão consolidados em identificar, mensurar e esclarecer os eventos e transações
econômico-financeiros que estejam relacionados com a proteção, preservação e recuperação
ambiental, ocorridos em um determinado período, visando à evidenciação da situação
patrimonial da entidade.
O presente trabalho teve como objetivo elaborar e aplicar um instrumento de avaliação para
verificar o grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista à abordagem da Gestão
Contábil Ambiental, de acordo com os constructos definidos na metodologia deste trabalho.
Pretendeu-se obter com presente estudo um instrumento que possibilitasse a verificação do
posicionamento do setor sucroalcooleiro paulista à abordagem da Gestão Contábil Integrada.
Para tanto, realizou-se análise das práticas socioambientais no que diz respeito ao contexto em
que as usinas paulistas estão inseridas. As práticas analisadas foram quanto às exigências para
preservação do meio ambiente, as necessidades do mercado consumidor, e aos fatores
tecnológicos e humanos de seus processos organizacionais e produtivos.
Para validação do instrumento de avaliação elaborado, além do setor sucroalcooleiro paulista,
aplicou-se o mesmo em relatórios divulgados publicamente por empresas de outros setores da
economia. Utilizou-se como norteador da referida aplicação as empresas brasileiras
participantes do Dow Jones Sustainability Indexes (DJSI) carteira 2008/2009.
Além do contexto organizacional, aplicou-se o instrumento no Balanço Contábil das Nações,
um relatório de âmbito global. Para Kassai et al. (2009) este relatório contábil é uma
prestação de contas à humanidade (accountability) sujeita à consciência de cada cidadão
planetário e a seus valores éticos e morais, o que requer ações economicamente viáveis,
socialmente justas, ambientalmente corretas e respeito às culturas e crenças locais. Destacam
que desta forma a Ciência Contábil não estaria limitada por aspectos normativos, auditorias e
tribunais de contas, mas à consciência de cada cidadão, valores estes implícitos nos conceitos
de equilíbrio e accountability.
O presente trabalho está estruturado em 6 itens, sendo o item 1 uma introdução e
contextualização do assunto a ser abordado; o item 2 descreve uma breve revisão nos
conceitos das mudanças organizacionais; o item 3 aborda uma breve análise do setor
sucroalcooleiro; o item 4 descreve a metodologia proposta para o desenvolvimento do
presente trabalho; item 5 apresenta os resultados obtidos do levantamento de dados e análise
realizada e finalmente, no item 6 constam as considerações finais.
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2. Mudanças no paradigma de Gestão Organizacional: abordagem integrada
Diante da necessidade de se obter e prestar informações das estratégias adotadas, para Dillard
et al. (2009) a gestão das organizações deve formular e implementar estratégias ambientais e
sistemas de informação que permitam sustentar tais estratégias, sendo os sistemas de gestão e
as informações contábeis um tipo particular de representação simbólica que contém o
conhecimento, facilitando o controle hierárquico.
No contexto atual das organizações, com as exigências dos grupos de interesses (stakeholders
financeiros e não financeiros) e com diferentes sistemas de gestão sendo implantados surge
uma nova necessidade: a integração dos sistemas em um único sistema, que Karapetrovic e
Casedésus (2009) denominam como Sistema Integrado de Gestão (SIG). Para os autores,
quando se trata de organizações com responsabilidades ambientais, a norma Internacional
Organization for Stardardization (ISO) 14001 não foi o único Sistema de Gestão a ser
implantado e destacam que os Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ), baseados
principalmente em normas ISO, como a ISO 9001, também têm sido bem sucedidos em sua
implantação.
Para Henri e Journeault (2009), considerando o desempenho econômico resultante de
melhorias no desempenho ambiental, os gestores devem estar conscientes da importância da
integração das questões ambientais nos sistemas de controle de gestão existentes e
denominam de eco-controle a aplicação de métodos de controle financeiro e estratégico no
gerenciamento ambiental.
Schaltegger e Burrit (2009) destacam que a procura de informações sobre os efeitos
econômicos das atividades ambientais e sociais contribui para impulsionar o desenvolvimento
de ferramentas de contabilidade para uso em práticas de sustentabilidade empresarial.
2.1 Gestão Contábil Integrada: abordagem ambiental
Para Mosimann e Fisch (2009) a contabilidade é o ramo do conhecimento que estuda
conceitos de identificação e acompanhamento no tempo do patrimônio das entidades expresso
monetariamente, ocupa-se com fatos relacionados com a atividade econômica do homem
limitada ao âmbito das entidades, deve ser preditiva e fornecer informações e não dados.
Cavalcanti et al. (2009) destacam que muitas empresas ainda não se adequaram ao real
conceito de sustentabilidade e ainda relutam em publicar de forma transparente informações
de cunho ambiental. O assunto merece destaque uma vez que as exigências mercadológicas
pressionam as empresas a serem transparentes na divulgação de suas informações econômicas
e ambientais.
Cordeiro e Chaves (2009) destacam a importância de a contabilidade assumir um papel de
alinhamento com as políticas de gestão ambiental e se envolver cada vez mais neste novo
contexto, para uma melhor e mais correta evidenciação dos dados socioambientais nas
Demonstrações e nos Relatórios divulgados pelas empresas.
Segundo Grzebieluckas et al. (2008), as questões ambientais aliadas aos custos, receitas e
benefícios, preocupam cidadãos, governos, dirigentes de empresas na maioria dos países em
todo o mundo, tais preocupações sinalizam que as empresas devem mudar sua postura em
relação ao meio ambiente e buscar estratégias para amenizar os impactos ambientais, reduzir
os custos ambientais, otimizar os processos produtivos, bem como encontrar alternativas de
ganhos ligados à preservação ambiental.
Para Fleischman e Schuele (2006) a Gestão Contábil ao assumir sua nova dimensão – a
abordagem ambiental - traz inovações para a visão dos profissionais envolvidos em seu
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contexto. Observou-se, de acordo com Ferreira (2009), que existem iniciativas ao redor do
mundo, como por exemplo: o Centre for Social and Environmental Accounting Research
(CSEAR), criado na Escócia em 1991 por Rob Gray; o Canadian Institute of Chartered
Accounts (CICA), o qual publicou em 1993 o relatório Environmental costs and liabilities:
accounting and financial reporting issues – research report.
No contexto mundial, como destaca Ribeiro (2005) encontra-se também: o Eco-Management
and Audit Scheme (EMAS), uma organização não governamental européia; a Global
Reporting Iniciative (GRI), um grupo internacional e independente fundado em 1998 com o
objetivo de desenvolver e disseminar diretrizes para a elaboração de relatórios de maneira
integrada sob os aspectos econômicos, ambientais e sociais.
Destaca-se também Prince’s Accounting for Sustainability Project (A4S ) instituído no ano de
2004 por Sua Alteza Real o Príncipe de Gales. O projeto possui o objetivo de construir um
consenso internacional da necessidade de relatórios integrados denominados Connected
Reporting. No ano de 2010 o A4S em conjunto com a Global Reporting Initiative (GRI)
anunciou a criação de um quadro globalmente aceito para a Contabilidade voltada à
sustentabilidade: o International Integrated Reporting Committee (IIRC).
Além das iniciativas realizadas no âmbito organizacional, de acordo com Kassai et al. (2009)
no Brasil os membros fundadores do Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio Ambiente
(NECMA), da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP),
desenvolveram em 2008 um estudo sob o título “Balanço das Nações – reflexões sobre as
mudanças climáticas globais”.
Conforme destacam os autores elaborou-se balanços contábeis de sete países (Brasil, Rússia,
Índia, China, EUA, Japão e Alemanha) e do planeta consolidado, com base nos cenários de
aquecimento global apontados nos relatórios do Intergovernamental Panel on Climate
Change (IPCC) 2008. A metodologia utilizada no trabalho do núcleo permitiu a mensuração
dos ativos, passivos e patrimônios líquidos ambientais em balanços individuais e consolidado
dos países.
As informações fornecidas pela contabilidade tradicional não contemplam aspectos
relacionados às externalidades geradas pelas práticas empresariais com relação aos
investimentos que visam à sustentabilidade. O desenvolvimento sustentável atualmente possui
destaque na gestão das empresas e encontrar uma forma de associar a contabilidade
tradicional à gestão ambiental para se conhecer o desempenho ecológico das organizações é
um dos desafios do momento.
2.2 A sustentabilidade empresarial e os indicadores de desempenho empresarial
Luz (2009) destaca a crescente preocupação da sociedade e a urgência de se buscar o
equilíbrio entre desenvolvimento econômico, meio ambiente e justiça social e que os
mercados financeiros atentos a essa preocupação, buscando atender a demanda de uma
parcela crescente de investidores têm criado índices e fundos.
De acordo com este autor o pré-requisito para participação da empresa é ter uma atuação
diferenciada em termos de sustentabilidade empresarial e esse tipo de investimento é
conhecido como “Investimentos Socialmente Responsáveis (ISR)”. Para Camargos (2006) um
indicador considerado para a realização da análise de sustentabilidade empresarial é o Índice
Dow Jones de Sustentabilidade (Dow Jones Sustainability Indexes - DJSI), o qual foi criado
pelo mercado de capitais como meio de considerar a sustentabilidade como projeção para os
participantes de suas carteiras.
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Segundo Shingh et al. (2008), as empresas que operam em conformidade com os princípios
do desenvolvimento sustentável são listadas pelo DJSI e os critérios pelos quais são
identificadas e classificadas baseiam-se em cinco princípios de "sustentabilidade": tecnologia,
governança, acionistas, indústria e sociedade. Além do DJSI, outros índices foram criados na
área de investimento, avaliação e gerenciamento de ativos. A Tabela 1 abaixo apresenta um
resumo dos referidos índices.
Área Índices Local
Inv
esti
men
to,
Av
alia
ção e
Ger
enci
amen
to d
e A
tiv
o
Gerenciamento de Ativo Sustentável (SAM) Suíça
Sustentabilidade Dow Jones (grupo DJSGI) E.U.A.
Sustentabilidade Empresarial da Bovespa Brasil
Benchmarking E.U.A. refinarias de petróleo, o Fundo de Defesa Ambiental (EDF) E.U.A.
ECCO-CHECK Índice de Avaliação de Riscos Ambientais Ltd Reino Unido
Investor Responsibility Research Centre (IRRC) E.U.A.
Council on Economic Priorities (CEP) E.U.A.
Oeko Sar Fund, Bank Sarasin e Cie Suíça
Storebrand Scudder Environmental Value Fund Noruega
Innovest Strategic Advisors E.U.A.
Oekom Ambiente Avaliação Alemanha
Júpiter Income Trust Funds Reino Unido
Fonte: Adaptado de Shingh et al (2008)
Tabela 2 - Resumo dos criadores de índices na área de investimento, avaliação e gerenciamento de ativos
3. Breve análise do setor sucroalcooleiro
Freitas e Mendonça (2009) afirmam que o setor sucroalcooleiro do país se defronta com boas
perspectivas nos mercados mundiais de açúcar e de etanol, ambos se encontram em expansão,
a iniciativa privada local está atenta mostrando disposição para os desafios de um mercado
globalizado.
Destacando-se no contexto, São Paulo, o Estado de maior representatividade do setor que
segundo Nogueira e Soler (2008), é o Estado que tem estimulado a produção sustentável de
etanol por meio do respeito aos recursos naturais, controle da poluição, com responsabilidade
social e certificação do setor. Correndo o risco de perderem espaço no mercado mundial de
açúcar e etanol, as usinas precisam aliar a gestão empresarial de custos e menores preços ao
desenvolvimento social e à preservação do meio ambiente para manter a maior
competitividade do mundo.
3.1 Contexto Organizacional
Moraes (2007) salienta que o setor de açúcar e álcool nacional tem passado por profundas
alterações nos anos recentes, com impactos importantes sobre a organização setorial,
estratégias empresariais e sobre o mercado de trabalho, sendo que, desde 1999, o Estado
afastou-se consideravelmente deste setor. Atualmente os preços dos produtos são formados
em livre mercado, o que impôs um novo padrão de competitividade às usinas de açúcar e/ou
álcool, induzindo-as a buscar estratégias competitivas visando redução de custos e aumento de
competitividade para sobrevivência neste novo ambiente competitivo.
O produtor brasileiro de maior expressividade no que diz respeito ao cultivo da cana de açúcar
é o Estado de São Paulo. Nogueira e Soler (2008) destacam que o Estado possui datas
específicas para o fim das queimadas nas lavouras já existentes e nas áreas novas haverá
permissão somente de colheitas mecanizadas.
3.2 Contexto econômico
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O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos - DIEESE (2007)
apontou que o agronegócio sucroalcooleiro faturou, direta e indiretamente, cerca de R$ 40
bilhões por ano, o que correspondeu a aproximadamente 2,35% do PIB nacional, sendo
também, um dos setores que mais empregou no país, com a geração de mais de 3,6 milhões de
empregos, diretos e indiretos, reunindo mais de 72.000 agricultores.
Outros dados relevantes foram referentes ao potencial deste mercado, uma vez que
aproximadamente 50 mil empresas brasileiras sofreram o impacto do elevado volume de
capital destinado a investimentos, compra de equipamentos/insumos e contratação de serviços
por parte das usinas de açúcar e álcool, o que ultrapassou R$ 4 bilhões/ano. Em relação à
geração de impostos, confirmou-se a importância social do agronegócio sucroalcooleiro, pois
a cada ano recolheu mais de R$ 12 bilhões aos cofres públicos.
3.3 Contexto socioambiental
Nichols et al. (2008), salientam que a produção e uso do etanol derivado da cana-de-açúcar
como combustível é crescente em todo o mundo em resposta à economia, segurança, e as
preocupações ambientais. No Brasil o etanol é fabricado em larga escala a partir da cana de
açúcar, o que vem ao encontro da crescente demanda nacional e internacional da substituição
do combustível fóssil por uma fonte renovável, de qualidade e ecologicamente viável devido à
redução da emissão de gases nocivos ao meio ambiente.
Lins e Saavedra (2009), afirmam que características do país e do próprio ramo de atuação são
partes dos determinantes do contexto no qual se inserem os desafios de sustentabilidade do
setor e destacam como importantes características atuais da atividade sucroalcooleira
brasileira na agenda da sustentabilidade, os seguintes pontos: (i) a intensidade de uso de
recursos naturais e sociais; (ii) o diferencial competitivo brasileiro por condições climáticas e
pela experiência adquirida do setor; e (iii) o movimento de consolidação, expansão e entrada
de novos players no mercado.
No caso do Estado de São Paulo, há o Protocolo Agroambiental que estabelece uma série de
compromissos e diretivas técnicas relacionadas às indústrias sucroenergéticas. Uma delas
refere-se à antecipação legal do fim da colheita de cana com o uso de fogo até 2014 (para área
mecanizáveis) e 2017 (para áreas não mecanizáveis).
4. Métodos, fonte e coleta de dados
A presente pesquisa possui como escopo a elaboração e aplicação de um instrumento de
avaliação para analisar sob a ótica da Gestão Contábil Ambiental as informações constantes
nos relatórios econômico-financeiros das empresas do setor sucroalcooleiro paulista. Sendo
assim, ao aplicar o instrumento pretende-se encontrar resposta à seguinte questão: qual o
posicionamento e o grau de aderência do setor às práticas que subsidiam a Gestão Contábil
Ambiental?
Para tanto, a pesquisa possui caráter exploratório com procedimentos sistemáticos para
análise dos dados, uma vez que existem poucos ou inexistem trabalhos sobre tema e desta
forma pretende-se proporcionar uma visão global sobre a abordagem em questão com
precedentes para estudos futuros.
O instrumento de avaliação proposto foi elaborado tomando como referência a estruturação
proposta pela norma SAE J4000. A norma recebe a denominação de “Identificação e
mensuração de melhores práticas de uma operação enxuta em uma organização industrial”,
como destacam Satolo et al. (2007), sendo desenvolvida pela Society for Automotive
Engineers (SAE) em 1999.
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A norma SAE J4000 é composta por um conjunto de elementos divididos em áreas que
atingem empresa, clientes e fornecedores, lista os critérios pelos quais a manufatura enxuta
poderá ser alcançada, sempre enfocando na eliminação ou minimização de desperdícios
(SATOLO et al. 2007; NOGUEIRA e SAURIN 2006).
O prosseguimento do estudo se deu através da estrutura das contas apresentadas no Balanço
Patrimonial e classificadas como Contas Patrimoniais que representam os bens, direitos,
obrigações e o Patrimônio Líquido da entidade, agrupadas de acordo com o escopo das
normas brasileiras de contabilidade. Ressalta-se que os relatórios analisados se referem ao ano
calendário de 2009 que constam das publicações do ano de 2010 conforme legislação vigente.
De acordo com a legislação vigente, além de apresentarem os relatórios com o registro, a
evidenciação e a divulgações das contas patrimoniais, as entidades também possuem a
obrigatoriedade de realizarem a apuração do resultado ao final do exercício social. Para a
elaboração do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil ambiental
realizou-se análise dos dados levantados nos relatórios contábeis: Balanço Patrimonial e
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
Para Vallejo et al. (2003), traduzir ou adaptar testes e escalas de outros idiomas é muito
habitual, sendo que um caso distinto é quando os instrumentos em outros idiomas servem
simplesmente de modelo de inspiração para a construção de um novo instrumento. Segundo
os autores, quando se pensa em traduzir e adaptar um instrumento uma das primeiras
perguntas a serem feitas é: “é a melhor alternativa?”.
Após a construção do instrumento de avaliação do grau de aderência à abordagem da Gestão
Contábil Ambiental, para verificação de sua aplicabilidade e validação de sua estrutura o
primeiro passo foi realizar uma análise nos relatórios contábeis da usina considerada como a
maior em termos de produção mundial. Em seguida, após a validação do instrumento,
realizou-se a aplicação nas demais usinas de acordo com o objetivo proposto no presente
trabalho. Além das usinas, aplicou-se também em relatórios de empresas de outros setores da
economia e no Balanço Contábil das Nações.
A interpretação da escala de valores dos itens colaborou para definir o perfil quantitativo da
pesquisa que foi desenvolvido obedecendo a uma avaliação estatística descritiva, na qual se
determinou relações percentuais. A partir deste ponto elaborou-se o cálculo do grau de
aderência da empresa do setor sucroalcooleiro paulista no que diz respeito à abordagem da
Gestão Contábil Ambiental.
A análise dos resultados foi conduzida através do levantamento das práticas que subsidiam a
gestão organizacional voltada ao contexto socioambiental no setor sucroalcooleiro paulista,
bem como o levantamento dos demonstrativos contábeis divulgados. Nos demonstrativos
contábeis, foram analisadas as contas elencadas em seu escopo sob a ótica da Gestão Contábil
Ambiental, tendo em vista o instrumento de avaliação do grau de aderência proposto no
presente trabalho.
5. Resultados da elaboração e aplicação do instrumento de avaliação proposto
A elaboração do instrumento de avaliação deu-se com o objetivo de construir uma ferramenta
que possibilitasse quantificar o grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista com a
temática central da pesquisa. Utilizou-se assim como proposições para a construção da escala
as abordagens da Gestão Contábil Tradicional (GCT) e da Gestão Contábil Ambiental (GCA).
Para a elaboração do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil
ambiental realizou-se análise dos dados levantados nos relatórios contábeis.
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5.1 A estrutura do instrumento proposto
A relevância da escolha do tema principal dos elementos foi devido à estrutura contábil a
partir das diretrizes da legislação e das normas do CFC em vigor. Para tanto, os grupos do
Ativo são os direitos e os grupos do Passivo são as obrigações na composição do Patrimônio
Líquido que na abordagem ambiental passa a ser: “Patrimônio Líquido Ambiental”.
No que diz respeito à DRE, a mesma possibilita conhecer o resultado da apuração de ganhos
ou perdas nas operações. Após a adaptação ao contexto da Gestão Contábil Ambiental, o
instrumento de avaliação elaborado neste estudo, apresentou a estrutura ilustrada no Quadro 1
a seguir.
Elemento Tema principal Número de componentes Peso
Elemento 1 Ativo Circulante e não Circulante 12 40 %
Elemento 2 Passivo Circulante e não Circulante 09 30 %
Elemento 3 Resultados de Exercícios Futuros 01 10 %
Elemento 4 Patrimônio Líquido 02
Elemento 5 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE 05 20%
QUADRO 01 - Estrutura do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil Ambiental
O Quadro 2 apresenta a escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão
Contábil Ambiental.
Nível Pontuação Significado
0 0 O componente não está adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental.
1 1 O componente está adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental, mais ainda
existem inconsistências quanto a esta adequação.
2 2 O componente está satisfatoriamente adequado à estrutura da Gestão Contábil
Ambiental.
3 3 O componente está satisfatoriamente adequado à estrutura da Gestão Contábil
Ambiental e mostra uma tendência de aumento quanto a esta adequação.
QUADRO 2 - Escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão Contábil Ambiental
5.2 Aplicação do instrumento de avaliação do grau de aderência
O resultado apurado mediante a aplicação do instrumento de avaliação, foi a partir da análise
de 90 usinas que possuem um canal de divulgação e dentre elas 32 usinas divulgam seus
relatórios econômicos e financeiros, os quais foram analisados pelo presente estudo. A
quantidade de usinas que divulgam relatórios representa 36% das usinas paulistas.
Para aplicação do instrumento de avaliação, realizou-se análise dos dados levantados nos
relatórios divulgados pelas usinas paulistas. Os relatórios analisados se referem ao ano
calendário de 2009 que constam das publicações do ano de 2010 conforme legislação vigente.
O instrumento foi aplicado também nas empresas brasileiras participantes do DJSI carteira
2008/2009
Além do contexto organizacional o instrumento foi aplicado no Balanço Contábil das Nações,
um estudo que apresenta cenários globais para 2020 e 2050. Como destacam Kassai et al.
(2008) o estudo utilizou para composição de sua base de dados países representantes do BRIC
(Brasil, Rússia, Índia, China) e países desenvolvidos da América, Europa e Ásia (EUA,
Alemanha e Japão). A representatividade da amostra segundo os autores é de 32% da área
emersa do planeta; 50% da população mundial; e 68% do PIB mundial.
Os autores destacam que a amostra envolve os principais blocos econômicos, como: União
Européia (UE); Mercado Comum do Sul (MERCOSUL); Cooperação Econômica da Ásia e
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do Pacífico (APEC); Tratado Norte Americano de Livre Comércio (NAFTA); e Área Livre de
Comércio das Américas (ALCA).
5.3 Análise conjunta dos dados apurados com aplicação do instrumento de avaliação
A seguir são apresentados os resultados obtidos com a aplicação do instrumento de avaliação
no setor sucroalcooleiro paulista, bem como nas empresas brasileiras participantes da carteira
2008/2009 do DJSI e também no Balanço das Nações
5.3.1 Resultados da aplicação no setor sucroalcooleiro paulista
Com os resultados obtidos, apurou-se que havia um total de 167 usinas em funcionamento na
safra 2007/08 no estado de São Paulo, o que representou 45% das usinas em funcionamento
no Brasil. Apurou-se também que 90 usinas possuem site, ou seja, nas consultas realizadas na
web 54% das usinas paulistas em funcionamento na safra 2007/08 se utilizam deste meio de
comunicação. A Figura 1 ilustra o número de consultas realizadas, bem como aplicação do
instrumento.
FIGURA 1 –Quantidade de usinas avaliadas com aplicação do instrumento
Ressalta-se que na safra 2010/11, segundo a relação das usinas cadastradas no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), posição em 30 de agosto de 2010, o estado
de São Paulo permaneceu com 45% de participação nacional com 196 usinas produtoras. No
entanto, a região centro sul passou de 76% para 66% de participação. As Figuras 15 e 16
ilustram os números referentes às usinas produtoras com destaque para a participação do
estado de São Paulo. O Quadro 3 a seguir, apresenta o resultado consolidado obtido a partir da
aplicação do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil Ambiental
proposto no presente estudo em empresas do setor sucroalcooleiro paulista.
Elemento Peso Tema Principal Pontuação do elemento Grau de
Aderência %
Máxima Obtida
1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 0 0 0
2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 0 0 0
3 10%
Resultados Exercícios Futuros 3 9
0 0 0
4 Patrimônio Líquido 6 0
5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 0 0 0
SOMA 90 90 0 0 0
QUADRO 3 - Resultados apurados no setor sucroalcooleiro paulista com a aplicação do instrumento de avaliação
Destaca-se que o resultado apurado mediante a aplicação do instrumento de avaliação
proposto na presente pesquisa é de que os relatórios contábeis obrigatórios apresentados pelas
usinas são preponderantemente na abordagem da Gestão Contábil Tradicional. A Figura 2
ilustra a pontuação obtida pelo setor em comparação com a pontuação máxima do elemento.
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FIGURA 2 – Comparativo da Pontuação obtida setor sucroalcooleiro paulista e Pontuação máxima do elemento
Portanto, o resultado do grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista foi “nulo”, ou
seja, o percentual do grau de aderência foi igual a “zero”, ilustração da Figura 3.
FIGURA 3 – Grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista à Abordagem Contábil Ambiental
5.3.2 A aplicação do instrumento de avaliação em outros setores da economia
Além do setor sucroalcooleiro paulista, o instrumento de avaliação proposto no presente
estudo foi aplicado em empresas de diversos setores da economia. Para tanto, foram avaliadas
as empresas brasileiras participantes da carteira 2008/2009 do DJSI devido à relevância deste
índice no cenário econômico mundial. O Quadro 4 a seguir ilustra o resultado consolidado
obtido a partir da aplicação do instrumento de avaliação nas empresas brasileiras participantes
do DJSI.
Elemento Peso Tema Principal Pontuação do elemento Grau de
Aderência %
Máxima Obtida
1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 0 0 0
2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 0 0 0
3 10%
Resultados Exercícios Futuros 3 9
0 0 0
4 Patrimônio Líquido 6 0
5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 0 0 0
SOMA 90 90 0 0 0
QUADRO 4 - Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação em outros setores da economia
O Quadro 5 apresenta os setores nos quais o instrumento foi aplicado, bem como o resultado
da abordagem contábil adotada pelos mesmos. Como resultado foi apurado que apesar das
empresas participarem do referido índice e apresentarem o relatório anual de sustentabilidade,
seus demonstrativos foram avaliados como “preponderantemente tradicional”, uma vez que o
percentual do grau de aderência foi igual a “zero”.
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Setor DJSI Abordagem Contábil
Bancos Sim Preponderantemente tradicional
Financeiro Sim Preponderantemente tradicional
Petróleo e Gás Sim Preponderantemente tradicional
Recursos Básicos Sim Preponderantemente tradicional
Utilitários Sim Preponderantemente tradicional
QUADRO 5 – Resultados da abordagem contábil referente à aplicação do instrumento de avaliação em outros setores da economia.
5.3.3 A aplicação do instrumento em relatórios de contexto global: Balanço das Nações
O instrumento de avaliação elaborado no presente estudo, também foi aplicado fora do
contexto organizacional. Para tanto foi aplicado nos relatórios elaborados a partir do estudo da
USP denominado de “Balanço das Nações” o qual apresentou cenários para 2020 e 2050. Os
cenários foram apresentados em balanços contábeis elaborados para cada país e em balanço
consolidado.
De acordo com instrumento de avaliação o resultado obtido no “Balanço das Nações”
consolidado apresenta um grau de aderência de 23,33% à abordagem da Gestão Contábil
Ambiental. O Quadro 6 a seguir ilustra o resultado obtido a partir da aplicação do instrumento
de avaliação no “Balanço das Nações” consolidado.
Em um segundo momento, o instrumento de avaliação foi aplicado no Balanço das Nações
consolidado dos países considerados como “Monster Countries” ou “Países Monstros”,
também elaborado pelo grupo de pesquisadores da USP do Núcleo de Estudos em
Contabilidade e Meio Ambiente da Universidade de São Paulo (NECMA/USP). O grau de
aderência obtido para os “Monster Countries” também foi de 23,33% a partir da aplicação do
instrumento de avaliação, como pode ser observado no Quadro 7.
Elemento
Peso Tema Principal Pontuação do elemento Grau de
Aderência %
Máxima Obtida
1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 6 6 6,67
2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 6 6 6,67
3 10%
Resultados Exercícios Futuros 3 9
3 6 6,67
4 Patrimônio Líquido 6 3
5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 3 3 3,33
SOMA 90 90 21 21 23,33
QUADRO 6 - Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação no “Balanço das Nações” consolidado
Elemento Peso Tema Principal Pontuação do elemento Grau de
Aderência %
Máxima Obtida
1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 6 6 6,67
2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 6 6 6,67
3 10%
Resultados Exercícios Futuros 3 9
3 6 6,67
4 Patrimônio Líquido 6 3
5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 3 3 3,33
SOMA 90 90 21 21 23,33
QUADRO 7 - Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação no “Balanço das Nações” consolidado dos países considerados “Monster Countries”
Ressalta-se que a pontuação foi obtida a partir dos constructos do modelo do referido balanço,
no entanto, pode-se inferir pela metodologia de desenvolvimento do mesmo que apesar do
resultado ser de aproximadamente 25%, a abordagem contábil apresentada pelos relatórios,
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sob um ponto de vista analítico, é “preponderantemente ambiental”. O Quadro 8 abaixo
apresenta a abordagem contábil a partir da análise realizada.
Países Relatório
avaliado
Abordagem Contábil
Balanço de cada país Balanço consolidado
Membros do BRIC e
países desenvolvidos da
América, Europa e Ásia
Balanço das
Nações
Preponderantemente
ambiental
Preponderantemente
ambiental
Monster Countries Balanço das
Nações
Preponderantemente
ambiental
Preponderantemente
ambiental
QUADRO 8 – Abordagem Contábil do “Balanço das Nações”.
6 – Considerações Finais
Com a condução da presente pesquisa, apurou-se que o tema proposto possui relevância, uma
vez que existem iniciativas no Brasil e ao redor do mundo no que diz respeito ao
desenvolvimento de ferramentas contábeis que possam fornecer subsídios à tomada de
decisões. Os trabalhos desenvolvidos sob os aspectos da Gestão Contábil Ambiental têm
como ponto de partida o pressuposto do TBL ou o Tripé da Sustentabilidade que por sua vez
possui como objetivo a integração das dimensões econômica, ambiental e social.
Como aspecto limitativo aponta-se que os relatórios obrigatórios divulgados pelas empresas
apresentam grau de aderência “nulo”, ou seja, igual a zero apesar de práticas e programas
socioambientais serem divulgados.
A análise dos aspectos e das práticas que norteiam o desenvolvimento sustentável foi sob o
ponto de vista da Contabilidade Ambiental. Aspectos considerados importantes para as
empresas atingirem novos patamares de gestão contábil, possibilitando a apresentação de
relatórios em uma linguagem acessível aos seus usuários e permanecerem competitivas e
lucrativas em seus mercados de atuação.
No que diz respeito aos relatórios econômico-financeiros divulgados pelo setor, a pretensão
foi de verificar se as práticas relacionadas ao contexto socioambiental e divulgadas
publicamente foram evidenciadas nos relatórios analisados.
Diante deste contexto, como pode ser constatado, foi possível a elaboração do instrumento de
avaliação e também dimensionar sua aplicabilidade nos relatórios divulgados. Com os
resultados obtidos e demonstrados por este trabalho, foram atendidas as questões referentes
aos objetivos propostos e aos aspectos metodológicos desta pesquisa
Ressalta-se que no Brasil e ao redor do mundo ainda não há leis específicas ou normas
contábeis que façam exigências quanto a elaboração e apresentação de relatórios contábeis na
abordagem da Gestão Contábil Ambiental. Entretanto, após a realização do presente estudo,
destaca-se que há uma necessidade emergente de se traduzir as práticas socioambientais em
linguagem de negócios para atender os grupos de interesses financeiros e não financeiros.
Relatórios estes que possam contemplar principalmente as externalidades geradas pelo
processo produtivo atual e que possam apurar os resultados para as futuras gerações.
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