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Futurismo

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relatório apresentadao a disciplina de História da Tecnologia e do Desenho Industrial

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2FUTURISMO

inTRODUÇÃO..........................................................................3

CONTEXTO..........................................................................4

Características..................................................................7

Manifestações...........................................................7

FUTUrismo e DeSIGN .............................................................11

inFLUÊNCIA no DeSIGN atual...........................................................15

CONCLUSÃO...................................................................17

REferÊNCias...................................................................18SuMÁrio

3FUTURISMO

O Futurismo foi, de acordo com Ferreia Gullar, o primeiro movimento a nascer batizado, e por isso, é um acontecimento característico do século XX. Nada que já fora produzido no mundo continha as características que a vanguarda legou à história.É desse movimento, considerado o mais radical entre as van-guardas modernistas, que trateremos a seguir. Abordando do contexto que levou ao surgimento do Futurismo às caracter-ísticas deste que perduram até os dias de hoje.

INTRODUÇÃO

4FUTURISMO

O futurismo foi parte intrínseca do contexto europeu, mais efetivamente do italiano, do século XX, sendo que suas forças e suas fraquezas pro-cederam, em grande parte das cir-cunstâncias nacionais em que se de-senvolveram. Também estabeleceu relações com a cultura de vanguarda de outras partes da Europa, e reagiu às muitas inovações cientificas e tec-nológicas que vinham alterando dra-maticamente a experiência das pes-soas em todo o mundo. Estes fatores são decisivos para a compreensão do caráter particular que teve. (Hum-phreys, 2001, 12)Em 1909, a Itália, uma nação ainda muito jovem, era pouco à vontade

com seu passado, assim como com o presente e seu futuro previsto. A eco-nomia do país crescia e se havia de-senvolvido um poderoso sentimento de nacionalidade, ainda que precário. Desde sua unificação, em 1861, pelo Rei Vittorio Emmanuele II, a Itália presenciava tensões criadas por uma grande desigualdade que levaram a uma perigosa fragmentação no âm-bito político. As dificuldades financei-ras do país em geral eram enormes; os pesados impostos necessários para equilibrar o orçamento nacional gera-vam grande insatisfação; e, enquan-to as grandes cidades industriais de Milão, Turim, e Gênova se expandiam incessantemente sob o regime liberal,

outras regiões, como as mais pobres do sul, permaneciam em desvanta-gem econômica. Tamanho desequilí-brio, exacerbado por uma recessão global na década de 1880, fez surgir inúmeros grupos políticos, na cidade e no campo, dispostos a empreender a ação violenta em defesa de suas causas, devido à pobreza, à desilusão e ao descontentamento generalizado que assolavam a Itália. O artista Pel-izza da Volpedo, um importante pre-cursor dos futuristas, retratou o poder organizado das massas em sua tela O quarto estado (fig.1). (Humphreys, 2001, 12-14)

fig.1 O quarto estado 1898-1901. Giuseppe Pelizza da Volpedo

CONTEXTO

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No inicio do século XX, já estava à frente da Itália o político Giovanni Giolitti, que implantou importantes re-formas políticas e sociais visando garantir maior estabili-dade econômica juntamente a um maior consenso entre as classes e os diferentes grupos de interesse. Apesar de suas reformas, predominava a existência de pequenos, mas determinados grupos de anarquistas, sindicalistas e socialistas extremados que desaprovavam sua falta de radicalismo. A partir de tais grupos emergiu um amplo movimento que reivindicava um Estado nacionalista, ex-pansionista e corporativista. Os que apoiavam esta tendên-cia viam na guerra e na integração social os dois ímpe-tos cruciais do rejuvenescimento nacional. Os intelectuais e artistas jovens se sentiam atraídos por essa ideologia dinâmica e extremista, tornando-se assim firmes adversári-os de Giolitti e passaram a buscar idéias políticas e cult-urais que expressassem sua impaciência e frustração. Mari-netti certamente era um destes. (Humphreys, 2001, 13-14)

“Nas décadas de 1910 e 1920, a velha Europa foi sa-cudida pela Primeira Guerra Mundial e convulsionada por agitações políticas. As bases da arte moderna foram lançadas pela vanguarda, que ao mesmo tempo intro-duziu novas maneiras de olhar as palavras e usar o alfa-beto para formar imagens.(...) Chocar, além de abrir os olhos das pessoas, era parte do programa futurista. Suas batalhas na frente tipográfica tiveram início antes da Pri-

meira Guerra Mundial. O movimento foi liderado pelo poeta Filippo Tommaso Marinetti, um expoente do ‘verso livre’, que publicou o primeiro e mais famoso manifesto futurista em Paris, em 1909. Marinetti pregou sua men-sagem - que glorificava aspectos do mundo moderno como velocidade, automóveis, aviões e guerra - em po-lemicas turnês pela Europa.” (Hollins, 2001, 35- 36).

O futurismo foi explicitamente lançado quando o poe-ta italiano Filippo Marinetti (1876-1944) publicou seu “Manifesto de fundação do futurismo” na primeira pá-gina do jornal francês Le Figaro, em 20 de fevereiro de 1909 (fig.2). As emocionantes palavras de Marinetti, com seu tom de liderança alucinada, promovem o fu-turismo como um movimento revolucionário em que to-das as artes testariam suas idéias e formas contra as novas realidades da sociedade cientifica e industrial:

“Pretendemos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e do destemor. A coragem, a audácia e a revolta serão os elementos essenciais da nossa poesia.(...) Nós afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu com uma nova beleza: a beleza da velocidade. (...) Não há beleza senão na luta. Nenhum trabalho sem caráter agressivo pode ser uma obra prima. (...) Destruiremos os museus, as bibliotecas, as academias de toda sorte, com-bateremos o moralismo, o feminismo, toda covardia opor-tunista ou utilitária.” (Manifesto de fundação do futurismo).

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fig.2 - Primeira página do jornal Le Figaro, 20 de fevereiro de 1909,

com o Manifesto Futurista.

Muitos aspectos da incipiente cultura futurista foram resultados da transfor-mação e do surgimento de novas maneiras de pensar e viver o tempo e o espaço na sociedade moderna, devido a uma serie de mudanças radicais na tecnologia e na cultura que estavam acontecendo nos anos próximos à virada do século XX. As inovações como o telefone, o telégrafo sem fio, os raios x, o cinema, a bicicleta, o automóvel e o avião constituíram o fundamento material dessa reorientação. O manifesto expressa entusiasmo pela guerra, a era da máquina, a velocidade e a vida moderna. Os adeptos também rejeitavam o moralismo, o passado e o academicismo. Com atitude de ir-reverência, pregavam a destruição de códigos e valores cristalizados da arte. (Humphreys, 2001, 317-319)

“Queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo, o femi-nismo, e todas as covardias oportunistas e utilitárias.” (Manifesto de fundação do futurismo.)

“Barulho e velocidade, duas condições dominantes da vida do século XX, eram expressos na poesia futurista. Marinetti escreveu que um homem que testemun-hou uma explosão não se detém para conectar gramaticalmente suas orações, mas lança a seus ouvintes gritos e palavras estridentes. Ele conclamava os po-etas a se libertar da servidão à gramática e abrir novos mundos de expressão.” (Meggs, 2009, 317-319).

O Futurismo, em sua maior implicação política, buscava tornar a Itália livre do peso de sua história e inseri-la no mundo moderno. Além disto, os futuristas se situam entre os pioneiros a chamar atenção para a nova vida que se punha à frente do mundo moderno.

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O movimento futurista foi expresso em várias vertentes artísticas, indo da pintura à gastronomia. A cada nova área explo-rada um manifesto era publicado — em torno de 30 ao todo — contendo em sua essência os mais importantes princípios do Futurismo. Como a desvalorização da tradição e do moralismo, a valorização do desenvolvimento industrial e tecnológico e o amor à velocidade e a violência.¹

PinturaAos pintores do Futurismo o que importava era fugir da estagna-ção, representar a velocidade, o mundo em constante movimento. Para expressar o dinamismo, a energia e os vários acontecimen-tos de uma cena, os futuristas utilizaram-se de algumas técnicas. Inspirados no cubismo fizeram uso da geometrização de elemen-tos e da intersecção de planos, ainda usaram a sobreposição e repetição de partes da figura, além das chamadas “linhas de força” que conduzem a direção dos objetos no espaço.²

1 – blog de estudantes da Universidade de Brasília: http://potterheaven.com/viagenseternasdamadrugada/?p=22;2 – site sobre história da arte : http://www.coisaetal.maxiweb.com.br/Fut-Metaf.htm; blog de estudantes da Universidade de Brasília: http://potterheaven.com/viagenseternasdamadrugada/?p=22;

Luigí Russolo - Revolta 1911

Carlo Carrá - Cavaleiro Vermelho 1913Ca

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EsculturaA escultura assim como as diversas manifestações do Futurismo buscava ressaltar em suas obras o movi-mento dos objetos. Os escultores futuristas procura-ram empregar em seus trabalhos materiais não con-vencionais a essa arte até o momento, resultando em experimentos com vidro e papel. O grande expoente nessa área foi o italiano Umberto Boccioni.(Dempsey, 2003, 90)

LiteraturaA vanguarda futurista tomou a propaganda como sua principal forma de comunicação, logo as carac-terísticas que são pertinentes a literatura podem ser aplicadas à propaganda. Palavras ligadas à tecnolo-gia foram incorporadas ao texto futurista, que ficou marcado pela destruição da sintaxe. Sua linguagem é espontânea e as frases são fragmentadas e organiza-das nas páginas em angulações jamais utilizadas. Fa-ziam uso de fontes sem serifa em tamanhos variados, além de onomatopéias, tudo pelo dinamismo e pela velocidade. As principais manifestações ocorreram na poesia italiana.¹

1 – site sobre história da arte: http://www.artesbr.hpg.ig.com.br/Educacao/11/interna_hpg6.html;

blog de estudantes da Universidade de Brasília: http://potterheaven.com/viagenseternasdamadrugada/?p=22;

Umberto Boccioni - Formas uni-cas de continuidade no espaço

1913 - Bronze

F.T. Marinetti, from Zang Tumb Tuuum 1914 - Balão Turco

Capa da revista futurista -Parole in Libertá 1915

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FotodinamismoA fotografia inicialmente foi utilizada por Giácomo Balla como uma fonte de novas abordagens da pintura, mas acabou sendo abandonada até que Antonio Bragaglia passou a explorá-la de outra forma. Bragaglia acreditando que o Futurismo era um movimento que integrava tecnologia, fenôme-nos espirituais e o conceito de arte integrada à vida, recorreu a longas exposições e a outras técnicas a fim de capturar os vestígios espirituais deixados pe-los corpos em movimento.(Humphreys, 2001, 44)

ArquiteturaA arquitetura futurística é tão associdada a ficção cientí-fica devido aos projetos dos arquitetos Antonio Sant’Elia e Mario Chiattone que não incluíam em seus desenhos os seres humanos. As cidades do futuro projetadas por eles deviam ser concebidas de acordo com as necessi-dades do mundo moderno, revelando um ambiente me-canizado, desligado da natureza. Em suas construções deveriam ser empregados materiais novos como aço, concreto, vidro temperado, além das tecnologias mais recentes. (Humphreys, 2001, 48; Dempsey, 2003, 91)

Antonio Bragaglia - à esquerda Datilógrafo 1911; abaixo Violoncelista 1913.

Mário Chiattone - Metrópole moderna 1914

Antonio Sant’Elia - Cidade Nova 1914

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AeropinturaEsta manifestação artística foi a fonte de expressão do Futurismo nos anos 30. Tudo girava em torno do interesse pela tecnologia e pelo vôo, portanto as imagens aéreas seriam um novo tema a ser explo-rado pela pintura de um movimento já decadente. A nova possibilidade foi explorada de formas dife-rentes pelos pintores no que diz respeito ao real-ismo. Variavam também em abstração, dinamismo, partindo para retratos e pintura religiosa.¹

Túlio Crali - Combate aéreo a curta distância 1936

Enrico Prampolini - Anjos da terra1936

1 – blog de estudantes da Universidade de Brasília: http://potterheaven.com/viagenseternasdamadrugada/?p=22;

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FUTURISMO e DeSIGN

O Futurismo (1909-1944) foi talvez o primeiro movimen-to na história da arte a ser projetada e gerida como um negócio. Desde seu início, o futurismo foi muito próximo do mundo da publicidade, promovendo o seu produto a um público amplo. Por esta razão, o futurismo, introduziu o uso do manifesto como um bem público para publicitar a sua filosofia artística, e também como uma arma contra a polêmica no mundo acadêmico e conservador.¹Influenciado pelos manifestos de Marinetti, Fortunato De-pero foi um dos grandes responsáveis pela adesão co-mercial ao estilo futurista. No final do anos 1920, pas-sou algum tempo em Nova York, onde criou capas para várias revistas, inclusive The New Yorker, Movie Maker, VAnity Fair e Vogue. Seus trabalhos comerciais mistu-randmo o simbolismo simplificado do futurismo com dinâmi-cas linhas geométricas. (Raimes - Bhaskaran, 2007, 72; ²) Assim, como na pintura, o futurismo no design também se mostrou como um movimento revoluicionário, valorizando

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os aspectos que caracterizavam a atual condição do nicio do século XX : industrialização, barulho e velocidade, oriun-dos da sociedade industrial que se formava e ia se estabe-lecendo. (Meggs, 2009, 317)Sendo assim, a principal temática no design futurista eram a urbanização e a maquinaria, como formas facetadas e fragmentadas, estilo cubismo. A velocidade era represen-tada por linhas de força, e o dinamismo era criado com a repetição de temas e elementos tipográficos.(Raimes – Bhaskaran, 2007, 72)A tipografia era organizada de uma forma completamente não-hierárquica, com palavras livres e soltas, abandono da pontuação, mistura de várias tipografias e vários corpos de texto e uso de onomatopéias (palavras que buscam imitar sons). Usavam também colagem de palavras e letras dis-postas para reprodução por meio de lâminas de impressão fotogravadas.(Meggs, 2009, 317- 318; ³ )As imagens também eram compostas e organizadas de uma forma dinâmica, e muitas vezes sobrepostas com vari-ações de cores, com sensações de peso, velocidade e ritmo. Essa mistura na composição proporcionava uma quebra na fronteira entre palavras e imagens, contrariando assim os ensinamentos da Bauhaus.

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O uso de cores também era bem marcante nesse movi-mento. Muitos tons sutilmente diferentes de vermelho, marrom, e verde – oliva eram as cores – chave do futu-rismo. Marinetti costumava misturar três ou quatro cores em uma página, tanto para as fontes quanto para o fun-do, com as palavras – chave ou os blocos de texto im-pressos em preto. Já os trabalhos publicitário de Depero eram muitas vezes monocromáticos ou simplesmente era usada uma mancha colorida para destacar o texto. Os tra-balhos futuristas em cores faziam uso de vermelhos, mar-rons e ocres futuristas, com um ocasional toque brilhante de azul ou verde-água. (Raimes – Bhaskaran, 2007, 72)

TipografiaAtravés da organização inusitada da tipografia, os artistas e designers futuristas produziram uma poesia explosiva e emocionalmente carregada, que desafiava a sintaxe e a gramática corretas.(Meggs, 2009,318)Os versos exploravam a idéia de que a escrita e a tipografia podiam tornar-se uma forma visual concreta e expressiva. Os versos assumiam a forma de objetos ou símbolos reli-giosos. (Meggs,2009,318-319)De acordo com Marinetti:

“Na mesma página, por isso, vamos usar três ou quatro cores de tinta, ou mesmo de vinte ti-

pos diferentes, se necessário. Por exemplo: itálico para uma série de sensações semelhantes ou rá-pidas, negrito para onomatopéias violentas, e as-sim por diante. Com esta revolução tipográfica, e essa variedade multicolorida nas cartas eu quero dizer a redobrar a força expressiva das palavras. “

Marinetti defendia o conceito de “arquitetura tipográfica” para redobrar a força expressiva das palavras. Isso consistia em composições visualmente chamativas, usando textos em fontes múltiplas dispostas na página em diferentes direções e diversos tamanhos, cores sobrepostas e espaçamento en-tre letras, grande mistura de tipos para redobrar a força expressiva das palavras (itálica- impressões rápidas, negrito – ruídos e sons vibrantes). (Raimes – Bhaskaran, 2007, 72)Marinetti dizia também que, para melhor se expressar, os homens deveriam se libertar da servidão à gramática e usar das palavras para expressão, deixando de lado a ri-gorosa estrutura horizontal e vertical, utilizadas desde a in-venção dos tipos móveis de Gutenberg.(Meggs, 2009, 319)Sendo assim, os futuristas costumavam colocar as palavras em ângulos não-habituais, o que dificultava a impressão. As frases futuristas são fragmentadas e palavras são usa-das ao acaso para dar idéia de velocidade e dinamismo. A harmonia era rejeitada como qualidade do design por que era indiferente aos “saltos e explosões de estilo que prepas-

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prepassaram a página. Entre os futuristas havia também certo desprezo por regras gramaticais e sintáticas, um dos motivos que os levava a fragmentar suas frases.( Meggs, 2009, 319-320 ; ¹)As palavras assim passaram a assumir uma nova função, através da organização das mesmas em um texto que, até então, procuravam respeitar a simetria e o posiciona-mento horizontal. Ou seja, as palavras além de terem o papel tradicional de transmissão de informação, passaram assumir configurações mais livres (onomatopéias e ta-manhos diferenciados) sendo de fundamental importância para a composição da imagem. Foi, portanto, um aban-dono da tipografia hierarquizada até então vigente, us-ando palavras livres e penetrantes, para passar sensações ou desenhar objetos. Surgiu assim na página um design tipográfico novo e pictório, chamado “parole in liberta”.(Raimes – Bhaskaran, 2007, 72 ; ² )No futurismo era mais recorrente o uso de letras sem seri-fas e ocorria muito a variação do tamanho da fonte. Algu-mas palavras eram escritas em tamanhos muito grandes enquanto outras eram minúsculas, sendo apenas det-alhes nas páginas dos impressos futuristas. Essa varia-ção no tamanho das letras e formatos das palavras era

usada para transmitir sons por meio dos textos, quanto maior a fonte, mais forte era o som produzido pela palavra. Ainda com o objetivo de sonorizar o texto, havia a aplica-ção freqüente de onomatopéias. Eles também costumavam alterar as cores das, com isso as palavras se tornavam mais “imagens” e menos “partes de um texto”.(Raimes – Bhas-karan, 2007, 72 ; ³ )

Exemplos:

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Filippo Marinetti - “Montagne + Vallate + Strade x Joffre”, 1915

Ardengo Soffici - “Bifszf + 18 Si-multaneité Chimismi liric”, 1915

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Livros FuturistasAs teorias de Marinetti foram amplamente influentes e resul-taram na produção de centenas de livros de muitos artistas e designers futuristas. Durante a década de 1910, os livros futuristas foram dedicados principalmente às experiências tipográficas em “palavras em liberdade”. Dessa forma, eram frequentemente caracterizados por explosivas páginas interiores onde muitas vezes fontes tradicionais foram evita-das em favor de fontes recém-concebidas que se espalham

que se espalham ao longo das páginas sem qualquer res-peito às regras de layout.¹ Um grande exemplo é o livro Zang Tumb Tumb, 1914, de Filippo Tommaso Marinetti, que relata a batalha de Adri-anópolis (Turquia) em 1912. As impressões poéticas e literárias das explosões de granadas e tiros de armas são aqui mostradas graficamente, com o uso de palavras. O texto apresenta um amplo uso de onomatopéias, a fim de expressar a variedade de sons e ruídos da batalha.²

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Livro de Marinetti - Zamg Tumb Tumb 1914

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Les mots en liberté futuristes 1919, F.T. Marinetti.Possui diversas composições tipograficas

Alfabeto Surpresa

Outro grande exemplo é o livro de Francesco Cangiullo Caffè-Concerto 1919. Nele, Cangiullo usa palavras em diferentes fontes para formar imagens de paisagens, e até mesmo corpos humanos.¹

Vale destacar também outros livros produizidos na década de 1910, como:²

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Musica Futurista, 1912, F. Balilla Pratella

O autor pretende apre-sentar a “ordem da des-ordem” na música através da utilização de irregular-

idade rítmica.

Ponti sull’Oceano, 1914, Luciano FolgoreSua capa apresenta uma composição tipográfica, que evoca a forma do arco de uma ponte desenhada pelo arquiteto futurista Antonio Sant’Elia, que morreu em 1916.Guerrapittura, 1915, Carlo Carrà

Neste livro há composições tipográ-ficas, desenhos, poesias e

escritos sobre arte.

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Piedigrotta, 1916, Francesco Cangiullo

Neste volume há muitas composições tipográficas de tom divertido e lúdico

Em 1920, nova direção do Futurismo de enfatizar a “idade mecânica” deu novas energias ao movimento. A obra-prima desta década é sem dúvida o famoso livro Depero Futurista, criado por Fortunato Depero, em 1927. Neste livro, o texto é impresso de várias cores em diferentes tipos de papel, com tipografias de diferentes tamanhos e for-mas. O sentido de leitura é inusitado, que pode variar da esquerda para a direita e vice-versa, de cima para baixo e de baixo para cima, e ás vezes deve ser até girado.¹Sua encadernação também é peculiar, pois consiste numa ligação mecânica de dois parafusos que prendem as pá-gina. Influenciado pelo foco na máquina, que caracteri

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zou o futurismo no início dos anos 1920, este livro deve ser con-siderado um manifesto da Idade da Máquina. No entanto, a inovação Depero não se limitou à cobertura, o texto apresenta uma riqueza dentro das invenções tipográficas, incluindo o uso de fontes diferentes, o texto formado em várias formas, o uso de papéis e cores diferentes, e vários outros dispositivos. Este livro é certamente o primeiro livro-objeto na história da impressão.²

17FUTURISMOAlém disso, outro livro desta década que merece destaque é o Pentagrammata Poesia, 1923, de Francesco Cangiullo. Neste, o autor escreveu seus versos em uma pauta, como se fossem notas musicais em vez de pala-vras. Como músicos usam notas de diferentes tipos para representar diferentes comprimentos de sons, Cangiullo usa as palavras com diferentes formas e dimensões, a fim de tornar os diferentes graus de declamação poética.¹

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Finalmente, em 1932, Marinetti publicou um outro livro fa-moso, Parole in Liberta: olfattive, tattili, termiche (Palavras em liberdade: olfativos, táteis, térmicos) que foi impresso por um processo de litografia em muitas cores em folhas de metal, e com uma ligação metal. Desta forma, o livro chegou ainda mais perto com os sinais da Idade da Máquina. No conteúdo do livro Marinetti introduzidas novas referências entre as palavras e interação física com sensações olfativas, tácteis e térmicas.²

Fortunato Depero - Parole in Lib-erta: olfattive, tattili, termiche,

1935 - impresso em metal

Francesco Cangiullo -Pentagrama Poesia, 1923

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CartazesFortunato Depero produziu uma grande quantidade de cartaz-es e anúncios, aplicando a filosofia futurista ao design gráfico e à propaganda. Os cartazes futuristas, muito influenciados pelo trabalho dele, eram muitas vezes monocromáticos ou usavam pequenas manchas coloridas para destacar o texto. Predominava o uso de variações sutis de vermelhos, marrons e ocres, além do verde-oliva. com ocasionais toques brilhantes de azul ou verde-água.Passando a idéia de perspectiva com os contrastes de cores, a xilografia era um processo recorrente no cartaz futurista, em especial nas obras de Depero.¹Com a mensagem de “qualquer coisa serve“, a tipografia do car-taz futurista misturava vários padrões de letra - um cartaz chegava a ter vinte fontes diferentes - para criar uma poesia concreta (Pa-role in Libertà). A repetição de palavras também era freqüente.²

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Fortunato Depero - Cartaz Teatro Goldoni 1924

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O lado literário do Futurismo está esquecido, ninguém mais lê Marinetti. Porém, as experiên-cias feitas pelos pintores e escultores tiveram uma grande projeção, principalmente para arte ciné-tica (efeitos visuais por meio de ilusão de ótica) e na arte pop. Durante o séc. XX ninguém tinha chamado atenção para as mudanças que estavam ocorrendo nas cidades devido a revolução indus-trial. As grandes metrópoles tornaram-se caóti-cas e barulhentas. E é toda essa agitação, essa energia, essas multidões, esse movimento, que só vai aumentando no decorrer dos anos, que serve de inspiração para os futuristas. Nesse momento de correria e caos que a cidade vive, os futuristas afirmam que a estética torna-se a preocupação mais importante para os designes, mesmo naquela época. Tão importante é que hoje os bens de consumo, especialmente au-tomóveis, celulares, vestuários e outros, visam conciliar a utilidade e funcionalidade do produto com a beleza. A estética é tão importante para o produto que podemos comparar a reação de um grupo de jovens diante à uma exposição de carros com a de uma galeria de arte ou museu.¹

1 – blog sobre o futurismo: http://krisefeblog.blogspot.com/2009/11/futurismo-desde-o-surgimento-ate-os.html 2 - blog de uma aluna de design da UFES: http://clarissapn.blogspot.com/2008_08_01_archive.html

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l•Ação dinâmica e imagens sobrepostas;•Forma não-acadêmica do design;•Quebra da hierarquia da tipografia;•Onomatopéias (palavras que buscam imitar sons);•Palavras livres e soltas;•Abandono da pontuação;•Quebram a fronteira entre palavras e as imagens;•Numa mesma coluna poderia existir várias fontes e corpos de textos;•Imagens com variações de cores, com sensação de peso, dimensão, velocidade e ritmo.²

onDe poDemos encontrar o FUTUrismo no DeSIGN atual?

expostas na PÁGina seguinte estarão IMa-gens, não tipicaMEnte FUTUristas, mas que foram INspiradas no MOviMEnto para serem

cOMpostas, e por isso possuEM algumas CARACterísticas dos IMpressos do FUTUrismo.

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Sandálias Havaianas - 1. Varie-dade de cores; 2. Sensação de peso e ritmo(linhas de força)

BMW - 1. Palavras livres e soltas; 2. Quebram a fronteiras

entre palavras e imagens; 3. Abandono da pontuação; 4.

Forma não-acadêmica do de-sign; 5. Onomatopéias

Petrobras (Patrocinador do Pan 2007) - 1.Ação dinâmica; 2. Sensação de velocidade e ritmo; 3. Texto solto e livre.Dazed (revista) - 1. Sensação

de velocidade e ritmo; 2. Ação dinâmica e imagens sobrepos-tas; 3. Forma não-acadêmica

do design; 4. Palavras livres; 5. Tipografia uniforme

21FUTURISMO

CONclusãoO Futurismo foi um marco para toda história da arte no séc. XX. Entretanto com a guerra de 1914, o movimento chegou ao fim, porque alguns de seus principais artistas como Boc-cioni sucumbiram em combate, outros à tradição. Alguns jovens artistas tentaram reavivá-lo após 1918, mas sem sucesso, porém, sua influência sobre os outros movimentos modernos foi importante e duradoura.

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C O N T E X T O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .- HUMPHREYS, Richard. Futurismo. 2. ed. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. 80 p. - HOLLIS, Richard. Design gráfico: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 248 p. - MEGGS, PHILIP B.História do design gráfico. 1ªed. São Paulo: Cosac & Naify, 2009. 720p.

Características e Manifestações .........................................................................................- site sobre história da arte : http://www.coisaetal.maxiweb.com.br/Fut-Metaf.htm; - site sobre história da arte: http://www.artesbr.hpg.ig.com.br/Educacao/11/interna_hpg6.html;- blog de estudantes da Universidade de Brasília: http://potterheaven.com/viagenseternasdamadrugada/?p=22;- HUMPHREYS, Richard. Futurismo. 2. ed. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. 80 p. - DEMPSEY, Amy. Estilos, escolas e movimento. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. 304p.

FUTUrismo e DeSIGN ...................................................................................................................

- http://www.colophon.com- MEGGS, PHILIP B.História do design gráfico. 1ªed. São Paulo: Cosac & Naify, 2009. 720p.

- RAIMES, Jonathan; BHASKARAN, Lakshmi. Design retrô: 100 anos de design gráfico. São Paulo: Senac, 2003.

176p.

inFLUÊNCIA no DeSIGN atual...............................................................................................................- blog sobre o futurismo: http://krisefeblog.blogspot.com/2009/11/futurismo-desde-o-surgimento-ate-os.html - blog de uma aluna de design da UFES: http://clarissapn.blogspot.com/2008_08_01_archive.htmlRE

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