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A Fosfatos Sedimentares Marinhos do Proterozóico Médio e Superior e do Cambrian0 da África e do Brasil: Geologia, Mineralogia, Geoquímica e Importância Econômica A. BOUJO', R. TROMPETTE', R. FLICOTEAUX', A. J. MELIi'13, P. AFFATON', A. BLOY, M. D. MONTEIRO', J. J. DE OLIVEIRA' e P. MAGA? 'ORSTOM/ Núcleo de Pesquisa em Geoquímica e Geofísica da Litosfera, NUPEGEL/USP, Brasil 'Faculté de Saint JCrÒme, Université d'Aix-Marseille III, França 3Departamento de Geofísica do Instituto Astrondmico e Geofísico da Universidade de SiÏ0 Paulo/ Núcleo de Pesquisa em Geoquímica e Geofísica da Litosfera, NUPEGELWSP, Brasil 'Université du Bénin, Lomé, Togo 50RSTOM, Bondy, França 'Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil 80RSTOM, Montpellier, França Manuscrito recebido em IS de novembro de 1992; aceito para publicação ein 24 de setembro de 1993 kompanhia Baiana de Pesquisa Mineral, CBPM, Salvador, Brasil ABSTRACT The inumerous deposits, mineralizations and evidences of sedimentary phosphate occurring in middle and upper Proterozoic and in the Cambrian of Brazil and western Africa led to the definition in this region of an important phosphate province (Afro-Brazilian phosphate province). Geological, mineralogical, geochemical and economical studies carried out in Brazil (Irece, BA; Rocinha, Lagamar, Patos de Minas, MG) and in Africa (Namel, Senegal; Bassar, Togo; Park W, Niger; Kodjari, Burkina Faso; Nouedgui and Bou Naga, Mauritania) made the characterization of this province possible. Considering the geological point of view the existence of a close association between the phosphate gene- sis and the transition craton Pan-AfricanBrasiliano fold belt adjacent ridge was observed. The position of the Irece phosphate, in the craton, must be considered as an exception. On the other hand it was possible to observe that phosphate genesis is younger in Brazil; starting in the middle Proterozoic and going on through upper Proterozoic. In Africa, the phosphate genesis appears only in the upper Proterozoic, extend- ing for a longer period of time, up to lower Cambrian (Namel phosphate). As regards mineralogical and geochemical aspects, the mineral of the phosphate ore deposit in the whole province is a fluor-apatite, sometimes with fluor deficit, preserving the chemical characteristics of carbon- ate-fluor-apatite. In the occurrence afected by metamorphism and/or weathering, the apatites show replace- ment of fluor by small amounts of hydroxyles. Considering the economical aspects, these deposits, up to now, are only used for the production of milled natural or slightly acidified phosphates, strictly for regional uses. Nevertheless, their economical interest should not be underestimated, since the deposits of this province are situated in regions where the local economy does got allow agricultors access to high quality fertilizers and consequently which are too ex- pansive for them. Key words: sedimentary phosphates, Proterozoic, Cambrian, Africa, Brazil, geology, economics. ORSTOM Fonds Documentaire N'gLIA~~O @&A 1 7 JUIL 1995 Cote 4 (3 An. Acad. bras. Ci., (1994) 66 (3)

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A

Fosfatos Sedimentares Marinhos do Proterozóico Médio e Superior e do Cambrian0 da África e do Brasil:

Geologia, Mineralogia, Geoquímica e Importância Econômica

A. BOUJO', R. TROMPETTE', R. FLICOTEAUX', A. J. MELIi'13, P. AFFATON', A. BLOY, M. D. MONTEIRO', J. J. DE OLIVEIRA' e P. MAGA?

'ORSTOM/ Núcleo de Pesquisa em Geoquímica e Geofísica da Litosfera, NUPEGEL/USP, Brasil

'Faculté de Saint JCrÒme, Université d'Aix-Marseille III, França 3Departamento de Geofísica do Instituto Astrondmico e Geofísico da Universidade de SiÏ0 Paulo/

Núcleo de Pesquisa em Geoquímica e Geofísica da Litosfera, NUPEGELWSP, Brasil 'Université du Bénin, Lomé, Togo

50RSTOM, Bondy, França

'Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil 80RSTOM, Montpellier, França

Manuscrito recebido em IS de novembro de 1992; aceito para publicação ein 24 de setembro de 1993

kompanhia Baiana de Pesquisa Mineral, CBPM, Salvador, Brasil

ABSTRACT

The inumerous deposits, mineralizations and evidences of sedimentary phosphate occurring in middle and upper Proterozoic and in the Cambrian of Brazil and western Africa led to the definition in this region of an important phosphate province (Afro-Brazilian phosphate province). Geological, mineralogical, geochemical and economical studies carried out in Brazil (Irece, BA; Rocinha, Lagamar, Patos de Minas, MG) and in Africa (Namel, Senegal; Bassar, Togo; Park W, Niger; Kodjari, Burkina Faso; Nouedgui and Bou Naga, Mauritania) made the characterization of this province possible. Considering the geological point of view the existence of a close association between the phosphate gene- sis and the transition craton Pan-AfricanBrasiliano fold belt adjacent ridge was observed. The position of the Irece phosphate, in the craton, must be considered as an exception. On the other hand it was possible to observe that phosphate genesis is younger in Brazil; starting in the middle Proterozoic and going on through upper Proterozoic. In Africa, the phosphate genesis appears only in the upper Proterozoic, extend- ing for a longer period of time, up to lower Cambrian (Namel phosphate). As regards mineralogical and geochemical aspects, the mineral of the phosphate ore deposit in the whole province is a fluor-apatite, sometimes with fluor deficit, preserving the chemical characteristics of carbon- ate-fluor-apatite. In the occurrence afected by metamorphism and/or weathering, the apatites show replace- ment of fluor by small amounts of hydroxyles. Considering the economical aspects, these deposits, up to now, are only used for the production of milled natural or slightly acidified phosphates, strictly for regional uses. Nevertheless, their economical interest should not be underestimated, since the deposits of this province are situated in regions where the local economy does got allow agricultors access to high quality fertilizers and consequently which are too ex- pansive for them. Key words: sedimentary phosphates, Proterozoic, Cambrian, Africa, Brazil, geology, economics.

ORSTOM Fonds Documentaire N ' g L I A ~ ~ O @ & A 1 7 JUIL 1995

Cote 4 (3 An. Acad. bras. Ci., (1994) 66 (3)

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I NTKCI 1) tí (,'.%O

Durante a primeira metade i1C"ctt; siculcr. o dr- senvolvinlento agro-industrial conduziu ii rsplnra- @o e Litilimq~io intensivas dos f(:)sfatcis. N(I caso particular dos fosfiitos marinhos. as principi5 jazi- das esploradas estavam relacionadas a ocorrhciiis pertencentes ao Cretiiceo-Terciririo. Foi somente ncr inicio dos mc)s 60. que as descijhertas de inilnieras jazidas. distribuídas pelos cinco continentes. ttios- trnrvm B importincia do Proteroztiicn (sc-httullo do Proterc:rztllicci midio c superior) e do Citmbrinno como grandes p r í d o s gefiidorcs de fosfatos. As- sim. indicios. mincralizasacs t; jazidas dessa idade. Ga conhecidas na Europa (IJRSS. ria sun parte asidtica: Knzakhst:in. Kara Tilu). n:i Asia (Mongti- lia. Corea. China. Vietnam. India. Paquistk). na Austrliliu (Queenslnnd. Northern Territuries). nn AmCrica do Norte (Michigin. Minnesota. de recen- te descnhertn). ria hiInt;rica CIO Sul (Brssil central c

Bahin) e na Africa (principalmente &rica ociden- tal). A descri+ dcssac; rtiincralizayl',t.s deu origctti :i nunierc)sc)s artigos. que firram reunidos na síntese *'Phosphate deposits of the CVorltl" (Cbok C ! Sher- gtrld, IWO). Nesta síntese podem ser destacadas as revisc?es regionais. conici por esemplo ¿i~l~iel:is fei- tac; por Howard ( I O X h ) p m a Austriilia, Notholt CC

Brasier (lY8h) para H Europa. Slanshy ( I YXh) para a &rica. Li Yueyan ( 1986). k insh in e B;int.rjee

l Y S 6 ) p m a Asia (rcspuctivamente para ii China. Rilssia da Asia e Mongdlia e ¡ndi;i). Christie ,Cr

Shcldnn (lYS6) para ;i Amcric;ì do Norte e Darden- ne ct d. ( 1 Wfr) p m o Brasil. Somente uma peque- na parte dessus minera1izat;C)es fosfatadas ;iprewiit;ini importincia ecuniiniica. A finalidadc deste truhalho 6 :ìpresentar de t'orriia sucinta (:IS co- nhecimentos obtidos, at6 t~ presente nimierito. so- bre os fosfatos proteroz6icos e canihrianos, limitados ;io conjunto ßrasil e margem adjacente cls África ocidental. Esta síntese justifica-se, riicr sti pelo FatCr destas duas regi6es trrrm pertencido. du- rante c) Protcrnzt'rico e Camhriuno. ;io mesmo hloco continental. mas tamh6ni pelas graiidrs semelh:ìn- <as estratigrificas e paleogeogriíficas (Parenti C'ou- to. 1985) (Fips. 13 e l h ) que permitem cc:)nsiderii- las ccimc~ unia mrsnia provinci:ì fosfritica protero- zhica-carnhriana. Esta sintese qxki-se no estudo

.Arz. . k [ t d . h [ i ~ C'i.. ( I U W ) 66 ( 3 )

das recentes descobertas no Brasil (Irect ) e Togo (B:issar) L' tio c\tudo de ocorrincias ja conhecidas nv Senepal (Namel) e Brad (Rocinha) que v6m completar e anipliar os dados apresentados pvr McClellan ,Cr Saavedra ( 1 %O). Blot t't (21. ( 1988). Boujo c't ( i l , (IYXS), Pascal & Aregha ( IYSY). Ro- cha Araujo ct al, (lW7).

C .AR A C TERISTIC 1s GEOLOGIC' 4s T) A

P R O \ IN C 1 4 FOS F A I'IC 4

Do lado atricano (Fig. 2). Slnnc;hy (1986) nprec;enta o I'i'sicionanirntu dos tcrsfatw em wu conteito estratigrafico e estrutural. Este trabalho. as4m conio :i recente correla@o entre ii Amt-rica do Sul e Africa. efetuada por Trompette (no prelo). com hdse ni1 historia da parte ocidcntal do Ciond- v,¿aiiii entre 2.000 e 500 Ma.. torncccm a esta pes- quisa CIS elementos de corrclaqfio indispenvweis.

A parte oeste d,i Africa, onde ;is octrrrPncias \e concentram, 2 caracterizada pela exi+mcia de uni craton constituido de terreno5 arquevnus e pro- tero7tiicos inferior. estabilizados ar) redor de 7.000 Ma. pela cirog2riese chume:inn. E\te ciaton ai-lora n;ì parte norte (Dorsal Kcguihat) e \u1 (Ilorsal de Man) da irca considcrada. Na porc3cr re\tante da kiren. ele esta exten\ivnnientu ni;iscar:idr) por coher- turac; que con\tituem \u;ì "~uperestruturci". Dhtin- gue-se uma wqiiPncia interior. de cerca de 1 .O00 a 600 Ma.. Gncrhnica do ciclo Pan-'ifricano-BT;isilia- n o e uma seqilencia c;upcrior de idade tswicial- nieritc tanerozoica (Bozhho ct al.. 1971: C'lauer et 01.. lSX7).

E\t:i\ coberturas delimitam v5rins bacias (Fig. 7): - a imensa hacia de Tuuudeni. yuc ocupa a parte central do craton. A scqii2nc.ia inferior 6 eqm\su de nlgumas centenas de metro\ a mais de 3000 metros (Hronner Ct (11.. 1980). A seqiisncia superior fanerokiica mascara p;ìrcialrnentt. em iiire<k, iior- deste. o s contatos coni ii cadeia transaliariana (Hoggar) de idade pan-africana:

- a hacia de Tindouf. ao Norte, que engloba unia vqiikncia inferior pouccr e\p I e de extensfio re-

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FOSFATOS SEDIMENTARES MARINHOS ...

L.A.-CRATON DE L U I S ALVES ( I . A . E.A. 1986)

295

Faixas de idade ponafricana / brosi lhna com sentido do vergencia

Embasamento pol icicl ica geralmente remob i l i sado no panafricano

El Embosamento Arqueono , B i r r im iano / Transamazdnico

Fig. 1 - Esquema estrutural das relações entre a África Ocidental e o Brasil no Proteroz6ico superior (segundo Trompette, 1984).

An. Acad. bras. Ci., (1994) 66 (3)

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0 c i n t u r i o pos-paleordico e a 7;w;iano Superior e mais alpino

Ordoviciapo infer ior , Cambriono. Pro t d roz o i c a

Embasamento P r d c a m b r i a n o a Cinturäo dos M a u r i t a n i d e s

P r o t e r o t i i c o S u p e r i o r Tar m i na 1

FOFmOgÖOS sedimentorrs dobradas e parcialmente metomorfi?ados du- rante u orogênese ponafr icana

~ O e h ~ ~ , ~ ~ ~ ~ ~ ~ ' ~ ~ ~ t i ~ ~ ~ f

Fosforita I Jazida potencial 0 Ti l l to ( i n mynoux e Trompatte.1976)

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FOSFATOS SEDIMENTARES MARINHOS ... 297

duzida (Sougy, 1964). Naquela das Voltas, a sudeste, a seqiiência é ampla e atinge 3000 m de espessura (Maton, 1990);

- os pequenos afloramentos das “Séries” de Sek- ondies e Accrarian que, em Gana, acompanham a costa atlântica e representam as partes destacadas da bacia brasileira do Parnaíba-Maranhão (Wit et al., 1988).

Cinturóes dobrados limitam os cratons, de maneira particularmente nítida a Leste e Oeste e muito menos nitidamente a Norte e Sul (Fig. 2).

A borda Leste é batizada por fragmentos da cadeia pan-africana transahariana que aflora em Hoggar, em Gourma e nos Dahomeides (Caby, 1987; Maton, 1990). A oeste, as cadeias pan-afri- canas dos Rokelides e dos Bassarides são prolon- gadas pelos Mauritanides, onde se associam deforma@es pan-africanas e hercinianas. Na ca- deia dos Bassarides, em particular, onde duas tec- togêneses forani identificadas (Villeneuve & Dallmeyer, 1987; Dallmeyer & Villeneuve, 1987), as ocorrências fosfáticas situam-se na seqiiência ou sub-ciclo pan-africano superior. cuja idade está compreendida entre 600-650 Ma. (Pan-africano I) e 575-550 M.a. (Pan-africano 11) (Fig. 3).

O limite dos cratons, ao contrário, não apare- ce nitidamente no Norte, onde a cobertura paleo- zóica da bacia de Tindouf mascara todo o contato, e ao Sul, onde o traço da costa atlântica é um limite artificial, sem significado estrutural, sendo o craton de São Luís, no Brasil, uma parte do craton do oes- te-africano em terras brasileiras (Figs. l a e lb, se- gundo Almeida et al., 1977).

As mineralizaçóes fosfáticas ocorrem tanto nas coberturas tabulares ou pouco dobradas do ci- clo pan-africano, senso lato, dos cratons (borda Su- doeste da bacia Taoudéni, no Senegal Oriental, bacia das Voltas) como nas cinturas pan-africanas dobradas (cadeia transahariana no Niger e no Togo). Na realidade, elas se localizam preferencial- mente não muito longe da transição cratonhadeia (Vlleneuve, 1984; Ouedraogo, 1982; Maton, 1990; Maurin, 1978-1979; Blot, 1988; Boujo et al., 1988; Trompette, 1989; Pascal & Aregba, 1989; Maurin et al., 1979; Pascal & Sustrac, 1989). Com efeito, todas estas mineralizaçóes foram afetadas

por uma tectônica que se manifesta com maior ou menor intensidade em função de sua localização em relação 2 cadeia. Desta forma, as jazidas de Arly e de Kodjari, situadas próximas da borda No- roeste da bacia das Voltas (Fig. 4), não podem ser consideradas como parte do craton propriamente dito, pois sofreram uma tectônica de falhas que provocou deslocamentos de vários metros, ou mes- mo de várias dezenas de metros. As jazidas de Ta-

Fig. 3 - Esquema geológico da orla ocidental do craton oeste africano. 1 - Embasamento. 2 - Sedimentos do Proterozóico superior. 3 - Formações vulcânicas básicas do Pan-africano I (seqiiência de “rift”). 4 - Margem ativa do Pan-africano I. 5 - Sedimentos preenchendo as bacias do Pan-africano II. 6 - Cambro-Ordoviciano. 7 - Ordoviciano e Siluriano. 8 - Devoniano. 9 - Cavalgamentos Hercinianos. 10 - Sedimentos mesocenozóicos da Bacia Senegalo-Mauritânica. LBK - Lineamento tecthico de Bissau-adira. FF - Falha de Forecariah. BMK - Bacia de Madina-Kouta. (Villeneuve, 1984).

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xitos de origem vulcano-sedimentar, sendo esta úl- tima fácies, para os geólogos de campo, a mais fa- cilmente identificável.

Esta correlação deve ser considerada aproxi- mada, pois a idade do tilito varia de acordo com a região considerada. Segundo as datações efetuadas, ele seria mais velho na bacia das Voltas (cerca de 660 Ma. - RbISr sobre argilo-minerais - Deynoux et al., 1978; Clauer & Deynoux, 1987) e mais jo- vem no oeste da bacia de Taoudéni (Adrar da Mau- ritania) onde as idades RbISr obtidas sobre fraçóes inferiores a 2 km de folhelhos sobrejacentes a tili- tos são da ordem de 595-620 M.a. (Clauer et al., 1982). A interpretação dessas datações sobre mine- rais argilosos é sempre delicada: a idade medida é a da sedimentação? É aquela da diagênese mais ou menos precoce? O heterocronismo constatado cor- responde, provavelmente, a um heterocronismo das diagêneses mais que o dos depósitos? Esta dataçã0 aproximada do tilito (e as reservas que ela suscita) faz com que, às vezes, prefira-se utilizar como ele- mento de correlação a discordância observada no seu muro (Bertrand-Sarfati et nZ., 1987), em parti- cular na cadeia dos Bassarides e que é associada à tectogênese do Pan-africano I.

Esta incerteza quanto à idade do tilito é reen- contrada nas idades das ocorrências de fosfatos de Kodjari (bacia das Voltas) e de Namel (borda SSW da bacia de Taoudéni). Os dois possuem uma loca- lização estratigráfica muito semelhante, isto é, no teto ou na parte superior da triade. Portanto, os fos- fatos de Kodjari parecem ser um pouco mais ve- lhos que 600 Ma. enquanto que aqueles de Namel são associados, com uma fáunula onde aparece Al- dainella attleborensis Shaler e Foerste, micromo- luscos da parte mais inferior do cambriano (Culver et al., 1988).

Abstração feita a este problema de idade, o ti- lito está presente e é reconhecido em numerosos sí- tios assinalados na Fig. 2, de acordo com Deynoux & Trompette (1976) e reportam a esse evento gla- cial os mixtitos de origem ainda mal definida co- nhecidos nos Mauritanides orientais e nos Dahomeyides ocidentais. Trompette et al., 1980 as- sinalam a posição particular das jazidas nas bordas dos cratons e nas unidades externas das cinturas dobradas. Este fato evidencia os controles estrati-

.

gráficos e paleogeográficos exercidos sobre as mi- neralizaçóes fosfáticas.

Esses controles não são, no entanto, exercidos de maneira sistemática, nem no tempo, nem no es- paço: efetivamente, Boudzoumou & Trompette (1988) descreveram um episódio glacial mais anti- go que aquele associado à “triade”, situado no mesmo tipo de contexto paleogeográfico (transição craton do oeste do Congolcadeia pan-africana do mesmo nome), que não comporta nenhuma mine- ralização fosfática associada. A idade deste episó- dio glacial é mal conhecida; na cadeia pan-africana do oeste do Congo, ela é posterior àquela dos gra- nitos e microgranitos datados (zircão pelo método U/Pb) de 1.027 Ma. (Cahen et al., 1984). Ela é an- terior à orogênese pan-africana que dobrou esses diamictitos e seria portanto mais velho que 620 Ma., talvez 730 .Ma., se considerarmos os resulta- dos obtidos sobre as unidades internas da cadeia (RblSr). Como será visto mais adiante, um episó- dio glacial mais ou menos equivalente é observado no Brasil, no craton de São Francisco e na cadeia Brasiliana adjacente. Ele é datado de 900 Ma., em média.

Portanto, na África não se conhece nenhuma ocorrência de fosfato, localizada na cobertura tabu- lar da parte central de um craton.

CONTEXTO GEOLOGICO DAS OCORRÊNCIAS DE FOSFATO NO BRASIL

Na América do Sul são encontradas as mes- mas megaestruturas brasilianas que na África (Fig. la), tais como:

- cratons que afloram em grandes extensões (cra- tons Amazônico e do São Francisco) ou restritos a pequenas áreas (cratons de São Luís, de Luís Alves e do Rio da Prata);

- coberturas tabulares ou muito pouco dobradas, contemporâneas ao ciclo Brasiliano (Pan-africano);

- cadeias marginais de idade brasiliana (Fig. lb).

. Entretanto, a história geológica é mais com- plexa que na África e toma-se conveniente ressal- tar as diferenças existentes: se, da mesma forma que para o craton do oeste-africano, uma orogênese transamazoniana (= ebumeana) consolidou o bloco

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300

Faixa Brasília Craton de $60 Francisco Faixa Araçuaf-Rib Cabertura cretácica

Q a' quoternoria o

Fm Três Maria; a Fm Tr& Marias i: u ?

Sequência Unoí Gr Bambuí 1: Q

Fm lbia' Fm Jequita: & Gr MocaÚbas o m

Gr. Poranod

Gr. Araxa' c Conostre Prot. Me'd. { u SGr Espinhaç0 SGr. Gpinhoço

a Embojomsnto pol I C I clic0 &q./ Prot. Inf Emboramento polic~clico Embasamento não diferenciado

1 ~ ~ , d i ~ l i ~ Pioterozóico superior I Fosfori tos. Fm Tri% Marias Sequência UnaÍ Gr ParanoÓ Jaz id a e Canastra pro parte @ Ind ic io Proterozo'lco

S&I Friinciscci-Ccingo (Z'iire), ao redor de 3.000 Ma.. a hi\torin posterior do conjiiritn e hem m<iis ccimplicada. Ela \e iniciri pela abertura de ritts du- rante ci Prnterozciico medici. cujrt idade ccirreta t2

airich mal rstahelecid~ Para os mais velhos dentre

clcs, ela seria prci\itnu de 1.7OO-1.7SO Ma. (Britn Neves c't d.. 19SO: Turpin ct al., 1988: Curdani tat í i l . . 1989). Esses rifts \fio os lugares de depcrsic;Sci de sedimentos detriticos que corrcspondem notada- mente :tu\ Gmpt is Ara.ii-Cana\tra e parte do b p i -

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FOSFATOS SEDIMENTARES MARINHOS ... 301

CRATON ZAiRE-SÄ0 FRANCISCO

supergrupo S L F v " s c o ; Bambu¡ 3 1 (Campos Belor,Manle Alegre C I E 1

Grupos Poron.de Chopodo Dlomanllno lRoClnho.Lago_

I mor e tc I T o I , . i! . I . . IA. /. I. -950 M.A.

Molo Drnlrol

CRATON +FAIXA BRASILIANA rSupergrupo ST0 Francisca =Bombui=Uno

CRATON OESTE AFRICANO Supergrupo 2 : M o l i a 011 1 Pendiori 1

Supergrupo I : Madtna - Kou10 0 Dopongo-Bambouoha

650 M A L e k .. -950M.A

+ + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + +

BASSARIDES- CRATON+- OAHOMEYIDES I Mehrov

r - 2

s g r - l

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Fig. 6 - Esquemas de correlação cobertura crat8nical metassedimentos das faixas ( F fosfato; T tilito; E.G.: elementos glaciais).

nhaço (Figs. 5, 6 e 7). A parte superior dessas se- qiiências representa uma cobertura transgressiva sobre os cratons e, localmente, como o início de preenchimento metassedimentar de certas cadeias do Brasiliano (= pan-africanas). Nota-se aqui a pre- sença de uma das mais antigas ocorrências de fos- fato, até agora conhecidas no Brasil; aquela de Conceição do Mato Dentro (relatórios inéditos da COMIG, Belo Horizonte). Entretanto, Sá et al. (1984), consideram como mais velha a ocorrência de Juazeiro, na Bahia, que é considerada de idade Transamazônica (Proterozóico inferior). Esta ocor- rência não foi levada em consideração nesta sínte- se, não pelo fato de possuir uma idade mais antiga, mas sim por se encontrar intercalada em uma se- qiiência muito metamorfizada e fortemente defor- mada, onde toda reconstituição sedimentológica e/ou paleogeográfica é impossível.

Acima e, amplamente, transgressivo, o Super- grupo do São Francisco, As vezes denominado Bambuí (senso lato), a Formação Bebedouro e o Grupo Una recobrem uma boa parte do craton de São Francisco e encontram-se em parte ou na tota- lidade nas cadeias brasilianas adjacentes (Figs. 5 e 6), onde são dobrados e metamorfizados. Sobre a parte meridional do craton, eles se iniciam por um tilito continental, a Formação Jequitaí que se es- pessa em direçã0 das cadeias brasilianas adjacentes

(cadeias de Brasília e Araçuai), passando por fácies gláciomarinhos representados pela formação Ibiá (Dardenne, 1979; Rocha-Campos & Hasui, 1981b) e o Grupo Macaúbas (Rocha Campos & Hasui, 1981b; Uhlein, 1991) (Fig. 5). Esta glaciação foi reconhecida como mais antiga que aquela da Áfri- ca ocidental, iniciada pela "triade" (Pflug & Scholl, 1975), sendo porém mais jovem que os filóes bási- cos datados de 1.111 t- 56 Ma. no Estado da Bahia (método K/Ar sobre plagioclásios; Sá et al., 1976) ou de 906 t- 2 Ma. no Estado de Minas Gerais (mé- todo U/Pb aplicado sobre zircão e baddeleyita; Ma- chado et aZ., 1989). Além disso, ele é mais antigo que as mais velhas dataçóes obtidas pelo método Rb/Sr sobre material sedimentar da parte sobreja- cente do Supergrupo São Francisco e do Grupo Una, seja 695 t- 12 Ma. em Minas Gerais e 920 t- 42 Ma. no estado da Bahia (Thomaz Filho & Bo- nhomme, 1979; Brito Neves et al., 1980; Macedo & Bonhomme, 1984). Desta forma, como na Áfri- ca, a idade do tilito é ainda controvertida sendo, provavelmente, por volta de 900 Ma.

Ocorrências de fosfatos, mais ou menos im- portantes, acompanham as diferentes fases dessa história geológica. Inúmeros trabalhos de prospec- ção geológica possibilitaram, para algumas poucas, uma exploração econômica.

An. Acad. brus. Ci., (1994) 66 (3)

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'L 6

Adrar Mauritanica

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16ambuÍ s ! 1 Una Fm Sal i t re

Cedro du Abaete' Cabeceiras \ '.

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T:"TrÍade": Diamict i to t calcario doloml'tico com b a r i t i n a t

AA Diamict i to de or igem glacial

&A Diamict i to

* e * Conglomerado de base

silexitos I cinzas vulcãnicas pro parte 1

I

l I I

F A I X A 'i' CRATON -i4 F A I X A DAHOYEYIDES M S S A R I M S I e n t a i e 1 1 1 mos'el, subSldente 1

I move1 , subs idente 1

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s * =: -..

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FOSFATOS SEDIMENTARES MARINHOS ... 303

O presente estudo está apoiado nos trabalhos recentes de Campos Neto (1984), Dardenne et al. (1986) e Rocha Araujo (1988) para o Brasil central e de Bomfim (1986); Monteiro (comunicação oral) e Misi & Kyle (1990), para o Estado da Bahia. Es- tes trabalhos permitem as seguintes conclusões:

- desde o Proterozóico médio, no estádio precoce de preenchimento do rift, cuja idade ainda neces- sita ser melhor definida (cerca de 1.700 Ma.), aparece um primeiro indício de fosfato, aquele de Conceição do Mato Dentro (Figs. 5,6 e 7);

- pouco depois, no Proterozóico mtdio, na base do preenchimento metassedimentar da cadeia de Brasília, provavelmente entre 950 e 1350 (?) M.a., as jazidas sedimentares de Rocinha e de Lagamar e as ocorrências assinaladas na Fig. 5 (Dardenne, 1979; Campos Neto, 1984; Rocha Araujo, 1988), traduzem uma segunda fase de mineralização. Na parte terminal do Proterozóico médio e sempre na cadeia, o indício de Conselheiro Mata (Correia Neves et al., 1976) marca uma terceira e pouco im- portante ocorrência da fosfatogênese;

- no Proterozóico superior (Supergrupo São Fran- cisco) um novo episódio de mineralização fosfática se desenvolve nas regiões localizadas na transição cratonfcadeia (indícios de Campos Belos, Monte Alegre, Nova Roma, Formoso, Formosa, Cabecei- ras, João Pinheiro, Cedro do Abaeté, Pium-Hi), mas também na cobertura cratônica (indício de Fe- lixlândia, geralmente colocado na Formação Serra da Saudades, mas às vezes incluído na parte infe- rior da Formação Três Marias (Parenti Couto, 1980) e bem mais ao norte, no Estado da Bahia, a jazida de Irecê, no Grupo Una, equivalente lateral do Grupo Bambuí, de acordo com Bomfim, 1986; Parenti Couto, 1980; Dardenne et al., 1986; Rocha Araujo, 1988; Boujo et aL, 1991 (Figs. 5 e 7).

Resumindo, no Brasil central todos os indí- cios e jazidas de fosfato se repartem entre o Prote- rozóico médio (Supergrupo Espinhaço, Grupos Paranoá e Canastra, de idade Rifeano médio, ou seja ao redor de 1350 (?)-900 Ma.) e o Proterozói- CO superior (Supergrupo São Francisco, Grupo Bambuí e Formação Três Marias aos quais atribui- se idades entre 900-600 Ma.). No Brasil oriental (Bahia), de acordo com os conhecimentos atuais,

somente o Proterozóico superior (Grupo Una) pa- rece mineralizado.

COMPARA@ES E CONCLUSÓES

Nesta extensa província fosfática afro-brasi- leira, grandes semelhanças, mas também diferen- ças sensíveis se manifestam nos diferentes aspectos da história geológica dos dois continentes e nas especificidades da fosfatogênese.

Na África afloram cratons estabilizados ao re- dor de 2.000 Ma., amplamente recobertos por co- berturas tabulares e bordejadas por cinturas dobradas de idade pan-africana. No nível do Prote- rozóico superior e do Cambrian0 inferior, minerali- zações fosfáticas, mais ou menos importantes, encontram-se localizadas na zona de transição cra- tonfcadeia ou nas unidades externas da cadeia. Elas são controladas pela estratigrafia e paleogeografia. Contrariamente, não se conhece, atualmente, ne- nhuma mineralização na cobertura tabular da parte central do craton.

No Brasil, a história tectônica posterior à cra- tonização transamazônica é bem mais complexa e, desde o Proterozóico médio, é acompanhada da abertura de “rifts” onde, muitas vezes, se coloca- ram rochas alcalinas, no seio de sedimentos detríti- cos, aos quais se associa a mais antiga ocorrência de fosfato, até hoje conhecida no Brasil: Conceição do Mato Dentro.

Diversas fases de fosfatogênese posteriores originaram os fosfatos proterozóicos brasileiros: os primeiros durante o proterozóico médio e os Últi- mos no Proterozóico superior (Figs. 5 e 7).

A localização privilegiada dessas mineraliza- ções é igualmente na zona de transição cratonfca- deia. A cobertura tabular do craton não parece ser um metalotecto favorável. Conhece-se, entretanto, na parte Sul do craton, a ocorrência de Felixlândia e bem mais ao Norte, no Estado da Bahia, a jazida de Irecê.

A posição espaço-temporal dos fosfatos é es- quematizada nas Figs. 6 e 7, onde as principais ocorrências e jazidas são assinaladas em função de sua posição em relação ao craton, a zona de transi- ção ou a cadeia, e em função de sua associação li- tológica. Convém assinalar que, na Fig. 7, a escala

An. Acud brus. Ci., (1994) 66 (3)

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de tempo e vrilida, somente. para regitie5 estivris dir craton e rifici para 7nm14 suhsidcnte\ da cadeia, cm razso dcr aumento considerive1 de e+.pe\sura originada\ por depiilsitris mais ciu menoh sincronos &aquele\ do cratan.

A propusitn deste c( introle tenipc iral, uma di- ferenqa importante deve ser destacada entre a Átri- ca e o Brdsil: n o Brasil. nv longci da transi@() eritre o hlocn de SZo Francisco e d cadein Brasiliana de Brasília. cis indícirih de tostatris siio sensivelttiente contenipuraneoa de um;i sedimentaqio glaciogtki- ca. dntsds de cerca tle u00 Ma. Ao contrarin. n:i Africa Central. rienhum indicio. ate hoje conheci- c h . e assvciado ;i didmictitos de mesma idade de- positados ;ici longe> da transiGho entre a hacia cratimica de oeste dii Conpi e ciiileia Pan-africa- na dc i mesmo niirno.

Estes doi- carniplos mo\tr;im de torma clara o citracter relati\ u do cciritrtrlr temporal: toda\ as cotidiqks p:ileo,~eografic,is serid(i iguais (trnns cratrun/cadei,i). constata-sc que I) tod i to depo \e por vii l ta de 600 Ma. nil Atrica ocidental e :io re- dor de c)OO Ma.. no Brasil. Entretmto. no crdtcin de S5tr Francisco. ;I occrrrhcia de Feli.ilandia L' a jazi- da Je Trece podt r im \er npro~iniad,imeiite sincri)- nicw. talvez uni pouco niai\ antigas 'i

fosfatogSnese de hOf)-O511 Ma. Enfim. o controle l i - toestmtigrrifico se re\el:i niuito mai\ variado n o Brasil que na Africa. As ricorrinciss e j;izidas 450

aqui :izwcixlc1\ de ,icordi) coni Ri)cha Armjo, 1 W X ) 'i:

- sedinientos detriticus. sensivelnientc contern- ng" Espinhaqr (Cc:)ncei@o dir

Mato Dentro):

- sedirilentos detriticm finos e/ciu dolomitos a es- tromatiilitos em sua maior parte prrtcncentes xi Cirupo Paran196 Ja porqho supcric.ir do Proteruz6ico " A o . isto i. ri Espinlinq, superivr. SZo as ricor- rlincias da Serra da Pindaiba. Psrucatil. Bento Car- melo. etc.. e as jíiziclas de Rocinha e Lagumar. todus situriclas do lado ncidental do craton. A leste. associada a esto f5cies. foi c.)bservado um único deptisito: Conselheiro Mata:

- siltitus (Cedro do AhaetP. Formoso e C'abecci- ras), conglomerados de hase (Nova Roma, Campos Belos. Montt. Alegre e Fomiosa) e/ou dolomitos II

estromnttilitos (Pium-Hi. Feliulhndia e Ir&). nns Grupos Hvnihuí-Una do Proterciztiico superirir (Figs. S e 7).

Concluindv. :a províIicia fissfatica afrn-hrusi- leira do Proterozi,ico niedin ;in Canibriario e carac- terizada por:

- uma fosfatoglinese que se desenvolve preteren- cialmente na zniia de transiqki cratLrn/cadeia ad- jacente. A pnriqiii, de Irece. em pleno craton, deve ser considerada euct.pcional:

- uma fostatogenese hrnr mois precoce no Brasil. coni inicio nci Proterozoico rnidio e prolongando- 42 pelo Prtrterriztiico superior. rticlunntc) que na &rica. alem de mais tardia. se prohnga por mais tempo: efetiwmente. ela P descn~ihecid~~ no Pro- terozoiccs medin, aparecendo wiiente nn Pro- teroztiico superior. continuando ate ci Canibriano infrrior (Naniel. Scnegul).

ILIlNERAL0C;lA E C~EC~QLlIhlICA T)AS

ROC HAS FOSF.4 I I C AS

O s conhrcimenttrs mineralogicos e gempimi- cos rrlativcis ao$ trrsfnto\ da província nfro-brasi- l e im sintetizados na- T~ibelíis I a IV e Fig. 8. apniani-se em dados prnveniente\ de tres diferen- tes tipos de fontes:

- dudos mineralr)gicos e geoquímiccrs obtidos a partir J e e5tudn\ recentes. ;iIgiin~ ainda nCo publi- cado\ snhre as j,izidas e occirrCncins de Namel iirr

Senegal rrrietitul e B* ;ir n o riortt do Togo, tiil

,&rica c Riicinha (Minas (¡erais) e IrecS (Bahia) n o Brasil:

- dados gel iquírnicu~ pro\ erlierites de trabnlht i\ mais sntigtrs. ccrnio iss de Lucas cz czl . ( I OSO) solve az ocorrkncias da hacia das Volt;ia. no Burkina Fa4ci:

- dadtrs riiirieralngicos e geoq uímicos contidos na \intese de McC'lellan & Saavedrii ( l u referem ;I mainr parte dias precedentes. aquelas da bacin dvs Voltas, na parte situada n o Ni- ger.

A compv\i@o mineralogica clas rochas fosfii- ticas. obtida atravis da anlilise por difraq8o de r i ~ i i ~ X (Tabela I), 2 c,tracterizada pela predomi- nancia de apatita riil todab F. amostras analisadas.

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FOSFATOS SEDIMENTAFEì MARINHOS ... 305

TABELA1 Composiç5o mineralógica (%) de amostras de fosfatos cambrianos e proterozdicos (segundo McClellan & Saavedra, 1986;

Blot, 1986; Trnong, 1987; Pascal & Aregba, 1989; Flicoteaux, dados novos).

Origem Apatita Quartzo Muscovita Calcita Dolo- Caoli- Goethita Fosfatos Fluorita Minerais Sericita mita nita Supkrgenos pesados

~

Senegal Namel - Superfície

8 m prof. Mauritania Nouedgui 505 BouNaga 506

522 Burkina Faso Kodjari - Poço2

Niger Parque W - Amostra A

Amostra B Togo Bassar - Superfície

Sondagem Brasil Lagamar Patos de Minas Rocinha . IrecS. - Superfície

Sondagem

P o p 3

59

59

22 20 26

65 43

65 70

90 80

66 60 75 98

74

26 traços

9 traços 15

57 11 55 6 59 8

24 6 40 11

30 25

10 20

1 1

13 9 5 15 16 1 13,5 7 4

(2) esmectita 24

(2) esmectita

1 1

com exceção daquelas da Mauritânia. A apatita aparece associada ao quartzo elou à sílica mineral, salvo no caso de Irecê. Os filossilicatos (illita, clo- rita ou esmectita) têm um caráter mais variável e os feldspatos são excepcionais. Calcita e dolomita são observadas nas amostras de sondagens, enquanto que fosfatos aluminosos e/ou férricos (crandalita, milísita, vivianita, vavelita), caolinita e goethita são, por vezes, detectadas nas amostras de superfí- cie. Esta oposição entre carbonatos e minerais su- pérgenos é reflexo da alteração meteórica. Convém, igualmente, assinalar a mineralogia parti- cular da fração silicatada de Namel, onde o meta- morfismo, induzido por intrusões doleríticas, leva à formação de talco, cuja alteração forma esmecti- tas ricas em ferro. Enfim, calcita de origem secun- dária está, por vezes, presente em rochas predominantemente carbonatadas, como no caso de Irecê.

A composição química foi obtida por diferen- tes métodos, de acordo com as amostras e elemen- tos analisados. Os resultados relativos aos

elementos maiores (Tabela 11) refletem a composi- ção mineralógica global das rochas fosfatadas, qualquer que seja o método utilizado (via úmida: Blot, 1986 e Truong, 1987; fluorescência de raios X. McClellan & Saavedra, 1986; espectrometria de emissão a arco: Flicoteaux, Boujo, Panczer (dados inéditos). Os resultados referentes aos elementos- traços (Tabela III) são menos homogêneos, pois fa- zem aparecer grandes diferenças de acordo com os dados considerados, como por exemplo os de McClellan & Saavedra (1986), ou os dos outros autores. Estas diferenças provêm, provavelmente, do método analítico empregado. Se deixarmos de lado os dados de fluorescência de raios X, apresen- tados por McClellan & Saavedra (1986), constata- se, de acordo com Lucas et al. (1980), o caráter muito limitado do número de elementos-traços das rochas fosfatadas da província proterozóica-cam- briana africano-brasileira. Com exceção do Sr e em menor grau do Ba ou do Mn, os teores em elemen- tos-traços são muito baixos, freqiientemente, ape- nas superiores ao nível de detecção. Isto é

An. Acad. bras. Ci, (1994) 66 (3)

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$ TABELA II

McClellan & Saavedra. 1986: Blot, 1986; Truong, 1987; Buujo et al., 1988: Pascal Iyr Aregba, 1989; Flicoteaur & Panczer, dados novos)

z R - Composiqio química (elementos maiores em %. 1 de fosfatos do Proteroz6ico medio e Cambriano inferior da "Província Afro-brasileira (segundo Lucas et al., 1980;

3.

? 2 2 Origem N" de anmiistras Referhias Si02 'Tio: A.01 Fe.05 MgO Ca0 Na20 K.0 P:Oj F CO2 S P.F. CaOlP205 F$205

analisadas - ~ - - - - - - ~ - ~ ~ - e 5 L 5 Senegal

Kamel - Superficie 8 m prof. SmJagem

Mauritania Niuxigui 505

522 nllu N ~ K ~ 50f1

Burkina Faao Arly liodjari - Superficie

Sondagem Sond. calc. P q o 2 Pvfo 3

Niger Amostra A

.h i~ is t ra EI T;ipua A

u 'logo Elassor - Superficie

Soncisgem Sondsgmm

Brad Laganmar Patos de hïinas Rocinha liece - Superfície

S'nntlagem

1 IJ

5 h

4 8

5

5 5

hicClellan n8.3 0.01

& nh.7 c0,Ul S d d \ ~ l r ~ hV.11 11,111

21.7 n.d. Lucas er al. 31, I a d .

2O.Y n.d. 3 . 2 n.d.

McClellan CS;: 2h.U 0,11112

Sas! edra 47.1 c0.01r2

4.7 0.M McClcllan Lk 4,l O,fJ5

Saavedra 24.1 OJJ7 3.11 0.12

Blot. Truong h.3 0.IJb

Pasa1 & .Aregb,i 111.3 n.d. Yanczrr 4.3 0.10

McClellan & 19.2 0.22 Saaedra 29,5 11.02

Flicotrdur 17.5 U.07

Flicoteaux 1c: 1,O (1.02 Buujo 1,s 0.03

i1.S

11.4

0:)

4.4

h.8

3, I

1.1

2.4

3.2

3.3

',U 1 3 -,-

1.6

1.6

1.3 1.8

2. I 3.7

1.4

4.b 8.4

2.7 0.4 0.7

11.8 11.7

1,1

4.3

4.2 3.3

U.9 1.3 1 .4 1.7

1.6 1.8

(1.X

9.4

0.0

1.4

1.0

3.7

1.6

2.4

3.5 I,? 0.2

0.4

1.9 34,o 0.01 0.01 1.1 30.4 l1,lJQ 0.05

2.3 36,s n.d. n.d.

UJJ5 C,7 0.07 0.7 1122 10.6 0.15 1.5 0.1'4 13,9 (I,Ü7 (I,6

0.13 13.4 0.22 0.1

U.1'4 40.0 11.17 11.2

U.39 41.5 0,lh 11,5 2.1 1 31,h 0.23 0.6 U.40 36.1 0.15 0,13 u,13 23.2 u.10 11.22

0.13 4Y.O 11,20 0,uu lJ.21 4u.b 0.28 11.08

WJ4 37.0 0,21 l1,1!4

IJ,U3 3Q.5 11.21 UJJ2

0.10 51.2 1!,112 I1.UI 0.24 45.8 u.d. n.d. 1.07 46.5 U.84 (1.71

0.37 39.6 lJ.17 (1.8

U.88 24.1 ll.08 1-9 0,15 45.b U.13 0.3'4 0.13 53.7 U,34 0.0h 5.45 47.4 0.11 4.01

24.2 19,O

23.4

S.8

7.5 1II.U

28.5 27.8

'8.1 10.7

2h.3

17.11

35.2 29.0

28.8 3 . 6

38.7 33.3 30.2

?7,1

18.1

29,')

39.2 28.9

2.0 1.9 n.d.

0.7 0.7 0.Q

3.1 2.7

2,s ?,I I

?,b

I .7

3.t) 2.7

2.4

2.4

2.1 2.4

n.d.

2, h

1.h

1,s 2,s 7 7 -.-

112

4.8 n.d.

0.3

0.3 u.7

1.4

1.8

1 ,S

h.4 1.2 1.8

2,l 1.1

1.0 1.11

U.6

n.d.

4.8

1.3 11.7 IJ,2

0.6 12,u

u,ni 3.5 1.~1

I!,Üh 7,7 1.60

n.d. n.d. 1.56

n.d. nd . 152 n.d. n.d. 1,411

n.d. a d . l,4b n.d. n.d. 1.75

0.03 5.4 1.37

0.03 4,b 1.36

U.14 5,1 1.3'4 11.33 4.4 1,411

0,1)4 1,s 1.28

0,113 3.1 1.33

0,111 0.01 1.32 n.d. n.d. 1.38 u.54 3.v 1.54

Ü,O1 6.2 1 , U 0.311 S.5 1.33

0,03 2.X 1.53

0,32 1,5 1.36 0.17 11,s l,63

OSJ83

0,lUO

O,I180

0,093 lJ.071,

0,11!9

O.lI~7

0,IJw

0,1l12

ll,(lY'4

U,l(lU

0.102 IJ.IJY3

0,083 0,Sl

O,(lh2

IJ,U87

u,l!u5

u.us9

0,UbU (),Ob4

0,076

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TABELAIII Composição em elementos traços @pm) de fosfatos do Proterozóico médio e Cambrian0 inferior da “Província Afro-brasileira”

(mesmas referências da Tabela Il). (1) Via úmida; (2) Fluorescência de raios X; (3) ICP.

[al [CI Índicede Å refiaçáo Origem Sr Ba Mn V Cr Co Cu Ni Zn Nb Zr Sc Y

médio

Senegal Name1 - Superfície (2)

Mauritania Nouedgui 103 (2) Bou Naga 506 (2)

522 (2) Burkina Faso Arly - Superfície (3) Kodjari - Superfície (3)

Sondagem (3) Sond. calc. (3)

8 m prof. 2

Poço 2 (2) Poço 3 (2)

Niger Amostra A(2)

Tapoa A(2)

Togo Bassar- Superfície (1)

Sondagem Sondagem (2)

€3 (2)

B (2)

Brasil Laganlar(2) 810 Patos de Minas (2) Rocinha (3) 4942 Irece - Superfície

Sondagem (3) h w

1100 1630 1830 5910

730 170 450 450 400 410

1145 785 1661 860 1443 641 842 423 700 380 400 430

1100 440 1540 1950 1030 280 190 580

1260 350

1553 190

150 364 400 300 183 <200 984 58 551 138

294 155

225 201 341

350 403 173 622 256 217

170 248 410 410

270

295

77 20

100 <loo

103 c10

51 48 62

10 cl0

17 116 <10 161

21

11 17

14 <10

55 19 10 21 15 26

c16 1730 4 6 2510

24 16 16

32 24

4 6 4 6 24

4 6

18

17 6

32 280 120

24 27 <5 10 <5 6

54 60

39 47 58

354 354

2120 940 63

240

10

29

<34 720 23 8 7

87 107 60

83 83

94 87 54

228

16

27

168 6

69 <5

9,373 9,360

9,382 9,370 9,370

9,364 9,364 9,357 9,368

9,367 9,371

2 82 4 11

9,366 9,371

36 7 51 9,370 7 12 2 14 9,364 6 25 10 22 9,365

6,891 6,893

6,882 6,880 6,880

6,889 6,889 6,891 6,885

6,885 6,887

6,892 6,890 6,891 6,891 6,891

1,630 1,627

1,630 1,630 1,630

1,622 1,622

1,624 1,624 1,627 1,634

1,624 1,626

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308 A. ROIIJO t't ulii

TABELA IV Principais faixas de ahsorçio infravermelho para amostras de apatitas das heas mineralizadas de Namel (Senegal), Bassar (Togo). Rocinha e lrect? (Brasil). A.. faixas de ahS0rc;fUJ correspondentes aos silicatos e

carbonatos nia foram consideradas (segundo Lehr t't 111.. 1967; Haumer 1.f ul., 1990)

- .-

PO j-

F'O 2-

so i-

CO i- PO :-

PO j-

so i-

CO j-

OH -

oli - '5 CO.

1 A

Naniel

I150

469.1

- _-

003.5

865.7

Oh5,l

l(J44.f)

l(l94.8

143ll.2

1454

3536,s

I .33

Y.363

Bassar I- _-

11'7.1

403.2

576.4

h03,4

645.'

74 1

Sfi4.7

965.3

104Y,I

lO'13.Y

11b4,S

143.4

1454.3

0.53

Y.3hO

-- 111

471 1.3

57t1.4

hO3.4

746.7

864.7

9647

104q.1

1044.1

I-W,.?

1454,3

35.37

0.33

9.305

Roc in h a _-

40

471)

567

5 75

ho4

749

86.1

Yhh

103h*

lOY4

141s

1454

3535

0.87

0.370

- _ 104

40Y

57 1

575

h( 15

744

Shh

964

11145

1 ()O5

1 - 1 3

1454

3538

I ).ho

9.371

+ Faixa deslocada erri ciinsrqiiencia J a prescnqa de caolinita: Frcqiisncia de vihraq2o.

I Fiuoraoatito verdadeira I

Ireci

H i drox I opat i la

I

I- Maurit6nia-Nouedgui

Senegal -Namel

Niger -Tapoa 7

Togo -Bassor I metamorfismo presente - metomor Î i smo ausente -:I Brasil -Rocinha I

l lrecë n h

! -I 936 ' 957 13h 3q 44rv 141 342 343 9 44

(93671 1x1

An. A m i . hrczs. Ci., ( 1 Y W ) 66 (3)

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FOSFATOS SEDIMENTARES MARINHOS ... 309

particularmente notável nas amostras pobres em ar- gilo-minerais, como aquelas de Arly (Lucas et aZ., 1980) ou de Irecê (Flicoteaux & Boujo, inédito). Esta pobreza em elementos-traços poderia estar, talvez, relacionada à composição da atmosfera e dos oceanos primitivos.

CARACTERíSTICAS CRISTALOQU~MICAS DAS APATITAS

As características cristaloquímicas das apati- tas das rochas estudadas foram determinadas con- juntamente por análise química dos elementos maiores, análise por difiação de raios X e espectro- metria infra-vermelho.

Os resultados da análise química dos elemen- tos maiores de rochas relativamente ricas em fosfa- tos de cálcio mostram que, nas amostras pouco ou não carbonatadas (Tabela II), as apatitas são relati- vamente pobres em Mg, Na e S e são caracteriza- das por baixos teores em CO2 e em menor grau, em F. Os valores da relação FP20.5 estão com- preendidos entre 0,060 e 0,102 e são, portanto, in- feriores e superiores àqueles da fluorapatita estequiométrica: FP205 = 0,089 (McClellan, 1980). Isto é verdadeiro, qualquer que seja a ori- gem das análises químicas, porém é preciso notar que nas análises fornecidas por McClellan & Saa- vedra (1986) os valores encontrados são sistemati- camente superiores àqueles encontrados pelos outros autores. Os valores da relação CaO/P205 são, exceto uma única, superiores àquelas da fluo- rapatita estequiométrica: CaOP205 = 1,318 (McClellan, 1980). Elas são próximas, entretanto, dos valores 1,40 e 1,54, entre os quais estão com- preendidas as relações das fluorapatitas carbonata- das (Lucas et al., 1980). A análise química dos elementos maiores ressalta que as apatitas das amostras não carbonatadas das jazidas e ocorrên- cias estudadas apresentam simultaneamente carac- terísticas de carbonato-fluorapatitas e de fluorapatitas, se bem que o flúor seja fieqiiente- mente deficitário.

Os resultados da análise por difração de raios X colocam em evidência a fraca dispersão das di- mensões dos parâmetros cristalinos (Tabela III e Fig. 8) das apatitas para o conjunto das amostras

estudadas. Essas dimensões, em particular aquela do parâmetro [a], compreendido entre 9,357 e 9,382Å, são características de fluorapatitas com baixo conteúdo em substituído por P043-, de fluoropatitas verdadeiras ([a] = 9,367Å, McClellan, 1980) e de apatitas intermediárias entre estas últimas e as hidroxiapatitas ([a] = 9,342Å, Posner et aL, 1958) (Fig. 8). Dimensões caracterís- ticas destes três tipos de apatitas, próximas umas das outras, foram calculadas no interior de uma mesma ocorrência. Elas são independentes da natu- reza dos minerais associados, da posição topográfi- ca das amostras coletadas e parecem, em primeira aproximação, independentes da idade da ocorrên- cia amostrada. Ao contr&io, parece que, estatistica- mente, estas dimensões aumentam das apatitas da bacia das Voltas e de Irecê para as apatitas de Bas- sar, da região de Lagamar-Rocinha (Patos de Mi- nas) e de Nouedgui-Bou Naga, o que significa que elas aumentam das apatitas das zonas estáveis para as apatitas das zonas móveis, afetadas pelo tecto- nometamorfismo das orogêneses brasilianas e pan- africanas. O caso de Namel é um pouco particular, na medida em que esta ocorrência não foi afetada pelo metamorfismo pan-africano (Villeneuve, 1984), mas por um metamorfismo induzido por do- leritos ligados à abertura do Oceano Atlântico.

Os espectros infravermelhos (Tabela rV) fo- ram obtidos em amostras provenientes de Bassar, Irecê, Namel e Rocinha. Esses espectros mostram bandas de absorção atribuíveis aos grupamentos atômicos característicos da apatita e dos principais minerais acessórios associados: calcita e dolomita no caso da amostra 84-11s de Irecê, quartzo, illita, caolinita ou talco no caso das outras amostras. As bandas de absorção atribuíveis aos grupamentos da apatita são as Únicas indicadas na Tabela Tv. Elas foram identificadas e indexadas a partir dos traba- lhos de Lehr et al. (1967), Trombe et al. (1968), Legeros et al. (1968), Ross (1974), El Faleh (1988) e Baumer et al. (1990). As posições das bandas atribuíveis aos grupamentos P04> são idênticas àquelas descritas para diferentes apatitas naturais e sintéticas, salvo caso particular onde ocorre inter- ferência com grupamentos Si04? As bandas a 643-645 cm-' e compreendidas entre 1130 e 1180 cm-', observadas nas amostras II 2-1 de Bassar e

An. Acad. bras. Ci., (1994) 66 (3)

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310 A. BOUJC) t't dii

84-1 IS de Irece acompanham íis c1uantidiidt.s de en- sofre mais elevadas. Isto leva-nos a concordar com Baumer et al. ( 1 WO) que consideram a associagiio frirmada por essas bandas como característica da suhstituiqiio de gnipamentos €)O?'- por SO$ . Nota-se, que esta associa@o de bandas foi detectit- da, sobretudo. tias amostras carhonatndas, sugeriti- do que as amo'stras nBo carbonatadas. que contcm freqiientemente minerai\ de alteraçki supkrgeníi como a caolinita. possuem uma apatita cujas carac- terísticas cristalogrificas originais s2o profiinda- mente modificadas.

As bandas de absorqh ;i 864-X66 cm-l. a 1438-1430 cm-I e a 14-15 cni-'. ohservadas em to- das as amostras desprovidas de minerais carhona- tados (T~~belii IV), s b atribuíbeis iicis grupamentos CO3'- que substituem cis PO4- de unia apatita fluorada. de acordo com ci's trabalhos de Lehr t't 01. (1967). Lxgeros et d. (1968). Trombe t't ml. (1968) e El Faleh ( 1988) que estudaram apatitas naturais e 5intCticas. Na ausência de niinerais conio culcita e dolomita, ;a presença de grupamentos C032- no re- tículo cristalino das apatitas t. facilmente admitido e a posiçiio ocupada pelas bandas características de CO3'- permite escolher entre dois sítios estruturais possíveis: de um lado a substituiçk de PO? e de outro a substituiçiio de OH- nos tilneis situados ao longo dos eixos senirios helicoidais. Neste Último caso, para unia apatita totalmente hidrouiladn. as handas de ahsorc;iio dos grupamentos COY- se si- tuam a 883 cm-'. 1465 cm-' e 1542 m-'. A intro- duç8o progressiva do flúor tio retículo da apatita hidroxilada. acompanha-se de uma mudança pro- gressiva do sítio ocupado pelo CO3'-, sublinhado pelo desaparecimento da banda ;i 1541 cm-' e apa- recimento progressivo de uma banda que se deslo- ca entre 1407 cm-l e 1429 u". Na presença dc minerais. tais como calcita e dolcimitd. bandas res-

1 pectivamente a 712 cm-', 873 cni-' e 1435 cni- ou a 725 cm-I. 881 cm-' e 1435 cm-'. característi- cas do CO3'- estrutural desses dois minerais, apa- recem ao lado das bandas do CO-? estnitmal da apatita quando ela existe. As bandas a 873 mi-' e a 881 cm-'. com freqiitncia. interferem entre si quando elas coexistem. A banda íi 865 cm-' da apatita se reduz a unia lombada. A banda a I435 cm-' se superpGe entiio :i txuida I -1'9 cm-' da apa-

?-

3-

7

tita. É o que se observa para a iimcistra 84-1 Is de 1 I red , onde nota-se, ao lado das bandas a 711 cm-

e ;i 715 cm-'. bandas a X78 cm-' e 1433.6 cm-'. Desta discussiio scihre as bandas atribuíveis ao CO? estrutural da iipatita pode-se concluir que todas iis amostras da Tabela IV, incluindo a amos- tra S4-11s de I red , contem uma íìpatita tluorada, cujo PO.?- 15 substituído por CO3'-. o que signifi- ca unia apatita cristaloquimicamente prcixima da francolita (Trombe ct 01.. 1968). Coni excec;lo da amostra 84-1 Is de Ired. onde ia banda ;i 1433,6 cm-I resulta da intcrferhcia de handas a 1429 cm-* da apatita e a 1435 cni-' dos carbonatos, a al- tura das handas ii 1428-1430 cm-' e a 1454 cm-' permite calcular o teor em CO' das apatitas. utili- zando ci mCtoclo proposto por Lehr t't al. (1967). E5te teor baixo. porem nrio negligcncifivel (O,% a 1 3 % . Tabela IV) t: bem inferior :aquele da franco- lita estequiomitricí (6.305, McClellan, l%O). Ela niio mostra relaçdes evidentes com a dimensiici do p a r k " [a] calculndc\ por difraçiio de raios X.

As bandas a 741-749 cm-' e a 3535-3538 cm-', observadas nas amostras de Basar. Namel e Rocinha, siio atrihuiveis respectivamente :IS vibra- @es de deformiig5o e ias vibraç6es de valCncia dos grupamentos O H . situados 30 longo dos eixos se- nlirius helicoidais días apatitas. A incorporaçiio do F- na estrutura da hidroxilapatita mostra que as bandas ocupam as posic;Bes observadas desde que a relaç5o O H / F da apatita 2 da ordem de 5%. Quando a relaqiio aumenta, as bandas se deslocam para 631 cm-' e para 3573 cm-' e sua intensidadc aumenta. A interpretaqiio proposta para as handas a 741-749 cm-' e a 3535-3538 cm-' 6 coerente com aquela das handas íi 864-866 mi-', a 1478-1130 cm-l e a 145-1 cni- . poi., ambas sci 550 possíveis quando a apatita t. clominantementc fluorada. Ob- serva-se. entretanto. que os grupamentos O H apa- recem somente nas amostras íifetadas por um nietaniorfisnio tCrmico (Naniel) OLI tectiinico (Bas- sare Rocinlia).

0% clados ohtidus pm espectrcrmetria intiaver- melho permitem portanto completar e precisar as infortnaqBe\ da anilise química e da anciliie difra- tomt5trica. Mostram que todas as apatitus ímalisa- das 5iio fluoradas c contzm ~ ' 0 3 ' - substituindo PC$- qualquer que seja ;i dimensso do parBnietro

1

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FOSFATOS SEDIMENTARES MARINHOS ... 311

[a]. Estes dados evidenciam que as apatitas são do tipo francolita e colocam também em evidência a substituição parcial do F por O H nas apatitas afe- tadas por metamorfismo, principalmente aquelas das zonas móveis. Parece que existe, ainda, uma certa correlação entre esta substituição parcial e o aumento estatístico observado para [a]. É necessá- rio, entretanto, notar que as porcentagens em O H detectados por espectrometria infravermelho não podem, por si só, explicar as baixas relações F/P2O5, inferiores a 0,089-0,090, evidenciadas pela análise química de certas amostras. Finalmente, os teores em COZ, calculados a partir dos espectros infravermelhos (0,33 a 1,33%, Tabela IV), são su- periores àqueles fornecidos pela análise química (0,20 a 0,60, Tabela III), como, aliás, é classica- mente observado. Os fracos teores observados nas apatitas do tipo francolita, sugerem uma alteração superficial combinando os efeitos do clima e do tempo.

Concluindo, as apatitas das rochas fosfáticas da província afro-brasileira do Proterozóico médio- superior e do Cambrian0 inferior são fluorapatitas, por vezes deficitárias em flúor, que conservam ca- racterísticas químicas de carbonato-fluorapatitas. Isto é particularmente visível nas amostras de su- perfície. Além disso, as amostras provenientes das regiões afetadas por metamorfismo mostram subs- tituição do flúor por pequenas quantidades de hi- droxila. Estas apatitas são, provavelmente, antigas carbonato-fluorapatitas Cujas características primá- rias foram modificadas por uma complexa altera- ção metamórfica e intempérica. Com exceção do estrôncio, elas são pobres em elementos-traços, o que talvez seja uma conseqüência das condiçóes paleogeográficas globais existentes durante esse período da história da Terra.

ASPECTOS E C O N ~ M I C O S

O fosfato natural não é um minério caro, se bem que os fertilizantes, elaborados a partir desta matéria prima, sáo, freqüentemente, considerados muito onerosos para os agricultores.

Os parâmetros econômicos que determinam o preço do minério de fosfato explorado são muito diversos e variam sensivelmente de uma jazida

para outra. Porém, dentre eles, tres são determinan- tes no plano de rentabilidade: o custo da explora- ção mineira; o custo do tratamento (enrique- cimento do minério, que condiciona a qualidade do produto comercial obtido, seu preço e sua utiliza- ção); e o preço do transporte.

CUSTO DA EXPLORAÇAO MINEIRA

O custo da exploração é determinado pela geometria da jazida: se tabular, monoclinal ou ao contrário, muito tectonizada e mais ou menos me- tamorfizada. Nos dois primeiros casos, uma explo- ração mecanizada, freqüentemente a céu aberto, gera um custo muito baixo. Além disso, as caracte- rísticas físicas (dureza, compacidade) do minério de fosfato e de sua encaixante estéril, a existência de um inanto de alteração espesso e friável, que fa- cilita a extraçá0 das diferentes fácies, são critérios fundamentais.

A Tabela V evidencia as condições favoráveis para Irecê (dorante), Rocinha (manto de altera- ção), Kodjari (monoclinal), menos favoráveis para a jazida de Tapoa (tectônica fraca) e talvez desfa- voráveis para todas as outras jazidas.

CUSTO DO TRAT"TO/ENRIQUECIMENTO DO MINÉRIO E QUALIDADE DO PRODUTO OBTIDO

Do fosfato produzido atualmente, 80% é des- tinado à fabricação de fertilizantes para a agricultu- ra. A qualidade agronômica e a rentabilidade do fosfato depende de sua solubilidade o que permite às plantas extrair e assimilar o fósforo essencial ao seu crescimento.

As grandes zonas de consumo de fosfato es- tão, essencialmente, concentradas na Europa (ao redor de 75% do consumo mundial, segundo as es- tatísticas anuais do LEA. - International Fertilizer Industry Association). Não é dificil, portanto, de se imaginar que a solubilidade do fosfato seja apre- ciada em relação às características (climáticas em particular) dos países temperados, ou mesmo medi- terrâneos ou sahelianos. Esta solubilidade é classi- camente medida por solventes convencionais: água, ácido cítrico, citrato de amônia. Ela varia, sensivelmente, em função do pH dos solos.

An. Acud. brus. Ci., (1994) 66 (3)

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Juidas

Bassar 1, III e IY

Ehw II

Rocinha

Lagami

Ired tipo 02 "in situ"

Ireci tipo U1 "csscslho"

Geometria

estrutura

pouce?

conhecida

tiihulsr

e

.__-

nionoclinal

tcctonizada

frasaniente

tectonimda

furtemerite

tectonizada

nit-tamcirfirada e

acaralanisntu

nietnniorfisnio

fracv e alteroc;5o

31)-40 m

Idem

frscsniente

tectonizada

TMELA V Alguns dados de ordem econhica e mineira sobre as jazidas estudadas

Teor do minerio í'-c )

27.4

X.5-2U.h

7U-30

2u-31

20-32

32-36

21 1 - 3

l4.Y

17.6

20-23 7.5-13,7

20-25

6-1 1 1.8

35-41)

Tratanirrito

.-

hritagcni

britingem

hritagen1 e

PAPR

Idem

dificil - excsssl

de MgO

dificil - L ' :~ IX :SS~

de I¿-02

Fontes

_ - - - Boujo e r u/., 1 W : Pascal & Aregbii

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Barthelet, 1975: hlmrin, 1Y7S-79

Lucns L'I ml., I Ydh

hionteiro, 1OYU

( 1) ProspecqBo de jazida ainda nBo concluída: (21 Trdtamciitii aim& nBn definido.

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FOSFATOS SEDIMENTARES MARINHOS ... 313

Enz regiões temperadas, o pH dos solos é ge- ralmente próximo de 7, isto é, da neutralidade. Neste caso, o fosfato natural tricálcico, como a apatita, minério mais comumente explorado é, na grande maioria dos casos, insolúvel ou pouco solú- vel, e portanto impróprio à assimilação pelas plan- tas. Entre todas as jazidas proterozóicas e cambrianas afro-brasileiras estudadas, por exem- plo, somente aquelas de Bassar I e N, no Togo, apresentam uma solubilidade em ácido cítrico igual ou superior àquela do fosfato de Gafsa, da Tunisia, considerada como o mais solúvel atualmente co- nhecido no mundo (Pascal & Aregba, 1989). Em todos os outros casos, é necessário aplicar proces- sos físicos e/ou químicos destinados a tornar solú- vel o fosfato e permitir seu emprego como fertilizante.

- Por via fisica, não se transforma o fosfato tricálcico natural, porém moendo-o finamente (80% < 200 mesh), aumenta-se, exponencialmente, a superfície de contato com as soluções dissolven- tes naturais dos solos e conseqüentemente, sua solubilidade. Este modo de tratamento fornece um fosfato moído que pode ser aplicado diretamente, constituindo-se assim em um produto pouco on- eroso, adaptado às jazidas de importância de média a fraca, de interesse estritamente local (caso da ex- ploração atual de Kodjari). Pode-se melhorar a solubilidade do fosfato moído através de uma leve acidificação (PAPR: Partially Acidulated Phos- phate Rock para os americanos ou FOSNAF’ para os brasileiros). Esta foi a opção adotada para a ex- ploração da jazida de Rocinha, atualmente parada devido a problemas econômicos (Damasceno, 1989).

- Por via química, transforma-se o fosfato tricál- cico natural em produtos muito mais reativos e muito mais solúveis que, comumente são conheci- dos como “supedosfatos”. Na realidade, são fosfa- tos mono ou bicálcicos, nos quais, ao fósforo, podem ser adicionados outros elementos fertilizan- tes como o potássio e o nitrogênio (adubos com- postos NP ou NPK). Esses processos de enriquecimento são baseados no ataque do fosfato tricálcico natural por acidificação (mais comu- mente por ácido sulfúrico, porém, às vezes por

nítrico ou mesmo por clorídrico) gerando fertili- zantes de grande qualidade. São, infelizmente, de alto custo e não podem ser aplicados a não ser em jazidas Cujas reservas são importantes @ara permi- tir a amortização da usina de tratamento) e Cujas condições econômicas são muito favoráveis. Nen- huma das jazidas da Província afro-brasileira está, atualmente, sendo explorada desta maneira, pois não possuem essas condições.

Em regiões iiitertropicais, o pH dos solos é geralmente ácido, longe portanto da neutralidade, como por exemplo certos solos brasileiros que pos- suem valores de pH na faixa de 5. Em solos com pH desta ordem, a solubilidade pode ser multipli- cada por um fator 3 ou 4, como mostra o recente trabalho de Morel (1988), que estudou, por traça- gem isotópica, o comportamento do fósforo nos sistemas solo-adubo-planta.

Quando se testa a solubilidade de um fosfato, os fatores clima e pH dos solos, onde os fertilizan- tes serão aplicados, não devem ser negligenciados.

PREÇO DO TRANSPORTE

Julgando-se pelos exemplos das jazidas atual- mente em exploração no mundo, parece que a ren- tabilidade de uma exploração não pode suportar um transporte importante até o local de consumo (quando se trata de utilização doméstica) ou até o porto mais próximo (quando se trata de uma pro- dução destinada à exportação). Atualmente, para as jazidas em exploração esta distância de transporte não ultrapassa 100 km. As grandes distâncias aos centros consumidores das jazidas aqui considera- das são, portanto, elas mesmas, dissuasivas para possibilitar uma exploração de sua produção. Ao contrário, a exploração de Kodjari e no futuro, aquelas de Rocinha, Irecê ou Bassar apresentam certamente um bom interesse regional.

Os fosfatos sedimentares da Província afro- brasileira de idade proterozóico-cambriano apre- sentam uma grande homogeneidade de características geo16gicas7 mineralógicas e geoquí-

An. Acad. bras. Ci., (1994) 66 (3)

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mica\. temperadas por nuances na nianifestac@ e na idade dos diterentes episodios de fc)sfatr)p: 't nese.

Seu interesse economico permanece, no esta- do atual d m cclnhecimentos. limitado h produ@o de fosfato\ moídos naturai\ ( Kcrdiari) ou a p " s tratados (fosfatos parcialmente acidulados). de uti- lizaq5o estritamente regional. Este interessr n i o debe entretanto ser subestimado pela economia de regiiws ou de p m onde c) ugricultor nio tem ainda x e s w a fertili7antes de griinde qualidade e. por- tanto, muito caro.

Ch autorus agradecwti orgaiii\nio\ gover- namentois e cumpanhi:is minerais que. por sua atitude aherta. \eu q x r r t e lugídcn e por wzeh fi- nanceiro. fwrreceram a elabora@(? de5te trnhalho: no Hurhina Faw. as autoridade^ do Projeto Fosfa- to. soh a dire@) de Dcrmiriique Ouatara: rio Togo.

o ORSTOM de Lcrmi. pelas pes- r (accrmpanhada\ nci Franca pe-

los trahalhcrs petrograficrl\, mineralogicos e gcoquímicus de G. Panczer, na epoca na Llniversi- dadc. Loui5 Pasteur de Sfrii\bourg): no Brasil. a Compar~h ia Baiana de Pesquisa Mineral (C'.H.P,M.) clue enormemente facilitou os estudos dr campo, a amostrngt" das sondagen\ de Tre& e rim fr,meceu sem restriq6t.s seus docunientos geologicos e tecni- CO'S e ;I COMIC;. nit p e ~ s c ~ dc) ge~lcigc) J . G . Parenti C'uuto. Os autore\ agradecem tamhem c) Prof. E.C. Diimíisceno. da E\coln Politecnica dd LJSP clue. amavelmente colocou a nossa disposiq%tr uma im- portante documentagio de camter econirniico e in- dustrial. Finalmente. devemos ressaltar que parte dos trahalhos foram realizado\ com CI suporte fi- nanceiro da FAPESP e do C"Pq. atraves do crm-6- nio de Cooperaq5o Internacional CNPy/ORSTOM.

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