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CONCEITOS
Em sentido etimológico, segundo Sallé (1996, p. 16), “fitoterapia
vem do grego phytos, que significa plantas, e terapia que significa
cuidado ou tratamento. A fitoterapia é o tratamento do estado geral
do organismo e do sintoma por meio das plantas”.
Chechetto (2002, p.8) refere que a fitoterapia é a utilização
terapêutica de plantas com atividade farmacológica, de forma
alopática, com manutenção da constituição química total do
vegetal, ou com extração seletiva, mas sem fracionamento dos
componentes
ALOPATIA X HOMEOPATIA
A alopatia é um sistema da medicina em que são usados
medicamentos que produzem efeitos contrários aos da doença
tratada, procurando conhecer a etiologia e combater suas causa.
Já a Homeopatia, palavra que se origina do latim, onde Homois,
quer dizer semelhante e pathos, doença, ou seja, doença
semelhante. É um sistema de tratamento de doenças com doses
diluídas de substâncias cuja ação vai provocar os mesmos
sintomas das doenças a serem tratadas. O paciente/cliente deve
ser medicado de acordo com as características da sua
personalidade.
HISTÓRICO
A fitoterapia é contemporânea ao início da humanidade.
A natureza foi, sem dúvida, o primeiro remédio, farmácia e hospital
a que o homem recorreu.
Relembrando a história na China, na época de Shen Nung (ao
redor de 2000 a.C.) já se investigava o valor medicinal de centenas
de ervas. Entre as 365 drogas mais usadas estavam: ruibarbo,
ginseng, estramônio, cinamono e efedra.
No célebre papiro de Eberds (1500 a.C.), uma coleção de 800
fórmulas, encontramos as indicações sobre 700 drogas locais e
exóticas (papoula, ginseng, rícino, romã, mandrágora, mirra,
incenso, aipo, coentro, azeite). As drogas eram piladas,
cozidas na cerveja, no vinho ou no leite.
Na época dos grandes filósofos gregos, Hipócrates (460 – 361
a.C.) e seus discípulos ensinavam que a doença não é um fatal
desígnio dos deuses e pode ser identificada pela arte médica e
tratada com remédios naturais.
Teofrasto (370 – 286 a.C.), chamado “o pai da botânica” ou o “pai
da farmacognosia”, realizou importantes trabalhos botânicos sobre
as drogas da época. Determinou qualidades médicas das ervas,
observando aspectos farmacêuticos e farmacológicos da mirra, do
incenso, da cássia, mentrasto, da beladona, etc...Seus trabalhos,
até hoje, influenciam na atividade farmacêutica (GAIO; FARIAS,
1998, [f.2]).
Por volta do ano 3000 a.C. os chineses já possuíam uma
sofisticada farmacopéia, assim como os povos assírios e egípcios
em 2500 a.C.
A farmácia – a Botica – é uma das criações dos árabes e acredita-
se que a primeira de todas existiu em Bagdá entre os
farmacêuticos, Avicena (980 – 1037) era o mais conhecido e
famoso. Influenciado pela obra de Galeno produziu o seu cânone
da medicina – cinco volumes sobre a medicina grega e romana.
A arte dos benzedores, curandeiros e xamãs, herdada dos magos
e feiticeiros, pode ser vista hoje, em teste, nos laboratórios
científicos, os quais passaram a avaliar experimentalmente a
veracidade destas informações. (DI STASI, 1996, p. 17).
A partir de 1820, conforme Gaio e Farias (1998), na América do
Norte, começam a serem instaladas as primeiras indústrias de
ervas medicinais. A terapêutica se fundamentava cada vez mais, na
experimentação e nas observações sistematizadas.
O fabricação de medicamentos, mediante a extração e o isolamento
dos princípios ativos das drogas vegetais, abriu uma nova era à
farmacologia.
A tendência da medicina de se voltar para os medicamentos sintéticos,
que se fortaleceu depois da Segunda Guerra, contribuiu ainda mais para o
abandono do estudo das plantas.
A partir de 1879, segundo Gaio & Farias (1998), Albert Brow Lyon começa
a desenvolver métodos e processos (físicos, químicos, biológicos,
farmacológicos) visando a padronização de medicamentos de origem
vegetal. As vitaminas (A, B, C) os alcalóides (morfina, codeína,
papaverina, quinina, emetina, ergotoxina, ergotinina, peserpina,
tubocurarina) os heterosídeos (digotoxina, gitalina) e vários outros grupos
de produtos naturais vegetais foram descobertos, extraídos, isolados e
incorporados a bases medicamentosas.
As plantas medicinais perderam a importância e passaram a ser utilizada
somente como terapia alternativa no Brasil.
A Organização Mundial de Saúde, na reunião de 1978, em Alma Ata,
reconheceu a importância das plantas medicinais como alternativa no
tratamento de algumas doenças, e recomendou a difusão dos
conhecimentos necessários para seu uso.
O Sistema Único de Saúde (SUS), no âmbito municipal e estadual, de
acordo com Sacramento (1999), vem a aproximadamente dez anos,
implantando a fitoterapia nos Programas Municipais e Estaduais de
Assistência Farmacêutica visando reduzir os custos com medicamentos
sintéticos e atender a uma expectativa dos técnicos e da comunidade.
1986 - 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), impulsionada pela
Reforma Sanitária, deliberou em seu relatório final pela "introdução
de práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito dos
serviços de saúde, possibilitando ao usuário o acesso democrático
de escolher a terapêutica preferida".
1996 - O Relatório da 10a Conferência Nacional de Saúde, aponta
no item 286.12: "incorporar no SUS, em todo o País, as práticas de
saúde como a Fitoterapia, acupuntura e homeopatia, contemplando
as terapias alternativas e práticas populares"
Em 1998, foi constituída pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) conforme Sacramento
(1999, p. 18), a subcomissão de assessoramento em
Fitoterápicos – CONAFIT
Em 1998 surge também a Associação Catarinense de
Plantas Medicinais, constituída como sociedade civil de
caráter científico-profissional, humanitária e social.
2003 - O Relatório da 12ª Conferência Nacional de Saúde, aponta a
necessidade de se "investir na pesquisa e desenvolvimento de tecnologia
para produção de medicamentos homeopáticos e da flora brasileira,
favorecendo a produção nacional e a implantação de programas para
uso de medicamentos fitoterápicos nos serviços de saúde
2005 - Decreto presidencial de 17/02/05 que cria o Grupo de Trabalho
para elaboração da Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos.
2006 – Consolidou-se a Política Nacional de práticas Integrativas e
Complementares no SUS (Portaria Ministerial n.º 971 em 03 de maio de
2006).
Atualmente, existem programas estaduais e municipais de
Fitoterapia, desde aqueles com memento terapêutico e
regulamentação específica para o serviço, implementados há mais
de 10 anos, até aqueles com início recente ou com pretensão de
implantação.
Em levantamento realizado pelo Ministério da Saúde no ano de
2004, em todos os municípios brasileiros, verificou-se que a
Fitoterapia está presente em 116 municípios, contemplando 22
unidades federadas. (BRASIL, MS, 2008)
• 2008 – O Ministério da Saúde aprova o Programa Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos e cria o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos. (Portaria Interministerial nº 2.960)
• 2010 – O Ministério da Saúde institui a Farmácia Viva no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS). (Portaria nº 886) e constitui a Comissão Técnica e
Multidisciplinar de Elaboração e Atualização da Relação Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos – COMAFITO. (Portaria nº 1.102)
CONCEITOS
Farmacognosia: é a ciência responsável pelo conhecimento referente ao
emprego ou utilização de drogas de origem vegetal, animal ou mineral
com finalidade terapêutica. Aplica-se na atualidade quase que
exclusivamente ás drogas de origem vegetal.
Planta Medicinal: Toda e qualquer planta que possui, em um ou mais de
seus órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com finalidade
terapêutica ou serem precursoras de síntese farmacêutica (adaptado de
OMS/1978)
Droga Vegetal: É a parte da planta (raiz, casca, folha, flor, fruto ou
semente), ou planta inteira, a ser utilizada terapeuticamente ou ainda
como matéria-prima na elaboração do extrato ou do fitoterápico.
(adaptado de OMS/1978)
Etnobotânica: é a ciência que estuda e interpreta a história e a relação entre as plantas e os homens em uma
determinada localidade.
Princípios ativos: Substâncias presentes na composição da
planta com reconhecida atividade farmacológica. (adaptado de
OMS/1978)
Fitocomplexo: Conjunto de substâncias “ativas” existentes na (s)
planta (s), na proporção em que elas naturalmente se encontram,
podendo sua ação farmacológica ser estudada como um todo.
Parte Utilizada: Estrutura vegetal que contém ou concentra os
princípios ativos vegetais. Determina a forma de preparo e de
conservação dos fitoterápicos. É essencial para o sucesso
terapêutico e/ou redução de efeitos adversos.
Fitoterápico: medicamento obtido empregando-se exclusivamente
matérias-primas ativas vegetais. (RDC 48/2004).
Medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou
elaborado, que contém um ou mais fármacos, juntamente com
outras substâncias, com finalidades profiláticas, curativa, paliativa
ou para fins de diagnóstico.
Remédio: são recursos usados para curar ou aliviar dores,
desconfortos e enfermidades. É um termo amplo, aplicado a todos
os recursos terapêuticos usados para combater doenças ou
sintomas.
Fitoterapia Popular
Tradição oral de geração para geração;
Conhecimento sem registro escrito;
Informações por vezes conflitantes;
Sem uniformização de dose, posologia ou duração de tratamento;
Importante fonte de “pistas” de eficácia ou toxicidade das plantas medicinais.
Fitoterapia Tradicional
Parte integrante de sistemas médicos ligados a culturas peculiares
Registro escrito, existente há décadas, séculos ou milênios
Exemplos: Medicina Tradicional Chinesa (MTC); Medicina Ayurveda, Xamanismo, etc
Fitoterapia Científica
Baseada em evidências científicas
O estudo científico de extratos vegetais parte de conhecimentos populares e tradicionais
Estudos integram o emprego clínico de fitoterápicos para finalidades terapêuticas, diagnósticas ou profiláticas
Reconhecida e regulamentada como método terapêutico no contexto da prática médica (PC / CFM Nº 1301/1991 e Nº 04/1992)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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DI STASI, L. C. Plantas Medicinais: arte e ciência. Um Guia de Estudo Interdisciplinar. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996. 230 p.
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