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Índice
INTRODUÇÃO 106
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA - VMI 107
Entubação 107
Tipos de ventilação mecânica invasiva 108
Modos básicos do ventilador 109
O ventilador 110
Complicações da ventilação mecânica invasiva 110
A ACÇÃO DA FISIOTERAPIA NA VMI 112
Técnicas utilizadas em pacientes com ventilação mecânica invasiva 112
Posicionamentos 113
Mobilização 114
Hiper-insuflação pulmonar 114
Percurssão e Vibração 115
Aspiração 116
Exercícios dos membros 116
Terapia rotacional continua 117
CONCLUSÃO 118
BIBLIOGRAFIA 119
Introdução
Ao realizar este trabalho, no âmbito do estágio curricular de fisioterapia cardio-
respiratória, tive como objectivo abordar um dos variados campos de acção do
fisioterapeuta nesta área. Nos pacientes com patologia respiratória a abordagem do
fisioterapeuta está condicionada por variados factores, sendo um deles o facto de o
paciente estar ou não ventilado, se está, que tipo de ventilação têm. Neste caso, o tipo de
abordagem ao qual este trabalho é direccionado, é a acção do Fisioterapeuta no paciente
com ventilação mecânica invasiva – VMI.
Será feita uma breve descrição do que é a VMI, das suas variantes, algumas
características do ventilador e os aspectos negativos deste tipo de ventilação. Após esta
descrição, irá ser abordada a acção e os tipos de intervenção que podem ser executados
pelo fisioterapeuta, tal como a evidência existente das mesmas.
Ventilação mecânica invasiva - VMI
A ventilação mecânica é um método de suporte em que um aparelho movimenta
os gases para dentro e para fora dos pulmões usando pressão positiva ou pressão
negativa, tendo como objectivo principal proporcionar as trocas gasosas pulmonares,
indispensáveis à vida. Durante a ventilação mecânica, pode-se também introduzir
oxigénio e outros gases (anestésicos) adequados além da pressão positiva continua nas
vias aéreas, com o objectivo de conjugar estratégias para actuar no parenquima
pulmonar lesado (Farias & Guanes, 2001).
O objectivo da ventilação mecânica é oxigenar o sistema respiratório de um paciente
que já não consegue respirar satisfatoriamente e de forma espontânea. A ventilação
mecânica só é indicada quando há razões para crer que a doença responsável pela
insuficiência respiratória apresenta um componente reversível suficiente para o retorno
à respiração espontânea. Todavia, quando há insuficiência respiratória grave, somente a
ventilação mecânica será capaz de manter a vida do paciente (Baldissera, Pires, Costa,
Jamami & Oishi, 1999).
O termo ventilação mecânica invasiva tem sido atribuído à respiração por pressão
positiva que é realizada directamente nas vias aéreas, portanto invasivamente
(Baldissera et al, 1999).
A respiração por pressão positiva é uma forma tradicional de suporte ventilatório
empregue em portadores de insuficiência respiratória aguda.
A ventilação mecânica pode ser controlada, assistida/controlada ou assistida e de onde
advêm os vários modos em que o ventilador pode trabalhar.
Entubação
A entubação consiste na introdução de um tubo através da fossa nasal ou da
boca, com o objectivo de atingir a traqueia, quando ficar estabelecido que há
necessidade da ventilação mecânica. Como tal a decisão tem de ser tomada
rapidamente, a fim de garantir a vida do paciente, requer habilidades, e conhecimentos
específicos, e somente um profissional qualificado poderá fazê-lo (Baldissera et al,
1999).
Entre as principais indicações para a intubação, destacam-se insuficiência
respiratória aguda; obstrução de vias aéreas superiores (devido a trauma, inalação,
hemorragia ou edema de laringe); apnéia com paragem cardiorrespiratória; coma, por
perda de reflexos das vias aéreas; aumento da pressão intracraniana; e aspiração
traqueobrônquica.
Tipos de entubação:
Nasotraqueal;
Orotraqueal;
Traqueostomia (Baldissera et al, 1999)..
Tipos de ventilação mecânica invasiva
A ventilação mecânica pode ser:
Ventilação Mecânica Controlada. Modalidade de ventilação mecânica, o
paciente não tem participação activa, pois, como o próprio nome diz, o aparelho
é que controla todo o procedimento. Normalmente, o aparelho determina o início
da inspiração, por um critério de tempo, estipulado por um ajuste no comando da
frequência respiratória, para que o paciente receba passivamente o conteúdo de
gás necessário. Durante a ventilação mecânica controlada, qualquer tentativa do
paciente em respirar resultará em descoordenação de compasso entre ventilador
e paciente. A essa inter-corrência, atribui-se o termo "briga" do paciente com o
aparelho.
Ventilação Mecânica Assistida/Controlada. Nesta técnica, o ventilador
permite um mecanismo misto de disparo na fase inspiratória, combinando um
mecanismo controlado a tempo com um outro relativo à pressão. Enquanto o
disparo por pressão é activado pelo esforço inspiratório do paciente, um outro
disparo por tempo é deflagrado pelo aparelho. Este tipo misto de disparo
funciona como um mecanismo de segurança, que é activado apenas quando o
ciclo assistido não ocorre. Com isso, se a frequência respiratória ajustada no
ventilador for de 20 ciclos por minuto, o ventilador só iniciará um ciclo
controlado a cada três segundos, caso o paciente não o faça. Por outro lado, se o
paciente fizer um esforço inspiratório mais frequente, por exemplo, a cada 1,5
segundo, o ventilador irá disparar 40 ciclos assistidos por minuto e nenhum ciclo
controlado será activado, excepto se a frequência respiratória do aparelho for
ajustada para mais que 40 ciclos por minuto. Quando um paciente for submetido
à ventilação mecânica assistida/controlada, o ajuste da frequência respiratória no
ventilador deverá ser ligeiramente inferior à frequência espontânea do paciente.
Com isso, os ciclos controlados serão raros.
Ventilação Mecânica Assistida. É considerada uma modalidade de respiração
artificial que possibilita um bom prognóstico, tendo em vista que esta permite
um auto-controle do padrão respiratório pelo paciente e, com isso, a preservação
da contracção muscular inspiratória, voluntariamente.
Esta modalidade caracteriza-se pelo trabalho inspiratório espontâneo do
paciente, sem o qual o aparelho não será accionado. Isto é, o disparo é causado
pelo esforço inspiratório do paciente, accionando um sensor de pressão (capaz
de detectar uma queda na pressão expiratória dentro do circuito do ventilador)
ou um sensor de fluxo (capaz de detectar uma pequena movimentação de ar em
direcção ao pulmão do paciente). Qualquer equipamento de ventilação mecânica
poderá ser empregue para aplicar esta modalidade, basta aumentar sua
sensibilidade (em valor absoluto). Para que o paciente possa ser submetido à
ventilação mecânica assistida, é necessário que apresente condições gasimétricas
e de contracção muscular voluntária suficientes. Em pacientes extremamente
fracos, qualquer esforço muscular respiratório será suficiente para causar-lhes
fadiga muscular e, nesse caso, esse controle deverá ser alterado no intuito de
diminuir a sensibilidade do equipamento, passando-se, às vezes, à ventilação
controlada. Numa ventilação puramente assistida, a frequência respiratória e o
tempo expiratório ficam totalmente a cargo da capacidade respiratória do
paciente (Baldissera et al, 1999).
Modos básicos do ventilador
Dentro dos tipos de ventilação mecânica descritos em cima, o ventilador tem os
seguintes modos básicos que podem ser utilizados, adequando cada um à situação:
Ventilação com pressão positiva intermitente, assistida e/ou controlada, ciclada a
volume ou pressão (IPPV);
Ventilação à pressão controlada (PVC);
Ventilação mandatória intermitente sincroizada (SIMV);
Ventilação com suporte teórico (PSV);
Pressão positiva continua nas vias aéreas (CPAP) (Farias & Guanes, 2001).
O ventilador
Independemente da marca, os ventiladores são classificados pela sua forma de ciclagem.
Podem ser:
Ciclados a tempo;
Ciclados a pressão;
Ciclados a volume;
Ciclados a fluxo (Baldissera et al, 1999).
O ventilador permite controlar:
O PEEP (Pressão expiratória final positiva);
FiO2 (fracção inspirada de O2);
O VM (volume por minuto expirado);
A FR (frequência respiratória);
O VC (volume corrente);
O Fluxo Inspiratório;
A Onda de Fluxo;
A I:E (relação inspiração/expiração);
A sensibilidade (Farias & Guanes, 2001).
Complicações da ventilação mecânica invasiva
Esta forma de ventilação apresenta possíveis complicações, devido a diferentes aspectos
da VMI:
Traumáticas;
Infecciosas;
Metabólicas;
Neurológicas;
Neuromusculares;
Barotrauma;
Volutrauma;
Disfunções orgânicas múltiplas (Farias & Guanes, 2001).
A acção da Fisioterapia na VMI
Na maioria dos hospitais em Países Desenvolvidos, a fisioterapia é parte integrante na
gestão de doentes nas Unidades de Cuidados Intensivos – UCIs. O trabalho especifico
que os fisioterapeutas executam nas UCIs varia consideravelmente de uma unidade para
outra, dependendo do país onde esta está localizada, da tradição local, os níveis de
pessoal, e da especialidade. O processo de encaminhamento para a Fisioterapia do
doente é um dos principais exemplos destas diferenças, em determinadas UCIs, o
Fisioterapeuta avalia todos os pacientes, enquanto que noutras, o Fisioterapeuta só vê o
paciente após a indicação médica (Stiller, 2000).
Nestas unidades a actuação do Fisioterapeuta é extensa, desde o tratamento a pacientes
em estado crítico que não precisam de suporte ventilatório, assistência durante a
recuperação pós-cirurgica, com o objectivo e evitar complicações respiratórias e
motoras, e tratamento de pacientes em estado grave que necessitam de suporte
ventilatório. Nesta fase, o fisioterapeuta tem uma participação importante, ao auxiliar a
condução da ventilação mecânica, preparando e ajustando o ventilador mecânico à
entubação, ajudando na evolução durante a VMI e na interrupção e desmame do suporte
ventilatório e no desmame (Jerre et al, 2007).
Técnicas utilizadas em pacientes com ventilação mecânica
invasiva
As técnicas mais comuns utilizadas pelo fisioterapeuta nos pacientes com VMI são os
posicionamentos, a mobilização, a hiper-insuflação manual, a percussão, a vibração,
aspirações, tosse e diversas técnicas de respiração. Alguns dos Fisioterapeutas tratam a
maioria, se não todos os pacientes, com a combinação destas técnicas,
independentemente da condição fisiopatológica subjacente de cada paciente. Outros
fisioterapeutas utilizam técnicas escolhidas especificamente tendo em conta a condição
específica de cada doente (Stiller, 2000).
Posicionamentos
O posicionamento, neste contexto, descreve o uso da posição corporal como uma
técnica especifica de tratamento. Este tipo de tratamento pode ser utilizado com
objectivos fisiológicos para optimizar o transporte de oxigénio, tendo em consideração
os seus efeitos na promoção da relação ventilação/perfusão, aumentar os volumes
pulmonares, reduzindo o trabalho respiratório, minimizar o trabalho cardíaco e melhorar
a remoção mucociliar. Embora se considere a drenagem postural uma técnica separada
desta, neste contexto, é um exemplo de posicionamento que tem como objectivo
especifico aumentar a libertação de secreções das vias aéreas através da acção da
gravidade (Stiller, 2000).
Exemplos específicos de posicionamentos que podem ser usados nestes pacientes
incluem o posicionamento vertical, para aumentar os volumes pulmonares e diminuir o
trabalho respiratório em pacientes que se encontram a ser desmamados da ventilação
mecânica. O posicionamento inclinado, para promover uma melhor relação
ventilação/perfusão, redistribuir o edema e aumentar a capacidade funcional residual em
pacientes com ARDS. E o posicionamento em decúbito lateral com o pulmão afectado
em supra-lateral, para melhorar a relação ventilação/perfusão em pacientes com
patologia pulmonar unilateral, e para melhorar a ventilação e a remoção de secreções
das vias aéreas em pacientes com atelectasias lobares agudas (Stiller, 2000).
O decúbito elevado (45º) reduziu o risco de pneumonia associada à ventilação
comparativamente à posição supina, num estudo aleatório e controlado. Drakulovic et
al, demonstrou que a ocorrência de pneumonia associada à ventilação foi menor no
grupo submetido ao decúbito elevado (5%) do que no grupo submetido à posição supina
(23%) (Jerre et al, 2007).
A adopção da posição ortoestática, por parte de doentes da UCI, tem-se revelado útil na
minimização dos efeitos da imobilidade prolongada. Embora exista falta de ensaios
clínicos que comprovem a eficácia clínica em pacientes em estado critico, a posição
ortostática foi incluída como modalidade de tratamento num consenso de fisioterapeutas
ingleses. Isto aconteceu por ocorrerem supostos benefícios:
Na melhora no controlo autónomo do sistema cardio-vascular;
Na facilitação da ventilação e das trocas gasosas;
Melhoria do estado de consciência;
Estimulação vestibular;
Facilitação da resposta postural antigravitacional (Jerre et al, 2007).
Mobilização
As técnicas de mobilização que podem ser utilizadas em pacientes entubados com VMI
podem incluir exercícios activos dos membros, o paciente mover-se activamente na
cama, sair da cama recorrendo a dispositivos mecânicos de elevação ou transferências
deslizando na tábua, sentar-se na borda da cama, pôr-se em pé, transferências de pé da
cama para a cadeira e andar. A explicação fisiológica da mobilização, é de que esta irá
optimizar o transporte de oxigénio devido à promoção da ventilação alveolar e da
relação ventilação/perfusão. A mobilização também pode provocar estímulos
gravitacionais para manter ou recuperar a distribuição normal de fluidos corporais e
reduzir os efeitos da imobilidade e acamamento. A longo prazo, a mobilização restaura
a capacidade de trabalho e a independência funcional, promovendo a capacidade
cardiopulmonar (Stiller, 2000).
A imobilidade provoca diversos problemas, tais como:
Úlceras de pressão;
Diminuição da força muscular;
Tromboembolismo;
Osteoporose;
Pneumonia.
Os pacientes em estado critico, principalmente os idosos, tem maior risco de desenvoler
este tipo de problema (Jerre et al, 2007).
Hiper-insuflação pulmonar
A hiper-insuflação pulmonar envolve a desconexão do paciente do ventilador e insuflar
os pulmões com um grande volume corrente, utilizando um Ambu. Esta técnica é
normalmente executada através de uma inspiração lenta e profunda, manter a inspiração
e, seguidamente, libertar rapidamente o Ambu para aumentar a taxa de fluxo
expiratório. Esta técnica é utilizada com o objectivo de prevenir o colapso pulmonar,
reexpandir alvéolos colapsados, aumentar a oxigenação e a compliance pulmonar, e
aumentar também o movimento das secreções pulmonares nas vias aéreas centrais. É
provável que o volume corrente adicional fornecido pela hiper-insuflação manual ajude
a reinsuflar alvéolos colapsados, promovendo um fluxo de ar pelos canais colaterais e
pelo fenómeno da interdependência (Stiller, 2000).
A hiper-oxigenação com FiO2 de 100%, associada à hiper-insuflação com volume total
50% maior que o basal, durante 3 a 6 ciclos respiratórios foi a técnica mais estudada no
que toca à prevenção da hipoxémia durante a aspiração (Jerre et al, 2007).
Maa et al, classificou 23 pacientes para receber hiper-insuflação manual ou fisioterapia
respiratória padrão. Neste estudo a hiper-insuflação manual foi aplicada de 8 a 13 ciclos
por minuto, com pressão limitada em 20 cmH2O por 20 minutos, 3 vezes ao dia,
durante 5 dias. Foi observada uma melhoria ligeira em desfechos intermediários,
embora sem efeitos em desfechos clínicos, na PaO2/FiO2 e na compliance estática.
Choi & Jones, compararam a hiper-insuflação seguida de aspiração com a aspiração
isoladamente, em 15 pacientes com pneumonia associada à ventilação mecânica. Como
resultado obtiveram uma melhoria da compliance e redução da resistência, efeitos estes
que persistiram durante pelo menos 20 minutos após o procedimento. Um estudo
realizado por Denehy revelou dúvidas acerca da segurança e eficácia da hiperinsuflação
manual, sugerindo que, quando aplicada, deve ser limitado o pico de pressão a 40
cmH2O, por risco de ocorrer barotrauma (Jerre et al, 2007).
Percurssão e Vibração
A percurssão e a vibração são técnicas que se crê que aumentam a libertação das
secreções das vias aéreas através da transmissão de uma onde de energia aplicada na
parede torácica. A percurssão pode ser aplicada manualmente batendo na parede
torácica sobre a área afectada do pulmão, usando as mãos em concha. As vibrações
podem ser aplicadas manualmente, vibrando, abanando ou comprimindo a parede
torácica durante a expiração. Tanto a percurssão como a vibração podem ser realizadas
por aparelhos mecânicos (Stiller, 2000).
Ntoumenopoulos et al, comparou num pequeno estudo controlado, não aleatório, o
efeito da vibrocompressão e aspiração endotraqueal (grupo experimental) com um
grupo de controlo (sem Fisioterapia Respiratória). Observaram que apenas 8% dos
pacientes do grupo de intervenção desenvolveu Pneumonia associada à ventilação
mecânica, enquanto que o grupo de controlo teve um resultado de 39% (Jerre et al,
2007).
A compressão brusca é descrita frequentemente no tratamento de pacientes que
apresentam lesão medular ou que apresentem algum tipo de fraqueza muscular. Num
estudo controlado, no qual foi comparada a aspiração traqueal com e sem compressão
brusca do tórax, verificou-se que no grupo onde era realizada a compressão torácica a
quantidade de secreções aspiradas foi maior que no grupo que apenas realizou a
aspiração isoladamente. No entanto, não teve resultados com valor estatisticamente
relevante (Jerre et al, 2007).
Embora existam estudos que comprovam a eficácia da drenagem postural, vibração e
percurssão em pacientes com DPOC estáveis e em ventilação espontânea, não há
evidência de que estas técnicas sejam eficazes em pacientes com ventilação mecânica
(Jerre et al, 2007).
Aspiração
A aspiração por via endotraqueal ou traqueostomia é usada com o objectivo de remover
secreções das vias aéreas centrais e de estimular a tosse (Stiller, 2000).
A avaliação da necessidade de aspiração por parte do Fisioterapeuta deve ser
sistemática, em intervalos fixos e, também, na presença de desconforto respiratório.
Este procedimento é invasivo, irritante e desconfortável para os pacientes, podendo
promover complicações como a tosse, broncoespasmo, hipoxémia, desritmias e lesões
nas mucosas. Embora tenha claros benefícios na prática clínica, estes pouco foram
estudados, principalmente os danos colaterais associados à mesma. As lesões
provocadas nas mucosas estão directamente relacionadas com a técnica do executante e
com a quantidade de pressão usada, não devendo esta exceder os 150 mmHg em
adultos. Pensa-se que a aspiração intermitente, em vez da aguda, poderá ser menos
traumática para o paciente, apesar da pouca evidência acerca deste facto (Jerre et al,
2007).
Os sistemas de aspiração abertos ou fechados tem eficácia na remoção de secreções. No
entanto o sistema fechado apresenta um menor risco de hipoxémia, disritmias, e de
contaminação. A principal vantagem do sistema fechado é poder efectuar a aspiração
sem ser necessária a desconexão do circuito do ventilador. Além desta vantagem,
permite também uma menor alteração hemodinâmica e nas trocas gasosas. Embora isto
ocorra, os estudos já realizados não encontram diferenças no risco de pneumonia entre
os dois sistemas de aspiração (Jerre et al, 2007).
Exercícios dos membros
Exercícios com os membros (passivos, activos-assistidos e activos-resistidos) podem ser
executados pelos pacientes com VMI, tendo como finalidade aumentar ou manter as
amplitudes articulares, o comprimento dos tecidos moles e para diminuir o risco de
tromboembolismo (Stiller, 2000).
Existem benefícios da utilização dos exercícios activos dos membros em pacientes em
desmame e recém-libertados da ventilação mecânica. Uma abordagem multidisciplinar
que promoveu a mobilização precoce de pacientes em pós-operatório de cirurgias da
aorta abdominal resultou numa diminuição da morbilidade e do tempo de internamento.
Outros estudos encontraram um aumento da tolerância ao esforço em pacientes que
realizaram exercícios activos durante o suporte ventilatório (Jerre et al, 2007).
Terapia rotacional continua
A terapia rotacional continua refere-se à utilização de camas especiais que
continuamente e lentamente viram o paciente ao longo de um eixo longitudinal até um
ângulo máximo de 60º. O grau de viragem e a velocidade é programado. A justificação
para a utilização da terapia rotacional continua indica que esta previne o encerramento
das vias aéreas, previne a perda da compliance, previne atelectasias, previne a
estagnação das secreções pulmonares e a consequente infecção, que se pensa que seja
provocada devido à imobilidade prolongada (Stiller, 2000).
Conclusão
Após a realização deste trabalho foi possível compreender os aspectos básicos da
ventilação mecânica, tais como as características do ventilador, as modalidades de
ventilação, as suas complicações, entre outros. Quanto à acção do fisioterapeuta, ponto
principal deste trabalho, foi possível compreender as técnicas terapêuticas mais
utilizadas e as suas evidências científicas.
O facto de existirem abordagens, no âmbito da fisioterapia respiratória, que tem eficácia
numa situação, não quer dizer que sejam eficazes noutra situação. Um dos pontos que
irá influenciar esta eficácia é o tipo de ventilação a que os pacientes estão a ser
submetidos.
Bibliografia
Baldissera, V., Pires, V., Costa, D., Jamami, M & Oishi, J. (1999). Efeitos do
Treinamento Muscular Respiratório durante o Processo de Desmame da Ventilação
Mecânica. Rev. Bras. Terap. Intens, 11:99-106.
Farias, A. & Guanaes, A.(2001). Ventilação Mecânica. Rotinas em
terapia intensiva. 3°edição, Porto Artes médicas. Alegre.
Jerre, G., Beraldo, M., Silva, T. et al. (2007). Fisioterapia no paciente sob ventilação
mecânica. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 19:399-407.
Stiller, K. (2000). Physiotherapy in intensive care: Towards na Evidence-Based
Practice. American College of Chest Physicians, 118:1801-1813.