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Bakhtiniana, São Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013. 205 Implicações do estatuto ontológico do sujeito na teoria discursiva do Círculo Bakhtin, Medvedev, Voloshínov / Implications of the Subject's Ontological Statute in the Bakhtin, Medvedev, Vološinov Circle's Discursive Theory Vera Lúcia Pires * Adail Sobral ** RESUMO Propõe-se neste artigo abordar o que se refere à ontologia dialógica em perspectiva bakhtiniana por ser um tópico essencial relacionado ao agir dos sujeitos no âmbito do dialogismo. Da definição desse agir decorre uma concepção de linguagem que embasa a teoria da enunciação do Círculo Bakhtin, Medvedev, Voloshínov. Assim, pretende-se, aqui, examinar as implicações do estatuto do sujeito na filosofia da linguagem bakhtiniana e sua consequente aplicação na teoria enunciativa do Círculo, o que torna necessário explorar as bases filosóficas da arquitetônica bakhtiniana quanto ao princípio dialógico, às concepções de identidade e intersubjetividade, à avaliação social, à responsabilidade ética e ao relacionamento entre os sujeitos. Pretende-se demonstrar que o sentido advindo da enunciação é da ordem do estatuto ontológico, de cunho social e histórico, dos sujeitos em interação. PALAVRAS-CHAVE: Dialogismo; Ontologia dialógica; Estatuto do sujeito ABSTRACT This paper aims to explore the dialogical ontology from a Bakhtinian perspective for this is an essential topic linked to subjects’ agency in the context of dialogism. From this acting definition emerges a conception of language that is the basis of the Bakhtin, Medvedev, VoloŠinov Circle’s theory of enunciation. Thus, one intends to examine here the implications of the statute of the subject in Bakhtin’s philosophical theory and its resulting application in the Circle’s enunciative theory, which makes necessary to explore the philosophical bases of the Bakhtinian architecture as regards the dialogical principle, the conceptions of identity and intersubjectivity, social evaluation, the ethics of responsibility and the relationship among subjects. One aims to show that sense, resulting from enunciation, has to do with the ontological statute, understood as a social and historical one, of interacting subjects. KEYWORDS: Dialogism; Dialogical ontology; Statute of the subject * Professora do Centro Universitário Ritter dos Reis UniRitter, Porto Alegre, Rio Grande do Sul e da Universidade Federal de Santa Maria UFSM, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil; [email protected] ** Professor da Universidade Católica de Pelotas UCPel, Pelotas, RS, Brasil; [email protected]

Enunciação e Sujeito Pires e Sobral 2013

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Enunciação Bakhtin

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Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013.205 Implicaes do estatuto ontolgico do sujeito na teoria discursiva do Crculo Bakhtin, Medvedev, Voloshnov / Implications of the Subject's Ontological Statute in the Bakhtin, Medvedev, Voloinov Circle's Discursive Theory Vera Lcia Pires* Adail Sobral**

RESUMO Prope-senesteartigoabordaroqueserefereontologiadialgicaemperspectiva bakhtinianaporserumtpicoessencialrelacionadoaoagirdossujeitosnombitodo dialogismo. Da definio desse agir decorre uma concepo de linguagem que embasa a teoriadaenunciaodoCrculoBakhtin,Medvedev,Voloshnov.Assim,pretende-se, aqui,examinarasimplicaesdoestatutodosujeitonafilosofiadalinguagem bakhtinianaesuaconsequenteaplicaonateoriaenunciativadoCrculo,oquetorna necessrio explorar as bases filosficas da arquitetnica bakhtiniana quanto ao princpio dialgico,sconcepesdeidentidadeeintersubjetividade,avaliaosocial, responsabilidadeticaeaorelacionamentoentreossujeitos.Pretende-sedemonstrar que o sentido advindo da enunciao da ordem do estatuto ontolgico, de cunho social e histrico, dos sujeitos em interao. PALAVRAS-CHAVE: Dialogismo; Ontologia dialgica; Estatuto do sujeito ABSTRACT ThispaperaimstoexplorethedialogicalontologyfromaBakhtinianperspectivefor thisisanessentialtopiclinkedtosubjectsagencyinthecontextofdialogism.From this acting definition emerges a conception of language that is the basis of the Bakhtin, Medvedev, Voloinov Circles theory of enunciation. Thus, one intends to examine here theimplicationsofthestatuteofthesubjectinBakhtinsphilosophicaltheoryandits resultingapplicationintheCirclesenunciativetheory,whichmakesnecessaryto explore the philosophical bases of the Bakhtinian architecture as regards the dialogical principle, the conceptions of identity and intersubjectivity, social evaluation, the ethics ofresponsibilityandtherelationshipamongsubjects.Oneaimstoshowthatsense, resultingfromenunciation,hastodowiththeontologicalstatute,understoodasa social and historical one, of interacting subjects. KEYWORDS: Dialogism; Dialogical ontology; Statute of the subject

* ProfessoradoCentroUniversitrioRitterdosReisUniRitter,PortoAlegre,RioGrandedoSuleda UniversidadeFederaldeSantaMariaUFSM,SantaMaria,RioGrandedoSul,Brasil; [email protected]** Professor da Universidade Catlica de Pelotas UCPel, Pelotas, RS, Brasil; [email protected] 206Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013. A vida dialgica por natureza. Viver significa participar de um dilogo. BAKHTIN Introduo AontologiadialgicadeBakhtinnoumtpicoquetenhasidodiscutido explicitamentenempropostoporBakhtineseuscolegascomotal.Porm,refletindo sobre suas obras, somos levados a pensar sobre esse tpico, no que diz respeito s suas relaescomateoriabakhtinianadaenunciao,precisamenteporserelacentradano agirdossujeitosenassuasrelaessociaisehistricas,eporterelaumaconcepo especialssima do agir do sujeito. O vnculo entre esse estatuto e a teoria bakhtiniana da enunciao parece-nos ser o que garante teoria e anlise dialgica do discurso um estatuto mpar entre as teorias da enunciao, assim como a sua produtividade, isoladamente ou em legtimos dilogos comoutraspropostascompatveis,almdeoutrosexteriorestericos.Aproposta dialgicaimplicaque,aindaantesdeosujeitoenunciar,seusenunciadosjvenham alterados pelo(s) outro(s) a quem so endereados.Issoindicaquenosepodecompreenderdevidamenteocarterrevolucionrio dateoriaenunciativadeBakhtineseuscolegassemsaberqualoestatutodosujeito nessa proposta, uma vez que desse estatuto decorre aconcepo de linguagem.Assim, pode-sedefenderaideiadequenopossvelempregarnoeseconceitosdeuma teoriasemcomprometer-secomsuasbases,ousemdialogarcomelanotocantes divergncias e convergncias, caso se tenha outra posio terica; o dilogo com outras teoriasslegtimosenoseapagaremasdiferenasemnomedesupostas semelhanas no demonstradas. Podemosdizerque,paraBakhtin,ocontatodialgicoentreossujeitos,contato em que se tornam sujeitos, no necessariamente um lugar de harmonia, nem um lugar em que alguns sujeitossimplesmente dominam outros, mas umespao em que h uma tensoindecidveldenegociaoinsitudeidentidade,oumelhor,deidentificar-se,o queumatarefainterminvel.Logo,falarsobresujeitoeidentidadeemBakhtin entraremumterrenomovedio,odoso-bytie(sercom),oeventodoser,quetanto Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013.207 umacoisaqueacontecequandoossujeitosnascem,comoumatarefaquerealizam continuamente at a morte.Enunciadoemrussopalavracomposta,so-bytievyskazvanie,ouseja, enunciadoenunciado,enunciadoconcreto(SOUZA,1999),eventoirrepetvel,fincado noser,bytie.Osentidonascedaenunciao,enodasformasdalnguae,em consequncia,insistimos,semdeterminaroestatutodosujeitoqueenuncia,no possvelcompreenderoqueeleenuncianemseuatodeenunciar.Pretendemosaqui examinarasimplicaesdoestatutoontolgicodosujeitonateoriadiscursivado Crculo Bakhtin, Medvedev, Voloshinov. AspropostasdeBakhtinecolegasseachaminseridasnumalongatradio anticartesiana que tem em Kant um de seus pontos altos. Conforme Pires (2012), desde queI.Kantcolocouemdvidaopreceitocartesianodaconscincia(razopura),o sujeito viu-se na contingncia de encarar a precariedade da identidade, uma vez que ela negada pelo outro. Bakhtin, como se sabe, dialogou amplamente com Kant (cf. p. ex. SOBRAL,2005),podendo-seconsideraropensadoralemocomoumadasbasesdas propostas de Bakhtin. Nessemesmocaminho,ofilsofoaustracoM.Buber,deoutraperspectiva, props o dialogismo da palavra, fundando a filosofia do dilogo, que afirma a palavra comoummeioderelaoentreossereshumanoseaexperinciadaintersecoou interao. Partindo do princpio do homem como ser situado no mundo com os outros, Buber (2007) afirmou ano existncia individual fora da abertura para ooutro. O tu condio de existncia do eu.Muitojovem,BakhtintevecontatocomopensamentodeBuber,comoqual manteveumainterlocuocrtica(TODOROV,1981;CLARKeHOLQUIST,1998; EMERSON,2003).ComoBuber,Bakhtinpregavaumadimensoirrevogvelda responsabilidade tica da existncia humana e a valorizao do ato de responder. Disse esse autor: Respondemosaomomento,masrespondemos,aomesmotempopor ele, responsabilizamo-nos por ele. Uma realidade concreta do mundo, novamentecriada, foi-nos colocada nosbraos: ns respondemospor ela.(...)umamultidodehomensmove-seemtornodeti,tu respondes pela sua misria (BUBER, 2007, p.50). 208Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013. Assim, Bakhtin e seus colegas, na segunda dcada do sculo XX, j pregavam o atoticocomoumatoparticipativonoindiferente,solidrio,responsvele responsivo do agir humano no mundo concreto (social e histrico). Eles assumiam o carter compreensivo e responsvel da resposta ativa de cada sujeito na vida cotidiana. Para o pensadorrusso, viver significa ocupar uma posioaxiolgica em cada momento da vida (BAKHTIN, 2010, p.174). Trata-se de uma ontologia que requer que sejareforadoofatodeafilosofiaticadeBakhtinserabasedesuasteorias discursivas,comosepodevernoapenasemParaumafilosofiadoato(cf.Bajtn, 1997),mastambmemmuitasobrasemqueBakhtineoCrculoescrevemsobreo estatuto dos sujeitos. Issoimplicaque,semodevidoreconhecimentoecompromissocomos princpiosfilosficosdofilsoforusso,corre-seoriscodepropore/ouaplicaruma teoriadialgicaready-made,isto,umatcnicaformulaicadeanlise,algoquevai contraoqueBakhtinpensava.Veem-sehojeusosvagosegeneralizadosdedilogo, dialogiaededialogismoemestudosdelinguagemeidentidade,porabordagensno dialgicas,principalmentesociointeracionistas,emesmoporteoriasestritamente textuais,todastentandolegitimarsuaspropostasdizendoseguiraperspectivade Bakhtin, ao tempo em que atenuam seu impacto ao se manterem num nvel mais textual do que propriamente discursivo. No quer isso dizer que essas perspectivas no sejam legtimas, mas que delas se deveexigir,seguindoBakhtin,quesecomprometamatofimcomseusprincpios especficos,emvezdeserefugiaremnosaspectossuperficiaisdeumapropostacom cujasbasesfilosficasnodesejamenvolver-se.legtimoassimumdilogoque reconheaasimplicaesdasteoriasenvolvidasequeestabeleaumentendimento, ainda que em meio a uma no concordncia. 1 Sujeito e identidade: explorando um terreno movedio Paraateoriabakhtiniana,ondeossujeitosconstituemassuasidentidades?No mundo.Ossujeitossoeventosnomundo,inscriesdeseredesentidonomundo. Mas que mundo esse? um mundo concreto-transfigurado. Mundo concreto, porque ummundoqueexiste(fenomenologicamente)antesdenseaonossoredor.Mas Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013.209 tambmmundotransfigurado,mundointerpretado,representadosimbolicamente(no sentidodeCassirer),ummundoavaliado,valorado.ummundocujarepresentao refratadajumaavaliao,jamaisreflexodealgumarealidade,porqueessemundo nuncavistosemsertransformadopelosprocessossociopessoaisdeobjetivaoe apropriao (no mbito do materialismo dialtico). Aobjetivao,paraalmdeumreflexodomundo,umarepresentao refratadadomundo,envolvendoumainterpretaosocial,eissodependedaforma comocadasociedade,eatmesmocomocadagruposocialnela,capazdeverede "dizer"omundo.Aobjetivao,quepossuiumcartermaissocial,adicionalmente modificada pela apropriao, que depende dela, mas tambm a altera. Aapropriaooprocessopeloqualossujeitosparticularesrepresentampara elesmesmos,demaneirapessoal,masnocompletamentesubjetiva,omundoj alteradopelaobjetivao.Asrepresentaessociaissooresultadodasformasetipos derelaessociaisqueseformamentreossujeitos,eessasrelaessoassimtanto sociaiscomopessoais.Dessaforma,aapropriaoaformapessoaldeosujeitoser social, enquanto a objetivao a forma social de o sujeito ser pessoal.Aobjetivaoafetaaapropriaoporqueossujeitosencontramummundoj transfigurado,mastambmafetadapelaapropriao,poisresultadasdiversas apropriaesfeitasporsujeitosdiferentes.Seossujeitosmudamnasociedade,eles tambmmudamasociedade,umavezqueestanopreexistesrelaesentreelese estas relaes so, como vimos, mutveis e mutantes.Bakhtinnoaceitaoisolamentototalcomoanossacondio,mascertamente propeumaespciedeisolamentoconstitutivo,ouseja,ossujeitossosujeitosno sentidodeeu-para-mim,mastambmsorelacionais,isto,eu-para-o-outro.Bakhtin sugere que a batalha da identidade, eterna batalha, acontece entre esses dois extremos: o ser-para-sieoser-para-o-outro.DialogandocomRicoeur(1990),pode-sedizerquese tratadarelaoentreoipse(osaspectossempreemmudana)eoidem(osaspectos relativamente constantes), e entre o eu e o outro, ou seja, numa dupla arena dialgica. Tarefadifcil,essabatalharecompensaossujeitosporque,propondo,almdas categoriasdeser,categoriasdetornar-se,devir-a-ser,contextualmenteligadas, reconhece que h sempre novas oportunidades para os sujeitosse completarem a partir docontatoestabelecidocomcadaoutronovosujeito(ecomosmesmossujeitosem 210Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013. outros contextos). Estamos sempre nos tornando os seres que somos! Se, antes de falar ouagir,ossujeitosjsoalteradosporoutros,tantoprospectivaquanto retrospectivamente,nopoderiahaverumnveldeconscinciaquefosse completamente subjetivo no sentido de apartado de todas as vivncias dos sujeitos. Mas aindividualidade,noestritamentepsicolgica,aosereferiraossujeitos,umadas bases da identidade. Somos todos sujeitos, mas no somos os mesmos sujeitos sempre, devido ao processo dinmico de identificar-se que constitui nossa existncia. A outra base da identidade , obviamente, a relao entre sujeitos, do nascimento morte.Quandosugere(eeleofazemmuitoslugaresedemuitasmaneiras)quea intersubjetividade a morada da subjetividade, Bakhtin se refere ao nosso ser dialgico pornatureza:tornamos-nossujeitosemcontatocomoutrossujeitos.Nossoprimeiro contatocomonossoeuparece-nosserumcontatocomooutro:quandoossujeitos veemumaimagemnoespelhopelaprimeiravez,elesnosabemqueasuaprpria imagem!Smaistardeelesvoperceberqueumaimagemespeculardesi.A identidade,ento,algoquecriamosparansmesmosapartirdosfragmentosnossos fornecidos por outros, pelo espelho do outro. Todosossujeitosvmaser,ou,melhor,estosempresetornandoalgo,com baseemsuasrelaescomoutrossujeitos.Mascadaumofazdeumamaneira individual. Para Bakhtin, ser implica a capacidade demudar, mas cada sujeito o faz de suaforma:estamossempremudandodeacordocomasrelaesemqueentramos. Nossa subjetividade vai se formando continuamente em novas relaes com os outros e em nossas relaes com os outros.Elaseformaporquecadarelacionamentonostraznovosfragmentossobrens mesmos,eporqueosusamosparasermosmaisoquesomos,oumelhor,oquesomos capazes de nos tornar. Os outros nos ajudam a ser muito mais os seres que podemos nos tornarparasermoscadavezmaiscompletos,aindaquenohajaumateleologiafixa: estamos sempre nos completando, jamais sendo completos nem autrquicos.Assim, os sujeitos so um constante tornar-se e no um ser fixo. Somos sujeitos porquesemprenostornarmosossujeitosquesomosecadasujeitosingular,nico, emboranecessariamentecindido.Somosnoterminadoseinterminveis.Noh, repetimos, a identidade como algo fixo, mas apenas modos individuais de identificar-se. Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013.211 Cadasujeitosujeitoasuaprpriamaneira,quemudadeacordocomosdiferentes outros com os quais ele se relaciona: o eu o outro do outro. Somosrelativosaomundoeaotempoemquevivemos,e,sendoassim,nossa vivnciacompartilhadacommuitos.ConformeenfatizaSantos(1996,p.136),o primeironomemodernodaidentidadeasubjetividade.Asubjetividadeoque fundamenta nossa percepo de ser humano. ela que viabiliza nossa identificao com alguns e nosso olhar enviesado para outros; ela o que funda as identidades. Eu, um serhumanoquedizeu,meapoioem,emeidentificocomumaculturaqueme engendrou, mas que tambm sofreu a influncia de minha presena. Em outras palavras, o ser humano s possvel por meio do pertencimento a uma comunidade social, mas necessrio enfatizar que no h comunidade sem relaes entre sujeitos. Poroutrolado,asidentidadesexistemsomenteapartirdomomentoemqueo sujeitosepropecomotal,pormeiodalinguagem,econstriomundoemsentido, sendonessepontoqueosconceitosdesubjetividadeeidentidadesecruzam.Dessa forma,afirmamosquealinguagemviva,noosistemadalngua,constitutivatanto das identidades como das subjetividades.Talvezpudssemosdizerque,assimcomoosgneros,aidentidadeum processo relativamente estvel: tem um tema (a verso especfica de cada sujeito sobre "ser um sujeito"), formas de composio (as maneiras com que esta verso toma forma de acordo com os contextos, mantendo alguns elementos constantes, mas mobilizando-ossituadamente)eumestilo(omodoespecficodecadasujeitomobilizarotemaea forma de composio).Nesse sentido, a partir do projeto enunciativo que a sua autotransformao em umsujeitoirrepetvelnavida,semfugaderesponsabilidade,osujeitomobilizaesses elementosecriaumaformaarquitetnicaparaasuaprpriavida,paraoseuprprio mododesernomundo,emumprocessocontnuoquepermitequeelesejacadavez mais si mesmo ao longo das tantas mudanas por que passa.Temos,ento,ipseeidememumaespciedeconflitointernoeoeueo(s) outro(s)emconflitoexterno,interiorizadoseexteriorizados:oindividualeosocialse encontram no ponto em que a valorao entra em cena. A valorao, ou seja, a entoao avaliativa, a base do projeto enunciativo; os sujeitos mudam a partir de suas prprias posies avaliativas, no de algum "dever-ser" essencialista.212Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013. Portanto,nosso"sernomundo"maisbementendidocomoum"tornar-seno mundo",definindo-senasdistintassituaesdequefazemosparteesegundoos distintosoutroscomqueminteragimos.Oconjuntototaldessasinteraeseas identificaesquecadaumadelasnostrazconstituemassimaidentificao:umato contnuo de autocriao "alterada", um constante identificar-se.Nesse processo, como a filosofia do ato de Bakhtin nos permite dizer, os sujeitos mobilizamocontedodoato(osaspectoscomunsatodososatosdeidentificao),o processo do ato (aspectos pertinentes apenas a cada ato irrepetvel de identificao) e a suaprpriavalorao,avaliao,contextualmentevinculados,sobrecomointegraro contedoeoprocessoemcadaatodeidentificaoparasieparasersimesmo "alteradamente".Como vimos, a filosofia de Bakhtin se concentra na ideia de que a identidade umprocessoconstantedeautoconstituiodossujeitos,emumcontatoinevitvelcom outros sujeitos, em situaes concretas, e no uma essncia etrea, j e sempre presente. O fato de que a subjetividade vem da intersubjetividade e de que o "no-eu" vital para oeusedefinironcleododialogismoticodeBakhtin,apontandoparaa impossibilidade de dar uma resposta definitiva (embora sempre tentemos faz-lo com a nossaatituderesponsiva)aoSerAbsoluto(oseressencial)eaoSentidoAbsoluto(o sentido essencial) como tais.Assim, Ser e Significar requerem uma mediaopor uma espcie de, porassim dizer,"sujeito-objeto",um"super/suprassujeito",dotadodeumamaterialidade especficaqueintegra(parausarascategoriasdeLacan)simblico,imaginrioereal em um indecidvel/indiscernvel/irrealizvel Ser/Sentido (cf. ZAVALA, 1997). 2 Sujeito, desejo e sentido: eu-para-si e eu-para-o-outro Ossujeitospodemapenasrealizardesejos(masnoodesejo)esentidos(mas no o sentido), nos contextos especficos em que esto, e isso s pode acontecer quando eles veem os outros e a si mesmos a partir de fora, a meio caminho entre si e os outros, exotopicamente,pois.Dessaforma,Bakthinpropecomonossatarefacomosujeitos (na sua filosofia tica no hegeliana kantiana, materialista dialtica e fenomenolgica) ir atooutro(serumeu-para-o-outro),mas,emseguida,voltarasimesmo(serumeu-Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013.213 para-si) depois de ter visto o que s o outro pode nos mostrar e de ter mostrado ao outro aquilo que ele no pode ver sozinho (como em um espelho refrator).Paraevitarumisolamentonegativoeparanosdefinirmoscomosujeitos,cada qual com seus pontos de vista distintos ("conscincias imiscveis"), devemos estabelecer umrelacionamento,nonecessariamenteparatornarnossasperspectivascompatveis, mas para saber o que nos distingue dos outros, algo que possa criar ou no um terceiro ponto de vista, mas que sempre altere de alguma forma os sujeitos que se relacionam.Logo, Bakhtin no v os sujeitos em isolamento absoluto, mas tampouco prope umafusocompleta,umadespersonalizao,emumsocialtodoabrangente.Oque elepropequeossujeitosvivememcertoisolamentoconstitutivo,ouseja,como sujeitosinsubstituveis(eu-para-si),mastambmnecessariamenterelacionais(eu-para-o-outro)eassimcriamatotalidadeprovisriadesuasidentidades,assimilandoos detalhessobreelesqueoutrossujeitos(cadaumaseumodo)osfazemveremcada situao. Esseisolamentoconstitutivo,insistimos,positivo,porquepormeiodo interessequeosoutrostmpornossosatosindividuaisadvmomaterialcomoqual criamosaimagemdanossatotalidade,mveleprovisria,oquenopodemosfazer sozinhos. Essa proposta difere de muitas propostas sobre identidade (ou sobre o sujeito) queprocuramsalvaguardarquerumaidealista"inocncia"depobressujeitos subjugados,quetentamusarlibisfalsosparaescaparresponsabilidade,queruma arrogncia de sujeitos que julgam ter um absoluto controle de sua existncia.AfilosofiadeBakhtinreconhecedoisaspectoscomplementares:deumlado, nosso "inacabamento" (em russonezavershennost) e as restries que nosafetam e, do outro, nossa responsabilidade como sujeitos, algoinevitvel paraessa filosofia, porque entendequeacondioparaaliberdadehumanaoreconhecimento,emvezda negao,dessasrestries;aconscinciadenossa"situacionalidadenica",oqueno nos impede de agir nossa maneira irrepetvel em situaes concretas sem libis. SeRicoeurpropeoipseeoidemparaadefiniodaidentidadedossujeitos, Bakhtintambmpropetantoalgoquemarcaestabilidadecomoalgoquemarca instabilidade,emumrelacionamentopermanente:fazemo-nosansmesmoscomo sujeitos, sempre alterados por outros e alterando-os, mas tambm sentimos algo que nos diz: "Eu sou o sujeito x, no o y... o n". Isso est ligado ideia da "assinatura" que cada 214Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013. um de ns deixa em nossos atos e enunciados, ideia do nosso ser responsvel por tudo oquefazemos,mesmoinconscientemente,oquenoimplicavivernecessariamente carregados da culpa pelo que no nos dado saber ou ver, mas viver a responsabilidade pelo que sabemos, vemos e pelo que fazemos.Vemos assim que, para Bakhtin, cada sujeito povoado por mltiplos outros; ,numcertosentidofragmentadointernamenteeexternamente,mas,mesmoassim, um ser nico e insubstituvel, devido ao "inacabamento" e "situacionalidade": no h identidade como um produto, mas um processo de autoidentificao contnuo que inicia com o nascimento e encerra com a morte, os nicos momentos em que cada sujeito est completamente sozinho.Dessaforma,nossoserestemconstantetransformao,ecadatransformao nos ajuda a sermos mais aquilo que podemos ser a cada momento, pois no h essncia humanaalguma,excetoumncleodeserquecadaumdensidentificacomoeu, embora no totalmente consciente. Trata-se de um ncleo que s identificado por um sujeito devido ao contraste de espelho que os outros lhe oferecem. 3 Sujeito e enunciao em chave bakhtiniana Vamosagoraexaminarasimplicaesdessacaracterizaodosujeito,emsua relao com a identidade e o sentido, para a teoria e anlise dialgica do discurso. Deve-seapontar,antesdetudo,paraofatodequeaontologiadialgicabakhtinianauma ontologiabaseadaemumaousadareleituradafilosofiakantianaeneokantianaedo materialismo dialtico (cf. SOBRAL, 2005, 2009, 2010).OinteressemaiordoCrculoBakhtin,Medvedev,Voloshinovnocampodas cinciashumanasfoialinguagemenquantousodalnguanasinteraes,queso sociais. Eles perceberam na enunciao momento de uso da linguagem um processo que envolvia no apenas a presena fsica de seus participantes como tambm o tempo histricoeoespaosocialdeinterao,bemcomoosmodosdeser-no-mundodos sujeitos. Para tanto, a abordagem enunciativa bakhtiniana d conta do discurso, ou seja, contempla a linguagem em sua totalidade concreta e viva (BAKHTIN, 1981, p.181), o quepressupesujeitosendereandoenunciadosunsaosoutroseconstituindo-se Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013.215 mutuamentecomosujeitosnumasituaoque,senascedessassuasinteraes,no constituda inteiramente por eles. Na trilha do pensador russo, Sobral esclarece quanto a isso que: O agir do sujeito um conhecer em vrios planos que une processo (o agirnomundo),produto(ateorizao)evalorao(oesttico)nos termos de sua responsabilidade inalienvel de sujeito humano, de sua faltadeescapatria,desuainevitvelcondiodeserlanadono mundoeteraindaassimdedarcontasdecomoneleagiu(2005, p.118). Aenunciaoapresentaumaestruturadialgicaderelaoentreoeueo tu/outro. O mundo exterior chega a mim via palavra do outro. Todo enunciado apenas um elo de uma cadeia infinita de enunciados, um ponto de encontro de opinies e vises demundo.OCrculodeBakhtinentendeosignificadodedilogocomoumprincpio geral da linguagem, de comunho solidria e coletiva, porm sem passividade. O grande mrito do grupo, para os estudos do discurso, foi resgatar o sujeito e seu contexto social, via dialogismo interativo, trazendo com eles a histria. O sujeito bakhtiniano constitui-se, desse modo, como um ser social, histrico e ideolgico. ConformeFaraco(2003),otemadilogo,nosescritosdoCrculo,designaum grande simpsio universal que define o existir humano e que deve ser visto em termos derelaesdialgicas,ouseja,emtermosderelaessemnticastensionadas, envolvendovaloresaxiolgicosentresentidosdiversosdeenunciadosemcontato.A relao dialgica sempre polmica, no h inrcia. Toda compreenso um processo ativoedialgico,portantotenso,quetrazemseucerneumaresposta,jqueimplica seres humanos.Apartirdaconvivnciacomosoutros,oserseconstituihumano.Assim,o princpiodialgicofundaaalteridadeeestabeleceaintersubjetividadeantecedendo subjetividade,vistoqueopensamentodascinciashumanasnascecomopensamento sobreopensamentodosoutros(BAKHTIN,2010,p.308).Reconheceradialogia encarar a diferena, uma vez que a palavra do outro que nos traz o mundo exterior. Apalavratemduasfaces,isto,partedealgumcomdestinoaoutroalgum. Destemodo,tendoaenunciaocomoamarcadeumprocessodeinteraoentreos sereshumanos,oCrculoBakhtin,Medvedev,Voloshinovinstituiuoprincpio dialgico para o estudo de seu objeto. 216Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013. Porserumaprticasocialcotidianaeporenvolveraexperinciado relacionamento entre os seres humanos, a linguagem deve ser vista como uma realidade quedefineaprpriacondiohumana(BAKHTIN/VOLOSHINOV,1986).Seapartir do estatuto do sujeito vemos a especificidade da enunciao segundo Bakhtin, no uso da linguagemvemosaformacomoesseestatutoseconstitui,umavezqueviverum constantedialogareodilogoserealizapreponderantementepormeiodalinguagem verbal. Relaesintersubjetivas,sobopontodevistabaktiniano,necessitamser estudadasporintermdiodeumconjuntodenoes,detemas(umaarquitetnica) referentespalavracomosignoideolgicoedialtico-aoprincpiodialgico,bem comoaosdiscursosdocotidianoe,seguindoPonzio(2008,p.201),aohumanismoda alteridade. A partir dessas condies, podemos refletir sobre o fundamento da ideia de a subjetividade ser sustentada pela intersubjetividade dialgica.Alinguagemtecidapormeiodeumatramadeelementosideolgicos,aqual parte da relao das palavras/enunciados com a realidade, com seu autor e com as outras palavrasanteriores.Ojuzodevalor,implicadonaresponsabilidade/responsividade advm da, pois, ao expressar vivncias plurais, a linguagem reflete e, ao mesmo tempo, refrataarealidade,umavezquesendoapalavraumfenmenoideolgicopor excelncia, e por isso mesmo avaliativa, pode distorcer essa realidade, ser-lhe fiel, ou apreend-la de um ponto de vista especfico (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 1986, p.32, 36). No pensamento dos estudiosos do Crculo, como j foi dito, a intersubjetividade anteriorsubjetividade,umavezqueopensamentodosoutrosqueinstituia subjetividade.Nessesentido,oprincpiodialgicoedificaaalteridadecomo constituinte do ser humano e de seus discursos.Nossa fala, isto , nosso(s) enunciado(s) [...][so]pleno[s]depalavrasdosoutros,(Elas)trazemconsigoa suaprpriaexpresso,seutomvalorativo,queassimilamos, reelaboramos,reacentuamos(...)Emtodooenunciado,quando estudadocommaisprofundidade(...)descobrimosaspalavrasdo outrosemilatenteselatentes,dediferentesgrausdealteridade (BAKHTIN, 2010, p.294-299; sem itlico no original). Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013.217 Aintervenodaalteridadenamesmidadedosujeitoconstante:vivoem um mundo de palavras do outro (BAKHTIN, 2010, p.379). A identidade, que tambm seconstrimedianteatosdeenunciao,,porconsequncia,ummovimentoem direoaooutro,umreconhecimentodesipelooutroeumreconhecimentodooutro pelo sujeito que a ele se dirige. Consideraes Finais Vimosque,emtermosbakhtinianos,nohidentidadecomoproduto,masum processo de autoidentificao contnuo que cada sujeito realiza, entre outros sujeitos, do nascimento morte, quando o sujeito deixa de existir, mas no os ecos refratados de seu existir.Osatosquepraticamos,baseadosnasavaliaessociais,soatos comprometidos com o grupo social.O sentido nasce desse movimento de dizer-se ao outro nos termos presumidos do outroededizerooutroemnossostermos,comumatraduodesiedooutroem termosdeumterrenopartilhadocomelemedianteadinmicaentreaentoao avaliativa e a responsividade ativa algo que constitui um dos pontos altos da proposta deBakhtineafazdiferirdasvriasoutrasteoriasdaenunciao,dando-lhesuaface especfica. Ocartercompreensivo,responsivoeticodaexistnciahumanaapelas pessoasaassumiremresponsabilidades.Porisso,oserhumanonotemescapatria: nohlibiparaaexistncia(BAKHTIN,apudFARACO,2007;2003).Emnossa produo discursiva, somos intermedirios/mediadores que dialogam e polemizam com outros discursos existentes na sociedade. A relao dialgica sempre polmica, no h passividade.Todacompreensoumprocessoativoedialgico,portantotenso,que trazemseucerneumaresposta.Oserhumanoesualinguagemsemprepresumem destinatrios e suas respostas responsveis, mesmo a despeito deles. Osentido,advindodaenunciao,nascedessatarefainterminvel,podendo-se afirmarquedizerdizer-se,dizerdeumdadosujeitoperanteoutrossujeitos;que enunciar o processo mediante o qual o sujeito, ao dizer, se diz ser, e diz o ser do outro. Logo,osentidonaconcepodialgica,daordemdoestatutoontolgico,decunho social e histrico, dos sujeitos em interao. As implicaes do conceito de dialogismo 218Bakhtiniana, So Paulo, 8 (1): 205-219, Jan./Jun. 2013. voassimalmdoplanododiscursooudepropostasfilosficas,incidindosobrea responsabilidade tica, sem libi, dos sujeitos. Assim, a intersubjetividade na linguagem comopontoaltodoserdosujeitonomundomarcaaindaocompromissoea responsabilidade do pesquisador de expressar uma posio conveniente, e pertinente, ao seu momento histrico, social e cultural. SeguindoSantos(2004,p.71),pode-seafirmarqueaconcepohumanistade cinciassociaisconsideraapessoacomoautoresujeitodomundo,colocandoa naturezanocentrodoserhumano.Emoutraordemdeconsideraes,opensamento bakhtiniano,paraalmdosaspectostericos,influencianossaopopelohumanismo moderno,centradonaculturadodilogoenasexperinciasdocotidiano,por acreditarmosnoenvolvimentoenocompromissodoserhumanocomoseutempoe comoseulugar,responsveleresponsivamente,semlibis.essecompromissoque requerconhecerasbasesfilosficasdaspropostasbakhtinianasdedialogismo,bem como reconhecer suas implicaes no apenas para a anlise dialgica do discurso como para a postura tica e esttica, dos pesquisadores e mesmo dos seres humanos em geral nestes tempos que podem ser chamados de era do reconhecimento da alteridade. REFERNCIAS BAJTIN, M. M. Hacia uma filosofia del acto tico. De los borradoresy otros escritos. Trad. e notas: Tatiana Bubnova. Barcelona/San Juan: Anthropos/EDUPR, 1997. 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