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Tiragem: 10000 País: Portugal Period.: Mensal Âmbito: Economia, Negócios e. Pág: 28 Cores: Cor Área: 18,50 x 24,50 cm² Corte: 1 de 15 ID: 66712126 01-11-2016 ECOSSISTEMA DE START-UPS SOLHAR ALI L Jaime Jorge e a Codacy ganharam os Beta Awards na Web Summit em 2014. Agora é a vez de Portugal fazer o pitch. Nos próximos dias 7 a 10 de Novembro Portugal recebe a maior cimeira mundial do sector tecnológico. Serão mais de 50 mil pessoas de 150 países, mais de 20 mil empresas e 7 mil presidentes executivos, e uma série de figuras institucionais nunca antes vistas numa cimeira realizada em Lisboa e no país. Uma oportunidade? Sim, mas sobretudo um desafio. Portugal quer marcar posição na revolução tecnológica em curso, mas, tal como a Codacy, está ainda em modo start-up. JOAQUIM MADRINHA

ECOSSISTEMA DE START-UPS

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ECOSSISTEMA DE START-UPS

SOLHAR

ALI L

Jaime Jorge e a Codacy ganharam os Beta Awards na Web Summit em 2014. Agora é a vez de Portugal fazer o pitch.

Nos próximos dias 7 a 10 de Novembro Portugal recebe a maior cimeira mundial do sector tecnológico. Serão mais de 50 mil pessoas de 150 países, mais de 20 mil empresas

e 7 mil presidentes executivos, e uma série de figuras institucionais nunca antes vistas numa cimeira realizada em Lisboa e no país. Uma oportunidade? Sim, mas sobretudo um

desafio. Portugal quer marcar posição na revolução tecnológica em curso, mas, tal como a Codacy, está ainda em modo start-up.

JOAQUIM MADRINHA

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JARGÃO START-UP A inovação desta nova corrente de empreendedorismo é de tal ordem que até o léxico usado é novo.

A ACELERADORA DE EMPRESAS Geralmente são programas de período curto e definido, como objectivo de melhorar o produto e o modelo de negócio de uma stort-up, de forma a fazê-la entrar no mercado o mais rapidamente possível.

ublin, Novembro de 2014: Jaime Jorge sobe ao pal- co na Web Summit para fazer o pitch da Codacy. "Nós somos a máquina de lavar código", dizia o jo-vem empreendedor depois de passar uns slides de uma cozinha onde se acumulava uma pilha de loiça suja. Estranho. mas para uma plateia de especialis-tas em novas tecnologias. venture capitalists, busi-

ness angeis e o anfitrião e organizador Paddy Cos-grave, a metáfora e a apresentação funcionaram. Alguns minutos depois, a Codacy era eleita a ven-cedora dos Beta Awards, um concurso destinando a start-ups com menos de I milhão de euros de fi-nanciamento angariado. Mas não era a só a Coda-cy que vencia algo naquele dia. Portugal ganhava mais um motivo de orgulho e os primeiros pontos na corrida que iria travar no ano seguinte para ter

a Web Summit em Lisboa. e que acabou por ganhar. Com excepção talvez da época dos Descobrimentos, o em-

preendedorismo português raras vezes se conseguiu impor na economia mundial. "Sempre tivemos óptimas escolas de enge-nharia, mas fracas escolas de empreendedorismo". diz Pedro Ri-beiro Santos, director da ES Ventures. uma das sociedades de ca-pital de risco que viu futuro na ideia de Jaime. Tal como muitas Ideias de potenciais negócios. a Codacy começou na universida -de quando Jaime, no âmbito da tese de mestrado do curso de en-genharia informática que estava a terminar na Universidade Téc-nica de Lisboa, desenvolveu um programa protótipo que procu-rava e corrigia erros de programação. "Os resultados foram mui-to interessantes e tive 18 valores", diz, orgulhoso. E tem razão pa-ra isso. O conceito estava definido: criar uma plataforma capaz de encontrar erros de software para ajudar os programadores a trabalharem de forma mais eficiente. Na altura, João Caxaria, um amigo e engenheiro informático formado na Universidade Nova de Lisboa, dizia-lhe que aquilo "podia dar algo interessante". Mas faltava o mais difícil: transformá-lo num produto e num negócio. "Hoje em dia valoriza-se muito a ideia e fala-se muito em ideias disruptivas. Mas o mais importante é como a pomos em prática e a transformamos num negócio", explica Rui Pedro Alves, fun-dador da Rupeal. empresa criadora do InvoiceXpress, um soft-

ware de facturação on-line, destacando ideias tão básicas como "A Padaria Portuguesa" e o ''h3".

Ninho de start-ups Algumas universidades nacionais, como é o caso das frequenta-das por Jaime e João, estão entre as melhores do mundo e fruto das políticas de educação realizadas no início do século fizeram da actual geração a mais qualificada de sempre. Porém, houve sempre uma grande dificuldade em ligar o ensino ao sector em-

presarial e capitalizar o conhecimento e a inovação ministrados nas faculdades. Resolver esta equação é crucial, pois a ideia é ape-nas a primeira das variáveis de um modelo de negócio de suces-so. Parte da solução para este "dilema" tem estado nas mãos da nova geração de incubadoras de empresas, que têm crescido ex-ponencialmente nos últimos anos.

O conceito não é novo, mas é diferente do inicial, que tinha uma génese imobiliária assente na disponibilização às empresas de um local físico e acesso a serviços, tudo num pacote tow-cosi,

e em que o sucesso era medido pela taxa de ocupação. Para Hu-go Gonçalves. presidente executivo da Shilling Capital Partners e professor de Entrepreneurial Finance na Universidade Católica de Lisboa. esta nova geração de incubadoras são o complemen-to que faltava às universidades. "Servem como escola de forma-ção de empreendedores. São quase uma escola profissional de-

pois da licenciatura ou do mes-trado", explica, destacando im-portantes mudanças em algu-mas empresas resultantes da incubação. "A Uniplaces. por exemplo, começou com modelo de listings - tipo páginas ama-relas - e mudou por um mode-lo de comissão por transacção. A Zaask começou com um mo-delo de comissão por transac-ção e mudou para um modelo de lead generation, e a Unba-bel começou por traduzir tudo e mais alguma coisa, e focou--se em determinadas áreas por-que viu que aquelas é que eram rentáveis". explica.

Nos últimos anos, fomen-tadas pela onda de empreen-

Bdeclorismo, por fundos comu- nitários e investimento muni-cipal. o número de incubado-ras disparou por todo o pais e algumas estão ainda à procura de um modelo de negócio que as torne sustentáveis, porque os serviços que prestam não são suficientes. A Startup Lis-boa, por exemplo. resultou do orçamento participativo da Câ-mara Municipal de Lisboa que ainda hoje é o principal finan-

BUSINESS ANGEL Indivíduos que ajudam as empresas a desenvolver os seus negócios através dos conhecimentos que possuem. A maioria torna-se também num investidor da empresa.

BUYOUT CAPITAL Financiamento concedido para adquirir uma companhia, promovendo assim o crescimento por aquisição.

UM PAÍS DE INCUBADORAS Nos últimos anos, têm apareci-do como cogumelos. De Viana do Castelo a Faro, quase não há mu-nicípio que não tenha uma incuba-dora, seja numa universidade ou no politécnico local ou num edifí-cio público convertido para o efei-to pela Câmara local. "Há de tudo: boas e más. Algumas estão a fazer

um excelente trabalho ao nível da aceleração e incubação e há ou-tras que se limitam a justificar as candidaturas a financiamentos", diz Carlos Oliveira. Para o pre-sidente da Startup Braga, "tem existido uma evolução positiva, mas convém que as incubadoras e aceleradoras não se tornem nas 'piscinas municipais' do passado". Já Hugo Gonçalves, presidente da Shilling Capital Partners, considera que há claramente

um excesso de investimento em incubadoras. "Duvido que haja stort-ups no interior do país que justifique o investimento e sobretudo que os investidores se desloquem lá", refere o especialista, destacando que os locais onde estão as maiores e melhores universidades, como Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Coimbra, são também as cidades que justificam a existência de incubadoras. Para já, é ainda

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"A CODACY É O RESULTADO DE UMA APRENDIZAGEM COM O MERCAg0", REFERE JAIME JORGE, FUNDADOR

CODACY,

25 START-UPS PARA TER DEBAIXO DE OLHO O ecossistema nacional de start--ups é pequeno e ainda esta a dar os primeiros passos. Mas nele já se movem empresas com dimensão mundial e com um amplo potencial de crescimento. Muitas delas não facturam nem de perto nem de longe o que o unicórnio Farfetch faz todos os meses. Mas carregam a mesma alma lusitana da empresa de José Neves e, sua maneira, são referencias ou grandes promessas no seu sector.

rant*. Forbef. n,d. - NAo determinado.

Farfetch

FUNDADOR. José Neves ANO: 2008 CATEGORIA: Comércio electrónico de vestuário de luxo MANEI anue tu: 276 milhões de euros em seis rondas de investimento

Plataforma on !Mede vestuário que reune mais de 400 boutiques dc luxo de Paris, Nova Iorque, Mi Ião. entre outras cidades. Possui escritórios em Londres. Nova lor que. I .os Angeles, São Paulo e no Porto. E conhecida como unta em-presa portuguesa por ter um tun dador português. mas foi no Reino Unido que foi criada o único unicórnio empresa avaliada em mals de ml I milhões de euros de sangue nacional e aquela que os especialistas dizem estar mais perto de realizar urna oferta pu Nica Inicial. Factura mais de meio milhão de euros por ano.

Aptóide FUNDAM MI 5" Paulo Trezentos, Ines Rola, Álvaro Pinto ANO: 2011 CATEGORIA: Aplicações móveis

IAMINTO: 4,4 milhões de euros em duas rondas de investimento

t a terceira maior loja de aplica ções móveis para Android, depois da Coogle May e da Ama zon com

UnBabel runnAnnars: Sofia Pessanha, João Graça, Vasco Calais Pedro e Hugo Silva ANO: 2013 CATEGORIA: Serviço on-fine de tradução FINAM!~ NIO: 2,7 milhões de euros em três rondas de investimento

Oferece um serviço de tradução om firrebaseado em inteligência artificial depois aperfeiçoado pela comunidade de utilizadores.

cedo para averiguar se o modelo

de negócio e a capacidade de

aceleração das incubadoras

está a dar resultado. Desde logo

porque nem todas divulgam

números sobre a sua actividade.

Mas há excepções. E o caso da

Startup Lisboa, onde nasceram a

Uniplaces, a Feedzai e a Codacy,

que já apoiou mais de 200

empresas, dando origem a mais de

300 postos de trabalho. Também

na capital, a Beta-i afirma ter

apoiado mais de 500 stort-

-ups das quais 93 conseguiram

investimento. No Norte, a grande

referência é a Startup Braga que,

apesar dos tenros dois anos de

idade, orgulha-se de ter acelerado

29 empresas, das quais 65%

conseguiram investimento e 90%

ainda estão vivas, e de mais de

40% das stort-ups apoiadas terem

alcançado financiamento junto de

investidores num valor superior a

8 milhões de euros.

ciador do orçamento anual de 200 mil euros. também apoia-do pelo Montepio e pelo IAPMEI. A Startup Braga tem um modelo semelhante. Além do financia-mento camarário, tem o apoio da Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento e al-guns patrocinadores. No entan-to, a Beta-i, por exemplo, é su-portada por fundos públicos e por sponsors como a Caixa Ca-pital e o Turismo de Portugal. Como explica o presidente da incubadora. Pedro Rocha Viei-ra. "tivemos que diversificar as nossas fontes de rendimento". Inicialmente constituída como associação sem fins lucrativos, a Beta-1 está neste momento no processo de mudança pa-ra uma empresa dita normal e não descarta a hipótese de vir a ter uma área de Venture Ca-pital, à semelhança de muitas congéneres estrangeiras fazem.

Carlos Oliveira empreendedor (fundador, no ano 2000, da MobilCom que foi adquirida pela Microsoft em 2008), ex-secre-tário de Estado do Empreendedorismo, da Competitividade e da Inovação entre 2011 e 2013, e actual presidente da InvestBraga e da Startup Braga, refere que "as incubadoras devem oferecer um espaço físico, mas também a oportunidade de estabelecer cone-xões e apoio a projectos ou ideias inovadoras em fase embrioná-ria e programas de aceleração com base em workshops e mento-ria. que acelerem e afinem o negócio, e o produto e a estratégia de comercialização". No entanto. nem todas têm feito um bom tra-balho. Rui Alves, por exemplo, entende que "muitas têm-se dedi-cado apenas ao marketing e à promoção do empreendedorismo e têm um enfoque excessivo,na obtenção de capital". Para o líder da Rupeal. "o trabalho das incubadoras deve resultar em melho-res produtos e mais vendas. São as vendas que fazem crescer as empresas", defende. Para a Codacy, a incubação não só resultou em vendas como foi indispensável para a evolução do produto e dos fundadores.

Ecossistema em evolução Pouco tempo depois de terminar a tese, Jaime toma conhecimento que a aceleradora de start-ups britânica Seedcamp ia lançar em

Prodsrnart NONnoRF.S: Samuel Martins e

Gonçalo Fortes ANO: 2012 CATEGORIA: Software FINANCIAMENTO: 201 mil cures numa ronda de investimento

Produz um soInvore destinado à indústria que permite analisar em tempo real todo o processo pro-dutivo possibilitando optimizar a gestão e a produtividade.

Hole19 FUNDADOR: Anthony Douglas ANO: 2011 CATEGORIA: Aplicações móveis Financiamento: 1,9 milhões de euros em trés rondas de investimento

Aplicação para jogadores de golfe que permite analisar estatísticas e melhorar o desempenho dos golfistas.

Raize rum)simul s: António Marques, Afonso Eça e José Maria Rego ANO: 2014 CATEGORIA: Crédito peer-to.peer FINANCIAMENTO: n.d.

Plataforma dc financiamen-to peer-to peer, um género de crowdlundIng mas que Implica uma remuneração Fixa (taxa de juro) ao financiador

CUICICUU FUNDAD0141 5: João Jesus e Peu Fraga ANO: 2014 TINAM 1%Ni' 511: 282 mil euros em uma ronda de investimento CATEGORIA: Aplicações móveis

Desenvolve uma aplicação que uma espécie de alarme social,

permitindo avisar e convidar pessoas para um determinado evento.

Outsystems FUNDAIR s: Rui Pereira e Paulo Rosado ANO: 2001 CATEGORIA: Software FINANCIAMENTO: SS milhões de euros em trés rondas de investimento

Fornece serviços de desenvolvi -mento de software e uma plata-forma de criação de aplicações web e mobile funcional em vários sistemas operativos. capaz de In-tegrar facilmente bases de dados em nuvem ou em sistemas tísicos de gravação. A Outsystems per tente a uma geração de empreen-dedorismo anterior à actual em que o ecossistema não estava tão desenvolvido. Conseguiu interna c lonalizar-se apesar da concor-rência dos gigantes cio sector e ho le esta presente em 25 paises e em mais cie 20 Indústrias.

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"TAS INCUBADORAS] SERVEM COMO ESCOLA DE FORMAÇÃO DE EMPREENDEDORES. SÃO

fiSE UMA ESCOLA PROFISSIONAL DEPOIS DA LICENCIATURA OU DO MESTRADO", 011 HUN GONÇ_ALVES, PRESIDENTE EXECUTIVO DA SHILLING CAPITAL PARTNERS.

Portugal um concurso para empresas nacionais. Entretanto, João Caxaria segue o caminho de muitos jovens portugueses e emigra para Londres onde tinha sido contratado por um banco. Jaime, apoiado na altura por Paul Bleicher, um franco-alemão que esta-va a frequentar um Masters In Business Administration (MBA) na Universidade Católica e que já tinha trabalhado com várias start--ups, concorre e vence, recebendo como prémio um curso de ace-leração em Londres. "Fui aprender o que é uma start-up e um ne-gócio. Fui aprender a formalizar ideias, a testar com o cliente e a perceber o que temos de corri-gir", diz Jaime. Talvez por isso João Caxaria diga que "quem esteve incubado foi o Jaime", sublinhando a enorme evolu-ção do sócio durante o progra-ma. "Eles levaram o ►aime nu-ma volta aos EUA a conhecer pessoas e a fazer pttches. Trei-naram-no e ele voltou um Jai-me completamente diferen-te", explica.

Nas aceleradoras, a forma-ção foca-se muito no desen-volvimento das soft skills dos fundadores e na melhoria do produto e do modelo de negó-cio. de forma a introduzi-lo no mercado rapidamente. atra-vés de uma componente prá-tica e de contactos com men-tores — empresários ou inves-tidores com experiência. Para Nuno Machado Lopes, direc-tor do programa de aceleração "Lisbon Challenge" da incuba-dora Beta-i, é esse o caminho que deve ser seguido. "Temos de nos focar nos fundadores e torná-los melhores pessoas e empresários focados no negó-cio. Alguns chegam aqui com o sonho de se tornarem milioná-rios e não em criar e fazer um negócio", exclama.

Findo o programa de acele-ração, Jaime regressa a Lisboa, desta vez Já acompanhado por João e com dinheiro no bolso. Vencer o concurso do Seedcamp em Lisboa e frequentar o cur-so em Londres tinha chamado a atenção dos investidores. Mas, por estranho que possa parecer. os dois engenheiros ainda não tinham um produto final. "É mesmo assim", diz Jaime. "No início passas o tempo à procura do cliente ideal. Depois fazes o teu pro-duto e apresentas-lho, e ele diz que não é bem aquilo. Faz-se este processo com 100 potenciais clientes e começa-se a detectar pa-drões. Ser uma start-up é isto", explica, frisando que "a Codacy o resultado de uma aprendizagem com o mercado". É então que, Já na Startup Lisboa, começam a desenvolver uma segunda ver-são do "corrector ortográfico para código".

Na maior incubadora da ca-pital, a experiência foi diferen-te. "Não há uma aprendizagem tão grande como no Seedcamp, mas dá-nos um suporte muito bom que não existe lá fora", ex-plica Jaime. Os empreendedo-res sublinham a recepção ca-seira de João Vasconcelos, que até assumir a pasta de secretá-

rio de Estado da indústria em Novembro de 2015 estava à frente da incubadora, e o esforço dele na criação de um forte networking entre empresas, investidores e mentores. Porém, não deixam de salientar algumas diferenças em relação à experiência britâni-ca. "Em Londres, parava toda a gente para ter uma masterclass de marketing ou de vendas, por exemplo. Na Startup Lisboa falta-va isso, mas há um contacto com as outras empresas que é mul-to bom", diz João. Essa interacção levou-os à primeira venda. "Um dia subimos ao terceiro andar e perguntámos ao Gonçalo —

O impacto que as grandes aceleradoras de empresas tèm no desenvolvimento

das start-ups é bastante significativo. Isso é notório na Codacy e em Jaime. que teve a oportunidade de ser apoiado pela aceleradora de stort-ups britãnica Seedcamp. João Cavaria, sócio de Jaime na Codacy, revela ã FORBES que a mudança foi abismal. -Eles levaram o Jaime numa volta aos EUA a conhecer pessoas e a fazer pitches.

Treinaram-no e ele voltou um Jaime completamente diferente". diz.

imemeimrntn np VICTOR MACHADC1

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COWORKING Escritório ou espaço de trabalho partilhado por vá-rias empresas.

CROWDSOURCING Forma de produção com base nos conhecimentos das massas, geralmente através da internet.

DUE DILIGENCE É um processo de avaliação de uma empresa, de eleva-da complexidade, envol-vendo questões legais, tec-nológicas e de gestão.

EARLY STAGE Fase inicial da vida de uma stort-up.

ECOSSISTEMA Conjunto dos agentes que têm um papel no desenvol-vimento das stort-ups, co-mo os fundadores, as incu-badoras e aceleradoras, os business ongels, os venture copitolists e os mentores.

EXIT Evento de liquidez que po-de passar por uma fusão ou aquisição ou pela dis-persão do capital em bolsa. Demora em média oito a 12 anos a acontecer, após a fundação da empresa.

EMPRESAS DUAIS Companhias domiciliadas em dois paires. Aconte-ce muito com as stort-ups portuguesas por exigência dos investidores estran-geiros.

fundador da Prodsmart - o que era preciso que o nosso software fizes-se para ele pagar por ele. Ele dis-se-nos, nós fizemos, e ele passou a pagar-nos 9 dólares por mès". ex-plica Jaime. Outra grande diferen-ça sublinhada pelos dois empreen-dedores é a falta de workshops te-máticos na Startup Lisboa e a falta de mentores, algo que não sucedia no Seedcamp. "Para o nosso caso não havia. Se quiséssemos um, te-ríamos de ir ao Seedcamp", avança Jaime. Apesar de todas as incuba-doras terem no seu site dezenas de mentores, há um problema de dis-ponibilidade. "Além de serem pou-cos, são pouco disponíveis. Temos uma realidade diferente da britâ-nica ou da norte-americana", ex-plica Hugo Gonçalves, que tam-bém faz mentoria na Startup Lis-boa. Nos EUA e no Reino Unido, por exemplo. onde os ecossistemas são já maduros, os mentores são ex-em-preendedores que criaram e ven-deram as suas empresas e que de-pois usam a experiência e o capi-tal conseguido para investir e aju-dar outras a crescer. Em Portugal, há ainda poucos casos do géne-ro, mas o problema está identifi-cado e a ser enfrentado. No âmbi-to da Web Summit, será realizado no dia anterior ao início da cimeira um encontro onde estarão os maio-res venture capttallsts do mundo o que. como revelou o secretário de Estado da indústria João Vascon-celos à FORRES. será uma forma de comunicar e convencer agen-tes da indústria e mentores a esta-

belecerem-se em Portugal, mas não só. A recente linha de co-fi-nanciamento a capital de risco no valor de 100 milhões de euros foi propositadamente aberta a fundos estrangeiros com a condi-ção destes Investirem em start-ups nacionais.

O dinheiro não é tudo Além da formação e dos programas de aceleração, as incubado-ras fazem também a ligação das empresas aos investidores, seja directamente ou através de concursos onde multas vezes os pré-mios tém a forma de capital. Mas, enquanto ganhar um concur-so de pitch em Portugal ainda não dá grandes garantias de su-cesso, um concurso do Seedcamp ou da Y-Combinator, uma ace-leradora norte-americana, é o equivalente a um Grammy para um músico: tem de haver ali potencial. Foi assim que a ES Ven-tures chegou à Codacy. "Um amigo meu viu o pttch de Jaime e chamou-me à atenção". diz Pedro Santos. sublinhando que "ser aceite no Seedcamp é um factor de validação". Em Novembro de 2013. a Codacy consegue um investimento de 500 mil euros rea-lizado pela ES Ventures. a Faber Ventures, e pe- (continua na pãg. 34)

Uniplaces FUNDADORFS: Miguel Santo Amaro, Benjamin Grech, Mariano Kosteiec ANO: 2011 LAMURIA: Imobiliário, publicidade, gestão de imóveis FINAM LAMENTAI: 26 milhões de euros em quatro rondas de investimento

Criadora de um stre de alolamen to para estudantes que permite o arrendamento de qualros e apar- tamentos de forma fácil e prática tanto para Inquilinos como para senhorios. Está presente em 36 ci dades europeias disponibilizando mais de 40 mil alojamentos. Por ter nascido e sido criada em Portugal. é a bandeira do ecossistema nacio-nal dc start-ups

Codacy Fum,A,,,,Ris: Jaime Jorge e João Caxaria ANO: 2013 LATEGURI a: Software FINAM I %MI N IO: 1,5 milhões de euros em duas rondas de investimento A empresa produz um sorna ro que é unia espécie de corrector ortográ I ico para developers - pro-gramadores - que permite dimi nu ir entre 20%a 30%o tempo de desenvolvimento de um programa informático. Actualmente. Empre ga IS pessoas e conta na sua estru-tura accionista com vários fundos de capital de risco. como é o caso do Seedcamp. ES Ventures. Cal xa Capital. Faber Ventures e tolo Capital.

Zaask FLINDADORFA: Luis Pedro Martins, Kiruba Shankar Eswaran AN.'', 2012 cáltranu a. Motor de busca para serviços profissionais FINANCIAM,. to: 2,4 milhões de euros em duas rondas de investimento Motor de busca que facilita o pro cesso dc contratação dc profissio-nais nas mais diversas áreas, per mit i ndo que o cliente, mediante a descrição do serviço. tenha acesso directo a prestadores de serviços.

Feedzai ruNIMI IN: Nuno Sebastião ANO:2009 CATEGORI a: Serviços financeiros e big doto Financiamento: 24 milhões de euros em quatro rondas de investimento Possui urna tecnologia de preven

ção de fraude através do uso de big data, que lhe permite detectar qual - quer tipo de irregularidade em qual quer tipo de transacção e impedi -la antes de acontecer. Tem clientes nos cinco continentes, entre os quais bancos, empresas de cartões de crê-dito e de agências de transferência de divisas.

CrowdProcess I UNIINDURI A: Pedro Fonseca e João Menano ANO: 2011 CATEGORIA: Serviços financeiros FINANCIAMENTO: n.d.

Criadora de um sistema de análise de risco de credito baseado no pro - cessamento de MJ; dou roi consl derada este ano a melhor f-Inrech europeia na cimeira Money 20.20. dedicada a empresas tecnológicas de servicos financeiros.

3601mprimir 1 UNIMINIR: José Salgado ANO:2014 cumulas.: Impressão FINANCIAMINIo: 3,2 milhões de euros em duas rondas de investimento Atraves da sua plataforma. os uh lizadores podem desenhar on-line os seus produtos recorrendo a uma vasta oferta de clesign. grafismos e imagens profissionais. obtendo de lorota imediata os preços de impres-são e respectiva entrega

Landing.jobs José Paiva e Pedro

Carmo Oliveira ANO: 2013 CATEI.< 'RI A: Recursos humanos FINAM:LANO Aro: 744 mil euros em uma ronda do investimento

Plataforma de recursos humanos para as áreas tecnológicas eenge -

nharla

informática.

Talkdesk LNDADoRLA: Cristina Fonseca e

Tiago Paiva ANO: 2011 iria ci.( na si CR M, cal? centers e computação na nuvem 115551 IAMI o 1: 22 milhões de coros em quatro rondas de investimento

Possui um sol/mire que permite criar sistemas de relação com os clientes (CR Mi de forma rápida e menos dis-pendiosa que as tradicionais solu-ções. pois não necessita de telefones ou qualquer tipo de honlware. e pode integrar-se com outros sistemas co--mo os da Salestorce. Zendesk. Desk. com. Zoho, Shopify, entre outros. Permite também a gravação e o aces-so ao histórico de contactos com o cliente. o que possibilita aos gestores tomarem decisões com base em da-dos reais. É considerada pelo mercado uma ler-ramenta de excelência para a gestão das relações com os clientes

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A Codacy acentuou a boa impressão que já existia. O Governo da altura decidiu arriscar, apesar das fracas probabilidades, e Fernando Medina assegurou a ponte política. O surf e o marketing digital fizeram o resto.

Jn ATE UH A

1:1) uando a Codacy ga- nha os Beta Awards na edição de 2014. já Pa-ddy Cosgrave procu-rava uma alternativa a Dublin para organizar a Web Summit. O wl--ft não se compatibili-zava com as espessas paredes das antigas ca-

valariças na capital irlandesa. Os vários pavilhões onde se rea-lizava o evento eram inóspitos e passear entre eles em pleno Novembro não era muito agra-dável. A infra-estrutura tinha-se tornado pequena. Paddy esta-va com um problema típico de uma start-up. Uma "brincadei-ra" que começou com 400 pes-soas tinha agora uma afluência próxima das 30 mil. Nem Dub-lin tinha capacidade hotelei-ra para tanta gente. A sua Web Summit tinha crescido mui-to rápido. era preciso mudar de instalações. Nesse sentido. Paddy elegeu algumas cida-des potenciais: Amesterdão. Berlim. Paris, Cannes, Barce-lona, Madrid. Londres e a pró-pria Dublin. e contactou os res-ponsáveis governamentais. Em Portugal. o contacto foi o vice--primeiro-ministro Paulo Por-tas, que endereçou a "pasta" a Leonardo Mathias, então se-cretário de Estado da Econo-mia. "O Paulo sabia que era di-fícil. Mas por que não tentar?", refere Leonardo.

O mentor da Web Summit lá tinha uma boa impressão de Portugal, e empresas como a Codacy, a Farfetch e a Uniplaces tinham posto Lisboa e o país no mapa global da inovação. Con-tudo, a 13.a posição no rankIng

das cidades mais apelativas para as start-ups, publicado no relatório "EU Startups Techno-logy", não era muito favorável. O ecossistema nacional fica-va muito abaixo do britânico.

do holandês e do alemão, que ocupavam as posições cimei-ras. Londres, por uma questão de rivalidade ficou fora cedo. mas Amesterdão e Berlim eram grandes adversários. "Estavam em segundo e terceiro, respec-tivamente, em quase todos os ranktngs". diz Leonardo. O Go-verno forma então uma equi-pa constituída pelo Turismo de Portugal, o Turismo de Lisboa, o AICEP e a Câmara Municipal de Lisboa, na pessoa de Fer-nando Medina, que viria a re-velar-se fundamental em todo o processo ao assegurar os acor-dos caso o Governo mudasse.

Persistência lusitana A organização exigia três gran-des condições: Infra-estruturas, wt-fi de qualidade e a não in-flação dos preços na hotelaria. A primeira e a segunda eram fáceis. O Meo Arena e a Meo asseguraram-nas de imediato. e a terceira podia ser traba-lhada. "Não foi fácil fazer 10 mil pré-reservas sem levan-tar suspeitas, mas o Turismo de Portugal assegurou a si-tuação", diz Leonardo. Come-çou então a luta entre as vá-rias cidades. Paris, anfitriã da "Le Web". a conferência sobre a Internet, tinha na namorada de Paddy uma "cunha", mas os preços dos hotéis "traíram-na". Cannes não tinha um aeropor-to à altura e Barcelona acabou por desistir. Ficaram Berlim e Amesterdão.

Lisboa tinha a vantagem de ter o aeroporto próximo do centro da cidade, mas uma di-mensão reduzida para as 50 mil pessoas esperadas. "A ANA chegou a dizer-nos que não tinha slots para tanto avião", confessa o ex-secretário de Estado da Economia. Além disso, não tinha ligações di-rectas a São Francisco e Los

Angeles. de onde se esperam cerca de 12 mil vistantes. algo que Amesterdão tinha, além de estar a 45 minutos de Lon-dres. "Não estava fácil e não era uma questão de dinheiro. Tudo o que nós asseguráva-mos, Amesterdão cobria", diz Leonardo. É então que Maria Almeida, uma jovem que lide-rava a publicação on-ItneShip

lança o movimento "Quere-mos a Web Summit em Lisboa". Potenciada pela Internet. a campanha chega a Paddy, que

é invadido nas redes sociais por mensagens abonatórias pa-ra o país. Uma delas é que se podia fazer surf. uma moda-lidade muito apreciada pelos "coders" do Norte da Europa.

Após uma reunião, já na fa-se final do processo, o irlandês decide passar uns dias em Por-tugal. "Eu acho que foi um teste. Ele reservou um quarto através do Airbnb e pediu um Uber pa-ra o levar ao alojamento", diz Leonardo. Lisboa fez o resto. Após alguns dias na cidade, Paddy apaixonou-se pela ca-pital e cedeu. No final de Se-tembro de 2015, ao lado de Leo-nardo, Paddy anunciava que Lisboa seria a cidade anfitriã da Web Summit nos três anos seguintes.

"NÃO ESTAVA FÁCIL [TRAZER A WEB SUMMIT PARA LISBOA] E NÃO ERA UMA QUESTÃO DE DINHEIRO. TUDO O QUE NOS ASSEGURÁVAMOS, AMESTERDÃO COBRIA", DIZ O EX-SECRETARIO DE ESTADO DA ECONOMIA.

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"A WEB SUMMIT VAI TER UM IMPACTO TREMENDO EM LISBOA." Paddy Cosgrave é o homem

do momento - não faltarão

certamente selfies com o

irlandês nas redes sociais

durante a Web Summit -, mas

é também o responsável pela

transformação que Lisboa e o

empreendedorismo nacional

terão nos próximos anos.

Porque escolheste Lisboa para

realizar a Web Summit nos

próximos três anos?

Concentrámos os nossos

esforços em cidades com hubs

tecnológicos a crescer e uma

comunidade bem enraizada.

Lisboa é uma dessas cidades.

Quando decidimos que tínhamos

que mudar a Web Summit de

Dublin visitámos muitas cidades

europeias. Falámos com muita

gente e realizámos uma enorme

pesquisa para encontrar uma nova casa. No final, concluímos que

Lisboa tinha tudo para suportar o

crescimento da Web Summit: tem

boas infra-estruturas, espaços

de classe mundial, como é o Meo Arena e a FIL, e uma grande e

vibrante comunidade

de empreendedores.

Quando é que começaram a pensar em Lisboa?

Lisboa foi identificada como

a nossa próxima casa ainda

antes da edição de 2015 da Web

Summit e foi por essa altura que

começámos a trabalhar com as

FOTO DE ALEXANDRE MARTINS

OS NÚMEROS RA WEB SUMMIT Alem de um desafio organi-

zacional será um evento com

enorme impacto económico no imediato e a longo prazo.

número de participantes es-

perados.

paires estarão representados

por companhias e por persona-lidades institucionais.

autoridades portuguesas para

transformar isso numa realidade.

Como é que a Web Summit pode transformar o ecossistema nacional de start-ups?

Esperamos que a relação

entre a Web Summit e Lisboa

tenha um grande impacto na

cultura do empreendedorismo

lisboeta. A cidade está a fazer

um grande trabalho em termos

de instalações como é o caso do

recente Hub Criativo do Beato.

E nós já estamos a expandir as

nossas operações para Lisboa.

Vamos abrir aqui o nosso primeiro

escritório internacional, que

será no Hub Criativo do Beato, e

vamos contratar especialistas em

vendas e engenharia. Em Dublin

temos mais de 150 pessoas a

trabalhar noutros eventos como

o Colision, nos EUA, o PISE, em

Hong Kong, e o MoneyConf,

em Madrid. Do evento em si

esperamos a vinda de milhares

de investidores, a presença dos

media mundiais mais relevantes da

área, e de milhares de presidentes

executivos das maiores empresas

mundiais. A nossa experiência de

Dublin diz-nos que a Web Summit

vai ter um impacto tremendo na

cidade. Quais as qualidades do ecossistema lisboeta de start-ups

e como é que pode ficar ainda

melhor de forma a aproximar-se do de Berlim ou Londres?

Lisboa tem excelentes infra-

-estruturas, instalações de nível

mundial e uma comunidade e ta-

lento extraordinários. Além disso,

o empreendedorismo nacional es-

tá a ter um grande apoio governa-

mental. Não sou só eu que digo is-

to. Mike Butcher, do TechCrunch,

disse recentemente que "Lisboa

está a emergir de forma genuina

como o novo ecossistema tecno-

lógico da Europa, com os preços

de Berlim, mas com o clima do sul

da Europa". Estou ansioso para as-

sistir ao crescimento conjunto de

Lisboa e da Web Summit nos pró-ximos anos. Olhando para as start-ups

portuguesas que conhece, diga-

me três em que investiria se tivesse 10 milhões de euros? É uma questão difícil. Não consigo

escolher apenas três, porque isso

implicaria deixar de fora muitas

boas empresas. Vamos ver em

Novembro. Muitas das start-ups

portuguesas vão estar presentes no concurso de pitch. Vamos ver se temos uma vencedora

portuguesa, como aconteceu

com a Codacy na edição de 2014.

empresas vão estar presentes

abarcando todos os ramos de

negócio associados ao sector

tecnológico.

palcos além do principal, onde

serão abordados os temas da

programação. Serão 21 confe-

rências em três dias da cimeira.

oradores farão apresentações

sobre empresas, temas e novas

tendências nas mais variadas

áreas de negócio.

estudantes têm lugar reser-vado no evento Universida-de Startup. um tema que será

abordado pela primeira vez.

presidentes de câmara virão

a Lisboa, aos quais se juntarão

vários chefes de Estado de to-

dos os continentes.

voluntarios na Web Summit.

1500 são portugueses.

739 euros era o preço minimo dos bilhe-tes a um mès da cimeira.

10 000 euros preço cobrado a alguns presi-

dentes executivos das grandes tecnológicas

1,3 milhões de euros Investimento do Governo,

Turismo de Portugal, Turismo

de Lisboa e da AICEP na Web Summit.

175 milhões de euros valor estimado do impacto

económico da Web Summit nos quatro dias do evento.

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lo próprio Seedcamp que, tal como a Y-Combinator. de onde saí-ram a Airbnb e o Dropbox, por exemplo, são simultaneamente aceleradoras e investidores, o que lhes acrescenta credibilidade.

Para uma empresa tecnológica com aspirações a concorrer no mercado mundial, o acesso a capital para a contratação de engenheiros que desenvolvam e aperfeiçoem o produto e para a expansão do negócio é fundamental, mas obter financiamento de capital de risco não é a mesma coisa que ir ao banco. "É um 'casamento' entre a pessoa que gere o fundo e a pessoa que ge-re a empresa". diz Pedro Santos Ribeiro, sublinhando que acom-panha e fala com o gestor da empresa quase diariamente. É as-sim com Jaime e a Codacy. A empresa tem três investidores por-tugueses e um buslness angel - Henrique Castro, ex-director operacional da Yahoo - e tem com todos uma relação especial. "O Pedro é um pensador, um estratego. O Alexandre, da Faber Ventures, é um 'hands-on' - um operacional -, sempre que é pre-ciso põe a equipa dele a trabalhar para nós, e o Stephan, da Cai-xa Capital, faz umas introduções fantásticas. Temos uma rela-ção multo boa e próxima com todos e não vejo como poderia ser

diferente", explica Jaime. Mas po-de não ser sempre assim.

À medida que a empresa cresce e se sucedem as rondas de inves-timento, há que ter a noção que os investidores podem tornar-se uma fonte de stress. Esta é a ideia de Rui Alves. "Nas rondas mais avançadas, o peso dos investidores e a força da necessidade de apresentar resul-tados exercem uma grande pres-são sobre o fundador e há o risco deste se tornar num mero opera-dor do negócio". O líder da Rupeal sublinha inclusive que os fundado-res podem ser "convidados" a sair. Ao contrário da tendência actual, a sua empresa sustentou o cresci-mento nas receitas geradas e dez anos depois da fundação tem um volume de facturação próximo de 4 milhões de euros. Como Jaime explicou, na Codacy não é assim, mas o empreendedor sabe bem o poder que um investidor pode exer-cer sobre os fundadores. Quando ganharam o concurso do Seedcamp foram obrigados a criar uma em-presa no Reino Unido. a Qamine. "Percebe-se. Eles querem a empre-sa num país onde estejam à vonta-de com a legislação e a fiscalida-de", explica.

Pouca experiência dos Investidores A génese do capital de risco em Por-tugal remonta aos anos1990, quan-do foram criados os primeiros fun-dos de investimento como intuito de capitalizar empresas. embora mais com função de reestruturar, revi-

BOLHA? DESTA VEZ É DIFERENTE Não é a primeira vez que há um

hype em torno do sector tecnoló-

gico. O crash do ano 2000, quan-

do o índice tecnológico Nasdaq

corrigiu a pique, não foi assim há

tanto tempo e a raiz era a mesma:

negócios com base na internet

e avaliações empoladas. No en-

tanto, para os especialistas, hoje,

não é bem assim. E o caso de Nu-

no Machado Lopes, director do

programa de aceleração "Lisbon

Challenge" da incubadora Beta-

-i. "Agora, a maioria das empresas

estão interligadas com o mercado

e a criar valor acrescido à econo-

mia, e há uma infra-estrutura que

não havia na altura: a internet e os smartphones." Porém, assume

que existem alguns exageros em

companhias com modelos de ava-

liação mais focados no aumento

da base de utilizadores do que no

aumento das receitas e da susten-

tabilidade.

Há, no entanto, alguns sinais de

UMA MÃO CHEIA DE UNICÓRNIOS A dimensão e os valores de financiamento angariado pelas maiores stort-ups do mundo estão a anos luz das empresas nacionais - e de muitas multinacionais históricas. Por exemplo, a Uber, apesar de ter sido fundada em 2009, já vale mais do

que companhias histõricas como a General Motors, a Ford ou a Time Warner. Para se ter ideia da dimensão destas empresas, basta pensar que a soma da capitalização bolsista das18 maiores empresas portuguesas cotadas na Bolsa (indice P5120)não chega sequer ao valor atribuído à norte-americana Uber.

Fonte (5lnu9hts.Capeolluç4o bolusta do D5120813 de Outubro de 2016.

0101 CRUXING AIRBNB PALANIIR XIAOMI TECHNOLOGlES

serviços romesoo ,„ , ort demund eletironico Bigdarri

EM ARREFECIMENTO Depois de um ano recorde em valor investido e negócios financiados a

nivel mundial, os dados até ao primeiro semestre do ano apontam para um

abrandamento do investimento dos fundos de venture capital.

FontP- Venture Pulse Report IN • Ch. volore, de2016 referem .1t.1 actMdade durante o pornero t.erneltre doo..

INVESTIMENTO REALIZADO (MIL MILHÕES DE EURC/S) • NEGÓCIOS FINANCIADOS

119 6001

c GROWTH É um investimento geral-mente minoritário em em-

presas já maduras com o objectivo de expandir e ac-tividade. Segue-se ao Lotar

Stoge Finoncing.

INITIAL PUBLIC OFFERING (IPO) Dispersão de capital em Bolsa através da venda de acções da empresa. É o sonho de qualquer fundador.

INCUBADORA DE EMPRESAS Organizações que dispo-nibilizam serviços, progra-mas de aceleração e ligam as empresas aos venture co-

pitolists e aos mentores.

1_ LATER STAGE FINANCING Capital para financiar uma empresa já operacional que pode ou não já ser lu-crativa.

P PICTH Apresentação sucinta e concisa da empresa, do produto e do seu modelo de negócio.

PRIVATE EQUITY Investimento que consiste na aquisição de capital da empresa com o objectivo de a reestruturar e desenvolver.

arrefecimento. Após 2015 ter ba-

tido o recorde de número de uni-

córnios - empresas avaliadas em

mais de mil milhões de euros -, no

terceiro trimestre desse mesmo

ano, a sociedade gestora de acti-

vos Fidelity (uma das maiores do

mundo) emitiu uma nota aos seus

clientes referindo que tinha dimi-

nuído a avaliação de várias start-

-ups bem conhecidas: a Dropbox

(armazenamento em nuvem) em

20%, o Snapchat (aplicação de

mensagens) em 25% e a Zenefits

(software) e a MongoDB (bases

de dados) em 50%. Longe de ge-

rar o pânico no mercado, a notícia

alertou os investidores. Para An-

tónio Murta, co-fundador do fun-

do de venture capito! Pathena, "a

ausência de retorno de empresas

que começaram por ser grandes

promessas está a levar a alguma

correcção". O investidor espera

que este arrefecimento se venha

a acentuar no médio prazo, "in-

dependentemente de, no curto

prazo, ainda se poderem concreti-

zar rondas de financiamento com

múltiplos de entrada elevados".

UBER

Serviços <In demond

PSI

20

e

2012 1013 2014 2015 20161')

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talizar ou internacionalizar as companhias, e com pouca ac-tividade ao nível da gestão e do desenvolvimento do negó-cio e do produto, como é feito hoje com as start-ups. "O mer-cado de venture capital é ain-da muito incipiente, pelo que está a passar pelas vicissitu-des de uma necessária curva de aprendizagem", explica An-tónio Murta, fundador do fun-do Pathena. Contudo, sublinha que "há cada vez mais empre-sas de capital de risco consti-tuídas por equipas com matu-ridade e experiência na cons-tituição de negócios próprios e venda posterior dos mesmos". Carlos Oliveira vai mais longe.

"Apesar de termos tido uma evolução positiva, não temos nem ca-pital nem business angels a um nível suficientemente maduro". O responsável da Startup Braga defende mesmo que o Estado de-ve ter um papel importante nesta fase da evolução do mercado de capital de risco, através de entidades como a Portugal Ventures, "que deve ter uma estratégia clara e esclarecida para não correr-mos o risco de voltar aos tempos da Inovcapltal". Mas os desafios não se ficam por aqui.

O mundo dos fundos de capital de risco está repleto de rapo-sas vestidas com pele de cordeiro. São os chamados private equi-ty "mascarados" de venture capital que, em função do hype cria-do em redor das start-ups, têm procurado captar oportunidades de investimentos seguindo princípio errados. Isto é: encaram o investimento em start-ups da mesma forma que o fazem quan-do adquirem empresas em dificuldades financeiras e assumem

OBTER FINANCIAMENTO DE CAPITAL GE RISCO NÃO É MESMA COISA QUE IR AO BANCO. "É UM 'CASAMENTO' ENTRE A PESSOA QUE GERE 0 Fomo E A PESSOA QUE GERE A EMPRESA", DIZ PEDRO RIBEIRO SANTOS, DIRECTOR DA ES VENTURES, UM 002 ACCIONISTAS DA CODACY.

Com uma equipa de apenas 15 pessoas,

a maioria em Lisboa, a Codacy já vende

o seu 'borrector ortográfico de código"

para todo o mundo e, em 2016, deverá

encerrar o ano com um volume de

vendas próximo do milhão de euros.

Academia do Código

, João Magalhães, Domingos Guimarães ANO: 2015 CATEGORIA: Formação, ensino e empreendedorismo social EINANCIANIEN TO: n.d.

Ministra cursos intensivos de linguagens de programação a adultos e de iniciação a jovens. Foi a primeira empresa portuguesa a ser financiada por títulos de impacto social.

Tradiio Fundadores: Miguel Leite, Álvaro Gomez e André Moniz Nso: 2014

,.ottia: Streaming de música INALA( IAMENTo: 1,9 milhões de

euros em quatro rondas de investimento

Plataforma de streaming de música, iniciou recentemente uma campanha de angariação de fundos através da Seedrs no valor de 600 mil ouros, cerca de 13% do capital da empresa. para se expandir para os EUA.

Veniam rumiatioats: João Barros, Susana Sargento, Robin Chase e Roy Russel ANO: 2012 CATEGORIA: Internet das coisas FINANCIAMENTO: 27 milhões de euros em duas rondas de investimento

Empresa de base tecnológica que desenvolve e comercializa tecnologias que permitem tornar veículos em hotspots de MI/ ligados entre si. o que permite à empresa oferecer uma série de serviçosgeridos a partir da nuvem (ciour1 como Internet e dados dos veículos. mas também da cidade em que estes circulam. Em Junho. o canal norte-americano CNBC integrou-a na lista das 50 empresas mais disrupt ivas do mundo. A empresa do Porto ocupava a 28., posição da lista liderada pela Uber.

Wiseconnect UNDADORES: Tiago Sá, Ricardo

Neves, Flávio Ferreira, Sandro Vale e Miguel Rodas , No: 2014 \ti (,0111A: Tecnologias de

informação I INANCIAMENTO: 386 mil euros

numa ronda de investimento

Desenvolve sistemas de monitorização e controlo para a aci ividade agrícola, que permitem poupar recursos e aumentar a produtividade. O Wisecrop é o seu principal produto,

Seedrs UNDADORES: Carlos Silva e Jeff

Lynn ANO: 2009 CATEGORIA: Crowdfunding e capital de risco FINANCIAMENTO: 21 milhões de euros em nove rondas de investimento

Plataforma de financiamento colaborai ivo que permite ao investidor comum financiar start-ups a partir cie um moni ante mínimo de i0 curas e ganhar dinheiro com as mesmas. caso se tornem em casos de sucesso. Desde a fundação. a empresa g contribuiu para o financiamento de 380 empresas num total de 166 milhões de euros, com especial enfoque no mercado do Reino Unido. Recentemente. a Seedrs lançou uma campanha de angariação de 600 mil coros

para a start-up portuguesa de streaming& música Tradiio. Foi a maior operação de equIty crowdfundIngde uma empresa portuguesa.

Tripaya EtiNoxi >ORES: André Ramos, Felipe Pereira e André Costa

ANU>: 2014 CATEGORIA: Motor de busca FINANCIAMENTO: n.d.

E. o primeiro serviço de pesquisa de viagens e hotéis de acordo com o orçamento do turista. De acordo com a Trinava, os seus utilizadores podem encontrar os preços mais baixos para cada destino, tanto nos voos como nos hotéis que a plataforma sugere,

eSolidar I UNDADORCN: Rui Doria, Rui Ramos, Marco Barbosa e Miguel Vieira ANO: 2012 CATEGORIA: Empreendedorismo social Financiamento: 1,1 milhões cie euros em cinco rondas de investimento

Plataforma de comércio electrónico em que vendedor define uma per-centagem a reverter a uma Inst it u ção de solidariedade social. Marco Barbosa. presidente da empresa, é um dos Jovens com menos de 30 anos mais influentes na Europa na área do empreendedorismo social.

eBankIT 1 L.NDADORES: Resultou de um spin-off da ITSector Aso: 2014 can:Gol« Serviços financeiros FINANCIAMENTO: n.d.

Empresa de desenvolvimento de aplicações que permitem gerir as financas pessoais de uma forma mais simples e pratica.

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a gestão das mesmas, com o ob-

jectivo de as venderem no futuro.

Isso gera uma deturpação perni-

ciosa do ecossistema. Responsáveis ligados a várias Incubadoras reve-

lam que este tipo de propostas não é raro, e que empreendedores me-nos experientes acabam por se dei-xar levar na onda. Contudo, acre-

ditam que a participação dos pri-vate equlty nas start-ups tenderá a esfumar-se, em função da ma-turação do mercado, mas salien-tam que continua a haver muitas

raposas ã espreita. Numa área tão fundada na ini-

ciativa privada como é o empreen-dedorismo pode parecer antagóni-co apelar ao papel do Estado, mas a verdade é que, sozinhos, os agen-

tes privados não conseguem reunir o capital necessário para alimen-tar as necessidades do mercado.

"É difícil angariar capital para in-vestir em start-ups", explica Hugo Gonçalves. Nos últimos tempos, a Shilling Capital Partners, que tem investido cerca de 2.5 milhões de euros em start-ups nacionais, tem conseguido angariar capital, mas para investimentos mais tangíveis,

como é o caso das energias renová-veis. "Apesar dos apoios serem ho-je cerca de um terço dos atribuídos há alguns anos, os investidores pre-ferem-nos, porque são mais per-ceptíveis", explica, apontando al-guma opacidade da indústria e os fracos retornos obtidos para os In-

vestidores. Depois do Estado, através de

fundos públicos no âmbito dos qua-dros comunitários, a ES Ventures era a maior sociedade de capital de risco, com fundos oriundos

do Banco Espirito Santo. Porém, com a resolução do banco em

2014. a obtenção de novos recursos ficou reduzida. Actualmente,

dos cerca de 250 milhões de euros, quase alotados na totalida-

de, a sociedade gestora tem apenas dois fundos de capital de ris-

co com enfoque em investimento seed e early-growth: o IStart-1,

no valor de 3 milhões de euros, onde está a Codacy: e o ESV Ino-

vação e Internacionalização, com uma dotação de 10 milhões de euros, onde estão as participações na Feedzai e na Tradlio, por

exemplo. Actualmente, no sector privado, a Pathena, através do

fundo Pathena, com uma dotação de 53 milhões de euros. será o maior fundo de venture capital nacional. Pouco? Para um fun-

do talvez não, mas, no cômputo geral, os especialistas contacta-

dos pela FORRES reconhecem que há pouco dinheiro para finan-ciar o ecossistema. "Para o financiamento pre-seed e seed talvez exista dinheiro suficiente, mas é muito difícil para um fundo na

cional acompanhar uma start-up nacional nas rondas de finan-

ciamento mais avançadas". diz Hugo Gonçalves.

START-UP Empresa de crescimento acelerado e de abrangên-cia global. Tem geralmente uma forte componente tecnológica.

SCALE-UP É a fase de crescimento seguinte de uma stort-up. Acontece quando o valor de investimento angariado ultrapassa a soma do mi-lhão de euros.

SEED CAPITAL Investimento realizado numa fase precoce de uma empresa. Há ainda um patamar anterior denominada pre-seed, que geralmente acontece quando ainda não há um produto ofinal.

T

TRADE•SALE Aquisição de uma em-presa a outra empresa. E o evento de liquidez mais frequente.

UNICÓRNIO Empresa avaliada em mais de mil milhões de euros.

VENTURE CAPITAL Financiamento a médio e longo prazo, através da aquisição de acções da em-presa por aumento de ca-pital em que os investido-res têm um papel activo na melhoria do produto e do modelo de negócio.

MÃOS LARGAS Nos últimos anos, tem-se assisti-

do a um aumento do investimento

empresarial, denominado Corpo-

rate Venture Capital (CVC). Em

Portugal, a Microsoft, a Cisco, o

grupo Sonae (Sonae IM) e a Ener-

gias de Portugal (EDP Starter)

são alguns dos exemplos. Mas, se-

gundo os dados compilados pela

consultora CB Insights, o CVC re-

presenta actualmente um quinto

do investimento mundial realiza-

do em stort-ups. Na Europa, onde

o peso das empresas ainda não é

tão elevado, os fundos públicos

são responsáveis por uma gran-

de fatia. O European Investment

Fund é responsável directa e indi-

rectamente por 41% do investi-

mento em start-ups. Em Portugal,

a Portugal Ventures é o braço do

fundo europeu tendo um fundo

de fundos no valor de 111 milhões

de euros só para venture capital.

No total, a agência de investi-

mento gere 400 milhões de eu-

ros de capital de risco. Maior, só a

Caixa Capital, com 700 milhões

de euros sob gestão.

ORIGEM DO CAPITAL O investimento público ou comunitário é a principal fonte de angariação de capital da indústria dos fundos de venture capitol e, por conseguinte, a maior fonte de financiamento das start-ups.

Fonte. Invest Europe. Central and testem European

nnvote Egtnty SratntIcs 2015.

Agencias governamentais 36%

Empresas de capital de risco 18%

Particulares 16%

Fundos de pensões 7%

Bancos 7%

Empresas 6%

Seguradoras 1%

Fundos de fundos 1%

Outros 87.

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AFONSO DIAS ALVES Director de Business Development & Strategy da Siemens Portugal

Visão SIEMENS

UMA START-UP HÁ 170 ANOS Uma companhia centenária como a Siemens, também ela uma stan-up há 170 anos, vive hoje um dos momentos mais desafiantes da sua história ao evoluir de uma companhia eminentemente industrial e de engenharia — líder mun-dial nos domínios da electrifi-cação e da automação — para uma organização redefinida

pela digitalização — i.e. um novo layer tecno-lógico. software driven, transversal a todas as suas áreas de negócio, da Energia, às Infraes-truturas e Mobilidade, passando pela Indús-tria e pela Saúde.

Neste contexto, e face ao ritmo sem prece-dentes de mudança de paradigmas que obser-vamos, é evidente para a Siemens que, apesar da sua capacidade interna de inovação e de R&D — potenclada por um investimento massivo que no ano fiscal de 2015 ultrapassou os 4500 mi-lhões de euros— a abertura crescente da com-panhia ao exterior é preponderante. Mais ain-da, quando assistimos a stan-ups, flexíveis e rápidas por natureza, a introduzir disrupção em larga escala, tanto em conceitos tecnológi-cos, como de negócio. redesenhando, por ve-zes, as próprias indústrias em que se inserem.

Tendo a Siemens nos últimos 20 anos in-vestido já em mais de 180 stan-ups numa ló-gica win-win — em que a companhia acede a inovações tecnológicas e a capacidade de de-senvolvimento externas e em que as start-ups beneficiam da capacidade e solidez de um in-vestidor industrial, bem como dos respectivos know-how e canais de acesso aos mercados —a companhia prepara-se agora para aiavancar a sua actuação neste domínio através da next47.

Enquanto veículo de venture capital dotado de uma capacidade de investimento que deve-rá atingir cerca de 1000 milhões de euros nos próximos 5 anos, a next47 terá como manda-to potenciar um conjunto de tecnologias — co-mo distributed electrificado:1, artificial intelli-gence. connected(e-)mobIlity. block-chaln ap-plications, autonomous machines e eAircraft — que irá em grande medida definir o merca-do da própria Siemens.

É com "Ingenuity for Life", ou com o "Espíri-to Inventivo" de Werner von Siemens de há 170 anos, que a Siemens vai estar ao lado de quem, como nós, quer estar na origem do futuro!

fiscalidade serão porventura as áreas mais difíceis ou morosas de mostrar resultados, mas também aqui estão a ser dados alguns passos, dos quais a regulamentação da actividade da Airbnb e da Uber são dois exemplos. Por fim, é uma questão de comunicação semelhante à adoptada pelo sector do Turismo. E, aqui, Portugal e Lisboa têm trunfos como nenhum outro país ou cidade da Europa. O custo de vida é um deles. Segundo dados da consultora Mercer, Lisboa ocupa a 134.' posição no ranking das cidades mais caras do mundo, uma posição que contrasta com o 44.° posto da capital francesa ou o 17.° lugar ocupado por Londres. A somar a isso, é reconhecida a qualidade de vida que Portugal oferece face a outros: além do clima e do surf, modalidade desportiva importante para a geração dos millenniols, Lisboa é a 42.' cidade entre as 230 estudadas no estudo "Quality of living 2016" realizado pela Mercer, uma posição muito acima de qualquer uma das capitais europeias.

DE BRAÇOS ABERTOS De acordo com o "Portuguese Startup Manifesto", um documento elaborado com a colaboração de diversos agentes do ecossistema, o pais terá de intervir em cinco áreas chave para ganhar um lugar entre os melhores hubs de stort-ups europeus: educação, acesso ao talento, ao capital, ambiente fiscal e regulatório e o próprio ecossistema, no estabelecimento de ligações entre todos os intervenientes. Actualmente, quase todas a áreas estão já a ser alvo de intervenção. Destaque, por exemplo, para o crescente número de universidades que têm incubadoras e para a cada vez maior ligação entre o mercado e

os centros de conhecimento. Isso deixa claro que talento e capital existem - embora que não na quantidade desejada. Para a indústria, a Web Summit é uma oportunidade de ouro para potenciar todo o ecossistema nacional. A regulação e a

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estratégica do país da qual a Web Summit faz parte. Os governantes aproveitaram para sublinhar a existência duas

linhas de co-financiamento no valor de 26 milhões de euros para business angels e de 100 milhões de euros para

fundos de venture capital. Os apoios não são novos: embora de menor dimensão, o antigo quadro comunitário (QREN) já as contemplava. Mas, desta vez, têm um objectivo mais estrito e o propósito de atrair investidores estrangeiros. Além disso, existirão também apoios para estimular a criação de stort-ups. Um deles é o "Startup Voucher" que consiste na atribuição, durante 4 a 12 meses, de um subsídio mensal de

671,70 euros a empreendedores para que estes se dediquem ao desenvolvimento da empresa a tempo inteiro. O outro são os

"Vales Incubação", um envelope

de 5 mil euros que as stort--ups poderão usar em serviços prestados por incubadoras certificadas pelo IAPMEI. Esta medida, cujas candidaturas estarão abertas até ao final do ano através do serviço "Balcão

2020" (que pode ser acedido pelo site www.portuga12020.pt) terá uma dotação de 10 milhões

de euros. Em conjunto com as demais, esta iniciativa faz parte de um pacote de estímulo ao empreendedorismo e inovação

no valor de 300 milhões de euros. A FORBES sabe também que até ao final do ano será aprovada mais uma medida de

financiamento a start-ups com vista a conseguir captar a atenção de grandes fundos estrangeiros,

para que as start-ups nacionais

possam ter acesso a investidores com reconhecido know-how em

diferentes áreas.

"NÃO SABEMOS ATÉ ONDE A CHAU PODE IR, MAS ACREDITO QUE PODE CHEGAR A BOLSA. SE APARECER UMA EMPRESA A QUERER ADQUIRIR-NOS, LOGO SE VÊ. MAS, PARA JÁ, AINDA TEMOS MUITO QUE CRESCER", DIZ JAIME,

A grande oportunidade Não há dúvidas de que a reali-zação da Web Summit em Por-tugal nos próximos três anos será benéfica e lucrativa pa-ra o país. De caras, o investi-mento de 1,3 mil milhões de euros realizados pelas entidades pú-blicas envolvidas no processo irá gerar um impacto imediato na economia de aproximadamente 175 milhões de euros, com par-ticular Influência na hotelaria, na restauração, na aviação e até no Imobiliário. A este montante, terá de se somar um valor ainda maior no médio a longo prazo, como explica Leonardo Mathias, ex-secretário de Estado da Economia, responsável pelo processo de candidatura de Portugal a anfitrião da Web Summit: "é o im-pacto que pode produzir na sociedade, no tecido empresarial e no sistema de educação". Só o facto de a cimeira vir a realizar-se

CASAMENTO FELIZ A proximidade do mundo das start-ups com o poder político

é muito grande. Sobretudo depois de Lisboa ter ganho a Web

Summit para os próximos três anos. Por vezes, o tema chega

a ser utilizado nos discursos políticos como a salvação que a economia nacional tanto precisava. Foi isso que também

ficou bem patente no discurso dos políticos que participaram no "Road 2 Web Summit", um evento realizado em Outubro

com vista a antecipar a Web Summit em Lisboa. O primeiro-ministro António Costa e o ministro da Economia Manuel

Caldeira Cabral fizeram questão de frisar que a aposta na criação

de um ecossistema de empresas

inovadoras é uma aposta

em Lisboa nos próximos três anos já atraiu para a capital incu-badoras e aceleradoras estrangeiras como a Second Home, por exemplo, e o objectivo é que atraia também investidores, mento-res e empreendedores.

Apesar das boas perspectivas, é importante não esquecer que tal como a Codacy, o ecossistema nacional ainda está em modo start-up. No caso da empresa fundada por Jaime e João, os 1,1 mi-lhões de euros angariados no ano passado deram-lhe mais es-paço para crescer. "Não sabemos até onde a Codacy pode ir, mas acredito que pode chegar ã Bolsa. Se aparecer uma empresa a querer adquirir-nos, logo se vê. Mas, para já, ainda temos muito que crescer", diz Jaime.

Quase dois anos depois do pitch realizado em Dublin, a Co-dacy conseguiu vender o seu software de "correcção ortográfi-ca de código" a cerca de duas centenas de clientes, como a Ado-by, Schneider Electric, ING Groep, Accenture e Autodesk. Na se-

mana em que FORBES falou com os fundadores, Jaime ti-nha acabado de regressar dos EUA onde tinha fechado negócio com mais uns quantos clientes. "lá temos alguns contratos de cinco e de seis dígitos, e se tu-do correr bem deveremos en-cerrar o ano com 1 milhão de euros de volume de negócios", adianta Jaime. Agora é a vez de Portugal fazer o seu pttch para ganhar um lugar entre os maio-res hubs mundiais de empreen-dedorismo e ocupar o lugar que deseja na revolução tecnológi-ca que está em curso.

Como diz Carlos Oliveira da Startup Braga, "ter cá a Web Summit é um ganho evidente e efectivo ao nível do marke-ting externo do nosso pais, mas é preciso saber aproveitá-lo".

A presença das mais altas figuras do

Governo e da Camara Municipal de

Lisboa no evento de lançamento da Web

Summit demonstra a importãncia que a

cimeira tem para o desenvolvimento do

ecossitema. da economia nacional e da notoriedade da cidade de Lisboa.

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Não sabemos até onde a Codacy pode ir. mas acredito que pode chegar a Bolsa-. refere Jaime Jorge, fundador da empresa.

EM DESTAQUE

28 A caminho

de uma revolução Lisboa tem ganho terreno no ecossistema do

empreendedorismo mundial, e a prova de que já

ninguém lhe é indiferente é a realização da Web

Summit na capital portuguesa já este mês. Jaime

Jorge e a Codacy venceram em 2014 os Beta Awards,

na maior conferência tecnológica do mundo e com

isso entraram em grande no mundo mitológico

das start-ups. São um dos maiores exemplos do

ecossistema de start-ups que tanto tem crescido nos

últimos anos. Mas há mais. Descubra esta e outras

24 empresas portuguesas que prometem seguir pelo mesmo caminho da Codacy.

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"A WEB SUMMIT VAI TER UM IMPACTO TREMENDO EM LISBOA PADDY COSGRAVE Co- fundador da maior cimeira tecnológica do mundo

W EB SUMMIT

SONHAR ALTO Jaime Jorge e a Codacy foram as maiores estrelas da Web Summit em 2014.

Agora é a vez de Portugal brilhar. Os dados estão lançados e não há margem para erros.

25 START-UPS OS MILHÕES í AS MELHORES PARA TER DEBAIXO DO CAPITAL INCUBADORAS

DE OLHO DE RISCO DO PAÍS