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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE MARCELO SZOSTAK SOLUÇÃO TECNOLÓGICA PARA MEDIÇÃO E AVALIAÇÃO DE ÍNDICES PROGNÓSTICOS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA EM SAÚDE CURITIBA 2005

Dissertacao Marcelo Szostak · 2020. 3. 10. · indices (Metraton Project) consists in indices concept abstraction applied for therapy intensive units. Through the generation of scores,

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  • PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

    CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

    MARCELO SZOSTAK SOLUÇÃO TECNOLÓGICA PARA MEDIÇÃO E AVALIAÇÃO DE

    ÍNDICES PROGNÓSTICOS

    DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA EM SAÚDE

    CURITIBA 2005

  • MARCELO SZOSTAK

    SOLUÇÃO TECNOLÓGICA PARA MEDIÇÃO E AVALIAÇÃO DE ÍNDICES PROGNÓSTICOS

    Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia em Saúde da Pontifícia Universidade do Paraná como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Tecnologia em Saúde. Área de Concentração: Informática em Saúde Orientador: Prof. Dr. João da Silva Dias Co-orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Von Bahten

    CURITIBA 2005

  • ii

  • iii

    Marcelo Szostak

    Solução Tecnológica para Medição e Avaliação de Índices Prognósticos,

    Curitiba, 2005.

    Dissertação – Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Programa de

    Pós-Graduação em Tecnologia em Saúde.

    1. Índices Prognósticos 2. Informática em Saúde 3. Unidade de Terapia

    Intensiva 4. Sistema de Apoio à decisão 5. Evolução Clínica.

    Universidade Católica do Paraná. Centro de Ciências Biológicas e da

    Saúde e Programa de Pós-Graduação em Tecnologia em Saúde.

  • iv

  • v

    Aos meus pais, Boguslaw Szostak e Maria Rosi Vaccari Szostak e minha esposa, Sandra Marcia Grabias Szostak, pelo apoio e pela compreensão dos inúmeros momentos dedicados a este trabalho.

  • vi

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço a Deus pela oportunidade de obter conhecimento e sabedoria

    para poder utilizá-lo.

    Ao professor Dr. João da Silva Dias, orientador desta dissertação, pelo

    incentivo e constante apoio, orientação e inúmeras sugestões e contribuições a

    essa pesquisa.

    Ao professor Dr. Luiz Carlos Von Bahten, co-orientador dessa pesquisa,

    pelas orientações.

    Aos especialistas Dr. Luciano Machado e Dr.ª Gláucia, pelas inúmeras

    validações e apoio apresentado.

    Aos meus pais por todos os sacrifícios que fizeram para me conceder

    muito mais do que eles jamais puderam ter.

    A minha esposa Sandra Szostak, pela paciência, compreensão e

    incentivo nos momentos difíceis.

    Ao amigo Fernando Camargo Alves pelos “pixiru que carpimo junto”, em

    constante “bubuiação” na busca dos nossos objetivos. Agradeço a sua amizade e

    companheirismo.

    Enfim agradeço aos meus familiares e a todas as pessoas que de alguma

    forma contribuíram para a realização desta pesquisa.

    Muito Obrigado.

  • vii

    SUMÁRIO

    Lista de Figuras............................................................................................... ix

    Lista de Tabelas ............................................................................................... x

    Resumo............................................................................................................ xi

    Abstract........................................................................................................... xii

    1 – Introdução................................................................................................... 2

    1.1 – Objetivos.................................................................................................... 5 1.1.1 - Objetivo Geral ...................................................................................... 5 1.1.2 - Objetivos Específicos........................................................................... 5

    1.2 - Motivação / Justificativa.............................................................................. 6 1.3 – Estrutura do Trabalho ................................................................................ 6

    2 – Fundamentação Teórica ............................................................................ 9

    2.1 - Índices Prognósticos................................................................................... 9 2.1.1 - Utilização de Índices Prognósticos......................................................11 2.1.2 - Índice de Falência Múltipla de Órgão..................................................12 2.1.3 - Índices de Gravidade ..........................................................................13 2.1.4 - Escala de Coma da Glasgow..............................................................14 2.1.5 - Classificação de GRAVIDADE de Doença – APACHE II ....................15 2.1.6 - Índice do Risco de Mortalidade Pediátrica – PRISM II........................21 2.1.7 - Escore do PSI Modificado para pacientes Neonatais .........................25 2.1.8 - SOFA - Avaliação Seqüencial de Falência Orgânica ..........................27 2.1.9 - Índice de Parsonnett ...........................................................................29

    2.2 - Sistemas de Apoio a Decisão....................................................................31 2.2.1 - Utilização de sistema de apoio a decisão ...........................................32 2.2.2 - Tratamento da Incerteza em Sistema de Apoio a Decisão .................32 2.2.3 - Vantagens e Desvantagens da utilização de um Sistema de apoio a decisão...........................................................................................................34 2.2.4 - Sistemas Baseados em Conhecimento para Saúde...........................36

    2.3 - Análises Estatísticas..................................................................................37 2.4 - Diagnóstico e Prognóstico .........................................................................38

    3 – Metodologia .............................................................................................. 41

    3.1 - Fábrica de Índices Prognósticos................................................................41 3.1.1 – Características comuns entre Índices Prognósticos...........................43 3.1.2 - Variáveis Fisiológicas..........................................................................43 3.1.3 - Atribuição de valores pré-definidos para Variáveis do Índice..............44 3.1.4 - Categoria Diagnóstica.........................................................................44 3.1.5 - Algoritmos para cálculo de escores prognósticos ...............................44 3.1.6 - Registro de faixas e fator de risco para medições prognóstica...........45 3.1.7 - Alertas Médicos...................................................................................45

    3.2 - Comparador de Casos...............................................................................46 3.2.1 - Obtenção de bases de dados para aplicação dos padrões ................46 3.2.2 - Definição dos padrões para registro de Base de Casos .....................47 3.2.3 - Aplicação comparativa do caso atual com a base de casos ...............48

  • viii

    3.3 - Solução Tecnológica para Avaliação de Índices Prognósticos..................50 3.3.1 - Implementação e aplicação de filtro para obtenção de casos na Santa Casa de Misericórdia......................................................................................51 3.3.2 - Implementação e aplicação de filtro para obtenção de casos no Hospital Universitário Cajuru..........................................................................52

    3.4 - Análise da Evolução Clínica do Paciente ..................................................52 3.4.1 - Tomada de Decisão ............................................................................53

    3.5 - Índices utilizados na validação da Fábrica de Índices ...............................53

    4 – Resultados................................................................................................ 56

    4.1 - Análise da filtragem de informações para a geração de Base de Casos...56 4.2 - Validação da Fábrica de Índices Prognósticos ..........................................57

    4.2.1 - Implementação de um Sistema Piloto.................................................58 4.2.2 - Utilização do sistema piloto por Médicos Intensivistas........................58 4.2.3 – Validação das Funcionalidades de comparação do sistema..............59

    4.3 - Sistema Metraton - Edição de um Índice Prognóstico ...............................59 4.3.1 - Registro de Variáveis ..........................................................................61 4.3.2 - Registro de Categoria Prognóstica .....................................................62 4.3.3 - Registro de Algoritmo..........................................................................63 4.3.4 - Registro do Fator de Risco .................................................................64 4.3.5 - Registro de Alertas..............................................................................65 4.3.6 - Editor de Base de Casos ....................................................................66

    4.4 - Sistema Metraton - Utilização de um Índice Prognóstico...........................67 4.4.1 - Geração do escore..............................................................................67 4.4.2 - Alertas Médicos...................................................................................68 4.4.3 - Comparação de Casos após a geração do escore .............................69

    4.5 - Sistema Metraton - Evolução Clínica.........................................................71 4.5.1 - Apresentação das medições realizadas..............................................71 4.5.2 - Registro da evolução diária do paciente .............................................72 4.5.3 - Utilização da base de casos para comparação da medição ...............73

    4.6 – Dificuldades ..............................................................................................74

    5 – Conclusões............................................................................................... 77

    5.1 – Trabalhos Futuros.....................................................................................79

    6 – Referências Bibliográficas ...................................................................... 80

    7.0 – Anexos ................................................................................................... 84

    7.1 - PORTARIA Nº 3432 12 DE AGOSTO DE 1998 – ministério da saúde .....84

  • ix

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Contingência e Alta disponibilidade entre servidores............................36 Figura 2 - Gráfico relacionado paciente e óbitos em um período de 25 dias ........38 Figura 3 - Esquema de funcionamento da Fábrica de Índices Prognósticos.........42 Figura 4 - Padrão e exemplo de uma base de casos (baseando-se no escore) ...47 Figura 5 - Padrão e exemplo de uma base de casos (baseando-se no escore e variáveis) ...............................................................................................................47 Figura 6 – Comparador de Casos .........................................................................49 Figura 7 – Validação dos prognósticos informados pelo sistema..........................49 Figura 8 - Interação da Fábrica de Índices com a Escala de Coma de Glasgow ..51 Figura 9 - Interação da Fábrica de Índices com a Escala APACHE II...................52 Figura 10 - Editor de Índice Prognóstico ...............................................................60 Figura 11 - Registro de variáveis...........................................................................61 Figura 12 - Registro de Categoria Diagnostica......................................................62 Figura 13 - Registro de Algoritmo..........................................................................63 Figura 14 - Registro do Fator de Risco .................................................................64 Figura 15 - Registro de Alertas Médicos ...............................................................65 Figura 16 - Editor de Base de Casos ....................................................................66 Figura 17 - Medição Prognóstica...........................................................................68 Figura 18 - Envio de Alertas Médicos....................................................................69 Figura 19 - Comparação de casos baseado nas variáveis....................................70 Figura 20 - Visualização das Medições na Evolução Clínica ................................71 Figura 21 - Registro de Evolução Clínica ..............................................................72 Figura 22 - Comparação de Casos na Evolução Clínica.......................................73

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 – Tipos de Variáveis nos sistemas de quantificação da disfunção (falência múltipla de órgãos) [20]. .........................................................................12 Tabela 2 - Escala de Coma de Glasgow ...............................................................14 Tabela 3 - Nível de Consciência............................................................................15 Tabela 4 – Classificação de GRAVIDADE de Doença - APACHE II [7] ................15 ( A ) Parâmetros fisiológicos..................................................................................15 Tabela 5 - Classificação de GRAVIDADE de Doença - APACHE II [7] .................16 Tabela 6 - Classificação de GRAVIDADE de Doença - APACHE II [7] .................17 Tabela 7 - Categoria Diagnóstica para Pacientes Não-cirúrgicos [7] ....................18 Tabela 8 - Categoria Diagnóstica para Pacientes Cirúrgicos [7] ...........................20 Tabela 9 – Escore Pediátrico do Risco de Mortalidade - PRISM II [7] ..................22 Tabela 10 - Condição Ciruúrgica [7]......................................................................24 Tabela 11 - PSI Modificado para pacientes Neonatais [7].....................................26 Tabela 12 - Avaliação Sequencial de Falência Orgânica [19] ...............................28 Tabela 13 – Variáveis e respectivas pontuações utilizadas pelo Índice de Parsonnett [8] ........................................................................................................31 Tabela 15 – Quantidade de Dados obtidos junto aos Hospitais ............................57

  • xi

    RESUMO

    Uma solução tecnológica para medição e avaliação de índices prognósticos

    (Projeto Metraton) consiste na abstração do conceito de índices aplicados a

    unidades de terapia intensiva. Através da geração de escores, médicos

    intensivistas podem criar métricas para avaliar seus pacientes e até mesmo a

    eficiência de determinados índices na UTI. Com o objetivo de fornecer uma

    solução genérica e diferenciada para os médicos foi desenvolvida uma fábrica de

    índices, através dessa proposta torna-se desnecessário o desenvolvimento de

    softwares individuais para tratar individualmente cada índice prognóstico. Para

    atingir os resultados foi abstraído o conceito de índice prognóstico e modelado em

    conjunto com médicos intensivistas do Hospital Universitário Cajuru e Santa Casa

    de Misericórdia, ambos em Curitiba (Paraná). Foram modeladas três etapas,

    sendo respectivamente a Fábrica de Índices, um mecanismo para o

    aproveitamento de bases de dados existentes, com a criação de bases de casos

    dentro do sistema e a estratégia de migração dos dados dos hospitais para as

    bases do Metraton. Com os estudos realizados a solução tornou-se um sistema

    aplicável ao meio profissional e acadêmico na utilização e estudo de índices

    prognósticos. Foram obtidos aproximadamente 31.000 registros referentes à

    escala de coma de Glasgow, 730 do APACHE II e 500 registros referentes ao

    índice Parsonnett. Foram estudados ainda os índices SOFA, PRISM II e PSI

    Modificado. Para validar o sistema foram utilizados dados reais obtidos nas

    próprias bases de dados compartilhadas pelos hospitais. Com isso foi possível

    desenvolver um sistema piloto para viabilizar a idéia de Fábrica de Índices

    Prognósticos. Foram utilizados na comparação de casos no momento da análise

    da Evolução Clínica, 300 registros reais referentes ao índice Glasgow onde foram

    obtidos 75% de acerto nos prognósticos de alta sem óbito da unidade. Esse

    percentual pode ser melhorado com aplicação de técnicas de IA com futuras

    continuações do estudo. Portanto, o projeto Metraton apresentou neste estudo

    uma solução consistente que pode ser empregada em unidades de terapia

    intensiva contribuindo para o avanço cientifico na busca de melhores resultados

    no tratamento de pacientes.

    Descritores: Informática Médica, UTI, Evolução Clinica, Índices Prognósticos.

  • xii

    ABSTRACT

    A technological solution for measurement and evaluation of prognostics

    indices (Metraton Project) consists in indices concept abstraction applied for

    therapy intensive units. Through the generation of scores, doctors can create

    metric to evaluate their patients and the efficiency of determined ICU indices. It

    was developed an indices factory witch the main objective is to supply a generic

    and differentiated solution. Through this proposal becomes unnecessary the

    individual software development for each index prognostic. To reach the results

    the index concept was abstracted and designed with the participation of doctors at

    work in University Cajuru Hospital and Santa Casa de Misericórdia Hospital both

    situated in Curitiba city (Paraná – Brazil). The project was designed in three

    stages (i) creation of indices factory, (ii) a mechanism for reusing existing

    databases, (iii) the migration strategy of data hospital to Metraton bases. The

    solution is applicable in professional and academic environments. It was obtained

    31.000 registers referring the Glasgow scale, 730 registers referring the APACHE

    II scale and 500 registers referring the Parsonnett scale. It was studied others

    indices such as SOFA, PRISM II e PSI Modified. The system validation was

    realized with real data obtained in the hospital databases. The Metraton project

    has presented a consistent solution that can be applied for intensive care unit

    contributing to the science advance in search of the better result in the treatment

    of patients.

    Key-words: Medical Computer science, ICU, Clinical Evolution, Prognostic Indexes.

  • 1

    1. INTRODUÇÃO

  • 2

    1 – INTRODUÇÃO

    A área de saúde atualmente é um dos maiores alvos da aplicação de

    soluções tecnológicas para informatização de ambientes hospitalares [28]. O

    estudo da área é interessante para aplicações acadêmicas e profissionais,

    principalmente devido à quantidade e complexidade dos setores que ainda

    precisam ser informatizados.

    Existem fatores determinantes para a informatização de um ambiente

    hospitalar, devido a isso é necessário avaliar custos, prioridades e o real benefício

    que a solução desenvolvida trará para o Hospital. Outra razão é em função do alto

    custo de equipamentos biomédicos, sendo natural o interesse do corpo clínico em

    aproveitar ao máximo os recursos existentes [28].

    Algumas soluções podem ser empregadas para o melhor aproveitamento

    de um recurso hospitalar como a interação entre os equipamentos da unidade e

    softwares para o gerenciamento funcional e ao apoio a decisão médica.

    Esse trabalho contempla a aplicação de uma solução para Unidade de

    Terapia Intensiva (UTI1), interagindo a medicina com a tecnologia através da

    utilização de Índices Prognósticos em um sistema de apoio a decisão.

    Em 12 de agosto de 1998, através da Portaria número 3432, referente ao

    estabelecimento de critérios de classificação para as Unidades de Tratamento

    Intensivo, o Ministério da Saúde apresentou um anexo com as determinações

    para a caracterização e padronização das unidades [Anexo item 7.1].

    É importante destacar o artigo 2º onde consta que as Unidades de

    Tratamento Intensivo são classificadas em tipo I, II ou III. A partir do vigor da

    portaria, todas as unidades cadastradas pelo SUS (Sistema Único de Saúde),

    inicialmente passaram a ser do tipo I. Sendo determinado para que as unidades

    que comprovassem o cumprimento das especificações contidas no anexo da

    Portaria pudessem ser credenciadas pelo gestor nos tipos II ou III, de acordo com

    a necessidade de assistência da localidade onde estão inseridas [Anexo item 7.1].

    1 UTI - Serviço médico especialmente preparado para proporcionar cuidados médicos e de enfermagem contínuos de alta qualidade a pacientes que se encontra em situação crítica, devido à doença grave, traumatismo ou cirurgia. A UTI deve contar com equipamentos sofisticados para monitorização permanente e para reanimação. Essa unidade é geralmente especializada para determinados tipos de pacientes: recém-nascidos, pneumologia, cardiologia, neurologia, traumatologia. Inglês (ICU) INTENSIVE CARE UNIT. [27]

  • 3

    No Anexo 3 da portaria, consta a determinação para que uma UTI torne-se

    do tipo III, é necessário que as unidades de tratamento intensivo atendam os

    requisitos exigidos para obter o tipo II (ver anexo no item 7.1) e alguns outros

    requisitos, entre eles o anexo 3.2.

    O Anexo 3.2 refere-se à avaliação através de índices prognósticos. Os

    índices mencionados na portaria são APACHE II (Adulto), PRISM II (Pediátrica) e

    PSI Modificado (Neonatal).

    O encaminhamento do paciente para uma UTI está baseado na

    classificação etária do paciente e no sintoma constatado, sendo que as unidades

    são classificadas por tipo Neonatal (0 a 28 dias), Pediátrica (28 dias a 14 ou 18

    anos), Adulta (maiores de 14 ou 18 anos) e Especializada (Voltada para pacientes

    atendidos por determinada especialidade ou pertencentes a grupo específico de

    doenças).

    As UTIs são destinadas ao atendimento de pacientes graves ou de risco

    que dispõem de assistência médica e de enfermagem ininterruptas, com

    equipamentos específicos próprios, recursos humanos especializados e que

    tenham acesso a outras tecnologias destinada ao diagnóstico e terapêutica.

    Para utilizar recursos tecnológicos com a finalidade de informatizar por

    completo uma UTI são necessários muitos equipamentos e softwares. A unidade

    de terapia intensiva, como toda estrutura organizacional necessita que exista um

    centralizador dessas soluções. Devido a esse fator, foi desenvolvido um Sistema

    Gerenciador de Informações para UTI (denominado Ganesh2) [9, 10, 11, 12, 13],

    que abstrai em suas funcionalidades todo o controle de prontuário, cuidados e

    procedimentos médicos, prescrição de medicamentos e o acompanhamento da

    evolução clínica dos pacientes.

    Através do Ganesh foi possível observar a complexidade do ambiente da

    UTI e constatar que cada funcionalidade do sistema poderia ser desenvolvida

    como um módulo independente e inserido no contexto do sistema. Partindo desse

    principio originou-se o objetivo desse trabalho, denominado Metraton3, uma

    solução tecnológica para medição e avaliação de Índices Prognósticos.

    2 Ganesh – Segundo a mitologia hindu, Ganesh é filho de Shiva, e seu significado é aquele que derruba os obstáculos. 3 Metraton – Diz respeito aos anjos Serafins que estão próximos de Deus, e seu significado é aquele que governa em benefício dos habitantes da terra, em hebraico significa reis dos Anjos. Como em um sistema gerenciador de informações para UTI, as funcionalidades relacionadas a índices prognósticos são fundamentais o sistema assim foi denominado.

  • 4

    Os Índices Prognósticos são empregados em UTI para obter melhores

    níveis de qualidade buscando melhorar o tratamento dos pacientes. Podem

    fornecer informações aos médicos que contribuam na diminuição de custos e

    criação de métricas para especialização de uma UTI, contribuindo ainda através

    de um melhor encaminhamento do paciente conforme o seu estado clínico, ou

    seja, o direcionamento acontece para a unidade que melhores resultados tenham

    obtido com tratamento de uma determinada doença. Após a análise de um

    conjunto de variáveis e a experiência do médico intensivistas, os índices podem

    apresentar estimativas dos dados, como o tempo de permanência e o risco de

    óbito do paciente [4].

    Um dos principais problemas encontrado atualmente é a forma como os

    Índices são utilizados. No Brasil a maior parte das UTIs não possuem meios

    informatizados e devido a complexidade de alguns cálculos preferem não calcular

    manualmente os Índices Prognósticos [4].

    As unidades que utilizam um software não têm muitos recursos nessa

    solução desenvolvida, contando apenas com a implementação da Escala de

    Coma de Glasgow e a Escala APACHE II, assuntos esses detalhados ao longo do

    documento. Essas duas escalas são aplicáveis a UTI Traumatológica, e não

    atenderiam, por exemplo, uma UTI Cardiológica, sendo necessário solicitar para a

    fornecedora do software a análise e implementação de um novo índice conforme

    o perfil e necessidade da UTI.

    Outro problema é o mau aproveitamento das informações registradas nas

    bases de dados do sistema, não existindo uma análise ou trabalho de utilização

    do conhecimento armazenado.

    É comum encontrar em sistemas de informação utilizados em UTI, o

    modelo de análise de Evolução Clínica como uma funcionalidade separada dos

    Índices Prognósticos.

    Apesar do fato de que esse modelo é aplicável para qualquer UTI, seja

    pelo Ganesh ou por qualquer outro sistema, existe a necessidade de aperfeiçoar

    e propor um modelo mais dinâmico que permita ao médico intensivista ter um

    conjunto maior de informações para analisar e se apoiar na tomada de decisão.

  • 5

    1.1 – OBJETIVOS

    Esse trabalho apresenta uma solução para o apoio a decisão através da

    medição e avaliação de índices prognósticos envolvendo os profissionais de

    saúde que compõem o corpo clínico de uma Unidade de Terapia Intensiva.

    O Metraton abstrai o conceito de Índices Prognósticos em um único

    sistema, criando assim uma fábrica. Através desse modelo, médicos intensivistas

    ficam isolados da complexidade de solicitar uma nova análise e implementação

    de funcionalidades para um analista de sistema, cuja responsabilidade ficou em

    dar manutenção na fábrica de índices e o treinamento para que os profissionais

    do corpo clínico da unidade consigam utilizar o aplicativo para registrar os índices

    prognósticos e suas características no sistema.

    1.1.1 - OBJETIVO GERAL

    O objetivo geral é conceber um sistema de apoio à tomada de decisão

    médica através da implementação de uma fábrica de índices prognósticos.

    1.1.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    Dentre os objetivos específicos destacam-se os seguintes:

    - Abstrair o conceito de Índices Prognósticos, identificando os pontos

    comuns a serem modelados através do levantamento de requisitos;

    - Propor uma forma de aproveitamento de bases de dados já existentes e

    em utilização por outros sistemas para criação de bases de casos a serem

    incluídas nas situações onde ocorrem comparações entre o caso atual com os

    anteriores para permitir um maior percentual de acerto quanto ao apoio nas

    tomadas de decisão do médico intensivista;

    - Mostrar através de um sistema piloto um conceito de implementação de

    software que permita aos próprios médicos intensivistas uma menor interação

    com profissionais de informática após a implantação do sistema. Criando,

    utilizando e avaliando índices prognósticos, assim como apresentando as

    medições juntamente com a análise da evolução clínica do paciente.

  • 6

    1.2 - MOTIVAÇÃO / JUSTIFICATIVA

    A principal motivação que originou a idéia para o estudo referente à

    construção de um fábrica de Índices Prognósticos foi à necessidade de utilização

    destas funcionalidades em um sistema de informação ligadas a tomada de

    decisão médica.

    No desenvolvimento do projeto Ganesh, sistema gerenciador de

    informações para UTI, foram implementados os índices Glasgow e APACHE II

    para atender a necessidade imediata encontrada na UTI do Hospital Universitário

    Cajuru (Curitiba/PR). Porém, foi constatada a necessidade de desenvolver novos

    índices para atender a outras UTIs em Hospitais diferentes, como foi o caso da

    Santa Casa de Misericórdia (Curitiba/PR), onde o APACHE II tem menor utilidade

    devido as características da unidade serem diferentes da unidade do Cajuru. A

    Santa Casa possui uma UTI Cardiológica (tipo III) e o Cajuru uma UTI

    Traumatológica (tipo III).

    Outro fator importante que motivou o desenvolvimento desta pesquisa está

    ligado à última portaria do Ministério da Saúde que estabeleceu tipos (I, II ou III)

    para classificação das UTIs. Entre os requisitos para que a uma unidade seja

    elevada a um nível superior está a utilização de índices prognósticos.

    A abstração dos índices prognósticos provida por este modelo permite que

    o próprio médico intensivista registre, homologue e implante novos índices, sem a

    intervenção de um analista de sistemas e sem implementação adicional de nova

    funcionalidade no sistema. Essa facilidade pode ser implementada de forma

    rápida, segura e consistente sem custos adicionais no desenvolvimento de

    software.

    1.3 – ESTRUTURA DO TRABALHO

    Este trabalho está estruturado em 5 capítulos sendo respectivamente a

    introdução, fundamentação teoria, a metodologia utilizada, os resultados obtidos e

    as conclusões.

    Na introdução são detalhados os problemas o objetivo e a motivação para

    a realização da pesquisa.

    Na fundamentação teórica estão os índices prognósticos, dando maior

    ênfase aos índices em que os médicos intensivistas validaram e foi possível obter

  • 7

    bases de dados. Tratam-se dos índices: Escala de Coma de Glasgow, APACHE

    II, PRISM II, PSI Modificado, SOFA e Parsonnett.

    Na metodologia são apresentados os modelos que serviram de ferramenta

    para abstrair os conceitos de índice prognóstico junto aos médicos intensivistas,

    são apresentadas a fábrica de índices, o comparador de casos e a estratégia de

    aproveitamento das bases de dados.

    Nos resultados são apresentados os detalhes de um sistema piloto

    construído a partir dos requisitos fornecidos através de consulta a literatura e

    validação dos profissionais de saúde. Foram ainda aplicados dados reais como

    forma de utilização do sistema.

    Na conclusão são informados os comentários referentes aos resultados

    obtidos e as justificativas baseadas nos objetivos específicos detalhados na

    Introdução.

  • 8

    2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

  • 9

    2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

    A pesquisa realizada para entendimento e efetivação dos objetivos do

    projeto Metraton envolveu a pesquisa de assuntos relacionados à área de saúde

    e informática. Para a compreensão do contexto do sistema foram estudados os

    Índices Prognósticos, dando ênfase para os índices utilizados para a validação da

    proposta, tratam-se da Escala de Coma de Glasgow, APACHE II, PRISM II, PSI

    Modificado, SOFA e Parsonnett. Consta ainda o embasamento teórico para

    justificar a construção de um sistema de apoio à decisão através de análise

    estatística, preparando o sistema para estudos da base de dados.

    2.1 - ÍNDICES PROGNÓSTICOS

    Os índices prognósticos são ferramentas de avaliação para obter métricas

    de acompanhamento da evolução clínica de um paciente e qualidade de uma

    determinada UTI, podendo utilizar-se de comparações para o tratamento de

    pacientes através de estudos [1]. Referem-se a valores matemáticos ou

    estatísticos, quantificados por escores numéricos, que variam de acordo com a

    gravidade das lesões resultantes do traumatismo. Os índices podem ser

    classificados em três grupos: fisiológicos, anatômicos e mistos [2, 3, 4].

    Os objetivos dos índices de prognósticos estão ligados à evolução clínica

    do paciente, medição das alterações fisiológicas e identificação anatômica,

    orientação da triagem, prognóstico incluindo risco de óbito, padronização,

    melhoria no atendimento, estudos e até mesmo campanhas para prevenção de

    violência [4].

    A prática de avaliar e quantificar a gravidade em doenças por médicos

    intensivistas através de Índices Prognósticos iniciou em 1981 com a publicação

    do Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE) [5, 6], que

    descreveu a avaliação da gravidade e prognóstico de pacientes em UTI.

    As razões que justificaram esse fato estão na natureza probabilística dos

    instrumentos existentes, que fornecem informações acerca da probabilidade de

    um determinado acontecimento. Assim como o fato de serem baseados no grau

    de disfunção fisiológica avaliando o paciente no ato da admissão ou nas 24 horas

    de internamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo incapazes de

  • 10

    acompanhar a evolução da gravidade do processo fisiopatológico. Esses fatores

    dificultaram a utilização de índices prognósticos como uma ferramenta de apoio à

    decisão clínica em tempo real, ou seja, interligada ao leito [1, 6].

    No contexto de sistemas gerenciadores de informações para UTI, uma

    solução para fornecer a medição de escores para avaliação de prognósticos

    surge como um instrumento para o acompanhamento de pacientes ao longo do

    internamento. Assumindo que os processos fisiopatológicos do paciente crítico

    são dinâmicos, dependentes da evolução da doença de base, das suas

    conseqüências nos vários órgãos e sistemas, da resposta à terapêutica e do

    aparecimento de complicações [1].

    Algumas das razões e motivações para utilização de índices em UTI são

    descritos a seguir [1, 4, 5, 6, 8]:

    - A avaliação repetitiva da presença, gravidade e número de disfunções

    (falências de órgão);

    - A avaliação repetida do grau de disfunção fisiológica, corrigida

    eventualmente para a presença e grau de disfunções (falência de órgão);

    - O desenvolvimento de índices destinados à avaliação repetida do grau de

    lesão de um determinado órgão ou sistema, como o sistema nervoso central ou

    do aparelho respiratório;

    Apesar de existirem modelos e propostas de índices [4, 5, 7, 8] para a

    avaliação e monitorização de pacientes em estado crítico, nem todos os fatores

    foram contemplados devido à complexidade e insuficiência de dados para a

    validação. Em razão disso, a evolução do desenvolvimento da informática

    aplicada à saúde surge como uma forte alternativa para resolver alguns

    problemas, como o de armazenar os casos em uma base de dados [1].

    Com a avaliação e a integração de dados que estejam disponíveis junto a

    prontuários, bases de dados e até mesmo a experiência de especialistas, esses

    obstáculos podem ser ultrapassados com estudos como o que está sendo

    realizado no Projeto Metraton [13].

    A informática já possui métodos e conhecimentos, como utilização de

    técnicas de Inteligência Artificial, para analisar a complexidade de problemas da

    área médica.

    Porém, é necessário um processo de abstração desta complexidade e dos

    resultados obtidos. Um sistema de apoio à decisão nesse caso surge como

  • 11

    interface entre a medicina e a complexidade dos índices, para contribuir e

    acrescentar informações aos médicos na tomada de decisão quanto ao

    tratamento dos pacientes em Unidade de Terapia Intensiva [10, 11].

    O estudo realizado para o projeto Metraton contemplou índices de falência

    múltipla de órgão [4, 14] e índices de gravidade [4, 14].

    A principal motivação para o estudo desses índices é a sua relação com o

    objetivo de desenvolver uma Fábrica de Índices Prognósticos, que visa atender a

    necessidade que é a utilização em UTI para a tomada de decisão no tratamento

    de pacientes.

    2.1.1 - UTILIZAÇÃO DE ÍNDICES PROGNÓSTICOS

    A utilização de índices geralmente prevê o prognóstico de uma paciente

    individualmente e deve ser analisado com extrema cautela. Foram realizadas

    revisões quanto a erros e limitações em possíveis pontos como utilização de

    variáveis e as bases matemáticas na qual se apóiam [1, 4].

    Para utilizar um determinado índice prognóstico os médicos intensivistas

    devem ter em mente que os percentuais fornecidos na medição final são

    probabilidades e não uma predição absoluta de que um determinado evento

    possa vir a ocorrer (óbito ou sobrevida) [1].

    Outros eventos igualmente importantes, como é a qualidade de vida, não

    são preditos. Os parâmetros que entraram no desenvolvimento do índice e a

    maneira como foram coletados (manualmente ou informatizados), devem ser os

    mesmos a serem utilizados para um paciente individual. Por exemplo: a presença

    de sedação pode impedir uma avaliação adequada do estado de consciência de

    um paciente e consequentemente diminuírem a precisão do cálculo do seu risco

    de morte. Foram também analisadas as possibilidades que podem surgir quanto

    aos métodos utilizados na validação dos índices e a capacidade de apresentar

    com clareza seus resultados [1, 4].

    Na análise de um conjunto de medições devem-se levar em consideração

    as características dos pacientes, não sendo recomendável a aplicação de índices

    para grupos diferentes de pacientes, ou seja, os critérios aplicados no tratamento

    de pacientes adultos não podem ser os mesmos para pacientes neonatais [1, 7].

  • 12

    Portanto, os índices prognósticos são mais uma ferramenta a ser utilizada

    pelos médicos quando se deparar com uma decisão difícil de limitação de

    tratamento ou na alocação de recursos escassos como são as vagas em UTI [1,

    4]. A melhor maneira de bem utilizar os índices prognósticos é conhecer as suas

    limitações [1].

    2.1.2 - ÍNDICE DE FALÊNCIA MÚLTIPLA DE ÓRGÃO

    Em 1985, foi publicado por William Knaus e colaboradores uma escala

    prática para a quantificação da Falência Múltipla de Órgão (FMO) [15]. Em 1995,

    foram publicados o Multiple Organ Dysfunction Score (MODS), por John Marshall

    e colaboradores [16], e no ano seguinte (1996), o Logistic Organ Dysfunction

    Score (LODS) por Jean-Roger Le Gall e colaboradores [17], assim como o

    Sequential Organ Failure Assessment (SOFA), desenvolvido em 1996 por um

    grupo de trabalho da Sociedade Européia de Cuidados Intensivos [18]. Estes

    índices podem ser baseados em variáveis fisiológicas ou terapêuticas (Tabela 1).

    TABELA 1 – TIPOS DE VARIÁVEIS NOS SISTEMAS DE QUANTIFICAÇÃO DA DISFUNÇÃO (FALÊNCIA MÚLTIPLA DE ÓRGÃOS) [20].

    Órgão/sistema Variáveis fisiológicas Variáveis terapêuticas Respiratório PaO2 / FiO2 Ventilação mecânica

    Nível de PEEP Cardiovascular Pressão arterial Uso de fármacos vasoactivos Renal Débito urinário

    Uréia sérica Creatinina sérica

    Uso de diálise

    Hematológico Plaquetas Leucócitos Hematócrito

    Uso de sangue e derivados

    Neurológico Escala de comas de Glasgow Uso de sedação

    Dentre os pontos comuns no desenvolvimento desses índices destacam-se

    [18]:

    - Capazes de descrever a disfunção crescente de órgãos individuais e de

    avaliar a FMO como um continuo de disfunção/falência de órgão em vez de um

    fenômeno binário (ausente/presente);

  • 13

    - Aplicados de modo repetitivo, dada a FMO não ser um fenômeno estático

    e o grau de disfunção variar com o tempo no decurso da evolução do processo

    patológico;

    - Constituídos por variáveis simples, objetivas e disponíveis por rotina em

    todas as UTI, independentes das características dos pacientes.

    Para a monitorização da evolução clínica do paciente, as medições devem

    ser aplicadas diariamente durante todo o internamento na UTI, podendo fornecer

    ao médico intensivista vários tipos de informação [19]:

    - A pontuação de admissão (condição do paciente na admissão na UTI);

    - A pontuação diária (soma das pontuações individuais dos vários órgãos e

    sistemas envolvidos na avaliação diária);

    - A pontuação máxima total (soma da pontuação máxima para cada órgão

    ou sistema avaliado durante todo o internamento);

    - A pontuação delta (diferença entre a pontuação máxima e a pontuação de

    admissão, refletindo o grau de disfunção / falência que apareceu após a admissão

    na UTI (Só pode ser calculado após a alta da unidade)).

    2.1.3 - ÍNDICES DE GRAVIDADE

    Os índices de gravidade estão associados ao grau de disfunção fisiológica

    ou na monitorização da evolução clínica de pacientes em UTI [5, 6].

    Na seqüência desse trabalho serão detalhados os principais índices

    utilizados na validação do estudo, entre eles o APACHE II. Utilizando esse índice

    René Chang [5] propôs a aplicação diária do grau de falência múltipla de órgão.

    Aplicando diariamente, pretendia identificar pela gravidade e duração da falência

    de órgão quais pacientes não apresentavam hipótese de sobrevivência. Este

    método foi proposto para diversos fins, como a seleção dos pacientes que já não

    se beneficiariam da alimentação parenteral total ou para a suspensão de

    tratamento ativo [6, 21]. A validação desta metodologia foi considerada

    insuficiente em estudos independentes [22] e acabou sendo abandonada.

    Posteriormente, Douglas Wagner e colaboradores, descreveram o

    APACHE III adaptado para a avaliação prognóstica durante os primeiros sete dias

    de internamento na UTI [23]. Este sistema leva em consideração o motivo de

  • 14

    internamento, a idade, o estado crônico de saúde, a terapêutica efetuada antes da

    admissão na Unidade, o grau de disfunção fisiológica à admissão na UTI, o grau

    de disfunção fisiológica no dia em análise e a diferença entre o grau de disfunção

    fisiológica nas últimas 24 horas [23]. Complexa e cara, esta metodologia nunca

    ganhou popularidade na Europa.

    Nos Estados Unidos, modelos similares utilizados no contexto de um

    sistema de prognósticos, chamado SUPPORT, dando às clínicas estimativas da

    probabilidade de mortalidade em médio prazo para algumas categorias de

    doentes, não se revelaram eficazes na melhoria dos cuidados [24].

    Uma extensão desta abordagem foi descrita por Jack Zimmerman e

    colaboradores para prever a necessidade de cuidados intensivos no dia seguinte,

    podendo ser aplicada no planejamento da alta [25].

    Mais recentemente, alguns pesquisadores propuseram a utilização repetida

    de índices de gravidade gerais, como o APACHE II [18] ou o SAPS II [19], para a

    monitorização da evolução clínica. Utilizando esta metodologia, observa-se um

    aumento ao longo do tempo do poder discriminativo dos instrumentos, ou seja,

    uma melhor capacidade para distinguir os pacientes sobreviventes dos falecidos.

    Para, além disso, a observação da tendência evolutiva do doente pode dar ao

    clínico importantes informações para a tomada de decisão.

    2.1.4 - ESCALA DE COMA DA GLASGOW

    Consiste na avaliação do funcionamento neuropsicológico. Baseia-se no

    nível de consciência do traumatizado e é comumente encontrado em UTIs [20].

    A Escala de Coma de Glasgow (Tabela 2) se dá a partir da informação

    sobre a abertura dos olhos, e na resposta motora e verbal. É uma escala prática

    para se avaliar a evolução do nível de consciência do paciente. Cada resposta do

    paciente corresponde a um número que somados irão mostrar o nível em que o

    paciente encontra-se no momento da avaliação.

    TABELA 2 - ESCALA DE COMA DE GLASGOW

    ABERTURA OCULAR RESPOSTA VERBAL RESPOSTA MOTORA

  • 15

    Espontânea (4 pontos) Orientado (5 pontos) Obedece a comandos (6 pontos)

    Estímulos verbais (3 pontos) Confuso (4 pontos) Localiza estímulos (5 pontos)

    Estímulos dolorosos (2 pontos) Palavras inapropriadas (3 pontos) Retirada não específica (4 pontos)

    Sons ininteligíveis (2 pontos) Padrão flexor (3 pontos)

    Padrão extensor (2 pontos)

    Ausente (1 ponto)

    Ausente (1 ponto)

    Ausente (1 ponto)

    O resultado desse índice pode variar entre 3 a 15 pontos, podendo ser

    classificado em grave, moderado e leve conforme tabela 3.

    TABELA 3 - NÍVEL DE CONSCIÊNCIA

    Trauma Pontuação

    Grave 3 a 8

    Moderado 9 a 12

    Leve 13 a 15

    2.1.5 - CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DE DOENÇA – APACHE II

    O APACHE II [5, 6, 7] é utilizado para avaliar a evolução clínica do

    paciente. Consiste no somatório dos escores de três classes A, B e C que

    representam, respectivamente:

    A = Escore atribuído aos piores desvios da normalidade de parâmetros

    fisiológicos;

    B = Escores atribuídos à idade do paciente;

    C = Escore atribuído a co-morbidade;

    Os escores das classes A, B e C são obtidos mediante aplicação das

    tabelas 4, 5 e 6, respectivamente:

    TABELA 4 – CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DE DOENÇA - APACHE II [7]

    ( A ) PARÂMETROS FISIOLÓGICOS

  • 16

    VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS

    +4 +3 +2 +1 0 +1 +2 +3 +4

    TEMPERATURA AXILAR (oC)

    > 38,5 38,1-38,4 37,6-38 37,1-37,5 36,5-37 36,1-36,4 35,7-36 35,3-35,6 < 35,2

    PAM (mmHg) ((PS-PD/3)+PD)

    > 160 130-159 110-129

    70-109

    50-69

    < 49

    FC (resposta ventricular)

    > 180 140-179 110-139

    70-109

    55-69 40-54 < 39

    FR (sob ventilação ou

    não)

    > 50 35-49

    25-34 12-24 10-11 6-9

    < 5

    OXIGENAÇÃO (mmHg) *

    FiO2 > 0.5 = A-aDO2 > 500 350-499 200-349

    < 200

    FiO2 £ 0.5 = PaO2

    > 70 61-70

    55-60 < 55

    pH ARTERIAL > 7.7 7,6-7,69

    7,5-7,59 7,33-7,49

    7,25-7,32 7,15-7,24 < 7.15

    Na sérico (mMol/L) > 180 160-179 155-159 150-154 130-149

    120-129 111-119 < 110

    K sérico (mMol/L) > 7 6,0-6,9

    5,5-5,9 3,5-5,4 3,0-3,4 2,5-2,9

    < 2.5

    CREATININA sérica (mg/100 ml)

    (dobro de pontos em IRA)

    > 3.5 2,0-3,4 1,5-1,9

    0,6-1,4

    < 0,6

    HEMATÓCRITO (%) > 60

    50-59,9 46-49,9 30-45,9

    20-29,9

    < 20

    LEUCÓCITOS (x 1000)

    (total/mm3)

    > 40

    20-39,9 15-19,9 3-14,9

    1-2,9

    < 1

    Escala de coma de Glasgow

    (pontos = 15 – ECG atual) *

    * Usar a fórmula aproximada PAO2= FiO2 x 713 -(PaCO2/0.8)

    TABELA 5 - CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DE DOENÇA - APACHE II [7]

    ( B ) Faixa etária do paciente

  • 17

    Faixa etária (anos) Escores atribuídos

    £ 44 0

    45 a 54 2

    55 a 64 3

    65 a 74 5

    ³ 75 6

    TABELA 6 - CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DE DOENÇA - APACHE II [7]

    ( C ) Insuficiência Orgânica

    Órgão ou Sistema com Insuficiência Orgânica ** PO *de Cirurgia Eletiva

    (escores)

    PO * de Cirurgia de Urgência ou

    Paciente não-cirúrgico (escores)

    Fígado Biópsia demonstrando cirrose e hipertensão porta documentada; passado de sangramentos gastrointestinais atribuídos a hipertensão; ou episódios prévios de insuficiência hepática/encefalopatia/coma.

    2 5

    Cardiovascular Classe IV, segundo a Associação de Cardiologia de Nova Iorque (New York Heart Association). 2 5

    Respiratório Doença restritiva crônica, obstrutiva crônica ou vascular resultando em severa restrição física, ou seja, paciente incapaz para subir escadas ou desempenhar tarefas domésticas, ou hipóxia crônica documentada, hipercapnia, policitemia secundária, hipertensão pulmonar severa (> 40 mmHg) ou dependência respiratória.

    2

    5

    Renal Recebendo tratamento dialítico crônico 2 5

    Imunocompromissado Paciente vem recebendo terapia que suprime sua resistência à infecções, ie, imunosupressores, quimioterapia, radiação, longa duração ou recente elevação de doses de esteróides, ou tem uma doença suficientemente avançada para suprimir sua resistência às infecções, ie, leucemia, linfoma, SIDA.

    2 5

    *PO = Pós-operatório ** A insuficiência orgânica ou estado imunocompromissado deve ser evidenciado previamente à admissão hospitalar e conforme os critérios citados na tabela.

    O cálculo do risco de óbito é obtido através de uma equação de regressão

    logística com o escore do APACHE II, uma constante (0,603 para pós-operatório

    de cirurgia de urgência) e um valor ponderal para categoria diagnóstica (Tabelas

    7 e 8) [5, 6, 7].

    Risco calculado de óbito:

  • 18

    ( ) CDPOUAPACHEIIR ++×+−= 146,0517,3

    Onde:

    R = Risco de Óbito

    APACHE II = Resultado da somatória dos valores de A + B + C, conforme

    tabelas citadas acima;

    CD = valor obtido através da tabela 7 ou 8;

    POU = Pós-Operatório de Urgência, se existir, o valor é 0,603, caso

    contrário é 0.

    Para estimar o número de óbitos predito para grupos de pacientes

    internados no período, deve-se calcular o risco para cada paciente (R). O

    somatório dos riscos individuais dividido pelo total de pacientes fornece o valor

    estimado. É possível estratificar os pacientes por faixa de risco e comparar o

    número de óbitos observados (hospitalar ou nos primeiros 30 dias de internação)

    e esperados, estabelecendo sua relação e significância estatística [5, 6, 7].

    ��−

    =R

    RP

    1

    Onde:

    P = Probabilidade de Óbito para grupos de pacientes;

    R = Somatória dos Riscos de Óbito obtidos;

    A tabela 7 apresenta as categorias diagnósticas utilizadas no cálculo do

    índice APACHE II para pacientes não cirúrgicos.

    TABELA 7 - CATEGORIA DIAGNÓSTICA PARA PACIENTES NÃO-CIRÚRGICOS [7]

  • 19

    Categoria Diagnóstica Pontuação

    Insuficiência ou falência respiratória

    · Asma/alergia -2,108

    · DPOC -0,367

    · Edema pulmonar (não cardiogênico) -0,251

    · Pós-parada respiratória -1,168

    · Aspiração/envenenamento/tóxico -0,142

    · Embolia pulmonar -0,128

    · Infecção pulmonar 0,000

    · Neoplasia do sistema respiratório 0,891

    Insuficiência ou falência cardiovascular

    · Hipertensão arterial -1,789

    · Arritmia -1,368

    · Insuficiência cardíaca congestiva -0,424

    · Choque hemorrágico / hipovolêmico 0,493

    · Insuficiência coronariana -0,191

    · Sepse 0,113

    · Pós-parada cardíaca 0,393

    · Choque cardiogênico -0,259

    · Aneurisma dissecante de aorta torácica/abdominal

    0,731

    Trauma

    · Politraumatismo -1,228

    · Trauma de crânio -0,517

    Sistema Neurológico

    · Síndrome comicial -0,584

    · Hemorragia intracraniana 0,723

    Causas diversas

    · Intoxicação exógenas -3,353

    · Cetoacidose diabética -1,507

    · Sangramento gastrintestinal 0,334

    Outras causas mal definidas, não classificadas acima

  • 20

    · Metabólico/renal -0,885

    · Respiratório -0,890

    · Neurológico -0,759

    · Cardiovascular 0,470

    · Gastrointestinal 0,501

    A tabela 8 apresenta as categorias utilizadas para pacientes cirúrgicos:

    TABELA 8 - CATEGORIA DIAGNÓSTICA PARA PACIENTES CIRÚRGICOS [7]

    Categoria Diagnóstica Pontuação

    · Politraumatismo -1,684

    · Admissão por doença cardiovascular crônica -1,376

    · Cirurgia vascular periférica -1,315

    · Cirurgia cardíaca valvular -1,261

    · Craniotomia por neoplasia -1,245

    · Cirurgia renal por neoplasia -1,204

    · Transplante renal -1,042

    · Trauma de crânio -0,955

    · Cirurgia torácica por neoplasia -0,802

    · Craniotomia por hemorragia intracraniana -0,788

    · Laminectomia / cirurgia medula -0,699

    · Choque hemorrágico -0,682

    · Sangramento gastrointestinal -0,617

    · Cirurgia gastrointestinal por neoplasia -0,248

    · Insuficiência respiratória pós-cirurgia -0,140

    · Perfuração / obstrução gastrointestinal 0,060

    Outras causas mal definidas, não classificadas acima

    · Neurológico -1,150

    · Cardiovascular -0,797

    · Respiratório -0,610

  • 21

    · Gastrointestinal -0,613

    · Metabólico/renal -0,196

    2.1.6 - ÍNDICE DO RISCO DE MORTALIDADE PEDIÁTRICA – PRISM II

    O PRISM II é empregado em unidades de terapia intensiva para pacientes

    Neonatal, que realiza a avaliação através de 14 variáveis que se dividem em 23

    faixas de variação. Os escores de admissão compreendem um período mínimo de

    8 horas de observação até um máximo de 32 horas, levando em consideração

    sempre o pior escore do período [7].

    As variáveis são sinais vitais ou exames sanguíneos de rotina que não

    necessitam de métodos invasivos para a obtenção dos dados e deve ser

    realizado em pacientes submetidos à sedação, anestesia ou bloqueio

    neuromuscular prévio, disfunção neurológica crônica e paralisias. Considerando

    ainda a interferência de uma condição cirúrgica [7].

    O resultado da medição permite avaliar a qualidade do atendimento, o grau

    de iatrogenia4, lembrando que esse índice não deve ser utilizado em recém-

    nascidos [7].

    A coleta das informações necessita de amostra sanguínea arterial e não

    pode ser avaliada em pacientes com shunt intracardíaco ou disfunção respiratória

    crônica. Pode ser medida do sangue capilar. A avaliação deve ocorrer apenas em

    caso de disfunção do SNC suspeita ou confirmada, constada em escores medidos

    [7].

    4 Iatrogenia - ��������� �������� �������� �� ������ �� �� ���������� ����� ������� ��

    ������������������������������������������������

  • 22

    Na tabela 9, as variáveis utilizadas para a obtenção do escore com o

    PRISM II.

    TABELA 9 – ESCORE PEDIÁTRICO DO RISCO DE MORTALIDADE - PRISM II [7]

    Variáveis Variação de acordo com a idade

    lactente Crianças maiores

    Escore

    130 - 160 150 - 200 2

    55 - 65 65 - 75 2

    > 160 > 200 6

    40 - 54 50 - 64 6

    PA sistólica ( mmHg )

    < 40 < 50 7

    PA diastólica ( mmHg ) Todas as idades ( > 110 ) 6

    lactente Crianças maiores

    > 160 > 150 4

    FC ( bpm )

    < 90 < 80 4

    lactente Crianças maiores

    61 - 90 51 - 70 1

    > 90 > 70 5

    FR ( irm )

    apnéia apnéia 5

    Todas as idades

    200 - 300 2

    PaO2/FiO2

    < 200 3

    Todas as idades

    51 - 65 1

    PaCO2 ( mmHg )

    > 65 5

  • 23

    Todas as idades Escala de coma de Glasgow

    < 8 6

    Todas as idades

    anisocóricas ou dilatadas 4

    Reações pupilares

    fixas e dilatadas 10

    Todas as idades TP / TTP

    > 1,5 x controle 2

    Maiores de 1 mês Bilirrubina Total

    ( mg/dl )

    > 3,5 6

    Todas as idades

    3,0 - 3,5 1

    6,5 - 7,5 1

    < 3,0 5

    Potássio ( mEq/l )

    > 7,5 5

    Todas as idades

    7,0 - 8,0 2

    12,0 - 15,0 2

    < 7,0 6

    Cálcio ( mg/dl )

    > 15,0 6

    Todas as idades

    40 - 60 4

    250 - 400 4

    < 40 8

    Glicemia ( mg/dl )

    > 400 8

    Todas as idades

    < 16 3

    > 32 3

    Bicarbonato ( mEq/l )

    TOTAL = PRISM II

  • 24

    Segue abaixo o algoritmo para cálculo do risco de óbito em UTI Neonatal

    [7]:

    ( ) ( ) ( ) 782,4433,005,0207,0 −×−×−×= CcIdadePaR

    Onde:

    R = Risco de Óbito;

    Pa = PRISM II obtido na admissão (Tabela 9);

    Idade = meses de vida;

    Cc = condição cirúrgica (Tabela 10).

    A condição cirúrgica pode ser obtida através da tabela 10.

    TABELA 10 - CONDIÇÃO CIRUÚRGICA [7]

    pós-operatório não pós-operatório

    1 0

    Segue abaixo o algoritmo para cálculo da probabilidade de morte dentro de

    24 horas [7]:

    R

    R

    ee

    p+

    =1

    Onde:

    p = Probabilidade morte na UTI em 24 horas;

    R = Risco de Óbito

    Se somente o PRISM II da admissão (Pa) estiver disponível considerar o

    valor de R por:

    ( ) 427,6160,0 −×= PaR

    Se o PRISM II da admissão (Pa) e o mais recente (Pf) estiverem

    disponíveis o valor de R é calculado por:

    ( ) ( ) 791,6053,0154,0 −×−×= PaPfR

  • 25

    Onde:

    R = Risco de Óbito

    Pa = PRISM II obtido na admissão

    Pf = PRISM II mais recente após a admissão

    2.1.7 - ESCORE DO PSI MODIFICADO PARA PACIENTES NEONATAIS

    Este índice caracteriza-se pela avaliação da instabilidade fisiológica em

    pacientes neonatais prematuros (a termo5 e pré-termo6) que necessitam de

    cuidados intensivos. Utiliza 23 variáveis entre laboratoriais e sinais vitais divididas

    em sete sistemas, que através de um cálculo fornece a probabilidade de óbito [7].

    Requer avaliações sanguíneas com monitorizações rotineiras.

    Comparando-se com o PRISM II, são adicionados dados do sistema neurológico-

    convulsão, hematológicos (glóbulos brancos, plaquetas e PDF), sistema renal

    (BUN, metabólicos), sódio, osmolaridade e pH [7].

    O funcionamento do índice está de acordo com a alteração fisiológica

    (clínica e laboratorial) atribuindo uma pontuação (+1, +3 ou +5). Podendo ser

    aplicado no momento da internação e seguir diariamente com a medição e

    avaliação da estimativa de gravidade [7].

    O PSI Modificado é um índice que necessita validação através de estudos

    colaborativos e multicêntricos, uma vez que geralmente é baixa a taxa de

    mortalidade nas UTI Neonatais. Devido a esse fato esse índice foi incluído no

    estudo do projeto Metraton, porque um dos objetivos da criação de uma fábrica de

    índices é estimular a utilização de índices prognósticos. Assim, o sistema consiste

    também em mais uma ferramenta que pode futuramente contribuir na validação

    de escores mais recentes como o PSI Modificado [7]. A tabela 11 apresenta as

    variáveis e seus respectivos valores para obter o escore.

    5 Termo – ����������� ������������������!"#�$%#���������������������������������� 6 Pré-Termo – �������������������������!&���������������'�������()*���+�����������

  • 26

    TABELA 11 - PSI MODIFICADO PARA PACIENTES NEONATAIS [7]

    Sistemas +1 +3 +5

    Cardiovascular

    FC(bpm)ª 75 - 90 50 - 74 < 50

    PAM (mmHg) comparar com limite inferior 160 - 180 181 - 220 > 220

    IG (Idade Gestacional) < 10% p/ IG 10% > 10% p/ IG

    Respiratório

    FR (resp/min)ª 60 - 80 80 - 110 > 110

    PaO2 (mmHg) 50 - 60 40 - 49 < 40

    PaO2/FiO2 200 - 300 < 200

    PaCO2(mmHg) < 30 ou 45 - 50 < 25 ou 51 - 65 < 20 ou > 65

    Neurológico

    Convulsão focal generalizada

    Pupilas isocóricas/

    fixas/dilatadas anisocóricas/

    dilatadas

    Hematólogico

    Leucócito (cel/mm3) 3.000-5.000

    20.000-40.000 < 3.000 > 40.000

    Plaquetas ((cel/mm3) 20.000-50.000 ou

    > 1.000.000 < 20.000

    PT e/ou TTP (Seg) > 20 (PT)

    < 40 (TTP)

    PDF (ug/dl) > 40

    Renal

    Creatinina (mg/dl)ª 2-5 > 5

    Débito urinário (ml/Kg/h) 0,5 - 1,0 < 0,5

    BUN (mg/dl) 40 - 100

    Gastrointestinal

    TGO/TGP > 100

  • 27

    Albumina (g/dl) 1,2 - 2,0 < 1,2

    Metabólicos

    Na (mEq/l) 115 - 125 150 - 160

    > 115 > 160

    K (mEq/l) 3,0 - 3,5 6,5 - 7,5

    2,5 - 2,9 7,6 - 8,0

    < 2,5 > 8,0

    Ca (mg/dl) 7,0 - 8,0 5,0 - 6,9 < 5,0

    Glicose (mg/dl) 40 - 60

    250 - 400 20 - 39 > 400

    < 20

    Osmolaridade (mOsm/l) 320 - 350 > 350

    pH 7,20 - 7,35 7,10 – 7,19 < 7,10

    HCO3 (mEq/l) < 16 > 32

    ª = representam as variáveis modificadas a partir do PSI pediátrico.

    2.1.8 - SOFA - AVALIAÇÃO SEQÜENCIAL DE FALÊNCIA ORGÂNICA

    O SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) é um escore que avalia o

    grau de falha múltiplas de órgãos. O resultado do cálculo deste índice é coletado

    diariamente no tratamento do paciente [19].

    Considerando os dados de admissão e o valor de outras variáveis

    coletados durante os exames desde o primeiro dia de estadia do paciente na UTI

    é possível predizer a falha de cada órgão no dia seguinte comparando com o dia

    atual. A análise de um conjunto de medições pode auxiliar médicos intensivistas

    na melhor compreensão da evolução clínica dos pacientes. Sendo que cinco é o

    número ideal de medições para obter resultados mais coerentes, normalmente no

    primeiro e segundo dia de tratamento a variação do estado clínico do paciente é

    muito inconstante [19, 29, 30].

    O SOFA é um índice importante para o estudo da disfunção e falha de

    órgãos humanos em pacientes durante a estadia em uma UTI [29].

    A tabela 12 apresenta as variáveis envolvidas para obtenção do escore

    SOFA.

  • 28

    TABELA 12 - AVALIAÇÃO SEQUENCIAL DE FALÊNCIA ORGÂNICA [19]

    Variável Descrição Pontuação

    PaO2/FiO2 (mmHg) 0

    < 400 +/- suporte respiratório 1

    < 300 +/- suporte respiratório 2

    < 200 e suporte respiratório 3

    Respiração: PaO2/FiO2

    < 100 e suporte respiratório 4

    Plat X 10^3/mm3 0

    < 150 1

    < 100 2

    < 50 3

    Coagulação

    < 20 4

    vasopressores mg/kg/min 0

    PAM < 70 mmHg 1

    Dopa 5 ou Epi/NORA = 0.1 3

    Cardiovascular

    Dopa > 15 ou Epi/NORA > 0.1 4

    13 - 14 1

    10 - 12 2

    6 - 9 3

    Glasgow

    > 6 4

    mg/dL...........micromol/L 0

    1,2 – 1,9 ..... 20 - 32 1

    2,0 – 5,9 ..... 33 - 101 2

    6,0 – 11,9 ..... 102-204 3

    Fígado (bilirrubina)

    > 12 ..... > 204 4

    mg/dL.....micromol/L 0

    1,2 - 1,9 ..... 100 - 170 1

    2,0 - 3,4 ..... 171 - 299 2

    3,5 - 4,9 .... 300-440 or < 500 mL/dia 3

    Renal (creatinina ou diurese)

    > 5,0 ....... > 440 or < 200 mL/dia 4

  • 29

    2.1.9 - ÍNDICE DE PARSONNETT

    O Índice de Parsonnett foi desenvolvido através de um método para

    estratificação em cirurgias abertas de coração dentro de níveis de predição de

    mortalidade operatória usando dados objetivos que podem ser rapidamente

    disponíveis em qualquer hospital. Seguindo análise univariável regressiva de

    3.500 operações consecutivas, 14 fatores de risco foram escolhidos. Alguns

    fatores foram excluídos por não serem suficientemente objetivos ou nem sempre

    disponíveis. Um modelo adicional foi construído, usando os fatores escolhidos,

    para calcular a probabilidade de morte dentro de 30 dias [8, 31]

    O método foi testado prospectivamente em 1.332 cirurgias cardíacas

    abertas no Newark Beth Israel Medical Center. Os pacientes foram categorizados

    em 5 grupos de risco: bom (0 - 4%), regular (5 - 9%), pobre (10 - 14%), alto (15 -

    19%) e extremamente alto (>ou = 20%). O coeficiente de correlação entre a

    mortalidade operatória antecipada e a observada, usando o modelo, foi 0,99 [8,

    31].

    A mortalidade operatória também foi correlacionada com taxas de

    complicação e tempo de permanência no hospital. O modelo foi comparado com

    um segundo modelo baseado em regressão múltipla logística; o resultado do

    coeficiente de correlação foi de 0,85. O método também foi testado em dois

    outros hospitais; embora as amostras fossem pequenas, os resultados em cada

    um dos grupos de risco são comparáveis com aqueles da instituição. A coleção

    de dados provou-se aceitavelmente simples para todos os três centros. Este

    estudo demonstrou que é possível o desenho de um método simples de

    estratificação de risco em cirurgias cardíacas abertas que possibilita a análise

    prática dos resultados operatório em grupos de risco e a comparação de

    resultados em grupos similares entre instituições [8, 31].

    Todos aqueles que pagam por cuidados de saúde, como os Medicare7 ou

    planos de saúde, têm um bem fundamentado interesse nos resultados de

    procedimentos cirúrgicos. O custo da cirurgia é influenciado pela duração da

    hospitalização, a severidade da doença e a complexidade e intensidade dos

    7 Medicare - Sistema Federal de seguro saúde dos EUA

  • 30

    cuidados. Por esta razão, os resultados de cirurgia cardíaca aberta na população

    atendida pelo Medicare foram publicados em 1986 e 1987. Listada por região e

    por hospital, tais dados são também utilizados em pesquisa clínica para

    estabelecer a prevalência de doenças cardiovasculares, a efetividade da terapia e

    as tendências na prática médica [8, 31].

    A dificuldade inerente na comparação de resultados de cirurgia de uma

    instituição (ou individuo) com outra é a falta de uma quantificação amplamente

    aceita de risco simples que defina a severidade da doença e identifique as muitas

    variáveis que contribuem para a predição do resultado [8, 31].

    A HCFA (Administração Financeira de Cuidados de Saúde), por exemplo,

    pode relacionar os resultados de cirurgia com idade, sexo, raça (branco ou não

    branco), e certamente, co-morbidades, mas não à severidade da doença, porque

    para isto são recebidos todos dados do Medicare contando qual, por seu turno, é

    usualmente baseado na folha de rosto do mapa hospitalar [8, 31].

    Médicos e hospitais freqüentemente consideram que a alta mortalidade

    entre seus pacientes pode ser um desencaminhamento porque eles acreditam

    que aqueles pacientes estão numa mesma categoria de risco que outros. Isso

    poderia ser resolvido com uma revisão caso a caso, obviamente uma tarefa

    impossível [8, 31].

    Métodos para estratificação de risco foram desenvolvidos no passado.

    Embora alguns tivessem exatidão preditiva de mortalidade operatória, eles são

    geralmente complicados para uso prático, requerendo dados detalhados que

    talvez não sejam disponíveis. Escores quantitativos de grau de disfunção

    ventricular ou a extensão da aterosclerose coronária tem sido útil como recursos e

    pessoal são disponíveis pela coleta e processamento de tais dados, mas eles são

    complexos e caros para aplicação universal. Então é uma óbvia necessidade que

    um método possa ter aplicação fácil para qualquer hospital ou cirurgião. Isto havia

    sido recomendado previamente. Recentemente, um editorial da Sociedade de

    Cirurgiões Torácicos enfatizou a necessidade de uma estratificação de risco

    adequado a permitir a comparação de resultados de diferentes instituições [8, 31].

    Na tabela 13 estão as variáveis e a respectiva pontuação para obter o

    Índice de Parsonnett. Quanto maior o escore gerado aumenta o risco de óbito e

    estimativa do tempo de permanência do paciente na unidade.

  • 31

    TABELA 13 – VARIÁVEIS E RESPECTIVAS PONTUAÇÕES UTILIZADAS PELO ÍNDICE DE PARSONNETT [8]

    Variável Pontuação

    Sexo Feminino 01

    Obesidade Mórbida 03

    Diabete (Qualquer tipo) 03

    Hipertensão 03

    Fração de Ejeção (%)

    (Valor atual quando disponível)

    Boa (>= 50) 00

    Razoável 02

    Ruim (=< 30) 04

    Idade (anos)

    < 70 00

    70 – 74 07

    75 – 79 12

    > 80 20

    Reoperação

    Primeira 05

    Segunda 10

    Balão Intra-aórtico (BIA) Pré-operatória 02

    Aneurisma de Ventrículo Esquerdo (VE) 02

    Cirurgia de Emergência após Angioplastia Coronária

    Transluminal (ACT) ou complicação de cateterismo

    (CAT)

    10

    Dependência de Diálise (Peritoneal ou Hemodiálise) 10

    Estado Catastrófico

    (Ex. Defeito Estrutural Agudo, Choque cardiogênico,

    Insuficiência Renal Aguda)

    0, 10 – 50

    Outras circunstâncias raras

    (Ex. Paraplegia, dependência de marcapasso,

    cardiopatia congênita em adulto, asma grave)

    0, 02 – 10

    Cirurgia Valvar

    Mitral 05

    Pressão Arterial Pulmonar (PAP) >= 60Hg 08

    Aórtica 05

    Gradiente de Pressão >= 120 Hg 07

    Cirurgia coronária no mesmo tempo da cirurgia

    valvar

    02

    2.2 - SISTEMAS DE APOIO A DECISÃO

    Um sistema de apoio à decisão pode ser definido como a atividade que

    permite através de modelos explícitos, em alguns momentos formalizados, ajudar

  • 32

    na obtenção de respostas às questões que são colocadas a um interventor num

    processo de decisão [48].

    Os sistemas de apoio não excluem a responsabilidade do profissional a

    que está auxiliando, sendo que a decisão final sempre será do médico que está

    acompanhando o tratamento do paciente.

    2.2.1 - UTILIZAÇÃO DE SISTEMA DE APOIO A DECISÃO

    A principal motivação para a utilização e o desenvolvimento dos Sistemas

    de Apoio à Decisão em Medicina (SAD) reside no aumento progressivo da

    quantidade de dados, informações e conhecimentos que atualmente os médicos

    devem utilizar para exercer adequadamente a sua profissão [49]. O aumento das

    informações atinge e contribui para que médicos de diversas maneiras possam

    prover diagnósticos e prognósticos, considerando fatores como o aparecimento

    de novos princípios químicos, inovações da área da biologia molecular,

    desenvolvimento de novas drogas, surgimento de informações sobre interações

    de drogas as quais ontem eram desconhecidas, e hoje são críticas por ocasião de

    uma nova prescrição [50].

    2.2.2 - TRATAMENTO DA INCERTEZA EM SISTEMA DE APOIO A DECISÃO

    Representar conhecimento e manipulá-lo são tarefas não dominadas

    completamente pelo homem, por isso é objeto de pesquisa [49].

    A representação e manipulação do conhecimento em um domínio

    particular, como na área médica, trazem um complicador adicional. A complicação

    está ligada diretamente pelo fato de que a área, por si, é ampla e em vários

    pontos vigora o conhecimento incerto, como é o caso dos diagnósticos e

    prognósticos [28, 43].

    Raciocinar com incerteza é mais comum do que se imagina. Na medicina,

    um médico habitualmente raciocina com incerteza [43]. Em geral, os sintomas

    como febre, ausência de apetite, entre outros, não determinam uma única doença

    já que podem ser comuns a várias como por exemplo, gripe, amidalite e diversas

    outras infecções. Assim, os médicos lidam todo o tempo com incerteza, decidindo

    o tratamento das doenças de seu paciente, baseando-se em evidências obtidas

    através da anamnese, exames clínicos e laboratoriais [39, 43].

  • 33

    Atualmente são feitas simplificações por especialistas da área de saúde

    para resolver problemas e tomar decisões em ambientes reais onde a informação

    é parcial ou aproximada. Para esse tipo de problema podem-se obter apenas

    soluções com incerteza [39, 44].

    Um médico pode diagnosticar certa doença, com base em alguns sintomas,

    mas esse diagnóstico é uma hipótese que pode ser incorreta. Nesse caso, as

    simplificações adotadas podem ter origem no conhecimento parcial do médico

    sobre a patologia em questão, em sintomas determinantes da patologia ainda não

    detectados na fase de evolução clínica, ou devido a não realização de exames

    complementares [39, 43].

    A incerteza está diretamente ligada com os casos em que o sistema não

    fornece informações dentro da realidade do contexto abordado. Atualmente

    existem formas de lidar com a incerteza, uma delas é colocar à disposição do

    médico alguns procedimentos automatizados, baseados no raciocínio

    probabilístico, para auxílio no processo de diagnóstico [39, 43].

    Esses sistemas podem ser utilizados no processo de aprendizagem e na

    prática diária tanto no meio acadêmico como em um ambiente profissional.

    Alguns sistemas de apoio à decisão que foram desenvolvidos e tiverem

    sucesso em sua utilização são citados a seguir:

    - Pathfinder [47]: desenvolvido no programa de informática médica da

    Universidade de Stanford, para diagnóstico de doenças do sistema linfático, é

    exemplo de um sistema de grande sucesso no uso em prática profissional e no

    treinamento de médicos, nos Estados Unidos [47]. Sua versão atual supera o

    desempenho dos melhores patologistas mundiais [43]. Esse projeto tornou-se um

    produto, comercializado pela American Society of Clinical Pathologists, tendo até

    1991, vendido mais de 250 cópias, constituindo-se em uma das mais bem

    sucedidas aplicações comerciais baseada em conhecimento para diagnostico

    médico.

    - Munin [47]: desenvolvido no Departamento de Ciência da Computação da

    Universidade de Aalborg, Dinamarca, utilizado para se obter um diagnóstico

    preliminar de doenças dos músculos e nervos [45].

    - Child [47]: foi desenvolvido para apoiar médicos do Great Ormond Street

    (GOS) Hospital de Londres no diagnóstico à distância de doenças cardíacas

    congênitas em crianças recém nascidas.

  • 34

    2.2.3 - VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DE UM SISTEMA

    DE APOIO A DECISÃO

    A seguir são detalhadas algumas vantagens e desvantagens na utilização

    de um SAD [37, 40, 41].

    a) Vantagens

    1 – Portabilidade: O sistema pode ser instalado em vários tipos e

    localidades necessárias com as devidas adaptações.

    2 – Armazenamento: Os dados são registrados em bases e podem ser

    facilmente manipulados por um sistema.

    3 – Confiabilidade: Os resultados são mais precisos e diminui a

    probabilidade de ocorrerem erros.

    4 – Versatilidade: O sistema pode facilmente ser utilizado ou adaptado em

    outros ambientes.

    5 – Segurança: As informações registradas ficam mais seguras podendo

    ser controlado pela administração do sistema o acesso aos dados.

    6 - Otimização do tempo: Um sistema permite com que o tempo dedicado à

    determinada atividade possa ser destinada a outras atividades.

    7 - Aplicação e aperfeiçoamento: Tem o potencial de desenvolver guias

    clínicos analisando qual seria o melhor tratamento para um determinado caso. Se

    usado no início do atendimento ele pode fornecer hipóteses diagnósticas a serem

    pesquisadas. O sistema de aprendizado pode ser usado para aprimorar as bases

    de conhecimentos de sistemas especializados

    8 - Integrações com equipamentos: O sistema pode ter entrada de dados

    manual ou através dos próprios equipamentos biomédicos, para isso é necessário

    que ocorra uma implementação de leitura das informações pelo sistema e que o

    aparelho possua uma porta serial para sincronizar as informações com o

    mecanismo de coleta de dados.

    b) Desvantagens

  • 35

    1 - Custo inicial do sistema: Um sistema de apoio a decisão requer um

    investimento considerável em infra-estrutura de hardware e esforços adicionais

    por parte dos profissionais atarefados para aprenderem a lidar com a nova

    tecnologia.

    2 - Oposições a mudanças: Alguns profissionais da medicina podem se

    opor a utilizar o sistema devido às características de apoio a decisão. Existe

    também o problema da mudança de rotina, muitos já dominam os procedimentos

    atuais e podem se opor as mudanças devido ao aumento da complexidade em

    um primeiro momento que é a abstração da nova forma de trabalho.

    3 - Riscos de Software: Existem riscos de perder as informações caso a

    política de backup dos dados não seja bem definida ou não esteja sendo bem

    executada pelos administradores do sistema. Pode ocorrer indisponibilidade do

    ambiente devido a problemas com rede elétrica, falhas nos softwares de apoio ao

    sistema ou até mesmo problemas com o equipamento utilizado pelo cliente.

    Existem formas de diminuir os riscos de indisponibilidades, como a

    utilização de mecanismos como contingência e de alta disponibilidade. Em redes

    de serviço computacional bem organizada o sistema pode estar sendo provido por

    dois servidores havendo um balanceamento em uma camada anterior ao servidor

    de aplicação.

    Entre os dois servidores ainda pode ocorrer uma contingência do servidor

    A para o B em caso de perda de operacionalidade (figura 1).

  • 36

    Figura 1 - Contingência e Alta disponibilidade entre servidores

    4 - Capacidade limitada para a integração com equipamentos: Alguns

    equipamentos biomédicos podem não possuir meios para integração com

    sistemas informatizados, com isso é importante certificar-se das configurações do

    equipamento antes de aplicar uma determinada solução com essas

    características.

    2.2.4 - SISTEMAS BASEADOS EM CONHECIMENTO PARA SAÚDE

    O termo "baseado em conhecimento" vem da Inteligência Artificial (IA),

    onde pesquisadores tentam construir máquinas que realizem tarefas de forma

    semelhante ao ser humano. O estudo de IA já é uma realidade e tende a se

    consolidar ainda mais no futuro graças ao desenvolvimento tecnológico atual,

    uma das áreas em particular a ser estuda é a de tomada de decisões [37, 39].

    A tecnologia da informação pode ser vista como um meio para difusão de

    conhecimento, com o objetivo de divulgar as pesquisas científicas feitas nas

    universidades. Na área da saúde, pode-se perceber que com a aplicação de

    técnicas de IA a medicina está em contínuo avanço, desenvolvendo pesquisas

    cada vez mais especializadas, porém existe a carência de especialistas para o

    atendimento das populações, sobretudo nos países subdesenvolvidos [37].

  • 37

    Existem técnicas de IA, que propõem modelos computacionais que

    permitem descrever o raciocínio humano nesses campos especializados. Os

    modelos caracterizam-se por Sistemas Baseados em Conhecimento ou Sistemas

    Especialistas, e na área de saúde, permite que o computador seja uma extensão

    do conhecimento médico especializado [39].

    O diagnóstico médico é o principal alvo na área de saúde para aplicação de

    técnicas de IA [37].

    O desenvolvimento de técnicas, padrões, e modelos para apoio à decisão é

    uma forma de democratização do conhecimento. Isso, devido ao fato de que a

    modelagem de um determinado contexto geralmente está descrita através de uma

    formalização matemática bem fundamentada [39].

    2.3 - ANÁLISES ESTATÍSTICAS

    Procedimentos estatísticos podem consumir muito tempo exigindo

    conhecimentos e experiências. A Medicina é uma área adaptável a obtenção e

    utilização de estatísticas através de meios informatizados, graças a quantidade e

    característica dos dados que podem através de cálculos matemáticos fornecer no

    seu resultado final informações que servirão de apoio na tomada de decisões de

    Médicos com relação ao futuro do tratamento de pacientes [37].

    Através de um sistema de apoio a decisão os médicos podem se apoiar em

    dados estatísticos para condensar ou dissecar as informações de forma a serem

    melhor compreendidas, sendo que em procedimentos manuais geralmente a

    decisão é baseada apenas no conhecimento do especialista. Com o sistema as

    informações coletadas durante o acompanhamento de um paciente podem ser

    facilmente recuperadas e resumidas diminuindo o esforço do especialista que

    poderá dedicar e aproveitar melhor o tempo empregado para tomar as decisões

    de sua responsabilidade, como prescrição de medicamentos, transferências de

    pacientes, análise de custo entre outros fatores [37, 38].

    Certos procedimentos estatísticos necessitam que os dados neles

    introduzidos satisfaçam requisitos matemáticos conforme a necessidade da

    análise realizada. É necessário que o valor mínimo de dados seja estipulado para

    que o contexto analisado trabalhe apropriadamente tendendo a fornecer

    informações consistentes. É necessário que as informações coletadas sejam

  • 38

    distribuídas utilizando o histórico necessário ao contexto e a correlação entre os

    fatores a serem analisados em sua extensão de correspondência seja coerente

    entre seus conjuntos [37, 38]. Conforme figura 2, o gráfico apresenta de forma

    simulada a correlação entre pacientes e quantidade de óbito para pacientes onde

    foram realizadas medições prognosticas com a escala de coma de Glasgow.

    Figura 2 - Gráfico relacionado paciente e óbitos em um período de 25 dias

    Outro fator importante em cálculos estatísticos são as comparações entre

    resultados. O estudo do significado entre comparações em uma pesquisa consiste

    na análise de dois ou mais conjuntos de valores, o que justifica ainda mais o

    benefício de se contar com um sistema de informação.

    2.4 - DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO

    O diagnóstico é o maior foco da medicina, onde o médico necessita de um

    longo período de tempo para adquirir as habilidades necessárias para

    diagnosticar e prognosticar. Esse fator consiste em um forte argumento para os

    sistemas de apoio a decisão com uma das aplicações potencialmente mais úteis

    para a Medicina [37].

    Um sistema de informação pode fornecer meios para avaliar e apresentar

    os dados referentes ao estado clínico do paciente de uma forma que o médico

    analisa e esboça alguma conclusão diagnóstica. Fornecer um diagnóstico através

    de um sistema significa correlacionar todas as informações, sinais e sintomas

  • 39

    disponíveis de determinado paciente e então dentro do escopo de uma

    funcionalidade gerar uma opinião diagnostica. É importante ressaltar que os

    sistemas de diagnósticos são auxílios à opinião médica, onde a responsabilidade

    da decisão final quanto ao diagnóstico e tratamento do paciente sempre será do

    Médico [37].

    Em 1979, Rogers, Ryack e Moeller revisaram cinqüenta e oito sistemas de

    diagnósticos, que até então tinham apenas sido empiricamente testados. Os

    estudos duraram cerca de vinte anos (a maioria publicada durante os anos 60) e

    cobriram uma larga faixa de doenças, os mais populares foram [37]:

    - Investigações de distúrbios endócrino-metabólicos (13 estudos,

    principalmente de problemas de tiróide);

    - Sistema Digestivo (12 estudos);

    - Distúrbios Mentais (10 estudos);

    Com esse estudo, Rogers concluiu que sua revisão mostrou uma alta na

    taxa de sucesso, com aproximadamente dois terços dos estudos