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PEQUENA REVISÃO HISTÓRICA A história da Hidroterapia como uma modalidade terapêutica data de milhares de anos. Há registos de 2400 A. C. em que os antigos egípcios, e muçulmanos faziam uso das fontes minerais para propósitos curativos. Os gregos estavam entre os primeiros e apreciavam o relacionamento entre o bem-estar físico e mental. Eles desenvolveram centros próximos a nascentes e rios utilizando-os para banhos e diversão. Os romanos com as suas habilidades de construção desenvolveram e expandiram o sistema grego de atletismo seguido por um mergulho frio e produziram uma série de banhos. Os banhos eram centros onde se realizavam as actividades intelectuais, recreativas e de saúde e higiene. Alguns destes foram usados só para cura e tratamento. Era indicado em segundo lugar para os sintomas das doenças reumáticas, paralisias, com o declínio do Império Romano, houve uma queda no uso de banhos. A igreja na Idade Média proibiu o uso das forças físicas tais como a água, associando-a ao paganismo. Mas por volta dos séculos XV, XVI, XVII, XVIII o uso da água como propósito de cura adquiriu algum mérito europeu. 1

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PEQUENA REVISÃO HISTÓRICA

A história da Hidroterapia como uma modalidade terapêutica data de milhares de anos.

Há registos de 2400 A. C. em que os antigos egípcios, e muçulmanos faziam uso das

fontes minerais para propósitos curativos.

Os gregos estavam entre os primeiros e apreciavam o relacionamento entre o bem-estar

físico e mental. Eles desenvolveram centros próximos a nascentes e rios utilizando-os

para banhos e diversão.

Os romanos com as suas habilidades de construção desenvolveram e expandiram o

sistema grego de atletismo seguido por um mergulho frio e produziram uma série de

banhos. Os banhos eram centros onde se realizavam as actividades intelectuais,

recreativas e de saúde e higiene. Alguns destes foram usados só para cura e tratamento.

Era indicado em segundo lugar para os sintomas das doenças reumáticas, paralisias,

com o declínio do Império Romano, houve uma queda no uso de banhos. A igreja na

Idade Média proibiu o uso das forças físicas tais como a água, associando-a ao

paganismo. Mas por volta dos séculos XV, XVI, XVII, XVIII o uso da água como

propósito de cura adquiriu algum mérito europeu.

O ressurgimento da água como cura no século XIX, o uso da hidroterapia a essa altura

na história continuou a ser de natureza essencialmente passiva. As técnicas de

tratamento incluíam “banhos de lençol”, compressas húmidas, banhos frios de fricção,

banhos sedativos, banho com o corpo suspenso por uma rede e banhos de dióxido de

carbono. Em meados dos anos de 1800, o uso da hidroterapia havia entrado em um

período de decadência na Grã-Bretanha.

O desenvolvimento dos “Spas” na Europa e Ingleterra, por definição, um “Spa” é uma

estação de veraneio construída em torno de uma fonte natural e geralmente rodeada por

empolgante beleza natural. Os banhos de águas minerais e termais podem ser

encontrados desde 500 a.C na Grécia e foram os precursores dos modernos “Spas” da

Europa.

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História da terapia com água do início a meados do século XX na Europa, na última

parte do século XIX, a propriedade de flutuabilidade começou a ser usada para exercitar

pacientes na água. Os “Spas” europeus começaram a tratar dsiturbios locomotores e

reumáticos. Em 1898, o conceito da hidroginástica foi recomendado por Von Leyden e

Goldwater. O conceito de hidroginástica implica o uso de exercícios dentro da água e

pode ser entendido como o mais próximo precursor do conceito actual da reabilitação

aquática.

As técnicas de Bad Ragaz: Bad ragaz é uma cidade suíças construída em torno de um

“Spa” de água morna natural. As fontes termais desse “Spa” alimentam três modernas

piscinas cobertas. Os “Spas” em Bad Ragaz começaram a ser usados para exercícios na

década de 1930. As técnicas usadas nessa época consistiam em exercícios de amplitude

de moviemnto em diferentes planos com o paciente posicionado horizontalmente e

estabilizado de várias maneiras de encontro à parede da piscina. As técnicas de Bad

Ragaz não se originaram em Bad Ragaz, mas na Alemanha.

O método de Halliwick foi desenvolvido por James Mc Millan em 1949 na Halliwick

School for Girls, em Southgate, Londres. A principal finalidade das técnicas de Mc

Millan era ajudar as pacientes com incapacidades a tornar-se mais independentes e

treinadas para nadar. A ênfase inicial do método de Halliwick era de natureza

recreativa, com um objectivo de independência individual na água.

Com o passar dos anos, o Mc Millan manteve seus protocolos originais e adoptou outras

técnicas adicionadas ao seu método original. Mais recentemente, essas técnicas têm sido

usadas terapeuticamente por muitos profissionais para tratar pacientes pediátricos e

adultos com diferentes alterações de desenvolvimento e disfunções neurológicas na

Europa e Estados Unidos.

A reabilitação aquática na Europa da década de 1960 até hoje, desde1965, técnicas de

Fisioterapia e reabilitação aquática têm sido incluídas no currículo dos estudantes em

preparação para o exame de membro da Chartered Society of Physioherapy na

Ingleterra. Antes disso, a Chartered Society realizava treino pós-registo em hidroterapia

para assegurar que os Fisioterapeutas fossem apropriadamente treinados no uso da água

como meio terapêutico. Essa formação tem sido incluída nos programas de Fisioterapia

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no Reino Unido de forma rotineira, e o nível de treino parece bem além que o do inicio

da maioria dos currículos de Fisioterapia dos Estado Unidos.

Hidroterapia significa um trabalho que resulta da combinação da imersão com

exercício que deve ser sempre activo com vista à reabilitação do utente.

Hidroterapia não é só feita em piscinas, envolve também os duches, banhos de

remoinhos, banhos de contrastes, banhos de agulheta e tanque de marcha.

A palavra “hidroterapia” deriva das palavras gregas hidor (água) e therapia (cura)

(Duffield, 1976).

A Hidroterapia é a utilização dos efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos, advindos

da imersão do corpo, ou parte deste, em meio aquático, como recurso auxiliar na

reeducação funcional neuromotora, musculoesquelética ou cardiorespiratória, visando

cura, manutenção ou ainda prevenção de uma alteração funcional orgânica.

A Hidroterapia, como uma modalidade de reabilitação, possui uma longa história (breve

descrição histórica na pagina anterior) e é tão importante actualmente quanto foi no

passado. Hoje, com o crescimento da popularidade da hidroterapia, os Fisioterapeutas

são encorajados a utilizar a água, aproveitando ao máximo suas qualidades únicas. É

necessário aprender as técnicas e explorar e desenvolver novas ideias.

Exercícios na água com objectivos terapêuticos de reabilitar ou habilitar pacientes com

distúrbios do sistema músculo-esquelético e ou neuromusculares.

Pode ser utilizada em áreas diferentes:

Pediatria;

Geriatria (hidroterapia para a 3ª idade);

Ortopedia (lesões do sistema músculo-esquelético);

Neurologia (disfunções sensório-motoras);

Reumatologia (distúrbios reumáticos);

Respiratório (disfunções do sistema cardio-respiratório);

Obstetrícia (preparação para o parto)...

Actualmente, a Hidroterapia já ganhou diversas facetas, sendo aplicada em estâncias

termais ou hidrominerais, em spas, ginásios, clínicas de Fisioterapia e de reabilitação.

As três principais divisões da Hidroterapia são:

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Hidrotermoterapia : o tratamento incide mais na temperatura da água

(compressas, banhos quentes/frios e de contraste, sauna);

Hidromecanoterapia : o tratamento recorre ao efeito mecânico e térmico em

simultâneo, nomadamente através da aplicação de jactos de agua dirigidos às zonas do

corpo afectadas (hidromassagem, duche, turbilhão);

Exemplos de Turbilhão

Hidrocineticoterapia : o tratamento utiliza a redução da acção da gravidade sobre

os corpos imersos para facilitar a cinesioterapia, ou seja, trata-se de uma cura através do

movimento (piscina terapêutica e tanque de Hubbart).

Existem, no entanto, mais sete subclassificações da Hidroterapia:

Hidromassagem : o tratamento recorre ao efeito mecânico e térmico em

simultâneo, nomadamente através de um processo de turbilhonamento e de bolhas;

Hidroginástica : o tratamento requer a realização de movimentos mecânicos e

coordenados dentro da água, com o intuito de fortalecer a massa muscular e tonificar o

corpo;

Balneoterapia : o tratamento recorre às águas naturais, onde são dissolvidas, de

forma natural, várias substâncias, conforme o problema a tratar. Em alternativa,

utilizam-se águas onde são dissolvidas, de forma artificial, várias substâncias.

Hidroterapia de efeito interna : os tratamentos que recorrem às águas minerais;

Hidroterapia de efeito externa : todos os outros tratamentos;

Hidroterapia de acção geral : tratamento vocacionado para cuidar de todo o

corpo;

Hidroterapia local ou parcial : tratamento vocacionado para cuidar de zonas do

corpo específicas.

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OS FUNDAMENTOS E AS REGRAS DA UTILIZAÇÃO DA ÁGUA

Para efeitos do presente capitulo, entende-se como:

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Piscina : Instalação artificial, coberta ou não, constituída por um plano de água

em cuba própria e espaço envolventes, destinada à utilização para fins desportivos,

educativos, recreativos e/ou terapêuticos.

Piscinas públicas ou de uso público : Definição em conformidade com a

Directiva 23/93 do Conselho Nacional da Qualidade (CNQ, 1993);

Piscina coberta de Hidroterapia : Piscina coberta, onde existe a intervenção da

Fisioterapia, que utiliza o Maio aquático para aplicação de técnicas específicas da

profissão em programas de prevenção e/ou terapêuticos. Estes programas poderão ser

desenvolvidos em piscinas públicas ou privadas, ou ainda em piscinas terapêuticas,

realizados em grupo ou individualmente.

Piscina terapêutica : Piscina pública, privada, hospitalar ou termal que pelas

suas características (valência, tipologia construtiva e funcional), foi concebida

exclusivamente para fins terapêuticos e em que existe a intervenção da Fisioterapia no

meio aquático.

Cuba ou tanque : É o reservatório em que será contida a água e em que se

desenvolvem as actividades.

Cais : Todo o pavimento que circunda a cuba.

Ajudante : Individuo que trabalha na instituição onde se pratica Fisioterapia no

meio aquático em piscina. Que recebe formação e treino (periódico) em técnicas de

emergência e evacuação, técnicas de transferências e que está informado de todas as

normas de boa prática a utilizar nessa piscina, colaborando com o Fisioterapeuta na

manutenção da segurança da mesma.

Nadador salvador : Técnico com habilitações adequadas para intervir em caso de

emergência na água.

Gestão da piscina coberta de Hidroterapia

As normas seguidamente descritas, têm por objectivo providenciar um padrão de

referência da prestação em unidade/serviços de Fisioterapia ou outros fixando, com

carácter geral, as disposições de gestão, segurança, higieno-sanitárias, técnicas e

funcionais que devem ser observadas nas piscinas e nos estabelecimentos dedicados à

Fisioterapia no meio aquático.

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O ambiente e a piscina de Hidroterapia são mantidos em condições que assegurem

o conforto e protecção máxima a todos os utilizadores:

O acesso ao plano da água , a relação entre o plano de água e o piso do cais, a

qualidade higiénica e as condições de manutenção do piso da piscina e cais,

condicionam a acessibilidade dos utentes à cuba da piscina e revelam-se factores

preponderantes da segurança, emergência e evacuação eficazes.

Os acessos ao cais e à água deverão estar em conformidade com a legislação em vigor

(Secretariado nacional de Reabilitação, 1997, p.19 e DCNQ 23/93).

Orientação: O Fisioterapeuta que trabalha no meio aquático deverá supervisionar

eventuais situações que possam pôr em risco a segurança dos utentes e restante pessoal

e em colaboração com o(s) seu(s) ajudante (s) ou técnico de manutenção - ter em conta:

A inspecção periódica aos pisos da cuba e cais;

As zonas de acesso ao cais e cuba (zonas de passagem assinaladas, lava-

pés, corrimãos, degraus verticais ou progressivas assinalados, rampas, elevadores

mecânicos (de preferência não eléctrico, hidráulicos), etc.);

Os sistemas de elevação deverão estar sujeitos a avaliações periódicas

por pessoal especializado.

O Fisioterapeuta deve zelar , em colaboração com a restante equipa, pela

manutenção das condições de segurança e higiene das instalações de apoio e recursos

materiais (balneários, vestiários, armazenamento de equipamentos, área de repouso,

gabinete para profissionais, sala de 1º socorros, áreas para pessoal encarregue da

manutenção e administração da piscina).

Orientação:

Existência e uso de zonas de arrumação apropriadas ao

material/equipamentos (bóias, cintos, etc.);

Verificação periódica do estado de conservação do material;

Presença de sistema de alarme e equipamento para situações de

emergência que estejam em conformidade com as normas de qualidade estabelecidas

por Directivas Comunitárias e legislação vigente.

Manutenção e tratamento da água da piscina :

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A água da piscina, para manter boas condições de desinfecção, limpeza e

transparência. Requerendo a combinação de um rigoroso controlo bacteriológico, da

temperatura, e controlo/tratamento físico/químico, assim como uma adequada filtragem

e aspiração.

Embora as condições dos factores físico-químicos sejam efectuados por

técnicos especializados, o Fisioterapeuta deverá saber fazer a medição desses factores e

interpretar os seus resultados, de forma a conseguir efectuar as devidas compensações,

se necessário.

Deverá também estar a par das restantes formas de limpeza e filtragem da água e das

medidas a efectuar, em caso de contaminação ou risco de contaminação.

Os resultados dos testes e análises realizados devem ser registados,

expostos (em locais visíveis: quadros apropriados) ao público e posteriormente

arquivados, podendo ser consultados na instituição sempre que tal seja solicitado (livro

de registo sanitário).

O utente deverá estar informado, escrita e verbalmente, das normas de

higiene a cumprir antes e depois do tratamento no meio aquático (tomar bano antes de

entrar na piscina, usar touca, chinelos e equipamento adequado, não ser portador de

doença que possa pôr em risco os restantes indivíduos, etc.).

Tratamento físico-químico: na piscina os níveis de desinfectante são

mantidos dentro dos seguintes parâmetros. Quando realizada exclusivamente com cloro:

- Cloro livre: entre 1,5 a 4,0 partes por milhão (ppm);

- Cloro residual: nunca mais de 1,0 ppm;

- Cloro total: entre 2.0 a 5.0 ppm.

Nota: Os valores são diferentes quando a desinfecção é realizada com cloro e ozono e

com cloro e ultra-violetas.

O pH da água da piscina é mantido dentro de parâmetros que assegurem uma

efectividade óptima de desinfecção e protecção (entre 7,2 e 7,8, sendo a amplitude ideal

entre 7,4 e 7,6).

A alcalinidade total deve ser mantida entre 100 a 250 (ppm).

Dureza da água é a medida de todos os sais cálcio e de magnésio = 150 a 300 ppm.

Total de sólidos dissolvidos (TDS): 500 a 1250 ppm.

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Para assegurar os valores enunciados, a água da piscina é testada com a

seguinte frequência:

- Diária:

Limpidez/claridade/transparência;

Testes manuais (kit) ou automáticos do cloro, 2 – 3 vezes dia;

Testar pH com kit 2zes por dia;

Limpeza e aspiração da piscina.

- Semanal:

Alcalinidade total;

Dureza da água;

Balanço da água;

Testes bacteriológico (laboratório);

Desinfecção de paredes, degraus, material e equipamento, etc;

Filtros.

- Mensal:

Teste electrónico ao TDS;

Bacteriológico por entidade superior.

As amostras da água da piscina são analisadas

laboratorialmente para contagem bacteriológica pelo menos uma vez por mês. Os

parâmetros bacteriológicos também deverão estar em conformidade com o Decreto

nº5/97.

Os testes são realizados para analise e pesquisa de:

- Escherichia coli;

- Pseudomonas aeruginosas;

- Staphylococcus totais e coagulare;

- Nº de coliformes;

- Enterococos fecais;

- Staphylococcus aureus;

- Microrganismos viáveis.

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A temperatura ambiente é função do valor da humidade relativa (HR) e

da temperatura do ar (Tar). Estes valores quando muito elevados podem afectar a saúde

dos utentes (fadiga mais fácil) e profissionais que trabalham dentro ou fora da piscina

assim como acarretam elevados custos energéticos.

Orientação:

- A temperatura ambiente da áreas circundantes á piscina são mantidas entre 25 e

28º célsius (nunca superior a 30ºC);

- O valor da HR deverá ser mantido entre 50 a 65%, de preferência a 60%;

- A temperatura dos vestiários e zonas de descanso são mantidas entre 22 e 26º

célsius.

A temperatura ideal da água da piscina Hidroterapia deverá ser entre 32 e

35º C (esta temperatura poderá ser de 3º abaixo, conforme o tipo de utentes e/ou

programas a desenvolver, é o caso das piscinas públicas).

Deve-se ter em conta que, temperaturas acima dos 30º permitem uma maior

probabilidade de proliferação de bactérias, por esta razão as análises e os níveis de

desinfecção são diferentes.

Para temperaturas de água inferiores a 30º C os parâmetros físico-químicos deverão

estar em conformidade com a Legislação nacional em vigor (Decreto Regulamentar Nº

5/97).

Será necessário o esvaziamento da água da piscina:

- Parcial, se:

Houver cloro em excesso (ou aumentar a taxa de renovação da

água);

TDS em excesso, (através de floculantes e aspiração);

Contaminação da água (aumentando também os níveis de

desinfectantes).

- Total, se:

Contaminação da água grave (que não foi solucionada com a

acção anterior);

Manutenção anual.

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Iluminação e acústica : A piscina e meio envolventes deverão estar devidamente

iluminados, de forma a garantirem as melhores condições de visibilidade e segurança

dos utentes (DCNQ 23/93).

Todos os Fisioterapeutas a trabalhar no meio aquático devem ter o cuidado de manter

um ambiente acústico adequado.

Orientação:

- Não utilização ou utilização adequada de música durante as sessões de

tratamento;

- Orientação verbal ou não verbal (mímica) adequada ao(s) utente(s), tendo

também em conta o meio envolvente e o nº de utentes/profissionais;

- Avisos escritos aos “espectadores”.

A utilização da piscina de Hidroterapia é gerida de forma a assegurar a máxima

segurança para todos os seus utilizadores:

Lotação : As incapacidades dos utentes/grupos e as dimensões da piscina devem

determinar o número de indivíduos dentro da água.

Para intervenção individual é necessário uma área de 4m2.

Para intervenções em grupo cada utente necessita de 2m2.

Pessoal e funcionamento :

Para além do anteriormente descrito, o Fisioterapeuta que trabalha no

meio aquático, também deverá sempre avaliar/reavaliar o seu utente na água.

Para qualquer tipo de intervenção no meio aquático deve existir sempre

um ajudante dentro ou fora da piscina. Em determinadas instituições também deverá

haver a presença constante do “nadador-salvador”.

O Fisioterapeuta deve treinar periodicamente, saídas de emergência com

os utentes e ajudantes.

O Fisioterapeuta deverá dar informação prévia ao utente – escrita e

verbal – das zonas de acesso ao cais e piscina (degraus, desníveis, profundidades, uso

adequado de materiais, postura na água, etc.) e solicitar o uso de calçado adequado a

todos os que circulam no cais da piscina, de forma a minimizar as situações de risco.

Deverá também facultar informação escrita e verbal prévia sobre normas de higiene

(saúde) aos utentes.

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O Fisioterapeuta não deve trabalhar mais de três horas seguidas dentro da

água num dia normal de trabalho – sendo o ideal duas horas. Deverá também ter tempo

suficiente, no seu horário, para a sua higiene e recuperação pós piscina. Outros acordos

poderão ser considerados pela entidade empregadora, de forma a assegurar a saúde e o

bem estar do “Fisioterapeuta aquático” (seguros, diminuição da carga horária,

remuneração, etc.).

O Fisioterapeuta deve estar sempre equipado adequadamente com touca,

chinelos, e fato de banho e quando está no cais poderá usar roupão ou camisola/calções

por cima do fato de banho para manter a sua temperatura corporal.

O Fisioterapeuta a trabalhar no meio aquático nunca deverá estar fardado.

O Fisioterapeuta que trabalha no meio aquático, deve possuir formação

académica contínua e adequada (nº de horas de formação específica), para poder

praticar (Fisioterapia no meio aquático), bem como todos os aspectos de segurança

relativos ao manuseio de utentes e procedimentos de emergência e evacuação, que lhe

permita actuar em segurança e conformidade com as boas práticas.

AS PROPRIEDADES GERAIS DA ÁGUA

(Princípios Físicos da água)

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Para compreender os princípios da hidroterapia, é necessário adquirir conhecimento das

propriedades físicas da água, particularmente sua relação com os conceitos da matéria.

Por isso, o Fisioterapeuta ao aplicar os exercícios aquáticos terapêuticos, deve ter

conhecimento das propriedades e características da água.

Matéria:

Qualquer coisa que ocupa lugar no espaço (sólido, líquido ou gás):

Sólido – água <0ºC;

Líquido –> 0ºC <100ºC;

Gasoso –> 100ºC.

(Skinner e Thomson, 1985)

Propriedades físicas da água:

Em comum com as formas de matéria, a água possui certas propriedades físicas que

incluem:

Massa;

Peso;

Densidade (hidrostática);

Gravidade específica/densidade relativa (hidrostática);

Flutuação (hidrostática);

Pressão hidrostática (hidrostática);

Tensão superficial (hidrodinâmica);

Refracção (hidrostática);

Viscosidade (hidrodinâmica);

Turbulência (hidrodinâmica).

1 – Massa:

Quantidade de substância que ela compreende;

Inalterável;

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Kg.

2 – Peso:

Força através da qual a substância é atraída no sentido do centro da Terra;

Efeito de gravidade sobre a massa;

Altera-se com a posição do corpo em relação à Terra;

N – Newton (1Kg = 9,81 N).

3 – Densidade:

Relação entre a massa e o volume;

Densidade = massa / volume ;

Kg/m3 ou g/cm3;

Água é mais densa a 4ºC;

Gelo é menos denso que a água – flutua.

3.1 – Densidade relativa ou gravidade específica:

A densidade relativa de um objecto é a propriedade que determina se o objecto vai

flutuar ou não.

A densidade relativa é a relação entre a massa do objecto e a igual massa volume de

água que é deslocado, isto é:

Densidade Relativa

=Massa de um volume de uma substância / Massa do mesmo volume de água

A densidade relativa da água pura é “1”. Isto significa que um corpo com gravidade

específica maior que “1” irá afundar. Se o valor for exactamente igual a “1”, o objecto

flutuará logo abaixo da superfície da água.

A densidade relativa do corpo humano varia com a idade. Uma criança nova possui uma

densidade relativa total de aproximadamente 0,86. Na adolescência e início da idade

adulta, a densidade relativa aumenta para aproximadamente 0,97. Mais tarde, com o

passar dos anos, a densidade óssea diminui e o corpo tende a adquirir mais tecido

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adiposo e a densidade relativa tende a retornar para 0,86. Por esta razão, o ser humano

tem maior facilidade para flutuar em certas fases da sua vida.

A densidade relativa varia de membro em membro. Os membros superiores são

geralmente menos densos que os membros inferiores, portanto os braços flutuam com

mais facilidade à medida que os membros inferiores tendem a afundar.

Em certos casos, pode existir uma diferença entre o lado esquerdo e o lado direito. Por

exemplo, pessoas com membros amputados apresentam diferentes densidades relativas

entre os dois lados.

A gravidade específica também indica a porção de volume de um objecto que irá flutuar

sobre a água. Por exemplo, se uma pessoa em flutuação tem gravidade específica de

0,96, então 4% do corpo estará sobre a superfície da água e 96% imerso.

Em resumo:

DR = massa de um volume de uma substância / massa do mesmo de água;

Densidade relativa da água pura = 1;

Densidade relativa do corpo humano = 0,95;

Um corpo com gravidade específica menor do que 1 flutuará, e um corpo com

mais de 1 afundará na água.

4 – Flutuação:

A flutuação e a densidade relativa estão interligadas.

O Princípio de Arquimedes afirma que, quando um corpo apresenta-se total ou

parcialmente imerso num líquido em repouso, ele sofre um impulso de baixo para cima

igual ao volume de líquido deslocado. Portanto, se um corpo apresentar densidade

relativa menor que 1 irá flutuar.

Denomina-se Centro de flutuação ao ponto pelo qual a força de flutuação actua.

A flutuação é a força que actua em sentido oposto à força da gravidade. Um corpo na

água fica submetido a duas forças opostas: gravidade, que actua através do centro de

gravidade, e flutuação, que actua através do centro de flutuação.

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Quando o peso do corpo é igual ao volume do líquido deslocado, e os centros de

flutuação e gravidade apresentam-se em alinhamento vertical o corpo mantém-se em

equilíbrio estável. Se o peso da parte submersa do corpo não for igual ao volume do

líquido deslocado, o centro de gravidade e de flutuação não estarão na mesma linha

vertical. Como resultado, as forças que actuam no corpo irão fazer com que ele rode ou

se mova até atingir uma posição de equilíbrio estável.

Quando é considerada a quantidade de assistência ou resistência que um flutuador

produz determinado movimento, a flutuação deve ser considerada como “momento de

força”.

O Momento de força é definido como efeito rotatório da força em torno de um ponto.

Uma das principais vantagens do tratamento na piscina, é a redução das forças na

sustentação do peso. Na água os pacientes sentem-se mais leves, movimentam-se com

maior facilidade e sentem menos peso ao nível das articulações devido à flutuação.

Em resumo:

Força oposta à força da gravidade;

Princípios de Arquimedes / Lei da flutuação: quando um corpo é submerso num

líquido, sofre uma força de flutuabilidade = ao peso do líquido deslocado;

Corpo na água está sujeito a duas forças opostas – gravidade e flutuabilidade;

Momento de força: momento de força em torno de um ponto é o efeito rotatório

da força;

Momento de flutuação: F x d:

- F = Força de flutuação;

- x = ponto em torno do qual o efeito rotatório de flutuação é exercido;

- d = distância perpendicular desde uma linha vertical passando através de

x até ao centro da flutuação.

Corpo humano:

- Alavanca = MMSS e MMII;

- x = articulação onde ocorre movimento.

Flutuação:

- Assistir;

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- Resistir um movimento é uma das principais vantagens na piscina.

Flutuação / impulsão:

- Estiramentos lentos;

- Trabalho assistido;

- Trabalho resistido;

- Trabalho excêntrico;

- Amplitudes articulares;

- Relaxamento;

- Alívio do peso corporal;

- Contracções isométricas.

5 – Pressão hidrostática:

As moléculas de um líquido exercem um impulso sobre parte da área da superfície de

um corpo imerso. Este impulso por unidade de área denomina-se por pressão do líquido.

A Lei de Pascal estabelece que a pressão do líquido é exercida de uma forma uniforme

sobre todas as áreas de um corpo imerso a uma dada profundidade. A pressão aumenta

com densidade do líquido e com a sua profundidade.

A pressão da água é sentida quando a pessoa entra na piscina e é mais evidente ao nível

do tórax, uma vez que a pressão da água realiza resistência à expansão torácica, pelo

que, é geralmente aconselhável avaliar os pacientes com capacidade vital abaixo de

1000 cm3 antes de entrarem na piscina, pois podem apresentar dificuldades na

respiração. A pressão hidrostática apõe-se à tendência do sangue permanecer nas

porções inferiores do corpo o que ajuda a reduzir e eliminar edemas. Uma vez que a

pressão aumenta com a profundidade, o edema será reduzido mais facilmente se os

exercícios orem realizados a uma profundidade considerável onde pode ser utilizada a

pressão aumentada.

Em resumo:

Lei de Pascal: a pressão do líquido é exercida igualmente sobre todas as áreas da

superfície de um corpo em repouso, numa determinada profundidade;

Pressão aumenta: densidade do líquido e profundidade.

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6 – Tensão superficial:

A tensão superficial é a pressão exercida entre as moléculas da superfície de um

líquido. Esta força é provavelmente devida à coesão entre as moléculas. Actua como

uma resistência ao movimento quando um membro se apresenta parcialmente imerso,

uma vez que, a tensão superficial tem de ser ultrapassada pelo movimento, porem o seu

efeito é mínimo.

Em resumo:

Força exercida entre as moléculas da superfície de um líquido;

Semelhante a uma “pele” elástica na superfície do líquido;

Actua como uma resistência ao movimento quando o membro é parcialmente

submergido, uma vez que a tensão superficial tem que ser rompida pelo movimento

só tem efeito terapêutico em músculos pequenos e debilitados.

7 – Refracção:

É a deflação de um raio de luz quando este ultrapassa um meio mais denso para um

meio menos denso, ou vice-versa.

Através da análise da figura podemos verificar, como, um raio deflaciona do normal

quando passa a água (maior densidade) para a terra (menor densidade).

Devido à refracção, as piscinas aparentam ser mais baixas do que realmente são. Os

membros do paciente parecem deformados. As partes que se apresentam submersas,

parecem estar flexionadas além do normal do nível da água. Isto significa que, os

movimentos e a postura do paciente tornam-se mais difíceis de serem observados.

Em resumo:

Deflação de um raio quando passa de um meio mais denso a um menos denso ou

vice-versa:

- Ar (menos denso) água (mais densa);

- Água (mais densa) Ar (menos denso).

8 – Viscosidade:

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Defina-se viscosidade como a resistência de um movimento através de um fluído, que é

causada pela fricção das moléculas do fluído.

A viscosidade actua como uma resistência ao movimento, uma vez que as moléculas de

um líquido tendem a aderir à superfície de um corpo, e movem-se através dele. Quando

um objecto movimenta-se através de um líquido que apresenta alta viscosidade,

verifica-se uma maior turbulência a uma dada velocidade e por conseguinte uma maior

resistência ao movimento. O ar apresenta menor viscosidade do que a água, pelo que se

verifica maior resistência ao movimento na piscina do que em terra.

Em resumo:

Tipo de atrito (fricção) que ocorre entre as moléculas de um líquido e que causa

resistência ao fluxo do líquido:

- viscosidade – flui rapidamente (ex. água);

- viscosidade – flui lentamente (ex. óleo);

Viscosidade actua com resistência ao movimento;

Água oferece mais resistência ao movimento que o ar ( 6 a 15 x em relação ao

ar);

Importante para o início da reeducação muscular – porque se pode graduar a

resistência.

8.1 – Movimento de um corpo através da água:

O movimento de um objecto através da água pode ser em fluxo recto ou em fluo

turbulento.

Durante o fluxo em linha recta (fluxo alinhado), verifica-se um movimento contínuo do

fluido. A velocidade do movimento em qualquer ponto fixo permanece constante.

Verifica-se uma pequena fricção entre as camadas do fluído, pois estas separam-se para

se deslocarem em redor do objecto e suavemente unem-se no final.

Este tipo de fluxo pode ser figurado como camadas muito delgadas de moléculas de

líquido, deslizando uma sobre a outra. As camadas mais internas movem-se

rapidamente, as camadas mais externas movem-se lentamente, e as mais externas de

todas permanecem estacionárias.

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Durante o fluxo turbulento as camadas do fluído apresentam um movimento irregular.

Este movimento irregular produz um aumento na fricção entre as moléculas do fluído e

entre o objecto e o fluído. As camadas do fluído movem-se de forma circular, verificam-

se ocasionais movimentos rotatórios por redemoinhos.

A resistência ao fluxo turbulento é maior do que a resistência que se verifica no fluxo

alinhado. No fluxo em linha recta a resistência é directamente proporcional à

velocidade, enquanto que no fluxo turbulento, a resistência é proporcional ao quadrado

da velocidade.

Em resumo:

Corpo alinhado / hidrodinâmico fluxo alinhado: fluxo alinhado com a

corrente:

- Movimento firme, contínuo;

- A velocidade do líquido em qualquer ponto fixo permanece constante;

- Resistência do líquido é directamente proporcional à velocidade.

Corpo desalinhado / turbulento fluxo turbulento:

- Movimento irregular do líquido produzido quando a velocidade do fluxo

é aumentada para além de um certo nível viscosidade crítica;

- Origina movimentos rotatórios – redemoinhos;

- Resistência é proporcional ao V2 (maior que o fluxo alinhado).

OS PRINCIPAIS EFEITOS DA ÁGUA SOBRE O ORGANISMO

1 – Os efeitos fisiológicos:

O exercício em água aquecida é uma modalidade de tratamento para uma grande

variedade de patologia. Os efeitos fisiológicos experimentados por um paciente imerso

em água aquecida dependem da sua postura e de qualquer elemento que possa alterar o

estado neutro do corpo. Os elementos que influenciam este estado incluem:

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A temperatura da água;

A duração da aula/sessão/tratamento;

O tipo e a intensidade do exercício;

A condição patológica do paciente.

As respostas fisiológicas experimentadas pelo corpo durante imersão em água aquecida

são similares às de aplicação de calor localizado, mas menos concentradas. Verifica-se

frequentemente um aumento geral da temperatura corporal, devido a vários factores. A

temperatura da água vai aumentar a temperatura corporal apenas se estiver mais alta que

a temperatura da pele, a qual é normalmente de 33,5ºC. A magnitude da temperatura

depende da percentagem do copo que está imersa. A perda do calor do corpo verifica-se

apenas nos vasos cutâneos e glândulas sudoríparas das regiões expostas como face e

pescoço. A elevação da temperatura corporal vai variar de paciente para paciente.

A medida que se verifica um aumento da temperatura da pele, verifica-se uma dilatação

dos vasos sanguíneos superficiais e o suprimento sanguíneo periférico aumenta. O

sangue que circula através destes vasos apresenta um aumento da temperatura e, por

condução, a temperatura das estruturas subjacentes (como os músculos) aumenta.

Verifica-se uma redistribuição do sangue, o que provoca um aumento do retorno

venoso.

A frequência cardíaca aumenta devido ao aumento da temperatura corporal e devido ao

exercício.

Verifica-se um aumento do metabolismo, o que leva a um aumento do transporte de

oxigénio e de produção de dióxido de carbono, provocando um aumento proporcional

da frequência respiratória.

O calor da água provoca a diminuição da sensibilidade das terminações nervosas

sensitivas, verifica-se a diminuição do tónus muscular.

A pele inicialmente apresenta-se clara devido à vasoconstrição. Posteriormente a pele

apresenta uma coloração rosa e a seguir avermelhada devido à dilatação dos vasos

sanguíneos. O contacto prolongado com a água torna a pele mole, espessa e branca.

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Verifica-se um aumento da actividade das glândulas sudoríparas e sebáceas à medida

que a temperatura da pele aumenta.

Em resumo:

As alterações fisiológicas durante o exercício em água aquecida:

Aumento da frequência respiratória;

Diminuição da pressão sanguínea;

Aumento do suprimento de sangue para os músculos;

Aumento do metabolismo muscular;

Aumento da circulação periférica;

Aumento da frequência cardíaca;

Aumento da qualidade de sangue de retorno ao coração;

Aumento da taxa metabólica;

Diminuição de edemas das partes do corpo submerso;

Redução da sensibilidade nos terminais nervosos;

Relaxamento muscular geral.

2 – Os efeitos terapêuticos:

Os efeitos terapêuticos dos exercícios em água aquecida são:

Promoção do relaxamento muscular : a água aquecida das piscinas terapêuticas

provoca uma diminuição da tensão muscular e ajuda a prevenir a rigidez articular;

Redução da sensibilidade à dor : a água aquecida provoca uma diminuição da

dor. A flutuação actua contra a força da gravidade e alivia o peso corporal o que

provoca uma redução das forças de compressão nas articulações. A água aquecida

provoca o relaxamento dos músculos espásticos. Verifica-se uma diminuição da tensão

muscular;

Redução dos espasmos musculares : quando o paciente está imerso em água

aquecida verifica-se um aumento da temperatura do corpo. Este aquecimento provoca

uma redução do tónus muscular anormal e uma redução da espasticidade;

Facilitação do movimento articular : devido as propriedades físicas e o

aquecimento da água, verifica-se um aumento das amplitudes articulares. A força de

flutuação da água suporta o corpo, o que ajuda a induzir o relaxamento e alivio a dor.

Isto possibilita ao paciente realizar os movimentos com menos esforço do que se

efectuasse os mesmos movimentos em terra. A pressão da água sobre todas as faces do

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corpo submersas, irá suportá-lo na vertical. Este suporte vai proporcionar confiança ao

paciente que apresenta dificuldades em caminhar, e pode capacitá-lo a caminhar na

piscina antes que ele consiga em terra firme;

Aumento da força e resistência muscular : a água proporciona uma maior

resistência ao movimento que o ar. As partes do corpo submersas apresentam uma

resistência em todas as direcções do movimento o que requer um gasto maior de

energia. Os movimentos efectuados na água são mais consistentes e torna-se mais fácil

aumentar o nível de intensidade dos exercícios. O tratamento para o aumento da força

muscular pode ser iniciado na piscina, mesmo que não seja possível realizá-lo em terra,

prevenindo deste modo a atrofia muscular;

Redução da força da gravidade : na água verifica-se a redução dos efeitos da

gravidade. Quanto mais o paciente apresenta-se submerso, menores são as forças de

conversão que vão actuar no seu corpo;

Aumento da circulação periférica : na água aquecida verifica-se um aumento da

circulação sanguínea. Durante a imersão verifica-se a redistribuição do sangue que

provoca um aumento da temperatura periférica, favorecendo assim o fluxo sanguíneo

periférico;

Melhoria da musculatura respiratória : o paciente ao apresentar a água ao nível

do peito, verifica-se um aumento da pressão hidrostática ao nível da grelha costal e ao

nível da região abdominal durante a respiração. A água vai efectuar resistência durante a

inspiração. Verifica-se um relaxamento da musculatura respiratória espástica devido à

temperatura da água;

Melhoria da consciência corporal e equilíbrio : o efeito estimulador da água vai

ajudar paciente a tornar-se mais consciente das partes do seu corpo que se apresentam

em movimento, e ater uma melhor percepção dos mecanismos envolvidos;

Melhoria da autoconfiança do paciente (efeito psicológico) : o paciente executa

os movimentos com maior facilidade na água. Deste modo, vai adquirir maior confiança

o que ajuda na sua reabilitação. Ele não sente tanto medo de cair ou de se lesionar

novamente. Quando os exercícios são executados em classes verifica-se uma interacção

social. O paciente tem oportunidade de contactar com pessoas que apresentam

patologias semelhantes à sua nas várias fases da recuperação.

Em resumo:

Os benefícios terapêuticos dos exercícios em água aquecida são:

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Alivio da dor e espasmos musculares;

Manutenção ou aumento da amplitude de movimentos das articulações;

Fortalecimento dos músculos enfraquecidos e aumento na sua tolerância aos

exercícios;

Reeducação dos músculos paralisados;

Melhoria na circulação;

Diminuição do edema;

Encorajamento das actividades funcionais;

Manutenção e melhoria do equilíbrio, coordenação e postura;

Reduz a actuação da força gravitacional;

Aumento auto-estima/confiança;

Aumento interacção social;

Aumento bem-estar.

3 – Os efeitos psicológicos:

A pessoa que pode nadar e participar de qualquer outra actividade aquática possui uma

vantagem social. Essa habilidade coloca-se em posição de igualdade com os outros

membros da família ou amigos, seja ela deficiente ou não. Ela pode competir num nível

semelhante. A habilidade de ser independente na água, de atingir as habilidades que

podem ser impossíveis ou difíceis no solo só pode trazer efeitos psicológicos favoráveis

e duradouras, que elevam a confiança e a moral, e isso pode ser transferido para a vida

em terra.

Os exercícios aquáticos terapêuticos são indicados para diversas patologias, como por

exemplo:

Doenças reumáticas:

Artrite reumatóide;

Artrose;

Artrite;

Osteoartrite;

Osteoartrose;

Polimialgia reumática;

Espondilite anquilosante;

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Poliartrite crónica juvenil...

Doenças neurológicas:

Acidentes vasculares cerebrais;

Atraso do desenvolvimento motor, hemiplegia, diplegia, paraplegia, ataxia,

esclerose múltipla, distrofia muscular de Duchenne, atrofia espinhal;

Tetraplegia;

Paralisias cerebrais;

Patologia discal;

Traumatismo craneo-encefálico;

Sequelas de meningite;

Parkinson e fibromialgia;

Polineuropatia;

Lesões dos nervos periféricos;

Lesões do plexo braquial...

Doenças ortopédicas:

Fracturas do colo do fémur;

Fracturas da coluna;

Cirurgia da coluna;

Cirurgia da anca;

Cirurgia do joelho;

Pré-operatórios de próteses;

Lesões dos tecidos moles.

Outros:

Gravidez;

Obesidade;

Alterações posturais;

Disfunções respiratórias, etc.

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CONTRA-INDICAÇÕES

Os pacientes devem ser seleccionados em função das contra-indicações à terapia na

piscina. Cada instalação deve desenvolver o seu próprio modo de precaução, definido

quais são as contra-indicações absolutas e relativas. Os parâmetros dependem do

programa e da população de pacientes que está a ser tratada:

Doenças transmissíveis pela água, como o tifo, cólera e desinteria;

Febre alta (acima de 38ºC – doença sistémica);

Insuficiência cardíaca;

Traqueosctomia;

Doenças nos rins;

Desordens gastrointestinais;

Doenças infecciosas;

Feridas abertas;

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Doenças da pele com erupções;

Tímpanos perfurados;

Dispositivos auditivos;

Incontinência de fezes ou urina;

Menstruação sem absorvente interno;

Epilepsia incontrolada;

Diabetes instável;

Hemofilia;

Pressão arterial anormal (hipotensão ou hipertensão);

Em tratamento, ou tratamento recente com radiação (durante os últimos três

meses);

Baixa capacidade pulmonar vital (900 – 1500ml);

Pacientes psiquiátricos.

OUTRAS PRECAUÇÕES

Usar apropriadamente o material;

Supervisionar permanentemente os pacientes (dentro e fora de água);

Ter conhecimento dos efeitos hidrodinâmicos;

Assegurar que a área envolvente está seca e sem obstáculos;

Avisar os pacientes do uso seguro os auxiliares de marcha;

Avaliar e registar todos os pacientes antes do tratamento;

Assegurar que todos os elementos da equipa sabem e têm prática dos

procedimentos de evacuação e emergência;

Assegurar a existência, sempre, de uma segunda pessoa disponível para dar

assistência;

Assegurar que todos os pacientes respeitam o seu tempo limite dentro da piscina;

Assegurar que os pacientes só fazem o instruído pelo Fisioterapeuta;

Informar os pacientes das características da piscina;

Assegurar a limpeza de toda a piscina e área envolvente;

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Averiguar o funcionamento do elevador e do sistema de alarme (quando

existente), regulamente.

CUIDADOS

Distúrbios de labirinto;

Pacientes com problemas de crise convulsiva;

Síndrome do pânico;

Pacientes cegos e surdos;

Alterações da tensão arterial entrar lentamente na piscina.

ACIDENTES

Submersão inesperada;

Queimaduras.

Em caso de acidente:

1. Retirar a cabeça da água (em caso de submersão);

2. Retirar o indivíduo da piscina;

3. Aquecer o paciente com cobertores (choque);

4. Respiração artificial;

5. Massagem cardíaca externa.

(Skinner e Thomson, 1985)

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BIBLIOGRAFIA

Normas de boas práticas para a prestação de serviço de Fisioterapia – “Normas

respeitantes à gestão da piscina coberta de Hidroterapia” – Associação Portuguesa de

Fisioterapeutas;

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