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II UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ CRISTIANE SILVA AGUIAR DIFERENTES ASSOCIAÇÕES ENTRE TROLOX ® E ÁCIDO DOCOSAHEXAENOICO NA CONGELAÇÃO E REFRIGERAÇÃO DE SÊMEN DE GARANHÕES DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR ILHÉUS – BAHIA 2018

CRISTIANE SILVA AGUIAR · 2018-08-06 · IV A282 Aguiar, Cristiane Silva. Diferentes associações entre trolox e ácido docosahexaenoico na congelação e refrigeração de sêmen

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II

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

CRISTIANE SILVA AGUIAR

DIFERENTES ASSOCIAÇÕES ENTRE TROLOX ® E ÁCIDO

DOCOSAHEXAENOICO NA CONGELAÇÃO E REFRIGERAÇÃO DE SÊ MEN

DE GARANHÕES DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR

ILHÉUS – BAHIA

2018

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III

CRISTIANE SILVA AGUIAR

DIFERENTES ASSOCIAÇÕES ENTRE TROLOX ® E ÁCIDO

DOCOSAHEXAENOICO NA CONGELAÇÃO E REFRIGERAÇÃO DE SÊ MEN

DE GARANHÕES DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR

Tese apresentada à Universidade Estadual de Santa

Cruz, como parte das exigências para obtenção do

título de Doutora em Ciência Animal.

Área de concentração: Reprodução Animal

Orientadora: Profa. Dra. Paola P. das Neves Snoeck

Co-orientadora: Profa. Dra. Larissa Pires Barbosa

ILHÉUS – BAHIA

2018

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IV

A282 Aguiar, Cristiane Silva.

Diferentes associações entre trolox e ácido docosahexaenoico na congelação e refrigeração de sêmen de garanhões da raça man- galarga marchador / Cristiane Silva Aguiar. - Ilhéus : UESC, 2018. 131f. : il. Anexos. Orientadora : Paola P. das Neves Snoeck. Co-orientadora : Larissa Pires Barbosa. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Pro- grama de Pós-graduação em Ciência Animal.

Inclui referências.

1. Reprodução animal – Biotecnologia. 2. Equinos – Reprodu- ção. 3. Antioxidantes. I. Snoeck, Paola P. das Neves. II. Barbosa, Larissa Pires. III. Título. CDD – 636.0824

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V

CRISTIANE SILVA AGUIAR

DIFERENTES ASSOCIAÇÕES ENTRE TROLOX ® E ÁCIDO

DOCOSAHEXAENOICO NA CONGELAÇÃO E REFRIGERAÇÃO DE SÊ MEN

DE GARANHÕES DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR

Ilhéus – BA, 27 de Fevereiro de 2018.

_____________________________________________________________

Paola Pereira das Neves Snoeck - DSc. UESC-DCAA (Orientadora)

______________________________________________________________ Amauri Arias Wenceslau - DSc.

UESC-DCAA

_____________________________________________________________ Ivan Bezerra Allaman - DSc.

UESC-DCET

______________________________________________________________ José Augusto Carvalho - DSc.

UESC-DCAA

_______________________________________________________________ Diogo Ribeiro Câmara - DSc.

UFAL

ILHÉUS – BAHIA

2018

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VI

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos que estiveram ao meu lado nessa jornada e aos que suportaram minha ausência em vários momentos: ao meu filho Henrico, ao meu companheiro Márcio, ao meu sobrinho e afilhado Ícaro, ao meu pai Wilson, a minha sogra Elvira Beatriz e ao meu sogro José Márcio.

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VII

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter permitido a realização deste trabalho e por

me dar forças para suportar as tempestades e enfrentar os obstáculos.

Ao meu filho Henrico, razão da minha existência, amor eterno, por ter

enxugado minhas lágrimas em diversos momentos só com um abraço

apertado, por ter aplacado alguns momentos de angústia ao longo desses

quatro anos só com um beijo e um “Eu te amo mamãe”. Por ter sido paciente e

compreensivo nas minhas ausências e por sempre me receber com um sorriso

inigualável.

Ao meu companheiro de todas as horas Márcio de Oliveira Ribeiro (Big)

pelo apoio em todos os meus projetos, por todo o amor dedicado a nossa

família, por sempre manter a serenidade diante dos apertos da vida e me

encorajar nas horas de dúvida.

Ao meu pai Wilson Alberto Aguiar, por sempre estar ao meu lado,

incondicionalmente, mesmo ás vezes não estando ciente do quão isso é

importante na minha vida.

Aos meus, sogro José Márcio Cavalcanti Ribeiro e sogra Elvira Beatriz

de Oliveira Ribeiro, por ocuparem posição de pais em minha vida, sempre

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VIII

dispostos em ajudar e em acalentar. Saber que podia contar com vocês foi

imprescindível para a realização desse trabalho.

A minha orientadora Profa. Dra. Paola Pereira das Neves Snoeck por se

doar aos seus orientados transmitindo seus conhecimentos, por prezar pela

excelência e por enriquecer esse trabalho.

A minha co-orientadora Profa. Dra. Larissa Pires Barbosa por ceder

equipamentos e reagentes, além de conhecimento técnico e amizade ao longo

de nove anos.

Aos meus colegas de pós-graduação que fizeram ou fazem parte do

Laboratório de Reprodução Animal da UESC, em especial: a Maíra Corona da

Silva por todo o apoio, amizade nos momentos difíceis e pelos bons momentos

que dividimos; a Tainá Hortência Oliveira Pessoa por ter sido uma amiga

presente e com quem eu podia contar, além de ter me recebido em sua casa

sempre de braços abertos (serei eternamente grata!); a Celso Henrique Souza

Costa Barros (Celsão) e a William Morais Machado (Wil) por me auxiliarem nos

experimentos, a presença de vocês foi imprescindível para a realização desse

trabalho; a Ivan de Paula Fernandes e Marcelo Pereira pelos momentos e

risadas compartilhadas, além da amizade que ficará para a vida toda.

Aos discentes orientados de PIBIC e PIBIT do Laboratório de

Reprodução Animal da UESC: Ana Carolina Almeida Dias, Bruno Souza Malta,

Lorena Matos Cortês Alves, Dandara Vale Sobral, Clatiane Santos Bispo e Iure

Prates, por toda a colaboração, dedicação, responsabilidade e presteza

durante os experimentos, tenham certeza que vocês foram peça chave e

extremamente importantes para que eu conseguisse finalizar esse trabalho.

Espero que eu tenha conseguido colaborar para a formação de vocês. Sou-

lhes eternamente grata!

Ao meu amigo Antonio de Oliveira Leite Filho (Leitinho) por sempre estar

disponível para me auxiliar na parte experimental de campo, por ceder

equipamentos e animais sob sua responsabilidade e pela amizade de sempre!!

Sem a sua ajuda tudo teria sido muito mais difícil!! Muitoooo Obrigada!!

Ao proprietário do Haras Pamplona Luiz Pedro Rodrigues Irujo por nos

permitir desenvolver as atividades experimentais nas dependências da sua

propriedade e por ceder os animais para os experimentos.

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IX

Aos funcionários do Haras Pamplona por sempre estarem disponíveis,

trabalhando com alegria e assim tornarem nossa jornada mais leve!!

Aos amigos que compõem os grupos de WhatsApp “Nárnia” e

“Bagaceira”, por sempre me incentivarem e me fortalecerem nos momentos de

tristeza e desânimo, além de dividirem muitas gargalhadas nos momentos de

alegria. Vocês fizeram a diferença!!!

A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia por me possibilitar

cursar o Doutorado para que eu pudesse voltar melhor capacitada para a sala

de aula e assim pudesse contribuir para a formação dos nossos discentes do

curso de Medicina Veterinária.

Aos que por algum motivo, conscientes ou não, conseguiram de alguma

forma me atrapalhar nesse percurso, pois dele estou saindo muito mais

fortalecida!!!!

A Rosiléia Silva Souza, por ter plantado em mim a primeira semente

para a investigação desse assunto em equinos, por ter me auxiliado com

conhecimentos técnicos e pela amizade de longas datas.

A Marciane da Silva Maia (Embrapa), André Mariano Batista (UFRPE),

Candice Nóbrega Carneiro (UFRB), Caline Gomes Ferraz (UFRB) e Sildivane

Valcácia Silva (UFPB) por terem me auxiliado com esclarecimentos e sanado

minhas dúvidas ao longo dessa jornada. Vocês foram luz no meu caminho!

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X

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de

água no mar, mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”

Madre Teresa de Calcutá.

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XI

DIFERENTES ASSOCIAÇÕES ENTRE TROLOX ® E ÁCIDO

DOCOSAHEXAENOICO NA CONGELAÇÃO E REFRIGERAÇÃO DE SÊ MEN

DE GARANHÕES DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito de diferentes concentrações de ácido docosahexaenoico (DHA), isolado ou associado a diferentes concentrações de Trolox® na congelação e refrigeração de sêmen de garanhões da raça Mangalarga Marchador. No primeiro experimento foram congelados 16 ejaculados para testar o efeito dos seguintes diluidores: D1) BotuCrio® (BC; controle); D2) BC + 50 ngmL-1 de DHA + 30 µM de Trolox® (BCDHA30T); D3) BC + 50 ngmL-1 de DHA + 40 µM de Trolox® (BCDHA40T); D4) BC + 50 ngmL-1 de DHA + 50 µM de Trolox® (BCDHA50T). Os diluidores testados preservaram igualmente vários parâmetros de movimento espermático, o percentual de hiperativos, a integridade funcional, a integridade da cromatina, a atividade mitocondrial alta e intermediária e a peroxidação lipídica (P>0,05). Embora, tenha sido observada superioridade do diluidor BCDHA40T sobre o diluidor controle em preservar a velocidade curvilinear, a velocidade linear progressiva e a velocidade média do trajeto (P<0,05). Houve menor percentual de móveis nas amostras criopreservadas em BCDHA30T do que no diluidor controle (P<0,05). Houve menor percentual de espermatozoides com membrana estruturalmente íntegra nas amostras criopreservadas em BCDHA50T do que o diluidor controle (P<0,05). No segundo experimento foram congelados 12 ejaculados para testar o efeito dos seguintes diluidores: D1) BotuCrio® (BC; controle); D2) BC + 30 ngmL-1 de DHA (BC30DHA); D3) BC + 40 µM de Trolox® (BC40T); D4) BC40T + 50 ngmL-1 de DHA (BC40T50DHA); D5) BC40T + 70 ngmL-1 de DHA (BC40T70DHA); D6) BC40T + 90 ngmL-1 de DHA (BC40T90DHA). Os diluidores testados preservaram de forma semelhante vários parâmetros de movimento espermático, a integridade estrutural e funcional das membranas espermáticas, a integridade da cromatina, a atividade mitocondrial alta e intermediária (P>0,05). O percentual de espermatozoides móveis e com velocidade linear progressiva e média do trajeto foi maior nas amostras criopreservadas no diluidor controle e BC30DHA do que nos diluidores contendo BC40T adicionados de DHA (P<0,05). No terceiro experimento foram refrigerados dez ejaculados para testar o efeito dos seguintes diluidores: D1) BotuSêmen® (BS; controle); D2) BS + 30 ngmL-1 de DHA (BS30DHA); D3) BS30DHA + 40 µM de Trolox® (BS30DHA40T); D4) BS + 50 ngmL-1 de DHA (BS50DHA); D5) BS50DHA + 40 µM de Trolox®

(BS50DHA40T). Após 48 horas de refrigeração a 5oC foram avaliados vários parâmetros de viabilidade espermática e foi possível perceber que todos os diluidores testados preservaram igualmente vários parâmetros de movimento espermático e integridade estrutural e funcional das membranas espermáticas (P>0,05). No entanto, o BS50DHA foi superior ao BS30DHA40T em preservar a velocidade curvilinera e linear progressiva e foi superior ao BS30DHA40T e BS50DHA40T em preservar a velocidade média do trajeto e o índex de oscilação (P<0,05). Nenhum diluidor proposto maximizou o efeito do diluidor

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XII

controle nas condições experimentais aqui testadas. A adição de Trolox® em diluidores contendo DHA só foi eficiente em melhorar os parâmetros de velocidade espermática no primeiro experimento. Não é necessário o uso de Trolox® para controlar a lipoperoxidação em diluidor contendo DHA.

Palavras-chave: Antioxidante. Ácidos graxos. Membrana espermática. BotuCrio®. BotuSêmen®.

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XIII

DIFFERENT ASSOCIATIONS BETWEEN TROLOX ® AND DOCOSAHEXAENOIC ACID IN FREEZING AND COOLING OF SEM EN OF

STALLION OF THE MANGALARGA MARCHADOR BREED

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effect of different concentrations of docosahexaenoic acid (DHA), isolated or associated with different concentrations of Trolox® on the freezing and cooling of semen from Mangalarga Marchador stallions. In the first experiment, 16 ejaculates were frozen to test the effect of the following extenders: D1) BotuCrio® (BC; control); D2) BC + 50 ngmL-1 DHA + 30 µM Trolox® (BCDHA30T); D3) BC + 50 ngmL-1 DHA + 40 µM Trolox® (BCDHA40T); D4) BC + 50 ngmL-1 DHA + 50 µM Trolox® (BCDHA50T). The extenders tested also preserved several parameters of spermatic movement, the percentage of hyperactive, functional integrity, chromatin integrity, high and intermediate mitochondrial activity and lipid peroxidation (P>0.05). Although, it was observed superiority of the extender BCDHA40T on the control extender in preserving curvilinear velocity, progressive linear velocity and average path velocity (P<0.05). There was lower percentage of motility in the cryopreserved samples in BCDHA30T than in the control extenders (P<0.05). There was a lower percentage of spermatozoa with structurally intact membrane in the cryopreserved samples in BCDHA50T than the control extenders (P<0.05). In the second experiment, 12 ejaculates were frozen to test the effect of the following extenders: D1) BotuCrio® (BC; control); D2) BC + 30 ngmL-1 DHA (BC30DHA); D3) BC + 40 µM Trolox® (BC40T); D4) BC40T + 50 ngmL-1 DHA (BC40T50DHA); D5) BC40T + 70 ngmL-1 DHA (BC40T70DHA); D6) BC40T + 90 ngmL-1 DHA (BC40T90DHA). The extenders tested similarly preserved several parameters of sperm movement, structural and functional integrity of sperm membranes, chromatin integrity, high and intermediate mitochondrial activity (P>0.05). The percentage of moving spermatozoa with progressive and average linear velocity of the trajectory was higher in the cryopreserved samples in the control extenders and BC30DHA than in the extenders containing BC40T added DHA (P<0.05). In the third experiment, ten ejaculates were refrigerated to test the effect of the following extenders: D1) BotuSêmen® (BS; control); D2) BS + 30 ngmL-1 DHA (BS30DHA); D3) BS30DHA + 40 µM Trolox® (BS30DHA40T); D4) BS + 50 ngmL-1 DHA (BS50DHA); D5) BS50DHA + 40 µM Trolox® (BS50DHA40T). After 48 hours of cooling at 5ºC, several parameters of sperm viability were evaluated and it was possible to observe that all the extenders tested also preserved several parameters of sperm movement and structural and functional integrity of the spermatic membranes (P>0.05). However, the BS50DHA was superior to the BS30DHA40T in preserving the curvilinear and linear progressive velocity and was superior to the BS30DHA40T and BS50DHA40T in preserving the average path velocity and the oscillation index (P<0.05). No proposed extenders maximized the effect of the control extenders under the experimental conditions tested herein. The addition of Trolox® in extenders containing DHA was only efficient in improving the sperm velocity parameters in the first experiment. Trolox® is not required to control lipoperoxidation in extenders containing DHA.

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XIV

Keywords: Antioxidant. Fatty acids. Spermatic membrane. BotuCrio®. BotuSêmen®.

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XV

LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1 Ilustração de vistas ampliadas de um espermatozoide equino

14

2 Ilustração ampliada da Fig. 1, mostrando vista sagital medial e parcialmente cortada de espermatozoide equino

14

3 Modelo do “mosaico fluido” da membrana plasmática, uma combinação fluida de fosfolipídeos, colesterol e proteínas.

15

4

Diferentes conformações espaciais do ácido docosahexaenoico

32

5 Incorporação do DHA ao fosfolipídeo e a associação desse fosfolipídeo com o colesterol, que também inclui as proteínas transmembranas com alta afinidade pelo DHA

33

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XVI

LISTA DE TABELAS

ARTIGO CIENTÍFICO I Tabela Página

1 Parâmetros de viabilidade espermática no sêmen equino criopreservado em diluidor acrescido de DHA e diferentes concentrações de Trolox®.

50

2 Parâmetros de cinética espermática após 60 e 120 minutos de TTR do sêmen equino criopreservado em diluidor contendo DHA e Trolox®.

51

ARTIGO CIENTÍFICO II

Tabela Página

1 Parâmetros de viabilidade espermática no sêmen equino criopreservado em diluidor com ou sem Trolox® e diferentes concentrações de DHA.

71

ARTIGO CIENTÍFICO III

Tabela

Página

1 Parâmetros de viabilidade espermática após 48 horas de armazenamento e refrigeração de sêmen em diluidor BotuSêmen®, com ou sem Trolox®, e diferentes concentrações de DHA.

91

2 Parâmetros de cinética espermática após o TTR Lento do sêmen equino refrigerado e armazenado por 48 horas em diluidor contendo DHA e Trolox® (avaliação após 120 minutos de incubação).

94

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XVII

SUMÁRIO

Pag.

1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 10

2 OBJETIVO GERAL.. ..................................................................... 11

3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................ 11

3.1 ESTRUTURA DO ESPERMATOZOIDE E DA MEMBRANA PLASMÁTICA................................................................................

11

3.2 CRIOPRESERVAÇÃO E LESÕES ESPERMÁTICAS.................. 19

3.3 SUBSTÂNCIAS CRIOPROTETORAS.......................................... 23

3.4 ESTRESSE OXIDATIVO NO ESPERMATOZOIDE....…………… 24

3.5 RADICAIS LIVRES E ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO...........................................……………………………..

26

3.6 ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS (PUFAs)..................... 29

3.6.1 Ácido Docosahexaenoico (DHA)................................................... 31

3.7 ANTIOXIDANTES......................................................................... 35

3.7.1 Vitamina E..................................................................................... 37

4 ARTIGO CIENTÍFICO I: EFEITO DA ASSOCIAÇÃO DO TROLOX® E ÁCIDO DOCOSAHEXAENOICO NA CONGELAÇÃO DE SÊMEN DE GARANHÕES DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR............................... ....................

41

4.1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 43

4.2 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................. 44

4.3 RESULTADOS.............................................................................. 49

4.4 DISCUSSÃO................................................................................. 51

4.5 CONCLUSÃO................................................................................ 55

REFERÊNCIAS............................................................................. 56

5 ARTIGO CIENTÍFICO II: EFEITO DO TROLOX® ASSOCIADO OU NÃO AO ÁCIDO DOCOSAHEXAENOICO EM DILUIDOR DE CONGELAÇÃO DE SÊMEN DE GARANHÕES DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR............................... ....................

64

5.1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 66

5.2 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................. 67

5.3 RESULTADOS............................................................................. 71

5.4 DISCUSSÃO................................................................................. 72

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XVIII

5.5 CONCLUSÃO.............................................................................. 76

REFERÊNCIAS............................................................................. 77

6 ARTIGO CIENTÍFICO III: EFEITO DO ÁCIDO DOCOSAHEXAENOICO E DO TROLOX ® NO DILUIDOR DE REFRIGERAÇÃO DE SÊMEN DE GARANHÕES DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR............................... ....................

84

INTRODUÇÃO.............................................................................. 86

MATERIAL E MÉTODOS.............................................................. 87

RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................... 90

CONCLUSÃO.............................................................................. 94

REFERÊNCIAS............................................................................. 94

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................... ........................... 98

REFERÊNCIAS............................................................................ 100

ANEXOS....................................................................................... 117

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10

1 INTRODUÇÃO

O agronegócio equino movimenta anualmente R$16,15 bilhões e gera

610 mil empregos diretos e 2.430 mil empregos indiretos, sendo responsável

por três milhões de postos de trabalho. O número de animais que compõem o

rebanho nacional é superior a cinco milhões, considerando todas as

modalidades de criação. É notório que mesmo com a aquisição de máquinas

mais sofisticadas e ferramentas tecnológicas, o cavalo continua sendo decisivo

para o desenvolvimento de atividades pecuárias e agrícolas na maior parte das

propriedades nacionais, indicando para a sociedade brasileira a força da

atividade como geradora de renda e de postos de trabalho (MAPA, 2016).

Nesse contexto, as biotécnicas da reprodução vêm fornecendo meios

para o crescimento e desenvolvimento desse rebanho. Dentre essas, a

criopreservação do sêmen se destaca por maximizar o potencial reprodutivo do

macho, embora interfira na qualidade seminal, pois no processo de

refrigeração, congelação e descongelação ocorre o estresse físico e químico

na estrutura espermática. Os processos de criopreservação também estão

associados ao surgimento de espécies reativas de oxigênio (ROS) que

acarretam o estresse oxidativo (CHATTERJEE et. al, 2001).

É sabido que a raça Mangalarga Marchador possui indivíduos com

variada resistência espermática (ALVARENGA et al., 2005), apresentando

maior proporção de garanhões com baixa capacidade de criopreservação do

sêmen (GOMES et al., 2002).

O espermatozoide é particularmente susceptível ao estresse oxidativo,

tendo em vista que sua membrana contém altas quantidades de ácidos graxos

poli-insaturados (PUFAs), sendo estes protagonistas na melhoria da fluidez e

outras funções celulares, embora também sejam alvos da lipoperoxidação.

A adição de PUFAs ao sêmen equino, especialmente o ácido

decosahexanoico, importante ácido graxo poli-insaturado da membrana

espermática (AITKEN et al., 2006), pode ser uma alternativa para manter a

qualidade espermática durante os processos de criopreservação, pois permite

aumentar a fluidez da membrana. Por outro lado, essa suplementação com

PUFAs poderia aumentar a susceptibilidade dos espermatozoides a

peroxidação lipídica e ao estresse oxidativo. Por isso, como alternativa para

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11

minimizar esse efeito, os diluidores seminais podem ser suplementados com

antioxidantes tanto enzimáticos como não enzimáticos, tendo em vista que

durante a espermiogênese ocorre expressiva redução do citoplasma do

espermatozoide, limitando a quantidade dessa substância intracelular,

principalmente os de ação enzimática. A adição de antioxidantes deve ser

realizada utilizando diferentes concentrações e ou combinações, pois a

presença de quantidade moderada de ROS é fundamental para o desempenho

de várias funções celulares, o que requer que essa suplementação seja

realizada de forma criteriosa (NICHI, 2009).

2 OBJETIVO GERAL

Avaliar o efeito de diferentes concentrações de ácido decosahexaenoico

associado ou não ao antioxidante Trolox®, sobre os espermatozoides de

garanhões Mangalarga Marchador submetidos à congelação e refrigeração.

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Estrutura do espermatozoide e da membrana plas mática

O espermatozoide é uma célula haplóide carente de citoplasma e

outras organelas, com exceção do núcleo, acrossoma e mitocôndrias

(MEDEIROS et al., 2002). Apresentam-se como células relativamente simples,

compostas basicamente por uma cabeça e um flagelo. No entanto, também são

extremamente sofisticados e adaptáveis para alcançar seu maior objetivo que é

o da fertilização do oócito, sendo exigida uma série de funções altamente

coordenadas na esfera celular e molecular para o seu sucesso (VARNER et al.,

2015).

O espermatozoide da espécie equina é altamente especializado, como

o de todas as espécies de mamíferos (MEYERS, 2009). Compondo a cabeça

do espermatozoide temos o núcleo, onde fica alojado o seu DNA, o acrossoma

na região anterior subjacente e pequena quantidade de citoplasma. Ainda pode

ser subdividido em uma região acrossomal, segmento equatorial, região pós-

acrossomal e anel posterior, servindo para demarcar a junção entre a cabeça e

o flagelo. O anel posterior é o local de ancoragem da membrana plasmática ao

invólucro nuclear e funciona separando hermeticamente a matriz citoplasmática

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12

da cabeça e da cauda (também denominada de flagelo). O flagelo pode ser

subdividido em uma peça de conexão, uma peça central (ou peça intermédia),

uma peça principal e uma peça final ou terminal (Figura 1) (VARNER et. al.,

2015).

A cabeça tem um formato achatado que se assemelha a uma raquete,

com dimensões aproximadas de 5,8 a 7,0 µm de comprimento e 2,9 a 3,9 µm

de largura. Seu flagelo apresenta comprimento de 9,8 a 10,5 µm de peça

intermediária, 43,8 a 67,0 µm de peça principal e 2,79 µm na peça terminal

(CUMMINS; WOODALL, 1985).

O acrossoma é uma organela localizada na parte frontal da cabeça do

espermatozoide, estrutura semelhante a um capuz e originária do complexo de

Golgi da espermátide. Sua membrana é anatomicamente dividida em: interna e

externa. A membrana acrossomal interna está em estreita aposição ao

invólucro nuclear, enquanto que a membrana acrossomal externa está

subjacente à membrana plasmática, ambas convergindo na altura do segmento

equatorial. No espermatozoide após passar pelo processo de maturação

espermática no epidídimo, o acrossoma contém um abundante aporte de

moléculas ativas, incluindo uma variedade de receptores de proteínas, bem

como enzimas hidrolíticas e glicolíticas, também chamada de matriz

acrossomal, consideradas imprescindíveis para adesão e penetração da zona

pelúcida (BUFFONE et al., 2008).

Algumas dessas enzimas foram descritas em outras espécies, mas

ainda não confirmadas em garanhões como a: proacrosina-acrosina,

hialuronidase, β-galactosidase, proteinases, neuraminidases, esterases,

arilsulfatase, fosfolipases A e C, assim como numerosas fosfatases, as quais

são liberadas na reação acrossômica por exocitose, facilitando a fusão da

membrana acrossomal externa com a membrana plasmática, permitindo a

liberação de enzimas sobre a zona pelúcida do oócito a ser fertilizado

(MEYERS, 2009).

O núcleo ocupa a maior parte da cabeça e carrega o material genético

paterno. Possui cromatina (DNA associado a proteínas) altamente condensada

que ocupa um volume aproximado de apenas 5 a 10% do que ocuparia em

uma célula somática. O DNA está intimamente associado com proteínas

nucleares de baixo peso molecular, de pH básico e ricas em arginina e cisteína,

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denominadas de protaminas, que formam complexos estáveis por pontes

dissulfeto intra e inter moleculares, resultando na compactação e estabilização

do DNA. Esta compactação é necessária para proteger os cromossomos

durante a sua inóspita jornada ao longo do trato reprodutivo feminino (VARNER

et. al., 2015).

A cauda do espermatozoide compreende quatro regiões: colo, peça

intermédia, peça principal e peça terminal. A cauda permite que o

espermatozoide se movimente em direção á tuba uterina para encontrar o

oócito, mais precisamente na ampola, local de fecundação. O colo inclui o

capítulo e as colunas segmentares. O capítulo é o limite cranial do flagelo na

fossa de implantação, zona de ligação com a cabeça, composto por proteínas

ricas em pontes dissulfeto. A fossa de implantação pode sofrer um desvio

abaxial, causando um desvio da cauda e um consequente movimento circular

ou semicircular que, dependendo do grau, é aceitável na espécie equina. As

colunas segmentares são a origem das nove fibras densas que conferem

rigidez e resistência ao flagelo. As fibras rodeiam o axonema central, composto

por nove pares de microtúbulos circundando um par central, o que resulta

numa disposição 9 + 2. O axonema, na região da peça intermédia, encontra-se

rodeado por uma camada de mitocôndrias que são encarregadas da produção

energética. Na peça principal, essa estrutura é envolta apenas pela bainha

fibrosa. A disposição microtubular se mantém apenas em metade da peça

terminal. Esta arquitetura permite um movimento ondulatório do

espermatozoide, através da contração sequencial de cada um dos pares

(Figuras 1 e 2)(MEYERS, 2009).

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Figura 1 – Ilustração mostrando vistas ampliadas de um espermatozoide equino, representado por uma vista não cortada (centro), uma vista central sagital (esquerda) e uma vista parcialmente cortada (direita). As várias divisões longitudinais do espermatozoide são representadas como cabeça e cauda (flagelo), este último por peça intermédia, peça principal e terminal. Sendo a. acrossoma, b. membrana plasmática, c. núcleo, d. mitocôndria, e. axonema f. fibras externas densas, g. bainha fibrosa, h. microtúbulos axonêmicos. Fonte: Varner et. al. (2007).

Figura 2 - Ilustração ampliada da Fig. 1, mostrando vista sagital medial e parcialmente cortada de espermatozoide equino, sendo a. membrana plasmática, b. acrossoma, c. membrana acrossomal externa, d. membrana acrossomal interna, e. envelope nuclear, f. pós lâmina acrossomal, g. núcleo, h. lâmina basal e capítulo subjacente, i. centríolo proximal, j. coluna segmentada, k. fibras externas densas, l. duplas exteriores do axonema, m. par central de microtúbulos dentro do axonema, n. mitocôndria. Fonte: Varner et. al. (2007). O conhecimento sobre a membrana plasmática dos

espermatozoides é o ponto inicial para o êxito nos processos de manipulação

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do sêmen, principalmente tratando-se de espécies como a equina e a suína, as

quais possuem células com baixa resistência à manipulação extracorpórea

(VALE; SILVA, 2001).

A estrutura básica da membrana plasmática de qualquer célula é o

mosaico fluido, constituído por dupla camada lipídica entremeada por

moléculas de proteína e que define os seus limites (Figura 3). Neste modelo, os

lipídeos e proteínas são organizados através de forças não covalentes de

características hidrofílicas ou hidrofóbicas. Os fosfolipídeos têm uma camada

hidrofílica externa e uma cadeia de ácidos graxos que se estende para o

interior da membrana. Esta organização lamelar faz com que as cadeias de

ácidos graxos promovam uma barreira hidrofóbica na qual a água e moléculas

dissolvidas nela passam apenas com dificuldade (SINGER; NICOLSON, 1972).

Nos mamíferos essa bicamada lipídica é constituída de PUFAs, em particular o

DHA (GHOLAMI et al., 2010).

Figura 3. O modelo do mosaico fluido da membrana plasmática a descreve como uma combinação fluida de fosfolipídeos, colesterol e proteínas. Os carboidratos ligados aos lipídeos (glicolipídeos) e às proteínas (glicoproteínas) se distribuem a partir da superfície voltada para fora da membrana. Fonte: https://openstax.org/details/biology

A membrana plasmática tem uma espessura média de 50 Å e

característica semipermeável (MCINTOSH, 1999). As moléculas de lipídeos e

proteínas se apresentam em forma de arranjos formados por uma dupla

camada sem geometria fixa, demonstrando ser uma estrutura dotada de fluidez

(QUINN, 1989). Essa apresentação permite um movimento lateralizado no

mesmo folheto dos componentes da membrana, podendo ser influenciado por

alguns fatores como os fenômenos fisiológicos relacionados à fertilização, entre

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eles a capacitação espermática e a reação acrossômica (FLESCH; GADELLA,

2000). Possui também um papel indispensável no isolamento da célula do meio

externo e na mediação das reações entre o meio externo e interno, controlando

o fluxo de água e eletrólitos, sendo metabolicamente ativa e impermeável a

maioria das moléculas por conta da sua composição (COOPER; HAUSMAN,

2007).

O transporte de moléculas é feito através de canais ou poros formados

pelas proteínas, existindo pouco ou nenhum transporte de moléculas

hidrofílicas em regiões da membrana sem poros ou canais. Mudanças na

conformação da membrana, que podem ser ocasionadas pelo resfriamento, e

que resultam em arranjos anormais dos fosfolipídeos e proteínas, permitem

rápida passagem de moléculas que normalmente passariam através da

membrana em menor velocidade (AMANN; PICKETT, 1987).

Embora seja contínua sobre a superfície dos espermatozoides, a

natureza da membrana plasmática difere regionalmente (FLESCH; GADELLA,

2000). A sua composição lipídica é característica para cada reino, espécie,

tecido e organela de cada tipo celular (SCOTT, 1973), assim como proteínas e

carboidratos podem diferir entre a cabeça e cauda do espermatozoide.

Algumas das proteínas que a compõem auxiliam na formação de canais

iônicos, poros, receptores ou componentes de transdução de sinal, constituindo

no seu total cerca de 50% do peso molecular da membrana (MEYERS, 2009).

A manutenção de concentrações adequadas intra e extracelulares

de íons como sódio, potássio, cálcio e magnésio são regulados por bombas

iônicas protéicas presentes nas membranas, e que dependem de ATP

intracelular para atuar (AMANN; PICKETT, 1987).

Ao longo da formação e desenvolvimento dos espermatozoides

ocorrem mudanças tanto na forma quanto na composição da membrana

plasmática. Na maturação epididimária ocorrem, além de modificações

estruturais, como a translocação e a perda da gota citoplasmática, a

modificação da composição lipídica e protéica das membranas dos

espermatozoides (VARNER et. al., 2007).

As principais classes lipídicas que fazem parte da membrana

plasmática são os fosfolipídeos, glicolipídeos e o colesterol. Em maior

proporção estão os fosfolipídeos que possuem um grupamento polar

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(hidrofílico) composto por um aminoácido, um fosfato e um glicerol ligado a dois

ácidos graxos, formando uma cauda dupla de hidrocarbonetos de característica

hidrofóbica (QUINN, 1989). Por esse motivo, os lipídeos se juntam

direcionando as caudas, formada pelas cadeias de ácidos graxos, para a parte

interna da bicamada, permitindo que a região polar seja voltada para os meios

extracelular e citosólico (SINGER; NICOLSON, 1972). A composição lipídica da

membrana do espermatozoide dos equinos é de 57% de fosfolipídeos, 37% de

colesterol e 6% de glicolipídeos (COOPER; HAUSMAN, 2007).

Os carboidratos da membrana constituem 2 a 10% do seu peso e são

açúcares aderidos externamente a glicolipídeos e glicoproteínas, sendo

importantes no reconhecimento intercelular (STILLWELL, 2013).

A temperatura e a solução em que a membrana plasmática está

inserida determinam a sua integridade estrutural; assim, em temperatura

corporal a membrana está na forma fluida. Essa característica é decorrente da

ampla mobilidade lateral dos fosfolipídeos, apesar desses não possuírem a

mesma facilidade de se movimentarem entre as faces externa e interna da

bicamada lipídica (COOPER; HAUSMAN, 2007).

A fluidez da membrana plasmática é determinada por sua composição

lipídica. Lipídeos com cadeias lineares saturadas apresentam maior coaptação

entre si, assumindo formas mais densas e apresentando maior temperatura de

fusão; já cadeias lineares insaturadas proporcionam menor temperatura de

fusão. Porções de membrana que possuem maior relação entre colesterol e

fosfolipídeos, principalmente se forem poli-insaturados, são mais resistentes a

mudanças de temperatura (STILLWELL, 2013). Os coelhos e humanos

possuem uma maior proporção colesterol:fosfolipídeos (0,99 e 0,88,

respectivamente), o que contribui para uma maior resistência ao choque pelo

frio comparado ao equino que possui menores valores (0,36) junto com o suíno

(0,26), fato que os torna menos resistentes (MOCÉ; GRAHAM, 2006).

O fosfolipídeo que possui a amina colina ligada ao grupo fosfato, a

fosfatidilcolina, é o mais comumente encontrado na membrana plasmática,

embora outros tipos de fosfolipídeos se diferenciem entre si, tanto na

composição da cabeça polar quanto no tipo de ácido graxo que compõe a

porção apolar, de forma que ainda encontramos outros como a

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fosfatidiletanolamina, fosfatidilserina, fosfatidilinositol e esfingomielina (PARKS;

LYNCH, 1992).

A proporção de fosfolipídeos que compõem a membrana plasmática

do espermatozoide equino corresponde a 23,2% de fosfatidilcolina, 8% de

fosfatidiletanolamina, 7,5% de fosfatidilserina, 6,4% de esfingomielina, 6,2% de

seminolipídeo, 2,5% de fosfatidilglicerol e 1,5% de fosfatidilinusitol (GADELLA

et al., 2001). O ácido graxo mais abundante na membrana plasmática do

espermatozoides equinos é o ácido docosopentanoico (49,9%) seguido pelo

ácido palmítico (17%) (MACÍAS GARCÍA et al., 2011).

As moléculas maiores, responsáveis pelo formato convexo da

membrana plasmática, em sua maioria se localizam anexas ao folheto externo

da bicamada lipídica, já a fosfatidilserina e a fostatidiletanolamina têm

predileção pelo folheto interno (MARTIN; PAGANOT, 1987). A que tem menor

afinidade pelos fosfolipídeos é a esfingomielina, sendo mais afim a proteínas

plasmáticas (QUINN, 1989).

O glicocálix, uma espécie de malha composta por moléculas de

carboidratos frouxamente entrelaçadas, que protege a célula como uma

vestimenta, pode ter a sua composição modificada de acordo com as

características do meio em contato com o espermatozoide (AMANN; GRAHAM,

2011). Assim, tanto a porção polar dos fosfolipídeos quanto das proteínas

podem se apresentar ligadas a esses carboidratos, o que aumenta a

complexidade dos receptores celulares e, por apresentar carga negativa,

favorece a interação com outras proteínas presentes no plasma seminal

(HAMMERSTEDT et. al., 1990).

Os fosfolipídeos, diante de uma redução da temperatura, assumem

uma forma cônica denominada “hexagonal II” ou micela invertida, na qual as

extremidades hidrofóbicas são externas e as hidrofílicas internas. Para muitos

lipídeos, a formação dessa micela invertida é transitória na ocorrência da

transição da fase fluida para a fase cristalina; entretanto, para certos

fosfolipídeos, esta estrutura persiste. Fato que gera um aumento da

permeabilidade dessa membrana com a formação de canais que permitem a

entrada de íons e pequenas moléculas, gerando desestabilização da

membrana e, assim, causando danos irreparáveis na célula (WATSON, 1995).

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A composição da membrana plasmática determina a temperatura da

transição de fase, ou seja, uma maior quantidade de PUFAs mantém esta

estrutura no estado líquido-cristalino em temperaturas mais baixas em relação

às membranas com conformação mais rígida. A adição de lipídeos no diluidor

promove a incorporação destes na membrana (NASIRI et. al., 2012; TOWHIDI;

PARKS, 2012) e pode melhorar os parâmetros de qualidade espermática

(TAKAHASHI et al., 2012).

Espécies que apresentam maior proporção de

fosfatidilcolina:fosfatidiletanolamina são mais resistentes e as que possuem

maior quantidade de proteínas são menos resistentes ao choque térmico, esta

sensibilidade é influenciada pela classe de fosfolipídeos e a quantidade de

proteínas presentes na membrana plasmática (PARKS; LYNCH, 1992).

Em geral, a membrana plasmática dos mamíferos possui em torno de

70% de fosfolipídeos, 25% de lipídeos neutros e 5% de glicolipídeos, embora

possam existir diferenças consideráveis entre as espécies (FLESCH;

GADELLA, 2000).

O colesterol funciona como um estabilizador de membrana (MOCÉ

et al., 2010; STILLWELL, 2013), situa-se entre as caudas dos fosfolipídeos que

compõem a bicamada lipídica e reduz a formação da fase hexagonal do tipo II

através de seu efeito condensador, diminuindo a área ocupada por moléculas

que apresentam essa tendência, como a fosfatidiletanolamina. O colesterol

apresenta um aumento de afinidade pelos fosfolipídeos que contêm ácidos

graxos saturados e diminuição da afinidade por aqueles insaturados

(WASSALL; STILLWELL, 2009).

As diferenças na quantidade de colesterol podem afetar a fertilidade

e a capacidade do ejaculado de um garanhão de suportar o processo de

refrigeração e congelação (YANAGUIMACHI, 1994). Durante a refrigeração e o

reaquecimento do sêmen, ocorrem alterações nas associações lipídeo-lipídeo e

lipídeo-proteína da membrana, que podem prejudicar seu funcionamento

(PARKS; GRAHAM, 1992).

3.2 Criopreservação e lesões espermáticas

Além das diferenças individuais, algumas raças como o Mangalarga

Marchador podem demonstrar maior sensibilidade à criopreservação. Em um

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estudo avaliando o efeito do processo de refrigeração de sêmen sobre a

qualidade espermática, os exemplares da raça Mangalarga Marchador

mostraram maior sensibilidade quando comparado aos da raça Quarto de

Milha, tanto no armazenamento a 5°C quanto a 15°C, nos momentos 12 e 24

horas, apresentando maior sensibilidade nos parâmetros de motilidade total,

motilidade progressiva e na velocidade média do trajeto (FARRÁS et. al.,

2014).

Constatou-se que existe um fator racial influenciador da resistência

espermática também ao processo de congelação. A raça Mangalarga

Marchador tem mostrado piores resultados na criopreservação quando

comparadas a cavalos de salto, a exemplo do Hanoveriano, Holsteiner e

Trackenner, além dos Quartos de Milha. Assim, a maioria dos animais desta

raça é considerada “maus congeladores”, isto é, garanhões que apresentam

motilidade total abaixo de 30% após a descongelação do sêmen (GOMES et

al., 2002).

Os danos que os espermatozoides sofrem durante a criopreservação

podem ser ultra-estruturais ou físicos, bioquímicos ou funcionais. Os protocolos

de criopreservação são feitos para minimizar tais efeitos negativos (ALMEIDA,

2006).

Em temperaturas mais baixas ocorre uma diminuição da

movimentação lateral dos lipídeos no folheto da membrana plasmática. Isso se

dá em decorrência da força de atração de Van Der Walls que aproxima ainda

mais os ácidos graxos, dando início à transição de fase entre o estado líquido

cristalino e o estado gel (AMANN; GRAHAM, 2011).

O entrave das técnicas da criopreservação não está na habilidade

espermática em manter-se viável à temperatura de -196ºC, mas sim nos danos

que a célula sofre durante a refrigeração, a congelação e a descongelação,

principalmente entre -15° e -60ºC, faixa de temperatura que os

espermatozoides têm que passar duas vezes, uma no processo de congelação

e outra na descongelação (AMANN; PICKETT, 1987).

Quando a célula espermática é submetida ao frio e atinge a

temperatura de 19ºC, os lipídeos que apresentam a transição de fase com

temperaturas mais altas começam a mudar de estado físico. Aqueles

fosfolipídeos que têm como característica uma menor afinidade pelo arranjo em

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dupla camada lipídica e, assim associam-se com proteínas, aproximam-se,

podendo alterar sua apresentação, resultando em modificações da capacidade

funcional da membrana plasmática. Essas associações lipoproteicas vão

agregando cada vez mais lipídeos conforme a temperatura diminui, finalizando

com toda a membrana plasmática em estado gel à temperatura de 8ºC

(HAMMERSTEDT et. al., 1990).

Dentre as lesões que a refrigeração pode ocasionar estão: a queda da

motilidade espermática, o movimento anormal do espermatozoide e a lesão na

membrana plasmática e em outros componentes celulares (AURICH, 2005).

Nas temperaturas de refrigeração rápida do sêmen equino, entre 20° e

5ºC, há a predisposição do espermatozoide ao choque térmico. Especialmente

nessa faixa de temperatura o sêmen deve ser resfriado lentamente

(MCKINNON, 1996), visto que a faixa de temperatura em que os

espermatozoides são mais sensíveis é entre 19 e 8ºC, visando um menor dano

na membrana plasmática (MORAN et al., 1992).

Curvas de refrigeração mais rápidas que -0,9ºC/min (VARNER et al.,

1988) e mais lentas que -0,05ºC/min (DOUGLAS-HAMILTON et al., 1984)

influenciam de forma negativa a motilidade espermática. Uma taxa de

refrigeração mais lenta parece proporcionar um tempo maior para a

reorganização dos lipídeos da membrana plasmática, desta forma, há a

recomendação do uso de uma taxa de -0,05°C/min entre as temperaturas de

19 e 8°C (SQUIRES et al., 1999).

Segundo Squires et al. (1999) há uma queda de 50% da taxa

metabólica a cada 10ºC reduzidos, consequentemente o sêmen conservado a

15ºC utiliza cerca de 25% da sua capacidade metabólica, enquanto a

conservação a 5ºC reduz este gasto para valores próximos de 8%. No entanto,

ocorre uma perda da motilidade e viabilidade entre a faixa de temperatura de

zero a 2ºC, em decorrência de uma menor atividade principalmente de algumas

proteínas estruturais no que tange a circulação de nutrientes e produtos tóxicos

do interior da célula (MORAN et al., 1992; AMANN; GRAHAM, 2011).

Os espermatozoides serão submetidos ao choque térmico se a

refrigeração for realizada de forma inadequada durante a criopreservação, fato

que irá induzir danos celulares irreversíveis como: movimentos anormais,

diminuição da motilidade, lesões do acrossoma e da membrana plasmática,

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redução do metabolismo celular e perda de componentes celulares. O primeiro

choque térmico pelo qual os espermatozoides passam durante o processo de

congelação ocorre durante a redução de temperatura entre 37°C e 5°C

(GRAHAM, 1996).

A criopreservação possui várias etapas que podem ser danosas aos

espermatozoides tais como: a alternância da temperatura, o estresse osmótico

e tóxico causado pela presença dos crioprotetores e a formação e dissolução

de gelo no ambiente extracelular. O espermatozoide deve manter sua

integridade para que seja possível a fecundação, para isso são condições

básicas: o metabolismo energético, a motilidade progressiva e a integridade da

região acrossomal e das suas proteínas de membrana (ALMEIDA, 2006).

Os processos de criopreservação podem induzir a reação acrossômica

precoce em decorrência da desestabilização da membrana plasmática

espermática, principalmente pelo efluxo de cálcio que favorece a fusão entre a

membrana plasmática e a porção interna da membrana acrossomal externa,

fato que diminui a vida útil do espermatozoide no trato reprodutivo feminino e a

fertilidade na inseminação artificial (WATSON, 1995).

O ponto de congelação de uma solução é determinado pela

concentração de partículas solutas contidas nela (AMANN; PICKETT, 1987). A

água pura congela e cristais de gelo são formados a 0°C e à medida que isso

acontece, os espermatozoides ficam retidos em canais de solvente que se

formam e permanecem líquidos. Este processo resulta no aumento da

concentração dos solutos no meio que permanece descongelado. Com o início

da congelação, ocorre o efeito de solução, que gera progressivamente um

gradiente osmótico, que força a água a sair dos espermatozoides,

desidratando-os e aumentando a concentração dos eletrólitos intracelulares

(MAZUR, 1970).

Uma alta concentração de solutos pode causar desidratação

espermática, levando a deformações celulares, danos na estrutura da

membrana, desnaturação de proteínas, deslocamento de proteínas de

membrana e desarranjos nas estruturas do citoesqueleto (GRAHAM, 1996).

Nos protocolos de congelação, o uso de uma curva lenta torna os

espermatozoides suficientemente desidratados e reduz a formação de grandes

cristais de gelo no meio intracelular. Porém, este processo resulta em alta

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concentração de solutos no meio intracelular, que causam danos à célula. No

caso inverso, com o uso de uma curva moderadamente rápida (-25 a -

40°C/min), a água do compartimento intracelular não congela e se difunde para

fora da célula devido à alta concentração de soluto no meio extracelular. Este

processo resultará em desidratação celular. Os espermatozoides começam a

apresentar mudanças biofísicas na membrana plasmática em temperaturas

abaixo de -20°C e em temperaturas abaixo de -60°C sofrem efeitos de

descompensação iônica e dos lipídeos causadores de choque térmico

(GRAHAM, 1996).

3.3 Substâncias crioprotetoras

Independente da técnica de congelação utilizada é imprescindível

lançar mão de crioprotetores a fim de proteger os espermatozoides de injúrias

(ALVARENGA et al., 2005). No entanto, a sua adição aos diluidores gera

estresse osmótico aos espermatozoides, tendo em vista que a grande maioria

dos crioprotetores intracelulares eleva a osmolaridade da solução (SANTOS,

2003).

A ocorrência de uma variação do volume celular, pela entrada e saída

do crioprotetor e da água é uma das principais causas de inviabilidade

espermática após a descongelação. Assim, a alta permeabilidade de alguns

tipos de crioprotetores é desejável visando minimizar o choque osmótico

(GOMES et al., 2002).

Existem dois grandes grupos em que podemos distribuir as

substâncias crioprotetoras, são esses: os intracelulares e os extracelulares. O

primeiro atravessa a membrana plasmática e age no meio intracelular, são as

pequenas moléculas como o etilenoglicol, glicerol, propilenoglicol,

dimetilsulfóxido, acetamida e outras amidas. Já o segundo grande grupo é

composto por grandes moléculas que não atravessam a membrana plasmática

e podem ser proteínas como as contidas no leite e na gema de ovo, açúcares e

polímeros sintéticos. Os crioprotetores intracelulares possuem propriedades de

ligação com a molécula da água, ou seja, os agentes têm estruturas que

promovem ligações de hidrogênio com a molécula da água que mudam a

orientação desta nos cristais de gelo, aumentam a viscosidade da solução de

congelação, consequentemente, reduzem o ponto de congelação da mesma,

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promovendo um ambiente menos nocivo para as células espermáticas. Além

disso, também agem prevenindo a exposição a altas concentrações de

eletrólitos, através da ligação aos próprios eletrólitos ou pela substituição

parcial pela água (HUBÁLEK, 2003).

Os crioprotetores extracelulares são responsáveis por um mecanismo

de proteção no meio externo. Alguns atuam através de um efeito osmótico,

induzindo a saída da água da célula para prevenir a formação de cristais de

gelo no meio intracelular e outros atuam melhorando a estabilidade da

membrana plasmática (AMANN; PICKETT, 1987).

Os crioprotetores mais utilizados na composição dos diluidores de

congelação de sêmen de garanhões são o glicerol e a gema de ovo (CLULOW

et al., 2007). Por possuir lipoproteínas de baixa densidade, a gema de ovo,

quando adicionada ao diluidor seminal, contribui para manter a pressão

colóide-osmótica do meio e auxilia na estabilização da membrana espermática

durante a congelação e descongelação (FOULKES, 1977).

3.4 Estresse oxidativo no espermatozoide

Estudos apontam que as espécies reativas de oxigênio (ROS)

desempenham um papel importante na função espermática e que a sua

produção ou degradação em desequilíbrio são causadores do estresse

oxidativo, promovendo danos ao espermatozoide. Diversos mecanismos têm

sido propostos para explicar a geração de ROS no meio seminal, estes podem

aparecer em decorrência do metabolismo oxidativo e da presença de

espermatozoides anormais ou danificados que podem aumentar

indesejadamente a sua concentração (BALL; VO, 2001).

Esse desequilíbrio, entre a produção e a eliminação das ROS, culmina

em peroxidação de grande quantidade de lipídeos insaturados de membrana,

diminuição da motilidade espermática, retardo na fusão da membrana

acrossomal e danos no DNA (AITKEN, 1995). Por outro lado, muitos processos

bioquímicos, a exemplo da defesa contra microorganismos patogênicos,

crescimento celular e maturação espermática de mamíferos, necessitam de

algumas ROS em concentrações reduzidas (LAMIRANDE; GAGNON, 1993).

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Na lipoperoxidação (LPO) ocorre a deterioração oxidativa de lipídeos

poli-insaturados (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2015). É uma reação em cadeia

que ocorre em etapas: iniciação, propagação e terminação.

A LPO se inicia pela ligação a um lipídeo por qualquer espécie que

tenha reatividade suficiente para abstrair um átomo de hidrogênio de um grupo

metileno (-CH2-), etapa chamada de iniciação, onde se tem a formação de um

radical centrado no carbono metilênico (-·CH-) pela retirada do seu H·,

provocando um desemparelhamento de elétrons neste mesmo carbono. Assim,

a ação mais provável deste novo radical será combinar-se com o O2

produzindo novos radicais, ainda mais reativos. A próxima fase é chamada de

propagação da peroxidação onde ocorre a formação de novos compostos pela

combinação do radical de carbono com o O2, os radicais peroxil ou radical

peróxido (LOO•), os quais reagirão com outros lipídeos adjacentes (reação em

cadeia). Esta combinação do radical peroxila com um átomo de hidrogênio

abstraído de outra molécula gera hidroperóxidos de lipídeos (LOOH) ou apenas

peróxidos (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2015). Por fim, a cadeia de terminação

ocorre apenas quando há a reação de dois radicais peroxilas, formando

carbonilas, alcoóis e oxigênio singlete, uma espécie excitada de O2 com alta

capacidade oxidante (FRANKEL, 1991).

Tem-se verificado que o espermatozoide é particularmente

susceptível ao ataque das ROS (JONES; MANN, 1977). Devendo-se tal fato a

parca quantidade de citoplasma no espermatozoide, assim a quantidade de

antioxidantes é também menor, principalmente os tipos enzimáticos (VERNET

et. al., 2004). Somado a isso, a elevada quantidade de PUFAs na sua

membrana plasmática, sendo 49,9 % de ácido docosopentanoico seguido de

17% de ácido palmítico, promove a sua fluidez, essencial para os eventos

relacionados á fertilização, no entanto essa característica o torna ainda mais

vulnerável (AGARWAL; SAID, 2003).

Os ácidos graxos formados por cadeias de átomos de carbono

ligados a hidrogênio com um grupo carboxila terminal (COOH), apresentam

insaturações decorrentes de ligações duplas entre carbonos, fato que os dota

de certa fluidez. As ROS oxidam preferencialmente as ligações carbono-

hidrogênio no grupo metileno (CH2) adjacente à ligação dupla. Após iniciado, o

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processo oxidativo se intensificará, pois se torna autocatalítico, levando à

formação de hidroperóxidos e produtos secundários (DIX; AIKENS, 1993).

O teste do ácido tiobarbitúrico (TBA) é a técnica mais rotineiramente

utilizada para medir a lipoperoxidação. É um método espectrofotométrico que

mensura a concentração dos produtos da lipoperoxidação. Na etapa de

iniciação da lipoperoxidação há um excesso de hidroperóxidos de lipídeos na

membrana espermática, que ao se decompor formam vários aldeídos, entre

eles o malonaldeído. O produto final medido é o malonaldeído (MDA) ou

substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico – TBARS (SANOCKA; KURPISZ,

2004).

3.5 Radicais livres e Espécies Reativas de Oxigênio

Um radical livre é qualquer átomo, molécula ou íon que possui um ou

mais elétrons livres na sua órbita externa. São substâncias altamente instáveis,

com meia-vida curta e quimicamente muito reativas e, por apresentarem esses

elétrons desemparelhados na última camada, costumam se ligar a outro elétron

em busca da estabilidade, independente de ser uma molécula, uma célula ou

tecido orgânico. Os compostos costumam, ao doar um elétron, tornarem-se

oxidados e ao receberem um elétron tornarem-se reduzidos, esse tipo de

reação é conhecido como de oxiredução (FERREIRA; MATSUBARA, 1997).

Um elétron desemparelhado pode se ligar a átomos isolados

(hidrogênio ou íons metálicos), ou ainda, com moléculas (açúcares, proteínas,

lipídeos, DNA) resultando num processo de relevância biológica (SLATER,

1984). Concomitante a isso, os radicais livres já foram relacionados a várias

doenças humanas e participam como componentes fundamentais em muitas, o

que mostra a importância do dano oxidativo (HALLIWELL; GUTTERIDGE,

2015).

É na mitocôndria que a geração de radicais livres tem início através do

metabolismo oxidativo. No processo de geração de energia pode ocorrer a

perda de prótons, que serão usados para a produção de ROS ou para as

espécies reativas de nitrogênio. Outras substâncias reativas também podem

ser formadas, no entanto podem não ser consideradas radicais livres por não

terem elétrons desemparelhados na última camada (SILVA, 2006), a exemplo

do H2O2 capaz de atravessar a membrana nuclear e induzir danos na molécula

de DNA por meio de reações enzimáticas (LIOCHEV, 2013), este é importante

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porque participa das reações que produzem o radical OH-, seja via reação de

Fenton ou de Haber-Weiss (MISRA et al., 2009).

Devido a sua configuração eletrônica, o oxigênio, principal oxidante em

virtude do metabolismo aeróbico, tende a receber um elétron de cada vez, o

que acarreta na formação de compostos intermediários altamente reativos

(ROS). Assim, as ROS são todos os radicais e não radicais derivados do

oxigênio. O primeiro composto obtido é o radical superóxido, formado quando o

O2 sofre a redução univalente isoladamente. Esse radical é pouco reativo e,

portanto, não é altamente citotóxico. As ROS na dose certa são importantes em

diversas funções fisiológicas ligadas a reprodução, principalmente a

capacitação espermática, a reação acrossomal e a interação do oócito com o

espermatozoide (BURNAUGH et. al., 2007). Caso contrário, quando as ROS

estão em quantidades excessivas e o sistema antioxidante não é capaz de

neutralizá-las, são capazes de causar prejuízos na motilidade e na viabilidade

espermática (AITKEN et al., 2014; VARNER et. al., 2015).

A relação entre a produção de ROS e a fertilidade ainda apresenta

fatores a serem descobertos. No entanto, Varner et. al. (2015) mencionaram

que quando o espermatozoide é submetido ao armazenamento, a presença

das ROS resulta em danos irreversíveis causados pelo estresse oxidativo,

tanto no DNA como na diminuição da funcionalidade espermática devido à

redução extracelular de antioxidantes que protegeriam essa célula da ação dos

radicais livres.

O ânion superóxido (O2-), primeiro radical livre formado pelo

metabolismo oxidativo, é rapidamente dismutado em peróxido de hidrogênio

(H2O2) e possui meia-vida curta (BURNAUGH et. al., 2007). Possui pouca

permeabilidade nas membranas plasmáticas, tornando-se prejudicial somente

no compartimento onde é produzido. A sua produção nos espermatozoides se

dá a partir de uma enzima dependente de cálcio do tipo NADPH oxidase

específica para essa célula chamada NOX5, presente na mitocôndria, também

pode ser encontrada na membrana plasmática e com grandes concentrações

na região acrossomal (SABEUR; BALL, 2007).

O H2O2 não possui nenhum elétron desemparelhado, assim não é

classificado como um radical livre, porém possui grande reatividade,

favorecendo a ocorrência de danos celulares no espermatozoide. É uma

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molécula mais estável e mais permeável que o O2-, por esse fato perpassa

pelas membranas mais facilmente (BAUMBER et al., 2000), assim não fica

somente limitada ao compartimento em que foi produzido.

A produção de H2O2 pode acontecer pela redução espontânea do

radical hidroperoxil (HO2). O HO2 é a forma protonada do radical superóxido e

possui uma ação oxidante mais severa, tendo predileção por agir nas

moléculas de PUFAs (BIELSKI et. al., 1983). Outra forma de geração do H2O2

se dá pela ação da enzima superóxido dismutase que catalisa a reação

química envolvendo o O2- e H+, gerando H2O2 e O2 (NORDBERG; ARNÉR,

2001; SILVA, 2006).

O H2O2 também dá origem a outros compostos reativos como o ácido

hipocloroso (HOCl) e o radical hidroxila (OH-) (NORDBERG; ARNÉR, 2001). Os

neutrófilos são os responsáveis pela maior produção do HOCl pela ação da

enzima mieloperoxidase, ativada pelo complexo NADPH. Na ocorrência de

inflamações no trato genital masculino, esse composto ataca as duplas

ligações dos PUFAs que estão ligados aos fosfolipídeos da membrana

(ARNHOLD et al., 2001).

O radical OH- é formado pela reação de Fenton a partir do H2O2,

catalisada por íons metálicos como Fe2+ ou Cu+ geralmente ligados a proteínas

ou outras moléculas (NORDBERG; ARNÉR, 2001). A lipoperoxidação (LPO),

depois de iniciada na presença do OH-, segue uma reação em cascata,

necessitando da presença do íon Fe2+ (BALL; VO, 2002).

Outros exemplos de radicais livres oriundos do oxigênio são os

radicais peroxil (ROO). A forma mais simples destes radicais é hidroperoxil

(HOO) que tem papel na peroxidação de ácidos graxos. Os radicais livres

podem desencadear reações em cadeia de LPO, retirando um átomo de

hidrogênio de um carbono de metileno de cadeia lateral. O radical lipídico então

reage com oxigênio para produzir ROO. O ROO então inicia uma reação em

cadeia e transforma os PUFAs em hidroperóxidos lipídicos. Os hidroperóxidos

lipídicos são muito instáveis e facilmente decompostos em produtos

secundários como os aldeídos e malondialdeídos (MDAs). A LPO desestabiliza

as membranas celulares e leva ao rearranjo das estruturas da membrana

(BIRBEN et al., 2012).

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A oxidação dos ácidos graxos pode ser enzimática ou não

enzimática. A primeira gera compostos específicos com função anti-

inflamatória que podem estar ligados aos mecanismos de proteção mediados

por DHA (KASUGA et al., 2008). Por outro lado, a oxidação não enzimática

promovida por espécies reativas gera uma série de compostos, muitos deles

ainda pouco estudado. Os lipídeos poli-insaturados como o DHA, são

susceptíveis á oxidação, gerando uma série de produtos oxidados, entre esses

os hidroperóxidos (LOOH), que sendo mais polares podem modificar a

estrutura e a função das membranas e consequentemente serem deletérios

para as células (YIN et al., 2005).

3.6 Ácidos graxos poli-insaturados (PUFA)

Os ácidos graxos são constituintes estruturais das membranas

celulares, com funções energéticas e de reservas metabólicas, além de

formarem hormônios e sais biliares. Alguns são sintetizados pelo organismo,

outros não. Os ácidos graxos cuja biossíntese é deficitária são denominados de

essenciais, são esses: o ácido linolênico (ω-3) e o ácido linoléico (ω-6). Para

suprir a demanda orgânica, os mesmos devem ser obtidos em quantidades

suficientes via alimentação (VALENZUELA; NIETO K., 2003).

O ω-3 e o ω-6 são considerados precursores dos PUFAs de cadeia

longa: o ácido araquidônico (AA), o ácido eicosapentaenoico (EPA), e o ácido

docosahexaenoico (DHA). Em particular o DHA (22: 6n-3) e o EPA (20: 5n-3),

são compostos orgânicos especialmente importantes para a maioria dos

animais, agindo em uma série de processos fisiológicos importantes. São

PUFAs com uma ligação dupla no terceiro átomo de carbono do final da cadeia

de carbono e desempenham um papel importante na funcionalidade dos

espermatozoides e na resistência ao frio (FAIR et al., 2014; TOWHIDI; PARKS,

2012).

Os vertebrados devem obter EPA e DHA diretamente da dieta ou,

indiretamente, consumindo seu precursor molecular, o PUFA de cadeia curta ω-

3, ácido alfa linolênico (ALA, 18: 3n-3) e, em seguida, converter ALA em EPA e

DHA. A capacidade de qualquer espécie animal em converter ALA para o EPA

bioativo e DHA depende da disponibilidade de EPA e DHA em sua dieta

(TWINING et al., 2016).

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Em mamíferos, a composição da membrana espermática é

caracterizada por uma alta proporção de ácido graxo ω-3 (PARKS; LYNCH,

1992; DÍAZ et al., 2016). É bem conhecido que os espermatozoides estão

expostos a numerosos fatores prejudiciais durante o processo de congelação e

descongelação. O sucesso nesses procedimentos depende em grande parte

da resistência da membrana a esses fatores (WATSON, 2000), que estão

associados a uma perda ou diminuição da motilidade, viabilidade, capacidade

de fertilização e a um fenômeno comumente conhecido como "choque frio"

(HOLT et. al., 1992).

Os PUFAs são incorporados as células testiculares por difusão passiva

através da bicamada lipídica e/ou transporte facilitado de proteínas, mediado

pela glicoproteína CD36, que é amplamente expressa nas células de Sertoli.

Os lipídeos são essenciais para as funções das células de Sertoli e também

são utilizados para formação da membrana das células germinativas (RATO et

al., 2014).

Os PUFAs são especialmente importantes no espermatozoide por sua

alta concentração na membrana plasmática, o que torna os espermatozoides

altamente susceptíveis ao estresse oxidativo. A função destes na constituição

da membrana espermática e na fecundação foi confirmada em diversos

trabalhos com diferentes espécies (LEAT et al., 1983; LANGLAIS; ROBERTS,

1985; LADHA, 1998).

Somado a isso, estudos indicam que a composição lipídica da

membrana espermática de diversas espécies influencia a resistência ao

choque frio na criopreservação (PARKS; LYNCH, 1992).

O DHA é o PUFA mais importante para o espermatozoide, atuando na

fluidez da membrana espermática e na regulação da espermatogênese

(OLLERO et al., 2000; GHOLAMI et al., 2010).

Nichi (2009) considera que a alta quantidade de PUFAs na

membrana espermática favorece a uma maior susceptibilidade a ação

prejudicial das ROS e estresse oxidativo, sendo assim possível inferir que um

tratamento com o propósito de alterar o perfil lipídico seminal ou espermático

também seria capaz de causar enorme impacto para essas células de forma

que, quando esses PUFAs fossem incorporados à membrana espermática, isso

aumentaria a sua susceptibilidade ao ataque das ROS, o que poderia ser

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evitado pela inclusão de substâncias antioxidantes aos diluidores seminais.

Além disso, na possibilidade da não incorporação dos ácidos graxos a

membrana plasmática, as células espermáticas seriam poupadas dos ataques

dos ROS, já que os PUFAs permaneceriam no meio extracelular gerando um

aumento da quantidade de substrato para a ação destas neste local.

3.6.1 Ácido Docosahexaenoico (DHA)

O DHA é um PUFA da série n-3 essencial (NAKAMURA; NARA, 2003),

possui 22 átomos de carbono e seis duplas ligações na cauda hidrocarbonada

e pode ser rapidamente incorporado nas membranas celulares, aumentando

sua fluidez pela formação de domínios mais desordenados (WASSALL;

STILLWELL, 2009).

O fígado é considerado o seu principal local de síntese (SCOTT;

BAZAN, 1989), que se dá de forma geral pela dessaturação do ácido α-

linolênico a 18:4n-3 (cis-6,9,12,15-18:4) pela ação da enzima ∆6-dessaturase

que insere uma dupla ligação na posição 6. A partir daí a enzima elongase

alonga a sua cadeia carbônica a 20:4n-3 (cis-8,11,14,17-20:4) que em seguida

é convertida a 20:5n-3 (cis-5,8,11,14,17- 20:5, ácido eicosapentaenoico, EPA)

pela ∆5-dessaturase e posteriormente alongado a 22:5n-3 (cis-5,8,11,14,17-

22:5) no retículo endoplasmático. Neste local, o ácido graxo 22:5n-3 sofre

adição de 2 carbonos formando 24:5 (cis-9,12,15,18,21-24:5), o qual é

convertido a 24:6 (cis-6,9,12,15,18,21-24:6) pela ação de uma ∆6-dessaturase

(KIM, 2007).

Em um estudo utilizando fibroblastos de pacientes com problemas na

oxidação mitocondrial e peroxissomal de ácidos graxos, foi observado que os

peroxissomos e não as mitocôndrias estão relacionados à formação do DHA.

De forma que em mamíferos, o DHA é sintetizado através de etapas adicionais

envolvendo reações de alongamento, dessaturação e por fim encurtamento da

cadeia nos peroxissomos (FERDINANDUSSE et al., 2001). Deste modo, a

partir da formação de 24:6n-3, este segue para os peroxissomos onde é

convertido a DHA pela remoção de dois carbonos da cadeia por β-oxidação. O

DHA formado é transferido de volta ao retículo endoplasmático e rapidamente

incorporado aos fosfolipídios de membrana por nova esterificação ou por

reação de deacilação-reacilação (KIM, 2007).

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A molécula do DHA possui uma alta versatilidade em sua conformação

espacial em virtude da presença de seis duplas ligações. Os PUFAs se

apresentam em forma de “U”, e possuem uma área tridimensional maior que o

ácido graxo saturado, porém, quando comparado a um ácido graxo mono-

insaturado, essa área torna-se menor devido à disposição em “L” deste último.

O fato dos PUFAs, em especial o DHA, não apresentar uma forma fixa favorece

a fluidez da membrana plasmática por possuir essa flexibilidade na sua

conformação (Figura 4) (GAWRISCH et. al., 2003).

Figura 4. Diferentes conformações espaciais do ácido docosahexaenoico. Fonte: Garwisch et al. (2003)

O DHA apresenta afinidade por proteínas estruturais quando

incorporado na membrana plasmática e, em torno dessas proteínas, formam-se

domínios ricos em DHA. No entanto, este possui parca afinidade pelo

colesterol. Assim, o aumento da quantidade de DHA no meio pode mudar a

composição lipoproteica da membrana plasmática, influenciar na temperatura

de transição de fase, na permeabilidade, na fusão entre membranas e na

inversão dos fosfolipídeos entre os folhetos da membrana plasmática (flip-flop)

(STILLWELL; WASSALL, 2003).

O DHA é prontamente incorporado em uma variedade de células,

principalmente em fosfolipídeos da membrana plasmática (ZEROUGA et al.,

1996) e mitocôndria (TAHIN et. al., 1981; STILLWELL et al., 1997). No entanto,

não é distribuído igualmente em todas as classes de fosfolipídeos, é

incorporado, principalmente, em aminofosfolipídeos, sendo a maior parte em

fosfatidiletanolamina e em menor proporção na fosfatidilserina (MARSZALEK;

LODISH, 2005).

Na figura 5, podemos observar que após a adição de DHA na dieta

(MCLENNAN et al., 1993) ou após incubação de células de tumor cultivadas

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com esse ácido graxo (ZEROUGA et al., 1996), o DHA demonstrou ser

inicialmente incorporado na fosfatidiletanolamina com quantidades menores em

fosfatidilcolina e outras classes de fosfolípideos (STUBBS; SMITH, 1984;

ROBINSON et al., 1993).

Figura 5. Incorporação do DHA ao fosfolipídeo e a associação desse fosfolipídeo com o colesterol, que também inclui as proteínas transmembranas com alta afinidade pelo DHA. Fonte: Adaptada de Stillwell e Wassal (2013).

O colesterol modula propriedades físicas das membranas, fato bem

documentado nas compostas por cadeias com radical acila, derivados da

oxidação dos ácidos graxos (FINEGOLD, 1992). Mas pouco se sabe em

membranas contendo o DHA. Na membrana plasmática da maioria das células

animais, o maior lipídeo polar não é um fosfolípideo, mas sim o colesterol.

Nessas membranas, as moléculas de DHA devem ser expostas ao colesterol e

a interação com essas pode afetar profundamente a sua estrutura e função.

Existe uma forte correlação entre as várias propriedades das membranas e a

presença do colesterol (SHINITZKY, 1984). Como exemplo, em membranas

sinápticas, os PUFAs e o colesterol são os principais determinantes da

organização molecular da membrana (HIBBELN, 1995).

Há a presença de altas concentrações de DHA em espermatozoides

de bovinos (NEILL; MASTERS, 1972) e relatos de que na cauda do

espermatozoide de primatas há 99% de DHA, pois esta região está

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provavelmente ligada à necessidade de uma maior fluidez e flexibilidade,

devido ao seu movimento flagelar (CONNOR et al., 1998).

Em um estudo com adição in vitro de óleo de peixe, rico em DHA, ao

diluidor de congelação de sêmen em quatro raças diferentes de suínos, os

autores concluíram que a adição foi eficaz em preservar melhor a integridade

da membrana plasmática e a motilidade progressiva pós-descongelação. Além

disso, melhorou a fluidez de membrana, o que pode ser explicado por uma

possível incorporação do DHA livre do diluidor na membrana plasmática,

aumentando assim a sua fluidez e tornando-a mais criotolerante durante o

processo de congelação (KAEOKET et al., 2010).

Diversos estudos relatam as vantagens da suplementação com DHA

na manutenção da qualidade seminal de várias espécies como a humana

(SAFARINEJAD et al., 2010), a bovina (GHOLAMI et al., 2010), os roedores

(rato) (ROQUETA-RIVERA et al., 2010), a suína (MITRE et al., 2004) e a

equina (HARRIS et al., 2005). Além disso, o DHA foi reconhecido como

elemento principal nos fosfolipídeos de espermatozoides em humanos

(SAFARINEJAD, 2011) e em ruminantes (ESMAEILI et al., 2014; FAIR et al.,

2014).

O estabelecimento da correlação entre uma maior quantidade de

ácidos graxos e motilidade, viabilidade e fluidez mostra a importância de se

estudar de forma abrangente o perfil desses compostos nas diversas espécies.

A correlação entre uma menor quantidade de lipídeos totais nos

espermatozoides de caprino e infertilidade foi relatada anteriormente (AM-IN et

al., 2011). Assim, os ácidos graxos presentes nos espermatozoides de cada

espécie podem influenciar seus parâmetros espermáticos (ESMAEILI et al.,

2015).

Em dois trabalhos semelhantes, onde foi testada a adição de DHA

isoladamente ou em conjunto com vitamina E ao diluidor de congelação de

sêmen na espécie bovina, foi relatada a incorporação deste ácido graxo, por

meio da análise das mudanças na composição lipídica da membrana

plasmática do espermatozoide por cromatografia gasosa e melhor conservação

da qualidade seminal pós-descongelação quando os dois compostos foram

associados (NASIRI et. al., 2012; TOWHIDI; PARKS, 2012). Os maiores

valores de motilidade e membranas plasmáticas íntegras podem ser explicados

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pela incorporação do DHA, fato que pode ter aumentado a flexibilidade da

membrana e protegido os espermatozoides dos efeitos deletérios da

congelação (NASIRI et. al., 2012).

É importante frisar que a associação de um PUFA com um antioxidante

se mostra importante devido à susceptibilidade ao ataque das ROS nas duplas

ligações do DHA (TOWHIDI; PARKS, 2012).

3.7 Antioxidantes

Um antioxidante é qualquer substância que retarda ou previne

significantemente a oxidação de um substrato. Exercendo proteção através da

prevenção de sua ocorrência, da interceptação de substâncias oxidativas

formadas e do reparo das reações de oxidação depois de ocorridas (SALEH;

AGARWAL, 2002).

A sua primeira linha de defesa é a prevenção da formação de ROS,

através do controle da quelação de metais de transição que ao se soltarem dos

produtos da redução do oxigênio, produzem oxidantes secundários ainda mais

reativos, como o radical hidroxila nas reações de oxidação (HALLIWELL,

1991).

A interceptação das ROS se baseia na quebra da reação em cadeia

que ocorre com os radicais livres para a formação de produtos oxidantes. Esta

quebra promovida por certos antioxidantes, como por exemplo, o α-tocoferol,

deve resultar em produtos finais não radicais, ou seja, sem elétrons

despareados (SIES, 1993).

O reparo dos danos provocados por agentes oxidantes pode ocorrer

em alguns casos, no entanto, no espermatozoide este mecanismo de defesa se

torna impossível, pois este não possui os sistemas de enzimas citoplasmáticas

necessárias a esta função, tendo em vista o pouco conteúdo citoplasmático

existente. Estas características aliadas à grande quantidade de PUFAs em sua

membrana fazem do espermatozoide uma célula especialmente susceptível à

oxidação lipídica (ALVAREZ et. al., 1987; AITKEN et al., 1989).

Os antioxidantes que representam a defesa dos organismos contra as

ROS são divididos em dois tipos principais: enzimáticos e não enzimáticos. Os

enzimáticos são enzimas produzidas pelo próprio organismo e atuam primeiro

evitando o acúmulo do ânion superóxido e do peróxido de hidrogênio. Dentre

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esses antioxidantes enzimáticos, os mais importantes são: o superóxido

dismutase (SOD), a catalase (CAT) e a glutationa peroxidase (GPx). Os

antioxidantes não-enzimáticos são obtidos a partir da dieta, podendo ser

divididos ainda em hidrofílicos (glutationa, vitamina C, indóis, catecóis) e

lipofílicos (bioflavonas, vitamina A, vitamina E) (AITKEN, 1995).

No meio extracelular, o espermatozoide é protegido pelo plasma

seminal que contém redutores de ROS, tendo em vista que esta célula é pobre

em citoplasma e deficiente em enzimas antioxidantes (DONNELLY et. al.,

1999), tais como superóxido dismutase (ALVAREZ et. al., 1987), sistema

glutationa peroxidase / glutationa redutase (CHAUDIERE et. al., 1984) e

catalase (JEULIN et al., 1989). Além destes, existem no plasma seminal outros

antioxidantes não enzimáticos, tais como: o ascorbato (FRAGA et al., 1991),

urato (THIELE et al., 1995), α-tocoferol (AITKEN; CLARKSON, 1988), piruvato

(DE LAMIRANDE et al., 1997), glutationa (LENZI et al., 1994), taurina e

hipotaurina (ALVAREZ; STOREY, 1983).

Os antioxidantes enzimáticos atuam em cascata, sendo que a

superóxido dismutase ativa a dismutase do ânion superóxido (O2-), provocando

a formação do peróxido de hidrogênio (H2O2). Este, por sua vez, pode ser

eliminado pela catalase ou pela glutationa peroxidase (HALLIWELL;

GUTTERIDGE, 2015), evitando a formação do radical hidroxila (OH-), a ROS

mais prejudicial ao espermatozoide (HALLIWELL, 1991).

Uma possível causa para os diferentes resultados, tanto favoráveis

quanto desfavoráveis, relacionadas aos tratamentos de amostras de sêmen

com antioxidantes é a diversidade de concentrações utilizadas nos

experimentos. A produção de ROS por espermatozoides difere entre as

espécies e é um processo fisiológico importante para a regulação da taxa de

hiperativação, para a reação acrossômica e para a fusão do espermatozoide

com o oócito, assim a quantidade suficiente de antioxidante para controlar a

ação das ROS também difere entre as espécies (KODAMA et. al., 1996; DE

LAMIRANDE et al., 1997; SENGOKU et al., 1998).

A influência do H2O2 e do O2- na capacitação espermática equina foi

avaliada quando incubaram espermatozoides na presença do sistema xantina-

xantina oxidase (X-XO, gerador de H2O2 e do O2). As ROS geradas pelo

sistema X-XO promoveram a capacitação espermática e a adição de catalase

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ou SOD não permitiu o aumento do número de espermatozoides com reação

acrossomal precoce, indicando a participação de ambas na capacitação

espermática nessa espécie (BAUMBER et al., 2003).

O armazenamento por longos períodos através das técnicas de

criopreservação, apesar de diminuir o metabolismo celular é acompanhado de

uma maior geração de ROS e, sem uma proteção adequada via antioxidantes,

pode lesionar irreversivelmente o DNA e à funcionalidade do espermatozoide.

De forma que, a busca por um antioxidante eficaz se faz necessária para

proteger os espermatozoides frente aos efeitos nocivos do estresse oxidativo

(VARNER et. al., 2015).

3.7.1 Vitamina E

É uma substância considerada essencial, derivada do ácido

homogentísico, encontrada em diversos vegetais, como a soja e o milho,

podendo se acumular no tecido adiposo dos animais. É um composto

lipossolúvel descoberto em 1922 por Evans e Bishop (NIKI; TRABER, 2012). A

forma mais abundante e eficaz da vitamina E é o alfa tocoferol, podendo ser

encontrado no soro e nas hemácias (CHOW, 1975); e no plasma seminal

(AGARWAL et. al., 2003; CONTRI et al., 2011). Pode auxiliar na estabilização

da membrana plasmática, conferindo um aspecto mais organizado (HOWARD

et. al., 2011).

O alfa tocoferol tem afinidade por uma proteína carreadora (α-

tocoferol transfer protein), as outras formas de tocoferol possuem metabolismo

mais rápido, o que explica a maior biodisponibilidade do alfa tocoferol

comparado com as demais formas. Existem oito formas de vitamina E, sendo

essas: α, β, γ e δ tocoferóis e α, β, γ e δ tocotrienóis. Os tocoferóis e

tocotrienóis apresentam composição semelhante, possuindo uma cadeia lateral

hidrocarbonada na posição dois do anel 6-cromanol. Nos tocoferóis essa

cadeia hidrocarbonada é saturada, porém, nos tocotrienóis é insaturada (RIZVI

et al., 2014).

Divide-se a molécula da vitamina E em duas partes: um anel cromanol,

também chamado de cabeça croman (hidrofílica) e uma cauda de

hidrocarbonetos (hidrofóbica), que serve para fixá-la na membrana lipídica. O

grupo –OH presente no anel cromanol é o responsável por sua propriedade

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antioxidante. É conhecida como o principal antioxidante lipofílico que protege

os ácidos graxos poli-insaturados dos tecidos contra a peroxidação

(HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2015).

O alfa tocoferol atua na membrana plasmática, como um antioxidante

lipossolúvel, prevenindo a reação oxidativa em cadeia (MATÉS, 2000). É

capaz de neutralizar de forma satisfatória os radicais peroxil, alcoxil e outros

compostos lipídicos reativos impedindo assim a propagação da reação em

cadeia iniciada na lipoperoxidação (WAYNER et al., 1987).

As ROS são produzidas na parte hidrofóbica da membrana plasmática

e se ligam ao oxigênio, originando o radical peroxil. Este radical oxida os ácidos

graxos e forma o hidroperóxido, esses são hidrofílicos, por isso migram para a

superfície para interagir com a água, provocando a ruptura da membrana. Os

tocoferóis se fazem presentes na dupla camada lipídica das membranas

celulares e atuam removendo os radicais peroxil antes que estes oxidem os

ácidos graxos. A sua ação é potencializada pela 27 glutationa-peroxidase que

converte peróxidos orgânicos e peróxidos de hidrogênio em álcoois e água

evitando a lesão na célula (BUETTNER, 1993).

A vitamina E é capaz de se relacionar com a membrana plasmática

através de sua cadeia hidrocarbonada e conferir proteção com maior eficiência,

evitando, assim, o ataque dos ROS às duplas ligações dos PUFAs da

membrana (TRAN et al., 1996).

A vitamina E perde seu efeito antioxidante após a sua neutralização,

quando se transforma em alfa tocoferil. No entanto, há um efeito sinérgico com

outras substâncias, podendo fazer a reciclagem do alfa tocoferil em alfa

tocoferol, tais como a vitamina C (PACKER et. al., 1979) e a coenzima Q10

(BOWRY et al., 1995).

Os trabalhos relacionados na literatura com os efeitos da Vitamina E e

sua função antioxidante no sêmen são feitos tanto através da suplementação in

vivo, quanto pela adição in vitro. Há estudos que relacionam a ingestão oral de

Vitamina E com um incremento na qualidade seminal em humanos (KOBORI et

al., 2014), touros (VELASQUEZ-PEREIRA et al., 1998) e equinos (CONTRI et

al., 2011).

Quando a adição da vitamina E é feita no diluidor de congelação, o

mesmo proporciona aumento na motilidade e viabilidade espermática após a

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descongelação do sêmen em bovinos (NASIRI et. al., 2012; TOWHIDI; PARKS,

2012). Já na espécie equina foi observada uma maior quantidade de estruturas

íntegras e diminuição da lipoperoxidação após a descongelação

(VASCONCELOS FRANCO et al., 2013).

Em estudos com sêmen refrigerado da espécie equina, por até 96 h,

em diluidor contendo Vitamina E, não foi encontrada diferença nas variáveis de

motilidade e integridade da membrana plasmática (BALL et al., 2001). No

entanto, em outro trabalho, foi relatado que mesmo não havendo melhora na

motilidade espermática, foi possível observar um decréscimo na

lipoperoxidação com a adição da Vitamina E no diluidor de sêmen equino

refrigerado por até 48 h (ALMEIDA; BALL, 2005).

Várias apresentações de vitamina E têm sido empregadas nos

trabalhos com preservação seminal, tanto a forma lipossolúvel (alfa tocoferol)

(CEROLINI et al., 2000) como a hidrossolúvel (Trolox®) (PEÑA et al., 2003).

O Trolox® (6-hydroxy-2,5,7,8- tetramethylchroman-2-carboxylic acid) é

um análogodo do alfa tocoferol hidrossolúvel que, devido à sua solubilidade em

água, apresenta potente propriedade antioxidante (WU et al., 1991). Tem sido

relatado como um excelente inibidor da lipoperoxidação e empregado em

meios diluidores, por distribuir-se nas duplas camadas de lipídeos das

biomembranas, envolvendo o OH- fenólico e removendo os radicais peroxil

(ALBERTINI; ABUJA, 1999), tendo como resultados positivos o aumento da

motilidade pós-descongelação e a diminuição de estresse oxidativo induzido

pela adição de ferro e ácido ascórbico (ONDEI et al., 2009; MAIA et al., 2010;

SICHERLE et al., 2010).

O Trolox® se apresenta mais eficiente do que outros antioxidantes

lipossolúveis, a exemplo da vitamina E, pois possui uma estrutura cromanol,

que lhe concede a atividade antioxidante e ao grupo carboxila, que tem

moderado efeito hidrossolúvel, além de ser distribuído em ambas às fases da

bicamada lipídica das biomembranas, sendo um excelente protetor contra a

lipoperoxidação. Aliado a isso, esse antioxidante pode ser adicionado

diretamente à membrana lipídica sem o uso de solventes ou outros métodos de

extração, fato que o torna viável em pesquisas com sistemas biológicos

naturais ( BARCLAY; ARTZ; MOWAT, 1995).

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Por outro lado, a capacidade de neutralização do radical hidroxila pelo

Trolox® é menor quando se usa altas concentrações, assumindo assim o papel

de oxidante e não de antioxidante. O mecanismo envolvido nesta menor

capacidade antioxidante quando em altas concentrações pode estar

relacionados à sua reação com o radical hidroxila e outros radicais de oxigênio

produzidos na presença de H2O2 e Cu2+ e assim promovendo à formação de

muitos radicais ao mesmo tempo. Por essa razão, nem sempre é verdade que

o uso de maiores concentrações de antioxidantes aumentaria

proporcionalmente a sua capacidade antioxidante. Os benefícios oriundos do

uso de um antioxidante parecem ser alcançados apenas dentro de um

intervalo. Assim, os efeitos do Trolox® em diferentes estudos poderiam ser

diferentes por causa das diferentes doses utilizadas (CAO; CUTLER, 1993).

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4 ARTIGO CIENTÍFICO I

EFEITO DA ASSOCIAÇÃO DO TROLOX ® E ÁCIDO DOCOSAHEXAENOICO

NA CONGELAÇÃO DE SÊMEN DE GARANHÕES DA RAÇA MANGALA RGA

MARCHADOR

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Artigo redigido segundo as normas da Journal of Equine Veterinary Science, ISSN 0737-0806, ranqueada como B2 pelo QUALIS – CAPES quadriênio 2013-2016, Fator

de impacto 2016: 0.882.

Efeito da associação do Trolox® e Ácido docosahexaenoico na congelação de sêmen

de garanhões da raça Mangalarga Marchador

Cristiane Silva Aguiara, Celso Henrique Souza Costa Barrosa, William Morais

Machadoa, Ivan Bezerra Allamana, Antônio de Oliveira Leite Filhob, Larissa Pires

Barbosac, Paola Pereira das Neves Snoecka,�

aUniversidade Estadual de Santa Cruz, UESC, Ilhéus-BA, e-mail: [email protected]

b Médico Veterinário Autônomo, Feira de Santana-BA, email: [email protected]

cUniversidade Federal do Recôncavo da Bahia, UFRB, Cruz das Almas-BA, email: [email protected]

�Autor para correspondência: Paola Pereira das Neves Snoeck, Departamento de

Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz, UESC, Rodovia

Jorge Amado, KM 16, Salobrinho, CEP 45.662-900, Ilhéus, Bahia, Brasil.

Endereço de email: [email protected]; [email protected] (P.P.N Snoeck).

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito do Trolox® e do ácido docosahexaenoico (DHA) na congelação de sêmen de garanhões da raça Mangalarga Marchador. Para tanto foram congelados 16 ejaculados nos seguintes diluidores: D1) BotuCrio® (BC; Controle); D2) BC + 50 ngmL-1 de DHA + 30 µM de Trolox® (BCDHA30T); D3) BC + 50 ngmL-1 de DHA + 40 µM de Trolox® (BCDHA40T); D4) BC + 50 ngmL-1 de DHA + 50 µM de Trolox® (BCDHA50T). Todos os diluidores testados foram semelhantes em preservar diferentes parâmetros de viabilidade espermática (P>0,05). Entretanto, os espermatozoides criopreservados em BCDHA40T apresentaram maiores velocidades que os espermatozoides congelados no diluidor controle (P<0,05). A concentração de 30 µM de Trolox® foi ruim para a motilidade e a concentração de 50 µM de Trolox® não foi adequada para preservar a integridade estrutural das membranas em diluidor contendo DHA quando comparado ao diluidor controle (P<0,05). O uso do Trolox® em diluidores de congelação contendo DHA não maximizou o efeito do diluidor controle,

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exceto os parâmetros de velocidade dos espermatozoides e preservou igualmente diferentes parâmetros de viabilidade espermática. Keywords: antioxidante, ácidos graxos, lipoperoxidação, criopreservação.

1. Introdução

Dentre as raças nacionais, a Mangalarga Marchador é conhecida por possuir indivíduos

que possuem variada crioresistência de seus espermatozoides [1], prevalecendo uma

maior quantidade de garanhões com baixa capacidade para a criopreservação [2,3]. Os

esforços para otimizar essa biotecnologia do sêmen se concentram na modificação dos

diluidores objetivando aumentar a longevidade do ejaculado preservado [4].

O estresse oxidativo gerado no processo de criopreservação e a adição de antioxidantes

aos meios de congelação de sêmen, como forma de proteger o espermatozoide dos

danos induzidos pelos radicais livres tem sido demonstrado em diversos estudos. Os

danos induzidos pela produção de radicais livres englobam alterações na motilidade, na

viabilidade, na produção de energia e na integridade do DNA espermático. Os

antioxidantes utilizados agem interrompendo a reação em cadeia da lipoperoxidação das

membranas espermáticas, em diversas espécies de animais [5].

Os trabalhos têm demonstrado que o alfa tocoferol é capaz de cessar a reação em cadeia

da lipoperoxidação em biomembranas, protegendo a célula de danos na membrana

plasmática e acrossomal [6–8]. O Trolox® é um análogo do alfa tocoferol hidrossolúvel,

que devido a essa característica possui potente propriedade antioxidante [9].

Quantidades insuficientes de antioxidantes no meio diluidor podem facilitar a

lipoperoxidação e danificar os espermatozoides, que são particularmente vulneráveis

[10], visto que os ácidos graxos poli-insaturados (PUFAS) são abundantes em sua

membrana plasmática, a exemplo do ácido docosahexaenoico (DHA), que lhes

conferem fluidez necessária para que ocorram os eventos de fusão das membranas na

fertilização. A oxidação desses ácidos graxos na membrana plasmática do

espermatozoide diminui a sua fluidez, aumenta a sua permeabilidade e

consequentemente diminui a sua capacidade de fertilização [11].

No entanto, maiores quantidades de PUFAs na membrana plasmática tem sido

positivamente correlacionada com a integridade de membrana após a descongelação

[12] e também com aumento da capacidade antioxidante [13]. Ainda assim, a associação

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de um PUFA com um antioxidante é importante devido à susceptibilidade das duplas

ligações do DHA á ação das espécies reativas de oxigênio (ROS) [14].

Considerando que a associação do Trolox® e do DHA pode melhorar o efeito de

diluidores seminais durante a congelação, incrementando os parâmetros de viabilidade

espermática, objetivou-se avaliar o efeito da associação do Trolox® e do DHA na

congelação de sêmen de garanhões da raça Mangalarga Marchador.

2. Material e Métodos

2.1 Aspectos éticos

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética na Experimentação Animal

CEUA/UESC da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, Brasil com o

número de protocolo 004/16.

2.2 Reagentes e soluções

Todos os reagentes utilizados foram puros para análise e adquiridos da empresa Sigma-

Aldrich® (St. Louis, MO, USA).

O DHA e o Trolox® foram adicionados aos diluidores de sêmen após o preparo de uma

solução estoque. A solução estoque de DHA foi calculada considerando seu peso

molecular de 328,49 g/mol e diluída em 100 mL de solução de etanol a 0,05% (76,1058

x 10-4mol/L). A solução estoque de Trolox® foi preparada e diluída em soluçao de Tris-

ácido cítrico [9], considerando seu peso molecular de 250,29 g/mol (a 10mM; 0,0125g

de Trolox em 5mL de Tampão Tris).

Os grupos experimentais foram: D1) BotuCrio® (BC; controle); D2) BC + 50 ngmL-1 de

DHA + 30 µM de Trolox® (BCDHA30T); D3) BC + 50 ngmL-1 de DHA + 40 µM de

Trolox® (BCDHA40T); D4) BC + 50 ngmL-1 de DHA + 50 µM de Trolox®

(BCDHA50T).

2.3 Local, animais e coleta

O experimento foi realizado em haras localizado no município de Cabaceiras do

Paraguaçu, Bahia, Nordeste, Brasil (latitude 12°32′9″S, longitude 39°11′27″W, altitude

210m). O local possui clima tropical, pluviosidade média anual de 932 mm e

temperatura média anual de 23,2 ºC. As análises seminais foram realizadas no

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Laboratório de Reprodução Animal da UESC. O experimento foi realizado entre

outubro e novembro de 2016.

Foram utilizados quatro garanhões da raça Mangalarga Marchador, com idades entre 5 e

7 anos, com escore da condição corporal 4. Antes do início do experimento, todos os

garanhões foram submetidos ao esgotamento das suas reservas espermáticas

extragonadais, por meio de coletas de sêmen seriadas, por sete dias, com vagina

artificial modelo Botucatu® (Botupharma, Botucatu, SP, Brasil) e auxílio de uma fêmea

em estro como manequim. O ejaculado de cada garanhão foi coletado quatro vezes, em

dias alternados, com intervalo de 48 horas entre as coletas, obtendo-se 16 ejaculados.

2.4 Processamento do sêmen

Após a coleta, o sêmen foi filtrado em filtro de nylon (Minitub®, Alemanha) para

remoção da fração gel e os ejaculados avaliados macro e microscopicamente segundo o

Colégio Brasileiro de Reprodução Animal antes da congelação. A concentração

espermática foi aferida por câmara de Neubauer, após diluição de 1:20 em solução de

citrato de sódio formolizado a 4%. Somente os ejaculados com motilidade mínima de

60 %, vigor espermático de 3 e 70 % de espermatozoides morfologicamente normais

foram congelados [15].

Após coleta e avaliação, o sêmen foi diluído v:v (sêmen:diluidor) em meio à base de

leite desnatado (BotuSêmen®, Botupharma, Botucatu, SP, Brasil) e centrifugado a

600xg por 10min [16]. O sobrenadante foi descartado e o pellet foi diluído conforme os

grupos experimentais supracitados.

O sêmen diluído foi envasado em palhetas de 0,25 mL, na concentração de 100x106

espermatozoides móveis por mL. As palhetas foram seladas com álcool polivinílico e

congeladas em sistema automatizado (TK4000®, TK Tecnologia em congelação,

Uberaba, Brasil). A curva de resfriamento utilizada foi de -0,5°C por minuto de 20,5ºC

até 5°C, em seguida as amostras permaneceram em equilíbrio por 20 minutos na

temperatura de 5oC e foram congeladas com uma taxa de -25 ºC/min até -140ºC para

depois serem imersas em nitrogênio líquido (-196ºC) e armazenadas em botijão

criogênico.

O sêmen foi avaliado pelo teste de termoresistência lento (TTR) por um tempo de 120

minutos. Uma palheta de cada tratamento foi descongelada e o seu conteúdo total foi

transferido para microtubos de polietileno, que já se encontravam aquecido em banho

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seco a 37ºC. As amostras foram mantidas nestas condições e avaliadas nos tempos 5, 60

e 120 minutos quanto aos parâmetros de movimento espermático como segue abaixo.

2.5 Análises do sêmen após descongelação

O movimento espermático das amostras descongeladas foi avaliada por um sistema

computadorizado Sperm Class Analyser® (Microptics S.L, v.5.2, Barcelona, Espanha).

Os padrões utilizados para o ajuste do equipamento foram: 25 imagens/segundo com 25

Hz; tamanho de partícula capturado entre 4 e 75 µm/m2; espermatozoides considerados

imóveis <10 µm/s, lentos <45 µm/s, médios de 45 a 90 µm/s e rápidos acima de 90

µm/s. Foram avaliados os seguintes parâmetros: Motilidade Total (MT), Motilidade

Progressiva (MP), Linearidade (LIN), Retilinearidade (STR), Índice de Oscilação

(WOB), Hiperativos expressos em porcentagem (%); Velocidade Curvilinear (VCL),

Velocidade Linear Progressiva (VSL) e Velocidade Média do Trajeto (VAP), expressas

em micrômetros por segundos (µm/s); Amplitude do Deslocamento Lateral da Cabeça

Espermática (ALH), expressa em micrômetros (µm); e Frequência do Batimento

Flagelar Cruzado (BCF), expressa em Hertz (Hz).

A integridade estrutural das membranas, plasmática e acrossomal, foram avaliadas

utilizando um microscópio fluorescente (400X; Olympus® CX 31) após a coloração do

espermatozoide com corantes fluorescentes diacetato de carboxifluoresceína (CFDA) e

iodeto de propídio (IP) de acordo com o método de Harrison e Vickers [17]. A

coloração com CFDA foi avaliada usando o conjunto padrão de filtro de fluoresceína,

enquanto a coloração com IP foi avaliada usando o conjunto padrão de filtros de

rodamina. Foram analisados 200 espermatozoides por amostra.

A integridade funcional da membrana plasmática foi avaliada utilizando o teste

hiposmótico (HOST) com 50 µL da amostra diluída em 500 µL de uma solução de

sacarose a 100 mOsmol/L. Após a diluição, as amostras foram primeiro incubadas em

banho seco a 37°C durante 30 minutos e posteriormente foram fixadas com 250 µL de

solução de citrato de sódio formolizado a 4% e 200 células foram avaliadas usando um

microscópio de contraste de fase (1000x; Olympus® CX 31).

A porcentagem de células reativas ao HOST foi calculada da seguinte forma: HOST% =

% de alterações na região da cauda após o HOST - % de alterações na região da cauda

antes do HOST, de acordo com o método de Melo e Henry [18]. As alterações de cauda

antes do teste foram analisadas por meio da técnica de preparação úmida, diluindo uma

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amostra de sêmen em solução de citrato de sódio formolizado a 4% para posterior

avaliação das alterações morfológicas espermáticas usando um microscópio de contraste

de fase (1000x; Olympus® CX 31). Foram avaliados 200 espermatozoides.

A integridade da cromatina espermática foi avaliada utilizando a técnica da

metacromasia induzida pelo azul de toluidina [19]. Foram confeccionados esfregaços

com uma alíquota de 10 µL da amostra, secados em temperatura ambiente e fixados por

1 min em solução de Carnoy (3:1, 75 mL de álcool 100 % + 25 mL de ácido acético) e

em seguida em álcool a 70 % por 3 min. Procedeu-se á hidrólise com ácido clorídrico

4N por 15 minutos, lavagem em água destilada e secagem em temperatura ambiente.

Para a coloração do esfregaço foi depositado 20 µL da solução de azul de toluidina a

0,025 % (0,00125 g de azul de toluidina em 5 mL de solução de McIlveine, pH 4,0)

entre lâmina e lamínula e avaliadas 500 células em microscopia de contraste de fase

(1000x; Olympus® CX 31). Os espermatozoides foram classificados: com cromatina

compacta (região da cabeça corada em azul claro) e com cromatina descompactada

(região da cabeça corada em azul escuro ou violeta).

A atividade mitocondrial foi avaliada por meio da coloração de 3,3’- diaminobenzidina

(DAB) segundo a técnica de Hrudka [20], sendo que 20 µL da amostra foram incubados

com 20 µL de DAB (1mg/mL de PBS) a 37ºC por 60 minutos, na ausência de luz. Após

a incubação foram feitos esfregaços, fixados em formol a 10 % por 10 minutos, lavados

em água destilada e secados ao ar sob proteção da luz. Foram avaliadas 200 células em

microscópio de contraste de fase (1000x; Olympus® CX 31). As células foram

classificadas de acordo com o nível de deposição do corante na peça intermediária (PI).

Na classe I, os espermatozoides apresentavam a PI totalmente corada (alta atividade

mitocondrial); na classe II, os espermatozoides apresentavam mais de 50 % da PI corada

(atividade mitocondrial intermediária); na classe III, apresentavam menos de 50 % da PI

corada (baixa atividade mitocondrial) e na classe IV, não apresentavam coloração

(atividade mitocondrial inexistente).

O nível de lipoperoxidação foi medido usando o ensaio do ácido tiobarbitúrico (TBA)

de acordo com o método descrito por Buege e Aust [21]. As substâncias reativas ao

ácido tiobarbitúrico (TBARS) foram medidas no sêmen imediatamente após a

descongelação (lipoperoxidação espontânea) ou após incubação com 0,24 mM de

FeSO4 a 37°C em banho-maria por 15 minutos (lipoperoxidação catalisada pelo ferro ou

lipoperoxidação induzida). Na análise da lipoperoxidação espontânea, o conteúdo de

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uma palheta de sêmen de 0,25 mL foi adicionado de 0,25 mL de tampão de ácido Tris-

cítrico (Tris-hidroximetil-aminometano 1,8184 g + ácido cítrico mono-hidratado 0,9901

g + água destilada até 50 mL, com pH 7,4) para obtenção de um volume final de 0,5

mL. Em seguida, foi adicionado 1 mL do reagente TBA (ácido tricloracético 15%

peso:volume, ácido clorídrico 0,25 N, ácido tiobarbitúrico 0,375 % peso: volume, em

água destilada qsp para 100 mL), depois foi adicionado 1 % (15µL, v:v) da solução

BHT (hidroxitolueno butilado) a 50 mM. A mistura foi fervida durante 15 minutos e

depois resfriada num banho de gelo picado. Após o resfriamento, a suspensão foi

centrifugada a 1200 g durante 15 minutos. O sobrenadante foi então separado, mantido

num banho de gelo e a absorvância foi medida a 546 nm a 25°C.

O controle positivo dessa reação é a análise da lipoperoxidação induzida ou catalisada

por ferro que visa medir o potencial de uma amostra para gerar radicais livres, para tal,

procedeu-se da seguinte forma: em uma segunda amostra (250 µL de sêmen + 250 µL

de tampão Tris) adicionou-se 50 µL sulfato ferroso heptahidratado (0,013 g de FeSO4 +

20 mL de água destilada a 2,4 mM) e 10 µL de solução de ácido ascórbico 50 mM

(0,08806 g de ácido L-ascórbico + 10 mL de água destilada). A amostra foi incubada

em banho-maria a 37°C por 15 minutos, em seguida procedeu-se segundo descrito para

a avaliação da lipoperoxidação espontânea.

A análise da lipoperoxidação foi realizada utilizando um espectrofotômetro (Bio-2000

IL, Bioplus Ltd., São Paulo, BR). A concentração de TBARS foi determinada

comparando a absorvância da amostra a 546 nm com uma curva padrão criada a partir

de equivalentes de malondialdeído (MDA) gerados pela hidrólise catalisada por ácido

de 1,1,3,3-tetrametoxopropano. Os resultados foram expressos em nmol de TBARS/mL.

2.6 Análises estatísticas

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, considerando o garanhão como

um bloco. Foi utilizada análise de variância para testar as diferenças entre os

tratamentos. Para comparação entre médias foi utilizado o teste de Tukey, com nível de

significância de 5%. Todos os pressupostos foram testados e quando violados foi

utilizada a transformação boxcox (y' = \frac{y^{\lambda} - 1}{\lambda}) por meio da

função “boxcox” do pacote MASS versão 7.3-41 [22]. As variáveis transformadas no

primeiro experimento foram: DAB I, III e VI. Todas as análises foram feitas com o

auxílio do R Core Team [23]. Os dados foram apresentados em forma de média, mesmo

os transformados.

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49

3. Resultados

O diluidor contendo DHA e 30 µM Trolox® foi pior em preservar a motilidade total do

que o diluidor controle (P<0,05). A velocidade curvilinear, a velocidade linear

progressiva e a velocidade média do trajeto foram maiores no diluidor contendo DHA e

40 µM Trolox® do que no diluidor controle (P<0,05). Os espermatozoides

criopreservados em diluidores contendo DHA e diferentes concentrações de Trolox®

tiveram maior amplitude de deslocamento lateral de cabeça do que os espermatozoides

criopreservados no diluidor controle (P<0,05). Os quatro diluidores testados

preservaram de maneira semelhante (P>0,05) a integridade funcional da membrana

plasmática, a integridade da cromatina e a atividade mitocondrial alta e intermediária.

Os espermatozoides congelados em diluidor contendo DHA e 30 ou 40 µM Trolox®

apresentaram menor percentual de células com baixa atividade mitocondrial comparado

ao diluidor controle (P<0,05). O diluidor com DHA que continha a maior concentração

de Trolox® testada (50 µM) foi inferior ao controle em preservar a integridade estrutural

das membranas espermáticas (P<0,05, Tab.1).

Todos os diluidores testados controlaram a lipoperoxidação espontânea de forma

semelhante (P>0,05). Entretanto, para a lipoperoxidação induzida, os tratamentos com

DHA e Trolox® em todas as concentrações usadas reduziram a produção de TBARS

comparados com o controle (P<0,05, Tab. 1).

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Tabela 1. Parâmetros de viabilidade espermática no sêmen equino criopreservado em diluidor acrescido de DHA e diferentes concentrações de Trolox®.

Parâmetros Diluidor P-valor BC BCDHA

30T BCDHA

40T BCDHA

50T EPM

MT(%) 40,60a 28,40b 34,30ab 35,00ab 2,85 0,04 MP (%) 8,10 6,90 8,80 8,70 1,14 0,61 VCL (µm/s) 31,60b 35,20ab 37,70a 35,80ab 1,27 0,01 VSL (µm/s) 12,70b 14,30ab 16,30a 14,50ab 0,94 0,08 VAP (µm/s) 17,20b 19,20ab 21,20a 19,40ab 0,95 0,04 LIN (%) 39,10 40,40 41,00 39,80 1,28 0,75 STR (%) 73,70 73,80 75,50 74,80 1,23 0,71 WOB (%) 53,30 54,70 54,70 54,00 0,89 0,65 ALH (µm) 2,50b 2,70a 2,70a 2,70a 0,05 0,00 BCF (Hz) 13,00 12,50 12,70 12,40 0,29 0,48 Hiperativos (%) 0,50 0,50 0,60 0,50 0,12 0,93 CFDA+ (%) 38,80a 32,90ab 33,40ab 31,80b 1,86 0,05 HOSTr (%) 35,40 24,10 28,60 25,10 3,26 0,07 DNAc (%) 84,30 85,00 85,20 84,30 1,60 0,97 DNAd (%) 15,70 15,00 14,80 15,70 1,60 0,97 DABI (%) * 76,30 82,00 79,00 78,90 5,73* 0,46 DABII (%) 8,10 6,00 3,90 5,00 1,21* 0,10 DABIII (%) * 5,20a 2,30b 2,30b 2,50ab 0,65* 0,00 DABIV (%) * 10,50 9,40 10,7 9,10 3,76* 0,12 TBARSe (nMol/mL)

0,14 0,07 0,04 0,06 0,05 0,43

TBARSc (nMol/mL)

0,52a 0,03b 0,09b 0,00b 0,02 0,00

D1) BotuCrio® (BC; controle); D2) BC + 50 ngmL-1 de DHA (BCDHA) + 30 µM de Trolox® (BCDHA30T); D3) BCDHA + 40 µM de Trolox® (BCDHA40T); D4) BCDHA + 50 µM de Trolox® (BCDHA50T). Motilidade Total (MT); Motilidade Progressiva (MP); Velocidade Curvilinear (VCL); Velocidade Linear Progressiva (VSL), Velocidade Média do Trajeto (VAP); Linearidade (LIN); Retilinearidade (STR); Índex de Oscilação (WOB); Amplitude do Deslocamento Lateral da Cabeça (ALH), Hiperativos; Frequência do Batimento Flagelar Cruzado (BCF). Espermatozoides com membrana plasmática e acrossomal estruturalmente íntegras (CFDA+). Espermatozoides reativos, com membrana funcional pelo teste hiposmótico (HOSTr). Cromatina Compactada (DNAc); Cromatina Descompactada (DNAd). Alta atividade mitocondrial (DAB I); Atividade mitocondrial intermediária (DAB II); Baixa atividade mitocondrial (DABIII); Atividade mitocondrial inexistente (DAB IV). Concentração de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) em lipoperoxidação espontânea (TBARSe) e lipoperoxidação catalisada por FeSO4 (TBARSc). abAs letras sobrescritas indicam diferenças dentro da linha (P<0,05). *As inferências para tais variáveis foram feitas após transformação.

Os diluidores testados preservaram de maneira semelhante vários parâmetros de

movimento espermático (móveis, VCL, VSL e VAP) ao longo de duas horas de TTR

para avaliação da longevidade espermática (P>0,05). Entretanto, foi possível notar que

aos 60 minutos de TTR, a ALH dos espermatozoides criopreservados em BCDHA50T

estava menor do que nas amostras criopreservadas no diluidor controle (P<0,05; Tab. 2).

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Tabela 2. Parâmetros de cinética espermática após 60 e 120 minutos de TTR do sêmen equino criopreservado em diluidor contendo DHA e Trolox®. Parâmetros aos 60 min

Diluidor P-valor BC BCDHA30T BCDHA40T BCDHA50T

MT(%) 20,20 23,00 22,40 22,10 0,80 VCL (µm/s) 30,90 32,40 33,00 31,00 0,60 VSL (µm/s) 12,80 13,20 13,70 13,50 0,90 VAP (µm/s) 17,10 17,50 18,10 17,30 0,80 ALH (µm) 2,60a 2,60ab 2,50ab 2,40b 0,00 Parâmetros aos 120 min

BC BCDHA30T BCDHA40T BCDHA50T

MT(%) 11,20 11,40 13,70 11,40 1,00 VCL (µm/s) 28,50 28,40 29,40 24,90 0,10 VSL (µm/s) 11,80 11,50 12,10 10,20 0,20 VAP (µm/s) 15,80 15,40 16,30 14,00 0,20 ALH (µm) 2,10 2,10 2,20 2,00 0,80 D1) BotuCrio® (BC; controle); D2) BC + 50 ngmL-1 de DHA (BotuDHA) + 30 µM de Trolox® (DHA30T); D3) BotuDHA + 40 µM de Trolox® (DHA40T); D4) BotuDHA + 50 µM de Trolox® (DHA50T). Motilidade Total (MT); Velocidade Curvilinear (VCL); Velocidade Linear Progressiva (VSL), Velocidade Média do Trajeto (VAP); Amplitude do Descolamento Lateral da Cabeça (ALH). abAs letras sobrescritas indicam diferenças dentro da linha (P<0,05).

4. Discussão

Há relatos na literatura de resultados superiores de motilidade com a adição do

antioxidante Trolox® em diluidores de congelação de sêmen de garanhões férteis e

subfertéis [24]. Outros autores já indicaram uma relação inversa entre a taxa de

lipoperoxidação e motilidade espermática, bem como a constatação de maiores

quantidades de antioxidantes nos espermatozoides com melhor qualidade de movimento

[25,26], visto que os produtos da lipoperoxidação afetam a integridade mitocondrial e o

suprimento de energia para o movimento [27], fatos que explicam em parte esses

benefícios. Nota-se que a associação do antioxidante Trolox® e do ácido graxo DHA,

mesmo este presente em dose fixa, foi positiva para a melhoria da motilidade, visto que

a incorporação do DHA na membrana plasmática é responsável por aumentar sua

flexibilidade e proteger os espermatozoides dos efeitos deletérios da congelação [28].

Neste ínterim, já foram identificadas várias moléculas importantes envolvidas na

incorporação de DHA nas membranas celulares e na produção de glicerofosfolipídeos

contendo DHA como LPAAT3, Mfsd2a e AdipoR1 [29–32]. No entanto, ainda seguem

obscuras as formas de regulação da incorporação de DHA e as funções exatas do DHA

em glicerofosfolipídeos de membrana [33].

No entanto, no diluidor acrescido de DHA associado a 30 µM de Trolox®, a motilidade

total apresentou menores valores em relação ao controle, segundo Wassal e Stillwell

[34] ocorre alteração na proporção de ω-6:ω-3 após a incorporação do DHA nas

membranas espermáticas a partir da sua adição aos diluidores [14] e também de

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PUFA:ácidos graxos saturados [28], refletindo na melhoria da fluidez e

consequentemente da motilidade [35]. Considerando que todos os tratamentos, exceto o

controle, continham concentrações iguais de DHA e variadas de Trolox®, a menor

concentração de Trolox® (30 µM) apresentou menor desempenho neste quesito. Há

relatos controversos na literatura sobre os benefícios da adição do alfa tocoferol aos

diluidores seminais. Em alguns estudos esse antioxidante melhorou a motilidade dos

espermatozoides equino [20], ovino [36] e suíno [37], ou não teve nenhum efeito sobre

a motilidade dos espermatozoides ovino [38] e equino [39]. Outros autores sinalizaram

uma relação inversa entre a taxa de lipoperoxidação e a motilidade espermática,

apontando os benefícios do uso do alfa tocoferol através da detecção de grandes

quantidades destes nos espermatozoides com maior motilidade [26].

Em um estudo avaliando a adição de Trolox® (50, 100, 150 e 200 µM Trolox®/108

espermatozoides) no diluidor antes da congelação de sêmen de ovinos, os autores

observaram que uma concentração de 150 µM ou superior a esta apresentou um efeito

deletério sobre a motilidade progressiva do espermatozoide [40].

Então, os benefícios oriundos do uso de um antioxidante parecem ser obtidos apenas

dentro de um determinado intervalo. O que também pode ser explicado pelo fato de que

a capacidade de neutralização do radical hidroxila pelo Trolox® diminui quando este

está em altas concentrações, neste caso ele passa a atuar como um oxidante. Então o

mecanismo envolvido na diminuição da sua capacidade antioxidante quando em altas

concentrações podem estar relacionados à sua reação com o radical hidroxila e outros

radicais de oxigênio produzidos na presença de H2O2 e Cu2+ e assim conduzindo à

formação de muitos radicais ao mesmo tempo. Considerando esses pontos, nem sempre

é verdade que o uso de mais antioxidantes aumentariam proporcionalmente a sua

capacidade antioxidante [41].

A suplementação com DHA aumentou a qualidade seminal em humanos [42], suínos

[43], equinos [44], camundongos [45] e bovinos [46]. Kaeoket [47] testaram a inclusão

de níveis de óleo de peixe como fonte de DHA (0; 0,13; 0,29 e 0,45g) no diluidor

seminal de suínos e constataram uma maior viabilidade, motilidade progressiva e

integridade acrossomal nos grupos suplementados quando comparado com o grupo

controle. Em um estudo que testou a inclusão de DHA (0; 1; 10 e 100 ngmL-1) e

vitamina E (0; 0,2 e 0,4 mmol) no diluidor para criopreservação de sêmen de touros foi

observado que a concentração de 100 ngmL-1 diminuiu a qualidade seminal pós-

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53

descongelação, fato que não ocorreu com as menores concentrações testadas pelos

autores [14]. Dessa forma, observa-se que o uso do DHA isolado apresenta resultados

positivos, no entanto na associação com o alfa tocoferol os resultados podem ser

dependentes das concentrações utilizadas.

O estudo da integridade de membrana evidenciou percentuais menores de células

íntegras nas amostras criopreservadas no diluidor com maior dose de antioxidante

testada (50µM) quando comparada com o diluidor controle. O acrossoma comumente

sofre alteração estrutural determinada por elevada concentração de ROS. Por outro lado,

sob determinadas condições, algumas substâncias a princípio usadas como

antioxidantes, podem também apresentar efeito oxidante dependendo de alguns fatores

já mencionados. Os tocoferóis podem reduzir Fe (III) a Fe2+, Cu2+ e a Cu+, que exercem

efeito pro-oxidativo [48], assim o uso da vitamina E como antioxidante pode ser

favorável ou desfavorável, dependendo rigorosamente da sua concentração in vitro [49].

Provavelmente a concentração de 50 µM de Trolox® se comportou como oxidante nas

condições desse estudo. Ou, de alguma forma, não preservou adequadamente a

integridade estrutural da membrana.

Somado a isso, Nichi [50] afirma que a concentração do antioxidante estudado

influencia nos resultados, pois concentrações abaixo das necessárias seriam

insuficientes e concentrações altas podem ser deletérias, considerando o papel

fisiológico das ROS em importantes processos. De modo que o tratamento antioxidante

em concentrações excessivas pode bloquear importantes funções fisiológicas da célula,

sendo importante avaliar diferentes concentrações de um antioxidante.

Os diluidores testados preservaram de modo semelhante a integridade funcional e mais

de 80% dos espermatozoides com a cromatina compacta, a despeito de haver relatos de

que a redução da temperatura durante o resfriamento e a congelação acarretem prejuízos

nessas estruturas [51]. Sabe-se também que o estresse oxidativo está entre as principais

causas de fragmentação do DNA, fato que pode culminar em infertilidade [52]. O

sêmen de garanhão com mais de 30% de espermatozoide com DNA fragmentado tem

menor potencial fértil do que o sêmen de reprodutores com um percentual menor que

15% de espermatozoides fragmentados [53]. Em uma pesquisa correlacionando

fragmentação de DNA e fertilidade de garanhões, os animais com alto desempenho

reprodutivo foram capazes de fertilizar e resultar em uma taxa de prenhez por ciclo

estral de 82% quando apresentavam 12% de fragmentação de DNA, enquanto que os

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54

animais com baixo desempenho reprodutivo apresentavam 39% de taxa de prenhez por

ciclo estral quando 25% de seus espermatozoides tinham DNA fragmentado [54]. Em

nosso estudo a fragmentação de DNA foi inferior a 20% nas amostras criopreservadas

nos diferentes diluidores. A alta porcentagem de cromatina descompactada detectada em

espermatozoides pode representar um dos maiores fatores limitante da sua habilidade

fertilizante, assim é de grande importância a integridade do seu DNA como expressão

do seu potencial de fertilidade [55].

As mitocôndrias são a principal fonte de ATP no espermatozoide e se localizam na peça

intermediária [56]. Cerca de 60% do ATP gerado é consumido como força motriz,

enquanto que o restante é consumido na fosforilação e desfosforilação dos substratos

[57]. Todos os tratamentos preservaram de modo semelhante a atividade mitocondrial

alta e intermediária, esse fato é importante pois uma das vias de alteração da motilidade

pela presença de níveis excessivos de ROS pode ser a alteração na função mitocondrial

[58].

Em um trabalho com animais da espécie ovina, os autores constataram um bom

rendimento da atividade mitocondrial ao utilizar o Trolox® como antioxidantes no meio

diluidor, fato importante para a proteção de alguns compartimentos celulares. Neste

caso, as mitocôndrias preservadas responsáveis pelo aporte energético e geradora da

motilidade possuem uma forte correlação com espermatozoides com alto potencial de

membrana mitocondrial com capacidade de fecundação [59]. Tal fato pode explicar o

comportamento do diluidor controle em apresentar maior percentual de espermatozoides

com baixa atividade mitocondrial, menores velocidades (VCL, VSL e VAP).

Não houve diferença entre os tratamentos na avaliação da peroxidação lipídica

espontânea. No entanto, a adição do Trolox® promoveu uma redução na formação do

TBARS na análise da lipoperoxidação catalisada por FeSO4. Nesta, não foram

observadas quantidades detectáveis de TBARS no diluidor que continha 50 ngmL-1 de

DHA e 50 µM de Trolox®, sendo esta a maior concentração de Trolox®, e os demais

diluidores apresentaram baixos valores de TBARS quando comparados com o diluidor

controle, demonstrando que as concentrações de Trolox® propostas foram capazes de

controlar a lipoperoxidação como esperado.

No estudo da lipoperoxidação catalisada por ferro, considerada uma condição de

estresse oxidativo, os diluidores que continham Trolox® foram mais efetivos na redução

das quantidades de TBARS do que no diluidor controle, possivelmente pela inibição da

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55

propagação em cadeia da lipoperoxidação semelhante a Vitamina E [60]. O efeito

antioxidante do Trolox® guarda semelhança com o da Vitamina E, ambos atuam na

remoção dos radicais peroxil, interrompendo a reação em cadeia da lipoperoxidação

[61]. Ambos têm a mesma capacidade de absorção desses radicais devido à sua mesma

estrutura funcional [62], pois neutralizam dois radicais peroxil por molécula [63]. No

entanto, comparações entre medidas de lipoperoxidação em diferentes estudos são

difíceis devido a uma grande variedade de metodologias, concentrações espermáticas

nas amostras, diluidores utilizados e a variação individual entre animais e espécies [64].

Maia et al. [65] avaliaram a lipoperoxidação espontânea e induzida por ferro, em

amostras de sêmen de carneiros Santa Inês, congelado no diluidor Tris-gema adicionado

ou não do antioxidante Trolox® e, observaram que a concentração de substâncias

reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), geradas na lipoperoxidação espontânea, não

diferiu entre as amostras congeladas com ou sem antioxidante. Não obstante, quando a

lipoperoxidação foi induzida pelo ferro (FeSO4), a concentração de TBARS foi maior

no sêmen congelado sem antioxidante (3,4 ± 0,17 nmol/108 espermatozoides) do que na

presença de Trolox® (2,07 ± 0,17 nmol/108 espermatozoides). Assim, os autores

concluíram que em situação de estresse oxidativo, o Trolox® foi capaz de inibir a

propagação da lipoperoxidação no sêmen ovino durante um ciclo de congelação e

descongelação, fato que corrobora com os nossos achados em sêmen de equino, quando

a presença do Trolox® nos diluidores foi capaz de manter a lipoperoxidação em níveis

mais baixos do que o diluidor controle.

Não houve diferença no TTR para as variáveis de cinética espermática avaliadas no

tempo de 120 minutos, exceto para ALH aos 60 minutos de avaliação, este parâmetro

apresentou maior valor nos espermatozoides criopreservados no diluidor controle e

menor no diluidor com a maior concentração de Trolox®. A ALH está correlacionada

com a capacidade de penetração na zona pelúcida do oócito, sendo assim um dos

parâmetros que influencia na fertilização [66].

5. Conclusão

A adição de Trolox® e DHA, embora não tenha maximizado o efeito crioprotetor do

diluidor controle, garantiu espermatozoides mais velozes. O uso do Trolox® em

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56

diluidores de congelação contendo DHA, nas concentrações estudadas, preservou

satisfatoriamente diferentes parâmetros de viabilidade espermática.

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64

5 ARTIGO CIENTÍFICO II

EFEITO DO TROLOX® ASSOCIADO OU NÃO AO ÁCIDO

DOCOSAHEXAENOICO EM DILUIDOR DE CONGELAÇÃO DE SÊMEN DE

GARANHÕES DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR

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65

Artigo redigido segundo as normas da Animal Reproduction, ISSN 1984-3143 (online), ranqueada como B2 pelo QUALIS – CAPES quadriênio 2013-2016, Fator de impacto

(2017): 0,906.

Efeito do Trolox® associado ou não ao Ácido docosahexaenoico em diluidor de

congelação de sêmen de garanhões da raça Mangalarga Marchador

Cristiane Silva Aguiara, Celso Henrique Souza Costa Barrosa, William Morais

Machadoa, Ivan Bezerra Allamana, Antônio de Oliveira Leite Filhob, Larissa Pires

Barbosac, Paola Pereira das Neves Snoecka,�

aUniversidade Estadual de Santa Cruz, UESC, Ilhéus-BA, e-mail: [email protected]

b Médico Veterinário Autônomo, Feira de Santana-BA, email: [email protected]

cUniversidade Federal do Recôncavo da Bahia, UFRB, Cruz das Almas-BA, email: [email protected]

�Autor para correspondência: Paola Pereira das Neves Snoeck, Departamento de

Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz, UESC, Rodovia

Jorge Amado, KM 16, Salobrinho, CEP 45.662-900, Ilhéus, Bahia, Brasil.

Endereço de email: [email protected]; [email protected] (P.P.N Snoeck).

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito do Trolox® associado ou não ao ácido docosahexaenoico (DHA) na congelação de sêmen de garanhões da raça Mangalarga Marchador. Foram congelados 12 ejaculados nos seguintes diluidores: D1) BotuCrio® (BC; Controle); D2) BC + 30 ngmL-1 de DHA (BC30DHA); D3) BC + 40 µM de Trolox® (BC40T); D4) BC40T + 50 ngmL-1 de DHA (BC40T50DHA); D5) BC40T + 70 ngmL-1 de DHA (BC40T70DHA); D6) BC40T + 90 ngmL-1 de DHA (BC40T90DHA). Nota-se que todos os diluidores que continham 40 µM de Trolox® isolado ou associado a concentrações igual ou superiores a 50 ngmL-1 de DHA não foram eficientes em preservar parâmetros de movimento espermático importantes quando a congelação de sêmen foi não automatizada (P<0,05). O diluidor contendo 30 ngmL-1 de DHA na ausência de Trolox® foi semelhante ao controle para preservar a motilidade e a velocidade dos espermatozoides e ambos foram superiores aos demais diluidores testados (P<0,05). O uso do Trolox® em diluidores de congelação contendo DHA, nas concentrações estudadas, preservou diferentes parâmetros de viabilidade espermática,

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66

entretanto, não é indicado por alterar negativamente parâmetros cinéticos importantes para a fertilidade. Não é necessário o uso de Trolox® para controlar a lipoperoxidação em diluidor contendo DHA. Keywords: antioxidante, ácidos graxos, espermatozoide, criopreservação, equino.

1. Introdução

A composição fosfolipídica da membrana plasmática do espermatozoide deve ser

considerada como um fator determinante na qualidade do sêmen, principalmente em

relação a sua crioresistência (Garcia et al., 2011).

Como parte integrante da membrana plasmática, os ácidos graxos poli-insaturados ω-3,

incluindo docosahexaenoico (DHA, 22: 6n-3), possuem uma dupla ligação no terceiro

segmento do final da cadeia de carbono, a partir do grupo metila, desempenhando um

papel importante na funcionalidade dos espermatozoides e no seu comportamento frente

às mudanças térmicas (Towhidi and Parks, 2012; Fair et al., 2014), na permeabilidade á

água e outras moléculas, na manutenção da fluidez e nas fases de transição na bicamada

lipídica (Samadian et al., 2010).

Em mamíferos, a composição da membrana espermática é caracterizada por uma alta

proporção de ácidos graxos ω-3 (Parks and Lynch, 1992; Díaz et al., 2016). Em equinos

há relatos contraditórios quanto a sua composição, neste o ácido graxo predominante é o

pentanóico (22:5ω3) quando comparado ao DHA (Parks and Lynch, 1992; García et al.,

2011). No entanto, num estudo mais recente foi encontrada uma maior quantidade do

DHA em relação ao ácido pentanóico nos glicerofosfolipídios dos espermatozoides

(Wood et al., 2016).

Uma elevação no aporte de ácidos graxos ω-3 disponível para ser incorporado pela

membrana plasmática de mamíferos pode torná-la mais susceptível a lipoperoxidação

(Sikka, 2004), ocasionando perda de suas funções (Christova et. al., 2004). Assim,

visando à redução desses danos causados pela elevada concentração das espécies

reativas ao oxigênio, alguns pesquisadores têm adicionado substâncias antioxidantes em

amostras de sêmen de várias espécies, inclusive equinos (Bruemmert et al., 2002;

Almeida and Ball, 2005).

A vitamina E (α-tocoferol e seus derivados), incluindo o Trolox®, sua versão

hidrossolúvel, protegem as células da lipoperoxidação, in vivo e in vitro (Sikka, 2004).

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Considerando que o uso associado do Trolox® e DHA podem melhorar o desempenho

de diluidores seminais durante a congelação, melhorando os parâmetros de viabilidade

espermática, objetivou-se avaliar diferentes combinações de DHA associado ou não ao

Trolox® em diluidor de congelação sobre os espermatozoides de garanhões da raça

Mangalarga Marchador.

2. Material e Métodos

2.1 Aspectos éticos

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética na Experimentação Animal

CEUA/UESC da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, Brasil com o

número de protocolo 004/16.

2.2 Reagentes e soluções

Todos os reagentes utilizados foram puros para análise e adquiridos da empresa Sigma-

Aldrich® (St. Louis, MO, USA).

O DHA e o Trolox® foram adicionados aos diluidores de sêmen após o preparo de uma

solução estoque. A solução estoque de DHA foi calculada considerando seu peso

molecular de 328,49 g/mol e diluída em 100 mL de solução de etanol a 0,05% (76,1058

x 10-4mol/L). A solução estoque de Trolox® foi preparada e diluída em soluçao de Tris-

ácido cítrico (Maia et al., 2010), considerando seu peso molecular de 250,29 g/mol (a

10mM; 0,0125g de Trolox em 5mL de Tampão Tris).

Os grupos experimentais foram: D1) BotuCrio® (BC; Controle); D2) BC + 30 ngmL-1

de DHA (BC30DHA); D3) BC + 40 µM de Trolox® (BC40T); D4) BC40T + 50 ngmL-1

de DHA (BC40T50DHA); D5) BC40T + 70 ngmL-1 de DHA (BC40T70DHA); D6)

BC40T + 90 ngmL-1 de DHA (BC40T90DHA).

2.3 Local, animais e coleta

O experimento foi realizado em haras localizado no município de Cabaceiras do

Paraguaçu, Bahia, Nordeste, Brasil (latitude 12°32′9″S, longitude 39°11′27″W, altitude

210m). O local possui clima tropical, pluviosidade média anual de 932 mm e

temperatura média anual de 23,2 ºC. As análises seminais foram realizadas no

Laboratório de Reprodução Animal da UESC. O experimento foi realizado em maio de

2017.

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Foram utilizados quatro garanhões da raça Mangalarga Marchador, com idade variando

de 5 a 7 anos, com escore da condição corporal 4. Antes do início do experimento, todos

os garanhões foram submetidos ao esgotamento das suas reservas espermáticas

extragonadais, por meio de coletas de sêmen seriadas, por sete dias, com vagina

artificial modelo Botucatu® (Botupharma, Botucatu, SP, Brasil) e auxílio de uma fêmea

em estro como manequim. Cada garanhão foi coletado três vezes, a cada 48 horas,

obtendo-se 12 ejaculados.

2.4 Processamento do sêmen

Após a coleta o sêmen foi filtrado em filtro de nylon (Minitub®, Alemanha) para

remoção da fração gel e os ejaculados avaliados macro e microscopicamente segundo o

Colégio Brasileiro de Reprodução Animal antes da congelação. A concentração

espermática foi aferida por câmara de Neubauer. Somente os ejaculados com motilidade

mínima de 60 %, vigor espermático de 3 e 70 % de espermatozoides morfologicamente

normais foram congelados (CBRA, 2013).

Após coleta e avaliação, o sêmen foi diluído v:v (sêmen:diluidor) em meio à base de

leite desnatado (BotuSêmen®, Botupharma, Botucatu, SP, Brasil) e centrifugado a

600xg por 10min (Papa et. al., 2005). O sobrenadante foi descartado e o pellet foi

rediluído em diluidor de congelação conforme os tratamentos supracitados.

O sêmen diluído foi envasado em palhetas de 0,25 mL, na concentração de 100x106

espermatozoides móveis por mL. As palhetas foram seladas com álcool polivinílico,

refrigeradas e submetidas a uma curva de congelação convencional, não automatizada.

As palhetas foram colocadas em uma estante no interior de um refrigerador doméstico a

5ºC utilizando tempo de resfriamento de 20 minutos, sem nenhum tipo de proteção para

evitar o choque térmico (Papa et. al., 2005), depois as palhetas foram colocadas

horizontalmente em uma estante metálica dentro de uma caixa de isopor térmica,

contendo nitrogênio líquido no seu interior, deixando as palhetas a uma distância de três

centímetros acima da coluna líquida durante 20 minutos. A congelação foi finalizada

pela imersão das palhetas no nitrogênio líquido (-196ºC) e armazenamento em botijão

criogênico. Após a descongelação a 46ºC por 15 segundos (Papa et. al., 2005), as

amostras foram incubadas a 37ºC e avaliadas.

2.5 Análises do sêmen após descongelação

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69

O movimento espermático das amostras descongeladas foi avaliada por um sistema

computadorizado Sperm Class Analyser® (Microptics S.L, v.5.2, Barcelona, Espanha).

Os padrões utilizados para o ajuste do equipamento foram: 25 imagens/segundo com 25

Hz; tamanho de partícula capturado entre 4 e 75 µm/m2; espermatozoides considerados

imóveis <10 µm/s, lentos <45 µm/s, médios de 45 a 90 µm/s e rápidos acima de 90

µm/s. Foram avaliados os seguintes parâmetros: Motilidade Total (MT), Motilidade

Progressiva (MP), Linearidade (LIN), Retilinearidade (STR), Índice de Oscilação

(WOB), Hiperativos expressos em porcentagem (%); Velocidade Curvilinear (VCL),

Velocidade Linear Progressiva (VSL) e Velocidade Média do Trajeto (VAP), expressas

em micrômetros por segundos (µm/s); Amplitude do Deslocamento Lateral da Cabeça

Espermática (ALH), expressa em micrômetros (µm); e Frequência do Batimento

Flagelar Cruzado (BCF), expressa em Hertz (Hz).

A integridade estrutural das membranas, plasmática e acrossomal, foram avaliadas

utilizando um microscópio fluorescente (400X; Olympus® CX 31) após a coloração do

espermatozoide com corantes fluorescentes diacetato de carboxifluoresceína (CFDA) e

iodeto de propídio (IP) (Harrison and Vickers, 1990). A coloração com CFDA foi

avaliada usando o conjunto padrão de filtro de fluoresceína, enquanto a coloração com

IP foi avaliada usando o conjunto padrão de filtros de rodamina. Foram analisados 200

espermatozoides por amostra.

A integridade funcional da membrana plasmática foi avaliada utilizando o teste

hiposmótico (HOST) com 50 µL da amostra diluída em 500 µL de uma solução de

sacarose a 100 mOsmol/L. As amostras diluídas foram primeiro incubadas em banho

seco a 37°C durante 30 minutos e posteriormente foram fixadas com 250 µL de solução

de citrato de sódio formolizado a 4% e 200 células foram avaliadas usando um

microscópio de contraste de fase (1000x; Olympus® CX 31).

A porcentagem de células reativas ao HOST foi calculada de acordo com o método de

Melo e Henry (Melo and Henry, 1999). HOST% = (% de alterações na região da cauda

após o HOST) - (% de alterações na região da cauda antes do HOST). As alterações de

cauda antes do teste foram analisadas por meio da técnica de preparação úmida,

diluindo uma amostra de sêmen em solução de citrato de sódio formolizado a 4% para

posterior avaliação das alterações morfológicas espermáticas usando um microscópio de

contraste de fase (1000x; Olympus® CX 31). Foram avaliados 200 espermatozoides.

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A integridade da cromatina espermática foi avaliada utilizando a técnica da

metacromasia induzida pelo azul de toluidina (Naves et al., 2004). Foram

confeccionados esfregaços com uma alíquota de 10 µL da amostra, secados em

temperatura ambiente e fixados por 1 min em solução de Carnoy (3:1, 75 mL de álcool

100 % + 25 mL de ácido acético) e em seguida em álcool a 70 % por 3 min. Procedeu-

se á hidrólise com ácido clorídrico 4N por 15 minutos, lavagem em água destilada e

secagem em temperatura ambiente. Para a coloração do esfregaço foi depositado 20 µL

da solução de azul de toluidina a 0,025 % (0,00125 g de azul de toluidina em 5 mL de

solução de McIlveine, pH 4,0) entre lâmina e lamínula e avaliadas 500 células em

microscopia de contraste de fase (1000x; Olympus® CX 31). Os espermatozoides foram

classificados em: com cromatina compacta (região da cabeça corada em azul claro) e

com cromatina descompactada (região da cabeça corada em azul escuro ou violeta).

A atividade mitocondrial foi avaliada por meio da coloração de 3,3’- diaminobenzidina

(DAB) segundo a técnica de Hrudka (Hrudka, 1987), sendo que 20 µL da amostra foram

incubados com 20 µL de DAB (1mg/mL de PBS) a 37ºC por 60 minutos, na ausência de

luz. Após a incubação foram feitos esfregaços, fixados em formol a 10 % por 10

minutos, lavados em água destilada e secados ao ar sob proteção da luz. Foram

avaliadas 200 células em microscópio de contraste de fase (1000x; Olympus® CX 31).

As células foram classificadas de acordo com o nível de deposição do corante na peça

intermediária (PI). Na classe I, os espermatozoides apresentavam a PI totalmente corada

(alta atividade mitocondrial); na classe II, os espermatozoides apresentavam mais de 50

% da PI corada (atividade mitocondrial intermediária); na classe III, apresentavam

menos de 50 % da PI corada (baixa atividade mitocondrial) e na classe IV, não

apresentavam coloração (atividade mitocondrial inexistente).

2.6 Análises estatísticas

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, considerando o garanhão como

um bloco. Foi utilizada análise de variância para testar as diferenças entre os

tratamentos. Para comparação entre médias foi utilizado o teste de Tukey, com nível de

significância de 5%. Todos os pressupostos foram testados e quando violados foi

utilizada a transformação boxcox (y' = \frac{y^{\lambda} - 1}{\lambda}) por meio da

função “boxcox” do pacote MASS versão 7.3-41 (Venables and Ripley, 2002). As

variáveis transformadas no experimento foram: DAB VI, Rápidos e Médios. Todas as

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análises foram feitas com o auxílio do R Core Team (2016) (Statistical and Computing,

2016). Os dados foram apresentados em forma de média, mesmo os transformados.

3. Resultados

Foram observadas diferenças entre os diluidores em preservar determinados parâmetros

do movimento espermático. O diluidor controle e o contendo 30 ngmL-1 de DHA

preservaram melhor a motilidade, a VSL e a VAP do que os demais diluidores testados

(P<0,05). Além disso, resultaram em amostras com elevado percentual de

espermatozoides hiperativos quando comparado aos diluidores contendo o antioxidante

Trolox® (P<0,05). O percentual de espermatozoides com baixa atividade mitocondrial

foi maior nas amostras criopreservadas em diluidor com Trolox® e com Trolox®

associado com concentrações de DHA superiores a 50 ngmL-1 (P<0,05, Tab. 1).

Tabela 1. Parâmetros de viabilidade espermática no sêmen equino criopreservado em diluidor com ou sem Trolox® e diferentes concentrações de DHA. Parâmetros Diluidores

P-valor BC 0T

0DHA

BC 0T

30DHA

BC 40T

0DHA

BC 40T

50DHA

BC 40T

70DHA

BC 40T

90DHA

EPM

MT(%) 47,40ab 48,10a 24,00c 22,90c 24,60bc 21,80c 5,49 0,00 MP (%) 4,40a 4,20a 1,20b 0,90b 1,10b 1,00b 0,54 0,00 VCL (µm/s) 24,50 24,70 17,80 17,80 18,30 16,00 2,95 0,20 VSL (µm/s) 10,00a 9,50a 6,00b 6,00b 6,20b 5,60b 1,22 0,00 VAP (µm/s) 15,10a 14,90a 9,50b 9,70b 9,70b 9,00b 1,76 0,00 LIN (%) 33,60 31,90 25,00 24,90 25,00 23,20 4,36 0,40 STR (%) 54,30 52,90 46,80 45,60 46,40 41,10 7,15 0,80 WOB (%) 51,30 50,00 39,80 40,70 39,90 37,50 6,41 0,50 ALH (µm) 2,20 2,30 2,00 2,00 2,00 1,70 0,29 0,70 BCF (Hz) 6,30 6,00 5,80 5,40 5,80 4,50 1,10 0,90 Hiperativos (%) 1,70a 1,70a 0,60b 0,60b 0,60b 0,70b 0,22 0,00 CFDA+ (%) 24,30 21,40 19,00 22,50 20,10 17,10 3,50 0,80 HOSTr (%) 26,10 26,20 21,20 20,10 26,00 19,30 2,63 0,20 DNAc (%) 80,50 82,90 82,20 81,40 80,40 83,50 2,63 1,00 DNAd (%) 19,50 17,10 17,80 18,60 19,60 16,50 2,62 0,90 DABI (%) 84,30 85,40 80,90 83,30 82,50 80,90 1,55 0,30 DABII (%) 10,50 9,50 12,10 10,30 10,40 12,50 1,19 0,50 DABIII (%) 3,80b 4,10b 6,30a 4,70b 5,30a 5,20a 0,59 0,10 DABIV (%) * 1,50 1,20 1,50 1,70 1,80 1,50 0,30* 0,80 D1) BotuCrio® (BC; controle); D2) BC + 30 ngmL-1 de DHA (BC30DHA); D3) BC + 40 µM de Trolox® (BC40T); D4) BC40T + 50 ngmL-1 de DHA (BC40T50DHA); D5) BC40T + 70 ngmL-1 de DHA (BC40T70DHA); D6) BC40T + 90 ngmL-1 de DHA (BC40T90DHA). Motilidade Total (MT); Motilidade Progressiva (MP); Velocidade Curvilinear (VCL); Velocidade Linear Progressiva (VSL), Velocidade Média do Trajeto (VAP); Linearidade (LIN); Retilinearidade (STR); Índex de Oscilação (WOB); Amplitude do Deslocamento Lateral da Cabeça (ALH), Hiperativos; Frequência do Batimento Flagelar Cruzado (BCF). Espermatozoides com membrana estrutural íntegra (CFDA+). Espermatozoides reativos com membrana funcional pelo teste hiposmótico (HOSTr). Cromatina Compactada (DNAc); Cromatina Descompactada (DNAd). Alta atividade mitocondrial (DAB I); Atividade mitocondrial intermediária (DAB II); Baixa atividade mitocondrial (DABIII); Atividade mitocondrial inexistente (DAB IV). abAs letras sobrescritas indicam diferenças dentro da linha (P <0,05). *As inferências para tais variáveis foram feitas após transformação.

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4. Discussão

A adição do Trolox® associado ao DHA em diluidor de congelação de sêmen equino

teve efeito negativo sobre a cinética espermática quando o diluidor foi acrescido de

concentrações superiores a 50 ngmL-1 de DHA associado a 40 µM de Trolox® e também

no diluidor contendo apenas 40 µM de Trolox®. De uma forma geral, a inclusão de

Trolox® aos diluidores acrescidos ou não de DHA não apresentou capacidade para

preservar os parâmetros de motilidade e velocidade espermática.

Pode-se encontrar na literatura uma gama de resultados quando se adiciona o alfa

tocoferol aos diluidores seminais, tanto favoráveis como desfavoráveis. Relatos

mencionam um efeito positivo na motilidade de equino (Ball et al., 2001), ovino (Sarlos

et al., 2002) e suíno (Breininger et al., 2005), ou sem efeito em ovinos (Upreti et al.,

1997) e equino (Ball et al., 2001). Por outro lado, outro autor aponta detecção de

grandes quantidades de alfa tocoferol nos espermatozoides com maior motilidade (Kao

et al., 2008). Esperava-se que o Trolox® maximizasse a ação dos diluidores de

congelação de sêmen com ou sem DHA sobre os espermatozoides, por meio de sua ação

antioxidante e consequentemente controle da lipoperoxidação, no entanto, isso não foi

observado. De forma que o baixo desempenho em relação aos parâmetros de

movimento espermático observados em nossos estudos, apesar de possível e já relatados

em outros trabalhos, pode ser atribuída as concentrações utilizadas, composição do

diluidor e a forma de criopreservação seminal.

Um dos fatores que contribuem para a ineficiência de um antioxidante é a ausência de

um estresse oxidativo suficiente para sobrepujar os mecanismos antioxidantes do meio,

isto é, no tratamento de amostras que não estejam sofrendo estresse oxidativo esses

podem não surtir o efeito desejado (Nichi, 2003). Isso ficou claro, pois todos os

diluidores que tiveram na sua composição Trolox® isoladamente ou associado a

concentrações de DHA superiores a 50 ngmL-1 não foram eficientes para manter

adequadamente os parâmetros de movimento espermático quando a curva de congelação

utilizada foi manual, neste caso o sistema antioxidante do diluidor controle pode ter sido

suficiente para manter o estresse oxidativo em níveis baixos, por isso não sendo

possível observar os benefícios da adição do Trolox®.

Ao se avaliar a adição de Trolox® em diluidor de sêmen ovino antes da congelação nas

concentrações de 50, 100, 150 e 200 µM Trolox®/108 espermatozoides foi constatado

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que a concentração de 150 µM e 200 µM Trolox® teve um efeito deletério sobre o

movimento espermático (Sicherle et al., 2006).

A curva de congelação utilizada pode ter influenciado negativamente os resultados de

movimento espermático observadas em amostras criopreservadas na presença de

Trolox®. A taxa de refrigeração foi muito rápida, pode não ter sido suficiente para os

espermatozoides se adaptarem a redução de temperatura e garantir uma fase de transição

da membrana plasmática adequada o que resultou em baixo percentual de

espermatozoides progressivamente móveis. Além disso, a curva de congelação foi de

aproximadamente -70°C/min e feita de forma manual colocando as palhetas diretamente

no vapor de nitrogênio, com um menor controle da temperatura comparado com a

automatizada. Em uma pesquisa comparando duas curvas de congelação de sêmen

equino, uma automatizada (-25ºC/min) e outra não automatizada (-70°C/min), os

autores relataram um melhor desempenho da motilidade total e progressiva, bem como

da integridade e funcionalidade da membrana plasmática nas amostras congeladas na

curva automatizada, sugerindo que esse fato se deve a uma maior precisão no controle

do decréscimo de temperatura, resultando em menores danos espermáticos e controle do

choque térmico (Terraciano et al., 2008). A composição dos meios diluidores possui

grande influência sobre a sobrevivência espermática durante a criopreservação, pois há

uma importante interação entre os componentes do meio e as curvas de

refrigeração/congelação utilizadas (Chaveiro et al., 2006).

A hipótese deste experimento de que a associação entre o alfa tocoferol e o DHA

pudesse melhorar as características seminais durante a congelação, através do aumento

da fluidez da membrana proporcionada pela incorporação do DHA junto à proteção

antioxidante do alfa tocoferol, não se confirmou. Talvez, os componentes que foram

adicionados ao diluidor (DHA e Trolox®) necessitem de um maior tempo de contato

com os espermatozoides durante o resfriamento para garantir maior sobrevivência

espermática após a criopreservação, principalmente maior percentual de células com

motilidade e velocidade para chegar ao sítio de fertilização e fertilizar o gameta

feminino. Porém, a curva de resfriamento não permitiu uma maior interação.

Estudos demonstram que a incorporação do DHA é dose-dependente do tempo

(Browning et al., 2012; Calder, 2014), mas o padrão preciso depende da localização

específica (Frank Thies et al., 2001 a; b). De forma que os lipídeos plasmáticos

incorporam DHA mais rapidamente do que as células sanguíneas, enquanto entre os

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glóbulos sanguíneos, os leucócitos demonstraram incorporar DHA mais rapidamente do

que os eritrócitos (Katan et al., 1997; Browning et al., 2012).

A adição isolada do DHA na concentração de 30 ngmL-1 ao diluidor controle de

congelação de sêmen equino resultou em melhores resultados de movimento

espermático quando comparado aos diluidores com Trolox® ou com Trolox® e DHA em

concentrações iguais ou superiores a 50 ngmL-1. Entretanto, é importante salientar que

essa inclusão não maximizou o efeito do diluidor controle. Embora, já tenha sido

relatado que a suplementação com DHA, oral ou no diluidor, aumenta a qualidade

seminal em humanos (Safarinejad et al., 2010), suínos (Mitre et al., 2004), equinos

(Harris et al., 2005), camundongos (Roqueta-Rivera et al., 2010) e bovinos (Gholami et

al., 2010). Ocorre incorporação das moléculas de DHA nas membranas espermáticas a

partir da sua adição aos diluidores, o que altera a proporção de ω-6:ω-3 (Towhidi and

Parks, 2012; Wassall and Stillwell, 2009) e também de PUFA:ácidos graxos saturados

(Nasiri et al., 2012), refletindo na melhoria da fluidez e flexibilidade (Wassall and

Stillwell, 2009), e consequentemente resultando em um efeito benéfico para motilidade

(Connor et al., 1998). Além disso, concentrações abaixo do ideal de DHA são

encontradas em espermatozoides com qualidade inferior de movimento (Safarinejad et

al., 2010).

Em um estudo sobre lipidômica do espermatozoide equino verificou-se que estes eram

ricos em diacilglicerofosfolipídeos, particularmente a fosfatidilcolina e a

fosfatidiletanolamina, esses em conjunto com seminolipídeos são essenciais na

membrana plasmática e no desempenho de suas funções, no entanto baixos níveis de

DHA resultam em limitada substituição dos ácidos graxos em vários

glicerofosfolipídeos que são essenciais para as funções espermáticas, sendo o DHA

capaz de fazer a remodelação dos glicerofosfolipídeos e diacilglicerofosfolipídeos. Os

autores apontam para outro aspecto importante que é a disponibilidade limitada de

Omega 3 em relação aos altos níveis de Omega 6 em sêmen dessa espécie, o que vai

influenciar nas substituições dos ácidos graxos dos glicerofosfolípideos de éter e diacil,

com substituições de Omega 6 superiores ao de Omega 3, fato que ocorre como

conseqüência de um suprimento limitado de Omega 3 nos espermatozoides para a

remodelação lipídica em sn-2 do esqueleto de glicerol dos glicerofosfolipídeos.

Considerando esses fatos, há uma probabilidade de que com a suplementação do ácido

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docosahexaenóico ocorra uma alteração na remodelação dos glicerofosfolipídeos de éter

e diacilglicerofosfolipídeos em espermatozoides desta espécie (Wood et al., 2016).

Variações nos níveis de DHA ligados aos glicerofosfolipídeos de membrana podem

afetar propriedades biofísicas como sua fluidez e flexibilidade, fato que interfere na

motilidade espermática, por outro lado a alta incorporação de DHA é relatada como

facilitadora da conformação da membrana em processos tais como fusão e fissão

(Barelli e Antonny, 2016). Comparado com outras funções biológicas dos PUFAs, os

mecanismos de incorporação do DHA em membranas ainda permanece obscuro. Várias

moléculas importantes envolvidas na incorporação de DHA nas células e a produção de

glicerofosfolipídeos contendo DHA foram identificadas, incluindo LPAAT3, Mfsd2a e

AdipoR1 (Nguyen et al., 2014; Rice et al., 2015; Iizuka-Hishikawa et al., 2017; Shindou

et al., 2017). No entanto, questões muito básicas ainda permanecem sem elucidação, por

exemplo, como a forma de incorporação de DHA é regulada e as funções precisas do

DHA em glicerofosfolipídeos de membrana (Hishikawa et al., 2017).

Percebe-se que os resultados sobre o efeito do DHA apresentados na literatura ainda são

controversos, havendo assim a necessidade de mais estudos com diferentes

concentrações e suas associações, buscando aumentar a viabilidade dos espermatozoides

equino criopreservados. Quando o sêmen de touros foi submetido a tratamentos com

DHA (0; 1; 10 e 100 ngmL-1) e alfa tocoferol (0; 0,2 e 0,4 mmol) em diluidor de

congelação, ocorreu uma diminuição da qualidade seminal pós-descongelação com o

uso da concentração de 100 ngmL-1, fato que não ocorreu com as demais concentrações

utilizadas (Towhidi e Parks, 2012). Em suínos, quando foi realizada a inclusão de DHA

através da utilização do óleo de peixe (0; 0,13; 0,29 e 0,45g) no diluidor, observou-se

maior viabilidade, motilidade progressiva e integridade acrossomal nos grupos

suplementados quando comparado com o grupo controle.

O DNA, a integridade funcional da membrana, a LIN, a STR e a BCF foram

preservados de forma semelhante em todos os tratamentos propostos. Torna-se de

grande importância a integridade do seu DNA como expressão do seu potencial de

fertilidade, pois porcentagens demasiadas de cromatina descompactada detectada em

espermatozoides pode apontar para problemas na fertilização (Fraser, 2004).

Embora já tenha sido relatado que a redução da temperatura durante o resfriamento e a

congelação acarretam fragmentação do DNA (Mccarthy e Meyers, 2011), os diluidores

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propostos no presente estudo preservaram a integridade estrutural da membrana

plasmática e acrossomal, bem como a integridade funcional e mais de 80% dos

espermatozoides com a cromatina compacta. A manutenção da integridade de

membrana pós-descongelamento foi correlacionada com a porcentagem de ácidos

graxos insaturados presentes nesta (Macías García et al., 2011), pois estes possuem

capacidade de melhorar a fluidez das membranas dos espermatozoides. Enquanto as

gorduras saturadas de cadeia longa aumentam a rigidez da membrana, a poli-insaturação

dos ácidos graxos torna a membrana flexível e fluida, mais próximo do fisiológico

(Flesch e Gadella, 2000). O DHA é de especial interesse porque com 22 carbonos e seis

ligações duplas é o mais insaturado e um dos ácidos graxos mais longos que compõem o

núcleo hidrofóbico da membrana. Por outro lado, o sêmen de garanhão com mais de

30% de espermatozoide com DNA fragmentado tem menor potencial fértil do que o

sêmen de reprodutores com um percentual menor que 15% de espermatozoides

fragmentados (Evenson e Jost, 2001). Em nosso estudo a fragmentação de DNA foi

inferior a 20% nas amostras criopreservadas nos diferentes diluidores.

Mitocôndrias preservadas são responsáveis pela sustentação da produção de energia

espermática, refletindo na qualidade da motilidade e oferecendo forte correlação com

espermatozoides que possuem alto potencial de membrana mitocondrial com

capacidade de fecundação (Brito, 2015). No presente estudo não foram encontradas

diferenças entre os diluidores testados em preservar os espermatozoides classificados na

categoria com atividade mitocondrial alta e intermediária. No entanto, as amostras

criopreservadas no diluidor controle, no contendo 30 ngmL-1 de DHA e no acrescido da

associação de 50 ngmL-1 de DHA e 40 µM de Trolox® apresentaram menor percentual

de espermatozoides com baixa atividade mitocondrial. Grande parte da geração de

energia com produção de ATP pela fosforilação oxidativa em espermatozoides da

espécie equina acontece na mitocôndria (Gibb et al., 2014).

5. Conclusão

O uso do Trolox® em diluidores de congelação contendo DHA, nas concentrações

estudadas, preservou diferentes parâmetros de viabilidade espermática, entretanto, não é

indicado por alterar negativamente parâmetros cinéticos importantes para a fertilidade

quando a curva de refrigeração e congelação são muito rápidas.

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6. ARTIGO CIENTÍFICO III

EFEITO DO ÁCIDO DOCOSAHEXAENOICO E DO TROLOX ® NO

DILUIDOR DE REFRIGERAÇÃO DE SÊMEN DE GARANHÕES DA R AÇA

MANGALARGA MARCHADOR

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85

Artigo redigido segundo as normas da Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, ISSN 1678-4162, ranqueada como A2 pelo QUALIS – CAPES quadriênio

2013-2016, Fator de impacto 2016: 0.1321.

Efeito do Ácido docosahexaenoico e do Trolox® no diluidor de refrigeração de

sêmen de garanhões da raça Mangalarga Marchador

[Effect of Docosahexaenoic acid and Trolox® in extenders for semen refrigeration of

the stallion Mangalarga Marchador breed]

C.S.Aguiar1*, C.H.S.C.Barros1, W.M.Machado1, L.P.Barbosa2, I.B.Allaman3,

P.P.N.Snoeck1

1Programa de Pós-Graduação Ciência Animal (PPGCA), Departamento de Ciências

Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, BA,

Brasil.

2Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia (UFRB), Cruz das Almas, BA, Brasil.

3Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Estadual de Santa

Cruz (UESC), Ilhéus, BA, Brasil.

*E-mail: [email protected]

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito do ácido docosahexaenoico (DHA), associado ou não ao Trolox®, na refrigeração de sêmen de garanhões da raça Mangalarga Marchador. Para tanto foram refrigerados dez ejaculados para testar o efeito dos seguintes diluidores: D1) BotuSêmen® (BS; controle); D2) BS + 30 ngmL-1 de DHA (BS30DHA); D3) BS + 30DHA + 40 µM de Trolox® (BS30DHA40T); D4) BS + 50 ngmL-1 de DHA (BS50DHA); D5) BS + 50DHA + 40 µM de Trolox® (BS50DHA40T). Após 48 horas de refrigeração foram avaliados os parâmetros de movimento espermático, a integridade estrutural e funcional da membrana plasmática e a longevidade espermática pelo teste de termoresistência. Todos os diluidores testados preservaram de forma semelhante a motilidade, a linearidade (LIN), a retilinearidade (STR), a amplitude do deslocamento lateral da cabeça (ALH), a frequência do batimento flagelar cruzado (BCF), o percentual de hiperativos, a integridade estrutural e funcional da membrana espermática (P>0,05). No entanto, o diluidor BS50DHA foi superior ao BS30DHA40T em preservar a VCL e VSL e foi superior ao BS30DHA40T e BS50DHA40T em preservar a

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velocidade média do trajeto (VAP) e o índex de oscilaçao (WOB) (P<0,05). Concluímos que o uso do Trolox® em diluidores utilizados para refrigeração de sêmen equino contendo DHA nas doses estudadas não é indicado por alterar parâmetros de movimento espermático importantes para garantir bons resultados de fertilidade. Palavras-chave: antioxidante, ácidos graxos, espermatozoide, criopreservação, equino.

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effect of docosahexaenoic acid (DHA), associated or not with Trolox®, on the cooling of semen from Mangalarga Marchador stallions. For this purpose, ten ejaculates were refrigerated to test the effect of the following extenders: D1) BotuSêmen® (BS; control); D2) BS + 30 ngmL-1 DHA (BS30DHA); D3) BS + 30DHA + 40 µM Trolox® (BS30DHA40T); D4) BS + 50 ngmL-1 DHA (BS50DHA); D5) BS + 50DHA + 40 µM Trolox® (BS50DHA40T). After 48 hours of cooling, the parameters of sperm movement, structural and functional integrity of the plasma membrane and sperm longevity were evaluated by the thermoresistance test. All extenders tested similarly preserved motility, linearity (LIN), rectilinearity (STR), amplitude of lateral head displacement (ALH), frequency of cross flagellar beating (BCF), percentage of hyperactive, a structural and functional integrity of the sperm membrane (P> 0.05). However, the BS50DHA extenders was superior to BS30DHA40T in preserving VCL and VSL and was superior to BS30DHA40T and BS50DHA40T in preserving mean path velocity (VAP) and oscillation index (WOB) (P <0.05). We conclude that the use of Trolox® in extenders used for cooling equine semen containing DHA at the doses studied is not indicated because it changes important sperm movement parameters to guarantee good fertility results. Key words: antioxidant, fatty acids, spermatozoa, cryopreservation, equine.

INTRODUÇÃO O uso do sêmen refrigerado e transportado em caixas isotérmicas é uma prática

corriqueira na indústria equina em várias partes do mundo, auxiliando na difusão da

técnica de inseminação artificial (IA) (Loomis, 2006), tendo em vista que a IA com

sêmen congelado nesta espécie encontra fatores limitantes na sua rotina. Um dos

principais fatores está relacionado à própria espécie, pois muitos garanhões possuem

características seminais desfavoráveis pós-descongelação (Alvarenga e Carmo, 2007),

sendo o uso do sêmen refrigerado a maneira mais viável de maximizar o aproveitamento

destes animais (Vidament et al., 1997).

Um dos prejuízos decorrentes do processo de criopreservação é o estresse oxidativo. Os

espermatozoides são susceptíveis a lesões peroxidativas por serem possuidores de

grande quantidade de ácidos graxos poli-insaturados em sua membrana. A geração de

espécies reativas de oxigênio (ROS) é induzida por essas lesões lipoperoxidativas,

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grandes responsáveis por inviabilizar os espermatozoides para o processo de fertilização

do ovócito (Alvarez et al., 2006), em decorrência da diminuição da motilidade, de

lesões na membrana plasmática e de fragmentação do DNA e, por conseguinte queda da

fertilidade (Gibb et. al., 2014; Varner et. al., 2015).

No entanto, o acréscimo de ácidos graxos poli-insaturados na membrana plasmática

pode beneficiar a motilidade e demais parâmetros do espermatozoide durante seu

armazenamento refrigerado (Takahashi et al., 2012), a exemplo DHA, que ao ser

adicionado ao diluidor é incorporado pela membrana plasmática do espermatozoide

(Nasiri et. al., 2012; Towhidi e Parks, 2012). No entanto, as duplas ligações encontradas

nesses ácidos graxos são facilitadoras da lipoperoxidação iniciada principalmente pelo

radical hidroxila, levando a uma reação em cascata (Ball e Vo, 2002), que pode

ocasionar alteração da fluidez da membrana plasmática e comprometer a fecundação

(Sanocka e Kurpisz, 2004).

A membrana plasmática e acrossomal são protegidas pelo alfa tocoferol que é capaz de

cessar a reação em cadeia da lipoperoxidação em biomembranas (Sikka, 2004). O

Trolox®, seu análogo hidrossolúvel, possui potente propriedade antioxidante (Wu et al.,

1991).

Assim, espera-se que a associação do DHA com o antioxidante Trolox® possa melhorar

a resistência dos espermatozoides durante a refrigeração e transporte. Por isso,

objetivou-se avaliar o efeito de duas diferentes concentrações de DHA, associado ou

não a uma concentração fixa de Trolox® sobre os espermatozoides refrigerados de

garanhões da raça Mangalarga Marchador.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética na Experimentação Animal

CEUA/UESC da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, Brasil com o

número de protocolo 004/16.

Todos os reagentes utilizados foram puros para análise e adquiridos da empresa Sigma-

Aldrich® (St. Louis, MO, USA).

O experimento foi realizado em haras localizado no município de Itabuna, Bahia,

Nordeste, Brasil (latitude 14º47'08"S, longitude 39°16′49″W, altitude 54m e área

443km2, mesoregião geográfica Sul Baiano) em agosto de 2017. O local possui clima

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88

tropical chuvoso, bioma mata atlântica, pluviosidade média anual de 1.300mm e

temperatura média anual de 23,6ºC, umidade acima de 80% (Anuário Estatístico de

Itabuna, 2016). As análises seminais foram realizadas no Laboratório de Reprodução

Animal da Universidade Estadual de Santa Cruz.

Foram utilizados dez garanhões saudáveis da raça Mangalarga Marchador com idade

variando de 7 a 9 anos, com escore da condição corporal 3,5. Cada garanhão foi

coletado duas vezes com intervalo de uma hora com vagina artificial modelo Botucatu®

(Botupharma, Botucatu, SP, Brasil), com temperatura interna entre 42 e 45ºC e auxílio

de uma fêmea em estro como manequim. O primeiro ejaculado de cada garanhão foi

descartado e o segundo submetido ao processo de refrigeração para minimizar possíveis

variações de qualidade espermática, tendo em vista que nem todos os garanhões

estavam sob o mesmo regime de coleta de sêmen (Bedford-Guaus, 2012).

A fração gel do ejaculado de todos os garanhões, quando presente, foi removida com o

auxílio de um filtro de nylon (Minitube®, Alemanha) e o volume do ejaculado

mensurado em proveta graduada. Todos os ejaculados foram avaliados macro e

microscopicamente segundo o CBRA (2013) antes da refrigeração. Somente os

ejaculados com motilidade mínima de 70%, vigor espermático de 3 e 70% de

espermatozoides morfologicamente normais foram refrigerados (CBRA, 2013).

O DHA e o Trolox® foram adicionados aos diluidores de sêmen após o preparo de uma

solução estoque. A solução estoque de DHA foi calculada considerando seu peso

molecular de 328,49 g/mol e diluída em 100 mL de solução de etanol a 0,05% (76,1058

x 10-4mol/L). A solução estoque de Trolox® foi preparada e diluída em soluçao de Tris-

ácido cítrico (Maia et al., 2010), considerando seu peso molecular de 250,29 g/mol (a

10mM; 0,0125g de Trolox em 5mL de Tampão Tris).

O sêmen a ser refrigerado foi dividido e diluído (sêmen:diluidor) para concentração de

50x106 espermatozoides/mL nos seguintes diluidores a 37ºC: D1) BotuSêmen® (BS;

controle); D2) BS + 30 ngmL-1 de DHA (BS30DHA); D3) BS + 30DHA + 40 µM de

Trolox® (BS30DHA40T); D4) BS + 50 ngmL-1 de DHA (BS50DHA); D5) BS+ 50DHA

+ 40 µM de Trolox® (BS50DHA40T). Após a diluição, a motilidade e o vigor de todas

as amostras foram avaliadas para verificar se o processo não havia acarretado nenhum

prejuízo aos espermatozoides.

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Após a diluição, as amostras de sêmen de cada garanhão foram acondicionadas em

tubos cônicos de centrifugação de 15 mL em um sistema de armazenamento e transporte

do tipo BotuFLEX® (Botupharma, Botucatu, SP, Brasil) e lacrado por um período de 48

horas. A temperatura final do armazenamento do sêmen refrigerado adotada no sistema

isotérmico BotuFLEX® foi 5°C e queda de aproximadamente 0,5ºC/min, para isso,

foram utilizados dois gelos recicláveis próprios da caixa térmica e uso de tubo extra

contendo água para garantir o volume máximo de líquido (200mL) em seu interior,

preconizado pelo fabricante.

Transcorrido o período de 48 horas, as amostras foram retiradas da BotuFLEX® e

colocadas em banho seco à temperatura de 37°C para avaliação dos parâmetros de

movimento espermático, morfologia espermática, integridade estrutural e funcional da

membrana plasmática. O movimento espermático foi avaliado após cinco e 120 minutos

de incubação por um sistema computadorizado e os padrões utilizados do programa

Sperm Class Analyser® (Microptics S.L, v.5.2, Barcelona, Espanha) foram: 25 imagens

/ segundo com 25 Hz; tamanho de partícula capturado entre 4 e 75 µm/m2;

espermatozoides considerados imóveis <10 µm/s, lento <45 µm/s, médios de 45 a 90

µm/s e rápido acima de 90 µm/s. Foram avaliados os seguintes parâmetros: Motilidade

Total (MT), Motilidade Progressiva (MP), Linearidade (LIN), Retilinearidade (STR),

Índice de Oscilação (WOB) e Hiperativos expressos em porcentagem (%); Velocidade

Curvilinear (VCL), Velocidade Linear Progressiva (VSL) e Velocidade Média do

Trajeto (VAP), expressas em micrômetros por segundos (µm/s); Amplitude do

Deslocamento Lateral da Cabeça Espermática (ALH), expressa em micrômetros (µm); e

Frequência do Batimento Flagelar Cruzado (BCF), expressa em Hertz (Hz).

A integridade estrutural da membrana plasmática e acrossomal foi avaliada utilizando

um microscópio fluorescente (400X; Olympus® BX 31) após a coloração do

espermatozoide com corantes fluorescentes diacetato de carboxifluoresceína (CFDA) e

iodeto de propídio (IP) (Harrison e Vickers, 1990). A coloração com CFDA foi avaliada

usando o conjunto padrão de filtro de fluoresceína, enquanto a coloração com IP foi

avaliada usando o conjunto padrão de filtros de rodamina. Foram analisados 200

espermatozoides por amostra.

A integridade funcional da membrana plasmática foi avaliada utilizando o teste

hiposmótico (HOST) com 50 µL da amostra diluída em 500 µL de uma solução de

sacarose a 100 mOsmol/L. As amostras diluídas foram primeiro incubadas em banho

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seco a 37°C durante 30 minutos e posteriormente foram fixadas com 250 µL de solução

de citrato de sódio formolizado a 4%. Foram avaliadas 200 células usando um

microscópio de contraste de fase (1000x; Olympus® BX 31). A porcentagem de células

reativas ao HOST e funcionalmente íntegras foi calculada de acordo com o método de

Melo e Henry (1999): HOST% = % de alterações na região da cauda após o HOST - %

de alterações na região da cauda antes do HOST. A morfologia espermática foi avaliada

por meio da técnica de preparação úmida, em amostras fixadas em citrato de sódio

formolizado a 4%, após o processo de refrigeração. Foram avaliadas 200 células usando

um microscópio de contraste de fase (1000x; Olympus® BX 31) para identificar as

alterações de cauda existentes antes de submeter às amostras ao HOST.

O desenho experimental foi em blocos ao acaso, considerando o garanhão como um

bloco. Foi utilizada análise de variância para testar as diferenças entre os tratamentos.

Todos os pressupostos foram testados e quando violados foi utilizada a transformação

boxcox (y' = \frac{y^{\lambda} - 1}{\lambda}) por meio da função “boxcox” do pacote

MASS versão 7.3-41 (Venables e Ripley, 2002), quando não, foram utilizados os testes

de Tukey e Friedman. As variáveis transformadas foram: Motilidade Progressiva depois

do resfriamento, hiperativos, VCL e ALH. Todas as análises foram feitas com o auxílio

do R Core Team (2016) (Statistical Computing, 2016).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi possível observar que após a diluição e antes da refrigeração do sêmen, todos os

diluidores testados preservaram de forma semelhante a motilidade total (P>0,05). O

diluidor controle preservou a motilidade progressiva de maneira superior ao diluidor

adicionado de 30 ngmL-1 de DHA e 40 µM de Trolox® e foi possível notar que o vigor

espermático foi superior nas amostras diluídas em diluidor adicionado de 50 ngmL-1 de

DHA do que neste mesmo diluidor acrescido de 40 µM de Trolox® (P<0,05).

Todos os diluidores preservaram de forma semelhante a motilidade total e progressiva, a

LIN, a STR, o ALH, a BCF e hiperativos, além da integridade estrutural e funcional das

membranas após 48 horas de armazenamento e refrigeração (P>0,05). No entanto, o

diluidor adicionado de 50 ngmL-1 de DHA foi superior ao adicionado de 30 ngmL-1 de

DHA e 40 µM de Trolox® em preservar a VCL e VSL dos espermatozoides (P<0,05) e

superior ao diluidor adicionado de 30 ngmL-1 e 50 ngmL-1 de DHA contendo 40 µM de

Trolox® para preservar a VAP e WOB (P<0,05; Tab. 1).

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Tabela 1. Parâmetros de viabilidade espermática após 48 horas de armazenamento e refrigeração de sêmen em diluidor BotuSêmen®, com ou sem Trolox® e diferentes concentrações de DHA.

Parâmetros Diluidores EPM P-valor BS 0DHA 0T

BS 30DHA 0T

BS 30DHA 40T

BS 50DHA 0T

BS 50DHA 40T

MT (%) 23,0 20,6 30,8 28,2 29,7 3,1 0,1 MP (%) * 4,7 4,1 3,2 6,9 6,8 0,2 0,3 VCL (µm/s) * 36,2ab 35,1ab 28,9b 39,5a 33,2ab 0,0 0,0 VSL (µm/s) 14,6ab 14,3ab 9,6b 19,3a 13,4ab 1,5 0,0 VAP (µm/s) 22,0ab 21,2ab 14,6b 26,0a 18,0b 1,9 0,0 LIN (%) 41,1 41,0 35,0 48,4 39,8 3,0 0,1 STR (%) 68,3 68,4 66,1 72,8 72,8 2,6 0,3 WOB (%) 60,2ab 59,8ab 52,3b 65,8a 54,5b 2,5 0,0 ALH (µm) * 3,3 2,8 3,1 2,6 2,8 0,8 0,1 BCF (Hz) 10,7 9,5 10,7 8,2 9,6 0,7 0,1 Hiperativos (%)* 2,4 2,8 3,1 2,6 2,8 0,1 0,4 CFDA+ (%) 33,9 30,7 34,0 35,0 40,0 2,3 0,1 HOSTr (%) 14,1 20,9 22,6 18,2 21,7 3,1 0,3 D1) BotuSêmen® (BS) (controle); D2) BS + 30 ngmL-1 de DHA (BS30DHA); D3) 30DHA + 40 µM de Trolox® (BS30DHA40T); D4) BS + 50 ngmL-1 de DHA (BS50DHA); D5) 50DHA + 40 µM de Trolox® (BS50DHA40T). Parâmetros avaliados pelo SCA® após a refrigeração: Motilidade Total (MT); Motilidade Progressiva (MP); Velocidade Curvilinear (VCL); Velocidade Linear Progressiva (VSL), Velocidade Média do Trajeto (VAP); Linearidade (LIN); Retilinearidade (STR); Índex de Oscilação (WOB); Amplitude do Deslocamento Lateral da Cabeça (ALH), Hiperativos; Frequência do Batimento Flagelar Cruzado (BCF). Espermatozoides com membrana estrutural íntegra (CFDA+). Espermatozoides reativos ao teste hiposmótico e funcionalmente íntegros (HOSTr). ab As letras sobrescritas indicam diferenças dentro da linha (P <0,05).*Variáveis transformadas por meio da função Box Cox.

Nota-se que para garantir melhor VCL e VSL, o diluidor pode ter na sua formulação a

adição de 50 ngmL-1 de DHA. Já é sabido que o DHA tem a capacidade de remodelar os

glicerofosfolipídeos da membrana plasmática e que estes juntos com os seminolipídeos

são essenciais para várias funções do espermatozoide equino como: motilidade, ligação

com a zona pelúcida e fertilização (Wood et al., 2016). O sêmen que apresenta

espermatozoides com maior velocidade produz mais de 50% de oócitos fertilizados do

que sêmen com espermatozoides com baixa velocidade, que a taxa de fertilização de

oócito é menor que 50% (Verstegen et al., 2002)

Nota-se que o vigor antes do resfriamento apresentou o mesmo comportamento, com

melhor resultado para o tratamento com 50 ngmL-1 de DHA na ausência do

antioxidante, indicando que essa combinação de DHA e Trolox® não foi favorável para

esse parâmetro que avalia a intensidade do movimento espermático.

A VAP e o WOB foram melhores preservados nas amostras refrigeradas em diluidor

contendo 50 ngmL-1 de DHA sem Trolox® do que nas amostras com menor ou a mesma

quantidade de DHA associado com Trolox®. Este antioxidante parece não ser eficiente

para preservar determinados parâmetros de movimento espermático quando associado

com o DHA. Além disso, nas condições deste estudo, a inclusão de Trolox® não foi

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favorável para parâmetros de velocidade associados à fertilização, pois a habilidade do

espermatozoide em percorrer o trato reprodutivo da fêmea e penetrar no oócito depende

da resistência exercida pela secreção ali presente e do potencial hidrodinâmico

permitido pela curvatura flagelar. As propriedades cinemáticas definem a sua força de

propulsão, fato associado ás diferenças na eficiência de migração entre espermatozoides

de alguns machos (Cox et al., 2006).

O tratamento do sêmen com alfa tocoferol, combinado ou não com o DHA, foi descrito

para algumas espécies domésticas, tais como caprina (Ansari et al., 2012), bovina

(Nasiri et al., 2012), equina (Almeida e Ball, 2005; Sabatini et al., 2012), suína (Jeong

et al., 2008), canina (Michael et al., 2007), ovina (Upreti et al., 1997; Towhidi et al.,

2013), para espécies de primatas não humanos Macaca mulatta (Mccarthy e Meyers,

2011) e Alouatta caraya (Carvalho, 2016) e em humanos (Donnelly et al., 1999) com

resultados diversos, tanto favoráveis como desfavoráveis ao seu uso. Esses efeitos

contraditórios podem estar relacionados, em primeiro lugar, com as diferenças de

susceptibilidade à peroxidação lipídica da membrana dos espermatozoides entre as

espécies, principalmente relacionadas a diferenças nos conteúdos antioxidantes e/ou na

composição do plasma seminal. O dano oxidativo provavelmente afeta de forma

diferente as diversas estruturas dos espermatozoides e isso pode variar entre as espécies.

Por outro lado, a ação do alfa tocoferol pode variar com a dose considerada de radicais

hidroxílicos presentes e, de fato, pode se comportar como um estimulador de oxidação

ao invés de um antioxidante (Cao e Cutler, 1993).

A capacidade de neutralização do radical hidroxila pelo Trolox® diminui quando este é

usado em altas concentrações. Então, o mecanismo envolvido na diminuição da sua

capacidade antioxidante quando em altas concentrações pode estar relacionado à sua

ligação com os radicais hidroxila e outros radicais de oxigênio produzidos na presença

de H2O2 e Cu2+ e assim conduzindo à formação de muitos outros radicais. Percebe-se

que os efeitos benéficos de um antioxidante parecem acontecer respeitando um

determinado intervalo. Existem diversos tipos de radicais produzidos no sêmen e a

proteção antioxidante contra estes pode não estar relacionada positivamente com suas

concentrações (Cao et al., 1993).

A inclusão de DHA e Trolox® em diferentes combinações não maximizou o efeito

crioprotetor do diluidor controle sobre vários parâmetros de viabilidade espermática:

motilidade, LIN, STR, ALH, BCF, hiperativos, estruturalmente e funcionalmente

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íntegros. É sabido que garanhões com boa qualidade seminal e boa resistência ao

processo de criopreservação respondem de forma semelhante a diferentes tipos de

diluidores e, isso pode explicar um pouco os nossos resultados, tendo em vista que os

reprodutores utilizados apresentavam sêmen de ótima qualidade antes da refrigeração.

Além disso, Elhordoy et al. (2008) chamaram atenção para o fato de que a

suplementação oral de DHA só resultou em aumento da produção diária de

espermatozoides, bem como melhoria da qualidade seminal frente ao processo de

refrigeração e congelação em garanhões com baixa qualidade de sêmen e considerados

“bad freezers”.

Depois que as amostras ficaram 120 minutos no TTR lento não foi percebido

superioridade de um diluidor sobre o outro, exceto para VSL e VAP (Tab. 2). Estes

parâmetros apresentaram maiores valores nas amostras refrigeradas no diluidor com 50

ngmL-1 de DHA e menores no diluidor que continha Trolox® (P<0,05). A motilidade

espermática e a sua capacidade de produzir energia na forma de ATP são atributos

importantes dessa célula que garantem o potencial fertilizante da amostra (Layek et al.,

2016).

A motilidade pode ser influenciada positivamente pela adição de DHA ao meio, pois é

sabido que a incorporação deste ácido graxo na membrana plasmática proporciona uma

alteração de sua composição através do incremento da proporção entre ω-3:ω-6

(Wassall e Stillwell, 2009; Towhidi e Parks, 2012), favorecendo a sua fluidez e

melhorando a motilidade e intensidade do movimento (Connor et al., 1998). Assim, a

adição do DHA ao diluidor, apesar de não maximizar o efeito do diluidor controle,

manteve a VSL e a VAP com valores superiores aos diluidores contendo DHA e

Trolox®, mesmo após duas horas de TTR e depois de ser submetido a 48 h de

armazenamento e refrigeração.

Por outro lado, os menores valores de velocidade espermática encontrados nas amostras

contendo Trolox® podem ser devido ao fator concentração utilizada, que pode ter

influenciado na sua capacidade de neutralização do radical hidroxila, estando essa

diminuída quando em altas concentrações de Trolox® (Cao et al., 1993).

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Tabela 2. Parâmetros de cinética espermática após o TTR Lento do sêmen equino refrigerado e armazenado por 48 horas em diluidor contendo DHA e Trolox® (avaliação após 120 minutos de incubação).

Parâmetros Diluidores EPM P-valor BS 0DHA 0T

BS 30DHA 0T

BS 30DHA 40T

BS 50DHA 0T

BS 50DHA 40T

MT(%) * 14,9 17,0 18,4 19,6 16,2 1,4 0,1 MP(%) * 1,5 3,1 2,2 4,8 1,6 0,5 0,4 VCL (µm/s) i 16,5 20,3 15,6 25,3 16,5 1,4 0,1 VSL (µm/s) i 7,7ab 10,1ab 5,4b 11,2a 6,1ab 0,4 0,0 VAP (µm/s) i 11,0ab 13,7ab 7,8b 16,5a 8,8b 0,7 0,0 LIN (%) i 26,9 29,7 21,0 25,6 22,1 1,3 0,1 STR (%) * 41,6 44,4 41,5 39,9 41,1 4,9 1,0 WOB (%) * 38,4 40,1 30,0 38,0 32,0 4,3 0,2 ALH (µm) * 1,5 1,4 1,7 1,5 1,6 0,2 0,3 BCF (Hz) * 4,9 5,5 6,5 4,9 5,8 0,7 0,1 Hiperativos (%)* 0,8 1,3 1,1 2,0 1,1 0,2 0,7 D1) BotuSêmen® (BS) (controle); D2) BS + 30 ngmL-1 de DHA (30DHA); D3) 30DHA + 40 µM de Trolox® (30DHA40T); D4) BS + 50 ngmL-1 de DHA (50DHA); D5) 50DHA + 40 µM de Trolox® (50DHA40T). Parâmetros avaliados pelo SCA®: Motilidade Total depois do TTR (MT); Motilidade Progressiva depois do TTR (MP); Velocidade Curvilinear (VCL); Velocidade Linear Progressiva (VSL), Velocidade Média do Trajeto (VAP); Linearidade (LIN); Retilinearidade (STR); Índex de Oscilação (WOB); Amplitude do Deslocamento Lateral da Cabeça (ALH), Hiperativos; Frequência do Batimento Flagelar Cruzado (BCF). abAs letras sobrescritas indicam diferenças dentro da linha (P <0,05). iTeste de Tukey. *Teste de Friedman.

CONCLUSÃO A inclusão de DHA e Trolox® não maximizou o efeito do diluidor controle no processo

de refrigeração de sêmen de garanhões Mangalarga Marchador. O uso do Trolox® em

diluidor de refrigeração de sêmen contendo DHA nas doses estudadas não é indicado

por alterar negativamente parâmetros de movimento espermático importantes para a

fertilidade.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os diluidores testados nesta pesquisa não maximizaram o potencial

crioprotetor dos diluidores rotineiramente utilizados nos processos de

refrigeração (BotuSêmen®) e congelação (BotuCrio®) de sêmen equino no

Brasil.

Buscamos adicionar substâncias como o DHA e Trolox® na tentativa de

desenvolver um diluidor com melhores resultados na congelação e refrigeração

de sêmen de garanhões Mangalarga Marchadores, pois somos cientes da

sensibilidade dessa raça aos processos de criopreservação. Foi possível

perceber que o uso do Trolox® nas concentrações propostas como alternativa

antioxidante não se mostrou favorável em diluidores contendo DHA,

principalmente na preservação de determinadas características de movimento

espermático associadas á fertilização quando o sêmen foi congelado com

protocolo de refrigeração e congelação usando curvas muito rápidas. Além

disso, possuir motilidade progressiva, retilínea e rápida é um dos primeiros

requisitos para uma amostra de sêmen ser considerada apropriada para uso na

inseminação artificial. O uso de Trolox® associado ao DHA comprometeu esses

parâmetros de qualidade espermática em sistemas de criopreservação menos

controlados. Por isso, nas condições estudadas não indicamos o uso desta

associação.

No entanto, foi possível perceber que os diluidores contendo apenas

DHA nas concentrações de 30 e 50 ngmL-1 preservaram parâmetros cinéticos

espermáticos de forma semelhante aos diluidores controle. Isso é indicativo

que o DHA é uma substância que atua na célula, principalmente garantindo

velocidade. Assim, o DHA se mostra uma substância favorável para ser

adicionada a diluidores de sêmen de garanhões. Entretanto, nossos resultados

indicam que serão necessários maiores estudos sobre o papel de outras

concentrações de DHA isolado ou associado a outros antioxidantes na

criopreservação de sêmen equino, bem como a sua utilização em garanhões

que apresentem baixa qualidade seminal, considerados “bad-coolers” e “bad-

freezers”.

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Também devemos salientar que os níveis de lipoperoxidação se

mantiveram semelhantes nos diluidores contendo DHA, quando isolado ou

associado ao Trolox® (dados não apresentados na tese). Uma das indicações

do uso do antioxidante em diluidores contendo DHA seria para minimizar a

lipoperoxidação pelo aumento de PUFAs. Isso não foi evidenciado nas

concentrações de DHA estudadas. Contudo, é interessante pesquisar outros

antioxidantes, bem como concentrações diversas desses capazes de

potencializar o efeito do DHA na célula.

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ANEXOS

ANEXO 1 – CERTIFICADO DA CEUA

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ANEXO 2 – ANÁLISE DE VARIÂNCIA DOS DADOS EXPERIMENT AIS

EXPERIMENTO 1

TTR 5 MINUTOS

Motilidade Total

Motilidade Progressiva

Rápidos

Médios

Lentos

VCL

VSL

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VAP

LIN

STR

WOB

ALH

BCF

Hiperativos

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120

Íntegros (CFDA)

HO reativos

Cromatina Compactada

Cromatina descompactada

DAB I

DAB II

DAB III

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121

DAB IV

TTR 60 MINUTOS

Motilidade total

VCL

VSL

VAP

ALH

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122

TTR 120 MINUTOS

Motilidade total

VCL

VSL

VAP

ALH

TBARSE

TBARSC (Transformada pela função Box Cox)

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EXPERIMENTO 2

Motilidade progressiva

Rápidos

Médios

Lentos

VCL

VSL

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VAP

LIN

STR

WOB

ALH

BCF

Hiperativos

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125

Íntegros

HO reativo

Cromatina compactada

Cromatina descompactada

DAB I

DAB II

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DAB III

DAB IV

EXPERIMENTO 3

TTR 5 MINUTOS

Motilidade total antes da refrigeração

Motilidade progressiva antes da refrigeração

Vigor antes da refrigeração

Motilidade total após a refrigeração

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Motilidade progressiva após a refrigeração

Rápidos

Médios

Lentos

VCL

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VSL

VAP

LIN

STR

WOB

ALH

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BCF

Hiperativos

Íntegros

HO reativos

EXPERIMENTO 3

TTR 120 MINUTOS

VCL

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VSL

VAP

LIN

Análise de variância não paramétrica de Friedmam

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ANEXO 3 – LINKS COM AS INSTRUÇÕES PARA SUBMISSÃO DO S

ARTIGOS

Artigo Científico I - Journal of Equine Veterinary Science

http://www.j-evs.com/content/authorinfo

Artigo Científico II – Animal Reproduction

http://cbra.org.br/br/publicacoes/animal-reproducti on/instrucoes-ar/

Artigo Científico III - Arquivo Brasileiro de Medic ina Veterinária e Zootecnia (Brazilian Journal of Veterinary and Animal Sciences)

http://www.scielo.br/revistas/abmvz/iinstruc.htm