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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteú- dos privilegiados nas unidades de trabalho. Também, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial Competir e cooperar: a busca pela pacificação das práticas corporais

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APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteú-

dos privilegiados nas unidades de trabalho. Também, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

Competir e cooperar: a busca pela

pacificação das práticas corporais

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© Editora Positivo Ltda., 2013Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora.

DIRETOR-SUPERINTENDENTE:

DIRETOR-GERAL:

DIRETOR EDITORIAL:

GERENTE EDITORIAL:

GERENTE DE ARTE E ICONOGRAFIA:AUTORIA:

ORGANIZAÇÃO:

EDIÇÃO:ANALISTA DE ARTE:

PESQUISA ICONOGRÁFICA:EDIÇÃO DE ARTE:

CARTOGRAFIA:ILUSTRAÇÃO:

PROJETO GRÁFICO:EDITORAÇÃO:

CRÉDITO DAS IMAGENS DE ABERTURA E CAPA:

PRODUÇÃO:

IMPRESSÃO E ACABAMENTO:

CONTATO:

Ruben Formighieri

Emerson Walter dos Santos

Joseph Razouk Junior

Maria Elenice Costa Dantas

Cláudio Espósito GodoyDavi Marangon / Marcos Rafael Tonietto / Sergio Roberto Chaves JuniorDavi Marangon / Marcos Rafael Tonietto / Sergio Roberto Chaves JuniorRose Marie WünschTatiane Esmanhotto KaminskiMelissa Renata OrtizAngela Giseli de SouzaLuciano Daniel JúlioAngela Giseli / Theo CordeiroO

2 Comunicação

Giovanna do Valle Marchesini© iStockphoto.com/Alexander Shirokov; © Shutterstock /EDHAR; © iStockphoto.com/webphotographeer; © Shutterstock/David Lee; © Shutterstock/Rido; © Shutterstock/fanfo; © Shutterstock/KurhanEditora Positivo Ltda.Rua Major Heitor Guimarães, 17480440-120 Curitiba – PRTel.: (0xx41) 3312-3500 Fax: (0xx41) 3312-3599Gráfica Posigraf S. A.Rua Senador Accioly Filho, 50081300-000 Curitiba – PRFax: (0xx41) 3212-5452E-mail: [email protected]@positivo.com.br

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

M311 Marangon, Davi.Ensino médio : modular : educação física : competir e cooperar : a busca pela pacificação

das práticas corporais / Davi Marangon, Marcos Rafael Tonietto, Sergio Roberto Chaves Junior ; ilustrações Angela Giseli, Theo Cordeiro. – Curitiba : Positivo, 2013.

: il.

ISBN 978-85-385-7315-9 (livro do aluno)ISBN 978-85-385-7316-6 (livro do professor)

1. Educação física. 2. Ensino médio – Currículos. I.Tonietto, Marcos Rafael. II. Chaves Junior, Sergio Roberto. III. Giseli, Angela. IV. Cordeiro, Theo. V. Título.

CDU 373.33

Todos os direitos reservados à Editora Positivo Ltda.

Neste livro, você encontra ícones com códigos de acesso aos conteúdos digitais. Veja o exemplo:

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@EDF100Exemplos

de esportes

praticados na rua

@EDF100

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SUMÁRIO

Unidade 1: Comportamentos competitivos e cooperativos nas práticas corporais

Unidade 2: Esportivização e violência

O que é competição? 6

O que é cooperação? 14

Vivenciando jogos competitivos e cooperativos 16

O que é violência? 21

Violência nos esportes: dentro e fora do jogo 21

Na contracorrente da violência: alternativas

para a pacificação das práticas esportivas 22

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Competir e cooperar: a busca pela pacificação das práticas corporais4

Comportamentos competitivos e cooperativos nas práticas corporais

1

Competição e Cooperação são processos sociais e valores humanos

presentes no Jogo, no Esporte e na Vida. São características que se

manifestam no contexto da existência humana e da vida em geral.

natureza do jogo, do esporte e da vida.

Somente o melhor conhecimento desse processo pode oferecer

condições para dosar Competição e Cooperação, nos diferentes

contextos nos quais se manifestam.

BROTTO, Fábio Otuzzi. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte

como um exercício de convivência. 1999. 197 f. Dissertação (Mestrado em

Educação Física) – Faculdade de Educação Física,

Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999. p. 34.

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Ensino Médio | Modular 5

EDUCAÇÃO FÍSICA

O que é mais importante – competir ou cooperar?

Quando se fala em jogos e esportes, é comum os termos “competição” e “cooperação” serem posicionados em polos opostos. Será essa a forma mais adequada de se colocar a relação entre a competição e a cooperação nas práticas corporais?

Esta unidade de trabalho aprofundará o estudo do conceito de competição, relacio-nando-o ao conceito de cooperação e buscando superar uma visão que separa esses processos na realização de jogos e esportes.

Qual a importância de estudar e vivenciar comportamentos competitivos e cooperativos nas práticas corporais? De que maneira esse tema ajuda a compreender o funcionamento de mecanismos de interação social por meio dessas práticas?

A competição e a cooperação, assim como o conflito, são processos sociais impreg-nados pelos valores da sociedade em que se vive e estão presentes em todas as esferas de produção cultural, política e econômica, repercutindo, também, nas práticas corporais.

Processos sociais: são as diversas ma-

neiras pelas quais os indivíduos e os grupos se relacio-

nam e estabelecem relações sociais.

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O desafio apresentado é compreender as diferentes relações entre competição e cooperação, para ampliar as alternativas de escolha sobre qual seria a melhor maneira de se realizarem as práticas corporais. Além disso, a vivência dos comportamentos escolhidos pode servir para a revisão das formas de relacionamento que as pessoas estabelecem em outras situações de vida.

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Competir e cooperar: a busca pela pacificação das práticas corporais6

Competição entre animaisCompetição entre animais Competição no trânsitoCompetição no trânsito

A competição é um elemento importante na sua vida? Ela o motiva e faz com que você se empenhe mais pelo alcance do resultado? Enfim, ela faz com que você busque se sobressair e ultrapassar seus próprios limites? Se sua resposta for afirmativa, certamente estará fazendo uso do espírito competitivo.

A competição é o elemento central na caracterização do código esportivo. Além de estarem presentes nas práticas corporais, o código esportivo e a competição se fazem notar em todas as instâncias de relações entre os sujeitos, assim como nas diferentes instituições sociais.

Afinal, por que se compete?

Pelo desejo de se lançar em uma situação desafiadora e desconhecida sem se preocupar com o resultado?

Para vencer um confronto, superando um objetivo e/ou adversário externo? Para superar as próprias limitações internas, buscando alternativas que levem a uma evolução

pessoal?

Essas razões, entre tantas outras, podem impulsionar a competição, que, de um jeito ou de outro, está presente na vida de todos.

Como processo de interação social, a competição tem sua origem nos primór-dios da humanidade, quando os seres humanos passaram a delimitar o território para garantir a sua sobrevivência e para se defenderem dos ataques de outras tribos ou animais que representassem risco às suas vidas. Com o passar dos anos, com essas mesmas justificativas, as formas competitivas transformaram-se em estratégias de guerra e de combate, em campos de batalhas. Aliás, a representação da guerra é a situação imaginária que se percebe implícita em muitos jogos e esportes na atualidade, principalmente os que envolvem o ataque e a defesa.

Do ponto de vista biológico, o conceito de competição ficou mais evidente, de acordo com certa interpretação da visão darwiniana da origem das espécies, ex-pressa na afirmação de que “sobrevivem os mais aptos”. Dessa forma, a competição estaria presente tanto na natureza quanto nas relações humanas, configurando-se como a mais elementar e universal forma de interação entre as pessoas.

Em sentido cultural amplo, pode-se dizer que a competição se constitui uma luta incessante dos indivíduos pela obtenção das coisas concretas e se caracteriza pela busca de vitórias, conquistas, glórias, benefícios, reconhecimento e pela obtenção de status e prestígio.

Essa luta competitiva é contínua e, geralmente, reflete-se no comportamento humano de maneira impessoal, de forma explícita ou implícita, consciente ou

inconsciente. O trânsito nos grandes centros urbanos é um exemplo da presença dessa luta competitiva no cotidiano de muitas pessoas.

Nas práticas corporais, a competição é um importante elemento do código esporti-vo, que se reflete nos ideais de concorrência pelo primeiro lugar ou pela vitória.

O que é competição?

Visão darwiniana: Charles Darwin (1809-1882), naturalista inglês, desen-volveu a teoria de que os organismos mais bem adaptados ao meio têm maio-res chances de sobrevivência do que os menos adaptados, deixando um número maior de descendentes; são, portanto, selecionados para aquele ambiente.(A teoria de Darwin. Disponível em: <www.dec.ufcg.edu.br/biografia/Char-RoDa.html>. Acesso em: 15 maio 2010.

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Ensino Médio | Modular 7

EDUCAÇÃO FÍSICA

Vale ressaltar que, na competição, alguma coisa está sendo disputada, e o resultado das compa-rações entre os competidores vai definir, de um lado, os ganhadores e, de outro, os perdedores.

De onde vem o espírito competitivo? Era costume entre os gregos organizar competições relacionadas a quaisquer atividades que pos-

sibilitassem o desenvolvimento de um confronto. Eram realizados concursos dos mais diversos tipos: beleza masculina, canto, decifração de enigmas e charadas, entre outros.

Diferentemente do que ocorria com outros povos, as competições não eram motivadas por prêmios, como dinheiro ou poder. Os gregos somente competiam por honra e apreciação, e o prêmio era a própria vitória. Essa forma de se relacionar com a competição caracteriza o que se chama de espírito ou princípio agonístico.

Em diferentes culturas, o espírito competitivo é um fator altamente motivador tanto internamente, quando existe no competidor a vontade de competir indepen-dentemente de ganhos externos, como externamente, quando a motivação são os prêmios e as honrarias.

Agora, você está convidado a vivenciar uma prá-tica de luta competitiva em que ao vencedor são atribuídos o reconhecimento social e uma grande honra: o sumô.

A proposta agora é vivenciar uma competição de uma modalidade esportiva muito conhecida: o tênis de mesa.

Agonístico: refere-se a tudo

aquilo que diz respeito à luta.

É o termo usado para se referir

tanto a práticas corporais, como

a ginástica, quanto a

competições, presentes nos

discursos da retórica. Sua

origem provém da palavra grega

agón, que se referia ao local

onde os jogos se realizavam.

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Conhecendo o sumôMuitas histórias são contadas sobre a origem do

sumô. Conheça uma dessas versões no texto que segue.

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Você pode até achar estranho ver dois gigantes quase pelados se agarrando num ringue. Mas não faça piada sobre o sumô para um japonês porque vai dar confusão na certa. Inspirado na briga dos ursos da Ilha de Hokkaido, há registros de combates de sumô há mais de dois mil anos. “No início, as lutas eram rituais dedicados aos deuses”, diz Vander Ramos, um dos três lutadores de sumô brasileiros em Tóquio. “Mas foi no período Nara, no século VIII, que o sumô ganhou uma importância maior, quando passou a fazer parte das cerimônias imperiais.” Sob o patrocínio do imperador, a luta ganhou uma importância tão grande que os astros desse esporte têm hoje status comparado ao de ministros de Estado. Quem se torna um yokozuna (o mais alto estágio que um

-sionais surgiram em 1927. Hoje, são seis torneios realizados por ano com cerca de 800 lutadores.

Nas principais disputas, que acontecem em Tóquio, os troféus são entregues pelo primeiro- -ministro japonês e, em ocasiões muito especiais, pelo próprio imperador. Quem vê a aparência rechonchuda dos lutadores não imagina a dura rotina de treinos que eles enfrentam. Às seis horas da manhã, eles vão para a arena (dohyo) onde começam a se aquecer para o treino

e lutas. Depois de quatro horas de treino, eles param para o almoço, cujo prato principal é o chanko nabe, um ensopado de legumes, verduras, carne com osso e macarrão. A combinação perfeita para repor as energias e voltar à luta.

Superinteressante, ed. 184, jan. 2003. Disponível em: <http://super.abril.com.br/esporte/como-surgiu-como-se-luta-sumo-443564.shtml>. Acesso em: 25 maio 2010.

Sumô:

competição pela

honra

@EDF264

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Tradições

Penteado – é conhecido como mage, o penteado usado por todos os lutadores, em torneios ou ocasiões formais. O penteado do lutador de sumô indica o estágio em que ele se encontra e o cabelo só poderá ser cortado na cerimônia de aposentadoria do lutador.

Vestimenta – o lutador usa uma roupa chamada de mawashi, que se resume a uma faixa ou cinturão de pano, para proteger as partes íntimas. Na abertura de competições, os lutadores vestem trajes espe-ciais sobre o mawashi. É uma espécie de avental com cores, representando a região de origem do lutador.

Rituais

Antes do início da luta, os lutadores seguem um ritual que pode durar mais de cinco minutos. Esse procedimento representa os elementos da cultura japonesa:

A água – tikaramizu – água especial colocada numa tina de madeira ao lado do ringue. Considerada fonte restauradora de força, serve também como ritual para concentrar as energias dos competidores.

O sal – shiô – fica em um recipiente ao lado do ringue. Antes de cada confronto, os próprios lutadores espalham o sal no ringue para purificá-lo, eliminar os maus fluidos e proteger os atletas de contusões.Depois da “purificação”, os lutadores agacham-se e esticam os braços para os lados, com as palmas

voltadas para cima e para baixo, pedindo a proteção do céu e da terra.Após o ritual, os dois lutadores ficam agachados, olhando atentamente o seu oponente, de joelhos

abertos, procurando maior equilíbrio até que a luta comece.

O peso dos lutadores

No sumô tradicional, na categoria absoluto, não há divisão por peso. Como o combate termina muito rapidamente, é possível que um lutador pequeno, mais leve, com mais golpes e mais técnica, possa derrotar um lutador maior, mesmo um yokozuna, o grande campeão.

No entanto, o peso corporal geralmente interfere mais do que as habilidades e os conhecimentos de golpes, portanto, quando dois lutadores com o mesmo nível técnico se encontram, o que for mais pesado provavelmente ganhará a luta.

Agora que você conhece um pouco mais sobre o sumô, o seu desafio será vivenciar uma compe-tição. Para tanto, será necessário fazer algumas adaptações à luta. Analise as regras e os golpes e depois converse com os seus colegas e o professor para testar as alternativas possíveis de adaptação.

1. Regras

A luta é simples e geralmente não dura mais que 30 segundos. Basicamente são duas regras e o ganhador é aquele que fizer com que o oponente:

A. Saia do círculo do ringue;B. Toque qualquer parte do corpo no chão que não seja a sola dos pés. Assim que isso acontece, o juiz levanta o braço com uma espécie de leque e a luta acaba.Dohyô é o nome da arena ou do ringue, uma plataforma quadrada, com uma altura de 60 cm, feita de terra batida e

um grande círculo desenhado com 4,55 metros de diâmetro. É coberto por uma espécie de telhado, que tem o caráter religioso de proteger os lutadores, oferecer boa colheita e sucesso.

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Ensino Médio | Modular 9

EDUCAÇÃO FÍSICA

Chamado de gyoji, o árbitro do sumô é a autoridade máxima dentro do ringue. Quanto mais velho, mais alto o degrau que ele ocupa na modalidade. Ele conta com cinco auxiliares (shimpan) e outros dois que ficam acompanhando a luta pela TV, caso haja alguma dúvida no transcorrer do combate.

São proibidos socos, pontapés, puxões de cabelo e mordidas. Os desequilíbrios e os empurrões são os principais movimentos que tornam os golpes parecidos com os do judô.

2. Golpes

A luta foi se desenvolvendo e muitos golpes foram aparecendo, de início 48, chegando atualmente a cerca de 300 entre os mais utilizados no sumô. Entre os golpes mais comuns, estão o hatakikomi e o tsuridashi. Com esses golpes, as lutas de sumô atualmente duram em média apenas de 10 a 15 segundos. O sumô se transformou na luta mais simples e rápida do mundo.

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Carregar o oponente pela tanga para atirá-lo para fora do círculo

Sair da frente do adversário

Há quem diga que o mais importante é competir. O sentido dessa frase está no maior valor dado à satisfação com a participação em uma disputa do que aos louros pela conquista da vitória na com-petição. Será que isso é possível?

Como você reage quando está competindo?

Quais as suas sensações e emoções antes, durante e após a disputa?

Responda às questões a seguir com base na experiência vivida na competição de sumô:

a) O resultado foi o esperado? Como você se sentiu ao final dos confrontos?

b) Como foi o relacionamento entre os lutadores?

Competições, história e cultura

As competições estão presentes na configuração de diferentes culturas, desde a Antiguidade. Segundo o historiador e sociólogo holandês John Huinzinga, o princípio característico das competições está presente nos costumes e rituais de sociedades muito antigas.

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O exemplo do potlatch Um exemplo dessas competições antigas é o potlatch. Nessa prática, os competidores deveriam dar provas de sua

superioridade, demonstrando ter honra, nobreza e glória, virtudes que precisam se revelar por meio da competição.

[...] Em sua forma mais típica, encontrada na tribo dos kwakiutl, o potlatch é uma grande festa solene, durante a qual um de dois grupos, com grande pompa e cerimônia, faz ofertas em grande escala ao outro grupo, com a finalidade expressa de demonstrar sua superioridade. A única retribuição esperada pelos doadores, e que é devida pelos que recebem, consiste na obrigação de estes últimos darem por sua vez uma festa, dentro de um certo período, se possível ultrapassando a primeira. [...] Qualquer acontecimento importante pode servir de pretexto para um potlatch, seja um nascimento, uma morte, um casamento, uma cerimônia de iniciação ou de tatuagem, a construção de um túmulo, etc. [...]Quem oferece um potlatch demonstra sua superioridade, não apenas devido à pródiga distribuição de riquezas, mas também, e isto ainda é mais impressionante, pela destruição completa de seus bens, só para mostrar que pode passar sem eles. Além disso, essas destruições são levadas a efeito de acordo com um ritual dramático, e acompanhadas por altivos desafios. A ação assume sempre a forma de uma competição: se um chefe quebra um pote de cobre, ou queima uma pilha de mantas, ou estraçalha uma canoa, seu ad-versário fica na obrigação de destruir pelo menos o mesmo, e se possível mais. Os destroços são enviados ao rival, como provocação, ou exibidos como sinal de honra. [...]

HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1990. p. 66-67.

O conceito de competição, com esse sentido herdado historicamente, está marcado pela disputa orientada para um objetivo único: vencer e não se deixar vencer. Os competidores se esforçam para superar ou derrotar os oponentes a fim de provarem a sua superioridade.

Esse entendimento está muito presente nas competições atuais, fato que se relaciona à rivalidade entre os competidores e torcedores.

Competir e cooperar: a busca pela pacificação das práticas corporais10

Organizando competiçõesPara organizar competições é necessário conhecer alguns dos conceitos mais utilizados nesse

contexto. Você sabe o que é um torneio? É o mesmo que campeonato ou copa? Apesar de existirem semelhanças, cada uma dessas formas configura diferentes sistemas de organização das disputas.

Existem diferentes formas de se organizarem as competições esportivas, e cada uma delas recebe uma de-nominação diferente. Pesquise e registre o significado de cada um dos tipos de competição descritos no quadro:

Torneio Campeonato Jogos Copa

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Ensino Médio | Modular 11

EDUCAÇÃO FÍSICA

Você já ganhou algum jogo por W.o.? W.o. é a sigla do termo em inglês walkover, que significa “vi-tória fácil ou sem resistência”. É utilizada no Brasil quando, em uma competição, um dos competidores não comparece ou está impossibilitado de participar da disputa no momento determinado para a sua realização, caracterizando, desse modo, uma vitória fácil para o adversário. Apesar de não ser comum no Brasil, em muitos países, utiliza-se também o termo francês forfait, para designar os competidores que deixaram de comparecer ao compromisso assumido.

Na maioria das competições oficiais, sejam elas na forma de torneios, jogos, campeonatos ou copas, os confrontos acontecerão na forma de disputa por rodízio ou por eliminatória:

Sistema básico de disputa em que to-dos os participantes jogam entre si.

Quando a competição for realizada por fases, os rodízios acontecem dentro de cada um dos grupos.

Rodízio

A cada etapa de disputas, eliminam-se os perdedores, até che-gar ao campeão. As eliminatórias podem ser simples ou duplas.

Na eliminatória simples, eliminam-se os perdedores após uma derrota; na eliminatória dupla, após a segunda derrota, na re-pescagem.

Eliminatória

Agora que você já conhece diferentes formas de disputa, organize algumas vivências de competi-ções. A proposta é realizar competições diferentes das que você costuma participar ou daquelas a que você tradicionalmente assiste.

Aspectos positivos e negativos da competição

Aprendendo a jogarVivendo e aprendendo a jogarVivendo e aprendendo a jogarNem sempre ganhandoNem sempre perdendoMas aprendendo a jogar[...]

ARANTES, Guilherme. Performance. Elis Regina. Rio de Janeiro:

EMI Brazil, 2006. 1 CD.

Aproveitando o trecho dessa música, pode-se perguntar: O que se aprende quando se joga? Existem aspectos posi-tivos quando as pessoas competem? Será que é possível

pensar em uma competição com valores, como participação, alegria, entrega e cooperação? Será que competir se resume a ganhar ou perder?

Essas perguntas instigam a pensar sobre os valores que podem ser reforçados pelas competições. Com elas, pode--se aprender muito, de modo que as competições produzam benefícios em relação ao convívio com outras pessoas e ao modo como se deve lidar com as vitórias e as derrotas. Pode-se, ainda, aprender a valorizar o esforço pessoal, a determinação, a garra, a independência, a confiança em si mesmo, o sentido do respeito e da responsabilidade, etc.

Por meio das competições, desenvolvem-se habilidades e capacidades necessárias para aprimorar competências, aumentando as chances de sucesso na concorrência.

No entanto, na sociedade atual, de maneira geral, so-mente os vencedores são valorizados. Vencer significa ter superioridade, alcançar maior prestígio pelo sentimento de conquista, de capacidade e de competência.

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Competir e cooperar: a busca pela pacificação das práticas corporais12

Você conhece algum atleta que teve, em sua trajetória, as marcas negativas da pressão pela vitória?

sua morte, no ano de 2000

Barbosa (à esquerda), goleiro da Seleção Brasileira de 1958, e Barbosa (à esquerda), goleiro da Seleção Brasileira de 1958, eGilmar (à direita), das seleções de 1962 e 1970.Gilmar (à direita), das seleções de 1962 e 1970.

“No Brasil, a pena máxima por um crime é de 30 anos. Eu pago há 44 anos por um crime que não “No Brasil, a pena máxima por um crime é de 30 anos. Eu pago há 44 anos por um crime que nãocometi...”, essa frase, dita por Barbosa, demonstra o peso que o jogador teve que carregar até cometi...”, essa frase, dita por Barbosa, demonstra o peso que o jogador teve que carregar até cometi...”, essa frase, dita por Barbosa, demonstra o peso que o jogador teve que carregar até

sua morte, no ano de 2000sua morte, no ano de 2000

Sabendo-se que, nas competições, podem estar presentes comportamentos positivos e negativos, leia os quadrinhos que seguem e identifique-os:

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SCHULZ, Charles M. Peanuts completo: 1953-1954. Porto Alegre: L&PM, 2010. p. 131.

O que é ganhar? Nos esportes e nos jogos, ganhar significa manifestar superioridade. Porém, quando alguém ganha, está ganhando algo além do jogo como tal. O vencedor ganha estima e conquista honrarias que são também usufruídas em benefício do grupo a que o torcedor pertence. O êxito obtido passa prontamente do indivíduo para o grupo.

Por outro lado, ser o perdedor é o mesmo que ser fracassado, é receber um rótulo discriminatório, que marca negati-vamente a pessoa.

Essas características também repercutem no plano das práticas corporais. Um caso significativo, entre tantos outros do esporte nacional, foi a derrota do Brasil na final da Copa do Mundo de Futebol de 1950, realizada no Maracanã.

As repercussões da derrota da seleção brasileira foram drásticas na vida daqueles jogadores. O caso mais emblemático é o de Barbosa, goleiro da seleção que, mesmo sendo o melhor da época, com grandes atuações, depois daquela Copa, foi considerado o culpado pela derrota.

O cronista Armando Nogueira, falecido em 2010, fez o seguinte comentário sobre Barbosa:

Certamente, a criatura mais injustiçada na história do futebol brasileiro. Era um goleiro magistral. Fazia milagres, desviando de mão trocada bolas envenena-das. O gol de Ghiggia, na final da Copa de 1950, caiu-lhe como uma maldição. E quanto mais vejo o lance, mais o absolvo. Aquele jogo o Brasil perdeu na véspera.

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Ensino Médio | Modular 13

EDUCAÇÃO FÍSICA

Qual é o comportamento esperado quando se participa de uma competição? O que é mais impor-tante quando se está competindo?

Registro de comportamentos competitivos

Registre, no quadro, os comportamentos competitivos considerados positivos e negativos. O objetivo é refletir sobre alternativas e possibilidades de escolher aqueles que melhor se aplicam às práticas realizadas pela turma.

Nossas competições

Comportamentos positivos Comportamentos negativos

Para que possam ser exercitados comportamentos positivos em uma competição, a ideia, agora, é fazer uma gincana entre várias equipes. O importante é que todos possam participar e se empenhar em fazer o seu melhor.

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Para organizar uma gincana, é necessário pensar em cada tarefa, definindo e distribuindo responsabilidades para a sua execução.

Formação das equipes

Tipos de provas

Forma de pontuação

Determinação dos participantes de cada prova

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O que é cooperação?

Do ponto de vista das relações sociais, a cooperação é a forma de interação em que diferentes pessoas, grupos ou comunidades trabalham juntas para alcançar um mesmo fim. Entendida dessa forma, para que a cooperação aconteça, devem existir objetivos comuns, atividades e ações conjuntas e organizadas, proporcionando vantagens para todos. Isso faz pensar que, de certa forma, o ser humano depende dos outros para sobreviver.

14

A cooperação pode ser direta, quando as pessoas realizam as atividades juntas; ou indireta, quan-do, mesmo realizando trabalhos diferentes, as pessoas necessitam indiretamente umas das outras.

Que tal testar essas características em uma prática corporal? Realize um jogo em que a coope-ração seja o ponto central. Você conhece o jogo de dominó? É bem provável que sim, mas o jogo a ser realizado é um tipo de dominó diferente, é o “dominó humano”. Será que haverá cooperação para alcançar o objetivo do jogo?

Agora que você experimentou o jogo, responda: O que o grupo teve que fazer para alcançar o objetivo do jogo? Registre algumas das características cooperativas vivenciadas:

Apesar de as sociedades revelarem interações competitivas e cooperativas, existem algumas em que se sobressaem um ou outro desses processos na organização social.

Pode-se dizer que o mundo globalizado capitalista tem se caracterizado pelo predomínio da competição e do incentivo ao comportamento competitivo. Isso ocorre nas diversas esferas da convivência social, desde as relações econômicas e políticas, influenciando, também, na forma de socialização das pessoas em instituições sociais básicas, como a família e a escola.

No entanto, é possível encontrar, no contexto atual, sociedades que guardam do passado as características cooperativas com o modo fundamental de interação social. Um exemplo é o povo inuit canadense, também conhecido como esquimó, que tem apresentado uma notável resistência em suportar, absorver e se adaptar a uma cultura muito diferente, sem perder os seus valores tradicionais ou o seu desejo de permanecer uma sociedade distinta e autoconfiante.

Agora, atenha-se a algumas características culturais cooperativas desse povo.

O povo inuit: uma sociedade cooperativa no Ártico canadense

O professor e pesquisador Terry Orlick, da Universidade de Ottawa, pesquisou as qualidades dos inuit do passado e observou que sua principal característica era a cooperação. Observe, no texto a seguir, algumas de suas considerações:

A ordem social dos inuit foi inteiramente fundada sobre a família ampliada, que proporcionava uma grande esfera social de segurança pessoal. Padrões disseminados de reciprocidade e partilha

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Margaret Mead:

antropóloga estadunidense

(1901-1978).

de alimentos eram evidentes. Esforços cooperativos eram geralmente necessários para assegurar o sucesso de uma caçada. Não era possível que um caçador fosse extremamente bem-sucedido enquanto outros tinham grande dificuldade de fazer uma única caçada.

-tindo o princípio da oferta e da procura. Isso não poderia ter acontecido na cultura inuit tradicional. “O esquimó reconhecia que, a despeito de sua boa sorte momentânea, num futuro próximo, ele poderia se ver necessitado. Assim, o melhor lugar para guardar o excedente pessoal era com aqueles que, na ocasião, estavam necessitados. Desse modo ajudavam a assegurar sua futura segurança.”

Num espírito semelhante, o conceito de propriedade privada era desconhecido para os inuit. A propriedade pessoal consistia de coisas, como armas, ferramentas, ornamentos e roupas confeccionadas pelo próprio indivíduo. “Esses itens não eram privados porque não pertenciam ao indivíduo, mas ao seu papel na sociedade esquimó.” Tomar emprestado ou partilhar a propriedade pessoal era uma prática comum. Até mesmo a terra estava aberta ao uso de todos os membros do grupo.

Margaret Mead assinalou que “pertencer” tinha um sentimento frequentemente invertido nas culturas primitivas. As pessoas pertenciam à terra, e não a terra às pessoas.

A sociedade inuit canadense tradicional era organizada de maneira que uma pessoa podia satisfazer suas próprias necessidades e as do grupo com o mesmo ato. Havia mui-tos benefícios a serem recebidos pela cooperação (por exemplo, a própria vida e uma melhor qualidade de vida), e nenhuma vantagem na destruição ou no enfraquecimento de contribuintes em potencial. A partilha era um componente fundamental à vida.

inuit. Por intermédio de brincadeiras e jogos, a criança esquimó aprendia os mesmos padrões de comportamento que via nas atividades dos adultos.

ORLICK, Terry. Vencendo a competição. São Paulo: Círculo do Livro, 1978. p. 34-35

Entre as várias atividades em que a cooperação se faz necessária para que se alcancem resultados satisfatórios, estão as práticas corporais e, em especial, algumas modalidades de jogos.

Experimente agora um jogo cooperativo cujo foco está na principal característica do povo inuit: o compartilhar.

Alguém está compartilhando quando, ao identificar as necessidades do outro, decide em quais delas pode ajudar. Esse comportamento cooperativo pode ser exercitado em um jogo cujo objetivo, comum a todos os integrantes do grupo, favorece a ajuda mútua e o compartilhar de conhecimentos e de recursos para se alcançar o resultado esperado.

O jogo proposto é parecido com o voleibol, porém com algumas modificações que o tornaram um jogo mais cooperativo, caracterizado por não ter que vencer outra equipe, mas, sim, por vencer o tempo ou a sua própria marca.

Depois de ter vivenciado o jogo, você pode responder à seguinte questão: de que forma o compartilhar esteve presente nas ações e relações durante a realização do jogo?

Com o que foi estudado sobre cooperação, você poderá testar algumas relações com os conheci-mentos adquiridos até aqui na continuação da unidade.

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[...]O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se

revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro

e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada — palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

T

Competir e cooperar: a busca pela pacificação das práticas corporais16

Vivenciando jogos competitivos e cooperativos

É muito comum o entendimento de que a cooperação e a competição são vistas somente como polos opostos. Isso ocorre principalmente em decorrência da falta de compreensão a respeito das relações existentes entre elas.

O termo “competição”, muitas vezes, tem o significado relacionado à ausência da cooperação, tendo como característica certo individualismo. Mas, mesmo que se considere esse caráter, a cooperação entre os competidores é necessária para que o jogo se concretize.

Será que competição e cooperação podem coexistir nas práticas corporais? Como processos sociais, tanto a competição como a cooperação podem estar presentes na interação, em diferentes situações que envolvam o relacionamento entre as pessoas. O espaço em que muitas situações competitivas e cooperativas aparecem de forma privilegiada é o universo formado pelas diferentes formas de práticas corporais, como jogos, esportes, ginásticas, danças e lutas.

Acompanhe um trecho do texto de Rubem Alves em que ele se refere ao antagonismo entre o tênis de campo e o frescobol:

Rubem Alves: filósofo

e escritor, membro da

Academia Campinense

de Letras, professor

emérito da UNICAMP.

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Competição

e cooperação

nos jogos

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Ensino Médio | Modular 17

EDUCAÇÃO FÍSICA

Considerando as ideias apresentadas no texto, converse com um colega para responder à seguinte questão:

Você concorda com o contraste estabelecido pelo autor entre aspectos competitivos do tênis e cooperativos do frescobol?

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la

feliz quando o outro erra — pois o que se deseja é que ninguém erre. [...]

ALVES, Rubem. Tênis x frescobol. Disponível em: <http://www.rubemalves.com.br/tenisfrescobol.htm>. Acesso em: 10 maio 2010.

Concordando com Rubem Alves, pode-se pensar no jogo de frescobol como exclusivamente de cooperação. Em jogos com essa característica, aquele com quem se joga não é o oponente, mas um companheiro com quem se deve buscar a maior sintonia possível para manter a bola sob controle.

O elemento contra o qual se compete é o tempo ou o número de rebatidas. Pensando assim, é possível entender, também, que nesse jogo há uma competição. Considere-se, ainda, que o jogo de frescobol também pode ser jogado em forma de competição, desde que se comparem os resultados obtidos com os resultados dos outros.

A proposta agora é jogar o frescobol, enfatizando os processos cooperativos e competitivos. O processo cooperativo se fará notar na ação dos jogadores, que devem se esforçar para marcar seu melhor rendimento, em duplas ou trios. O processo competitivo será notado na compara-ção entre as melhores marcas das equipes.

Níveis de cooperação na competição

O ganhar quase sempre está relacionado aos jogos competitivos, e o seu sentido implica a superação do outro, considerado adversário. Será que existem outras possibilidades de ganhar, em competições, que se caracterizem por serem mais cooperativas?

Algumas ideias podem ser encontradas no texto a seguir. Identifique o que o pesquisador Terry Orlick pensa sobre as relações entre competição e cooperação:

Os jogos competitivos nas culturas cooperativas não parecem constituir um grande problema, porque vencer nunca é uma questão de vida ou morte. Embora o jogo seja estruturado de forma competitiva, os jogadores o encaram de uma maneira amistosa e cooperativa. Embora os indivíduos possam se esforçar para fazer o melhor possível, não há vergonha pelo fato de alguém se sair melhor e nem há qualquer animosidade contra os “adversários”. Eis uma competição saudável e mutuamente reforçadora. Se fôssemos capazes de manter esse tipo de perspectiva em nossos jogos cooperativos e na vida competitiva, não teríamos os problemas que agora são evidentes. Talvez, quando os membros da nossa sociedade estiverem socializados para uma índole mais cooperativa e humanista, seremos capazes de usar os jogos competitivos de uma maneira amistosa e jovial.

ORLICK, Terry. Vencendo a competição. São Paulo: Círculo do Livro, 1989. p. 114.

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Com esse ponto de vista, podem-se conceber a cooperação e a competição não como processos contrários ou opostos, mas complementares, visto que, para existir a competição, é necessário um adversário ou oponente, mesmo que esse não seja outra pessoa, outro grupo ou outra equipe, como em uma competição cujos elementos são todos de uma mesma equipe, jogando contra o tempo.

Podem-se, portanto, encontrar diferentes níveis de cooperação nas competições, desde uma grande presença de aspectos cooperativos até a sua quase inexistência.pre

Os níveis de cooperação determinam o tipo de competição que se realizará.Veja a representação no quadro a seguir:

Dependendo do nível de cooperação presente, a competição será mais ou menos dotada do princípio agonístico ou antagonista. De acordo com o quadro apresentado, os conceitos de competição predatória e de competição solidária estão associados aos níveis de cooperação menor e maior, respectivamente. No entanto, esses dois tipos de competição são extremos e opostos, sendo possível encontrar diferentes possibilidades entre eles, com intensidades de cooperação variáveis.

Competição solidária Competição predatória

O valor maior do jogo não está no resultado, mas no próprio ato de jogar; o prazer de ganhar não é maior do que o prazer de estar em jogo. A cooperação entre os jogadores é maior, dando a eles maiores possibilidades do exercício de suas capacidades. Perder não tira a autoestima de ninguém, pelo contrário, estimula a procurar formas de superação para o próximo momento. Tem-se a noção de continuidade e não de fim, pois o aprender a jogar não termina quando o jogo acaba, vai além, cada jogo é um recomeço com possibilidades de aprimoramento.

O resultado do jogo é percebido como questão de “vida ou morte”, vencer significa viver, ter fama e sucesso, e perder significa morrer, fracassar. Nessa representação, existe a rivalidade, e o adversário é considerado um inimigo que precisa ser eliminado ou destruído. Mesmo que haja cooperação em uma mesma equipe, há uma concorrência interna para se ganhar posição de titular ou de destaque, promovendo o individualismo e ações desarticuladas.

Identifique nos itens numerados a seguir, as afirmações condizentes com características de competição predatória (CP) e competição solidária (CS):

1. ( ) O resultado é mais importante do que o processo utilizado para atingi-lo. Há necessidade do sucesso e existe o medo do fracasso.

2. ( ) O bem-estar dos competidores é sempre mais importante do que o resultado da competição.

3. ( ) Para alcançar um objetivo, necessita do trabalho conjunto. A cooperação é um meio para se alcançar um objetivo mutuamente desejado e que também é compartilhado.

4. ( ) O objetivo é de importância primordial, e o bem-estar dos outros competidores é secundário. Anula os valores altruístas da inteligência e a humanidade dos competidores.

5. ( ) O clima é de individualismo que discrimina, julga e credencia.

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EDUCAÇÃO FÍSICA

6. ( ) A cooperação e a ajuda são um fim. Há satisfação em ajudar os outros a alcançarem seus objetivos.

7. ( ) Não se desvaloriza, humilha ou destrói os outros.

8. ( ) Dominar o adversário, impedindo-o de alcançar o seu objetivo e sentindo satisfação em humilhá-lo.

Agora, assinale a alternativa correta:

a) Os itens 1, 6 e 8 são condizentes com a competição predatória.

b) Os itens 7, 5 e 3 são condizentes com a competição solidária.

c) O item 2 é condizente com a competição solidária, e o item 4 é condizente com a competição predatória.

d) Os itens 1, 6 e 5 são condizentes com a competição predatória.

e) Os itens 8, 7 e 3 são condizentes com a competição solidária.

Qual a melhor forma de realizar uma competição? O importante é criar um ambiente cooperativo para que as competições não se tornem predatórias e estimulem a vivência de sensibilidades solidárias.

Se os comportamentos solidários forem incentivados nas competições, é possível habituar-se a eles, inclusive levando esse hábito para outras atividades da vida pessoal.

Estruturas de competições solidárias em jogos e esportes

Entendendo que competição e cooperação não são processos excludentes, pode-se aprofundar o estudo experimentando diferentes características estruturais, que definem diversos funcionamentos dos processos competitivos e cooperativos e as suas relações nas situações de práticas corporais.

De acordo com Assmann e Sung (2000), as sensibilidades solidárias

vividas fazem emergir novos desejos e atraem novos princípios éticos

solidários. Esses princípios éticos não podem ficar somente em formulações

abstratas e gerais, mas precisam também se concretizar em normas de

comportamento ético. E esses princípios éticos precisam ser “corporificados” em

princípios organizativos da sociedade, norteando o funcionamento das

instituições.

Tendo a lógica solidária como referência, podem-se elencar alguns elementos orientadores da estrutura e organização de jogos e esportes. Analise o quadro que segue:

Quanto à forma de participação no jogo

Todos devem participar do jogo efetivamente, e não somente “fazendo número”.

Quanto à interdependência das equipes para o alcance

dos objetivos

A interdependência ocorre nas equipes em separado e somente uma delas pode alcançar o objetivo.

A interdependência ocorre nas equipes separadas, mas algumas estão integradas para alcançar o mesmo objetivo.

A interdependência ocorre nas equipes separadas, mas todas estão integradas para alcançar o mesmo objetivo.

A interdependência é total, todos os jogadores formam uma única equipe com o mesmo objetivo a ser alcançado.

Em cada uma dessas alternativas, você pode encontrar jogos já existentes e outros que ainda podem ser elaborados, não se esquecendo de que, independentemente do tipo de organização, a ênfase dos processos cooperativos e competitivos deve recair sobre a lógica solidária de relacionamento entre os jogadores.

Agora é o momento de vivenciar cada uma das possibilidades apontadas no quadro. Com a ajuda do seu professor, forme grupos de modo que cada grupo fique responsável pela organização de um jogo.

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Competir e cooperar: a busca pela pacificação das práticas corporais20

A sociedade atual tem alcançado muitos avanços que facilitam e melhoram a vida de todos, por exemplo, as novas tecnologias, cada vez mais presentes em campos, como a Medicina, a Engenharia, a Biologia, as ciências em geral e o universo das práticas corporais, entre tantos outros campos de atuação.

Porém, algumas contradições ainda permanecem quando se percebe que nem todas as pessoas têm acesso a esses avanços e conquistas, revelando desigualdades nas condições sociais. Como consequência dessas contradições, incita-se a competição, de forma cada vez mais acirrada, por emprego, educação, moradia e outras necessidades básicas.

Fruto de injustiças sociais, muita gente é excluída dessas esferas, o que culmina em conflitos, preconceitos, discriminações, intolerâncias e desrespeito aos diferentes pontos de vista, carac-terizando formas de violência.

WATTERSON, Bill. A vingança da babá: uma coleção de Calvin e Haroldo. São Paulo: Best News, 1997. v. 1. p. 10.

Esportivização e violência2

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Nesta unidade de trabalho, o objetivo é compreender as relações existentes entre a forma como a sociedade produz diferentes tipos de violência e as suas manifestações no universo das práticas corporais, entendidas como práticas sociais.

Não é tão simples responder a essa questão, pois o termo “violência” possui muitos sig-nificados. O que é violência para você?

Será que a violência faz parte da natureza humana? Talvez um dos significados mais comuns seja o fato de a violência sempre estar associada à ação intencional de um sujeito que ocasiona danos a si mesmo ou a outros.

Porém, os danos decorrentes da ação violenta podem ser causados não só por indivíduos, mas também por grupos, classes sociais ou nações.

A violência é produzida e reproduzida por meio das ações dos seres humanos, sendo um fenômeno marcado por heranças históricas e culturais, que interferem no modo de funciona-mento de uma sociedade.

Violência nos esportes: dentro e fora do jogo

Lembrando o que foi estudado anteriormente quando se discutiu sobre os processos de esportivização das práticas corporais, é possível pensar no esporte atual como uma forma controlada de combate e uma metáfora da guerra.

Em algumas situações, infelizmente cada vez mais frequentes, jogadores e torcedores perdem o controle e protagonizam cenas que lembram uma verdadeira “guerra”.

Pode-se considerar que os esportes, por si sós, não estimulam a violência. Pelo contrário, quando bem regulados, ajudam as pessoas a lidar com sua agressividade e a extravasar seus impulsos agressivos como um substituto ao ato violento contra outras pessoas.

A existência de regras e arbitragem nos esportes serve para garantir que os jogadores não extrapolarão os limites da agressividade e do autocontrole. Se isso ocorrer, poderão agir com violência contra o adversário, o qual passará a ser encarado como um inimigo a ser destruído.

Metáfora: é uma figura de

linguagem que consiste na

transferência da significação

própria de uma palavra

para outra significação, em

virtude de uma comparação

subentendida. Por exemplo,

quando se diz “Ele é

uma raposa”, emprega-se uma metáfora, isto é,

usa-se o nome de um animal

para descrever um homem que possui

uma qualidade, astúcia, que é própria do

animal “raposa”.Dicionário on-line de

português. Disponível

em: <www.dicionario.com.br/metafora/>. Acesso em: 25

maio 2010.

O que é violência?

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Competir e cooperar: a busca pela pacificação das práticas corporais22

Na contracorrente da violência: alternativas para a pacificação das práticas esportivas

De acordo com o que foi visto, a violência está disseminada na sociedade, repercutindo também no universo das práticas esportivas. As consequências dos variados atos de violência são sempre devastadoras do equilíbrio e do bem-estar das pessoas e das instituições sociais. O que fazer para enfrentar esse problema?

Com a ajuda de seu professor, vivencie uma modalida-de esportiva ainda pouco conhecida: o tchoukball. As características desse esporte e as suas regras garantem o mínimo de contato entre os jogadores, diminuindo, portanto, as possibilidades de atos violentos. ©

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Apesar de não se poder generalizar, atualmente são diversas as ligações de torcidas organizadas com atos de vandalismo, violência e discriminação. Existem torcedores que se infiltram nessas asso-ciações, buscando unicamente provocar e arranjar brigas com a torcida adversária.

São muitos os conflitos e os confrontos entre torcidas organizadas no percurso de casa para o estádio e vice-versa. Por esse motivo, estão sendo discutidas leis mais rígidas, na tentativa de acabar com a violência nos estádios.

A redução dos problemas relacionados às torcidas organizadas envolve vários fatores de ordem social. Diante disso, o que cada indivíduo pode fazer para amenizar o quadro de violência no campo das práticas corporais?

A maioria dos integrantes das torcidas organizadas são jovens como você, com idade entre 12 e 18 anos, e são eles os principais envolvidos em brigas e confusões. Mas, nem todos os jovens que frequentam estádios ou torcidas organizadas praticam atos de violência e vandalismo.

Como jovem, e também como torcedor(a), que sugestões você apresentaria para resolver o proble-ma da violência nos estádios de futebol?

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Ensino Médio | Modular 23

EDUCAÇÃO FÍSICA

É possível transformar um esporte considerado violento em um jogo não violento? Faça um levantamento de esportes em que a ideia do combate esteja presente. Em seguida, escolha um deles para analisar as suas regras e a sua estrutura, descrevendo as características que podem levar os jogadores ao comportamento violento.

Esporte Características

Esportes que não favorecem contatos físicos diminuem as possibi-lidades de agressão e violência. Diante dessas evidências, a proposta agora é analisar um esporte de contato com probabilidade de gerar atos violentos nas ações de jogo, procurando eliminá-los por meio de mudanças na regra de contatos físicos. O rúgbi é um bom exemplo de esporte com essas características.

No rúgbi, as equipes são formadas com quinze, dez ou sete joga-dores. O sevens é um esporte olímpico e será uma das modalidades disputadas nas Olimpíadas de 2016, na cidade do Rio de Janeiro. Essa modalidade do rúgbi é praticada por sete atletas em um campo com as mesmas medidas da modalidade com quinze jogadores. O jogo tem uma duração menor, com sete minutos para cada meio tempo. Exceto por isso, as regras variam pouco do jogo com quinze jogadores, embora, naturalmente, devido à quantidade de espaço disponível no campo, é um jogo muito diferente de se assistir. Algumas vezes, as equipes decidem, inicialmente, mover-se para trás, de modo a atrair os adversários para si, criando espaço em outras áreas.

Existem várias formas modificadas do rúgbi, desenvolvidas para permitir que qualquer um possa praticá-lo em diversas circunstâncias, eliminando o contato físico. Uma delas é o tag rugby.

No tag rugby, os jogadores utilizam tiras de pano penduradas em um cinto na cintura.

O jogo se desenrola com o objetivo de fazer pontos, ultrapassando a linha final no campo do adversário. O jogador que estiver portando a bola só poderá passá-la para o lado ou para trás. Se a defesa remover um dos tags ou fitas, marcará um ponto, e o portador da bola terá que passá-la obrigatoriamente para outro componente da equipe, dando sequência ao jogo. Caso a bola caia no chão ou ultrapasse as linhas laterais, ela passará para a equipe adversária.

A ausência de contato permite que essa variação do rúgbi seja praticada por pessoas de todas as idades, ambos os sexos e com qualquer nível de preparo físico em diversos tipos de superfícies.

O rúgbi é um esporte que

envolve contato físico. Qualquer

esporte com essa

característica possui riscos

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Fundamentos

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Competir e cooperar: a busca pela pacificação das práticas corporais24

Com as reflexões e vivências desta unidade, você teve a oportunidade de meditar sobre as questões da violência relacionada aos esportes. Leia atentamente o texto que segue e depois converse com os seus colegas para responder às questões que virão na sequência.

[...] MMA

O tópico é polêmico. Para os 250 médicos canadenses que tentaram banir o MMA do país, a resposta é a segunda opção. [...]

[...] Mas a posição dos médicos canadenses não é consensual. Embora todos os médicos concordem com os altos riscos físicos do esporte, vários argumentam que o MMA não é mais violento que qualquer outra luta. Ou sequer mais brutal que outras modalidades esportivas

Opinião e Notícia. Disponível em: <http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/mma-esporte-legitimo-ou-rinha-humana/>. Acesso em: 29 maio 2011.

a) Você considera o MMA esporte ou é apenas briga regulamentada?

b) O MMA é um evento televisionado que foi vendido para milhares de pessoas. Isso significa que as pessoas e a sociedade estão se tornando mais violentas? Cite outros exemplos que corroborem com a sua resposta.

c) Você concorda com a posição da Associação Médica do Canadá em tentar banir o MMA no país? Por quê?

d) Você concorda com a profissionalização do lutador de artes marciais mistas – MMA?

A competição esportiva implica contradições. Por um lado, representa um estímulo à superação, favorece o esforço contínuo, a perseverança, a melhora da satisfação pessoal e o controle emocional, beneficia a motivação dos praticantes e as relações pessoais. Por outro, pode provocar rivalidade,

hierarquia, seleção e exclusão, gerar violências e favorecer o individualismo entre os participantes. Procure relacionar os conhecimentos da unidade sobre competição e cooperação aos processos que podem minimizar a violência em jogos e esportes, julgando os itens que seguem:

I. Deve-se promover a mudança nas regras para minimizar a competição predatória, potencializando o traba-lho cooperativo, a corresponsabilidade nas tomadas de decisões coletivas e a reflexão em grupo acerca do sentido da prática.

II. É necessário substituir totalmente a competição pela cooperação na realização de jogos e esportes.

III. Deve-se promover o sentido solidário na competição, aproximando-a da cooperação, favorecendo o diálogo entre os participantes e estimular a tolerância e a solidariedade.

IV. Para o reconhecimento da competição como meio de educar-se, e não como finalidade em si mesma, devem--se respeitar as regras e aceitar o êxito alheio e as próprias derrotas.

Estão certos apenas os itens:

a) I e II. b) I e IV. c) II e III. d) I, III e IV. e) II, III e IV.

MMA = Mixed Martial Arts ou

Vale-Tudo.