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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial Sem sentido não há sentido: a coerência e a coesão na construção do texto

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APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos

privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

Sem sentido não há sentido: a coerência

e a coesão na construção do texto

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© Editora Positivo Ltda., 2013Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora.

DIRETOR-SUPERINTENDENTE: DIRETOR-GERAL:

DIRETOR EDITORIAL: GERENTE EDITORIAL:

GERENTE DE ARTE E ICONOGRAFIA: AUTORIA:

ORGANIZAÇÃO: EDIÇÃO DE CONTEÚDO:

EDIÇÃO:ANALISTA DE ARTE:

PESQUISA ICONOGRÁFICA:EDIÇÃO DE ARTE:

CARTOGRAFIA:ILUSTRAÇÃO:

PROJETO GRÁFICO:EDITORAÇÃO:

CRÉDITO DAS IMAGENS DE ABERTURA E CAPA:

PRODUÇÃO:

IMPRESSÃO E ACABAMENTO:

CONTATO:

Ruben FormighieriEmerson Walter dos SantosJoseph Razouk JuniorMaria Elenice Costa DantasCláudio Espósito GodoyRobson Luiz Rodrigues de LimaRobson Luiz Rodrigues de LimaFernanda Rosário de Mello / Maria Josele Bucco CoelhoJeferson Freitas / Kathia Danielle Gavinho ParisTatiane Esmanhotto KaminskiSabrina FerreriaAngela Giseli de SouzaLuciano Daniel TulioAndré Müller / José AguiarO2 ComunicaçãoDanielli Ferrari Cruz / Arowak© Thinkstock/Getty Images; © Shutterstock/Valua Vitaly; © Shutterstock/Franck Boston; © Shutterstock/Slavoljub Pantelic; © Shutterstock/ajt; © Shutterstock/ilker canikligil; P. Imagens/Pith; © iStockphoto.com/Dean Mitchell PhotographyEditora Positivo Ltda.Rua Major Heitor Guimarães, 17480440-120 Curitiba – PRTel.: (0xx41) 3312-3500 Fax: (0xx41) 3312-3599Gráfica Posigraf S.A.Rua Senador Accioly Filho, 50081300-000 Curitiba – PRFax: (0xx41) 3212-5452E-mail: [email protected]@positivo.com.br

Todos os direitos reservados à Editora Positivo Ltda.

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@POR963Conceito e exemplos

sobre as funções da

linguagem

@POR963

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

L732 Lima, Robson Luiz Rodrigues de.Ensino médio : modular : língua portuguesa : sem sentido não há sentido : a coerência e

a coesão na construção do texto / Robson Luiz Rodrigues de Lima ; ilustrações André Müller, José Aguiar. – Curitiba : Positivo, 2013.

: il.

ISBN 978-85-385-7540-5 (livro do aluno)ISBN 978-85-385-7541-2 (livro do professor)

1. Língua Portuguesa. 2. Ensino médio – Currículos. I. Müller, André. II. Aguiar, José. III. Título.

CDU 373.33

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SUMÁRIO

Unidade 1: Processos de construção de sentido

Processos de construção de sentido I: a coerência 8

Processos de construção de sentido II:

recursos coesivos 18

Conectores ou articuladores discursivos 23

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Oh! Baby, você não precisa

De um salão de beleza

Há menos beleza

Num salão de beleza

A sua beleza é bem maior

Do que a beleza

De qualquer salão...

Zeca Baleiro

Processos de construção de sentido

1

Sem sentido não há sentido: a coerência e a coesão na construção do texto4

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a) Em sua opinião, quais são as finalidades da leitura?

b) O que você gosta de ler?

c) Leitura é uma atividade de lazer ou também um tipo de trabalho? Justifique.

d) Como as ideias que um texto apresenta se relacionam com as do leitor?

e) Que tipos de textos podem ser lidos?

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LÍNGUA PORTUGUESA

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Observe, a seguir, alguns pensamentos e reflexões de filósofos e poetas a respeito da leitura.

“O que seria de nós sem o socorro das coi-sas que não existem?”

Paul Valery

Paul Valery nas-ceu na França, em 30 de outubro de 1871, na cidade de Sète, e fale-ceu em Paris, no dia 20 de julho de 1945. Foi filósofo, escri-tor e poeta da escola simbolista. A partir da leitura das estéticas que o antecederam, Valery intensificou o Simbolismo francês, tornando-se um dos seus maiores nomes, tanto como poeta quanto como filósofo.

Agora, leia o texto de Rubem Alves e descubra o que esse autor pensa a respeito da importân-cia da leitura:

O sexto sentido

Rubem Alves

Os cinco sentidos são, a um tempo, seres da “caixa de ferramentas” e seres da “caixa de brinquedos”. Como ferramentas os sentidos nos fazem conhecer o mundo. A cor vermelha no semáforo diz que é preciso parar o carro. O som da buzina chama a minha atenção para um carro que se aproxima. O cheiro estranho na cozinha me adverte de que o gás está aberto. Como brinquedos os cinco sentidos me informam que o mundo está cheio de beleza. Eles são órgãos sexuais: com eles fazemos amor com o mundo. Dão-nos prazer e alegria.

Os cincos sentidos, para realizarem suas funções de poder e prazer, exigem a presença do objeto a ser conhecido ou a ser amado. Para sentir a beleza de um ipê florido, é preciso que haja ipês floridos — como agora. Em julho os ipês rosa, em agosto os ipês amarelos, em setembro os ipês brancos. Já até sugeri que um músico compusesse uma

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“As coisas que não existem são mais bo-nitas...”

Manoel de Barros

Manoel de Barros nasceu em Cuiabá, no dia 19 de de-zembro de 1916. É advogado, poeta e fazendeiro. Compôs diversos poemas pe-los quais recebeu vá-rios prêmios nacio-nais e internacionais.

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“O homem é o mundo do homem.”

Karl Marx

Karl Marx nasceu na Alemanha, na cida-de de Trévis, no dia 5 de maio de 1818 e fale-ceu em Londres, no dia 14 de março de 1883. Foi um intelectual e revolucionário alemão que, lendo seu tempo, formulou importantes teorias nos campos da Sociologia, da Filoso-fia e da História.

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“A virtude paradoxal da leitura consiste em fazer-nos abstrair do mundo para lhe en-contrarmos um sen-tido.”

Daniel Pennac

Daniel Pennac nasceu em Casablan-ca (Marrocos francês) em 1944. Pennac é es-critor e tem uma vasta obra dedicada a leito-res de todas as idades. No livro Como um romance, Pennac faz uma leitura do próprio ato de ler.

6 Sem sentido não há sentido: a coerência e a coesão na construção do texto

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sinfonia em três movimentos dedicada aos ipês. Para se sentir a beleza triste do canto de um sabiá, é preciso que haja um sabiá cantando. Para se sentir o perfume de um jasmim, é preciso que haja um jasmim florido. Para se sentir o gosto bom de uma laranja, é preciso que haja uma laranja. E para se sentir a delícia de um beijo, é preciso que haja uma boca que me beije... Os cinco sentidos só fazem amor com coisas existentes, no presente. Eles vivem no “aqui” e no “agora”.

Mas há um sexto sentido dotado de propriedades mágicas, um sentido que nos permite fazer amor com coisas que não existem... Esse sentido se chama “pensamento”.

Digo que o pensamento é um sentido mágico porque ele tem o poder de chamar à existência coisas que não existem e de tratar as coisas que existem como se não existissem. E é dele que surge a grandeza dos seres hu-manos. O pensamento nos dá asas, ele nos transforma em pássaros!

“Mas que realidade têm as coisas que não existem?”, poderão perguntar os filósofos. Aí serão os poetas que darão respostas aos filósofos. “Que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem?”, perguntava Paul Valery. E Manoel da Barros acrescentaria: “As coisas que não existem são mais bonitas...”. Leonardo da Vinci pensava e desenhava máquinas que não existiam e que só poderiam existir num futuro distante. Mas que alegria aquelas entidades não existentes lhe davam! Por isso ele as guardava como segredos perigosos que, se conhecidos, poderiam levá-lo à Inquisição. Mas o prazer valia o risco.

Beethoven estava completamente surdo. No seu mundo os sons não existiam. Mas do silêncio dos sons que não existiam ele fez surgir, no seu pensamento, a Nona Sinfonia, que canta a alegria da vida.

Faz uns meses resolvi reler o Cem anos de solidão, do Gabriel García Márquez. Que amontoado de não existentes! Invencionices de alguém que trata o existente como se não existisse. Pensei, de brincadeira, que ele deveria estar bêbado quando escreveu o livro, tantos são os absurdos maravilhosos que ele constrói. Uns tolos disseram que aquele livro era uma parábola sobre a América Latina. Ou seja, disseram que o livro falava sobre uma coisa que existia: o realismo fantástico de Gabriel García Márquez, depois de passar pelo crivo da hermenêutica, nada mais seria que uma crônica histórica disfarçada. Nada mais longe da verdade. O livro Cem anos de solidão só existe no espaço imaginário do que não existe. E apesar de saber que aquilo que estava escrito era mentira, que nunca acontecera porque era impossível que acontecesse, eu ri, sofri, vivi. Meu corpo fez amor com o inexistente. O que não existe nos faz viver. Não vivemos só de pão. Somos comedores de pa-lavras. E as palavras operam em nós estranhas transformações. Quantas pessoas eu degolei com minha espada de samurai ao ler o Sho-gun!

Que extraordinário exercício de alienação é a literatura! Mergulhados num livro a realidade que nos cerca deixa de existir. Estamos inteiramente no mundo do pensamento. Se Marx estava certo ao afirmar que “o homem é o mundo do homem” então, na literatura, tornamo-nos criaturas dos muitos mundos da fantasia. Tornamo-nos personagens de uma estória inventada, “atores” de teatro. “Não é incrível que um ator, por uma simples f icção, um sonho apaixonado, amolde tanto sua alma à imaginação, que todo se lhe transf igure o semblante, por com-pleto o rosto lhe empalideça, lágrimas vertam dos seus olhos, suas palavras tremam e, inteiro seu organismo se acomode a essa mera ficção?” (Shakespeare, Hamlet, ato 2.º, cena II). Os atores são seres alienados da realidade por estarem vivendo totalmente no mundo da ficção. É nisso que se encontra “a virtude paradoxal da leitura, que consiste em fazer-nos abstrair do mundo para lhe encontrarmos um sentido.” (Daniel Pennac, Como um romance, ASA, Portugal, p. 17 ). Todo artista é um f ingidor. Todo leitor tem de ser um f ingidor. Fingir, brincar de fazer de contas, tratar as coisas que são como se não fossem e as coisas que não são como se fossem! É dessa loucura que surgem as mais belas criações da arte e da ciência. Por isso eu me daria por feliz se a educação fizesse apenas isso: introduzir os alunos no mundo mágico do pensamento tal como ele acontece na literatura. Quem experimentou a magia do pensamento uma única vez não se esquece jamais...

ALVES, Rubem. O sexto sentido. Disponível em: <http://www.rubemalves.com.br/osextosentido.htm>. Acesso em: 12 mar. 2010.

Um comboio carregado de cadáveres. Uma população inteira que perde a memória. Mulheres que se trancam por décadas em uma casa escura. Homens que arrastam atrás de si um cortejo de borboletas amarelas. São esses alguns dos elementos que compõem o exuberante universo desse romance, no qual se narra a mítica história da cidade de Macondo e de seus inesquecíveis habitantes. Lançado em 1967, Cem anos de solidão é tido, por consenso, como uma das obras-primas da literatura latino-americana. O livro logo tornou o colombiano Gabriel García Márquez (1928) uma celebridade mundial; 15 anos depois, em 1982, ele receberia o Prêmio Nobel de Literatura.

Disponível em: <http://biblioteca.folha.com.br/1/10/sinopse.html>. Acesso em: 1 set. 2010.

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Como você pôde perceber, ler é construir sentidos, e essa construção é social, sofrendo mudanças com o passar do tempo e em diferentes contextos e intenções que cercam a produção dos sentidos.

Construir a coerência de um texto é construir um sentido por meio da leitura. Um texto pode ser coerente para um leitor e incoerente para outro, já que a coerência depende de uma série de fatores que promovem a construção dos sentidos.

Conhecimento de mundoO conhecimento de mundo tem um papel relevante no processo de construção de coerência de um

texto. Se o texto tratar de um assunto do qual o leitor não tenha algum conhecimento, por mais que ele esteja escrito em norma-padrão, respeitando todos os ditames gramaticais, ainda assim ele não será compreendido.

Por exemplo, no texto “O sexto sentido”, Rubem Alves cita Paul Valery, Manoel de Barros, Leonardo da Vinci, Beethoven, Shakespeare, Gabriel García Márquez, entre outros. Se o leitor conhecer a pro-dução artística deles, terá uma compreensão mais aprofundada dos argumentos utilizados pelo autor.

Processos de construção de sentido I: a coerência

1. Qual o tema do texto de Rubem Alves?

2. Em que suporte o texto foi publicado?

3. No primeiro parágrafo, o autor utiliza uma série de metáforas para falar dos cinco sentidos. Cite duas dessas metáforas e explique o efeito de sentido que elas conferem ao texto.

4. Explique a comparação que o autor estabelece entre os sentidos e o que ele chama de sexto sentido.

5. De acordo com o texto, qual a diferença entre filósofos e poetas? Que argumentos são utilizados para funda-mentar essa diferença?

6. Quais as impressões que o autor teve quando leu Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez?

7. No sétimo parágrafo, Rubem Alves afirma que: “Não vivemos só de pão. Somos comedores de palavras”. Ao dizer essas frases, o autor retoma outro texto. Que texto é esse? Com qual finalidade ele o retoma nessa passagem?

8. No último parágrafo, Rubem Alves apresenta a seguinte citação de Marx: “O homem é o mundo do homem”. Analisando as proposições abaixo, a que melhor explica a referida citação no contexto em que foi utilizada pelo autor é:

a) o homem, por si só, já é um mundo, sem precisar de mais ninguém ao seu redor para que possa existir;

b) o homem sofre influências do mundo em que vive, adaptando-se a ele;

c) o mundo do homem pertence ao homem;

d) o homem só entende o mundo se esse mundo pertencer a ele;

e) o mundo é diferente daquilo que o homem espera, por isso existe a frustração.

9. De acordo com o autor, somente se pode ler com os olhos? Justifique sua resposta.

8 Sem sentido não há sentido: a coerência e a coesão na construção do texto

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O ENEM e os principais

vestibulares do país avaliam o conhecimento de mundo que os candidatos

possuem.

Por isso, o conhecimento de mundo e o acervo cultural de cada ser humano são tão importantes para a construção de sentidos. Quanto mais conhecimento, maior o poder de leitura.

Com base nas informações apresentadas, é hora de verificar como são ativados os conhecimentos de mundo e como eles auxiliam no processo de construção de sentidos. Lembre-se: para que efeti-vamente seja estabelecida a coerência de um texto, é necessário que haja correspondência entre os conhecimentos nele ativados e o conhecimento de mundo do leitor, pois, caso contrário, não haverá condições de construir sentidos.

Leia atentamente a questão proposta a seguir e, em conjunto com um colega, responda-a:

(ENEM) A música pode ser definida como a combinação de sons ao longo do tempo. Cada produto final oriundo da infinidade de combinações possíveis será diferente, dependendo da escolha das notas, de suas durações, dos instrumentos utilizados, do estilo de música, da nacionalidade do compositor e do período em que as obras foram compostas.

Figura 1 – <http://images.quebarato.com.br/photos/big/2/D/15A12D_2.jpg>.Figura 2 – <http://ourinhos.prefeituramunicipal.net/dados/fotos/2009/07/07/normal>.Figura 3 – <http://www.edmontonculturalcapital.com/gallery/edjazzfestival/JazzQuartet.jpg>.Figura 4 – <http://www.filmica.com/jacintaescudos/archivos/Led-Zeppelin.jpg>.

Figura 1 Figura 2

Figura 3 Figura 4

Das figuras que apresentam grupos mu-sicais em ação, pode-se concluir que o(s) grupo(s) mostrado(s) na(s) figura(s):

a) 1 executa um gênero característico da música brasileira, conhecido como chorinho.

b) 2 executa um gênero característico da música clássica, cujo compositor mais conhecido é Tom Jobim.

c) 3 executa um gênero característico da música europeia, que tem como representantes Beethoven e Mozart.

d) 4 executa um tipo de música caracte-rizada pelos instrumentos acústicos, cuja intensidade e nível de ruído permanecem na faixa dos 30 aos 40 decibéis.

e) 1 a 4 apresentam um produto final bastante semelhante, uma vez que as possibilidades de combinações sono-ras ao longo do tempo são limitadas.

É possível notar que essa questão cobra do candidato o conhecimento de mundo acerca da formação de diferentes grupos musicais, dos instrumentos que os compõem e do estilo de música ao qual eles estão ligados, isto é, a realização da questão somente se dá por meio da ativação do conhecimento de mundo do candidato.

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a) O simples fato de a mulher dizer “Estou no banho” foi o suficiente para o marido compreendê-la? Justifique sua resposta.

b) Sem o recurso da inferência, tudo precisaria ser dito, nos mínimos detalhes, desta forma:

— Meu querido marido, eu estou ouvindo o telefone que insis-tentemente toca e isso me aflige, pois eu não posso atendê- -lo, já que estou tomando banho. Se eu sair, como estou, irei molhar toda a sala e estragar o assoalho tão caro que acaba-mos de colocar. Diante disso, solicito que você o atenda, pois sua situação, em relação à minha, deve ser mais favorável ao cumprimento de tal tarefa. Poderia, por gentileza, fazer-me este favor? (mulher embaixo do chuveiro, falando ao marido)

— Compreendo sua situação, querida esposa. Quero justificar que ouvi o telefone tocar, mas desconhecia o fato de você estar tomando banho e, como sempre o atendimento de tal aparato telecomunicativo fora seu mister, pensei que o atenderia. Agora, devido à sua impossibilidade, farei o favor de atender o te-lefone, já que eu não quero que a água que escorrerá do seu corpo, se sair do banho às pressas, sem que tenha condições de secar-se, molhe o assoalho que, como você bem disse, custou caro. Continue seu banho em paz que atenderei o telefone. (marido fala, indo atender ao telefone).

O exemplo ilustra quão importante é a inferência para agilizar a comunicação. Por mais que um texto respeite todas as exigências gramaticais, se não houver inferência, o processo de comunicação e interação será afetado e dificultado. A inferência é fundamental para que se compreendam piadas ou textos publicitários, por exemplo.

O ENEM e os vestibulares

de todo o país testam a

capacidade de inferência dos

candidatos.

Estou no banho!

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Conhecimento partilhadoNo decorrer de nossa vida, acumulamos conhecimentos pessoais com base, muitas vezes, em

experiências únicas. Isso torna praticamente impossível duas pessoas dividirem integralmente os mesmos conhecimentos. No entanto, para que haja interação, é preciso que os interlocutores partilhem certos conhecimentos.

Por mais que um texto esteja redigido de forma clara e gramaticalmente correta, se o leitor não partilhar pelo menos alguns dos conhecimentos veiculados pelo texto, não haverá coerência. Por exemplo, Rubem Alves inicia seu texto assim: “Os cinco sentidos são, a um tempo, seres da ‘caixa de ferramentas’ e seres da ‘caixa de brinquedos’. Como ferramentas os sentidos nos fazem conhecer o mundo.”.

Um leitor que não soubesse que temos cinco sentidos, muito menos quais são, teria dificuldade de entender a comparação feita pelo autor.

InferênciaÉ um processo por meio do qual o leitor preenche lacunas comunicativas utilizando seu conheci-

mento de mundo.Por exemplo:

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1. (UNICAMP – SP) Em 26 de outubro de 2006, um jornal de São Paulo veiculou a seguinte propagan-da:

“Se no Brasil ninguém paga caro por mentir, por que você vai pagar caro pela verdade?”

a) A propaganda explora dois sentidos de “pagar caro”. Quais?

b) A propaganda procura construir certas imagens para o jornal. Quais?

2. (ENEM)A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada... Que talento

ela possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável de falar em nome de todos os personagens, sem nenhum dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons às palavras!

Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito da vida, com as suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com mortes horríveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um reino era como se estivesse falando dum engenho fabuloso. Os rios e florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.REGO, José Lins do. Menino de engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980. p. 49-51. Adaptação.

Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificar traços que revelam marcas do processo de colonização e de civilização do país. Considerando o texto, infere-se que a velha Totonha:

a) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de vida e de trabalho, que denotam que ela enfrenta situação econômica muito adversa.

b) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país colonizado, livres da influência de temas e modelos não representativos da realidade nacional.

c) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana europeia em concomitância com a representação literária de engenhos, rios e florestas do Brasil.

d) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio romancista, o qual preten-de retratar a realidade brasileira de forma tão grandiosa quanto a europeia.

e) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo e origem as fontes da literatura e da cultura europeia universalizada.

3. (ENEM)

Entre os seguintes ditos populares, qual deles melhor corresponde à figura?

a) Com perseverança, tudo se alcança.

b) Cada macaco no seu galho.

c) Nem tudo que balança cai.

d) Quem tudo quer tudo perde.

e) Deus ajuda quem cedo madruga.

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SuporteO suporte de um gênero é o mecanismo por meio do qual o texto é veiculado. A percepção sobre o suporte também é indispensável para que se faça uma análise linguística

coerente. Perceber que o sentido de um texto é alterado quando se altera o suporte é compreender a finalidade de cada texto, seu público-alvo, seu gênero, suas tipologias e seus recursos linguísticos.

Um mesmo texto, veiculado por suportes diferentes, ganha diferentes significados.

Considerando seu horizonte de expectativa, relacione os títulos das obras a seguir aos (possíveis) assuntos tratados:

( ) O coração delator. Autor: Edgar Alan Poe.

( ) A causa secreta. Autor: Machado de Assis.

( ) Sonho de uma noite de verão. Autor: William Shakespeare.

( ) O vampiro de Curitiba. Autor: Dalton Trevisan.

( ) Os cus de Judas. Autor: Antônio Lobo Guedes.

( ) O morro dos ventos uivantes. Autor: Emily Brontë.

a) História de um homem sádico que sentia prazer com a dor alheia.

b) Uma história de amor que se passa em uma floresta com um enredo mágico, cheio de seres fantásticos que buscam a poção do amor total.

c) História de Heathcliff, um filho adotivo que é humilhado pelos irmãos e separado de sua amada. Ele foge de casa e, anos mais tarde, volta para vingar-se.

d) O livro conta a história de um período de guerras em que o homem é obrigado a fazer um mer-gulho dentro de si para aprender a viver em um mundo fragmentado e destruído pela violência.

e) Um livro que conta as aventuras amorosas de um cafajeste que vive procurando experiências sensuais e estranhas. Ele se entrega a uma vida de prazeres e, ao mesmo tempo, revela em suas atitudes a degradação do seu tempo.

f) História de um homem que tenta negar a própria loucura, mas comete um assassinato. Ele acha que cometeu o crime perfeito, mas sua loucura o atrapalha e ele acaba sendo preso.

Horizonte de expectativaO horizonte de expectativa é uma característica fundamental de todas as situações interpretati-

vas e é traçado com base no conhecimento de mundo do leitor e nas inferências que ele é capaz de produzir. Quando se lê o título de uma obra, já se constrói um horizonte de expectativa a respeito do que virá a seguir.

O título se constitui em um elemento que remete o leitor a possíveis prévias do que será o corpus do texto. No caso do texto de Rubem Alves, o título “O sexto sentido”, de certa forma, atrai e direciona a leitura.

A publicidade, por exemplo, utiliza o horizonte de expectativa para atrair o consumidor para determinado produto.

12 Sem sentido não há sentido: a coerência e a coesão na construção do texto

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1. O texto exemplifica um gênero textual híbrido entre carta e publicidade oficial. Em seu conteúdo, é possível perceber aspectos relacionados a gêneros digitais. Considerando-se a função social das informações geradas nos sistemas de comunicação e informação presentes no texto, infere-se que:

a) a utilização do termo “download ” indica restrição de leitura de informações a respeito de formas de combate à dengue.

b) a diversidade dos sistemas de comunicação empregados e mencionados reduz a possibilidade de acesso às informações a respeito do combate à dengue.

c) a utilização do material disponibilizado para download no site www.combatadengue.com.br restringe-se ao receptor da publicidade.

d) a necessidade de atingir públicos distintos se revela por meio da estratégia de disponibilização de informações empregada pelo emissor.

e) a utilização desse gênero textual compreende, no próprio texto, o detalhamento de informações a respeito de formas de combate à dengue.

2. Diante dos recursos argumentativos utilizados, depreende-se que o texto apresentado:

a) se dirige aos líderes comunitários para tomarem a iniciativa de combater a dengue.

b) conclama toda a população a participar das estratégias de combate ao mosquito da dengue.

c) se dirige aos prefeitos, conclamando-os a organizarem iniciativas de combate à dengue.

d) tem como objetivo ensinar os procedimentos técnicos necessários para o combate ao mosquito da dengue.

e) apela ao governo federal, para que dê apoio aos governos estaduais e municipais no combate ao mosquito da dengue.

Observe a peça publicitária feita pelo governo federal e publicada na Revista Nordeste e responda às atividades a seguir:

(ENEM) trecho para as questões1 e 2.

BRASIL. Ministério da Saúde. Revista Nordeste, João Pessoa, ano 3, n. 35, maio/jun. 2009.

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1. Nas questões do ENEM apresentadas anteriormente, a peça publicitária produzida pelo governo federal exerce a mesma função que exercia quando publicada na Revista Nordeste?

2. Se o mesmo texto estivesse em faixas, portanto veiculado por outro supor-te, seguradas por manifestantes diante de prefeituras, qual seria a função desse texto?

3. Com base nas questões anteriores, descreva qual a influência do suporte para a leitura de um texto.

ContextoO contexto é um fator determinante para a produção de

sentidos e constitui-se em tudo aquilo que cerca o texto, tanto no momento de produção quanto no momento de leitura.

Observe alguns fatores de contextualização:

SituacionalidadeA situacionalidade é um dos fatores responsáveis pela

produção de sentido e pelo estabelecimento de contexto. Trata-se da situação que envolve a produção do texto e a produção da leitura, influenciando na coerência textual, pois um texto que é coerente em dada circunstância pode ser incoerente em outra.

Por exemplo:

Ilust

raçõ

es: A

ndré

Mül

ler.

2010

. Dig

ital.

SR. PREFEITO, JUNTE-SE A NÓS NA LUTA CONTRA A DENGUE. A SUA PARTICIPAÇÃO É FUNDAMENTAL.

OI, TUDO BEM?

OI, TUDO BEM?

14 Sem sentido não há sentido: a coerência e a coesão na construção do texto

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O acervo é composto pelo conhecimento

de mundo, construído por

leituras das mais variadas.

Pode-se notar que as duas frases estão de acordo com a norma-padrão, porém a alteração da situação comunicativa provoca mudança na construção da coerência do texto. Isso deve ser levado em consideração no momento da produção do enunciado. Não adianta atentar somente para a norma e esquecer-se da situação enunciativa.

A situacionalidade é uma peça fundamental para a consecução da análise linguística. A cada texto, deve-se observar esse fator e simular hipóteses de mudança de situação a fim de se perceber a alteração de sentidos. Esse exercício desenvolve a capacidade de observação contextual, além de exigir de quem fala ou escreve a mudança estrutural da frase a ser construída, para que se atinja o objetivo pretendido, que, certamente, vai além do cuidado com a norma.

InformatividadeA informatividade refere-se ao grau de previsibilidade da informação contida em um texto. Se, ao

longo do texto, o leitor perceber que tudo o que está lendo é previsível e já sabido por ele, o texto terá um grau de informatividade baixo e, consequentemente, poderá desestimular esse leitor.

Por outro lado, se a cada parágrafo o leitor se surpreender com um bombardeio de novas informações, ele não terá tempo para processá-las e confrontá-las com o conhecimento anteriormente construído. Isso pode fazê-lo desistir da leitura, por achá-la muito complicada. Nesse caso, o texto tem um grau de informatividade alto, o que o torna complexo.

Para que haja construção de sentido, deve haver um equilíbrio entre o já sabido e a nova informação. O grau de informatividade depende de muitos outros fatores, sendo um deles o público-alvo.

Assim, vale ressaltar que, além de escrever um texto com correção gramatical, deve-se considerar o público a que ele se destina, buscando a adequação de seu grau de infomatividade. Por isso, considerar a carga informativa de um texto é também um pressuposto para a construção do sentido.

Imagine uma criança de 8 anos lendo as informações a seguir. Qual seria o grau de infor-matividade adequado para ela?

Exemplo 1: texto com alta informatividade = Canis lupus familiaris é, talvez, o mamífero mais antigo a ser domesticado pelo homem. Antes carnívoro, hoje, onívoro, esse animal é muito utilizado para dar segurança a latifúndios dos mais diversos.

Exemplo 2: texto com média informatividade = O cachorro é um mamífero muito conhecido e amado pelo homem. Já o ornitorrinco é um bicho muito estranho: um mamífero com bico e pés de pato, mas com pelos por todo o corpo.

Exemplo 3: texto com baixa informatividade = O cachorro é um mamífero porque mama.A adequação do grau de informatividade de um texto varia de acordo com o leitor.

IntertextualidadeOutro fator de contextualização muito importante é a intertextualidade. Quanto mais informação

um leitor tiver em seu acervo, maior será sua capacidade de estabelecer relações intertextuais.Não basta ter o domínio de um texto em norma-padrão, é necessário estabelecer relações entre

o que se está lendo e outros textos com os quais esse texto dialoga. A intertextualidade é o dialogo entre textos, sejam eles verbais ou não verbais.

No texto “O sexto sentido”, Rubem Alves afirma: “Todo artista é um fingidor. Todo leitor tem de ser um fingidor. Fingir, brincar de fazer de contas, tratar as coisas que são como se não fossem e as coisas que não são como se fossem!”.

Em relação a essa passagem, marque a alternativa correta:

a) O trecho é uma genial invenção de Rubem Alves.

b) O trecho deve fazer intertextualidade com algum outro texto, mas eu não sei qual é.

c) É uma mentira! O artista não é um fingidor.

d) Faz intertextualidade com o poema “Autopsicografia” do poeta Fernando Pessoa.

Se você marcou a letra d, você está certo.

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Autopsicografia

PESSOA, Fernando. O eu profundo e os outros eus. São Paulo: Nova Fronteira, sd.

1. De que forma a intertextualidade com o poema “Autopsicografia”, de Fernando Pessoa, contribui para a construção dos sentidos no texto “O sexto sentido”, de Rubem Alves?

2. Um leitor que não tinha lido o poema “Autopsicografia” conseguirá compreender de forma plena os sen-tidos construídos pela intertextualidade?

1. Quantas relações intertextuais você pode inferir com base na leitura deste cartum?

ARIONAURO. Dia Internacional da Floresta. Revista TAM Brasil, Almanaque de cultura popular, n. 131, ano 11, mar. 2010.

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele não teve,

Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

2. Como essas relações intertextuais auxiliam no processo de construção de sentido?

José

Agu

iar

Vida e obra de

Fernando Pessoa

@POR630

16 Sem sentido não há sentido: a coerência e a coesão na construção do texto

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Latin

Stoc

k/Re

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s/M

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Anz

uoni

Tipos de intertextualidade

Há várias formas de se promover a intertextualidade. Algumas delas são:

paráfrase – trata-se da apresentação de frase, conceito ou ideia pertencente a outra obra utilizada em um novo texto. É um recurso para ativar o horizonte de expectativa do leitor. Vale lembrar que o autor repete a ideia de outro com suas próprias palavras, deixando explícito quem é o autor do trecho parafraseado.

Exemplo:

Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.

ASSIS, Machado de. Contos escolhidos. São Paulo: Klick, 1998.

citação – reprodução, sinalizada com aspas, de fragmento do texto de outra pessoa. Exemplo: No texto “O sexto sentido”, Rubem Alves cita Marx: Se Marx estava certo ao afirmar

que “o homem é o mundo do homem” então, na literatura, tornamo-nos criaturas dos muitos mundos da fantasia.

pastiche – imitação do estilo de um autor. Exemplo: Escrever ao estilo de Machado de Assis, cantar ao

estilo de Coldplay, pintar ao estilo de Pablo Picasso, etc.

paródia – consiste na retomada de um texto ou composição com o objetivo de desconstruir ou reconstruir sua forma e/ou conteú-do. Essa desconstrução ou reconstrução tem a finalidade de ade-quar o texto a um novo contexto e, assim, criticar, subverter ou questionar valores ou conceitos.

Pesquise, na internet ou em livros, o poema Canção do exílio, do escritor romântico Gonçalves Dias, e outros textos que mantenham uma relação intertextual com essa obra.

Até agora, você observou diversos fatores que auxiliam na construção da coerência de um texto: conhecimento de mundo, conhecimento partilhado, inferência, horizonte de expectativa, suporte e contexto. Agora, é necessário considerar mais um desses fatores fundamentais para a construção da coerência textual: os elementos linguísticos.

Elementos linguísticos

Embora seja difícil compreender os múltiplos sentidos de um texto considerando somente as palavras que o compõem, é preciso reconhecer a importância dos elementos linguísticos para a produção de sentido. É por meio deles que se podem ativar conhecimentos prévios armazenados na memória e processá-los de forma a produzir sentidos, ajustando o conhecimento armazenado e o em armazenamento. Esse processo dará origem à construção de um acervo do qual não se dispunha, o qual será armazenado para que o ciclo recomece.

Paródia do poema

"Canção do Exílio"

@POR492

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a) Em sua opinião, qual a importância dos relacionamentos na vida das pessoas?

b) Como você acredita que se conquista alguém? Existe um par perfeito?

c) Converse com os colegas e discutam a respeito de como se estabelecem os relacionamentos na contem-poraneidade.

(UFPA) “Aprender a aprender e fazer o aluno tomar gosto pela coisa é a grande missão dos educa-dores.” O termo em destaque remete à ideia dea) apreensão de conhecimentos.

b) modelos de ensino.

c) obrigação de estudar.

d) prazer da leitura.

e) concorrência profissional.

Processos de construção de sentido II: recursos coesivos

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18 Sem sentido não há sentido: a coerência e a coesão na construção do texto

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REIS, Nando. All Star. In: MTV ao vivo – Nando Reis e os Infernais. Rio de Janeiro: Universal Music, 2004. 1 CD, digital, estéreo. Faixa 12.

ALL STAR

1. Qual o tema da música “All star”?

2. Analise o primeiro verso da canção e assinale a alternativa que corresponde ao efeito de sentido proposto:

“Estranho seria se eu não me apaixonasse por você”

a) O “eu lírico” é estranho porque não se apaixona pela pessoa a quem se dirige.

b) A pessoa a quem o “eu lírico” se dirige é estranha.

c) Um estranho está se colocando entre o “eu lírico” e a pessoa a quem ele se dirige.

d) O “eu lírico” é apaixonado pela pessoa a quem ele se dirige e acha isso muito natural.

e) O “eu lírico” é apaixonado pela pessoa a quem ele se dirige e acha isso muito estranho.

Estranho seria se eu não me apaixonasse por você

O sal viria doce para os novos lábios

Colombo procurou as Índias, mas a terra avistou em você

O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário

Estranho é gostar tanto do seu all star azul

Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras

Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador

Aperto o 12 que é o seu andar não vejo a hora de te encontrar

E continuar aquela conversa

Que não terminamos ontem, ficou pra hoje

Estranho, mas já me sinto como um velho amigo seu

Seu all star azul combina com o meu preto de cano alto

O texto a seguir é uma música do cantor e compositor Nando Reis. Leia-o e, depois, responda às questões propostas.

Se o homem já pisou na lua, como eu ainda não tenho

seu endereço

O tom que eu canto as minhas músicas para a tua voz

parece exato

Estranho é gostar tanto do seu all star azul

Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras

Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador

Aperto o 12 que é o seu andar não vejo a hora de te encontrar

E continuar aquela conversa

Que não terminamos ontem, Laranjeiras

Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador

Aperto o 12 que é o seu andar não vejo a hora de te encontrar

E continuar aquela conversa

Que não terminamos ontem, ficou pra hoje

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19Ensino Médio | Modular

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3. Com base na análise do verso “Colombo procurou as Índias, mas a terra avistou em você”, é possível inferir que:

a) as Índias chamaram mais a atenção do “eu lírico” do que a pessoa a quem ele se dirige.

b) o “eu lírico” considera a pessoa amada uma espécie de abrigo, um porto seguro.

c) o “eu lírico” considera a pessoa amada uma ilusão, já que, assim como Colombo procurava o caminho para as Índias, o “eu lírico” procura outra coisa e não a pessoa a quem ele se dirige.

d) Colombo foi utilizado pelo “eu lírico” como um exemplo de conquistador, já que conquistou a pessoa amada.

4. O “eu lírico” revela gostar somente da pessoa amada ou de tudo o que a cerca? Justifique sua resposta com elementos do texto.

5. O “eu lírico” e a pessoa amada a quem ele se dirige são um par perfeito? Justifique sua resposta com trechos do texto.

6. Considerando a letra da música, que leituras podem ser feitas do seguinte verso: “Se o homem já pisou na lua, como eu ainda não tenho seu endereço?”.

7. Utilizando seu conhecimento de língua inglesa e os sentidos construídos com base na análise da letra da música, justifique o uso do título: “All star”.

8. Em que verso encontramos um paradoxo?

a) “O sal viria doce para os novos lábios.”

b) “Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador.”

c) “Estranho, mas já me sinto como um velho amigo seu.”

9. Transcreva o verso que apresenta o uso do recurso da prosopopeia.

Há vários recursos que auxiliam na construção dos sentidos de um texto. Esses recursos têm função coesiva (substituem palavras para evitar repetições), relacional (palavras que se relacionam por perten-cerem a um mesmo frame) e polissêmica (palavras com múltiplos sentidos). A seguir, são apresentados alguns desses recursos e a importância que desempenham na construção dos sentidos de um texto.

20 Sem sentido não há sentido: a coerência e a coesão na construção do texto

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Observe o verso retirado da música “All star”: “Estranho, mas já me sinto como um velho ami-go seu.” Considerando o contexto da música, explique qual o significado mais adequado para o termo “velho amigo”.

A polissemia é um recurso muito usado para multiplicar sentidos em textos conotativos.

SinonímiaQuando duas ou mais palavras apresentam significados parecidos.Ex.: fraco, débil, frágil.A sinonímia é muito usada como elemento coesivo para evitar a repetição de uma palavra ao

longo do texto.

AntonímiaQuando duas ou mais palavras apresentam significados contrários.Ex.: bem/mal, forte/fraco.

Campo lexicalÉ o conjunto de palavras que apresenta a mesma derivação radical ou que pertence à mesma área

de conhecimento.Exemplos:

pedra: pedreira, pedrada, pedregulho, Pedrita, Pedro. informática: mouse, HD, teclado, internet, CPU, monitor, CD, gigabyte, memória, etc.

Conforme o grau de abrangência ou especificidade que desempenham no campo lexical, as palavras podem ser classificadas em:

hiperônimas: palavras que possuem maior abrangência lexical. Ex.: informática. hipônimas: palavras específicas que possuem menor abrangência lexical. Ex.: mouse, HD, teclado, internet, CPU, monitor, CD, gigabyte, memória.

Atentar aos campos lexical e semântico das palavras é fundamental para enriquecer a leitura de um texto.

Campo semânticoO campo semântico é o conjunto de significados de uma palavra e

pode ser estabelecido por polissemia, sinonímia e antonímia.

PolissemiaQuando uma mesma palavra apresenta mais de um significado

(poli = muitos + semia = significado).Exemplo: casa = habitação, orifício por onde passa o botão em uma

camisa, cada um dos quadrados de um tabuleiro de xadrez, presente do indicativo do verbo casar (Ele se casa hoje).

No caso da polissemia, é por meio do contexto que se perceberá o significado mais adequado para a palavra.

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Dicionário

Aurélio on-line@POR871

LÍNGUA PORTUGUESA

Ensino Médio | Modular 21

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1. Observe o verso abaixo:

“Colombo procurou as Índias, mas a terra avistou em você”.

Explique qual foi a contribuição do campo semântico da palavra “Colombo” para a constru-ção dos sentidos.

2. Ainda analisando a música de Nando Reis, leia os versos a seguir, observe as palavras em des-taque e faça uma lista de palavras que pertençam aos mesmos campos semântico e lexical da palavra destacada:

a) “O sal viria doce para os novos lábios.”

b) “Estranho é gostar tanto do seu all star azul.”

c) “Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras.”

d) “Se o homem já pisou na lua, como eu ainda não tenho seu endereço?”

e) “O tom que eu canto as minhas músicas para a tua voz parece exato.”

Muitas histórias de amor representadas no cinema e na televisão possuem uma trilha sonora que ajuda a torná-las inesquecíveis. Reúna-se com um colega e selecionem a trilha sonora da história de um par romântico de algum filme e/ou telenovela. Em seguida, vocês devem:

a) eleger algumas palavras-chave da música escolhida e fazer uma lista de palavras que pertençam aos mesmos campos semântico e lexical, a fim de medir as redes significativas que esses termos podem sugerir.

b) organizar uma apresentação em slides da música escolhida e apresentar para a turma as diversas leituras que dela podem ser feitas.

Sugestão: Inserir legenda para que a turma acompanhe a letra. Se a música estiver em outra língua, colocar a tradução durante a exibição de sua apresentação ou vídeo.

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Conectores ou articuladores discursivos

(ENEM)Cuitelinho

Cheguei na bera do porto

Onde as onda se espaia.

As garça dá meia volta,

Senta na bera da praia.

E o cuitelinho não gosta

Que o botão da rosa caia.

Quando eu vim da minha terra,

Despedi da parentaia.

Eu entrei em Mato Grosso,

Dei em terras paraguaia.

Lá tinha revolução,

Enfrentei fortes bataia.

A tua saudade corta

Como o aço de navaia.

O coração fica aflito,

Bate uma e outra faia.

E os oio se enche d´água

Que até a vista se atrapaia.

Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó.

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004.

Transmitida por gerações, a canção “Cuitelinho” manifesta aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua forma de falar, além de registrar um momento histórico.

Depreende-se disso que a importância em preservar a produção cultural de uma nação consiste no fato de que produções como a canção “Cuitelinho” evidenciam a

a) recriação da realidade brasileira de forma ficcional.

b) criação neológica na língua portuguesa.

c) formação da identidade nacional por meio da tradição oral.

d) incorreção da língua portuguesa que é falada por pessoas do interior do Brasil.

e) padronização de palavras que variam regionalmente, mas possuem mesmo significado.

(ENE

Estabelecer metas é uma necessidade para quem deseja atingir um objetivo, mas, entre a seta e o alvo, às vezes, há obstáculos que separam as pessoas de seus objetivos.

a) Para se atingir uma meta, basta planejar, organizar e agir? Isso é garantia de que os planos serão concretizados satisfatoriamente?

b) Você já passou por uma situação em que fez tudo certo para conseguir algo e, quando estava quase conseguindo, deu tudo errado?

c) Você acredita que há pessoas que são “azaradas”?

d) Por que algumas pessoas conseguem as coisas que desejam e outras, nas mesmas condições, não conseguem?

e) Em sua opinião, o sucesso é uma questão de empenho ou é preciso também ter sorte?

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1. O texto tem o objetivo de

a) apresentar o cientista estadunidense Edward A. Murphy Jr. e suas contribuições para a ciência moderna.

b) divulgar os trabalhos do físico Robert Matthews e suas pesquisas sobre a lei de Murphy.

c) mostrar como a lei de Murphy pode ser aplicada na vida prática.

d) divulgar o livro Ideias geniais, apresentando um dos seus tópicos: a lei de Muphy.

e) apresentar a Lei da Torrada em Queda e suas implicações na Lei da Gravidade de Isaac Newton.

2. O paradoxo designa o que é aparentemente contraditório, mas que, apesar disso, tem sentido. Explique o paradoxo existente na frase: “Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará”.

Muitas vezes, o acaso é um obstáculo que separa a seta da meta. Leia o texto a seguir e conheça a famosa lei de Murphy.

Descubra se a lei de Murphy tem fundamento científico

“Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará” é a afirmação atribuída ao cientista norte--americano Edward A. Murphy Jr. (1917-1990). A famosa lei é expressa de várias formas, muitas de maneira humorística. Matematicamente ela é descrita como 1 + 1 * 2, onde * significa “quase nunca”.

Apesar de intuitivamente verdadeira e irrefutável, a lei de Murphy não é considerada uma lei pela comunidade científica.

Conta-se que no ano de 1949, em uma base da Força Aérea norte-americana, um grupo de cien-tistas testava quanta desaceleração uma pessoa poderia suportar. Após diversos testes, descobriu-se que os medidores de precisão estavam conectados de maneira errada. O experimento estava perdido. Irritado com o técnico responsável, Murphy resmungou a lei que o imortalizou.

O físico Robert Matthews alegou fornecer a primeira evidência da veracidade da teoria no ensaio “A Torrada em Queda, a Lei de Murphy e as constantes fundamentais”, publicado em 1995.

Fundamentado em cálculos complexos e experimentos questionáveis, Matthews examinou a suposta tendência natural de queda de uma torrada. Em 9.821 quedas, 6.101 caíram com a manteiga para baixo.

Ideias geniais traz detalhes da lei de Murphy e outras 170 teorias, teoremas, paradoxos e prin-cípios científicos. A cada página, o leitor encontrará o nome popular da ideia, o nome do cientista – com ano da descoberta, data de nascimento e nacionalidade –, um resumo e uma explicação que demonstra sua relevância.

DESCUBRA se a lei de Murphy tem fundamento científico. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/ 941129-descubra-se-a-lei-de-murphy-tem-fundamento-cientifico.shtml>. Acesso em: 10 dez. 2011.

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3. Considerando a leitura integral do texto, explique o raciocínio representado pela fórmula 1 + 1 * 2.

4. O que o trecho “Fundamentado em cálculos complexos e experimentos questionáveis”, que inicia o penúltimo parágrafo, antecipa sobre a experiência da Torrada em Queda, feita pelo físico Robert Matthews?

5. Que relação o trecho “Apesar de intuitivamente verdadeira e irrefutável” estabelece entre o primeiro e o segundo parágrafo?

Nesta unidade, você viu que as orações podem ser coordenadas entre si. A coordenação pode ser feita por meio de vírgulas ou por conjunções coordenativas. Esses recursos são fundamentais para se organizarem as ideias de modo coeso e coerente, desempenhando, juntamente com outros termos, a função de conectores ou articuladores do discurso.

Os articuladores unem não somente as orações, mas também os períodos e os parágrafos entre si. Observe o exemplo a seguir:

“Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará” é a afirmação atribuída ao cientista norte--americano Edward A. Murphy Jr. (1917-1990). A famosa lei é expressa de várias formas, muitas de maneira humorística. Matematicamente ela é descrita como 1 + 1 * 2, onde * significa ‘quase nunca’.

Apesar de intuitivamente verdadeira e irrefutável, a lei de Murphy não é considerada uma lei pela comunidade científica”.

Repare que a expressão em negrito une o segundo parágrafo ao primeiro, estabelecendo uma relação de restrição, ou seja, no primeiro parágrafo, há a apresentação da “famosa” lei de Murphy e, no segundo, aparece uma restrição a essa lei: o fato de ela não ser considerada uma lei pela co-munidade científica.

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As ligações entre as orações em um período, entre os períodos em um parágrafo e entre os pará-grafos entre si podem ser feitas por meio de palavras ou expressões conhecidas como conectores ou articuladores discursivos.

A seguir, há uma relação de alguns articuladores discursivos e as ideias que eles podem expressar.

Interdependência semântica Conectores Usam-se para

Adiçãoe, além disso, e ainda, não só... mas também, por um lado... por outro (lado), nem

Adicionar ideias

Causapois, pois que, porque, por causa de, dado que, já que, uma vez que, porquanto

Anunciar uma ideia de causa

Certezaé evidente que, certamente, decerto, com toda a certeza, natu-ralmente, evidentemente

Expressar um fato dado como certo

Consequência por tudo isso, de modo que, tanto... que, de tal forma que, por isso Indicar uma consequência

Chamar a atenção note-se que, atente-se em, repare-se, veja-se, constate-seChamar a atenção para uma ideia

Dúvidatalvez, é provável que, é possível que, provavelmente, possivel-mente, porventura

Expressar dúvida sobre uma ideia ou um fato

Esclarecer(não) significa isto que, quer dizer, não se pense que, com isto não pretendemos

Esclarecer uma ideia

Exemplificarpor exemplo, isto é, como se pode ver, é o caso de, é o que se passa com

Exemplificar uma tese ou ideia

Finalidade para, para que, com o intuito de, a fim de, com o objetivo de Expressar finalidade

Hipótese, condiçãose, a menos que, supondo que, (mesmo) admitindo que, salvo se, exceto se

Apresentar uma condição para a ideia

Ligação temporal após, antes, depois, em seguida, seguidamente, até que, quando Localizar a ideia no tempo

Opiniãoa meu ver, creio que, em nosso entender, parece-me que, acre-dito que

Expressar uma opinião

Oposição, restrição, concessão

mas, apesar de, no entanto, porém, contudo, todavia, por outro lado

Opor ou contrastar ideias

Para explicitaristo é, ou seja, aliás, ou antes, ou melhor, melhor dizendo, então, tomemos como exemplo, pode-se dizer que, pode-se afirmar que, neste caso, assim, por vezes

Esclarecer uma ideia ou ponto de vista

Para provarcom efeito, sem dúvida, de certo, com certeza, efetivamente, deste modo, na verdade, sem dúvida, como vimos, de fato, ora

Provar uma tese

Para concluirem conclusão, finalmente, por todas essas razões, concluindo, em resumo, em suma, portanto, consequentemente, em conse-quência, definitivamente

Finalizar um raciocínio

Para ilustrar, enfatizar ou reforçar uma ideia

assim, como se pode verificar, é importante frisar que... importa salientar, note-se... veja-se... efetivamente, com efeito, na ver-dade, como vimos, além de, além disso, ainda, sobretudo, neste caso, também, por esta razão, de acordo com, como já foi dito, por isso, na maioria, em virtude de, deste modo

Enfatizar um fato ou ideia

Para atenuar ou restringir

pelo menos, ressalve-se... neste caso, no entanto, todavia, porém, contudo, por outro lado

Atenuar uma afirmação ou ideia

Reafirmação, resumo

por outras palavras, ou melhor, ou seja, em resumo, em suma Resumir uma ideia

Semelhança do mesmo modo, tal como, assim como, pela mesma razão Comparar fatos ou ideias

26 Sem sentido não há sentido: a coerência e a coesão na construção do texto

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1. Complete o texto a seguir com os articuladores do discurso que correspondam ao sentido pretendido, procurando manter a coesão e a coerência. Você pode consultar a tabela de articuladores, mas cuida-do: nenhum articulador deve ser usado indistintamente. Você precisa avaliar seu emprego no texto para descobrir se é adequado.

Meu sonho é ter uma brilhante carreira profissional, (conclusão) vou me

dedicar aos estudos. Estudar dá trabalho, (oposição) é um recurso fundamental para se

ter sucesso.

O estudo, quando levado a sério, deve ser regular, consistente (adicionar uma ideia)

contínuo (finali dade) dê resultados. (dar

uma opinião) o fracasso de alguns estudantes se deve ao fato de que muitos não têm paciência

(adiciona elementos/ideias) meta definida (consequência) desistem

facilmente. (exprimir a dúvida) isso ocorra em consequência da facilidade ofertada

pelo mundo atual, onde tudo é encontrado quase pronto para ser rapidamente consumido.

(ilustrar a ideia apresentada no parágrafo anterior) a busca por

facilidades não vai garantir o êxito escolar. Esse êxito só se consegue com o empenho de cada um

(adiciona elementos/ideias) depende da sua própria vontade.

(exprime um fato certo) o sucesso não acontece por acaso, (con-

clusão) é preciso dedicação para se atingir uma meta.

2. As frases a seguir dão a conhecidas leis um tom bem humorado, baseadas na famosa lei de Murphy. Leia-as e faça o que se pede.

1. Lei da gravidade

Se você consegue manter a cabeça enquanto, à sua volta todos estão perdendo a deles, provavelmente você não entende a gravidade da situação.

a) Explique o humor presente no texto.

Get

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b) Considerando a resposta dada na questão anterior, justifique o título “Lei da gravidade”.

c) Reescreva o texto, substituindo o termo em negrito por outro, sem lhe alterar o sentido.

2. Leis dos vestibulares, provas e afins

Folh

apre

ss/F

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ens/

Lean

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Mor

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– Se o curso que você mais desejava fazer só tem 50 vagas, pode ter certeza de que você passará no vestibular em 51.º lugar.

– Saiba que 80% da prova será baseada na única aula que você perdeu, em 3 anos de Ensino Médio, e no único livro que você não leu.

– A citação mais valiosa para a sua redação será aquela de cujo autor você não consegue se lembrar.

a) Reescreva o texto unindo todas as ideias em um mesmo parágrafo.

3. Leis da queda livre

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ages

/Stu

art M

inze

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– Qualquer esforço para agarrar um objeto em queda provocará mais destruição do que se deixás-semos o objeto cair naturalmente.

– A probabilidade de o pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor do carpete.

28 Sem sentido não há sentido: a coerência e a coesão na construção do texto

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– O gato sempre cai em pé, mas não adianta amarrar o pão com manteiga nas costas do gato e jogá-lo no carpete, pois o gato comerá o pão antes de cair em pé.

a) Explique o humor contido na primeira frase.

b) Explique o humor contido na segunda frase.

c) Reescreva a última frase, substituindo os termos em negrito por outros, sem alterar o sentido do texto.

4. Lei da relatividade documentada

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/Im

ages

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e

– Nada é tão fácil quanto parece e nem tão difícil quanto parece na explicação do manual.

Explique a relação que os conectores em destaque estabelecem entre as duas orações.

5. Lei da procura indireta

– O modo mais rápido de encontrar uma coisa é procurar outra.

– Você sempre encontra aquilo que não está procurando.

Una as duas frases em um mesmo período.

Shut

ters

tock

/Phi

lippo

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Anotações

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