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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES CURSO DE NUTRIÇÃO DIETA VEGETARIANA: RAZÕES E IMPACTOS NA SAÚDE NICOLE MAGLUF MITTIDIERO ROSA FABRES RIO DE JANEIRO 2016

CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE ......(2012), o consumo de vegetais, por conter uma variedade de vitaminas e minerais, é eficiente para a resistência a doenças e melhoram o

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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR – LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO DE NUTRIÇÃO

DIETA VEGETARIANA: RAZÕES E IMPACTOS NA SAÚDE

NICOLE MAGLUF MITTIDIERO ROSA FABRES

RIO DE JANEIRO 2016

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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR – LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO DE NUTRIÇÃO

DIETA VEGETARIANA: RAZÕES E IMPACTOS NA SAÚDE

NICOLE MAGLUF MITTIDIERO ROSA FABRES

Orientadora: Profª Juliana dos Santos Vilar

RIO DE JANEIRO 2016

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Nutrição do Centro Universitário IBMR/Laureate International Universities, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em Nutrição.

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NICOLE MAGLUF MITTIDIERO ROSA FABRES

DIETA VEGETARIANA: RAZÕES E IMPACTOS NA SAÚDE

Banca examinadora composta para defesa de Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição Aprovada em:_____ de____________________ de_____. Presidente Orientador:_____________________________________________ Membro Avaliador:________________________________________________

RIO DE JANEIRO 2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família por estar presente nessa jornada, principalmente meus

pais que me apoiaram e me incentivaram a querer evoluir e me tornar uma

profissional dessa área que eu sou apaixonada.

Agradeço aos professores que sempre estiveram a disposição de me ajudar, e que

me passaram conhecimentos fazendo com que eu chegasse aqui com a certeza do

que escolhi para minha vida.

Agradeço a minha orientadora, Juliana dos Santos Alves, por toda sua paciência, me

passando tranquilidade e muita sabedoria para que esse trabalho fosse concluído da

melhor maneira possível.

Agradeço aos meus colegas de sala, que compartilharam todos os momentos felizes

e angustiantes durante o curso todo e, principalmente, nesse último período de

correria, foram essenciais para que tudo desse certo.

E graças a todos vocês, hoje, sei que é a Nutrição que me faz feliz e me faz querer

crescer e me tornar cada dia melhor.

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"Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”.

Hipócrates

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FABRES, Nicole Magluf Mittidiero Rosa Dieta vegetariana: razões e impactos na saúde. Rio de Janeiro, 2016, 37 páginas. Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Nutrição, Centro Universitário IBMR/Laureate International Universities. RESUMO

A adesão ao vegetarianismo pode ser justificada por diversos fatores, sendo o principal deles a saúde. Ela está relacionada a menores prevalências de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e canceres de diversos tipos. Com o propósito de revisar os aspectos relacionados a prática do vegetarianismo, foi realizada uma revisão de literatura, através de buscas de dados e informações em livros didáticos, artigos científicos de revistas e jornais científicos para demonstrar benefícios e riscos nutricionais que o vegetarianismo pode proporcionar, uma vez que os números de vegetarianos são cada dia mais crescente. As dietas vegetarianas têm classificações que incluem veganos, semivegetarianos, lactovegetarianos, ovovegetarianos, ovolactovegetarianos. O vegetarianismo tem suas origens desde o início da criação do homem, principalmente porque as pessoas dessa época pregavam que animais, não humanos, não possuem alma nem razão, e só respondem a provocações como autômatos. Há diversas práticas dietéticas com objetivos diferentes para a saúde e é muito comum, indivíduos que se dizem vegetarianos, consumirem carnes. Existem divisões para vegetarianos e é exatamente essa inclusão ou exclusão, de alimentos de origem animal, que determinam essa classificação. Para que cada tipo de vegetariano tenha um planejamento dietético equilibrado, e que auxiliam uma alimentação saudável, foi criado a pirâmide alimentar do vegetariano, porém só as informações do guia não são suficientes para um planejamento adequado, mostrando assim a importância de um profissional da nutrição para planejar e adequar a dieta dentro das necessidades nutricionais.

Palavras-chave: Dieta Vegetariana, Veganos, Doença Crônica, Micronutrientes,

Macronutrientes.

.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Guia alimentar da pirâmide vegetariana.............................................. 19

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Recomendação de ingestão de macronutrientes pelas DRIs............ 20

Quadro 2. Recomendação de ingestão de ômega-3 pelas DRIs........................ 22

Quadro 3. Recomendação de ingestão de ferro para vegetarianos e onívoros.. 24

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LISTA DE SIGLAS

ATP - Adenosina Trifosfato

DHA - Decosaexaenóico

DRI - Dietary Reference Intakes

EPA – Eicosaentaenóico

HCT- Hematócrito

HCY – Homocisteína

HDL - Lipoproteína de Alta Densidade

HGB – Hemoglobina

LDL - Lipoproteína de Baixa Densidade

MCV - Volume Corpuscular Médio

MMA – Metilmalon

RDA - Recomendação Diária Alimentar

USDA - Departamento de Agricultores Norte Americanos

VCT - Valor Calórico Total

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SUMÁRIO

1. Introdução 10

2. Objetivos 11

2.1 Objetivo geral 11

2.2 Objetivos específicos 11

3. Materiais e Métodos 12

4. Revisão de Literatura 13

4.1 História do Vegetarianismo 13

4.2 Padrões de Dietas Vegetarianas 14

4.3 Motivos para adoção do Vegetarianismo 14

4.4 Recomendações Nutricionais 18

4.5 Impactos do Vegetarianismo na Saúde 24

5. Considerações Finais 30

6. Referências Bibliográficas 31

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1. INTRODUÇÃO

A adesão ao vegetarianismo pode ser justificada por diversos fatores, sendo o

principal deles a saúde. A dieta vegetariana relaciona-se com menores prevalências

de diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão e cânceres como câncer de

mama e de cólon (COURCEIRO et al., 2008).

Por ser uma alimentação com alta ingestão de derivados de frutas, hortaliças,

cereais integrais, leguminosas, nozes, soja e vários produtos, tem baixo teor de

gorduras totais e ácidos graxos saturados; possui alto conteúdo de fibras

alimentares, fitoquímicos incluindo fitoesteróis, compostos fenólicos, carotenóides,

flavonóides e saponinas (CRAIG, 2010).

As dietas vegetarianas têm classificações que incluem veganos,

semivegetarianos, lactovegetarianos, ovovegetarianos, ovolactovegetarianos. Cada

tipo exclui ou inclui certos alimentos (LI, 2014).

Segundo Spindler (2009), a ingestão calórica reduzida pode melhorar a saúde.

Porém, Everitt et al. (2006) diz que isso não é mais o importante, deve-se ter

atenção em adequar a dieta de acordo com a qualidade dos nutrientes ingeridos.

O planejamento dos vegetarianos exige restrições sobre o tipo, a forma, ou a

quantidade de carboidratos na dieta e lipídios ingeridos. Os benefícios para a saúde

estão bem estabelecidos, por ser uma dieta apropriada para fornecer carboidratos

não refinados e diminuir o consumo de alimentos processados e açúcares simples,

bem como gorduras saturadas e trans, aditivos e conservantes (ALLEMAN et al.,

2013).

Segundo Ahn et al. (2012), o consumo de vegetais, por conter uma variedade

de vitaminas e minerais, é eficiente para a resistência a doenças e melhoram o

trânsito intestinal pela presença da fibra. Além disso, o poder antioxidante de alguns

componentes vegetais protegem as células contra os danos induzidos pela oxidação

e influenciam também na redução de risco de ocorrência de doenças crônicas como

obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e cânceres.

Neste contexto, observa-se a necessidade de desenvolvimento de um trabalho

científico que aborde o tema, com o objetivo de relatar a importância das vantagens

e das desvantagens ao adotar uma dieta vegetariana e demonstrar o quanto é

importante o papel do nutricionista, uma vez que o número de indivíduos, que tem se

tornado vegetariano é cada dia mais crescente.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Revisar os aspectos relacionados a prática do vegetarianismo.

2.2 Objetivos Específicos

Descrever os padrões de dietas vegetarianas

Relatar os motivos para adoção do vegetarianismo

Revisar as recomendações nutricionais para a adequação da dieta vegetariana

Demonstrar os benefícios e riscos nutricionais que o vegetarianismo pode

proporcionar

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3. MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado através de uma revisão de literatura a partir do

levantamento de artigos científicos publicados entre os anos de 1990-2016, nas

bases de dados online SCIELO, BIREME, PubMed, e Periódico Capes.

Como critérios de inclusão utilizaram-se artigos científicos, revistas e periódicos

que discutiam sobre as dietas vegetarianas assim como suas razões e impactos na

saúde, com dados e publicações dos últimos 26 anos, nos idiomas português e

inglês.

Como critérios de exclusão, livros, artigos científicos, revistas e periódicos que

não se encaixem no tema proposto, com dados e publicações com mais de 26 anos

e em outros idiomas diferentes dos propostos.

As palavras-chave utilizadas foram: Dieta Vegetariana, Veganos, Doença

Crônica, Micronutrientes, Macronutrientes.

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4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1 HISTÓRIA DO VEGETARIANISMO

A prática do vegetarianismo é antiga e já era realizada há 5 milhões de anos.

No passado a população se alimentava somente de frutas, folhas e sementes,

vivendo em harmonia com os menores animais. Porém, essa realidade mudou a

partir do momento em que o fogo e a evolução das armas começam a dominar. Em

grupo, caçavam animais de grande e pequeno porte e aproveitavam

cuidadosamente de cada parte do corpo desses animais. Com a evolução os

humanos começaram a criar culturas de vegetais fixas, que atraiam animais como

cães, ovelhas, cabras, ratos, felinos de porte pequeno, que foram sendo cuidados,

educados e alguns deles eram mortos para o consumo (RODRIGUES, 2005).

O vegetarianismo tem suas origens desde o início da criação da humanidade.

Uma de suas notas mais reconhecidas foi retirada no Velho Testamento, na

passagem em que Deus diz para Adão e Eva qual seria seu alimento (COUCEIRO

et al., 2008).

Compreendendo ainda a origem do vegetarianismo, Greif (2002) diz que se

originou principalmente de fundamentos de religiões orientais, do hinduísmo e outras

religiões que não permitem o consumo de carne, com o objetivo de manter o corpo

puro. A aplicação também é remetida ao filósofo Platão e outros filósofos gregos

como Pitágoras que adotavam o vegetarianismo.

O vegetarianismo também é concedido na Roma Antiga e na Grécia, iniciado

por Pitágoras que dizia se praticar uma dieta sem carne por três motivos: respeito

religioso, saúde física e responsabilidade ecológica (SOUZA et al., 2010).

A ideia foi defendida com uma meditação que dizia que animais não humanos

não possuem alma nem razão, e só respondem a provocações como autômatos.

Essa concepção foi rejeitada e desacreditada, há séculos, pelas evidencias

científicas, porém ela continua forte no popular ocidental até hoje (SCHULTE et al.,

2011).

Benjamim Franklin, no século XVIII, foi entre os cientistas, médicos e

filósofos, o mais famoso a apoiar as dietas vegetarianas. Porém, só no século XIX,

com a formação de sociedades, centros de saúdes, publicação de livros e novos

restaurantes, promovendo as dietas vegetarianas, o vegetarianismo se expandiu de

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maneira considerável. E no século XX ocorreu uma expansão maior ainda com o

interesse e o conhecimento sobre o assunto (JOHNSTON, 2003).

4.2 PADRÕES DE DIETAS VEGETARIANAS

Os vegetarianos adotam diferentes tipos de práticas dietéticas com

implicações distintas para a saúde. Não são atípicos indivíduos que se dizem

vegetarianos consumirem carne. As várias práticas dietéticas resultam em ingestões

nutricionais diferentes, fazendo com que o profissional de saúde se torne necessário

para verificar o que é ingerido e acompanhar a dieta (JOHNSTON, 2003).

A inclusão de produtos animais na dieta é o que classifica o tipo de dieta

vegetariana. Temos como vegano ou vegetariano puro/estrito, representam os que

não consomem nenhum produto de origem animal, e algumas pessoas veganas

também se negam a consumir mel e usar produtos animais como couro ou lã. Os

que incluem peixe são chamados de pescovegetarianos, e os que incluem ave são

chamados de polovegetarianos. Os lacto-vegetarianos são os que incluem leite e

laticínio na sua dieta e excluem qualquer tipo de carne. Ovolactovegetarianos além

de consumirem leite e laticínios e excluírem carne, também incluem os ovos na sua

alimentação. E os ovovegetarianos consomem apenas o ovo como alimento animal.

Porém, todos esses indivíduos são considerados vegetarianos (JOHNSTON, 2003).

Segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (2012), são

mais de 15 milhões de veganos/vegetarianos no Brasil. Isso representa cerca de 8%

da população nacional.

Vegetarianos ingerem menor quantidade de caloria alimentar, pelo fato da

sua dieta ser composta de menor quantidade total de gordura e proteínas. A dieta

vegetariana, quando comparada à onívora, é menos rica em colesterol e gordura

saturada e possui maior quantidade de fibras alimentares (PEDRO, 2010).

4.3 MOTIVOS PARA ADOÇÃO DO VEGETARIANISMO

O vegetarianismo começou na antiguidade, com a ajuda de Pitágoras; Leonardo

da Vinci; Voltaire; Gandhi; Tolstoy e Benjamim Franklin; entre outros, que defendiam

o vegetarianismo. Essa prática antiga foi confirmada com a descoberta de um fóssil

humano mais antigo na África Ocidental, em 1994, e com pesquisas revelou-se que

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era um fóssil de um vegetariano restrito, ou seja, se alimentava de grãos nozes e

vegetais (CURCELLI, 2008).

Segundo Souza et al. (2010), muitas religiões adotam a dieta vegetariana

com o objetivo de querer a elevação espiritual e o respeito pela vida dos animais.

Mestres antigos diziam que a carne passa energias carregadas para os que a

consomem.

Como exemplo, existem as religiões como: Upanishades (1000 a.C) que

acreditavam na reencarnação e diziam que ela só acontecia se tivesse a recusa da

carne; Buda, que ensinava a compaixão por todos os seres capazes de ter

sensações; Jainismo que indicava a não-violência a qualquer ser vivo (SHULTE et

al., 2011).

Apresentam-se como exemplo, também, os Adventistas do Sétimo Dia, que

são um grupo religioso conservador, conhecidos por sempre abordarem assuntos

sobre uma vida saudável. São conhecidos por praticarem o vegetarianismo e foram

um dos grupos mais pesquisados. Fizeram um primeiro estudo na Universidade de

Harvard para mostrar o estado nutricional desse grupo, sendo que metade dos

participantes eram indivíduos com alto risco, como adolescentes e grávidas. O

resultado da pesquisa mostrou evidencias fundamentais para comprovar que a

adesão a uma dieta vegetariana bem orientada proporciona benefícios

incontestáveis (COURCEIRO et al., 2008).

A adesão à dieta vegetariana também está relacionada à saúde, pois estudos

mostram que os vegetarianos tem pouca chance de desenvolver doenças como

diabetes, hipertensão arterial, obesidade, doenças cardíacas, entre outras e isso

ocorre pela ingestão aumentada de frutas e vegetais, que são principais

estimulantes de fatores fotoquímicos e fibras, são fatores que ajudam o nosso

organismo a diminuir o risco dessas doenças. Além de fumarem menos, é comum

eles possuírem um menor índice de massa corporal e praticarem mais atividade

física (SIZER; WHITNEY, 2003).

Um estudo publicado no final de 2006, na revista médica Archives of Internal

Medicine, relacionou o consumo de carne vermelha a um aumento no risco de

desenvolver o câncer de mama. Neste estudo participaram mais de 90 mil mulheres

com idades entre 26 e 46 anos que foram acompanhadas em um período de 12

anos. As mulheres que consumiam diariamente uma porção e meia de carne

vermelha tiveram dobrado o seu risco de desenvolver câncer de mama quando

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comparadas àquelas que consumiam apenas três porções ou menos de carne

vermelha por semana. (GUIMARÃES, 2007b)

O perfil lipídico dos vegetarianos é representado pela menor ingestão de

colesterol e gordura saturada e uma quantidade superior de ácidos graxos

polinsaturados. Por esse motivo as taxas séricas do colesterol total e de lipoproteína

de densidade baixa (LDL) são claramente inferiores ao dos indivíduos não

vegetarianos (THROGOOD et. al.,1990).

O alto consumo de fibras da dieta vegetariana também é um fator para o perfil

lipídico vantajoso dos vegetarianos. Taxas inferiores de tensão arterial foram

reveladas por alguns estudos, porém a causa desses valores ainda não foi bem

explicada. Uma possível causa seria pela ingestão elevada de potássio, que poderia

ser responsável por diminuir a resistência vascular periférica (HADDAD, 2003).

O perfil lipídico favorável do vegetariano e os valores de tensão arterial estão

ligados com os benefícios da dieta vegetariana no sistema cardiovascular.

Demonstrando assim, um menor acontecimento de doença isquêmica cardíaca,

podendo ser uma dieta indicada a doentes que sofreram situações cardiovasculares

junto com o controle de outros riscos, como a diminuição ou mesmo a cessação do

ato de fumar e o controle do estresse, ajudando também no controle da mobilidade

(BEDFORD; BARR, 2005).

O menor aparecimento de tumores na mama, colón e próstata foi apontado

pelo não consumo, ou baixo consumo de tecido animal. O depósito e concentração

de toxinas orgânicas ou inorgânicas desse tecido pode ser um fator para o possível

aparecimento desses tumores (HOWE et al., 1992).

Segundo a American Diabetes Association Position Statement (2002),

diabetes mellitus tipo 2 e a osteoporose são mais duas condições clínicas com

menores prevalências em vegetarianos. Na diabetes tipo 2, a menor incidência se dá

pela associação existente entre obesidade e ingestão proteica, os dois estão

reduzidos nos vegetarianos. A diminuição da glicose pós prandial se dá pela

ingestão de uma substância, chamada Plantix, que está presentes nas hortaliças, e

é um fator dito como protetor no aparecimento de diabetes tipo 2. Essa informação

foi retirada de um estudo feito com 99 adultos portadores de diabetes topo 2 e

acompanhados durante 22 dias. Foram divididos em 2 grupos, o grupo que praticou

dieta vegana consumiu fibras, carboidratos complexos e vários micronutrientes em

quantidades maiores ao segundo grupo que adotou uma dieta convencional para

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indivíduos com diabetes. Além de demonstrar redução no risco para doenças

cardiovasculares, o grupo que praticou a dieta vegana também mostrou melhores

resultados no controle do peso corporal e dos níveis de glicose no sangue.

Ainda no contexto saúde, os vegetarianos optam por uma dieta com menos

alimentos com conservantes que contém toxinas e mercúrio, que podemos definir,

respectivamente, como poluentes e venenos. Com isso, esses indivíduos não

correm risco de contaminação por microrganismos e toxinas presentes na carne, em

algumas bebidas industrializadas e vegetais que contêm agrotóxicos, por darem

preferência aos orgânicos, podendo causar doenças como febre aftosa, entre outras

(RODRIGUES, 2005).

Outra razão pela qual o vegetarianismo pode ser adotado é devido a

questões éticas, em resposta a sentimentos fortes de que os animais não podem ser

maltratados em fazendas industriais, ou então não deveriam ser mortos para se

tornar alimento. A exclusão de qualquer tipo de alimento de origem animal, pelos

veganos, se dá pela compreensão que na produção de ovos e leite existem

modificações industriais e químicas, mudando assim seu processo natural (SOUZA

et al., 2010).

As condições em que os animais são criados são cada vez mais precárias:

espaços muito pequenos, situações estressante, más condições de transporte e o

fato da cria serem retiradas da mãe fazendo com que os vegetarianos,

principalmente os veganos, se revoltem ainda mais, pelo fato dos mesmos terem

adotado esse estilo de vida pelo respeito às pessoas e aos animais (RODRIGUES,

2005).

Em relação às questões ambientais, metade das florestas tropicais foram

arruinadas para serem transformadas em pastos para gado. Mas se elas fossem

destinadas apenas para a cultura de vegetais e cereais, na mesma proporção,

alimentariam mais seres humanos. Sendo assim, cada 100 acres de terra produzem

carne para alimentar 20 pessoas, se fosse plantado trigo poderia ser produzido o

total para nutrir 240 pessoas. Fora isso, os produtores de carne são um dos maiores

poluidores de água do planeta (GONZAGA, 2006).

A quantidade de terras usadas para pastagem é um fator econômico, uma

vez que boa parte dessas terras poderia ser usada para lavoura, o que aumentaria a

produção de alimentos saudáveis, contribuindo assim com a fome da população.

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Além disso, a maioria dos nutrientes necessários para a sobrevivência é encontrada

nos alimentos naturais (SOUZA et al., 2010).

4.4 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS

Devido ao aumento do número de vegetarianos, mostrou-se a necessidade

de criar diretrizes para orientação dietética para vegetarianos. A pirâmide alimentar

foi criada pelo Departamento de Agricultura Norte-americano (USDA) em 1916. O

conceito é flexível, conveniente, fácil de ser compreendido e tinha como objetivo

orientar sobre uma alimentação saudável e equilibrada. Porém esse guia não possui

informações suficientes para um planejamento autônomo de dietas veganas

(COUCEIRO et al., 2008).

Segundo os grupos de alimentos da pirâmide, a base da pirâmide reproduz os

alimentos que devem ser consumidos em maior quantidade e o topo representa os

que devem ser consumidos em menor quantidade. Quando se sugere a ingestão de

determinado alimento em uma quantidade menor não significa obrigatoriamente um

risco de excesso alimentar deste alimento. Quer dizer, na maior parte, que a

quantidade ideal para atender a necessidade do organismo é menor quando

comparada às outras. As quantidades são demonstradas de forma geral porque a

recomendação individualizada só é feita após considerar o peso, altura, idade,

frequência de atividade física e objetivos. Claramente essas medidas e

recomendações só podem ser feitas por um profissional de nutrição e que tenha um

conhecimento sobre vegetarianismo (GUIMARÃES, 2007a).

Sem falar da recomendação individualizada, a recomendação generalizada

fica indicada em quantidades relativas ou proporções. Não importa qual seja a

prescrição individual, ela regularmente se mostrará nas proporções demarcadas

pela forma da pirâmide: mais cereais, um pouco menos de vegetais e frutas, uma

quantidade moderada de fontes proteicas e de cálcio, uma restrição ao consumo de

óleos e outros ingredientes processados. Em relação a essas quantidades

mostradas não condizem a cada uma das refeições, mas sim a quantidade total de

alimentos ingeridos durante 24 horas. Podendo assim variar os grupos de alimentos

em cada refeição durante o dia, suprindo a proporção correta de cada um no final do

dia (GUIMARÃES, 2007a).

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Figura 1: Guia alimentar da pirâmide vegetariana

Fonte: COUCEIRO; SLYWITCH; LENZ, 2008

Instrumentos para o planejamento de refeições específicas para os veganos

têm sido desenvolvidos. Um deles é o guia vegetariano, que debate a necessidade

do uso de suplementos que tenham nutrientes essenciais como: os carboidratos

(fonte principal de energia), os óleos e gorduras, as proteínas, as vitaminas, os

minerais e a água (KLAPER, 1999).

Considerando os grupos separadamente, a maior parte da energia que o

corpo necessita é encontrada através do grupo dos carboidratos. Essa energia é

acumulada como adenosina trifosfato, chamado de "combustível da célula". A ATP

pode ser extraída dos amidos, açúcares, óleos, cereais, batatas, frutas, nozes e

semente (KLAPER, 1999).

As proteínas quando combinadas com as leguminosas, que são cereais e

grãos, como: feijões, sementes, oleaginosas e vegetais verdes, podem fornecer

todos os aminoácidos essenciais necessários para o metabolismo das proteínas

humanas. (BERNINI, 2005).

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Encontramos as vitaminas e minerais nos vegetais verdes, amarelos e nas

frutas. Em casos específicos, um determinado tipo de vitamina ou mineral, necessita

ser suplementado como vitamina b12 e o cálcio (GONZAGA, 2006).

Para os veganos possuírem uma alimentação balanceada eles devem

consumir ferro, através de vegetais verdes escuros e leguminosas, vitamina C, pelos

alimentos integrais ricos em zinco; vitamina D, por meio de alimentos fortificados ou

exposição moderada ao sol e como mais importante um suplemento de vitamina

B12, obtida em alimentos enriquecidos, comprimidos e injetáveis (MOYLE, 2003).

Curcelli (2008) refere que a pirâmide de alimentos serve para orientar quanto

a necessidade diária média de cada grupo alimentar para adultos.

A pirâmide alimentar da dieta vegetariana tem na sua base pão, cereais, arroz

e massas. No segundo degrau estão presentes as frutas e verduras. No terceiro

degrau estão os substitutos de ovos e carne e no topo da pirâmide estão os doces e

as gorduras (ANGELIS, 2005).

Segundo o Guia alimentar de dietas vegetarianas para adultos (2012), a

quantidade e proporções de macronutrientes na dieta vegetariana tendem a mudar,

mas sempre estando dentro das recomendações das Dietary Reference Intakes,

seguindo esses valores:

Quadro 1: Recomendação de ingestão de macronutrientes pelas DRIs.

Macronutriente Porcentagem de ingestão calórica recomendada

Carboidrato 45 a 65%

Gordura 25 a 35%

Proteína 10 a 35%

Fonte: Guia Alimentar de Dietas Vegetarianas para adultos, 2012.

De acordo com os grupos de alimentos da pirâmide, no que se refere ao

grupo de grãos e cereais, que são representantes de fontes de nutrientes

fundamentais como carboidratos, fibras, vitaminas e energia. Dentre os alimentos

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que podem ser encontrados neste grupo pode-se citar: Batatas, farinhas, arroz

integral, milho, cevada, trigo integral, trigo sarraceno, sêmola, misturas de cereais

picados, aveia integral, farinha integral, farinha de aveia, granula e outros cereais

incluindo massas e pães integrais. A quantidade recomendada para este grupo é

entre 5 a 10 porções, sendo 1 porção equivalente a uma fatia de pão ou meia xícara

de cereal ou grão cozido, por exemplo. (CURCELLI, 2008).

Segundo o Guia Alimentar de Dietas Vegetarianas para adultos (2012), os

vegetarianos não consomem quantidades altas de carboidratos. A dieta quando

praticada sem alterações farmacêuticas específicas, fornece 51% a 62,7% do valor

calórico total de carboidrato.

De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira (2014), é

recomendado manter o consumo diário de arroz e feijão, tornando uma combinação

completa de aminoácidos essenciais. Uma vez que a proteína do arroz é pobre em

lisina, porém rica em metionina e cistina, e a proteína do feijão é rica em lisina e

pobre em metionina e cistina, a combinação desses dois alimentos fornece

nutrientes essenciais, uma vez que um completa o outro. Destacam-se importância

da combinação de cereais e leguminosas para melhorar a qualidade biológica das

proteínas ingeridas.

No que se refere ao grupo de leguminosas e substitutos da proteína animal,

fornecem nutrientes concentrado de proteínas vegetais, óleos, cálcio e traços de

outros minerais. Podem-se mencionar alimentos que fazem parte dessa categoria:

ervilhas, lentilhas, grão de bico, feijão preto, feijão mulatinho, feijão manteiga, feijão

fradinho, feijão azuki, soja. No caso da soja incluem-se todos os seus derivados

como: leite, queijo tofú, carne de soja, missô, shoyu. Amendoim e derivados e os

brotos que são: alfafa, soja, azuki e todas as vagens. As amêndoas, castanhas de

caju, castanhas do para, nozes, avelas, noz macadâmia, as sementes de abobora,

semente de girassol, semente de gergelim. A quantidade recomendada para este

grupo é entre 2 a 3 porções, sendo 1 porção equivalente a uma xicara de leite de

soja ou meia xícara de feijões cozidos, por exemplo (CURCELLI, 2008).

Quanto à qualidade do lipídeo ingerido, os vegetarianos consomem em menor

quantidade gordura saturada e em maior quantidade de gordura poliinsaturada. Eles

apresentam uma ingestão de gordura de 23% a 34% do VCT. Podendo chegar a

43% no caso de indivíduos ovolactovegetarianos (GUIA ALIMENTAR DE DIETAS

VEGETARIANAS EM ADULTOS, 2012).

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Demonstra-se que o ômega 3, por ser uma gordura poliinsaturadas

vegetarianos devem ter um consumo em maior quantidade de ômega 3, pelo motivo

de que na dieta deles o organismo tem que transforma-lo em ácido

eicosaentaenóico (EPA) e docosaexaenóico (DHA), formato já encontrado nos

alimentos de origem animal. Como essa transformação é menor em seres humanos,

o consumo deve ser potencializado (ROSELL et al., 2005).

O Guia alimentar de Dietas Vegetarianas para Adultos (2012), mostra que,

por essa conversão mostrar comprometida em vegetarianos, as DRI’s determinaram

que a quantidade de ômega 3 ingerida por vegetarianos devem ser o dobro da

ingerida por onívoros, são eles:

Quadro 2: Recomendação de ingestão de ômega-3 pelas DRIs.

Sexo (idade) Onívoro Vegetariano

Sexo Masculino (acima de 14

anos) 1,6 g 3,2 g

Sexo Feminino (acima de 14

anos) 1,1 g 2,2 g

Fonte: Guia Alimentar de Dietas Vegetarianas para adultos, 2012.

Em relação ao grupo das verduras que são alimentos que são fontes de

nutrientes como vitaminas, minerais e proteínas. Destacam-se os alimentos verdes

como: couve brócolis, couve manteiga, couve mineira, couve de Bruxelas, acelga,

chicória, alface, agrião, bertalha, espinafre, repolhos, mostarda, taioba, cerralha,

salsa, cebolinha, aipo, chuchu, pepino, quiabo, alcachofra, alho porró, pimentão. E

os amarelos: cenoura, abóbora, batata inglesa, batata doce, batata Baroa, pimentão

amarelo. A quantidade recomendada para este grupo é entre 3 a 6 porções, sendo 1

porção equivalente a uma xícara de vegetais crus ou meia xícara de vegetais

cozidos, por exemplo (CURCELLI, 2008).

A população vegetariana tem o consumo de proteína mais baixo, quando

comparada com onívoros. Sua ingestão é de 12% a 13,8% do VCT. Por mais que

essa ingestão seja menor, os vegetarianos consomem mais do que o necessário e

não correm perigo de desenvolver desnutrição proteica. DRI sugere que a ingestão

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saudável de proteína é de 10% a 15% do VCT, sendo assim os vegetarianos tem um

consumo mais apropriado de proteína (GUIA ALIMENTAR DE DIETAS

VEGETARIANAS PARA ADULTOS, 2012).

Quanto ao grupo de frutas ressaltam-se com fontes de calorias, vitaminas e

minerais. Dentre os alimentos que podem ser encontrados neste grupo pode-se

citar: bananas, laranjas, abacates, uvas, peras, macas, ameixas, pêssegos,

morangos, amoras, cerejas, jabuticabas, melancias, melões, mamãos, abacaxi, açaí,

caqui, coco, figos, jaca, mangas, maracujás, tomates. A quantidade recomendada

para este grupo é entre 2 a 4 porções, sendo a porção uma maça média, meia

banana ou meia xicara de suco, por exemplo (CURCELLI, 2008).

No que se refere ao grupo dos especiais, são alimentos fontes seguras de

vitamina B12 e minerais e o seu consumo é de suma importância quando se trata de

dietas vegetarias. Destacam-se os vegetais de raízes: cenouras, beterrabas, nabo,

cogumelos; os vegetais marinhos: algas arami, algas kombu, algas mori, algas

pirulina (CURCELLI, 2008).

Um estudo feito no Reino Unido com 33.883 onívoros e 31.546 vegetarianos,

mostrou que vegetarianos demonstram menor ingestão calórica, mas a ingestão dos

micronutrientes é a mesma ou até maior quando comparados com onívoros (DAVEY

et al., 2003).

Abordando a qualidade de ingestão de micronutrientes em vegetarianos, em

relação à vitamina b12 a dieta sem suplementação ou uso de alimentos enriquecidos

em vitamina b12, ou o não consumo dessa vitamina em quantidades apropriadas, ao

decorrer dos anos pode causar carências, uma vez que a quantidade armazenada

no fígado de vitamina b12 pode durar alguns anos (KOEBNICK et al., 2004).

Os ovolactovegetarianos, que tem o consumo regular de ovos ou laticínios,

conseguem atingir ou até mesmo exceder a RDA dessa vitamina, visto que ela está

presente nesses alimentos. A suplementação de vitamina b12 deve ser introduzida

para todos os vegetarianos (HERMANN; CEISEL, 2002).

Em relação à ingestão do ferro por vegetarianos, principalmente os veganos,

acaba sendo maior do que a de onívoros, juntamente com um consumo de

especificamente o dobro de vitamina C pelos vegetarianos. Mostrando que a

sociedade vegetariana apresenta a mesma dominância de anemia por carência de

ferro do que a sociedade onívora (HUNT, 2003).

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O Guia Alimentar de Dietas Vegetarianas para adultos (2012) diz que dietas

vegetarianas devem ter uma ingestão de ferro entre 8,3 a 16,6mg. Porém as DRI’s

estipulam uma margem de segurança, porque a mulher vegetariana tem que

absorver 2mg de ferro.

Quadro 3: Recomendação de ingestão de ferro para vegetarianos e onívoros.

Fonte: Guia Alimentar de Dietas Vegetarianas para adultos, 2012.

O cálcio consumido pelos vegetarianos, que fazem uma dieta que permite a

ingestão de leite e derivados, aparenta ser adequado. Os veganos tem uma ingestão

de cálcio entre 500 e 700mg por dia, sendo que a recomendação diária é de

1.000mg. Para melhorar e corrigir essa quantidade de cálcio ingerida é necessário

uma revisão dietética a fim de colocar mais alimentos ricos em cálcio e com menos

quantidades de compostos inibidores (WEAVER et al., 1999).

A saúde óssea do vegetariano é tão boa quanto à de onívoros. Os

vegetarianos costumam ter maior produção de vitamina D, maior consumo de

fitoestrogênio, consumo adequado de proteínas e alimentos de cinzas alcalinas, que

são fatores que beneficiam a saúde óssea (KERSTERTTER et al., 2003).

4.5 IMPACTOS DO VEGETARIANISMO NA SAÚDE

Segundo Courceiro (2008) a principal razão que leva a pessoa se tornar

vegetariana é a saúde. Há um forte entendimento de que a dieta vegetariana

proporciona mais saúde do que a dieta que contém alimentos de origem animal.

A exclusão dietética de carnes melhora na preservação do peso corporal,

diminui as doenças cardíacas, regula a pressão sanguínea, diminui o aparecimento

de cânceres e reduz as desordens do trato gastrointestinal. Porém o não consumo

Sexo (idade) Onívoro Vegetariano

Sexo Masculino (acima de 19

anos) 8 mg 16mg

Sexo Feminino (19 a 50 anos) 18 mg 36 mg

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de carne pode levar o aparecimento de algumas carências nutricionais como:

insuficiência de vitamina b12, vitamina D, ferro, ômega 3 e cálcio nos indivíduos

veganos que não consomem leite (ANGELIS, 2005).

Uma dieta equilibrada e bem orientada nutricionalmente faz com que os

veganos consigam ingerir todos os nutrientes sem terem o risco de excesso ou

deficiência. Entretanto, a vitamina b12, como é encontrada somente em alimentos

de origem animal, poderá ser substituída por alimentos industrializados enriquecidos

como, por exemplo: o leite de soja fortificado, cereais matinais ou então por pílulas

como suplemento. E o cálcio pode ser substituído da mesma forma e pelos mesmos

produtos (CURCELLI, 2008).

Mancini et al. (2010) diz que a deficiência da vitamina b12 pode causar

anemia, com isso é recomendado que todos os veganos se disponibilizem ao

acompanhamento nutricional. Para chegar ao diagnóstico dessa deficiência é

necessário fazer exames bioquímicos para detectar. Com o resultado, o médico ou

nutricionista saberá definir a quantidade de suplementação de b12 e a forma dessa

suplementação: via oral ou injetável.

Com a informação de possível deficiência de vitamina b12, foi feito um estudo

na Califórnia onde foi utilizada clorela, um suplemento que se diz conter forma

fisiologicamente ativa da vitamina b12, com o intuito de saber se a adição de 9g de

Clorela diariamente poderia ajudar a melhorar a deficiência desta vitamina em

vegetarianos e veganos. Foi realizado em 17 adultos veganos e vegetarianos entre

26 e 57 anos de idade que possuíam uma deficiência detectada de vitamina b12.

Com o uso de 9g de Clorela na dieta diariamente por 60 dias e, após 30 e 60 dias do

uso, foi medido os valores séricos de metilmalon basal, vitamina b12, homocisteína,

volume corpuscular médio, hemoglobina e hematócrito. O resultado mostrou que

após os 30 e 60 dias, 15 dos 17 indivíduos mostrou que o nível sérico de MMA

diminuiu significativamente, uma queda de 10% e ao mesmo tempo HCY diminuiu e

vitamina B12 sérica aumentou significativamente, enquanto MCV, HGB e HCT não

foram alterados os valores. Podendo concluir que a vitamina b12 em Clorela é

biodisponível e essa suplementação dietética é a melhor maneira natural para

vegetarianos e veganos obterem a vitamina b12 que eles necessitam diariamente.

(MERCHANT et al., 2015).

Foi realizado um estudo na Finlândia para comparar a ingestão dietética e o

estado nutricional em veganos e não vegetarianos em longo prazo. Foi registrado a

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ingestão alimentar e o uso de suplementos de 3 dias, avaliando o estado nutricional

pela medição de biomarcadores em amostras de plasma, urina e soro. Os veganos

se alimentaram estritamente à sua dieta, porém o que varia individualmente são os

hábitos alimentares e a suplementação usada. O resultado mostrou que a ingestão

de vitamina D e B12 na dieta dos veganos foram menores do que os não

vegetarianos. Os biomarcadores utilizados mostraram concentrações baixas de 25-

hidroxivitamina D3, iodo e selênio nos veganos e eles apresentaram um perfil de

ácidos graxos mais benéficos e maior concentração de polifenóis. As proporções de

ácido eicosapentaenoico em veganos foram maiores do que o esperado. E a

concentração de iodo na urina estava abaixo do recomendado nos dois grupos.

Concluindo assim que uma dieta vegana está associada a medidas laboratoriais

favoráveis e também com ingestão de alimentos ricos em nutrientes. Porém há uma

necessidade de um acompanhamento nutricional para dietas veganas (ELORINNE

et al., 2016).

Os veganos mostram maior padrão de peso ideal, valores séricos baixos de

pressão sanguíneos, valores baixos de lipídeos sérico, baixo ácido úrico e função

renal melhorada. Há também indícios de menor incidência de diabetes tipo 2 por

quem adere à dieta vegana (MOYLE, 2003).

Segundo Curcelli (2008) os vegetarianos tem menor tendência a desenvolver

doenças como taquicardia, câncer de mama e osteoporose, pois são doenças

ligadas ao excesso de ingestão de proteínas animais e gorduras saturadas. Além

disso, pessoas que possuem intolerância a lactose se beneficiam desse tipo de dieta

por há haver ingestão de leite.

Um estudo, feito na Croácia, com 100 indivíduos foi realizado para determinar

as diferenças entre a densidade hematológica, bioquímica e mineral óssea entre

vegetarianos, sendo eles veganos e ovolactovegetarianos e não vegetarianos.

Foram divididos em 50 vegetarianos (veganos e ovolactovegetarianos) e 50 não

vegetarianos e todos os participantes mediram os níveis séricos de eritrócitos,

hemoglobina, hematócrito, ferro, lipoproteína de baixa densidade (LDL), lipoproteína

de alta densidade (HDL), colesterol total, triglicerídeos e glicose. Os resultados

mostraram que os ovolactovegetarianos tiveram contagens de glóbulos vermelhos e

valores significativamente mais elevados de hematócrito, que os não vegetarianos.

Veganos também tiveram hematócrito maior que os não-vegetarianos. Os níveis

séricos de ferro nos grupos examinados foi encontrado diferença. Os níveis de ferro

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foram menores em veganos do que não-vegetarianos e ovolactovegetarianos. Não

vegetarianos tinham níveis de colesterol, triglicérides e LDL muito mais elevado do

que os outros dois grupos (SAMBOL et al., 2009).

A proteína de origem vegetal tem função no organismo diferente da proteína

de origem animal. Quando falamos de rins, a proteína vegetal produz uma

quantidade de ureia maior porque fornecem em maios quantidade aminoácidos não

essenciais. Sendo assim, é um benefício para pessoas que sofrem de doença renal

(JOHNSTON, 2003).

Foi realizado um estudo no Chile, através de pesquisas online, com o objetivo

de determinar as razões para vegetarianos e veganos de seguir este tipo de dieta e

se eles têm conhecimento sobre a sua própria comida. Foram usados 319

questionários realizados em 266 indivíduos vegetarianos autodeclarados e 53

veganos. Foi concluído então que uma grande porcentagem de veganos e

especialmente os vegetarianos tem conhecimento escasso para praticar uma dieta

equilibrada e evitar carências de nutrientes, o que mostra a necessidade de um

profissional de saúde especializado nessa área para conduzir uma dieta equilibrada

a esses indivíduos (BRIGNARDELLO et al., 2013).

Como dietas vegetarianas são definidas também com propósitos diretamente

ligados à saúde, há possibilidade de incluir nessas dietas alimentos funcionais.

Alimentos funcionais compreendem qualquer componente ou substância que tem

como objetivo proporcionar vantagem para a saúde como fator principal a prevenção

de doenças. Esses produtos são classificados como nutrientes isolados, produtos de

biotecnologia, suplementos para dieta, alimentos processados, derivados de plantas

e alimentos geneticamente produzidos (POLLONIO, 2000).

Dentre os componentes funcionais, podem-se citar os fitoquímicos, que são

componentes químicos de origem vegetal encontrados em grãos, verduras, frutas,

leguminosas e alguns tecidos vegetais que apresentam ação biológica. Eles são

classificados quanto a estrutura química, porém os mais importantes na alimentação

são os compostos fenólicos e os compostos carotenóides (LIU, 2012).

Os compostos fenólicos conferem a cor avermelhada, azulada, arroxeada nas

frutas e verduras e estão associados à redução do risco de doenças crônicas. Nos

vegetais, eles estão envolvidos no crescimento, na formação e na defesa contra

parasitas e predadores. Ácidos fenólicos, flavonóides, taninos, e muitos outros são

exemplos de compostos desse grupo. Os compostos carotenóides são substâncias

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caracterizados de pró-vitamínicas e antioxidantes por terem a propriedades de

absorção de luz e reatividade química. Eles conferem a cor amarela, laranja e

vermelho, às frutas, verduras, vegetais, microorganismos e até aos animais. Nos

vegetais, os carotenóides estão ligados à fotossíntese e a fotoproteção das plantas.

Em humanos fazem parte da síntese de vitamina A e estão associados ao risco de

doenças crônicas e cataratas. São exemplos de carotenoides: alfa-caroteno,

betacaroteno, luteína, licopeno, entre outros (JACOBS et al., 2009).

Cita-se como benefícios dos fitoquímicos a prevenção ou minimização do

estresse oxidativo, ação antioxidante, encontrados nas frutas e legumes, como os

grupos fenólicos e carotenóides que ajudam e preservam os sistemas celulares

desse dano oxidativo e reduzem o riso de doenças crônicas (ADOM et al., 2003).

As células do nosso organismo estão em constante contato com agentes

oxidantes presentes no ar, na água, na comida ou até mesmo sendo produzidos

pela própria célula, se tornando necessária essa exposição para o seguimento da

vida. Porém é o excesso desses agentes que causa um desequilíbrio, gerando um

dano oxidativo em lipídeos, proteínas e no DNA, consequentemente aumentando o

risco de aparecimento de câncer e doenças cardiovasculares (LIU et al., 2012).

Uma ingestão aumentada de frutas e vegetais, na dieta vegana, que

apresentam os principais fitoquímicos e significativo conteúdo de fibras que ajudam

na diminuição do aparecimento de doenças. As pessoas que aderem essa dieta,

geralmente, não fumam e ingerem pouca ou nenhuma bebida alcoólica e praticam

mais atividades físicas que os demais. Essas características são importantes para

uma vida saudável (SIZER; WHITNEY, 2003).

Os efeitos antioxidantes das frutas e verduras estão ligados com a prevenção

e até mesmo a redução da aterosclerose. O mecanismo que acontece é a oxidação

do LDL, sendo um fator para acelerar o aumento da aterogênese e assim o

aparecimento de doenças cardiovasculares (SÁNCHEZ et al., 2000).

Citam-se também fibras dietéticas como alimentos funcionais. A fibra

alimentar ou dietética, é resistente à ação das enzimas digestivas e são formadas

por polímeros de carboidratos (HOWLETT et al., 2010).

As fibras proporcionam efeitos positivos relacionados à fermentação de seus

elementos, uma parte ocorre no intestino grosso gerando impacto na velocidade

intestinal, no pH do colón e na produção de subprodutos (DEVRIES, 2003).

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A recomendação diária de ingestão de fibra alimentar é em torno de 14g para

cada 1.000 kcal ingeridas, variando assim de acordo com a idade, o sexo e o

consumo calórico (INSTITUTE OF MEDICINE, 2005).

Encontramos as fibras, principalmente, em alimentos de origem vegetal, como

os cereais, leguminosas, legumes e raízes. Existem dois tipos de fibras, as solúveis

e as insolúveis. A maioria dos alimentos, que possuem na sua composição fibras

alimentares, são constituídos de um terço de fibras solúveis e dois terços de

insolúveis. As fibras solúveis se dissolvem em água, gerando géis glutinosos. São

fermentadas pela microflora do intestino grosso (WONG; JENKINS, 2007).

São exemplos de fibras solúveis as pectinas, as gomas, a inulina e algumas

hemiceluloses. As fibras insolúveis não são solúveis em água, assim sem a

formação de géis, e sua fermentação é restrita. São exemplos de fibras insolúveis a

lignina, celulose e algumas hemiceluloses (WONG; JENKINS, 2007).

Um dos benefícios do consumo de fibras na dieta está associado ao menor

aparecimento de doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral e doença

vascular. Também diminui o risco de hipertensão, diabetes, obesidade e dislipidemia

(LAIRON et al., 2005).

Os probióticos também entram na classificação de alimentos funcionais,

sendo importante seu uso por vegetarianos, que tem em sua dieta a ingestão de

leites e derivados. Explica-se o conceito de probióticos como microorganismos vivos,

que quando consumidos de forma e quantidade apropriada promovem benefício à

saúde do hospedeiro. Os aspectos mais importantes dos probióticos são sua

eficiência para resistir ao suco gástrico, aos sais biliares e às enzimas digestivas,

adesão à mucosa intestinal e formar substâncias que bloqueiam o crescimento de

bactérias insatisfatórias. Cada cepa de probiótico contém essas características

específicas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002).

Os benefícios dos probióticos sobre a microbiota intestinal humana inclui

fatores como efeitos antagônicos, competição e efeitos imunológicos, resultando em

um aumento da resistência contra patógenos. Assim, a utilização de bactérias

probióticas estimula a multiplicação de bactérias benéficas, em desvantagem à

multiplicação de bactérias prejudiciais, melhorando os mecanismos naturais de

defesa do hospedeiro (PUUPPONEN-PIMIÄ et al., 2002).

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A alimentação vegetariana é, sem dúvida, uma alternativa viável para

pessoas que buscam melhorar a saúde. Como foi possível verificar ao longo desta

revisão, os efeitos benéficos desta dieta têm como um dos propósitos a redução do

risco de ocorrência de doenças crônicas como, doenças cardíacas, hipertensão,

câncer, diabetes e obesidade.

Além disso, as dietas vegetarianas podem trazer outros múltiplos benefícios

para a saúde humana, desde que seja bem planejada e consiga atingir as

recomendações de energia, macronutrientes e de micronutrientes. No que diz

respeito aos micronutrientes, foi possível constatar que vegetarianos consomem

quantidades adequadas, e até maiores, de determinados nutrientes, quando

comparados a onívoros, como por exemplo, o ferro. Os indivíduos vegetarianos

ingerem quantidades maiores de ferro e demonstrou que apresentam carência

nutricional deste mineral na mesma proporção que onívoros.

Em relação ao cálcio e vitamina b12, não se adequa a todos os vegetarianos,

uma vez que existem divisões de acordo com a prática dietética individualizada. Os

ovolactovegetarianos, por exemplo, tem um consumo adequado de cálcio e vitamina

b12 pelo consumo de derivados de animal e o consumo de leite. Os vegetarianos

que não consomem nenhum tipo de alimento de origem animal, ou derivados de leite

é que, geralmente, necessitam de uma suplementação destes micronutrientes.

Neste contexto, a dieta vegetariana promove diversos benefícios à saúde

humana e é uma alternativa para mudança de hábitos com esse objetivo. É

fundamental que a população que pratica ou tem interesse em aderir ao

vegetarianismo seja devidamente orientada para seguir uma alimentação sem o

risco de desenvolver carências nutricionais. O nutricionista é o profissional de saúde

habilitado para prescrever dietas que promovam à saúde e adequem as

necessidades individuais na ingestão correta de todos os macronutrientes,

micronutrientes e energia, sem correrem risco de deficiências nutricionais.

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