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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO
Curso Contabilidade e Auditoria
A diversidade nas práticas
de contabilidade
financeira
Introdução
A contabilidade é e foi considerada como a linguagem dos negócios,
no entanto, ela foi praticada, desde sempre, de maneiras diferentes
nos vários pontos mundo.
Como consequência, as demonstrações financeiras elaboradas num
país, dificilmente poderão ser percebidas pelos investidores doutros
países.
No entanto a eliminação destas barreiras, pode reduzir o custo e
estimular o investimento externo.
Influências ambientais na contabilidade
A contabilidade como sistema de informação das unidades económicas nasce vinculada ao ambiente em que actua, reflectindo um conjunto de valores culturais, sistemas políticos, económicos e jurídicos a que se vincula.
A compreensão da influencia destes factores poderá ajudar a explicar e entender porque os negócios são conduzidos de diferentes formas nos vários países.
Assim, a diversidade contabilística é resultado da variedade de ambientes de negócios por todo o mundo aos quais a contabilidade e sensível.
Causas da diversidade contabilística
Para uns autores as práticas contabilísticas são
universalmente aplicáveis, pelo facto de as
transacções e factos financeiros poderem ser
medidos em todas as sociedades com as mesmas
técnicas e mesmos procedimentos.
Este tipo de investigação procura a explicação para a
HARMONIZACAO E NORMALIZACAO
CONTABILISTICA INTERNACICONAL,
assumindo que existe uma universalidade, e
ignorando implicitamente a dimensão cultural.
Causas da diversidade contabilística (Cont.)
Muitos autores defendem a opinião segundo a qual
deve haver um relacionamento positivo entre a
contabilidade e o seu ambiente, analisando se as
diferenças contabilísticas entre os diferentes países
estão relacionadas com factores causais concretos de
índole legal, financeiro, politico e cultural.
Causas da diversidade contabilística Segundo a Professora Lúcia L. Rodrigues e a mestra Ana A.C. Pereira no seu
Manual de Contabilidade Internacional, intitulado A diversidade Contabilística e o
Processo de Harmonização Internacional, as principais causas da diversidade
contabilística são:
O sistema legal;
A origem do financiamento empresarial;
A organização e propriedade empresarial;
A relação entre a contabilidade e a fiscalidade;
Os vínculos políticos e económicos com outros países e,
A cultura.
Estas causas estão interligadas ou inter-relacionadas, de modo que é difícil separá-las
umas das outras.
Para a realidade moçambicana, as principais causas da diversidade contabilística em
dois subgrupos, sendo que o primeiro é composto pelas causas que indirectamente
influenciam na evolução contabilística nacional e o segundo desenrola-se sobre as
causas que directamente têm maior peso ou influência nas etapas em que passou a
evolução contabilística moçambicana.
O sistema legal
A história do sistema legal da contabilidade baseia-se em dois sistemas distintos, sendo um o baseado no Direito Romano (Codified Roman Law) e o outro baseado no Direito Comum (Common Law).
O sistema baseado no Direito Romano apresenta leis codificadas, detalhadas e específicas; as leis das sociedades e os códigos comerciais estabelecem regras detalhadas para a contabilidade e para o relato financeiro; as normas contabilísticas têm um carácter de legislação nacional e as suas regras e práticas contabilísticas são prescritas, detalhadas e procedimentadas.
Enquadra se neste sistema essencialmente os países da Europa continental, como é o caso da Franca, Itália, Alemanha, Espanha, Holanda e Portugal e outros ainda fora da Europa como é caso do Japão.
O sistema legal (Cont.) O sistema baseado no Direito Comum possui um escasso número
de leis escritas, ocupando a jurisprudência como fonte legal, com o objectivo primordial de dar solução a casos específicos, em detrimento da formulação de regras gerais para o futuro.
Neste sistema, o Estado tende a não emitir normas contabilísticas, deixando que a profissão as elabore através de organismos de regulamentação contabilística, constituídos por vários grupos de interesse que têm a capacidade para atrair pessoas cuja competência técnica é garante do desenvolvimento e implementação de sistemas de mensuração e divulgação capazes de responder aos anseios dos utentes das demonstrações financeiras. As normas contabilísticas por eles emanadas tendem a ser flexíveis e rapidamente adaptáveis à realidade envolvente.
Este sistema abrange os países anglo-saxónicos, como é o caso da Inglaterra e Gales, Irlanda, Estados Unidos da América (EUA), Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
O sistema legal (Cont.) Sendo que Moçambique sofreu fortes influências políticas,
económicas e culturais por ter sido uma colónia de Portugal e porque consequentemente a contabilização da actividade empresarial em Moçambique é ditada pelas normas e leis da contabilidade locais (através do PGC e do Código Comercial), pode-se também enquadrar a contabilidade moçambicana no sistema de Direito Romano.
O sistema legal em Moçambique relaciona-se concretamente com a segunda e a quarta etapa, relacionados respectivamente com a criação do PCG, pela resolução nº 13/84 de 14 de Dezembro e a criação do actual PGC pelo decreto nº 36/2006 de 21 de Setembro e pelos actuais PGC-PE/NIRF, todos aprovadoa pelo Decreto-Lei n.º 70/2009, de 22 de Dezembro.
A origem do financiamento empresarial Uma das causas de maior diversidade contabilística relaciona se com a existência de
diferentes fontes de financiamento.
Segundo Nobes (1998), citado por Lúcia Rodrigues e Ana Pereira (2004), as fontes de
financiamento baseia-se nos três seguintes sistemas:
◦ Sistema baseado no mercado de capitais;
◦ Sistema baseado no crédito das instituições financeiras (representado pelos bancos e
outras instituições financeiras);
◦ Sistema baseado no credito do governo, onde os recursos são administrados pelo
governo.
Desta forma, se os accionistas são a principal fonte de financiamento
empresarial, a informação financeira será orientada para o mercado de
valores. Sendo que nesta situação a gestão da empresa não está concentrada
nas mãos dos seus proprietários, a informação financeira é orientada para a
satisfação das necessidades dos investidores e financiadores externos. É neste
contexto em que os proprietários das empresas por serem elementos externos
à gestão das mesmas socorrem se ao trabalho da auditoria externa com o
objectivo deste validar (ou não) a informação financeira produzida pela gestão
para os proprietários das empresas.
A origem do financiamento empresarial (Cont.)
Fazem parte deste sistema a Austrália, EUA, Irlanda, e Reino Unido.
Se o financiamento empresarial é via bancária, a informação financeira tem como objectivo principal a protecção dos interesses dos credores.
Enquadra-se neste grupo de financiadores a Alemanha, Áustria, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Itália, Noruega, Portugal, Suécia e Suiça.
Enfim, para o sistema baseado no crédito do governo, este será o ente mais tendenciosamente informado.
Neste sistema insere se países como Bélgica e Japão.
A origem do financiamento empresarial (Cont.)
Por razões históricas já mencionadas anteriormente, o mercado de capitais moçambicano ainda se encontra numa fase embrionária, sendo os bancos, o Estado e os pequenos grupos financeiros familiares as principais fontes de financiamento empresarial em Moçambique.
Uma vez que muitas empresas são dominadas por seguradoras, por bancos, pelo Estado e pelos proprietários familiares, estes não necessitam de uma informação financeira detalhada na medida em que, sendo detentores do capital da empresa, pertencem à sua administração, ou seja, são simultaneamente preparadores e utilizadores da informação financeira.
Desta forma, justifica se que a auditoria e a publicação da informação financeira tenham pouca necessidade na sua divulgação.
Organização e propriedade empresarial
A organização empresarial como factor explicativo das causas da diversidade contabilística está também relacionada com a principal fonte de financiamento empresarial em Moçambique.
A existência de empresas cuja propriedade é representada por grande número de accionistas e que não têm uma participação directa na gestão da sua propriedade, cria pressão para a existência de um sistema contabilístico fiável e oportuno, em qualidade e em quantidade.
Organização e propriedade empresarial (Cont.)
Como referimos na causa precedente, a banca, o
Estado desempenham um papel importante no
financiamento das empresas familiares nas quais
quase todos os seus membros participam na sua
gestão, conduzindo inferiores necessidades
informativas.
O objectivo do Estado ao participar no
financiamento da actividade empresarial nacional
está direccionada a indução dos sistemas
contabilísticos para o alcance dos objectivos
macroeconómicos.
Organização e propriedade empresarial (Cont)
A origem do financiamento empresarial e a
organização e propriedade empresarial
relacionam se com a terceira etapa, no que diz
respeito a descentralização da economia
nacional e da necessidade de introdução de
firmas de auditoria, assim como da aplicação
das PCGAs em Moçambique.
A relação entre a contabilidade e a fiscalidade
A relação entre a contabilidade e a fiscalidade é a mais forte causa da diversidade contabilística entre os diferentes países. Existem países com uma forte relação entre a contabilidade e a fiscalidade, isto é, em que as normas fiscais condicionam claramente os critérios e práticas contabilísticas. Entre eles destacam se os chamados países da Europa Continental, já referidos anteriormente que têm da fiscalidade a noção de que o Estado é um sócio, um parceiro invisível e não tem um custo.
Por outro lado, existem países cuja contabilidade está claramente separada da fiscalidade, como é o caso dos países anglo-saxónicos. Nestes países o relato financeiro é concebido, primordialmente, no sentido de ser útil para os mercados de capitais e não para efeitos de determinação da matéria colectável das empresas, reconhecendo-se que o principal objectivo das DFs é o de fornecer uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira da empresa e dos resultados das operações por ela efectuadas e, nessa medida, os critérios fiscais não devem interferir na obtenção dessa mesma informação.
A relação entre a contabilidade e a fiscalidade (Cont.)
Para o caso de Moçambique, não fugindo a regra dos outros
países a fiscalidade constitui o cúmulo das causas da
diversidade contabilística e esta relação aparece em todas as
etapas da sua evolução contabilística.
As regras fiscais sobrepõem-se às contabilísticas, obrigando
as empresas a registar custos e proveitos de acordo com a
fiscalidade, verificando-se, nalguns casos, uma subversão na
aplicação dos PCGAs, no que diz respeito as políticas
contabilísticas (amortização do imobilizado, reavaliações,
provisões e valorimetria das existências).
A predominância dos impostos na contabilidade é marcante,
sendo que a informação financeira serve em grande medida
para determinar o montante de imposto a pagar pela
empresa.
Vínculos políticos com outros países
As praticas contabilísticas são importadas e
exportadas da mesma forma que os sistemas e
ideologias politicas, o que explica o porque das ex-
colónias seguirem praticas e normas baseadas nos
seus colonizadores.
◦ Ex: a contabilidade do Canada foi fortemente
influenciado pelos EUA;
◦ Austrália, Nova Zelândia, Paquistão e África do Sul
assimilara o modelo Britânico
A influência cultural
A influência cultural interfere no ambiente de
negócios de um país para o outro e
consequentemente nos sistemas contabilísticos desses
países. Para os países com um similar ambiente de
negócios, os seus sistemas contabilísticos tenderão
também a serem similares.
◦ Países asiático, árabes, etc.