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FJC – Faculdade João CalvinoCoordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Programa de Pesquisa e Pós-Graduação Latu SensuCurso de Pós-Graduação em História e Cultura Afro-Brasileira
Diversidade Cultural: Desafios e Possibilidades
Barreiras2010
FJC – Faculdade João CalvinoCoordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Programa de Pesquisa e Pós-Graduação Latu SensuCurso de Pós-Graduação em História e Cultura Afro-Brasileira
Iara Silva Freitas
Diversidade Cultural: Desafios e Possibilidades
Projeto de intervenção apresentado à Faculdade João Calvino – FJC como requisito parcial para avaliação da disciplina Raízes Históricas da Cultura Afro-brasileira, sob a orientação do professor Adauto.
Barreiras2010
SUMÁRIO
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO........................................................................042. JUSTIFICATIVA..............................................................................................053. OBJETIVOS....................................................................................................06
3.1. OBJETIVOS GERAIS...........................................................................063.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................06
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................075. METODOLOGIA.............................................................................................106. RECURSOS....................................................................................................11
6.1. HUMANOS................................................................................................116.2. MATERIAIS..............................................................................................11
7. AVALIAÇÃO...................................................................................................128. CRONOGRAMA..............................................................................................139. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................1410. ANEXO...........................................................................................................15
1. DADOS DA IDENTIFICAÇÃO
Tema: Diversidade Cultural Afro-Brasileira e Possibilidades
Área: História e Cultura Afro-Brasileira
Órgão responsável: FJC - Faculdade João Calvino
Órgão Executor – Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Local de realização da Pesquisa: Escola Municipal Isaias Silva na cidade de
Wanderley – Ba
Acadêmica: Iara Silva Freitas
Professor orientador: Adauto
2. JUSTIFICATIVA
Vivemos num mundo em que o homem está cada vez mais individualista,
esquecendo-se que mais do que estar envolvido na correria do dia a dia é valorizar a
vida e suas relações, eliminando de uma vez, o preconceito e a discriminação racial,
étnica. Em meio a tantos casos como estes, percebe-se que o ser humano está
desprovido de humanidade, esquecendo para vivermos em sociedade são
necessários alguns valores, procurando reencontrar sua própria identidade. Este
resgate e valorização são indispensáveis a uma convivência digna a todos e é na
escola que vivemos momentos de manifestação do racismo, discriminação social e
cultura ou de etnia pelos integrantes da mesma.
O reconhecimento das raízes africanas são fundamentos morais da
consciência humana. Todos os indivíduos podem e devem tomar conhecimentos de
matrizes culturais a eles inerentes. Muito das causas que afligem a sociedade está
na negação destas matrizes como suporte e inspiração para o desenvolvimento
integral do individuo e consequentemente do social. Assim o Projeto Diversidade
Cultural: desafios e possibilidades, busca desenvolver momentos que torna viável na
escola, e na sociedade a vivência dos valores como cidadania, respeito a
diversidade, justiça e tolerância que alicerça a identidade, refletindo-os nas relações
nos diferentes âmbitos da sociedade.
Dessa forma, surge a importância de analisar e discutir o referido projeto,
contribuindo efetivamente para a compreensão de tal problemática que ainda
persiste no âmbito escolar, permitindo a realização de ações que modifiquem de
maneira positiva esse quadro complexo. Ações que sejam capazes de trazer
benefícios no que diz respeito ao reconhecimento e valorização da cultura negra.
Espera-se ainda que o presente projeto seja capaz de transformar a realidade
cultural em que se encontram os educandos, alcançando de forma eficaz as metas
do trabalho que serão estabelecidas a fim dessa transformação.
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivos Gerais
Desenvolver momentos que torna viável na escola e na sociedade a reflexão
e prática de valores humanos e culturais, promovendo a convivência
democrática, em respeito aos direitos humanos e às diferenças;
3.2 Objetivos Específicos
Promover na escola um ambiente desprovido de preconceitos e
descriminação, tornando-o assim agradável e refletindo na vida social do
aluno;
Proporcionar atividades de convivência, assimilando noções de valores
positivos em busca de uma convivência democrática;
Pesquisar a história dos quilombolas existentes no município, bem como
seu processo de resistência;
Identificar as ascendências de descendências das pessoas que pertencem a
sua comunidade, quanto a nacionalidade, etnia, religião e costumes;
Refletir sobre os problemas sociais enfrentados pelos negros nas diversas
esferas da sociedade;
Aproximar a comunidade escolar de palavras geradoras da cultura afro,
desconstruindo estereótipos;
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Considerada uma das piores barbáries vivenciadas pela humanidade, a
escravidão deixou marcas profundas no seio da sociedade brasileira, sendo a
principal dela o nascimento do racismo. O racismo e a discriminação racial, como
uma de suas decorrências, torna-se o responsável pelo processo de categorização
de diferenças e pela localização privilegiada que determinadas pessoas possuem,
nesta sociedade, em detrimento de outras. Para Ianni (2007, p. 3), o racismo
representa uma criação social que envolve um jogo de forças sociais, em que
ocorrem processos de dominação e apropriação, “bloqueando relações,
possibilidades de participação, inibindo inspirações, mutilando práxis humanas,
acentuando a alienação de uns e outros, indivíduos e coletividades”.
Esta é uma das grandes razões que têm levado um considerável grupo de
pessoas a se levantarem a fim de propagar o grande absurdo que tem sido a
hierarquização de pessoas e a naturalização do preconceito racial. Dado o seu
objetivo principio de contribuir no processo de desenvolvimento humano, a educação
e as políticas à esta, não pode fugir deste debate. Aliás, no campo da educação
formal, ele não é recente e redundou na aprovação da Lei 10.639/03.
Ao estabelecer a obrigatoriedade de inclusão, no currículo oficial na Rede de
Ensino, do Estudo da “História e Cultura Afro-Brasileira”, a Lei 10.639/03 é uma
política pública de enfrentamento ao preconceito e à discriminação racial. Trata-se
de uma legislação que, sob a ética dos vários segmentos dos movimentos social
negro, de outros movimentos sociais e de teóricos estudiosos desta temática –
pessoas que se engajam na luta pela superação do preconceito quanto a
diversidade e pela realização de uma educação não eurocêntrica, marca um
momento importante da história da educação no Brasil. Marca também, não o fim de
uma luta, mas a continuidade com o nosso enfoque.
A despeito da contribuição dos negros africanos e seus descendentes na
formação da nossa identidade nacional, o fato de vivermos em uma sociedade que
supervaloriza a cultura de origem européia tem sido responsável pela propagação
do racismo e de atitudes de discriminação dirigidas a tais pessoas. A escola ao
refletir a sociedade maior, também vivencia e reproduz estas mesmas relações
sociais.
A luta, pois pelo reconhecimento e pela incorporação do estudo da História da
áfrica e dos africanos e a luta dos negros no Brasil, pressupõe a crença num prática
educativa capaz de oferecer importante parcela de contribuição à vivencia de uma
sociedade, cujo padrão de relacionamentos humanos estejam calcados no respeito,
no reconhecimento e na não discriminação ao outro.
Apesar desse fato incontestável de que somos, em virtude de nossa formação
histórico-social uma nação multirracial e pluriétnica, de notável diversidade cultural,
a escola brasileira ainda não aprendeu a conviver com essa realidade e, por
conseguinte, não sabe trabalhar com as crianças e jovens dos estratos sociais mais
pobres, constituindo, na sua grande maioria, de negros e mestiços. Nesse sentido,
uma análise mais acurada da história das instituições educacionais em nosso país,
por meio dos currículos, programas de ensino e livros didáticos mostra uma
preponderância da cultura dita “superior e civilizada”, de matriz européia.
Os livros didáticos, sobretudo os de historia, ainda estão permeados por uma
concepção positivista da historiografia brasileira, que primou pelo relato dos fatos
feitos dos chamados “heróis nacionais”, geralmente brancos, escamoteando, assim,
a participação de outros segmentos sociais no processo histórico do país. Quando
aparecem nos didáticos, em textos ou ilustrações, índios e negros são tratados de
forma pejorativa, preconceituosa e esteriotipada (Oriá, 1996). A cultura dessas
minorias, é vista de forma folclorizada e pitoresca, como mero legado deixado pelos
índios e negros, mas dando ao europeu a condição de portador de uma “cultura
superior e civilizada”.
Currículos e manuais didáticos que silenciam e chegam até omitir a condição
de sujeitos históricos às populações negras e ameríndias têm contribuído pra elevar
os índices de evasão e repetência de crianças provenientes dos estratos sociais
mais pobres. A grande maioria adentra nos quadros escolares e sai precocemente
sem concluir seus estudos no ensino fundamental por não se identificarem com uma
escola moldada ainda nos padrões eurocêntricos, que não valoriza a diversidade
étnico-cultural de nossa formação.
Por fim, tomemos de Torres Santomé (1998, p. 131) a ideia de um currículo
democrático, sendo um currículo que respeite a diversidade, ofereça oportunidades
para que os alunos tenham uma compreensão clara da “história, tradição e
idiossincrasia” daqueles que lhe são comuns. Concomitante a isso, precisa conhecer
a história dos demais povos se sua nação. Tudo isso marcado pelo respeito e
solidariedade.
5. METODOLOGIA
O trabalho com projetos torna-se interessante quando realizado com
entusiasmo e sob a orientação de um professor que afeta o aluno com perspectivas
positivas sobre o desenvolvimento da práxis pedagógica, bem como, todos os
envolvidos na dinâmica escolar. Dito isto, o Projeto “Diversidade Cultural: desafios e
possibilidades”, realizará os seguintes procedimentos:
Encaminhamentos metodológicos Atividade individual com interpretação
oral e escrita
Leitura e interpretação de textos Apresentação pelo professor de textos
em transparência
Análise de letras de músicas Apreciação e reflexão do tema
apresentado
Montagem de cartazes que valorize o
negro
Exploração da figura do negro na
sociedade
Estudo da biografia de autores
trabalhados
Interpretação oral
Leitura de livros paradidáticos com o
tema
Reescrita oral e debate das
informações
Estudo de mapa Leitura de mapas
Linha do tempo dos alunos Ordenação dos acontecimentos
pesquisados
Exibição de filmes Análise crítica, preenchimento de
roteiro
Documentário dos quilombos na
Bahia
Representação por desenho
Estudo sobre Zumbi dos Palmares Montagem individual da vida de Zumbi
Aula de campo no povoado “Riacho
da Sacutiaba”
Observação dos aspectos presentes,
relato oral e escrito.
6. RECURSOS
6.1. Humanos
Para a realização do referido projeto contar-se à com a relevante contribuição
do professor da disciplina de Raízes Históricas da Cultura Afro-Brasileira, Adauto,
bem como professores regentes, coordenadores e diretores da Unidade Escolar a
Escola Municipal Isaias Silva.
6.2. Materiais
Papeis diversos, lápis, caneta, livros didáticos e paradidáticos, cola,
tesoura, hidrocor, TV, Retroprojetor, transparência, DVD, CD, Revistas,
textos diversos;
7. AVALIAÇÃO
A avaliação da aprendizagem no ensino escolar se faz presente na vida de
todos nós que estamos comprometidos com atos e práticas educativas; pais,
educadores, educandos. Entretanto ela não pode continuar sendo a tirana da prática
educativa, que ameaça e submetem a todos, confundida com exames.
Dessa forma, a avaliação deverá processar de modo natural,a travs da
conversação diária, da observação de mudanças de atitudes e nos registros da
rotina de atividades vivenciadas. Assim procedendo, poderemos verificar a
capacidade e o potencial dos alunos, suas dificuldades e seus limites, interferindo
quando necessário.
Instrumentos Critérios
Produção escrita Coerência e coesão nas produções
Painel integrado Socialização dos trabalhos
Análise de paradidático Síntese de ideias
Pesquisas diversas Domínio de Conteúdo
8. CRONOGRAMA
Atividades Meses
Setembro Outubro Novembro Dezembro
Observação/diagnóstico X
Elaboração do projeto X
Aplicação do projeto X X
Aplicação do projeto X
Socialização do trabalho X
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília; MEC, 2004.
MEC. Orientações e ações para a educação das relações étnico-raciais. Brasília: SECAD, 2006.
NUNES, Silva Souza Antonia Elisabeth, Oliveira Vieira Elias. Implementação das diretrizes curriculares para a educação das relações étnico-raciais e o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana na educação profissional e tecnológica.
ORIÁ, R. Educação, cidadania e diversidade cultural. Revista Humanidades, Brasília, DF, n. 24, 1997.
SANTOMÉ, J. T. As culturas negadas e silenciadas. In: SILVA, T. T. (org). Alienígenas em sala de aula: uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis: Vozes, 1995.
10. ANEXO
Glossário Africano
Acarajé: sm. Bras. Cul. Bolinho frito feijão de massa de feijão fradinho.
Agogôs: sm. Instrumento de percussão de origem africana: duas campânulas
de ferro unidas, percutidas com varetas do mesmo metal.
Atabaques: sm. Espécie de tambor com couro de um lado só e percutido com
as mãos.
Babalaô: sm. Sacerdote encarregado de interpretar os desígnios dos orixás,
diagnosticar doenças e identificar a origem dos mais diferentes males.
Babalorixá: sm. Nome dado ao chefe masculino, diz-se pai-de-santo; termo
da língua ioruba.
Banzo: sm. 1. Nostalgia ou profunda tristeza que levava à morte os negros
africanos que eram escravizados e exilados de suas terras. Adj. 2. Triste,
abatido; pensativo.
Batuque: sm. 1. Qualquer das danças africanas ou brasileiras acompanhadas
por instrumentos de percussão. 2. Batucada (2). 3. Ato ou efeito de batucar.
Bodum: sm. 1. Odor mal cheiroso. Adj. 2. Termo muito comum aplicado aos
negros até o século passado.
Candomblé: sm. Brás. 1. Religião introduzida no Brasil por escravos, na qual
crentes novos e ancestrais, reais ou míticos, eram divinizados. 2. Designação
genérica de diversas seitas derivadas do candomblé (1), e que apresentam
influências estranhas à sua cultura (como, p. ex. elementos bantos, do
espiritismo, rituais e mitos indígenas, etc.). 3. Local de culto de candomblé (1
e 2).
Caruru: sm. Brás. 1. Bot. Bredo. 2. Cul. Iguaria de caruru ou quiabos, a que
se ajuntam camarões secos, peixe, azeite de dendê, pimenta, etc.
Dendê: sm. Brás. Bot. 1. Dendezeiro. 2. O fruto do dendezeiro.
Diáspora africana: a dispersão dos africanos pelo mundo em consequência
do tráfico de escravos.
Ialorixá: sm. 1. Tradução do nome mãe de santo, termo da língua ioruba. 2.
Feminino de babalorixá.
Ifá: sm. Sistema sagrado de adivinhação, de origem iorubana.
Ifê: s2g. 1. Etnôn. Individuo dos ifés, povo de língua e cultura iorubana, do S.
O. da Nigéria (África). Adj. 2 g. 2. De, pertencente ou relativo aos ifés.
Ijexá: s2g. 1. Etnôn. Individuo dos ijebus, povo de língua e cultura iorubanas,
do S. O. Da Nigéria (África). Adj. 2 g. 2. De, pertencente ou relativo a esse
povo.
Iemanjá: sm. Brás. Orixá feminino, rainha do mar.
Inhame: sm. Brás. 1. Bot. Erva arácea de tubérculos nutritivos. 2. Tubérculo
dessa planta.
Iorubá: s2g 1. Etnôn. Individuo dos iorubas, povos que vivem no S. O. Da
Nigéria e no S. E. Da República do Benim; iorubano, nagô. Sm 2. Língua
falada pelos iorubas. Adj. 2g. 3. De, pertencente ou relatório a ioruba (2) ou
aos iorubás; iorubano, nagô.
Libambo: sm. Cadeia de ferro que as prendia por uma argola no pescoço.
Kente: sm. Traje típico do povo Ashanti.
Moleque: sm. 1. Homem sem palavra e ou sem grávida de 2. Brás. Menino de
pouca idade. [Fem. : moleca.]
Nagô: adj. E s2g. 1. Diz-se de, ou raça de negros iorubanos do Sudão, e que
constitui um dos grupos escravizados no Brasil; ioruba. 2. O idioma desses
negros; ioruba.
Orixás: s2g. divindade de religiões afro-brasileiras.
Quilombo: sm. Refugio de escravos fugidos.
Sincretismo: sm. 1. Fusão de elementos culturais diferentes, ou até
antagônicas, em um só elemento, continuando perceptíveis alguns traços
originários. 2. Reunião artificial de ideias ou de teses de origem díspares.
Sincretismo adj.
Umbanda: sf. Brás. Religiões originadas na assimilação de elementos
culturais afro-brasileiras pelo espiritismo.
Vatapá: sm. Brás. Cul. Iguaria de origem africana, à base de peixe ou galinha,
com camarão seco, amendoim, etc, temperada com azeite de dendê e
pimenta.
Voduns: sm. Culto animista.
Xangô: sm. Brás. Rel. Orixá de caráter violento e vindicativo, cuja
manifestação são os raios e os trovões;