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Mobilidade e Diversidade Cultural 4
A mobilidade da população é em parte, resultado da satisfação das
várias necessidades do homem. Na medida em que este tende a
abandonar, por esta ou aquela razão, áreas que lhe são menos
favoráveis e a fixar-se noutras que lhe proporcionem melhores
perspectivas de vida.
Á mobilidade da população dá-se o nome de migração.
Os motivos que levam os migrantes a deslocarem-se têm por base
várias causas.
Causas naturais
A ocorrência de
catástrofes naturais como a
seca, sismos, erupções
vulcânicas, inundações (figura
1), e outras levam ao
abandono de determinadas
áreas; provocando os
Figura 1 - Migrantes
“Cruzam-se muitas e diversas gentes, Vindos de muitos e diversos mundos, Vestindo muitas e diversas roupas, Falando muitas e diversas línguas,
Vêem de muitos e diversos ritos e cultos e culturas e paragens.”
Sophia de Mello Breyner Anderssen
in Nome das Coisas – 1977
Figura 2 – Cheia no Japão 12/09/2000
Fonte: Reuters
Aplica os teus
conhecimentos
1. Identifica em cada
texto a causa que
provocou a migração.
Texto A
A família Rodrigues
costuma todos os anos ir
passar as suas férias de
verão ao Minho.
Causa_______________
___________________
Texto B
O Michael é judeu e vivia
na Alemanha. Devido à
repressão do partido
Nazi viu-se obrigado a
migrar para Portugal.
Causa_______________
___________________
Texto C
A Helena é romena e veio
para Portugal à procura
de melhores condições de
vida, pois o salário que
ganhava no seu país não
chegava para sustentar a
família.
Causa_______________
___________________
Mobilidade e Diversidade Cultural 5
chamados refugiados ambientais.
Causas Políticas
As guerras, a privação da
liberdade e a existência de regimes
políticos repressivos provocam
migrações para áreas onde a
democracia e a liberdade sejam
respeitadas. Como por exemplo, o
conflito bélico na Coreia do Norte
originou a deslocação de muitos
coreanos.
Causas económicas
A razão económica é das
principais motivações que levam
a população a migrar. A
existência de baixos salários e o
elevado desemprego estão na
base da deslocação na procura
de melhores condições de vida.
Figura 3 – Conflito bélico na Coreia.
Fonte: National Geographic, 1998.
Doc. 1 Refugiados Ambientais
A desertificação mundial já originou cerca de dez milhões de “refugiados ambientais”,
número que poderá ascender, no ano de 2050, aos 150 milhões.
O conceito de “refugiado ambiental” surgiu com o fenómeno da desertificação e origina
movimentos transfronteiriços e transcontinentais, uma vez que as populações são forçadas a
procurar melhores condições de vida.
Enquanto o número de imigrantes internacionais se estimava, há cerca de dois anos,
em 100 milhões de pessoas, o nível de emigrantes em todo o mundo aumentava a um ritmo de
3 milhões por ano.
Fonte: Adaptado pelos autores
Figura 4 – Ucranianos a viver em Portugal
Fonte: Focus, 31 de Março de 2002
Texto D
As cheias em
Moçambique deixaram
muitas pessoas
desalojadas. Estas viram-
se obrigadas a sair da sua
residência.
Causa_______________
___________________
Texto E
Mais de um milhão de
habitantes do Sul do
Sudão
enfrentam graves
problemas alimentares à
vários anos. No leste do
país,
dezenas de milhares de
habitantes fugiram a
bombardeamentos da
vizinha Eritreia.
Causas_________________________________
O que deves reter
Migração ou movimento migratório: movimento de indivíduos dentro do mesmo país ou para fora do país de origem são emigrantes, relativamente ao país de acolhimenmto são imigrantes. Emigração: movimento de saída de população do seu país para outro durante um período prolongado de tempo. pessoas que entram e o número de pessoas que saem do país.
Mobilidade e Diversidade Cultural 6
Causas religiosas
Há áreas onde a
perseguição religiosa é uma
realidade, provocando grandes
movimentos migratórios. A
movimentação do povo judeu,
devido às perseguições de que
foram alvo durante a II Guerra
Mundial, constitui um dos
melhores exemplos.
Causas étnicas
As rivalidades étnicas são outra das causas do movimento de
populações, sobretudo nas
minorias ou das
comunidades mais fracas,
pois são frequentemente
expulsas dos locais onde
habitam.
Como por exemplo, deste
tipo de situação temos as
perseguições movidas
durante o recente conflito nas
ex-Jugoslávia.
Causas sócio-culturais
Dentro das causas sócio-culturais podemos identificar diversas
razões. Entre as diversas razões salientam-se as de motivo turístico e
cultural.
Figura 5 – Mulheres de Bagdad
Fonte: Visão, 6 de Novembro de 2003
Fig. 6 – Minorias Étnicas
Fonte: Santos, Fernando e outros – “Geo
População e Povoamento”, Edições Asa,
2003
Imigração: movimento de entrada de população num país que não é o seu, durante um longo período tempo.
Saldo migratório: cor - responde à diferença entre o número de pessoas que entram e o número de pessoas que saem do país. Crescimento Efectivo –
corresponde à soma do
crescimento natural e do
saldo migratório.
CE= CN+SM CE= (N-M)+(I-E)
Refugiado - pessoa que
abandonou o seu país para
escapar a perseguição,
condenação, guerra, entre
outras.
Geocuriosidades
Em Agosto de 1999, o exército da Indonésia lançou uma campanha de assassínios, pilhagens e incêndios em Dili (Timor Lorosae), que levou muitos timorenses a refugiarem-se nas montanhas do seu país. Walter Kohn, Prémio Nobel da Química em 1998, é um antigo refugiado. Durante a II Guerra Mundial deixou a Áustria, seu país natal, para fugir às perseguições nazis.
Mobilidade e Diversidade Cultural 7
Para passear e conhecer novos locais
as pessoas durante determinado período
de tempo deslocam-se. A procura da
valorização pessoal e de maior instrução
também são motivos que levam as
pessoas a sair do seu País.
Quadro 1 – Causas das Migrações
Fonte: Adaptado de J. A. Rastilla – Geografia Humana e Económica
Os movimentos da população não têm todos as mesmas
características, pelo que podemos considerar diferentes tipos de
migrações em função do espaço, do tempo, da forma e em relação à lei.
No Quadro 2, podes observar os diferentes tipos de migrações que
existem.
Figura 7 – Cidade de Honolulu
Fonte: Porto Editora, Diciopédia
2004
Aplica os teus
conhecimentos
Aplica os teus conhecimentos
2. Comenta a seguinte afirmação: "A migração é resultado de um desiquílibrio entre as àreas de partida e de chegada"
O que deves reter
Migrações internas –
São as migrações que se
realizam dentro do mesmo
País.
Mobilidade e Diversidade Cultural 8
Quadro 2 – Tipos de migrações
Fonte: Adaptado de J. A. Rastilla – Geografia Humana e Económica
Assim, quanto ao espaço podem ser migrações internas ou
migrações externas.
As migrações internas são as que se realizam de umas regiões para
outras dentro do mesmo país.
Quando as diferenças no desenvolvimento económico e social são
acentuadas, as populações deslocam-se das áreas menos favorecidas,
sobretudo das áreas rurais, para as áreas que oferecem melhores
condições de vida, principalmente as grandes cidades. Esta migração
interna chama-se êxodo rural.
Figura 8 – Êxodo rural
Migrações externas – são as que se realizam para fora do país. Migrações
Intercontinentais – são
as migrações que se
realizam entre continentes
diferentes.
Migrações
Intracontinentais – são
as migrações que se
realizam dentro de um
continente.
Movimentos Pendulares
– Deslocações diárias
entre o local de residência
e o local de trabalho.
Migração turística –
Movimento de pessoas
por motivo de lazer ou
com o objectivo de lazer.
O seu destino é muito
variável (deslocação por
motivos religiosos,
culturais ou recreativo).
Migrações sazonais –
são as migrações que se
verificam em certas épocas
do ano.
Migrações temporárias
– quando os migrantes
ficam pouco tempo no
local de acolhimento
(horas/dias/semanas/mes
es).
Migrações definitivas –
quando os migrantes ficam
durante muito tempo no
local de acolhimento, mais
de três anos.
Mobilidade e Diversidade Cultural 9
Actualmente, nos países desenvolvidos verifica-se um movimento
contrário (êxodo urbano), que resulta do cansaço provocado pela
agitação citadina.
Figura 9 – Êxodo Urbano
Normalmente, este tipo de migrações têm um carácter definitivo
(migração definitiva). No entanto, existe outro tipo de migração interna
que quanto ao tempo de duração é temporária, ou seja, as deslocações
que as pessoas realizam diariamente de casa para o trabalho de manhã e
à noite o percurso inverso. Estas migrações designamos de movimentos
pendulares.
Às migrações temporárias que se verificam em certas épocas do
ano, para a realização de determinadas tarefas, dá-se o nome de
migrações sazonais. Por exemplo, para a França e Espanha emigram
temporariamente, todos os anos, milhares de portugueses que ali se
Êxodo Rural – Saída de
população das áreas rurais
para as áreas urbanas.
Êxodo Urbano – Saída de
população das áreas
urbanas para as áreas
rurais.
Aplica os teus conhecimentos
1. Estabelece a distinção entre migrações temporárias e definitivas. 2. Distingue migrações
pendulares de migrações sazonais.
3. Procura saber junto dos teus familiares e\ou amigos se eles vivem, ou não, na localidade de onde são naturais. No caso de naturalidade e de residência não ser o mesmo informa-te das razões que levaram essas pessoas a migrar. 4. Explica em que consiste e quais as causas do êxodo Rural e Urbano.
Figura 10 - Exemplo de movimento pendular (Estação de S. Bento, no Porto)
Mobilidade e Diversidade Cultural 10
ocupam de trabalhos agrícolas (vindimas, colheita do tomate e de
morangos). Também para as áreas balneares de diversos países
convergem, no verão, centenas de milhares de trabalhadores que ali se
ocupam no comércio e na indústria hoteleira.
As migrações externas são as que se processam de um país para
outro. Podem ser intracontinentais, se os movimentos se realizam no
interior do mesmo continente, ou intercontinentais, no caso de se
processarem de um continente para outro (figura 11).
Nas migrações externas ou internacionais, deve-se fazer a distinção
entre emigração e imigração.
As migrações tomam o nome emigrações para os países de partida e
de imigrações para os países de acolhimento. Logo, os indivíduos
envolvidos nos movimentos migratórios são emigrantes para os países
de origem e imigrantes para os países de recepção.
As migrações são um dos factores responsáveis pela distribuição
da população na superfície terrestre, fazendo com que exista muita
população em determinados lugares (formigueiros humanos) e outros
0 5000 Kilometers
N
Figura 11 – Migração externa
km
Geocuriosidades
Em 2000 160 milhões de pessoas viviam fora do seu país de cidadania. A União Européia, a América do Norte, o Japão, a Austrália e e a Nova Zelândia são os principais focos de atracção de migrantes. Estes provêm, na sua maioria, da América Latina e de África.
Mobilidade e Diversidade Cultural 11
SM = I – E
quase vazios (vazios humanos). O saldo migratório permite saber
quantas pessoas entram e saem de um país.
Saldo migratório = Imigrantes – Emigrantes
O saldo migratório pode ser:
- Positivo, quando a imigração é maior que a emigração (I > E);
- Nulo, quando a imigração é igual à emigração (I = E);
- Negativo, quando a imigração é menor que a emigração (I < E).
Um olhar pelo Mundo
As antigas migrações transoceânicas
De todas as migrações intercontinentais que a história da
humanidade conheceu, as do século XIX e princípios do século XX
foram, sem duvida, as mais espectaculares, tendo como principal
região de origem a Europa (figura 12), então considerada
superpovoada e onde as condições de vida da maior parte da
população eram bastante precárias.
Assim, em menos de século e meio, cerca de 70 milhões de
pessoas (portugueses, espanhóis, britânicos, franceses, alemães,
italianos e irlandeses, suecos, dinamarqueses entre outros)
abandonaram o continente europeu emigraram, em busca de
melhores oportunidades económicas, para os grandes espaços então
ainda inexplorados, escassamente povoados e onde a terá fértil não
faltava e era inicialmente gratuita: Estados Unidos, Canadá, América
Latina, Austrália e Nova Zelândia.
Muitos emigraram também para a Ásia e para a África, mas em
muito menor número.
Aplica os teus conhecimentos
1. Calcula e classifica o
saldo migratório, com os
valores abaixo indicados,
(apresenta a fórmula
simbólica e os respectivos
cálculos).
Imigrantes = 7850 hab.
Emigrantes = 1340 hab.
Mobilidade e Diversidade Cultural 12
O país de eleição dos imigrantes portugueses foi, neste período,
o Brasil (com quase 70% do total da nossa emigração externa entre
1900 e 1960, correspondente a mais de um milhão de pessoas).
Em suma, estes gigantescos fluxos migratórios desempenharam
um papel na redistribuição da população, pois a eles deve o Novo
Mundo o seu povoamento em desfavor da Europa.
Figura 12
O retrocesso
No período compreendido entre as duas guerras mundiais, este
fluxo migratório transoceânico conheceu um decréscimo bastante
acentuado, devido não só a estes conflitos (que dificultavam os
movimentos dos transportes marítimos), mas sobretudo à grave crise
económica dos anos 30 (que se iniciou nos Estados Unidos e se
propagou a todo o mundo), que levou ao encerramento de um
número incalculável de empresas e à consequente desemprego de
milhões de trabalhadores.
Perante esta situação os países de acolhimento impuseram
restrições à imigração.
Actualidade
Entre os principais movimentos migratórios de trabalhadores
destaca-se actualmente três correntes: a corrente América
Central/EUA; África Ocidental/Europa Ocidental; Sudeste Asiático/
Austrália (figura 13).
Mobilidade e Diversidade Cultural 13
Doc.3 QUINZE IMIGRANTES AFRICANOS MORREM AO LARGO DAS CANÁRIAS
“Quinze imigrantes oriundos da África Subsariana morreram na noite passada,
ao largo das ilhas Canárias, quando tentavam entrar clandestinamente em
Espanha. O barco no qual queriam alcançar solo espanhol naufragou após ter
sido interceptado por uma lancha da Guarda Civil. (…)
(…) Segundo a Guarda Civil, a maioria dos imigrantes era de origem
marroquina. Detectam-se agora cada vez mais cidadãos oriundos de países
africanos do Sul do Sara. Após intermináveis caminhadas pelo continente
africano, chegam a Marrocos ou à Mauritânia, onde as máfias lhes cobram 200 a
500 contos pela travessia.”
Fonte: Diário de Noticias, 21 de Março de 2000
Prevê-se que estes fluxos se intensifiquem nos próximos anos: os
povos que habitam nos países em desenvolvimento dirigem-se cada
vez mais para os países desenvolvidos. Estes movimentos trazem
alguns problemas a nível económico e social. (Doc.3)
Um Olhar pela Europa
Após o fim da II Guerra Mundial, as grandes correntes
migratórias internacionais tomam agora outra direcção: a Europa,
terra de emigração, tornou-se agora um dos principais receptores de
imigrantes.
Figura 13 As principais migrações internacionais no mundo na
actualidade.
Fonte: Mota, Raquel; Atanásio, João – Geo população e povoamento,
Plátano Editora, 2002
N
Mobilidade e Diversidade Cultural 14
Com efeito, os países industrializados da Europa Ocidental,
parcialmente destruídos pela Guerra, procuram reconstruir e
desenvolver as suas economias. Mas os anteriores fluxos emigratórios
transoceânicos, atrás referidos, e as perdas humanas nas duas guerras
mundiais determinaram o envelhecimento da sua população e,
consequentemente, uma grande redução da população activa.
Deste modo, a falta de mão-de-obra constituía um sério obstáculo ao
desenvolvimento pretendido.
Em contrapartida, os países mediterrâneos, os países da África
do Norte e a ainda a Irlanda, a Turquia e a Polónia, além de outros,
apresentavam uma estrutura etária bastante jovem e uma economia
pouco desenvolvida, baseada essencialmente na agricultura e, por
isso, incapaz de absorver toda a mão-de-obra disponível. Perante
esta situação de altos níveis de desemprego e baixos salários, a
emigração constituía a única alternativa para melhorar o nível de
vida.
Estavam assim criadas as condições para o desencadeamento
de outro gigantesco fluxo emigratório internacional, mas agora para
os países industrializados da Europa Ocidental (figura 14).
Figura 14 - Principais países de origem e de destino das migrações europeias,
na década de 90
Fonte: Mendes, Ana e outros - População e Povoamento – Geografia 3º Ciclo,
Didáctica Editora, 2003
N N
Aplica os teus conhecimentos
1. Calcula e classifica o
saldo migratório, com os
valores abaixo indicados,
(apresenta a fórmula
simbólica e os respectivos
cálculos).
Imigrantes = 7850 hab.
Emigrantes = 1340 hab.
Mobilidade e Diversidade Cultural 15
Assim, nos últimos anos, a Europa ocidental tem sido “invadida”
por milhões de pessoas provenientes da Europa de leste, norte de
África, Ásia central e China. Próximo de dois milhões de imigrantes
legais e quinhentos mil ilegais todos os anos são atraídos pelas boas
condições de vida e oportunidades de emprego dos países da
Europa Ocidental (doc. 4).
Doc. 4 IMIGRANTES CHEGAM EM BUSCA DO “ELDORADO”
“A desagregação do bloco soviético, o derrube das fronteiras da União
Europeia, os conflitos na Jugoslávia, no Sri Lanka, no Iraque e em diversos países
africanos, contribuíram decisivamente para o aumento do fluxo migratório.
A Europa, com falta de mão-de-obra em sectores económicos cruciais, como a
construção civil, foi alimentando o sonho dos que se propunham abandonar
Afeganistão, Iraque, Albânia, China ou Cabo Verde, trocando o seu país pobre por
um “sonho” tantas vezes adiado.
Viajando de barco, carro, camião, comboio e até mesmo avião, centenas de
milhares de pessoas entram no espaço europeu, pedindo asilo, ou assumindo-se,
imediatamente, como imigrantes ilegais. Muitos vêm à procura de emprego,
melhores salários, enfim de uma vida melhor.”
Fonte: Público, 20 de Junho de 2000
Figura 15 – Principais países europeus de destino dos migrantes de 1992 a 2002.
Fonte: Adaptado de PEIXOTO, João., “Principais países europeus de destino dos
migrantes de 1992 a 2002”, INE, 2003.
Mobilidade e Diversidade Cultural 16
Existe uma cooperação
Doc. 5
“Cantar a emigração”
Este parte Aquele parte E todos, todos se vão Galiza ficas sem homens Que possam cortar teu pão. Tens em troca Órfãos e órfãs Tens campos de solidão Tens mães que não têm filhos E filhos que não têm pais. Coração que tens e sofre Longas ausências mortais Viúvas de vivos mortos Que ninguém consolará. Este parte Aquele parte E todos, todos se vão Galiza ficas sem homens Que possam cortar teu pão.
Adriano Correia de Oliveira
Os movimentos migratórios, sejam eles internos ou
externos, definitivos ou temporários, provocam, tanto nas áreas
de partida como nas de destino, uma série de alterações a
nível demográfico, económico, social e cultural (doc.6).
Mobilidade e Diversidade Cultural 17
Em termos demográficos essas alterações são particularmente
notórias:
na evolução da população, na medida em que o
crescimento efectivo não depende apenas do
crescimento natural, mas também do saldo migratório.
Significa isto que, nas áreas de origem, ocorre uma
diminuição da população, enquanto nas áreas de
destino se verifica uma aumento;
na estrutura demográfica, por gerarem frequentemente
desequilíbrios entre grupos etários e sexos.
A população migrante é predominantemente constituída por
jovens e adultos, sendo o sexo masculino maioritário. Este facto
reflecte-se no envelhecimento nas regiões de partida e,
consequentemente, num rejuvenescimento nas regiões de
chegada, fenómeno que se acentua se tivermos em conta que é
precisamente a população jovem aquela que tem capacidade de
procriar;
Doc.6 ATÉ 2050, SÃO PRECISOS 44 MILHÕES DE ESTRANGEIROS
“A população europeia vai reduzir-se de forma dramática
durante o século XXI e em 2050 representará apenas 7 por
cento da população mundial contra os 13 por cento que
representa actualmente (…).
(…) Para inverter esta situação, a Europa precisa de 44
milhões de imigrantes até 2050, avisa a Eurostat. E os
diferentes países começaram recentemente a adaptar as
suas políticas de imigração (…).
Fonte: Adaptado de Público, 1de Março de 2001
Mobilidade e Diversidade Cultural 18
na redistribuição da população, uma vez que os fluxos
migratórios tanto podem acentuar como atenuar os
desequilíbrios regionais. Aguns movimentos migratórios
têm frequentemente contribuído para acentuar
desequilíbrios já existentes, tal como aliás tem acontecido
no nosso país como o êxodo rural, ao provocar
simultaneamente a diminuição da população a viver no
espaço rural (desertificação) e o aumento da população
urbana.
No entanto, grande parte das vezes as migrações
desempenham um papel importante no atenuar dos desequilíbrios
entre as regiões de forte pressão demográfica e as de população
mais rarefeita.
Como exemplo desta situação temos o grande fluxo de
europeus, durante o século XIX e inicio do século XX, cujo principal
destino foi o continente americano, na altura ainda praticamente
despovoado.
Em termos económicos salienta-se:
a alteração da população activa, uma vez que se
verifica uma redução do número de trabalhadores em
resultado da saída maioritária de jovens e adultos, nas
áreas de partida e, consequentemente, um aumento nas
áreas de destino. As primeiras embora beneficiando de
algumas remessas de capital, vêem seriamente
comprometido o seu desenvolvimento. As segundas, em
resultado do aumento da força de trabalho, destinado
frequentemente a suprir problemas de carência de mão-
de-obra em áreas menos qualificadas e de menor
remuneração (construção civil, hotelaria, trabalhos
domésticos, …), vêem potenciada a sua capacidade de
desenvolvimento;
Mobilidade e Diversidade Cultural 19
a intensificação dos fluxos financeiros, principalmente
quando se trata de migrações externas.
Os emigrantes têm por norma enviar as suas poupanças para os
países de origem e investir uma parte significativa dessas remessas
na construção de uma habitação, na aquisição de propriedades,
entre outros investimentos. O facto reflecte-se positivamente na
economia do país de naturalidade.
Em termos sociais e culturais destaca-se:
a alteração nas relações pessoais, dado que a saída de
uma determinada região deixa sempre marcas nas
relações familiares e de amizade sendo, por isso, um
processo algo difícil tanto para quem parte como para
quem fica;
a dificuldade de integração e o aumento das tensões
sociais, uma vez que a entrada de estrangeiros provoca
frequentemente atitudes racistas e xenófobas devido aos
imigrantes serem, normalmente, apontados como causa
de situações de desemprego entre os naturais desse país
(exemplo da comunidade portuguesa na Alemanha). A
integração dos imigrantes é, por isso, difícil,
principalmente em períodos de crise económica (Doc.7 e
fig. 12).
Mobilidade e Diversidade Cultural 20
a alteração de alguns aspectos culturais, sobretudo
quando os migrantes permanecem um tempo
significativo nos locais de destino. Efectivamente, embora
estes adquiram hábitos (alimentares, linguísticos, …)
diferentes daqueles que tinham nos lugares de origem,
são também difusores das suas próprias referências
culturais. De igual modo, aquando do seu regresso às
áreas de partida, constituem-se como elementos
transmissores das novas vivências entretanto adquiridas.
Doc.7 OS NOVOS SEM ABRIGO FALAM RUSSO
“A crise e o desemprego não pouparam os imigrantes. Os ilegais de
Leste são a população mais vulnerável. Canalizados para o país através
de redes de tráfico e sem solidariedade familiar, vêm-se de um momento
para o outro sujeitos à lei da rua. Muitos dos que tentaram voltar, através
de um programa de repatriamento voluntário, não conseguiram:
burocracias à portuguesa. “
Fonte: Visão, 13 de Novembro de 2003
Figura 16 – Sem abrigo.
Fonte: Visão 13 de Novembro de 2003.
Mobilidade e Diversidade Cultural 21
Consequências nas áreas de
partida
Consequências nas áreas de
destino
Demográficas
- Diminuição da população absoluta
- Diminuição da densidade
populacional
- Diminuição da taxa de natalidade
- Diminuição da taxa de fecundidade
- Envelhecimento da população
- Aumento da taxa de mortalidade
- Diminuição da taxa de crescimento
natural
- Aumento da população absoluta
- Aumento da densidade populacional
- Aumento da taxa de natalidade
- Aumento da taxa de fecundidade
- Rejuvenescimento da população
- Diminuição da taxa de mortalidade
- Aumento da taxa de crescimento
natural
Económicas
- Diminuição da população activa
- Diminuição do dinamismo
económico
- Decréscimo do desemprego
- ligeira melhoria dos salários
- Entrada de divisas (no caso das
migrações externas)
- Aumento da população activa
- Aumento do dinamismo económico
- Aumento do desemprego
- Ligeira diminuição dos salários
- Saída das divisas (no caso das
migrações externas)
Sociais e
culturais
- Diminuição na intensidade das
relações familiares e de amizade
- Introdução de novas ideias e
culturas
- Dificuldades de integração
- Discriminação relativamente aos
naturais
- Crescimento da conflitualidade social
- Difusão de algumas referências
culturais
O estudo da população mundial e das migrações permite-nos
compreender melhor a diversidade da população cultural que se
reflecte pelo Mundo, devido em grande parte à mobilidade da
população.
De todas as características que diferenciam os povos a que é
mais perceptível é a cor da pele, tendo sido ao longo dos tempos
um parâmetro importante para a classificação e diferenciação dos
Quadro 3 – Consequências das migrações
Mobilidade e Diversidade Cultural 22
povos. No entanto a Diversidade Cultural não se esgota na cor da
pele mas em vários aspectos, como a Cultura, um conceito mais
abrangente, a Língua e a Religião.
Aspectos Culturais - Cultura
Cultura é um conceito amplo e de contornos pouco definidos.
Entendem-se assim por Cultura o que diz respeito ao modo como as
Doc. 8 – Extracto da Declaração da UNESCO sobre a raça e os preconceitos
raciais
Artigo 1º
1) Todos os homens pertencem à mesma espécie e têm a mesma origem. Todos
fazem parte integrante da Humanidade.
2) A identidade da origem não afecta em nada a faculdade que os seres humanos
têm de viver diferentemente, nem o direito dos homens e dos grupos a serem
diferentes…
3) Todos os povos do Mundo são dotados de potenciais iguais, permitindo-lhes
atingir qualquer nível de desenvolvimento intelectual, técnico, social, económico,
cultural e político, e as diferentes entre as suas realizações explicam-se
inteiramente por factores geográficos, históricos, económicos, sociais e
culturais…
Artigo nº5
1) A cultura, obra de todos os humanos e património comum da Humanidade, e a
educação no sentido mais lato, ofereceu aos homens e às mulheres meios cada
vez mais eficientes de adaptação, permitindo-lhes não somente afirmar que
nascem iguais em dignidade e em direitos, mas também que devem viver iguais,
com pleno reconhecimento do direito de todos os grupos humanos à identidade
cultural e ao desenvolvimento da sua vida cultural própria…
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura
Fonte: Adaptado de, Ribeiro e outros, Contrastes, População e Povoamento, pp.47,
2002
Aplica os teus conhecimentos
1. Refere três aspectos dos Elementos Culturais.
2. Na região onde vives identifica alguns Elementos Culturais característicos, construindo um cartaz para o efeito. Aproveita para tirar fotografias e inseri-las numa base cartográfica
O que deves reter
Elementos Culturais: – Elementos que constituem uma determinada cultura, como por exemplo, os usos e costumes, as crenças, a linguagem, as tradições culturais, a sabedoria, a língua a música, entre outros. Difusão: processo pelo
qual a informação,
materiais, moda, música
se espalham a partir de
uma determinada área de
origem.
Aculturação: modificação cultural resultante do contacto entre indivíduos de culturas diferentes.
Mobilidade e Diversidade Cultural 23
pessoas vivem em sociedade e está organizada. Deste modo a
Cultura está relacionada com as atitudes, valores, regras, costumes
reflectindo-se em vários aspectos.
A Cultura surgiu assim para responder a dois tipos de
necessidades humanas tanto ao nível material como ao nível
espiritual. Podemos pois identificar alguns Elementos Culturais que se
reflectem em dois grandes níveis, tanto na vida material e vida
espiritual. No que diz respeito à vida material de destacar
características como o vestuário, alimentação, habitação, transporte
entre outros. Em relação à vida espiritual a cultura reflecte-se nos
cultos religiosos, homenagens fúnebres, educação entre outros.
Deve-se compreender que os elementos culturais têm reflexos
espaciais surgindo deste modo as Áreas Culturais. Podem-se pois
observar as áreas culturais a diversas escalas de análise, como a
nacional e a regional.
Relações entre diferentes Culturas
Todas as culturas sofrem mudanças ao longo dos tempos. As
transformações culturais podem ocorrer de duas formas distintas.
Umas surgem dentro da própria sociedade resultado das
Subcultura: Cultura que
existe, porém é de menor
expressão que a cultura
dominante.
Aplica os teus conhecimentos
1. Dá uma noção de Difusão e Aculturação. 2. Dá dois exemplos de fenómenos de Aculturação sendo um deles relativo a Portugal. 3. Realiza um debate sobre a diversidade cultural existente nos diferentes grupos de imigrantes presentes em Portugal. Utiliza um mapa-mundo identificando os países de origem e alguns dos seus elementos culturais originários e elementos culturais adoptados em Portugal.
Fig. 17 – Casa Algarvia
Fonte: SANTOS, F., “Geo”, Asa, p.87
Fig. 18 – Casa Transmontana
Fonte: SANTOS, F., “Geo”, Asa, p.87
Mobilidade e Diversidade Cultural 24
descobertas ou inventadas por indivíduos pertencentes ao mesmo
grupo social. Este fenómeno intitula-se de difusão.
Quando um determinado grupo social entra em contacto com
terceiro (s) verificam-se contactos, verificando-se fenómenos de
troca de elementos culturais dos dois povos. A este facto dá-se o
nome de aculturação.
Um exemplo de aculturação ao nível mundial é o exemplo da
cultura norte – americana que influencia cada vez mais o modo
como nos vestimos, o que comemos, o tipo de música que ouvimos
entre outros aspectos.
Um exemplo de difusão é o caso da existência de grupos
minoritários no seio de determinadas sociedades, caso por exemplo
Geocuriosidades
Todas as sociedades
possuem uma cultura
própria, reflectindo-se na
sua maneira de se
relacionar com outras
sociedades e com a
Natureza.
A identidade cultural
resulta da existência de
elementos culturais
comuns a uma dada
sociedade.
As transformações
culturais podem ocorrer
de duas formas. Podem ter
lugar dentro da própria
sociedade, resultado de
invenções ou descobertas
ou surgirem em resultado
do contacto entre
indivíduos de diferentes
culturas.
As diferenças culturais
tendem-se a esbater
devido à difusão de
elementos culturais pelos
meios de comunicação
social, Internet e por uma
cada vez maior mobilidade
da população.
Fig. 19 – Ocidentalização dos hábitos Orientais
Fonte: SANTOS, F., “Geo”, Asa, p.87
Mobilidade e Diversidade Cultural 25
das diferentes comunidades imigrantes existentes em Portugal (cabo-
verdiana, angolana, guineense…).
A existência das subculturas tem dado origem a atitudes de
racismo e de xenofobia. Este tipo de atitudes resulta do facto de
indivíduos pertencentes à sociedade de acolhimento subvalorizarem
as culturas das minorias. Perante tais cenários torna-se mais difícil a
integração de alguns grupos minoritários.
- Inserir Imagem pp 98 fig 17 e 18 Fazer Geografia
Hoje em dia vivemos num mundo globalizado. Para um
aceleramento dos processos de globalização contribui com grande
importância os meios de comunicação, como a televisão, cinema,
Internet e outros. Apesar de as pessoas tenderem a identificarem-se
com determinados costumes e partilharem ideias, estilos de vida e
sistemas de valores os meios de comunicação vieram encurtar as
distâncias e potencializar fenómenos de difusão.
Fig. 22 – Ocidentalização dos hábitos Orientais
Fonte: SANTOS, F., “Geo”, Asa, p.87
Mobilidade e Diversidade Cultural 26
A emigração em Portugal foi, de um modo geral, sempre
elevada, embora tenha conhecido variações ao longo dos tempos,
nomeadamente ao longo do século XX (figura 17).
Os portugueses, primeiro, foram para o Brasil, depois para os
EUA, Canadá, Alemanha, França, Venezuela e África do Sul para fugir
à pobreza em que viviam, na esperança de poder encontrar uma
vida melhor. Hoje, os destinos bem como as causas são outros:
emigra-se por razões económicas, mas também à procura de novas
oportunidades, a nível cultural e pelo gosto da aventura.
Evolução da emigração portuguesa
Prova disso, mesmo é que actualmente calcula-se que vivam
no estrangeiro cerca de 4,3 milhões de portugueses, espalhados por
123 países do Mundo (diáspora portuguesa).
A maioria dos nossos emigrantes é originária sobretudo dos
distritos do noroeste e norte interior.
Em Portugal a emigração permanente ou definitiva está a
diminuir, tendo se verificado entre 1976 e 2002 uma diminuição de
cerca de 55%.
Figura 23 – Evolução da emigração portuguesa de 1860 a 2000. Fonte: Mendes, Ana e outros – População e Povoamento – Geografia 3º Ciclo – Didáctica
Editora, 2003
Mobilidade e Diversidade Cultural 27
O número de emigrantes temporários tem vindo a aumentar.
Passou de cerca de 8%, em 1976, para cerca de 62%, em 2002 (figura
18).
0
20
40
60
80
100
Perc
enta
gem
1976 1986 1996 2002
Anos
Emigração Permanente e Temporária - Análise
Comparativa, em Portugal
Permanente Temporária
Como podemos ver na figura 19, os principais países de destino
dos emigrantes portugueses são países europeus seguidos dos países
da América do Norte (Estados Unidos e Canadá) e outros países como
a África do Sul, Angola, Moçambique, Brasil, Venezuela e Austrália.
Figura 24 – Emigração Permanente e Temporária – Análise Comparativa, em
Portugal de 1976 a 2002. Fonte: Adaptado de Peixoto, João – “País de emigração ou país de imigração? Mudança e
continuidade no regime migratório em Portugal”, nº 2, 2004, SOCIUS Working Papers, página
18.
Figura 19
Figura 25 – Principais destinos dos emigrantes portugueses de 1992 a 2002
Fonte: Adaptado de Peixoto, João – “País de emigração ou país de imigração?
Mudança e continuidade no regime migratório em Portugal”, nº 2, 2004, SOCIUS
Working Papers, página 18.
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Pe
rce
nta
ge
m
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Anos
Principais destinos dos emigrantes Portugueses
Europa América do Norte Outros
Mobilidade e Diversidade Cultural 28
Portugal, hoje é um país de imigração e a origem dessa
imigração é sobretudo dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa – Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São
Tomé e Príncipe), do Brasil (a identidade da língua facilita a
adaptação) e do Leste da Europa. O elevado número de imigrantes
e a sua legalização trazem por vezes problemas para o nosso país
(doc.7).
Depois de um crescimento constante, o grande pulo
estatístico ter-se-á verificado de 2000 para 2001. Segundo dados
mais recentes, até 31 de Dezembro de 1999, o Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras havia registado 191 143 cidadãos
estrangeiros a viverem no nosso país, com autorizações de
Fonte: Visão 13 de Novembro de 2003
1999
2000
2001
2002
2003
Doc. 9
Aplica os teus conhecimentos
1. Realiza uma pequena
entrevista a alguns ex-
emigrantes teus
conhecidos no sentido
de, entre outras coisas,
saber:
- quais as suas regiões
de origem e países em
que estiveram
imigrados;
- há quanto tempo
emigraram e que idade
tinham quando o
fizeram;
- Qual a sua actividade
no país de destino e
quanto tempo lá
permaneceram;
- com que frequência
visitavam Portugal e
porque o faziam;
- que razões os levaram
a regressar
definitivamente ao país
de naturalidade.
2. Trata a informação
recolhida e apresenta-a
numa exposição oral à
turma.
Mobilidade e Diversidade Cultural 29
residência temporárias ou permanentes. Em 2002 o Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras (SEF) registavam já 413 304 cidadãos
estrangeiros a viverem no nosso país. Verificou-se no período
compreendido entre os anos 2000 e 2002 um aumento de cerca
de 99% no número de imigrantes (doc.8).
Fonte: Visão 13 de Novembro de 2003
Doc.9