Author
trinhhanh
View
219
Download
0
Embed Size (px)
ISSN 2317-7411
CADERNO DE RESUMOS DA
JORNADA HEIDEGGER
VOLUME 4, 2012
Publicao do NEXT-Ncleo de Estudos sobre Existncia
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Caic RN
CADERNO DE RESUMOS DA
JORNADA HEIDEGGER
VOLUME 4, 2012
ISSN 2317-7411
Publicao do NEXT-Ncleo de Estudos sobre Existncia
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Caic RN
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN Reitor Milton Marques de Medeiros Vice-reitor Acio Cndido de Sousa Pr-reitor de Administrao Lauro Gurgel de Brito Pr-reitor de Planejamento, Oramento e Finanas
Francisco Severino Neto Pr-reitora de Recursos Humanos e Assuntos Estudantis Joana D'arc Lacerda Alves Felipe Pr-reitor de Pesquisa e Ps-graduao Pedro Fernandes Ribeiro Neto
Pr-reitora de Ensino de Graduao Momia Gomes de Oliveira Miranda Pr-reitor de Extenso Francisco Vanderlei de Lima
Diretor do Campus Caic Francisco de Assis Costa da Silva Coordenador do Curso de Filosofia Jos Francisco das Chagas Souza
Coordenador do NEXT-Ncleo de Estudos sobre Existncia Dax Moraes
CADERNO DE RESUMOS DA JORNADA HEIDEGGER Publicao do NEXT-Ncleo de Estudos sobre Existncia
Editor responsvel Dax Moraes (UERN) Corpo Editorial Dax Moraes (UERN) Edgar Lyra Netto (PUC-Rio) Fernando Antonio Soares Fragozo (UFRJ) Ligia Saramago (PUC-Rio) Marcia S Cavalcante Schuback (Sdertrns Hgskola Sucia) Marco Antnio Casanova (UERJ) Paulo Csar Duque Estrada (PUC-Rio) Rbson Ramos dos Reis (UFSM) Rodrigo Ribeiro Alves Neto (UFRN) Rossano Pecoraro (PUC-Rio)
Reviso e Editorao Eletrnica Dax Moraes
Contatos Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN Curso de Filosofia A/C Dax Moraes Rua Andr Sales, n 667, Paulo VI - Caic-RN - CEP: 59300-000 Telefax: (0xx84) 3421-6513 [email protected]
Homepage jornadaheidegger.wordpress.com
Twitter @JHeidegger
SUMRIO
Apresentao 7 Sobre a essncia do movimento histrico da tradio Rainri Back dos Santos 9 Heidegger e Gadamer em dilogo: sobre a obra de arte Gustavo Silvano Batista 10 Notas metodolgicas a partir da destruio heideggeriana do Tratado do tempo de Aristteles Vitor Sommavilla de Souza Barros 11 A interpretao privativa e o mtodo comparativo como vias de acesso ontologia da vida em Heidegger Rodolfo da Silva de Souza 12 Observaes sobre o chamado mtodo das indicaes formais Fbio Franois Mendona da Fonseca 14 A abertura heideggeriana luz de Wittgenstein Maria Priscilla Vieira Coelho Familiar 16 O invisvel e o nada: o surgimento do lugar no pensamento de Heidegger Lis Helena Aschermann Keuchegerian 17 Transcendncia em Heidegger: sobre o Nada Luciano Gomes Brazil 18 Sobre a tematizao heideggeriana da historiografia Marcelo de Mello Rangel 19 Heidegger e Hegel: a crtica Metafsica do Absoluto Fbio Coelho Malaguti 20 Heidegger e a onto-teo-logia Frederico Pieper 21 A cotidianidade e a transformao dos conceitos filosficos (1929-1930) Itamar Soares Veiga 22
Sobre as conferncias de Bremen Alfredo Henrique de Oliveira Marques 23 A interpretao fenomenolgica heideggeriana do movimento existencial no livro X das Confisses de Santo Agostinho Suelma de Souza Moraes 24 O pensamento filosfico e a pr-compreenso a partir de Heidegger e Agostinho Thiago Leite Cabrera Pereira da Rosa 25 O peso da facticidade Marcos Daniel Lopes 26
Apresentao
A IV Jornada Heidegger Horizontes confirmou o contnuo crescimento e amadurecimento do congresso, resultando de uma feliz parceria com o NEED-Ncleo de Estudos em tica e Desconstruo, coordenado pelo professor Paulo Csar Duque-Estrada, da Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), instituio que desta vez sediou as atividades. O xito dessa edio especialmente devido ao inestimvel empenho dos colaboradores no Rio de Janeiro e, ao lado disto, grande adeso da comunidade acadmica, a todos cabendo especial agradecimento. Foram mais de trinta os trabalhos includos na programao mediante uma criteriosa seleo a partir de um elevado nmero de propostas de comunicao oriundas das diversas partes do pas e mesmo do exterior. Assim, optamos por publicar a ntegra dos resumos das comunicaes programadas em dois volumes. Neste quarto volume, registramos os resumos dos trabalhos includos nas sesses vespertinas ocorridas nos dois primeiros dias do congresso, 19 e 20 de maro de 2012, respeitada a ordem do programa.
Dax Moraes Organizador
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
9
Sobre a essncia do movimento histrico da tradio
Rainri Back dos Santos
Quando se trata de interpretar uma poca temporalmente distante daquela na qual vive quem pretende compreend-la, muitos historiadores ainda parecem considerar plausvel o emprego do seguinte procedimento. Segundo eles, seria preciso sair do horizonte contemporneo e se deslocar at o horizonte passado, a fim de compreend-lo objetivamente, segundo os prprios padres da poca em questo. Contra esse preconceito metodolgico, Gadamer argumenta que no haveria dois, mas apenas um nico horizonte em constante movimento. No entanto, tal crtica historiografia parece se converter em um problema para Gadamer. A fuso de horizontes pode ser considerada o conceito mais importante da hermenutica filosfica. Ora, para haver uma fuso, parecem ser necessrias ao menos duas coisas que se fundem uma na outra. Todavia, se h apenas um horizonte, segundo Gadamer diz ao criticar a metodologia da historiografia, como seria possvel, ento, algo como uma fuso de horizontes? Para responder tal pergunta, a comunicao pretende apresentar aquilo que parece ser a prpria essncia da tradio: o movimento de contnua intermediao de si consigo mesma.
Palavras-chave: Fuso; horizonte; intermediao.
Doutorando na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Volume 4, 2012
10
Heidegger e Gadamer em dilogo: sobre a obra de arte
Gustavo Silvano Batista
A comunicao pretende apontar algumas perspectivas de aproximao e distanciamento entre as reflexes de Heidegger e Gadamer sobre a obra de arte. Para tanto, tomaremos a introduo da obra Holzwege, escrita por Gadamer a pedido de Heidegger, por ocasio de uma nova edio revista, na dcada de 50. Tal texto que acreditamos ser um dos momentos mais importantes de dilogo entre os dois pensadores e no qual o prprio Gadamer diz-se surpreendido com a inesperada tematizao heideggeriana da obra de arte abre-nos um horizonte de discusso no qual o prprio Heidegger se disps e no qual Gadamer se engajou. Neste sentido, nosso texto pretende discutir esse dilogo a partir de dois traos que Gadamer compartilha com Heidegger, a saber, uma constante descrena no domnio cada vez maior da tecnocincia e um olhar privilegiado para a arte como uma esfera que se preserva a esse mesmo domnio.
Palavras-chave: Obra de arte; Gadamer; Heidegger.
Professor da Universidade Federal do Piau (UFPI) e doutorando em Filosofia na Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
11
Notas metodolgicas a partir da destruio heideggeriana do Tratado do tempo de Aristteles
Vitor Sommavilla de Souza Barros
Pretende-se analisar a interpretao feita por Martin Heidegger do chamado Tratado do tempo de Aristteles, em Ser e tempo e demais obras conexas. A terceira seo da segunda parte de Ser e tempo seria dedicada ao comentrio do tratado aristotlico mencionado, mas acabou no sendo redigida. Entretanto, outros textos do perodo, associados a passagens da obra mxima de Heidegger, permitem discernir os traos fundamentais dessa interpretao. A tentativa ser de mostrar o quanto a relao de Heidegger com a Fsica, de Aristteles, em geral, e com o texto sobre o tempo em particular, representativa do modo como Heidegger acredita que a filosofia devia ser ento levada a cabo. A anlise do texto aristotlico em questo no somente respeita o propsito heideggeriano de abordar o ser (e a histria do discurso sobre ele a Metafsica) em sua relao com o tempo. Essa anlise tambm atua, por um lado, sobre a fonte principal (Aristteles) da metafsica ocidental, a fim de rastrear a origem de noes desde ento assumidas como bvias, e, por outro, sobre um texto (o da Fsica) no qual diversas noes interessantes e passveis de receber novas nfases ontolgicas esto presentes, tais como movimento, privao, potncia. Assim, nessa leitura de Aristteles, a destruio heideggeriana ganha uma de suas mais elevadas clarezas metodolgicas.
Palavras-chave: Tempo; destruio; Heidegger; Aristteles; mtodo. Mestrando em Filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Volume 4, 2012
12
A interpretao privativa e mtodo comparativo como vias de acesso ontologia da vida em Heidegger
Rodolfo da Silva de Souza
Importantes anlises interpretativas, efetuadas por pesquisadores como M. Calarco, Manfried Riedel, J. Rouse, entre outros, no tocante ao tema da natureza e da vida na hermenutica de Heidegger, foram realizadas nas duas ltimas dcadas. A retomada desse tema importante, pois uma das principais acusaes dirigidas a Heidegger consiste na aparente falta de problematizao mais detida do tema da natureza no seio da ontologia existencial. Em Ser e tempo e Os conceitos fundamentais da Metafsica, Heidegger elege o domnio ontolgico da vida como propedutica temtica da natureza, e chama o mtodo interpretativo de acesso ao modo de ser da vida de interpretao privativa. A interpretao privativa consistiria em uma operao fenomenolgica de carter destrutivo que procura desvelar as estruturas ontolgicas que esto pressupostas em todos os nossos comportamentos para com entes vivos. Nossa comunicao dividir-se- em trs partes: 1) Apresentao do tema de uma possvel ontologia da vida na obra de Heidegger; 2) A interpretao privativa enquanto mtodo fenomenolgico para se delimitar o lugar de fenomenalizao da vida; e 3) por ltimo, faremos algumas breves consideraes acerca do complemento metodolgico da interpretao privativa, o mtodo comparativo,
Doutorando em Filosofia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
13
que consiste em uma tematizao positiva do estatuto ontolgico da vida em cooperao com as cincias biolgicas.
Palavras-chave: Cincia; fenomenologia; vida; mundo; privao.
Volume 4, 2012
14
Observaes sobre o chamado mtodo das indicaes formais
Fbio Franois Mendona da Fonseca
O trabalho considera a reivindicao de que nas assim chamadas indicaes formais a filosofia encontraria um mtodo de investigao e seu procedimento peculiar. Faz-se necessrio elucidar de que se trata o alegado carter indicativo formal das enunciaes e conceitos filosficos, e que ganho metodolgico especfico ele representa para a argumentao de Ser e tempo. Seguirei como fio condutor inicial o tratamento dado por Daniel Dahlstrom. Trs pontos sero examinados: O paradoxo de tematizao que ronda o conceito pr-terico de verdade proposto por Heidegger e que reivindica a considerao metodolgica; a funo proibitiva-referencial que previne abordagens predicativas encobridoras do modo de ser do ser-a; a funo reversivo-transformacional que conduz o interlocutor a descerrar sua possibilidade mais prpria de existncia na singularidade histrica da temporalidade originria. Afinal, tentarei propor que, no tanto um mtodo para obter um tipo especfico de evidncia, a indicao formal um recurso discursivo no necessariamente restrito filosofia, e que cumpre um papel retrico necessrio, mas no suficiente, na argumentao de Heidegger, que ainda precisa recorrer hermenutica da cotidianidade e, em particular, de disposies afetivas
Doutorando em Filosofia no Programa de Ps-Graduao em Lgica e Metafsica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGLM/IFCS/UFRJ).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
15
fundamentais, o que por seu lado presume um acesso discursivo a todo desvelamento.
Palavras-chave: Verdade; indicao formal; desvelamento.
Volume 4, 2012
16
A abertura heideggeriana luz de Wittgenstein
Maria Priscilla Vieira Coelho Familiar
Com a ajuda de alguns elementos do pensamento de Wittgenstein, pretende-se repensar a proposta heideggeriana de abertura para o Ser. Tal estudo ganha relevncia maior diante da leitura que feita por Derrida deste projeto como sendo, na verdade, um fechamento. Almeja-se mostrar que tal interpretao, apesar de reconhecer o valor da herana herdada, subestimou as conquistas de Heidegger. Para isso, debruar-me-ei sobre as noes de negao e totalidade em Wittgenstein e Heidegger. Isso ser feito a partir da tradicional questo metafsica: Por que h antes o ente e no o nada?. Wittgenstein estabelece a impossibilidade da negao da totalidade das possibilidades de estados-de-coisas. J o sentimento dessa totalidade como limitada parece ser considerado por ele legtimo. Em que medida isso se aproxima do vislumbre de uma oscilao a que Heidegger se refere no incio de Introduo metafsica? Como as noes de negao e totalidade ajudam a deixar mais claros os termos Ser, ente, outro e Outro? Com o auxlio dessas elucidaes, pretende-se alcanar o objetivo proposto.
Palavras-chave: Negao; totalidade; limite.
Mestranda em Filosofia na Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeito (PUC-Rio).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
17
O invisvel e o nada: o surgimento do lugar no pensamento de Heidegger
Lis Helena Aschermann Keuchegerian
O trabalho quer apresentar o invisvel como o espao livre, doador de lugar, a partir do qual o visvel se ergue e constri, baseando-se especialmente na obra Observaes sobre arte escultura espao. Heidegger dedicou dois escritos seus a esculturas e escultores elucidando e atribuindo novos contornos s idias de corpo, espao, verdade e lugar em seu pensamento. A obra de arte, tema de discusso desse texto, rene em si o visvel e o invisvel. O invisvel delineia o visvel a partir do desconhecido, esculpido a partir do nada.
Palavras-chave: Heidegger; espao; arte.
Doutoranda em Filosofia na Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Volume 4, 2012
18
Transcendncia em Heidegger: sobre o Nada
Luciano Gomes Brazil
A comunicao ir tratar e relacionar os temas da transcendncia e do Nada no pensamento do filsofo alemo Martin Heidegger. Sero usadas passagens da obra Ser e tempo, do ensaio Sobre a essncia do fundamento e da preleo Os conceitos fundamentais da Metafsica: mundo finitude solido.
Palavras-chave: Heidegger; ontologia; filosofia contempornea.
Mestrando em Filosofia no Programa de Ps-Graduao em Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGF/IFCS/UFRJ).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
19
Sobre a tematizao heideggeriana da historiografia
Marcelo de Mello Rangel
Trataremos do pargrafo 76 de Ser e tempo, evidenciando a compreenso heideggeriana de que a historiografia , em seu fundamento, uma possibilidade aberta pela historicidade prpria do ser-a. Sendo ainda mais claro, a historiografia possvel a partir da existncia do ser-a, antecipando-se ao mundo que o seu hoje. Antecipando-se ao mundo que o seu, no interior do qual se encontra na origem e na maioria das vezes, o ser-a se abre para um conjunto finito de possibilidades at ento obscurecidas no interior do impessoal. Antecipando-se, o ser-a libera sentidos e significados rearticulando, atravs da prpria historiografia, o passado, no presente, em nome do futuro, temporalizando a temporalidade, e isto no caso da historiografia prpria. Enfim, evidenciaremos que a tematizao da historiografia no interior do texto heideggeriano possui os objetivos especficos de: 1) evidenciar que o passado aparece e organizado pela historiografia j a partir da existncia do ser-a, ou melhor, da relao fundamental entre a negatividade do ser-a e sua situao; e 2) preparar a destruio da Histria da Filosofia, fundada em estruturas interpretativas prvias, ou ainda, em verses finais dos sistemas filosficos disponibilizados pelo presente, incessantemente.
Palavras-chave: Historicidade; historiografia; fenomenologia.
Doutor em Histria pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutorando em Filosofia no Programa de Ps-Graduao em Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGF/IFCS/UFRJ). Atualmente em estgio ps-doutoral na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Volume 4, 2012
20
Heidegger e Hegel: a crtica Metafsica do Absoluto
Fbio Coelho Malaguti
A crtica de Heidegger ao pensamento de Hegel atravs da noo de onto-teo-logia e sua interpretao do sistema hegeliano como Metafsica do Absoluto so o objeto da comunicao. A partir de alguns textos e anotaes de Heidegger recm-publicados, busco melhor compreender as relaes entre os pensamentos de Heidegger e Hegel. Minha exposio consiste em dois momentos. Primeiramente, organizarei os principais movimentos da crtica de Heidegger Metafsica do Absoluto, tal como expressos nos seguintes escritos publicados no volume 86 da Heidegger-Gesamtausgabe: o Colquio sobre Dialtica (Colloqium ber Dialektik), de 1952, Verdade do ser (Wahrheit des Seins), de 1956, e Conversa com Hegel sobre a questo do pensamento (Gesprch von der Sache des Denkens mit Hegel), do semestre de inverno 1956/57; posteriormente, farei a comparao de tal interpretao do sistema hegeliano com a nova recepo da obra de Hegel, que se caracteriza pela nova edio do corpus hegeliano.
Palavras-chave: Dialtica; ser; pensamento.
Doutorando em Filosofia no Arquivo-Hegel/Centro de Pesquisas de Filosofia Clssica Alem da Ruhr-Universitt Bochum, Alemanha.
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
21
Heidegger e a onto-teo-logia
Frederico Pieper
A comunicao trata da apropriao e significado da expresso onto-teo-logia no pensamento de Heidegger. Num primeiro momento, busca-se mostrar como, no dilogo estabelecido na dcada de 20 com textos de Aristteles, Heidegger define os termos aqui envolvidos apontando a tenso entre ontologia e teologia na filosofia primeira, apontando na direo de uma ontologia desvinculada da teologia. No entanto, na virada para dcada de 30, com a leitura de filsofos do idealismo alemo (principalmente Hegel), aprofunda-se esta primeira perspectiva passando a pensar a unidade entre teologia e ontologia como estrutura da metafsica e aquilo que mais digno de ser pensado. Neste contexto, interessa a ele a unidade causal estabelecida pelo e na afirmao de que a metafsica estuda os entes no sentido daquilo que possuem em comum e do ente na totalidade. A comunicao objetiva indicar como, neste contexto de dilogo com Hegel e para expressar esta unidade, Heidegger se apropria da expresso kantiana onto-teo-logia, conferindo-lhe sentido mais amplo. Como consequncia, seu projeto filosfico no tem mais em vista a possibilidade de uma ontologia desvinculada da teologia, mas se iniciam os primeiros movimentos na direo de proposio de superao da metafsica.
Palavras-chave: Onto-teo-logia; metafsica; unidade.
Professor do Programa de Ps-Graduao em Cincias da Religio da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), doutor em Cincias da Religio pela Universidade Metodista de So Paulo (UMESP) e doutorando em Filosofia na Universidade de So Paulo (USP).
Volume 4, 2012
22
A cotidianidade e a transformao dos conceitos filosficos (1929-1930)
Itamar Soares Veiga
A cotidianidade em Ser e tempo integra a condio de ser-no-mundo do ser-a. Ela uma positividade. Esta positividade evita um afastamento entre ser-a e o mundo. Na obra de 1929-30, Conceitos fundamentais da metafsica, o propsito diferente e provoca um destaque para elementos implcitos de Ser e tempo. Isto ocorre porque se exemplifica os modos de ser do Dasein em funo do carter comparativo com os seres animados e inanimados. No pargrafo 70 da obra de 29/30, Heidegger diz que os conceitos filosficos so indicaes-formais. Diante deste contexto, esta pesquisa objetiva estabelecer as vinculaes entre ambas as obras. Assim, a pergunta condutora : qual o papel da cotidianidade frente interpretao tradicional dos conceitos filosficos no pargrafo 70 do curso de 29/30? A referncia explcita decada (Verfallenheit) no texto de 1929-30 exige uma passagem do mbito da descrio ontolgico-existencial para o mbito abstrato da discusso filosfica. A resposta deve mostrar que a decada, que um existencial e, por isso, uma indicao-formal, serve como uma explicao da ausncia de radicalidade dos conceitos concebidos pela tradio filosfica. Isto aproxima ambas as obras.
Palavras-chave: Cotidianidade; indicaes-formais; conceitos filosficos.
Doutor em Filosofia, professor permanente do Programa de Ps-Graduao em Filosofia da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
23
Sobre as conferncias de Bremen
Alfredo Henrique de Oliveira Marques
No ano de 1949, Heidegger proferiu, desde o ttulo Einblick in das was ist (Lanar um olhar para dentro do que ), quatro conferncias, a saber, Das Ding (A coisa), Das Ge-Stell (O dispositivo), Die Gefahr (O perigo), Die Kehre (A volta). Apesar de, ainda hoje, ser indita a terceira conferncia, o chamamento desta est presente no somente nas conferncias em Bremen, mas em toda sua obra. O que se pretende por c trazer frente o cordo semntico que sustenta os anncios de Heidegger no inverno de 1949, isto , pensar a noo fundamental que anuncia o verdadeiro perigo de nossa poca.
Palavras-chave: Volta; metafsica; possibilidade.
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Volume 4, 2012
24
A interpretao fenomenolgica heideggeriana do movimento existencial no livro X das Confisses
de Santo Agostinho
Suelma de Souza Moraes
O artigo versa sobre uma interpretao heideggeriana do conhecimento de si mesmo em duas obras: Ser e tempo e Fenomenologia da vida religiosa. De modo significativo contribui com uma anlise crtica para a compreenso do movimento do sentido existencial na interpretao do livro X das Confisses, desenvolvendo duas interpretaes de compreenso fenomenolgicas: a primeira, a historialidade; e, a segunda, a fenomenologia da intencionalidade com base na faticidade, em que apresenta as inquietaes da fala interior da confisso. Heidegger procura concretamente os graus possveis de interpretao que mostrem a relao com si mesmo e que sejam capazes de guiar o interpretar genuno e convert-lo em algo especial. Desse modo, procura mostrar como vem fundamentado o confitere (confessar-se) e o considera como ponto de partida fundamental para a interpretao do livro X: qustio mihi factus sum (converti-me num problema para mim mesmo). Esse ponto de partida passa a ser algo determinante na interpretao dos nexos entre a experincia do mundo compartilhado e o conhecimento disponvel sobre o mundo ao redor. Para tanto, apresenta como diferenciais para a interpretao: a memria e a vontade.
Palavras-chave: Confisso; presena; vontade. Doutora em Cincias da Religio, professora na Universidade Federal da Paraba (UFPB).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
25
O pensamento filosfico e a pr-compreenso a partir de Heidegger e Agostinho
Thiago Leite Cabrera Pereira da Rosa
Pensar filosoficamente, segundo certa interpretao corrente, consiste em explicitar, desdobrar o implcito, aquilo que est desde sempre fundamentalmente vigente. A busca de Deus na memria e a investigao do tempo, empreendidas por Agostinho nos livros X e XI das Confisses, so bons exemplos dessa interpretao da filosofia. Inegveis fontes de Heidegger para a sua tese sobre o esquecimento do ser, estas extraordinrias passagens do texto agostinano talvez merecessem ser repensadas a partir de noes heideggerianas como a pr-compreenso e o horizonte. Ao aproximar e contrastar os dois filsofos, pretende-se reformular a questo agostiniana do conhecimento a priori nos termos possivelmente mais originrios da reflexo filosfico-hermenutica defendida por Heidegger desde Ser e tempo.
Palavras-chave: Pr-compreenso; horizonte; pensamento.
Doutorando em Filosofia no Programa de Ps-Graduao em Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGF/IFCS/UFRJ) e professor substituto do curso de Filosofia da mesma instituio.
Volume 4, 2012
26
O peso da facticidade
Marcos Daniel Lopes
Trataremos do sentido da mobilidade daquilo que Heidegger chamou de vida fctica nas primeiras prelees de Friburgo (1919-1921). As indicaes que ali ganham forma apontam para fenmenos como o decair (Abfallen) e a preocupao (Bekmmerung) precursores da decadncia (Verfallenheit) e da cura (Sorge) em Ser e tempo. Recorreremos, pois, coletnea de prelees reunidas no tomo 60 da Gesamtausgabe, sobretudo ao curso sobre o Livro X das Confisses de Agostinho. Buscando a reverberao dos motivos agostinianos nas acepes conceituais esquematizadas por Heidegger, pensamos poder conquistar uma melhor compreenso acerca do sentido interpretativo que perpassa as suas consideraes sobre a vida fctica: a disperso, o peso e o conflito.
Palavras-chave: Decadncia; tentao; cura.
Mestrando em Filosofia na Universidade Federal do Paran (UFPR).