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fernanda-azevedo
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Ecologia Evolutiva, cap.2 Towsend
Todas as espécies são tão especializadas que não ocorrem em quase todos os lugares
A ecologia tenta explicar porque existem tantos organismos e porque suas distribuições são tão
restritas. É necessário compreender os processos evolutivos que levaram a diversidade e
distribuição atuais. A evolução se dá através do processo de seleção natural (SN)
Princípios da teoria da evolução por SN
1. Os indivíduos que compõem uma população não são idênticos
2. Parte da variação entre indivíduos é herdável (tem base genética e pode ser transmitida aos
descendentes)
3. Todas as populações poderiam crescer a uma taxa que saturaria o ambiente, mas muitos
indivíduos morrem antes da reprodução e usualmente todos se reproduzem aquém da sua taxa
máxima. Por isso, em cada geração, os indivíduos de uma população representam somente
uma parte daqueles que “poderiam” ter “chegado lá”, provenientes da geração anterior.
4. Nem todos contribuem igualmente para as gerações seguintes. Assim, aqueles que
contribuem em maior número tem mais influência sobre as características hereditárias das
gerações subsequentes
Evolução significa mudança no tempo das características herdáveis de uma população
ou espécie.
As características hereditárias que definem uma população inevitavelmente irão mudar
(considerando os 4 princípos).
A evolução é inevitável
Fig. 16.1. Os tentilhões de Darwin mostram respostas evolutivas para
mudanças climáticas. Declínio na abundância de sementes e tamanho
populacional do tentilhão-do-solo-médio (Geospiza fortis) na Ilha Daphne Major
no arquipélago de Galápagos durante o período de seca de 1975-1978 (El
Nino). Aumento na dureza relativa das sementes e o tamanho médio do bico na
populaçao do tentillhão durante o mesmo período.
As populações tem a capacidade de responder às mudanças ambientais em razão da variação
genética entre os indivíduos, ou seja,
respondem a pressões seletivas com variações nas freqüências de alelos
Quais indivíduos contribuirão mais para as gerações seguintes e, em consequência,
determinam a direção que a evolução toma?
Aqueles que forem mais capazes de sobreviver aos riscos e as catástrofes do
ambiente em que nasceram e cresceram, bem como aqueles que, tendo
sobrevivido, foram favorecidos reprodutivamente pelos ambientes onde viviam:
As interações entre organismos e seus ambientes - a essência da ecologia –
apóia-se no âmago do processo de evolução por seleção natural
Valor adaptativo (“fitness”): descreve o sucesso de indivíduos no processo de seleção
natural. Em determinado ambiente, alguns indivíduos sobreviverão melhor,
reproduzirão mais e irão deixar mais descendentes – eles terão maior valor
adaptativo do que outros
O homem pode selecionar um cereal mais produtivo, um cão mais atrativo ou uma
vaca que produza mais leite pela seleção de pais com caracteres melhorados.
Essa é a seleção artificial.
Mas a natureza não tem objetivos. A evolução acontece porque alguns
indivíduos sobreviveram e se reproduziram com mais sucesso, não porque
foram escolhidos
Pode-se dizer que os ambientes existentes no passado selecionaram
características particulares dos indivíduos que vemos nas populações
atuais. Tais características são “apropriadas” aos ambientes dos dias de hoje
porque estes tendem a permanecer inalterados, ou a mudar muito vagarosamente.
Quando plantas de Arabis fecunda provenientes de locais de baixa (propensos
à seca) e de elevadas altitudes foram cultivadas juntas no mesmo jardim ficou evidente
a adaptação local. Aquelas oriundas de baixa altitude tiveram significativamente maior
eficiência no uso da água, além de formarem rosetas mais altas e mais largas
(de McKay et al., 2001)
Variação geográfica intraespecífica
Exemplo no qual as forças de seleção parecem
Sobrepujar as forças de hibridização. Não é
sempre assim!
a) Mapa de Abraham´s Bosom; local escolhido para
estudo sobre ocorrência de evolução ao longo de
distâncias pequenas. A área verde corresponde à
pastagem manejada; área marrom claro aos costões
rochosos direcionados para o mar.
Os números indicam os locais onde a gramínea
Agrostis stolonifera foi amostrada. Área total: 200 m.
(b) Uma transecção perpendicular à área de estudo,
Mostrando mudança gradual da altitude
(c) EXPERIMENTO: comprimento médio dos estolões
produzidos no jardim experimental pelas plantas
coletadas de transecção (de Aston e Bradshaw, 1966).
Há diferença significativa!
Variação geográfica intraespecífica
Medida da germinação,
sobrevivência, biomassa
e produção de frutos
Estudo com a leguminosa Chamaecrista fasciculata no leste da América do Norte:
Plantas coletadas no local “original” e ou transplantadas de diversas distâncias e
cultivadas em um mesmo jardim.
Neste caso, a adaptação local ocorreu somente na escala espacial maior
Nos exemplos anteriores as variantes geográficas das espécies foram identificadas, mas
as forças seletivas que as favorecem não.
Peixe gupi (Poecilia reticulata) em Trinidad
FATOS
Muitos rios fluem nas encostas e são subdivididos por cachoeiras que isolam as
populações de peixes presentes acima e abaixo das quedas d´água.
Nas partes mais baixas há mais predadores, que inexistem nas partes mais altas,
próximas as nascentes.
Vários atributos dos peixes co-variam de acordo com a intensidade do risco aos
predadores
Esta correlação sugere que as populações de gupis tem sido sujeitas à seleção natural
pelos predadores
Só experimentos controlados podem estabelecer causa e efeito
Os predadores podem reverter o rumo da seleção
Na presença do predador voraz o número de manchas caiu
R: Predador pouco eficaz
C: Predador voraz
K: sem predador
Resultados:
Onde os peixes foram excluídos dos
predadores, os machos apresentaram
coloração brilhante com variação no número e
tamanho de manchas coloridas (K e R)
As fêmeas de gupis preferem machos
mais vistosos, mas estes são mais
prontamente capturados por predadores
porque são mais facilmente vistos.
A Seleção Natural envolve concessões!
Experimento: Populações de gupis estabelecidas em tanques e
expostos a diferentes intensidades de predação
Seleção natural por predação – experimento de campo controlado sobre evolução em peixes
Experimento de Campo:
C: local com presença do predador voraz (foz do rio)
X: 200 gupis transferidos de C para o convívio com predadores
pouco eficazes (nascente do rio)
R: controle com predadores pouco eficazes
Resultados analisados 23 meses depois ou cerca de 14 gerações
de gupis
X e R estão pouco sujeitos a predação
C: predador voraz
Cor da mancha
Variação intra-específica com pressões de
seleção provocadas pelo homem
Locais no Reino Unido onde as frequências das
formas pálidas (típica) e melânica de Biston
betularia foram registradas (20 mil espécimens
examinados).
Forma melânica principal (carbonaria) era
abundante próxima às áreas industriais e onde os
ventos carregam poluentes atmosféricos para a
direção leste. Uma forma melânica adicional
(insularia), que se parece com uma forma
intermediária também esteve presente, mas
permaneceu oculta onde os genes para a forma
carbonaria estavam presentes (Ford, 1975).
Seleção natural desencadeada pelas forças
ecológicas da poluição ambiental:
coloração das mariposas – melanismo industrial
Biston betularia carbonaria
Biston betularia típica
Biston betularia insularia
Picos adaptativos e abismos especializados
A seleção natural muda o caráter de uma população, eliminando grande parte
de sua variação e deixando para futuras gerações um resíduo de amplitude
mais estreito e potencial mais restrito.
Ela é comumente descrita como a força que conduz as populações em direção
ao pico de adaptação – uma correspondência perfeita entre o organismo e o
ambiente.
Um cenário alternativo de seleção natural é que ela força as populações para
uma rota mais estreita de especialização – que pode ser uma armadilha –
com efeitos limitantes e restritivos. A especialização das espécies significa
que elas estão sob risco de extinção quando o ambiente é alterado.
A ecologia da especiação
O conceito de espécie biológica (Mayr, 1930): organismos que podem, pelos
menos potencialmente, se acasalar e produzir prole fértil
1. Seria errado imaginar que todos os exemplos de especiação se ajustam a esse cenário
ortodoxo
2. Esta seria uma especiação alopátrica pura, (com toda divergência ocorrendo em
subpopulações em locais diferentes, ex. ilhas)
3. Ideia mais atual: Não é necessária uma fase de isolamento, especiação simpátrica pode
ocorrer. Ex: subpopulações coexistentes de insetos que se especializam em diferentes
plantas hospedeiras, mas trocam genes a uma taxa de ~ 1% por geração (raças de
hospedeiros) até espécies distintas que se especializam em seus hospedeiros específicos.
Este continuum nos lembra que a
origem de uma espécie, seja
simpátrica ou alopátrica, é um
processo e não um evento.
Para formação de uma nova espécie há
algum grau de liberdade a respeito de
quando está completo
Gaivota Larus fuscus originou-se na Sibéria e colonizou progressivamente na direção oeste e
leste formando uma cadeia ou cline de formas diferentes, circundando o hemisfério norte
As formas vizinhas ao longo do contínuo são distintas, mas cruzam rapidamente na natureza e
são consideradas subespécies
Se encontram e sobrepõem no norte da Europa, onde os contínuos provenientes de leste e
oeste divergiram tanto que é fácil identificá-los, e são considerados 2 espécies distintas:L.
fuscus e L. argentatus, que não cruzam, sendo 2 espécies biológicas verdadeiras
Tentilhões de Darwin:
Exemplo de especiação em ilhas
14 espécies de tentilhões são
encontradas nas ilhas e divergiram
de um ancestral comum.
Reconstrução da história evolutiva dos
tentilhões baseada na variação dos
comprimento dos Microsatélites de
DNA. Hábitos alimentares das várias
espécies tb são mostrados. Os
desenhos das aves são proporcionais
ao tamanho corporal real. A distância
genética entre as espécies está
representada pelo comprimento das
linhas horizontais. Observe a
separação grande e precoce de C.
olivaceae das demais espécies,
sugerindo que ela pode ser bastante
semelhante aos fundadores que
colonizaram as ilhas
Os bicos dos tentilhões de Galápagos ilustram deslocamento de caracter. A
extensão do tamanho do bico de cada tentilhão-do-solo (Geospiza) varia com a
quantidade de outras espécies com as quais coexistem numa ilha.
Efeitos das mudanças climáticas sobre a evolução e a distribuição das espécies
a) Variações da temperatura no
tempo, durante os períodos glaciais
nos últimos 400 mil anos. A linha
tracejada corresponde a taxa de 10
mil anos atrás, no início do período
de aquecimento atual. Períodos tão
quentes quanto os atuais tem
sido eventos raros e o clima durante
a maior parte dos últimos 400 mil
anos tem sido do tipo glacial.
b) Distribuições no leste da América
do Norte, com base na % de pólen
no sedimento, de espécies do
espruce (acima) e carvalho (abaixo)
de 21.500 anos atrás até o presente
(Davis e Shaw, 2001)
espruce
carvalho
Efeitos da deriva continental sobre a ecologia evolutiva
A) Mudanças na temperatura do Mar do
Norte nos últimos 65 milhões de anos.
Durante esse período houve grandes
alterações do nível do mar que
permitiram a dispersão de plantas e
animais entre as massas de terra. B-E)
Deriva continental
B) O antigo supercontinente de
Gonduana começou a se dividir a ~ 150
milhões de anos.
C) Há ~ 50 milhões de anos (Eoc. Médio)
se desenvolveram faixas de vegetação
distinta
D) ~ 32 milhões de anos (Oligoc) estas
tornaram-se mais claramente definidas.
E) Há ~10 milhões de anos (Mioc) grande
parte da geografia atual dos continentes
tornou-se estabelecida, porém com
diferenças drásticas com relação ao
clima e a vegetação atuais.
Os padrões de formação de espécies que ocorrem nas ilhas tornam-
se visíveis em escala ainda maior na evolução dos gêneros e
famílias através dos continentes.
A deriva dos continentes responde a
muitas questões em ecologia evolutiva ,
como: a) Distribuição mundial de aves
sem vôo potente.
B) Árvore filogenética das aves ápteras e o
tempo estimado de suas divergências
C) avestruz é africana,
D) ema é encontrada na América do Sul
E) Emu, Austrália. Muitas outras espécies
dessas aves acabaram sendo extintas pelo
homem. O inhambu parece ter sido o
primeiro a divergir e a se tornar
evolutivamente separado. A seguir, a
Australásia se separou dos demais
continentes sulinos, e destes últimos, os
estoques ancestrais das avestruzes e
emas foram subsequentemente
separados após o surgimento da falha do
Atlântico entre África e América do Sul. Na
Austrálasia, o mar da Tasmânia se fendeu
há cerca de 80 milhões de anos.
Os ancestrais dos kiwis abriram seu
caminho, há 40 milhões de anos
supostamente saltando entre as ilhas, em
direção a Nova Zelândia, onde a
divergência das espécies atuais aconteceu
recentemente.
Avestruz, Africa Ema, América do Sul Emu, Australia
Os resultados da evolução:
Evolução convergente organismos não relacionados que evoluíram isolados uns dos
outros, convergindo com extraordinária similaridade de forma e comportamento. Assim
papéis similares são desempenhados por estruturas que possuem origens evolutivas
completamente diferentes (organismos não relacionados)
– estruturas análogas (similares na forma superficial ou função).
Ex: Asas de aves e morcegos são análogas, elas são estruturas diferentes.
As asas das aves são suportadas pelo digital número 2 e são cobertas por penas,
enquanto as asas dos morcegos são suportadas pelos digitais 2-5 e são cobertas por
pele.
Evolução paralela quando existem paralelismos nas
rotas evolutivas de grupos aparentados após estes
serem isolados uns dos outros. Ex: mamíferos
placentários e marsupiais.
Os pares de espécies são similares tanto em
aparência quanto em hábitos, e geralmente, em estilo
de vida.
Estruturas são homólogas (derivadas de uma estrutura
equivalente, a partir de um ancestral comum).
Os marsupiais chegaram no continente australiano
durante o Cretáceo (há 90 milhões de anos), quando
os únicos mamíferos presentes eram os
monotremados ovíparos (atuais equidna e
ornitorrinco). Então um processo evolutivo de radiação
ocorreu entre os marsupiais australianos, que em
diversos aspectos assemelha-se ao que ocorreu entre
os mamíferos placentários de outros continentes. Os
ambientes dos placentários e marsupiais
apresentavam nichos nos quais os processos
evolutivos claramente “ajustaram” equivalentes
ecológicos. Ao contrário da evolução convergente,
entretanto, os mamíferos marsupiais e placentários
iniciaram a diversificação a partir de uma mesma
linhagem ancestral e assim, herdaram um conjunto
comum de potenciais e restrições.
População original
Passo inicial da
especiação
Alopátrica Parapátrica Simpátrica
Formação de
barreira
Ocupação de
novo nicho
Polimorfismo
genético
Evolução de
isolamento reprodutivo
Em isolamento Em nicho
adjacente
Dentro da
população
Formação de 2
espécies distintas
O que vai diferenciar as novas populações
• Mutações serão diferentes
• Deriva atuará diferenciando as populações separadas
• Particularidades das populações (bottleneck)
• Populações podem estar sujeitas a pressões seletivas diferentes
• Efeito fundador (diferença na constituição do pool gênico pelo acaso)
Efeito Fundador
Ex: Doença porfíria tem maior taxa de ocorrência na população da África do Sul devido
a sua presença em um dos colonizadores holandeses que ali se estabeleceram
Interações entre espécies e Coevolução
Exemplos: predadores e presas, herbívoros e plantas, parasitos e hospedeiros,
competidores, interações mutualísticas
• “Corrida armamentista” coevolutiva: interação química entre consumidor e sua
presa
• ex 1. plantas que produzem toxinas e herbívoros que desenvolvem estratégias de
resistência a esses compostos e assim fazem uso desses recursos, indisponíveis
para outros.
• Ex 2. parasitos selecionando a evolução de hospedeiros mais resistentes, que por
sua vez, selecionam parasitos mais infecciosos
• Mutualismo: organismos de espécies diferentes interagem para seu benefício
mútuo. Exs: plantas e seus dispersores de sementes (aves, mamíferos) e plantas e
insetos polinizadores.
• Mutualismos são casos de exploração recíproca onde cada parceiro é um
beneficiário líquido. Mutualistas compõem a maior parte da biomassa mundial:
- Plantas com micorrizas (fungos associados as raízes)
- Corais & algas unicelulares
- Plantas com flor & insetos polinizadores
-Animais & microorganismos do trato digestivo que auxiliam na digestão
ex. bactérias que digerem celulose em vertebrados
As defesas das plantas podem ser induzidas por herbivoria.
A indução de defesas químicas pelos algodoeiros após a exposição de uma espécie de
ácaro resultou na redução de populações de ácaros adultos de outra espécie e de seus ovos
Ecologia Fisiológica cap. 3, Ricklefs
Ecologia fisiológica ou Ecofisiologia: estuda como os organismos “funcionam”, se adaptam,
respondem e exploram seus ambientes físicos.
Organismos são especializados a “funcionar” mais eficiente e produtivamente dentro de uma
faixa estreita de variações de condições ambientais (curvas de tolerância) e cada um tem seu
ponto ótimo (ótimo fisiológico).
A atividade biológica está relacionada com as condições ambientais. Para alguns fatores
ambientais, a atividade de cada organismo é suficiente para manter uma população somente
em um estreito intervalo intermediário. Os organismos podem se manter por períodos longos
sobre um intervalo mais amplo de condições e por curtos períodos sobre um intervalo ainda
mais amplo.
As condições ótimas para moléculas biológicas refletem as condições prevalescentes
em seus ambientes. Níveis de atividade de enzimas selecionadas encontradas na
bactéria halofílica Halobacterium salinarium, e das mesmas enzimas nas bactérias que
não podem tolerar altas salinidades, nas várias concentrações de sal. (A concentração
de sal na água do mar é cerca de 0,6 molar.)
Homeostase: manutenção de um estado
interno relativamente estável sob uma
ampla faixa de condições ambientais
externas. Alcançada não apenas por
meios fisiológicos, mas também por
respostas comportamentais apropriadas.
Retroalimentação negativa: mecanismo
de resposta interno que age para
restaurar o estado “normal” ou desejado
uma vez que se desvia do mesmo.
Os espinhos e os pêlos ajudam a adaptação das plantas ao
calor e à seca. a) corte transversal e b) vista da superfície de
uma folha da erva perene do deserto, Enceliopsis argophylla,
que usa esta estratégia.
Adaptação morfológica à diferentes regimes de água
O oleandro, uma planta resistente à seca, reduz a perda de água através de seus
estômatos localizando-os em cavidades preenchidas por pêlos na parte de baixo
da folha. Os pêlos reduzem a perda de água através da diminuição do movimento
de ar e do aprisionamento da água. A foto à direita, mostrando a cavidade em
detalhe, está ampliada cerca de 400 vezes. As células pintadas de vermelho-
escuro no revestimento interno da cavidade são as células-guardiães
circundando as aberturas do estômato.
O equilíbrio de água dos animais aquáticos está ligado as concentrações de sais e outros solutos em
seus tecidos corporais e no ambiente.
Peixes resolvem esses problemas osmóticos usando mecanismos de transporte ativo para bombear
íons numa direção ou outra através das suas superfícies corporais (pele, túbulos renais e brânquias),
consumindo energia no processo.
Liberam água na urina,
rins retém sais através
da remoção de íons
Bebem água pois
tendem a perdê-la para
o meio. Sais são
excretados nas
brânquias e nos rins, a
um custo metabólico
A uréia (rejeito nitrogenado comum dos vertebrados) é acumulada na corrente sanguínea dos
tubarões e raias (ao invés de ser excretada) pois eleva o potencial osmótico até o nível da água
do mar sem aumentar o Na e o Cl.
Equilíbrio de água e sal em organismos terrestres
• Em ambientes salinos, as plantas bombeiam o excesso de sal de volta para o solo por suas raízes,
que funcionam como os “rins”.
• Plantas de mangue tem altos níveis de solutos orgânicos como os aminoácidos prolina e glicina-
betaína e o açúcar sorbitol em suas raízes e folhas para aumentar seu potencial osmótico. Tem tb
glândulas de sal, que secretam o sal por transporte ativo para a superfície da célula
• Animais de ambientes onde a água é escassa precisam produzir uma urina concentrada para
conservar água
• Aves e répteis tem glândulas de sal, que são glândulas lacrimais modificadas localizadas na órbita
dos olhos e capazes de secretar uma solução concentrada de sal. São especialmente bem
desenvolvidas em espécies que se alimentam de organismos marinhos e recebem altas cargas de
sais em suas dietas.
Excreção de Nitrogênio
• Maioria dos carnívoros consome excesso de nitrogênio em suas dietas, que deve ser eliminado do
corpo quando metabolizado
• Animais aquáticos excretam amônia (NH3), que é levemente tóxica e deve ser eliminada em urina
diluída
• Animais terrestres eliminam o N sobre formas menos tóxicas, que podem ser acumuladas no corpo e
evitam a perda de água
Mamíferos: eliminam uréia [CO(NH2)2]
Aves e répteis: eliminam ácido úrico (C5H4N4O3), que se cristaliza e pode ser excretado como uma pasta
altamente concentrada na urina
Folhas das plantas de mangue:
Glândulas especializadas que excretam sal
Os beija-flores tem alta área de superfície
em relação a sua massa e perdem calor
rápido, em relação a quantidade de tecido
disponível para produzí-lo.
Torpor: condição voluntária e reversível de
abaixamento da temperatura corporal e
inatividade. Fazem isso para reduzir a
diferença entre as temperaturas do
ambiente e do corpo e reduz o gasto
energético.
Mantém uma temperatura corporal baixa
constante quando em torpor. A energia do
metabolismo (medido pelo consumo do
oxigênio) aumenta com a diminuição da
temperatura do ar no Eulampis jugularis
durante os períodos de torpor e de
atividade. A ave regula sua temperatura
corporal em cada caso, mas em diferentes
valores estabelecidos.
A temperatura influencia uma série de atividades e taxas metabólicas e o uso do habitat pelos
organismos.
Série adaptativa: Conjunto de características fisiológicas, de comportamento e ecológicas
coadaptadas que funcionam de forma a complementar umas às outras aumentando o sucesso
reprodutivo de um organismo.
As condições mudam no tempo e espaço...
1) Seleção de micro-habitats e mudança de comportamento
2) Respostas: aclimatação e de desenvolvimento
Aclimatação: mudança no intervalo de tolerâncias fisiológicas do indivíduo. Reversível,
envolvendo modificações na estrutura ou metabolismo que podem demandar desde dias até
semanas.
Respostas de desenvolvimento: mudanças geralmente irreversíveis fixadas durante o
desenvolvimento, permanecendo imutáveis para o resto da vida do indivíduo.
3) Quando as condições excedem o intervalo de tolerância: 1) migração, 2) armazenamento e 3)
dormência ou inatividade
Fig. 9.9. A aclimatação pode deslocar o espaço de atividade
de um organismo em resposta às condições ambientais. A
velocidade de nado em função da temperatura é mostrada
para o peixe-dourado aclimatado a 5 °C e a 25 °C.
Em trutas aclimatadas às águas
de inverno (2 °C), a afinidade
do substrato com a enzima é
mais alta a 2 °C
Em trutas aclimatadas às águas
de verão (17 °C), a afinidade é
mais alta a 17 °C
Fig. 3.25. As condições ótimas respondem a mudanças no ambiente. A afinidade
relativa do substrato da enzima acetilcolinesterase difere na truta criada no inverno e
no verão.