Antonia Argenia Cruz

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    1/55

    ESCOLA DE SADE PBLICA DO CEAR

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM ASSISTNCIA FARMACUTICA

    ANTONIA ARGENIA CRUZ

    O PERFIL DOS USURIOS DE DIAZEPAM ATENDIDOS EMFARMCIA COMERCIAL NA CIDADE DE BARBALHA - CE

    CRATO CEARJUNHO/2007

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    2/55

    ANTNIA ARGNIA CRUZ

    O PERFIL DOS USURIOS DE DIAZEPAM ATENDIDOS EM

    FARMCIA COMERCIAL NA CIDADE DE BARBALHA - CE

    Monografia submetida Escola de SadePblica do Cear, como parte dos requisitos paraa obteno do ttulo de Especialista emAssistncia Farmacutica.

    Orientadora: Prof. Msc. Adriana Maria Simio da Silva

    CRATO CEARJUNHO/2007

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    3/55

    ANTNIA ARGNIA CRUZ

    O PERFIL DOS USURIOS DE DIAZEPAM ATENDIDOS EM

    FARMCIA COMERCIAL NA CIDADE DE BARBALHA - CE

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM ASSISTNCIA FARMACUTICA

    APROVADA EM ____/ ____/ ____

    Banca Examinadora

    ___________________________________Msc.Adriana Maria Simio da Silva

    Orientadora

    __________________________________________Msc. Kelly Rose Tavares Neves

    ______________________________________________

    Msc. Maria das Graas Nascimento

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    4/55

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus por toda fora concedida nosmomentos de insegurana e pelas conquistasalcanadas. minha orientadora Prof. Msc. Adriana MariaSimio da Silva, que oportunizou essa possibilidadede aprimoramento e crescimento profissional.Aos meus pais, familiares e amigos, que sempre meapoiaram a buscar os melhores caminhos.Agradeo a todos que, direta ou indiretamente,

    contriburam para essa importante conquista naminha vida.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    5/55

    RESUMO

    O consumo de substncia psicoativas, lcitas ou ilcitas, tm sido objeto de preocupao pelasautoridades de sade em todo mundo, principalmente pela Organizao Mundial de Sade OMS,que tem alertado para os riscos sade pelo uso indiscriminados desses medicamentos. Opresente trabalho se prope a analisar o perfil de usurios de Diazepam em Farmcia comercial domunicpio de Barbalha - CE, para identificar e avaliar as principais causas que levam o indivduo autilizar esses medicamentos para o controle da ansiedade. Esta pesquisa caracteriza-se comodescritiva, exploratria e com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados na Farmciacomercial de Barbalha, que comercializa esse e outros medicamentos populao local. Apesquisa foi realizada no perodo de 10 de outubro a 15 de dezembro de 2006. A populao alvopesquisada constituiu-se de 85 (oitenta e cinco) usurios que procuram a Farmcia para a comprado Diazepam. Para que esta pesquisa tornasse possvel, utilizou-se de um questionrioestruturado com 19 perguntas, preenchido pela pesquisadora com informaes dos usurios, queforam abordados aps terem adquirido seus medicamentos na Farmcia, convidados aparticiparem da pesquisa. De acordo com os resultados, o perfil das pessoas que utilizam o serviopara a obteno do referido medicamento constitudo na sua maioria por mulheres, na idadeadulta, com baixa escolaridade e de baixa renda.

    Palavras-chaves: Diazepam; Distrbios nervosos; Ansiedade.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    6/55

    ABASTRACT

    The consumption of substance psychoactive, licit or illicit, has been concern object for theauthorities of health in everybody, mainly for the World Organization of Health - OMS, that has beenalerting for the risks to the health for the indiscriminate of those medications use. The present workhe/she/it proposes to analyze the users' of Diazepam profile in commercial Pharmacy of themunicipal district of Barbalha - CE, to identify and to evaluate the main causes that take theindividual to use those medications for the control of the anxiety. This research is characterized asdescriptive, exploratory and with quantitative approach. The data were collected in the commercial

    Pharmacy of Barbalha, that markets that and other medications to the local population. Theresearch was accomplished in the period of October 10 to December 15, 2006. The researchedpopulation objective was constituted of 85 (eighty five) users that seek the Pharmacy for thepurchase of Diazepam. So that this research turned possible, it was used of a questionnairestructured with 19 questions, filled by the researcher with the users' information, that wereapproached after they have acquired its medications in the Pharmacy, guests she participate in theresearch. In agreement with the results, the people's profile that use the service for the obtaining ofthe referred medication it is constituted in its majority by women, in the adult age, with low scholarand of low income.

    Key-words: Diazepam; Nervous disturbances; Anxiety

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    7/55

    SUMRIO

    1. INTRODUO................................................................................................ 11

    2. OBJETIVOS.................................................................................................... 14

    2.1. Objetivos gerais............................................................................... 14

    2.2. Objetivos especficos....................................................................... 14

    3. REVISO DE LITERATURA......................................................................... 153.1. Classificao das drogas psicotrpicas........................................... 19

    3.2. Efeitos adversos dos benzodiazepnicos........................................ 22

    4. METODOLOGIA............................................................................................ 25

    4.1. Tipo de estudo................................................................................. 25

    4.2. Local de estudo............................................................................... 26

    4.3. Amostra........................................................................................... 27

    4.4. Coleta de dados.............................................................................. 284.5. Processo e anlise dos dados........................................................ 28

    5. RESULTADOS E DISCUSSES.................................................................. 29

    6. CONSIDERAES FINAIS.............................................................................. 47

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................. 50

    ANEXOS............................................................................................................ 52

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    8/55

    LISTA DE SIGLAS

    BDZ Benzodiazepnicos

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    ISRSs Inibidores Seletivos da Recaptao da Serotonina

    IMAO Inibidores da Monoaminoxidase

    OMS Organizao Mundial de Sade

    SNC Sistema Nervoso Central

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    9/55

    LISTA DE TABELAS

    TABELA I Efeitos farmacolgicos dos benzodiazepnicos....................... 24

    TABELA II Faixa etria dos entrevistados............................................... 31

    TABELA III Aspectos comportamentais dos usurios............................. 39

    TABELA IV Benefcios e reaes adversas ao Diazepam...................... 40

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    10/55

    LISTA DE GRFICOS

    GRFICO 01 Distribuio dos usurios de Diazepam segundo a faixa etria na

    Farmcia comercial de Barbalha - CE, no perodo de 10/10 a

    15/12/2006............................................................................. 31

    GRFICO 02 Distribuio dos usurios de Diazepam segundo a situao

    conjugal em Barbalha - CE................................................... 32

    GRFICO 03 Distribuio dos usurios de Diazepam segundo o nvel de

    instruo escolar em Barbalha CE.................................... 34

    GRFICO 04 Distribuio dos usurios de Diazepam segundo a ocupao em

    Barbalha - CE....................................................................... 35

    GRFICO 05 Distribuio dos usurios de Diazepam segundo a renda familiar

    em Barbalha - CE.................................................................. 36

    GRFICO 06 Distribuio dos usurios de Diazepam segundo a o nmero de

    membros na famlia em Barbalha CE................................. 37

    GRFICO 07 Distribuio dos usurios de Diazepam por concentrao de

    medicamentos prescritos em Barbalha CE......................... 42

    GRFICO 08 Distribuio segundo a prescrio do Diazepam em Barbalha -

    CE........................................................................................... 43

    GRFICO 09 Distribuio segundo o n. de comprimidos por usurios em

    Barbalha - CE......................................................................... 44

    GRFICO 10 Distribuio dos mdicos prescritores segundo especialidade emBarbalha CE........................................................................ 45

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    11/55

    1. INTRODUO

    O consumo de ansiolticos tornou-se um problema complexo de sade

    pblica que atinge grandes dimenses e que tem sido objeto de preocupao por

    parte das autoridades mundiais de sade em muitos pases. (FUCHS, 1998). A

    literatura nacional e internacional unnime em afirmar a posio de destaque

    que as drogas psicoativas vm aumentando em nveis preocupantes nas ltimas

    dcadas, sendo que as substncias psicotrpicas esto sendo consumidas e

    utilizadas de maneira indiscriminada em todo o mundo.

    O consumo desses medicamentos pode acarretar alteraes no

    comportamento, como tambm levar dependncia psquica e/ou fsica

    resultando, muitas vezes, em complicaes pessoais e sociais graves. Tais

    medicamentos ansiolticos so os chamados calmantes, tranqilizantes esedativos, que agem sobre o sistema nervoso central, exercendo uma ao

    seletiva sobre a ansiedade. O uso dessas substncias, na atualidade, ocorre

    geralmente de forma indiscriminada, sendo indicados e amplamente usados pela

    populao.

    Em outras palavras, as pessoas recorrem a calmantes, na esperana de

    escapar das presses sociais, familiares ou do trabalho ou torn-las, ao menos,

    tolerveis. Atualmente, o tratamento farmacolgico dos distrbios provocados por

    ansiedade, se baseia, principalmente, no uso de agentes sedativo-ansiolticos

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    12/55

    benzodiazepnicos, que facilitam a hiperpolarizao neuronal atravs do complexo

    macromolecular receptor do cido y-aminobutrico-canal de Cl- . (FUCHS, 1998).

    Vrias classes de drogas so eficazes no tratamento sintomtico dos

    distrbios psiquitricos, sendo utilizados de forma mais adequada na terapia de

    esquizofrenia, na fase crtica das doenas manaco-depressivas, alm de doenas

    psicticas idiopticas agudas. Os compostos antipsicticos eficazes incluem os

    benzodiazepnicos, os quais so muito utilizados no tratamento da ansiedade. So

    eles o clordiazepxido, diazepam, oxazepam, clorazepam, lorazepam, prazepam,

    alprazolam e halazepam, sendo, portanto, nesta classificao, o clonazepam, mais

    potente em suas propriedades anticonvulsivas e usado no tratamento do distrbio

    do pnico. (FUCHS, 1998).

    Devido ao grande nmero de pessoas que utilizam o medicamento

    Diazepam para controle de ansiedade, insnia e distrbios emocionais de origens

    diversas, so atendidas em Farmcia comercial da cidade de Barbalha - Cear,

    cujo objetivo maior deste trabalho monogrfico tem o de traar um perfil dos

    usurios de Diazepam.

    A terapia medicamentosa e outros tratamentos biolgicos de tratamento

    mentais podem ser definidos como tentativas de modificar ou de corrigircomportamentos, pensamentos humores por meios qumicos ou fsicos. Segundo

    Kaplan e Sadock (2000), as relaes entre o estado fsico do crebro e suas

    manifestaes funcionais (comportamentos, pensamentos e humores) so

    altamente complexas e imperfeitamente compreendidas. Diante do exposto, torna-

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    13/55

    se importante conhecer o perfil dos usurios de Diazepam e os efeitos que essa

    droga causa ao organismo, identificando os casos de pacientes que mesmo aps

    ter sido tratados por um curto perodo e, ao receberem alta, continuam em

    contumcia do uso de benzodiazepnicos em geral.

    A referida pesquisa procura tambm levantar dados acerca dos fatores

    que contriburam para que muitos desses usurios passaram a fazer uso de

    ansiolticos, levando-se em conta os aspectos fsicos, problemas financeiros e

    distrbios emocionais graves que surgem no dia-a-dia dessas pessoas, fazendo-

    as usurias contnuas de benzodiazepnicos, que o objetivo maior deste trabalho

    monogrfico.

    O interesse por este trabalho, justifica-se pelo fato do municpio no

    dispor de dados sobre o assunto e, constituir, no mnimo, como uma fonte que

    poder contribuir para discusses e reflexes sobre esse problema mdico-social,

    melhorando as aes de assistncia farmacutica mais efetivas, estimulando a

    procura e a valorizao de outras alternativas para melhor convivncia com as

    queixas que geram a indicao farmacolgica, realizando uma utilizao mais

    adequada.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    14/55

    2. OBJETIVOS

    2.1. Objetivo geral

    Analisar o perfil do usurio de Diazepam atendidos em Farmcia

    comercial da cidade de Barbalha CE.

    2.2. Objetivos especficos

    Conhecer as caractersticas scio-econmicas da populao estudada;

    Verificar o grau de informao dos clientes atendidos na Farmcia acerca

    do uso de Diazepam;

    Identificar fatores que levem populao ao consumo de Ansiolticos,

    especialmente o Diazepam.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    15/55

    3. REVISO DE LITERATURA

    Os benzodiazepnicos ou BDZs, como so comumente denominados,

    so as drogas mais utilizadas no tratamento de ansiedade generalizada, e embora

    sua eficcia clnica seja comprovada, existem, efeitos colaterais associados a

    eles, como tolerncia, sndrome de abstinncia, sedao fsica dentre outros, que

    vem causando preocupao e restrio de amplo uso.

    A partir da dcada de 50, os benzodiazepnicos comearam a ser

    utilizados, uma vez que, comprovada sua eficcia em distrbios psiquitricos

    graves, propiciaram o desenvolvimento da psicofarmacologia, tornando-se comum

    a utilizao de medicamentos que possibilitam alteraes ou mudanas, de

    alguma maneira, no comportamento, pensamento e humor de pessoas, refletindo,

    porm, a alta freqncia de distrbios psiquitricos primrios, alm das reaesemocionais de pessoas com patologias clnicas. Notadamente, muito dos

    frmacos utilizados para atividades diferentes, tendem a modificar as emoes e a

    cognio, como parte de comportamentos normais ou por efeitos txicos por

    excesso de dosagem (LIMA, 1994)

    Condies clinicas relacionadas com a ansiedade incluem a ansiedade

    fbica e o distrbio do pnico, sendo que, nesse primeiro estado, a ansiedade

    desencadeada atravs de circunstncias especficas como espaos abertos,e

    interaes sociais. J nos distrbios do pnico, os sintomas so de medo

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    16/55

    insuportvel associados a sintomas somticos acentuados como a sudorese,

    taquicardia, dor torcica e asfixia.

    Acerca desse fenmeno, Barros (1995) expe uma definio de

    medicalizao que, segundo ele, no se restringe ao consumo de medicamentos,

    mas tambm elevada dependncia em relao oferta de servios ou bens de

    natureza mdico-assistencial e seu consumo intensivo.

    Dessa maneira, junto ao consumo desses bens de sade h uma

    crena de que, se existe um problema, ele deve ser abolido da forma mais rpida

    e o medicamento ocupa o lugar da concretizao dessa possibilidade, passando a

    estar vinculado ao bem-estar, sade ou mesmo felicidade.

    Esse fenmeno da medicalizao, na concepo de Barros, de que foi

    reforado em duplo sentido: primeiramente pelo raciocnio mecanicista e em

    segundo lugar pela lgica do capitalismo de mercado. Como conseqncia disso,

    todos os bens e servios de sade passaram a ser considerados mercadorias que

    devem gerar lucro.

    Dentro dessa viso, Barros (1995), afirma:

    O que resultou do incremento da medicalizao foi a intensificao da

    dependncia. A sua viso a esse respeito a seguinte: As pessoas

    pretendem, cada vez com maior freqncia, resolver seus problemas -

    sejam ou no susceptveis de serem classificados como problemas

    mdicos - recorrendo aos servios oferecidos pelo sistema de sade.

    Isto no somente levou a uma hipervalorizao do papel da Medicina e

    de seu instrumental tecnolgico, mas provocou, igualmente, progressivo

    aumento da perda da capacidade das pessoas na conquista de

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    17/55

    alternativas para a resoluo de problemas amide vinculados a fatores

    de ordem extramdica.

    Por conseguinte, deixa-se de ter uma viso ampla dos problemas e de

    seus determinantes, resultando numa crena generalizada de que no parece ser

    possvel enfrentar a doena sem a presena do arsenal teraputico oferecido pelo

    sistema mdico-industrial. Assim, o medicamento aparece como uma mercadoria,

    cujo consumo deve ser estimulado ao mximo, pois o que interessa aos setores

    de produo e comercializao de medicamentos a ocorrncia de um mximo

    de doenas, acompanhadas de um mximo de tratamento, em outras palavras, de

    medicalizao. O medicamento aparece, pois, como uma mercadoria especial,

    respaldada pelo conhecimento cientfico, o qual tomado como verdade absoluta.

    (Barros, 1983)

    medida que o medicamento assume essa conotao de mercadoria,

    assume tambm, de acordo com Barros (1983), um duplo papel ao satisfazer, ao

    mesmo tempo, os interesses do capital e do modelo de sade hegemnico da

    categoria mdica.

    A relao risco-benefcio a longo prazo atravs da utilizao dos BDZs

    potentes, ainda so muito controvertidos. Estudos recentes demonstram que

    muitas das drogas utilizadas nos distrbios psiquitricos graves, oferecem

    tratamento paliativo. Os agentes de alta potncia apresentam efeitos neurolgicos

    extrapiramidais mais agudos, sendo que os agentes de baixa potncia induzem a

    efeitos colaterais sedativos, hipertensores e autnomos. (Barros, 1983)

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    18/55

    Numa viso abrangente, Barros (1993) enfatiza: [...] desde o incio da

    dcada passada, vem afirmando que esses medicamentos fazem parte do

    arsenal teraputico dirigido medicalizao do mal-estar e ao controle da tenso

    gerada, no raras vezes, nas relaes sociais de produo e no processo de

    trabalho.

    A viso de Rozemberg (1994) nesse sentido de que a medicalizao

    de nervos, resultante de sua reduo a um conjunto de sintomas, concorre para a

    perpetuao do nervoso como doente crnico e para a manuteno do fenmeno

    no nvel de um problema individual.

    Ele lembra ainda que a educao dos mdicos concluda pelas

    indstrias farmacuticas, que tm presena cada vez mais marcante nos cursos

    de formao mdica. Alm da concepo de mercadoria, o medicamento tambm

    pode ser visto como smbolo de sade.

    Lefvre (1983), afirma que esta concepo se d em funo de que o

    organismo humano ser visto como sede da sade. Essa noo de sade, na tica

    desse autor, de um estado orgnico, e o medicamento contm em si esse

    estado orgnico. A sua viso de que: os medicamentos so imitaes da vida

    enquanto fato orgnico, pedaos de vida orgnica (sono, tranqilidade, potncia

    sexual, etc.) comprimidos num comprimi o, ou numa gota, ou num xarope. Essas

    mercadorias incorporarem si a sade, passando a represent-la, a simboliz-la.

    O fenmeno da medicalizao, apesar de no ser um problema atual,

    est muito presente nos dias de hoje e ocupa um lugar importante no jogo de

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    19/55

    interesses do poder econmico. O consumo de medicamentos tem um significativo

    impacto na sociedade, haja vista constituir o principal meio de combate doena

    na prtica teraputica atual e tambm por ter relevante significncia em termos

    econmicos. Aliado a isso, existe o fato das consultas mdicas resultarem quase

    sempre numa prescrio, decorrente de uma viso limitada da sade, para a qual

    o medicamento tornou-se a principal ferramenta. A pesquisa visa o uso racional do

    medicamento, seguindo orientaes das polticas pblicas de sade.

    3.1. Classificao das drogas psicoteraputicas

    Em virtude das diversas utilizaes das drogas psicotrpicas terem mais

    de uma aplicao clnica, de acordo com Kaplan & Sadock, (2000), a seguinte:

    Ansiolticos e hipnticos;

    Antipisicticos;

    Antidepressivos;

    Antimanacos.

    Cada uma dessas divises determinada pelo seu uso clnico original,

    ou seja, na prtica so usadas para outros fins alm de suas indicaes primriasque so determinadas. Muitos dos compostos usados para o tratamento de

    condies endcrinas, cardiovasculares e neurolgicas so usados com

    freqncia atualmente, para a melhoria de regimes de tratamento j existente.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    20/55

    As drogas da escolha para o tratamento da ansiedade so os

    benzodiapnicos e a buspirona. Esses compostos oferecem uma ampla margem

    de segurana, comparados aos ansiolticos e hipnticos mais antigos como o

    hidrato de cloral (Noctec), os barbitricos e o meprobamato (Miltown). Os

    barbitricos, por sua vez, so drogas perigosas que podem levar o usurio a

    efeitos teraputicos indesejveis, levando dependncia, desenvolvendo

    tolerncia, sndrome de abstinncia com sintomas que vo desde insnia,

    irritao, delrios, agressividade, dentre outros.

    Kaplan & Koogan, (2000), afirmam que:

    As drogas antidepressivas, mais notadamente os tricclicos, Inibidores

    da Monoaminoxidase (IMAO) e os Inibidores Seletivos da Recaptao da

    Serotonina (ISRSs) tambm so eficazes como agentes antiansiedade.

    Elas geralmente so usadas para o tratamento do transtorno do pnico e

    ocasionalmente para o tratamento do transtorno da ansiedade

    generalizada. A clomipramina (Anafranil) e os ISRSs so usados para o

    tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo

    Os benzodiazepnicos (BZDs) foram introduzidos no mercado no incio

    da dcada de sessenta, coincidindo com o aumento das drogas psicoativas. Essas

    substncias substituram, nas dcadas de 1990 e 2000, praticamente todas as

    drogas utilizadas no tratamento da ansiedade como os barbitricos, o

    meprobamato, o hidrato de cloral dentre outros, os quais provocavam srios

    efeitos colaterais. Vieram a substituir com amplas vantagens esses agentes

    predecessores, na medida em que eram menos txicos e tinham menor

    potencialidade de provocar acidentes fatais e menor tendncia para produzir

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    21/55

    tolerncia. Essas drogas tm sido prescritas indiscriminadamente, sendo que, no

    momento atual, observa-se o desenvolvimento de um novo padro cultural, ou

    seja, a cultura das benzodiazepinas, no qual as pessoas encaram com

    naturalidade e permissividade o uso de algum calmante para poderem continuar

    a enfrentar os problemas do dia-a-dia.

    Ultimamente, essas drogas esto sendo acima dos padres de

    procedimentos determinados por rgos de sade pblicas, j que muitos desses

    produtos so comercializados em farmcias, pblicas ou particulares, de maneira

    indiscriminada, na maioria das vezes sem as exigncias determinadas pelo

    Ministrio da Sade.

    H uma concordncia geral de que os BDZs devem ser usados no

    tratamento da ansiedade em curto prazo, no devendo exceder de dois a quatro

    meses, exceto em casos muito especiais. No entanto, o que se v na prtica, a

    continuidade de um uso que vai alm de uma finalidade especfica e com um

    tempo indeterminado, em que o medicamento passa a ocupar um lugar

    fundamental e imprescindvel na vida de muitos indivduos.

    Os autores Ramos e Cords (1995) afirmam que:

    Embora encerre grande margem de segurana, o emprego de

    benzodiazepnicos tem o grande inconveniente da dependncia e,

    tambm, da tolerncia. A possibilidade de desenvolver-se dependncia

    depende da interao entre cinco fatores: dose, durao do tratamento,

    regularidade do uso, droga utilizada e o perfil do paciente. Desses, os

    trs primeiros parecem ter maior importncia. Em geral, o uso regular de

    doses altas por tempo longo pode gerar dependncia.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    22/55

    muito comum, nos dias atuais, a prescrio de ansiolticos sem

    maiores critrios de seleo e avaliao, onde se renovam as receitas por mero

    comodismo ou desconhecimento. Tal prtica favorece a criao de uma grande

    parte da populao tornar-se toxicmanos, que iro carregar para o resto de suas

    vidas a necessidade de doses cada vez maiores para obter efeitos desejados.

    3.2. Efeitos adversos dos benzodiazepnicos

    So inmeros os casos de abuso e dependncia correlacionados tanto

    no uso teraputico quanto o irracional, j que se acredita que vrios mecanismos

    distintos no uso desses medicamentos, contribuam de forma variada para os

    efeitos sedativo-hipnticos de relaxamento muscular, ansioltico e

    anticonvulsivante. Praticamente, todos os efeitos dos benzodiazepnicos, so

    resultados de aes de seus agentes no sistema nervoso central, podendo ocorrer

    no indivduo efeitos como sedao, hipnose, reduo de ansiedade, relaxamento

    muscular, dentre outros.

    Notadamente, podem ocorrer tambm reaes adversas para o usurio

    em que o aumento ou a diminuio da dosagem venha a contribuir para alteraes

    do quadro clnico, de maneira geral. Dentre essas alteraes, podem surgir

    sintomas de tonteira, lassitude, alteraes da coordenao motora, vindo a

    comprometer o raciocnio e as habilidades psicomotoras. O uso crnico de

    ansiolticos no tratamento de doenas como a insnia, por exemplo, produz efeitos

    colaterais como sonolncia, dficits cognitivos e sintomas motores.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    23/55

    De acordo com Terzano, Rossi, Palomba et al(2003):

    Os sintomas motores incluem alteraes de coordenao motora, afasia,

    riscos de quedas, fraturas em idosos e acidentes. Em casos raros, efeitos

    paradoxais como insnia, agitao. Os fatores que determinam efeitos

    residuais so meia-vida longa, metablicos ativos, doses repetidas, idade

    do paciente e doenas prvias. Todos os benzodiazepnicos, zolpidem,

    zapelon em zoplicone-esoplicona causam potencialmente alteraes

    cognitivas e psicomotoras durante o perodo de tempo de ao

    farmacolgica e, portanto as pessoas que eventualmente precisam

    acordar durante o efeito farmacolgico do medicamento devem usar

    medicao s custas de riscos.

    Esses autores enfatizam ser fundamental que, desde as primeiras

    consultas, seja previsto com o usurio o tempo necessrio para o tratamento. H

    um consenso na literatura especializada de que os (BDZ) deveriam ser

    administrados durante um perodo que varia entre duas a doze semanas e ser

    retirado gradualmente.

    Conforme Rang, Dale e Ritter (1999) os efeitos indesejveis dos

    benzodiazepnicos podem ser divididos em efeitos txicos, resultantes de

    superdosagem aguda; efeitos indesejveis que ocorrem durante o uso teraputico

    normal, tolerncia e dependncia.

    Na superdosagem os benzodiazepnicos causam sono prolongado, sem

    depresso grave da respirao ou da funo cardiovascular. Entretanto, na

    presena de outros depressores do Sistema Nervoso Central (SNC),

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    24/55

    especialmente o lcool, podem causar depresso respiratria grave e at mesmo

    fatal.

    Outros efeitos colaterais incluem ganho de peso, fraqueza, tonturas,

    nuseas, vmitos, mal-estar epigstrico e diarria, hipotenso leve e

    irregularidade menstrual; dores articulares, dores torcicas e incontinncia podem

    ocorrer em algumas pessoas. Alteraes no padro de sono tambm podem ser

    observadas (Gilman et al, 1987; Abreu e Cordioli, 1996).

    Embora muito conhecidos por seu papel no tratamento da ansiedade,

    alguns benzodiazepnicos produzem efeitos farmacolgicos, de acordo com a

    tabela abaixo:

    TABELA I Efeitos farmocolgicos dos benzodiazepnicos

    EFEITOS TERAPUTICOS APLICAES CLNICAS/CONSEQ NCIASSedativos Insnia, sedao consciente, abstinncia ao alcoolAnsiolticos Ataques do pnico, ansiedade generalizadaAnticonvulsivantes ConvulsesRelaxante muscular Tenso muscular, espasmo muscularAmnsicos Coadjuvante da quimioterapia ou anestesiaAntiestress Hipertenso leve, sndrome do clon irritvel, angina

    EFEITOS ADVERSOSSedativos Sonolncia diurna, concentrao prejudicadaAmnsicos Leve esquecimento, comprometimento da memria

    antergradaPsicomotores Acidentes, quedas

    Comportamentais Depresso, agitaoResposta diminuda ao CO2 Piora da apnia do sono e outros transtornos

    pulmonares obstrutivos

    Sndrome de abstinncia

    Dependncia ansiedade, insnia, fotossensibilidade,sensibilidade excessiva ao som, taquicardia, levehipertenso sistlica, tremor, cefalia, sudorese,desconforto abdominal, avidez pela substncia,convulses.

    Fonte: Manual de Psiquiatria Clnica -Kaplan & Sadock/2000

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    25/55

    4. METODOLOGIA

    4.1. Tipo de estudo

    Para a elaborao do presente trabalho, foi feito um estudo quantitativo

    e descritivo, incluindo usurios, nas diversas faixas etrias, de ambos os sexos

    que utilizam o Diazepam, adquirido em uma Farmcia comercial na cidade de

    Barbalha CE. O perodo do estudo foi de 10 de outubro a 15 de dezembro de

    2006. Como critrios de incluso os usurios deveram ser residentes no municpio

    acima mencionado, estar de posse de receiturio mdico, com a prescrio do

    mdico, e concordaram em participar do estudo.

    O estudo proposto foi de carter exploratrio, com uma abordagem

    quantitativa. Para Gil (1996), as pesquisas exploratrias visam propiciar maior

    familiaridade com o problema. Na presente pesquisa os dados quantitativos deu

    maior subsdio para que se possa conhecer melhor o objeto de estudo, ou seja,

    permite conhecer melhor dados referentes ao perfil do usurio de Diazepam.

    Para tanto, optou-se por construir um instrumento de coleta de dados

    que permitisse fazer uma anlise descritiva-quantitativa. Ento, foi aplicado um

    questionrio semi-estruturado (Anexo I), divido em trs partes, a saber:

    1. parte:Dados de identificao dos entrevistados como sexo, idade,

    estado civil, escolaridade, ocupao e renda familiar.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    26/55

    2. parte: Informaes sobre aquisio e utilizao do medicamento.

    Aqui foram questionados sobre o tempo de uso do Diazepam, sintomas,

    benefcios do medicamento, onde se consulta, onde adquire o medicamento e se

    tem acompanhamento mdico regular.

    3. parte: Informao da prescrio do Diazepam, como concentrao

    do medicamento (05 mg e 10 mg), n. de comprimidos/dia, n. de caixas

    prescritas e a especialidade do mdico que o consultou.

    4.2. Local de estudo

    A cidade de Barbalha, distante 543 km da capital, Fortaleza, teve suas

    origens no incio do Sculo XVIII, quando por doao e em favor do patrimnio

    religioso no qual deveria ser edificada a primitiva capela, o Capito Francisco

    Magalhes Barreto de S e sua mulher, D. Maria Polucena de Lima, destinam o

    lote de terras correspondente.

    As terras, nas quais estaria encravada essa doao, consistiam na

    posse, antes adquirida em operao de compra e venda a Incio de Figueiredo

    Adorno. Situavam-se no lugar conhecido por Stio Barbalha, denominao esta

    que lembrava uma senhora cujo sobrenome Barbalha se fixara no respectivo stio

    e que nada mais seria seno uma corruptela de Barbalho. Dada a sua localizao,

    cujo centro geogrfico indicava-a como sendo s margens do Riacho Salamanca,

    daria inicialmente ao povoado esta denominao. Reduto de origens feudais

    cresceu e se tornou povoado. Elevado categoria de Distrito consoante Lei 374,

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    27/55

    de 17 de agosto de 1846; levado categoria de Municpio, por fora da Lei n

    1.740, de 30 de agosto de 1876;

    Atualmente, a cidade conta com uma populao de 46.546 habitantes,

    segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Sua economia

    baseia-se, principalmente, na produo de derivados da cana-de-acar, muito

    embora possua um parque industrial moderno, como de fbricas de calados,

    revenda de veculos, depositos comerciais, dentre outros.

    A religiosidade do povo de Barbalha se traduz nas festas dedicadas ao

    santo padroeiro Santo Antnio, onde se celebra a f no Santo Casamenteiro,

    como conhecido. Durante o ms de junho a cidade recebe inmeros visitantes e

    turistas que vm cidade participar dos festejos e dos shows artsticos que

    acontece durante todo o ms.

    4.3. Amostra

    A amostra composta de 85 usurios residentes no municpio de

    Barbalha- CE, que usaram o medicamento Diazepam, no perodo de 10 de

    outubro 15 de dezembro de 2006, que visitaram a Farmcia comercial para

    comprar o medicamento, portando a notificao de receita tipo B prescrita porprofissional habilitado.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    28/55

    4.4. Coleta de dados

    Para coleta dos dados, utilizou-se de um questionrio (Anexo I)

    aplicados aos usurios contendo perguntas abertas e fechadas sobre a

    identificao do usurio, (sexo, idade, situao financeira, nvel de escolaridade,

    ocupao e de situao conjugal); aspectos relacionados aquisio e utilizao

    do medicamento, sendo: tempo de consumo, acompanhamento da prescrio,

    posologia, dosagem, nmero de caixas prescritas, e especialmente, do mdico

    prescritor.

    4.5. Processo e anlise dos dados

    Os dados coletados durante o trabalho de pesquisa foram dispostos em

    nmeros absolutos, apresentados em grficos e tabelas, que serviram para

    representao dos resultados obtidos durante a pesquisa considerando-se com as

    respostas dos usurios.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    29/55

    5. RESULTADOS E DISCUSSES

    Dados de identificao

    Das 85 pessoas entrevistadas na Farmcia Pblica de Barbalha -

    CE, percebe-se que h predominncia do sexo feminino (61,0%), contra (39,0%)

    do sexo masculino.

    Quando se analisam as questes referentes ao uso de ansiolticos, em

    sua maioria, pela populao feminina, deve estar ancorada em aspectos

    sociocultural e econmico, as quais determinam as suas condies de existncia,

    fatos que, na presente pesquisa, sugere que so nas relaes do dia-a-dia, seja

    em casa, no trabalho ou na comunidade, que esto situadas as fontes que

    estimulam o uso de ansiolticos. No se deve, portanto, desconsiderar oselementos que dizem respeito subjetividade de cada uma das mulheres

    entrevistadas e das relaes que estabelece com o contexto na qual esto

    inseridas.

    Corroborando com esta afirmao, Bock (2001) expe uma noo de

    subjetividade que se institui na relao com o mundo material e social a partir da

    perspectiva da psicologia scio-histrica. de grande importncia considerar tal

    noo, uma vez que ele torna compreensvel o presente trabalho monogrfico,

    pois se trata de uma concepo de subjetividade produzida por sujeitos concretos

    que so, ao mesmo tempo, constitudos social e historicamente:

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    30/55

    Falar da subjetividade humana falar da objetividade em que vivem os

    homens. A compreenso do mundo interno exige a compreenso do

    mundo externo, pois so dois aspectos de um mesmo movimento, de

    um processo no qual o homem atua e constri/modifica o mundo e este,

    por sua vez, propicia os elementos para a construo psicolgica dohomem (BOCK, 2001).

    Assim, a predominncia da mulher no consumo de ansiolticos pode ser

    confirmado por diversos autores: (Tancredi, 1979; North et al 1992; Cafferata &

    Meyers, 1990) que acreditam ser a mulher mais perceptiva em relao

    sintomatologia das doenas, por isso procura por ajuda mais precocemente e

    apresenta menor resistncia ao uso de medicamentos prescritos do que os

    homens, como ficou demonstrado na presente pesquisa.

    De acordo com Almeida et al (1994), [...] entre as mulheres maior a

    freqncia de distrbios psquicos, condies circulatrias e doenas msculo-

    esqueltico, para os quais comum a prescrio de psicofrmacos, sobretudo

    benzodiazepnicos.

    Entre os usurios pesquisados o consumo de Diazepam aponta para os

    seguintes dados: dos 31 aos 40 anos (18,00%); dos 41 aos 50 anos (26,0%); dos

    51 aos 60 anos (36,0); de 61 a 70 anos (8,0%) e acima de 70 anos de idade

    (5,0%) respectivamente. Sendo assim, o consumo de Diazepam mais freqente

    nas pessoas entre 51 a 60 anos de idade.

    As idades dos entrevistados foram agrupadas em faixas como se pode

    ver na Tabela II.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    31/55

    0% 7%18%

    26%36%

    8% 5% De 10 a 20 anos

    De 21 a 30 anos

    De 31 a 40 anos

    De 41 a 50 anos

    De 51 a 60 anos

    De 61 a 70 anos

    Acima de 70 anos

    TABELA II:Faixa Etria dos entrevistados.

    FAIXA ETRIA N DE USURIOS (%)

    De 10 a 20 anos 0 0De 21 a 30 anos 6 7,0%

    De 31 a 40 anos 15 18,0%

    De 41 a 50 anos 22 26,0%

    De 51 a 60anos 31 36,0%

    De 61 a 70 anos 7 8,0%

    Acima de 70 anos de idade 4 5,0%

    Grfico 01 Distribuio dos usurios de Diazepam segundo a faixa etriaem Farmcia comercial de Barbalha CE, no perodo de 10/10 a 15/12/2006.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    32/55

    No que se refere ao aumento do uso do Diazepam com a idade,

    Almeida et al (1994), observa que [...] medida que se avana a idade, os

    problemas de sade vo surgindo, entre os quais aqueles que se utilizam de

    psicofrmacos como terapia principal ou como coadjuvante, o que no explica,

    entretanto, o motivo pelo qual, a partir dos 60 anos, o consumo diminui.

    Com relao situao conjugal, verificou-se um maior consumo de

    ansiolticos entre os casados com 54,0%, seguido dos solteiros (22,0%), de

    acordo com o Grfico 02.

    22%

    54%

    9%

    15%

    Solteiros

    Casados

    Vivos

    Desquitados

    Grfico 02 Distribuio dos usurios de Diazepam que foram entrevistadossegundo situao conjugal, em Barbalha 2006

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    33/55

    De acordo com os dados pesquisados, 54.0% de mulheres e homens

    que usam o Diazepam so casados, em sua maioria, 22,0% so solteiros, 15,0%

    so desquitados e 9,0% so vivos (Grfico 02)

    Diante dos dados acima, importante observar que, na medida em que

    a mulher for escutada em sua singularidade, uma que na pesquisa elas so

    maioria, abre-se uma possibilidade para que ela, a partir da relao com o outro,

    reflita sobre suas dificuldades e seus desejos, com vistas a atingir novos

    caminhos, novas perspectivas para sua vida. Fica evidente que no modelo de

    assistncia oferecido dada pouca importncia subjetividade, individualidade

    das mulheres, desconsiderando seu sofrimento e suas angstias.

    A esse respeito Minayo e Souza (1989) aponta a falta de entendimento

    e de comunicao, estabelecidos na relao entre o mdico do servio pblico e o

    paciente de classe trabalhadora e enfatizam:

    Na verdade, no consultrio mdico, esses grupos sociais transferempara os profissionais de sade seu grito fundamental: Nossa dor a dor

    de nossa vida!. E do outro lado da cadeira, num dilogo de surdos, o

    clnico lhe pergunta: Onde est localizada, em que rgo do seu corpo

    posso ler essa mensagem? E muitas vezes, os calmantes, psicotrpicos,

    os analgsicos so as nicas respostas que ele aprendeu a dar s

    conhecidas doenas inespecficas.

    No que se refere escolaridade dos entrevistados, 32,0% dos

    entrevistados so analfabetos; 11,0% cursaram o 1. grau incompleto; 29,0%

    afirmam ter concludo o 1. grau. Quanto ao Ensino Mdio 15,0% possuem o 2.

    grau incompleto e 8,0% afirmam terem concludo. Somente 5,0% dos

    entrevistados, afirmaram ter concludo o ensino superior. (Grfico 03)

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    34/55

    32%

    29%

    11%

    15%

    8% 5%

    Analfabeto

    1. Grau completo

    1. Grau incompleto

    2. Grau incompleto

    2. Grau completo

    Nvel superior

    Grfico 03 Distribuio dos usurios de Diazepam que foram entrevistadossegundo o nvel de instruo escolar, em Barbalha - 2006

    No Grfico 04, o trabalhador domstico aparece como maioria nas

    pesquisas (23,0%), seguido por motoristas (19,0%); agricultor com 18,0%;

    vigilantes com 15,0%; aposentados com 13,0%, seguido por auxiliar de

    enfermagem (7,0%) e outras profisses com 5,0%, sendo a maioria domstica,

    cuja responsabilidade da famlia reca, na maioria das vezes, sobre seus ombros,sobrevivendo com uma renda mensal bastante reduzida e com carncia de um

    trabalho melhor remunerado, de moradia e alimentao, alm de preocupaes e

    ansiedades, que na maioria das vezes so tratados com ansiolticos e outros

    antidepressivos.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    35/55

    23%

    18%

    7%15%

    19%

    13% 5%Domstica

    Agricultor

    Auxiliar de Enfermagem

    Vigia

    Motoristas

    Aposentados

    Outras profisses

    Grfico 04 Distribuio dos usurios de Diazepam que foram entrevistadossegundo a ocupao, em Barbalha - 2006

    No tocante renda familiar, o estudo mostrou que a populao

    pesquisada recebe, em sua maioria, 01 Salrio Mnimo (41,0%) mostrou que

    33,0% dos entrevistados sobrevivem com uma renda mensal inferior a 01 (hum)

    Salrio Mnimo; 14,0% dos entrevistados ganham at 2 (dois) Salrios Mnimos e

    somente 12,0% tm renda acima de 2 Salrios Mnimos. Percebe-se que a grandemaioria dos usurios beneficiados no tem condies de suprir as suas

    necessidades de medicamentos, confirmando, portanto, a necessidade da

    interveno do Estado na promoo do acesso assistncia farmacutica.

    (Grfico 05).

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    36/55

    33%

    41%

    14%

    12%At um Salario Mnimo

    01 Salrio Mnimo

    02 Salarios Mnimos

    Acima de 02 Mnimos

    Grfico 05 Distribuio dos usurios de Diazepam que foram entrevistadossegundo a renda familiar, em Barbalha - 2006

    O nmero de membros da famlia varia muito de famlia para famlia e,

    obedece ao padro atual de controle de natalidade, em que as famlias procuram

    no ter muitos filhos, at porque existem muitas dificuldades para cri-los, uma

    vez que o municpio de Barbalha muito pobre e a falta de emprego enorme.

    Mesmo assim, a pesquisa mostrou que a relao de dependentes varia muito,

    sendo que 6 pessoas residem sozinhas, o que corresponde a 7,0% dos

    entrevistados; 9 pessoas residem com companheiro ou companheira, ou seja,

    11,0%; 16 famlias residem com 1 pessoa que corresponde a 19,0% dos

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    37/55

    entrevistados; 12 famlias moram com 2 membros ou 14,0%; 9 famlias possuem 3

    membros, o que corresponde a 11,0%; 18 famlias possuem 4 membros,

    correspondendo a 21,0%; 8 famlias residem com 05 pessoas, ou seja, 9,0%, e 7

    pessoas residem com 6 pessoas o que corresponde a 8,0% dos entrevistados

    respectivamente. (Grfico 06).

    7%11%

    19%

    14%11%

    21%

    9% 8%

    Residem sozinhas

    Reside c/ companheiro(a)

    Reside c/ 1 pessoa

    Residem c/ 2 pesoas

    Residem c/ 3 pessoas

    Residem c/ 4 pessoas

    Residem c/ 5 pessoas

    Residem c/ 6 pessoas

    Grfico 06 Distribuio dos usurios de Diazepam que foram entrevistados

    segundo o nmero de membros na famlia, em Barbalha - 2006

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    38/55

    Informao sobre aquisio e utilizao do medicamento

    A segunda parte da pesquisa buscou obter informaes sobre a

    aquisio, utilizao do medicamento sintomas comportamentais produzidos pelo

    Diazepam, ou seja, dos sintomas apresentados que levaram procura de um

    mdico, prescrio, tempo de uso, benefcios e efeitos colaterais.

    A Tabela III faz um levantamento desses dados, de acordo com a

    pesquisa. Dos 85 usurios pesquisados em farmcia comercial de Barbalha CE,

    cuja venda mensal de 2.000 a 4.000 comprimidos por ms. Os fatores que

    levam contumcia so depresso, insnia, nervosismo, dentre outros. Observa-

    se que 26,0% utilizam a medicao por um perodo que varia de 06 meses a 01

    ano; 42,0%, fazem uso entre 02 e 03 anos, sendo que 17,0% j utilizam entre 04

    e 05 anos; 10,0% de 06 a 07 anos e uma minoria utiliza h pelo menos 08 anos, o

    que corresponde a 5,0% dos entrevistados.

    importante observar que os sintomas que motivaram a prescrio e o

    consumo de Diazepam entre os entrevistados foram: insnia (15,0%); depresso

    (29,0%); nervosismo (8%); ansiedade (20,0%); e por ltima cefalia (11,0%);

    pnico (11,0%) e paralisia total (6.0%).

    Para Cimini e Lima (1997), a prescrio do Diazepam para casos de

    nervosismo que no passaram por uma avaliao criteriosa e um

    acompanhamento sistemtico no constitui uma boa conduta mdica, j que este

    medicamento apresenta risco potencial de desenvolvimento de dependncia.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    39/55

    Portanto, sua prescrio deve ser criteriosa e a utilizao em alguns casos no

    deve se estender por mais de 6 meses.

    importante observar que de acordo com a Tabela III, 34,0% dos

    entrevistados tm acompanhamento mdico, enquanto que 66,0% no tm esse

    acompanhamento e cujo acesso medicao se d atravs da compra da receita

    nas Farmcias comerciais.

    TABELA III Aspecto comportamentais dos usurios

    TEMPO DE USO DO DIZEPAM N. (%)

    De 6 meses a 01 ano 22 26%

    De 02 a 03 anos 36 42%

    De 04 a 05 anos 14 17%

    De 06 a 07 anos 9 10%

    Acima de 08 anos 4 5%

    SINTOMAS P/PRESCRIO N. (%)

    Insnia 13 15%

    Depresso 25 29%

    Nervosismo 7 8%

    Cefalia 9 11%

    Ansiedade 17 20%

    Pnico 9 11%Paralisia total 5 6%

    ACOMPANHAMENTO MDICO REGULAR N. (%)

    SIM 29 34%

    NO 56 66%

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    40/55

    Para a maioria dos entrevistados o uso do medicamento Diazepam no

    tratamento dos distrbios psquicos tem trazido benefcios s suas vidas de um

    modo geral. De acordo com os dados levantados na entrevista, 17 pessoas, ou

    seja, 20,0% dormem bem, enquanto que 24 pessoas (28,0%) relaxa e fica mais

    tranqilo; 18 usurios (21,0%), afirmam que ficam menos ansiosos e 31,0% no

    tem nenhum benefcio ao tratamento.

    No que se refere s reaes adversas ao medicamento, 26 usurios, ou

    seja, 31,0% dos entrevistados afirmam no ter nenhum sintoma adverso, muito

    embora, 16,0% ficam com a boca amarga; 20,0% com dores de estmago; 14,0%

    com dores do peito; 12,0% tm cefalia e 7,0% apresentam sintomas de vmitos e

    insnia.

    TABELA IV Benefcios e reaes adversas ao Diazepam

    BENEFICIOS DO DIAZEPAM N. (%)

    Dorme bem 17 20%

    Relaxa e fica mais tranqilo 24 28%

    Alivia a ansiedade 18 21%

    Nenhum benefcio 26 31%

    REAES ADVERSAS N. (%)

    Nenhuma reao 26 31%

    Boca amarga 14 16%

    Dor de estomago 17 20%

    Dor no peito 12 14%

    Cefalia 10 12%

    Vmito/insnia 6 7%

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    41/55

    No quesito referente informao que os usurios recebem dos

    mdicos sobre o medicamento, muitos dos entrevistados mostram preocupao

    com a dependncia e dos perigos advindos do uso prolongado.

    Abreu e Cordioli (1996) apontam para a necessidade de reviso regular

    do uso contnuo de ansiolticos. Aconselham uma avaliao mais criteriosa entre a

    sua utilidade e seus riscos. O principal critrio para o uso desses agentes, enfatiza

    os autores, a ocorrncia de uma ansiedade tal que bloqueie a capacidade do

    paciente em lidar com seus sintomas e responsabilidades sociais e pessoais. Nos

    casos de ansiedade generalizada, com durao acima de 6 meses, a tomada de

    deciso pode ficar mais difcil. Neste caso, a administrao da droga ser por um

    perodo prolongado, o que aumenta o risco de dependncia.

    Para Cimini e Lima (1997), Abreu e Cordioli (1996) a utilizao de

    Diazepam por um perodo superior a 6 meses deve ser muito bem avaliada. Eles

    enfatizam a necessidade de reviso regular do uso continuado de ansiolticos.

    Aconselham a busca de um balano entre a sua utilidade e os seus riscos.

    No que se refere interrupo medicamentosa do Diazepam, 61,0%

    dos entrevistados, ou seja, 52 dos usurios afirmaram terem tentado livrar-se da

    droga por mecanismos diversos, como, a substituio por outros medicamentos,mas no conseguiram parar, voltando a tomar o medicamento. 39,0% restantes

    afirmaram no poder parar o tratamento.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    42/55

    Informaes da prescrio do Diazepam

    No que se refere prescrio mdica do Diazepam quando da compra

    em Farmcia comercial na cidade de Barbalha CE, a pesquisa apontou para os

    seguintes resultados: 81,0% dos entrevistados utilizam o Diazepam de 10 mg por

    ter uma maior dosagem. 19,0% utilizam o Diazepam de 5 mg. (Grfico 07).

    19%

    81%

    Diazepam 5 mg

    Diazepam 10 mg

    Grfico 07 Distribuio dos entrevistados por concentrao demedicamentos prescritos em Barbalha CE 2006.

    O Grfico 08 aponta a distribuio do medicamento Diazepam por ms a

    usurios. Verifica-se que 66,0% dos entrevistados adquirem 01 caixa de

    Diazepam mensalmente, sendo que 14,0% compram (02) duas caixas e 5,0% dos

    entrevistados compram 3 caixas de Diazepam mensalmente, onde cada caixa

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    43/55

    contm 30 comprimidos. 15,0% no quiseram ou no informaram quantas caixas

    so adquiridas na Farmcia.

    66%14%

    5%

    15%

    01 Caixa p/ms

    02 Caixas p/ms

    03 Caixas p/ms

    No informado

    Grfico 08 Distribuio segundo prescrio medicamentosa do Diazepam,em Barbalha CE 2006

    Ainda com referncia posologia, ou seja, o nmero de comprimidos

    prescritos para os usurios, os resultados so os seguintes: 69,0% tomam apenas

    01 comprimido dirio; 21,0% tomam 02 comprimidos ao dia, 6,0% dos

    entrevistados tomam 3 comprimidos ao dia e 4,0% dos entrevistados no

    informou. (Grfico 09).

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    44/55

    69%

    21%

    6% 4%

    01 Comprimido p/dia

    02 Comprimidos p/dia

    03 Comprimidos p/dia

    No informado

    Grfico 09 Distribuio segundo do nmero de comprimidos por usurioem Barbalha CE 2006

    A prescrio do medicamento Diazepam fornecida pelo mdico aos

    usurios de Barbalha, de acordo com os dados da pesquisa feita por mdicos de

    reas diversas. Quando perguntado sobre a especialidade mdica que os

    atendera, os seguintes resultados foram: 1,0% foi prescrito por Mdico Cirurgio;

    67,0% por Clnico Geral; 19,0% pelo Neurologista e Psiquiatra 13,0% no

    opinaram ou no souberam.

    Em relao ao agente prescritor, verificado no Grfico 10, observa-se

    que o mdico de clnica geral juntamente com outros especialistas que no sejam

    neurologistas ou psiquiatras, estes em sua minoria na referida pesquisa (19,0%),

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    45/55

    foram responsveis por 68,0% das prescries, destacando-se entre eles o Clnico

    Geral.

    Para Marie et al(1992) e Tancredi (1979), a questo do diagnstico dos

    distrbios psquicos e do manejo dos psicofrmacos torna-se mais relevante

    quando se constata que o Clinico Geral, Pediatras e Cirurgies esto

    prescrevendo com maior freqncia psicofrmacos.

    1%19%

    67%

    13%

    CirurgioNerologista/Psiquiatra

    Clnico geral

    No informado

    Grfico 10 Distribuio dos mdicos prescritores segundo a especialidadeem Barbalha CE 2006

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    46/55

    A prescrio racional, segundo Barros apud Oliveira (2000) aquela

    que traz resultados positivos com respeito ao alvio nos sintomas e cura das

    doenas. A prescrio racional sempre que o tratamento farmacolgico seja

    para os sintomas e/ou enfermidade se dispe de uma melhor ao teraputica,

    eficaz para o tratamento dos sintomas e enfermidades e segura quando apresenta

    o mnimo de efeitos indesejveis, utilizado na dose certa e durante o tempo

    necessrio para a cura total do indivduo.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    47/55

    6. CONSIDERAES FINAIS

    Os resultados obtidos durante este trabalho de pesquisa na Farmcia

    comercial da cidade de Barbalha CE, devem ser avaliados com certa

    preocupao, pois apontam para o uso contnuo do medicamento Diazepam

    demonstrando que as pessoas tm procurado ajuda neste tipo de tratamento,

    cujos efeitos adversos so preocupantes, uma vez que, durante todo o trabalho de

    pesquisa os resultados obtidos confirmam ser o Diazepam a droga mais

    consumida no grupo de medicamentos ansiolticos.

    De acordo com os resultados obtidos verificou-se que o consumo de

    Diazepam entre os usurios atendidos em Farmcia comercial de Barbalha CE,

    no perodo de 10/10/2006 15/12/2006 foi maior entre as mulheres de faixas

    etrias de 41 aos 60 anos de idade.

    O nvel de escolaridade dos entrevistados muito baixo, e as taxas de

    analfabetos muito grande chegando a 32,0%. A situao scio-econmica atinge

    ndices muito baixos, quando 33,0% dos entrevistados sobrevivem com renda

    inferior a o salrio mnimo , 41,0% ganham um salrio mensal; na sua maioria so

    donas de casa, ou aposentados com renda familiar muito baixa.

    importante observar que os sintomas que motivaram a prescrio e o

    consumo de Diazepam entre os entrevistados foram: insnia, depresso,

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    48/55

    nervosismo, ansiedade, cefalia, pnico e paralisia total, ocasionados por

    problemas domsticos, financeiros e de ordens diversas.

    Diante dos dados apresentados na pesquisa, uma preocupao surge

    quando se avalia os dados de prescrio e distribuio do Diazepam que

    comercializado nas Farmcias, seja da rede pblica ou privada. A avaliao dos

    distrbios neurolgicos e psicolgicos de responsabilidade de psiquiatras e de

    neurologistas. Diante dos dados pesquisados, somente 19,0% dos usurios

    tiveram avaliao feita por estes especialistas, o que demonstra um total descaso

    dos rgos pblicos e privados de sade quando se trata de sade mental,

    enquanto que 67,0% tiveram suas receitas prescritas por clinico geral e 1,0% por

    mdico cirurgio. Desse total, 13,0% no soube ou no quis informar.

    Conclui-se, aps estudo de avaliao dos dados obtidos, que algumas

    sugestes se fazem necessria para que se possa melhorar a qualidade do

    atendimento e, em especial, da sade dos usurios do medicamento que

    procuram a rede pblica e privada de sade para serem avaliados em seus

    respectivos males.

    Sugere-se, no entanto, a contratao de mais especialistas em

    distrbios psiquitricos e neurolgicos, que possam fazer um diagnstico maispreciso da doena e dos mtodos de tratamento para as pessoas acometidas de

    distrbios depressivos e de ansiedades. importante deixar a cargo de um

    especialista o tratamento e, em especial, a posologia, dosagem, nmero de caixas

    prescritas para uso do referido medicamento.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    49/55

    Realizao de encontros peridicos onde se possa reunir usurios,

    profissionais de sade, comunidade em geral para a difuso de informaes

    acerca da utilizao de medicamentos. Conscientizao dos prescritores acerca

    da importncia do acompanhamento do usurio, reduzindo assim a prtica da

    prescrio sem consulta mdica, contribuindo para melhorar a relao mdico-

    paciente.

    Quando de posse dos fatores que contribuem para o aumento do

    consumo de Diazepam e o perfil dos usurios deste medicamento, se pode propor

    medidas de reduo de consumo, como por exemplo, o uso de terapias

    alternativas, holsticas ou de medicamentos de ordem natural que possam

    contribuir para a reduo do consumo e reduzir os efeitos que a dependncia de

    drogas psicoativas pode trazer ao organismo.

    No se esgotam aqui sugestes que possam encarar de frente os

    problemas advindos do uso indiscriminado dos ansiolticos e seus possveis

    problemas quando usado indiscriminadamente, cujos profissionais de sade, em

    todas as reas, tm o compromisso de levar sade de qualidade a todos que dela

    necessitam.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    50/55

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ABREU, P. B. de, & CORDIOLI, A. V. Ansiedade.In: DUNCAN, B. B.; SCHIMIDT,M. I. & GUILIANI, E. R. J. Medicina ambulatorial: condutas clinicas emateno primria. 2. ed. Porto Alegre: Artes Mdicas Sul, 1996.

    ALMEIDA, L. M., COUTINHO, E. S. & PEPE, V. L. E. Consumo depsicofrmacos em uma regio administrativa do Rio de Janeiro: Ilha doGovernador. Cadernos de Sade Pblica, Rio de Janeiro, 1994.

    BARROS, J. A. C. Propaganda de medicamentos, atentado sade? SoPaulo: Hucitec, 1995

    BOCK, A. M. B. A psicologia scio-histrica: Uma perspectiva crtica empsicologia. In: A. M. B. Bock, M. G. M. Gonalves & O. Furtado, (Orgs),Psicologia scio-histrica: uma perspectiva crtica em psicologia.2001

    BUCHER, R. Drogas e dogradio no Brasil. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1992.

    CAFFERATA, G. L. & MEYERS, S. M. Pathways to psycotropic drugsunderstanding the basis of gender diferents. Medical Care, 1990.

    CIMINI, V. T. & LIMA, D. R. Ansiolticos. Jovem Mdico. Vol. II, Fev. Rio deJaneiro, 1997.

    FUCHS, Flvio Danni & WANNAMACHER, Lenta. Farmacologia clnica:Fundamentos da teraputica Racional. Editora Guanabara Koogan, 1998.

    GIL, A. C. Mtodos e Tcnicas de pesquisa social. 4. ed. So Paulo: Atlas,1995.

    GILMAN, A. G. et al. Goodman and Gilmans The Pharmacological Basis ofTherapeutics.New York, Mc Grew-Hill, 1996.

    GOODMAN & GIULMAN A. As bases farmacolgicas da teraputica. 9.edio. Macgraw hill. Rio de Janeiro, 1997.

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Site: http://www.ibge.gov.br

    KAPLAN & SADOCK. Manual da Psicologia Clnica. Editora Guanabara Koogan,1998.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    51/55

    LEFVRE, F. A funo simblica dos medicamentos. Revista de SadePblica, 1983.

    LIMA, D. R. Manual de Farmacologia Clnica: Terapuca e Toxicologia. Rio deJaneiro, Guanabara Koogan, 1994.

    MINAYO, M. C. S. & SOUZA, H. O. Na dor do corpo o grito da vida. In: N. R.Costa, C. L. Ramos, M. C. S. Minayo, & E. N. Stotz (Orgs.), Demandas popularespolticas pblicas. Coleo sade e realidade brasileira. Vol. II. Petrpolis:Vozes, 1989.

    NORTH, D. A. Mc AVOY, B. R. & POWELL, A. M. Benzodiazepine use ingeneral pratice it a problem?New Zealand Medical Journal. 1992.

    ORGANIZAO MUNDIAL DE SADE OMS. Porque os pases necessitamde uma poltica farmacutica nacional?Boletim de Medicamentos essenciais,

    1991.

    RAMOS R. T. & CORDS, T. A. Tratamentos biolgicos em psiquiatria. In:Louz Neto M. R. Motta, J, Wang Y. P, organizadores. Psiquiatria Bsica. PortoAlegre: Artes Mdicas, 1995

    RANG, H. P., DALE, M. M. & RITTER, J. M. Farmacologia. 2. ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 1999.

    ROZEMBERG, B. O consumo de calmantes e o problema dos nervos entrelavradores.Revista de Sade Pblica, 1984.

    TANCREDI, F. B. Aspectos epidemiolgicos do consumo de medicamentospsicotrpicos pela populao de adultos do Distrito de So Paulo.Tese deMestrado, So Paulo: Faculdade de Sade Pblica, Universidade de So Paulo,1979

    TERZANO M. G. ROSSI, M. & PALOMBA, V. et al. New Drugs for Inmsonia:Comparative tolerability of Zolplicone, Zolpiden and Zaleplon. Drug Saf, 2003.

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    52/55

    A N E X O

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    53/55

    ANEXO I

    INSTRUMENTO PARA A COLETA DE DADOS

    ESCOLA DE SADE PBLICA DO CEAR

    PESQUISA: O PERFIL DO USURIO DE DIAZEPAM EM FARMCIA

    COMERCIAL DE BARBALHA - CE

    01. DADOS DE IDENTIFICAO

    a). Idade: ___________b). Sexo: Masculino

    Feminino

    c). Situao conjugal

    Solteiro(a)

    Casado(a)

    Vivo(a)

    Separado/Divorciado

    d). Grau de instruo

    Analfabeto

    1. grau incompleto 1 grau completo

    2. grau incompleto 2. grau completo

    Superior incompleto superior completo

    e). Ocupao: _______________________________

    f). Nmero de membros da famlia: ______________

    g. Renda familiar: ____________________________

    02. INFORMAES SOBRE AQUISIO E UTILIZAO DO MEDICAMENTO

    a). H quanto tempo toma Diazepam?__________________________

    b). O que sente para que o mdico prescreva esse medicamento?

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    54/55

    __________________________________________________________________

    _________________________________________________________________.

    c). Quais os benefcios que sente ao tomar o medicamento?

    __________________________________________________________________

    _________________________________________________________________.

    d). Sente alguma coisa desagradvel com esse medicamento?

    Sim

    No

    Se a resposta for SIM, quais so esses sintomas?

    __________________________________________________________________

    _________________________________________________________________.

    e). Onde faz a consulta e recebe a receita?

    No posto do PSF prximo a minha casa

    Em consultrio particular

    No fao consulta, peo uma receita mdica.

    No hospital

    f). Tem acompanhamento mdico regular?

    Sim

    No

    g). Onde consegue o medicamento?

    Na farmcia pblica

    Na farmcia privada

    Na vizinhana

    h). Que informao o mdico lhe forneceu ou j lhe forneceu do

    medicamento / o que voc sabe sobre ele?

    __________________________________________________________________________________________________________________________________.

    i). J interrompeu o tratamento deixando de tom-lo?

    Sim

    No

  • 7/23/2019 Antonia Argenia Cruz

    55/55

    Se voc respondeu SIM, por qu?

    __________________________________________________________________

    ________________________________________________________________.

    E por quanto tempo? ______________________________________________

    j). Na sua opinio, o que precisaria para deixar de tomar Diazepam?

    __________________________________________________________________

    ________________________________________________________________.

    k). O que significa para voc esses medicamentos?

    __________________________________________________________________

    _________________________________________________________________.

    03. INFORMAES DA PRESCRIO

    a). Concentrao do medicamento 5 mg 10 mg

    b). Posologia: Nmero de comprimidos/dia: _____________________________.

    c). Nmero de caixas prescritas: ______________________________________.

    d). Especialidades mdicas: _________________________________________.